Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850 · automático da rede, após a ocorrência de...

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Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850 Gonçalo Morgado Lopes Martins de Faria Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá Júri Presidente: Prof. Doutora Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá Vogais: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus Abril de 2014

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Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850

Gonçalo Morgado Lopes Martins de Faria

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá

Júri

Presidente: Prof. Doutora Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro

Orientador: Prof. Doutor José Luís Costa Pinto de Sá

Vogais: Prof. Doutor José Manuel Dias Ferreira de Jesus

Abril de 2014

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Auto-Cicatrização de Redes MT sobre CEI 61850

Gonçalo Morgado Lopes Martins de Faria

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Agradecimentos

Ao longo de todo o meu percurso académico fui acompanhado por um número infindável de

pessoas que me apoiaram, educaram e incentivaram. A elas dedico o meu trabalho.

Ao Professor José Luís Costa Pinto de Sá, por me ter propocionado trabalhar num tema

inovador e extremamente motivante, pela infindável transmissão de conhecimento e

experiência e por todo o apoio concedido ao longo deste projecto.

Aos meus pais e à minha família, que me inspiram diariamente a querer ser melhor e a

ultrapassar sempre os meus objectivos. Obrigado pela vossa disponibilidade, apoio

incondicional, afecto e educação.

Aos meus amigos. Eles sabem.

iv

Resumo

Potenciado pela constante evolução das tecnologias de informação e comunicação, o

conceito de redes inteligentes surge como um novo paradigma ao nível das redes de

transmissão e distribuição de eletricidade. Uma das suas áreas fundamentais é a auto-

cicatrização de redes de distribuição, cujo objectivo é a reconfiguração e balanceamento

automático da rede, após a ocorrência de incidentes.

Com a ultrapassagem dos principais entraves tecnológicos, através da normalização das

comunicações (CEI 61850) e das linguagens de automatismos (CEI 61131), surge a

necessidade de criar metodologias que permitam a implementação de um automatismo de

auto-cicatrização seguro e fiável, capaz de operar ao nível da rede.

Numa primeira fase são definidos os requisitos operacionais necessários e o princípio de

funcionamento do automatismo global de auto-cicatrização, com recurso à utilização de

estratégias de identificação de topologias dinâmicas.

A metodologia desenvolvida foi posteriormente transcrita para automatismos definidos sobre

Redes de Petri. Com o objectivo da criação de um mecanismo genérico e não circunscrito a

uma rede específica, os automatismos criados são modulares permitindo a sua adaptação a

diversas topologias e diferentes dimensões da rede de distribuição.

O correto funcionamento dos automatismos foi comprovado através da utilização de

ferramentas matemáticas de análise de Redes de Petri, sendo verificada a sua concordância

com os requisitos definidos.

Por fim, foram tecidas considerações sobre a implementação do automatismo de auto-

cicatrização desenvolvido, tanto ao nível de sistemas e tecnologias de comunicação como ao

nível da programação e implementação de automatismos em linguagens normalizadas, com

o objectivo de demonstrar sua viabilidade.

Palavras Chave

Auto-Cicatrização, CEI 61850, Redes de Petri, Smart Grid, Automação, GOOSE

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Abstract

Empowered by the evolution of information and telecommunication technologies, the concept

of smart grid emerges as the new paradigm of transmission and distribution power grids. One

of its main concepts is the development of a self-healing grid, enabling the grid to

automatically reconfigure and rebalance after the occurrence of an incident.

After the overcome of the main technological barriers, with the normalization of substation

communications (IEC 61850) and automatism programming languages (IEC 61131), arises

the need to develop methodologies that allow the design of a safe and reliable automatism,

able to deliver self-healing capabilities to the grid.

It was primarily defined the operational requirements and the operating principle of a self-

healing automatism, mainly based on the use of grid dynamic topologies identification

strategies.

The developed methodology was transcribed into an automatism modeled in Petri Nets (PN).

With the purpose of developing a generic mechanism unlinked to a specific network. The

designed automatisms are built in modules enhancing their capabilities to adapt to different

operation topologies and grid dimensions.

The correct execution of the automatisms was then verified using the mathematical tools

available for Petri Net analysis, being confirmed the agreement of its behavior with the

previously established operational requirements.

In order to prove the existence of capable means to implement such an automatism, it was

made some considerations regarding the existent technological means, focusing on both

available communication systems and technologies for power grids and the implementation of

automatisms in normalized programming languages.

Keywords

Self-Healing, IEC 61850, Petri Nets, Smart Grid, Automation, GOOSE

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Lista de Conteúdos

Resumo .......................................................................................................... iv

Abstract .......................................................................................................... v

Lista de Figuras .......................................................................................... viii

Lista de Tabelas ............................................................................................ ix

Lista de Acrónimos ........................................................................................ x

1 Introdução ................................................................................................. 1 1.1 Enquadramento ....................................................................................... 1 1.2 Objectivos ................................................................................................ 2 1.3 Organização da Dissertação ................................................................... 3

2 Automatismos e Redes de Petri ............................................................. 4 2.1 Funções de Proteção: Objectivos e Descrição ...................................... 4

2.1.1 Operação de Recurso em DU0 .............................................................. 4 2.1.2 Controlo Corretivo de Proteções (CCP) ................................................. 5

2.2 Introdução às Redes de Petri .................................................................. 7 2.2.1 Estrutura das Redes de Petri ................................................................. 8 2.2.2 Dinâmica das Redes de Petri ................................................................. 9 2.2.3 Redes de Petri Interpretadas ................................................................. 9 2.2.4 Propriedades das Redes de Petri ......................................................... 10

2.3 Automatismos ........................................................................................ 11 2.3.1 Autómato de Transformador ................................................................ 11 2.3.2 Autómato de Barramento ..................................................................... 13 2.3.3 Recurso de Alimentação pelo deslastre de U=0 na MT ........................ 13

3 Princípios Operacionais da Auto-Cicatrização de redes MT .............. 15 3.1 Requisitos Operacionais ....................................................................... 15 3.2 Identificação de Topologias Dinâmicas ............................................... 16

3.2.1 Definição de Conceitos ........................................................................ 17 3.2.2 Operações sobre a rede ...................................................................... 18 3.2.3 Definição e Propagação de Atributos ................................................... 20 3.2.4 Identificação de topologias dinâmicas e Auto-Cicatrização .................. 20

3.3 Princípio de Funcionamento ................................................................. 21 3.3.1 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) ..................................... 21 3.3.2 Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) .................................................... 21 3.3.3 Resolução de Conflitos ........................................................................ 23 3.3.4 Exemplo de Aplicação .......................................................................... 23

4 Especificação dos automatismos por Redes de Petri ........................ 29 4.1 Autómatos Modeladores ....................................................................... 30 4.2 Automatismo de Operação de Recurso (AOR) .................................... 32

4.2.1 Descrição do Automatismo .................................................................. 32 4.2.2 Interpretação da Rede de Petri ............................................................ 32 4.2.3 Resolução de Conflitos ........................................................................ 36

4.3 Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) ......................... 37 4.3.1 Descrição do Automatismo .................................................................. 37 4.3.2 Interpretação da Rede de Petri ............................................................ 37

4.4 Automatismo Completo da Auto-Cicatrização..................................... 43 4.4.1 Integração entre GAC e AORs ............................................................. 44 4.4.2 Integração dos autómatos modeladores .............................................. 45 4.4.3 Análise Estrutural das Redes de Petri .................................................. 45

vii

5 Considerações sobre a implementação ............................................... 50 5.1 Implementação Normalizada ................................................................. 50

5.1.1 CEI 61131 ............................................................................................ 50 5.1.2 CEI 61850 ............................................................................................ 51

5.2 Arquitetura do Sistema.......................................................................... 52 5.2.1 CEI 61850: Comunicações entre Subestações .................................... 53 5.2.2 Conversão de Redes de Petri .............................................................. 56 5.2.3 Controlador Lógico ............................................................................... 57

5.3 Tecnologias e Infra estruturas de Comunicação ................................. 57 5.3.1 Fibras Ópticas ...................................................................................... 58 5.3.2 BPLC (Broadband Power Line Carrier) ................................................ 58 5.3.3 Tecnologias Móveis (GPRS/UMTS/HSPA/LTE) ................................... 58 5.3.4 WiMAX / WiGRID ................................................................................. 59

5.4 Sistemas de Comunicações: Considerações Finais ........................... 61

6 Conclusões e Trabalhos Futuros.......................................................... 63 6.1 Conclusões ............................................................................................ 63 6.2 Trabalhos Futuros ................................................................................. 64

Referências Bibliográficas .......................................................................... 65

Anexo A – Propriedades das Redes de Petri............................................. 67 A.1 Propriedades Dinâmicas das Redes de Petri ............................................ 67 A.2 Propriedades Estruturais das Redes de Petri ........................................... 69

Anexo B – RdP detalhadas de automatismos e autómatos ..................... 71 B.1 Autómato Modelador do Transformador ................................................... 71 B.2 Autómato Modelador do Barramento ........................................................ 72 B.3 Automatismo de Operação de Recurso .................................................... 73 B.4 Módulo de Ligação do Transformador ...................................................... 77

Anexo C – Análise Estrutural das Redes de Petri ..................................... 79 C.1 Análise Estrutural do AOR ......................................................................... 79 C.2 Análise Estrutural do GAC ......................................................................... 81 C.3 Análise Estrutural do Automatismo de Auto-Cicatrização ...................... 83

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Lista de Figuras

Figura 2.1- Exemplo da representação gráfica de uma Rede de Petri ..................................... 8 Figura 2.2 - Exemplo de conflitos: Escolha livre (t1 ou t2) e escolha imposta (t4) ................. 11 Figura 2.3 - RdP abstraída do autómato do transformador..................................................... 12 Figura 2.4 - RdP abstraída do autómato do barramento ......................................................... 13 Figura 2.5 – RdP abstraída do recurso MT de uma barra isolada .......................................... 14 Figura 2.6 - RdP abstraída do recurso MT com barras acopuladas ....................................... 14 Figura 3.1 – Identificação dos CNs (1 a 9) no diagrama unifilar da rede. ............................... 17 Figura 3.2 – Identificação dos CPs (1 a 3) no diagrama unifilar da rede ................................ 18 Figura 3.3 - Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN1 e CN2 .................... 19 Figura 3.4 – Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN2 e CN3 ................... 19 Figura 3.5 - Fluxograma de funcionamento do automatismo de Auto-Cicatrização ............... 22 Figura 3.6 - Fluxo de informação entre GAC e AOR(s) .......................................................... 23 Figura 3.7 – Esquema unifilar da rede tipo do exemplo de aplicação .................................... 24 Figura 3.8 – Topologia normal de exploração da rede tipo ..................................................... 24 Figura 3.9 – (I) Topologia da rede tipo após defeito e isolamento do barramento CN20 ....... 25 Figura 3.10 – (I) Topologia da rede após a ação do automatismo de Auto-Cicatrização ....... 26 Figura 3.11 – (II) Topologia após o defeito interno e isolamento do transformador TR2 ....... 27 Figura 3.12 – (II) Topologia final após o fim da ação do automatismo de auto-cicatrização .. 27 Figura 4.1 – Ambiente de desenvolvimento do TINA 3.1.0 do LAAS-CNRS .......................... 30 Figura 4.2 – Rede de Petri interpretada do autómato de Linha .............................................. 30 Figura 4.3 - Rede de Petri interpretada do automatismo AOR (genérico) .............................. 33 Figura 4.4 – Rede de Petri interpretada do Controlo de CP (GAC) ........................................ 39 Figura 4.5 – Rede de Petri interpretada da Decisão de Realimentação (GAC)...................... 40 Figura 4.6 – Rede de Petri interpretada da Gestão da Auto-Cicatrização (GAC) .................. 42 Figura 4.7 – Interação entre o GAC (módulo CP1) e o AOR (RdP simplificada) .................... 44 Figura 5.1 – Linguagens da Norma CEI 61131-3 (adaptado de [3]) ....................................... 51 Figura 5.2 - Modelo OSI da CEI 61850 (extraído de [7])......................................................... 51 Figura 5.3 – Arquitetura: Automação e fluxo de informação ................................................... 52 Figura 5.4 - Arquitetura simplificada do sistema de informação ............................................. 56 Figura 5.5 – Comparação de Tecnologias de Comunicação (extraído de [24]) ..................... 62

Figura B.1 - Autómato completo, modelador do transformador (adaptado de [1]) ................. 71 Figura B.2 - Autómato completo, modelador do barramento MT (adaptado de [1]) ............... 72 Figura B.3 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barra isolada (adaptado de [1]) ........ 74 Figura B.4 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barras acopuladas (adaptado de [1]) 74 Figura B.5 - Módulo de Ligação do Transformador ................................................................. 77

Figura C.1 - Topologia utilizada para análise estrutural do AOR ............................................ 79 Figura C.2 - RdP do AOR do CN1, utilizada para a análise estrutural ................................... 80 Figura C.3 – Análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização: Topologia ................. 83 Figura C.4 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 1 de 2)........................ 86 Figura C.5 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 2 de 2)........................ 87

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Interpretação da RdP do autómato do transformador ........................................ 12 Tabela 2.2 - Interpretação da RdP do autómato do barramento ............................................ 13 Tabela 4.1 - Interpretação da RdP do autómato de linha (Figura 4.2) .................................... 31 Tabela 4.2 –Interpretação da RdP do AOR genérico (Figura 4.3) .......................................... 34 Tabela 4.3 - Predicados associados às transições do AOR ................................................... 35 Tabela 4.4 – Predicados associados à escolha de realimentação pré-definida ..................... 36 Tabela 4.5 – Legendas utilizadas para identificação de lugares e transições ........................ 38 Tabela 4.6 - Interpretação da RdP do Controlo de CP (Figura 4.4) ....................................... 39 Tabela 4.7 - Predicados associados às transições do Controlo de CP .................................. 39 Tabela 4.8 - Interpretação da RdP da Decisão de Realimentação (Figura 4.5) ..................... 41 Tabela 4.9 - Predicados associados às transições da Decisão de Realimentação ................ 41 Tabela 4.10 - Relação entre autómatos modeladores e automatismos .................................. 45 Tabela 4.11 – Invariantes de Transições do AOR .................................................................. 46

Tabela B.1 - Interpretação da RdP do autómato modelador de transformador ...................... 71 Tabela B.2 - Interpretação da RdP do autómato modelador de barramento MT .................... 73 Tabela B.3 - Interpretação da RdP da OR com barra isolada (Fig. B.3) ................................. 75 Tabela B.4 - Interpretação da RdP da OR com barras acopuladas (Fig. B.3) ........................ 76 Tabela B.5 - Interpretação da RdP do módulo de ligação do transformador .......................... 77

Tabela C.1 - Autómatos Modeladores incluídos na análise estrutural do AOR ...................... 79 Tabela C.2 - Propriedades da RdP e Invariantes-P/T ............................................................. 80 Tabela C.3 – Evolução das propriedades dinâmicas do AOR ................................................ 81 Tabela C.4 - Propriedades estruturais do GAC ....................................................................... 82 Tabela C.5 – Evolução das propriedades dinâmicas do GAC ................................................ 82 Tabela C.6 - Autómatos e Automatismos incluídos na RdP completa .................................... 83 Tabela C.7 - Propriedades dinâmicas e estruturais da RdP ................................................... 84

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Lista de Acrónimos

AMI Automatic Meter Infrastructure

AOR Automatismo de Operação de Recurso

AT Alta Tensão

BPLC Broadband Power Line Carrier

BT Baixa Tensão

CCP Controlo Corretivo de Proteções

CEI Comissão Electrotécnica Internacional

CN Connectivity Node

CP Connectivity Part

DEI Dispositivos Electrónico Inteligente

DF Deslastre por Mínimo de Frequência

DU0 Deslastre por Tensão Zero

GAC Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização

GOOSE Generic Object Oriented Substation Event

GRE Generic Routing Encapsulation

IL Instruction List

IP Internet Protocol

LAAS Laboratoire d’Analyse et d’Architecture dês Systèmes

LAN Local Area Network

LD Ladder Logic

MPLS Multi Protocol Label Switching

MT Média Tensão

OR Operação de Recurso

ORD Operador da Rede de Distribuição

OSI Open Systems Interconnection

PLC Programmable Logic Controller

PT Posto de Transformação (MT/BT)

RA Religação Automática

RdP Rede de Petri

SAS Sistema de Automação de Subestação

SCCP Sistemas de Comando Controlo e Proteção

SEE Sistema de Energia Eléctrica

SFC Sequential Function Chart

SoftPLC Software PLC

ST Structured Text

VLAN Virtual Local Area Network

WAN Wide Area Network

1

1 Introdução

1.1 Enquadramento

A crescente evolução das tecnologias de informação e comunicação tem potenciado o rápido

desenvolvimento dos Sistemas de Comando, Controlo e Proteção (SCCP), conduzindo a

uma gestão otimizada das redes de transmissão e distribuição de energia eléctrica, com

acrescida fiabilidade.

Neste contexto surge o conceito de smart grid ou rede inteligente, que retirando partido dos

novos avanços tecnológicos tem como principais objectivos a automatização, optimização,

monitorização e interoperação de diversos processos decorrentes da gestão e exploração do

sistema de energia eléctrica.

Um dos componentes integrantes deste novo conceito é a auto-cicatrização das redes de

energia (self-healing grid), cujo objectivo é a reconfiguração e o balanceamento automático

da rede após a ocorrência de algum defeito ou incidente decorrentes da exploração normal

da rede.

A maioria das falhas de alimentação de cargas ocorre devido a curto-circuitos na rede de

distribuição. A ocorrência de defeitos na rede de transmissão não resulta tipicamente em

falhas (prolongadas) de alimentação de cargas, uma vez que este tipo de redes é explorado

numa configuração malhada com um regime de contingência de pelo menos N-1. Por outro

lado, as redes de distribuição (níveis de tensão entre 10kV e 30kV) são tipicamente

exploradas com uma configuração radial, pelo que a falha de um elemento da rede conduz

necessariamente à interrupção do serviço.

Ainda assim, é normalmente possível a transferência, pelo menos em parte, da carga

alimentada pelo elemento em falha para uma fonte alternativa com capacidade adequada

para fornecer energia aos circuitos sem alimentação, até que seja reparada a avaria do

equipamento.

Este tipo de operação é atualmente efetuada manualmente pelo operador do sistema,

implicando que a reconfiguração da rede seja por vezes morosa com prejuízo do cliente final.

A automatização deste processo conduz assim a uma redução substancial dos tempos de

reposição da carga afectada levando a uma melhoria da qualidade de serviço.

O tema da reconfiguração automática no âmbito de uma subestação encontra-se já estudado

e inclusivamente implementado, sendo disso evidência a especificação de um automatismo

de Operação de Recurso pelo Professor Doutor José Luís Costa Pinto de Sá na sua Tese de

Doutoramento, “Automatismos Comunicantes em Subestações de Distribuição” [1], em 1988.

Também a aplicação do conceito de auto-cicatrização a toda uma rede se encontra em

estudo há quase duas décadas, tendo sido primeiramente formulado no contexto de um

2

projeto conjunto entre o Electric Power Research Institute e o Departamento de Defesa

Norte-Americano em 1998.

No entanto, a implementação deste tipo de sistemas tem sido alvo de diversas dificuldades,

maioritariamente técnicas, nomeadamente ao nível da integração de equipamentos de

diferentes fabricantes, devido à diversidade de linguagens de programação de automatismos

e de protocolos de comunicação, na sua maioria proprietários, bem como as limitações de

velocidade e capacidade de transmissão de dados dos meios de comunicação a longa

distância.

Com a normalização das linguagens de programação de autómatos (CEI 61131) e dos

protocolos de comunicação para subestações (CEI 61850) bem como o constante

desenvolvimento das TIC e de grandes infra estruturas de comunicações móveis e fixas,

encontram-se reunidas as condições necessárias para o desenvolvimento e implementação

de sistemas capazes de efetuar a auto-cicatrização de redes de energia eléctrica.

Atualmente existem múltiplos projetos de desenvolvimento de sistemas capazes de efetuar o

restauro automático da rede, como é o caso do Intelliteam da S&C Electric Company,

encontrando-se a sua maioria em fase de testes e prototipagem, principalmente em micro-

redes ou sistemas em ilha.

Em simultâneo encontram-se também em desenvolvimento e crescente expansão as infra

estruturas de comunicações dedicadas a redes de energia. Nesta área distingue-se a

instalação da rede fixa de fibra óptica nas linhas de transmissão (OPGW – Optical Ground

Wire) bem como o estudo da aplicação de redes móveis (tecnologias comerciais ou

especificas) aos sistemas de energia.

Ao nível das redes móveis, têm sido estudadas e desenvolvidas aplicações das diversas

tecnologias, maioritariamente para aplicação em redes de medição automática de

contadores de energia (AMI – Automatic Meter Infrastructure), existindo já diversos

operadores de distribuição com projetos, ainda em teste, nesta área.

1.2 Objectivos

O principal objectivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma metodologia segura e fiável

de reposição automática em serviço de redes de Distribuição de energia em Média Tensão

(MT) utilizando as normas internacionais de comunicação e programação de automatismos.

Para tal, propõe-se numa primeira fase definir o princípio de funcionamento de um sistema

que cumpra o objectivo supramencionado, bem como todos os requisitos e condições

operacionais do mesmo.

Propõe-se de seguida traduzir estes princípios de funcionamento em Redes de Petri, tendo

em vista a especificação de um automatismo de auto-cicatrização de redes MT que possa

ser posteriormente implementado sob uma das linguagens normalizadas de programação

previstas na norma CEI 61131-3. Destaca-se ainda que o presente trabalho não se limita a

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uma rede de Distribuição específica, pretendendo assim constituir uma metodologia

aplicável, com reduzidas alterações, a qualquer rede MT. É assim importante prestar

especial atenção à versatilidade e adaptabilidade de todo o sistema.

Além disso, pretende-se ainda tecer considerações sobre a implementação do automatismo

desenvolvido, analisando tanto a arquitetura do sistema como as necessidades de infra

estruturas de comunicações. Para tal, é definida uma arquitetura de implementação do

automatismo através da CEI 61131-3. Ao nível dos sistemas de informação, é discutida a

sua implementação sobre a CEI 61850, não sendo no entanto objectivo deste trabalho, a

elaboração de ficheiros descritivos nem a definição de funções específicas.

No final são ainda discutidas as necessidades de comunicações que o sistema acarreta bem

como as tecnologias de comunicações, atualmente existentes ou ainda em testes. É assim

feita uma análise conjunta de infra estruturas de comunicações móveis e fixas, das suas

características e da sua adaptabilidade ou não ao automatismo de auto-cicatrização de redes

MT.

1.3 Organização da Dissertação

O presente trabalho encontra-se dividido em seis capítulos e três anexos, estando

organizado segundo a metodologia de desenvolvimento do projeto, começando por um

enquadramento e introdução dos conceitos utilizados, continuado pela definição dos

princípios de funcionamento e a sua especificação e finalizando nas considerações

específicas da sua implementação.

No Capítulo 2 é efetuada uma abordagem aos automatismos existentes no contexto de uma

subestação, e mais relevantes no enquadramento deste trabalho, sendo ainda feita uma

introdução sumária à especificação de automatismos por Redes de Petri.

No Capítulo 3 são definidos os princípios operacionais de um automatismo de auto-

cicatrização no âmbito de uma rede MT, sendo descrito o princípio de funcionamento global

do sistema bem como a definição de condições e propriedades específicas de um

automatismo desta natureza.

No Capítulo 4 os princípios operacionais definidos anteriormente são traduzidos em

propriedades e automatismos concretos, procedendo-se à especificação do automatismo

global através de Redes de Petri.

No Capítulo 5 são por fim discutidas algumas hipóteses de implementação e tecidas

considerações ao nível da implementação física no cômputo de um projeto de automação

como ao nível da adequabilidade das tecnologias de comunicação atualmente existentes e

previstas no SEE. As hipóteses colocadas têm sempre como base a interoperabilidade de

sistemas e a normalização dos mesmos, tanto ao nível da automação (CEI 61131) como ao

nível das comunicações (CEI 61850).

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2 Automatismos e Redes de Petri

2.1 Funções de Proteção: Objectivos e Descrição

As funções de automatismos dentro de uma subestação são diversas. Apresentam-se nesta

descrição as principais funções existentes, sendo detalhadas as funções mais ligadas ao

objectivo deste trabalho, nomeadamente ao nível da gestão de barras e transformadores:

Controlo Corretivo de Proteções e Operação de Recurso. Pelas suas características estas

funções contêm semelhanças com as operações necessárias para uma reposição

automática ao nível de uma rede MT.

Deslastre / Reposição por mínimo de Tensão (DU0): Esta função responde à falta

de alimentação numa barra da subestação, correspondendo inicialmente ao

deslastre de todas as saídas dependentes dessa barra e posteriormente à reposição

em serviço das mesmas, de forma gradual após a normalização da alimentação da

barra.

Operação de Recurso: Associada à função anterior, o recurso corresponde a uma

reconfiguração topológica da subestação de modo a permitir a realimentação da

barra com “Tensão Zero” por uma fonte alternativa disponível, seja ela uma barra

vizinha, um transformador ou ainda uma subestação vizinha.

Deslastre / Reposição por mínimo de frequência: A função atua sobre as saídas

MT de cada subestação, provocando o seu deslastre ou reposição, respondendo a

uma queda de frequência geralmente devido ao desequilíbrio entre as potências

gerada e consumida.

Controlo Corretivo de Proteções (CCP): Esta função visa colmatar as limitações

de uma filosofia de proteções nos casos de topologia de paralelo de

transformadores, defeitos em barramentos MT ou defeitos quase-simultâneos.

2.1.1 Operação de Recurso em DU0

A operação de recurso consiste na realimentação de uma barra MT a partir de uma fonte

alternativa em boas condições. Esta fonte pode ser um transformador, uma barra vizinha

com alimentação, por meio da ligação do disjuntor de interligação de barras ou ainda uma

outra subestação através da ligação dos disjuntores de uma linha de interligação entre

subestações.

A operação de recurso implica deste modo a alteração topológica de exploração da

subestação ou ainda, em última análise a alteração da topologia de exploração da rede.

Para que a operação de recurso se efetue, é necessário a verificação das seguintes

condições:

Condição 2.1: A barra a realimentar estar sã, não possuindo defeito de isolamento.

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Condição 2.2: As fontes recorridas encontrarem-se igualmente sãs e em condições de

alimentarem a referida barra.

Condição 2.3: O isolamento da barra em questão ter sido provocado por uma causa que

não uma manobra voluntária por parte do operador.

A satisfação da terceira condição implica que qualquer desligação de origem não identificada

como proveniente de um automatismo ou do disparo de uma proteção deve ser considerada

como uma possível manobra voluntária por parte de um operador.

As condições 1 e 2 são satisfeitas pelas seguintes condições:

Condições para que uma barra seja considerada religável:

A barra ter sido isolada pelo disparo dos disjuntores do transformador de

alimentação devido à atuação do relé de mínimo de tensão ou deslastre por tensão

zero na AT, ou ainda pelas proteções contra defeitos internos do transformador. Em

caso de disparo voluntário dos disjuntores do transformador e interbarras, a barra só

deverá ser considerada religável caso seja ressalvada como sã pelo Controlo

Corretivo de Proteções ou pela subfunção de Pesquisa de Barras Defeituosas.

Condições para que um transformador seja considerado religável:

O transformador foi isolado pelos disjuntores de alimentação da barra que este ali-

menta pela função Pesquisa de Barra Defeituosa, a qual não ressalvou a religabili-

dade da barra (defeito ocorreu na barra).

O transformador foi isolado pela proteção contra defeitos externos e o CCP não

ressalvou a religabilidade da barra. (Defeito ocorreu na barra).

O transformador não foi isolado pelo disparo voluntário dos disjuntores do mesmo.

Condições para que uma barra vizinha seja recorrível:

A tensão na barra encontra-se normalizada e não se encontra em curso nenhuma

operação de isolamento da mesma.

Condições para que uma subestação vizinha seja recorrível:

A barra na subestação vizinha é recorrível e a linha de interligação entre as duas

barras encontra-se em bom estado, o que corresponde aos disjuntores da linha não

terem disparado por nenhuma função de proteção devido a defeito na linha. Não

ocorreu o disparo manual dos disjuntores da linha por um operador.

2.1.2 Controlo Corretivo de Proteções (CCP)

Esta função visa colmatar as limitações de uma filosofia coordenada de proteções nos casos

de topologia com paralelo de transformadores, defeitos em barramentos MT, saídas com

proteções avariadas e defeitos quase-simultâneos em saídas MT.

6

Defeitos de Isolamento com Paralelo de Transformadores

Problema: Tipicamente os disjuntores das saídas MT não possuem poder de corte

suficiente para as potências resultantes do paralelo, impedindo este tipo de explora-

ção nas subestações.

Resolução: O CCP efetuará todas as tentativas necessárias de corte do paralelo de

transformadores mal seja detectada a ocorrência de qualquer ativação de uma

proteção na subestação.

O conceito de exploração em paralelo poderá agora ocorrer com transformadores em

diferentes subestações por intermédio da linha de interligação. Esta é uma situação

que poderá ocorrer após o restabelecimento normal de tensão durante o processo de

transferência de alimentação.

Defeitos de isolamento nas barras MT

Os defeitos em barramentos MT podem facilmente ser identificados caso se tire par-

tido da topologia de exploração radial. Estando as proteções de transformadores

colocadas em série com as proteções das linhas, o disparo da primeira proteção sem

o disparo da segunda só pode significar que o curto-circuito se encontra no barra-

mento ou que alguma proteção da saída se encontra inoperacional, caso em que a

proteção do transformador deverá atuar como reserva.

Dada a coordenação cronométrica das proteções, a proteção do transformador

necessita de esgotar uma temporização desnecessária.

A existência de uma subfunção de Pesquisa de Barras Defeituosas permite o isola-

mento da barra defeituosa.

A função baseia o seu funcionamento na desligação dos disjuntores de interbarras

tendo em vista o isolamento da origem do defeito, atuando por isso de forma rápida e

seletiva, evitando os típicos mecanismos de encravamento de proteções.

Defeitos de isolamento quase-simultâneos em saídas MT

Problema: Em situação de tempestade podem ocorrer curto-circuitos em linhas

aéreas com diferenças de poucos décimos de segundo. Embora elimináveis pelo

disparo das proteções da linha, podem causar o não rearme da proteção de reserva,

conduzindo ao disparo dos disjuntores do transformador (perda de seletividade).

Solução: A ativação da proteção de qualquer saída MT do barramento desencadeará

a observação dos acontecimentos por parte do CCP. Se a ativação for seguida de

disparo e desligação efetiva da saída, segue-se uma pausa para cobrir o rearme do

transformador. Se após esta pausa o rearme não se efetuar e existir outra saída com

proteção ativa, o ciclo de observação repete-se.

7

A partir desse instante se ocorrer o disparo da proteção do transformador durante o

tempo de ativação de qualquer saída ou durante a pausa de cobertura do rearme da

proteção do transformador, o CCP ressalvará o estado da barra como religável. A

barra não será considerada religável se:

o O disjuntor da proteção da saída em conjunto com do transformador não se

tiverem desligado durante a pausa atribuída para essa desligação.

o O disparo da proteção do transformador tiver ocorrido durante o período de

ativação da 1.ª saída ou durante o período de rearme da mesma.

2.2 Introdução às Redes de Petri

As Redes de Petri (RdP) tiveram a sua génese em 1962 com a Dissertação de

Doutoramento de Carl Adam Petri, desde então, têm sido continuamente desenvolvidas e

aplicadas nas mais diversas áreas do conhecimento.

A teoria das Redes de Petri permite a modelação e representação matemática de um

sistema e a subsequente análise da sua estrutura e comportamento dinâmico.

A adopção das Redes de Petri para modelação e análise de sistemas complexos de controlo

apresenta claras vantagens:

Capacidade de representar explicitamente dependências e independências causais

em conjuntos de acontecimentos.

Representação de sistemas em diversos níveis de abstração

Possibilidade de interface gráfica

Representação do paralelismo em sistemas concorrentes

Existência de métodos matemáticos formais para análise dos sistemas

representados

Em [1] encontra-se a justificação aprofundada para utilização de Redes de Petri na

especificação de sistemas de controlo em Subestações. Refere-se no entanto que a

capacidade de validar matematicamente o bom funcionamento dos automatismos representa

uma das suas principais vantagens. Este facto é especialmente relevante em sistemas com

automatismos em paralelismo temporal, em que a possibilidade de funcionamentos

incorretos é de difícil previsão.

Apresenta-se de seguida uma síntese das definições fundamentais das Redes de Petri [1] [2]

com o objectivo de convencionar os conceitos utilizados ao longo deste trabalho, a qual não

pretende, contudo, ser uma introdução completa à teoria das Redes de Petri

.

8

2.2.1 Estrutura das Redes de Petri

Definição 2.1: A estrutura de uma Rede de Petri, R, é definida por R = (P, T, I, O, 0), em

que:

𝑃 = {𝑝1, 𝑝2, … , 𝑝𝑚} ,é um conjunto finito de lugares;

𝑇 = {𝑡1, 𝑡2, … , 𝑡𝑛} ,é um conjunto finito de transições;

𝐼: 𝑇 × 𝐿 → 𝑃∞ ,é a função de “lugar precedente”;

𝑂: 𝑇 × 𝐿 → 𝑃∞ ,é a função de “lugar sucessor”;

𝜇0: 𝑃 → 𝑁0 ,é a marcação inicial.

As funções I e O estabelecem as ligações entre transições e lugares por intermédio de arcos

direcionados. Estas funções podem ser representadas na forma matricial [𝐼] e [𝑂] com

dimensão 𝑛 × 𝑚, em que os elementos I(t, p) e O(t, p) representam o peso dos arcos com

números inteiros não-negativos. Estabelece-se assim a matriz de incidências: [𝐶] = [𝑂] − [𝐼].

Uma marcação µ pode ser representada por um vector coluna de dimensão m, que

estabelece a associação de marcas (tokens) a lugares.

Graficamente, uma Rede de Petri pode ser representada por um grafo bi-partido (Figura 2.1),

em que os lugares são representados por círculos e as transições por barras (ou

rectângulos) e as funções I e O por arcos orientados unindo lugares a transições e transições

a lugares. O peso do arco é representado por uma etiqueta junto ao mesmo.

A representação gráfica da marcação de uma Rede de Petri (estado) é feita pela ausência ou

presença de um ou mais pontos no interior dos círculos (lugares). A marcação de um lugar Pi

é representada por µ(Pi).

Figura 2.1- Exemplo da representação gráfica de uma Rede de Petri

9

2.2.2 Dinâmica das Redes de Petri

Cada marcação de uma Rede de Petri denomina-se por estado, o conjunto de todas as

marcações possíveis corresponde ao espaço de estados. No entanto, importa agora definir

como evolui o estado da Rede de Petri.

Definição 2.2: Uma transição 𝑡𝑗 ∈ 𝑇 diz-se disparável se ∀𝑝𝑖 ∈ 𝑃: µ(𝑝𝑖) ≥ # (𝑝𝑖 , 𝐼(𝑡𝑗)). Isto é,

se todos os lugares precedentes da transição têm uma marcação, superior ou igual, ao peso

dos arcos incidentes.

Definição 2.3: O disparo de uma transição 𝑡𝑗 ∈ 𝑇 resulta numa nova marcação da Rede de

Petri definida por: µ𝑖+1(𝑝𝑖) = µ𝑖(𝑝𝑖) − # (𝑝𝑖 , 𝐼(𝑡𝑗)) + # (𝑝𝑖 , 𝑂(𝑡𝑗)) . Esta operação corresponde

à execução de duas tarefas: retirar as marcações dos lugares precedentes e acrescentar

marcações nos lugares sucessores.

2.2.3 Redes de Petri Interpretadas

Uma Rede de Petri interpretada define-se como um rede sobre a qual é possível atribuir um

significado aos seus elementos nos termos da especificação prevista.

Definição 2.4: Uma Rede de Petri interpretada é constituída por uma RdP 𝐶 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, µ0),

num domínio operacional 𝐷𝑂𝑃 = (𝐷, 𝑂𝑃, 𝑃𝑅) e duas funções 𝜓 e 𝜙 que estabelecem a

relação entre o domínio operacional e o domínio de controlo (rede de Petri), em que:

𝐷 ,conjunto de estados do domínio operacional;

𝑂𝑃 = {𝑜𝑝1, 𝑜𝑝2, … , 𝑜𝑝𝑠} ,conjunto de operadores;

𝑃𝑅 = {𝑝𝑟1, 𝑝𝑟2, … , 𝑝𝑟𝑠} ,conjunto de predicados sobre D, definidos por 𝑝𝑟𝑗 : 𝐷 →

{𝒱, ℱ} , em que 𝒱 e ℱ representam os valores lógicos de

“verdadeiro” e “falso”;

𝜙: 𝑃 → 𝑂𝑃 ,associa a cada lugar da RdP um estado do domínio

operacional;

𝜓: 𝑇 → 𝑃𝑅 × 𝑂𝑃 ,associa a cada transição da RdP um par (predicado,

operador).

O estado de um sistema representado por rede de Petri interpretada é assim dado pelo par

(𝑑, µ) em que 𝑑 ∈ 𝐷 e µ é a marcação associada aos lugares.

Pode assim estabelecer-se a relação dinâmica entre o domínio de controlo (RdP) e o

domínio operacional. Aquando de uma marcação µ, todas as operações associadas por 𝜙

aos lugares que receberam a marcação são ativadas. Por outro lado, uma transição t é

transponível se os seus lugares de entrada contiverem as marcações necessárias e o par

𝜓(𝑡) for verificado pelo estado atual do domínio operacional.

10

2.2.4 Propriedades das Redes de Petri

Nesta secção é feito um breve sumário das propriedades estruturais e dinâmicas das redes

de Petri e da sua importância na especificação de automatismos. No Anexo A, define-se com

maior detalhe essas mesmas propriedades.

Limitada – Uma rede diz-se k-limitada se para qualquer marcação possível a partir

da marcação inicial, o número de marcas de total da rede é inferior ou igual a k.

Binária – Uma rede diz-se binária se for limitada com k=1.

Reinicializável – Uma rede diz-se reinicializável se a partir da marcação inicial µ0,

existir uma sequência de transições a partir de uma marcação µ que reconduza a µ0.

Vivacidade – Uma rede diz-se viva se não existir nenhuma transição que não possa

vir a ser transposta.

Segurança – Uma rede diz-se segura se para todo o espaço de estados originado a

partir de uma marcação inicial µ0, não existe mais do que um token em cada lugar da

RdP.

Determinismo – Todos os conflitos existentes nas RdP (ver Definição 2.7) são

sempre resolvidos, o que implica a complementaridade dos predicados das

transições em conflito.

Num sistema de controlo a verificação destas propriedades é de extrema importância,

nomeadamente a capacidade de reinicialização do automatismo, a segurança e a vivacidade

da rede que o define, garantindo assim a inexistência de deadlocks.

Definição 2.5: Define-se como invariante de lugares (P-invariant) um conjunto de lugares

cuja soma das suas marcações se mantém constante para todas as marcações possíveis.

Definição 2.6: Define-se como um invariante de transições (T-invariant) uma sequência de

transições que não alteram a marcação da rede. Podem ser assim considerados como ciclos

no espaço de estados da rede.

A análise dos invariantes tem especial interesse na verificação do bom funcionamento de

sistemas de controlo, nomeadamente aquando da existência de acontecimentos em

concorrência ou de operações que não podem ocorrer em simultâneo. Para isso é

necessária uma análise estrutural da rede, com especial foco nos invariantes de lugar, e

tendo sempre em consideração a interpretação da RdP.

Definição 2.7: Duas transições encontram-se em conflito se possuírem pelo menos um lugar

precedente comum.

A resolução dos conflitos pode ser de escolha livre ou escolha imposta, tal como se

exemplifica na Figura 2.2.

Em redes de Petri interpretadas a resolução de conflitos, especialmente os de escolha livre,

é efetuada através da especificação dos predicados associados a cada transição.

11

As propriedades enunciadas são condições necessárias mas insuficientes para a verificação

do correto funcionamento das RdP uma vez que reportam unicamente a redes de Petri não

interpretadas, sendo como tal é necessário ter em consideração o domínio operacional da

mesma. Uma rede de Petri interpretada pode não verificar as mesmas propriedades que uma

rede de Petri simples, pois está sujeita a um conjunto de estados, operadores e predicados

que poderão não ser fisicamente realizáveis.

Figura 2.2 - Exemplo de conflitos: Escolha livre (t1 ou t2) e escolha imposta (t4)

A análise das redes de Petri é assim apenas um primeiro passo na verificação do bom

funcionamento dos automatismos, não dispensando uma análise posterior da estrutura de

interpretação da RdP.

2.3 Automatismos

Nesta secção são apresentadas as RdP presentes em [1], onde se encontram especificados

o automatismo de Operação de Recurso e os autómatos modeladores de equipamentos

existentes nas subestações, nomeadamente de Transformadores e Barramentos.

Para além dos automatismos referentes a funções de proteção existentes nas subestações,

existem diversos equipamentos que se podem encontrar em diferentes situações de

funcionamento, influenciando a operação dos automatismos. É assim necessário a criação

de autómatos que modelem os diferentes estados bem como as sequências que levaram os

equipamentos aos mesmos.

No Anexo B encontram-se detalhadas as RdP da Operação de Recurso, autómatos

modeladores e automatismos elementares associado à manobra dos equipamentos de corte.

2.3.1 Autómato de Transformador

Na

Figura 2.3 encontra-se apresentada a RdP associada ao autómato de transformador. Na

Tabela 2.1 encontram-se descritos os estados e predicados associados a cada lugar e a

cada transição respectivamente.

12

Figura 2.3 - RdP abstraída do autómato do transformador

Tabela 2.1 – Interpretação da RdP do autómato do transformador

Semântica dos Lugares

T1 Transformador em Serviço

T2 Transformador Fora de Serviço

T3 Transformador Religável

Predicados das Transições

t1 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador

t2 Disparo por defeito interno do transformador ou desligação por comando do operador

t3 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador

t4 Disparo pela proteção do transformador contra defeitos externos ou devido à sequência “Disparo pelo relé de mínimo de Tensão > Regresso de Tensão na AT”.

13

2.3.2 Autómato de Barramento

Na Figura 2.4 encontra-se apresentada a RdP associada ao autómato de barramento. Na

Tabela 2.2 encontram-se descritos os estados e predicados associados a cada lugar e a

cada transição respectivamente.

Figura 2.4 - RdP abstraída do autómato do barramento

Tabela 2.2 - Interpretação da RdP do autómato do barramento

Semântica dos Lugares

B1 Transformador em Serviço

B2 Transformador Fora de Serviço

B3 Transformador Religável

Predicados das Transições

b1 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o barramento

b2 Disparo pela proteção do transformador contra defeitos externos ou desligação por comando do operador

b3 Ligação dos aparelhos de corte que delimitam o transformador

b4 Isolamento por defeito interno do transformador ou desligação pela ação do relé de mínimo de tensão.

b5 Interligação por parte do operador a outro barramento religável ou classificação do barramento como religável pelo operador

2.3.3 Recurso de Alimentação pelo deslastre de U=0 na MT

A especificação do automatismo tal como apresentada em [1] prevê uma configuração de

rede em que existem dois barramentos distintos com um transformador acoplado a cada um,

existindo ainda a possibilidade de os dois barramentos se encontrarem acoplados por

intermédio de um disjuntor interbarras.

14

A partir desta configuração são assim previstas duas situações iniciais distintas, tendo cada

situação uma RdP diferenciada. Apresentam-se nesta secção as duas RdP de forma sucinta,

bem como as respectivas interpretações.

Figura 2.5 – RdP abstraída do recurso MT de uma barra isolada

Na Figura 2.5 encontra-se representada a operação de recurso com situação de partida de

barra isolada. A condição RECA representa a situação inicial, a partir da qual existem duas

formas distintas de recurso, a ligação do transformador com ou sem sucesso (rec3 e rec4) ou

a ligação do disjuntor interbarras (rec5 e rec6). A reposição de tensão pode ainda ser

efetuada por comando exterior (rec2). A transição rec1 representa a situação de barras

interligadas.

Figura 2.6 - RdP abstraída do recurso MT com barras acopuladas

Caso a situação de partida seja a de barras interligadas (Figura 2.6), as duas opções

distintas de recurso são a ligação de um dos dois transformadores (rec8 e rec10). As

restantes transições representam situações insucesso na ligação dos transformadores (rec9

e rec10), a reposição da tensão por comando externo (rec8a) ou ainda o desacoplamento

das duas barras por abertura do disjuntor interbarras (rec28).

15

3 Princípios Operacionais da Auto-Cicatrização de redes MT

A função de operação de recurso, no âmbito de uma subestação, executada por intermédio

de um automatismo, encontra-se atualmente já implementada, sendo utilizada em diversas

redes de distribuição.

O desafio atual consiste no alargamento desse automatismo confinado a uma subestação a

toda a rede de distribuição tendo em vista a alimentação total ou parcial da carga afectada e

a minimização dos tempos de restauro da rede.

A solução apresentada no Capítulo 2 e presente em [1] é adaptável para situações

topológicas diferentes, com um maior número de barramentos. No entanto o nível de

complexidade que tal acarreta e a não modularização do automatismo inviabiliza a sua

extensão a toda a rede de distribuição.

Se numa subestação as diferentes topologias e configurações de exploração eram já um

desafio, quando o problema é alargado a toda uma rede, as combinações possíveis

aumentam de forma imensurável. Deste modo é essencial um método que não só se adapte

às diferentes topologias existentes, mas também às mudanças de configurações e incidentes

decorrentes da exploração da rede.

Ao longo deste capítulo é descrita uma metodologia de resolução do problema mencionado,

enunciando os requisitos do sistema e descrevendo o seu método de funcionamento.

3.1 Requisitos Operacionais

No cômputo de uma rede de energia eléctrica, os elementos existentes, tal como as suas

características, são variados. É assim importante a sua definição e categorização.

Numa primeira abordagem, são excluídos desta análise todos os elementos de ligação direta

às cargas. O automatismo de Auto-Cicatrização tem como objectivo a realimentação aos

barramentos e Nós da rede, sendo a posterior ligação das cargas efetuada pelo respectivo

automatismo de reposição de cargas.

Após esta primeira simplificação, existem na rede os seguintes elementos:

Linhas

Barramentos

Aparelhos de Corte e Seccionadores

Transformadores

Estes elementos podem ser classificados em três categorias distintas:

Nós: Barramentos e linhas ou secções de linhas

Ligação: Aparelhos de corte e seccionadores

Alimentação: Transformadores ou outras fontes de energia

16

A partir das três categorias abstractas mencionadas é possível construir uma qualquer rede

de energia eléctrica de Média Tensão.

Os requisitos operacionais de uma Operação de Recurso no âmbito de uma subestação

foram já especificados em (2.1.1). No entanto, a generalização da Operação de Recurso a

uma rede conduz à necessidade de requisitos adicionais de modo a assegurar a segurança,

a fiabilidade e o bom funcionamento de toda a operação:

Condição 3.1: Sendo as redes de distribuição de topologia radial, é necessário que qualquer

operação não comprometa este princípio através da criação de circuitos em anel (malhas).

Condição 3.2: Tipicamente, cada circuito independente da rede tem um único ponto de

alimentação, salvo alguns casos em que possa ocorrer exploração com transformadores em

paralelo. Deste modo, é necessário assegurar que apenas um dos elementos de cada

circuito independente efetue a Operação de Recurso.

Condição 3.3: Numa rede, existem diversos elementos que poderão estar desligados por

opção de exploração (ex.: linhas de interligação entre subestações), podendo ser ligados em

caso de necessidade. No entanto, esses elementos poderão encontrar-se fora de serviço por

razões, que exigem que os mesmos não sejam ligados em qualquer circunstância (ex.:

manutenção da Linha). É assim necessário assegurar que não ocorrem operações de

ligação indevidas sobre esses equipamentos.

Condição 3.4: No cômputo de uma subestação existem diversos automatismos em

funcionamento simultaneamente, sendo que os incidentes que os iniciam têm um carácter

aleatório. Assim, é necessário que qualquer ação sobre os equipamentos respeite dois

requisitos fundamentais, de modo a salvaguardar a segurança da operação:

A manobra de qualquer equipamento só é efetuada se todos os automatismos que

atuam sobre esse equipamento concordarem.

A manobra final desse equipamento só é realizada após o término da ação de todos

os automatismos que atuam sobre o equipamento.

3.2 Identificação de Topologias Dinâmicas

A topologia estática de uma rede é definida pelo diagrama unifilar da mesma, consistindo na

disposição dos vários elementos: barramentos, linhas, transformadores, disjuntores e

seccionadores. A topologia de exploração (ou dinâmica) dessa mesma rede consegue-se

tendo em conta a posição de todos os elementos de ligação (seccionadores, disjuntores,...),

isto é, tendo em consideração os seus dois estados complementares: aberto ou fechado.

A principal dificuldade na extensão do automatismo de operação de recurso apresentado em

[1] a toda uma rede de distribuição é a capacidade de prever todas as situações que poderão

advir das múltiplas topologias de exploração.

17

Neste sentido, torna-se essencial a adopção de um método capaz de identificar a topologia

de uma rede de distribuição de forma dinâmica. Só com uma solução deste tipo é possível a

criação de um automatismo capaz de efetuar uma operação de recurso ao nível da rede de

forma eficaz.

Neste subcapítulo é apresentada a metodologia descrita em [5], desenvolvida por Klaus-

Peter Brand e Wolfgang Wimmer. Ainda que a solução possa ter outras funcionalidades

(nomeadamente de proteção), são aqui apresentados apenas os conceitos essenciais do seu

funcionamento sobre os quais se desenvolverá o automatismo de auto-cicatrização de redes

MT.

3.2.1 Definição de Conceitos

Os dois conceitos fundamentais presentes nesta metodologia são o de Connectivity Node

(CN) e o de Connectivity Part (CP).

Definição 3.1: Classifica-se como CN qualquer elemento que se encontre na categoria de

Nó, definida anteriormente em 3.1, i.e. qualquer elemento passível de ser conectado

electricamente, tais como barramentos, linhas ou segmentos de linhas.

A cada um destes elementos é atribuído um número de identificação único na rede (CN1,

CN2,...) sendo esta identificação armazenada em DEIs. Adicionalmente, cada equipamento

referencia todos os CNs a que se encontra conectado.

Com esta abordagem define-se a identificação da topologia estática da rede, isto é, a partir

das referências aos terminais de cada equipamento de ligação é possível construir o

diagrama unifilar da rede. Na Figura 3.1 exemplifica-se a atribuição de CNs aos diversos

elementos, numa rede constituída por três barramentos, uma linha de interligação e duas

linhas de saída com vários segmentos.

Figura 3.1 – Identificação dos CNs (1 a 9) no diagrama unifilar da rede.

18

Definição 3.2: Classifica-se como CP um conjunto de nós (CNs) electricamente ligados

entre si por intermédio de equipamentos de ligação no estado fechado.

Cada CN existente na rede é designado a um CP. Tal como os CNs, cada CP possuí um

número identificador único. A diferença entre CNs e CPs é que os CNs conectados entre si

por meio de um aparelho de ligação no estado fechado possuem o mesmo identificador de

CP. Naturalmente, numa rede, o número de total de CNs é constante enquanto o número

total de CPs é variável, consoante o estado de cada um dos equipamentos de corte e

seccionamento. Com a identificação dos CPs consegue-se a identificação da topologia de

exploração (dinâmica) da rede.

Na Figura 3.2 apresenta-se o mesmo exemplo, com algumas diferenças ao nível do estado

dos aparelhos de ligação e com a resultante identificação dos diferentes CPs.

Figura 3.2 – Identificação dos CPs (1 a 3) no diagrama unifilar da rede

Adicionalmente cada equipamento de ligação contém a referência dos CPs que se

encontram em cada um dos seus terminais. Se o aparelho estiver fechado o identificador

será o mesmo para os dois terminais, caso este esteja aberto, o identificador será diferente.

Existem diversas formas de obter um identificador único e dinâmico para os CPs, no curso

deste trabalho seguiu-se a filosofia de que o identificador será o mínimo de todos os CNs

conectados entre si. Sendo único o identificador de cada CN, então o identificador de CP

também o será, uma vez que cada Nó só poderá pertencer a uma Connectivity Part.

3.2.2 Operações sobre a rede

Para qualquer operação sobre os aparelhos de corte e ligação da rede é necessária uma

atualização dos CPs afectados por essa mesma operação.

Quando ocorre uma manobra de ligação entre dois CPs, o equipamento de ligação tem

associado a cada um dos terminais os respectivos identificadores. Após a operação, o menor

19

dos dois é comunicado ao terminal oposto, sendo este posteriormente propagado aos

restantes elementos. Para o caso de uma desligação, o procedimento é idêntico.

A Figura 3.3 e a Figura 3.4 ilustram um exemplo de duas ligações entre CPs, primeiro

através do fecho do disjuntor entre o barramento CN1 e a linha CN2 e posteriormente

através do fecho do disjuntor entre a linha CN2 e o barramento CN3.

A Figura 3.3 ilustra a ligação entre o barramento CN1 e a linha CN2. O equipamento de

ligação entre CN1 e CN2 contém as referências CP1 e CP2, comunicando o identificador

CP1 ao elemento CN2. Após a ligação, o CP2 é eliminado, sendo integrado no CP1.

Figura 3.3 - Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN1 e CN2

Após a operação ilustrada na Figura 3.3, é agora efectuada uma nova ligação entre a linha

CN2 e o barramento CN3. O procedimento é idêntico no entanto, neste caso o identificador

CP1 é comunicado a todos os elementos anteriormente pertencentes ao CP3 (CN3, CN4,

CN5 e CN9). Como resultado final, toda a rede se encontra interligada sob um identificador

comum: CP1 (Figura 3.4).

Figura 3.4 – Identificação dos CPs após o fecho do disjuntor entre CN2 e CN3

20

3.2.3 Definição e Propagação de Atributos

Conjuntamente com o identificador de CP é possível propagar diversos atributos dos

diferentes Nós. Os atributos necessários dependem dos requisitos das funções a

implementar.

No caso em estudo será importante a propagação do potencial a que se encontra o CP: sob

tensão, desconectado, ligado à terra ou ainda se este é desconhecido. Poderão ainda ser

úteis outras informações como a distância eléctrica à alimentação, dependendo estas dos

critérios da operação de recurso a implementar.

A forma de propagação destas informações depende em parte do sistema de comunicações

adoptado, no entanto as mensagens GOOSE definidas na CEI 61850 constituem um meio

eficaz de transmissão deste tipo de informação. A temática da implementação e

comunicação será abordada no Capítulo 5.

3.2.4 Identificação de topologias dinâmicas e Auto-Cicatrização

Após a ocorrência de um defeito na rede, seja ele um curto-circuito numa linha, num

transformador ou num barramento (entre outros), diversos elementos da rede (barramentos,

linhas...) ficam sem alimentação embora continuem interligados entre si.

Para efetuar o restauro dos Nós afectados é apenas necessário que um dos elementos

interligados encontre uma fonte alternativa de alimentação em condições de fornecer energia

a todo o circuito. De facto, é imperativo que apenas um dos elementos interligados se ligue

a uma fonte alternativa.

Um sistema capaz de efetuar o restauro da rede respeitando as condições anteriores

necessita assim de conhecer que elementos estão interligados entre si e quais desses

elementos possuem potenciais fontes alternativas.

A técnica de identificação de topologias dinâmicas revela-se assim uma ferramenta de

bastante utilidade para um sistema com estas características:

Através do conhecimento dos CPs, é possível identificar que elementos estão

interligados entre si.

Sabendo que elementos estão interligados é possível descriminar qual deles

efetuará a Operação de Recurso. Encontra-se assim assegurado que cada CP tem

apenas uma fonte de alimentação (Condição 3.2).

Os possíveis circuitos em anel são facilmente identificáveis: se um equipamento de

ligação aberto tiver o mesmo identificador de CP nos seus dois terminais, então esse

mesmo equipamento de ligação não poderá ser fechado (Condição 3.1). Esta

situação é visível na Figura 3.4, no equipamento de corte entre os nós CN5 e CN6.

21

3.3 Princípio de Funcionamento

A necessidade da Operação de Recurso resulta da falta de alimentação de um determinado

Nó (ou conjunto de Nós), que é detectada pela falta de tensão no(s) mesmo(s). Uma vez

isoladas as causas da falta de alimentação é ativado o mecanismo de auto-cicatrização.

Este mecanismo é constituído por dois blocos fundamentais: Automatismo de Operação de

Recurso (AOR) e Gestão da Auto-Cicatrização (GAC).

3.3.1 Automatismo de Operação de Recurso (AOR)

O primeiro bloco consiste num conjunto de automatismos independentes (conjunto de

AORs), cada um pertencente a um Nó. O funcionamento de cada um destes automatismos é

semelhante ao do automatismo descrito em (2.3.3).

Em cada AOR estão representadas todas as ligações possíveis do Nó que o automatismo

controla, sendo ainda efetuadas todas as verificações e operações necessárias ao fecho dos

equipamentos de ligação para cada uma das opções possíveis.

Podemos assim estabelecer os objectivos de cada AOR independente:

1. Determinar quais as ligações possíveis que se encontram em condições de servir

como alternativa de alimentação.

2. Caso exista mais do que uma alternativa (local), decidir qual a melhor.

3. Efetuar as operações necessárias para o fecho dos equipamentos de ligação

Cada um dos elementos deste bloco tem assim uma característica local, recebendo inputs e

enviando ordens de comando apenas sobre os equipamentos diretamente relacionados com

o Nó sobre o qual exerce o controlo.

3.3.2 Gestão da Auto-Cicatrização (GAC)

Cada um dos elementos do automatismo da operação de recurso opera apenas localmente

não tendo qualquer informação sobre o restante estado da rede nem da configuração com

que esta se encontra. Deste modo, uma vez que a ligação de um Nó a uma fonte alternativa,

automaticamente fornece alimentação a todos os restantes Nós que a eles estejam

conectados, é necessário um mecanismo de encravamento e decisão que impeça a ligação

de vários Nós simultaneamente. Este mecanismo de encravamento é o segundo bloco do

sistema de auto-cicatrização, funcionando como integrador de todos os restantes

automatismos e tem como objectivos:

1. Registar todos os Nós sem alimentação e em condições de serem religados.

2. Determinar quais os Nós que se encontram interligados (análise topológica)

3. Para cada grupo de Nós interligados definir qual o Nó que efetuará a tentativa de

realimentação.

Através da descrição dos objectivos de cada um dos automatismos conclui-se que o

processo de decisão sobre qual a fonte alternativa a ser utilizada é efetuado em dois tempos,

22

primeiro ao nível do automatismo integrador (GAC) sobre qual o Nó a efetuar a operação de

recurso e, posteriormente, ao nível do automatismo do Nó (AOR), sobre qual das possíveis

opções será efetuada a ligação.

Na Figura 3.5 encontra-se a sequência de ações da operação de auto-cicatrização. A verde

encontram-se as ações efetuadas pelo automatismo integrador (GAC) e a laranja as ações

efetuadas pelo automatismo AOR.

Figura 3.5 - Fluxograma de funcionamento do automatismo de Auto-Cicatrização

Na Figura 3.6 encontram-se representados de forma genérica os inputs e outputs do

automatismo, estabelecendo-se a relação hierárquica entre os dois tipos de automatismos.

Excluem-se no entanto as informações de cariz operacional dos equipamentos e do sistema

necessárias ao funcionamento dos mesmos.

Por fim, é ainda importante referir que o GAC efetua a gestão de realimentação de toda uma

rede e como tal poderão ocorrer situações de pedidos de realimentação quase simultâneos

em pontos distintos da mesma. A gestão destes pedidos pode no entanto ser efetuada em

paralelo, sendo enviados os comandos de realimentação para diferentes AOR que efetuam

as operações necessárias, salvaguardando sempre as condições operacionais mencionadas

em 3.1.

23

Figura 3.6 - Fluxo de informação entre GAC e AOR(s)

3.3.3 Resolução de Conflitos

No decorrer da operação do automatismo é possível a existência de conflitos que se refletem

nas decisões dos dois automatismos. Primeiramente ao nível da escolha de qual o Nó do CP

a efetuar a realimentação (caso este não se encontre isolado) e posteriormente ao nível do

AOR sobre qual a fonte de alimentação alternativa a utilizar (caso exista mais que uma).

Torna-se assim necessária a definição de critérios que permitam aos automatismos efetuar

as decisões. Estes critérios podem ser diversos e dependentes de rede para rede ou ainda

de Nó para Nó, devendo por isso ser deixados como parametrizáveis pelo operador.

Apresentam-se de seguida algumas opções possíveis:

Distância eléctrica até à fonte de alimentação

Capacidade da fonte suportar toda a carga

Percentagem de carga dos Transformadores

Predefinição de ordem de prioridades pelo operador

Outros ou combinações dos anteriores.

3.3.4 Exemplo de Aplicação

Apresenta-se nesta subsecção um exemplo de demonstração do funcionamento do

automatismo de auto-cicatrização numa rede tipo genérica. No decorrer do exemplo são

apresentadas diversas ocorrências sobre o sistema, defeitos sobre linhas, barramentos e

ainda fontes de alimentação (ao nível dos transformadores e da AT).

O esquema unifilar da rede tipo considerada encontra-se na Figura 3.7. São consideradas

três subestações, totalizando cinco transformadores AT/MT. Apresentam-se ainda na rede

cinco postos de transformação (PT) genéricos para a rede de distribuição de baixa tensão

(BT). Não se encontram no entanto representados na rede os transformadores MT/BT ou

ligações diretas a cargas, quer por parte dos barramentos das subestações quer por parte

dos PTs.

24

Na Figura 3.8, encontra-se o esquema unifilar da rede na condição normal de exploração,

conseguido através da consideração da posição dos diversos disjuntores e seccionadores

presentes.

Em todas as figuras estão também representadas as identificações dos diversos CN

presentes na rede, bem como as identificações de CP atendendo às diversas topologias de

exploração que a rede apresenta.

Figura 3.7 – Esquema unifilar da rede tipo do exemplo de aplicação

Figura 3.8 – Topologia normal de exploração da rede tipo

Na imagem apenas figuram os CP dos nós interligados, os elementos a negro encontram-se

isolados, no entanto possuem igualmente um identificador de CP, sendo este igual ao seu

identificador de CN.

25

Situação 1: Defeito no barramento CN20 - CP10

Após a ocorrência do defeito no barramento entram em atuação os automatismos de

proteção próprios da subestação, efectuado o isolamento do barramento, tanto das cargas

que este alimenta como do transformador.

Esta ação provoca a falta de alimentação dos barramentos CN12 e CN10, bem como uma

alteração topológica da rede. Observa-se assim a criação de dois novos CP, o CP12

constituído pelo CN12 e CN13 e um novo CP20 constituído unicamente pelo barramento

CN20 fora de serviço. Ocorre ainda uma alteração ao anterior CP10, passando este a ser

unicamente constituído pelo CN10 e CN22. A nova situação encontra-se representada na

Figura 3.9.

Figura 3.9 – (I) Topologia da rede tipo após defeito e isolamento do barramento CN20

Com isolamento do elemento da rede em defeito, entra em funcionamento o automatismo de

auto-cicatrização com o objectivo de restaurar a alimentação ao CP10 e CP12. Enumeram-

se agora os passos que levam à concretização deste processo:

1. Os nós CN10, CN12, CN13 e CN22 comunicam ao GAC a sua necessidade de

realimentação, sendo distribuídos pelos respectivos CP.

2. O GAC define o CN12 e o CN10 como os elementos sobre os quais será efetuada a

operação de recurso do CP12 e CP10 respectivamente, uma vez que os restantes

elementos não possuem fontes alternativas.

3. São ativados o AOR10 e o AOR12.

4. O AOR10 define como melhor alternativa (e única) a ligação ao CP8 por intermédio

do fecho dos disjuntores de linha do nó CN9.

26

5. O AOR12 possui duas ligações alternativas: a alimentação pelo CP1 ou a ligação

pelo CP8;a Sendo optada a decisão de realimentação através do CP1 por intermédio

da ligação dos disjuntores de linha do nó CN11.

6. Após a confirmação de regresso de tensão aos diferentes nós, o automatismo entra

em repouso.

7. São atualizados os identificativos de CP dos novos elementos agora interligados.

A configuração final da rede e respectivas identificações, encontra-se na Figura 3.10.

Figura 3.10 – (I) Topologia da rede após a ação do automatismo de Auto-Cicatrização

Situação 2: Defeito no transformador TR2 (CP5)

A partir da situação anterior (considerando que o barramento CN20 ainda se encontra fora

de serviço), ocorre agora um defeito interno no transformador TR2. São acionados os

mecanismos próprios e isolado o defeito através da abertura dos disjuntores do

transformador MT e AT (não visível na imagem).

O CP5 encontra-se agora sem alimentação (Figura 3.11). Entra assim em funcionamento o

automatismo de auto-cicatrização através do pedido de realimentação dos respectivos

elementos: CN5, CN6 e CN17. A sequência do automatismo é assim semelhante à da

situação anterior:

1. Os nós CN5, CN6 e CN17 comunicam a necessidade de realimentação.

2. Existem agora quatro alternativas de alimentação (assinaladas a verde na Figura

3.11): CP1 através da ligação do disjuntor interbarras entre CN1 e CN17, CP1

através da ligação dos disjuntores do nó CN3, CP15 através da ligação dos

disjuntores do nó CN16 e CP15 através da ligação dos disjuntores do nó CN18.

a Não existindo uma definição formal de um único critério de decisão, por questões de simplicidade da explicação considera-se como preferencial a ligação ao CP com menor identificativo.

27

Partindo do critério utilizado anteriormente (min[CP] e min[CN]), o GAC define o nó

CN17 como o elemento sobre o qual será efetuada a realimentação.

3. É ativado o AOR17.

4. O AOR17 define como melhor alternativa a ligação do disjuntor interbarras para o

CN1 em detrimento da ligação do nó CN16.

5. Fecho do disjuntor interbarras.

6. Após confirmação do regresso de tensão a todos os nós, o automatismo entra em

repouso.

7. São atualizados os identificativos de CP dos novos nós.

A configuração final da rede encontra-se na Figura 3.12.

Figura 3.11 – (II) Topologia após o defeito interno e isolamento do transformador TR2

Figura 3.12 – (II) Topologia final após o fim da ação do automatismo de auto-cicatrização

28

A configuração final obtida na Figura 3.12 parece sugerir uma distribuição desigual da carga

da rede, no entanto, importa referir dois aspectos:

O automatismo tem como principal função a rápida realimentação dos nós afectados,

podendo a topologia ser posteriormente alterada pela ação manual do operador.

O critério de decisão da realimentação utilizado neste exemplo não contempla

nenhuma base de cariz eléctrico ou de exploração. Evidencia-se assim a

necessidade de uma definição clara dos critérios de decisão do automatismo por

parte de cada operador da rede (ORD).

29

4 Especificação dos automatismos por Redes de Petri

No Capítulo 3 foram descritos os princípios de funcionamento do automatismo de Auto-

Cicatrização tendo por base um sistema de identificação de topologias dinâmicas. É agora

necessário traduzir esses princípios num conjunto de automatismos e autómatos

especificados em redes de Petri, que interagindo entre si, são capazes de comportar o

volume de informações requeridos e satisfazer os requisitos operacionais enunciados.

Adicionalmente é ainda necessário que estes automatismos sejam suficientemente flexíveis

e modulares, tendo em vista a sua fácil adaptação a uma qualquer rede, independentemente

da sua topologia ou da sua dimensão.

São assim apresentados neste Capítulo um autómato que modela as linhas presentes na

rede e dois automatismos que gerem toda a informação e executam todas as operações

necessárias:

Autómato de Linha

Automatismo de Operação de Recurso (AOR)

Automatismos de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC)

A especificação destes automatismos será formalizada em redes de Petri ordinárias (RdP),

sendo utilizado o software TINA 3.2.0 (Novembro de 2013) do LAAS-CNRS – Laboratoire

d’Analyse et d’Architecture dês Systèmes para proceder à análise formal das mesmas.

O software apresenta diversas características que facilitam a representação das RdP, bem

como variadas ferramentas para proceder à sua análise, tais como:

Reachability analysis – Permite a verificação das propriedades de vivacidade,

limitação, reinicialização e segurança das RdP.

Structural analysis – Permite a verificação de todos os invariantes de lugar e

transições presentes na RdP.

Stepper Simulator – Permite simular as marcações passo a passo na RdP

apresentada, auxiliando na depuração de erros de funcionamento da rede.

Apresenta-se de seguida o ambiente de desenvolvimento do programa TINA na Figura 4.1.

30

Figura 4.1 – Ambiente de desenvolvimento do TINA 3.1.0 do LAAS-CNRS

4.1 Autómatos Modeladores

As barras, transformadores e linhas de interligação de subestações podem encontrar-se em

diferentes situações de funcionamento. É assim necessária a criação de autómatos que

modelem os diferentes estados bem como as sequências que levaram os equipamentos a

esses estados.

No Capítulo 2 e no Anexo B foram já apresentados os autómatos de barramentos e

transformadores descritos em [1], no entanto, devido às suas características as linhas que

efetuam a interligação entre subestações e postos de transformação, apresentam algumas

especificidades que carecem de modelação específica, tal como se apresenta de seguida

(Figura 4.2 e Tabela 4.1).

Figura 4.2 – Rede de Petri interpretada do autómato de Linha

31

Tabela 4.1 - Interpretação da RdP do autómato de linha (Figura 4.2)

Semântica dos Lugares

L1 Linha em Serviço

L2 Linha Fora de Serviço

L3 Linha Religável

L4 Linha Fora de Serviço mas Religável

Semântica das Transições

l1 Ligação dos disjuntores de linha

l2 Abertura dos disjuntores; Defeito na linha

l3 Disjuntores de linha fechados mas linha com tensão zero

l4 Disjuntores de linha fechados e linha com tensão

l5 Abertura dos disjuntores e linha ligada à terra ou ativação das proteções de linha

l6 Abertura dos disjuntores de linha, proteções de linha em repouso

l7 Disjuntores de linha abertos; linha não ligada à terra e proteções em repouso

l8 Linha comissionada. Impossibilidade de ligação da linha.

l9 Fecho dos disjuntores de linha, linha em tensão.

O modelo de linha apresenta-se estruturalmente idêntico ao modelo de barramento. É no

entanto necessário adicionar um novo estado, o de Fora de Serviço mas Religável,

representado no autómato da Figura 4.2 pelo lugar L4.

Os barramentos de uma subestação encontram-se por norma em serviço sendo que

alteração do seu estado decorre tipicamente de um defeito ou anomalia na exploração da

rede. Por conseguinte não é relevante considerar um estado em que o barramento se

encontra fora de serviço por opção de exploração, podendo ser religado no caso de uma

operação de recurso.

Já na modelação de linhas MT esta situação não se verifica. Tal como foi mencionado

anteriormente as redes a este nível de tensão são exploradas radialmente, no entanto,

construtivamente a rede poderá ser malhada, levando a que diversas linhas se encontrem

Fora de Serviço, não pela ocorrência de defeitos mas por opções de exploração. Estas linhas

constituem assim ligações alternativas que poderão ser colocadas ao serviço em caso de

necessidade.

Torna-se assim relevante a discriminação das causas que levaram à abertura dos disjuntores

da linha, sendo necessário distinguir se a linha poderá ou não ser colocada novamente ao

serviço.

32

4.2 Automatismo de Operação de Recurso (AOR)

4.2.1 Descrição do Automatismo

O Automatismo de Operação de Recurso efetua as operações e verificações necessárias

para a ligação dos equipamentos de seccionamento e corte, tendo em vista a realimentação

de um determinado nó e possivelmente a subsequente realimentação de vários outros

elementos da rede.

Tal como foi referido na secção 3.3.1, cada AOR é específico de cada nó ou CN, estando

este responsável pela operação sobre os equipamentos que permitem a ligação deste aos

elementos adjacentes.

Dependendo do nó sobre o qual o automatismo se encontra responsável poderão ser várias

as opções de recurso:

Transformador

Barramento

o Por intermédio de um disjuntor de interbarras

o Por intermédio da ligação de uma linha

Linha (ou secção de linha)

O automatismo tem que ser adaptável às diferentes topologias estáticas e configurações

possíveis. Como tal, cada uma das anteriores ligações possíveis descritas constituí um

módulo de ligação, sendo um AOR composto por um ou mais módulos sobrepostos a uma

estrutura base idêntica para todos os nós (inicialização e finalização do automatismo).

4.2.2 Interpretação da Rede de Petri

Na Figura 4.3 encontra-se representada a Rede de Petri interpretada do Automatismo de

Operação de Recurso. Esta rede representa um automatismo genérico em que se encontram

representados os diferentes módulos possíveis, ligação de uma linha, ligação de um disjuntor

de interbarras ou ainda ligação de um transformador.

O automatismo é ativado através da sua condição inicial RECA, partindo da qual, existem

neste exemplo cinco opções distintas de evolução do estado do automatismo.

As transições rec1 e rec2 representam a reposição de tensão por comando exterior e a

ausência de opções de religação para este nó respectivamente.

As três restantes transições rt1, rb1 e rl1 representam as diferentes opções de recurso

genéricas, ligação do transformador, ligação a um barramento através do fecho de um

disjuntor interbarras e ligação a um barramento por intermédio da ligação de uma linha

respectivamente. Estas três transições e os lugares e transições subsequentes definem

assim os três módulos principais de opções de religação.

33

Figura 4.3 - Rede de Petri interpretada do automatismo AOR (genérico)

Nota: Os lugares a tracejado são exteriores ao automatismo, pertencendo aos autómatos de

linha, barramento e transformador (L, B e T).

Os lugares RT1, RB1 e RL1 correspondem à ligação dos aparelhos de corte e

seccionamento necessários para execução da operação. As transições que lhes seguem

correspondem ao sucesso e insucesso dessas ligações, refletindo assim o sucesso ou

insucesso da operação.

Os lugares B1Y, B1Z e T3 garantem que as fontes recorridas se encontram sãs e em

condições de servirem como alternativa, salvaguardando a Condição 2.2.

Em caso de sucesso, é iniciada uma pausa de verificação de regresso de tensão, sendo

posteriormente ativado o local AOR.SUC, que corresponde ao término de operação do AOR

com sucesso de realimentação. Em caso de insucesso, é ativado o local AOR.FAIL,

correspondendo este ao término de operação do AOR sem sucesso de realimentação.

A semântica de cada lugar e de cada transição encontram-se descritos na Tabela 4.2.

34

Tabela 4.2 –Interpretação da RdP do AOR genérico (Figura 4.3)

Semântica dos Lugares

RECA Condição inicial de ativação do AOR

RT1 Liga Transformador (disjuntores AT e MT)

RT2 Sucesso de ligação do transformador

RT3 Insucesso de ligação do transformador

RB1 Liga disjuntor interbarras

RB2 Sucesso de ligação do disjuntor interbarras

RL1 Liga linha (ambos os disjuntores de linha)

RL2 Sucesso de ligação da linha

RL3 Insucesso na ligação da linha

AOR.SUC Término da operação do AOR com sucesso na operação de recurso

AOR.FAIL Término da operação do AOR com insucesso na operação de recurso

Semântica das Transições

rt1 Comando de ligação do Transformador

rt2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rt3 Falha na ligação do Transformador

rt4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rb1 Comando de fecho do disjuntor interbarras

rb2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rb3 Falha no fecho do disjuntor interbarras

rb4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rl1 Comando de fecho dos disjuntor da linha

rl2 Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rl3 Falha no fecho do(s) disjuntor(es) da linha

rl4 Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

rec1 Reposição de tensão por comando exterior

rec2 Todas as opções de religação encontram-se indisponíveis

Na Tabela 4.2 encontram-se expressas apenas as condições necessárias para a

transposição das transições. É no entanto necessária a tradução destas em predicados

constituídos pela composição de variáveis lógicas. Apresenta-se assim na Tabela 4.3 os

predicados associados às transições do AOR.

35

Tabela 4.3 - Predicados associados às transições do AOR

Predicados das Transições

rt1 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑡𝑓𝑣1

rt2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

rt4 𝑐𝑟𝑒𝑐1

rb1 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘

rb2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

rb4 𝑐𝑟𝑒𝑐1

rl1 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑙𝑓𝑣

rl2 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

rl3 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑙𝑓𝑓

rl4 𝑐𝑟𝑒𝑐1

rec1 𝑐𝑢9

rec2 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. (𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅). (𝑡𝑓𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅). (𝑙𝑓𝑣̅̅ ̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢7̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅)

Legenda:

Cu9 – Tensão na barra normal, 𝑈 ∈ [𝑈𝑚𝑖𝑛; 𝑈𝑚𝑎𝑥]

t(x)fv1 – Disjuntor x ligável, em que 𝑥 ∈ {𝐴𝑇, 𝑀𝑇}, podendo a forma ser expansível

nos diversas variáveis que determinam a capacidade de fecho do disjuntor

oprec1 - 𝑡𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜; Lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

crec1 - 𝐹𝑡𝑟𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜; Fim da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

cintdu1 – 𝜇(B1) = 1; Barra em serviço

cintdu2 – 𝜇(T3) = 1; Transformador Religável

cintdu7 - 𝜇(L4) = 1; Linha Fora de Serviço mas Religável

cpbok – disjuntor interbarras ligável

l(x)fv – disjuntor de linha x ligável, em que 𝑥 ∈ {1, 2}, determinando os disjuntores

dos dois extremos da linha.

l(x)ff – falha no fecho do disjuntor de linha x, em que 𝑥 ∈ {1, 2}, determinando os

disjuntores dos dois extremos da linha.

Encontram-se assim definidos os blocos principais de todos os AOR existentes. A RdP aqui

apresentada, representa um automatismo genérico para um nó com três opções distintas de

realimentação. No entanto, cada um destes módulos pode ser replicado ou subtraído

consoante a as diferentes opções topológicas de cada CN. Esta facilidade de adaptação do

automatismo representa uma das suas principais vantagens, permitindo a sua utilização para

uma qualquer rede, independentemente da sua configuração, ou ainda a sua expansão ou

redução perante uma remodelação da rede, sem a necessidade de restruturar totalmente o

automatismo.

36

4.2.3 Resolução de Conflitos

Após a inicialização do AOR, partindo da condição RECA, verifica-se um conflito entre as

transições rec1, rec2, rt1, rb1 e rl1. A resolução deste conflito entre transições é feita através

dos predicados das mesmas. Os predicados enunciados na Tabela 4.3 apenas traduzem as

condições estruturais para que seja possível efetivar uma operação sobre o equipamento.

Deste modo, é sempre necessário definir parâmetros adicionais que permitam a resolução

dos conflitos.

Tal como foi referenciado na secção 3.3.3, existem diversos critérios que tornam

preferenciais certas ligações a outras, das quais se apresentam algumas a título de exemplo:

1. Ordem de preferência pré-definida: por exemplo, só é ligado o disjuntor

interbarras se a ligação ao transformador estiver indisponível ou não for efetuada

com sucesso, e só é efetuada a ligação da linha de interligação caso as duas

opções anteriores não sejam possíveis. Poderão ainda ser definidas contingências

ou planos de ação no caso da falha de um equipamento em particular.

2. Distância eléctrica à alimentação: Caso seja possível conhecer a distância

eléctrica à alimentação, a ordem de preferência poderá ser ajustada de modo a

tentar realimentar pela menor distância possível de modo a diminuir as perdas e

minimizar as quedas de tensão.

3. Percentagem de Carga: Tendo por base o conhecimento da carga alimentada pelo

CN a ser realimentado antes da ocorrência do defeito, é útil saber se a fonte

alternativa tem capacidade de alimentar a totalidade da carga e, caso haja várias

alternativas com essa possibilidade, qual delas apresentaria um melhor rendimento,

tendo em vista uma maior estabilidade do SEE.

Com o objectivo de exemplificar a resolução de conflitos entre transições define-se agora os

predicados das transições rt1, rb1 e rl1 do AOR da Figura 4.3, tendo em consideração um

critério de ordem pré-definida: 1.º Transformador, 2.º Interbarras, 3.º Linha (Tabela 4.4).

Tabela 4.4 – Predicados associados à escolha de realimentação pré-definida

Predicados das Transições

rt1 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑡𝑓𝑣1

rb1 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. (𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. 𝑐𝑡𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢3)

rl1 (𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑙𝑓𝑣). (𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. 𝑐𝑡𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢3). (𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1 + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢5

+ 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢6)

Legenda:

cintdu3 – 𝜇(T4) = 1; Transformador fora de serviço por falta de 𝑈𝐴𝑇

cintdu4 – 𝜇(T2) = 1; Transformador fora de serviço por avaria

cintdu5 – 𝜇(B3) = 1; Barra Religável

cintdu6 – 𝜇(B2) = 1; Barra fora de serviço

37

4.3 Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC)

4.3.1 Descrição do Automatismo

Na secção 4.2 foi detalhado o funcionamento do AOR, no entanto, para uma rede com N Nós

existem N AORs, sendo assim necessário um mecanismo de encravamento e decisão que

controle o funcionamento dos AOR tendo em consideração a topologia dinâmica da rede. É

nesta perspectiva que surge o automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC).

O GAC é composto por dois componentes principais, o Controlo de CP e a Decisão de

Realimentação. O Controlo de CP efetua a análise topológica da rede, permitindo assim

determinar quais os Nós que se encontram interligados. A Decisão de Realimentação,

partindo da análise topológica efetuada e através da parametrização dos critérios de

realimentação, efetua a decisão de qual o AOR a inicializar e a efetuar a operação de

recurso, de modo a restaurar a alimentação do CP.

Tal como o AOR, também o GAC tem uma estrutura modular, permitindo a fácil adaptação

do automatismo a qualquer rede bem como à sua alteração.

O Controlo de CP é constituído por N módulos, em que N é o número total de CNs da rede.

Cada módulo representa o estado do respectivo CN, gerindo o CP do mesmo. Quando um

Nó se encontra sem alimentação e no estado religável, o módulo determina qual o CP

atribuído ao Nó e regista o pedido de realimentação para a componente de Decisão de

Realimentação.

A Decisão de Realimentação é constituída por N módulos, em que N é o número total de

CNs da rede. Cada módulo representa o estado de um CP e decide sobre qual dos CNs

pertencentes ao mesmo será efetuada a operação de recurso por parte do respectivo AOR.

Cada um dos módulos é inicializado quando o número de pedidos provenientes do Controlo

de CP for igual ao número de Nós pertencentes ao CP. Encontra-se assim garantida a

Condição 2.1, isto é, que apenas se efetua a realimentação de um Nó ou conjunto de Nós se

todos eles tiverem sido ressalvados como religáveis. Após a sua inicialização é efetuada a

escolha de qual o AOR a inicializar, assegurando assim a Condição 3.2. Consoante o

resultado da operação do AOR, com ou sem sucesso, o módulo finaliza a sua ação,

regressando ao estado de repouso ou reinicializando o processo de decisão.

4.3.2 Interpretação da Rede de Petri

A complexidade e dimensão da RdP do GAC é proporcional à dimensão da rede eléctrica

que o automatismo controla. Sendo a RdP modular, tem lugares e transições semelhantes,

variando apenas o elemento da rede a que estes se referem. Deste modo é conveniente a

adopção de um método sistematizado de rotulagem das transições e lugares. Na Tabela 4.5

encontra-se o sistema adoptado para todos os autómatos e automatismos.

38

Tabela 4.5 – Legendas utilizadas para identificação de lugares e transições

Descrição Exemplo

O primeiro algarismo identifica o AOR a que se referem os

lugares e transições, o 2º e o 3º (caso aplicável) os CN aos

quais se vai efetuar a ligação, por fim o último elemento

identifica o nome da transição ou lugar. (Utilização: AORs)

O primeiro algarismo indica o CP a que se refere os lugares e

transições, o segundo o CN e o terceiro elemento identifica o

nome da transição ou lugar. (Utilização: GAC – Dec. de Real.)

O primeiro algarismo identifica o CN a que se referem os

lugares e transições e o último elemento identifica o lugar ou

transição. (Utilização: GAC – Controlo CP)

O primeiro elemento identifica o CP de referência e o ultimo o

lugar ou transição em causa. (Utilização: GAC)

Na Figura 4.4 encontra-se representada a RdP de um módulo do Controlo de CP. Este

módulo representa um CN com identificador 3 (CN3). A preto, encontra-se a estrutura

principal de cada módulo e a cinzento as extensões ao módulo, dependendo dos diversos

identificadores de CP que este poderá ter. Por fim, a tracejado encontra-se o lugar

pertencente ao autómato que modela o estado do Nó (B3 – Barramento Religável).

A condição inicial do automatismo é representada pelo lugar CTRL. Quando o Nó se

encontra sem alimentação e é ressalvado como religável, é determinado qual o CP em que o

Nó se encontra, evoluindo para um dos lugares CP(x), sendo efetuado o registo de

necessidade de realimentação.

Os lugares intermédios CP(x)C indicam um estado de espera para confirmação do CP. Após

a ocorrência e isolamento de um defeito, poderão ocorrer variações na topologia da rede que

poderão levar a uma alteração dos identificadores de CP. Deste modo é necessária uma

pausa para confirmar a ocorrência ou não dessa alteração.

39

Figura 4.4 – Rede de Petri interpretada do Controlo de CP (GAC)

Caso o identificador de CP esteja incorreto, a RdP evolui no sentido inverso, por intermédio

das transições cp(x)f e cpn(x) e elimina o pedido de realimentação no lugar CP(x)U. Na

Tabela 4.6 descreve-se a semântica associada a cada lugar e transição da RdP.

Tabela 4.6 - Interpretação da RdP do Controlo de CP (Figura 4.4)

Semântica dos Lugares

CTRL Condição inicial do módulo de Controlo de CP

CP(x)C Confirma identificador x de CP

CP(x)U Elimina pedido de realimentação

CP(x) CN pertencente ao CPx e em condições de ser realimentado

Semântica das Transições

cp(x) U(CN[x]) = 0; CN pertence ao CP x; Lançamento de pausa de confirmação do identificador de CP.

cp(x)s Fim da pausa de confirmação do identificador de CP

cp(x)f U(CN[x]) = 0; CN não pertence ao CP x.

cpn(x) Pedido de realimentação eliminado

Na Tabela 4.7 encontram-se os predicados que traduzem as condições de transposição das

transições indicadas na Tabela 4.6.

Tabela 4.7 - Predicados associados às transições do Controlo de CP

Predicados das Transições

cp(x) 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅ . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x). 𝑜𝑝𝑐𝑝

cp(x)s 𝑐𝑐𝑝

cp(x)f 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅ . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x)̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅

40

Legenda:

cn(y)cp(x) – CN y pertence ao CP x

opcp – tcpid; Lançamento da pausa de confirmação do identificador de CP

ccp – Ftcpid; Fim da pausa de confirmação do identificador de CP

Na Figura 4.5 apresenta-se a RdP interpretada de um módulo da Decisão de Realimentação,

representando, neste caso, o controlo de realimentação do CP com identificador 1. A preto

encontra-se representada a estrutura fundamental do módulo (o CP1 poderá ter no mínimo

um CN associado), a cinzento encontram-se expansões possíveis ao módulo, através da

introdução de novos CNs na rede, neste caso CN2 e CN3. A tracejado encontram-se os

elementos associados ao Controlo de CP e autómatos de modelação do estado dos CN.

Figura 4.5 – Rede de Petri interpretada da Decisão de Realimentação (GAC)

A condição inicial ou estado de repouso do módulo encontra-se representada pelo lugar

CP(x).END. Após a ocorrência e isolamento do defeito e posterior análise topológica de

todos os Nós sem alimentação, a Decisão de Realimentação é inicializada através da

transição CP(x).rec e marcação do lugar CP(x).REC.

A decisão de qual dos Nós irá efetuar a realimentação de todo o CP é feita através da

resolução do conflito entre as transições 1.1.rec, 1.2.rec e 1.3.rec, que representam a

decisão de realimentar o CP através do Nó CN1, CN2 e CN3 respectivamente, através da

ativação do AOR correspondente.

41

A resolução do conflito entre 1.1.rec, 1.2.rec e 1.3.rec, poderá, na realidade, não ser entre as

três transições, mas sim entre apenas duas ou eventualmente não existir conflito, uma vez

que só poderão ser ativadas as transições cujo CN associado se encontre com o

identificador de CP que o módulo representa. No entanto, é imperativo que em cada módulo

se encontrem representados todos os CNs que poderão eventualmente possuir o

identificador de CP do mesmo.

Os lugares posteriores indicam que a operação de recurso se encontra em curso, isto é, o

AOR do Nó escolhido ainda não completou todas as suas operações. As transições 1.1.s,

1.2.s, 1.3.s, 1.1.f, 1.2.f e 1.3.f, representam respectivamente o sucesso e insucesso da

operação de recurso por parte dos diferentes AORs. Caso a operação seja concluída com

sucesso, tanto a Decisão de Realimentação como o Controlo de CP regressam ao seu

estado de repouso, caso a operação tenha sido concluída com insucesso o processo de

Decisão de Realimentação é reinicializado através da ativação da condição CP(x).REC.

Na Tabela 4.8 encontra-se a semântica de cada lugar e transição da RdP da Figura 4.5.

Tabela 4.8 - Interpretação da RdP da Decisão de Realimentação (Figura 4.5)

Semântica dos Lugares

(x).END Automatismo em Repouso / Fim da Auto-Cicatrização

(x).(y).REC Operação de Recurso (AOR) em curso

CP(x).REC Condição inicial da Decisão de Realimentação

Semântica das Transições

(x).(y).ret Nó y pertencente ao CP x em tensão U(CN[y]) > 0

CP(x).rec Todos os Nós do CP(x) pediram realimentação

(x).(y).rec Ativação do AOR do Nó y pertencente ao CP x

(x).(y).s Sucesso na OR do AOR do Nó y pertencente ao CP x

(x).(y).f Insucesso na OR do AOR do Nó y pertencente ao CP x

Na Tabela 4.9 encontram-se os predicados que traduzem as condições de transposição das

transições indicadas na Tabela 4.8.

Tabela 4.9 - Predicados associados às transições da Decisão de Realimentação

Predicados das Transições

(x).(y).ret 𝑐𝑢9 . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x)

CP(x).rec 𝑐𝑝(𝑥)𝑎𝑙𝑙

(x).(y).rec 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅ . 𝑐𝑛(y)𝑐𝑝(x)

(x).(y).s 𝑐𝑢9

(x).(y).f 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅

42

Legenda:

cn(y)cp(x) – CN(y) com o identificador CP(x)

cp(x)all – Todos os elementos pertencentes ao CP(x) efetuaram pedidos de

realimentação

A variável cp(x)all é uma variável composta e dinâmica, e tem como objectivo a certificação

de que todos os CNs pertencentes ao CP em questão se encontram é condições de ser

realimentados, isto é, efetuaram pedidos de realimentação, o que corresponde à presença

de um token no lugar y.CP(x) do Controlo de CP. Uma vez que a composição é dinâmica,

esta relação não pode ser explícita através de RdP. A variável em questão é assim dada por:

𝑐𝑝(𝑥)𝑎𝑙𝑙 = ∏ (𝑐𝑛(𝑦)𝑐𝑝(𝑥)̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅ + 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢8(𝑦))

𝑁

𝑦=1

Em que:

cintdu8(y) - 𝜇(y.CP(x)) = 1; CN(y) pertencente ao CP(x) pede realimentação

Na Figura 4.6 encontra-se representada a RdP total do GAC para um sistema de três CNs,

mostrando assim a relação entre os diversos módulos da Decisão de Realimentação e do

Controlo de CP. Foram no entanto omitidas da figura, por uma questão de simplificação e

representação, todas as ligações a outros automatismos (AORs) ou autómatos (B, T, L), bem

como os lugares transitórios do Controlo de CP: CP(x)C e CP(x)U.

Figura 4.6 – Rede de Petri interpretada da Gestão da Auto-Cicatrização (GAC)

A rede é constituída por três módulos de Controlo de CP e três módulos de Decisão de

Realimentação, construídos segundo os princípios enunciados anteriormente.

43

Importa no entanto destacar dois pontos relativamente à construção da rede global do GAC e

à constituição de cada um dos módulos:

A RdP global e cada um dos módulos foram definidos a partir do princípio da

propagação do menor identificador de CP para todos os CNs pertencentes ao

mesmo, tal como definido na secção 3.2. Partindo deste princípio, o número de

elementos de cada módulo do Controlo de CP é crescente com o identificador do CN

que este representa e o número de elementos de cada módulo da Decisão de

Realimentação é decrescente com o identificador de CP que este representa.

Esta dependência direta com o sistema de identificação de CP utilizado, leva a que

diferentes abordagens possam originar diferentes RdP para o GAC. No entanto

qualquer que seja a abordagem, poderá ser sempre representada pela junção dos

módulos definidos anteriormente, desde que corretamente especificados:

Cada módulo do Controlo de CP deverá considerar todos os identificadores

de CP que o CN ao qual o módulo se refere pode obter.

Cada módulo da Decisão de Realimentação deverá contemplar todos os

CNs que poderão eventualmente pertencer ao CP que o módulo representa.

Naturalmente, diferentes metodologias de identificação de CPs poderão conduzir a

RdP mais ou menos complexas. No curso deste trabalho considerou-se sempre que

o identificador de CP corresponde ao mínimo identificador de CN pertencente ao CP

em causa, uma vez que permite a fácil compreensão da evolução dos estados, bem

como uma sistematização simples das RdP construídas.

A RdP global do GAC não reflete explicitamente que tipo de elemento da rede cada

CN representa (barramento, linha, ...), essa diferenciação é feita ao nível dos

autómatos dos elementos e dos AOR. A unificação dos diferentes elementos numa

única representação de CN permite a completa modularização do GAC, facilitando

deste modo a sua representação, bem como possíveis alterações a uma RdP

existente (inclusão de novos elementos na rede ou substituição dos já existentes).

4.4 Automatismo Completo da Auto-Cicatrização

A construção global do automatismo de Auto-Cicatrização efetua-se através da junção dos

diversos automatismos anteriormente apresentados: GAC e vários AOR. A estes

automatismos são ainda ligados todos os autómatos de modelação de barramentos, linhas e

transformadores, bem como os automatismos próprios da ligação e desligação de

equipamentos (transformadores, disjuntores e seccionadores). No Anexo C, apresentam-se

as RdP dos diferentes automatismos e a RdP completa para um sistema de três CNs.

44

4.4.1 Integração entre GAC e AORs

O automatismo GAC serve unicamente de controlo da realimentação dos diferentes CPs,

determinando qual o CN que efetuará a realimentação. Esta decisão é então traduzida

através da ativação de um dos diferentes lugares [x].[y].REC (ver Figura 4.5 e Tabela 4.8).

Aquando da ativação deste lugar (transição [x].[y].rec), é também inicializado o AOR

correspondente: lugar [y].RECA. Após o término da ação do AOR é necessária a verificação

do resultado da operação: com sucesso ou com insucesso. Do lado do AOR, esta condição é

traduzida na ativação dos lugares [y].AOR.SUC e [y].AOR.FAIL respectivamente. Do lado do

GAC a continuidade da ação é feita através das transições [x].[y].s e [x].[y].f. (ver Figura 4.3 e

Tabela 4.2).

Os lugares do AOR são assim pós-condições e pré-condições das transições do GAC tal

como se encontra representado na Figura 4.7. Deste modo, a integração dos dois

automatismos é feita, colocando em paralelo cada AOR com o lugar [x].[y].REC

correspondente.

Figura 4.7 – Interação entre o GAC (módulo CP1) e o AOR (RdP simplificada)

A Figura 4.7 mostra a interação entre o AOR (simplificado) do CN1 e o módulo do CP1 da

Decisão de Realimentação do GAC.

Caso existam mais opções de religação no módulo (ver Figura 4.5), cada uma destas fará as

conexões necessárias aos respectivos AORs, à semelhança do apresentado na Figura 4.7.

(ver Figura C.5).

45

4.4.2 Integração dos autómatos modeladores

Os autómatos modeladores são integrados na RdP da Auto-Cicatrização em duas situações

distintas: No GAC, ao nível do Controlo de CP, em que é feita a verificação da condição

“Religável” dos diferentes CNs e posteriormente, em caso de sucesso, a passagem ao

estado “Em Serviço”, e ainda nos AOR, em que é feita a verificação do estado “Em Serviço”

dos barramentos a serem recorridos, bem como a verificação do estado religável dos

equipamentos sobre os quais são feitas operações de ligação. (ver Figura C.4)

Na Tabela 4.10 encontram-se os diferentes tipos de autómatos modeladores e a sua relação

com os diferentes automatismos.

Tabela 4.10 - Relação entre autómatos modeladores e automatismos

Autómato Automatismos Operações GAC Operações AOR

Barramento GAC / AOR Verificação /

Alteração Verificação

Linha GAC / AOR Verificação /

Alteração Verificação /

Alteração

Transformador AOR - Alteração

4.4.3 Análise Estrutural das Redes de Petri

Nesta secção são apresentadas as análises estruturais aos diversos componentes do

automatismo bem como uma análise global do mesmo. A verificação das propriedades

estruturais das RdP apresentadas neste capítulo tem como objectivo analisar de uma forma

metódica o correto funcionamento lógico do automatismo. Naturalmente estas propriedades

apenas asseguram a correção do domínio de controlo, nomeadamente ao nível de potenciais

deadlocks. A verificação do domínio operacional não é possível através de uma metodologia

matemática, estando principalmente dependente da interpretação de cada RdP. (ver Capítulo

2).

Numa primeira abordagem serão analisados os automatismos separadamente, em conjunto

com os autómatos modeladores correspondentes. Por fim será efetuada uma análise ao

automatismo global, em que serão integrados o GAC, AORs e autómatos modeladores.

Uma vez que a dimensão e complexidade da RdP é fortemente dependente da rede eléctrica

que pretende controlar, serão testados diferentes automatismos representativos de redes

com variadas complexidades, permitindo não só validar matematicamente o automatismo,

como também apreciar a evolução da sua complexidade.

Nesta secção serão apenas apresentados os principais resultados e conclusões das

diferentes análises estruturais efectuadas. A descrição completa das redes e RdP utilizadas

encontram-se no Anexo C.

46

Automatismo de Operação de Recurso (AOR)

A análise estrutural do AOR foi e efetuada com base na RdP da Figura C.2, contendo esta

dois módulos de ligação de linhas, um módulo de interbarras e um módulo de ligação do

transformador. Para proceder à análise deste automatismo, foram adicionadas duas

transições auxiliares aux1 e aux2, de modo a permitir a reinicialização do mesmo.

Na (Tabela C.2) encontram-se as propriedades dinâmicas da RdP, bem como os invariantes

de lugares e transições. A análise dos mesmos permite a verificação do correto

funcionamento do automatismo.

Os invariantes de lugar 1 a 6 da (Tabela C.2) estão unicamente relacionados com a

interação do AOR com os autómatos modeladores (B, T e L) necessários para cada um dos

módulos, o invariante 7 encontra-se relacionado com o funcionamento do AOR.

O invariante 7, constitui um invariante global, incluindo todos os lugares pertencentes ao

AOR, verificando-se assim a impossibilidade de ligação de diferentes fontes alternativas de

forma simultânea, mesmo que estas se encontrem disponíveis. Este facto conduz à

satisfação parcial da Condição 3.2, i.e. que cada circuito só poderá ter um único ponto de

alimentação, mantendo assim a topologia de exploração radial.

Adicionalmente podemos ainda deduzir que, dada a estrutura modular do AOR, o

automatismo apresentará sempre um invariante global independentemente do número de

módulos acopulados ao AOR, estando assim, sempre garantido o seu correto

funcionamento.

O paralelismo e exclusão mútua entre os diversos módulos pode ainda ser verificado através

da análise dos invariantes de transições. Os invariantes presentes na Tabela 4.11

representam as diversas sequências que o automatismo poderá tomar até à sua

reinicialização. Os restantes invariantes presentes na Tabela C.2 são referentes apenas a

transições dos autómatos modeladores.

Tabela 4.11 – Invariantes de Transições do AOR

Invariantes de Transições (abreviado)

1. {1.rt1} {1.rt3} {1.rt5} {1.t1} {1.t4} aux2 2. aux2 rec2 3. {1.rt1} {1.rt2} {1.rt4} {1.t4} aux1 4. aux1 rec1 5. {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5}

aux2 6. {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4}

aux1 7. {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 8. {2.l2} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 9. {2.l7} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} aux2

10. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2

11. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1

12. {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 13. {3.l2} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 14. {3.l7} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2 15. {6.rb1} {6.rb2} {6.rb4} aux1 16. {6.rb1} {6.rb3} aux2

Os invariantes 1 e 3 representam o recurso ao transformador, com e sem sucesso. Os

invariantes 5 a 14 representam o recurso a uma das duas ligações de linhas possíveis, com

47

e sem sucesso. O aparecimento de vários invariantes para cada uma das situações advém

das diferentes sequências de acontecimentos que levaram o autómato de linha ao estado L4.

Os invariantes 15 e 16 dizem respeito à realimentação através do fecho do disjuntor

interbarras, com e sem sucesso.

Por fim, os invariantes 2 e 4, representam a inexistência de alternativas de realimentação ou

o restabelecimento da alimentação por parte do operador.

Automatismo de Gestão da Auto-Cicatrização (GAC)

A análise estrutural do GAC foi efectuada sem recurso a lugares ou transições auxiliares e

sem ter em conta os autómatos modeladores, estes elementos serão tidos em conta

aquando da análise do automatismo completo.

Apresentam-se de seguida os invariantes calculados no Anexo C.2, para uma rede com três

nós:

1. {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC}

2. {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC}

3. {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

4. {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL}

5. {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U}

{2.CTRL}

6. {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C}

{3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL}

Os três primeiros invariantes são respeitantes ao módulo de Decisão de Realimentação de

cada um dos CPs, 1 a 3 respectivamente. A presença de todos os lugares x.y.REC

existentes em cada módulo da Decisão de Realimentação permite a conclusão de que

apenas será inicializado o AOR de um dos diferentes nós presentes no CP. Esta conclusão,

conjuntamente com o enunciado aquando da análise estrutural do AOR, conduz à satisfação

completa da Condição 3.2.

Os invariantes 4, 5 e 6 estão relacionados com cada um dos nós do GAC (CN1, CN2 e CN3

respectivamente). De cada um dos invariantes é possível retirar duas conclusões

fundamentais ao funcionamento do GAC:

A presença dos lugares CP1, CP2 e CP3 leva à conclusão de que cada Nó só pode

ser considerado como pertencente a um e um único CP.

A presença dos lugares 1.x.REC, 2.x.REC e 3.x.REC leva a um corolário da

conclusão anterior: o AOR de cada um dos CNs não é passível de ser inicializado

simultaneamente por dois módulos diferentes da Decisão de Realimentação.

48

Automatismo de Auto-Cicatrização (Completo)

Para a análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização foi utilizada uma rede

constituída por dois barramentos CN1 e CN2, interligados por uma linha MT CN3 e

alimentados pelos transformadores T1 e T2 respectivamente (Figura C.3).

A análise estrutural revelou a existência de 24 invariantes de lugares e 78 invariantes de

transições. Estes invariantes incluem os já anteriormente discutidos nas análises estruturais

do GAC e dos AOR, bem como novos invariantes que permitem o estabelecimento de

relações entre os diversos automatismos e autómatos.

Para além dos invariantes já explanados anteriormente é importante referir alguns dos

invariantes que estabelecem as relações entre os diferentes automatismos e autómatos.

O invariante 22, engloba os módulos da linha CN3 dos diferentes AOR, bem como os

diferentes lugares de inicialização e finalização dos diferentes AOR e módulos do GAC, o

que leva à conclusão que, ainda que manobrável por diferentes automatismos, o seu fecho

só poderá ser efetuado por um dos AOR. O invariante ao incluir os lugares CP1.REC,

CP2.REC e CP3.REC permite ainda verificar que os diferentes módulos de linha só serão

utilizados se pelo menos um dos barramentos não estiver com a operação de restauro em

curso.

Esta conclusão é ainda verificável através dos invariantes 3 e 7, referentes à interação dos

barramentos CN1 e CN2 com diferentes módulos dos AOR:

{1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL}

{1.AOR.SUC} {1.B1} {1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.RECA} {2.2-3.RL1}

{2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2}

{1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1}

{2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1}

{2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.RECA} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2}

Como podemos verificar, no invariante do barramento CN1, em que se incluem os lugares

1.B1, 1.B2 e 1.B3, encontra-se também representado o módulo de realimentação do CP2 por

intermédio da linha CN3, representado pelos lugares 2.2-3.RL1, 2.2-3.RL2 e 2.2-3.RL3.

Apesar do módulo não se encontrar diretamente relacionado com o barramento CN1, é

imposta a condição de que nenhum dos restantes processos relativos ao barramento CN1

possa estar ativo. Este facto resulta do tratamento diferencial de realimentações entre

barramentos por intermédio de um disjuntor interbarras ou por intermédio de uma linha,

obrigando à dupla verificação do caminho para a alimentação: Linha religável e barramento

em serviço.

A mesma situação pode ser verificada no segundo invariante, desta vez para o barramento

CN2, bem como no invariante 11 para a linha CN3.

49

Além da interpretação dos invariantes de lugar e invariantes de transições efetuados, foram

ainda verificadas com sucesso, em todas as redes, as seguintes propriedades essenciais à

modelação de controladores em RdP:

Deadlock-Free;

Vivacidade

Segurança

Reinicialização

Limitada

50

5 Considerações sobre a implementação

No presente capítulo discutem-se as opções possíveis de implementação do automatismo

descrito anteriormente. Não sendo efetuada a aplicação do sistema em ambiente

laboratorial, são no entanto discutidos os requisitos técnicos necessários à sua

implementação e as limitações das tecnologias existentes.

Não se tem como objectivo a demonstração prática de todo o sistema, mas sim uma

validação sustentada da existência de meios capazes de implementar o automatismo de

Auto-Cicatrização proposto, ao nível de controladores lógicos, protocolos e tecnologias de

comunicações.

Serão utilizadas como base as metodologias e conclusões das dissertações de mestrado dos

Engenheiros Rui Parreira e David Cerdeira, “Implementação Normalizada de Automatismos

de Subestações de Energia especificados por Redes de Petri” [4] e “Smart Grids -

Implementação Distribuída, em Arquiteturas 61850 em Subestações de Energia, de

Automatismos Programados segundo a norma 61131-3” [3], sendo ainda apresentadas

considerações finais relativamente às tecnologias de comunicação atualmente existentes

bem como as adaptações necessárias para a sua aplicação.

5.1 Implementação Normalizada

Tendo como base deste a trabalho a descrição de um sistema de Auto-Cicatrização genérico

capaz de operar ao nível da rede, interagindo com equipamentos de diversos fabricantes,

tem-se como objectivo primário a adopção de arquiteturas assentes em normas

internacionais, tanto ao nível das linguagens de programação de autómatos como ao nível

dos protocolos de comunicações.

5.1.1 CEI 61131

A norma CEI 61131 – “Programmable Controllers” surgiu em 1993 com o objectivo de

uniformizar o ambiente de programação de PLCs, fornecendo um conjunto de requisitos de

compatibilidade para os novos sistemas de programação de autómatos, tanto ao nível de

hardware como de software.

A norma é composta por oito partes distintas, sendo a mais relevante para este trabalho a

parte três (61131-3) onde são descritas as linguagens de programação de autómatos,

constituídas por duas linguagens gráficas: Ladder e SFC – GRAFCET e duas linguagens

textuais: Instruction List (IL) e Structured Text (ST), na Figura 5.1 encontram-se exemplos

das quatro linguagens descritas pela CEI 61131-3.

A norma CEI 61131-3 não consiste num conjunto rígido de regras a que todos os fabricantes

terão necessariamente que obedecer de modo a serem compatíveis, mas sim um guia para a

programação de PLCs devendo cada fabricante fornecer na sua documentação que partes

da norma são compatíveis, que partes não se encontram implementadas e que partes são

incompatíveis.

51

Ladder Diagram (LD) Sequential Function Chart (SFC-GRAFCET)

Structured Text (ST) Instruction List (IL)

Figura 5.1 – Linguagens da Norma CEI 61131-3 (adaptado de [3])

5.1.2 CEI 61850

A norma CEI 61850 - “Communication Networks and Systems in Substations” surgiu em

2003 com o objectivo de criar um protocolo de comunicações normalizado baseado em

Ethernet que permitisse a interoperabilidade entre dispositivos de diferentes fabricantes

conectados a uma mesma rede de comunicações.

Na parte 7-2 da CEI 61850 – “Abstract Communication Service Interface (ACSI)” é definido

um serviço de comunicação: as mensagens GOOSE – “Generic Oriented Object Substation

Event”, que permitem a transmissão de vários tipos de informação pelos diversos

dispositivos físicos da rede. Este serviço é do tipo “anunciação”, baseado no princípio

escritor/subscritor com comunicação peer-to-peer, permitindo por isso elevadas velocidades

de transmissão de dados, adequadas ao controlo e monitorização em tempo real.

Outra característica importante das GOOSE é o facto de serem mapeadas diretamente em

Ethernet (Layer 2 do Modelo OSI), evitando por isso a necessidade de processamento das

layers intermédias (Figura 5.2).

Figura 5.2 - Modelo OSI da CEI 61850 (extraído de [7])

52

5.2 Arquitetura do Sistema

Em [6] foi apresentada uma metodologia para implementação de funções de comando e

controlo para subestações especificadas em RdP sobre a CEI 61850, a qual foi parcialmente

implementada em [3] e [4].

Por forma a ultrapassar a complexidade de uma implementação direta de controladores de

RdP utilizando as mensagens GOOSE da CEI 61850, é proposta uma abordagem em que

todo o domínio de controlo das RdP é centralizado num Function Block (FB) executado num

controlador dedicado. Este controlador recebe os valores das variáveis necessárias ao seu

funcionamento, calculados de forma distribuída através de lógica proposicional nos diversos

DEIs e envia comandos de manobra para os equipamentos primários. As comunicações

entre o controlador centralizado e os DEIs são efetuadas por meio de mensagens GOOSE.

O sistema utiliza assim uma arquitetura mista, em que se encontra centralizado o

processamento num único controlador utilizando uma das linguagens da CEI 61131-3 e é

distribuída a criação dos predicados lógicos necessários ao seu funcionamento.

As informações necessárias para a criação dos predicados lógicos são comunicadas aos

diferentes DEIs de forma hardwired pelo equipamento primário na subestação, sendo

posteriormente pré-processadas e comunicadas via GOOSE ao controlador central. O

processo inverso é utilizado para comunicação dos comandos do controlador ao

equipamento primário. A ilustração desta metodologia encontra-se na Figura 5.3.

Figura 5.3 – Arquitetura: Automação e fluxo de informação

Com efeito, não existe a necessidade da criação de predicados de forma distribuída nos

diversos DEIs, no entanto, pode aproveitar-se a limitada lógica programável existente nos

mesmos para a optimização da capacidade de processamento do controlador das RdP.

Toda a arquitetura do sistema assenta assim nas duas normas fundamentais descritas

anteriormente, a CEI 61131 para a definição do controlador lógico e a CEI 61850 para a

definição de um sistema de comunicações configurável.

53

5.2.1 CEI 61850: Comunicações entre Subestações

Criada inicialmente com o intuito de estabelecer um standard para comunicações dentro da

subestação baseado em Ethernet LAN (Local Area Network), a primeira edição da CEI 61850

deixou de fora qualquer tipo de funções que por definição necessitam de estabelecer

comunicações entre subestações, nomeadamente funções de proteção diferencial e

teleproteção. Com o objectivo de colmatar esta necessidade foi publicada uma segunda

edição, que incluía a parte 61850-90-1 para comunicações entre subestações.

Atualmente, com o crescente desenvolvimento de sistemas de automação distribuída e

aumento das necessidades de transmissão de informação, encontram-se em

desenvolvimento novas partes da norma no formato de relatórios técnicos e não standards:

61850-90-2: “Using IEC 61850 between substations and control centres”

61850-90-5: “Using IEC 61850 for transmitting synchrophasor data, based on IEEE

C37.118”

61850-90-6: “Using IEC 61850 for distributed automation”

Mantendo o foco no objectivo deste trabalho, o problema consiste no desenho de uma

arquitetura capaz de suprimir as necessidades de comunicações essenciais ao

funcionamento do automatismo, mantendo simultaneamente tempos de transmissão

aceitáveis. Naturalmente que é impossível definir a priori qual a arquitetura de

telecomunicações a implementar, uma vez que seria necessário ter em consideração todos

os outros tipos de informação a transmitir no contexto de um SEE. Esse é um trabalho a

desenvolver por cada utility em particular, tendo em consideração o seu próprio sistema e

necessidades.

Podemos no entanto tecer considerações sobre a utilização da CEI 61850 nos diversos tipos

de redes de comunicações bem como identificar as suas limitações e benefícios. Será dado

especial foco sobre os sistemas mais comuns e sobre os quais incide grande parte da

investigação.

Uma das soluções mais estudadas atualmente é a utilização de WANs, proprietárias ou não,

para as diferentes utilities como backbone de uma rede de comunicações. A sua grande

capacidade de alcance e flexibilidade constitui um atrativo não só para comunicações no

âmbito da automação e controlo, mas também de todo e qualquer tipo de informação relativa

ao SEE, integrando as diversas subestações, centros de controlo e comando e centros

produtores.

O maior desafio é assim, a utilização dos serviços GOOSE da CEI 61850 através de uma

rede deste tipo, cumprindo todos os requisitos de segurança, largura de banda e velocidade

de transmissão.

Sendo as mensagens GOOSE definidas na CEI 61850 do tipo multicast (one-to-many)

mapeadas diretamente na layer 2 do modelo OSI (Ethernet) e portanto direcionadas para o

54

uso no interior de uma LAN, a sua utilização para comunicações externas levanta diversos

problemas:

A ethernet não é compatível com comunicações em larga escala.

A ethernet não é um protocolo mapeável.

Na Layer 2 as mensagens são direcionadas através da utilização de bridge tables,

constituídas por mac addresses dos diversos elementos da rede cuja população,

com elevadas quantidades de endereços, poderá destabilizar todo o sistema de

comunicações.

De facto, a transmissão de mensagens GOOSE para o exterior é limitada no interior da

própria LAN pelos routers da subestação. Os routers são dispositivos instalados na rede, que

examinam o tráfego de chegada e reencaminham a informação para o seu destinatário.

Parte da sua função é assim bloquear a transmissão em multicast/broadcast das mensagens

GOOSE para toda a WAN uma vez que impede o envio de qualquer mensagem que não seja

mapeada por IP.

Este problema é contornável através da utilização de técnicas que permitam o mapeamento

de mensagens GOOSE por IP:

Gateways – Utilizadas em sistemas que necessitem de baixa largura de banda, as

gateways funcionam como replicadores de informação, em que o remetente converte

a mensagem para o protocolo de transmissão, sendo esta posteriormente

reconvertida para o formato original no receptor. Uma vez que se trata de um

sistema de baixa largura de banda com necessidade de um equipamento específico

não é viável a sua utilização para a este estudo, estando sobretudo direcionada para

efeitos de teleproteção.

Tunneling / Encapsulation – Consiste na transmissão de informação criada

segundo um determinado protocolo que necessita de ser transmitida por um

protocolo diferente. A informação é encapsulada por cabeçalhos que permitam o seu

mapeamento, sendo posteriormente transmitida e reconvertida para o seu formato

original no ponto de chegada. Aplicada às mensagens GOOSE, consiste na adição

de IP headers que permitam o mapeamento da mensagem através da WAN, sendo

posteriormente reconvertida no seu formato original no interior da LAN de cada

subestação. O termo encapsulation refere-se ao processo de adição e subtração de

cabeçalhos mapeáveis, enquanto que o termo tunneling engloba este processo bem

como a criação de um caminho point-to-point para transmissão da informação. Os

processos mais comuns são o GRE (Generic Routing Encapsulation) Tunneling,

Layer 2 Tunneling Protocol e o MPLS (Multi Protocol Label Switching).

Ainda que existam soluções para a transmissão de mensagens GOOSE através da WAN, é

necessário assegurar que são cumpridos os requisitos de qualidade de serviço,

inclusivamente nos períodos de maior tráfego. Sendo as mensagens GOOSE baseadas no

55

principio escritor/subescritor, não existe hipótese de confirmar que uma mensagem enviada

por um determinado DEI foi recebida por todos os destinatários que subescreveram essa

informação. Com o objectivo de assegurar que todos os destinatários recebem uma

determinada informação, são enviadas múltiplas cópias da mesma mensagem com um

intervalo de tempo variável e parametrizável. Ao nível de mensagens críticas, estas são

enviadas a ritmo decrescente, começando tipicamente com intervalos de poucos

milissegundos, até 1 a 2 segundos.

Este facto, leva a uma proliferação do tráfego de mensagens por toda a rede de

comunicações, especialmente aquando da existência de defeitos e operações na rede, altura

em que os tempos de transmissão são especialmente críticos e o número de mensagens

aumenta em larga escala.

Assim, a reconfiguração dos routers e switches para permitir a transmissão deste tipo de

mensagens através de toda a rede, incluindo as diversas subestações, significa que uma

determinada mensagem publicada iria ser transmitida para todas as subestações e

equipamentos conectados, gerando um quantidade desnecessária de tráfego e consumo de

largura de banda, além de exigir uma maior capacidade de processamento dos DEIs

existentes.

Uma das soluções para o problema é a utilização de VLANs (Virtual Area Networks). VLAN é

uma técnica de segmentação de diferentes elementos da rede através de software. A sua

implementação permite que os equipamentos associados a uma determinada VLAN, ainda

que conectados a uma rede com mais elementos, se comportem como se estivessem

associados a uma única LAN. Uma vez que é implementada através de software, as VLANs

são altamente flexíveis, permitindo ainda a configuração dos recursos disponíveis, como a

alocação de uma largura de banda dedicada ou privilégios de acesso.

A utilização de VLANs permite assim a utilização dos recursos existentes de forma mais

eficiente, impedindo o congestionamento da rede global através de uma transmissão seletiva

do tráfego proveniente das subestações (ou outros).

Antes da utilização de um sistema WAN/VLAN é necessário ter consideração alguns

problemas. Em [8] e [9] foram detalhados os seguintes:

Um problema na layer 2 de qualquer uma das subestações conectadas à VLAN é

propagado a todas as subestações pertencentes a essa mesma VLAN.

Se o número de subestações interligadas for elevado poderá ainda ocorrer uma

sobrecarga dessa rede específica, uma vez que todas as subestações recebem

todas as mensagens GOOSE, independentemente de serem os destinatários finais

ou não.

A utilização de múltiplas VLANs para ultrapassar o problema mencionado, cria

problemas de manutenção e gestão do sistema.

56

A rede deverá ser configurada por forma a assegurar que mensagens mais críticas

são mapeadas através do caminho mais curto.

É necessário assegurar que a rede possui largura de banda suficiente de modo a

assegurar os requisitos de velocidade de transmissão e de mensagens “perdidas”.

Apesar das questões mencionadas foram já instaladas algumas redes de comunicações

utilizando este sistema, em redes de distribuição e transmissão e em escalas relativamente

pequenas (algumas dezenas de subestações), mostrando assim a viabilidade da utilização

da CEI 61850 fora do domínio de uma subestação.

A abordagem descrita em [3], [4] e [6] previa a existência de um controlador central colocado

horizontalmente em termos de rede de comunicações com os restantes DEIs. Aplicando os

conceitos introduzidos de comunicação entre subestações podemos então definir que o

controlador não terá necessariamente de ser integrado numa subestação, mas poderá ser,

por exemplo, instalado no centro de comando da rede, sendo a sua ligação apenas

dependente da arquitetura de comunicações projetada e tendo sempre como preferência os

lugares com maior largura de banda. A Figura 5.4 representa uma configuração genérica do

sistema.

Figura 5.4 - Arquitetura simplificada do sistema de informação

5.2.2 Conversão de Redes de Petri

O presente automatismo foi especificado utilizando RdP devido à capacidade de análise

formal matemática das propriedades e funcionamento do sistema, bem como pela facilidade

de interpretação gráfica de sistemas complexos. No entanto, as RdP não fazem parte das

linguagens normalizadas da automação, pelo que os sistemas de controlo atualmente

existentes não são programáveis segundo as suas especificações.

57

Existem diversos métodos de conversão de RdP para as diversas linguagens normalizadas,

existindo inclusivamente software capaz de fazer a sua transcrição automática. Em [3] foi

apresentado o programa SIPN Editor – Signal Interpreted Petri Nets, que através da

descrição de uma Rede de Petri, permite efetuar a sua conversão para Instruction List (IL),

permitindo ainda adicionar código IL específico, associado a cada uma das transições e

lugares.

Esta última propriedade é de extrema importância para a aplicação de Redes de Petri

interpretadas em sistemas de automação, uma vez que a transposição de transições

necessita da validação de determinadas expressões constituídas por varáveis booleanas

(predicados lógicos), que terão de ser inseridas na forma de código. Adicionalmente,

associado a cada lugar da RdP encontram-se ações a executar pelo automatismo, quer seja

internamente ou através do envio de ações de execução para equipamentos externos. Mais

uma vez é sempre necessária a introdução de código IL especifico a cada lugar.

5.2.3 Controlador Lógico

Em [4], foram estudadas duas soluções distintas quanto ao controlador lógico em que seriam

implementados os automatismos.

A primeira solução consiste numa implementação distribuída, sendo utilizada a lógica

programável dos DEIs existentes nas subestações. Esta abordagem verificou-se impraticável

por duas razões fundamentais. A primeira reside na pequena quantidade de lógica

programável que os DEIs têm disponível, sendo impossível programar automatismos com

algum com grau de complexidade. A segunda, porque os DEIs seguem variadas normas de

programação, sendo assim necessária a adaptação do código anteriormente convertido para

CEI 61131-3 de acordo com as práticas dos diferentes fabricantes.

A segunda solução, consiste na implementação centralizada de todo o automatismo num

único equipamento. Este equipamento poderá ser um PLC convencional ou então um

computador onde é executado um controlador lógico através de software (Soft-PLC).

Independentemente do equipamento utilizado é necessário ter em consideração alguns

requisitos:

Capacidade de suportar a totalidade do código do automatismo

Suporte para a CEI 61131-3

Suporte para as necessidades de comunicação entre os diferentes equipamentos

Suporte para a CEI 61850

5.3 Tecnologias e Infra estruturas de Comunicação

No ponto anterior foram tecidas considerações sobre as possibilidades para uma arquitetura

de implementação do automatismo de Auto-Cicatrização, tanto ao nível do sistema de

controlo como do sistema de comunicações.

58

São agora discutidas algumas das tecnologias e infra estruturas de comunicações com maior

relevância (layer 1 do modelo OSI), tanto para este estudo como para o projeto integrado de

uma rede de comunicações que permita a implementação das diversas componentes de

uma smart grid.

5.3.1 Fibras Ópticas

As fibras ópticas são o melhor meio físico de transmissão de dados para todas as

necessidades de comunicações. Além de oferecerem uma grande largura de banda e

capacidade de transmissão não são susceptíveis a interferências electromagnéticas.

Para além de serem já amplamente utilizadas em subestações, são já de uso corrente nas

linhas de transmissão e distribuição de eletricidade. Os dois tipos de cabos mais comuns são

o OPGW (Optical Power Ground Wire), utilizado como substituto de cabos de guarda e o

ADSS (All Dielectric Self-Supporting), que não sendo tão robusto como o OPGW tem no

entanto completa imunidade electromagnética podendo ser ligado diretamente ao condutor

de uma das fases.

A principal desvantagem no uso de fibras ópticas reside no custo elevado de instalação,

nomeadamente no caso em que as linhas eléctricas se encontram já construídas (live line

instalation). No entanto, no caso de novos investimentos apresentam o melhor rácio custo-

benefício.

5.3.2 BPLC (Broadband Power Line Carrier)

A tecnologia BPLC utiliza as linha eléctricas como meio de comunicação de ondas de alta

frequência, permitindo a transmissão de dados na ordem de alguns Mbps.

A maior vantagem na utilização deste sistema consiste na utilização de infra estruturas já

existentes como meio de comunicação, reduzindo consideravelmente os custos de

investimento e de operação. No entanto, a relativa baixa capacidade de transmissão de

dados impossibilita a sua utilização como backbone de um sistema integrado de

comunicações, sendo ainda assim uma solução viável para o last mile access, possibilitando

o acesso a locais remotos ou de difícil acesso.

Para além das limitações de velocidade de transmissão, existem ainda dificuldades de nível

técnico, tal como referido em [16], dado que este tipo de tecnologia utiliza o mesmo espectro

de frequência que outros operadores licenciados podendo ocorrer interferências para ambas

as partes.

5.3.3 Tecnologias Móveis (GPRS/UMTS/HSPA/LTE)

A utilização de tecnologias móveis revela-se bastante atrativa para o desenvolvimento de

uma rede de comunicações na área dos sistemas de energia, devido principalmente à sua

grande área de cobertura. No entanto, revela-se impraticável a construção de um sistema

proprietário com qualquer uma destas tecnologias, passando a solução pela utilização das

redes comerciais atualmente existentes.

59

A sua utilização é assim essencialmente a extensão da cobertura de redes privadas de

comunicações para atividades menos críticas ou para locais difícil acesso, nomeadamente

para funções de monitorização ou de transmissão de leituras de contadores de energia. A

sua aplicação a sistemas de automação distribuída encontra-se ainda em discussão.

As tecnologias atuais permitem já velocidades de transmissão consideráveis, variando entre

50 kbit/s no GPRS, os 400 kbit/s no UMTS, os 10 Mbp/s no HSPA ou os 50 Mbp/s no LTE.

Ainda assim, é necessário ter em consideração diversos factores antes da escolha de um

sistema de comunicações móveis para utilização em redes de energia.

A utilização de redes comercias tem associados problemas de segurança. Ainda que exista

uma evolução ao nível de protocolos de segurança associados a cada uma das tecnologias,

a transmissão de dados sensíveis deverá ser sempre considerada um risco.

A velocidade de transmissão não se encontra assegurada para mensagens críticas, que

necessitam de cumprir requisitos severos de latência. Uma vez que a gestão das redes é

exterior ao proprietário das redes de distribuição, seria necessário reservar a priori uma

largura de banda para transmissão de informação crítica.

Por fim, é necessário ter ainda em consideração a tarifa de utilização do serviço, em função

da largura de banda requisitada e a previsão de transmissão de dados. Só a partir daí seria

possível efetuar uma análise custo-benefício comparativa, entre a utilização de redes

comerciais e os restantes sistemas proprietários.

5.3.4 WiMAX / WiGRID

O WiMAX ou Worldwide interoperability for Mircrowave Access é uma tecnologia rádio

baseada no protocolo IEEE 802.16 (Broadband Wireless Access), que proporciona a criação

de uma LAN sem fios com uma velocidade máxima de 10 Mbps (extensível até 50 Mbps com

IEEE 802.16m).

Ainda que a capacidade de transmissão de dados e a qualidade de serviço sejam inferiores

às providenciadas por uma rede de fibra óptica, as tecnologias wireless ganham novo

destaque com a necessidade de acomodar as novas aplicações nos sistemas de energia,

nomeadamente automação e produção distribuída ou o AMI (Automatic Meter Infrastructure).

Considerando as novas aplicações, existe a necessidade de a rede de comunicações e

automação se expandir para fora do domínio da subestação, com cobertura de áreas

substancialmente maiores e com múltiplos pontos de interação. É neste ponto que as

tecnologias sem fios se tornam virtualmente as únicas possibilidades viáveis.

Neste campo, a utilização da tecnologia WiMAX traz inúmeras vantagens para a utilização

em sistemas de energia eléctrica, nomeadamente: (adaptado de [14])

1. Rede Privada – O WiMAX é a única tecnologia wireless no mercado em que é

possível implementar uma rede privada de larga escala baseada em standards

60

universais, o que conduz à conjugação da facilidade de controlo e fiabilidade de uma

rede privada com a interoperabilidade de equipamentos baseados em standards.

2. Qualidade de Serviço – O WiMAX contém mecanismos embebidos que permitem a

distinção entre diversos tipos de tráfego que poderão ser tratados de forma

diferenciada ao nível das necessidades de largura de banda, velocidade mínima de

transmissão, entre outros.

3. Escala – O WiMAX permite a criação de redes de larga escala com uma banda de

frequência limitada, sendo possível a criação de uma rede com um único canal de

frequência. Esta vantagem é particularmente relevante no caso de uma rede privada,

em que o espectro de frequência disponível é limitado ou pode acarretar custos

elevados.

Ainda que oferecendo claras vantagens perante as restantes tecnologias móveis, existem

alguns pontos que dificultam a implementação de uma rede WiMAX: (adaptado de [14])

1. Access Service Network (ASN) Gateway – Com a utilização de redes comerciais,

todo o tráfego necessita de ser mapeado com GRE Tunnel (ver 5.2.1), até ao ASN

Gateway, implicando que todo o tráfego poderá ter de ser transmitido através de

longas distâncias, ainda que o remetente e o destinatário se encontrem

relativamente próximos.

2. O WiMAX suporta unicamente tráfego mapeado sobre IP, não permitindo assim a

utilização de mensagens GOOSE diretamente sobre Ethernet. Se tal pode não ser

um obstáculo no que toca a um backbone de informação, levanta algumas limitações

na expansão da automação da subestação.

Com o objectivo providenciar uma maior facilidade na constituição de redes privadas de

WiMAX ao nível industrial e de utilities, constituiu-se uma nova tecnologia denominada por

WiGRID, que baseada no WiMAX, responde a critérios e requisitos diferentes, especificados

tendo em consideração as novas aplicações. Tendo em vista a utilização do WiGRID nos

sistemas de energia foram estabelecidos requisitos pelo WiMAX Forum: System Profile

Requirements for Smart Grid Applications [18].

Estes requisitos são o resultado de um benchmark de diversas utilities, bem como dos casos

práticos já existentes utilizando a tecnologia WiMAX. A principal diferença é o mapeamento

direto sobre Ethernet, permitindo assim a comunicação direta na layer 2 através de

mensagens GOOSE.

Foram ainda estabelecidos novos requisitos, nomeadamente ao nível de velocidade de

transmissão, robustez, cobertura e segurança da rede.

61

5.4 Sistemas de Comunicações: Considerações Finais

A escolha de uma infraestrutura de comunicações fiável, eficiente e segura é imprescindível

para o sucesso da implementação de uma arquitetura de automação distribuída, bem como

de automatismos como o apresentado ao longo deste trabalho. No entanto esta escolha não

é linear e é fortemente dependente das características e necessidades de cada utility. Em

[21] são definidos alguns dos factores que influenciam esta decisão:

Cobertura geográfica necessária

Capacidade de transmissão

Velocidade de transmissão

Disponibilidade e fiabilidade

Segurança

Preço

A importância de cada um destes factores depende assim das necessidades específicas de

cada utility, devendo cada implementação ser analisada caso a caso. É no entanto

importante realçar que todas as tecnologias descritas anteriormente (com exceção do PLC)

permitem a construção de uma arquitetura capaz de suportar todas as necessidades de

comunicação inerentes à implementação do automatismo de auto-cicatrização descrito nos

capítulos 3 e 4.

De seguida, são descritos alguns casos práticos de arquiteturas de sistemas de

comunicações, construídas com o objectivo de implementar algumas das funções inerentes

ao conceito de smart grid. Em todos os exemplos as redes foram projetadas caso a caso,

tendo em vista a satisfação de necessidades específicas.

A empresa espanhola EPRESA, conjuntamente com a RuggedCom Siemens, desenvolveu

uma das primeiras redes de comunicações integradas de modo a possibilitar a

implementação de diversas funções, nomeadamente:

Integração do AMI

Automação distribuída

Acesso em tempo real a câmaras de vídeo

VoIP e Internet para utilizadores domésticos

A solução adoptada consiste num backbone de comunicações com uma arquitetura de

múltiplos anéis em fibra óptica que interligam múltiplas subestações (≈100) e o centro de

comando operacional.

De forma a complementar a sua rede de comunicações, o last mile access, principalmente

para o AMI, automação distribuída e locais de maior dificuldade de acesso, foi efetuado

através de outras tecnologias como o WiMAX, PLC e ADSL. Foram assim integradas, numa

única solução, a maioria das tecnologias atualmente disponíveis no mercado. [22]

62

Com uma escala mais pequena, a A&N Electric Cooperative, implementou um sistema de

FLIR (Fault Location, Isolation and Restoration) conjuntamente com a RuggedCom Siemens

com o objectivo de melhorar a qualidade de serviço na rede.

Ao nível das comunicações, a solução consistiu na extensão da LAN da subestação aos

diversos disjuntores, seccionadores e aparelhos de medida disponíveis na rede. As

informações dos diversos equipamentos são transmitidas utilizando mensagens GOOSE

através de WiMAX, com velocidade e largura de banda suficientes para a satisfação dos

requisitos de tempo para proteção.

Por fim, outro caso de sucesso foi a implementação de sistemas de comunicação para

proteção, comando e medida por parte da Southern California Edison Company, integrando

numa única rede dezenas de subestações.

A infraestrutura consiste em diversos anéis de fibra óptica conectando as principais

subestações, bem como derivações em fibra óptica para as restantes subestações. Os locais

sem acesso de fibra óptica são conectados através de canais microondas digitais [15].

Em todas as soluções foram ainda utilizadas VLANs para a segregação de tráfico e

atribuição de largura de banda específica, consoante o tipo de informação e equipamentos.

Ainda que as tecnologias e protocolos utilizados variem de solução para solução, bem como

os requisitos de tempos de transmissão, é possível estabelecer alguma relação entre as

diversas tecnologias no que respeita aos diversos parâmetros a ter em consideração na

escolha de um sistema de comunicações.

Na Figura 5.5 encontra-se uma tabela resumo de comparação, extraída de [24], entre

diversas tecnologias e ao nível dos critérios anteriormente discutidos.

Figura 5.5 – Comparação de Tecnologias de Comunicação (extraído de [24])

63

6 Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1 Conclusões

A atual evolução dos sistemas de energia eléctrica no sentido de uma rede inteligente,

pressupõe a criação de mecanismos que permitam o rápido restauro da rede em caso de

incidentes, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de serviço e a diminuição tanto

do tempo de interrupção como da energia não fornecida.

O objectivo principal deste trabalho é o desenvolvimento de uma metodologia que permita a

criação de um automatismo capaz de implementar esta funcionalidade. Tendo como base a

análise dos automatismos atualmente existentes em subestações, o produto final obtido

permite o alargamento do domínio operacional desses automatismos a toda uma rede de

distribuição.

É ainda importante frisar que a solução desenvolvida tem um carácter genérico,

pretendendo-se assim que esta metodologia não seja constrangida a uma rede de

distribuição particular, com situações e requisitos específicos, mas que tenha um carácter

global, adequando-se à generalidade das redes de distribuição em Média Tensão, sendo

capaz de suportar as especificidades de cada uma através da sua correta parametrização.

Assim, de acordo com os objectivos traçados para este trabalho, e seguindo a metodologia

de especificação de automatismos, foram concretizados com sucesso os seguintes pontos:

Estabelecimento dos requisitos operacionais – Os requisitos operacionais já

existentes para a operação de recurso em subestações foram reformulados de modo a incluir

as novas possibilidades de recurso. Foram ainda estabelecidos novos requisitos ao nível da

rede, com o objectivo de garantir a segurança e fiabilidade da operação do automatismo de

auto-cicatrização.

Definição do princípio de funcionamento – Através da identificação de topologias

dinâmicas, foram definidos os princípios de funcionamento de um automatismo de auto-

cicatrização, capaz de satisfazer os requisitos operacionais delineados. Foram assim criados

dois automatismos independentes que, conjuntamente são capazes de realizar a operação

de recurso. O Automatismo de Operação de Recurso, responsável pelo comando dos

aparelhos de corte e pela escolha de opções de ligação, e automatismo de Gestão da Auto-

Cicatrização, responsável pela detecção de topologias dinâmicas da rede e pelo

processamento de pedidos de realimentação.

Especificação em Redes de Petri – Os automatismos descritos anteriormente

foram especificados em Redes de Petri, traduzindo o seu correto funcionamento de acordo

com os princípios operacionais definidos.

Após a estruturação das Redes de Petri, foi efetuada a verificação da correção do modelo,

através de uma cuidadosa análise das suas propriedades. Com a utilização de software

64

especifico, foi possível garantir a estabilidade das RdP através da limitação do número de

marcações, a sua vivacidade e inexistência de deadlocks.

Através da análise estrutural das RdP, ao nível de invariantes de transições e lugares, foi

ainda possível garantir o seu correto funcionamento operacional, sendo observável a

concordância entre a execução das mesmas e os requisitos definidos.

Por fim, são tecidas considerações sobre as possibilidades de implementação de todo o

automatismo, tendo em conta as normas internacionais de programação de controladores

(CEI 61131) e de comunicações para subestações (CEI 61850).

Foi assim desenvolvida uma arquitetura para implementação de um controlador lógico no

qual é processado todo o funcionamento do automatismo. Esta arquitetura foi baseada nas

conclusões de [4].

A extensão do domínio de operação a toda a rede de distribuição, envolve a transmissão de

elevadas quantidades de informação em tempo real e com um espaço geográfico que se

estende muito para além de uma subestação.

Assim, com o objectivo de viabilizar a implementação do automatismo, foram discutidas as

diversas possibilidades de utilização da norma CEI 61850 (mensagens GOOSE), fora do

contexto da subestação, bem como os diversos meios de comunicação existentes, capazes

de transmitir o volume informação necessário. Adicionalmente, foram ainda apresentados

alguns sistemas de comunicação já implementados, evidenciando as tecnologias e

arquiteturas utilizadas.

6.2 Trabalhos Futuros

Ainda que a metodologia se encontre definida, torna-se agora necessário demonstrar o seu

correto funcionamento operacional através da implementação de todo o sistema aplicado a

uma rede específica. Para tal, destacam-se os seguintes passos:

Implementação do controlador lógico, isto é, transcrever os automatismos

definidos para CEI 61131-3 e executá-los num controlador lógico, quer em PLC

(hardware) ou softPLC (software), segundo as metodologias definidas em [4],

assegurando sempre a compatibilidade com a CEI 61850.

Implementação em CEI 61850. Tendo por base uma rede real, efetuar a

configuração de todo o sistema de comunicações, através das criação dos ficheiros

SCD e ICD previstos na CEI 61850, à semelhança do trabalho efetuado em [3].

Estudo das tecnologias de comunicação. A utilização de mensagens GOOSE fora

do domínio da subestação foi brevemente descrita ao longo deste trabalho, no

entanto, sendo no entanto escassas as referências às suas reais possibilidades de

utilização, nomeadamente os tempos de transmissão, dependendo dos sistemas

utilizados, e qual a sua performance em função da tecnologia.

65

Referências Bibliográficas

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[3] D. Cerdeira, “Implementação Distribuída, em Arquiteturas 61850 em Subestações de

Energia, de Automatismos Programados Segundo a Norma 61131-3”, Dissertação de

Mestrado, Universidade Técnica de Lisboa, Novembro 2011

[4] R. Parreira, “Implementação Normalizada de Automatismos de Subestações de Energia

especificados por Redes de Petri”, Dissertação de Mestrado, Universidade Técnica de

Lisboa, Dezembro 2011

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[24] KEMA, Why Mobile for Smart Utilities?, GSM Association, Fairfax Virginia, Junho 2011

[25] A. Kostin, “Using Transition Invariants for Reachability Analysis of Petri Nets” in Petri Net,

Theory and Applications, V. Kodric, I-Tech Education and Publishing, Vienna, Fevereiro

2008, pp. 534

67

Anexo A – Propriedades das Redes de Petri

Neste anexo são detalhadas as propriedades das RdP bem como metodologias para a sua

análise, aplicadas no contexto de verificação do funcionamento de automatismos.

A.1 Propriedades Dinâmicas das Redes de Petri

Acessibilidade (Reachability)

A acessibilidade constitui o principal problema da análise de uma Rede de Petri:

Definição A.1: Acessibilidade: Dada uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0) e uma marcação 𝜇′ , µ′ ∈

ℛ(R, µ0)?

A função ℛ , representa todas as marcações acessíveis a partir da marcação inicial µ0 .

Existem diversas formas de análise deste problema. A técnica mais utilizada, é a construção

da Reachability Tree, que consiste em calcular iterativamente todas as marcações possíveis

até regressar à marcação inicial ou a uma marcação já calculada.

Apesar das diversas técnicas de redução desta árvore, o seu cálculo é extremamente

dispendioso computacionalmente para redes extensas e não binárias, como é o caso das

redes analisadas no Anexo C.

Limitação

Uma RdP diz-se limitada se, dada uma marcação inicial, para todo o espaço de estados

possível, o número de tokens em cada lugar é sempre inferior ou igual a k.

Definição A.2: Um lugar 𝑝𝑖 de uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0) , considera-se k-limitada sse:

∀ 𝜇′ ∈ ℛ(𝑅, 𝜇0), 𝜇′(𝑝𝑖) ≤ 𝑘 . Uma RdP considera-se k-limitada se todos os seus lugares

verificarem a condição.

Segurança / Rede Binária

Um lugar de uma RdP considera-se seguro, se para todo o espaço de estados de uma dada

marcação inicial, o número de tokens nesse mesmo lugar for sempre inferior ou igual a 1.

Uma rede segura, é uma rede limitada com k=1.

Definição A.3: Um lugar pi de uma RdP R = (P, T, I, O, µ0), considera-se segura sse: ∀ µ′ ∈

ℛ(R, µ0), µ′(pi) ≤ 1. Uma RdP considera-se segura se todos os seus lugares verificarem a

condição.

Conservação

Uma RdP diz-se conservativa se o somatório ponderado de tokens se mantiver constante

para todo o espaço de estados. Uma RdP diz-se estritamente conservativa se o somatório de

tokens se mantiver constante para todo o espaço de estados.

68

Definição A.4: Uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0) é estritamente conservativa se, ∀ µ′ ∈ ℛ(R, µ0),

∑ 𝜇′(𝑝𝑖)

𝑝𝑖∈𝑃

= ∑ 𝜇(𝑝𝑖)

𝑝𝑖∈𝑃

Definição A.5: Uma RdP 𝑅 = (𝑃, 𝑇, 𝐼, 𝑂, 𝜇0) , com um vector 𝑤 = (𝑤1 , … , 𝑤𝑛), 𝑛 = |𝑃| é

conservativa se, ∀ µ′ ∈ ℛ(R, µ0),

∑ 𝑤𝑖 . 𝜇′(𝑝𝑖)

𝑝𝑖∈𝑃

= ∑ 𝑤𝑖 . 𝜇(𝑝𝑖)

𝑝𝑖∈𝑃

Vivacidade

A definição de vivacidade encontra-se extremamente próxima da ausência de bloqueios

mortais (Deadlocks) numa RdP. Uma RdP diz-se viva se a partir de qualquer marcação

obtida a partir da marcação inicial é possível, através de uma qualquer sequência de

transições, disparar qualquer uma das transições da rede.

Uma rede viva garante assim que não existe nenhuma transição que não possa vir a ser

transposta, qualquer que seja a marcação obtida a partir da marcação inicial.

A propriedade da vivacidade é por vezes de difícil análise, especialmente em sistemas

complexos. Encontram-se assim estabelecidos diferentes níveis de vivacidade:

Nível 0: Uma transição tj é de nível 0 se nunca poder ser transposta

Nível 1: Uma transição tj é de nível 1 se for potencialmente transposta, isto é, existe

uma marcação u’ que permite a transposição de tj.

Nível 2: Uma transição tj é de nível 2 se para qualquer número n, existe uma

sequência que permite a transposição de tj n vezes.

Nível 3: Uma transição tj é de nível 3 se existir uma sequência infinita de transições

em que tj é transposta infinitas vezes.

Nível 4: Uma transição tj é de nível 4 se para qualquer marcação existir um

sequência de transições que permita a transposição de tj.

Uma RdP diz-se viva de nível-i se todas as suas transições tiverem um nível igual ou

superior a i. Uma RdP diz-se viva, se todas as suas transições forem de nível 4.

Reinicializável ou Reversível

Uma RdP diz-se reinicializável se para qualquer marcação 𝜇′ ∈ ℛ(𝑅, 𝜇0) , existe uma

sequência de transições que permite regressar à marcação inicial µ0.

É necessário ter em consideração que as propriedades de vivacidade e reversibilidade não

são iguais, uma rede reinicializável não é necessariamente uma rede viva e vice-versa.

69

A.2 Propriedades Estruturais das Redes de Petri

Ao contrário de todas as propriedades dinâmicas definidas anteriormente, as propriedades

estruturais das Redes de Petri são independentes da sua marcação inicial µ0.

Considerando a equação fundamental da dinâmica das RdP

𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝜇𝑖 + 𝐶. �̅�

e considerando os vectores característicos 𝑓 e 𝜎, tais que:

dim(𝑓) = (dim(𝑃) × 1), dim(𝜎) = (dim(𝑇) × 1)

Podemos rescrever a equação fundamental da seguinte forma:

𝑓𝑇 . 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝑓𝑇 . 𝜇𝑖 + 𝑓𝑇 . 𝐶. �̅�

Considerando 𝑓𝑇 . 𝐶 = 0 obtemos a seguinte relação:

𝑓𝑇 . 𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝑓𝑇 . 𝜇𝑖 = 𝑐𝑡𝑒, ∀𝑖 ∈ ℕ

Por outro lado, substituindo na equação fundamental �̅� por 𝜎 e considerando que 𝐶. 𝜎 = 0,

obtemos a relação

𝜇𝑖+𝑘+1 = 𝜇𝑖 = 𝑐𝑡𝑒, ∀𝑖 ∈ ℕ

Os vectores 𝑓 e 𝜎, não trivialmente nulos e que resolvam as equações mencionadas definem

respectivamente os invariantes de lugares e invariantes de transições de uma

determinada RdP.

Definição A.6: Definem-se como invariantes de lugar os vectores 𝑓 que sejam a solução da

equação: 𝑓𝑇 . 𝐶 = 0, 𝑓 ≠ 0.

Os invariantes de lugar, também designados como componentes conservativas, representam

assim lugares de uma RdP cuja soma das marcações se mantém constante para todo o

espaço de estados.

A definição de invariantes de lugar permite assim estabelecer relações assertivas sobre as

condições envolvidas, podendo ser utilizado nas mais diversas análises do funcionamento da

rede. Sendo uma das mais importantes, a verificação de exclusão mútua entre lugares.

Através da sua análise é possível provar que duas ações, que se pretendem mutuamente

exclusivas, não ocorrem simultaneamente.

Definição A.7: Definem-se como invariantes de transições os vectores 𝜎 que sejam a

solução da equação: 𝐶. 𝜎 = 0, 𝜎 ≠ 0.

Os invariantes de transições, também designados por componentes repetitivas estacionárias

permitem a determinação de comportamentos repetitivos de uma RdP, permitindo a análise

de reversibilidade de uma RdP, bem como a análise de sequências de transições cíclicas e

repetitivas.

70

Estabelecem-se agora algumas definições adicionais relativas às propriedades estruturais:

Definição A.8: Um invariante total (de lugares ou transições), é um invariante cujo suporte é

todo o conjunto de lugares ou transições de uma rede.

Definição A.9: Uma RdP é conservativa se tiver um invariante total de lugares, e é repetitiva

estacionária se tiver um invariante total de transições.

71

Anexo B – RdP detalhadas de automatismos e autómatos

Os autómatos e automatismos apresentados neste Anexo foram já detalhados em [1],

apresentando-se aqui uma explanação sumária das suas RdP no contexto deste trabalho.

B.1 Autómato Modelador do Transformador

Na Figura B.1 encontra-se a representação completa de um autómato que modela um

transformador e na Tabela B.1 a respectiva interpretação conforme apresentado em [1].

Figura B.1 - Autómato completo, modelador do transformador (adaptado de [1])

Tabela B.1 - Interpretação da RdP do autómato modelador de transformador

Transição Predicados das Transições Legenda da Interpretação

t1 𝑐𝑡2 ct1: UAT > 0

ct2: T(X) ligado; T=Transformador

ct3: UMT = 0 na barra a jusante

ct4: Defeito interno no transformador

ct5: Arranque de Defeito externo no

transformador

t2 𝑐𝑡2̅̅ ̅̅

t3 𝑐𝑡2

t4 𝑐𝑡2̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑡4̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑡5

t5 𝑐𝑡2̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑡3. 𝑐𝑡4̅̅ ̅̅

t6 𝑐𝑡1. 𝑐𝑡2

t7 𝑐𝑡1̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑡2̅̅ ̅̅

t8 𝑐𝑡2. 𝑐𝑡5. 𝑐𝑡4̅̅ ̅̅

t9 𝑐𝑡2. 𝑐𝑡3. 𝑐𝑡4̅̅ ̅̅ . 𝑐𝑡5̅̅ ̅̅

t10 𝑐𝑡2. (𝑐𝑡4 + 𝑐𝑡5̅̅ ̅̅ )

t11 𝑐𝑡2. (𝑐𝑡4 + 𝑐𝑡3̅̅ ̅̅ )

72

Os lugares do modelo apresentado na Figura B.1 têm a seguinte legenda:

T1: Em Serviço

T2: Avariado ou sob operador

T3: Religável

T4: Dependente da U(AT)

T5: Fora de Serviço

T6: Em Disparo U < MIN

T7: Em Disparo RTMP

A RdP apresentada é passível de ser simplificada, conservando os lugares mais

significativos. Utilizando as seguintes simplificações, obtém-se a RdP apresentada na Figura

2.3.

1. As transições t8 e t9 são substituíveis, arrastando a eliminação dos lugares T6 e T7;

2. As transições t10 e t11 são neutras;

3. O lugar T5 é redundante: m(T5) = m(T2)+m(T4);

4. O lugar T4 é substituível, arrastando consigo a eliminação da transição t6;

5. t5 torna-se idêntica a t5;

6. t7 torna-se neutra;

B.2 Autómato Modelador do Barramento

Na Figura B.2 encontra-se a representação completa de um autómato que modela um

barramento MT e na Tabela B.2 a respectiva interpretação conforme apresentado em [1].

Figura B.2 - Autómato completo, modelador do barramento MT (adaptado de [1])

73

Tabela B.2 - Interpretação da RdP do autómato modelador de barramento MT

Transição Predicados das Transições Legenda da Interpretação

b1 𝑐𝑏1 cb1: Caminho de alimentação da barra a

partir da AT estabelecido.

cb2: Barra vizinha acopulada

cb3: Barra vizinha religável

cb4: defeito interno no transformador

topologicamente ligado à barra

cb5: Apenas uma fonte de alimentação se

encontra ligada à barra

cb6: Transformador ligado à barra: Relé

contra defeitos externos inativo

cb7: disparo do relé de min. de tensão

b2 𝑐𝑏1̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑏4̅̅ ̅̅ ̅

b3 𝑐𝑏1

b4 𝑐𝑏1̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑏4

b5 𝑐𝑏1̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑏2. 𝑐𝑏3

b6 𝑐𝑏4. 𝑐𝑏5. 𝑐𝑏6

b7 𝑐𝑏4̅̅ ̅̅ ̅

b8 𝑐𝑏1. 𝑐𝑏4̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑏6. 𝑐𝑏7

b9 𝑐𝑏7̅̅ ̅̅ ̅

b10 𝑐𝑏1̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑏7

Os lugares do modelo apresentado na Figura B.1 têm a seguinte legenda:

B1: Em Serviço

B2: Fora de Serviço

B3: Religável

B4: Em Defeito Interno

B5: Com U = 0

A RdP apresentada é passível de ser simplificada, conservando os lugares mais

significativos. Utilizando as seguintes simplificações, obtém-se a RdP apresentada em Figura

2.4.

1. As transições b6 e b8 são substituíveis, arrastando a eliminação dos lugares B4 e B5

2. As transições b7 e b9 tornam-se neutras

3. As transições b10 e b11 são idênticas, respectivamente, às transições b4 e b5

B.3 Automatismo de Operação de Recurso

As figuras B.3 e B.4 representam o automatismo de Operação de Recurso de uma barra MT,

partindo da situação de barra isolada ou barra acopulada (disjuntor interbarras fechado). As

opções de recurso poderão ser o de um transformador topologicamente ligado à barra ou

uma barra vizinha (caso a barra esteja isolada).

Na Tabela B.3 encontra-se a interpretação das duas RdP, conforme apresentado em [1].

74

Figura B.3 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barra isolada (adaptado de [1])

Figura B.4 - Automatismo Op. de Recurso partindo de barras acopuladas (adaptado de [1])

75

Tabela B.3 - Interpretação da RdP da OR com barra isolada (Fig. B.3)

Predicados dos Lugares

RECA Condição inicial do automatismo de OR

FT1 Liga Transformador

FBr Liga Disjuntor Interbarras

FBP1 Liga Disjuntor Interbarras

REC1 Sucesso (ligação do transformador)

REC2 Insucesso (ligação do transformador)

REC3 Confirma U>0

REC4 Confirma U>0

Predicados das Transições

Rec1 𝑐2

Rec2 𝑐2̅̅ ̅. 𝑐𝑢9. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1; 𝑜𝑝𝑢2

Rec3 𝑐𝑟𝑒𝑐1

Rec5 𝑐𝑟𝑒𝑐1

Rec6 𝑐𝑟𝑒𝑐1

Rec12 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

Rec14 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

Rec17 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

Rec18 𝑐2. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘

Rec19 𝑐2̅̅ ̅. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4

Rec20 𝑐2̅̅ ̅. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑝𝑏𝑜𝑘. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢2. 𝑐𝑡𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅

Rec21 𝑐2̅̅ ̅. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑡𝑣1

Legenda

c2 – Barras X e Y interligadas

cu9 – Tensão U na barra normal ( )

cintdu1 – m(B1)=1, barra em serviço

opu2 – lançamento de temporização de confirmação de regresso de tensão

crec1 – Fim da pausa de retorno do relé de mínimo de tensão

cpbok – disjuntor de interbarras ligável

cintdu4 – m(T2)=1, transformador fora de serviço por avaria

cintdu2 – m(T3)=1, transformador religável

cintdu3 – m(T4)=1, transformador fora de serviço por falta de UAT

ctv1 – transformador fechável

oprec1 – lançamento da pausa para retorno do relé de mínimo de tensão

76

Tabela B.4 - Interpretação da RdP da OR com barras acopuladas (Fig. B.3)

Predicados dos Lugares

RECAB Condição inicial do automatismo de OR

FT1 Liga Transformador X

FT2 Liga Transformador Y

REC5 Sucesso (ligação do transformador X)

REC6 Insucesso (ligação do transformador X)

REC7 Sucesso (ligação do transformador Y)

REC8 Insucesso (ligação do transformador Y)

Predicados das Transições

Rec28 𝑐2

Rec8a 𝑐2. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢1

Rec26 𝑐2. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑡1𝑣1

Rec27a 𝑐2. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑡1𝑣1. 𝑐𝑖𝑛𝑡𝑑𝑢4. 𝑡2𝑣1

Rec27b 𝑐2. 𝑐𝑢9̅̅ ̅̅ ̅. 𝑡1𝑣1. 𝑡1𝑣2

Rec22 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

Rec24 𝑜𝑝𝑟𝑒𝑐1

Rec8 𝑐𝑟𝑒𝑐1

Rec10 𝑐𝑟𝑒𝑐1

Na Figura B.3, as transições rec1 e rec2, correspondem à verificação da normalização da

tensão na barra e à reposição da tensão por comando exterior, respectivamente.

Na Figura B.4, as transições rec28 e rec8a, correspondem respectivamente à reposição de

tensão por comando exterior e à alteração topológica através da abertura do disjuntor

interbarras.

A redução das RdP das figuras B.3 e B.4 conduz às RdP apresentadas no Capítulo 2, Figura

2.5 e Figura 2.6, respectivamente.

77

B.4 Módulo de Ligação do Transformador

Na Figura B.5 encontra-se representado o módulo de ligação de um transformador, conforme

apresentado em [1]. Na Tabela B.5 encontra-se a respectiva interpretação.

Figura B.5 - Módulo de Ligação do Transformador

Tabela B.5 - Interpretação da RdP do módulo de ligação do transformador

Predicados dos Lugares

LT1 Condição inicial do automatismo do módulo

LT2 Liga AT do transformador

LT3 Pausa

LT4 Insucesso na Ligação do Transformador

LT5 Liga MT do transformador

Predicados das Transições

Lt1 𝑡3𝑚; 𝑜𝑝𝑡

Lt3 𝑡1̅̅̅. 𝑡𝑚𝑓𝑣1. 𝑜𝑝𝑓𝑚

Lt4 𝑡1. 𝑡𝑎𝑓𝑣1. 𝑡𝑚𝑓𝑣1. 𝑜𝑝𝑓𝑎

Lt5 𝑡𝑚𝑓𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅ + (𝑡1. 𝑡𝑎𝑓𝑣1̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ )

Lt6 𝑡3𝑎. 𝑜𝑝𝑡

Lt7 𝑡2. 𝑡3𝑎̅̅ ̅̅ ̅

Lt8 𝑜𝑝𝑓𝑚

Lt9 𝑡2. 𝑡3𝑚̅̅ ̅̅ ̅̅

78

Legenda

t1 – transformador com disjuntor AT acessível

t(x)fv1 – Disjuntor (x) ligável (x = {AT ou MT} (a,m))

opf(x) – ordem de ligação do disjuntor (x) e lançamento da temporização de fecho

t3(x) – ordem de ligação executada

opt3 – lançamento da temporização de passagem

t2 – fim da temporização de ligação

79

Anexo C – Análise Estrutural das Redes de Petri

C.1 Análise Estrutural do AOR

Os diferentes AOR podem ter diversas configurações dependendo da topologia da rede, tal

como foi explicitado no Capítulo 2, estas configurações são conseguidas através da adição

e/ou subtração de diferentes módulos de ligação (transformador, Interbarras, linhas,...).

Como tal, é impossível o estudo de todas as configurações possíveis, sendo possível no

entanto extrapolar as propriedades dos AOR a partir de topologias base.

Como objecto de estudo utilizou-se um AOR, afecto a um barramento CN1, com a topologia

indicada na Figura C.1 e com características e ligações na Tabela C.1. A particularidade

deste AOR é a incorporação de todos os módulos, permitindo assim um estudo completo.

A RdP correspondente a este AOR encontra-se na Figura C.2. As transições aux1 e aux2,

permitem a reinicialização do automatismo, representando as operações efectuadas pelo

GAC. A cinzento e tracejado encontram-se representadas as ligações aos autómatos

modeladores.

Figura C.1 - Topologia utilizada para análise estrutural do AOR

Tabela C.1 - Autómatos Modeladores incluídos na análise estrutural do AOR

Autómatos Modeladores e Automatismos

Elemento Designação Elemento Designação

Transformador 1 Autómato 1.T Linha MT CN2 2.L

Barramento CN4 Autómato 4.B Linha MT CN3 3.L

Barramento CN5 Autómato 5.B Barramento CN6 6.B

Da análise do AOR efetuada através do TINA resultou a computação dos invariantes de

lugar e transições e a verificação das propriedades indicados na Tabela C.2.

80

Figura C.2 - RdP do AOR do CN1, utilizada para a análise estrutural

Tabela C.2 - Propriedades da RdP e Invariantes-P/T

Propriedades da RdP do AOR

P T Estados Transições Limitada Viva Reversível

34 60 6696 76986

Invariantes de Lugar

1) {1.RT1} {1.RT2} {1.RT3} {1.T1} {1.T2} {1.T3}

2) {2.L1} {2.L2} {2.L3} {2.L4} {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3}

3) {3.L1} {3.L2} {3.L3} {3.L4} {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3}

4) {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3} {4.B1} {4.B2} {4.B3}

5) {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3} {5.B1} {5.B2} {5.B3}

6) {6.B1} {6.B2} {6.B3} {6.RB1} {6.RB2}

7) {1.RT1} {1.RT2} {1.RT3} {2.RL1} {2.RL2} {2.RL3} {3.RL1} {3.RL2} {3.RL3} {6.RB1} {6.RB2} {AOR.FAIL} {AOR.SUC} RECA

81

Invariantes de Transições

1. {1.t1} {1.t2} 2. {1.t3} {1.t4} 3. {4.b3} {4.b4} 4. {5.b3} {5.b4} 5. {6.b3} {6.b4} 6. {1.rt1} {1.rt3} {1.rt5} {1.t1} {1.t4} aux2 7. aux2 rec2 8. {1.rt1} {1.rt2} {1.rt4} {1.t4} aux1 9. aux1 rec1

10. {2.l3} {2.l4} 11. {2.l1} {2.l2} 12. {2.l2} {2.l7} {2.l9} 13. {2.l7} {2.l8} 14. {2.l1} {2.l3} {2.l5} 15. {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.l8} 16. {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.l9} 17. {2.l3} {2.l6} {2.l9} 18. {2.l1} {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5}

aux2 19. {2.l3} {2.l5} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4}

aux1 20. {2.l3} {2.l6} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 21. {2.l2} {2.l7} {2.rl1} {2.rl2} {2.rl4} aux1 22. {2.l7} {2.rl1} {2.rl3} {2.rl5} aux2

23. {4.b2} {4.b3} {4.b5} 24. {4.b1} {4.b2} 25. {3.l3} {3.l4} 26. {3.l1} {3.l2} 27. {3.l2} {3.l7} {3.l9} 28. {3.l7} {3.l8} 29. {3.l1} {3.l3} {3.l5} 30. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.l8} 31. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.l9} 32. {3.l3} {3.l6} {3.l9} 33. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5}

aux2 34. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4}

aux1 35. {3.l3} {3.l6} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 36. {3.l2} {3.l7} {3.rl1} {3.rl2} {3.rl4} aux1 37. {3.l7} {3.rl1} {3.rl3} {3.rl5} aux2

38. {5.b2} {5.b3} {5.b5} 39. {5.b1} {5.b2} 40. {6.rb1} {6.rb2} {6.rb4} aux1 41. {6.rb1} {6.rb3} aux2

42. {6.b2} {6.b3} {6.b5} {6.b1} {6.b2}

Na Tabela C.3 encontram-se ainda simulações efetuadas a AORs com diversas topologias,

com as propriedades dinâmicas de cada RdP, bem como o número de transições e

marcações, permitindo assim observar a evolução da complexidade com o aumento da rede

MT.

Tabela C.3 – Evolução das propriedades dinâmicas do AOR

Ligaçõesb Rede de Petri Análise de Acessibilidade Propriedades Dinâmicas

P T Estados Transições Limitada Viva Reversível

T, B 14 22 42 167

T, 2xB 19 31 144 801

T, L 19 32 153 939

T, B, 2xL 34 60 6696 76986

T, B, 3xL 44 79 84240 1287144

2xT, B, 2xL 40 69 23976 306342

C.2 Análise Estrutural do GAC

À semelhança dos AOR, também o GAC poderá assumir diferentes formatos consoante o

número de elementos da rede. Uma vez que esta RdP depende unicamente do número de

elementos (CNs) da rede e não da sua topologia, as propriedades de uma rede genérica são

facilmente extrapoláveis a partir de uma RdP consideravelmente pequena.

b T- Ligação a transformador, L-Ligação de uma linha, B-Ligação a um barramento (interbarras)

82

Para efeitos de análise considera-se uma rede com apenas três elementos, CN1, CN2 e

CN3, não sendo utilizados os autómatos modeladores de cada um. A RdP resultante

encontra-se ilustrada na Figura 4.6, e a verificação das suas propriedades e computação de

invariantes-P/T na Tabela C.4 e Tabela C.5.

A evoluão da complexidade do GAC com o número de elementos pertencentes à rede

encontra-se Tabela C.5.

Tabela C.4 - Propriedades estruturais do GAC

Invariantes de Lugar

1) {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC}

2) {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL}

3) {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC}

4) {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL}

5) {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

6) {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL}

Invariantes de Transições

1. {1.1.f} {1.1.rec} 2. {1.2.f} {1.2.rec} 3. {1.3.f} {1.3.rec} 4. {1.1.ret} {1.cp1} {1.cp1s} 5. {1.cp1} {1.cp1f} {1.cp1s} {1.cpn1} 6. {2.2.f} {2.2.rec} 7. {2.3.f} {2.3.rec} 8. {1.2.ret} {2.cp1} {2.cp1s} 9. {2.cp1} {2.cp1f} {2.cp1s} {2.cpn1} 10. {2.2.ret} {2.cp2} {2.cp2s} 11. {2.cp2} {2.cp2f} {2.cp2s} {2.cpn2} 12. {3.3.f} {3.3.rec}

13. {1.3.ret} {3.cp1} {3.cp1s} 14. {3.cp1} {3.cp1f} {3.cp1s} {3.cpn1} 15. {2.3.ret} {3.cp2} {3.cp2s} 16. {3.cp2} {3.cp2f} {3.cp2s} {3.cpn2} 17. {3.3.ret} {3.cp3} {3.cp3s} 18. {3.cp3} {3.cp3f} {3.cp3s} {3.cpn3} 19. {1.3.rec} {1.3.s} {cp1.rec} 20. {1.2.rec} {1.2.s} {cp1.rec} 21. {1.1.rec} {1.1.s} {cp1.rec} 22. {2.3.rec} {2.3.s} {cp2.rec} 23. {2.2.rec} {2.2.s} {cp2.rec} 24. {3.3.rec} {3.3.s} {cp3.rec}

Tabela C.5 – Evolução das propriedades dinâmicas do GAC

N.º Nós Rede de Petri Análise de Acessibilidade Propriedades Dinâmicas

P T Estados Transições Limitada Viva Reversível

1 7 9 9 16

2 18 26 143 537

3c 33 51 3257 18388

4 52 84 96611 737589

5 75 125 - -

6 102 174 - -

7 133 231 - -

c Rede para a qual foi efetuada a análise estrutural apresentada na Tabela C.4.

83

C.3 Análise Estrutural do Automatismo de Auto-Cicatrização

A análise estrutural da RdP do automatismo completo de Auto-Cicatrização, foi efetuado

tendo por base uma rede constituída por dois barramentos, dois transformadores e uma linha

de interligação entre os dois barramentos (Figura C.3). Deste modo, é possível incorporar

todos os módulos existentes, sem aumentar excessivamente a complexidade total do

automatismo.

Figura C.3 – Análise estrutural do automatismo de Auto-Cicatrização: Topologia

Na Tabela C.6, encontram-se todos os automatismos e autómatos utilizados para a

construção da RdP completa. Na Figura C.4 e na Figura C.5 encontra-se a RdP completa do

automatismo. De modo a reduzir a complexidade e melhorar a percepção da rede, na

primeira figura representam-se apenas as ligações entre autómatos e automatismos, e na

segunda figura encontram-se as ligações entre os AOR e o GAC.

Tabela C.6 - Autómatos e Automatismos incluídos na RdP completa

Autómatos Modeladores e Automatismos

Elemento Designação Elemento Designação

Transformador 1 Autómato 1.T AOR CN1 1.AOR

Transformador 2 Autómato 2.B AOR CN2 2.AOR

Barramento CN1 Autómato 1.B AOR CN3 3.AOR

Barramento CN2 Autómato 2.B GAC GAC

Linha MT CN3 Autómato 3.L

A verificação das propriedades desta rede, bem como a computação dos invariantes de

lugares e transições encontra-se na Tabela C.7.

84

Tabela C.7 - Propriedades dinâmicas e estruturais da RdP

Propriedades da RdP do AOR

P T Estados Transições Limitada Viva Reversível

74 112 125028 1058100

Invariantes de Lugar

1. {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.T1} {1.T2} {1.T3}

2. {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.T1} {2.T2} {2.T3}

3. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.B1}

{1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1}

{3.3-1.RB2}

4. {1.1.REC} {1.B1} {1.B2} {1.B3} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-

1.RB1} {3.3-1.RB2}

5. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC} {1.CP1}

{1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL} {1.RECA}

6. {1.1.REC} {1.CP1} {1.CP1C} {1.CP1U} {1.CTRL}

7. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3}

{2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C}

{2.CP2U} {2.RECA} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2}

8. {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.CP1}

{2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL} {2.RECA}

9. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.2.REC} {1.3.REC} {1.AOR.FAIL}

{1.AOR.SUC} {1.RECA} {CP1.END} {CP1.REC}

10. {1.1.REC} {1.2.REC} {1.3.REC} {CP1.END} {CP1.REC}

11. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-

2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C}

{3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.L1} {3.L2} {3.L3} {3.L4} {3.RECA}

12. {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U}

{3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.CTRL} {3.RECA}

13. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.2.REC} {2.2.REC} {2.B1} {2.B2} {2.B3} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U}

{2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2}

14. {1.2.REC} {2.2.REC} {2.CP1} {2.CP1C} {2.CP1U} {2.CP2} {2.CP2C} {2.CP2U} {2.CTRL}

15. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.3.REC} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC}

{1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.3.REC} {2.AOR.FAIL}

{2.AOR.SUC} {2.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC}

16. {1.1.REC} {1.3.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.3.REC}

{2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC} {2.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC}

17. {2.2.REC} {2.3.REC} {CP2.END} {CP2.REC}

18. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.3.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.3.REC} {3.3.REC}

{3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C} {3.CP3U} {3.L1} {3.L2} {3.L3}

{3.L4}

19. {1.3.REC} {2.3.REC} {3.3.REC} {3.CP1} {3.CP1C} {3.CP1U} {3.CP2} {3.CP2C} {3.CP2U} {3.CP3} {3.CP3C}

{3.CP3U} {3.CTRL}

20. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.2.REC} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC}

{1.RECA} {2.2.REC} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC}

{3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

21. {1.1.REC} {1.2.REC} {2.2.REC} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL}

{3.AOR.SUC} {3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

22. {1.1-3.RL1} {1.1-3.RL2} {1.1-3.RL3} {1.1.RT1} {1.1.RT2} {1.1.RT3} {1.AOR.FAIL} {1.AOR.SUC}

{1.RECA} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL}

{2.AOR.SUC} {2.RECA} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC}

{3.RECA} {CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

23. {1.1.REC} {2.2-3.RL1} {2.2-3.RL2} {2.2-3.RL3} {2.2.RT1} {2.2.RT2} {2.2.RT3} {2.AOR.FAIL} {2.AOR.SUC}

{2.RECA} {3.3-1.RB1} {3.3-1.RB2} {3.3-2.RB1} {3.3-2.RB2} {3.AOR.FAIL} {3.AOR.SUC} {3.RECA}

{CP1.END} {CP1.REC} {CP2.END} {CP2.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

24. {3.3.REC} {CP3.END} {CP3.REC}

85

Invariantes de Transições

1. {1.1.f} {1.1.rec} {1.rec2} 2. {1.cp1} {1.cp1f} {1.cp1s} {1.cpn1} 3. {1.t1} {1.t2} 4. {1.1.f} {1.1.rec} {1.1.rt1} {1.1.rt3} {1.1.rt5} {1.t1}

{1.t4} 5. {1.t3} {1.t4} 6. {2.t1} {2.t2} 7. {2.t3} {2.t4} 8. {1.1.rec} {1.1.rt1} {1.1.rt2} {1.1.rt4} {1.1.s}

{1.t4} {cp1.rec} 9. {1.1.rec} {1.1.s} {1.rec1} {cp1.rec} 10. {1.b1} {1.b2} 11. {1.1.ret} {1.b2} {1.b5} {1.cp1} {1.cp1s} 12. {1.b2} {1.b3} {1.b5} 13. {1.1.ret} {1.b4} {1.cp1} {1.cp1s} 14. {1.b3} {1.b4} 15. {2.2.f} {2.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt3} {2.2.rt5} {2.t1}

{2.t4} 16. {1.2.f} {1.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt3} {2.2.rt5} {2.t1}

{2.t4} 17. {2.2.f} {2.2.rec} {2.rec2} 18. {1.2.f} {1.2.rec} {2.rec2} 19. {2.2.rec} {2.2.rt1} {2.2.rt2} {2.2.rt4} {2.2.s}

{2.t4} {cp2.rec} 20. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2.rt1} {2.2.rt2} {2.2.rt4}

{2.t4} {cp1.rec} 21. {2.2.rec} {2.2.s} {2.rec1} {cp2.rec} 22. {1.2.rec} {1.2.s} {2.rec1} {cp1.rec} 23. {2.b1} {2.b2} 24. {2.cp1} {2.cp1f} {2.cp1s} {2.cpn1} 25. {2.cp2} {2.cp2f} {2.cp2s} {2.cpn2} 26. {2.2.ret} {2.b2} {2.b5} {2.cp2} {2.cp2s} 27. {2.2.ret} {2.b4} {2.cp2} {2.cp2s} 28. {1.2.ret} {2.b2} {2.b5} {2.cp1} {2.cp1s} 29. {1.2.ret} {2.b4} {2.cp1} {2.cp1s} 30. {2.b2} {2.b3} {2.b5} 31. {2.b3} {2.b4} 32. {3.cp1} {3.cp1f} {3.cp1s} {3.cpn1} 33. {3.cp2} {3.cp2f} {3.cp2s} {3.cpn2} 34. {3.cp3} {3.cp3f} {3.cp3s} {3.cpn3} 35. {3.3.ret} {3.cp3} {3.cp3s} {3.l3} 36. {2.3.ret} {3.cp2} {3.cp2s} {3.l3} 37. {1.3.ret} {3.cp1} {3.cp1s} {3.l3} 38. {3.l3} {3.l4} 39. {3.l1} {3.l2}

40. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s} {3.l2} {3.l7} {cp2.rec}

41. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {3.l2} {3.l7} {cp1.rec}

42. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s} {3.l2} {3.l7} {cp1.rec}

43. {3.l2} {3.l7} {3.l9} 44. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {2.2.f} {2.2.rec}

{3.l7} 45. {1.2.f} {1.2.rec} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5}

{3.l7} 46. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl3} {1.1-3.rl5} {1.1.f} {1.1.rec}

{3.l7} 47. {3.l7} {3.l8} 48. {3.l1} {3.l3} {3.l5} 49. {2.3.f} {2.3.rec} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} 50. {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} {3.3.f} {3.3.rec} 51. {1.3.f} {1.3.rec} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb3} 52. {2.3.f} {2.3.rec} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} 53. {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} {3.3.f} {3.3.rec} 54. {1.3.f} {1.3.rec} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb3} 55. {2.3.f} {2.3.rec} {3.rec2} 56. {3.3.f} {3.3.rec} {3.rec2} 57. {1.3.f} {1.3.rec} {3.rec2} 58. {2.3.rec} {2.3.s} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.3-

2.rb4} {cp2.rec} 59. {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.3-2.rb4} {3.3.rec}

{3.3.s} {cp3.rec} 60. {1.3.rec} {1.3.s} {3.3-2.rb1} {3.3-2.rb2} {3.3-

2.rb4} {cp1.rec} 61. {2.3.rec} {2.3.s} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.3-

1.rb4} {cp2.rec} 62. {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.3-1.rb4} {3.3.rec}

{3.3.s} {cp3.rec} 63. {1.3.rec} {1.3.s} {3.3-1.rb1} {3.3-1.rb2} {3.3-

1.rb4} {cp1.rec} 64. {2.3.rec} {2.3.s} {3.rec1} {cp2.rec} 65. {3.3.rec} {3.3.s} {3.rec1} {cp3.rec} 66. {1.3.rec} {1.3.s} {3.rec1} {cp1.rec} 67. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5} {2.2.f} {2.2.rec}

{3.l1} {3.l3} {3.l6} 68. {1.2.f} {1.2.rec} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl3} {2.2-3.rl5}

{3.l1} {3.l3} {3.l6} 69. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl3} {1.1-3.rl5} {1.1.f} {1.1.rec}

{3.l1} {3.l3} {3.l6} 70. {3.l1} {3.l3} {3.l6} {3.l8} 71. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s}

{3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp2.rec} 72. {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4} {2.2.rec} {2.2.s}

{3.l3} {3.l6} {cp2.rec} 73. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4}

{3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp1.rec} 74. {1.2.rec} {1.2.s} {2.2-3.rl1} {2.2-3.rl2} {2.2-3.rl4}

{3.l3} {3.l6} {cp1.rec} 75. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s}

{3.l3} {3.l5} {3.l7} {cp1.rec} 76. {1.1-3.rl1} {1.1-3.rl2} {1.1-3.rl4} {1.1.rec} {1.1.s}

{3.l3} {3.l6} {cp1.rec} 77. {3.l3} {3.l5} {3.l7} {3.l9} 78. {3.l3} {3.l6} {3.l9}

86

Figura C.4 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 1 de 2)

87

Figura C.5 - Automatismo de Auto-Cicatrização de Redes MT (parte 2 de 2)