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| MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO | ATIVIDADES AGRÍCOLAS E NÃO AGRÍCOLAS POR RESIDENTES RURAIS E URBANOS - O EMPREGO RURAL NÃO AGRÍCOLA E O PAPEL DA AGROINDÚSTRIA EDIÇÃO ESPECIAL OUTUBRO/2019

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| MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO |

ATIVIDADES AGRÍCOLAS E NÃO AGRÍCOLAS POR RESIDENTES RURAIS E URBANOS -

O EMPREGO RURAL NÃO AGRÍCOLA E O PAPEL DA AGROINDÚSTRIA

EDIÇÃO ESPECIALOUTUBRO/2019

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EXPEDIENTE

BARROS, G.S.C.; ALMEIDA, A.N.; CASTRO, N.R. Atividades agrícolas e não agrícolas por residentes rurais e urbanos – o emprego rural não agrícola e o papel da agroindústria. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), v. 1, Piracicaba, 2019.

Avenida Pádua Dias, 11, São Dimas, Piracicaba-SP(19) 3429-8800 | [email protected] | www.cepea.esalq.usp.br

Coordenação geral | Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros

Equipe | Dr. Alexandre Nunes de Almeida e Dra. Nicole Rennó Castro

Jornalista responsável | Alessandra da Paz (Mtb: 49.148)

Revisão | Bruna Sampaio (Mtb: 79.466), Flávia Gutierrez (Mtb: 53.681) e Nádia Zanirato (Mtb: 81.086) Diagramação | Bruna Sampaio (Mtb: 79.466) Fotos | Bento Viana/Senar, Tony Oliveira e Wenderson Araújo

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SUMÁRIOSumário executivo_______________________________________4

Introdução____________________________________________5

Resultados____________________________________________8

Considerações finais_____________________________________14

Referências___________________________________________16

Apêndice_____________________________________________18

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SUMÁRIO EXECUTIVO• Entre 2012 e 2018, o número de ocupados em atividades agropecuárias decresceu 17,4% (-1,8 milhões de pessoas). • Nesse período, a distribuição dessa população ocupada (PO) na agropecuária entre domicílios rurais e urbanos não passou por transformações relevantes. Em 2018, dos 8,5 milhões de ocu-pados na agropecuária, 2,8 milhões (32,5%) residiam em dom-icílios urbanos e 5,7 milhões (67,5%), em domicílios rurais. • Entre 2012 e 2018, a participação do emprego não agríco-la no total de ocupações dos residentes no meio rural cres-ceu de 41,5% para 47,5%. Esse movimento refletiu principal-mente a redução da PO rural agrícola (ocupada na agropecuária). • Entre as atividades não agrícolas realizadas por residentes do meio rural, destacam-se aquelas da Indústria geral e do Comércio. • A participação da agroindústria no total de empregos não agrícolas dos residentes rurais variou entre 8,4% e 9,8% de 2012 a 2018, não tendo apresentado uma tendência ger-al. E, entre as agroindústrias, destacam-se a agroalimentar e as indústrias de madeira, móveis de madeira, papel e celulose. • Em 2018, o salário médio esperado de um trabalhador rural no setor não agrícola era de R$ 1.191, apenas 11% superior ao ren-dimento médio no setor agropecuário. Isso reflete o fato de que 49,9% dos residentes rurais ocupados no setor não agrícola esta-vam engajados em atividades com rendimentos médios iguais ou inferiores ao da agropecuária. Logo, o entendimento do emprego não agrícola como uma alternativa de melhores rendimentos para o residente rural deve ser visto com cautela, sobretudo quando a mo-tivação para a mudança de atividade refletir fatores de expulsão da agropecuária, e não fatores de atração do emprego não agrícola.

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INTRODUÇÃO A consideração das dimensões espaci-ais referentes ao rural e ao urbano é essencial para o diagnóstico da realidade socioeconômica e elaboração de políticas públicas de um país ou região, embora a dicotomia rural-urbano fique cada vez mais difícil de ser estabelecida ou sus-tentada. Muitos estudiosos preferem referir-se a um continuum de estágios ligando o campo e a cidade à medida que os setores industriais e de serviços se desenvolvem e se espalham geogra-ficamente. Girardi (2014), por exemplo, propõe critérios globalizantes relativos ao PIB, PEA, ti-pos de atividades, adensamento populacional entre outros para estabelecer uma tipologia do rural-urbano. Para fins de análise empírica, no entanto, os pesquisadores têm que se valer dos critérios utilizados pelo IBGE e estabelecidos de acordo com legislação vigente¹. Importante é entender que as características do que é rural ou urbano variam ao longo do tempo, sendo rural um conceito dinâmico que, ao longo do tempo, se aproxima ou se distancia do urbano à medida que o país ou região se transforma no decorrer do processo de crescimento e/ou desenvolvimento social e econômico. Na análise aqui apresentada, essas questões também estão presentes; no entanto, por tratar-se de curto prazo, sua relevância é mais modesta. Estuda-se aqui a dinâmica do mercado de trabalho no meio rural brasileiro no período de 2012 a 2018, abrangido pelas pesquisas do IBGE nos levantamentos da PNAD Contínua. Em 2010, a taxa de urbanização bra-

sileira, ou a participação dos residentes urbanos na população total, foi de 84,36% (INSTITU-TO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTI-CA - IBGE, 2018). Com isso, muitas vezes, o fenômeno da pobreza no Brasil tem sido enten-dido como algo principalmente urbano. Mas, além de a pobreza ser relativamente maior no meio rural, as economias de pequenas cidades muitas vezes são mais semelhantes às de áreas rurais do que às de grandes cidades (FERREI-RA; LANJOUW, 2001). Desse modo, a econo-mia rural, mesmo em um país essencialmente urbano como o Brasil, também deve ser foco das políticas e discussões voltadas à redução da pobreza. A economia rural não agrícola – ou seja, aquela que se desenvolve nas proximi-dades das zonas rurais – tem atraído atenção dos formuladores de política como sendo uma alternativa à agricultura para melhorar a renda no meio rural (HAGGBLADE et al. 2010). Seria uma alternativa para trabalhadores e pequenos produtores que não são absorvidos parcial ou totalmente pela agricultura, que vai se tornan-do mais e mais intensiva em capital. A expansão das atividades rurais não agrícolas é elemento importante da fase atual de desenvolvimento rural, proporcionando alternativas de maior rendimento à população residente no campo (NEY; HOFFMANN, 2008). Ainda, a renda não agrícola pode contribuir para a compra de in-sumos e demais investimentos na propriedade rural, o que pode resultar em ganhos de produ-tividade e redução da pobreza entre pequenos

¹De acordo com esse documento: “A classificação da situação do domicílio é urbana ou rural, segundo a área de local-ização do domicílio, e tem por base a legislação vigente. Como situação urbana, consideram-se as áreas correspondentes às cidades (sedes municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação rural abrange toda a área situ-ada fora desses limites. Este critério é também utilizado na classificação da população urbana e rural” (IBGE, 2018, p.11). Para uma discussão crítica e analítica dos conceitos de rural e urbano, com sugestões operacionais, ver, por exemplo, Girardi (2014).

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produtores (HUFFMAN, 1980; OSENI AND WIN-TERS, 2009; MCCARTHY AND SUN, 2009; DA-VIS ET AL., 2009; COVARRUBIAS ET AL., 2012; DETHIER AND EFFENBERGER, 2012). Segundo dados de Sakamoto, Nas-cimento e Maia (2016), em 2001, 64,2% das famílias do meio rural tinham trabalho estrita-mente agrícola, 17,3% eram pluriativas (tra-balhando em atividades agrícolas e não agríco-las) e 18,5% estavam engajadas unicamente em atividades não agrícolas. Já em 2013, a proporção das famílias do meio rural engaja-das no trabalho estritamente agrícola reduziu para 55,2%, ao passo que as proporções das famílias pluriativas e trabalhando somente em atividades não-agrícolas se expandiram para 18,3% e 26,5% do total de famílias do meio rural. Para esses autores, os melhores retornos econômicos das atividades não agrícolas jus-tificam esse movimento, tendo em vista que a renda das famílias Pluriativas ou Não-Agrícolas é bastante superior à das famílias Agrícolas. Dada a importância da temática, diver-sos trabalhos têm abordado a questão para o Brasil, como Ferreira e Lanjouw (2001), Ney e Hoffmann (2008), Lima e Santos (2009), Lima e Piacenti (2009), Mesquita, Menezes, Ramal-ho e Araújo Júnior (2010), Jonasson e Helfand (2010), Escher et al. (2015), Matei (2015), Saka-moto, Nascimento e Maia (2016), entre outros. Apesar dos diversos trabalhos e impor-tantes contribuições voltadas ao tema, ainda há lacunas e perspectivas diferentes a serem exploradas. Esse estudo especial temático traz informações para o período recente por meio dos microdados trimestrais da Pesquisa Nacion-al por Amostra de Domicílios (PNAD-C), e lança foco especialmente sobre o papel da agroin-dústria. Especificamente, esse texto baseia-se na definição de emprego rural não agrícola (Ru-ral nonfarm employment - RNFE) apresentada em Reardon, Berdegué e Escobar (2001).

A definição de emprego segue aquela da PNAD-C, em que são consideradas como pessoas ocupadas na semana de referência as que trabalharam pelo menos uma hora comple-ta em trabalho remunerado em dinheiro, produ-tos, mercadorias ou benefícios ou em trabalho sem remuneração direta em ajuda à atividade econômica de membro do domicílio ou, ainda, as pessoas que tinham trabalho remunerado do qual estavam temporariamente afastadas nessa semana, envolvendo as seguintes posições na ocupação: empregados; conta própria; empre-gador ou trabalhador familiar auxiliar. Nota-se, portanto, que indivíduos que trabalham na pro-dução para próprio consumo não são consider-ados. Quanto à situação do domicílio, rural ou urbano, adota-se também a definição da PN-AD-C. Por último, entende-se por “não agríco-la” as atividades exercidas fora da agropecuária pelos residentes no meio rural. Essa definição difere e não deve ser confundida com a adotada em outros estudos, como o de Almeida e Bra-vo-Ureta (2019). Os autores definem como off-farm todas as rendas derivadas de atividades remuneradas ou autônomas executadas fora da fazenda do domicílio, incluindo, também, a ren-da gerada com atividades agrícolas que ocor-rem nas fazendas de outras pessoas. Menciona-se que o uso da PNAD-C tri-mestral, além de possibilitar controlar aspectos sazonais e abarcar um período mais recente, permite considerável melhora na acurácia das informações, principalmente para áreas rurais, pois investiga um número relativamente maior de domicílios do que a versão anual da PNAD (IBGE, 2014). A análise do período recente é impor-tante pois os mercados de trabalho agrícola e rural passaram por relevantes transformações. Maia e Sakamoto (2014) apontam que as mu-danças mais significativas no número de ocupa-

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dos na agropecuária no Brasil, com redução ex-pressiva do contingente de pessoas, ocorreram a partir de 2005. A inviabilidade econômica de pequenos estabelecimentos agropecuários, com consequente intensificação e concentração da produção, assim como o surgimento de opor-tunidades urbanas, teria influenciado nesse re-sultado (MAIA; SAKAMOTO, 2014; BUAINAIN et al., 2013). Além disso, entre 2000 e 2018 os PIBs dos segmentos de insumos, agroindustrial e de agrosserviços do agronegócio cresceram 84%, 20% e 38% em termos reais, respectivamente (CEPEA, 2018). A crescente integração da agricultura aos demais setores econômicos e o avanço dos processos de integração vertical da produção nos complexos agroindustriais fazem com que a dinâmica da produção agrícola se torne mais vinculada aos movimentos gerais da economia e seja determinada no âmbito das cadeias pro-dutivas (e, não, pela figura do produto rural so-mente) (MATEI, 2015). Reardon et al. (1998) apontam que as capacidades de ascensão das famílias rurais às atividades não agrícolas dependem, além das qualificações dos indivíduos, da demanda por

essa mão de obra na economia local. Entre as possibilidades, essa demanda pode ser endó-gena, respondendo ao fato de que produções agropecuárias dinâmicas influenciam o nível de integração dessa produção com os segmentos a montante e a jusante, proporcionando um es-tímulo para o desenvolvimento local, principal-mente, mas não exclusivamente, de indústrias de insumos agrícolas, agroindústrias e ativi-dades de agrosserviços através da geração de emprego e renda (REARDON et al., 1998). Então, o crescimento e a expansão territorial das atividades relacionadas à agro-pecuária também se refletiram no mercado de trabalho das cadeias do agronegócio, que têm se tornado relativamente menos agrícola: a par-ticipação dos segmentos agroindustriais e de agrosserviços nas ocupações do agronegócio passou de 38% para 47,5% do total de 2004 a 2015 (CASTRO, 2018). A atualização da análise possibilita então captar aspectos sobre o período recente, marcado por relevante redução do número de pessoas engajadas em atividades agropecuárias e pela expansão territorial de atividades agroin-dustriais e de agrosserviços.

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RESULTADOS

Tabela 1 – Distribuição da população entre as diferentes situações do domicílio – Urbano e Rural – 2012 a 2018Fonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

Os dados da Tabela 1 mostram a evolu-ção da distribuição da população bra-sileira entre as diferentes situações do domicílio: Urbano ou Rural. A participa-

ção dos residentes urbanos na população total brasileira seguiu processo natural de crescimen-to nas últimas décadas, passando de por volta

de 31% em 1940, para 56% em 1970, 81% em 2000 e 84% em 2010 (segundo informações dos Censos Demográficos, IBGE). Os dados da PNAD-C apresentados na Tabela mostram que esse processo continuou, ainda que mais lenta-mente, depois de 2012, com a participação dos residentes urbanos chegando a 85,7% em 2018.

Já para a população ocupada (PO) em atividades agropecuárias, a situação Rural de domicílio ainda é predominante, como se obser-va na Tabela 2, que mostra a distribuição da PO da agropecuária entre domicílios rurais e urba-

nos entre 2012 e 2018. Em 2012, do total de 10,3 milhões de ocupados na agropecuária, 3,3 milhões (32,1%) residiam em domicílios urba-nos e 7 milhões (67,9%) em domicílios rurais.

Tabela 2 – Distribuição das pessoas ocupadas na agropecuária entre domicílios rurais e urbanos – 2012 a 2018Fonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

AnoNúmero de pessoas %

Urbano Rural Total Urbano Rural

2012 167.750.000 29.959.727 197.709.727 84,8% 15,2%

2013 168.541.326 30.893.204 199.434.530 84,5% 15,5%

2014 171.675.000 29.468.015 201.143.015 85,3% 14,7%

2015 172.775.000 30.035.317 202.810.317 85,2% 14,8%

2016 174.745.424 29.792.729 204.538.153 85,4% 14,6%

2017 176.600.000 29.614.955 206.214.955 85,6% 14,4%

2018 178.095.435 29.748.424 207.843.859 85,7% 14,3%

AnoNúmero de pessoas %

Urbano Rural Total Urbano Rural

2012 3.292.854 6.977.120 10.269.974 32,1% 67,9%

2013 3.049.579 7.090.008 10.139.587 30,1% 69,9%

2014 2.959.407 6.560.574 9.519.981 31,1% 68,9%

2015 2.874.550 6.520.118 9.394.668 30,6% 69,4%

2016 2.944.594 6.173.835 9.118.429 32,3% 67,7%

2017 2.735.295 5.793.669 8.528.964 32,1% 67,9%

2018 2.753.088 5.724.790 8.477.878 32,5% 67,5%

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Entre 2012 e 2018, o número de ocu-pados em atividades agropecuárias decresceu 17,4%, uma redução absoluta de 1,8 milhão de pessoas. Mas, a distribuição dessa PO entre as situações de domicílio não passou por transfor-mações significativas no período. Em 2018, dos 8,5 milhões de ocupados na agropecuária, 2,8 milhões (32,5%) residiam em domicílios urba-nos e 5,7 milhões (67,5%) em domicílios rurais. Da Tabela 3 em diante lançamos foco

especificamente sobre os residentes em domi-cílios rurais, buscando compreender a evolução da participação em atividades não agrícolas de um modo agregado e setorial. Especificamen-te, a Tabela 3 mostra a distribuição das pessoas residentes no meio rural entre ocupações não agrícolas e agrícolas, entre 2012 e 2018. Nota--se que a participação de ocupações não agríco-las no meio rural cresceu no período após 2012.

Entre 2012 e 2018, a participação no emprego rural não agrícola por parte de moradores da zona rural cresceu de 41,5% para 47,5%. A análise da Tabela permite no-tar que esse movimento está associado à re-dução do número tanto de pessoas ocupadas nas atividades agrícolas como de residentes em domicílios rurais. No período, esse con-tingente reduziu 17,95%, equivalente a 1,2 milhão de ocupados. Por outro lado, o núme-ro de pessoas ocupadas em atividades não--agrícolas e residentes em domicílios rurais cresceu 4,6%, equivalente a 228 mil pessoas. Na Tabela 4, o número de pessoas re-

sidentes no meio rural ocupadas em atividades não agrícolas é desagregado em subsetores de atividade econômica. Verifica-se que, entre as atividades não agrícolas realizadas por residen-tes do meio rural, destacam-se sobretudo a In-dústria geral e o Comércio. A participação de re-sidentes rurais também é relativamente alta nos Serviços domésticos e nos setores de Educação, saúde humana e serviços sociais e Construção. Para entender o papel da agroin-dústria entre as atividades não-agrícolas exercidas por populações rurais, a Tabela 5 mostra a distribuição da PO rural não agríco-la ocupada em atividades da indústria geral

Ano

Não Agrícola Agrícola Total Participação

Número de pessoas

VariaçãoNúmero de

pessoasVariação

Número de pessoas

Variação Não Agrícola/Total Agrícola/Total

2012 4.953.051 6.977.120 11.930.171 41,5% 58,5%

2013 5.160.111 4,18% 7.090.008 1,62% 12.250.119 2,68% 42,1% 57,9%

2014 5.356.670 3,81% 6.560.574 -7,47% 11.917.244 -2,72% 44,9% 55,1%

2015 5.547.352 3,56% 6.520.118 -0,62% 12.067.470 1,26% 46,0% 54,0%

2016 5.206.671 -6,14% 6.173.835 -5,31% 11.380.507 -5,69% 45,8% 54,2%

2017 5.139.819 -1,28% 5.793.669 -6,16% 10.933.488 -3,93% 47,0% 53,0%

2018 5.181.005 0,80% 5.724.790 -1,19% 10.905.795 -0,25% 47,5% 52,5%

2018/2012 4,60% -17,95% -8,59%

Tabela 3 – Domicílios Rurais: distribuição das pessoas entre ocupações não agrícolas e agrícolasFonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

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Ano Indústria Construção

Comércio, repa-ração de veículos

automotores e motocicletas

Transporte, armazenagem e

correio

Alojamento e alimentação

Informação, comu-nicação e atividades

financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas

2012 20,94% 12,64% 17,73% 4,58% 4,96% 3,77%

2013 20,39% 13,54% 18,23% 4,63% 5,03% 3,78%

2014 20,99% 13,41% 17,69% 4,37% 5,18% 4,59%

2015 21,29% 12,71% 18,09% 4,53% 5,48% 4,56%

2016 19,31% 12,60% 18,28% 4,86% 5,65% 3,95%

2017 19,06% 10,93% 18,48% 4,92% 6,51% 4,48%

2018 18,17% 10,94% 18,81% 4,96% 6,90% 4,41%

AnoAdministração

pública, defesa e seguridade social

Educação, saúde humana e serviços

sociaisOutros Serviços Serviços domésticos

Atividades mal definidas

2012 8,48% 9,90% 3,23% 13,70% 0,06%

2013 8,15% 9,72% 3,11% 13,39% 0,01%

2014 7,31% 10,59% 3,13% 12,72% 0,02%

2015 5,98% 11,87% 3,23% 12,24% 0,01%

2016 5,39% 12,89% 3,20% 13,88% 0,01%

2017 5,11% 12,94% 3,30% 14,23% 0,05%

2018 5,16% 12,86% 3,72% 13,98% 0,08%

Tabela 4 – Domicílios Rurais: distribuição das pessoas ocupadas em atividades não agrícolas entre as seções de atividades econômicas (CNAE Domi-ciliar 2.0).Fonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

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entre subsetores industriais. A definição das agroindústrias segue a de Castro e Morei-ra (2019), conforme Tabela A1 do apêndice. A participação da agroindústria no total

de empregos não agrícolas entre os residentes rurais variou entre 8,4% e 9,8% no período, não tendo apresentado uma tendência geral. Entre as agroindústrias, destaca-se a agroalimentar,

Ano

AgroindústriasOutras

indústriasAgroalimentar Biocombustíveis Couro-calçadosMadeira,

Móveis, Papel e Celulose

Total Agroindústrias

2012 6,01% 0,26% 0,10% 2,39% 8,75% 12,20%

2013 5,73% 0,25% 0,12% 2,31% 8,41% 11,99%

2014 7,03% 0,21% 0,09% 2,23% 9,56% 11,43%

2015 6,94% 0,20% 0,09% 2,58% 9,81% 11,49%

2016 5,88% 0,19% 0,11% 2,52% 8,70% 10,61%

2017 6,71% 0,18% 0,11% 2,29% 9,30% 9,78%

2018 6,37% 0,16% 0,10% 2,18% 8,80% 9,38%

Tabela 5 – Domicílios Rurais: distribuição das pessoas ocupadas em atividades não agrícolas da indústria geral entre subsetores industriaisFonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

correspondendo a 6,37% dos empregos rurais não agrícolas em 2018. Além dessa, as indús-trias de madeira, móveis de madeira, papel e celulose responderam em conjunto por 2,18% dos empregos rurais não agrícolas em 2018. Como mencionado na introdução desse estudo, a atividade não agrícola muitas vezes é vista como uma alternativa de maiores ren-dimentos para residentes do meio rural. Para uma análise exploratória inicial focada nos ren-dimentos, a Tabela 6 mostra, para os residentes em domicílios rurais em 2018, a distribuição da PO agropecuária e de atividades não agrí-colas industriais entre classes de rendimentos. Verifica-se que, assim como na agrope-cuária, na indústria Agroalimentar um percentu-al relevante da PO de origem rural (44%) ganha menos de um salário mínimo. A participação de trabalhadores nessa classe de rendimentos nas indústrias de Couro e calçados e de Ma-

deira, móveis, papel e celulose também é su-perior à observada para os setores industriais não agrícolas (outras indústrias). A indústria de biocombustíveis possui um perfil um pouco diferente, com a maior parte dos trabalhadores recebendo mais de 1 SM e até 5 SM. Logo, en-tre as alternativas de atividades não agrícolas para os residentes rurais, muitas também se caracterizam por rendimentos médios baixos. É importante compreender que a de-cisão de um residente rural de se engajar no mercado de trabalho não agrícola pode ser motivada por fatores distintos. Por um lado, existem os fatores de atração, como a possi-bilidade de se obter rendimentos maiores no setor não agrícola; por outro, tem-se os fato-res de pressão ou expulsão, relacionados às di-ficuldades de se manter na atividade agrícola diante de mudanças que extingam oportuni-dades de trabalho ou que reduzam rendimen-

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Rendimento médio mensal (em múltiplos

do Salário Mínimo - SM)

Indústrias

AgropecuáriaAgroalimentar Biocombustíveis Couro-calçados

Madeira, Móveis, Papel e

Celulose

Outras indústrias

[0-1) SM 44.0 0.74 37.07 33.61 32.17 46.48

[1-2) SM 30.39 63.86 47.59 46.16 49.53 25.95

[2-5) SM 7.42 32.46 12.56 15.08 14.29 8.80

[5-10) SM 0.58 1.79 2.77 0.51 1.73 1.48

[10-25) SM 0.08 1.14 0.00 0.03 0.47 0.39

[25-mais) SM 17.57 0.00 0.00 4.62 1.82 16.90

Tabela 6 – Domicílios Rurais: distribuição das pessoas ocupadas na agropecuária e em atividades não agrícolas industriais entre classes de rendimen-tos (em múltiplos do salário mínimo) – em %.Fonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

tos a ponto de se tornarem insuficientes para manutenção da família (REARDON; BERDEGUÉ; ESCOBAR, 2001). Deve-se considerar também a demanda pelo trabalho não agrícola. Ainda que fatores de pressão incentivem (ou forcem) o trabalhador agrícola residente rural a buscar uma atividade não agrícola, suas oportunida-des nessa atividade dependem do mercado de trabalho local. Logo, a saída da agropecuária pode não representar uma oportunidade de melhorar os rendimentos que vinha recebendo. Considerando a distribuição dos resi-dentes rurais entre as atividades não agrícolas e os rendimentos médios setoriais em 2018,

tem-se que o rendimento médio esperado para um trabalhador agrícola residente rural que de-cidisse entrar no setor não agrícola era de R$ 1.191, 11,5% superior ao rendimento médio de R$ 1.068 do setor agropecuário (Tabela 7). A diferença pequena reflete o fato de que é alta a probabilidade de que o trabalhador agropecuário se engaje em atividades com rendi-mentos menores ou próximos ao médio da agro-pecuária, como: atividades de comércio e repara-ção de veículos, serviços domésticos, atividades de serviços de alojamento e alimentação, indús-trias agroalimentares e outros serviços gerais.

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SetoresDistribuição da PO rural

não-agrícolaRendimento médio

(em R$)Rendimento setor/ rendimento

agropec.

Agropecuária - 1.068

Atividades não-agrícolas - 1.191 11,5%

Agroalimentar 6,36% 921 -13,72%

Biocombustíveis 0,16% 1.935 81,26%

Couro-calçados 0,10% 1.124 5,29%

Madeira, móveis, papel e celulose

2,18% 1.198 12,23%

Outras indústrias 9,37% 1.341 25,58%

Construção 10,94% 1.152 7,87%

Comércio/reparação de veículos

18,81% 1.073 0,45%

Transporte, armazenagem e correio

4,96% 1.477 38,30%

Alojamento e alimentação 6,90% 1.025 -4,04%

Informação/comunicação/ativi-dades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas

4,41% 1.827 71,06%

Administração pública, defesa e seguridade social

5,16% 1.810 69,47%

Educação, saúde humana e serviços sociais

12,86% 1.552 45,35%

Outros Serviços 3,72% 951 -10,90%

Serviços domésticos 13,98% 678 -36,46%

Atividades mal definidas 0,08% 1.071 0,27%

Tabela 7 – Probabilidade (não condicional) de engajamento em cada setor, rendimentos médios setoriais e relação destes com o rendimento médio obtido na agropecuária - 2018 Fonte: Cepea-Esalq/USP, com base na PNAD-C.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E

m 2012, havia, em números redondos, 29,9 milhões de pesso-as com domicilio rural no Brasil. Desse total, 11,9 milhões de pessoas (40% da população) achavam-se ocupadas, sendo 58,5% (6,98 milhões) em atividade agropecuárias e 41,5%

(4,95 milhões) em atividades não agrícolas. Estavam também ocu-padas na agropecuária, em 2012, 3,3 milhões de pessoas com do-micilio urbano, perfazendo um total de 10,3 milhões de ocupa-dos na agropecuária. Assim, dos 10,3 milhões que trabalhavam na agropecuária, 67,9% viviam no meio rural e 32,1% nas cidades. No período acompanhado pela PNAD Contínua, de 2012 a 2018, a população rural caiu 0,7% (210 mil pessoas) para 29,7 mi-lhões. O número de ocupados vivendo na zona rural caiu de 11,9 milhões para 10,9 milhões, queda de 8,4%. Dos 10,9 milhões de pessoas moradoras na zona rural ocupadas em 2018, 5,7 milhões (52%) trabalhavam na agropecuária (queda de 18%) e 5,2 milhões (48%) exerciam atividades não agrícolas (alta de 5%). O número de ocupados em atividades agropecuárias, independente do domicí-lio, decresceu de 10,3 milhões em 2012 para 8,5 milhões em 2018. Desses 1,8 milhão que deixaram o emprego agropecuário, 1,260 milhão (18%) viviam na zona rural e 540 mil (16,5%) no meio urbano. Dos 8,5 milhões que permaneceram em trabalho agropecuário em 2018, 32,5% (2,75 milhões) moravam nas cidades e 67,5% (5,72 milhões) na zona rural, uma mudança de proporções pequena em relação a 2012. Olhando para a população rural, constata-se que ela caiu 0,7% entre 2012 e 2018, e que sua parcela ocupada caiu de 40% para 37%. Dos moradores na zona rural, aqueles que trabalhavam na agropecuária passaram de 58,5% para 52%; os que trabalhavam em atividades não agrícola passaram de 41,5% para 48%. Ou seja, en-tre 2012 e 2018, houve pequena redução na parcela da população morando na zona rural, da qual houve redução na parcela ocupada. Dos ainda residentes no meio rural que permaneceram ocupa-dos, cresceu a parcela atuando em atividades não agrícolas, aproximan-do-se da metade. Entre as atividades não agrícolas realizadas por esses residentes, destacaram-se as da Indústria geral e do Comércio. Por sua vez, a participação das atividades agroindustriais no total de empregos não agrícolas entre os residentes rurais oscilou em por volta de 9% entre 2012 e 2018. Entre as agroindústrias, destacaram-se a agroali-mentar e as indústrias de madeira, móveis de madeira, papel e celulose. Ressalta-se que, embora as atividades não-agrícolas se-jam vistas como uma alternativa à agropecuária para melhores ren-

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dimentos e redução da pobreza no meio rural e, de fato, os ganhos médios em muitas dessas atividades sejam relativamente maiores, também existem muitos tipos de trabalho não agrícolas com bai-xos salários médios – o que é o caso de algumas agroindústrias. Considerando o ano de 2018, o salário médio esperado por um trabalhador rural no setor não agrícola era de R$ 1.191, 11% supe-rior ao rendimento médio no setor agropecuário. A diferença modes-ta reflete o fato de que 49,9% dos trabalhadores rurais atuavam em atividades não agrícolas em que os rendimentos médios eram iguais ou inferiores ao da agropecuária. Logo, o entendimento do empre-go rural não agrícola como uma alternativa de melhores rendimentos para o residente rural deve ser visto com cautela, sobretudo quando a motivação para a mudança de atividade reflete fatores de expulsão da agropecuária, e não fatores de atração do emprego não agrícola.

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APÊNDICE Divisão Classe Denominação Classificação

10 TodasFabricação de Produtos Ali-

mentíciosAF

11 Todas Fabricação de Bebidas AF

12 Todas Fabricação de Produtos do Fumo AF

13 Todas Fabricação de Produtos Têxteis transformação

14 TodasConfecção de Artigos do Vestuário

e Acessóriostransformação

15Preparação de Couros e Fabri-cação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e Calçados

-

15011Curtimento e Outras Preparações

De CouroCC

15012Fabricação de Artigos de Viagem e

de Artefatos Diversos de CouroCC

15020Fabricação de Calçados e Partes

para Calçados, de Qualquer Material

transformação

16 TodasFabricação de Produtos de

MadeiraMMPC

17 TodasFabricação de Celulose, Papel e

Produtos de PapelMMPC

18 TodasImpressão e Reprodução de

Gravaçõestransformação

19Fabricação de Coque; Produtos

Derivados de Petróleo e de Biocombustíveis

-

19010 Coquerias transformação

19020Fabricação de Produtos Derivados

do Petróleotransformação

19030 Produção de Biocombustíveis BIOC

20 Todas Fabricação de Produtos Químicos transformação

21 TodasFabricação de produtos farmo-

químicos e farmacêuticostransformação

22 TodasFabricação de Produtos de Borra-

cha e de Material Plásticotransformação

23 TodasFabricação de Produtos de Mine-

rais Não-Metálicostransformação

24 Todas Metalurgia transformação

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25 TodasFabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos

transformação

26 TodasFabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos

e ópticostransformação

27 TodasFabricação de máquinas, aparel-

hos e materiais elétricostransformação

28 TodasFabricação de máquinas e equi-

pamentostransformação

29 TodasFabricação de veículos automo-

tores, reboques e carroceriastransformação

30 TodasFabricação de outros equipamen-tos de transporte, exceto veículos

automotorestransformação

31 Todas Fabricação de móveis MMPC

32 Todas Fabricação de produtos diversos transformação

33 TodasManutenção, reparação e insta-

lação de máquinas e equipa-mentos

transformação

Fonte: Castro e Moreira (2019)