Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANNA CLAUDIA DA ROCHA KLARMANN BOGONI ATENÇÃO DOMICILIAR À SAÚDE: PROPOSTA DE DIETA ENTERAL ARTESANAL COM ALIMENTOS DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS Itajaí 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ANNA CLAUDIA DA ROCHA KLARMANN BOGONI

ATENÇÃO DOMICILIAR À SAÚDE: PROPOSTA DE DIETA ENTERAL ARTESANAL

COM ALIMENTOS DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS

Itajaí

2012

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ANNA CLAUDIA DA ROCHA KLARMANN BOGONI

ATENÇÃO DOMICILIAR À SAÚDE: PROPOSTA DE DIETA ENTERAL ARTESANAL

COM ALIMENTOS DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho, Centro de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho. Orientadora: Profª. Drª. Luciane Peter Grillo

Itajaí

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

B634a

Bogoni, Anna Claudia da Rocha Klarmann, 1981 -

Atenção domiciliar a saúde: proposta de dieta enteral artesanal com

alimentos de propriedades funcionais / Anna Claudia da Rocha Klarmann

Bogoni. 20l2.

127f. il.; tab.; quad.; graf.

Apêndices

Anexos

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí. Centro de

Ciências da Saúde. Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho.

“Orientadora: Profª . Dra . Luciane Peter Grillo”

Bibliografia : p.80-91

1. Alimentação enteral. 2. Alimentos funcionais. 3. Nutrição e saúde

pública. 4. Dieta . I. Título.

CDU: 612.3

Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293

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À todos os usuários que utilizam a

nutrição enteral domiciliar,

aqueles que passaram pela minha vida

e aqueles que ainda hão de passar,

dedico!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre estar presente em minha vida, guiando os meus

passos e iluminando a minha trajetória.

Agradeço aos meus pais, pelo amor incondicional, por me darem a vida e não

pouparem esforços para a minha formação: de vida, de caráter e de profissão. Pai e

mãe, eu realmente não tenho palavras para agradecer, obrigada por me amarem

infinitamente!

Agradeço ao meu marido pela compreensão nos momentos (que foram

vários) em que estive ausente. Obrigada por sempre me apoiar, me valorizar e me

amar. Que bom ter você ao meu lado!

Agradeço aos pacientes que atendi, motivo de inspiração deste meu trabalho.

Independente da cor, classe social, sexo ou idade, saibam que vocês contribuíram e

muito para o meu crescimento e espero que a recíproca tenha sido a mesma!

Agradeço a minha orientadora profª. Dra. Luciane Grillo primeiramente por ter

me aceitado como sua orientanda e ter confiado em meu trabalho. Obrigada pela

sua atenção, dedicação e incentivo; norteando o caminho a trilhar para a minha

pesquisa. Sempre guardarei o exemplo de mestre que és!

Agradeço a profª. Dra. Tatiana Mezadri por ter sido também uma orientadora.

Obrigada pelo seu apoio no desenvolvimento dos testes laboratoriais e pelo

conhecimento transmitido; tornando-o imprescindível para a construção deste

estudo. Obrigada por “abraçar” este trabalho e também “tomá-lo” como seu!

Agradeço aos membros da banca de qualificação: profª. Dra. Elisete Próspero

e profª. Dra. Juliana Sandri por terem me impulsionado para um novo rumo em

minha pesquisa: o trabalho foi árduo, mas foi gratificante!

Agradeço a Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí, pela oportunidade de

realização desta pesquisa.

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Agradeço as nutricionistas da Secretaria Municipal de Saúde, Alessandra

Monestel e Letícia Arceno, pela atenção despendida no que se refere à coleta de

dados, fornecimento de documentos e informações importantes para o

desenvolvimento desta pesquisa. Obrigada pela atenção e disponibilização de seu

tempo de trabalho para me receber!

Agradeço a aluna do curso de nutrição, Ana Paula Libardo, por me auxiliar na

execução dos testes laboratoriais, sendo incansável! Obrigada por tantas vezes

deixar de cumprir os seus compromissos para estar me auxiliando!

Agradeço a auxiliar dos laboratórios do Centro de Ciências da Saúde, Alice

Portes, por me orientar quanto ao uso dos equipamentos e me apoiar nesta etapa da

minha pesquisa.

Agradeço ao setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do

Paraná, destacando a profª. Dra. Carolina Freire, pela contribuição ao teste de

osmolalidade.

Agradeço aos meus amigos, familiares e colegas pelo incentivo e por

entenderem a minha ausência nesta etapa tão importante da minha vida!

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“A verdadeira viagem de descobrimento

não consiste em procurar novas paisagens,

mas em ter novos olhos.”

Marcel Proust

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BOGONI, A. C. Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal

com alimentos de propriedades funcionais. Programa de Mestrado Profissional

em Saúde e Gestão do Trabalho. Centro de Ciências da Saúde. Universidade do

Vale do Itajaí. Itajaí, 2012.

Orientadora: Profª. Drª. Luciane Peter Grillo

RESUMO

O aumento da expectativa de vida e da prevalência de doenças crônicas não

transmissíveis e suas consequências tem elevado a procura por serviços de

assistência domiciliar. Dietas enterais não-industrializadas variam quanto à sua

composição, características nutricionais e custo, em função dos alimentos

empregados, dos procedimentos e técnicas adotadas. Objetivos: Identificar o perfil

dos usuários de dietas enterais, bem como, desenvolver e caracterizar uma dieta

enteral artesanal com alimentos considerados funcionais comparando com a dieta

enteral artesanal proposta pela Secretaria de Saúde de um município do sul do

Brasil e recomendada pelo Ministério da Saúde. Métodos: Dados sociodemográficos

e principais características de tratamento dos usuários deste serviço foram

identificados. Para o ensaio experimental, uma proporção de 30% de solutos foi

estabelecida e, considerando-se a distribuição dos macronutrientes (carboidratos,

proteínas e lipídeos) no total energético foi elaborada a dieta com a inclusão de

alimentos com propriedades funcionais segundo comprovações da literatura. Foram

realizadas análises físico-químicas (composição centesimal, densidade calórica,

osmolalidade, pH, umidade, cinzas e polifenóis totais), atividade antioxidante e

custos. Resultados: A maioria dos usuários foi do sexo feminino (58%), acima de 60

anos (66%), com predomínio das doenças do sistema nervoso (67%), da via de

acesso enteral (64%) e do consumo da dieta enteral artesanal padronizada (64%).

Comparando-se as duas dietas, verificou-se que a proposta deste estudo

apresentou adequada composição nutricional, destacando-se no índice de polifenóis

totais e potencial antioxidante (p<0,05), justificando a importância da sua utilização

pelos serviços de assistência domiciliar.

PALAVRAS-CHAVE: Nutrição enteral; alimento funcional; análise de alimentos.

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BOGONI, A. C. Home attentiveness to health: home enteral nutrition proposal

with functional properties of foods. Programa de Mestrado Profissional em Saúde

e Gestão do Trabalho. Centro de Ciências da Saúde. Universidade do Vale do Itajaí.

Itajaí, 2012.

Orientadora: Profª. Drª. Luciane Peter Grillo

ABSTRACT

The increase of life expectation and the prevalence of not transmissible chronic

diseases and their consequences have increased the search for home assistance

services. Non-industrialized enteral diets vary as for their composition, nutritional

characteristics and cost, according to the foods used, the procedures and the

techniques adopted. Aims: To identify the profile of enteral diet users, as well as

develop and characterize a home enteral diet with foods considered functional, in

comparison with a home enteral diet proposed by the Secretary of Health of a

municipality in the South of Brazil, and recommended by the Ministry of Health.

Methods: Sociodemographic data and main treatment characteristics of the users of

this service were identified. For the experimental trial, a proportion of 30% of solubles

was established, and considering the distribution of macronutrients (carbohydrates,

proteins and lipids) in the total energy. A diet was prepared including foods with

proven functional properties according to the literature. Physico-chemical analyses

were performed (centesimal composition, calorie density, osmolality, pH, humidity,

ash and total polyphenols),antioxidant activity and costs. Results: The majority of

users were of the female sex (58%), over the age of 60 years (66%), with

predominance of nervous system diseases (67%), via enteral access (64%) and

consumption of standardized home enteral diet (64%). When the two diets were

compared, it was found that the one proposed in this study presented adequate

nutritional composition, with emphasis on the index of total polyphenols and

antioxidant potential (p<0.05), justifying the importance of its use by the home

assistance services.

KEY WORDS: Enteral Nutrition, functional food, foods analysis.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………….. 11

1.1 JUSTIFICATIVA ……………………………………………………… 13

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ……………………………………….. 15

2 OBJETIVOS ………………………………………………………….. 16

2.1 OBJETIVO GERAL ………………………………………………….. 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ……………………………………….. 16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ……………………………………. 17

3.1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ........................................... 17

3.2 PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE .................................... 18

3.3 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E DEMOGRÁFICA ........................ 21

3.4 TECNOLOGIA EM SAÚDE .......................................................... 23

3.5 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ........................................................ 24

3.6 DIETAS ENTERAIS ...................................................................... 26

3.6.1 Categorização das dietas enterais ............................................ 28

3.6.1.1 Quanto à forma de preparo .......................................................... 28

3.6.1.1.1 Dietas caseiras ou artesanais ou preparações não-

industrializadas para nutrição enteral ...........................................

28

3.6.1.1.2 Dietas enterais industrializadas .................................................... 30

3.6.1.1.3 Quanto ao suprimento de energia ................................................ 31

3.6.1.1.4 Quanto à complexidade dos nutrientes ........................................ 31

3.6.1.1.5 Quanto à presença de algum elemento específico ...................... 31

3.7 ALIMENTOS FUNCIONAIS .......................................................... 32

3.7.1 Histórico e definição .................................................................. 32

3.7.2 Legislação ................................................................................... 33

3.7.3 Classes de compostos funcionais ............................................ 34

3.7.3.1 Alimentos sulfurados e nitrogenados ........................................... 34

3.7.3.2 Vitaminas antioxidantes ................................................................ 35

3.7.3.3 Compostos fenólicos .................................................................... 37

3.7.3.4 Ácidos graxos poli-insaturados ..................................................... 39

3.7.3.5 Fibras ............................................................................................ 41

3.7.3.6 O mel ............................................................................................ 42

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3.8 MÉTODOS DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA ................................ 43

4 METODOLOGIA .......................................................................... 45

4.1 ESTUDO POPULACIONAL .......................................................... 45

4.1.1 Tipo de estudo ............................................................................ 45

4.1.2 População e local de estudo ..................................................... 45

4.1.3 Coleta de dados .......................................................................... 46

4.1.4 Variáveis sociodemográficas .................................................... 46

4.1.5 Características de tratamento ................................................... 46

4.2 ENSAIO EXPERIMENTAL ........................................................... 47

4.2.1 Material ........................................................................................ 47

4.2.2 Estudo in vitro ............................................................................ 48

4.2.3 Formulação e cálculo do conteúdo nutricional das dietas .... 48

4.2.4 Preparo das amostras ................................................................ 48

4.2.5 Análise de custos das dietas .................................................... 52

4.2.6 Análises físico-químicas ............................................................ 52

4.2.6.1 Gotejamento e homogeneidade ................................................... 53

4.2.6.2 Osmolalidade ................................................................................ 53

4.2.6.3 ph ................................................................................................. 53

4.2.6.4 Atividade de água (Aw) ................................................................ 54

4.2.6.5 Resíduo por incineração – cinzas ................................................ 54

4.2.7 Análise de polifenóis totais e atividade antioxidante ............. 54

4.2.7.1 Determinação do Índice de Polifenóis Totais (IPT) ...................... 54

4.2.7.2 Atividade antioxidante – método DPPH (2,2-difenil-picrilhidrazil). 55

4.3 ASPECTOS ÉTICOS .................................................................... 56

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................. 56

4.5 ELABORAÇÃO DE MANUAL PARA TERAPIA ENTERAL

NUTRICIONAL DOMICILIAR .......................................................

56

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................... 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 79

REFERÊNCIAS ............................................................................ 80

APÊNDICE A ............................................................................... 92

APÊNDICE B ............................................................................... 123

ANEXO A ..................................................................................... 127

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento da renda, a industrialização e mecanização da produção,

urbanização, o maior acesso a alimentos em geral, incluindo os processados e a

globalização de hábitos não saudáveis produziram uma rápida transição nutricional e

demográfica no Brasil, gerando uma pirâmide etária com maior peso relativo para

adultos e idosos, expondo a população cada vez mais ao risco de doenças crônicas

não transmissíveis (DCNT) (SCHMIDT et al., 2011).

Concomitantemente com esta rápida transição nutricional e demográfica

observou-se um avanço na sociedade brasileira no que se refere às políticas de

saúde, como a garantia constitucional do direito à saúde, a formação do Sistema

Único de Saúde (SUS) e uma maior ênfase à atenção primária, contribuindo para o

aumento da expectativa de vida e redução das taxas de mortalidade (MENDES et

al., 2012).

Diversos países vêm discutindo estratégias para mudanças no estilo de vida

da sociedade, possibilitando um menor ônus das doenças crônicas não

transmissíveis (MACINKO; DOURADO; GUANAIS, 2011). Dentre as intervenções

para a redução das doenças crônicas não transmissíveis, sugere-se uma

abordagem integral à população para atingir os fatores de risco, incluindo políticas

públicas relacionadas aos enfrentamentos na prevenção primária, como: combate ao

tabaco, ao uso abusivo de bebida alcoólica e promoção da alimentação saudável

(BODENHEIMER; WAGNER; GRUMBACH, 2002).

Sendo assim, o Sistema Único de Saúde tem papel fundamental no controle

das doenças crônicas não transmissíveis, articulado também com outros setores e

atores. A atenção primária pode auxiliar no controle das DCNT por meio da

prevenção primária dos fatores de risco, da prevenção secundária de complicações

advindas de fatores de risco já existentes ou da prevenção terciária, através da

reabilitação (CAMINAL; MATUTANO, 2003).

A alteração nutricional e demográfica provocou um aumento na demanda do

serviço de assistência domiciliar. Este pode parecer novo no cenário da saúde

mundial, porém isto não é verdade visto que antigamente o médico de família

visitava os pacientes impossibilitados de ir ao consultório médico. Ainda, havia a

presença do enfermeiro ou farmacêutico que iam até a casa daqueles que

necessitavam de medicações injetáveis (TAVOLARI; FERNANDES; MEDINA, 2000).

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Entende-se por Assistência Domiciliar como “conjunto de atividades de

caráter ambulatorial, programadas e continuadas desenvolvidas em domicílio.”

(BRASIL, 2006a).

O serviço de assistência domiciliar tem como objetivo garantir a assistência

humanizada e integral, por meio da aproximação da equipe de saúde com a família;

promover educação em saúde aos familiares e cuidadores; reduzir os custos da

atenção, tanto para a família como para o Estado; diminuir o risco de infecção e

utilizar racionalmente os leitos hospitalares (MENDES; TCHAKMAKIAN, 2009).

Na rede pública as propostas de atenção domiciliar têm sido construídas

como experiências orientadas pela extensão de cobertura ou pela desospitalização

precoce. Ainda é limitado o debate e o investimento político na atenção domiciliar

como alternativa para os processos de trabalho e na forma de como produzir o

cuidado, caracterizando o caráter substitutivo das práticas em saúde (SILVA et al.,

2010).

Um dos componentes da assistência domiciliar corresponde à terapia de

nutrição enteral que nas últimas décadas, tem ganhado considerável atenção, pois

consiste em uma opção terapêutica amplamente utilizada na prática clínica,

apresentando como finalidade manter ou recuperar o estado nutricional de

indivíduos, por meio do fornecimento de nutrientes que possam ser administrados

com o auxílio de sondas. Diversas formulações enterais industrializadas estão

disponíveis no mercado para atender a população, todavia, verifica-se o seu elevado

custo, sendo inviável economicamente para pacientes que tenham que utilizar este

tipo de nutrição por longo período. Pacientes que necessitam de uma alimentação

via sonda enteral podem preparar uma receita de dieta enteral não-industrializada

com alimentos in natura, possibilitando adequação em termos de nutrientes e com

um custo mais adequado (MENEGASSI et al., 2007).

A nutrição enteral domiciliar, quando prescrita corretamente, traz benefícios

clínicos ao indivíduo, com redução do tempo de hospitalização e da incidência de

complicações, bem como uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes e na

assistência prestada, gerando maior disponibilidade de leitos hospitalares e menores

gastos com a saúde (ZABAN, 2009).

As dietas enterais artesanais, preparadas a partir de alimentos in natura,

possuem entre outras vantagens a possibilidade de inclusão de alimentos com

propriedades funcionais, presentes em alimentos naturais intactos e que também

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podem estimular o trânsito intestinal. Além disso, proporcionam uma sensação ao

paciente de “estar se alimentando”, uma vez que ele poderá acompanhar a

preparação das fórmulas e perceber que são elaboradas com alimentos.

A legislação brasileira não define alimento funcional. Define “alegação de

propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde e estabelece as

diretrizes para sua utilização” (STRINGHETA et al., 2007). O alimento ou ingrediente

que alega propriedades funcionais, e, ou de saúde pode, além das funções básicas,

quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos, ou, fisiológicos e, ou,

efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para o consumo sem a supervisão

médica (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1999).

Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos na tentativa de definir formulações

caseiras que possam ser empregadas com segurança nutricional e microbiológica

na prática clínica (MENEGASSI et al., 2007). Porém, ainda são poucos os estudos

de formulações artesanais seguras, com controle de osmolalidade, viscosidade e

determinação da composição centesimal, o que justifica a realização do presente

estudo.

1.1 JUSTIFICATIVA

O serviço de assistência domiciliar atende, em sua grande maioria, a

população idosa. A evolução tecnológica que vem ocorrendo nas últimas décadas

permitiu o diagnóstico clínico mais precoce, bem como incrementou os tratamentos

de saúde, verificando-se assim uma transição demográfica mundial (ZABAN, 2009).

Em 1990, a Organização Mundial de Saúde publicou que a população idosa

mundial era superior a 280 milhões; sendo que 58% viviam em regiões menos

desenvolvidas. Para 2020, essa expectativa deverá ser de 700 milhões de idosos

nestas regiões. A mudança na estrutura etária é dada pela redução da natalidade e

aumento na expectativa de vida (MENDES; TCHAKMAKIAN; 2009).

No Brasil, o crescimento da população idosa ocorre de forma acelerada. Há

projeções indicando que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número

de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas. A cada ano, 650

mil novos idosos são inseridos na população brasileira, sendo a maioria portadora

de doenças crônicas não transmissíveis e alguns, com limitações funcionais. Em

menos de quarenta anos o Brasil sofreu uma alteração no cenário demográfico e

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epidemiológico caracterizado pela redução da população jovem e aumento no

quadro das enfermidades complexas e onerosas, típica dos países longevos,

composto por doenças crônicas que duram anos, com exigência de cuidados

constantes, medicação contínua e exames periódicos (VERAS, 2009).

Ainda sobre o Brasil, em 2007, 72% das mortes estava relacionada às

doenças crônicas não transmissíveis, sendo 31,3% para as doenças

cardiovasculares, 16,3% para câncer, 5,8% para as doenças respiratórias crônicas e

5,2% para diabetes; do restante, 10% das mortes foram atribuídas às doenças

infecciosas e parasitárias e 5% aos distúrbios de saúde materno-infantis. Conclui-se

que as doenças crônicas não transmissíveis constituem um problema de saúde

pública (WHO, 2005; SILVA-JUNIOR, 2009).

Mundialmente, verifica-se que a porcentagem não é muito diferente do que se

vê no Brasil, já que 63% das mortes que ocorreram em 2008 aconteceram em

virtude das DCNT, com ênfase para doenças do aparelho circulatório, diabetes,

câncer e doença respiratória crônica; destas, a maioria (80%) prevalece em países

de baixa ou média renda (ALWAN et al., 2010; WHO, 2011).

Para Mendes e Tchakmakian (2009) o novo perfil epidemiológico reflete no

aumento das despesas com maior número de tratamentos hospitalares. Para auxiliar

na redução de tal custo, uma opção é o cuidado à saúde no domicílio, por equipes

multidisciplinares permanentes.

Em relação à incidência de Terapia Nutricional Domiciliar, o grupo de trabalho

da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo relatou em 2003, uma

incidência de Nutrição Enteral Domiciliar que variou de 62 a 457 por milhão de

habitantes por ano (163 adultos por milhão de habitantes por ano), de acordo com a

região estudada. Na Espanha, essa incidência se aproxima a 40 pacientes por

milhão de habitantes por ano. Dados sobre a prevalência da Nutrição Enteral

Domiciliar (NED) nos Estados Unidos revelam valores de 460 pacientes por milhão

de habitantes e na Grã-Bretanha de 280 casos por milhão de habitantes. No Brasil,

há apenas um estudo realizado em 2004, no Distrito Federal, que revela uma

incidência de 308 casos por milhão de habitantes (ZABAN, 2009).

Diversos estudos clínicos relatam a eficácia da utilização das dietas enterais

em pacientes, entretanto o que pode limitar o seu uso é o alto custo daquelas

consideradas industrializadas, principalmente para pacientes encontrados em âmbito

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domiciliar (ÁLVARES-DA-SILVA et al., 2004; BORGES et al., 2004; PAROLIN et al.,

2002).

Os ingredientes utilizados para elaboração das fórmulas artesanais são

facilmente encontrados no mercado, a baixo custo. O valor reduzido destas dietas

em comparação com as industrializadas facilita a adesão ao tratamento e a

flexibilidade na prescrição das mesmas, oferecendo uma alternativa acessível a

pacientes, sendo utilizada com grande êxito na terapia enteral, em especial

domiciliar.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Quais alimentos de propriedades funcionais devem fazer parte da dieta

enteral artesanal considerando seus benefícios fisiológicos, respectivas dosagens e

custo semelhante à dieta enteral não-industrializada proposta pela Secretaria da

Saúde de um município no sul do Brasil?

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e caracterizar uma dieta enteral artesanal com alimentos de

propriedades funcionais para a utilização de usuários vinculados à Secretaria de

Saúde de um município no sul do Brasil.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Traçar o perfil sociodemográfico e as principais características de tratamento

dos usuários assistidos pela Terapia Enteral Domiciliar;

• Avaliar as propriedades nutricionais da dieta enteral artesanal atualmente

oferecida pelo município;

• Elaborar uma receita de dieta enteral artesanal com a inclusão de alimentos

com propriedades funcionais;

• Avaliar na dieta proposta macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos),

micronutrientes (ácido ascórbico, cálcio, ferro, retinol, sódio e zinco); fibras e a

viabilidade econômica;

• Realizar análise físico-química (osmolalidade, pH, umidade, cinzas, polifenóis

totais e atividade antioxidante), em ambas as dietas;

• Comparar as análises realizadas entre a dieta enteral artesanal com

alimentos de propriedades funcionais e a dieta enteral artesanal padrão proposta

pelo município;

• Propor a utilização de um Manual de Terapia Nutricional Enteral Domiciliar,

elaborado para este município.

• Fornecer aos usuários um folder explicativo da dieta enteral artesanal com

alimentos de propriedades funcionais, com o suprimento energético de 1500, 1800

ou 2200kcal.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Define-se como Sistema Único de Saúde o “conjunto de ações e serviços de

saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais,

da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público.” A

Lei regulamenta que a iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter

complementar (BRASIL, 1990).

No campo de atuação do SUS (BRASIL, 1990) estão incluídas as atividades:

(i) execução de ações de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do

trabalhador e assistência terapêutica integral; (ii) a participação na formulação da

política e na execução de ações de saneamento básico; (iii) ordenação da formação

de recursos humanos na área de saúde; (iv) vigilância nutricional e orientação

alimentar; (v) colaboração na proteção do meio ambiente e no ambiente do trabalho;

(vi) formulação da política de insumos de interesse para a saúde; (vii) controle e

fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; (viii)

fiscalização e inspeção de alimentos, água e bebidas para o consumo humano; (ix)

participação no controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização

de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; (x) incremento do

desenvolvimento científico e tecnológico e (xi) formulação e execução da política de

sangue e seus derivados.

Segundo Vasconcelos e Pasche (2009), os princípios doutrinários que

conferem a legitimidade ao sistema são a universalidade, a integralidade e a

equidade. A Universalidade garante o direito à saúde a todos os cidadãos e o

acesso, sem discriminação, ao conjunto das ações e serviços de saúde ofertados

pelo sistema. A Integralidade considera as diversas dimensões presentes no

processo saúde-doença que influenciam os indivíduos e coletividades e pressupõe o

conjunto de ações e serviços que visem garantir a promoção, proteção, cura e

reabilitação dos indivíduos e coletividades. Já a Equidade refere-se ao sinônimo de

igualdade, justificando a oferta de ações e serviços à população que enfrenta maior

risco de adoecer e morrer em decorrência da desigualdade na distribuição de renda,

bens e serviços.

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Os mesmos autores identificam como princípios organizativos do SUS a

Descentralização que constitui-se como uma das mudanças mais significativas no

aspecto político-administrativo da reforma deste Sistema em nosso país, visto que

mostrou a necessidade de superar a desarticulação entre os serviços e construir a

coordenação das ações sob a direção de um único gestor em cada espaço político-

institucional. A Regionalização na qual distribui de forma mais racionalizada e

equânime os recursos assistenciais no território, com base na distribuição da

população, promovendo a integração das ações e das redes assistenciais,

garantindo o acesso a todos, continuidade do cuidado e economia de escala; busca

ordenar o sistema de saúde de acordo com os níveis de atenção, estabelecendo

fluxos assistenciais entre os serviços especializados e os mais básicos. A

Hierarquização busca ordenar o sistema de saúde segundo os níveis de atenção,

destacando que os serviços básicos de saúde permitem maior contato e acesso à

população. A Participação Comunitária ocorre mediante a participação dos

diversos segmentos da sociedade, por meio das Conferências, dos Conselhos de

Saúde, das três esferas de governo e da participação em colegiados de gestão nos

serviços de saúde.

3.2 PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

O conceito inicial da saúde estava relacionado com as condições de vida das

populações, sendo criado por Winslow e Sigerist (WINSLOW, 1920; SIGERIST,

1946). Posteriormente, Leavell e Clark associaram o conceito com a história natural

da doença, possibilitando o desenvolvimento de ações, caracterizando-o como uma

prevenção (LEAVELL; CLARK, 1976). Diversos autores contribuíram para o termo

promoção da saúde, entretanto, apenas nos últimos 20 anos é que este discurso

reaparece como estratégia para a área da Saúde Pública, devido à crescente

medicalização, à redução da eficácia dos serviços de saúde e aos altos custos do

setor (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007).

A I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada na cidade

de Ottawa, em 1986, foi considerada um marco referencial da promoção da saúde,

onde desta foi criada a Carta de Ottawa, a qual definiu as cinco áreas de ação

acerca do tema: políticas públicas saudáveis, criação de ambientes saudáveis,

reforço à ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação

18

Page 20: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

dos serviços de saúde. O relatório da Carta de Ottawa considera como pré-

requisitos para a saúde: paz, educação, habitação, alimentação, renda, ecossistema

saudável, justiça social e equidade, portanto, refere que a saúde é determinada por

aspectos sociais, econômicos, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos

(OPAS, 1986).

Há de se diferenciar os conceitos de promoção da saúde e da prevenção. As

ações preventivas utilizam-se do conhecimento epidemiológico para evitar o

surgimento de doenças específicas, através da educação sanitária e da divulgação

da informação científica, bem como a indicação normativa para a mudança de

hábitos. Já a promoção da saúde não está relacionada especificamente a uma

doença, mas sim à melhora da saúde e bem-estar geral de um indivíduo,

transformando suas condições de vida e trabalho, por meio de uma abordagem

intersetorial (CZERESNIA, 2003). Buss (2003) complementa tal ideia quando relata

que a promoção da saúde busca alterar de forma positiva as condições de vida; faz

o ser humano refletir sobre uma melhor qualidade de vida e saúde e direciona-o

para a tomada de decisões coletivas.

No Brasil, desde a criação do Sistema Único de Saúde procura-se reorganizar

o sistema nacional de saúde para uma abordagem integral do processo saúde-

doença através das ações de promoção, prevenção e recuperação. Diversas

conferências e eventos têm sido realizados para subsidiar ações de educação em

saúde e agregar propostas de expansão da promoção da saúde (FERREIRA;

MAGALHÃES, 2007).

Exemplo disto é a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNS), criada em

2006, e que prioriza práticas no campo da atividade física, prevenção do uso do

tabaco e do álcool e da alimentação saudável, com destaque para esta última:

incentivo ao aleitamento materno, Guia de Alimentação Saudável, rotulagem de

alimentos, acordo entre as empresas de alimentos para redução dos valores de sal e

eliminação da gordura trans, dentre outras (BRASIL, 2006b).

Nesse sentido, a Educação Alimentar e Nutricional vem contribuir com os

problemas alimentares atuais, através da redução da prevalência das doenças

crônicas não transmissíveis, bem como com a promoção de hábitos alimentares

saudáveis e a valorização da cultura alimentar tradicional por meio das ações de

promoção da alimentação saudável articulando, de forma dialógica, a reorganização

dos serviços de saúde, tanto no âmbito social, como individual (BRASIL, 2012).

19

Page 21: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Ainda, a Educação Alimentar e Nutricional é estratégica no conjunto de ações

que envolvem o “desenvolvimento comunitário” e o “desenvolvimento de habilidades

pessoais”, os quais poderão ter seus objetivos atingidos somente se os demais

determinantes do comportamento alimentar estiverem relacionados com o

verdadeiro sentido da promoção da alimentação adequada e saudável (BRASIL,

2012).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007) “a educação em saúde é

inerente a todas as práticas desenvolvidas no âmbito do SUS”, justamente por

proporcionar a articulação entre os níveis de gestão do sistema, de forma

transversal. Sendo essencial, tanto para a formulação da política de saúde de

maneira compartilhada, quanto para as atuações que acontecem na relação direta

dos serviços com os usuários.

Estas práticas devem ser cada vez mais valorizadas e qualificadas

contribuindo para a afirmação do SUS como política pública que proporciona maior

inclusão social, não apenas para apropriar a população do seu direito à saúde, como

também pela promoção da cidadania.

As ações de educação em saúde devem ser planejadas numa perspectiva

dialógica, participativa e criativa, desenvolvendo a autonomia do usuário com

relação à sua condição de sujeito de direitos e autor de seu processo saúde e

doença; como também a autonomia dos profissionais capazes de criar novos modos

de cuidados mais humanizados, compartilhados e integrais (BRASIL, 2007).

A maior parte dos profissionais de saúde utiliza a prática educativa

preventivista, realizada através de consultas, palestras, prescrições

comportamentais, normalmente com o verbo no infinitivo, tanto no nível individual,

como para o coletivo. Esta metodologia de ensino leva ao não cumprimento ou ao

cumprimento parcial de tais prescrições, já que não considera o real desejo do

usuário. Em contrapartida, uma prática educativa baseada no diálogo (entre o

educador e o educando) promove a construção de novos saberes, de forma crítica e

reflexiva, utilizando-se da problematização. Este processo educativo favorece a

autonomia dos indivíduos e comunidade, facilitando a realização das escolhas,

tendo como objetivo final a promoção da saúde (LEFREVE; LEFREVE, 2004;

FREIRE, 2005).

Para Carvalho (2007), o material educativo é uma ferramenta que possibilita o

diálogo comunicacional, visto que faz a mediação entre os conhecimentos obtidos

20

Page 22: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

nas diversas áreas do conhecimento e da prática com aqueles que estão em

situação de aprendizagem. Comparando o processo comunicacional tradicional com

o dialógico, no primeiro observa-se que o emissor é o responsável pelo conteúdo e

no segundo visualiza-se que todos são autores já que há maior interatividade na

construção do material educativo e esta promove o diálogo. Sendo assim, a

educação em saúde tem suas origens nas experiências de Paulo Freire.

Embora existam diversos manuais utilizados para a educação de usuários e

seus familiares, pouco se tem publicado sobre qual a forma correta de se elaborar

um manual. O primeiro passo para a realização de um manual é submetê-lo a um

Comitê de Ética e Pesquisa, posteriormente faz-se necessário pesquisar os dados

técnicos que necessitam estar presentes e, principalmente, transformá-los para uma

linguagem coerente à população (clara, objetiva e atrativa), independente de sua

classe social. Após a elaboração do manual, este poderá ser submetido a uma

qualificação para avaliar o material construído. A literatura recomenda que este

passo ocorra em três etapas de avaliação: feita por profissionais da área da saúde

especialistas em educação de pacientes; de pacientes individuais e de grupos de

pacientes abordados com aquele tema (ECHER, 2005).

3.3 TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E DEMOGRÁFICA

As doenças crônicas não transmissíveis apresentam um problema de saúde

mundial, gerando um elevado número de mortes prematuras, pois prejudicam o

desenvolvimento humano (SCHIMIDT et al., 2011). Malta; Morais Neto e Silva Junior

(2011) referem que as DCNT contribuem para a redução da qualidade de vida

porque promovem limitação nas atividades de trabalho e lazer, bem como impacto

econômico para as famílias, sociedade e para o sistema de saúde, agravando a

situação de pobreza dos países, especialmente daqueles já considerados de baixa e

média renda.

Esta classe de doenças, incluindo as cardiovasculares, doenças respiratórias

crônicas, diabetes, neoplasias, dentre outras, possui uma trajetória natural e alguns

fatores de risco modificáveis e não modificáveis (ISER et al., 2011).

Na década de 30 as doenças infecciosas correspondiam a 46% das mortes

nas capitais brasileiras, diferentemente do que se viu em 2007, onde cerca de 72%

das mortes em nosso país foram relacionadas às DCNT, 10% às doenças

21

Page 23: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

infecciosas e parasitárias e 5% aos distúrbios de saúde materno-infantil (SILVA-

JUNIOR, 2009). Essa mudança ocorreu devido ao avanço no desenvolvimento

econômico e social, às resoluções dos problemas de saúde pública daquela época e

à transição demográfica que refletiu no aumento da população idosa (PAIM et al.,

2011; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009).

No que se refere a este último item, destaca-se que o Brasil possui uma das

populações que mais envelhecem mundialmente. Atribuído a este fator, considera-

se que a maioria dos idosos brasileiros de hoje mora em centros urbanos, mas

nasceu em áreas rurais; onde durante a vida recebeu pouca ou nenhuma educação

formal, trabalhou em ocupações mal remuneradas, enfrentando dificuldades

socioeconômicas significativas. Além disso, as famílias atuais pouco têm a contribuir

para a saúde dos idosos, visto que encontram-se reduzidas e há maior quantidade

de mulheres na remuneração através do trabalho. Faz-se necessário o uso de

intervenções socioeconômicas, comportamentais, neuropsicológicas e ambientais

para ir ao encontro das necessidades progressivas do envelhecimento da população

(SCHIMIDT et al., 2011).

Os principais fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis

são o tabagismo, a alimentação não saudável, a inatividade física e o uso excessivo

do álcool, repercutindo, na maioria das vezes, na epidemia de sobrepeso e

obesidade, no aumento da hipertensão arterial e da dislipidemia (MALTA; MORAIS

NETO; SILVA JUNIOR, 2011). Ainda, há evidências que os determinantes sociais:

educação, ocupação, renda, gênero e etnia estejam relacionados aos fatores de

risco e a prevalência das DCNT (WHO, 2008).

Com relação ao planejamento de ações de promoção de saúde, o Brasil vem

estabelecendo programas que tenham como objetivo a redução da morbimortalidade

por doenças crônicas através do conhecimento do estado de saúde de sua

população (ISER et al., 2011). Exemplo disto, é o “Plano de Ações Estratégicas para

o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis”, implementado pelo

Ministério da Saúde, cujo objetivo é conhecer a distribuição, magnitude e tendência

das doenças crônicas, suas repercussões, seus fatores de risco concomitantemente

com o apoio às políticas públicas de promoção da saúde (MALTA; MORAIS NETO;

SILVA JUNIOR, 2011).

O Sistema Único de Saúde tem como princípio doutrinário a universalidade

nos diversos níveis de cuidado, possibilitando avanços no que se refere à

22

Page 24: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

implementação de diversos programas que ofereçam assistência ao usuário

portador de DCNT, dentre eles: Plano Nacional de Reorganização da Atenção à

Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, acesso à medicamentos através da

Farmácia Popular, controle do tabaco e expansão das equipes da Estratégia Saúde

da Família melhorando o acesso integral e propiciando um controle maior das

doenças crônicas (RIBEIRO; COTTA; RIBEIRO, 2012).

As políticas brasileiras implementadas possibilitaram a transição da

preocupação tradicional da medicina para o cuidado médico relacionado à

prevenção, promoção da saúde e à ação intersetorial; permitindo um enfoque maior

nas DCNT (SCHIMIDT et al., 2011).

3.4 TECNOLOGIA EM SAÚDE

O conceito de tecnologia em saúde abrange qualquer intervenção que pode

ser utilizada para promover a saúde. Inclui os sistemas organizacionais e de suporte

dentro dos quais os cuidados com saúde são oferecidos e não somente as

tecnologias que interagem diretamente com os usuários, tais como medicamentos,

equipamentos e procedimentos médicos como anamnese, técnicas cirúrgicas e

normas técnicas de uso de equipamentos (BRASIL, 2009).

Os profissionais da área da saúde necessitam buscar estratégias para o

fortalecimento da produção científica em tecnologias à saúde e disponibilizar novas

ferramentas de informação e comunicação, possibilitando a abordagem efetiva da

população e de seus fatores de risco, levando em conta a relação custo/benefício.

As ações de promoção à saúde aumentam os investimentos em saúde, mas por

outro lado, trazem a longo prazo benefícios econômicos aos países (ZANETTI,

2011).

Nas últimas décadas, o acréscimo da produção e incorporação de novas

tecnologias esteve associado à melhora da prevenção, diagnóstico e tratamento das

doenças, o que repercutiu no aumento da qualidade de vida e na queda da

mortalidade em geral. As tecnologias antes de serem incorporadas, precisam ser

corretamente avaliadas através de análises econômicas, incluindo avaliações de

eficiência, custo-efetividade, impacto orçamentário e custo de oportunidade

(BRASIL, 2009). Outro desafio para os gestores é a superação dos obstáculos à

implementação de tecnologias que já possuem evidências de custo-efetividade bem

23

Page 25: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

estabelecidas e, mesmo assim, não foram incorporadas aos sistemas de saúde,

representando benefícios perdidos pela população (AMORIN et al., 2010).

Como o conceito de saúde é abrangente e complexo, os sistemas de

informação devem ser rápidos, precisos e integrados tecnologicamente, visto que

diversos atores estão envolvidos: população, gestores da saúde, equipe

multiprofissional, pesquisadores e estudantes, bem como há a necessidade de

controle de endemias ou epidemias e da cobertura dos sistemas. Sendo assim,

deve-se haver uma integração entre os conhecimentos advindos da ciência da

informação e da área da informática para construir o sistema de informação no

campo da saúde (TULCHINSKY; VARAVIKOVA, 2009).

O foco das tecnologias inovadoras está em estratégias para a saúde que

possam reduzir os custos e permitir maior acesso da população, contribuindo para o

desenvolvimento do país (BRASIL, 2011).

Zanetti (2011) corrobora com esta ideia quando destaca que a avaliação de

tecnologias em saúde (ATS) compreende os estudos que relacionam os cuidados

com a saúde e sua oferta à população, como exemplo: medicamentos,

equipamentos e procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais, de

informação e de suporte e os programas e protocolos assistenciais.

3.5 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

As políticas ministeriais enfatizam o seguimento dos usuários após a sua alta

hospitalar, garantindo a manutenção e/ou recuperação total de sua saúde, sem a

necessidade de utilizar o recurso da internação hospitalar com tanta frequência.

Portanto, verifica-se a importância do atendimento domiciliar como um tratamento

mais humano onde o indivíduo passa a ser cuidado em seu ambiente familiar

(ZABAN, 2009).

O atendimento de pessoas em seu domicílio não é recente e remonta ao

início da era cristã. Este serviço culminou com as enfermeiras visitadoras que

realizavam os cuidados domiciliares de acordo com as orientações de Florence

Nightingale (século XIX). A figura de tal profissional estava relacionada às mulheres,

voluntárias e ligadas a alguma instituição filantrópica. No século XX diversos

hospitais ingleses e norte-americanos indicaram a assistência domiciliar como uma

24

Page 26: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

extensão dos cuidados hospitalares, objetivando maior humanização no atendimento

ao usuário e redução de custos (HENRIQUE; BORGES, 2006).

Segundo Fabrício et al. (2004), assistência domiciliar, modalidade de

assistência também conhecida como home care (do inglês, cuidado do lar), pode ser

definida “como um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de serem

realizados na casa do paciente.”

Em 1947, iniciaram-se nos Estados Unidos os programas de home care,

existentes até hoje. No Brasil, o primeiro hospital que inaugurou o cuidado domiciliar

foi o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, em 1967, tendo como

principal meta reduzir o número de leitos ocupados, implantando assim um tipo

restrito de atendimento domiciliar: os cuidados de baixa complexidade clínica

(AMARAL et al., 2001).

Em países de primeiro mundo, observa-se a tendência da “desospitalização”,

com o intuito de assegurar a qualidade de vida e humanização no atendimento ao

paciente, bem como propiciar o aumento de leitos hospitalares disponíveis e,

consequentemente, a economia por paciente. Estudos indicam que deveria haver

um decréscimo ainda maior no tamanho dos hospitais, enfatizando a importância da

assistência domiciliar como alternativa para melhorar a atenção à saúde (ZABAN,

2009).

A assistência domiciliar à saúde ultrapassa as barreiras de um quarto

hospitalar já que busca a construção de um novo profissional: inserido no local de

vida do usuário, verificando suas interações e relações com os demais indivíduos da

sociedade e, principalmente, do seu domicílio, considerando o contexto familiar. Tal

ambiente é composto por um conjunto de eventos e seres humanos correlacionados

entre si, cujas entidades representam caráter particular e interferente mútuo e

simultâneo, destacando a importância de ser investigado de forma abrangente. O

profissional envolvido neste espaço deve desenvolver suas ações interagindo com a

família, não observando apenas os problemas apresentados pelo cliente; mas sim

considerando os fatores sociais, os recursos disponíveis na casa, as condições de

higiene e segurança e o grau de esclarecimento da família (GIACOMOZZI;

LACERDA, 2006).

25

Page 27: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

3.6 DIETAS ENTERAIS

Em julho de 2000 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

aprovou o regulamento técnico para os requisitos mínimos a serem exigidos para a

Terapia de Nutrição Enteral (TNE) com o objetivo de garantir a qualidade da mesma,

definindo como Nutrição Enteral (BRASIL, 2000):

“alimentos para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”.

A Nutrição Enteral é extremamente importante para prevenir e tratar as

deficiências de macronutrientes e melhorar o estado nutricional dos pacientes,

fornecendo a quantidade de nutrientes necessária ao metabolismo (COSTA et al.,

2003).

De acordo com Baxter e Waitzberg (2007) a TNE pode ser indicada nas

seguintes situações:

- inadequação alimentar e comprometimento do estado nutricional em fases pré ou

pós-operatórias, provenientes de: (i) impedimento para alimentação por obstrução

de alguma região do trato gastrointestinal; (ii) doenças que interferem na digestão

e/ou absorção dos alimentos concomitante à diarreias crônicas e à perda de

nutrientes; (iii) vômitos e/ou anorexia e/ou náuseas, dentre outros sintomas

procedentes ou não de alguma intervenção cirúrgica;

- comprometimento nutricional de acordo com a sua doença de base, sendo elas: (i)

afecções digestivas que implicam em alterações nos processos de ingestão e/ou

digestão e/ou absorção dos nutrientes da dieta, (ii) afecções não digestivas, como:

neoplasias, deficiência pulmonar crônica obstrutiva, caquexia cardíaca, demências,

fraturas extensas, dentre outras.

Montemerlo et al. (1996) complementam a indicação da nutrição enteral ao

referenciar que pacientes com deficiência protéico-energética, disfagia severa,

grandes queimaduras, ressecção intestinal e fístulas (ainda com uma porção do trato

digestivo funcionante) utilizam tal terapia como rotina.

26

Page 28: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Observa-se uma demanda crescente no uso de nutrição enteral em terapia

domiciliar, visto que neste caso, o suporte nutricional objetiva não só humanizar o

atendimento aos usuários, como também melhorar ou manter o estado nutricional,

além de colaborar para a redução dos custos do tratamento e maior disponibilidade

de leitos hospitalares (ARAÚJO; MENEZES, 2005).

Os mesmos autores afirmam que a nutrição enteral domiciliar (NED) é um

tratamento econômico e seguro ao contribuir com a redução dos gastos com a

internação, evitar a contaminação hospitalar e proporcionar maior convívio entre

usuários e seus familiares.

Segundo relatos, a primeira administração de nutrição enteral ocorreu em

meados de 1500 a. C., através da via retal, onde egípcios e depois gregos forneciam

alimentos como leite, soro de leite, cereais germinados, vinhos que também

exerciam a função de laxante intestinal. Em 1617, utilizando tubos de plantas, houve

a primeira tentativa de nutrição via nasofaríngea. Acredita-se que em 1776, John

Hunter estabeleceu a primeira experiência de administrar alimento diretamente no

estômago, através de um tubo rígido. Egeberg, em 1837, introduzira por

gastrostomia e em 1885, Gould por jejunostomia (TEIXEIRA NETO, 2003).

Na Inglaterra, na primeira metade do século XIX, iniciaram-se os esboços das

sondas e o desenvolvimento da bomba de infusão. Já nos Estados Unidos, no início

do século XX, houve os primeiros desenhos de sondas mais finas e flexíveis que

eram exportadas com maior intensidade; destacando-se aquelas desenvolvidas por

Einhorm, em 1910, com bulbo metálico no extremo distal, transpassando o piloro.

Em 1939, cirurgiões desenvolveram desenhos de sondas de luz dupla, que

permitiram a infusão da dieta e retirada do conteúdo gástrico, assim como técnicas

para as ostomias (gastrostomia e jejunostomia). A partir de 1959, as sondas

passaram a ser mais flexíveis, fabricadas com material poliuretano e Ponsky realiza

a Gastrostomia Endoscópica Percutânea. Verifica-se uma evolução nos materiais

utilizados para a fabricação de sondas até chegar nos dias atuais representadas

pelo silicone. Da mesma forma, houve a redução no calibre e aumento no tamanho

para possibilitar colocações pós-pilóricas (BENGMARK; URBINA, 2004;

HERNÁNDEZ; TORRES; JIMÉNEZ, 2006).

Com relação ao tipo de dieta ofertada é possível observar uma constante

evolução nas formulações. Somente na década de 1930 é que houve o

desenvolvimento do primeiro produto para lactentes. Em 1940 surgiram as primeiras

27

Page 29: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

fórmulas parcialmente hidrolisadas e em 1950 foi produzida a fórmula monomérica.

Em 1969 houve a adaptação para a dieta enteral das formulações oferecidas aos

primeiros astronautas, quimicamente definidas e liofilizadas (BLOCH; MUELLER,

2002; BENGMARK; URBINA, 2004; CRUZ; ABILÉZ; ABUD, 2006; HERNÁNDEZ;

TORRES; JIMÉNEZ, 2006).

3.6.1 Categorização das dietas enterais

Segundo Baxter e Waitzberg (2007), para fins didáticos, as dietas enterais

podem ser divididas como mostra a figura a seguir.

FIGURA 1 – Categorização das dietas enterais

3.6.1.1 Quanto à forma de preparo

3.6.1.1.1 Dietas caseiras ou artesanais ou preparações não-industrializadas para

nutrição enteral

De acordo com Mitne (2000) definem-se como dietas artesanais ou caseiras

como aquelas “preparadas à base de alimentos in natura, produtos alimentícios e/ou

módulos de nutrientes.”

Categorização das dietas enterais

Forma de preparo Indicação para TNE Suprimento calórico Complexidade de Nutrientes

Elemento Específico

Caseira Industrializada

Fórmula padrão Fórmula especializada

Nutricionalmente completa Suplemento nutricional

Polimérica Oligomérica Elementar

Láctea ou isenta de lactose

Com ou sem fibras

28

Page 30: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A mesma autora refere que, alimentos in natura são considerados os

alimentos em seu estado natural, que tem como objetivo fornecer nutrientes, como

leites, ovos, carnes, frango, legumes, verduras, leguminosas, cereais e frutas. Já os

produtos alimentícios representam os alimentos que passaram por algum processo

de industrialização, como suplementos protéicos, leites em pó, ovos na forma

liofilizada, óleos vegetais, açúcar, amido de milho, dentre outros. Com relação ao

módulo de nutrientes é caracterizado como produto alimentício que fornece um tipo

de nutriente.

Baxter e Waitzberg (2007) complementam o conceito de dieta caseira quando

relatam que esta é “liquidificada e preparada artesanalmente em cozinha doméstica

ou hospitalar.”

Quanto à indicação para o uso da dieta caseira, Mitne (2000) refere que esta

pode ser usada em situações em que o trato gastrintestinal está apto para os

processos de digestão e absorção possibilitando o emprego de nutrientes na forma

intacta, através dos alimentos in natura e produtos alimentícios.

Tal autora relata que o uso da dieta artesanal requer sondas de grande

calibre para a administração da dieta. Ainda, o controle da qualidade físico-química e

microbiológica do alimento que está sendo preparado e ofertado deve ser rigoroso,

evitando assim carências no fornecimento de nutrientes especiais e toxinfecções

alimentares.

Borges et al. (2004) corroboram com tal ideia quando ressaltam a

necessidade de conscientização, educação e treinamento daqueles envolvidos com

o preparo da dieta caseira em termos de terapia nutricional domiciliar.

Dentre as principais vantagens para a utilização da dieta caseira estão a

individualização da fórmula quanto à composição nutricional, ao volume e custo

aparentemente menor que o da dieta similar industrializada. Já as desvantagens são

a instabilidade bromatológica, microbiológica e organoléptica do produto final; a

composição nutricional nem sempre é definida e têm-se dificuldade em formular uma

dieta mais específica (BAXTER; WAITZBERG, 2007).

Para Araújo e Menezes (2005) as formulações enterais não-industrializadas

costumam fazer parte do esquema alimentar de usuários de baixa renda; justificando

que o uso de tais dietas combinadas ou não com dietas industrializadas permitem a

extensão desse tipo de terapia no âmbito domiciliar.

29

Page 31: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Silva et al. (2005) complementam tal pensamento quando referem que dietas

enterais com alimentos convencionais são utilizadas em terapia nutricional domiciliar

para fornecer macronutrientes e obter dietas individualizadas de menor custo.

Entretanto, mais estudos científicos são necessários a fim de quantificar

quimicamente os nutrientes, melhorar o valor nutricional das dietas naturais e obter

maior confiança e segurança nas formulações.

Porém, Mitne (2000) ressalta que as preparações não-industrializadas devem

objetivar dois requisitos mínimos: (i) qualidade, segundo os padrões estabelecidos

pela RDC n. 63/2000 - Ministério da Saúde e (ii) atendimento às necessidades

nutricionais dos usuários. Assim, evidencia-se que este tipo de dieta exige cuidados

e procedimentos para que sejam eficientes.

3.6.1.1.2 Dietas enterais industrializadas

Para Baxter e Waitzberg (2007) as dietas industrializadas são aquelas

preparadas industrialmente.

Araújo e Menezes (2006) ressaltam que nos países desenvolvidos é comum o

uso destas dietas. Já no Brasil, seu consumo vem aumentando gradativamente. As

dietas industrializadas são práticas, nutricionalmente completas e oferecem maior

segurança quanto ao controle microbiológico e composição centesimal. No entanto,

não estão acessíveis para a maioria da população brasileira devido ao seu alto

custo.

Segundo Baxter e Waitzberg (2007) as dietas enterais industrializadas podem

ser apresentadas de três formas (i) em pó para reconstituição, necessitando de

reconstituição em água ou veículo líquido; (ii) líquidas “semipronta” para uso, sendo

sua quantidade suficiente para um horário de dieta e (iii) pronta para uso, é aquela

que já vem acondicionada em frascos e/ou bolsas próprias, envasada e diretamente

acoplada no equipo, geralmente é administrada de forma contínua, com o auxílio de

uma bomba de infusão.

As principais vantagens para a utilização da dieta enteral industrializada

referem-se a (i) individualização da fórmula, com menor manipulação que as dietas

artesanais, bem como maior estabilidade microbiológica e bromatológica quando

comparado com estas; (ii) fornecimento adequado dos micronutrientes; (iii) tempo de

preparo reduzido; (iv) mínima chance de contaminação e (v) elevada estabilidade no

30

Page 32: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

produto final. Com relação às principais desvantagens destacam-se (i) nas dietas em

pó e semiprontas ainda há algum tipo de manipulação que poderá favorecer a

contaminação final do produto; (ii) a dieta em pó pode apresentar problemas na

viscosidade, dependendo da reconstituição feita e (iii) na dieta pronta para uso

podem ocorrer possíveis perdas de dieta, caso haja alteração na prescrição quando

a mesma já começou a ser administrada devido ao volume de dieta já preparada

(BAXTER; WAITZBERG, 2007).

3.6.1.1.3 Quanto ao suprimento de energia

A dieta é considerada como nutricionalmente completa pelo fato de fornecer a

quantidade de energia suficiente para suprir as necessidades do paciente, sem que

haja fornecimento de fluídos maior que o recomendado (BAXTER; WAITZBERG,

2007).

Baxter et al. (2000) ainda ressalta que, conforme a densidade calórica, as

dietas podem ser classificadas como acentuadamente hipocalóricas (menor que

0,6Kcal/ml), hipocalóricas (0,6 a 0,8Kcal/ml), normocalórica (0,9 a 1,2Kcal/ml),

hipercalórica (1,3 a 1,5Kcal/ml) e acentuadamente hipercalórica (maior que

1,5Kcal/ml).

3.6.1.1.4 Quanto à complexidade dos nutrientes

De acordo com Baxter e Waitzberg (2007) as dietas podem ser divididas em

(i) polimérica: quando os macronutrientes apresentam-se em sua forma intacta,

principalmente no que se refere a proteína (polipeptídeo); (ii) oligomérica: é aquela

em que os macronutrientes encontram-se em sua forma parcialmente hidrolisada,

especialmente a proteína (oligopeptídeo) e (iii) elementar: os macronutrientes estão

totalmente hidrolisados, a forma da proteína é denominada aminoácido.

3.6.1.1.5 Quanto à presença de algum elemento específico

Neste caso, a composição da dieta pode apresentar presença ou ausência de

algum nutriente, como lactose, denominada dieta enteral láctea ou isenta de lactose

31

Page 33: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

ou fibras, também chamada de dieta enteral com fibra ou isenta de fibra (BAXTER;

WAITZBERG, 2007).

3.7 ALIMENTOS FUNCIONAIS

3.7.1 Histórico e definição

O termo alimentos funcionais foi criado no Japão, próximo à década de 1980,

com o objetivo de desenvolver alimentos que possibilitassem a redução dos gastos

com saúde pública, visto a elevada expectativa de vida deste país. Conhecidos

como Alimentos para Uso Específico de Saúde – Foods for Specified Health Use

(FOSHU), trazem um selo de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-estar

Japonês (ARAI, 1996; HASLER, 1998; ARAYA; LUTZ, 2003).

Um alimento funcional deve apresentar benefícios fisiológicos, além de suas

propriedades básicas nutricionais. São consumidos em dietas convencionais, mas

representam a capacidade de regular algumas funções corporais auxiliando na

proteção de doenças como hipertensão, diabetes, câncer e coronariopatias (SOUZA

et al., 2003). Complementando esta ideia, destaca-se que desta classe de alimentos

provém a oportunidade de combinar produtos comestíveis de alta flexibilidade com

moléculas biologicamente ativas, possibilitando a correção de distúrbios metabólicos

que reduzirão os riscos de doenças e promoverão a manutenção da saúde

(WALZEM, 2004; ANJO, 2004).

Os alimentos funcionais podem ser classificados de duas maneiras: (i) quanto

à fonte, de origem animal ou vegetal e (ii) quanto aos benefícios, atuando em seis

áreas do organismo: no sistema gastrintestinal, no sistema cardiovascular, no

metabolismo de substratos; no crescimento, desenvolvimento e diferenciação

celular; no comportamento das funções fisiológicas e como antioxidante (SOUZA et

al., 2003). Enfatiza-se porém, que devido a diferenças genéticas, um alimento

funcional nem sempre será funcional para todos os membros de uma população

(KOK, 1999).

32

Page 34: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

3.7.2 Legislação

No Reino Unido, o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentos define

alimentos funcionais como “um alimento cujo componente incorporado oferece

benefício fisiológico e não apenas nutricional”; auxiliando na distinção entre

alimentos funcionais de alimentos fortificados com vitaminas e minerais (MORAES;

COLLA, 2006).

Nos Estados Unidos da América do Norte o termo alimentos funcionais refere-

se aos produtos que são vendidos e consumidos como alimentos (PIMENTEL et al.,

2005). A Food and Drug Administration (FDA) regulamenta os alimentos funcionais

de acordo com a descrição presente nos rótulos ou ingredientes do produto ou

ainda, baseada no uso que se pretende dar ao produto (NOONAN; NOONAN, 2004).

No Brasil, desde a década de 90 havia solicitações de registros de diversos

produtos ainda não reconhecidos como alimentos, dentro do contexto tradicional de

alimento. Apenas em 1999 é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) aprovou a regulamentação a respeito das diretrizes básicas para

avaliação do risco e segurança dos alimentos (Resolução n° 17/99 – ANVISA, 1999);

dos procedimentos para registro de alimentos e/ou novos ingredientes (Resolução n°

16/99 – ANVISA, 1999); das diretrizes básicas para análise e comprovação de

alegação de propriedade funcional e/ou de saúde alegadas em rotulagem de

alimentos (Resolução n° 18/99 – ANVISA, 1999 e Portaria n° 398/99 – ANVISA,

1999) e dos procedimentos para registro de alimento com alegação de propriedades

funcionais e/ou de saúde (Resolução n° 19/99 – ANVISA, 1999).

Considerando a mudança na análise dos alimentos, que passou a avaliar o

critério de risco, a Vigilância Sanitária aprovou a Portaria n° 15/99 (ANVISA, 1999);

constituindo assim a Comissão de Assessoramento Tecnocientífico em Alimentos

Funcionais e Novos Alimentos – CTCAF, objetivando subsidiar a Diretoria de

Alimentos e Toxicologia nas decisões acerca deste tema. Em 2005, a denominação

da CTCAF foi alterada pela Portaria n°386/2005 para Comissão de Assessoramento

Tecnocientífico em Alimentos com Alegação de Propriedade Funcional e/ou de

Saúde e Novos Alimentos.

Como se pode perceber, a legislação brasileira não define alimento funcional

mas sim, alegação de propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde;

permitindo no primeiro caso alegações funcionais relacionadas com o papel

33

Page 35: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

fisiológico no crescimento, desenvolvimento e funções normais do organismo ou, no

segundo caso, alegações sobre a manutenção geral da saúde e a redução do risco

de doenças, em caráter opcional. Não são permitidas alegações que façam

referência à cura ou à prevenção de doenças. Ainda, o alimento ou ingrediente que

alegar propriedades funcionais e/ou de saúde deve ser seguro para consumo, sem a

necessidade da supervisão médica e deve ser, obrigatoriamente, registrado junto ao

órgão competente (ANVISA, 1999; 2004; 2005).

Segundo a legislação, os alimentos com alegação de propriedades funcionais

podem ser classificados em seis classes de compostos funcionais, sendo elas: (i)

probióticos e prebióticos; (ii) alimentos sulfurados e nitrogenados; (iii) vitaminas

antioxidantes; (iv) compostos fenólicos; (v) ácidos graxos poli-insaturados e (vi)

fibras; sendo que para este trabalho serão destacados aqueles do interesse

utilizados na formulação da dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades

funcionais.

3.7.3 Classes de compostos funcionais

3.7.3.1 Alimentos sulfurados e nitrogenados

Esta classe de alimentos é utilizada na proteção contra a carcinogênese e

mutagênese, agindo também como ativadores de enzimas na detoxificação do

fígado.

Hasler (1998) destaca que o conteúdo elevado de glicosilatos presente em

vegetais crucíferos, como: repolho, brócolis, couve-de-bruxelas, couve, rabanete,

palmito e alcaparra estimula as propriedades anticarcinogênicas. Souza et al. (2003)

complementam tal ideia quando referem que os compostos antioxidantes

denominados isocianatos e indóis encontrados nas crucíferas inibem a mutação do

DNA, que predispõe algumas formas de câncer. Em outros estudos é possível

verificar alguns princípios bioativos do brócolis, em especial: (i) genistelina que pode

inibir o crescimento de tumores; (ii) monoterpeno que auxilia a atividade das

enzimas de proteção por meio da detoxificação do fígado e (iii) sulforafane que tem

ação contra o câncer de estômago e úlceras (CARPER, 1995; JUNQUEIRA; PEETZ,

2001).

34

Page 36: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

3.7.3.2 Vitaminas antioxidantes

Segundo Moraes e Colla (2006) “a oxidação nos sistemas biológicos ocorre

devido à ação dos radicais livres no organismo. Estas moléculas são extremamente

reativas porque têm um elétron livre isolado”.

Sies e Sevanian (2005) indicam que um desequilíbrio do sistema oxidante e

antioxidante, favorecendo os oxidantes, causa o chamado “estresse oxidativo”:

condição metabólica das células, dos órgãos ou do organismo inteiro caracterizado

por uma sobrecarga oxidativa.

Os oxidantes podem ser responsáveis por processos de oxidação que atuam

obstruindo as artérias, transformando as células em células cancerosas,

ocasionando problemas nas articulações e mau funcionamento do sistema nervoso;

estando também associados ao envelhecimento. Os radicais livres podem ser

gerados por fontes endógenas, como a respiração, ou exógenas, como o tabaco,

poluição do ar, solventes orgânicos, pesticidas e radiações (CARVALHO et al.,

2006).

Moraes e Colla (2006) referem que “as lesões causadas pelos radicais livres

nas células podem ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de

antioxidantes, sendo estes encontrados em muitos alimentos.” Os mesmos autores

destacam ainda que os antioxidantes têm a capacidade de agir diretamente na

neutralização da ação dos radicais livres, ou indiretamente, quando participam dos

sistemas enzimáticos com essa função.

O organismo possui sistemas de defesa enzimáticos específicos, presentes

nos locais de produção de radicais livres, conhecidos como antioxidantes

endógenos. Além disso, há substâncias que são obtidas através da alimentação,

como os fitoquímicos, vitaminas e minerais, que ajudam a combater a formação e

ação dos radicais livres através da inibição ou atraso das reações de oxidação em

cadeia que levam ao dano celular. As frutas e hortaliças são ricas nestes compostos

(AMES; SHIGENAGA; HAGEN, 1993).

Os carotenóides são uma classe de pigmentos presente em alimentos

amarelo, alaranjado ou vermelho e seus principais representantes são os carotenos,

precursores da vitamina A e o licopeno. Os carotenóides são convertidos em

vitamina A conforme a necessidade do organismo, com graus variáveis de eficiência.

Hortaliças folhosas verde-escuras e vegetais amarelo-alaranjados contém formas de

35

Page 37: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

caroteno pró-vitamina A, sendo considerado que quanto mais escura é a cor, maior

é o teor (CARVALHO et al., 2006).

Os carotenóides, precursores ou não da vitamina A, auxiliam na proteção

contra o câncer, possivelmente através do “sequestro” de radicais livres, modulação

do metabolismo do carcinoma, inibição da proliferação celular, aumento da

diferenciação celular via retinóides e estimulação da comunicação entre as células.

O β-caroteno tem a capacidade de proteger contra doenças cardiovasculares,

inibindo o processo de oxidação da lipoproteína low density lipoprotein (LDL)

(AMBRÓSIO et al., 2006). Outros autores destacam ainda que a vitamina A

restabelece a resposta inflamatória, promove epitelização, síntese de colágeno e é

essencial para as células imune; contribuindo assim para a redução do risco de

adquirir doenças mediadas por patógenos (RAHM, 2004; FIELD; JOHNSON;

SCHLEY, 2002).

A vitamina E é a principal vitamina antioxidante transportadora na corrente

sanguínea pela fase lipídica das partículas lipoprotéicas. Está presente nos óleos

vegetais (milho, soja, dentre outros), manteiga, ovos, abacate e sementes

oleaginosas como a castanha-do-Pará. Quanto a sua função antioxidante, ocorre

pela capacidade de impedir a propagação das reações em cadeia induzidas pelos

radicais livres nas membranas fisiológicas; minimizando também o risco de câncer,

artrite, catarata e o envelhecimento. Os danos oxidativos podem ser inibidos pela

ação conjunta da vitamina E com a glutationa, a vitamina C e os carotenóides; sendo

um dos principais mecanismos de defesa endógena do organismo (BIANCHI;

ANTUNES, 1999; SILVA; MURA, 2007).

O ácido ascórbico (vitamina C) é um componente essencial de todas as

células vivas e é o micronutriente mais associado a frutas e hortaliças; fornecendo

mais de 90% desta vitamina à dieta humana. Está presente em diversos alimentos,

como: acerola, laranja, limão, goiaba, morango, brócolis, espinafre, dentre outros,

exercendo função antioxidante contra os danos causados pela exposição às

radiações e medicamentos; e, estudos relatam possível papel de proteção no

desenvolvimento de tumores (BIANCHI; ANTUNES, 1999; CARVALHO et al., 2006).

Outros autores corroboram tal pensamento destacando a redução do risco de

aterosclerose, doenças cardiovasculares e algumas formas de câncer (LEE; KADER,

2000).

36

Page 38: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

3.7.3.3 Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos estão presentes nos vegetais e podem ser

classificados de três formas: (i) pouco distribuídos na natureza, prevalecendo um

número reduzido destes, denominados fenóis simples, pirocatecol, hidroquinona,

resorcinol e os aldeídos derivados de ácidos benzóicos; (ii) polímeros, ou seja, não

se apresentam de forma livre nos tecidos vegetais e estão presentes sob a forma de

taninos e ligninas e (iii) largamente distribuídos na natureza, aqueles encontrados

geralmente em todo o reino vegetal, mas podem estar localizados em uma só planta,

sendo divididos em dois grandes grupos: os flavonóides e derivados e os ácidos

fenólicos (ácidos benzóico, cinâmico e seus derivados) e cumarinas (RIBÉREAU-

GAYON, 1968).

Os flavonóides compõem uma ampla classe de substância de origem natural,

cuja síntese não ocorre na espécie humana, sendo os responsáveis pelo aspecto

colorido das folhas e flores, também presentes em outras partes das plantas

(BEECHER, 2003; LOPES et al., 2003). Protegem os tecidos contra os radicais livres

e peroxidação lipídica, possuindo diversas atividades biológicas, como: ação

antibactericida, antitrombótica, vasodilatadora, antiinflamatória e anticarcinogênica

(KNEKT et al., 2002).

Segundo o mesmo autor, as diferenças encontradas no potencial antioxidativo

dos subgrupos de flavonóides dependem de suas estruturas químicas. Estas

diferenças determinam a estrutura, biodisponibilidade, distribuição e metabolismo

que irão atuar de forma diversificada na saúde humana. Os flavonóides mais

conhecidos pela função antioxidante e exemplos de suas fontes alimentares

encontram-se no Quadro 1, ressalta-se que os componentes individuais podem estar

presentes em outros alimentos, apesar das poucas análises que existem.

37

Page 39: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Grupos Componentes Fonte alimentar Flavonas Apigenina Cascas de maçãs

Chrisina Cerejas Kaempferol Brócolis Luteolina Aipo Miricetina Peles de frutas Rutina Cranberries Sibelina Uvas Quercetina Alfaces

Azeitonas Cebola Salsa

Flavanonas Fisetina Frutas cítricas Hesperetina Peles de frutas cítricas Narigina Naringenina Taxifolina

Catequinas Catequina Vinho tinto Epicatequina Chá Epigalocatequina galate

Antocianinas Cianidina Frutas vermelhas Delfinidina Cerejas Malvidina Uvas Pelargonidina Framboesas Peonidina Uvas vermelhas Petunidina Vinha tinto

Morango Chá Peles de frutas com pigmentos escuros

Quadro 1 – Principais grupos de flavonóides, seus componentes individuais e fontes alimentares

Fonte: Nijveldt et al., 2001

As antocianinas, pertencentes ao grupo dos flavonóides, representam um

papel importante na prevenção ou retardam o aparecimento de várias doenças por

suas propriedades antioxidantes (MARTÍNEZ-FLÓREZ et al., 2002; KUSKOSKI et

al., 2004; COWNHAM; COLLINS, 2000). São os componentes de muitas frutas

vermelhas e hortaliças escuras com grande concentração nas cascas de uvas

escuras (COWNHAM; COLLINS, 2000).

A ação antioxidante de polifenóis e antocianinas estão relacionadas com seu

efeito protetor contra doenças cardiovasculares, reduzindo os processos de

inflamação vascular. Além disso, vários flavonóides atuam induzindo ou inibindo

enzimas que estão ligadas a processos inflamatórios. Com relação ao câncer, a

atuação dos flavonóides, especialmente as antocianinas, pode estar relacionada à

sua ação antioxidante, ao aumento da resposta imune ou ainda à modulação da

expressão do gene supressor tumoral (FORMICA; REGELSON, 1995; LAJOLO,

2002; PAULA; PERES; CARMO, 2004).

38

Page 40: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

3.7.3.4 Ácidos graxos poli-insaturados

Os compostos lipídicos, em especial os ácidos graxos, desempenham

importantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processos

metabólicos. Em seres humanos, os ácidos linoléico (18:2 n-6, AL) e alfa-linolênico

(18:3 n-3, AAL), dos quais derivam os ácidos graxos das famílias n-6 e n-3, exercem

diversas funções importantes, dentre elas: (i) mantém sob condições normais as

membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos;

(ii) auxiliam na transferência do oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo e (iii)

contribuem para a síntese de hemoglobina e divisão celular (YOUDIM; MARTIN;

JOSEPH, 2000; YEHUDA et al., 2002).

Os ácidos graxos das séries ômega-6 e ômega-3 são advindos da

alimentação ou da produção do organismo, pela ação das enzimas alongase e

dessaturase (QIU, 2003; VOSS et al., 1991).

Entretanto, verifica-se que a atividade das ligações da enzima dessaturase é

reduzida na presença de tabagismo, consumo de álcool, diabetes, estresse,

ingestão elevada de gordura trans e com o envelhecimento (MILLS et al., 1994;

BRENNER, 2003; MAHFOUZ; JOHNSON; HOLMAN, 1980).

Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia muito longa (AGPI-CML) das

famílias n-3 destacam-se por suas funções na formação, desenvolvimento e

funcionamento do cérebro e da retina, estando presentes na maior parte das

membranas celulares desses órgãos; inclusive durante o período gestacional e nos

primeiros anos de vida (SANGIOVANNI; CHEW, 2005; CHEN et al., 1996).

Como o ácido docosahexaenóico (22:6 n-3, ADH) é altamente insaturado,

pode influenciar nas propriedades físicas das membranas cerebrais e seus

receptores, nas interações celulares e na atividade enzimática (YEHUDA et al.,

2002). Com o processo do envelhecimento, ocorre um aumento na quantidade de

colesterol no cérebro devido ao elevado estresse oxidativo que reduz os níveis de

ADH; esta cadeia de fatos pode estar presente em maior intensidade nas doenças

do Alzheimer, Parkinson e na esclerose lateral amiotrófica (SIMONIAN; COYLE,

1996).

Os ácidos araquidônico (20:4 n-6, AA), di-homo-gama-linoléico (20:3 n-6,

ADGL) e eicosapentaenóico (20:5 n-3, AEP) são precursores de alguns prostanóides

e leucotrienos; estes agem influenciando diversas funções celulares que controlam

39

Page 41: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

mecanismos fisiológicos e patológicos no organismo (YOUDIM; MARTIN; JOSEPH,

2000; ALBERTAZZI; COUPLAND, 2002; SMITH, 1992). Dentre as funções

patológicas destacam-se a participação nos processos inflamatórios por meio da

afinidade do AA pela ciclo-oxigenase que resultará em maior chance de obtenção

das prostaglandinas e tromboxanos da série 2. Entretanto, os seus correspondentes

nas séries n-3 apresentam propriedades anti-inflamatórias justificando a

recomendação de aumentar a ingestão de ácidos graxos ômega-3 objetivando

elevar a produção de prostanóides da série 3 que irão combater os prostanóides da

série 2, pois quando em excesso são responsáveis por desordens imunológicas,

inflamatórias e desencadeiam doenças cardiovasculares (SIMOPOULOS, 2004).

A razão entre a ingestão diária de alimentos que são fontes de ácidos graxos

n-6 e n-3 apresenta importante função na nutrição do ser humano, visto que estes

competem pelas mesmas enzimas envolvidas nas reações de dessaturação e

alongamento da cadeia. Apesar de tais enzimas identificarem-se mais com os ácidos

da família n-3, a conversão do ácido alfa-linolênico em AGPI-CL (cadeia longa) é

muito influenciada pelos valores de ácido linoléico na dieta (MARTIN et al., 2006).

Diversos estudos têm sido realizados para avaliar qual a proporção correta na

relação de consumo entre os ácidos graxos ômega 6 e ômega 3 e verifica-se uma

certa convergência de ideias. Dietas baseadas em relações inferiores a 1:1 para n-

6/n-3 não são recomendadas porque inibem a transformação do ácido linoléico em

AGPI-CML (MARTIN et al., 2006). As razões de 2:1 a 3:1 são recomendadas por

alguns autores que relatam uma maior conversão do ácido alfa-linolênico em ADH,

atingindo o seu valor máximo em torno de 2, 3:1 (MASTERS, 1996). Sendo assim,

as razões entre 2:1 e 4:1 são mais indicadas para indivíduos com hábitos

alimentares que resultam em baixa ingestão de AEP e ADH. Valores de proporções

maiores, como: n-6/n-3 entre 6:1 e 8:1 indicaram que a conversão do ácido alfa-

linolênico em AEP e ADH varia de 8% a 21% e de 0% a 9%, respectivamente,

observando-se uma maior conversão em mulheres provavelmente pelo nível de

estrogênio sobre as enzimas dessaturases (BURDGE; JONES; WOOTTON, 2002).

Atualmente, alguns autores avaliam a necessidade de reduzir a ingestão de n-

6/n-3 devido a: (i) diminuição de 70% na taxa de mortalidade em pacientes com

doenças cardiovasculares quando a razão foi estabelecida em 4:1; (ii) redução nas

inflamações advindas da artrite reumatóide, quando a razão n-6/n-3 determinada na

dieta esteve entre 3 a 4:1 e (iii) diminuição dos sintomas da asma quando a razão

40

Page 42: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

estava entre 5:1; já em 10:1 estes foram intensificados (LORGERIL et al., 1994;

BROUGHTON et al., 1997).

É possível encontrar fontes alimentares de ácido linoléico e alfa-linolênico

tanto em espécies vegetais como em animais. As hortaliças apresentam pequenas

quantidades de ácido alfa-linolênico, entretanto o consumo de agrião, couve, alface,

espinafre e brócolis podem elevar a sua ingestão. Nas frutas temos como exemplo o

abacate, a banana, o mamão a manga e o morango. Dentre os cereais e

leguminosas destacam-se a aveia, o arroz, o feijão, a ervilha e a soja. Nos óleos

vegetais verifica-se uma maior concentração no óleo de linhaça, porém os óleos de

canola e soja também apresentam concentrações significativas. Já em alimentos de

origem animal, como peixes e aves, suas quantidades dependem da dieta a que

esses animais foram submetidos (MARTIN et al., 2006).

3.7.3.5 Fibras

As fibras podem ser diferenciadas por meio da classificação entre fibras

solúveis e insolúveis. Dentre as solúveis temos as pectinas e hemiceluloses que

tendem a formar géis quando em contato com a água, aumentando a viscosidade

dos alimentos parcialmente digeridos no estômago. Este tipo de fibra diminui a

absorção de ácidos biliares e possui atividade hipocolesterolêmica através da

redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol (PIMENTEL et al., 2005;

RODRÍGUEZ et al., 2003).

Já nas fibras insolúveis destacam-se a lignina, a celulose e algumas

hemiceluloses as quais são inalteradas durante todo o trato gastrintestinal. Estas

têm como objetivo auxiliar na formação do bolo fecal e no estímulo à motilidade

intestinal; aumentar a excreção de ácidos biliares e as propriedades antioxidantes e

hipocolesterolêmicas (PIMENTEL et al., 2005; RODRÍGUEZ et al., 2003).

Outros estudos complementam as ideias anteriores quando referem que, de

maneira geral, as fibras auxiliam na redução dos níveis de colesterol sanguíneo e no

menor desenvolvimento dos riscos de câncer, através dos seguintes fatores: (i)

retenção das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato gastrintestinal

durante os processos digestivos; (ii) rápida eliminação do bolo fecal, com redução do

tempo de contato entre o tecido intestinal e substâncias mutagênicas e

41

Page 43: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

carcinogênicas e (iii) produção de substâncias protetoras através da fermentação

bacteriana dos compostos de alimentos (ANJO, 2004).

As fibras não fornecem energia devido a sua ausência de hidrólise pelas

enzimas intestinais do ser humano, entretanto, podem ser fermentadas por algumas

bactérias, apresentando como exemplos: os grãos (arroz, soja, trigo, aveia, feijão e

ervilha), os vegetais (alface, brócolis, couve, couve-flor, repolho, chuchu, vagem,

pepino) e as raízes (cenoura, rabanete); destacando que podem estar presentes

também em outras fontes alimentares (PIMENTEL et al., 2005).

3.7.3.6 O mel

Há cerca de quatro décadas são investigadas as propriedades químicas e

biológicas do mel, entretanto apenas recentemente é que observou-se um crescente

interesse no uso de antioxidantes para doenças causadas pelo estresse oxidativo. O

mel, de modo geral, de acordo com sua origem floral e localização, apresenta

antioxidantes naturais que desempenham importante função na nutrição humana

(SOCHA et al., 2009).

É um produto de fácil digestão, possui valor energético elevado, além de

diversos nutrientes em sua composição, como: carboidratos, vitaminas, minerais e

aminoácidos (KOMATSU; MARCHINI; MORETI, 2002). Campos et al. (1987)

revelam que a composição média do mel pode ser resumida em três frações

principais: açúcares, água e outros componentes em menores proporções,

correspondendo respectivamente a 80%, 17% e 3%. Bizzaria; Filgueiras (2003)

complementam tal ideia quando referem que o mel é importante para a saúde por

apresentar diferentes propriedades: antimicrobiana, curativa, calmante, regenerativa

de tecidos, estimulante, entre outras. Apresenta também, em menores quantidades,

elementos minerais essenciais, como: selênio, zinco, manganês, cromo e alumínio

(SILVA et al., 2006).

É considerado um alimento com propriedades funcionais, pois os

oligossacarídeos que são açúcares não apenas com a função de fornecer energia,

mas também com propriedade fisiológica (ALMEIDA; PASTORE, 2004). Este tipo de

açúcar pode agir sobre a população de lactobacilos e bifidobactérias do cólon,

exercendo efeito prebiótico no organismo humano, ou seja, reduz a atividade de

microrganismos patogênicos, modula funções fisiológicas como a absorção de cálcio

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Page 44: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

e o metabolismo lipídico e diminui o risco de câncer de cólon (LEITE et al., 2000;

ROBERFROID, 2002).

O mel também é conhecido como antioxidante por apresentar ácidos

fenólicos, flavonóides, ácido ascórbico, carotenóides, dentre outros elementos em

sua composição (GHELDOF; ENGESETH, 2002; GHELDOF; WANG; ENGESETH,

2002; SCHRAMM et al., 2003). Os compostos fenólicos podem contribuir para a

saúde quando atuam como varredores de radicais peroxil ou reduzem e quelam íons

férrico; catalisando a peroxidação lipídica (AL-MAMARY; AL-MEERI; AL-HABORI,

2002).

3.8 MÉTODOS DE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA

A análise físico-química deve ser bem planejada, indicando seu início e

término. De acordo com as estratégias estipuladas, é uma investigação complexa e

que envolve vários estágios, como: delimitação e preparo da amostra, coleta e

análise de dados, interpretação dos resultados e sua divulgação com as devidas

recomendações. A pesquisa físico-química em alimentos é essencial para auxiliar na

resolução de problemas de saúde pública, bem como para contribuir com ações de

vigilância sanitária. Por estes motivos, torna-se imprescindível que o pesquisador

esteja devidamente treinado e apto a escolher a metodologia analítica adequada,

garantindo assim a confiabilidade dos resultados apresentados (BRASIL, 2005;

NEDERLAND, 2005).

Outras análises podem ser realizadas a fim de conhecer a composição de

alimentos. O índice de polifenóis é um indicador do total de fenóis que uma amostra

pode apresentar, para tanto, pode-se utilizar o método espectrofotométrico de Folin-

Ciocalteau, onde os polifenóis reagem com reagentes de oxi-redução específicos em

meio básico que se reduzem ao oxidar os compostos fenólicos, formando um

complexo de coloração azul cuja intensidade aumenta linearmente a 765nm, sendo

possível a sua quantificação. A quantidade total de fenóis é expressa por meio de

uma curva calibração preparada com um fenol padrão (FOLIN; CIOCALTEAU,

1927).

Diferentes metodologias têm sido propostas para avaliar a atividade

antioxidante em alimentos. O potencial antioxidante não pode ser medido

diretamente, mas sim o efeito antioxidante. Os métodos disponíveis demonstram

43

Page 45: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

diversidade e não há uma clara distinção entre as diferentes etapas (ANTOLOVICH

et al., 2000).

Em geral, os métodos para determinar a atividade antioxidante baseiam-se na

inibição de certas reações pela presença de antioxidantes. Os mais utilizados são

aqueles que geram radicais em meios específicos e são facilmente detectados por

técnicas fotométricas (ARNAO et al., 2000).

O radical estável 2,2 -difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) dissolvido em solução

metanólica tem sido amplamente indicado para avaliar a capacidade de

antioxidantes naturais em sequestrar radicais livres; produzindo um decréscimo da

absorbância a 515nm em espectrofotômetro. A solução de DPPH apresenta uma

coloração roxa intensa e a ação antioxidante de um extrato pode ser vista pelo

progressivo descoloramento da solução (BONDET; BRAND-WILIAMS; BERSET,

1997; SANCHEZ-MORENO; JIMENES-ESCRIG; SAURA-CALIXTO, 2000).

44

Page 46: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

4 METODOLOGIA

A metodologia foi estruturada em duas etapas: a primeira refere-se ao estudo

populacional com a descrição do perfil sociodemográfico e as principais

características de tratamento dos usuários assistidos pela Secretaria de Saúde do

Município de Itajaí no que se refere ao fornecimento de Fórmulas Nutricionais e a

segunda refere-se ao ensaio experimental com o objetivo de avaliar e comparar

entre as dietas propostas valores de macronutrientes, micronutrientes, fibras e a

viabilidade econômica, bem como as análises físico-químicas realizadas.

4.1 ESTUDO POPULACIONAL

4.1.1 Tipo de estudo

O estudo populacional trata-se de um ensaio transversal realizado com dados

de usuários assistidos pela Secretaria de Saúde do Município de Itajaí, no Estado de

Santa Catarina.

4.1.2 População e local de estudo

Os usuários estudados foram os cadastrados na Secretaria de Saúde do

Município de Itajaí, com os prontuários devidamente preenchidos, que se

encontravam em ambiente domiciliar e em uso de dieta enteral no período de janeiro

a dezembro/2011. Foram excluídos aqueles com prontuários incompletos.

A população de Itajaí é composta de 183.373 mil habitantes (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010). A economia é sustentada pelo tripé

porto, comércio atacadista de combustível e pesca, mas o setor de produção

industrial também exerce importante papel na arrecadação do município, bem como

a comercialização de gêneros alimentícios.

A Secretaria de Saúde do município possui um atendimento de Fórmulas

Nutricionais, criado em 2008, com visita domiciliar realizada por um nutricionista e

acompanhado pela Estratégia Saúde da Família (ESF). Os usuários cadastrados

neste tipo de atendimento recebem mensalmente, em média, 5 latas de 400g de

fórmula enteral padrão em pó, a qual é utilizada como parte da elaboração da dieta

45

Page 47: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

enteral artesanal padrão fornecida pelo serviço de nutrição e que segue a receita

padronizada baseada nas orientações do Ministério da Saúde. Ao verificar que o

usuário manterá este tipo de tratamento por mais de dois meses, em média, a

Secretaria Estadual de Saúde assume o fornecimento integral da fórmula utilizada.

4.1.3 Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu com base na análise dos prontuários dos usuários

atendidos no período de janeiro a dezembro/2011, objetivando verificar o perfil

sociodemográfico e as principais características de tratamento dos mesmos

assistidos pela Terapia Enteral Domiciliar.

4.1.4 Variáveis sociodemográficas

• Idade: Para efeitos de comparação com outros estudos, os pacientes foram

classificados conforme as faixas etárias: idosos (idade igual ou superior a 60 anos),

adultos (de 20 a 59 anos) e crianças e adolescentes (idade inferior a 20 anos).

• Sexo: Foram divididos em masculino e feminino.

• Diagnóstico clínico: As doenças de base que levaram à necessidade da

utilização da terapia nutricional enteral foram agrupadas em: (i) neoplasias; (ii)

doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; (iii) doenças do sistema nervoso;

(iv) doenças do aparelho circulatório; (v) doenças do aparelho respiratório e (vi)

doenças do aparelho geniturinário.

4.1.5 Características de tratamento

• Tipo de dieta: Para a avaliação do tipo de dieta utilizada, as mesmas foram

classificadas de acordo com a forma de preparo (artesanal, industrial).

• Vias de acesso da dieta: Para critério de classificação os pacientes foram

divididos quanto à via de acesso nasal (sondas nasogástricas ou nasoentéricas) ou

ostomias (gastrostomia ou jejunostomia), ou ainda a via oral.

46

Page 48: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

4.2 ENSAIO EXPERIMENTAL

4.2.1 Material

Para o preparo da dieta artesanal com alimentos de propriedades funcionais

foram utilizados: abacate (Persea americana), alho (Allium sativium L.), arroz

parboilizado tipo 1, beterraba (Beta vulgaris L.), brócolis (Brassica oleracea L. var.

italica Plenck), carne bovina moída, castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa H. B. K.),

cebola (Allium cepa L.), cenoura (Daucus carota L.), couve mineira (Brassica

oleracea L.), farinha láctea, laranja pêra (Citrus sinensis L.), gergelim (Sesamum

indicum), leite semi-desnatado, maçã gala (Malus domestica Borkch), mamão

formosa (Carica papaya), mel, óleo de soja, quinoa real (Jasmine®), salsa

(Petroselinum crispum) e fórmula enteral oligomérica em pó isenta de lactose. Os

alimentos utilizados para elaboração da dieta não industrializada padrão foram:

açúcar refinado, arroz parboilizado tipo 1, carne bovina moída, cebola (Allium cepa

L.), cenoura (Daucus carota L.), feijão, leite semi-desnatado, leite em pó integral,

óleo de canola e suplemento alimentar com frutooligossacarídeos em pó com

lactose. A receita da dieta não industrializada padrão foi disponibilizada pela

Secretaria de Saúde do Município de Itajaí.

Todos os produtos foram adquiridos em supermercados e feiras livres da

cidade de Itajaí (SC), optando-se pelos menores valores comercializados.

Os alimentos foram pesados em balança semi-analítica com capacidade

mínima de 0,5g e capacidade máxima de 2000g (Marte®, modelo AS2000C, São

Paulo, Brasil). Os eletrodomésticos necessários para a elaboração da dieta

artesanal foram os seguintes: multiprocessador de alimentos, com opção para

espremedor de frutas (Faet®, modelo Multipratic , cap. 750mL, Rio de Janeiro,

Brasil), liquidificador (Arno®, modelo Optimix, cap. 2L, São Paulo, Brasil), além dos

utensílios: panela de pressão (Panex®, cap. 4,5L, São Paulo, Brasil) e tela de inox

plana com abertura de 1mm de diâmetro.

47

Page 49: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

4.2.2 Estudo in vitro

Foram analisadas e comparadas duas dietas enterais artesanais, sendo uma

dieta padronizada oferecida pela Secretaria de Saúde do Município de Itajaí/SC (D1)

e outra elaborada com alimentos de propriedades funcionais (D2).

A proporção de sólidos utilizada na D2 foi testada em ensaio experimental,

com diferentes concentrações de sólidos (15, 20, 25 e 30%). A partir desse ensaio, a

proporção de 30% de soluto (peso/volume) foi estabelecida como adequada.

4.2.3 Formulação e cálculo do conteúdo nutricional das dietas

Com relação à distribuição dos macronutrientes, foram preconizados os

valores específicos para formulações enterais, sendo: 14 a 20% para proteínas, 30 a

35% para lipídeos e 40 a 60% para carboidratos do valor calórico total da dieta

(BAXTER et al., 2000).

A dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais foi

elaborada com um valor energético de 1500kcal, possibilitando a comparação com a

dieta enteral artesanal padrão ofertada pelo município.

Para o cálculo de macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídeo),

micronutrientes (ácido ascórbico, cálcio, ferro, retinol, sódio e zinco) e fibras das

dietas D1 e D2 utilizou-se a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (NEPA-

UNICAMP, 2011). Para quinoa, dieta enteral oligomérica em pó isenta de lactose

com fibras e suplemento alimentar com frutooligossacarídeos em pó com lactose foi

consultado o rótulo dos alimentos.

4.2.4 Preparo das amostras

As duas dietas (D1 e D2) foram elaboradas em condições semelhantes ao

domicílio e analisadas nos Laboratórios da Universidade do Vale do Itajaí. A análise

da osmolalidade foi realizada no setor de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Paraná.

A indicação para elaboração da D1 é a realização de uma sopa preparada

pela manhã e oferecida durante o dia em intervalos de tempo regulares totalizando 6

48

Page 50: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

administrações via sonda. Os alimentos, as medidas caseiras e respectivo peso (g)

que compõe esta preparação estão descritos no Quadro 2.

Ingrediente Medida caseira Peso (g) Arroz cru 1 cs* 15 Feijão cozido 3 cs 51 Carne moída 3 cs 75 Cenoura crua 4,5 cs 56,33 Cebola picada 2 cs 20,71 Leite semi-desnatado 6 copos 1800 Leite em pó 1 cs 16,90 Açúcar refinado 3,5 cs 67 Óleo de soja 2 cs 16 Óleo de canola 1 cs 8 Suplemento alimentar com frutooligossacarídeos em pó 2 cs 32,63 Quadro 2 – Alimentos utilizados para a formulação da dieta enteral artesanal padrão

ofertada pela Secretaria de Saúde de Itajaí, 2011 - 2012. Fonte: Secretaria de Saúde do Município de Itajaí/SC, Brasil. *cs = colher de sopa

Inicialmente cozinhou-se o feijão com água em panela de pressão por vinte

minutos. Em seguida adicionou-se o arroz cru, a carne moída crua, a cebola picada

e a cenoura ralada aquecendo-se a mistura sob pressão por mais oito minutos. Após

a panela ter sido resfriada sob água corrente, os alimentos cozidos foram

transferidos para o liquidificador, acrescentou-se o leite semi-desnatado, o leite em

pó, o açúcar, o óleo de soja, o óleo de canola e o suplemento alimentar com

frutooligossacarídeos em pó ofertado pela Secretaria de Saúde do Município; este

conteúdo foi liquidificado por quatro minutos, em velocidade alta. O volume total da

dieta (2,5L) foi filtrado em peneira de malha fina por três vezes.

A D2 foi fracionada em quatro sucos e duas refeições salgadas, sendo a

mesma tanto para o almoço, como para o jantar. Os alimentos, as medidas caseiras

e respectivo peso (g) que compõe esta preparação estão descritos no Quadro 3.

49

Page 51: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Ingrediente / Preparação Medida caseira Peso (g)

Suco 1

Leite semi-desnatado 1e ½ copo peq. cheio 262

Abacate 1 col. de sobr. 15

Maçã sem casca ¼ unidade grande 25

Farinha láctea 3 col. de sobr. 30

Suco 2

Laranja pêra (suco) 3 unidades 175

Couve mineira crua 1 folha pequena 18

Maçã sem casca ½ unidade grande 50

Castanha-do-Pará 1 unidade 5

Almoço e Jantar

Arroz tipo 1 cru 3 cs** 45

Carne moída bovina crua 4 cs 100

Cenoura crua ralada 2 cs 25

Brócolis cru 2 cs 20

Beterraba crua ralada 2 cs 20

Salsa crua 10 cs 30

Quinoa real em flocos 3 cs 25

Cebola 2 rodelas 8

Alho 1 dente pequeno 2

Óleo de soja 3 cs 24

Sal 1 col. de chá rasa 2

Suco 3

Laranja pêra (suco) 3 unidades 175

Couve mineira 1 folha pequena 18

Cenoura crua ralada 4 cs 50

Mel 1 col. de sobr. 10

Suco 4

Leite semi-desnatado 1 copo peq. Cheio 175

Fórmula enteral oligomérica em pó 6 col. medidas 42

Maçã sem casca ¼ unidade 25

Gergelim triturado 2 cs 15

Quadro 3 – Alimentos utilizados para a formulação da dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais, Itajaí, 2011 – 2012.

* col. sobr. = colher de sobremesa ** cs = colher de sopa

As frutas e vegetais foram lavados e colocados em imersão por 30 minutos

em solução de água sanitária na proporção de 10mL de água sanitária para uso

geral a 2% (1 col. de sopa) em 1L de água. Todos os utensílios utilizados foram

lavados em água corrente com detergente, enxaguados, secados e higienizados

com álcool 70% (v/v) (ABERC, 1999).

Para o preparo do suco 1, a maçã foi descascada e cortada em pedaços

menores, sendo acrescentada ao leite e a farinha láctea. Estes ingredientes foram

50

Page 52: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

transferidos para o liquidificador e agitados por dois minutos em velocidade alta.

Após, o abacate também foi acrescentado à mistura a qual foi liquidificada por mais

quatro minutos em velocidade alta. A preparação foi filtrada por três vezes em

peneira de malha fina.

Para a elaboração do suco 2, liquidificou-se por dois minutos metade de uma

maçã grande e sem casca com o suco de laranja, em velocidade alta. Em seguida

acrescentou-se a castanha-do-Pará e a couve previamente picadas e liquidificou-se

por mais dois minutos, sendo o conteúdo filtrado em peneira de malha fina.

Acrescentou-se ao suco 50mL de água para melhor diluição e a mistura foi

homogeneizada por mais quatro minutos no liquidificador e filtrada duas vezes em

peneira de malha fina.

O suco 3 foi constituído de cenoura ralada liquidificada por dois minutos com

suco de laranja, posteriormente, acrescentou-se couve picada e mel; sendo

liquidificado por mais dois minutos e filtrado com peneira de malha fina. Em seguida,

foi acrescentado 50mL de água, homogeneizado por mais quatro minutos e

novamente coado duas vezes.

Para a formulação do suco 4, a maçã sem casca foi picada, acrescentada ao

leite semi-desnatado, à fórmula enteral oligomérica em pó e ao gergelim

previamente triturado. Os ingredientes foram transferidos para o liquidificador sendo

agitados por quatro minutos em velocidade alta e filtrados três vezes em peneira de

malha fina.

Os alimentos que constituíram as principais refeições (almoço e jantar) foram

preparados em panela de pressão na seguinte ordem: o alho e a cebola previamente

picados foram refogados com o óleo de soja, em seguida adicionou-se a carne

moída. Após alguns minutos, acrescentou-se 200mL de água filtrada e os demais

ingredientes (arroz, cenoura e beterraba ralados, brócolis e salsa cortados, sal e

quinoa real em flocos (Jasmine®)), juntamente com mais 400mL de água filtrada e

deixando-se ferver sob pressão por dez minutos em fogo médio. Após este

procedimento, aguardou-se o resfriamento do conteúdo da panela.

Acrescentou-se à mistura fria mais 500mL de água e liquidificou-se a sopa por

quatro minutos em velocidade alta. A formulação foi filtrada em peneira de malha

fina, devolvida ao liquidificador, acrescentados 200mL de água e liquidificada por

mais seis minutos. Em seguida o preparo foi filtrado em peneira de malha fina. O

51

Page 53: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

volume total foi de 1000mL de sopa, sendo dividido igualmente em duas refeições:

almoço e jantar.

Todas as refeições descritas (D1+D2) foram colocadas em frascos de vidros

âmbar e mantidas sob congelamento (-18 ± 0,2°C) para posteriores análises físico-

químicas, polifenóis totais e antioxidantes.

O fracionamento, volume do frasco e tempo de gotejamento para o método

intermitente gravitacional estão descritos no Quadro 4.

Horário Formulação Volume do frasco Tempo de gotejamento 7h Suco 1 300mL 2h (45gts/min) 10h Suco 2 240mL 1h e 30 minutos (48gts/min) 12h Almoço 500mL 3 horas (50gts/min) 16h Suco 3 240mL 1h e 30 minutos (48gts/min) 18h Jantar 500mL 3 horas (50gts/min) 22h Suco 4 200mL 1h e 30 minutos (40gts/min) Quadro 4 – Fracionamento da dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais

Outro método de oferecer esta dieta é administrá-la em bolos, ou seja,

utilizando uma seringa para infusão da formulação em uma única vez, desde que o

usuário esteja com a sonda para nutrição enteral localizada em região gástrica

(SILVA; MURA, 2007).

4.2.5 Análise de custos das dietas

Para o cálculo do custo das dietas utilizou-se os valores praticados no

comércio popular (feiras e pequenos mercados) no momento da pesquisa.

Não foram considerados os gastos indiretos, como: luz, água, gás, frascos,

equipos de dieta, profissionais envolvidos, entre outros.

4.2.6 Análises físico-químicas

Após o preparo, as dietas foram acondicionadas em provetas graduadas,

armazenadas em refrigerador (5°C) durante 24 horas e observadas (WAITZBERG et

al., 1985). Um período maior de tempo não foi considerado porque a dieta artesanal

não deve ser utilizada após o período de 24 horas, devido aos riscos de

52

Page 54: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

contaminação, além do início do processo de degradação e oxidação de alguns

ingredientes.

4.2.6.1 Gotejamento e homogeneidade

O teste de gotejamento (gotas/minuto) foi realizado pelo método gravitacional

(ARAÚJO; MENEZES, 2006), utilizando-se de 240 a 500mL de dieta em frascos

plásticos (Biobase®), com capacidade de 500mL e equipo com 2,1mm de diâmetro

(Embramed®). A homogeneidade e estabilidade das soluções foram avaliadas por

inspeção visual.

4.2.6.2 Osmolalidade

A osmolalidade dos preparados (D1 e D2) foi determinada por meio do

osmômetro de pressão de vapor (Vapro®, Wescor modelo 5520, Logan, EUA). O

método baseia-se na redução da temperatura do ponto de condensação de uma

amostra, em função da quantidade de solutos/osmólitos na amostra, com uma

resolução de até 0,00031°C.

Primeiramente foi aspirado 500 microlitros da amostra, sendo esta

centrifugada por 5 minutos a 5000 rotações/minuto em centrífuga (Eppendorf®,

modelo 5415 D, São Paulo, Brasil). Posteriormente, 10 microlitros do sobrenadante

de cada amostra, não diluída, foi colocado com auxílio de uma micropipeta em um

disco de papel filtro no porta-amostras do aparelho, e foi fechada a câmara da

amostra. Quando a câmara é fechada inicia-se a sequência de medição automática.

O elemento de detecção é um higrômetro de termopar de fio fino. Na medida em que

é alcançado o equilíbrio da pressão de vapor no espaço de ar da câmara, o

termopar detecta a temperatura ambiente do ar, estabelecendo o ponto de

referência para a medição.

4.2.6.3 pH

O pH foi determinado pelo método eletrométrico utilizando um potenciômetro

(Digimed®, modelo DM 21, São Paulo, Brasil), segundo os padrões estabelecidos

pelo Instituto Adolfo Lutz (2008).

53

Page 55: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A amostra foi transferida para um béquer graduado e o eletrodo foi inserido na

mesma. Ao acionar o aparelho, este já apresentava o resultado que seria o potencial

hidrogeniônico (concentração de íons de hidrogênio).

Após o término de cada análise o eletrodo foi higienizado com água

deionizada.

4.2.6.4 Atividade de água (Aw)

Para o teste de atividade de água foi utilizado o aparelho analisador de

umidade de halogênio (Mettler Toledo®, modelo J16 Moisture Analyzer, São Paulo,

Brasil). A amostra foi transferida, com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, para o

prato de alumínio do equipamento. Por meio da secagem infravermelha, obteve-se o

resultado em porcentagem de água.

4.2.6.5 Resíduo por incineração – cinzas

As cinzas foram quantificadas seguindo o método descrito pelo Instituto

Adolfo Lutz (2008) por meio da incineração em mufla. As amostras foram pesadas

em balança analítica (ScienceTech®, modelo SA210, Boulder, EUA) e aquecidas

sob placa de aquecimento (Fisatom®, modelo 752A, São Paulo, Brasil) a uma

temperatura de 100 a 150°C para evitar perdas durante o processo de incineração.

Após secagem, as amostras foram incineradas em mufla a 550°C, até obtenção das

cinzas.

Todas as análises citadas anteriormente foram avaliadas em duplicata.

4.2.7 Análise de polifenóis totais e atividade antioxidante

4.2.7.1 Determinação do Índice de Polifenóis Totais (IPT)

A quantificação do Índice de Polifenóis Totais foi avaliada pelo método de

Folin-Ciocalteau, o qual se fundamenta na oxidação dos compostos fenólicos por

uma mistura de ácidos fosfotúngstico e fosfomolibdico que se reduzem em meio

54

Page 56: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

básico, assim se originam óxidos azuis, de tungstênio e molibdênio (FOLIN,

CIOCALTEU, 1927).

Utilizou-se ácido gálico como fenol padrão para elaboração da reta de

calibração nas seguintes concentrações: 0, 50, 100, 150, 250 e 500 mg/L. As

amostras foram transferidas à balões volumétricos de 10mL, acrescentados 0,5mL

do reagente fenol Folin-Ciocalteau e 1,5mL de uma solução de Carbonato de Sódio

a 20% (P/V), logo o volume final foi completado com água destilada. Esta solução

repousou por 2 horas a 24ºC, em seguida a absorbância da cor azul foi medida a

uma longitude de onda máxima de 765nm. Os resultados foram expressos em mg

de equivalente em ácido gálico/100mL de dieta (EAG/100mL) estimando

quantitativamente o conteúdo de polifenóis.

4.2.7.2 Atividade antioxidante – método DPPH (2,2 -difenil-1-picrilhidrazil)

Este método baseia-se na medida da capacidade de captura de radicais livres

pelos antioxidantes das amostras analisadas (VAN DEN BERG et al, 1999) e é um

dos mais empregados por ser considerado prático, rápido e estável.

Em 3,9 mL de solução metanólica de DPPH a 100µM adicionou-se 0,1 mL da

amostra, homogeinizado cuidadosamente. O radical livre foi preparado diariamente e

protegido da luz. A absorbância foi medida a 515nm em intervalos de tempos

distintos por até 30 minutos para que a reação se estabilizasse com valores de

absorbância constantes. A atividade antioxidante do meio de reação foi calculada a

partir de uma curva de calibração, obtida por regressão linear, utilizando-se Trolox

(composto análogo a vitamina E e solúvel em água) como referência, confrontando-

se a absorbância frente à concentração deste composto (VAN DEN BERG et al.,

1999; CIMINO et al., 2007).

Os resultados foram expressos em TEAC, Atividade Antioxidante Equivalente

ao Trolox (mMol/L de amostra). Para encontrar o valor TEAC de cada solução

ensaiada, foi multiplicada a concentração de Trolox, calculada anteriormente, pelo

fator de diluição (VAN DEN BERG et al., 1999).

As análises de polifenóis e potencial antioxidante foram determinadas em

triplicata em um espectrofotômetro (Biosystems®, modelo Espectro Vision

SB1810S).

55

Page 57: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

4.3 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade do Vale do Itajaí, registrado sob o número 273/11 (Anexo A).

Ao encerrar o estudo, os profissionais nutricionistas envolvidos com o tema

participaram de uma reunião na Secretaria de Saúde de Itajaí na qual o presente

trabalho foi apresentado.

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi realizada com auxílio do programa Statistica, versão 10.0 e aplicada

análise de variância (ANOVA), sendo que as diferenças entre as amostras foram

determinadas pelo teste de Tukey. Foram consideradas diferenças significativas

quando p < 0,05.

4.5 ELABORAÇÃO DE MANUAL PARA TERAPIA ENTERAL NUTRICIONAL

DOMICILIAR

O município receberá uma proposta de dieta enteral artesanal com alimentos

de propriedades funcionais por meio de um Manual do Usuário em Nutrição

Domiciliar (Apêndice A).

A partir do planejamento e cálculo da dieta enteral artesanal com alimentos de

propriedades funcionais com 1500kcal foram elaboradas outras duas dietas, com

composição energética e de nutrientes referente a 1800kcal e 2200kcal.

Também foram elaborados três folders a serem entregues para os usuários

com a receita da dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais,

de acordo com o seu suprimento energético: 1500kcal, 1800kcal ou 2200kcal

(Apêndice B).

56

Page 58: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e a discussão foram apresentados na forma de um artigo

elaborado para publicação, intitulado: “Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta

enteral com propriedades funcionais”, o qual foi encaminhado para apreciação a

uma revista da área.

ATENÇÃO DOMICILIAR À SAÚDE: PROPOSTA DE DIETA ENTERAL

ARTESANAL COM ALIMENTOS DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS

Anna Claudia Bogoni; Luciane Peter Grillo; Tatiana Mezadri;

Marina Burger Beuting; Ana Paula Libardo

RESUMO

O aumento da expectativa de vida e da prevalência de doenças crônicas não

transmissíveis e suas consequências tem elevado a procura por serviços de

assistência domiciliar. Dietas enterais não-industrializadas variam quanto à sua

composição, características nutricionais e custo, em função dos alimentos

empregados, dos procedimentos e técnicas adotadas. Objetivos: Identificar o perfil

dos usuários de dietas enterais, bem como, desenvolver e caracterizar uma dieta

enteral artesanal com alimentos considerados funcionais comparando com a dieta

enteral artesanal proposta pela Secretaria de Saúde de um município do sul do

Brasil e recomendada pelo Ministério da Saúde. Métodos: Dados sociodemográficos

e principais características de tratamento dos usuários deste serviço foram

identificados. Para o ensaio experimental, uma proporção de 30% de solutos foi

estabelecida e, considerando-se a distribuição dos macronutrientes (carboidratos,

proteínas e lipídeos) no total energético foi elaborada a dieta com a inclusão de

alimentos com propriedades funcionais segundo comprovações da literatura. Foram

realizadas análises físico-químicas (composição centesimal, densidade calórica,

osmolalidade, pH, umidade, cinzas e polifenóis totais), atividade antioxidante e

custos. Resultados: A maioria dos usuários foi do sexo feminino (58%), acima de 60

anos (66%), com predomínio das doenças do sistema nervoso (67%), da via de

acesso enteral (64%) e do consumo da dieta enteral artesanal padronizada (64%).

Comparando-se as duas dietas, verificou-se que a proposta deste estudo

57

Page 59: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

apresentou adequada composição nutricional, destacando-se no índice de polifenóis

totais e potencial antioxidante (p<0,05), justificando a importância da sua utilização

pelos serviços de assistência domiciliar.

PALAVRAS-CHAVE: Nutrição enteral; alimento funcional; análise de alimentos.

ABSTRACT

The increase of life expectation and the prevalence of not transmissible chronic

diseases and their consequences have increased the search for home assistance

services. Non-industrialized enteral diets vary as for their composition, nutritional

characteristics and cost, according to the foods used, the procedures and the

techniques adopted. Aims: To identify the profile of enteral diet users, as well as

develop and characterize a home enteral diet with foods considered functional, in

comparison with a home enteral diet proposed by the Secretary of Health of a

municipality in the South of Brazil, and recommended by the Ministry of Health.

Methods: Sociodemographic data and main treatment characteristics of the users of

this service were identified. For the experimental trial, a proportion of 30% of solubles

was established, and considering the distribution of macronutrients (carbohydrates,

proteins and lipids) in the total energy. A diet was prepared including foods with

proven functional properties according to the literature. Physico-chemical analyses

were performed (centesimal composition, calorie density, osmolality, pH, humidity,

ash and total polyphenols),antioxidant activity and costs. Results: The majority of

users were of the female sex (58%), over the age of 60 years (66%), with

predominance of nervous system diseases (67%), via enteral access (64%) and

consumption of standardized home enteral diet (64%). When the two diets were

compared, it was found that the one proposed in this study presented adequate

nutritional composition, with emphasis on the index of total polyphenols and

antioxidant potential (p<0.05), justifying the importance of its use by the home

assistance services.

KEY WORDS: Enteral Nutrition, functional food, foods analysis.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento da renda, a industrialização e mecanização da produção,

urbanização, o maior acesso a alimentos e a globalização de hábitos não saudáveis

58

Page 60: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

produziram uma rápida transição nutricional e demográfica no Brasil, gerando uma

pirâmide etária com maior peso relativo para adultos e idosos, expondo a população

ao risco de doenças crônicas não transmissíveis1.

Devido à mudança no perfil da população brasileira, o serviço de assistência

domiciliar tem aumentado. Conforme Fabricio et al. (2004)2, a assistência domiciliar,

também conhecida como home care , pode ser definida como “um conjunto de

procedimentos hospitalares possíveis de serem realizados na casa do paciente”.

Tem como objetivo garantir a assistência humanizada e integral, por meio da

aproximação da equipe de saúde com a família; promover educação em saúde aos

familiares e cuidadores; reduzir os custos da atenção para a família e para o Estado;

diminuir o risco de infecção e utilizar racionalmente os leitos hospitalares3.

Um dos componentes da assistência domiciliar corresponde à terapia de

nutrição enteral que consiste em uma opção terapêutica amplamente utilizada na

prática clínica para manter ou recuperar o estado nutricional de indivíduos, por meio

do fornecimento de nutrientes que possam ser administrados com o auxílio de

sondas4.

Diversas formulações enterais industrializadas estão disponíveis no mercado

para atender a população. Todavia, por seu elevado custo, torna-se inviável

economicamente para a maioria dos pacientes que tenham que utilizar este tipo de

nutrição por longo período. Como alternativa, pode-se preparar uma dieta enteral

não-industrializada com alimentos in natura, possibilitando adequação em termos de

nutrientes e com um custo mais adequado4, além da oportunidade de inclusão de

alimentos com propriedades funcionais.

A legislação brasileira não define alimento funcional. Define alegação de

propriedade funcional e alegação de propriedade de saúde e estabelece as

diretrizes para sua utilização5. O alimento ou ingrediente que alega propriedades

funcionais, e/ou de saúde pode, além das funções básicas de nutriente, produzir

efeitos metabólicos, ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde, devendo ser seguro para

o consumo sem a supervisão médica6.

Mesmo havendo conhecimentos suficientes que deem suporte a essa

abordagem são poucos os estudos de formulações artesanais seguras, com controle

de osmolalidade, viscosidade e determinação da composição centesimal e avaliação

da atividade antioxidante, considerando estes aspectos, o objetivo deste estudo foi

propor uma dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais

59

Page 61: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

analisando as características físico-químicas e potencial antioxidante e compará-la

com a dieta enteral não-industrializada padrão sugerida pela Secretaria de Saúde de

um município no sul do Brasil para a utilização de usuários vinculados ao Sistema

Único de Saúde, foi determinado também o perfil sociodemográfico e as principais

características de tratamento destes usuários assistidos pela Terapia Enteral

Domiciliar do município.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A Secretaria de Saúde do município estudado possui um serviço de Fórmulas

Nutricionais, criado em 2008, com atendimento domiciliar realizado por nutricionista

e acompanhado pela Estratégia Saúde da Família (ESF). Os usuários cadastrados

recebem mensalmente, em média, 5 latas de 400g de fórmula enteral padrão em pó,

a qual é utilizada como parte da elaboração da dieta enteral artesanal padrão

fornecida pelo serviço de nutrição e que segue a receita padronizada baseada nas

orientações do Ministério da Saúde.

A metodologia foi estruturada em duas etapas: a primeira refere-se a um

ensaio transversal realizado a partir dos dados de prontuários (descrição do perfil

sociodemográfico e as principais características de tratamento) dos usuários

assistidos pelo serviço de Fórmulas Nutricionais da Secretaria de Saúde do

município estudado; a segunda refere-se a elaboração de dieta com utilização de

alimentos com propriedades funcionais seguido de ensaio experimental com o

objetivo de avaliar e comparar, entre as dietas propostas: valores de

macronutrientes, micronutrientes, fibras e a viabilidade econômica, bem como as

análises físico-químicas e potencial antioxidante.

Estudo populacional

Foram verificados os prontuários dos usuários cadastrados na Secretaria de

Saúde deste município, que se encontravam em ambiente domiciliar e em uso de

dieta enteral no período de janeiro a dezembro/2011. Foram excluídos aqueles com

prontuários incompletos.

As variáveis sociodemográficas coletadas foram: sexo, idade, diagnóstico

clínico (de acordo com o Código da Classificação Internacional de Doenças e de

60

Page 62: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

Problemas Relacionados à Saúde). O custo das dietas (enteral artesanal padrão e

enteral artesanal elaborada com alimentos de propriedades funcionais) foi calculado

de acordo com os valores praticados no comércio popular no momento da pesquisa.

Não foram considerados os gastos indiretos, como: luz, água, gás, frascos, equipos

de dieta, entre outros.

Quanto às principais características de tratamento avaliou-se o tipo de dieta e

a via de acesso.

Ensaio experimental

Foram analisadas e comparadas duas dietas enterais artesanais, sendo uma

dieta padronizada oferecida pela Secretaria de Saúde de um município do litoral do

Estado de Santa Catarina (D1) e outra elaborada com alimentos de propriedades

funcionais (D2).

Os alimentos utilizados para elaboração da D1 foram: açúcar refinado, arroz

parboilizado tipo 1, carne bovina moída, cebola (Allium cepa L.), cenoura (Daucus

carota L.), feijão, leite semi-desnatado, leite em pó integral, óleo de canola e

suplemento alimentar com frutooligossacarídeos em pó com lactose. Para o preparo

da D2 foram utilizados: abacate (Persea americana), alho (Allium sativium L.), arroz

parboilizado tipo 1, beterraba (Beta vulgaris L.), brócolis (Brassica oleracea L. var.

italica Plenck), carne bovina moída, castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa H. B. K.),

cebola (Allium cepa L.), cenoura (Daucus carota L.), couve mineira (Brassica

oleracea L.), farinha láctea, gergelim (Sesamum indicum), laranja pêra (Citrus

sinensis L.), leite semi-desnatado, maçã gala (Malus domestica Borkch), mamão

formosa (Carica papaya), mel, óleo de soja, quinoa real (Jasmine®), salsa

(Petroselinum crispum) e fórmula enteral oligomérica em pó isenta de lactose com

fibras.

Os alimentos foram pesados em balança semi-analítica com capacidade

mínima de 0,5g e máxima de 2000g (Marte®, modelo AS2000C). Os

eletrodomésticos necessários para a elaboração da dieta artesanal foram:

multiprocessador de alimentos, (Faet®, modelo Multipratic), liquidificador (Arno®,

modelo Optimix), panela de pressão (Panex®, cap. 4,5L) e tela de inox plana com

abertura de 1mm de diâmetro.

61

Page 63: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A proporção de sólidos utilizada na D2 foi testada em ensaio experimental,

com diferentes concentrações de sólidos (15, 20, 25 e 30%). A partir desse ensaio, a

proporção de 30% de soluto (peso/volume) foi estabelecida como adequada.

Com relação à distribuição dos macronutrientes, foram preconizados valores

específicos para formulações enterais, sendo: 14 a 20% para proteínas, 30 a 35%

para lipídeos e 40 a 60% para carboidratos do valor calórico total da dieta8.

A dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais foi

elaborada com valor energético de 1500kcal, possibilitando a comparação com a

dieta enteral artesanal padrão ofertada pelo município. A partir do planejamento

desta foram elaboradas outras duas dietas, com composição energética e de

nutrientes referente a 1800kcal e 2200kcal.

Para o cálculo de macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídeo),

micronutrientes (ácido ascórbico, cálcio, ferro, retinol, sódio e zinco) e fibras das

dietas D1 e D2 utilizou-se a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos9. Para

quinoa, fórmula enteral oligomérica em pó isenta de lactose com fibras e suplemento

alimentar com frutooligossacarídeos em pó com lactose foi consultado o rótulo das

embalagens.

As duas dietas (D1 e D2) foram elaboradas em condições semelhantes ao

domicílio e analisadas em Laboratórios da Universidade do Vale do Itajaí. A análise

da osmolalidade foi realizada no setor de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Paraná.

A indicação para elaboração da D1 é a realização de uma sopa preparada

pela manhã e oferecida durante o dia em intervalos de tempo regulares totalizando 6

administrações via sonda. Os alimentos, as medidas caseiras e respectivo peso (g)

que compõem esta preparação estão descritos no Quadro 1.

Inicialmente cozinhou-se o feijão com água em panela de pressão por vinte

minutos. Em seguida adicionou-se o arroz cru, a carne moída crua, a cebola picada

e a cenoura ralada, aquecendo-se a mistura sob pressão por mais oito minutos.

Após a panela ter sido resfriada sob água corrente, os alimentos cozidos foram

transferidos para o liquidificador, acrescentou-se o leite semi-desnatado, o leite em

pó, o açúcar, o óleo de soja, o óleo de canola e o suplemento alimentar com

frutooligossacarídeos em pó, ofertado pela Secretaria de Saúde do Município; este

conteúdo foi liquidificado por quatro minutos, em velocidade alta. O volume total da

dieta (2,5L) foi filtrado em peneira de malha fina por três vezes.

62

Page 64: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A D2 foi fracionada em quatro sucos e duas refeições salgadas, sendo a

mesma tanto para o almoço como para o jantar. Os alimentos, as medidas caseiras

e respectivo peso (g) que compõem esta preparação estão descritos no Quadro 2.

Para o preparo dos sucos, todos os ingredientes foram liquidificados por

quatro minutos em velocidade alta, posteriormente foram filtrados três vezes em

peneira de malha fina. Para o melhor escoamento dos sucos 2 e 3 foi acrescentado

50mL de água e a solução foi novamente liquidificada por mais quatro minutos e

filtrada.

Os alimentos que constituíram as principais refeições (almoço e jantar) foram

preparados em panela de pressão na seguinte ordem: o alho e a cebola picados

foram refogados com o óleo de soja, em seguida adicionou-se a carne moída. Após

alguns minutos, acrescentou-se 200mL de água filtrada e os demais ingredientes

(arroz, cenoura e beterraba ralados, brócolis e salsa cortados, sal e quinoa real em

flocos (Jasmine®)), juntamente com mais 400mL de água e deixando-se ferver sob

pressão por dez minutos em fogo médio. Após este procedimento, aguardou-se o

resfriamento do conteúdo da panela.

Acrescentou-se à, mistura fria, mais 500mL de água e liquidificou-se a sopa

por quatro minutos em velocidade alta. A formulação foi filtrada em peneira de malha

fina, devolvida ao liquidificador, acrescentados 200mL de água e liquidificada por

mais seis minutos. Em seguida o preparo foi filtrado em peneira de malha fina. O

volume total foi de 1000mL de sopa, sendo dividido igualmente para as duas

refeições. Ambas as dietas (D1+D2) foram colocadas em frascos de vidros âmbar e

mantidas sob congelamento (-18 ± 0,2°C) para posteriores análises físico-químicas e

antioxidantes.

O teste de gotejamento (gotas/minuto) foi realizado pelo método

gravitacional9, utilizando-se de 240 a 500mL de dieta em frascos plásticos

(Biobase®), com capacidade de 500mL e equipo com 2,1mm de diâmetro

(Embramed®). A homogeneidade e estabilidade das soluções foram avaliadas por

inspeção visual. Após o preparo, as dietas foram acondicionadas em provetas

graduadas, armazenadas em refrigerador (5°C) durante 24 horas e observadas10.

Um período maior de tempo não foi considerado porque a dieta artesanal não deve

ser utilizada após este período, devido aos riscos de contaminação, início do

processo de degradação e oxidação de alguns ingredientes.

63

Page 65: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A osmolalidade dos preparados (D1 e D2) foi determinada por meio do

osmômetro de pressão de vapor (Vapro®, Wescor modelo 5520).

O pH e cinzas foram determinados pelo método eletrométrico utilizando-se

um potenciômetro (Digimed®, modelo DM 21) e incineração em mufla,

respectivamente, segundo os padrões estabelecidos pelo Instituto Adolfo Lutz11.

No teste de atividade de água, o aparelho analisador de umidade de

halogênio (Mettler Toledo®, modelo J16 Moisture Analyzer) foi empregado.

A Quantificação do Índice de Polifenóis Totais (IPT) foi avaliada pelo método

de Folin-Ciocalteau12 o qual utiliza o ácido gálico como fenol padrão. Os resultados

foram representados em mg de equivalente em ácido gálico / 100mL de amostra.

A atividade antioxidante foi baseada na medida da capacidade de captura de

radicais livres pelos antioxidantes das amostras analisadas13. A absorbância foi

medida a 515nm em intervalos de tempos distintos por até 30 minutos. A atividade

antioxidante do meio de reação foi calculada a partir de uma curva de calibração,

obtida por regressão linear, utilizando-se TROLOX (composto análogo a vitamina E

e solúvel em água) como referência, confrontando-se a absorbância frente à

concentração deste composto13, 14. Os resultados foram expressos em TEAC,

Atividade Antioxidante Equivalente ao Trolox (mMol/L de amostra).

As análises da osmolalidade, pH, umidade e cinzas foram avaliadas em

duplicata e as do IPT e Atividade Antioxidante, em triplicata.

Para o cálculo dos custos das dietas, utilizou-se os valores praticados no

comércio popular no momento da pesquisa. Para fins de comparação, também foi

verificado o custo de uma enteral industrializada oligomérica em pó com fibras (D3).

Os resultados foram analisados em programa estatístico (Statistica, versão

10.0). A análise de variância (ANOVA) foi aplicada, sendo que as diferenças

significativas entre as amostras (p < 0,05) foram determinadas pelo teste de Tukey.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade do Vale do Itajaí, registrado sob o número 273/11.

3 RESULTADOS

O Serviço de Fórmulas Nutricionais do município contemplou 67 usuários no

ano de 2011, a Tabela 1 descreve as características sociodemográficas destes

indivíduos. A maioria eram mulheres (58%) e a faixa etária predominante foi de

64

Page 66: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

idosos (66%). O diagnóstico clínico foi dividido de acordo com o sistema fisiológico e

com a doença de base que levou ao início da nutrição enteral domiciliar. Verificou-se

uma maior prevalência das doenças do sistema nervoso (67%), principalmente

Parkinson, Alzheimer e Acidente Vascular Cerebral; seguido das neoplasias (16%).

Observou-se que dentre as vias de acesso da dieta, 64% utilizam a via enteral

como forma de alimentação. Destes, 49% são representados pelas ostomias e 51%

pela nasal. Para os usuários que utilizam a via enteral, 64% fazem uso da receita de

dieta enteral padrão fornecida pelo município. Ressalta-se que alguns usuários

cadastrados no serviço recebem formulações enterais industrializadas (36%) com o

objetivo de complementar a sua alimentação, porque apresentam algum tipo de

disfagia ou depleção do estado nutricional.

O custo para 250mL de cada formulado resultou em R$0,77 para a D1,

R$1,26 para a D2 e R$2,78 para a D3. Já o custo diário e mensal de cada dieta

correspondeu respectivamente a: R$7,76 e R$232,80 para a D1; R$9,73 e R$291,90

para a D2 e R$18,07 e R$542,10 para a D3.

Quanto a distribuição dos macronutrientes e com relação ao valor energético

total, verificou-se que a D1 resultou em 2057Kcal, quando o valor indicado é de

1500Kcal, sendo 48% para carboidratos, 17% para proteínas e 35% para lipídeos. A

D2 apresentou 1573Kcal, 47% de carboidratos, 18% de proteínas e 35% de lipídeos.

No que se refere ao suprimento de energia, ambas as dietas artesanais

apresentaram-se hipocalóricas, sendo 0,82kcal/mL para a D1 e 0,82kcal/mL para a

D2.

Os percentuais de adequação com relação à ingestão diária recomendada

para adultos e idosos estão relacionados na Tabela 2. A D3 foi acrescentada ao

cálculo para possibilitar a comparação com as preparações caseiras.

As dietas foram elaboradas e avaliadas quanto as suas características físico-

químicas e atividade antioxidante (TABELA 3).

4 DISCUSSÃO

Em uma pesquisa realizada em Londres observou-se que 88,5% dos

indivíduos encaminhados para o domicílio com nutrição enteral utilizavam como via

de acesso a gastrostomia e 59,5% dos usuários eram portadores de doenças

65

Page 67: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

neurológicas, seguido de 21,5% com câncer15, dados semelhantes aos do presente

estudo.

Comparando-se a fórmula industrializada com as fórmulas artesanais verifica-

se que um usuário gastaria de duas a três vezes mais por horário de dieta

industrializada (volume de 250mL). O usuário que optar por utilizar a dieta artesanal

terá uma economia de 43 a 48% em seu orçamento mensal. As formulações

enterais artesanais têm um custo reduzido quando comparado ao das dietas

industrializadas, justificando a sua utilização principalmente para os pacientes de

baixa renda16.

As dietas enterais não industrializadas podem ser elaboradas com alimentos

in natura, combinadas ou não com formulações industrializadas, dando suporte ao

aumento da demanda pela terapia de nutrição enteral domiciliar, bem como

representando individualização da fórmula e evitando que o paciente apresente

quadro de desnutrição9, 17.

Ao avaliar o percentual de adequação dos nutrientes das dietas propostas,

verificou-se que: (i) na D1 o valor de cálcio foi superior a recomendação,

provavelmente por apresentar leite na preparação, assim como os nutrientes ferro,

retinol, sódio e zinco que também ultrapassaram o percentual de 100%, em

contrapartida, os valores de ácido ascórbico e fibras não atingiram 50% das

recomendações de ingestão dietética diárias; (ii) para a D2 observou-se que o ácido

ascórbico, cálcio, ferro, retinol, sódio e zinco atingiram o percentual de ingestão

dietética diária e (iii) para a D3, constatou-se uma composição próxima à D2, com a

diferença no valor de fibras, onde o percentual foi atingido apenas para mulheres.

A preparação da dieta artesanal indicada pelo município orienta a realização

de apenas uma preparação que é distribuída ao longo do dia. Desta forma, a

utilização de leite na composição pode prejudicar a biodisponibilidade do ferro, uma

vez que a caseína e a proteína do soro reduzem a absorção deste nutriente18.

A análise de fluidez das dietas demonstrou que ambas passaram pela sonda

sem obstrução, comprovando que a proporção de 30% para sólidos para a

elaboração da D2 não prejudicou o escoamento desta solução, provavelmente a

inclusão de alimentos, na sua maioria, de origem vegetal proporcionou este

resultado. Pouco se encontra na literatura sobre a recomendação de sólidos para a

formulação de dietas enterais não-industrializadas; normalmente utiliza-se um valor

66

Page 68: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

de 20%19. Entretanto, há estudos que referem que formulações foram testadas com

concentrações maiores e sem prejuízo da fluidez20.

Na observação da estabilidade e homogeneidade todas as formulações que

constituem a D2 apresentaram-se adequadas.

Para a osmolalidade21, a média da dieta modificada (D2) e a dieta padrão

oferecida pela secretaria resultaram em levemente hipertônica. Há poucos artigos na

área que identificam a osmolalidade de dietas enterais artesanais, visto que o custo

e a disponibilidade de equipamentos dificultam esta determinação22.

Na experiência clínica, os valores de osmolalidade estão relacionados à

tolerância digestiva da formulação enteral, ou seja, sonda localizada em região

gástrica apresenta melhor tolerância de dietas hiperosmolares quando comparada

com sonda inserida nas porções pós-pilóricas21.

Os resultados encontrados para pH foram semelhantes a outros estudos4. Um

pH classificado como ligeiramente ácido ou neutro pode indicar o crescimento de

microrganismos, entretanto, na prática, a manipulação de dietas enterais pode

influenciar em um maior risco de contaminação4, 23.

Os valores para atividade de água (Aw) foram inferiores a outras pesquisas

relacionadas à presença de água livre em formulações enterais artesanais, onde

apresentaram: 80 – 86%4, 77 a 85%16 e 88 a 94%24. Quanto mais elevada a Aw,

maior a chance do alimento apresentar contaminação microbiana25. Tanto o pH

como a Aw favorecem o desenvolvimento de microrganismos, destacando-se a

necessidade do consumo logo após o preparo de tais dietas, bem como a

importância do cuidador receber treinamento sobre o preparo da mesma.

A determinação do conteúdo de cinzas está relacionada ao teor de minerais

encontrado nos alimentos. No estudo em questão verificou-se que os valores de

cinzas, tanto para a D1 quanto para a média da D2, apresentaram-se próximos aos

encontrados na literatura como referência para dietas enterais artesanais4, 24.

Com relação ao Índice de Polifenóis Totais e Atividade Antioxidante não há na

literatura artigos que relacionem o preparo da dieta enteral artesanal com a

presença de nutrientes com propriedades funcionais, dificultando a discussão e

demonstrando a necessidade de mais pesquisas nesta área. Alguns

pesquisadores17 elaboraram formulados líquidos e em pó à base de alimentos

convencionais (fubá, ovo, proteína texturizada de soja, óleo de soja, cenoura e

couve) e determinaram o teor de fenólicos totais. Dentre as doze formulações,

67

Page 69: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

aquelas em pó apresentaram valores significativamente mais altos quando

comparados aos líquidos, respectivamente 23,24mg/g e 7,09mg/g.

No presente estudo houve diferença estatística (p<0,05) ao comparar o IPT e

a atividade antioxidante da D1 com a refeição almoço/jantar da D2, o que comprova

os possíveis benefícios de se utilizar uma dieta enteral artesanal com alimentos de

propriedades funcionais.

As frutas cítricas utilizadas para as formulações da D2 apresentam atividade

antioxidante possivelmente pela presença de compostos bioativos, como o ácido

ascórbico, os compostos fenólicos e os carotenóides26, 27.

Um outro estudo28 verificou que a capacidade antioxidante da laranja e do

limão tahiti apresenta maior quantidade de fenólicos e flavonóides e, em menor

proporção, o ácido ascórbico. Estes compostos bioativos contribuem para a

prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes devido a sua atividade

antioxidante.

Com relação à castanha-do-Pará adicionada à D2, considera-se que, além

dos benefícios de ácidos fenólicos e flavonóides29, a presença de selênio contribui

para a proteção contra a ação nociva de metais pesados e aumenta a resistência do

sistema imunológico30.

Foi acrescentado mel na dieta por ser um produto de fácil digestão e conter

valor energético elevado31. É conhecido como antioxidante por apresentar ácidos

fenólicos, ácido ascórbico, carotenóides, dentre outros elementos em sua

composição32-34.

Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos com o objetivo de caracterizar dietas

enterais artesanais que possam ser empregadas por usuários, assegurando o seu

adequado estado nutricional, todavia, a sua aplicabilidade está relacionada com

testes baseados, na sua maioria, em tabelas de composição de alimentos, o que

pode limitar a prescrição de tais dietas.

5 CONCLUSÕES

De acordo com o perfil sociodemográfico e as principais características de

tratamento dos usuários assistidos pela Terapia Enteral Domiciliar do município

estudado foi encontrado um predomínio de população idosa, sendo a maioria

mulheres e com uso de dieta enteral artesanal.

68

Page 70: Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com ...

A dieta enteral artesanal elaborada com alimentos de propriedades funcionais

proposta neste estudo, apresentou adequada composição nutricional, custo

semelhante e comprovado índice de polifenóis totais e potencial antioxidante quando

comparada a dieta enteral artesanal sugerida pelos profissionais de saúde aos

usuários do município. Tornando-se uma alternativa economicamente viável e

possivelmente mais eficiente para melhorar o estado de saúde desta população,

considerando-se os alimentos com propriedades funcionais que foram agregados.

Fazem-se necessários novos estudos na área, com propostas de dietas

alternativas com inclusão de alimentos regionais, de facilitado acesso, baixo custo e

com avaliação físico-química e de nutrientes bioativos, uma vez que dietas

artesanais ainda são utilizadas pela população como alternativa mais econômica e

aproximada da alimentação geral da sociedade.

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AGRADECIMENTOS

Ao setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná, pela

contribuição ao teste de osmolalidade. À Secretaria de Saúde de um município do

litoral do estado de Santa Catarina, pela oportunidade de realização deste trabalho.

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TABELAS E QUADROS

Ingrediente Medida caseira Peso (g) Arroz cru 1 cs* 15 Feijão cozido 3 cs 51 Carne moída 3 cs 75 Cenoura crua 4,5 cs 56,33 Cebola picada 2 cs 20,71 Leite semi-desnatado 6 copos 1800 Leite em pó 1 cs 16,90 Açúcar refinado 3,5 cs 67 Óleo de soja 2 cs 16 Óleo de canola 1 cs 8 Suplemento alimentar com frutooligossacarídeos em pó

2 cs 32,63

Quadro 1 – Alimentos utilizados para a formulação da dieta enteral artesanal padrão ofertada pela Secretaria de Saúde de um município do litoral do estado de Santa Catarina. Itajaí, 2011 - 2012. *cs = colher de sopa

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Ingrediente / Preparação Medida caseira Peso (g) Suco 1 Leite semi-desnatado 1 e ½ copo peq. cheio 262 Abacate 1 col. de sobr. 15 Maçã sem casca ¼ unidade grande 25 Farinha láctea 3 col. de sobr. 30 Suco 2 Laranja pêra (suco) 3 unidades 175 Couve mineira crua 1 folha pequena 18 Maçã sem casca ½ unidade grande 50 Castanha-do-Pará 1 unidade 5 Almoço e Jantar Arroz tipo 1 cru 3 cs** 45 Carne moída bovina crua 4 cs 100 Cenoura crua ralada 2 cs 25 Brócolis cru 2 cs 20 Beterraba crua ralada 2 cs 20 Salsa crua 10 cs 30 Quinoa real em flocos 3 cs 25 Cebola 2 rodelas 8 Alho 1 dente pequeno 2 Óleo de soja 3 cs 24 Sal 1 col. de chá rasa 2 Suco 3 Laranja pêra (suco) 3 unidades 175 Couve mineira 1 folha pequena 18 Cenoura crua ralada 4 cs 50 Mel 1 col. de sobr. 10 Suco 4 Leite semi-desnatado 1 copo peq. cheio 175 Fórmula enteral oligomérica em pó

6 col. medidas 42

Maçã sem casca ¼ unidade 25 Gergelim triturado 2 cs 15 Quadro 2 – Alimentos utilizados para a formulação da dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais, Itajaí, 2011 – 2012. * col. sobr. = colher de sobremesa ** cs = colher de sopa

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Tabela 1 – Características sociodemográficas e de tratamento dos usuários assistidos pelo Serviço de Fórmulas Nutricionais de um município do litoral de Santa Catarina, 2011 – 2012 (n = 67).

Variáveis N % Sexo Masculino 28 42 Feminino 39 58 Idade (anos) ≤ 20 anos 7 10 20 a 59 anos 16 24 ≥ 60 anos 44 66 Diagnóstico clínico Neoplasias 11 16 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 5 8 Doenças do sistema nervoso 45 67 Doenças do aparelho circulatório 1 2 Doenças do aparelho respiratório 3 4 Doenças do aparelho geniturinário 2 3 Vias de acesso Via enteral 43 64 Via oral 24 36 Tipo de dieta Dieta enteral artesanal padronizada 43 64 Dieta enteral industrializada 24 36

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Tabela 2 – Percentuais (%) de adequação de vitaminas, minerais e fibras em relação à ingestão diária recomendada para adultos e idosos, IOM, 2006. Itajaí, 2012.

Dietas/Nutrientes D1 D2 D3 H* M** H* M** H* M** Ácido ascórbico 32 40 659 824 256 321 Cálcio (adultos) 343 343 116 116 87 87 Cálcio (idosos) 343 274 116 93 87 70 Ferro (adulto) 156 116 209 155 255 189 Ferro (idosos) 156 188 193 209 251 306 Fibras (adulto) 22 34 35 54 72 109 Fibras (idosos) 28 40 45 64 91 130 Retinol 164 206 235 293 197 246 Sódio (adultos) 105 105 92 92 120 120 Sódio (idosos) 114 114 100 100 130 130 Zinco 187 259 190 263 280 387 Onde D1 = Dieta enteral artesanal padrão ofertada pela Secretaria de Saúde de um

município do litoral de Santa Catarina. D2 = Dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais. D3 = Fórmula enteral industrializada oligomérica em pó.

* Homens ** Mulheres; ambos de 51 anos ou mais

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Tabela 3 – Análises físico-químicas das dietas enterais artesanais, Itajaí, 2011 – 2012. Dieta Osmolalidade

(mOsm/Kg) pH Atividade

de água (g/100mL)

Cinzas (g/100mL)

Índice de Polifenois Totais (mgEAG/100mL)

Atividade antioxidante

(mmol/L) D1 558 6,44 49,53(±4,95) 0,34(±0,04) 15,75(±0,06)a 2,96±(0,78)a D2 Suco 1 617 6,01 28,00(±4,18) 0,19(±0,02) 39,06(±0,79) ND * Suco 2 446 5,24 89,96(±1,42) 0,05(±0,06) 48,40(±0,02) 12,63(±0,53) Almoço/Jantar 210 5,91 73,02(±8,44) 0,35(±0,01) 38,51(±2,46)a 5,22(±0,80)b Suco 3 564 5,55 86,04(±2,85) 0,15(±0,00) 58,83(±3,95) 10,88(±0,79) Suco 4 590 6,46 43,03(±4,19) 0,51(±0,00) 94,61(±1,53) ND * Média D2 485 5,83 64,01 0,25 55,88 9,58 Onde D1 = Dieta enteral artesanal padrão ofertada pela Secretaria de Saúde de Itajaí, SC.

D2 = Dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais. Cada valor corresponde a média (desvio padrão) Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças estatísticas significantes (p< 0,05). Esta análise foi realizada entre a D1 e a refeição almoço/jantar da D2. a = p < 0,02 no Teste de Tukey. b = p < 0,01 no Teste de Tukey.

* ND = não determinado

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acréscimo das doenças crônicas não transmissíveis, aliado à longa

expectativa de vida do país, pode levar a uma maior utilização de dietas enterais,

apresentando elevado custo quando se refere às industrializadas, tanto para a

família, como para o Sistema Único de Saúde. Tal transformação contribuiu para o

interesse em pesquisas sobre alimentos com propriedades funcionais que têm a

capacidade de prevenir ou minimizar os danos relacionados a estas doenças.

Entretanto, elaborar fórmulas enterais artesanais é desafiador, pois requer baixo

custo, ótima qualidade nutricional e adequada viscosidade.

A Terapia de Nutrição Enteral Domiciliar, quando prescrita corretamente e

acompanhada por um nutricionista, contribui com diversos benefícios aos usuários,

assim como para o Sistema de Saúde, dentre eles: reduz o tempo de internação

hospitalar e suas complicações, possibilita melhora na qualidade de vida do usuário,

por meio da interação com a família, proporciona redução da ocupação dos leitos

hospitalares, diminuindo os gastos em saúde.

No Brasil, a “cultura” do atendimento domiciliar ainda pode ser considerada

recente, visto que muitas famílias desconhecem o assunto e seus direitos. Há de se

pensar em um investimento dessa modalidade, principalmente ao verificar o

envelhecimento populacional que o nosso país vêm passando, decorrente da

transição epidemiológica. Outros países apresentam o atendimento domiciliar em

quesitos mais avançados.

A dieta enteral artesanal elaborada com alimentos de propriedades funcionais

proposta neste estudo, apresentou adequada composição nutricional, custo

semelhante e comprovado índice de polifenóis totais e potencial antioxidante quando

comparada a dieta enteral artesanal sugerida pelos profissionais de saúde aos

usuários do município. Tornando-se uma alternativa economicamente viável e

possivelmente mais eficiente para melhorar o estado de saúde desta população,

considerando-se os alimentos com propriedades funcionais que foram agregados.

Fazem-se necessários novos estudos na área, com propostas de dietas

alternativas com inclusão de alimentos regionais, de facilitado acesso, baixo custo e

com avaliação físico-química e de nutrientes bioativos, uma vez que dietas

artesanais ainda são utilizadas pela população como alternativa mais econômica e

aproximada da alimentação geral da sociedade.

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APÊNDICE A – MANUAL PARA TERAPIA ENTERAL NUTRICIONAL DOMICILIAR

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Este manual foi elaborado especialmente para a Secretaria Municipal

de Saúde de Itajaí e faz parte de um projeto de Mestrado Profissional

em Saúde e Gestão do Trabalho (Universidade do Vale do Itajaí/SC)

intitulado “Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral

artesanal com alimentos de propriedades funcionais”, de autoria de

Anna Claudia Bogoni, sob orientação das professoras Drª. Luciane P.

Grillo e Drª. Tatiana Mezadri.

Obs.: As imagens ilustrativas do modo de preparo da dieta referem-se

aos ingredientes para o suprimento energético de 1500Kcal.

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APÊNDICE B – FOLDERS: ORIENTAÇÃO DA DIETA ENTERAL ARTESANAL

COM ALIMENTOS DE PROPRIEDADES FUNCIONAIS

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SUPRIMENTO ENERGÉTICO: 1500Kcal

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SUPRIMENTO ENERGÉTICO: 1800Kcal

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SUPRIMENTO ENERGÉTICO: 2200Kcal

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ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

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