Aula 02 - Mentecorpo Aspectos Historicos

2
8/24/10 1 MENTE/CORPO Fundamentos teóricos e metodológicos Périsson Dantas do Nascimento Psicólogo Clínico, Mestre em Psicologia, Psicoterapeuta Corporal Fundamentos históricos e epistemológicos CORPO: instrumento de autoridade e dominação social no decorrer da história humana – controle da sexualidade e dos sentidos (Foucault), a concepção social de corpo está ligada ao objetivo cultural de cidadania, o perfil de ser humano desejado socialmente; Desde a Grécia Antiga, existe uma preocupação com a discussão entre a dicotomia mente (alma, essência) x corpo, muito ligada à compreensão da natureza e do processo saúde/doença; Com a Idade Média, há a morte do corpo e dos sentidos em favor de uma vida imaterial, divina – idéia da purificação e expurgação pelo sofrimento. O Renascimento traz consigo o antropocentrismo e a necessidade de ver o mundo de forma mais materialista – avanços no estudo da anatomia e desenvolvimento da medicina. Instauração do CAPITALISMO: corpo visto como máquina, capacidade de produzir e trabalhar. Nascimento da subjetividade privatizada. Dualismo em Descartes: corpo e alma tem substâncias diferenciadas – noção de ciência clássica, negação do conhecimento dos sentidos (impressões subjetivas) para o elaboração de teorias. Fenomenologia: Merleau-Ponty recupera a necessidade de observar o corpo como sede fundamental da existência, no seu tratado sobre a fenomenologia da percepção, com a noção de consciência intencional.

Transcript of Aula 02 - Mentecorpo Aspectos Historicos

  • 8/24/10

    1

    MENTE/CORPO Fundamentos tericos e metodolgicos

    Prisson Dantas do Nascimento Psiclogo Clnico, Mestre em

    Psicologia, Psicoterapeuta Corporal

    Fundamentos histricos e epistemolgicos

    CORPO: instrumento de autoridade e dominao social no decorrer da histria humana controle da sexualidade e dos sentidos (Foucault), a concepo social de corpo est ligada ao objetivo cultural de cidadania, o perfil de ser humano desejado socialmente;

    Desde a Grcia Antiga, existe uma preocupao com a discusso entre a dicotomia mente (alma, essncia) x corpo, muito ligada compreenso da natureza e do processo sade/doena;

    Com a Idade Mdia, h a morte do corpo e dos sentidos em favor de uma vida imaterial, divina idia da purificao e expurgao pelo sofrimento.

    O Renascimento traz consigo o antropocentrismo e a necessidade de ver o mundo de forma mais materialista avanos no estudo da anatomia e desenvolvimento da medicina.

    Instaurao do CAPITALISMO: corpo visto como mquina, capacidade de produzir e trabalhar. Nascimento da subjetividade privatizada.

    Dualismo em Descartes: corpo e alma tem substncias diferenciadas noo de cincia clssica, negao do conhecimento dos sentidos (impresses subjetivas) para o elaborao de teorias.

    Fenomenologia: Merleau-Ponty recupera a necessidade de observar o corpo como sede fundamental da existncia, no seu tratado sobre a fenomenologia da percepo, com a noo de conscincia intencional.

  • 8/24/10

    2

    O dualismo mente-corpo influencia nas nossas vidas das mais diversas formas: na famlia disciplina;

    Na educao, quando temos que passar horas sentados em sala de aula, exercitando somente a mente, sem sermos estimulados a consultar nossos sentidos e estado orgnico durante o aprendizado, nas crianas h a separao da aula de educao fsica;

    Na sade, a concepo mdica tradicional no concebe o paciente como conhecedor de seu corpo, todo o poder atribudo ao mdico, dono do saber sobre o outro. Alm disso, existe ainda dificuldades de reconhecer as emoes como integradas ao funcionamento organsmico;

    No trabalho, quando emoes no devem influenciar a produtividade, no temos tempo para parar, respirar, corpo como mquina que deve ser sempre produtiva;

    Na sociedade, com a exacerbao do corpo esttico como padro de beleza e de aceitao social perante o outro grande filo capitalista de venda de produtos e servios para retardar a juventude: negao do processo natural de vida, que culmina no envelhecer e morrer;

    As tentativas de valorizar o corpo em nossa sociedade so muito mais formas de nos incentivar ao consumo do que propriamente assumir uma postura de reconhecimento do corpo como fonte de sensaes, emoes e sentimento. Busca-se o enrijecimento, a fora e o investimento na IMAGEM IDEALIZADA ao invs de um aprofundamento contnuo dos sentidos;

    Filosofias orientais tambm buscam, de maneira sutil, um disciplinar dos sentidos e canalizao da sexualidade em busca de uma vida contemplativa.