Atendimento ao Público

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA Departamento de Administração e Processos Industriais Químicos - DAPIQ DANILO OLIVEIRA SANTOS A LINHA DE ATENDIMENTO EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA DA REDE PÚBLICA: UMA ABORDAGEM AOS ESTUDOS DA HABILIDADE INTERPESSOAL Salvador 2005

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA Departamento de Administração e Processos Industria is Químicos - DAPIQ

DANILO OLIVEIRA SANTOS

A LINHA DE ATENDIMENTO EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA DA REDE PÚBLICA: UMA ABORDAGEM AOS

ESTUDOS DA HABILIDADE INTERPESSOAL

Salvador 2005

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DANILO OLIVEIRA SANTOS

[email protected]

A LINHA DE ATENDIMENTO EM UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA DA REDE PÚBLICA: UMA ABORDAGEM AOS

ESTUDOS DA HABILIDADE INTERPESSOAL

Monografia apresentada ao Curso de Administração com habilitação em administração hoteleira, Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Profª. Luciana Silva Santos

Salvador

2005

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BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Profª. Dra. Miriam Vasquez

Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia

________________________________________________ Profª. Luciana Silva Santos

Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia

________________________________________________ Prof. Dr. Adriano de Oliveira Sampaio

Universidade Federal da Bahia

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A

minha família e amigos,

e a quem possa interessar.

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5

AGRADECIMENTOS

Ao Todo-Poderoso e a toda legião da Inteligência Suprema do Universo, pela constante

emissão de bons fluidos e inspiração ao meu raciocínio.

Aos meus pais, pelos ensinamentos e educação que permitiram minha configuração e

formação humana.

A Profª Luciana Santos, parceira nessa publicação, pela sua paciente atenção e

dedicação durante a orientação, permitindo consolidar decisivamente a ascensão dessa

pesquisa.

Aos amigos, colegas e professores, pela constante convivência, contribuindo para o

desenvolvimento de uma parcela do meu aprendizado nessa vida.

Aos funcionários do Banco do Brasil, por terem se disponibilizado a colaborar na

realização dessa pesquisa.

A todos aqueles que, mesmo indiretamente, contribuíram de alguma forma para essa

realização.

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O avanço do conhecimento

e da compreensão do que somos e do que fazemos não pode ser feito sem dor.

Omar Aktouf (1997)

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RESUMO Essa pesquisa teve como objetivo analisar a importância que é dada a habilidade interpessoal e ao conhecimento técnico no meio que envolve atendimento a clientes em uma instituição bancária da rede pública, assim como verificar qual o grau de eficiência que esses profissionais apresentam frente as relações que envolvem a inteligência emocional. Foi pressuposto que as habilidades interpessoais podem ser assimiladas conforme o tempo de atuação do funcionário no seu meio profissional. Acredita-se que a convivência e a participação retroativa com os problemas interpessoais favorece ao aprendizado no âmbito interpessoal. A fim de alcançar os objetivos propostos, foi apresentado um arcabouço teórico justificando a importância da competência interpessoal e técnica no relacionamento com clientes, além de uma metodologia qualitativa para o estudo do corpus dessa pesquisa. A pesquisa indicou que os funcionários do Banco do Brasil apresentam um fascínio pelo conhecimento técnico, ficando a habilidade interpessoal em segundo plano. Os profissionais apresentaram um grau de assimilação das habilidades interpessoais abaixo ao esperado. Foi confirmada a possibilidade de assimilação da competência interpessoal conforme o tempo de atuação do funcionário na linha de atendimento. Palavras-chave: habilidade interpessoal, inteligência emocional, competência técnica, relacionamento, atendimento a clientes.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Idade.................................................................................................... 45 Gráfico 02 Sexo..................................................................................................... 45 Gráfico 03 Estado civil.......................................................................................... 46 Gráfico 04 Número de filhos................................................................................. 46 Gráfico 05 Nível de escolaridade.......................................................................... 46 Gráfico 06 Tempo para assimilar "macetes" e técnicas de "jogo de cintura" na

linha de atendimento........................................................................... 47 Gráfico 07 Nível de estresse percebido na linha de atendimento.......................... 47 Gráfico 08 Aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal no que se refere

a experiência com atendimento ao público em outras empresas......... 48 Gráfico 09 Eventos que mais dificultam o trabalho no atendimento.................... 48 Gráfico 10 Situação que mais desaponta, conforme o dilema colocado............... 49 Gráfico 11 Reações desencadeadas pelo funcionário, perante o cliente em

desequilíbrio emocional...................................................................... 49 Gráfico 12 Idade (2).............................................................................................. 51 Gráfico 13 Sexo (2)............................................................................................... 51 Gráfico 14 Estado civil (2).................................................................................... 52 Gráfico 15 Número de filhos (2)........................................................................... 52 Gráfico 16 Nível de escolaridade (2)..................................................................... 52 Gráfico 17 Tempo para assimilar "macetes" e técnicas de "jogo de cintura" na

linha de atendimento (2)...................................................................... 53 Gráfico 18 Nível de estresse percebido na linha de atendimento (2).................... 53 Gráfico 19 Aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal no que se refere

a experiência com atendimento ao público em outras empresas (2)... 54 Gráfico 20 Eventos que mais dificultam o trabalho no atendimento (2)............... 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Direcionamento de elementos entre objeto e processo....................... 24 Tabela 02 Blocos de perfis profissionais e suas ações características................. 40 Tabela 03 Aspectos facilitadores para o envolvimento interpessoal no

atendimento......................................................................................... 57 Tabela 04 Eventos que dificultam o trabalho no atendimento............................. 58 Tabela 05 Comparação entre a Amostra Geral e a Sub-Amostragem.................. 60

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 MARCO TEÓRICO ............................................................................................... 14 2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM BANCOS........................ 14 2.1.1 A evolução bancária........................................................................................... 14 2.1.2 Estratégia de Relacionamento............................................................................ 15 2.1.3 As funções da linha de atendimento em bancos................................................. 18 2.1.4 A técnica da oferta: venda de produtos e serviços.............................................. 20 2.2 O PROCESSO E O OBJETO................................................................................ 23 2.2.1 Definição e compreensão.................................................................................... 23 2.3 HABILIDADE INTERPESSOAL........................................................................ 25 2.3.1 Compreensão das habilidades interpessoais....................................................... 25 2.3.2 Competência Interpessoal................................................................................... 28 2.3.3 Inteligência Emocional ...................................................................................... 29 2.4 A COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS............................... 32 2.4.1 A Percepção........................................................................................................ 32 2.4.2 Interferências na comunicação........................................................................... 33 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 35 3.1 Corpus e Instrumentos da pesquisa....................................................................... 35 3.2 Procedimentos para coleta de dados...................................................................... 36 3.3 Procedimentos para análise dos dados................................................................... 37 3.4 Parâmetros de avaliação do questionário............................................................... 39 3.5 Operacionalização da tabulação............................................................................ 43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 45 4.1 Apresentação dos resultados.................................................................................. 45 4.2 Análise e avaliação dos resultados........................................................................ 56

5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 65

APÊNDICE..............................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Mesmo com a disseminação global do conhecimento e da informação na

atualidade, o alcance do aprendizado pode se tornar muito difícil para os indivíduos

quando se objetiva consolidar a competência. Porque a competência não é apenas uma

singularidade, é um conjunto de abrangências que vão capacitar o indivíduo para um

determinado desígnio.

Então, é muito comum hoje em dia uma organização contratar um determinado

profissional pelo seu grau de competência. Logicamente que existem vários tipos de

competências – vez que para cada determinado fim, tipos de competências são mais

apropriados. Por exemplo, para se obter bom êxito no relacionamento com clientes em

instituições organizacionais, se faz necessário a evidência da competência interpessoal

para o bom desenrolar no envolvimento com pessoas. Porém, em contrapartida, sabemos

que para a execução de qualquer atividade operacional é indispensável a competência

técnica. A competência técnica consiste no saber necessário para executar determinada

operação de trabalho em uma profissão.

Parte-se do princípio onde todo profissional deve ter conhecimento sobre o objeto,

que pode estar correlacionado com diversas matizes de ações, como o conhecimento de

informações operacionais e de uma norma, o conhecimento sobre as características de um

produto, o conhecimento sobre as propriedades de um serviço, a operacionalização de

uma maquina, etc. Mas o conhecimento de toda essa operacionalização, apenas, não é

suficiente. Faz-se necessário também adquirir as habilidades processuais, ou seja,

assimilar a competência interpessoal para, através dela, fazer valer os objetos.

Essa pesquisa pretende identificar qual a importância e prioridade dada aos

conhecimentos técnicos e interpessoais pelos funcionários que trabalham no atendimento

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do Banco do Brasil e verificar o entrosamento que eles demonstram apresentar com as

relações interpessoais, especificamente com ao que tange a inteligência emocional, além

de que forma é assimilada essas relações. Também vamos tentar esclarecer se existe um

estereótipo sobre o perfil de atendentes na linha de frente dessas instituições. A idéia

central é buscar a compreensão de como a competência técnica e a competência

interpessoal podem dispor no universo que envolve atendimento a clientes na linha de

frente de uma instituição bancária da rede pública e como essas duas vertentes da

competência podem interferir no andamento da operacionalização do profissional.

Para tanto, explanamos sobre toda a estratégia e operacionalização do Banco do

Brasil, identificando as funções e atividades inerentes aos atendentes da linha de

atendimento, permitindo a compreensão do dia-a-dia profissional deles na linha de frente.

Em seguida, analisamos as dimensões das habilidades interpessoais explicando

seus conceitos, assim como suas correlações e implicâncias com o meio profissional -

dando uma compreensão realística da sua importância. Depois apontamos as premissas

necessárias junto com as razões que justificam o preenchimento dessa competência para

um profissional da linha de atendimento. Posteriormente discorremos sobre a inteligência

emocional a fim de chamar a atenção para a necessidade da gestão das emoções no meio

profissional.

Por conseguinte, explicamos o que vem a ser o binômio objeto-processo nas

relações operacionais do atendimento, além da diferença entre ambos e suas distinções.

Somente então fechamos a fundamentação teórica entrando na esfera da

comunicação nas relações interpessoais, onde contextualizamos os aspectos e

propriedades mais importantes nessa vertente. Salientamos também para a importância da

percepção nos processos que envolvem necessidade de observação e interpretação de

fatos.

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O atendimento parte do pressuposto do contato físico, demandando habilidades

específicas para lidar com as variáveis, portanto não deve ser embasado apenas por regras

formais e processos algoritimizados para se conseguir um resultado – principalmente

quando esse resultado tem como variável os interesses humanos. Os procedimentos que

envolvem relações interpessoais devem ir mais além do que as regras e os métodos

formais ditam, pois os seres humanos respondem também por estímulos emocionais,

ultrapassando os argumentos da razão disponibilizado pelas técnicas.

Então, nada melhor do que adicionar ao contexto profissional processos

heurísticos, ou seja, procedimentos pedagógicos que estimulem o indivíduo a perceber

conscientemente o problema por si mesmo, e posteriormente apontar as alternativas e

soluções. Logo, acreditamos que o desenvolvimento gradativo e autônomo da

competência interpessoal in locu, juntamente com o conhecimento técnico, facilita a

autonomia e o bom desenvolvimento dos atributos profissionais dos funcionários da linha

de atendimento a clientes em uma instituição bancária.

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2 MARCO TEÓRICO

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM BANCOS

Devido a perspectiva dessa pesquisa está direcionada a linha de atendimento em

uma instituição bancária da rede pública, especificamente o Banco do Brasil, iremos dar

uma noção de como funciona o dia-a-dia desses profissionais, suas principais funções e

atividades, assim como seus deveres e obrigações para com os clientes e à própria

organização.

A idéia é que, após termos compreendido toda a operacionalidade e as

funcionalidades técnicas desses profissionais, possamos correlacioná-las com os conceitos

e teorias direcionados ao conhecimento interpessoal e suas matizes, devidamente

apresentados nos capítulos seguintes.

2.1.1 A evolução bancária

Antigamente os bancos sempre mantiveram o status de instituições imponentes,

com suas construções imperiais, tudo para impressionar a clientela e impor respeito

perante ela. Os bancos eram os agentes ativos, sendo os clientes meros passivos. Pois

vivenciava-se uma contingência organizacional totalmente diferente naquela época, onde a

pequena demanda e a quantidade limitada de bancos desfavorecia a concorrência. Os

serviços também eram limitados, restringindo-se apenas a proteger o dinheiro alheio.

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Hoje em dia, os bancos modificaram muito essa imagem e a evolução comercial

apontou para necessidades de mudanças. As agências bancárias mudaram sua arquitetura

interna, os ambientes ficaram mais aconchegantes e os funcionários já se correlacionam

mais profundamente com os clientes. Essa abertura vai permitir um maior grau de

envolvimento com as pessoas criando-se a necessidade de relacionamento propriamente

dito, e não apenas um mero atendimento.

2.1.2 Estratégias de Relacionamento

Relacionamento com cliente não corresponde apenas ao simples contato com

pessoas na linha de atendimento, mas a todos os esforços voltados para criar, manter e

firmar um relacionamento contínuo. No entanto, a estratégia de relacionamento define a

forma como o funcionário vai se envolver com sua clientela.

Para Weisinger (1997) um relacionamento deve consistir de alguns fatores básicos.

Além das relações ao longo do tempo e da troca de informações sobre sentimentos,

pensamentos e idéias, é necessário que as partes envolvidas no relacionamento supram as

necessidades um do outro:

A fórmula para estabelecer um relacionamento sólido e produtivo é a reciprocidade: cada um se esforça para suprir as necessidades do outro, (...) pois sem ela o relacionamento se torna explorador. (WEISINGER, 1997, p.158)

Não deve-se confundir relacionamento com clientes e vendas a clientes, pois o

primeiro aponta para um processo de ligação duradoura, enquanto o segundo indica

apenas uma comercialização de produtos/serviços – onde o interesse maior seria a relação

compra-venda, sem preocupação com a fidelização. Nesse último caso, não há muita

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preocupação com as conseqüências do pós-venda ou se o cliente vai voltar ao

estabelecimento para futuras negociações:

Os princípios da venda pessoal e da negociação são descritos como orientados para transação, isto é, seus princípios são ajudar o vendedor a fechar uma venda específica com um cliente. Contudo, em muitos casos, a empresa não está simplesmente procurando fechar uma venda: ela está interessada em conquistar um cliente específico para atendê-lo durante muito tempo, (...) principalmente se as duas partes puderem formar um compromisso de relacionamento. (KOTLER, 1998, p.617)

Pretende-se esclarecer, no entanto, que marketing de relacionamento se aplica

melhor em situações nas quais identificam-se clientes chaves e não para clientes a curto-

prazo, acredita-se que marketing de transação é “mais apropriado para trabalhar com

clientela de vida curta, bem como baixos custos de transação, como os compradores de

produtos e serviços padronizados (commodities).” (KOTLER apud JACKSON, 1998,

p.620)

Porém não significa dizer que clientes com baixo potencial financeiro serão

descartados, a empresa (especificamente instituições bancárias) pode ainda “manter o

cliente que esteja disposto a receber nível inferior de serviço a preço mais baixo – esse

cliente seria tratado com base em transação, em vez de com base em relacionamento.”

(KOTLER apud ANDERSON & NARUS, 1998, p.620). Mas mesmo nesse contexto

sempre deverá haver relações humanas cordiais, o envolvimento interpessoal sempre deve

proceder.

Cabe necessariamente que os funcionários de instituições bancárias saibam

aproveitar clientes potenciais direcionando-os para níveis de segmentos equivalentes e

compatíveis com suas disponibilidades financeiras – sendo que a recíproca também é

verdadeira. Pois aqueles clientes segmentados com base em transação (conforme nome já

sugere), poderão futuramente apresentar crescimento excepcional, podendo assim serem

encaminhados para um nível de segmentação com base em relacionamento.

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Mas para desenvolver marketing de relacionamento o funcionário deve ter a

capacidade de conhecer o seu cliente. Principalmente quando as carteiras de clientes da

organização sofrem variações especificamente quanto ao perfil sócio-econômico. Essa

variação vai implicar em formas de tratamento diferenciado, conforme o nível de

comunicação adequado para o momento.

Na maioria das vezes acredita-se que os clientes estratégicos1 devem receber um

tratamento diferenciado em relação aos clientes comuns, por conseguinte, modificam-se

os níveis de trivialidades, os níveis de informações factuais e os níveis de idéias e

pensamentos. Mas, para usar esses diferenciais de tratamento se faz necessário,

primeiramente, identificar o nível do seu interlocutor, o qual pode não ter nenhuma

correlação com o fator dele ser cliente estratégico, por exemplo – o que vem a exigir do

funcionário sensibilidade social e flexibilidade de ação:

Um determinado nível de comunicação é conveniente em determinadas circunstâncias, ao passo que outro não é; às vezes você está se comunicando num nível, mas parece que outro seria mais adequado. (WEISINGER, 1997, p.176)

Nos seus escritos, Minicucci (2001) também sinaliza para necessidade de

adaptação no relacionamento, onde relata:

(...) Não posso ter uma reação uniforme para com todos os casos. Se assim agir, não terei flexibilidade de comportamento, faltou-me empatia (compreender o comportamento de cada um, com suas peculiaridades). (MINICUCCI, 2001, p.26)

1 Clientes estratégicos são aqueles que apresentam alto potencial financeiro e de envolvimento operacional com a organização (KOTLER, 1998).

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2.1.3 As funções da linha de atendimento em bancos

Considera-se como linha de atendimento em instituições bancarias todos os

funcionários que possuem ligação com clientes, com os quais desenvolvem negócios,

orientando e resolvendo problemas vinculados aos usuários correntistas e não-correntistas.

Não será enquadrado como linha de atendimento as transações disponibilizadas em

terminais de caixas, por se tratar especificamente de um serviço de cunho público-social.

Conforme o nome já sugere, a obrigação dos funcionários da linha de atendimento

consiste em dar assistência, atendimento àqueles clientes que se apresentam na agência.

Pode se tratar de uma simples orientação e/ou informação até a resolução de um problema

vinculado às transações bancárias, as quais devem ser acessadas com o auxílio de um

terminal de computador, via sistema de informações. Também cabe a esses funcionários a

prática de ações rotineiras como abertura e fechamento de contas, emissão de informações

gerais, atualização de cadastro, consulta a investimentos, emissão de cartões, e atividades

similares.

Paralelo a essas ações vem a questão da oferta, onde o funcionário deve oferecer

produtos e serviços, como: opções de investimentos, ações, seguros, financiamento,

capitalização, dentre outros produtos. No entanto faz-se necessário o conhecimento sobre

todas essas disposições, suas características e funcionalidades, a fim de melhor saber

orientar o cliente. Além dessas disponibilidades, existem os serviços para o governo que

os bancos públicos são responsáveis em disponibilizar, como: pagamento de benefícios

INSS, PASEP, emissão de CPF, repasses de recursos do governo, arrecadações (FGTS,

tributos federais), dentre outros. Conhecer e saber manipular a maioria dos aplicativos no

sistema de informações é de suma importância, e indispensável para o executar da maioria

dessas ações.

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Dependendo do segmento do atendimento, existe a possibilidade de um

determinado funcionário atender a demandas diferenciadas de clientela, tanto

financeiramente como culturalmente, fazendo-se necessário o conhecimento de todos os

objetos para satisfazer a necessidade, também variada, de todos os perfis de clientes.

Alguns dos principais objetivos de mercado, segundo consta no Manual do Gerente

de Relacionamento do Banco do Brasil, seguem abaixo relacionados:

a) Desenvolver gerenciamento do relacionamento com o cliente, a fim de que se

possa registrar todos os contatos e negociações realizados em quaisquer dos

canais de relacionamento utilizados;

b) Desenvolver sistema de informações de marketing com conteúdo sobre a

concorrência, estratégias de relacionamento, produtos e serviços consumidos;

c) Realizar estudos sobre a preferência de canais de comunicação dos clientes e

disponibilizar a oferta de produtos e serviços por internet, palmtop, e-mail,

celular, call-center, auto-atendimento e agencias, conforme os segmentos

comportamentais e níveis de relacionamento;

d) Estruturar programa de recompensas que integre todas as vantagens oferecidas

aos clientes, considerando valores e expectativas dos segmentos comportamentais

e níveis de relacionamento, inclusive com aplicativos que permitam o

gerenciamento e operacionalização;

e) Desenvolver e capacitar a força de vendas para atender as expectativas dos

clientes, de acordo com os segmentos comportamentais e níveis de

relacionamento, inclusive para prestar consultoria e assessoria em investimentos

financeiros;

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f) Desenvolver pesquisa com vista a apurar a satisfação dos clientes, observando os

segmentos comportamentais e níveis de relacionamento;

g) Expandir a prestação de serviços de compra e venda de ações por Internet;

Capacitar o gerente de relacionamento a sua venda e intensificar as ações de

comunicação em praças com alta propensão de consumo;

h) Desenvolver negócios para não correntistas, focando investimentos, seguros,

título de capitalização, cartão de crédito, crédito direto ao consumidor,

pagamentos, arrecadação e cobrança.

Observa-se que a maioria dessas atuações envolve contato com o cliente, exigindo

esforço e iniciativa por parte do funcionário. Tanto que essas atividades são reativas. O

funcionário poderá estar perdendo oportunidades preciosas de realizar grandes negócios

caso deixe a rotina ditar o ritmo do seu trabalho. O que se espera de um bom funcionário é

uma atitude pró-ativa, empreendedora e gabaritada, focada em resultados. Logo, a

capacitação não pode ser esquecida, pois parte-se do princípio onde o profissional para ser

eficaz e produtivo deve buscar o autodesenvolvimento, além das informações e

conhecimentos mínimos.

2.1.4 A técnica da oferta: venda de produtos e serviços

Apesar da simples venda não ser a intenção principal em uma estratégia de

relacionamento, faz-se necessário entender a dinâmica do ato de vender e se estamos

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preparados para isso. Tanto que o pós-venda já caracteriza um indício de relacionamento,

pois há possibilidade de uma certa continuidade na comercialização.

A idéia é que se entenda o ato de vender como o ato de ofertar, de oferecer e de

sugerir. A oferta sinaliza para colocar a disposição do mercado produtos e serviços que

atendam as necessidades do cliente. Um apelo, por parte do gerente, para que um cliente

de sua carteira passe a acompanhar suas transações via Internet é uma forma de oferta,

onde se sugere orientação.

A definição mais simples do ato de vender nos leva a idéia de troca por dinheiro,

de negociar com alguém. Kotler (1998) vai mais além, explica que “o conceito de venda

assume que os consumidores, se deixados sozinhos, normalmente, não comprarão o

suficiente dos produtos da organização. Assim, a organização deve empregar um esforço

agressivo de venda e de promoção.” (KOTLER, 1998, p.36)

No momento da venda, ficam frente a frente as expectativas e apreensões do

cliente e as habilidades do vendedor que intermédia as necessidades da empresa. O

vendedor precisa causar uma boa impressão e, para tanto, deve adotar uma postura serena,

respeitosa e cordial. O clima de confiança precisa ser criado:

A falta de habilidade ou conhecimento causa uma reação de desagrado imediata nos clientes. Se eles não confiarem no indivíduo com o qual estão tratando, perderão a confiança na organização. O indivíduo também perde a autoconfiança e tende a evitar oportunidades de prestar bons serviços, prejudicando ainda mais a reputação da empresa. (WALKER, 1991, p.40)

Ainda assim, os serviços diferem de acordo com o atendimento de necessidades

pessoais, uma vez que não se trata necessariamente de um produto físico, palpável. Assim

Kotler (1998) define serviço:

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Serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulte na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico. (KOTLER, 1998, p.412)

No entanto fica evidente que alguns serviços exigem a presença do cliente. Logo,

os serviços baseados em pessoas devem ser prestados com funcionários experientes e

especializados, tanto no conhecimento dos produtos/serviços bancários, quanto no

conhecimento das habilidades de relacionamento com pessoas.

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2.2 O PROCESSO E O OBJETO

2.2.1 Definição e compreensão

Sabe-se que instituições bancárias são excepcionalmente voltadas à intermediação

financeira, embora também disponibilizem empréstimos, financiamentos, capitalização,

seguros, investimentos, além dos serviços a correntistas e não-correntistas. Logo, toda a

força funcional dos funcionários deverá estar voltada ao conhecimento desses objetos -

fala-se, agora, do conhecimento técnico. Todos esses objetos são ofertas que o Banco tem

para disponibilizar, enquadrando a intensidade dessas ofertas de acordo com a capacidade

de cada cliente, e considerando vários aspectos: necessidades e expectativas quanto ao

relacionamento; seu grau de interesse pelos produtos e serviços da instituição; a

rentabilidade do cliente e seu grau de fidelidade ao Banco; e, por fim, os objetivos da

empresa com relação ao cliente e/ou ao segmento a que pertence.

É baseado nesses aspectos que a oferta de produtos e serviços (objetos) são

definidas, assim como os meios para a consecução dessas ofertas. E é justamente a partir

da exploração dessas condições que o funcionário terá embasamento técnico para alcançar

as metas bancárias estabelecidas. Para isso será necessário amplo envolvimento com o

cliente, a fim de conhecê-lo melhor, podendo então sentir suas expectativas e interesses

com o Banco.

Nesse contexto Walker (1998) enfatiza a necessidade de dois aspectos, o

conhecimento e a habilidade, sendo que este último refere-se ao processo, ou seja, a forma

como o profissional formula as perguntas estabelecendo um ‘clima’ favorável, conforme

Moscovici (1985) assegura.

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Moscovici (1985) acredita que conhecer um determinado conteúdo é tão

importante como saber demonstrá-lo, onde o “saber” entra como o conhecimento técnico,

enquanto que o “saber demonstrar”, na forma de habilidade interpessoal.

Na sua literatura, Walker (1998, p. 40) cita alguns elementos importantes a serem

avaliados em relação aos aspectos que envolvem habilidades e conhecimentos no

relacionamento. Cada elemento pode estar direcionado ao objeto, ou seja, ao

conhecimento que o indivíduo apresenta sobre os produtos/serviços e suas funcionalidades

(conteúdo técnico), ou então direcionado ao processo: a forma como o indivíduo se

relaciona com seus clientes para fazer valer os objetos determinados. Abaixo, conforme

mostra a tabela, direcionamos a qual foco determinados tipos de elementos se enquadram:

Observa-se que os três primeiros elementos sugeridos por Walker (1998) são

realmente direcionados ao conhecimento do objeto, enquanto os três últimos elementos se

apresentam como fundamentais para o processo. Essa ocorrência também segue o mesmo

raciocínio de Moscovici (1985, p.27), o qual afirma que “em cada profissão, na verdade,

os dois tipos de competências são necessários, embora em proporções diferentes”. Esses

dois tipos de competência as quais Moscovici (1995) aborda, são justamente referente ao

conhecimento técnico e ao conhecimento das habilidades interpessoais, os quais

representam o “objeto” e o “processo” respectivamente.

Elementos Direcionamento Conhecimento Técnico OBJETO Conhecimento do Produto OBJETO Conhecimento do negócio e da organização OBJETO Habilidades para lidar com os clientes PROCESSO Habilidades para lidar com reclamações e agressão PROCESSO Capacidade de ser educada e cortês PROCESSO

Tabela 01 – Direcionamento de elementos entre objeto e processo

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2.3 HABILIDADE INTERPESSOAL

Para discorrer sobre as habilidades interpessoais usaremos principalmente

Agostinho Minicucci e Fela Moscovici, ambos são psicólogos e escreveram sobre as

relações interpessoais tanto no plano conceitual quanto no plano pragmático. Para

discorrer sobre inteligência emocional usaremos Hendrie Weisinger e Daniel Goleman,

ambos peritos nessa vertente, onde o primeiro aborda sobre o controle das emoções no

trabalho, e o segundo generaliza a gestão das emoções a todo o meio social.

2.3.1 Compreensão das habilidades interpessoais

A habilidade interpessoal é a capacidade de lidar com o sentimento dos outros, é a

aptidão para sentir o que os outros pensam e sentem, assim considera Minicucci (2001).

Então, para haver o relacionamento interpessoal é necessário haver interação entre duas ou

mais pessoas, partindo do princípio que profissionais que atuam na linha de atendimento

devem saber compreender e lidar com seus clientes, além de dominar o conhecimento

técnico e específico à sua função.

É sabido que haverá situações em que o individuo que atua na linha de

atendimento a clientes deverá ter a capacidade de gerenciar conflitos. A ocorrência de

conflitos vai implicar em problemas, conforme Minicucci (2001, p.25) cita que “relações

interpessoais são eventos que se verificam no lar, na escola, na empresa. (...) Quando há

conflito no relacionamento interpessoal, diz-se que há problemas nas relações humanas”.

Outro plano importante que compreende as relações interpessoais é sobre a

exteriorização dos sentimentos. Bordenave (2002) faz referência a esses sentimentos,

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intercalado-os no que chamou de função expressiva da comunicação nas relações

interpessoais, discorrendo o seguinte:

As pessoas não só desejam e precisam receber comunicação, participar na comunicação, mas ainda mais basicamente desejam expressar suas emoções, idéias, temores e expectativas. A pessoa quer sair de seu mundo interno, do fechamento em si mesmo, e exteriorizá-lo (...) (BORDENAVE, 2002, p.31)

Não é à toa quando o cliente tende a exteriorizar suas emoções e sentimentos,

muitas vezes até de forma áspera e agressiva, quando se sente insatisfeito e prejudicado

nas suas transações com a empresa. Assim sendo, as ações passam a serem desencadeadas

muito mais pela emoção, ficando a razão menos enfatizada. Para o conviver com a razão

existe a lógica, então podemos usar o conhecimento técnico. Já para o conviver com as

emoções deve-se usar as habilidades interpessoais, além dos pormenores da razão.

Minicucci (2001), assim se pronuncia sobre a correlação entre conhecimento técnico e

interpessoal:

Muitos outros cursos têm sido programados para levar o indivíduo a enfrentar problemas nas relações inter e intrapessoais e vaciná-las contra a agressividade, dando-lhe melhor eficiência no seu relacionamento com os outros. (...) Sabe-se que o administrador eficiente tem de ser capaz de compreender e lidar com os problemas econômicos e técnicos, mas precisa também ser capaz de compreender e de lidar com pessoas (comportamento interpessoal). (MINICUCCI, 2001, p. 25)

Apesar de Minicucci (2001) direcionar a necessidade de lidar com pessoas a figura

do Administrador, fica evidente que essa competência atribuída ao Administrador também

se enquadra, e se faz necessária, para qualquer funcionário (independente do seu nível

hierárquico) que tenham envolvimento direto com pessoas nas organizações.

Ainda em seus escritos sobre relações interpessoais, Minicucci (2001, p.25)

sinalizou para um grupo de psicólogos que trabalharam em treinamento em Relações

Humanas, que chegaram as seguintes conclusões no âmbito das relações interpessoais:

Page 27: Atendimento ao Público

27

a) Grande parte do nosso trabalho é feito por meio de contato com os outros, quer

como indivíduo, quer como grupo.

b) A eficiência em lidar com outras pessoas é muitas vezes prejudicada pela falta de

habilidade, de compreensão e de trato interpessoal.

c) As pessoas que têm mais habilidade em compreender os outros e têm traquejo

interpessoal são mais eficazes no relacionamento humano.

d) A experiência tem comprovado que as pessoas podem aprender a aperfeiçoar sua

habilidade em compreender os outros e a si próprias, adquirindo traquejo nas

relações interpessoais.

No tópico “b” da conclusão acima, abordada por Minicucci (2001), os psicólogos

afirmam que a ausência da tríade habilidade-compreensão-trato interpessoal vai interferir

na capacidade de lidar com pessoas. Percebe-se claramente que eles usam a terminologia

“falta de”, dando entendimento a algo que está ausente, vazio, porém que pode ser

preenchido. Essa possibilidade de preenchimento se confirma no tópico “d”, o qual aponta

para a possibilidade de apreensão.

Nota-se também que no início do trecho “d” faz-se uma correlação com a

experiência, onde se afirma que a possibilidade de aperfeiçoamento da habilidade

interpessoal é comprovada pela experiência. Essa experiência2 citada pode estar vinculada

à prática no exercício constante da profissão. Caso sim, estaria-se correlacionando o fato

de adquirir o aprimoramento da habilidade interpessoal com o tempo de atuação do

indivíduo na linha de frente, ou seja, a assimilação dessa habilidade seria diretamente

proporcional ao grau de complexidade dos problemas ocorrentes, assim como a freqüência

com que esses acontecimentos (problemas) ocorrem - onde o funcionário logicamente

estaria inserido nesse ambiente. Enfim, a prática constante dos processos de trabalho na

2 Assim o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1998) define um dos conceitos de experiência: habilidade, perícia, prática, adquiridas com o exercício constante duma profissão, arte ou ofício; prática da vida.

Page 28: Atendimento ao Público

28

linha de frente desencadearia a assimilação das habilidades interpessoais no

relacionamento com a clientela.

2.3.2 Competência Interpessoal

Considerando as dimensões que envolvem serviços, Schonberger (1997) cita o

conceito de competência como sendo “a posse das habilidades e conhecimentos

necessários para prestar o serviço.” (SCHONBERGER, 1997, p.26)

A competência interpessoal é imprescindível para aqueles profissionais que

precisam saber lidar e se resolver com diversos tipos de clientelas, onde necessariamente

devem ter capacidade de se relacionar adequadamente, obtendo bom senso de percepção e

sabendo administrar as emoções – pois a conduta pessoal é tão importante quanto ao

desempenho profissional, dando necessidade de focar o desenvolvimento humano nessas

duas competências. Moscovici (1985) se posiciona sobre os tipos de competência:

Cada tipo ou dimensão de competência é interdependente da outra. Assim, a maneira pela qual um gerente, advogado, médico, faz as perguntas (tendo ou não estabelecido um “clima” psicológico favorável e uma relação de confiança) pode influenciar as informações que recebe. Neste exemplo, a competência interpessoal (processo) é tão importante quanto a competência técnica de formular as perguntas adequadas (conteúdo das perguntas). (MOSCOVICI, 1985, p.27)

O relacionamento com cliente não é somente ter um contato, mas todos os esforços

estratégicos voltados para conseguir fidelização dos mesmos, garantir o nível de satisfação

deles e conhecer a complexidade das suas necessidades. A identificação dos valores dos

clientes serve como requisito para a orientação sobre os desejos e necessidades dos

mesmos (satisfação das suas necessidades), assim como para a obtenção de melhores

resultados para a empresa.

Page 29: Atendimento ao Público

29

Mas para conhecer bem o cliente, além do envolvimento via relacionamento

humano, existe a necessidade da capacidade de percepção. Moscovici (1985) acredita que

a percepção e a habilidade propriamente dita são fatores indispensáveis para se lidar

eficientemente com relações interpessoais. Ele cita a flexibilidade perceptiva e

comportamental3, a troca de feedback4, e a dimensão emocional-afetiva predominante,

como componentes que devem estar englobados na competência, em forma de

habilidades:

Competência interpessoal, portanto, é resultante de percepção acurada realística das situações interpessoais e de habilidades específicas comportamentais que conduzem a conseqüências significativas no relacionamento duradouro e autêntico, satisfatório para as pessoas envolvidas. (MOSCOVICI, 1985, p.28)

No entanto, é baseado nas duas extremidades da competência, a técnica e a

interpessoal, que Moscovici (1985) analisa as vertentes do aprendizado, julgando essas

duas premissas do conhecimento como determinantes para que o funcionário fique apto

para um bom rendimento na linha de atendimento.

2.3.3 Inteligência Emocional

Assim, Weisinger (1997) define inteligência emocional:

A inteligência emocional é simplesmente o uso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados. (WEISINGER, 1997, p.14)

3 Necessidade de um indivíduo conduzir-se apropriadamente de acordo com as peculiaridades existentes no meio, evitando reações uniformes. 4 Fala-se da retro-alimentação, verificar o desempenho de acordo com as respostas percebidas no meio.

Page 30: Atendimento ao Público

30

Fala-se de uma espécie de autoconsciência, onde o próprio indivíduo deve

perceber o seu excesso comportamental, procurando equilibrá-lo com manobras que

permitam neutralizar as instabilidades emocionais. Weisinger (1997) sinaliza para ações:

reprimir pensamentos destrutivos, desarmar a raiva, relaxar para reduzir o nervosismo,

cessar comportamentos contraproducentes, como fundamentais para se reduzir as

instabilidades emocionais – principalmente a raiva e a ansiedade.

Sabemos que instabilidades emocionais sempre estarão suscetíveis a ocorrer no

desenrolar com as relações humanas no trabalho. É por essa razão que sinalizamos a

necessidade do profissional saber gerenciar essas instabilidades em um relacionamento

interpessoal, uma vez que o cliente não tem consciência da dimensão do desequilíbrio

emocional que pode causar.

Então, tudo indica que a autoconsciência sobre os eventos que envolvem a emoção

nas relações interpessoais deve partir do funcionário, o qual deve estar atento a alguns

requisitos. Segundo ainda Weisinger (1997, p. 15), a inteligência emocional provém de

quatro componentes fundamentais. São eles:

a) A capacidade de perceber, avaliar e expressar corretamente uma emoção;

b) A capacidade de gerar ou ter acesso a sentimentos quando eles puderem

facilitar sua compreensão de si mesmo ou de outrem;

c) A capacidade de compreender as emoções e o conhecimento derivado delas;

d) A capacidade de controlar as próprias emoções para promover o crescimento

emocional e intelectual.

A não adequação aos critérios descritos anteriormente, pode desencadear

desarmonia nas emoções e nos pensamentos, podendo ocasionar prejuízos no desempenho

profissional. Goleman (1995) explica essa situação com argumentos científicos, entrando

na esfera psico-biológica, assim discorrendo:

Page 31: Atendimento ao Público

31

Vejam só o poder que têm as emoções em perturbar o próprio pensamento. Os neurocientistas usam o termo “memória funcional” para a capacidade de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para concluir uma determinada tarefa ou problema, sejam os aspectos ideais que buscamos quando examinamos vários prospectos, sejam os elementos de um problema de raciocínio num teste. O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória funcional. Mas os circuitos que vão do cérebro límbico aos lobos pré-frontais significam que os sinais de forte emoção – ansiedade, raiva e afins – podem criar estática neural, sabotando a capacidade do lobo pré-frontal de manter a memória funcional. É por isso que, quando estamos emocionalmente perturbados, dizemos: “Simplesmente não consigo raciocinar” – é porque a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões intelectuais, mutilando a capacidade de aprender. (GOLEMAN, 1995, p. 40-41)

Com toda essa explanação, acreditamos que deve haver uma certa atenção, por

parte dos profissionais que trabalham na linha de atendimento de instituições bancárias,

para com a necessidade de usar a gestão das emoções. Para isso, deveria-se dar, também,

importância aos relacionamentos interpessoais nas situações que envolvem atendimento a

clientes, em detrimento a exacerbação do conhecimento técnico.

Conforme ainda Goleman (1995), as situações que envolvem pura decisão lógica e

racional (situações que envolvem o objeto5 - conhecimento técnico) podem ser

prejudicadas caso o desequilíbrio emocional esteja ocorrendo:

Pensem, também, no papel das emoções na mais “racional” decisão que tomamos. Dr. Antonio Damásio, fez meticulosos estudos sobre o que, precisamente, está comprometido nos pacientes com danos no circuito pré-frontal (amígdala). O processo decisório deles é muitíssimo falho – e, no entanto, não revelam absolutamente nenhuma deterioração no Q.I. ou em qualquer capacidade cognitiva6. Apesar de o intelecto estar inato, fazem escolhas desastrosas nos negócios e na vida pessoal e podem mesmo entrar em interminável obsessão sobre uma decisão tão simples como, por exemplo, para que horas marcar um encontro. (GOLEMAN, 1995, p.41)

5 Recorra ao capítulo O processo e o objeto (p.23) caso necessite rever explicação do termo “objeto”. 6 Capacidade de aquisição de um conhecimento; conhecimento, percepção.

Page 32: Atendimento ao Público

32

2.4 A COMUNICAÇÃO NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

A comunicação é a ferramenta indispensável para desencadear relacionamento

humano, principalmente quando se trata da comunicação falada. Quase todos os aspectos

das relações interpessoais envolvem comunicação. O mero emitir e ouvir das palavras não

consolida um processo de comunicação eficiente, é necessário haver percepção e

compreensão daquilo que o interlocutor pretender abordar e exprimir.

2.4.1 A Percepção

Para Bordenave (2002), o primeiro passo da comunicação é a percepção. Segundo

sua explicação, o processo de assimilação da informação recebida pela percepção,

denomina-se de interpretação, enquanto que a resultante dessa interpretação origina o

significado pessoal que os interlocutores atribuem ao percebido (objetos, pessoas,

situação, eventos, etc.).

Ainda sobre o processo da comunicação humana, Bordenave (2002) explica que a

percepção é um fenômeno de informação sobre o meio ambiente, e afirma que “é

impossível que A e B percebam a realidade exatamente da mesma maneira.”

(BORDENAVE, 2002, p.19). Nesse contexto, o autor nega a possibilidade de duas

pessoas enxergarem um mesmo ocorrido de formas absolutamente semelhantes.

Todavia, Bordenave (2002) justifica sua afirmação acima:

Page 33: Atendimento ao Público

33

(...) a dinâmica mental interna de A e B consta de repertórios diferentes de experiências, conhecimentos, crenças, valores, atitudes. A e B possuem, também, repertórios diferentes de signos7 e, segundo parece, os signos de que se dispõe influenciam a percepção. Além disso, A e B têm habilidades perceptivas diferentes: um deles enxerga melhor que o outro, o segundo ouve melhor que o primeiro, etc. (BORDENAVE, 2002, p.19)

2.4.2 Interferências na comunicação

Um dos problemas básicos da comunicação é a possibilidade da mensagem chegar

ao destinatário com significados diferentes do que o emissor quis transmitir. Trata-se de

uma não-conformidade, onde o mal-estabelecimento da comunicação se desencadeia pela

ocorrência de interferências: filtragem, ruído e bloqueio.

Minicucci (2001) explica esses três fatores de interferência da comunicação:

a) Filtragem: Quando uma mensagem é recebida apenas em parte, embora a

comunicação exista. Nesse caso há a ocorrência do diálogo, as mensagens são

emitidas. Porém a parte receptora desconsidera trechos da mensagem,

descartando aquilo que não gostaria de ouvir, fazendo juízo apenas da

verbalização a qual acha que convém.

b) Ruído: Quando a mensagem é distorcida ou mal-interpretada. Aqui há a

modificação do contexto da mensagem parcialmente, ou seja, parte do

conteúdo chega equivocado.

c) Bloqueio: Quando a mensagem não é captada e a comunicação interrompida. A

mensagem não chega ao receptor, não sendo concretizado o diálogo.

7 Os signos são qualquer coisa ou estímulo físico utilizados para representar objetos, qualidades, idéias ou eventos. São fundamentais para o processo da comunicação, na medida que permitem a compreensão mútua da mensagem. (BORDENAVE, 2002)

Page 34: Atendimento ao Público

34

Da mesma maneira, Bordenave (2002) também aponta para as possíveis

interferências suscetíveis de ocorrerem na comunicação, onde cita as “dis-funções” como

sendo as conseqüências não-intencionais da comunicação: “dis-funções são as

conseqüências indesejáveis e, neste sentido, todas as ações de comunicação podem ter

efeitos funcionais e disfuncionais.” (BORDENAVE apud MERTON, 2002, p.33)

Já sobre a melhoria nas habilidades básicas de comunicação, Moore (2000) assim

se posiciona:

Todos concordam que “a habilidade pessoal”, na maioria das vezes, faz diferença, (...) e isso contribui para que os funcionários realizem melhor seu trabalho, e a maneira como as pessoas são tratadas afeta, obviamente, seu desempenho no trabalho. (MOORE, 2000, p.73)

A forma como os profissionais se comunicam com os clientes é de suma

importância. As palavras devem ser mensuradas, assim como o sentimento com que elas

são emitidas deve ser revelado de acordo com a situação. Alem disso, o funcionário deve

optar pelos recursos da comunicação que vão facilitar nos processos para otimizar o

diálogo. Alguns requisitos como, saber ouvir, levar o outro a falar, levar o outro a decidir,

fazer recapitulações, melhoram a emissão e recepção de mensagens.

A arte da comunicação sugere quanto ao uso apropriado dos canais de

comunicação, onde o processo - forma de se expressar e de emitir o esclarecimento -

torna-se tão importante quanto ao conteúdo da mensagem discutida.

Page 35: Atendimento ao Público

35

3 METODOLOGIA

3.1 Corpus e Instrumentos de pesquisa

Para alcançar os objetivos a que se propõe este trabalho, optamos por avaliar os

dados sob uma perspectiva qualitativa, adotando uma amostragem aleatória não-

representativa dos funcionários do Banco do Brasil - corpus desta pesquisa. A ferramenta

de obtenção dos dados foi um questionário composto de questões em sua maioria

estruturadas.

A estruturação do questionário apresentou questões heterogêneas com respostas

predominantemente objetivas, algumas envolvendo escalas de variáveis categóricas

ordinais. Houve ocorrências de questões com escala tipo Likert, envolvendo variações de

03 (três) a 08 (oito) pontos; questões do tipo “sim” e “não”; questões de múltipla escolha;

e questões de escolha enumerativa de proposições.

Os questionários foram aplicados em 07 (sete) agências bancárias do Banco do

Brasil, envolvendo funcionários da Agência Barra Avenida, Agência Pituba, Agência São

Pedro, Agência Cidade Alta, Agência Piedade, Agência Brotas e Agência Liberdade,

todas situadas na cidade de Salvador. Elas correspondem a 18% do total de agências

situadas nessa cidade. O Banco do Brasil apresenta um total de 39 agências situadas nessa

capital. O número da amostragem dos pesquisados totalizou 49 entrevistados.

A escolha por uma amostra não-representativa aleatória deu-se por se tratar de uma

pesquisa de ordem qualitativa – e não quantitativa – ou seja, o objetivo não é obter uma

amostra representativa do número total de funcionários de cada agencia do Banco do

Page 36: Atendimento ao Público

36

Brasil, não podendo esse achado ser generalizado - mesmo com o questionário revelando

alguns dados quantitativos.

No entanto, as agências alvos da aplicação do questionário foram definidas

considerando a necessidade de buscar uma amostragem heterogênea, evitando focar

agências situadas em bairros/regiões com o mesmo perfil sócio-econômico e cultural. Esse

critério visou o alcance de agencias situadas em regiões de classe media e baixa, com

predominâncias comerciais, residenciais, turísticas, de entretenimento e lazer.

Não podemos afirmar a priori uma correlação onde uma agência bancária situada

em um bairro com um determinado nível sócio-econômico vai apresentar,

predominantemente, uma carteira de clientes, também, de igual nível sócio-econômico ao

bairro onde se situa.

Como critério de aplicação do questionário foi considerado, como requisito, a

atuação dos funcionários na linha de atendimento a clientes (exceto atendimento no

caixa). Foi feito um pré-teste durante a aplicação que consistiu em analisar as 07 (sete)

primeiras amostras respondidas, antes de seguir adiante com a aplicação em massa. O

instrumento de aplicação teve como objetivo colher informações quanto ao perfil pessoal,

comportamental, interpessoal, profissional, além de questões envolvendo eventos em

relações interpessoais.

3.2 Procedimentos para coleta de dados

Antes de cada aplicação, era solicitada permissão ao Gerente de Administração de

cada agência bancária. Uma vez liberada a permissão, o pesquisador ia de encontro aos

funcionários, priorizando a disponibilidade que cada um apresentava.

Page 37: Atendimento ao Público

37

Os funcionários respondiam ao questionário perante a presença do pesquisador, o

qual se colocava a disposição em situações de dúvida – embora o questionário sendo

didaticamente auto-explicativo. Os funcionários entrevistados apenas sabiam se tratar de

uma coleta de dados para pesquisa acadêmica ligada a vertente de atendimento a clientes.

3.3 Procedimentos para análise dos dados

As Questões 01, 03, 05, 06, 07, 08, 11 letra “a” e 11 letra “b” foram categorizadas

e descritas segundo a freqüência de resposta.

Para a Questão 02, foi dado peso (de 1 a 3 pontos) a cada extremidade graduada na

escala, conforme ilustração abaixo:

3 p

on

tos

2 p

on

tos

1 p

on

to

1 p

on

to

2 p

on

tos

3 p

on

tos

Impulsivo o-----o-----o-----o-----x-----o Controlado

No exemplo acima, o entrevistado assinalou com o “x” na área correspondente a

opção “Controlado” (visualizada em cor laranja na escala acima), com intensidade 2, logo,

serão somados 02 (dois) pontos à opção “Controlado” na tabulação dessa qualidade. Esses

pontos serão somados, conforme ocorrências, a cada qualidade devida, formando uma

categorização de freqüência segundo a quantidade numérica de pontos somados.

Page 38: Atendimento ao Público

38

Para a Questão 01, no que se refere às descrições, especificamente tratando-se no

tópico “Grau de Instrução”, serão registradas na tabulação apenas as maiores ocorrências

sobre o(s) curso(s) e modalidade(s) descritas pelos pesquisados.

Para a Questão 03 e Questão 04, no que se refere às descrições, serão registradas

na tabulação apenas a média aritmética referente ao tempo médio de atuação dos

funcionários na linha de atendimento a clientes.

Para a Questão 05, no que se refere às descrições, serão registradas na tabulação

apenas as maiores ocorrências dos setores descritos pelos entrevistados.

Para a Questão 09 e Questão 10, foi atribuído peso a cada proposição. Usando-se

uma marcação enumerativa, essas pontuações foram somadas a fim de categorizar a

ocorrência das proposições em ordem de prioridade - conforme pontos somados.

Na escala enumerativa cada proposição deve ser pontuada ordinalmente (de 1 a 4

pontos) conforme ordem crescente de prioridade, no entanto todas as proposições são

citadas, todas são ocorrentes, apenas variam quanto a intensidade, construindo-se por

conseguinte uma ordem de prioridade de importância dada a cada uma proposição.

Abaixo, segue a escala de pontos atribuídos à enumeração dada a cada proposição

na Questão 09 e na Questão 10:

a) Questão 09: Proposição enumerada com prioridade “1”: recebe 4 pontos Proposição enumerada com prioridade “2”: recebe 3 pontos Proposição enumerada com prioridade “3”: recebe 2 pontos Proposição enumerada com prioridade “4”: recebe 1 ponto

Page 39: Atendimento ao Público

39

b) Questão 10: Proposição enumerada com prioridade “1”: recebe 5 pontos Proposição enumerada com prioridade “2”: recebe 4 pontos Proposição enumerada com prioridade “3”: recebe 3 pontos Proposição enumerada com prioridade “4”: recebe 2 pontos Proposição enumerada com prioridade “5”: recebe 1 ponto

3.4 Parâmetros de avaliação do questionário

O questionário foi desenvolvido com o intuito de direcionar os entrevistados às

respostas mais fidedignas possíveis. Para tanto, foi confeccionado um questionário

baseado com indagações e eventos indiretos, cujas proposições, disponíveis em

determinadas questões, foram previamente interpretadas - conforme lógica da

fundamentação teórica sustentada pelos autores que as asseguram. Esse raciocínio se

aplica às questões 08, 09, 10, 11a e 11b. Abaixo segue explicação sobre a interpretação

dessas questões:

a) Questão 08

Essa questão permite traçar qual o perfil profissional das pessoas que trabalham no

atendimento. Os verbos disponíveis nela formam 4 (quatro) blocos, onde cada um se

caracteriza com um tipo de perfil, conforme abaixo indicado:

Page 40: Atendimento ao Público

40

b) Questão 09

Nessa questão apresentam-se quatro proposições atribuídas como facilitadoras para

o envolvimento interpessoal. A proposição 01 e a proposição 03 asseguram que a

assimilação das habilidades interpessoais está vinculada com a percepção e a convivência

com as pessoas.

A Proposição 02 aponta para um caráter endógeno, ou seja, o indivíduo já nasce

com a capacidade de se relacionar nas situações interpessoais.

Já a Proposição 04 sustenta que o treinamento pode disponibilizar técnicas para

melhor lidar com as pessoas.

No entanto, as Proposições 02 e 04 invalidam que as habilidades interpessoais

podem ser desenvolvidas durante a atuação in locu. Enquanto que as Proposições 01 e 03,

caso ocorrentes em primeiro plano, permitem concluir que a habilidade interpessoal pode

ser aprimorada com o tempo de atuação e convivência dos problemas interpessoais in

locu.

Gestores Facilitadores e Colaboradores Metódicos Postergadores

Aconselhar Ajudar Analisar Desistir Coordenar Concordar Criticar Distrair (-me)

Dirigir Consentir Desaprovar Fazer Concessões Iniciar Contribuir Julgar Retrair (-me) Liderar Prestar Favores Resistir Ser evasivo

Tabela 02 – Blocos de perfis profissionais e suas ações características

Page 41: Atendimento ao Público

41

c) Questão 10

Essa questão vai esclarecer quanto a importância que é dada a situações que

envolvem o conhecimento técnico (objeto) e ao conhecimento interpessoal (processo), ou

seja, se o que mais atrapalha o funcionário no atendimento são situações que envolvam o

domínio do objeto ou do processo – além de outros fatores. A opção 04 e 05 apontam para

a prioridade ao conhecimento técnico. A opção 02 e 03, envolvem o conhecimento

interpessoal. A opção 01 aponta para subjetividade comercial entre as partes (“outros

fatores”).

d) Questão 11a

Nessa questão encontraremos duas proposições, onde:

A Proposição 01 envolve uma situação onde o funcionário é ofendido por um

cliente. No contexto dessa proposição não fica evidente a razão pela qual o suposto

funcionário foi ofendido, apenas percebe-se que o funcionário ficou abalado e, em

decorrência dessa vulnerabilidade emocional, não teve mais estrutura para oferecer o

seguro ao cliente. Então o abalo emocional contribui para barrar a ação de ofertar um

produto/serviço por parte do funcionário, ou seja, ele ficou passivo a agressividade do seu

interlocutor (cliente). Logo, a problemática foi oriunda de um problema envolvendo falta

de habilidade interpessoal, onde o funcionário não deveria deixar-se abalar pela grosseria

emitida pelo cliente.

A Proposição 02 envolve uma situação onde o funcionário é chamado à atenção

por não ter conhecimento técnico suficiente. Nesse contexto já existe uma causa, ou seja, a

ofensa (“ser chamado à atenção”) foi derivada da falta de informação do funcionário –

onde se o mesmo soubesse responder ao questionamento do cliente provavelmente não

Page 42: Atendimento ao Público

42

seria advertido. Então percebe-se que o problema não foi oriundo da falta de habilidade

interpessoal, mas sim pela ausência parcial do conhecimento técnico.

Então a Proposição 01 prioriza importância às disfunções causadas pelas relações

interpessoais. Enquanto que a Proposição 02 prioriza a importância para conseqüências

causadas pela ausência do conhecimento técnico. Apesar de ambas as alternativas

apontarem para desapontamentos na relação de trabalho, aqueles que optarem pela

Proposição 01 confirmam que o abalo emocional interfere no seu desempenho

profissional. Como nosso foco é justamente identificar a ocorrência das habilidades

interpessoais, aqueles que optarem por essa proposição serão entendidos como incapazes

de gerir sua emoção – sendo, conseqüentemente, negativados quanto a vertente da

inteligência emocional.

e) Questão 11b

Nessa questão encontramos um evento, onde é disponibilizado 03 (três) opções de

reação para com o acontecido. Apesar de todas as ações apontarem para formas

alternativas de solucionar o problema, é necessário salientar que a situação pede a solução

IMEDIATA, e ainda, conforme o contexto, fica evidente que o cliente está envolvido pela

emoção, descontrolado e insatisfeito.

Conforme Weisinger (1997) se posiciona, o profissional percebendo o

desequilíbrio emocional do cliente, deve tentar, em primeiro plano, gerir a emoção do seu

interlocutor, tentando amenizar a agressividade desencadeada pelo mesmo - o que só

poderia ser alcançado através da Proposição 01. Weisinger (1997) explica essa

circunstância:

Page 43: Atendimento ao Público

43

Acalmar significa reduzir a excitação emocional da pessoa. (...) ela (presume-se) desconhece a reação de relaxamento, você tentará fazer com que fique menos agitada, pois até que isso aconteça será impossível haver pensamentos racionais ou qualquer tipo de conversa sensata. Uma vez que ela se mostre mais calma, você vai ajudar a redirecionar a conversa, para baixar ainda mais o nível de excitação. (WEISINGER, 1997, p.190)

A Proposição 02 seria uma manobra ideal para ser usada, caso a ação da

Proposição 01 já tivesse sido executada – e não como a ação imediata. Pois somente com

o esgotamento da emoção poder-se-ia questionar sobre a razão.

Já a Proposição 03 é totalmente improcedente para a reação imediata. Interromper

um cliente descontrolado pode induzi-lo a reativar ainda mais seu descontrole emocional.

No entanto, consideramos que aqueles que optarem pela Proposição 02, na

Questão 11a; e pela Proposição 01 na Questão 11b, apresentam melhor condição de

raciocínio quanto ao controle emocional, “conseguem manter sua perspectiva emocional

assim como evitar o contágio emocional, portanto estarão em posição de ajudar uma

pessoa descontrolada a dominar-se.” (WEISINGER, 1997, p.190)

3.5 Operacionalização da tabulação

O primeiro passo da tabulação deu-se na formatação geral dos dados obtidos

através da aplicação dos questionários, levando em consideração a amostragem total de

entrevistados (49 entrevistados).

Dessa amostragem geral, selecionou-se uma sub-amostragem para uma segunda

observação e formatação de dados (o que equivaleu a 20,4% da amostragem geral). Essa

sub-amostragem compreende o conjunto daqueles funcionários que foram bem sucedidos

nos eventos que envolveram relações interpessoais (Questão 11a e Questão 11b). Essa

Page 44: Atendimento ao Público

44

manobra vai permitir analisar qual o perfil pessoal, comportamental e profissional

daqueles que foram bem sucedidos nessas questões, ou seja, nas relações interpessoais –

alvo de um dos objetivos da pesquisa.

Para a análise dos outros objetivos da pesquisa, necessitou-se apenas da

amostragem geral da tabulação dos questionários.

Page 45: Atendimento ao Público

45

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra estudada resultou em 51 entrevistados. Houve perdas de dois casos

(3,9%), ficando a amostra com um numero de 49 entrevistas.

4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

a) Os gráficos abaixo apresentam o resultado da tabulação dos questionários8

referente à AMOSTRAGEM GERAL dos entrevistados:

8 Consultar arcabouço do questionário aplicado, disponibilizado no apêndice (pág. 67).

19%

31%40%

10% 0%

18 a 25

26 a 35

36 a 45

46 a 55

mais de 55

65%

35%Masculino

Feminino

Gráfico 01 - Idade

Gráfico 02 - Sexo

Page 46: Atendimento ao Público

46

43%

4%38%

15% Nenhum

Um

Dois

Mais de dois

12%

33%41%

14%2º Grau completo

3º Grau incompleto

3º Grau completo

Pós Graduado (ndo)

44%

50%

6%Solteiro

Casado

Outros

Gráfico 03 – Estado civil

Gráfico 04 – Número de filhos

Gráfico 05 - Nível de escolaridade

Page 47: Atendimento ao Público

47

4,26%

10,64%

23,40%

46,81%

4,26% - 2,13%

8,51%

05

101520253035404550

Por

cent

agem

(%

)

1 mês

3 m

eses

6 m

eses

1 an

o

3 ano

s

5 ano

s

mai

s de 5

anos

Outro

s

Tempo

2% 4%

27%

51%

16%Ausente

Baixo

M oderado

Alto

M uito A lto

Gráfico 06 - Tempo para assimilar "macetes" e técnicas de "jogo de cintura" na linha de atendimento

Gráfico 07 - Nível de estresse percebido na linha de atendimento

Page 48: Atendimento ao Público

48

Legenda:

Opção 01 - A não aceitação, por parte do cliente, em relação a diretrizes e estabelecimentos impostos pelo Banco sobre seus produtos e serviços. Opção 02 - Lidar com a forma agressiva e indelicada por parte de alguns clientes.

Opção 03 - Não conhecer bem o cliente, antes de ofertar um produto/serviço ou começar alguma negociação.

Opção 04 - Não conhecer bem os produtos e serviços do Banco.

Opção 05 - Não estar atualizado com alguns processos que foram modificados recentemente pelo Banco

Legenda:

Opção 01 – A convivência no dia-a-dia com os problemas que ocorrem.

Opção 02 – A predisposição (o dom) que cada pessoa já apresenta para com o relacionamento humano.

Opção 03 - O esforço que o funcionário faz para perceber e descobrir, por si próprio, formas de gerir a emoção alheia. Opção 04 - Treinamento prévio na área de Relações Humanas, a fim de se aprender técnicas para lidar com pessoas.

27%

25%26%

22% Opção 01

Opção 02

Opção 03

Opção 04

Gráfico 08 - Aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal no que se refere a experiência com atendimento ao público

Gráfico 09 - Eventos que mais dificultam o trabalho no atendimento

16%

18%

20%25%

21% Opção 01

Opção 02

Opção 03

Opção 04

Opção 05

Page 49: Atendimento ao Público

49

Legenda:

Opção 01 - Perder a oportunidade de vender um seguro, porque ficou abalado com uma grosseria humilhante que o cliente te atribuiu no início do atendimento. Opção 02 - Ser chamado a atenção por um cliente, com uma frase do tipo: “Você trabalha no Banco e não sabe me responder isso?!”, por não ter sabido informar e/ou ter esquecido sobre um determinado procedimento.

Legenda:

Opção 01 - Espero o cliente esgotar toda a sua agressividade, tentando somente depois amenizar a situação questionando-o e esclarecendo-o com empatia sobre o problema. Opção 02 - Interrompo-lhe imediatamente, a fim de evitar que seu escândalo chame a atenção dos outros clientes e desencadeie desequilíbrio emocional em mim também, passando posteriormente a questioná-lo mais sobre detalhes do ocorrido. Opção 03 - Tento argumentar com o cliente, pedindo gentilmente ao mesmo para aguardar o processo de análise do Banco, a fim de emitir um posicionamento mais seguro e preciso por parte da agência.

29%

71%

Opção 01

Opção 02

41%

10%

49%Opção 01

Opção 02

Opção 03

Gráfico 10 - Situação que mais desaponta, conforme o dilema colocado

Gráfico 11 - Reações desencadeadas pelo funcionário,perante o cliente em desequilíbrio emocional

Page 50: Atendimento ao Público

50

No que se refere a experiência com atendimento ao público em outras empresas:

• 52,17% responderam que já trabalharam com atendimento ao público em

outra(s) empresa(s);

• Enquanto 47,83% responderam que nunca tiveram experiência com

atendimento ao público em outra(s) empresa(s).

Quanto a atuação em outros departamentos do Banco do Brasil, além da linha de

atendimento:

• 66 % afirmaram já terem trabalhado em outros setores do Banco;

• Enquanto que 34% deles sempre atuaram na linha de atendimento ao

público.

A média aritmética referente ao tempo de atuação dos funcionários na linha de

atendimento ao público deu-se numa margem de 65 meses, ou seja, algo equivalente a 5

anos e cinco meses (quase cinco anos e meio).

As 03 (três) ações que os funcionários do Banco do Brasil mais desenvolvem na

linha de atendimento, em ordem de prioridade, foram: “contribuir”; “analisar” e “ajudar”.

Quanto ao jeito de ser de cada funcionário, eles se julgaram como sendo (nessa

ordem de prioridade): atenciosos, pacientes, calmos, flexíveis e estáveis.

E quanto a formação acadêmica prevaleceu a área de humanas (88%), como sendo

a mais ocorrente entre os entrevistados da amostragem geral.

Page 51: Atendimento ao Público

51

b) Os gráficos abaixo apresentam o resultado da tabulação dos questionários9

referente à SUB-AMOSTRAGEM10 dos entrevistados (o equivalente a

20,4% da amostragem geral):

9 Consultar o questionário aplicado, disponibilizado no apêndice (pág. 67), a fim de tomar conhecimento do corpo do mesmo. 10 Vide explicação para “sub-amostragem” no tópico: Operacionalização da tabulação (pág. 43)

80%

20%

Masculino

Feminino

Gráfico 12 – Idade (2)

10%

20%

60%

10% 0%

18 a 25

26 a 35

36 a 45

46 a 55

mais de 55

Gráfico 13 – Sexo (2)

Page 52: Atendimento ao Público

52

30%

50%

20%Solteiro

Casado

Outros

30%

0%

40%

30% Nenhum

Um

Dois

Mais de dois

10%

70%

10%10% 2º Grau completo

3º Grau incompleto

3º Grau completo

Pós Graduado (ndo)

Gráfico 14 – Estado Civil (2)

Gráfico 15 – Números de filhos (2)

Gráfico 16 – Nível de escolaridade (2)

Page 53: Atendimento ao Público

53

- -

50% 50%

- - - -0

10

20

30

40

50

Por

cent

agem

(%)

1 mês

3 mese

s

6 mese

s

1 an

o

3 an

os

5 an

os

mais d

e 5 ano

s

Outro

s

Tempo

0% 10%

40%30%

20%Ausente

Baixo

M oderado

Alto

M uito A lto

Gráfico 17 - Tempo para assimilar "macetes" e técnicas de "jogo de cintura" na linha de atendimento (2)

Gráfico 18 - Nível de estresse percebido na linha de atendimento (2)

Page 54: Atendimento ao Público

54

Legenda:

Opção 01 - A convivência no dia-a-dia com os problemas que ocorrem.

Opção 02 - A predisposição (o dom) que cada pessoa já apresenta para com o relacionamento humano. Opção 03 - O esforço que o funcionário faz para perceber e descobrir, por si próprio, formas de gerir a emoção alheia. Opção 04 - Treinamento prévio na área de Relações Humanas, a fim de se aprender técnicas para lidar com pessoas.

Legenda:

Opção 01 - A não aceitação, por parte do cliente, em relação a diretrizes e estabelecimentos impostos pelo Banco sobre seus produtos e serviços. Opção 02 - Lidar com a forma agressiva e indelicada por parte de alguns clientes.

Opção 03 - Não conhecer bem o cliente, antes de ofertar um produto/serviço ou começar alguma negociação.

Opção 04 - Não conhecer bem os produtos e serviços do Banco.

Opção 05 - Não estar atualizado com alguns processos que foram modificados recentemente pelo Banco.

26%

30%19%

25% Opção 01

Opção 02

Opção 03

Opção 04

Gráfico 19 - Aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal no que se refere a experiência com atendimento ao público (2)

Gráfico 20 - Eventos que mais dificultam o trabalho no atendimento (2)

18%

15%

17%26%

24% Opção 01

Opção 02

Opção 03

Opção 04

Opção 05

Page 55: Atendimento ao Público

55

No que se refere a experiência com atendimento ao público em outras empresas:

• 30% responderam que já trabalharam com atendimento ao público em

outra(s) empresa(s);

• Enquanto 70% responderam que nunca tiveram experiência com

atendimento ao público em outra(s) empresa(s).

Quanto a atuação em outros departamentos do Banco do Brasil, além da linha de

atendimento:

• 70 % afirmaram já terem trabalhado em outros setores do Banco;

• Enquanto que 30% deles sempre atuaram na linha de atendimento ao

público.

A média aritmética referente ao tempo de atuação dos funcionários na linha de

atendimento ao público deu-se numa margem de aproximadamente 63 meses, ou seja,

algo equivalente a 5 anos e três meses.

As 03 (três) ações que os funcionários, enquadrados como bem sucedidos nas

relações interpessoais do Banco do Brasil (grupo da sub-amostragem), mais desenvolvem

na linha de atendimento, nessa ordem de prioridade, foram: “contribuir”; “ajudar” e

“coordenar”.

Quanto a área referente a formação acadêmica desses entrevistados, prevaleceu a

área de humanas (100%) com unanimidade, prevalecendo o curso de Administração e

afins, seguido do curso de Direito.

Page 56: Atendimento ao Público

56

4.2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

a) Amostragem Geral dos dados:

Considerando a tabulação geral dos dados, encontramos uma população

predominantemente masculina (65%), a maioria jovem-adulta (71%), apresentando

relações conjugais (50%), com mais da metade possuindo filho(s) (57%), e apontando

para um índice de escolaridade alto, com prevalência do nível superior completo (41%).

Dessa população, 66% dos entrevistados, sinalizaram já terem trabalhado em

outros setores do Banco, além da linha de atendimento. Percebe-se então que a grande

maioria dos funcionários tem conhecimentos de outras dimensões dos processos

bancários, o que pode favorecer a ampliação do conhecimento técnico – uma vez que

estariam inseridos em aprendizados, técnicas, visões e processos diferentes.

O tempo médio aritmético de atuação na linha de atendimento, verificado a cada

funcionário, ficou em uma média de 5 anos e cinco meses. Consideramos esse tempo

como um período suficiente para considerar os entrevistados como dotados de autonomia

operacional na linha de atendimento, uma vez que a média aritmética do tempo citado pela

mesma população indicou para 1 ano (47% dos entrevistados) como sendo um período

suficiente para assimilar os “macetes” na linha de atendimento.

Dessa mesma população 52% citaram já ter tido experiência com atendimento ao

público em outra empresa, ou seja, mais da metade dos entrevistados que atuam no

atendimento do Banco do Brasil já apresentavam alguma experiência anterior como

atendentes.

Page 57: Atendimento ao Público

57

Sobre os aspectos que poderiam facilitar o envolvimento interpessoal na linha de

atendimento, conforme questionado no questionário (Questão 09), foi dado uma vertente

de 04 proposições. Cada proposição apontava para aspectos diferenciados, cujas

implicações seguem abaixo relacionadas:

*Questão 09*

Aspecto Implicação

Proposição 01 A convivência no dia-a-dia

Necessidade de convivência com os problemas. A experiência continua in locu permite a assimilação espontânea dos problemas.

Proposição 02 O dom O individuo já nasce com a capacidade interpessoal. É um fator endógeno.

Proposição 03 Esforço pessoal É uma questão retroativa. Exige do individuo uma tentativa de resposta para um determinado evento acontecido.

Proposição 04 Treinamento em RH Exige aprendizado de técnicas, fora do campo de atuação, para lidar com as instabilidades.

Observou-se que os entrevistados identificaram os aspectos de “convivência no

dia-a-dia” (27%), seguida pelo aspecto “esforço pessoal” (26%), como sendo os mais

relevantes facilitadores no envolvimento interpessoal. Por conseguinte veio as opções

“dom” (25%) e “treinamento em RH” (22%), como aspectos secundários. Observa-se

então que as duas primeiras ocorrências “convivência no dia-a-dia” e “esforço pessoal”,

ambas apontam para situações onde envolve a necessidade de se estar em contato direto

com os clientes (o que não necessariamente é imprescindível nas duas outras opções: “o

dom” e “treinamento em RH”), ou seja, em ambos os aspectos primordiais o indivíduo

precisa estar atuando in locu para desenvolver e/ou tomar conhecimento das ações.

Outro questionamento é quanto a heterogeneidade dos valores percentuais nos

resultados dessas proposições. As três primeiras proposições (proposição 01, 02 e 03),

referente a Questão 09 do questionário, apresentaram-se com apenas um ponto percentual

de diferença entre elas (27%, 25% e 26%respectivamente). Mas se faz necessário salientar

Tabela 03 - Aspectos facilitadores para o envolvimento interpessoal no atendimento

Page 58: Atendimento ao Público

58

que essa questão não foi do tipo múltipla escolha (escolha de apenas uma alternativa

dentre várias). Preferimos optar pela escala enumerativa de pontuação, pois já sabia-se

que todas as proposições disponibilizadas no quesito eram relevantes – necessitávamos

apenas conhecer em qual ordem de importância.

A margem de diferença significante (muito próxima) na porcentagem de

ocorrência das proposições, na Questão 09, a qual questiona sobre os aspectos que mais

facilitam o envolvimento interpessoal no atendimento, também pode estar correlacionada

com o fato de todas as proposições terem se apresentado com muita sensibilidade para o

entrevistado, justificando a coerência dos aspectos dados (proposições) com o

envolvimento interpessoal no atendimento.

Já quanto a ordem dos eventos que mais dificultam o trabalho no atendimento

(Questão 10), encontramos que os fatores mais ocorrentes estão correlacionados com o

objeto. Isso fica evidente ao analisarmos o teor das proposições:

*Questão 10* Ocorrência

percentual Evento Relação

Proposição 01 16% A não aceitação de diretrizes e estabelecimentos impostos pelo Banco por parte de alguns clientes.

Objeto

Proposição 02 18% Lidar com a forma agressiva e indelicada por parte de alguns clientes.

Processo

Proposição 03 20% Não conhecer bem o cliente, antes de ofertar um produto/serviço ou começar alguma negociação.

Processo

Proposição 04 25% Não conhecer bem os produtos/serviços do Banco. Objeto

Proposição 05 21% Não estar atualizado com alguns processos que foram modificados recentemente pelo Banco.

Objeto

Significa entender que as dificuldades evidentes na linha de atendimento são

desencadeadas muito mais pela possibilidade de insuficiência do conhecimento técnico

(objeto) do que pela possibilidade de ausência da habilidade interpessoal (processo). O

fato de justamente ambos os eventos direcionados ao objeto terem ocorrido em primeira

instância, enfatiza essa tendência quanto ao objeto – ficando, então, o conhecimento do

objeto como o mais relevante para facilitar o trabalho na linha de atendimento.

Tabela 04 - Eventos que dificultam o trabalho no atendimento

Page 59: Atendimento ao Público

59

É mister relembrar que a maioria dos entrevistados julgou a linha de atendimento a

clientes com um índice alto de estresse (51%). Nesses termos, subentender que o

desconhecimento do objeto pode se tornar um dos responsáveis, mesmo que

indiretamente, pelo clima organizacional desfavorável no setor de atendimento, seria algo

a ponderar, ou seja, a não transparência do conhecimento técnico demonstrado pelo

funcionário, poderia se tornar um evento de reprovação por parte do cliente – podendo vir

a desarmonizar as relações interpessoais.

Quanto a Questão 11, letra “a” e letra “b”, apenas 18,4% dos entrevistados tiveram

êxito quanto a capacidade de controle e gestão da emoção (inteligência emocional) – eles

assinalaram a alternativa exata, conveniente a cada caso colocado11. Essa população foi

bem sucedida em ambas as situações colocadas na Questão 11.

Outro resultado importante a ser destacado foi o fato de ter formado uma

população de 41,8% onde todos optaram pela proposição 02 (Questão 11a), e pela

proposição 03 (Questão 11b) - tratou-se da maior população quanto a combinação de

respostas envolvendo as Questões 11a e 11b. Essas duas proposições refletem justamente

o perfil de pessoas que estão mais antenadas para o conhecimento técnico e para os fatos

racionais – em detrimento a esfera dos eventos emotivos. Essa mesma população, apesar

de não fazer parte do grupo daqueles que foram bem sucedidos nos eventos que

envolveram relações interpessoais (trata-se da sub-amostragem), apresentar-se-iam como

bem sucedidos em partes nas questões interpessoais – pois acertaram a Questão 11a

(optaram pela proposição 02), porém erraram na Questão 11b (optaram pela proposição

03).

Outrossim essa mesma população de 41,8%, considerada como a mais antenada

para o conhecimento técnico e para os fatos racionais, é uma ocorrência que serve para

11 Consulte o tópico: Parâmetros de avaliação do questionário (pág.39), para melhor compreensão.

Page 60: Atendimento ao Público

60

sustentar os eventos ocorridos na Questão 10 (sobre os eventos que dificultam o trabalho

no atendimento). Na Questão 10, prevaleceu as ocorrências referentes a ausência do

conhecimento do objeto (46% no total) como os fatores que mais podem dificultar o

trabalho no atendimento.

Então, constatou-se uma população que apresentou um perfil técnico-racional

(41,8%), e outra população que indicou para a ausência do objeto como evento que pode

dificultar o trabalho no atendimento (25% + 21% = 46%)12 – assegurando a importância

dada pelos entrevistados ao conhecimento técnico (objeto).

b) Sub-Amostragem dos dados

Observou-se que não houve a formação de um perfil pessoal significante por parte

dessa amostragem em relação a Amostragem Geral. Percebemos apenas: o aumento da

população adulta; o mantimento da porcentagem do estado civil dos casados; e a

percepção da diminuição do nível de estresse, conforme indicamos na tabela:

Comparação entre a Amostra Geral e a Sub-Amostragem Amostra Geral Sub-Amostragem

Idade prevalecente 40% com 36-45 anos Idade prevalecente 60% com 36-45 anos Estado civil 50% são casados Estado civil 50% são casados Nível de estresse 51% consideram alto Nível de estresse 30% consideram alto

A media aritmética de atuação na linha de atendimento praticamente se manteve

para ambas as amostragens.

12 Consultar Tabela 04 (pág. 58) para verificar a análise.

Tabela 05 - Comparação entre a Amostra Geral e a Sub-Amostragem

Page 61: Atendimento ao Público

61

No que se refere às ações mais executadas por ambas as populações, as ações

“contribuir” e “ajudar” apontaram para ações comuns entre ambas as amostras. O

diferencial foi que a população geral apontou um caráter mais analista, enquanto a

população da sub-amostragem, um caráter mais coordenador.

Os fatores que mais dificultam o trabalho no atendimento praticamente seguiram o

mesmo raciocínio da amostragem geral, quando prevaleceu a indicação do

desconhecimento dos fatores ligados ao objeto como os que mais dificultam o trabalho

(Gráfico 20).

Sobre os aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal, houve divergência

geral de opiniões em relação à amostragem geral, conforme pode ser visualizado na

comparação do Gráfico 19 com o Gráfico 08. A população da sub-amostragem apontou o

fator “dom” como o que mais facilita o envolvimento interpessoal. Não esqueçamos que

essa mesma população tratou-se do grupo que foi bem sucedido nas questões que

envolveram relacionamento interpessoal. Acreditamos que pelo fato desse grupo já ter

assimilado a habilidade interpessoal em um bom nível, julgam-na como uma habilidade

que flui. Como já flui, não precisa mais ser assimilada, não há mais esforço para adquiri-

la, acham, então, que já “possuem o dom”, ao invés de dizerem que possuem competência

interpessoal. Pois o dom não se aprende nem se assimila, é inerente a cada ser humano.

Devida a pouca disparidade entre os perfis de cada amostra (Amostragem Geral e

Sub-Amostragem), não ficou evidente a percepção de um estereótipo (perfil) àqueles que

foram bem sucedidos nos eventos interpessoais.

Page 62: Atendimento ao Público

62

5 CONCLUSÃO

O remate dessa pesquisa permitiu conhecer várias vertentes que envolvem a

dinâmica da habilidade interpessoal com a linha de atendimento do Banco do Brasil,

principalmente quando colocado o conhecimento técnico também em questão.

O grau de eficiência referente a habilidade interpessoal e a gestão emocional

apresentou um nível relativamente baixo, mesmo com a maioria da população estudada

apresentando formação profissional na área de humanas (88%).

Não foi encontrado um perfil profissional e comportamental para aqueles

funcionários que obtiveram êxito nas relações interpessoais, os dados apenas indicaram

uma maturidade na experiência de vida, justificada pelo aumento da média da idade dessa

população e pela ocorrência de laços conjugais e familiares em maior intensidade.

Ficou evidente que a assimilação da habilidade interpessoal tem realmente uma

correlação com a convivência in locu, onde realmente se faz necessário haver a

convivência direta com os clientes, dando oportunidade à apuração da percepção dos

acontecimentos, fatos e eventos reais, para a assimilação da realidade. Apenas o tempo de

atuação necessário do traquejo interpessoal na linha de atendimento para se consolidar a

competência interpessoal, direcionaremos como indeterminado. Apesar da contribuição

dos estudos da enquête indicarem esse período para uma margem entre 06 (seis) a 12

(doze) meses, devemos interpretar esse resultado com moderação. Partimos do princípio

onde a dimensão da complexidade de uma linha de atendimento é muito ampla, trata-se de

vivencias que envolve as relações humanas, a qual não pode ser facilmente quantificada

com números.

Page 63: Atendimento ao Público

63

Os funcionários da linha de atendimento do Banco do Brasil apresentaram um

fascínio pelo conhecimento técnico, uma espécie de glorificação desse tipo de

conhecimento. O interesse deles ficou muito mais voltado a necessidade extrema de

suprir o conhecimento operacional, as funcionalidades dos produtos e serviços, suprir a

necessidade do objeto, enfim.

Acreditam que, sendo eles preenchido pelo conhecimento técnico, se sentirão mais

seguros nas suas relações no atendimento. Mas será que a presença da capacidade técnica-

profissional, somente, resolveria o problema do alto nível de estresse detectado no

ambiente de trabalho deles?

Cabe fazer uma análise mais profunda sobre o que desencadeia esse estresse –

verificar se ele está vinculado a dificuldade na convivência com as relações interpessoais,

a alta carga de trabalho a realizar, ou a capacitação técnica insuficiente. O autor, na sua

condição de observador participante, atribuiu que o desequilíbrio emocional fosse

desencadeado devido a ocorrência de problemas nas relações interpessoais – o que não

ficou evidente nessa pesquisa.

A importância da assimilação das habilidades interpessoais, nesse caso, ficou em

segundo plano. Tanto que o desconhecimento sobre o cliente, assim como a instabilidade

emocional possível de ser desencadeada por ele, não foram considerados como os

principais eventos que podem prejudicar o trabalho na linha de atendimento.

Percebemos realmente que existe a necessidade da apreensão das duas

competências, a técnica e a interpessoal, conforme Moscovici (1985) assegura. Nesses

termos, o raciocínio mais adequado seria sinalizar que no atendimento do Banco do Brasil

a competência técnica seria mais relevante do que a interpessoal. Essa probabilidade

difere dos ideais de Aktouf (1997), o qual aponta a necessidade da chamada à

sensibilidade aos aspectos humanos, à abertura de espírito, ao desvio da norma, à vivência

Page 64: Atendimento ao Público

64

desde o interior das situações, como essenciais para a melhor compreensão dos fatos e

apuramento da criatividade e ideais de mudança – em detrimento a exacerbação das

estratégias e técnicas profissionais (conhecimentos formais).

Outra evidência para a fuga ao conhecimento técnico pode estar vinculada a

questões puramente culturais e imperativas do banco. Analisemos a missão do Banco do

Brasil então:

Ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas de clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionários e a Empresa e contribuir para o desenvolvimento do país. (BANCO DO BRASIL, 2005)

Percebemos que uma das ênfases da sua missão aponta para a necessidade do

fortalecimento do compromisso entre os funcionários e a empresa, ao invés da ênfase nos

clientes. Possa ser que nesse compromisso existam fortes padrões culturais voltados ao

alcance de resultados operacionais (metas) – daí necessidade ampla do funcionário focar

nos conhecimentos técnicos. Ao cliente, apenas é feita uma pequena vinculação, onde

citasse o alcance do atendimento as expectativas – porém não fica claro o que seriam essas

“expectativas”.

Salientamos que varias análises ainda podem ser estudadas frente aos estudos aqui

verificados. Recomendamos, além da verificação de qual(is) fator(es) desencadeia(m)

estresse na linha de atendimento, analisar e estudar mais profundamente a cultura

organizacional do Banco do Brasil. Acreditamos que o poder institucional do Banco possa

causar alguma interferência na operacionalização da linha de atendimento das agências.

Page 65: Atendimento ao Público

65

REFERÊNCIAS

MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1985.

MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001

WALKER, Denis. O Cliente em primeiro lugar: o atendimento e a satisfação do cliente como uma arma poderosa de fidelidade e vendas. São Paulo: Makron Books, 1991.

MOORE, Dick. Funcionários felizes = clientes satisfeitos. Banas Qualidade. n. 95, p. 70-75, abr. 2000.

SCHONBERGER, Richard & KNOD, Edward. Serviço sincronizado. São Paulo: Pioneira, 1997.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 62 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

WEISINGER, Hendrie. Inteligência emocional no trabalho: como aplicar os conceitos revolucionários da I.E. (...). 11 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1997.

BORDENAVE, Juan E. D. Além dos meios e mensagens: introdução à comunicação como processo, tecnologia, sistema e ciência. Petrópolis: Vozes, 2002.

LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de serviços. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.

KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.

WESTWOOD, John. O Plano de marketing. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

Page 66: Atendimento ao Público

66

ODIORNE, George S. Administração por objetivos: um sistema de liderança administrativa para os nossos dias. Rio de Janeiro: Record, 1979.

CASTRO, Cláudio de Moura. O ensino de administração por um principiante. Revista de organização e sociedade. Publicado em set. 2001. (ensaio)

AKTOUF, Omar. Ensino de administração: por uma estratégia para a mudança. Montreal (Quebec), ago. 1997. Entrevista realizada por Luiz Alcione Albandes Moreira e Eduardo Paes Barreto Davel.

BANCO DO BRASIL. Serviços para o governo. Disponível em: <http://www.bb.com.br/appbb/portal/gov/ep/srv/fed/index.jsp> Acesso em: 12 jun. 2005.

______. Manual do gerente de relacionamento. [200?].

Page 67: Atendimento ao Público

67

APÊNDICE

Questionário referente a pesquisa de campo vinculada ao trabalho monográfico desenvolvido no curso de Administração do CEFET-BA

QUESTIONÁRIO

Questão 01. Preencha os dados abaixo: Idade: ( )18 a 25 ( )26 a 35 ( )36 a 45 ( )46 a 55 ( )mais de 55 Sexo: ( ) M ( )F Estado Civil: ( )Solteiro ( )Casado ( )Outros Nº de filhos: ( ) Nenhum ( ) Um ( ) Dois ( ) Mais de dois Grau de instrução: ( ) 2º Grau completo ( ) 3º Grau incompleto, cursando: ______________________________ ( ) 3º Grau completo, graduado em: ____________________________ ( ) Pós-graduado (ndo) em: __________________________________ Questão 02. Marque quanto ao seu jeito de ser na escala graduada13: Impulsivo o-----o-----o-----o-----o-----o Controlado Estável o-----o-----o-----o-----o-----o Instável Introvertido o-----o-----o-----o-----o-----o Extrovertido Nervoso o-----o-----o-----o-----o-----o Calmo Paciente o-----o-----o-----o-----o-----o Impaciente Atencioso o-----o-----o-----o-----o-----o Indiferente Convincente o-----o-----o-----o-----o-----o Sugestionável Inovador o-----o-----o-----o-----o-----o Conservador Rígido o-----o-----o-----o-----o-----o Flexível Falante o-----o-----o-----o-----o-----o Ouvinte Sorridente o-----o-----o-----o-----o-----o Sério Questão 03. Já trabalhou antes, ou trabalha, com atendimento ao público, em outra (s) empresa (s)? ( ) Não ( ) Sim Caso sim, quanto tempo atuou? ____________________________________________ Questão 04. Há quanto tempo atua/atuou na linha de atendimento a clientes no Banco? (não considerar atendimento no caixa) _______________________________________________________________________________________ Questão 05. Em quais outros departamentos do Banco já trabalhou, além da linha de atendimento a clientes? ( ) Não se aplica ( ) Trabalhei nos seguintes setores: ___________________________________________

13 FONTE: FELA MOSCOVICI, 1985, p.175-176. (adaptado)

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Questão 06. Quanto tempo de atuação, na linha de atendimento a clientes, você acha necessário para o funcionário assimilar os “macetes”, além das técnicas que envolvem “jogo de cintura”, as quais possibilitam otimizar e aumentar a eficiência no local de trabalho? ( ) 1 mês ( ) 3 meses ( ) 6 meses ( ) 1 ano ( ) 3 anos ( ) 5 anos ( ) mais de 5 anos ( ) Outros _____ Questão 07. Assinale o nível de estresse percebido por você no setor de atendimento a clientes: ( ) Ausente ( ) Baixo ( ) Moderado ( ) Alto ( ) Muito Alto Questão 08. Abaixo encontra-se uma lista de verbos que descrevem ações. Primeiro leia todos os verbos, depois pense no seu ambiente de trabalho e marque 06 (seis) verbos (no máximo) que melhor descrevem como você age no dia a dia14: ( ) Coordenar ( ) Aconselhar ( ) Desistir ( ) Prestar favores ( ) Ser evasivo ( ) Desaprovar ( ) Analisar ( ) Resistir ( ) Distrair-me ( ) Retrair-me ( ) Concordar ( ) Criticar ( ) Ajudar ( ) Dirigir ( ) Consentir ( ) Julgar ( ) Contribuir ( ) Liderar ( ) Fazer concessões ( ) Iniciar Questão 09. Leia as quatro proposições abaixo, depois enumere-as de 1 a 4, na ordem do mais importante para o de menor importância, segundo sua opinião, considerando os aspectos que facilitam o envolvimento interpessoal (capacidade de lidar e negociar com clientes) na linha de atendimento: 01 ( ) A convivência no dia-a-dia com os problemas que ocorrem. 02 ( ) A predisposição (o dom) que cada pessoa já apresenta para com o relacionamento humano. 03 ( ) O esforço que o funcionário faz para perceber e descobrir, por si próprio, formas de gerir a emoção alheia. 04 ( ) Treinamento prévio na área de Relações Humanas, a fim de se aprender técnicas para lidar com pessoas. Questão 10. Leia as cinco proposições abaixo, depois enumere-as de 1 a 5, na ordem do mais importante para o de menor importância, segundo sua opinião, considerando a ordem dos eventos que você acha que mais dificultam o trabalho no atendimento: 01 ( ) A não aceitação, por parte do cliente, em relação a diretrizes e estabelecimentos impostos pelo Banco sobre seus produtos/serviços. 02 ( ) Lidar com a forma agressiva e indelicada por parte de alguns clientes. 03 ( ) Não conhecer bem o cliente antes de ofertar um produto/serviço ou começar alguma negociação. 04 ( ) Não conhecer bem os produtos/serviços do Banco. 05 ( ) Não estar atualizado com alguns processos que foram modificados recentemente pelo Banco.

14 FONTE: FELA MOSCOVICI, 1985, p.189. (adaptado)

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Questão 11. Assinale apenas uma alternativa para as seguintes situações abaixo: a) Qual das duas situações abaixo poderia te deixar mais desapontado? 01 ( ) Perder a oportunidade de vender um seguro, porque ficou abalado com uma grosseria humilhante que o cliente te atribuiu no início do atendimento. 02 ( ) Ser chamado a atenção por um cliente, com uma frase do tipo: “Você trabalha no Banco e não sabe me responder isso?!”, por não ter sabido informar e/ou ter esquecido sobre um determinado procedimento. b) Um cliente reclama sobre uma contestação de débito na conta dele, em um determinado dia, no valor de R$ XX,00. Você averigua no sistema e realmente encontra o débito, conforme o questionado. Então você vira o monitor e mostra ao cliente – está evidente a ocorrência do débito, porém o cliente fica mais irritado ainda e perde o controle emocional, não aceitando o débito julgado e passando a reclamar furiosamente sem parar. Nesse contexto, sua reação IMEDIATA seria: 01 ( ) Espero o cliente esgotar toda a sua agressividade, tentando somente depois amenizar a situação questionando-o e esclarecendo-o com empatia sobre o problema. 02 ( ) Interrompo-lhe imediatamente, a fim de evitar que seu escândalo chame a atenção dos outros clientes e desencadeie desequilíbrio emocional em mim também, passando posteriormente a questioná-lo mais sobre detalhes do ocorrido. 03 ( ) Tento argumentar com o cliente, pedindo gentilmente ao mesmo para aguardar o processo de análise do Banco, a fim de emitir um posicionamento e parecer mais seguro e preciso por parte da agência.