Aula Sobre Pronomes - Mattoso

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O sistema de pronomes em portugusTexto extrado do Livro Estrutura da Lngua Portuguesa Joaquim Mattoso Cmara Jr. PRONOMES SUBSTANTIVOS pronomes se caracterizam pela noo gramatical de pessoa e em que ela consiste. uma noo que se expressa pela heteronmia, em vez da flexo, ou seja, pela mudana do vocbulo gramatical. Observemos o quadro: P P P P P 1: 2: 4: 5: 3: eu ; me tu ; te ns vs ele(a) +/S/ ; mim ; ti ............. ............. ; o(a) lhe ; +/S/ ; ; ; ; comigo. contigo. conosco. convosco. .............

P 6:

Tal quadro , a rigor, puramente terico; e em nenhuma regio da lngua portuguesa ele se realiza exatamente.

Ocorre perda de P 5 como plural exclusivo de P 2. Um novo sistema se sobrepe em que a srie vs um singular, como P 2, para assinalar, em contraste com a srie tu, uma atitude de distanciamento e acatamento social para com um nico ouvinte. Temos assim um desdobramento de P 2 e de P 5: P 2: P 5: tu vs vs vs ; ;te ;ti ........................... ........................... ......................... ;contigo. ;convosco. ;convosco (plural de tu). ;convosco (plural de vs).

Tal o sistema que vigora em certos registros especiais da lngua escrita, como a da linguagem burocrtica.

Uma segunda grande modificao a substituio da srie vs, para o ouvinte (singular ou plural) por um tratamento de terceira pessoa, em que s eliminam as formas verbais correspondentes a P 5.: Vossa Alteza, Vossa Excelncia, Vossa Senhoria, etc. Outra possibilidade, que a que funciona no dialeto culto da rea do Rio de Janeiro, usar para o ouvinte o verbo na terceira pessoa e marcar a posio do ouvinte, em relao ao falante, pelas palavras voc (tratamento ntimo) e o senhor (feminino em -a) para o tratamento mais cerimonioso. Remodelao mais profunda do sistema consiste em deslocar lhe (com a mesma amplitude de me e te) para forma adverbal correspondente a voc e o senhor, Ao mesmo tempo, na terceira pessoa propriamente dita, se eliminam o; a e lhe (no plural os, as, e lhes) em proveito de ele (-a, -s) em qualquer funo na frase. a rigor o registro que vigora na rea do Rio de Janeiro. Da, o seguinte sistema: P 1: P 2: P 3: P 6: eu ; me ; mim ; comigo voc; lhe (te). o senhor. ele (-a). s (s).

A srie tu, te, ti, contigo persiste com finalidade puramente estilstica, ao lado de voc.

Diante de todos esses sistemas interferentes dos pronomes pessoais portugueses, terminemos por apresentar aquele que, para a lngua escrita e a lngua oral formulada, adota o nosso ensino escolar: P 1: P 2: eu ; me ; mim ; comigo. voc ; o senhor (fem. a senhora) ; o (fem. a), lhe. tu ; te ; ti ; contigo.

P P P P

4: 5: 3: 6.

ns Primeira srie de P 2 + /S/. ele (-a) ; o (a), lhe. P 3 + /S/.

conosco.

PRONOMES ADJETIVOS PRONOMES POSSESSIVOS 0s adjetivos correspondentes vm a ser os chamados adjetivos possessivos, que tm as marcas nominais de feminino e plural para concordarem com o adjetivo determinado. P P P P P 1: 2: 4: 5: 3, masc.: me + o = meu; pl.: + /S/; fem. */miN/ minh + a = minha; pl.: + /S/. masc.: te + o = teu; pl.: + /S/; fem.: *tu + a = tua; pl.: + /S/. */nS/ + o = nosso; fem.: + a; pl.: + /S/. */vS/ + o = vosso; fem.: + a; pl.: + /S/. 6: masc. se + o = seu; fem.: su + a = sua; pl.: + /S/.

A forma de P 5 persiste no tratamento formal ao ouvinte como - Vossa Alteza, Vossa Excelncia, Vossa Senhoria, etc. e o verbo na terceira pessoa concordando com a qualidade expressa do ouvinte. Elimina-se, porm, nos demais tratamentos do ouvinte na terceira pessoa verbal. A srie P 3, 6 - seu, sua, seus, suas o adjetivo correspondente ao ouvinte como determinante: sua deciso (a deciso de Vossa Excelncia) ; sua opinio (a opinio do senhor professor); seu livro (o livro do senhor, ou de voc). Da decorro uma ambigidade incmoda com a srie seu para P 3, 6, propriamente ditos (sua opinio = a opinio dele ou deles).

No h pronomes substantivos possessivos. O que h pronomes adjetivos em funo de substantivo. PRONOMES DEMONSTRATIVOS A segunda subclasse dos pronomes a dos chamados "demonstrativos". A sua funo indicar a posio no espao de um elemento do mundo biossocial tratado na lngua como "ser", ou "nome". Essa indicao se faz em referncia posio da falante. A lngua portuguesa apresenta um sistema mais elaborado, tricotmico, em que se leva em conta o ouvinte:

1) 2) 3)

este esse aquele

(prximo do falante) ; (prximo do ouvinte) ; (fora dos campos do falante e do ouvinte).

Elementos neutros tem 3 marcas bem definidas: a)

b) c)

s tm emprego substantivo; so invariveis em gnero e nmero e de tema em -o; s se reportam a seres considerados como inanimados ou "coisas" (isto, isso, aquilo). portugueses (com alternncia

Da, o seguinte quadro dos pronomes demonstrativos submorfmica //:// no radical feminino) : Campo do falante: este, + a, + /S/ ; isto. Campo do ouvinte: esse, + a, + /S/ ; isso. Campo externo ao falante e ouvinte: aquele, + a, + /S/; aquilo. Campo indiferenciado ou "neutralizado":

a) funo substantiva: aquele, + a, + /S/ aquilo (emprego enftico). o, + a, + /S/; o. b) funo adjetiva: o, + a, + /S/ (artigo definido). O papel dos demonstrativos , portanto, essencialmente "ditico", isto , indicador no espao. Cabe-lhe, entretanto, um segundo papel, que Said Ali chama "anafrico" (Ali, s/d, 262). Consiste no numa referncia ao mundo biossocial, mas ao que foi dito ou vai ser dito no contexto lingstico. As nossas gramticas costumam atribuir em tal caso a este o que vai ser dito, a esse o que acaba de ser dito e a aquele o que j foi dito h algum tempo ou noutro contexto lingstico. Mas trata-se na realidade de uma normalizao muito convencional. Como, por outro lado, a distino fonolgica entre este e esse pequena. (/st/:/s/), d-se na lngua coloquial brasileira um intercmbio entre os dois pronomes, mesmo no papel ditico, que os torna gramaticalmente equivalentes. Da resulta um sistema dicotmico este (esse), prximo do falante, versus aquele, distante do falante, maneira do sistema ingls this, that. Na rea do Rio de Janeiro ento a

forma esse que predomina sobre este, o que equivale a uma mudana de /ste/ para /s/. Surge da uma variao livre entre este e esse, em que na rea do Rio de Janeiro predomina a segunda forma. A nossa lngua tem tambm um sistema de locativos, ou seja, de demonstrativos em funo adverbial. Uma primeira srie corresponde a este, esse e aquele:

a) b) c)

locativo da rea do falante: aqui; locativo da rea do ouvinte: c; locativo de uma terceira rea, distante do falante e do ouvinte: ali.

Outra srie, dicotmica, ope c, prximo do falante, a l, distante do falante, com uma forma intermediria acol, para em oposio a l distinguir entre dois locais distantes ambos do falante. As duas sries interferem entre si, com uma variao livre entre c, e aqui (o portugus do Brasil marginaliza a forma c) e o acrscimo de l srie aqui, a, ali para assinalar uma localizao alm de ali. Uma terceira srie de locativos estabelece a posio no em funo do falante, mas de um ponto qualquer que este toma como referncia: a) antes desse ponto: aqum; depois desse ponto: alm.

Aula verbo MONTEIRO, Jos Lemos. Morfologia Portuguesa Estrutura Parte varivel DMT/DNP Verbo Parte invarivel Rd modo Indicativo Subjuntivo Imperativo

CATEGORIAS

Presente Tempo Pretrito (perfeito/imperfeito/mais-que-perfeito) Futuro (do presente/ do pretrito) Pessoa Nmero 1 (falante) 2 (ouvinte) 3 (assunto) Singular Plural

As propriedades dos morfemas flexionais so cumulativas, porm indissociveis. Modelo da estrutura verbal V = T(Rd + VT) + (DMT + DNP) Observe-se o aspecto atemporal das formas presentes em portugus presente histrico ou narrativo (JESPERSEN in CMARA JR.). Formas temporais ateno s distines! A comutao permite a anlise do vocbulo. Estud Rd T I. II. III. a VT va DMT F s DNP

Ocorre a ampliao dos temas a partir de F (prefixos e sufixos derivacionais) T = Rd (Pi + R) + VT Ex.: desfazer, combater, decompusera, descobrir... T = Rd (R + Sdi) + VT Ex.: saltitar, chuviscar, florescer, legalizar... T = Rd (P + R + SD) + VT Ex.: adormecer, aterrissar, entardecer, abraar... Formas verbo-nominais (Infinitivo impessoal, gerndio, particpio) no tm DNP j que so inflexionveis. So chamados de verbides e sua flexo nominal. Observe o quadro: Infinitivo impessoal fal Rd T a VT R DMT F

Seria incorreto falar em DMT nesses casos, mas fala-se para simplificar a terminologia. Gerndio fal Rd T A forma mais correta seria /fal/ + an + do a VT ndo DMT F

- an ndice de nasalizao da VT um dgrafo // alomorfe de /a/. Particpio fal Rd T a VT do DMT F

Neutralizao de VT em CII e CIII Os particpios tm duas conjugaes verbais /a/ e /i/. PARTICPIO (ADJETIVO OU SUBSTANTIVO) no se pode falar em DMT* Querido pai teu amado QUER Rd AM Rd ID SD AD SD O VT O VT DG DG DN DN

As variaes so flexes similares. PARTICPIO DEVERBAL E ADJETIVAL CRUZAMENTO MRFICO OU ESTRUTURA HBRIDA. AM Rd TV A VT DO DMT F AM + AD + O Rd SD VT TN + DG DN F AM + A Rd VT TV D+ DMT FV TN O VT DG FN DN

Ele foi LOUVADO pelos amigos Verbo / adjetivo (termo sujeito flexo de gnero e nmero) Formas de particpio em funo de adjunto adnominal ou predicativo. Segmentao possvel: T (R + SD + VT) + F (DG + DN) Permanecemos CALADOS. Formas compostas verbais no so nominais com um composto de TER/HAVER T (Rd + VT) + DMT Ele tinha PERDIDO muito dinheiro. Obs.: Com SER/ESTAR tem DG e DN e segmentar-se como forma hbrida. TN [ TV (Rd + VT) + DMT + VT] + F (DG + DN)