Aula 8 Estatistica Unicamp
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Introduo aos Modelos Probabilsticos Prof. Sebastio de Amorim
UNICAMP 2007
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2007 Prof. Amorim UNICAMP
Estatsticas de Ordem
Seja X uma varivel aleatria, com certa f.d.p. fX. Suponha n observaes independentes de X:
X1, X2, X3, , Xn. Vamos agora ordenar os valores observados:
X(1), X(2), X(3), , X(i), , X(n)
Na notao acima, usual no estudo de
estatsticas de ordem, X(1) o menor valor entre as n observaes de X; X(2) a segunda
menor, e assim por diante, at a maior de todas, X(n). Nesta seo investigaremos o
comportamento probabilstico de X(i), a i-sima estatstica de ordem de X1, X2, X3, , Xn, e
chegaremos a resultados muitssimo interessantes que, quando bem compreendidos e
assimilados pelo estudante, promovero no mesmo uma pequena mas substantiva revoluo
intelectual.
Comecemos com as estatsticas de ordem extremas: X(1) e X(n).
Seja x
X XF x P{X x} f y dy
, a funo de distribuio acumulada de X. Vamos agora
deduzir a expresso da f.d.p. de X(1).
Teorema A f.d.p. de X(1) dada por f(1)=n[1 FX(x)]n-1fX(x).
Prova: Note primeiro que o evento {X(1) >x} { X1 >x, X2>x, X3>x, , Xn>x}. Logo
P{X(1) x} = 1 P{X(1) > x} = 1 P{X1 >x, X2>x, X3>x, , Xn>x}
= 1 [ P{Xx} }n = 1 [ 1 P{X x} ]
n = 1 [1 FX(x)]
n
Mas a fdp f(1)(x) a derivada de F(1)(x), logo,
11 1 1 1 1 1n n nX X X Xd d d df x F x F x F x n F x F xdx dx dx dx
Portanto,
1
11 nX Xf x n F x f x
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Q.E.D.
De forma anloga encontraremos a fdp de X(n).
Teorema A fdp de X(n) dada por f(n)(x)= n[FX(x)]n-1fX(x).
Prova: Basta notar que {X(n) } { X1 x, X2 x, X3 x, , Xn x}. Logo,
F(n)(x) = P{X(n) x} = P{ X1 x, X2 x, X3 x, , Xn x} = [ P{X x} ]n
Logo
1
1 1 1
n n
X X X
d d df x F x F x F x n F x f x
dx dx dx
Q.E.D.
Exemplo:
Seja X~U(0, 1), logo, f(x)=1, em (0, 1), e 0 fora deste intervalo; FX(x)=x, para 0
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Prova: A condio para que X(i) seja igual a x, que,
uma das n observaes caia numa vizinhana estreita de x: entre x e x+x, para um x
muito pequeno. Existem n alternativas para a observao que cair naquele intervalo.
das (n-1) observaes restantes, (i 1) caiam abaixo de x. Existem 11inC opes
alternativas para estas observaes.
As demais (n i) caiam acima de x+x. claro, so as observaes restantes, no
existe alternativa.
Assim:
P{X(i)[x, x+x)} 11
1 1i n ii
n X X X Xn C F x F x x F x x F x
n
11
0 1 1i n i X Xi
x n X Xi
F x x F xf x Lim n C F x F x x
x
Lembrando que X X
X Xx
F x x F xf x Lim
, o resultado segue imediatamente.
Q.E.D.
A figura ao lado compara as
funes de densidade de
probabilidade de X~N(0, 1),
com a de X(10.000), o maior
valor observado numa
seqncia de 10.000
observaes independentes
de X. interessante notar
que, embora valores como
x=4 seja muito raros em
uma normal padro, eles so bastante provveis, quando se fala do maior resultado em dez mil
observaes independentes de X~N(0, 1).
O estudo do comportamento probabilstico das estatsticas de ordem trs revelaes
interessantes sobre fenmenos como o do inevitvel aparecimento de valores extremos em
populaes muito grandes. Tomemos, por exemplo, o caso das habilidades congnitas para
alguma disciplina ou atividade do complexo multivariado do interesse humano. Cada criana
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vem ao mundo, parece, com uma predisposio congnita para jogar futebol, e esta
predisposio natural, este nvel de habilidade congnita, varia muito entre as crianas. No ,
aqui inapropriado supor que este F (ndice de futebol) varia entre as crianas segundo uma
distribuio normal, com um
certo valor mdio
caracterstica natural do
gnero humano e uma
certa varincia idem.
Assim, a maioria das
crianas estaria na faixa de
mediocridade futebolstica
congnita. Qualquer criana
deste grupo, interessando-se desde cedo pelo futebol, e sendo exposta prtica do mesmo,
evoluiria para ser, na juventude e vida adulta, um peladeiro clssico, uns melhores e outros
piores, mas peladeiro, no mximo um timo varzeano de fim de semana. Acima desta faixa
intermediria de, digamos, um e meio desvio padro abaixo e acima da mdia, comea a
regio dos futebolistas de algum destaque. Penso que um jovem com habilidade congnita
entre 1,5 e 2 desvios padres, e que tenha ao longo da vida cultivado esta habilidade,
participar do time da faculdade e, no emprego, ser o craque do time de sua repartio, sendo
sempre convidado para jogar. No oposto simtrico estariam os pernas de pau contumazes.
Geralmente esses nunca desenvolvem gosto pelo jogo e, no futebol, sero no mximo
torcedores. Os que insistirem em jogar sero os pernas de pau, vtimas das gozaes usuais
nas peladas. Acima dos 2,5 e at os 3,5 desvios padres esto as crianas que, se forem
exposta ao jogo e cultivarem o gosto e a prtica, sero levadas para participar das peneiras
dos times profissionais e algumas podero seguir carreira profissional, e talvez venham a fazer
nome na segundona do brasileiro.
Acima da linha dos 3,5 desvios padres acima da mdia, comea a faixa da turma do potencial
srio. Com uma freqncia de 232ppm, eles so talentos extraordinrios. Existem, no Brasil,
entre os marmanjos apenas, e de mamando a caducando, uns 20 mil indivduos que vieram ao
mundo com um nvel de habilidade congnita para o jogo do futebol nesta faixa. curioso
pensar que muitos deles talvez no tenham tido, ou no venham a ter, nenhuma exposio ao
jogo do futebol, e passaram ou venham a passar a vida sem nunca saber deste seu dom
natural. Imaginem se Pel houvesse nascido numa senzala, 100 anos antes.
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Agora, na faixa superior aos 4, 5 ou 6 desvios padres, esto os craques absolutos e
histricos. Baseado na
teoria da probabilidade,
em particular nos
teoremas demonstrados
acima, que Pel,
Garrincha, os Ronaldos
e Maradona vieram ao
mundo naquela regio
rarefeita do talento
congnito extremo para
jogar futebol e tiveram, claro, a sorte de terem sido notados ou se notarem a tempo.
Outros, no expostos a tempo ao jogo do futebol, certamente passaram ou passaro a vida em
branco em futebol nunca sabendo do gigantesco prmio com que foram congenitamente
contemplados pela natureza. Na figura acima vemos tambm a fdp de X(100.000.000) em cem
milhes de observaes de X~N(0, 1).
Uma maneira de se visualizar o
que significa estar a 6 desvios
padres acima da mdia
atravs do parmetro altura.
Imagine uma populao humana
masculina adulta. Supor para a
estatura dos indivduos desta
populao, uma distribuio
normal, com mdia igual a 175
cm, com um desvio padro de
8cm, bem razovel. Assim, um
indivduo situado a 6 desvios
padres acima da mdia, teria
223 cm de altura e, ao lado de
um indivduo com estatura
mdia (175 cm), estabeleceria uma relao de estatura semelhante representada na figura
acima.
Embora, tenhamos nos referido aqui habilidade para o futebol e estatura dos seres humanos,
as idias apresentadas valem para qualquer das habilidades intelectuais ou fsicas, ou mesmo
as caracterstica antropomtricas dos mesmos. Pense nas habilidades potenciais congnitas
para as cincias, em suas diversas vertentes, as artes, as relaes humanas. Que tal a
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habilidade potencial congnita para ... Matemtica. Um garotinho acima da linha dos 6 desvios
padres acima de mdia resolver, de cabea, sistemas equaes lineares com trs equaes
e trs variveis, j aos 7 anos de idade.
(continua...)
Normal Extrema: Probabilidades nas caudas da Normal
z P[X>+z] z 1-(z) =
P[X>+z]
z
1-(z) =
P[X>+z]
1,281551566 10-1
1,0 1,586553E-01 8,0 6,220961E-16
2,326347874 10-2
1,5 6,680720E-02 8,5 9,479535E-18
3,090232306 10-3
2,0 2,275013E-02 9,0 1,128588E-19
3,719016485 10-4
2,5 6,209665E-03 9,5 1,049452E-21
4,264890794 10-5
3,0 1,349898E-03 10,0 7,619853E-24
4,753424341 10-6
3,5 2,326291E-04 10,5 4,319006E-26
5,199337582 10-7
4,0 3,167124E-05 11,0 1,910660E-28
5,612001242 10-8
4,5 3,397673E-06 11,5 6,595771E-31
5,997807011 10-9
5,0 2,866516E-07 12,0 1,776482E-33
6,361340804 10-10
5,5 1,898956E-08 12,5 3,732564E-36
6,706022333 10-11
6,0 9,865880E-10 13,0 7,998828E-38
7,034479173 10-12
6,5 4,015999E-11 13,5 1,061269E-40
7,348796103 10-13
7,0 1,279976E-12 14,0 1,096607E-43
7,650018175 10-14
7,5 3,197442E-14 14,5 6,057495E-48
15,0 5,530710E-50