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Revista Brasileira de Atenção Domiciliar

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Holambra (SP)2019

Revista Brasileira de Atenção Domiciliar

Publicação periódica do Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar, realizado pelo NADI – Núcleo de Assistência Domiciliar

Interdisciplinar – do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Ano V - Número V - 2019ISSN 2446-841X

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CIAD – Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência DomiciliarNADI – Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar nº 255 4º andar – Bl. 5 – São Paulo (SP) – CEP 05403-000

Rua Antônio Jorge Frade, 202 – Centro – Holambra (SP) - CEP 13825-000Fone: (19) 3802-2306Site: www.editorasetembro.com.brE-mail: [email protected]

Ficha Catalográfica

Revista Brasileira de Atenção Domiciliar. Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar. Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar – NADI. Holambra: Editora Setembro, SP, n. V (2019) -

Ano V n. V 2019 AnualISSN 2446-841X

1. Atenção domiciliar – Periódicos. I. Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar - NADI. Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar.

CDD - 610

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CIAD NADI

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Revista Brasileira de Atenção DomiciliarPublicação periódica do Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar, realizado pelo

NADI – Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar – do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Ano V - Número V - 2019ISSN 2446-841X

Editor-Chefe Wilson Jacob Filho

Conselho Editorial Angélica Massako Yamaguchi – NADI/ICHCFMUSPFábio Campos Leonel – NADI/ICHCFMUSPFernanda de Souza Lopes – NADI/ICHCFMUSPIvone Bianchini de Oliveira – NADI/ICHCFMUSP Keila T. Higa Taniguchi – NADI/ICHCFMUSPLetícia Andrade – NADI/ICHCFMUSP

ColaboradoresAlfredo Almeida Pina de Oliveira – UNG e ACMG/HSFMUSPAliciana Basílio Ramos de Oliveira – NADI/ICHCFMUSPAndré Minchillo – Grupo Ideal Care Claudia Fernandes Laham – NADI/ICHCFMUSP Ivanete Macedo de Carvalho – NADI/ICHCFMUSPLigia Stungis Spedanieri – NADI/ICHCFMUSP Maria Aquimara Zambone – NADI/ICHCFMUSP Maria Carolina Gonçalves Dias – Nutrição/HCFMUSP Júlio Cesar de Oliveira – NADI/ICHCFMUSP Solange Brícola – Universidade Mackenzie e NADI/ICHCFMUSPSilvia Maria de Macedo Barbosa – ICR/HCFMUSP

Política editorial O conteúdo dos resumos é de estrita responsabilidade dos autores.O conteúdo dos artigos publicados não reflete necessariamente a opinião do Conselho Editorial.

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Editorial

A Revista Brasileira de Atenção Domiciliar se tornou o periódico de referência em Atenção Domiciliar no Brasil. O cuidado no domicílio amplia, qualifica e potencializa as experiências de cuidado, promove a acessi-bilidade e auxilia na coordenação do cuidado de pessoas impossibilitadas de comparecer a serviços de saúde. A Atenção Domiciliar modificou o cenário das Redes de Atenção à Saúde no país, com a incorporação de equipes que podem substituir o cuidado hospitalar com qualidade e complementar o trabalho realizado pela Atenção Primária à Saúde. O foco em “Ensino e Pesquisa”, além da parte assistencial, tornou-se essencial nesse mo-mento de oportunidades de crescimento e consolidação da modalidade do cuidado domiciliar. Temos muitos desafios, começando pelas garantias de políticas públicas voltadas à Atenção Domiciliar e pela valorização do profissional que presta assistência fora de um ambiente hospitalar. Nesse sentido, a Revista Brasileira de Aten-ção Domiciliar encontra seu papel fundamental: divulgar nossas experiências (nossas, digo todos que realmente trabalham duro no cuidado domiciliar) com a comunidade para alcançarmos novos desafios. Olhando para trás, vemos como a qualidade dos trabalhos está melhorando. Nesta 5ª edição, apresentamos artigos originais que foram os destaques do CIAD – Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar – de 2018 e os resumos que foram expostos durante o Congresso com temas diversos, de diferentes áreas de atuação, foca-lizando a arte de cuidar em casa. Ninguém sai de uma visita domiciliar como quando entrou... são encontros transformadores. Por isso, a necessidade de dividir e divulgar nossas experiências!

Boa leitura!

Dr. Fábio Campos LeoneL

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Sumário

APRESENTAÇÃO PARA 18º CONGRESSO BRASILEIRO INTERDISCIPLINAR DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

(08 E 09 DE NOVEMBRO DE 2019)

A casa e a rua: particularidades da atenção domiciliar brasileira ............................................................................................................... 11

ARTIGOS

Elementos que garantem um cuidado humanizado na atenção domiciliar .............................................................................................. 13

Encontro de cuidadores em um serviço de assistência domiciliar pediátrica: cuidadores como protagonistas do cuidado ............ 28

Terapia nutricional enteral domiciliar: da industrializada à mista .............................................................................................................. 34

“Recalculando a rota” ....................................................................................................................................................................................... 43

Óbito e captação de órgão/tecido em domicílio ......................................................................................................................................... 48

RESUMOS

Programa de capacitação em procedimentos complexos no domicílio para equipes multidisciplinares da atenção domiciliar ...... 57

Acreditar na integralidade das ações: uma arquitetura que deu certo ....................................................................................................... 57

Louva-a-deus, de predador a presa: uma metáfora ...................................................................................................................................... 58

Panorama nacional dos serviços privados de odontologia domiciliar ...................................................................................................... 58

No limiar da vida e da morte ........................................................................................................................................................................... 59

Perfil do cuidador familiar de pessoas com doença renal crônica ............................................................................................................. 59

Perfil dos pacientes atendidos em serviço de odontologia domiciliar, em Natal/RN ........................................................................... 60

Reiki aplicado na assistência domiciliar ......................................................................................................................................................... 60

Acompanhamento multidisciplinar em paciente com lesões por pressão pelo Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) ...... 61

Cultura de segurança do paciente na atenção domiciliar ............................................................................................................................ 61

Relato de experiência: instrumento de orientações sobre atenção domiciliar ......................................................................................... 62

A segurança do paciente na atenção domiciliar: revisão integrativa da literatura ................................................................................... 62

Arquitetura do cuidado: a arte do possível na atenção domiciliar ............................................................................................................. 63

Atuação da residência multiprofissional na segurança do paciente: aplicação dos protocolos de segurança no ambiente domiciliar ........................................................................................................................................................................................... 63

Empoderando os profissionais da atenção básica para assistência domiciliar ......................................................................................... 64

Identificação e escolha do cuidador na atenção domiciliar ........................................................................................................................ 64

Atuação multiprofissional: utilizando ferramentas para orientação domiciliar ....................................................................................... 65

Desenvolvimento de avaliações de desempenho de profissionais atuantes na atenção domiciliar ...................................................... 65

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Programa de Atendimento Residencial: estratégia para preencher a lacuna existente na AD1 ............................................................ 66

Vivência de alunos de graduação na assistência domiciliar da Atenção Primária à Saúde .................................................................... 66

Protocolo de fornecimento de dieta enteral industrializada para os pacientes em TNED atendidos no SAD São Mateus ............ 67

A importância da abordagem multiprofissional no tratamento e na prevenção de lesões por pressão: a experiência do serviço domiciliar de Rio Verde/GO .......................................................................................................................................................................... 67

Retirada manual de sonda de gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) no domicílio: relato de caso ......................................... 68

A realidade da terapia nutricional domiciliar no setor público .................................................................................................................. 68

A realidade da terapia nutricional domiciliar na América Latina ............................................................................................................... 69

Encontro entre pacientes da EMAD Jardim São Nicolau, portadores de esclerose lateral amiotrófica e tetraplegia ....................... 69

Desmame ventilatório em âmbito domiciliar: relato de caso ..................................................................................................................... 70

O cuidado da equipe multidisciplinar em atenção domiciliar com criança com desconforto respiratório crônico agudizado e lesão por pressão em orelha ......................................................................................................................................................................... 70

Cuidando de quem cuida: experiências sobre a criação de um grupo de cuidadores ............................................................................. 71

Eficácia de instrumentos de avaliação na assistência domiciliar ................................................................................................................ 71

Caracterização do Programa de Atendimento Domiciliar de Bragança Paulista no ano de 2017 ........................................................ 72

A importância da fisioterapia na Estratégia Saúde da Família com ênfase no Programa Melhor em Casa ........................................ 72

A aplicabilidade do telemonitoramento na atenção domiciliar .................................................................................................................. 73

Trajetória de um paciente vítima de TCE grave em internação domiciliar (ID) ..................................................................................... 73

Análise de indicadores do contrato de gestão do PADI Rio de Janeiro ................................................................................................... 74

Estudo de caso: assistência ao paciente com diagnóstico clínico de porfiria aguda intermitente (PAI) ............................................. 74

O impacto do atendimento interprofissional do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul na redução dos índices de reinternação hospitalar ............................................................................................................ 75

O tempo de atendimento de curativo domiciliar em um pé diabético para sua total evolução em uma paciente sem adesão às orientações da enfermeira .............................................................................................................................................................. 75

Comparativo entre os custos do paciente atendido pelo Serviço de Atenção Domiciliar e pela unidade de internação hospitalar em um hospital público estadual .................................................................................................................................................. 76

O gerontólogo como gestor do cuidado formal domiciliar: um olhar da fenomenologia social ......................................................... 76

Perfil do nível de competência dos profissionais técnicos de enfermagem cooperados de um home care ....................................... 77

Desenvolvimento de uma proposta de educação permanente em cuidados prolongados para a atenção domiciliar ...................... 77

Prevalência de polifarmácia em idosos atendidos regularmente por equipe de home care: estudo descritivo retrospectivo .......... 78

O perfil epidemiológico dos pacientes oncológicos em internação domiciliar na região central do Distrito Federal ...................... 78

Intercorrências clínicas domiciliares e importância do plantão para a redução das hospitalizações ................................................... 79

Óbito domiciliar: um estudo transversal e retrospectivo de pacientes acompanhados por um serviço privado de atenção domiciliar ............................................................................................................................................................................................. 79

Perfil epidemiológico de fisioterapia dos pacientes em atendimento domiciliar de uma operadora de plano de saúde de uma capital brasileira ........................................................................................................................................................................................ 80

Morte assistida em domicílio: ressignificando a vida e o luto .................................................................................................................... 80

A importância da assistência domiciliar como um componente para a estruturação dos cuidados paliativos ................................... 81

Fatores determinantes do cuidado domiciliar por meio de uma equipe multiprofissional.................................................................... 81

Acompanhamento nutricional domiciliar no tratamento de úlcera de pressão ....................................................................................... 82

Perfil de usuários provenientes de decisão judicial para internação domiciliar no município do Rio de Janeiro - 2018 .................. 82

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Genograma: um novo subsídio para seleção dos aparelhos de reabilitação ............................................................................................ 83

O perfil epidemiológico dos pacientes com câncer de pulmão internados no PID do Distrito Federal ............................................ 83

Perfil de usuários em atendimento domiciliar .............................................................................................................................................. 84

Cuidados masculinos na assistência domiciliar ............................................................................................................................................. 84

A complementação do ato de cuidar no domicílio por meio da atuação multidisciplinar pelo Programa de Gerenciamento de Casos Complexos - Unimed Uberaba ............................................................................................................................................................ 85

FMEA como ferramenta de gestão de risco na atenção domiciliar para Certificação ONA ................................................................ 85

Vencendo as barreiras da retração de investimentos na atenção domiciliar no município do Rio de Janeiro .................................... 86

Relato assistencial de paciente com necrose mesentérica e uso de nutrição parenteral total (NPT) em assistência domiciliar: desafio do home care e possibilidade para sobrevida com qualidade ....................................................................................................... 86

Sobrecarga do cuidador de idoso e sua relação com o grau de dependência para atividades básicas do paciente em assistência domiciliar .................................................................................................................................................................................. 87

Análise do custo-efetividade de um Serviço de Atenção Domiciliar ........................................................................................................ 87

Atuação multiprofissional na prevenção de broncoaspiração: relato de experiência ............................................................................. 88

Análise de custo do Programa de Gerenciamento de Casos (PGC) da Unimed Pato Branco/PR ..................................................... 88

Perfil de atendimento dos pacientes de um Programa de Gerenciamento de Casos (PGC) da Unimed Pato Branco/PR ............. 89

Política de saúde e atenção domiciliar em tempos de desconstrução de direitos: é melhor em casa? ................................................. 89

Prevalência de alterações de equilíbrio em pacientes na internação domiciliar ....................................................................................... 90

Os benefícios do Programa Unimed Lar e a atuação do fisioterapeuta no paciente com atrofia muscular espinhal ....................... 90

Equipe multidisciplinar fazendo o diferencial no atendimento domiciliar aos pacientes idosos e familiares .................................... 91

Assistência de enfermagem a pacientes estomizados no PADI: autoimagem, autocuidado e adaptação do paciente ..................... 91

Aula aberta EAD: como tratar lesão por pressão no domicílio ................................................................................................................. 92

Uso de papaína em pó para desbridamento de lesão por pressão em atendimento domiciliar pós-internação prolongada por H1N1 ........................................................................................................................................................................................................... 92

A transversalidade do Serviço de Atenção Domiciliar na Rede de Atenção à Saúde no município de Rio Verde/GO .................. 93

Mulheres idosas que cuidam de idosos(as): retratos de gênero, envelhecimento e configurações familiares na assistência domiciliar ...... 93

Atuação da equipe multidisciplinar na assistência de criança portadora de sequela neurológica grave: relato de experiência ........ 94

Ferramenta de regulação de acesso às equipes do Programa Melhor em Casa do município de São Paulo ...................................... 94

APRESENTAÇÕES ORAIS

Capacitação em ventilação mecânica invasiva para equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADs): um projeto pioneiro - PROADI-SUS ............................................................................................................................................................ 96

Análise do impacto da participação no Coral Sopro composto de indivíduos usuários de oxigênio do município de Pará de Minas ..................................................................................................................................................................................................... 96

Validação de um manual educativo para os cuidadores em assistência domiciliar pediátrica utilizando público-alvo ...................... 97

Perfil dos pacientes em cuidados paliativos atendidos entre maio de 2017 e maio de 2018 ................................................................. 97

Cuidados paliativos e óbito em domicílio: uma possibilidade real?........................................................................................................... 98

Enfermagem na assistência domiciliar: uso de tecnologias na produção do cuidado ............................................................................ 98

Construindo a qualificação do prestador de Serviço da Atenção Domiciliar na visão de uma operadora de saúde ........................ 99

Custo do laser AsGaAl 660 nm na cicatrização de lesão por pressão em relação aos curativos convencionais ................................ 99

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11Revista BRasileiRa de atenção domiciliaRCongresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar

Ano V - Número V - 2019

Apresentação para 18o Congresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar (08 e 09 de novembro de 2019)

A casa e a rua: particularidades da atenção domiciliar brasileira

Profa. Dra. Letícia Andrade

Para DaMatta (1997), casa e rua são espaços tão antagônicos quanto complementares. A casa, considera-da inclusiva e exclusiva, inclui à medida que se constitui como primeiro locus de pertença do ser humano, sendo exclusiva na sua originalidade e singularidade.

Tanto a casa quanto a rua são construídas historicamente como espaços sociais. Se, por um lado, apresen-tam fronteiras que as demarcam e diferenciam, por outro representam temporalidades que as unificam. Há ações, atitudes e jeitos de ser e fazer específicos de cada um desses espaços, que também se modificam com o tempo, com a sociedade na qual se inserem e com as influências externas e internas determinantes. Mas o Brasil é um país relacional, segundo DaMatta (1997, p. 25), pois, muito mais do que cada um desses espaços especificamente, o país deve ser entendido na relação estabelecida entre eles, “nos elos que conjugam seus elementos.”

Enquanto a casa contempla (ou almeja) um ambiente seguro, de cuidados, hospitalidade e permanência, sendo sempre “a casa de alguém”, a rua representa exatamente o oposto: a insegurança, a violência, o movimen-to, a “terra de ninguém”. E é nessa inter-relação que a vida cotidiana se concretiza, seja porque a rua invade a casa em diferentes situações, seja porque a casa é parte da rua de maneira indissociável.

Esse olhar dual é complementado pela perspectiva do “outro mundo”, o qual, para o autor referência desse programa, relaciona-se aos rituais, às festas, à religiosidade e à espiritualidade, que tanto podem manter o tempo em suspenso quanto garantir a união de grupos que em casa viveriam isolados e na rua não conviveriam.

É também no espaço da rua que se institui o papel social de cidadania, pois “ser cidadão (e indivíduo) é algo que se aprende, e é algo demarcado por expectativas de comportamentos singulares” (DAMATTA, 1997, p. 66).

Para aprender a ser, é necessário conhecer e reconhecer. Conhecer direitos e deveres sociais e reconhecer--se como parte dessa sociedade, sendo tanto cobrado pelo exercício da cidadania, que torna cada um a repre-sentação de todos, quanto pela exigência de garantia de seus direitos de cidadão, que converte as regras coletivas para a particularidade. Tarefa ainda difícil para o povo brasileiro.

Para DaMatta, aprende-se a ser cidadão com as peculiaridades específicas do nosso país, assim como se fala dos mortos do que da morte. Ao falarmos dos mortos, reafirmando o desejo de lembrá-los vivos, sem perceber negamos a morte ou, ao menos, tentamos amenizar seu impacto.

Parafraseando DaMatta (1986), é nessa visão destemidamente antropológica que organizaremos o evento que ora se apresenta. A assistência domiciliar será vista no que tem de espaço social, rua e casa (aspectos inter-nos e externos à assistência domiciliar), a feminização do cuidado, em como nos dias atuais lida com a morte, especialmente a de seus pacientes em cuidados paliativos, e de como tenta ser vista e garantida como direito a quem dela hoje depende para ser cuidado e cuidar.

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ARTIGOS

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13Revista BRasileiRa de atenção domiciliaRCongresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar

Ano V - Número V - 2019

Elementos que garantem um cuidado humanizado na atenção domiciliar

Autores: Oliveira AEG, Cury VE.Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Campinas.E-mail: [email protected]

Resumo: Introdução: Diversos estudos apontam a atenção domiciliar (AD) como mais humanizada do que aquela ofe-recida em demais contextos de saúde. O domicílio reúne elementos ambientais que conferem maior segurança, confor-to, privacidade e manutenção da identidade do paciente. Mas seriam esses os elementos responsáveis pelo fato de esse contexto de atenção tornar-se potencialmente mais humanizador do que os demais? Objetivo: Apresentar os elementos responsáveis pela AD ter sido considerada como mais humanizada pelos pacientes assistidos em domicílio. Método: Tra-ta-se de um recorte de uma pesquisa de doutorado em Psicologia, desenvolvida com pacientes de um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Foi realizada uma pesquisa qualitativa fenomenológica, que incluiu sete pacientes adultos de ambos os sexos, com idades entre 30 e 67 anos. O encontro com cada participante possibilitou a escrita de narrativas que, posteriormente, foram analisadas pelas pesquisadoras. Resultados: Entre os ele-mentos identificados sobre a experiência de ser cuidado em casa, destacam-se: a sensação de ser tratado de modo huma-no; a consideração dos profissionais como pessoas da família; as comparações entre a assistência recebida em domicílio e em hospitais. Conclusão: A qualidade da relação interpessoal desenvolvida entre profissionais, pacientes e familiares supera a frieza e o tecnicismo que distanciam esses atores quando o cuidado acontece no hospital. Tal relação, para além dos elementos ambientais presentes no domicílio, torna a AD mais humanizada por: facilitar que o profissional consiga se despir das burocracias, possibilitando um maior vínculo e empatia com o paciente; facilitar o resgate da autonomia do paciente; garantir a atribuição de significados mais saudáveis aos processos de cuidar e ser cuidado. Tais elementos po-dem ser entendidos como critérios para um cuidado genuinamente humanizado e centrado no paciente. Aspectos éticos: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob o parecer nº 1.359.802, e todos os participantes ou seus representantes legais (no caso de pacientes tetra-plégicos) assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Palavras-chave: Atenção domiciliar. Psicologia. Humanização. Relação interpessoal.

Introdução

Nas últimas décadas, vem ocorrendo uma tendência nos serviços de saúde de vários países em privilegiar a atenção domiciliar (AD) quando os pacientes atendem a determinados critérios em relação à possibilidade de serem mais bem assistidos em seus lares. Embora as práticas assistenciais em domicílio remontem à An-tiguidade – antes mesmo da criação dos primeiros hospitais –, atualmente a proposta dessa modalidade de atendimento sustenta-se em princípios que não se referem à falta de recursos ou de locais adequados para o cuidado, como acontecia no passado. Revela-se como uma alternativa sintonizada com importantes diretrizes das políticas públicas em saúde, tais como: humanização, melhor gestão de recursos, resgate da autonomia dos usuários e respeito pela cultura e pelos hábitos de vida da população atendida1.

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A AD é considerada um campo de atenção em saúde eminentemente multidisciplinar que impõe uma série de desafios às diversas áreas que nele atuam. Cada uma delas, em sua especificidade, costuma identificar limites e possibilidades desse modelo de atenção e refletir sobre eles. Para a Psicologia, que tradicionalmente centrava sua atuação em consultórios e instituições, a AD representa uma possibilidade de ampliação que pode contribuir para a chegada da prática clínica a novos e inusitados cenários, nos quais a atenção psicológica tam-bém se faz necessária1.

Desse modo, visando contribuir com o desenvolvimento da Psicologia como ciência, em sua interface com a área da saúde, mais especificamente no que tange à AD, enquanto um campo de atuação ainda relativa-mente novo para a Psicologia no Brasil, foi desenvolvida uma pesquisa de doutorado cujo objetivo foi compre-ender a experiência de pessoas que são assistidas em domicílio acerca dessa modalidade de cuidado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa fenomenológica que foi desenvolvida entre 2013 e 2017 no Programa de Pós-Gradu-ação Stricto Sensu em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

No momento da elaboração das discussões da pesquisa, percebeu-se que muitas menções haviam sido feitas ao fato de a AD ser percebida pelos participantes como uma modalidade de atenção à saúde mais hu-manizada do que aquelas que já haviam recebido em demais instituições de saúde. A partir daí, iniciou-se um questionamento: seria possível afirmar, como sugere a literatura, que a AD se mostra mais humanizada do que a atenção hospitalar, por exemplo, pelo fato de, no domicílio, as pessoas terem mais conforto, contato com familiares e objetos de apego e por lhes ser garantida a manutenção de suas rotinas2-4? Pareceu viável em uma primeira mirada, mas as narrativas dos participantes da pesquisa, no entanto, levaram a outras direções que permitiram um aprofundamento no entendimento da questão.

Este artigo emergiu, portanto, como um desdobramento da pesquisa, visando apresentar a argumentação acerca da ideia de que a AD se revela como uma modalidade de atenção em saúde mais humanizada, não apenas em função do conforto garantido pelas questões ambientais, mas, acima de tudo, pela qualidade das relações interpessoais (pacientes-profissionais-familiares) que se desenvolvem no contexto domiciliar.

Assim, adotou-se como ponto de partida uma reflexão teórica com atualizações acerca do conceito de humanização, para, em seguida, apresentar os resultados da pesquisa, divididos em três grandes campos de compreensão: a sensação de ser tratado de modo humano; a consideração dos profissionais como pessoas da família; e as comparações entre a assistência domiciliar e a hospitalar.

Considera-se que apresentar trechos das narrativas poderia tornar fragmentada a ideia que se pretende destacar em cada campo de compreensão. Assim, cada campo aqui apresentado foi especialmente construído para este artigo a partir das narrativas e destacando-se os elementos mais relevantes apontados pelos partici-pantes acerca daquele tema em específico. Algumas palavras ou expressões foram mantidas entre aspas por se aproximarem das falas dos participantes e por considerá-las ilustrativas do que se pretende comunicar.

Mas, afinal, o que se entende por humanização?

Como pensar a humanização da saúde para além de um conjunto de técnicas ou como uma diretriz do Ministério da Saúde, ou seja, para além do caráter normativo? Para refletir sobre tal questão, optou-se por partir exatamente dessas definições normativas para alcançar outras mais críticas e reflexivas. Na Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS), estão descritos os princípios norteadores, as estratégias e as diretrizes para sua implementação5. Entre tais princípios, destacam-se os seguintes: transversalidade, pro-tagonismo, indissociabilidade entre atenção e gestão, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos. Para tanto, o sistema de saúde brasileiro adota algumas propostas para a efetivação do que está sendo considera-

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15Revista BRasileiRa de atenção domiciliaRCongresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar

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do o “campo da humanização”, por exemplo: acolhimento, clínica ampliada, ambiência, gestão participativa, va-lorização do trabalhador, garantia dos direitos dos usuários, integração entre formação e intervenção. De acor-do com a cartilha do Ministério da Saúde intitulada “O SUS de A a Z”, humanizar a atenção à saúde significa:

[...] valorizar a dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão no SUS, forta-

lecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero,

etnia, raça, orientação sexual e o respeito às populações específicas [...]. É também garantir o acesso dos

usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre os profissionais que cuidam de sua saúde, respei-

tando o direito a acompanhamento de pessoas de sua rede social (de livre escolha). É ainda estabelecer

vínculos solidários e de participação coletiva, por meio da gestão participativa, com os trabalhadores e

os usuários, garantindo educação permanente aos trabalhadores do SUS de seu município6.

Uma vez explicitadas as expectativas do sistema de saúde brasileiro acerca da humanização, encontra-ram-se reflexões interessantes em estudos realizados por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Liberato7 considera que, para que a humanização de fato aconteça, acima de tudo, é preciso que ocorra o reco-nhecimento do outro como legítimo em sua singularidade, ou seja, ele não pode ser desprovido de sua subjeti-vidade, como costuma acontecer nos hospitais.

Fala-se ainda na necessidade de ruptura com um modus operandi tecnicista e ineficiente, que impera na relação profissional-paciente. Ayres8 (p. 550) define a humanização a partir de uma perspectiva filosófica como “[...] um compromisso das tecnociências da saúde, em seus meios e fins, com a realização de valores contrafati-camente relacionados à felicidade humana e democraticamente validados como bem comum”.

E, para além das teorizações, o que pacientes e profissionais de saúde, afinal, entendem por humanização? Um dos participantes do estudo de Albuquerque e Bosi9, um paciente assistido em AD, disse que humanização é ser tratado com respeito, carinho, educação e bondade. Já uma profissional, apoiadora da PNH, revelou que “[...] achava que para humanizar o SUS seria necessário passar a mão na cabeça dos usuários”10 (p. 17).

Assim, partindo das definições normativas, passando pelas filosóficas e pelas oriundas do senso comum, as ideias que mais fundamentaram a compreensão sobre o que, de fato, precisa estar presente para que uma ação assistencial seja entendida como humanizada vêm da leitura de pesquisadores britânicos que estudam a questão sob uma perspectiva fenomenológica.

Todres et al.11 elaboraram um quadro conceitual sobre humanização dos cuidados, a partir de resultados de pesquisas qualitativas em saúde. O quadro propõe oito dimensões filosóficas, inspiradas na perspectiva feno-menológica. Embora os autores exponham dimensões presentes, no que poderia ser entendido como cuidado humanizado, e, no extremo oposto a elas, as que estariam presentes em um cuidado entendido como desumano, compreendem que não se trata de antagonismos. Essas dimensões se apresentam em um continuum, em que cada uma poderia manifestar-se dentro de um espectro de possibilidades.

As oito dimensões presentes na humanização seriam: cuidado que garanta olhar empático para o “re-ferencial interno” (insiderness) do outro; autonomia; singularidade; união/estar-com; sentido; jornada pessoal; senso de lugar; e personificação. Por outro lado, as oito dimensões presentes no cuidado considerado desuma-no seriam: objetificação; passividade; homogeneização/padronização; isolamento; perda de sentido; perda do senso de jornada pessoal; deslocamento; e reducionismo ao corpo11.

Os autores associam a presença de autonomia à dignidade humana, no entanto reconhecem que o cuida-do biomédico acaba por colocar a pessoa em uma condição de passividade em relação ao saber dos profissio-nais de saúde. Dessa forma, defendem que a humanização do cuidado é facilitada quando se promove um maior

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envolvimento da pessoa em seu processo de recuperação da saúde. Destacam a importância de o paciente ser capaz de (ou de lhe ser permitido) manter características de sua identidade, pois esse “sentido de singularidade pessoal” é crucial para o bem-estar11.

Já sobre a dimensão união/estar-com, em contraposição ao isolamento, ressaltam a influência do senso de pertença para a manutenção da saúde de uma pessoa. Quando ela se sente tratada como “mais uma” ou quando as regras institucionais são muito rígidas, a pessoa sente-se isolada em sua doença e perde o senso de pertença. Além disso, as pessoas precisam ser consideradas para além de estatísticas, padrões e sintomas. Caso contrário, o senso de totalidade se desfaz, e a pessoa experimenta sensação de fragmentação11.

Outra dimensão diz respeito ao fato de o ser humano estar ligado a um sentido de continuidade que conecta passado, presente e futuro em sua história pessoal. Esse compromisso com a temporalidade do outro, portanto, precisa ser considerado quando se almeja uma forma mais humanizada de cuidado. Com a doença, o significado da jornada pessoal de uma pessoa pode ser mantido ou perdido. A perda desse senso pode acontecer quando as práticas de saúde não lançam atenção suficiente para a história e as possibilidades futuras de vida de uma pessoa11.

Contextos de cuidados, em que as pessoas são tratadas como “casos” e entendidas apenas pelo modo como “estão”, e não por aquilo que “são”, tendem a desconsiderar a continuidade delas, para além do fato de “estarem doentes”. Esses autores defendem que se associe às práticas assistenciais uma perspectiva biográfica, pois, ao sentir que é tratada pelo que ela “é”, e não apenas pelo modo como “está”, a pessoa tem a oportunidade de integrar aquele cuidado como parte de sua história11.

A respeito da dimensão “senso de lugar”, em contraposição a “deslocamento”, esclarecem que todos “vêm de algum lugar”, o qual fornece um senso de pertencimento, segurança, conforto, familiaridade e continui-dade que é extremamente significativo. Quando se é arrancado desse lugar familiar e lançado em um outro, re-pleto de regras que soam “alienígenas”, surge uma sensação de estranheza, pois o senso de lugar é obscurecido. Trata-se de uma situação que se torna muito desumanizadora. Portanto, a arquitetura dos ambientes de cuidado em saúde precisaria ser pensada para além da dimensão técnica e meramente espacial, de modo que incluísse elementos simbólicos favoráveis à privacidade, à dignidade e à possibilidade de a pessoa sentir-se “em casa”11.

A última das oito dimensões, listadas por Todres et al.11, leva a entender que receber uma assistência, que se reduz ao corpo e aos sintomas, significa desconsiderar o fato de que “bem-estar” não significa meramente ausência de doenças. Dores e disfunções servem para lembrar os limites, e isso pode trazer um sentido mais amplo para o modo como se está vivendo. O corpo, portanto, não deve ser visto apenas como objeto a ser consertado, pautando-se o entendimento do processo saúde-doença em uma lógica causal, linear e mecanicista que desconsidera o espírito humano, seu propósito, seu significado e seus contextos relacionais.

Dessa forma, evidencia-se a polissemia que caracteriza o que se entende por “humanização”. Um termo tão amplo e tão complexo só poderia gerar uma infinidade de definições e possibilidades de interpretação. Para além da questão semântica, a questão que se coloca é: por que ainda é tão difícil efetivar o ideal da humanização da assistência?

Martins e Luzio10, em um recente artigo com título provocador (Política Humaniza SUS: ancorar um na-vio no espaço), refletem que até mesmo o termo “humanização” acaba por gerar alguns impasses na efetivação da PNH. Embora as autoras ressaltem que o texto da PNH não faz menção à existência de um “[...] universal humano, mas se refere à tarefa sempre inconclusa da reinvenção de nossa humanidade”10 (p. 17), elas acreditam que o viés da bondade, do favor e da tutela, associado ao termo, nem sempre colabora para a produção da au-tonomia que se espera em uma assistência dita humanizada.

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Todres et al.11 também questionam os motivos pelos quais os resultados das pesquisas qualitativas em saúde ainda não terem sido capazes de converter-se, de fato, em uma assistência mais humanizada na prática. Para esses autores, apesar de tais pesquisas ampliarem o olhar sobre a experiência dos indivíduos, elas não têm sido capazes de promover um impacto significativo na humanização das práticas – o que deveria ser sua grande contribuição.

Em outro estudo, Todres et al.12 investigaram mais detidamente a primeira das oito dimensões listadas no artigo anteriormente citado11. Eles analisaram estudos fenomenológicos, a fim de compreender o que eles apontavam como características de cuidado com capacidade de alcançar o “referencial interno” dos pacientes. Selecionaram pesquisas que se ativeram a situações-limite, tais como experiências de: profissionais que cuidam de idosos em estado de confusão mental e de pacientes psiquiátricos agressivos; mães que perderam filhos re-cém-nascidos; idosos em estado agudo de confusão mental; pacientes com afasia; mulheres com insuficiência cardíaca; e pacientes que receberam alta hospitalar precoce após cirurgia12.

Tais estudos revelaram desafios, enfrentados pelas pessoas que cuidam, no sentido de considerar o “refe-rencial interno” do outro. As conclusões de Todres et al.12 trazem importantes implicações práticas, que podem ser sintetizadas nos seguintes elementos:

• o entendimento do “referencial interno” do outro só pode ser apreendido a partir do referencial pró-prio do cuidador, e isso nunca é alcançado por completo;• acessar o “referencial interno” do outro deveria ser entendido como processo e prática, o que se torna mais importante do que conhecer tecnicamente seus detalhes. A busca por um caminho para o “referencial interno” do outro é mais uma direção produtiva para a prática do que um resultado que se verá plenamen-te alcançado. Diante disso, é preciso afastar-se de explicações generalistas ou daquelas ditas “baseadas em evidências”, sobre o estado do outro, para que, realmente, seja possível engajar-se nessa busca. Não se pode ceder diante das propostas que tentam simplificar a complexidade da tarefa do cuidar do outro;• cuidar do “referencial interno” do outro sempre convoca a um envolvimento complexo, reflexivo e interpretativo por parte do cuidador. Para isso, torna-se necessário um movimento de abertura reflexiva e afetiva em relação ao outro, que considere seu “mundo vivido” como fonte da atividade interpretativa.

Dessa forma, entende-se que um cuidado que considere o “referencial interno” do outro precisa incluir questões existenciais, para além de dados factuais ou exclusivamente relacionados à queixa. Situações que pri-vilegiem os protocolos e a padronização em detrimento das especificidades individuais podem fazer com que a pessoa se sinta, inclusive, violada em suas intuições sobre o próprio corpo. Com isso, sente-se obrigada a confiar na expertise dos profissionais e aderir a suas recomendações, desconsiderando as próprias percepções sobre o estado de seu corpo.

O problema é que esse tipo de situação gera um estado de dependência de cuidado cada vez maior, pois o paciente é levado a acreditar que aquilo que o profissional lhe fala sobre seu corpo e seu processo de recupera-ção é mais confiável do que seu próprio “referencial interno”. Em outras palavras, essa atitude dos profissionais não só demonstra inabilidade para considerar o paciente em sua singularidade como também não o estimula a confiar em tais percepções acerca de si12.

Parece que essa questão do resgate da autonomia das pessoas doentes está bastante sintonizada com o sentido do termo “cuidar”. Afinal, o verdadeiro terapeuta é aquele que cuida, e não aquele que cura. “O tera-peuta está lá para ajudar o doente a se colocar nas melhores condições possíveis, para que ele – enquanto sujeito vivente – atue, aja, e daí advenha a cura”13 (p. 74).

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No entanto, embora a consideração pelo “referencial interno” seja o fundamento para um cuidado autên-tico e que, de fato, vise à autonomia, esse movimento de abertura reflexiva e afetiva em relação ao outro não é atitude fácil por parte dos profissionais, pois eles podem sentir-se inseguros e precisam ser capazes de tolerar o convívio com o “não saber” sobre o mundo do outro12. Para isso, seria necessário que os profissionais conse-guissem abrir mão do “lugar de certezas”, proporcionado pelas teorias e evidências, para alcançar o “lugar da ambiguidade” que caracteriza a condição humana e tolerar permanecer nele.

A humanização e a cooperação no trabalho em saúde, portanto, não são propostas que podem ser sim-plesmente impostas ou prescritas aos profissionais de saúde, mesmo porque elas não dependem apenas de elementos institucionais, mas sim das características dos padrões de sociabilidade e dos modos de subjetivação presentes na sociedade contemporânea. São propostas difíceis de ser implementadas nos hospitais por causa dos seguintes desafios presentes nessa instituição: sobrecarga de demanda, engessamento das regras, fragilidade da comunicação e do reconhecimento do outro14.

Assim, segundo Sá14, ainda se observa que:

Grande parte das propostas de intervenção voltadas para as interações entre profissionais e usuários

geralmente não vai além de recomendações sobre a necessidade do desenvolvimento de uma ética

pautada: no reconhecimento do outro, no acolhimento, na responsabilização e no estabelecimento de

vínculos, na cooperação e na valorização da comunicação; sem problematizar, no entanto, quais seriam

os possíveis condicionantes da produção ou ausência desta ética, limitando-se, consequentemente, em

sua capacidade de proposição de ações ou mecanismos que a favoreçam (p. 653).

Dizer que é necessário humanizar a relação entre pessoas envolve resgatar aquilo que tal relação deveria manifestar por natureza e que por algum motivo foi perdido. O que parece ter se perdido nas relações huma-nas foi: sensibilidade, compaixão, respeito, solidariedade, escuta, afetividade, diálogo, confiança, fraternidade, vínculo, emotividade e empatia2,14,15. Para Mezzomo15, que se dedica a pensar a humanização em ambientes hospitalares, esta pode ser entendida como utopia naquele contexto.

Ainda refletindo sobre o fracasso das propostas de humanização e suas possíveis causas, cabe mencionar que muitos pesquisadores apontam para a influência perniciosa do tecnicismo, do cientificismo, do paradigma biomédico, da suposta neutralidade na relação profissional-paciente, do fazer meramente protocolar, dentre ou-tras, para o esvaziamento da dimensão intersubjetiva nas relações que se estabelecem no cenário da saúde2,16-19.

Tais influências são reconhecidas, parecendo bastante plausível que tenham, de fato, repercutido nas rela-ções pessoais que se estabelecem na área da saúde, transformando os profissionais em “operários do cuidado”, enquanto aos doentes, relegados à condição de “não saber”, coube apenas o lugar de “pacientes”.

Para além de tal constatação, fica a impressão de que discutir o que é humanização da saúde, a partir de um rol de sugestões de ações, redigido com belas palavras e implementado como política pública, pouco potencial tem para sair do papel ou das mesas de reunião. Humanizar envolve atitude de abertura e disposição pessoal que não são, espontânea e conscientemente, colocadas em prática apenas porque se trata de diretriz do sistema de saúde. Criam-se cursos, treinamentos, livros e regras para a humanização da assistência, e o paciente continua sem ser ouvido, estimulado em sua autonomia, considerado a partir de seu “referencial interno”. Tudo isso soa apenas como aparatos. O fundamento da humanização parece ter ficado submerso em um amontoado pasteurizado de recursos e estratégias que podem ser desenvolvidos com pessoas doentes e são considerados bem-aceitos socialmente.

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Colocar em curso práticas de cuidado em saúde, genuinamente voltadas para a pessoa doente, implicadas com seu processo de desenvolvimento como pessoa integral, não é tarefa fácil. Estar disposto a despir-se do “arsenal” técnico para ouvir o outro, entendê-lo em seus motivos e desejos não é tarefa simples. Desafia não só os profissionais envolvidos na assistência, mas também educadores/formadores desses profissionais, gestores dos serviços de saúde e, até mesmo, pessoas envolvidas na elaboração das políticas públicas.

Pesquisadores e profissionais da área da saúde, no entanto, seguem empenhados em descobrir novos caminhos para a assistência que lhes possibilitem efetivar as propostas de humanização do cuidado. Ao longo desta pesquisa, diversas vezes esbarrou-se na literatura com expressões, como: “Slow Medicine” e “Atenção Centrada no Paciente”. Essa última, especialmente, chamou a atenção. Questionou-se se seria uma aplicação da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), teoria desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Carl Rogers entre as décadas de 1950 e 1980, ao campo da assistência em saúde. Ao se aprofundar nas leituras, no entanto, perce-beu-se que os teóricos ou apoiadores de tal perspectiva geralmente a descrevem sem fazer qualquer menção ao pensamento de Carl Rogers no que tange ao emprego da expressão “Centrada no Paciente” por ele cunhada.

A ACP depende: de uma perspectiva mais ampliada do cuidado em saúde, de uma visão holística e in-tegral, orientada para as reais necessidades de saúde do paciente; da participação dos pacientes no cuidado, valorizando a autonomia, o autocuidado, a experiência, a cidadania, a liberdade e o respeito à subjetividade dos envolvidos; de uma relação profissional-paciente, pautada em um contato mais humano, empático e afetivo2.

As propostas do modelo biopsicossocial e o envolvimento dos pacientes, como parceiros no processo de cuidado, são descritos como as bases da ACP. O paciente é envolvido, inclusive, na tomada de decisões sobre seu tratamento, evitando-se, assim, a perpetuação de modelo paternalista de cuidado em saúde. Cabe ressaltar que o reconhecimento da subjetividade não se refere apenas à do paciente, mas também à dos profissionais de saúde, e, além disso, há forte valorização da aliança terapêutica para o sucesso das intervenções2.

A comunicação também é valorizada, porém o fluxo não se dá apenas do profissional para o paciente, pois este também é convocado a comunicar sua expertise sobre sua condição de adoecimento. Assim, cria-se um verdadeiro fluxo de troca de informações e conhecimento2. Agreli et al.2 apontam que tais elementos da ACP se encontram em harmonia não apenas com os princípios da humanização, mas com as demais propostas das políticas públicas de saúde no Brasil.

Embora tal paradigma de cuidado não tenha, declaradamente, relação com a ACP do psicólogo Carl Rogers, em muito se aproxima em termos de princípios norteadores. Desse modo, considera-se pertinente apontar que outros autores já têm empreendido esforços para aproximar os fundamentos da ACP às propostas das políticas públicas de saúde no Brasil. Discute-se, por exemplo, as aproximações entre os conceitos de ten-dência atualizante, facilitação e empatia com os princípios da autonomia, protagonismo, interdisciplinaridade e humanização da atenção20. A possibilidade de trabalhar os conceitos da ACP com profissionais e gestores do campo da saúde poderia facilitar a efetivação de tais diretrizes e, inclusive, a consolidação do atual conceito de saúde em vigência no mundo, não como mera ausência de doenças, mas abarcando os aspectos biopsicossociais do fenômeno saúde-doença e a necessidade da integralidade do cuidado.

Bacellar et al.20 consideram que a ênfase da ACP na importância das relações intersubjetivas, entendidas aqui como vínculo estabelecido entre profissionais e pacientes, pode ser tomada como recurso importante para a efetivação da proposta de humanização, para além das técnicas. Um envolvimento mútuo, constituído de modo empático, aceitador e de genuíno interesse, seria propiciador do desenvolvimento de ambos os atores envolvidos. Propõem que relações interpessoais autênticas podem ser entendidas, em última instância, como veículo de promoção de saúde.

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Se a presença de alguns fundamentos da ACP tem sido identificada como facilitadora de relações in-terpessoais mais significativas entre profissionais e pacientes, cabe retomar tais conceitos, para, em seguida, verificar se tais aproximações seriam ilustrativas daquilo que se evidenciou nas experiências dos participantes sobre a AD. Carl Rogers, ao discorrer sobre o conceito de tendência atualizante, afirma que, “[...] em cada or-ganismo, não importa em que nível, há um fluxo subjacente de movimento em direção à realização construtiva das possibilidades que lhe são inerentes. Há [...] uma tendência natural a um desenvolvimento mais completo e mais complexo”21 (p. 40).

Em outra obra, Rogers levanta algumas hipóteses sobre a facilitação do crescimento pessoal e afirma que a tendência latente dos indivíduos para o crescimento parece ser liberada na existência de um “clima psicológi-co” adequado ou de “certo tipo de relação”, que pode ocorrer em diferentes tipos de encontro entre profissio-nais e seus pacientes, entre pessoas de um modo geral, e não apenas na relação psicoterapêutica22.

As pessoas que liberam tal tendência ao crescimento a partir de relações interpessoais facilitadoras mos-tram-se mais amadurecidas, menos defensivas e com mais recursos criativos para se adaptar e enfrentar situ-ações difíceis ao longo da vida. Buscam formas de enfrentar a vida de modo mais construtivo, satisfatório e socializado, porque são flexíveis e aptas a aceitar o inesperado22.

Interessante a afinidade entre tais ideias e o que o psicanalista Donald Winnicott23 aponta em sua obra “Tudo começa em casa”, ao discorrer sobre o amadurecimento pessoal e a centralidade do cuidado para esse processo. Ele discorre sobre as “tendências” que impulsionam o bebê para um processo de crescimento que leva à integração da personalidade. Winnicott chega a afirmar que esse processo depende da existência de um “ambiente facilitador”. Tal ambiente, para o psicanalista, “requer uma qualidade humana, e não uma perfeição mecânica” (p. 139).

Sobre o que seria esse “clima facilitador”, Rogers e Rosenberg24 sintetizam algumas de suas característi-cas: deve haver atmosfera de autenticidade, de consideração genuína pelo outro e de interesse compreensivo. Esse clima não está garantido pelo ambiente doméstico por si, tampouco por qualquer outro, mas pela quali-dade das relações que se estabelecem nesse contexto, pois “[...] o fato de ser empaticamente compreendido por outra pessoa capacita o indivíduo a se tornar um facilitador mais eficiente de seu crescimento, um terapeuta mais eficiente de si mesmo” (p. 86).

Percebe-se, então, que, para além da questão da humanização ou do fato de a assistência em saúde ser realizada na casa ou no hospital, seria necessário explorar os significados da dimensão relacional, implicada nas práticas de cuidado e suas consequências para o processo de crescimento das pessoas. Partindo da constatação de que todos são seres relacionais, Mahfoud25 esclarece que, “[...] ao acompanhar o outro, fazemos experiência de crescer juntos” (p. 82). Ele enfatiza a premência de que as relações profissionais de ajuda sejam pautadas em uma presença capaz de afirmar a existência do outro, e não de negá-la. Ao ser tocado por uma presença, o outro tem a possibilidade de também voltar-se a si e reconhecer-se como pessoa.

Entende-se que, se uma pessoa não é capaz de reconhecer e afirmar a presença do outro como pessoa, não será também capaz de reconhecer-se como tal. Isso implica que a humanização das relações interpessoais na área da saúde (e em qualquer outra) apresente-se como uma lança de duas pontas. Se tal relação se instaura em um clima de indiferença ou reificação, não há como as ações partilhadas não resultarem em esvaziamento de sentido para ambos, reproduzindo condições de adoecimento. Por outro lado, se há o reconhecimento mútuo da pessoalidade entre paciente e profissional, esse encontro torna-se potencialmente significativo e transforma-dor para ambos, pois as pessoas emergem desse encontro como tais.

Embora se esteja aqui defendendo a centralidade da dimensão relacional para a efetivação de relações de cuidado humanizadas, acredita-se que o fato de essa assistência ocorrer em casa, e não em uma instituição de

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saúde, coincide com a proposição rogeriana de “clima facilitador”. Nesse sentido, o cuidado domiciliar mos-tra-se capaz de favorecer ou, pelo menos, de não impedir que o paciente encontre os próprios recursos para prosseguir em seu processo de crescimento, apesar das rupturas que lhe foram impostas pela doença. As expe-riências apreendidas na pesquisa levaram a compreender que, quanto mais o paciente for capaz de sentir-se ele mesmo e exercer autonomia, mais humanizador será o tratamento a ele oferecido.

A confiança do paciente no profissional de saúde, facilitada no contexto domiciliar, instaura um tipo de relação de cuidado que lhe permite “reencontrar a si mesmo”. Assim, confirma-se que não é necessário deixar de ser ele mesmo para receber o tratamento. Tal peculiaridade é percebida pelos pacientes como fundamental para o processo de recuperação. Pelo que se pôde constatar, o profissional também não consegue se isentar do impacto que esse encontro com o outro provoca em sua subjetividade. O perfil para atuar no SAD, então, exigiria a capacidade de estar preparado para engajar-se em um relacionamento com o paciente, de um modo que, em outros contextos de assistência em saúde, nem sempre seria possível ou incentivado.

Essa compreensão sugere uma proposição interessante: humanizar o cuidado em saúde seria, em última instância, buscar maneiras de facilitar um encontro pessoa a pessoa, entre profissionais e pacientes. Indepen-dentemente do contexto em que essa assistência se efetive, é necessário garantir condições mínimas para que profissionais e pacientes, de fato, possam relacionar-se como pessoas integrais de maneira significativa.

Método e procedimentos

Trata-se de uma pesquisa qualitativa fenomenológica1 que objetivou compreender a experiência de pacientes assistidos em domicílio a partir do relato deles. Para tanto, a pesquisadora acompanhou durante 14 meses as visitas da equipe de um Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) ligado ao SUS no município de Campinas-SP. Nesse período, foi estabelecido contato com 30 pacientes, dos quais foram selecionados sete participantes adultos de ambos os sexos, cuja caracterização se encontra melhor descrita no Quadro.

Quadro - Caracterização dos participantes da pesquisa.

Participante (nomes fictícios)

Idade Diagnóstico Título da narrativa

Caio 41 Tetraplegia Eu e o outroHelena 67 Câncer Não mereço tudo issoCarol 30 Paraplegia Saudade da minha vida

Willian 41 Tetraplegia A vida que já foi vividaNeuza 48 Paraplegia A vida daqui para frenteAlana 30 Câncer O sobrado com escadinha de madeira

Ana Maria 40 Câncer Aqui em casa é só a minha doença

Fonte: elaborado pelas autoras.

O momento de coleta de dados caracterizou-se como um encontro dialógico entre a pesquisadora (1ª autora) e os participantes, mediado por uma questão norteadora aberta, a qual possibilitou a expressão daquilo que os próprios participantes selecionaram para falar sobre suas experiências de estarem sendo assistidos em domicílio. Os encontros não foram gravados nem registrados na íntegra, visando preservar a coerência com o método fenomenológico.

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Após cada encontro, a pesquisadora redigiu uma narrativa acerca da experiência descrita pelo participan-te, acrescida de suas impressões pessoais sobre o encontro. Cada uma das narrativas, posteriormente, foi anali-sada, e delas derivou-se uma narrativa-síntese que elenca os principais elementos presentes nas diversas experi-ências de ser assistido em domicílio. Para um maior detalhamento da metodologia empregada, bem como para o acesso às narrativas na íntegra e às ilustrações que foram produzidas para cada uma delas, o texto completo da tese se encontra disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC-Campinas (http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/998) com o título “A experiência de pacientes de um serviço de atenção domiciliar”.

Resultados e discussão

Para além das particularidades das histórias de vida e do adoecimento dos participantes, foi possível apre-ender que a experiência de ser cuidado em casa é delimitada ou influenciada pelo tipo de condição de adoeci-mento que a pessoa enfrenta, pelas condições familiares e relações com os cuidadores e também pelo momento de vida em que a doença surgiu. Não há como dissociar a experiência de receber cuidados em casa do processo e das condições do adoecimento. Este, com suas singularidades, impõe ao paciente a necessidade de receber cuidados e a possibilidade de ser ou não incluído em um SAD.

Talvez, por isso, os participantes tenham sentido necessidade de narrar em detalhes suas histórias de adoecimento. Ao recontá-las, puderam significá-las, atualizá-las e dar sentido aos fatos que levaram à realidade de estarem sob assistência domiciliar. Isso implica uma interdependência entre a modalidade de cuidado e as características pessoais e da doença em si, em um momento específico da vida, sendo vivido em casa e com a família, de modo que a doença, a experiência de ser cuidado, as relações interpessoais e as dimensões contextu-ais encontram-se absolutamente imbricadas nessa situação.

A experiência de ser cuidado em casa costuma ser associada na literatura com os seguintes sentimentos: felicidade; esperança; confiança; segurança; liberdade e autonomia; sensação de não ser abandonado; senti-mento de ser tratado com amor; valorização; gratidão; tranquilidade; receio de não estar no hospital em uma situação de emergência; medo de morrer em casa; medo de ser levado de volta ao hospital; sentimento de estar em ambiente conhecido, onde pode manter intimidade, liberdade, contato com familiares, hábitos e horários1.

Já o relacionamento com os profissionais que cuidam em domicílio costuma ser descrito a partir das ex-pressões: familiaridade; minimização da solidão; impressão de que são gente bem-educada e de bom coração; reciprocidade; preocupação dos profissionais com os pacientes vai além das questões biológicas; vínculo; diá-logo; interesse em saber das outras pessoas da família, e não apenas nos pacientes; boa comunicação; presteza; atenção; cordialidade; amizade1.

A sensação de ser tratado de modo humano

Nesse campo, pode-se agrupar diversas expressões dos participantes acerca de suas percepções dos peque-nos gestos e atitudes dos profissionais do SAD, que são por eles significados como uma forma de cuidar mais humana. A partir de tais gestos, sentem-se considerados como pessoas integrais, e não apenas “como um corpo doente” ou como “mais um” paciente. Falaram sobre o fato de se sentirem bem cuidados quando os profissionais dão uma passada em suas casas simplesmente “para saber como estão”, mesmo que não haja nenhum procedi-mento a ser feito; por levarem “cremes” para hidratar a pele, o que é entendido pelos pacientes como um “luxo”; por serem ágeis e eficientes no atendimento às solicitações dos pacientes, quando estes ligam no SAD pedindo

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alguma coisa; por se sentirem considerados e respeitados em sua singularidade pelos profissionais que deles cui-dam; por terem a segurança de que “podem contar” com os profissionais do SAD, pois, quando prometem algo, sempre cumprem; por se sentirem valorizados e queridos pelos profissionais, para além da relação assistencial; por sentirem que a equipe do SAD ajuda não só nos cuidados com eles próprios, mas também no suporte oferecido aos seus familiares, algo que tranquiliza os pacientes; por terem a sensação de que os profissionais sentem afeto por eles e que cuidam bem, pois têm “vocação” para cuidar naquele contexto; por sentirem que, se não fosse a equipe do SAD, não saberiam dizer o “que teria sido de si”, pois talvez já tivessem morrido.

Diante disso, expressam gratidão aos profissionais e reconhecem que o vínculo desenvolvido entre eles é o que traz um “diferencial” para a assistência. Apesar de sentirem que pode haver outros pacientes “precisando mais do SAD” do que eles, no momento não querem abrir mão desse atendimento e temem ser “desligados do serviço”, por não preencherem mais aos critérios de inclusão (em caso de melhora). Para aqueles que vivenciam grande dificuldade de deslocamento no espaço urbano e consequente restrição no convívio social, a presença dos profissionais do SAD em casa representa também uma oportunidade de interagir com alguém diferente e se distrair um pouco.

Em síntese, os pacientes referem-se ao cuidado recebido do SAD como algo que “superou suas expec-tativas” pela qualidade da assistência, pelo conforto, mas, acima de tudo, pelo modo como se sentem tratados pelos profissionais. Sentem que são “tratados como gente”, e isso levou a questionar se haveria sentido mais genuíno para o termo “humanização” do que o reconhecimento – pelas próprias pessoas que são assistidas – de que são tratadas como gente.

A consideração dos profissionais como pessoas da família

Entende-se que esse campo de compreensão se encontra atrelado ao anterior, porém revela uma particu-laridade da relação paciente-profissional, quando esta se desenvolve no contexto domiciliar. Pode-se entender que a qualidade do vínculo e a percepção de que são tratados de modo humano poderiam desenvolver-se em outros contextos de cuidado em saúde, desde que os profissionais se mostrassem aptos (técnica e emocional-mente) para tal e que as regras institucionais não se mostrassem enrijecidas a ponto de distanciá-los do verda-deiro contato humano com os pacientes. No entanto, ao desenvolverem uma assistência em saúde que adentra nos espaços íntimos da residência de uma pessoa, os profissionais são “convocados” a se adaptar a esse espaço de cuidado e às regras que ali são implicitamente estabelecidas e partilhadas pelos habitantes.

O convívio frequente nesse ambiente impõe aos profissionais uma familiaridade com a rotina e os hábi-tos de vida dos pacientes, a qual, ao longo do tempo, possibilita que passem a ser reconhecidos como “gente de casa”. Os participantes mencionaram o fato de os profissionais terem aprendido a respeitar suas “preferências”, seus horários e as próprias relações familiares. Há uma sensação, por parte dos pacientes, de que os profissio-nais cuidam deles para além das obrigações assistenciais, ou, melhor, para além das atribuições de seu papel profissional. Esse envolvimento afetivo reverbera no entendimento de que são pessoas com “algum valor”, que “merecem” um cuidado desse nível e, portanto, entendem tais características da AD como mais humanizadas do que as demais modalidades de assistência.

Foram evidenciadas nas narrativas situações em que os profissionais eram aguardados para “cortar o bolo de aniversário” de algum familiar ou a valorização que os entes de algum paciente falecido atribuíram à visita pós-óbito que a equipe do SAD lhes fez. Essa intervenção por parte da equipe foi interpretada pelos familiares enlutados como um cuidado que não se restringiu à doença e mesmo à existência do paciente, abarcando e considerando o núcleo familiar como um todo.

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Tais atitudes de zelo e de uma atenção, diga-se, personalizada, por considerar as particularidades de cada família, acrescida da constante presença dos profissionais no seio da rotina familiar, acabaram por possibilitar que os profissionais fossem simbolicamente incluídos no grupo como membros. Alguns pacientes chegaram a admitir que os profissionais fizeram por eles ações que nem mesmo alguns familiares teriam feito, mostrando-se verdadeiramente implicados com o cuidado a eles destinado.

Comparações entre a assistência domiciliar e a hospitalar

As comparações entre o cuidado já vivenciado em contextos hospitalares e aquele disponibilizado pela equipe do SAD foram inevitáveis. Os pacientes consideram que a AD lhes proporciona maior conforto, segu-rança e tranquilidade em comparação com o cuidado recebido em instituições de saúde. Tais elementos contri-buem para a preservação da autonomia e da liberdade para fazer escolhas e manter hábitos.

Além disso, muitos participantes relataram situações já vividas durante hospitalizações que ficaram mar-cadas em suas memórias, como terem sido tratados com preconceito, desprezo, frieza, desrespeito, violência, ausência de empatia e solidariedade. O simples fato de estarem no hospital muitas vezes os levou a sentir medo, impotência, solidão, ansiedade, desespero, saudade e preocupações com a família, sensação de estar preso, luto por outros pacientes que faleciam no mesmo quarto, sensação de que naquele contexto não iam conseguir me-lhorar ou recuperar um pouco da autonomia.

O cuidado fornecido nessas instituições de saúde é significado como um atendimento “em série”, de-sumano, insuficiente, demorado e permeado por regras. Compreensível, portanto, que não queiram mais ser submetidos a uma assistência desse tipo, de modo que a experiência de ser assistido em domicílio rompeu com os paradigmas, que essas pessoas possuíam até então, sobre ser atendido por profissionais da área da saúde. Ao se perceberem como beneficiários de um padrão de cuidados, ainda pouco conhecido e muito qualificado, sentiram necessidade de narrar suas experiências, quase como uma forma de expressar sua gratidão pela assis-tência recebida.

Mesmo nas situações em que os pacientes enfrentavam dificuldades para vivenciar o adoecimento em domicílio, tais como precariedade da moradia, dificuldades socioeconômicas, escassez de cuidadores, conflitos familiares e dificuldades de deslocamento até os serviços de saúde, ainda assim demonstraram preferência pela AD em detrimento da assistência hospitalar. A partir das narrativas desses participantes, foi possível perceber o quanto a hospitalização potencializa a vivência de sofrimento, inerente ao adoecimento, agravando-a.

Para uma das participantes, tal elemento evidenciou-se, inclusive, na frase escolhida para dar título à sua narrativa: “Aqui em casa é só a minha doença”. Outros, em um ímpeto de preservação da autonomia, chegaram a solicitar a antecipação da alta hospitalar, pois percebiam que teriam melhores condições de recuperação longe do hospital, já que ali se sentiam como “um pedaço de carne em cima de uma maca”.

Ou seja, no hospital, configura-se uma situação na qual nem o paciente nem a equipe confiam plenamen-te no potencial humano para a recuperação, como se ali só se pudessem considerar diagnósticos e protocolos técnicos, e nunca houvesse espaço para a emersão dos aspectos humanos envolvidos.

Conclusões

O que os participantes deste estudo revelaram é que sentem que sua liberdade para fazer escolhas é mais respeitada no domicílio do que nos demais espaços em que foram assistidos. Na AD, os participantes sentem-se “tratados como gente” e reconhecidos em suas necessidades mais sutis. Passou-se então a entender que a casa,

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enquanto espaço de cuidado, parece facilitar a humanização do processo de cuidar, pelo fato de preservar a autonomia do paciente e também dos profissionais, mas, acima de tudo, por propiciar a constituição de vínculos afetivos mais significativos entre profissionais e pacientes.

O que foi possível concluir a partir das experiências dos participantes é que, apesar de todas as vicissitu-des, a casa revela-se como um ambiente apropriado para se vivenciar o adoecimento, receber cuidados e recupe-rar a saúde. A autonomia que os pacientes experimentam nesse ambiente, a possibilidade de estarem próximos daquilo que os confirma como pessoas singulares e, acima de tudo, a qualidade das relações que estabelecem com os profissionais nesse contexto parecem favorecer a capacidade de acessar os recursos pessoais criativos que facilitam o processo de enfrentamento da doença e as limitações dela decorrentes.

Algo acontece nessa relação de cuidado quando vivenciada em domicílio que supera a dimensão norma-tiva das propostas de humanização. Efetiva-se uma possibilidade de encontro profissional-paciente pautada em uma nova e criativa forma de estar com o outro, que parece favorecer uma atenção mais integral, centrada na pessoa do paciente e com potencial para promover a autonomia dos envolvidos, o que, em última instância, pode ser entendido como o grande objetivo das propostas de humanização do cuidado.

Tais questões levaram a concluir que as comparações entre o cuidado hospitalar e o domiciliar afetam não apenas os pacientes, mas também os próprios profissionais. Embora se possa supor que um cuidado mais distanciado venha a proteger os profissionais de saúde do sofrimento inerente ao envolvimento com pacientes, eles, muitas vezes, adoecem psiquicamente ou percebem suas atividades laborais como desprovidas de sentido. Em pesquisa anterior, observou-se que os profissionais de saúde clamavam por oportunidades de oferecer cui-dado mais próximo e prolongado a seus pacientes26. Assim, pode-se levantar uma hipótese para futuros estudos de que a AD favorece uma experiência de cuidado mais significativa não apenas para os pacientes, mas também para os profissionais que atuam nesse contexto.

Referências

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3 Gomes B, Calanzani N, Gysels M, Hall S, Higginson IJ. Heterogeneity and changes in preferences for dying at home: a systematic review. BMC Palliative Care 2013 Fev [citado 2019 abr. 8];12(1):1-13. Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1472-684X/12/7.

4 Marcucci FCI, Cabrera MAS. Morte no hospital e no domicílio: influências populacionais e das políti-cas de saúde em Londrina, Paraná, Brasil (1996 a 2010). Ciênc. saúde coletiva 2015 Mar [citado 2019 abr. 8];20(3):833-40. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015203.04302014.

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20 Bacellar A, Rocha JSX, Flôr MS. Abordagem centrada na pessoa e políticas públicas de saúde brasileiras do século XXI: uma aproximação possível. Rev. NUFEN 2012 Jun [citado 2019 abr. 8];4(1):127-40. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-d=S2175-25912012000100011&lng=pt&nrm=iso.

21 Rogers CR. Um jeito de ser. São Paulo: EPU-EDUSP; 1983.

22 Rogers CR. Tornar-se pessoa. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1997.

23 Winnicott DW. Tudo começa em casa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1999.

24 Rogers CR, Rosenberg RL. A pessoa como centro. São Paulo: EPU-EDUSP; 1977.

25 Mahfoud M. (org.). “Quem sou eu?”: um tema para a psicologia. Belo Horizonte: Ed. Artesã; 2017.

26 Oliveira AEG. A experiência de profissionais da saúde no cuidado a pacientes em ambulatório de quimio-terapia. Dissertação [Mestrado em Psicologia] PUC-Campinas; 2013. [citado 2019 abr. 8]. Disponível em: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/320.

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Encontro de cuidadores em um serviço de assistência domiciliar pediátrica: cuidadores como protagonistas do cuidado

Autores: França LCR, Pereira AS.Instituição: Hospital Infantil Albert Sabin.E-mail: [email protected] / [email protected]

Resumo: Introdução: Há 18 anos, o Programa de Atenção Domiciliar do Hospital Infantil Albert Sabin (PAD/HIAS) atua proporcionando um tratamento humanizado às crianças em domicílio, gerando benefícios, confor-to, minimização dos custos e otimização dos leitos, porém, para um bom resultado do tratamento em domicílio, é necessário o comprometimento de toda a sociedade e, em especial, do cuidador, que é a pessoa que presta os cuidados diretamente, de maneira contínua e regular. Surgiu, assim, a necessidade da criação de encontros no PAD, com oportunidade para a troca de experiências entre os cuidadores com os profissionais da saúde e entre eles próprios, além de um momento de confraternização, fortalecendo o cuidador como protagonista do cuidado em domicílio. Objetivo: Relatar a experiência desenvolvida pelo PAD/HIAS ao longo dos 18 anos de existência relativo aos encontros com os cuidadores e a equipe multiprofissional. Método: Trata-se de um es-tudo descritivo do tipo relato de experiência, a partir da vivência do primeiro encontro de cuidadores e equipe multiprofissional, realizado em julho de 2001, até o último encontro, ocorrido em julho de 2018. Durante o período de 18 anos de existência do PAD, foram realizados sete encontros, com uma média de 25 participan-tes. Tanto os cuidadores atuais como os que já receberam alta do programa foram convidados. Além disso, contou-se com a presença dos profissionais do corpo clínico e técnico, com espaços para abordagem de temas com foco no cuidador, em que o público interage e faz perguntas. Houve ainda momentos de escuta ativa para o cuidador expressar suas angústias, seus medos e suas experiências exitosas, além de haver dinâmica de grupo com psicóloga, lanche, confraternização e distribuições de brindes. Resultados: Ao longo dos anos, o encontro foi evoluindo, tornando-se notório, pelos relatos dos participantes, o fortalecimento, o aprendizado para lidar com as dificuldades e o crescimento com o compartilhamento das histórias e dos sentimentos em comum. No final de cada encontro, os cuidadores sempre agradeciam pelo momento e relatavam a importância da existência desses momentos. Deixavam clara a importância do grupo para o enfrentamento da luta diária em meio a tan-tos sentimentos misturados. Conclusão: Diante desse cenário, fica perceptível a importância do encontro dos cuidadores e os benefícios encontrados para cada participante por meio do compartilhamento das experiências, do acolhimento mútuo e do suporte terapêutico aos cuidadores que são os protagonistas desse cuidado. Palavras-chave: Cuidador. Assistência domiciliar. Pediatria.

Introdução

O avanço da tecnologia trouxe muitas mudanças em relação ao perfil epidemiológico da infância no Brasil, originando um grupo de crianças denominadas inicialmente, nos Estados Unidos, como Children with Special Health Care Needs (CSHCN), ou Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (CRIANES),

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no Brasil1. Atualmente, essa nomenclatura passou por um processo de tradução e adaptação, ampliando mais seu conceito, tornando-se Crianças e Adolescentes que Necessitam de Atenção Especial à Saúde (CRIANES). As CRIANES demandam cuidados de desenvolvimento tecnológico, medicamentoso e/ou habituais modifi-cados, sendo classificadas como: crianças de cuidados mistos, quando apresentam uma ou mais demandas de cuidado, excluindo-se o tecnológico; e crianças clinicamente complexas, quando apresentam todo o conjunto de demandas1.

De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o cuidador é definido como alguém que cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, pela saúde, pela alimentação, pela higiene pessoal, pela educação, pela cultura, pela recreação e pelo lazer da pessoa assistida2. É a pessoa da família ou da comunidade que presta cuidados a outra pessoa de qual-quer idade que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais, com ou sem remuneração2.

O cuidador é a pessoa que presta os cuidados diretamente, de maneira contínua e/ou regular, com ou sem remuneração, podendo ou não ser alguém da família. Ela realiza tarefas básicas no domicílio e assiste as pessoas sob sua responsabilidade, prestando-lhes, da melhor forma possível, os cuidados que lhe são indispensáveis, auxiliando na recuperação delas. Portanto, ele pode ser chamado de cuidador informal ou formal3.

O cuidador formal é o profissional preparado em uma instituição de ensino para prestar cuidados no domicílio, segundo as necessidades específicas do usuário. Por sua vez, o cuidador informal é um membro da família ou da comunidade que presta qualquer tipo de cuidado às pessoas dependentes, de acordo com as ne-cessidades específicas3.

Pesquisas desenvolvidas nos últimos anos sobre o cuidado no manejo das diversas doenças crônicas em criança e adolescente revelam que de 83,1% a 93,4% dos cuidadores são mulheres e que as mães são as princi-pais pessoas envolvidas no processo de cuidado4,5. Desde a pesquisa de Karsch, realizada no início da década de 1990, há a constatação de que os cuidadores estão em casa, cuidando de seus familiares com dependência, sem quase nenhuma orientação e, em sua maioria, estão sozinhos nas tarefas de cuidado4.

Peres et al.6 apontam que, na pediatria, a inclusão de familiares ou cuidadores é essencial, visto que as crianças não possuem maturidade ou discernimento suficientes para compreender o que está acontecendo, tornando-se dependentes das decisões tomadas pelos seus responsáveis.

Alguns estudos mostram que os cuidadores apresentam taxas mais altas de depressão e outros sintomas psiquiátricos, como níveis diferentes de ansiedade, e podem ter mais problemas de saúde que pessoas com a mesma idade que não são cuidadores7,8. Isso se deve à modificação de papéis sociais e à adaptação à condição de cuidador, que demanda dedicação, paciência e abnegação8.

Além disso, os cuidadores participam menos de atividades sociais, têm mais problemas no trabalho e apresentam maior frequência de conflitos familiares, sobretudo em relação ao modo como eles cuidam do pa-rente comum. Algumas pessoas chegam a apresentar o que tem sido chamado de “erosão do self ” pela forma como submergem no papel de cuidadores7.

A sobrecarga das mães cuidadoras é outra assertiva importante encontrada na literatura, pois, além das responsabilidades domésticas, realizam atividades complexas e que não faziam parte de seu cotidiano, advindas dos cuidados de seus filhos com enfermidades crônicas8.

Os problemas de saúde do cuidador, em muitos casos, estão relacionados à tensão emocional e ao esforço físico permanente9. O esforço contínuo, exigido no processo de cuidar, somado à idade do cuidador e às suas outras responsabilidades, culmina em prejuízos físico e mental9.

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Por isso, o acompanhamento e o suporte do serviço de saúde, como a AD, são de extrema importância, já que essa modalidade contribui para minimizar as dificuldades demandadas pelo cuidado prestado, prevenin-do perdas e agravos à saúde da figura do cuidador. Contudo, para tanto, devem ser desenvolvidos programas destinados a prevenir a sobrecarga e o impacto emocional negativo que podem afetar a saúde e a qualidade de vida de cuidadores de idosos e de outras pessoas dependentes8-10.

As oficinas pedagógicas de cuidadores são espaços que possibilitam trocas de experiências, em que os cuidadores conversam, aprendem, ensinam e constroem juntos na arte do cuidar; assim, devem ser abertas a todos os que estão envolvidos, tais como: cuidadores, familiares e amigos2.

Essa troca de experiências, que podem ser tanto positivas quanto negativas (as angústias, os medos e as dificuldades), traz alívio, pois o cuidador percebe que não está sozinho e que outros podem ter dúvidas e difi-culdades do mesmo modo como ele. Além disso, as experiências podem ser valiosas para outros cuidadores, formando uma rede de apoio social, já que todos estão unidos pelo mesmo motivo2.

O Caderno de Atenção Domiciliar3 traz como necessária a implementação de mecanismos que facilitem os cuidados no domicílio, por meio da escuta ativa, de ações educativas, da criação de espaços coletivos e gru-pos de apoio, de promoção de oficinas pedagógicas, da elaboração de guias e cartilhas para cuidadores. Essas ações se constituem como significantes recursos de ajuda ao cuidador, pois propiciam a troca de experiências, a redução do estresse, o enfrentamento e a adaptação à situação2.

Na dinâmica dessas diversas realidades, torna-se um desafio para as equipes pensar em estratégias de como se aproximar e acolher as demandas desses cuidadores e familiares, que, muitas vezes, sofrem sozinhos. Sendo assim, foram constituídos, pelo Programa de Atenção Domiciliar (PAD) de um hospital de referência pediátrica, encontros com os cuidadores, que são reuniões anuais planejadas para cuidar daquele que cuida, pro-porcionando um lugar de escuta e acolhimento do sofrimento psíquico, alívio da sobrecarga, compartilhamento de experiências entre os cuidadores e um espaço para disseminar a educação em saúde.

Identificar todas essas demandas relatadas por meio de espaços que possibilitem o bem-estar do cuida-dor, em geral, não é a realidade dos hospitais públicos brasileiros, principalmente hospitais com esse perfil de público (pediatria no âmbito domiciliar), por isso torna-se relevante divulgar as experiências vivenciadas em locais que se destacam por buscar a humanização do cuidado mediante a educação em saúde.

A partir do exposto, o presente estudo tem como objetivo descrever a experiência desenvolvida pelo PAD ao longo dos 18 anos de existência do programa relativo aos encontros com os cuidadores e equipe multiprofissional.

Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, a partir da vivência de cuidadores e equipe multiprofissional realizado pelo PAD de um hospital de referência pediátrica de Fortaleza/CE, desde o pri-meiro encontro em julho de 2001 até o último encontro em julho de 2018. Durante o período de 18 anos de existência do PAD, foram realizados sete encontros, com uma média de 25 participantes. Tanto os cuidadores atuais como os que já receberam alta do programa foram convidados.

Para a descrição da experiência, foram considerados os seguintes aspectos: abordar as mudanças ocorri-das desde o primeiro encontro até o último e sua importância para a humanização no processo de cuidado às crianças e aos adolescentes que necessitam de atenção especial à saúde em domicílio no cotidiano dos cuidado-res/familiares, com vistas aos preceitos da educação em saúde. Foram elencados quatro tópicos para descrever a experiência do encontro de cuidadores: conhecendo como tudo começou, o espaço físico, a metodologia do encontro e as percepções dos cuidadores.

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As narrativas de experiência profissional e os relatos de experiência buscam construir conhecimentos vin-dos do cotidiano, alicerçados em bibliografias que as referendam11. Neste estudo, foram seguidos os seguintes passos metodológicos, conforme Dyniewicz12 descreve em seu livro: esclarecimento da situação inicial; explici-tação dos componentes dos fatos, apresentando bibliografias de diferentes fontes; detalhamento das informa-ções sobre a experiência; apresentação da sequência dos acontecimentos, mesclados com opiniões e sugestões denotando as evoluções e as mudanças ocorridas no contexto.

Conhecendo como tudo começou

O hospital em estudo, por meio do PAD, realiza o atendimento a Crianças e Adolescentes que Necessi-tam de Atenção Especial à Saúde (CRIANES) no domicílio desde de julho de 2000. Nesse contexto domiciliar, percebe-se a necessidade de dar atenção especial também aos cuidadores formais e informais e aos familiares, que, diariamente, lidam com o desafio de cuidar de uma pessoa total ou parcialmente dependente. Pensando nessa realidade, após discussão, a equipe chegou ao consenso de que suas demandas, seus medos e suas an-gústias eram muito semelhantes e que, reunidos em grupo, poderiam aliviar suas dores e, de alguma forma, amenizar a sobrecarga diária. Nesse sentido, a equipe organizou o primeiro encontro de cuidadores, em julho de 2001, com a presença de 12 participantes, a princípio no formato de roda de conversa para descontração, acolhimento, escuta qualificada, troca de saberes entre os participantes que traziam sugestões e experiências para o grupo com a equipe multidisciplinar do PAD.

Observando a demanda crescente da participação dos cuidadores e a importante necessidade desse espaço, a equipe abrangeu mais o encontro, convidando os familiares/cuidadores atuais e os antigos que já haviam rece-bido alta do PAD. Os familiares/cuidadores antigos serviriam de um apoio maior para troca de experiências com os cuidadores que estavam chegando. Foi criado também um momento de escuta terapêutica com a psicologia, com intervenções breves, buscando a qualidade de vida relacionada à saúde e à sobrecarga de trabalho desses cuidadores, além de considerações sobre a atuação multiprofissional com os cuidadores para que eles pudessem ser considerados e incorporados como unidade de atenção. Houve ainda dinâmicas em grupos e distribuições de brindes, como eletrodomésticos, fraldas e materiais de higiene pessoal, tudo provenientes de doações.

Percebeu-se também que a baixa assiduidade de alguns cuidadores se devia à impossibilidade de deixar a criança só no domicílio, por causa da dificuldade de encontrar alguém para o cuidado durante o período que estivesse sendo realizado o encontro. Foi a partir dessa demanda, trazida muitas vezes pelo próprio cuidador, que, com o apoio do serviço de transporte do hospital, conseguiu-se remover o cuidador e a criança para o evento, com toda a segurança para ambos. Salienta-se que a criança, para poder participar do evento, deveria, no mínimo, conseguir ser transportada em cadeira de roda.

Então, o encontro passou a contar com a presença do corpo clínico e técnico (direção do hospital), equi-pe multidisciplinar do programa, familiares, cuidadores e crianças que recebiam todo esse cuidado no domicílio.

O espaço físico

Os primeiros encontros foram realizados em auditórios do referido hospital pediátrico. Nos últimos quatro anos, os encontros passaram a ser realizados em local mais amplo, cedido pelo Sindicato dos Policiais Federais.

Necessitou-se de um espaço maior em razão do aumento crescente do número de participantes e dos brindes para sorteio fornecidos pelos patrocinadores (televisões, liquidificadores, batedeiras, entre outros), bem como da necessidade de utilização de equipamentos (som, datashow e banners do evento e de alguns trabalhos publicados).

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A metodologia do encontro

Foram criados espaços para abordagem de temas com foco no cuidador, em que o público interagia e fazia perguntas. Era um momento de escuta ativa em que o cuidador podia expressar suas angústias, seus medos e suas experiências exitosas. Houve ainda dinâmica de grupo com psicóloga, lanches, confraternização, distri-buições de brindes e sorteio de eletrodomésticos fornecidos pelos patrocinadores.

Tudo foi organizado em horários predefinidos, com a distribuição dos fôlderes com a programação do evento no domicílio de cada cuidador dois meses antes do evento. Além disso, foram feitas publicações em re-des sociais, para que estivessem presentes os novos cuidadores e os que já fizeram parte do programa, durante toda a programação.

Foi realizada uma busca ativa dos antigos pacientes, no intuito de fazer o convite para o encontro por telefone.

As percepções dos cuidadores

Ao longo dos anos, o encontro foi evoluindo, e tornaram-se notórios, pelos relatos dos participantes, o fortalecimento, o aprendizado para lidar com as dificuldades e o crescimento com o compartilhamento das histórias e dos sentimentos em comum.

Os relatos dos cuidadores expressavam suas angústias, seus medos e suas experiências exitosas. Eles afirma-ram que o encontro ajudou a aliviar o estresse e as aflições. Também verbalizaram a importância de ouvir outros cuidadores, pois alguns se sentiam desamparados em seus sofrimentos e puderam compartilhar das mesmas dores.

No final de cada encontro, os cuidadores sempre agradeciam e relatavam a importância da existência des-ses momentos. Deixavam clara a importância do grupo para o enfrentamento da luta diária em meio a tantos sentimentos. Os cuidadores e os familiares transmitiram suas experiências ensinando a administrar melhor as ações de todos.

Conclusão

A partir desses encontros, tem sido possível identificar as demandas que devem ser tratadas prioritaria-mente em cada núcleo familiar. Muitas vezes, é nesse espaço que o usuário expressa aquilo que mais lhe inco-moda na prática do cuidar. Dessa forma, os encontros e as trocas de experiências têm confortado cuidadores e familiares e os têm auxiliado a refletir e a enfrentar problemas do dia a dia.

Foi por meio dos encontros que se desenvolveu continuamente uma estratégia de orientação pela equipe multiprofissional nas visitas domiciliares e nos contatos espontâneos e frequentes no hospital. Mesmo após a alta do programa ou em caso de óbitos, foi oferecido apoio mediante visitas domiciliares extras ou encontros in-dividuais no hospital. O resultado foi reconhecido pelos cuidadores que se sentiam acolhidos e mais confiantes.

Verificou-se que as mães cuidadoras, após o início da doença, passaram a se dedicar quase que exclusiva-mente à criança; consequentemente, o companheiro se afastava progressivamente da família. Observou-se que, nos casos de falecimento da criança, a mãe cuidadora perdia o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e tinha grande dificuldade de inclusão no mercado de trabalho, por isso muitas mães sofriam de depressão.

Foi por meio dessas demandas trazidas pelos cuidadores durante os encontros que o PAD criará e de-senvolverá um projeto para capacitação do cuidador, trazendo-o para a ter um curso de formação profissional preparado por uma instituição de ensino, com certificado e capacitação, qualificando-o para o mercado de tra-balho no âmbito e na seara que já faz parte do seu cotidiano.

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Terapia nutricional enteral domiciliar: da industrializada à mista

Autores: Tanikawa E, Arrebola MRB, Gonçalves LAP, Palma FXB, Melo CS.Instituição: Programa de Atendimento Domiciliar da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista.E-mail: [email protected]

Resumo: Introdução: A terapia nutricional enteral domiciliar bem indicada e implantada promove benefícios aos usuários, tais como redução de complicações clínicas, nutricionais e melhor qualidade de vida. Sabe-se que sua prática implica custos adicionais às famílias e ao município, quando este subsidia seus insumos. Uma alternativa considerada menos onerosa e mais segura nutricionalmente é o uso da dieta mista domiciliar. Objetivo: Relatar o desenvolvimento, o teste e a padronização de receitas de dietas artesanais pela equipe de nutrição para uso em categoria mista, considerada como estratégia de adaptação da prescrição nutricional domiciliar mediante redução da cota da fórmula nutricional dispensada pelo município. Relato assistencial: Foram desenvolvidas e padronizadas quatro receitas de 200-300 ml de dieta artesanal, com ingredientes de baixo custo, de aspectos nutricionais distin-tos, variando de 157 a 342 kcal/dose e de 3 a 15,3 g de proteína/dose. O desenvolvimento, em parceria com uma instituição de ensino privada, contemplou: revisão de literatura; desenvolvimento de receitas; cálculo da composi-ção nutricional pela Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da UNICAMP; teste do preparo; e administra-ção em sistema gravitacional. A adaptação da prescrição dietética foi individualizada e visou atender à necessidade nutricional e clínica e à realidade do domicílio. Os pacientes com prescrição de dieta mista receberam orientação de uma ou mais receitas da dieta artesanal para associação com as 1.300 kcal oriundas da dieta industriali zada. Não foram relatadas intercorrências na infusão e/ou tolerância que demandassem revisão das receitas ou prescrição, mostrando-se uma estratégia viável de complemento nutricional domiciliar com menor custo quando comparada à industrializada. Entretanto, deve-se considerar que não houve análise bromatológica e que um acompanhamento prospectivo é recomendado. Palavras-chave: Terapia nutricional. Visita domiciliar. Alimentos para nutrição enteral.

Introdução

A terapia nutricional enteral domiciliar (TNED) é parte integrante da terapia nutricional domiciliar (TND) e tem apresentado um crescimento exponencial no Brasil e no mundo, pois sua boa prática possui a capacidade de reduzir os custos com a saúde, otimizar os leitos hospitalares e contribuir com o atendimento humanizado1. Ainda, a nutrição enteral é fundamental para prevenir e tratar as deficiências nutricionais e auxiliar na recuperação do paciente2.

A TNED é indicada aos pacientes que não possuem condições de se alimentar pela via oral ou cuja adequação nutricional seja igual ou inferior a 60% da meta estabelecida, desde que apresentem trato digestório íntegro. Sua administração pode ser realizada por meio de sondas nasoenterais ou ostomias, valendo-se de die-tas líquidas e nutricionalmente completas, em quantidade adequada à meta nutricional estabelecida1, para uso complementar à nutrição via oral ou como fonte de nutrição exclusiva3.

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O tipo de fórmula nutricional a ser administrada é um aspecto controverso da TNED. As fórmulas in-dustrializadas – regidas pela RDC nº 21, de 13 de maio de 20154 – apresentam como vantagens a composição nutricional equilibrada, a segurança microbiológica e a adequada osmolalidade e estabilidade. Entretanto, por causa do custo elevado e da dificuldade de disponibilização desses produtos de forma gratuita pelo sistema público de saúde, podem se tornar inviáveis na prática domiciliar5.

Como outra opção de fórmula de nutrição enteral, há a denominada artesanal, produzida manualmente no domicílio à base de alimentos in natura, minimamente processados e/ou processados2. Ainda, a fórmula nu-tricional pode ser mista, na qual se adicionam à formula artesanal módulos nutricionais ou formulações indus-trializadas, ou quando se alterna entre a administração de fórmulas artesanais e industrializadas ao longo do dia3.

Na opção da utilização de dieta artesanal ou mista, é importante a utilização de fórmulas que ofereçam perfil nutricional adequado para atender às necessidades de manutenção ou recuperação do estado nutricional, sejam de baixo custo e de fácil preparo5, sendo que a seleção da fórmula enteral ideal deve ser realizada por profissional qualificado2, bem como individualizada e adequada à situação da residência, à fonte pagadora e à dinâmica familiar1.

Sabe-se que, em âmbito domiciliar, a terapia nutricional enteral implica custos adicionais às famílias e ao município, quando este subsidia seus insumos. E sabe-se também que a institucionalização de protocolos e li-nhas de cuidados contribui para a eficiência e a eficácia da gestão em saúde. Além disso, a falta de padronização pode aumentar o risco de desnutrição e comorbidades – pneumonia, anemia, infecção do trato respiratório e urinário – e colaborar para a reinternação hospitalar6.

Diante disso e ciente da necessidade do desenvolvimento de condutas que promovam uma oferta nutricio-nal segura adaptável a cada família – sendo a dieta mista domiciliar uma alternativa considerada menos onerosa e mais segura nutricionalmente1 –, é que este trabalho foi desenvolvido no município de Bragança Paulista, a fim de padronizar receitas de fórmulas artesanais de nutrição enteral para ser utilizadas na categoria mista em âmbito domiciliar, mediante a modificação da cota de dieta enteral industrializada ofertada aos usuários de TNED do município.

Objetivo Relatar o desenvolvimento, o teste e a padronização de receitas de dietas artesanais pela equipe de nutri-

ção para uso em categoria mista, considerada como estratégia de adaptação da prescrição nutricional domiciliar mediante a redução da cota da fórmula nutricional dispensada pelo município.

Métodos

O desenvolvimento das fórmulas artesanais para serem utilizadas em associação às fórmulas industriali-zadas foi realizado por uma equipe de nutricionistas do munícipio de Bragança Paulista, motivada pela urgente necessidade de padronizar uma orientação alternativa de nutrição enteral segura, reproduzível e menos onerosa aos pacientes e às suas famílias. Isso se deu em razão de um reajuste na quantidade dispensada das fórmulas industrializadas, dado ao aumento de casos com a necessidade de TNED e do gerenciamento de custos pelos setores responsáveis. Informa-se aqui que o município oferece também frascos, equipos, seringas e empréstimo de suporte do frasco da dieta.

A primeira etapa do desenvolvimento das receitas contemplou a revisão da literatura em bases de dados, como Bireme e SciELO, e em sites de instituições que fornecem orientações de dietas artesanais, a fim de avaliar

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as possibilidades dietéticas disponíveis em literatura e de confirmar a opção viável de dieta mista. A partir disso, foram desenvolvidas seis opções de receitas de fórmulas artesanais, à base de leite e frutas, leite e aveia, legumes e carne, hortaliças folhosas e frutas, fruta e aveia, e leite e ovo.

Cinco receitas foram selecionadas pela equipe e testadas em um laboratório de técnica dietética em parce-ria com uma instituição de ensino privada. Os testes contemplaram: o pré-preparo e o preparo das receitas com mensuração em medida caseira e em gramas/mililitros; a quantificação do volume final de cada uma delas; a análise visual da viscosidade; e o teste da administração em sistema gravitacional (análise do tempo despendido para infundir o volume total da fórmula do frasco conectado ao equipo a um recipiente receptor), por ser o método mais utilizado pelos pacientes do município.

Para embasamento do nutricionista no ato da prescrição, foram calculados as calorias (kcal), os macronu-trientes (g) e as fibras (g) de cada dose de dieta, a partir da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) da UNICAMP7 e dos rótulos dos alimentos quando ausentes na TACO, como é o caso do leite líquido integral.

O cálculo do custo (em reais) de cada uma das fórmulas artesanais foi realizado a partir da média de preços de três supermercados da região no ano de 2016, considerando-se somente o custo direto, ou seja, dos alimentos. Para efeito comparativo com a industrializada, calculou-se também o custo médio das fórmulas (so-matória de todas) referente a 200 kcal.

A prescrição dietética foi individualizada e visou atender à necessidade nutricional e clínica e à realidade do domicílio, considerando de modo especial as condições estruturais e higiênico-sanitárias (higiene adequada, espaço para manipulação e armazenamento da dieta, água tratada, energia elétrica, refrigeração adequada3). Os pacientes com possibilidade de uso da dieta mista e que optaram por seu uso após orientação prévia sobre as vantagens e as desvantagens da fórmula artesanal versus industrializada receberam orientação de uma ou mais receitas da dieta artesanal para associação com as 1.300 kcal oriundas da fórmula industrializada dispensada pelo município, a fim de atender às necessidades nutricionais dos pacientes.

Um cuidado considerado na prescrição foi encaixar as fórmulas artesanais nos horários das refeições intermediárias. Ainda, um intervalo mínimo de 3 horas entre o início de uma dieta e outra foi respeitado, e prio-rizou-se um tempo abreviado para o retorno da visita domiciliar durante o período da transição da modalidade da oferta (de semanal a mensal).

Em razão da preocupação com possíveis contaminações e suas consequências, um fôlder de orientação sobre os cuidados higiênico-sanitários na manipulação das fórmulas artesanais foi elaborado e entregue aos pacientes, com base no princípio de boas práticas da Portaria CVS 5, de 9 de abril de 20138, e orientada a oferta da fórmula artesanal imediatamente após o preparo.

Resultados

Foram selecionadas e padronizadas quatro receitas de fórmulas artesanais para serem utilizadas como par-te da dieta mista, quais sejam: a fórmula artesanal à base de ovo e soja, a fórmula artesanal de vitamina de aveia simples, a fórmula artesanal de mingau simples e a fórmula artesanal de suco de laranja e maçã (ver Quadro). A seleção se baseou na facilidade no pré-preparo e no preparo, nos aspectos nutricionais, na fluidez pelo equipo e no custo dos ingredientes. Foram excluídas as receitas à base de hortaliças com carne e de hortaliças folhosas com fruta, por não atenderem às características necessárias de facilidade no preparo, no volume e na fluidez.

Essas receitas apresentaram volume entre 200-300 ml e aspectos nutricionais distintos, cuja composição pode ser visualizada na Tabela. A característica nutricional calculada baseia-se nos ingredientes citados no Quadro, sendo que as variações nutricionais podem ser encontradas quando utilizados seus alimentos substitutos equiva-

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lentes testados em relação à viscosidade, como é o caso da variação dos leites desnatado, integral e extrato de soja enriquecido. A opção do leite sem lactose pode ser utilizada de acordo com o quadro clínico do paciente identi-ficado na avaliação nutricional. Ressalta-se que os valores apresentados nesse Quadro foram fundamentados em cálculos a partir de tabela de alimentos, não contemplando a avaliação bromatológica das fórmulas.

O custo médio das fórmulas artesanais foi de R$ 1,52/200 kcal, sendo os valores individuais (por dose) apresentados na Tabela, e a densidade energética foi de 0,5 a 1,1 kcal/ml.

O preparo de todas as fórmulas é de execução fácil e rápida, sendo as mais demoradas a B e D, por neces-sitarem do tempo de higienização das frutas com solução clorada, cujo procedimento foi orientado e descrito no fôlder entregue aos pacientes. O tempo para administração gravitacional foi inferior a 1h30. Foi recomen-dado não armazenar as fórmulas após o preparo, pois foi observado aumento da viscosidade após armazena-mento da dieta, em especial a fórmula A.

Quadro. Descrição das receitas de fórmulas artesanais para uso em categoria mista, Bragança Paulista/SP, 2016.

Dieta Ingredientes Quantidade em medida caseira

Quantidade (g ou ml)

Modo de preparo

A. Base de ovo

e soja

Extrato de soja em pó*

3 colheres de sopa cheia

30 g 1. Cozinhe o ovo na água. Após levantar a fervu-ra, deixe cozinhar por mais 10 minutos.2. Retire a casca do ovo após resfriar.

3. Bata no liquidificador por cerca de 2 a 3 minu-tos o ovo cozido descascado, o extrato de soja

em pó, a farinha de aveia, o óleo e a água. 4. Passe pela peneira fina por 3 vezes. Evite

raspar a colher na peneira. 5. Adicione mais 100 ml de água potável para

corrigir a consistência.

Farinha de aveia 1 colher de sopa 9 gÓleo de canola 2 colheres de sopa 10 gÁgua potável 1 copo 200 ml

B. Vitamina de

aveia simples

Leite integral** 1 copo 250 ml 1. Faça a higienização da fruta conforme fôlder de orientação, antes de descascar a maçã e de

retirar as sementes.2. Bata no liquidificador a maçã, a farinha de

aveia e o leite.3. Passe pela peneira fina por 3 vezes. Evite

raspar a colher na peneira.

Farinha de aveia 1 colher de sopa 9 gMaçã sem casca 3 colheres de sopa 50 g

C. Mingau de

aveia simples

Leite integral** 1 copo 250 ml 1. Em uma panela, coloque o leite e a farinha de aveia, misturando os ingredientes.

2. Leve ao fogo baixo, mexendo sempre, e aguar-de até cozinhar.

3. Desligue e espere esfriar.4. Passe pela peneira fina por 3 vezes. Evite

raspar a colher na peneira.

Farinha de aveia 1 colher de sopa 9 g

D. Suco de laranjae maçã

Suco de laranja 3 unidades 200 ml 1. Faça a higienização da fruta conforme fôlder de orientação.

2. Esprema o suco da laranja e peneire.3. Descasque a maçã e retire as sementes.

4. Bata no liquidificador a maçã, o suco de laran-ja e a farinha de aveia por cerca de 3 minutos.5. Passe pela peneira fina por 3 vezes. Evite

raspar a colher na peneira.

Maçã 1 unidade média 102 gFarinha de aveia 1 colher de sopa 10 g

*Substituição: Leite integral, leite desnatado ou semidesnatado, leite sem lactose.**Substituição: Leite desnatado ou semidesnatado, leite sem lactose.

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Durante a fase de transição da modalidade de oferta (da dieta industrializada à mista), não foram relatadas intercorrências na infusão e/ou tolerância que demandassem revisão das receitas nem complicações clínicas ou nutricionais que justificassem a suspensão da dieta mista. Uma observação em relação à sonda nasoenteral utilizada pela maioria dos pacientes é acerca do calibre de 12FR (poliuretano).

Os cuidadores foram capazes de preparar as receitas, e alguns relataram também a substituição da maçã das receitas por 2-3 ameixas desidratadas (previamente reidratada em água potável) sem acarretar em prejuízo na viscosidade. Porém, essa substituição não foi testada pela equipe de nutricionistas.

Tabela. Características das fórmulas artesanais para uso em categoria mista.

Fórmula artesanal A B C DIngredientes Extrato de soja

Farinha de aveiaOvo

Óleo vegetal

Leite integralFarinha de aveia

Maçã

Leite integralFarinha de aveia

Suco de laranjaFarinha de aveia

Maçã

Volume (ml) 300 250 250 320Caloria (kcal) 342 205 177 157

Densidade calórica (kcal/ml)

1,1 0,8 0,7 0,5

Proteínas (g) 15,3 8,8 8,7 2,9Carboidratos (g) 18,7 24,8 17,2 36,6

Lipídios (g) 22,9 8,2 8,2 0,9Fibras (g) 0,4 1,1 0,4 1,7Custo (R$) 3,48 1,18 0,81 1,84

Discussão

A possibilidade de escolha entre quatro opções de fórmulas facilitou a prescrição nutricional, favorecen-do o alcance das necessidades energéticas e de macronutrientes, quando associadas à dieta industrializada.

A fórmula A apresenta vantagens na incorporação à dieta mista por ofertar uma dose proteica mais eleva-da àqueles que dela necessitam, por causa da presença de extrato de soja ou leite e ovos. Ainda, apresenta maior densidade energética pelo acréscimo de óleo vegetal, apesar de ser considerada normocalórica. Tratando-se de densidade energética, estudos com dietas artesanais bem-sucedidas apresentam um valor entre 0,82 kcal/ml9 e 1,2 kcal/ml5,10, similar às duas formulações aqui apresentadas.

Para oferta de fibras, em todas as dietas foi optado pelo uso da farinha de aveia, tida como boa fonte de fibra sem espessamento excessivo da fórmula5. O fato de não conter sacarose e a versatilidade de uso de dife-rentes tipos de leite e de extrato vegetal enriquecido fazem com que atenda bem às necessidades dos pacientes.

O tempo para infusão respeitou o limite recomendado em literatura de 2 horas ou menos para as formu-lações artesanais11. A viscosidade e a fluidez adequada da fórmula são de suma importância, ainda mais diante do uso comum da sonda de calibre 12FR tanto nesse serviço quanto na atenção domiciliar do Brasil, a fim de evitar a obstrução da sonda5.

Um dos desafios encontrados neste trabalho foi em relação à orientação e ao treinamento dos cuidado-res nos processos de manipulação, preparo, armazenamento e administração das dietas, a fim de evitar erros, complicações e comprometimento da qualidade microbiológica e nutricional, dado também observado por Kutz et al10.

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A elaboração e a padronização das fórmulas artesanais apresentadas neste relato de experiência para uso em categoria mista da TNED apresentou boa aplicação prática durante o período de acompanhamento, condi-zente com outras experiências exitosas de alguns municípios brasileiros que estabeleceram em seus protocolos locais o uso de fórmulas com alimentos com a composição predefinida. Elas têm apresentado boa aceitação, tanto em relação à viabilidade da produção no domicílio quanto pelo custo reduzido, além do não comprome-timento do estado nutricional3.

Um exemplo é a pesquisa de Kutz et al.10, na qual padronizaram três dietas enterais artesanais, com análise bromatológica, possíveis de serem utilizadas na assistência domiciliar. Os autores verificaram que as duas dietas acrescidas com fórmula industrializada em pó (interpreta-se aqui como dieta mista) apresentaram melhor densidade energética e distribuição de macronutrientes, com diferenças estatisticamente significantes (p<0,05) nas variáveis energia, densidade energética, proteínas e carboidratos em relação à dieta artesanal.

Os autores explicam que, similar à necessidade deste estudo, a pesquisa foi realizada em prol de aten-der à necessidade de pacientes de baixa renda em nutrição enteral domiciliar, a partir de uma solicitação da gerência do PSF-UNASP, respeitando o conceito de segurança alimentar e nutricional adotado no Brasil10.

Outro estudo é o de Cutchma et al.12, que verificaram que a dieta mista era a mais utilizada (57,1% de 42 pacientes). A despeito do sugerido em literatura, não encontraram influência da categoria da fórmula no estado nutricional nem no número de readmissões hospitalares. Apesar de o maior número de obstrução da sonda ter sido apresentado por quem utilizou fórmula caseira (p<0,05), os autores sugerem relação dessa intercorrência com a homogeneização inadequada da fórmula durante seu preparo.

Como parte de um projeto desenvolvido pelo Grupo de Trabalho em Terapia Nutricional Enteral Domi-ciliar de Belo Horizonte, Minas Gerais6, Jansen et al.5 desenvolveram uma receita de dieta enteral semiartesanal usando alimentos in natura associados a ingredientes, tais como albumina em pó, creme de arroz enriquecido e cereal comercial à base de milho enriquecido, com três concentrações calóricas diferentes e bons resultados para oferta a idosos, exceto a de menor caloria por causa do déficit de micronutrientes. No entanto, sugerem que as dietas sejam suplementadas com magnésio e, na dieta de aporte calórico intermediário, que seja suple-mentada também com vitaminas E, D e B6.

Por fim, Bogoni9 elaborou uma dieta enteral artesanal com alimentos de propriedades funcionais, estando entre seus ingredientes uma fórmula enteral oligomérica em pó. Como resultado, obteve adequada composição nutricional e comprovado índice de polifenóis totais e potencial antioxidante, quando comparada à dieta enteral artesanal anteriormente proposta ao município.

Em aspectos estatísticos, o inquérito brasileiro sobre o estado da TND de 2017 apresenta que a dieta mista foi utilizada por 44% dos serviços públicos, enquanto uma menor porcentagem (39%) mencionou a utilização de dieta industrializada, e 17%, somente a dieta artesanal13. Esses dados são interessantes, apesar de abranger uma parcela ainda pequena da assistência domiciliar do Brasil, visto que obtiveram somente 560 respostas dos 9.328 e-mails com questionário enviados, e apenas 59 serviços públicos se posicionaram quanto ao tipo de dieta utilizada.

O estudo de Naves14 avaliou o uso da nutrição enteral domiciliar em um hospital universitário no muni-cípio de São Paulo e encontrou que o uso da dieta semiartesanal era feito por 33,3% dos pacientes (amostra de 36 participantes), dos quais 47,3% utilizavam a dieta industrializada, e apenas 19,4%, as dietas artesanais.

A Diretriz Brasileira de Terapia Nutricional Domiciliar considera uma boa opção o uso da TNED mista quando houver a necessidade de utilização da dieta artesanal, desde que sejam avaliados alguns critérios espe-cíficos, seguidos de monitoramento constante por parte da equipe multiprofissional (nível de evidência baixo; grau de recomendação fraco), além de indicar o retorno à administração completa por dieta industrializada em caso de piora clínica-nutricional1.

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Entre as variáveis indicadas a serem observadas na prescrição da dieta mista, citam-se a boa condição higiênico-sanitária, a ausência de lesões por pressão e uma meta nutricional inferior a 2.000 kcal ou paciente não estar desnutrido1.

Porém, já há relatos de que, na prática, a presença de desnutrição não influencia na escolha da fórmula a ser utilizada. Cutchma et al.12 defendem que não existem dados suficientes para comprovar a superioridade dos benefícios de uma categoria de fórmula em detrimento de outra na vigência de cuidados de saúde similares e de uma mesma condição clínica, apesar de outros autores enfatizarem que a fórmula artesanal isolada dificilmente atenderá à prescrição nutricional por causa da ineficácia nutricional das fórmulas artesanais per si13.

Como vantagens da presença da fórmula artesanal na composição da dieta mista, cita-se maior facilidade na individualização da fórmula e custo aparentemente menor1, presença de compostos bioativos oriundos dos alimentos cujas propriedades podem ser interessantes nos casos de uso crônico da nutrição enteral3,12, manuten-ção dos aspectos sociais e simbólicos da comida, sendo uma opção mais “natural”12,15.

Como aspecto negativo, está o fato de as fórmulas artesanais apresentarem maior risco de contaminação cruzada em comparação às industrializadas e maior risco de oclusão da sonda por causa da maior viscosidade e das características nutricionais frequentemente superestimadas11.

Pela presença das fórmulas industrializadas, a dieta mista apresenta uma composição nutricional mais se-gura do que as artesanais, contribuindo em grande parcela para o aporte dos micronutrientes da dieta. Também facilita a adaptação na rotina da casa, principalmente quando é ofertada intercalada ao longo do dia, em razão da maior comodidade que as fórmulas proporcionam pela facilidade de preparo e pela redução do tempo gasto com a manipulação12.

O custo mais elevado das fórmulas industrializadas pode ser considerado para as famílias como uma des-vantagem, entretanto isso pode ser suprimido ou minimizado se houver investimento dos gestores públicos na oferta das fórmulas, tendo em vista os benefícios alavancados para a saúde pública com essa iniciativa.

Contudo, em relação ao custo, algumas ressalvas devem ser feitas. Jansen et al.6 citaram que o baixo custo das dietas artesanais, argumento frequentemente utilizado na defesa desse tipo de fórmula, nem sempre justifica a indicação, pois algumas formulações artesanais disponíveis na literatura apresentam valor similar ao de dietas industrializadas.

No caso deste estudo, a média apresentada neste trabalho foi de R$ 1,52/200 kcal de fórmula artesanal, valor inferior ao equivalente calórico de uma fórmula padrão industrializada. Por exemplo, a cotação local à época da realização do estudo obteve um valor de cerca de R$ 4,20/200 kcal de fórmula padrão em pó com fibras; já um valor entre R$ 2,91 e R$ 3,82 por 200 kcal de fórmula enteral em pó padrão com fibras foi obtido com base na média de preços do levantamento de Cardoso et al.2. Porém, ao se analisar a receita de fórmula ar-tesanal mais cara (número 1, apresentada na Tabela), o custo obtido foi de R$3,48 (R$ 2,03 por 200 kcal), similar ao da versão industrializada – sendo prudente a análise individual das prescrições dietéticas para averiguar reais vantagens e desvantagens em relação ao custo e ao desgaste no preparo das dietas, a depender das necessidades e da composição da dieta mista de cada paciente.

Ressalta-se aqui o fato de que há disponível no mercado formulações sem fibras, que geralmente são mais acessíveis que as versões com fibras2.

Não se pode deixar de reiterar que as dietas enterais industrializadas apresentam vantagens em relação às fórmulas artesanais, principalmente quanto à composição nutricional e ao controle microbiológico10, sen-do que, em situações de disfunções absortivas ou de demanda especial de algum nutriente, as formulações industrializadas são as mais indicadas3, além das situações de imunocomprometimento, instabilidade clínica e gastrostomia imatura11.

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A organização da compra e a dispensação das fórmulas industrializadas são consideradas como grave problema por gestores das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) em razão do alto custo das dietas, da indefinição normativa do SUS acerca de sua natureza (“alimento” ou “medicamento”) e das diferentes interpretações de responsabilidade do Estado na garantia do direito humano à alimentação adequada3. Porém, deve-se considerar que, quando a TNED é efetiva, há a redução dos custos com a saúde, pois a desnutrição, por vezes, é adquirida no domicílio por falta de uma terapia nutricional adequada1. Ainda, sabe-se que uma parcela dos pacientes opta pela judicialização para receber a dieta industrializada13.

Portanto, a escolha da categoria da fórmula a ser prescrita na TNED deve abranger a administração de nutrientes, a condição clínica, o estado nutricional, a via de acesso, os resultados esperados da terapia, a situação socioeconômica e a rotina do paciente e sua família. O acompanhamento por uma equipe multiprofissional e as reavaliações periódicas, com objetivo de manter e/ou recuperar o estado nutricional do indivíduo, são fun-damentais para o sucesso da terapia1,3,12. Nesse contexto, o cuidador também deve ser avaliado quanto à capa-cidade de realizar a terapia domiciliar segura, que inclui ter disposição, habilidade cognitiva e habilidade física1,3.

Considerações finais

A oferta de insumos nutricionais pelo município à população se constitui em um investimento, por causa da melhora do estado nutricional, e, concomitantemente, em um desafio, inerente às questões orçamentárias. Em situa-ções em que é inviável a oferta do total das necessidades nutricionais da dieta enteral industrializada pelo município, faz-se necessária a padronização de condutas que promovam uma oferta nutricional segura adaptável a cada família.

Neste relato de experiência, as fórmulas de nutrição enteral artesanais desenvolvidas e utilizadas em ca-tegoria mista como estratégia de adaptação da prescrição nutricional domiciliar – mediante a redução da cota da fórmula industrializada dispensada pelo município – foram padronizadas sem relatos de intercorrências na infusão e/ou tolerância que demandassem revisão das receitas ou da prescrição nutricional no período de tran-sição da modalidade de oferta.

O uso da dieta mista domiciliar, com maior aporte nutricional pela fórmula industrializada, parece ser uma estratégia viável de complemento nutricional domiciliar, com possível menor custo quando comparada à industrializada. Sua prescrição deve ser avaliada segundo critérios preestabelecidos, reavaliada periodicamente e consideradas as vantagens e as desvantagens dessa categoria de dieta.

Entretanto, deve-se considerar que não houve análise bromatológica das fórmulas e que há a necessidade de critérios de elegibilidade e de um acompanhamento prospectivo.

Agradecimentos

À administradora Elis Regina Piovesan, pela colaboração no desenvolvimento do projeto; à professora Maria Helena Rodrigues Tartari, por disponibilizar o laboratório de Técnica e Dietética da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista; e à equipe multidisciplinar do Programa de Atendimento Domiciliar, pelo auxílio na aplicação do projeto.

Referências

1 Aanholt DPJV, Takemura CS, Dias MCG, Silva MLT, Campos ACL, Nascimento JEA. Diretriz Brasileira de Terapia Nutricional Domiciliar. BRASPEN J. 2018;33(1):37-46.

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2 Cardoso MGC, Prates SMS, Anastácio LR. Fórmulas para nutrição enteral padrão e modificada disponíveis no Brasil: Levantamento e classificação. BRASPEN J. 2018;33(4):402-17.

3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cuidados em terapia nutricional. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.

4 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diretoria Colegiada. Resolução RDC nº 21, de 13 de maio de 2015. Dispõe sobre o regulamento técnico de fórmulas para nutrição enteral. Diário Oficial da União 15 maio 2015;Seção 1:28-31.

5 Jansen AK, Generoso SV, Guedes EG, Rodrigues AM, Miranda LAVO, Henriques GS. Desenvolvimento de dietas enterais semiartesanais para idosos em atenção domiciliar e análise da composição de macro e micronu-trientes. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. 2017;20(3): 388-98.

6 Jansen AK, Silva KC, Henriques GS, Coimbra JR, Rodrigues MTG, Campos SF, et al. Relato de experiência: terapia nutricional enteral domiciliar – promoção do direito humano à alimentação adequada para portadores de necessidades alimentares especiais. Demetra 2014;9(Supl.);233-47.

7 NEPA-UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Campinas: NEPA; 2011.

8 São Paulo. Portaria CVS 5, de 9 de abril de 2013. Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas para es-tabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de inspeção, anexo. Diário Oficial do Estado 19 abr 2013;Seção I:32-35.

9 Bogoni ACRK. Atenção domiciliar à saúde: proposta de dieta enteral artesanal com alimentos de proprieda-des funcionais. Dissertação [Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho] – Universidade do Vale do Itajaí; 2012.

10 Kutz NA, Bonfim VAS, Assis AL, Barbosa MC, Silva NM, Salgueiro MMHAO. Padronização de dietas enterais artesanais para uso domiciliar na Atenção Primária. REFACS 2018;6(Supl. 1):298-305.

11 Boullata JI, Carrera AL, Harvey L, Escuro AA, Hudson L, Mays A, et al. ASPEN Safe Practices for Enteral Nutrition Therapy. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition 2017;41(1):15-103.

12 Cutchma G, Eurich CM, Thieme RD, França RM, Madalozzo MES. Fórmulas alimentares: influência no estado nutricional, condição clínica e complicações na terapia nutricional domiciliar. Nutr. Clín. Diet. Hosp. 2016;36(2):45-54.

13 Aanholt DPJV, Matsuba CST, Dias MCG, Silva MLT, Nascimento JEA. Inquérito brasileiro sobre o estado atual da terapia nutricional domiciliar. BRASPEN J. 2017;32(3):214-20.

14 Naves NK. Avaliação da terapia de nutrição enteral domiciliar em um hospital universitário: um estudo de caso. Tese [Doutorado em Ciências] – USP;2017.

15 Brown B, Roehl K, Betz M. Enteral Nutrition Formula Selection: Current Evidence and Implications for Practice. Nutrition in Clinical Practice 2015;30(1):72-85.

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“Recalculando a rota”

Autores: Silva LCM, Rodrigues DB, Braga MM, Cardozo SA, Banuls V.Instituição: Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde - Vila Maria/Vila Guilherme – AMA/UBS I Vila Medeiros.E-mail: [email protected]

Resumo: Introdução: O presente relato de experiência apresenta o resultado exitoso no cuidado a uma paciente atendida por algumas das modalidades da atenção domiciliar (AD) e serviços da Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde Vila Maria/Vila Guilherme (RASTSVMVG), com mudança importante no seu prognóstico e culminando em reabilitação, alta da AD e seguimento ambulatorial na RAS. Objetivo: Descrever o cuidado compartilhado com os serviços e as equipes de saúde que compõem a RASTSVMVG no atendimento de uma paciente da área de abrangência da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros. Metodologia: Estudo de caso. Resultados: Paciente Y.A.N.P., 40 anos, diabética não acompanhada, tecnóloga em segurança do trabalho, procurou atendi-mento no Pronto Socorro Vila Maria Baixa em 12/06/2016, por causa de cetoacidose diabética, sendo transfe-rida para o Hospital Municipal Vereador José Storopoli, apresentando complicações para o estado hiperosmolar, hiperglicêmico e broncopneumonia. Foi encaminhada para UTI no dia 15/06/16, quando ocorreu obstrução arterial bilateral e trombose venosa profunda em MID, ainda evoluindo com lesão por pressão sacral grau II/III com extensa necrose. Foi transferida para o Hospital do Mandaqui no dia 20/06/16, em razão de necessidade de avaliação vascular, evoluindo para oclusão de aorta e artéria ilíaca, sendo necessária a amputação transfemoral (D) e (E) no dia 22/06/2016. Recebeu alta hospitalar do Hospital do Mandaqui no dia 2/08/2016. Foi solicitada pela mãe da paciente à equipe AD1 da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros visita para o atendimento domiciliar, a qual foi realizada em 5/08/2016. Paciente encontrava-se acamada, desanimada, dependente de cuidados frequen-tes e apresentando lesão profunda em região sacra. Foi evidenciado critério para AD de nível 2, sendo realizado encaminhamento do caso para a Equipe Multidisciplinar de Atendimento Domiciliar (EMAD) Jardim Japão por apresentar dificuldade física de locomoção até a unidade de saúde. A visita da EMAD Jardim Japão para inclusão ocorreu em 10/08/2016, progredindo para a alta em 9/10/2017, por causa da estabilização do quadro clínico, emocional e cicatrização da lesão. A paciente seguiu em acompanhamento no Centro Especializado em Reabilita-ção (CER) Carandiru, obtendo grande progresso referente à mobilidade física e autonomia com a reabilitação e o uso de cadeira de rodas. Foi realizada nova avaliação pela equipe AD1 da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros em 21/12/2017, sendo evidenciado que a paciente já não mais apresentava necessidade para atendimento domiciliar e que suas demandas poderiam ser atendidas comparecendo à unidade de saúde. Em 26/02/2018, a paciente compareceu à unidade para consulta médica com clínico geral e acompanhamento. Segue em acompanhamento na unidade de saúde regularmente até o momento. Atualmente, apresenta-se estável, motivada, com melhora em sua autoestima. Foi inserida na linha de cuidados para DM, conseguindo a reinserção no mercado de trabalho como motorista de aplicativo de celular utilizando carro adaptado e participa de eventos de saúde dando depoi-mentos sobre motivação e superação de dificuldades. Conclusão: Observou-se como foi de grande importância a integração entre equipes de AD nos diferentes níveis e os serviços de referência da RAS, proporcionando a cons-

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trução de um projeto terapêutico acolhedor, holístico e resolutivo, com resultados que superaram as expectativas iniciais da equipe e da própria paciente, a qual, apesar das limitações físicas permanentes, superou as dificuldades encontradas, “recalculando a rota” de um prognóstico, que, a princípio, era ruim, iniciando um novo ciclo de vida, reabilitada e reinserida na sociedade. Palavras-chave: Assistência domiciliar. Redes de atenção à saúde. Cuidado compartilhado.

Introdução

O presente relato de experiência apresenta um resultado exitoso da passagem de uma paciente por algu-mas das modalidades da atenção domiciliar (AD) e pelos serviços da Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde Vila Maria/Vila Guilherme (RASTSVMVG), com mudanças no seu prognóstico, culminando em reabilitação e seguimento da RAS.

A organização de redes integradas de atenção à saúde nos sistemas municipais e estaduais de saúde, como forma de garantir a integralidade, a universalidade e a equidade da atenção à saúde da população brasileira, adquiriu maior relevância no final da década de 1990 e culminou com a publicação da Portaria GM nº 4.279, de dezembro de 20101. Essa discussão ocorre no interior do Sistema Único de Saúde (SUS), diante de um perfil epidemiológico alarmante, comumente caracterizado pela tripla carga de doenças. Esse processo decorre de profundas transfor-mações socioeconômicas e, consequentemente, de estilo de vida, impactando diretamente na saúde dos indivíduos e das comunidades. Uma das consequências mais claras é a ascensão das condições crônicas (CC) de doença2. Em outras palavras, as CC, antes incipientes, agora assumem papel de destaque nas prioridades da agenda de saúde. A rápida ascensão epidemiológica das CC demonstrou, entre outros fatores, a ineficácia do sistema de saúde brasi-leiro em lidar com essa demanda, já que está centrado em eventos agudos e organizado segundo preceitos de hie-rarquização, fragmentação e medicalização. Por isso, é urgente que se estabeleçam novos processos organizativos, de gestão e atenção à saúde no SUS, fundamentados em evidências científicas, que levem em conta as reais neces-sidades de saúde da população e que de fato sejam efetivos e eficientes. Nessa conjuntura, as Redes de Atenção à Saúde surgem como uma possibilidade para a reestruturação dos serviços e processos de saúde, rumo ao restabe-lecimento da coerência entre os princípios e as diretrizes do SUS e o perfil epidemiológico da população brasileira.

De acordo com a Portaria nº 2.527, de outubro de 2011, a AD constitui-se como uma: “Modalidade de atenção à saúde substitutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às Redes de Atenção à Saúde”3.

As atividades da AD atendem às necessidades do usuário e da família, sendo necessário que a equipe sistematize um planejamento de ações integrado, dinâmico, flexível e adaptável ao domicílio.

Objetivo

Descrever o cuidado compartilhado com os serviços e as equipes de saúde que compõem a RASTSVMVG no atendimento de uma paciente da área de abrangência da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros.

Metodologia

Foi realizado um estudo descritivo, em que houve a coleta de dados em prontuário entre os meses de janeiro e junho de 2018. Todos os dados coletados eram referentes aos atendimentos da equipe de AD do

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usuário do programa de AD, aos resumos de altas e aos resultados de exames. Todas as informações divul-gadas foram autorizadas pela paciente com o intuito de enriquecimento prático e acadêmico.

Resultados e discussão

Pode-se identificar neste estudo de caso as seis características importantes para conceituar as Redes de Atenção à Saúde1,4:

1. formação de relações horizontais entre os diferentes pontos de atenção;2. atenção primária à saúde como centro de comunicação;3. planejamento e organização das ações segundo as necessidades de saúde de uma população específica;4. oferta de atenção contínua e integral;5. cuidado multiprofissional;6. compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados, em termos sanitários e econômicos.

A Portaria GM nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, descreve “arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado”1.

Assim, segue o relato de caso da paciente Y.A.N.P., 40 anos, diabética não acompanhada, tecnóloga em segurança do trabalho, que procurou atendimento no Pronto Socorro Vila Maria Baixa em 12/06/2016 por causa de cetoacidose diabética, sendo transferida para o Hospital Municipal Vereador José Storopoli, apresen-tando complicações para o estado hiperosmolar, hiperglicêmico e broncopneumonia. Foi encaminhada para UTI no dia 15/06/16, quando ocorreu obstrução arterial bilateral e trombose venosa profunda em MID, ainda evoluindo com lesão por pressão sacral grau II/III com extensa necrose. Foi transferida para o Hospital do Mandaqui no dia 20/06/16 em razão da necessidade de avaliação vascular, evoluindo para oclusão de aorta e artéria ilíaca, sendo necessária a amputação transfemoral (D) e (E) no dia 22/06/2016. Recebeu alta hospitalar do Hospital do Mandaqui no dia 2/08/2016. Foi solicitada pela mãe da paciente à equipe AD1 da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros visita para o atendimento domiciliar, a qual foi realizada em 5/08/2016. A paciente encontrava-se acamada, desanimada, dependente de cuidados frequentes e apresentando lesão profunda em região sacra. Foi evidenciado critério para AD de nível 2, sendo realizado encaminhamento do caso para a Equipe Multidisciplinar de Atendimento Domiciliar (EMAD) Jardim Japão por apresentar dificuldade física de locomoção até a unidade de saúde. A visita da EMAD Jardim Japão para inclusão ocorreu em 10/08/2016, progredindo para a alta em 9/10/2017 por causa da estabilização do quadro clínico, emocional e cicatrização da lesão. A paciente seguiu em acompanhamento no Centro Especializado em Reabilitação (CER) Carandiru, obtendo grande progresso referente à mobilidade física e autonomia com a reabilitação e o uso de cadeira de rodas. Foi realizada nova avaliação pela equipe AD1 da AMA/UBS Integrada Vila Medeiros em 21/12/2017, sendo evidenciado que a paciente já não mais apresentava necessidade para atendimento domiciliar e que suas demandas poderiam ser atendidas comparecendo à unidade de saúde. Em 26/02/2018, a paciente compareceu à unidade para consulta médica com clínico geral e acompanhamento. Segue em acompanhamento na unidade de saúde regularmente até o momento. Atualmente, apresenta-se estável, motivada, com melhora em sua au-toestima. Foi inserida na linha de cuidados para DM, conseguindo a reinserção no mercado de trabalho como motorista de aplicativo de celular utilizando carro adaptado e participa de eventos de saúde dando depoimentos sobre motivação e superação de dificuldades.

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Conclusão

Sendo assim, pode-se evidenciar o fluxo efetivo do sistema em rede descrito neste relato de caso. Para serem efetivadas de forma eficiente e com qualidade, as RAS precisam ser estruturadas segundo os seguintes fundamentos2,4:

a. economia de escala: ocorre quando os custos médios de longo prazo diminuem, à medida que aumenta o volume das atividades, e os custos fixos são distribuídos por um maior número dessas atividades; b. suficiência e qualidade: objetivo é proporcionar o adequado manejo das condições de saúde identifi-cadas em nível local, isto é, os recursos financeiros, humanos e tecnológicos devem estar presentes em quantidade suficiente para atender à determinada demanda e expectativa da população, e a qualidade desses serviços deve atingir os níveis e os parâmetros preconizados pelo Ministério da Saúde; c. acesso: a questão do acesso está relacionada à ausência de barreiras no momento em que o usuário “entra” no sistema e quando se faz necessária a continuidade da atenção. As barreiras podem englobar várias dimensões, como acessibilidade geográfica, disponibilidade de serviços e/ou profissionais, grau de acolhimento e vínculo, condição socioeconômica do usuário. Logo, é preciso que os serviços de saúde sejam de fácil acesso, de qualidade e em quantidade suficiente; d. disponibilidade de recursos: engloba recursos físicos, financeiros, humanos e tecnológicos. Ter recur-sos é tão importante quanto sua alocação mais custo-efetiva, e sua disponibilidade é o que determinará o seu grau de concentração de maneira direta;e. integração vertical: é referente à articulação e coordenação de diferentes organizações de saúde respon-sáveis por ações de natureza diferenciada (primária, secundária ou terciária). O objetivo é agregar valor aos serviços, ou seja, tornar o serviço integrado e integral do ponto de vista da atenção e das tecnologias disponíveis, concretizando um dos objetivos centrais do SUS; f. integração horizontal: diz respeito à junção de unidades e serviços de saúde da mesma natureza, no in-tuito de agregar serviços em uma mesma cadeia produtiva para obter ganhos de escala por meio de fusão ou aliança estratégica. Em outras palavras, é a junção de serviços semelhantes ou iguais para que os custos médios de longo prazo dos serviços diminuam com o aumento do volume das atividades oferecidas; g. processos de substituição: definidos como o reagrupamento contínuo de recursos entre os serviços de saúde e dentro deles, para que possam resultar em melhores resultados sanitários e econômicos, considerando aspectos relativos às equipes e aos processos de atenção à saúde. Em outras palavras, tanto profissionais quanto processos e atividades são passíveis de substituição, reorganização ou apri-moramento. Exemplo: antes do atual processo de desospitalização, pacientes com uma condição crô-nica de saúde, embora estáveis, permaneciam longos períodos internados nos hospitais, aumentando o risco de infecção hospitalar. Atualmente, a atenção a esses pacientes está em processo de substituição. Assim que possível, é dada alta, e o paciente passa a ser acompanhado por equipes da AD, e não mais pela equipe hospitalar; h. região de saúde ou abrangência: é a área geográfica de abrangência para a cobertura de determinada RAS, normalmente denominada distrito, território ou região sanitária. Dependendo da situação específi-ca, uma rede pode abarcar bairros, regiões, cidades;i. níveis de atenção: são arranjos produtivos conformados segundo as densidades tecnológicas singula-res, variando do nível de menor densidade (APS), passando pelo de densidade tecnológica intermediária (atenção secundária à saúde), até o de maior densidade tecnológica (atenção terciária à saúde). São funda-mentais para o uso racional de recursos e economia de escala.

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Na prática, a constituição das RAS com esses fundamentos e atributos é essencial para efetividade de suas ações, já que, juntos, contribuirão para alcance dos princípios e das diretrizes do SUS.

Além dos fundamentos, as RAS também apresentam atributos importantes a serem considerados durante seu processo de planejamento e implementação. Atributos são qualidades e características inerentes àquilo a que se referem. Os atributos essenciais das RAS são1,3-7:

• população e territórios definidos;• extensa gama de estabelecimentos de saúde prestando diferentes serviços;• APS como primeiro nível de atenção; • serviços especializados;• mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e assistência integral fornecidos de forma continuada;• atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e nas comunidades, levando em consideração as par-ticularidades de cada um;• integração entre os diferentes entes federativos, a fim de atingir um propósito comum; • ampla participação social; • gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico;• recursos suficientes;• sistema de informação integrado; • ação intersetorial;• financiamento tripartite; • gestão com base em resultados.

Observa-se como foi de grande importância a integração entre equipes de AD nos diferentes níveis e os serviços de referência da RAS, proporcionando a construção de um projeto terapêutico acolhedor, holístico e resolutivo, com resultados que superaram as expectativas iniciais da equipe e da própria paciente, a qual, apesar das limitações físicas permanentes, superou as dificuldades encontradas, “recalculando a rota” de um prognós-tico, que, a princípio, era ruim, iniciando um novo ciclo de vida, reabilitada e reinserida na sociedade.

Referências

1 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece as diretrizes para organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília: MS; 2010.

2 Mendes, EV. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: ESP-MG; 2009.

3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar. vol. 1. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

4 Brasil. Curso de auto aprendizado. Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde. Aposti-la Completa. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

5 Mendes, EV. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011. 549 p.

6 Mendes, EV. A atenção primária à saúde no SUS. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará; 2002.

7 Mendes, EV. A modelagem das Redes de Atenção à Saúde. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2007.

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Óbito e captação de órgão/tecido em domicílio

Autores: Rossi PRG, Mansano AP.Instituição: Hospital Municipal Vereador José Storopolli (HMVJS) - SPDM.E-mail: [email protected]

Resumo: A assistência domiciliar é uma opção de modalidade assistencial que permite três formas de atendimen-to: a preventiva, que busca evitar o adoecimento ou mesmo o agravamento de doenças já existentes; a terapêutica, quando o tratamento é oferecido até receber a alta médica; e a paliativa, que proporciona tratamento para pesso-as com patologias sem perspectiva de cura visando a uma melhor qualidade de vida. Nessa última modalidade, descobriu-se poder ir além do conforto e da qualidade no fim de vida do indivíduo, contribuindo também para realização de um sonho, com o fortalecimento do luto familiar, e para a sociedade como um todo. Isso tudo den-tro do domicílio. Um paciente de cuidado paliativo em terminalidade, L.F., 79 anos, evoluiu a óbito em casa dois meses após início do acompanhamento domiciliar. Nessa parceria, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) constatou o óbito, e a declaração de óbito foi emitida pela equipe médica do Melhor em Casa HMVJS. Cumprindo um desejo do paciente em ajudar o próximo, sentimento que o fortaleceu durante o seu fim de vida, deu-se seguimento à entrevista com os familiares para confirmação de doação de órgãos, seguindo pactuação com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO). Após tranquilo aceite e concordância, a doação das córneas foi efetivada no próprio domicílio, incluindo o processo de enucleação do órgão, realizado por enfermeiro treinado da própria equipe do Melhor em Casa HMVJS. Esse caso de doação e captação de órgão em domicílio tem ainda, em suas características, o ineditismo por ter sido o primeiro caso registrado no Brasil. Palavras-chave: Córnea. Doação. Captação. Domicílio. Ineditismo.

Introdução

A assistência domiciliar (AD) é parte fundamental da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e dos equipamen-tos de saúde disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atua, principalmente, em três frentes de atenção: preventiva, terapêutica e paliativa.

Nessa última modalidade e cumprindo o papel na RAS, entende-se que:

A atenção domiciliar pode ser um mecanismo de articulação entre os pontos de atenção em saúde, po-

tencializando a rede a partir de um cuidado compartilhado, mais horizontal, com corresponsabilização

dos casos pelas equipes de saúde, envolvendo desde as equipes de atenção básica, equipes dos Hospitais

e Unidades de Pronto Atendimento e equipes Ambulatoriais Especializadas1.

A partir desse contexto e da experiência no território delimitado da microrregião de Vila Maria e Vila Guilherme, no município de São Paulo, realizou-se a implantação da linha de cuidado em cuidados paliativos no Hospital Municipal Vereador José Storopolli e no Programa Melhor em Casa (EMAD/EMAP), com o objetivo

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de disseminar a implantação nos outros pontos da RAS desse território, utilizando cursos de educação perma-nente e imersões envolvendo atores dos mais diversos pontos de atenção. Foram desenvolvidos ainda fluxos de comunicação entre os equipamentos da RAS (Figuras 1, 2 e 3).

Figura 1 - Fluxo de comunicação dos hospitais com a AD.

Fonte: Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde de Vila Maria/Vila Guilherme2.

Figura 2 - Fluxo de comunicação da atenção básica com a AD.

Fonte: Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde de Vila Maria/Vila Guilherme2.

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Figura 3 - Fluxo de comunicação da AD com a atenção básica.

Fonte: Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde de Vila Maria/Vila Guilherme2.

Por meio do engajamento das equipes de AD com os diferentes níveis assistenciais (primário, secundário ou terciário), fortalecendo desde a identificação e a recomendação por cuidados paliativos até a sensibilização familiar para o “morrer em casa” e a possibilidade de doação de tecidos, iniciou-se essa possibilidade espacial para captações de modo pioneiro, mas extremamente replicável.

Com o desenvolvimento e o fortalecimento desses processos, passou-se a entender que a AD é um equi-pamento importantíssimo na estruturação do cuidado paliativo e um território de identificação e captação de tecidos. Assim, foi possível organizar os cuidados utilizando estratificações de risco, determinando suas fases para compor o Projeto Terapêutico Singular (Figura 4).

Figura 4 - Pontos de atenção nos quais os cuidados paliativos podem ser aplicados.

Fonte: Brasil3.

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Trabalho em rede

No contexto também necessário para o sucesso da experiência, a construção do trabalho em rede no território vem ao encontro da Portaria nº 4.2794, de 30 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando, entre outras coisas, que a “Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde e a organização da Rede de Atenção à Saúde”.

A portaria se justifica abordando: “por que organizar rede de atenção à saúde, os principais conceitos, fundamentos e atributos da rede de atenção à saúde, os elementos constitutivos da rede, as principais ferramen-tas de microgestão dos serviços e diretrizes com algumas estratégias para a implementação da rede de atenção à saúde”4.

Aborda dentro da justificativa e de seus principais conceitos:

A contratualização/contratos de gestão, nesse contexto, podendo ser definida como o modo de pac-

tuação da demanda quantitativa e qualitativa na definição clara de responsabilidades, de objetivos de

desempenho, incluindo tanto os sanitários, quanto os econômicos, resultando dessa negociação um

compromisso explícito entre ambas as partes4.

Segundo a portaria4:

Esse processo deve resultar, ainda, na fixação de critérios e instrumentos de acompanhamento

e avaliação de resultados, metas e indicadores definidos. Dentre os objetivos da contratualização

destacam-se:

• Melhorar o nível de saúde da população;

• Responder com efetividade às necessidades em saúde;

• Obter um efetivo e rigoroso controle sobre o crescimento das despesas de origem pública com a saúde;

• Alcançar maior eficiência gestora no uso de recursos escassos, maximizando o nível de bem-estar;

• Coordenar as atividades das partes envolvidas;

• Assegurar a produção de um excedente cooperativo;

• Distribuir os frutos da cooperação;

• Assegurar que os compromissos sejam cumpridos; e

• Disponibilizar, em tempo útil, a informação de produção, financiamento, desempenho, qualidade e

acesso, de forma a garantir adequados níveis de informação ao cidadão.

Aborda dentro dos fundamentos: economia de escala, qualidade, suficiência, acesso a recursos e dispo-nibilidade deles. Economia de escala, qualidade e acesso são a lógica fundamental na organização da Rede de Atenção à Saúde.

Isso posto, tem-se como resultado as pactuações bastante fortalecidas no território em questão, a saber, a microrregião de Vila Maria e Vila Guilherme, situada na região norte do município de São Paulo, que permitiu o trânsito de cuidados dos pacientes sob atenção domiciliar, cujo desfecho morte gerou a possibilidade de doação de córnea (Figura 5).

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Figura 5 - Estruturas de rede.

Fonte: UNA-SUS/UFMA5.

Entre as pactuações mais fortalecidas nos últimos anos, destacam-se a articulação das unidades básicas de saúde (UBS) com a AD, e desta com o hospital, sendo possível a identificação da AD como a grande gestora e/ou articuladora dos casos no território.

Foi por meio desse cenário que alguns dos casos, cujo desfecho foi o óbito no domicílio e a captação de córneas, foram construídos: pacientes em seguimento terciário, identificado a impossibilidade curativa e sua “devolução” à UBS, e esta encaminhando o caso para a AD para manejo de fim de vida no domicílio; fim de vida iminente, acionamento do SAMU para constatação de óbito; desospitalização para, por escolha do pacien-te/seus familiares (integrando ainda a Política Nacional de Humanização – PNH), “morrer em casa”.

Esses foram os mecanismos trabalhados incessantemente que permitiram os desfechos de sucesso vivenciados.

Doações de órgãos e tecidos: cenário atual e novas possibilidades

Segundo o Ministério da Saúde6:

O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes

do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema

Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás

apenas dos EUA. Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios,

cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública de saúde.

Ainda assim, há uma fila bastante grande de pacientes à espera de um órgão/tecido para transplante (Figura 6).

O foco deste artigo é a doação/captação de córneas, e, por essa razão, será dada ênfase a esse perfil no cenário atual do país.

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Figura 6 - Necessidade estimada e número de transplantes realizados no Brasil em 2017 e Evolução anual dos doadores efetivos no Brasil - pmp (por milhão de população).

Fonte: ABTO7.

A legislação a respeito do transplante de córnea no Brasil é fundamentada na Portaria nº 1.5598, de 6 de setembro de 2001, que considera:

[...] a grande incidência de doenças da córnea na população brasileira e que, quando indicado, o trans-

plante de córnea é a alternativa para a restauração da visão; [e] [...] os distúrbios visuais, especialmente a

falta de visão, que comprometem severamente a qualidade de vida de seus portadores e têm importantes

reflexos sociais e econômicos; [...] a necessidade de adotar medidas que, aliadas a outras já encaminhadas

pelo Ministério da Saúde, permitam a reabilitação visual e a conseqüente melhora da qualidade de vida

e reintegração econômica e social dos pacientes deficientes visuais, especialmente daqueles que necessi-

tam de um transplante de córnea.

Some-se a isso a existência de mais de 15 mil pacientes deficientes visuais em todo o Brasil, em listas de espera para a realização de transplante de córnea. Essa espera, em decorrência do volume de captação/doação de córneas e realização dos procedimentos atualmente existentes, pode se prolongar por um longo período de tempo.

Desse cenário, criam-se os bancos de olhos, que são entidades sem fins lucrativos que recebem do-ações, preparam e distribuem córneas para transplante, ensino e pesquisa, pontuando tratar-se sempre de doações post-mortem, com consentimento informado (familiares de 1º ou 2º graus ou vontade expressa em vida) (Figura 7).

Assim, no entendimento aplicado pela Portaria nº 2.6929, de 23 de dezembro de 2004, artigo 1º, parágra-fo 1º, considerando o exposto previamente neste artigo a respeito das características e da elegibilidade da AD, entende-se que, após discussões e capacitações na OPO e na Central Estadual de Transplantes do Estado de São Paulo, nesses casos, o domicílio responde como estabelecimento de saúde substitutivo; assim, vislumbra-ram-se a possibilidade e a posterior concretização de a captação se dar nesse espaço.

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Figura 7 - Número anual de transplantes de 2008 até 2018.

Fonte: ABTO7.

Conclusão

Sendo a atenção paliativa focalizada nas necessidades do cuidado com o paciente desde o diagnóstico de uma doença não curável, investindo-se na melhora da qualidade de vida e na sua capacidade de lidar com a situação de maneira adaptativa, ao identificar casos de pacientes com doenças sem possibilidade de intervenção curativa, inicia-se a interlocução com o paciente e seus atores coadjuvantes (familiares, equipamentos de saúde), trabalhando o link entre o desejo do paciente e as possibilidades de qualificar seu tempo de vida.

Nessa tratativa, enxerga-se a AD como fonte de articulação intersetorial dentro de uma linha de cuidado, até então, ainda não desenhada. A partir de casos acompanhados nesse serviço, construiu-se essa linha de cui-dado, desde o convencimento e a sensibilização do serviço especializado até a entrevista com os familiares para propor a doação de tecidos (córneas) (Figura 8).

Figura 8 - Linha de cuidado paliativo.

Fonte: elaborada pelos autores.

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Entende-se que a AD assume um papel estratégico na articulação com os demais níveis de assistência na estruturação do cuidado paliativo, minimizando sofrimento e podendo assumir o papel de gestora linha de cuidado paliativo.

Assim, a atenção domiciliar é reconhecida como uma arquitetura condicionada ao sonho realizável de

uma instituição, de uma política, de uma população. Sendo ou devendo ser estreitamente relacionada aos

aspectos sociais e culturais que a condicionam, a atenção domiciliar oferece inúmeras possibilidades de

superação de limites e de inovação na apresentação de propostas frente ao reconhecimento do domicílio

como espaço possível e adequado de cuidados10.

Referências

1 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar. vol. 1. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

2 Rede Assistencial da Supervisão Técnica de Saúde de Vila Maria/Vila Guilherme. Manual de Padronização de Fluxos e Processos Administrativos da Atenção Domiciliar. São Paulo: SPDM; [s.d.].

3 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar. vol. 2. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

4 Brasil. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 31 dez 2010;Seção 1 [citado 2019 abr. 8]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt4279_30_12_2010.html.

5 Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA. Redes de Atenção à Saúde: a atenção à saúde orga-nizada em redes. São Luís: EDUFMA; 2016.

6 Brasil. Ministério da Saúde. Doação de Órgãos: transplantes, lista de espera e como ser doador. Brasília: Ministério da Saúde; s/d.

7 ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Registro Brasileiro de Transplantes 2018 [citado 2019 mar 8];24(4):1-89. Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2018/Lv_RBT-2018.pdf.

8 Brasil. Portaria nº 1.559, de 6 de setembro de 2001. Diário Oficial da União 10 set 2001;Seção 1. [citado 2019 abr. 8]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2001/prt1559_06_09_2001.html.

9 Brasil. Portaria nº 2.692, de 23 de dezembro de 2004. Define Banco de Tecidos Oculares, aprovando as Normas Gerais para sua Instalação e Cadastramento/Autorização, e dá outras providências. Diário Oficial da União 24 dez 2004;Seção 1. [citado 2019 abr. 8]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt2692_23_12_2004.html.

10 Andrade L. Cuidados domiciliares: construções coletivas. Revista Brasileira de Atenção Domiciliar 2018;4(4):13-14.

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RESUMOS

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Programa de capacitação em procedimentos complexos no domicílio para equipes multidisciplinares da atenção domiciliar

Autores: Gonçalves CR, Santos GCSD, Rodrigues DLG, Hahne FS, Cifuentes T, Ferreira AM, Verdi DS, Reis S, Guimarães TAA, Dias MB.

Instituição: Hospital Alemão Oswaldo Cruz.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar (AD) faz parte do conjunto de ações do Sistema Único de Saúde (SUS) para aumentar o acesso da população aos cuidados em saúde. Essa modalidade, por meio de ações de promoção à saúde e de acompanhamento multiprofissional de pacientes dependentes no domicílio, visa ao atendimento huma-nizado e à consequente redução do tempo de internação e da demanda por leitos hospitalares. Uma das dificulda-des encontradas pelas equipes de AD é a atenção fragmentada por causa do desequilíbrio na qualificação de profis-sionais médicos, enfermeiros e fisioterapeutas das equipes. Objetivo: O Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), via Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em conjunto com a equipe da Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde (CGAD-MS), implementou o pro-jeto Complexidade do Cuidado na Atenção Domiciliar (CCAD) com o objetivo de capacitar profissionais da AD das mais diversas regiões do país em 11 procedimentos domiciliares de alta complexidade, tais como: paracentese, toracocentese, ventilação mecânica invasiva, lesões de pele e cuidados paliativos. Metodologia: A capacitação ocor-reu com metodologia teórica e prática, além de treinamentos no Centro de Simulação Realística do HAOC, voltada a profissionais médicos, enfermeiros e fisioterapeutas atuantes na AD. Resultados: Em três anos de projeto, foram capacitados 592 profissionais de todas as regiões do Brasil. Mais de 96% dos participantes observaram mudanças em sua prática diária. Cuidado com lesões de pele e cuidados paliativos foram os procedimentos incorporados ao rol das equipes em 30% dos serviços. As maiores dificuldades encontradas foram: carência de fundos (31%) e dificuldades técnicas na realização dos procedimentos no domicílio (21%). Conclusão: A capacitação das equipes de AD mostrou-se eficaz e resolutiva. Apesar das dificuldades financeiras e técnicas relatadas pelos profissionais, a AD é uma modalidade em crescimento no SUS e é um modelo a ser aprimorado com sucesso.

Palavras-chave: Procedimentos complexos. Atenção domiciliar. SUS.

Acreditar na integralidade das ações: uma arquitetura que deu certo

Autores: Tavares SMC, Sousa AM, Lima LDQ, Prado SSL, Gomes TCP, Sales MFP. Instituição: Hospital São José.E-mail: [email protected]

Este estudo teve como objetivo descrever a assistência interdisciplinar prestada a um paciente que apre-sentava meningococcemia e infecção secundária associada a MMII e MMSS, com possibilidade e sugestão de amputação e/ou mumificação dos MID, em condição de vulnerabilidade social, desde a internação até a prepa-ração do domicílio para assistência. Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, exploratória, descritiva do tipo relato de experiência, realizada no Hospital São José, que é referência em doenças infecciosas no Estado do Ceará, no período de março a agosto de 2018 por ocasião do internamento hospitalar, dando continuidade ao atendimento domiciliar até a conclusão do processo de cicatrização. Teve como sujeito um indivíduo do sexo masculino, 19 anos, solteiro, natural de Fortaleza e residente na mesma cidade, morador do bairro Bela Vista, sem vícios, jogador de futebol e arrimo de família. Para a coleta de dados, utilizou-se do levantamento dos seguintes instrumentais: prontuário do internamento hospitalar, do Serviço de Assistência Domiciliar (SAD) e do Censo da Estomaterapia. Os dados foram analisados a partir da observação das fotos e do processo interpessoal profissional e cliente, bem como dos registros utilizados em todo o desenvolvimento do processo do cuidado. Os resultados obtidos permi-tiram perceber que acreditar na assistência multiprofissional integrada e seus múltiplos olhares foi a ferramenta transformadora para o processo de cicatrização de uma lesão grave de pele. Durante o processo interventivo, foi necessário arquitetar novo espaço de moradia, providenciar cuidador e estruturar domicílio. O desafio foi mudar uma realidade, acreditar no possível, eliminar o óbvio e reconhecer novas possibilidades. Respeitar o indivíduo, sua vida, sua família, seu trabalho, reconhecendo-o como sujeito de direitos, foi o diferencial da ação.

Palavras-chave: Meningococcemia. SAD. Estomaterapia.

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Louva-a-deus, de predador a presa: uma metáfora

Autores: Sousa AM, Tavares SMC, Lima LDQ, Sales MFP, Queiroz FMG, Gomes TCP. Instituição: Hospital São José.E-mail: [email protected]

Introdução: O Serviço de Assistência Domiciliar (SAD) do Hospital São José de Doenças Infecciosas atende a pacientes em processo de acompanhamento, arquitetando a “arte do possível” onde quer que necessi-te. Objetivo: Descrever a evolução do plano terapêutico em domicílio de um atendimento interdisciplinar a um paciente com SIDA e sequela neurológica/motora de neurotoxoplasmose. Metodologia: Pesquisa exploratória, descritiva (relato de caso). J.D.P.N., 58 anos, seis filhos, divorciado, HIV+ (outubro de 2017), com múltiplas lesões neurológicas, sífilis e hepatite B reagente. Iniciou tratamento para neurossífilis e evoluiu para insuficiên-cia respiratória, com suporte ventilatório. Fez traqueostomia e gastrostomia. Resultados: O acompanhamento domiciliar em casa-abrigo foi por inexistência de um familiar para assumir o cuidado. A metáfora: Assim como louva-a-deus, o sr. J. de Deus sempre foi predador, solitário e independente, só se unia para acasalar. Abando-nou esposa e filhos, após episódios de agressividade (álcool), e desconstruiu o modelo familiar formal. Um vida sem regras e de relacionamentos afetivos desprotegidos. Após adoecimento, dois filhos se aproximaram, acom-panharam o cuidado e demonstraram preocupação na desospitalização (inexistência de afetividade e recursos). Desistiram judicialmente da curatela/dieta. O papel de predador foi desconstruído. Virou presa. Seu olhar observador persistiu, mas a tristeza pela dependência funcional, social e emocional foi determinante. Aquela posição das patas dianteiras, que antes era de disputa, passou a ser de oração por clemência a DEUS por dias melhores. Conclusão: A equipe refez PTI, transferiu-o para abrigamento, estabeleceu acordos e redesenhou novo cenário. A aproximação dos filhos foi um complicador por acenar para a cobrança de responsabilidades, acabando em afastamento. Foi providenciada curatela, com solicitação de dieta ao MP. Houve a disponibilidade de dieta padrão. Acordamos na casa com acompanhamento, consultas, adesões e procedimentos. Avançamos no processo terapêutico e redesenhamos um novo caminho. Arquitetamos espaço para suas necessidades. E ele ressignificou sua vida. O predador passou a rever seu mundo de forma diferente, com novos comportamentos e novas oportunidades. Era a “arte do possível” se concretizando.

Palavras-chave: SAD. HIV. Desospitalização.

Panorama nacional dos serviços privados de odontologia domiciliar

Autores: Fernandes DRL, Aguiar MCA, Guedes MGNS, Souza ERS, Saraiva ET. Instituição: Universidade Potiguar.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar é caracterizada por um conjunto de ações interprofissionais de pro-moção à saúde, prevenção, tratamento de doenças e reabilitação. A odontologia surgiu nesse cenário com o intuito de melhorar a qualidade de vida e de morte dos pacientes que não podem ou não devem realizar o seu tratamento dentário em consultório da forma tradicional. Objetivo: Traçar um panorama nacional dos serviços privados de odontologia domiciliar. Metodologia: Durante o mês de julho de 2018, por meio da internet, foram solicitados os nomes dos serviços relacionados ao tema existentes no território nacional. Na etapa seguinte, foram mantidos apenas os serviços privados e solicitadas as informações relacionadas aos Estados onde fun-cionavam os serviços e tempo de existência destes. Resultados: Foram localizados 3 serviços no Norte, 27 no Nordeste, 9 no Centro-Oeste, 25 no Sudeste e 6 no Sul, totalizando 70 serviços privados de odontologia domi-ciliar no território nacional. Em relação ao tempo de existência desses serviços, 50% foram criados há menos de cinco anos. Analisando cada região separadamente: 66,6% dos serviços existentes no Norte surgiram nos úl-timos cinco anos, mas, no Nordeste, esse número cai para 59,5%, no Centro-Oeste, para 55%, no Sudeste, para 48%, e no Sul, para 16,6%. Conclusões: A maioria (74,28%) dos serviços de odontologia domiciliar privados do Brasil funciona nas regiões Nordeste e Sudeste. Além disso, a maior parte deles (52,85%) surgiu nos últimos cinco anos, o que significa que acadêmicos e profissionais estão percebendo a necessidade e a importância dessa modalidade de atendimento.

Palavras-chave: Assistência domiciliar. Odontologia domiciliar. Saúde bucal.

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No limiar da vida e da morte

Autores: Sousa AM, Tavares SMC, Lima LDQ, Queiroz FMG, Sales MFP, Gomes TCP. Instituição: Hospital São José.E-mail: [email protected]

Introdução: Este estudo se desenvolveu no SAD do Hospital São José de Doenças Infecciosas/CE, no período de julho de 2017 a julho de 2018. Objetivo: Pretende-se descrever a assistência interdisciplinar prestada a uma paciente com prognóstico reservado, em cuidados paliativos com diagnóstico de SIDA mais sequela de NTX e TB pulmonar. Metodologia: Utilizou-se de registros do prontuário hospitalar, ambulatorial e SAD. Dados foram analisados diariamente, observando as intervenções, as evoluções, a mudança do quadro clínico nas visitas domiciliares, os registros fotográficos, os exames, a relação inter-pessoal família/paciente e profissional. Resultado: Sujeito feminino, 39 anos, costureira, viúva, três filhos, monogâmica, adquiriu HIV do marido em 2009. Estava em tratamento ambulatorial, com uso irregular de TARV/5ª internação. Em 2017, a genitora chegou à emergência com a filha em estado gravíssimo, rebai-xamento de sensório e indicação de intubação. Após reunião familiar, ficou decidido não haver nenhum procedimento invasivo. A pactuação foi feita por decisão familiar entre a mãe e a paciente. Sensibilizada, ciente da gravidade do quadro clínico, acompanhou-a disponibilizando apoio e dedicação. Conclusão: Percebe-se que o PTI traçado no início foi modificado semanalmente para acompanhar a evolução da paciente, pois antes era pouco responsiva, não verbalizava, era sonolenta. Outros fatores foram decisivos e concorreram para essa mudança, tais como: empoderamento da paciente em seu tratamento, afetividade, cuidado familiar, religiosidade e fé. Romper com a cultura do impossível, ressignificando a vida, foi um processo de escolha que fez toda diferença, dando um novo sentido ao superar as adversidades e os limi-tes em um desejo de voltar à vida. A materialização aconteceu ao reconhecer dores, fracassos, vontades, desejos e alegrias no processo de volta à realidade, tornando possível o inatingível. Foi o que Niemayer descreveu como “a curva é o que faz o concreto buscar o infinito”.

Palavras-chave: SAD. Neurotoxoplasmose. Interdisciplinar.

Perfil do cuidador familiar de pessoas com doença renal crônica

Autor: Damasceno VAM. Instituição: Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).E-mail: [email protected]

Introdução: No Brasil, em julho de 2016, a estimativa de pacientes em tratamento hemodialítico foi de 122.825. O paciente com doença renal crônica (DRC) vive modificações em sua vida e da sua família, mas o apoio familiar é fundamental para garantir uma boa adesão ao tratamento e uma melhor qualidade de vida. O cuidador auxilia em tarefas diversificadas, desde as básicas até as mais complexas. Objetivo: Traçar o perfil dos cuidadores familiares de pessoas com DRC em hemodiálise. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida em uma unidade de te-rapia renal substitutiva do interior do Estado de São Paulo. A amostra foi composta de 50 participantes, todos cuidadores familiares de pessoas com DRC em hemodiálise. Os participantes foram entrevistados individualmente com a aplicação de um instrumento de caracterização. Todos os preceitos éticos foram respeitados. Resultados: A maioria dos cuidadores era do sexo feminino (84%; n=42), com média de idade de 50,44 anos (±3,30), variando de 22 a 75 anos. Quanto ao grau de escolaridade, 60% tinham ensino fun-damental incompleto (n=30). Verificou-se também que 40% (n=20) dos cuidadores cuidavam do cônjuge. O tempo que vinha exercendo a função de cuidador variou de 1 a 300 meses, com o valor médio de 39,6 meses. Além disso, 58% (n=29) dos participantes recebiam ajuda de outra pessoa para função de cuidar. Conclusão: Conclui-se que o perfil dos cuidadores de pacientes com DRC é composto de mulheres, adul-tas, com baixa escolaridade, que cuidam, em sua maioria, dos cônjuges e recebem algum tipo de ajuda de terceiros para função de cuidar.

Palavras-chave: Cuidador familiar. Doença renal crônica. Cuidado. Perfil.

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Perfil dos pacientes atendidos em serviço de odontologia domiciliar, em Natal/RN

Autores: Fernandes DRL, Aguiar MCA, Guedes MGNS, Saraiva ET, Souza ERS. Instituição: Universidade Potiguar.E-mail: [email protected]

Introdução: Os serviços de atenção domiciliar privados vêm se tornando cada vez mais comuns no Brasil, especialmente a partir da década de 1990. Desde 2007, com o objetivo principal de melhorar a qualidade de vida e de morte dos pacientes, a H3 Odonto vem realizando atendimentos domiciliares em Natal/RN. Objetivo: Traçar o perfil dos pacientes atendidos em domicílio pela H3 Odonto, de janeiro a agosto de 2018. Metodologia: Foram analisadas as seguintes variáveis nos 32 prontuários dos pacientes atendidos em domicílio pela H3 Odonto: sexo, idade, queixa principal, doença de base, número de drogas em uso, realização de higiene bucal e necessidade de contenção física e abridores de boca. Os dados foram compilados em uma planilha e gerados os gráficos. Resultados: Os pacientes foram, em sua maioria, do sexo feminino (75%), e 16 deles (50%) estavam na faixa etária entre 70 e 80 anos. Além disso, 28 (87,5%) pacientes apresentavam algum tipo de demência, 25 (78,12%) faziam uso de mais de 5 medicamentos dia-riamente, 7 (21,87%) necessitavam de restrição física e 20 (62,5%) precisavam de abridores de boca para a realização da higiene bucal que, em 84,3% dos casos, era realizada exclusivamente pelos cuidadores. Situa-ções de dores e abscessos na primeira consulta ocorreram em apenas 4 pacientes (12,5%), caracterizando atendimentos de urgência. Conclusão: Os resultados apresentados sugerem que os pacientes idosos e do sexo feminino são os que mais necessitam do serviço de atendimento odontológico domiciliar e que são, normalmente, demenciados, usam múltiplos medicamentos e dependem de terceiros para a realização da higiene bucal, com auxílio dos abridores de boca.

Palavras-chave: Assistência domiciliar. Odontologia domiciliar. Saúde bucal.

Reiki aplicado na assistência domiciliar

Autor: Alves LR. Instituição: Associação Saúde da Família - EMAD Parelheiros.E-mail: [email protected]

Ser cuidador de familiar acamado é tarefa árdua e desgastante, pois pode interferir na qualidade de vida; por isso, é imprescindível o acompanhamento próximo do cuidador por parte da equipe de saúde responsável pelo paciente, por meio de educação permanente e apoio psicológico, promovendo ações para diminuição do estresse em prol da qualidade de vida. Como a equipe deve conhecer a sobrecarga dos cuidadores para orga-nizar ações pertinentes para cada caso, disponibilizamos o Reiki para os cuidadores. O Reiki foi incorporado às práticas integrativas complementares de saúde em 2017 e consiste em uma técnica de imposição de mãos que visa estimular os mecanismos naturais de recuperação da saúde. A sra. D.S., 65 anos, é cuidadora da mãe, sra. N.S., acamada e com diagnóstico de Parkinson avançado, e apresentava sintomas de ansiedade que se ma-nifestavam por meio de poliqueixas em relação à paciente. Por intermédio de anamnese, foram levantadas as principais queixas, solicitando que fosse dada nota de 0 a 10. Os problemas levantados na ocasião foram: in-sônia, ansiedade, medo e dor no joelho direito. Foram realizadas seis sessões, nas quais as notas foram caindo, principalmente em relação à ansiedade, ao medo e à insônia. Ao iniciar as sessões, a sra. D.S. relatou que sentia medo por causa da presença de vizinhos, usuários de entorpecentes, que entravam em sua residência durante a noite para pequenos furtos, e precisava entrar em contato com a polícia com frequência, o que desencadeava outros sintomas, como a insônia e a ansiedade. Dizia que não via solução para o problema, pois não conseguia pensar na possibilidade de mudança de endereço. Ao final das sessões, relatou que não sentia mais medo, dor-mia melhor e a ansiedade havia diminuído consideravelmente. Relacionou a melhora às sessões de Reiki e já começava a pensar na possibilidade de venda da casa.

Palavras-chave: Reiki. Domicílio. Cuidador.

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Acompanhamento multidisciplinar em paciente com lesões por pressão pelo Programa de Atendimento Domiciliar (PAD)

Autores: Medeiros LR, Silvino VF. Instituição: Prefeitura Municipal de Bragança Paulista.E-mail: [email protected]

Introdução: A assistência domiciliar visa atender às necessidades dos pacientes de forma holística, sendo os benefícios desse atendimento a redução do tempo de internação, de recuperação e de reabilitação, a liberação de leitos hospitalares e a melhora da independência funcional e da capacidade do autocuidado no domicílio. Há uma grande prevalência de lesões por pressão em pacientes com sensibilidade diminuída, imo-bilidade prolongada ou acamados. O Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) realiza acompanhamento multidisciplinar em pacientes acamados, que necessitam de cuidados contínuos, com dificuldade locomotora e/ou incapacidade funcional, em cuidados paliativos ou não. Objetivo: Destacar o atendimento multidiscipli-nar nos tratamentos de lesões por pressão. Metodologia: Estudo descritivo do acompanhamento de pacien-tes com feridas atendidos pelo PAD. Resultados: O paciente com lesão por pressão deve ter uma abordagem terapêutica singular, com uma avaliação sistemática realizada por todos os profissionais para adequação da melhor conduta quanto aos cuidados com a integridade da pele. O paciente deve ter um plano assistencial pautado na sua necessidade individual, permitindo que cada profissional realize orientações a serem seguidas pelo cuidador, como: avaliar diariamente o aparecimento de áreas avermelhadas, bolhas e feridas na pele; fa-zer a mudança de decúbito a cada 2 horas; aliviar a pressão; aderir à terapia nutricional; auxiliar nas atividades físicas e motoras; manter os cuidados de higiene com o paciente; utilizar, de maneira adequada, as coberturas indicadas pelo enfermeiro, bem como os medicamentos prescritos pelo médico. Conclusão: O resultado su-gere que as lesões por pressão devem ser acompanhadas pela equipe multidisciplinar e que o cuidador é o elo importante entre equipe-paciente para nortear as ações e a garantia do cuidado humanizado no tratamento de feridas no domicílio.

Palavras-chave: Lesão por pressão. Assistência domiciliar. Cuidador.

Cultura de segurança do paciente na atenção domiciliar

Autores: Oliveira PC, Barros PS.Instituição: Universidade Federal de Goiás.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar está em franca expansão em todo o mundo, inclusive no Brasil, e é uma área complexa, uma vez que os pacientes atendidos nesse ambiente tendem a ter idade mais avan-çada, maior número de comorbidades e incapacidades, longa prescrição médica, fragmentação do cuidado e uso crescente de tecnologias até então de uso hospitalar, o que está associado a um maior risco de erros e eventos adversos. Objetivo: Avaliar a cultura de segurança do paciente na perspectiva dos profissionais de um Serviço de Atenção Domiciliar e sua correlação com as variáveis sociodemográficas e laborais. Metodologia: Estudo quantiqualitativo realizado por meio de entrevista semiestruturada e questionário de perfil profissional. Resultados: Os profissionais eram, em sua maioria, do sexo feminino, com cônjuge, regime de trabalho estatutário e possuíam apenas um vínculo empregatício. Verificou-se boa percepção da satisfação do trabalho e do trabalho em equipe. O apoio gerencial e as condições de trabalho foram consi-derados a parte mais frágil do serviço, relacionado à percepção de pobre cultura de segurança do paciente no serviço. Uma melhor percepção da segurança no trabalho foi observada entre os médicos. A educação permanente foi pontuada como positiva no fortalecimento da cultura de segurança. Conclusão: Os resul-tados apontam fragilidades e um alerta para a necessidade do fortalecimento da cultura de segurança no Serviço de Atenção Domiciliar.

Palavras-chave: Segurança do paciente. Cultura organizacional. Serviços de assistência domiciliar. Gestão da segurança. Qualidade assistencial.

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Relato de experiência: instrumento de orientações sobre atenção domiciliar

Autores: Mori NLR, Galicioli SCP, Resende RTA. Instituição: Imperial Home Care.E-mail: [email protected]

Introdução: O domicílio é um ambiente dinâmico no qual ocorrem as modalidades de assistência realizadas tradicionalmente dentro dos serviços de saúde. Entre os profissionais atuantes na área e, prin-cipalmente, entre os familiares e cuidadores, é evidente a falta de conhecimento a respeito das práticas de saúde e cuidados domiciliares. Atualmente, há pouco material disponível voltado à orientação dessas práticas, justificando o objetivo desse relato em descrever a elaboração e a implantação de um instrumento como medida de apoio à segurança do paciente para orientação dos usuários do serviço de home care. Método: Realizou-se um levantamento epidemiológico dos principais sintomas apresentados pelos pacientes em in-ternação domiciliar, bem como dos principais cuidados assistenciais de que esses pacientes necessitam, o qual foi utilizado para a elaboração de um instrumento denominado “Cartilha da Qualidade”. Resultados: O instrumento abordou conteúdos pertinentes ao paciente atendido pelo Serviço de Atenção Domiciliar, como: principais termos utilizados em serviços de atenção domiciliar, identidade organizacional da empresa, portfólio de serviços prestados, responsabilidades do paciente/familiar responsável e home care, orientações relacionadas à segurança do paciente, orientações sobre como agir (e não agir) quando apresentados alguns sintomas, fluxo de contingência e contatos para casos de emergência, urgência ou óbito. Após a elaboração e a disponibilização das cartilhas em maio de 2018, 100% dos pacientes receberam o instrumento com as prin-cipais orientações da assistência domiciliar, garantindo o acesso à informação sobre a prestação de cuidados. Conclusão: Apesar de a ação ser reconhecida pelos familiares, admitimos que esse não deve ser o único con-tato do usuário com a informação, sendo necessárias novas estratégias que garantam com que as orientações da cartilha sejam utilizadas na prática.

Palavras-chave: Atendimento domiciliar. Serviços de saúde. Orientação.

A segurança do paciente na atenção domiciliar: revisão integrativa da literatura

Autores: Oliveira PC, Barros PS. Instituição: Universidade Federal de Goiás.E-mail: [email protected]

Introdução: No Brasil, a atenção domiciliar está em expansão e atende a um universo de 1,5 milhão de pacientes, com crescimento entre 8% e 15% ao ano, segundo o Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar. Apesar dessa demanda crescente e do reconhecimento da ocorrência de eventos adversos nessa área de cuidado, pouco se tem estudado sobre a segurança do paciente na atenção domiciliar, uma vez que grande parte dos trabalhos publicados atualmente faz menção a dados analisados no âmbito hospitalar, onde iniciou essa preocupação. Objetivo: Identificar o conhecimento sobre segurança do paciente na atenção domiciliar, suas abordagens, incidência de eventos adversos, causas e repercussões. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa por meio da busca em sete bases de dados eletrônicas, sem limites de ano, com os descritores: “segurança do paciente” e “atenção domiciliar”. Resultados: A amostra do estudo cons-tituiu-se de 34 artigos. Houve aumento significativo no número de publicações sobre a temática nos últimos anos. Os estudos abordaram a incidência e as características dos eventos adversos na atenção domiciliar, as medidas preventivas, as percepções quanto à segurança do paciente e os eventos adversos. Os eventos adver-sos foram considerados comuns nesse contexto de cuidado e, na sua maioria, preveníveis, estando associados ao aumento dos custos com saúde e morte. Conclusão: Conclui-se ser relevante a temática estudada e a ne-cessidade de mais estudos e melhor entendimento do que seja segurança do paciente e eventos adversos na atenção domiciliar e seu enfrentamento.

Palavras-chave: Segurança do paciente. Serviços de assistência domiciliar. Home care services.

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Arquitetura do cuidado: a arte do possível na atenção domiciliar

Autores: Barreto KHM, Cipriano ACBM, Ciminelli BS, Pagniez MS, Ferreira TKM, Sales AO. Instituição: Mútua dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

Introdução: Em home care, para que o “cuidado no lar” seja funcional, necessita-se de análise e controle dos recursos de saúde no domicílio. É preciso arquitetar e, na curva arquitetônica, encontrar os benefícios eco-nômicos da fonte pagadora, otimizando recursos e oferecendo serviço de qualidade. Objetivo: Demonstrar que os auditores de saúde contribuem para a construção da casa de cuidados por meio do gerenciamento de custos e gastos. Metodologia: Demonstração dos dados de auditoria na atenção domiciliar em 2017. Resultados: Para auditar dentro dos padrões da arquitetura do cuidado, o auditor deve assegurar sua execução com imparcialida-de e objetividade. A auditoria avalia a efetividade, a eficácia e a eficiência dos serviços prestados aos associados para a melhoria da assistência à saúde, produzindo informações que subsidiem o planejamento de ações para o aperfeiçoamento do serviço e a satisfação do associado. Arquitetonicamente, são apresentados os dados: 42 pacientes, solicitados R$ 5.079.657,20, pagos R$ 4.870.122,73 e auditoria de R$ 209.534,49 (4,12%). No au-xílio cuidador, 49 associados, solicitados R$ 1.368.797,56, pagos R$ 447.184,93 e auditoria de R$ 921.612,63 (67,33%). No auxílio para portadores de necessidades especiais, 12 associados, solicitados R$ 247.054,92, pagos R$ 138.677,97 e auditoria de R$ 108.376,95 (43,87%). No atendimento domiciliar, 42 associados, solicitados R$ 155.308,63, pagos R$ 146.894,09 e auditoria de R$ 8.414,54 (5,42%). Conclusão: É possível, na auditoria, concretizar a “arte do cuidar”, preservando os padrões de qualidade no atendimento ao associado, e levantar dados que permitam à operadora conhecer a qualidade, a quantidade, os custos e os gastos da atenção domici-liar dos seus associados. O auditor contribui com qualidade na arquitetura do cuidado, ocupando espaço com comprometimento, análise e humanização.

Palavras-chave: Território domiciliar. Auditoria.

Atuação da residência multiprofissional na segurança do paciente: aplicação dos protocolos de segurança no ambiente domiciliar

Autores: Carvalho MIP, Tavares SMC, Sousa AM, Oliveira AMM, Alexandre RM, Rocha CP. Instituição: Hospital São José.E-mail: [email protected]

Contextualização: O tema segurança do paciente é de interesse de pacientes, famílias, profissionais de saúde e gestores, e tem contribuído para o fortalecimento dos pilares do cuidado, tanto do ambiente hospitalar do Hospital São José/CE como nos domicílios dos pacientes assistidos pelo Programa Domiciliar. Propôs-se trabalhar os cuida-dores domiciliares por meio da sensibilização e de medidas preventivas de segurança do paciente, buscando dissemi-nar a cultura do cuidado e tornando-os multiplicadores, coparticipantes e responsáveis para a prática do cuidado se-guro. Objetivo: Divulgar os protocolos de segurança do paciente, de acordo com a Portaria GM/MS n° 529/2013, aos cuidadores domiciliares e qualificar cuidadores/famílias para a atenção no cuidado em saúde. Metodologia: A proposta utiliza dois momentos diferenciados e complementares. 1º momento: Trabalhar os profissionais da equipe multiprofissional visitadora por meio da educação permanente, seguindo as orientações de segurança do paciente e os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde, além de reuniões mensais para avaliar estratégias eficazes de educação sistematizadas. 2º momento: Trabalhar os cuidadores domiciliares do SAD-HSJ, proporcionando às famílias uma assistência segura. A meta é, a médio e longo prazos, iniciada no 1º semestre de 2018, instrumentali-zar e empoderar o cuidador e a família, reforçando protocolos importantes, como: administração das medicações, quedas, identificação, prevenção de úlceras de pressão e lavagem das mãos. Resultado: Ao implementar as ações, foram percebidos: efeitos positivos no cuidado; uso corretos dos insumos; eficiência no uso dos recursos públicos. A aplicação impactou na ausência de registro de quedas e na inexistência de surgimento de novas lesões por pressão. Foi estabelecida estratégia de adesão aos medicamentos semanal, com tabelas para visualização sem desperdício ou erros na administração. Assim, é possível possibilitar ganhos e retorno institucional, contribuindo para prática segu-ra do cuidado e para que mais pessoas se utilizem de uma assistência domiciliar de qualidade.

Palavras-chave: Integralidade. Segurança do paciente. Empoderamento.

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Empoderando os profissionais da atenção básica para assistência domiciliar

Autores: Campos TA, Rossetto V. Instituição: Programa de Atendimento Residencial (PAR), Cascavel/PR.E-mail: [email protected]

Introdução: A atual transição demográfica brasileira, com aumento da dependência funcional dos su-jeitos, atrelado às condições crônicas de saúde, demanda estruturação de serviços e programas de saúde que atendam às suas necessidades, bem como outras formas de produzir o cuidado. Tendo em vista as alterações da conformação da atenção básica (AB) e ponderando as mudanças da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), as equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) necessitam reorganizar o processo de trabalho, vinculando o atendimento domiciliar à sua rotina. Assim, o Programa de Atendimento Residencial (PAR) foi criado para ser referência técnica aos profissionais da AB. Objetivo: Prestar suporte técnico aos profissionais da AB. Metodologia: O PAR assessora os profissionais da AB na execução de procedimentos domiciliares de maior complexidade, como nas trocas programadas e nas intercorrências com sonda enteral, de gastrostomia, jejunostomia, cânulas traqueais, cistostomia, avaliações e condutas em lesões de pele complexas. Resultados: O PAR tem promovido a desconstrução de alguns paradigmas estabelecidos na AD, por meio do assessoramento, e a realização de procedimentos no domicílio. Percebe-se que os profissionais da AB acionam a equipe do PAR mediante alguma dificuldade e/ou insegurança para realizar o procedimento, mas que, após o assessoramento, dão continuidade ao cuidado com mais segurança. Conclusão: Infere-se que as ações do PAR têm contribuído para o empoderando dos profissionais da AB na AD no que diz respeito à execução de procedimentos com maior complexidade, mas que podem ser executados no domicílio, sem colocar a segurança do usuário em ris-co. Essa estratégia visa contribuir para a ampliação do cuidado e da resolutividade na AB, além de evitar que o usuário seja encaminhado aos serviços de urgência/emergência ou deslocado para a UBS.

Palavras-chave: Atenção básica. Cuidado domiciliar. Condição crônica. Dispositivos. Suporte técnico.

Identificação e escolha do cuidador na atenção domiciliar

Autores: Carvalho MIP, Tavares SMC, Sousa AM, Queiroz FMG, Andrade EV, Castro SMT. Instituição: Hospital São José.E-mail: [email protected]

Introdução: O trabalho segue as orientações e as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH), por meio da Portaria GM/MS nº 569, de 1/06/2000, e da Portaria nº 399, de 27/02/2006, e contribui para a qualificação do processo de cuidado. O cuidar está na raiz do ser humano e presente em tudo que faz, seja por intermédio do cuidar ao fazer, seja por meio do fazer com cuidado. Na saúde, deve-se ter o cuidado de perceber o indivíduo em sua totalidade, um ser orgânico, social e existencial. Ao trabalhar o cuidador no SAD de um Hospital de Doenças Infecciosas/CE, busca-se o cuidado essencial como princípio, um desafio de superação que acom-panha o HSJ diariamente. Justificativa: Cuidar é perceber o paciente como ele é, como se revela, seus gestos, sua fala, suas dores e suas limitações. Cuidar significa prestar atenção nas particularidades, reconhecer limites e dife-renças. Vai além do corpo físico; tem a ver com a história de vida, sentimentos, emoções e desejos. A intervenção profissional pretende instrumentalizar o cuidador, perceber com um olhar atento e escuta qualificada às pessoas em atendimento domiciliar, seja ele cuidador, seja pessoa cuidada. É identificar os efeitos do processo de cuidar e apreender os determinantes da questão social expressa para além do processo saúde-doença. Metodologia: Aplicar a tabela acerca das competências do cuidador formal e informal, realizar avaliação da sobrecarga dos cuidadores (escala de Zarit), realizar reuniões de cuidadores semestralmente (cuidando de quem cuida), utilizar as tecnologias leves de abordagem individualizada, em que a escuta qualificada pretende ser fator de intermediação das deman-das, realizar rodas de conversa com a equipe multiprofissional para identificar novas condutas para seguimento da linha de cuidado em domicílio. Conclusão: Qualificar o processo interventivo significa que o paciente em pro-cesso de assistência domiciliar, por meio do olhar atento às subjetividades, terá assegurado à família/ao cuidador o diferencial, o entendimento do ser como único, complexo e sujeito de direitos. Assim, o usuário/cuidador sairá fortalecido, ouvido, acolhido e seguro, compreendendo o que o ajudará na adesão e na apropriação do tratamento.

Palavras-chave: Cuidador. Atenção domiciliar. Instrumentalizar.

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Atuação multiprofissional: utilizando ferramentas para orientação domiciliar

Autores: Rossetto V, Campos TA. Instituição: Programa de Assistência e Internação Domiciliar (PAID).E-mail: [email protected]

Introdução: A educação em saúde consiste em uma ferramenta que valoriza os contextos sociais, econô-micos e culturais e promove o empoderamento dos sujeitos. Nesse processo, as orientações referentes ao cuida-do devem ser realizadas de maneira clara, objetiva e sem ambiguidades. Nessa perspectiva, infere-se que incluir rotinas no processo de trabalho significa adotar ferramentas que permitam a transversalização multiprofissional dos saberes e a autonomia para a tomada de decisão, com vistas à uniformização das condutas assistenciais na atenção domiciliar (AD). Objetivo: Padronizar as informações de modo a evitar ambiguidades no processo de comunicação entre os profissionais e o cuidador. Metodologia: Trata-se de um relato sobre a padronização de orientações técnicas das distintas áreas profissionais para serem delegadas ao cuidador, no Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) de Cascavel/PR. Resultados: Foram elaboradas orientações técnicas de cada área de atua-ção, de forma impressa, com abordagem didática e de fácil compreensão. Tais orientações estão relacionadas a cuidados com sonda enteral, gastrostomia, jejunostomia, cânula de traqueostomia, oxigenoterapia, dispositivos para incontinência urinária, preparo e administração de dieta enteral, reposicionamento, curativos, segregação, descarte e destinação de resíduos de saúde produzidos no domicílio. Os impressos com as referidas informa-ções foram utilizados pela equipe para orientação do cuidador e anexados ao prontuário domiciliar. Conclusão: A padronização dessa rotina promoveu multiplicação dos saberes, bem como o empoderamento dos profis-sionais para realizar orientações de outras áreas de atuação, visto que as informações, das distintas áreas, estão disponíveis de forma impressa para todos os profissionais nos domicílios. Além disso, também foi observada a redução de visitas não programadas para refazer orientações previamente realizadas, já que as orientações também fazem parte do rol de informações, na admissão, ao paciente e cuidador.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Condutas. Trabalho em equipe.

Desenvolvimento de avaliações de desempenho de profissionais atuantes na atenção domiciliar

Autores: Galicioli SCP, Mori NLR, Resende RTA. Instituição: Imperial Home Care.E-mail: [email protected]

Introdução: A Imperial Home Care é uma instituição privada, pioneira em atendimentos domiciliares na região do Triângulo Mineiro (Minas Gerais, Brasil). Buscando melhorar a qualidade de seu atendimento, ela ini-ciou o projeto de certificação de qualidade em setembro de 2017, atingindo sua meta de certificação em agosto de 2018 ao obter a Acreditação ONA nível 1. Durante esse processo, foram realizadas adaptações que possibilitaram que os parâmetros necessários à obtenção da certificação fossem atingidos, como o aprimoramento do processo de gestão de pessoas. Objetivo: Descrever as etapas para o desenvolvimento da avaliação de desempenho como parte do processo de gestão de pessoas. Resultados: Foi realizado um projeto de avaliação de desempenho no qual foram descritos seus objetivos, os riscos para sua execução e o cronograma de desenvolvimento de suas etapas. Entre as etapas do cronograma, realizaram-se: 1. definição das competências essenciais da empresa; 2. revisão das descrições de cargo e inclusão das competências institucionais; 3. definição dos instrumentos de aplicação das avaliações de desempenho; 4. preparação dos colaboradores para aplicação das avaliações; 5. aplicação das avaliações de desempenho para os colaboradores; 6. coleta e tabulação de informações; 7. elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI); 8. implantação e monitoramento do PDI. A etapa final do projeto refere-se às lições aprendidas, as quais serão analisadas ao final do ciclo de monitoramento dos PDI. Conclusão: As avalia-ções de desempenho dos colaboradores foram realizadas, e o PDI tem sido monitorado a fim de efetivar as ações propostas. As avaliações destacaram os pontos fortes de cada colaborador e possibilitaram agir sobre os pontos de melhoria, obtendo boa aceitação tanto por parte dos avaliados quanto dos avaliadores.

Palavras-chave: Administração de recursos humanos em saúde. Atendimento domiciliar. Certificação.

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Programa de Atendimento Residencial: estratégia para preencher a lacuna existente na AD1

Autores: Campos TA, Rossetto V, Lazzarin TM. Instituição: Programa de Atendimento Residencial (PAR), Cascavel/PR.E-mail: [email protected]

Introdução: O Programa de Atendimento Residencial (PAR) constitui-se em um serviço de referên-cia para a Atenção Primária à Saúde (APS) e para o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) de Cascavel/PR, oferecendo suporte aos profissionais da APS, em especial na transferência dos usuários do SAD e na conti-nuidade do cuidado na APS. Objetivo: Preencher a lacuna assistencial após a alta do SAD, contribuir para a integralidade do cuidado por meio de matriciamento e suporte técnico, além de empoderar os profissionais para a resolutividade, a longitudinalidade e a gestão do cuidado integral. Metodologia: O PAR no contexto da atenção domiciliar (AD) auxilia na transferência do cuidado de pacientes AD1 do SAD para a APS, na regula-ção de encaminhamentos provenientes da APS para o SAD, realiza matriciamento, suporte técnico ao uso de dispositivos, como cânula de traqueostomia, sonda de gastrostomia, além de avaliações e condutas de lesões de pele complexas. Resultados: Desde a implantação do programa, fez-se o matriciamento de 95% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 47% das equipes de Programa Saúde da Família (PSF), além de assessorados os pro-fissionais na assistência ao paciente. Os resultados têm sido progressivos e incluem a continuidade do cuidado e a segurança para o desenvolvimento de procedimentos mais complexos pelos profissionais da APS. Conclusão: As ações do PAR têm contribuído para o empoderando dos profissionais da APS na AD, auxiliando no proces-so de trabalho e compartilhando o cuidado daquele usuário que demanda maior complexidade assistencial em âmbito domiciliar. Ressalta-se que essa modalidade de atendimento tem auxiliado na redução da sobrecarga dos estabelecimentos de saúde e na minimização dos riscos inerentes à remoção e à internação do usuário, além do custo-benefício em mantê-lo “upalizado” ou hospitalizado.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Gestão do cuidado. Cuidado compartilhado. Matriciamento. Serviço de referência.

Vivência de alunos de graduação na assistência domiciliar da Atenção Primária à Saúde

Autores: Fernandes PG, Silva MMS, Bezzan MB. Instituição: Faculdades Anhanguera de Limeira e Prefeitura Municipal de Limeira.E-mail: [email protected]

Introdução: O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi criado para apoiar as equipes do Pro-grama Saúde da Família (PSF) e, assim, fornecer assistência integral ao usuário e aumentar a sua resolubilidade. No entanto, algumas regiões não possuem cobertura suficiente do NASF. A parceria ensino-serviço busca contribuir para ampliar a ação das unidades de atenção básica, fornecer um local de prática para os estudantes e, em contrapartida, suprir a demanda por especialidades e fornecer capacitação técnico-educacional para os profissionais da rede municipal. Objetivo: Inserir o aluno do estágio na prática clínica da Atenção Primária à Saúde (APS) por meio de visitas domiciliares. Metodologia: Estudo narrativo descritivo. Foi realizado contato prévio com o gestor da atenção básica que autorizou a ação. Após, foi contatada a coordenadora do PSF e fo-ram pactuados seis encontros entre os alunos de fisioterapia e a unidade do PSF, de maneira voluntária, super-visionada por um preceptor, uma vez por semana, no período de duração do estágio comunitário da faculdade. No primeiro encontro, foi realizada reunião de matriciamento com a equipe de saúde do PSF local. A principal demanda foi a necessidade de visitas domiciliares da fisioterapia, ficando acertado que os ACS agendariam duas visitas com seus respectivos pacientes. Resultados: Cada paciente foi visitado duas vezes, sendo uma para a ava-liação inicial e outra para as orientações. A visita gerou orientações ao cuidador, entrega de material informativo confeccionado pelos alunos e sugestões para adaptação ambiental. Conclusão: A vivência proporcionou aos alunos o contato com a realidade da APS, a aproximação com a ação do NASF e o aprendizado de atender a um indivíduo em seu domicílio, além de suprir a demanda apresentada pelo PSF.

Palavras-chave: Fisioterapia. Domicílio. Atenção primária.

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Protocolo de fornecimento de dieta enteral industrializada para os pacientes em TNED atendidos no SAD São Mateus

Autor: Souza MD. Instituição: Prefeitura do Município de São Paulo.E-mail: [email protected]

Introdução: A Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED) faz parte dos cuidados de saúde no do-micílio, reduzindo complicações e custos. A escolha da fórmula deve considerar a condição clínica, a via de acesso, os resultados esperados e a situação socioeconômica. O objetivo deste trabalho é descrever o protoco-lo de fornecimento de dieta enteral industrializada e insumos para pacientes em TNED atendidos pelo SAD São Mateus e a média de pacientes favorecidos em 2018. Métodos: Foram descritos os critérios estabelecidos no protocolo e levantados os dados de janeiro a agosto de 2018 referentes ao fornecimento de dieta, frascos, equipos e seringas de 20 ml. Resultados e discussão: O SAD São Mateus disponibiliza dietas enterais de adulto e infantil por um período de 90 dias para os pacientes em TNE que são admitidos e ainda não o recebem do Estado. Os insumos para administração são fornecidos durante todo o acompanhamento, sendo dois frascos/dia, uma equipo/dia e uma seringa 20 ml/dia. No período estudado, foi favorecida uma média de 93 pacientes por mês, sendo entregues uma média de 400 latas de dieta adulta, 63 latas de dieta infantil, 5.595 frascos, 2.798 equipos e 2.798 seringas de 20 ml. A TNED altera a dinâmica familiar e pode impactar na qualidade de vida de todos os envolvidos. Dietas industrializadas garantem o fornecimento de nutrientes, são mais seguras por evitar contaminação e obstrução do dispositivo e têm viscosidade adequada. Conclusão: O fornecimento de dieta e insumos realizado pelo SAD São Mateus possibilita maior facilidade de adaptação à rotina de cuidados em TNED após a alta hospitalar, a adequação à meta nutricional e a prevenção de complicações até que as famílias consigam apoio do Estado.

Palavras-chave: Nutrição enteral. Assistência domiciliar. Terapia nutricional.

A importância da abordagem multiprofissional no tratamento e na prevenção de lesões por pressão: a experiência do serviço domiciliar de Rio Verde/GO

Autores: Arantes APF, Pinho LLFC, Guimarães JL, Garcia GV, Freitas CTO, Arantes APF. Instituição: Serviço de Atenção Domiciliar - Rio Verde/GO.E-mail: [email protected]

Introdução: As lesões por pressão consistem em alterações de pele que se desenvolvem quando o te-cido mole adjacente a uma proeminência óssea é comprimido por uma superfície dura por um longo perí-odo de tempo. Essas lesões, também conhecidas por úlceras por pressão, constituem-se em uma relevante questão de saúde pública por causa de sua etiologia multicausal e por ocasionar consequências tanto físicas quanto emocionais. Objetivo: Traçar o perfil dos pacientes assistidos pelo serviço em relação à presença de lesão por pressão, sua classificação, suas principais etiologias e sua correlação com internação hospitalar e via de alimentação, bem como elaborar um protocolo de atuação multiprofissional para tratamento e pre-venção dessas condições. Metodologia: Este estudo quantitativo fundamentou-se em levantamento reali-zado por meio de dados coletados nos prontuários dos pacientes atendidos no mês de setembro de 2018. Resultados: 30,3% dos pacientes do serviço possuíam algum tipo de lesão por pressão, 36% tinham acima de 60 anos de idade, 77,7% apresentavam lesão do tipo 3 e 4, 97,2% estiveram internados nos últimos seis meses em unidade hospitalar, unidade de pronto atendimento ou terapia intensiva e 84,3% encontravam--se restritos ao leito. Após a análise dos dados coletados, foi elaborado um protocolo que possuía ações que envolviam médicos, enfermeiros (coberturas adequadas e creme hidratante hidrófobo de barreira), fisioterapeutas (mobilizações passivas, mudanças de decúbito programadas) e nutricionistas (prescrição de suplemento alimentar com arginina para auxílio na cicatrização de lesões). Conclusão: O tratamento e a prevenção de lesão por pressão em pacientes atendidos por um Serviço de Atenção Domiciliar devem possuir abordagem multiprofissional.

Palavras-chave: Lesão por pressão. Atenção domiciliar. Equipe multiprofissional.

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Retirada manual de sonda de gastrostomia endoscópica percutânea (PEG) no domicílio: relato de caso

Autores: Queiroz MT, Silva LP, Borges Junior LH, Mendonça MF. Instituição: Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) - Uberlândia/MG.E-mail: [email protected]

Introdução: Desde a sua introdução na prática clínica em 1980, a gastrostomia endoscópica percutâ-nea (PEG) tornou-se a primeira opção na manutenção do aporte nutricional por via entérica a doentes com disfagia, por ser um método simples, eficaz e seguro. As sondas costumam durar cerca de 12 meses a 18 meses. Elas podem entupir ou sofrer deterioração ao longo do tempo, o que pode exigir sua retirada e/ou troca. Quando se trata da primeira troca de sondas PEG em que não há balonete, é indicada a re-tirada com via endoscópica. Contudo, não se encontram com facilidades casos e estudos sobre essa reti-rada. Relato do caso: Paciente internada no HC-UFU com quadro de demência rapidamente progressiva e encefalopatia epiléptica, durante 45 dias, evoluindo com necessidade de traqueostomia e gastrostomia. Apresentando melhora, recebeu alta com o acompanhamento do Programa Melhor em Casa. Com me-lhora clínica e reabilitação da dieta por via oral, foi indicada a retirada da sonda de gastrostomia (PEG). O procedimento decorreu sem complicações e demorou no total 7 minutos, sendo que, nos 5 primeiros, foi aguardado para início do efeito da morfina. Não houve sangramento, e a paciente negou queixas de dor ou desconforto. Seguimento: Não houve complicações imediatas e tardias. Discussão: As vantagens incluem ainda diminuição na lista de espera por internação, além de disponibilizar maior número de leitos e pessoal da área de saúde para o atendimento de pacientes mais graves e complexos, com otimização dos recursos disponíveis. Conclusão: A retirada de sondas PEG como um procedimento ambulatorial ou até domiciliar com o devido acompanhamento pode ser uma alternativa viável, efetiva e segura em pacientes com estáveis e boas condições clínicas de reabilitação.

Palavras-chave: Domicílio. Sonda de gastrostomia. PEG. Retirada definitiva.

A realidade da terapia nutricional domiciliar no setor público

Autores: Aanholt DPJV, Borges M, Toledo D, Ciosak SI. Instituição: EEUSP.E-mail: [email protected]

Introdução: Ainda hoje, a desnutrição mantém-se elevada, resultando em piores desfechos clínicos e aumento exponencial dos gastos com saúde. A prática de terapia nutricional (TN), hospitalar ou domiciliar (TND), é essencial para reverter esses resultados, corroborando a redução de morbimortalidade. A terapia nu-tricional enteral domiciliar (TNED) e a terapia nutricional parenteral domiciliar (TNPD) são pouco divulgadas; assim, para conhecer essa realidade, foi realizado um inquérito brasileiro. Objetivo: Conhecer a prática da TND no setor público. Metodologia: Elaborado questionário pelo Comitê de Assistência Nutricional Domiciliar da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, com 15 perguntas de múltipla escolha, disponibilizadas na Survey Monkey (www.surveymonkey.com) e enviadas a profissionais de equipe multiprofissional de TN e que atuam na atenção domiciliar (AD) no Brasil. Resultados: De 289 respostas totais, 211 foram de profissionais atuantes na AD, dos quais 180 do setor público (94% Melhor em Casa). A maioria (74%) atendia a idosos (60 anos e mais), sendo 81% neurológicos, seguido de 10% oncológicos, semelhantes ao encontrado na literatura. Na TNED, 58% utilizavam dieta mista, e apenas 12%, dieta artesanal, que oferece baixa oferta calórico-protei-ca/micronutrientes, além de maior contaminação. Administração mais frequente foi gotejamento gravitacional intermitente (66%), seguida pela administração em bolus (20%). Dos pacientes, apenas 25% tinham gastrosto-mia/jejunostomia, sendo observado uso de sonda nasogástrica (Levine) em 15%, podendo estar relacionado à dificuldade de recursos na saúde pública. Houve 47% de atendimento em TNPD nos últimos 12 meses. Con-clusão: Os dados refletem que a prática de TND é uma realidade que necessita de maior divulgação e capacita-ção para aumentar atendimento de pacientes com TNPD.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Nutrição enteral domiciliar. Nutrição parenteral domiciliar.

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A realidade da terapia nutricional domiciliar na América Latina

Autores: Aanholt DPJV, Arenas H, Toledo D, Ciosak SI. Instituição: EEUSP.E-mail: [email protected]

Introdução: Ainda hoje, a desnutrição mantém-se elevada, resultando em piores desfechos clínicos e aumento exponencial dos gastos com saúde. A prática de terapia nutricional (TN), hospitalar ou domiciliar (TND), é essencial para reverter esses resultados, contribuindo para a redução de morbimortalidade. A terapia nutricional enteral domiciliar (TNED) é uma prática pouco divulgada e adotada não só no Brasil como na América Latina. Objetivo: Conhecer a prática da TNED na América Latina. Metodologia: Elabo-rado um inquérito pelo Comitê de Assistência Nutricional Domiciliar da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, com 15 perguntas de múltipla escolha, disponibilizadas na Survey Monkey (www.surveymonkey.com) e enviadas a profissionais de equipe multiprofissional de TN e que atuam na atenção domiciliar (AD) na América Latina. Resultados: Das 508 respostas (289 do Brasil), foram encontrados 251 profissionais da AD, com 64% dos atendimentos voltados a idosos (60 anos ou mais), 66% neurológicos e 13% oncológicos, semelhantes ao encontrado na literatura. O uso da dieta mista foi de 53%, e apenas 8% foram de dieta artesanal, que oferece baixa oferta calórico-proteica e micronutrientes, além de maior contaminação. A administração mais frequente foi gotejamento gravitacional intermitente (44%), seguida de administração em bolus (35%). Dos pacientes, apenas 34% tinham gastrostomia/jejunostomia para nutrição domiciliar. Ao analisar os países da América Latina, excluindo o Brasil, percebeu-se uma dificul-dade quanto à cobertura financeira da TNED, ocorrendo em apenas 30% de casos. Conclusão: Os dados refletem que a prática de TNED é necessária, mas é preciso maior divulgação e cobertura por parte das fontes pagadoras, principalmente nos países latinos.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Nutrição enteral domiciliar. Home care.

Encontro entre pacientes da EMAD Jardim São Nicolau, portadores de esclerose lateral amiotrófica e tetraplegia

Autores: Sucena RS, Antônio TV. Instituição: EMAD UBS Jardim São Nicolau SAS-SECONCI.E-mail: [email protected]

Paciente J.P.N., 78 anos, sexo masculino, com diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA) com um ano de evolução e piora progressiva do quadro clínico. Paciente C.A.S., 57 anos, sexo masculino, portador de tetraplegia decorrente da cirurgia de descompressão medular de coluna cervical, em melhora gradual da função motora. Com o objetivo de promover a ressignificação do processo saúde-doença para J.P.N. por meio de troca de vivências, a equipe EMAD promoveu um encontro entre ele e C.A.S. em domicílio, evolvendo familiares e profissionais da saúde, visto que J.P.N. apresentava dificuldades na aceitação e na evolução da doença, assim como medidas necessárias para melhora da qualidade de vida. Para a equipe, o plano terapêutico humanizado, a partir da interação entre pacientes, além dos protocolos assistenciais, poderia promover a conscientização e a aderência aos cuidados propostos, utilizando os relatos de C.A.S. diante de suas resistências e seus sofrimentos no início da descoberta de sua doença. A fase do planejamento foi essencial, pois a equipe se ateve ao cuidado na escolha das músicas e da alimentação, deixando o ambiente favorável às trocas entre os pacientes, assim como entre eles e os demais. A partir dessa vivência e das conversas posteriores dos profissionais de saúde com J.P.N., ele ainda se manteve resistente à colocação do dispositivo gastrostomia, medida precoce a ser realizada nos pacientes com ELA, em razão da disfagia severa; porém, aceitou a colocação de BIPAP, importante para melhora da função pulmonar, já bastante comprometida. Atualmente, J.P.N. apresenta-se mais reflexivo sobre o adoecer com melhor aceitação das medidas propostas pela equipe de saúde, ficando evidente a importância da ação, podendo ser estendida a outros pacientes.

Palavras-chave: Encontros. Humanização. Conscientização. Domicílio.

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Desmame ventilatório em âmbito domiciliar: relato de caso

Autores: Moreira CAR, Bloise RF, Zamponi H, Santos DBS. Instituição: Cemed Care Empresa de Atendimento Clínico Geral Ltda.E-mail: [email protected]

Pacientes portadores de DPOC costumam apresentar desmame prolongado quando submetidos à prótese ventilatória em internações hospitalares, ocasionando riscos de infecções e aumento de custos para as operadoras de saúde. No entanto, esses pacientes possuem a chance de ser beneficiados pela moda-lidade de assistência domiciliar com suporte ventilatório. O objetivo do presente estudo foi traçar um pro-grama de condutas e acompanhamentos elaborados pela equipe de fisioterapeutas da assistência domiciliar da Amil (United Health Care), apresentando um típico relato de caso de uma paciente portadora de DPOC que foi avaliada, tratada e acompanhada, buscando desmame ventilatório em âmbito domiciliar. Trata-se de uma paciente de 63 anos, portadora de DPOC em estágio IV, com histórico de câncer de mama, sendo previamente realizados a mastectomia e o esvaziamento axilar. Ela estava internada em um hospital com diagnóstico de infecção pulmonar e edema agudo de pulmão, evoluiu para intubação orotraqueal e foi, posteriormente, traqueostomizada, mantendo ventilação mecânica prolongada. O resultado com a abor-dagem proposta nesse caso específico foi de sucesso, obtendo desmame total da prótese ventilatória. Por meio deste estudo, foi possível demonstrar que o paciente em ventilação mecânica prolongada pode se beneficiar com qualidade de atendimento e segurança para os familiares em ambiente domiciliar.

Palavras-chave: Ventilação mecânica. Desmame seguro. Âmbito domiciliar

O cuidado da equipe multidisciplinar em atenção domiciliar com criança com desconforto respiratório crônico agudizado e lesão por pressão em orelha

Autores: Santo AE, Oliveira JEC. Instituição: Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar - Suzano/SP.E-mail: [email protected]

Introdução: A Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar do município de Suzano presta assis-tência aos pacientes com dificuldades de deslocamento do domicílio à unidade de saúde e que necessitam de acompanhamento semanal e/ou uso de equipamentos específicos. Objetivo: Descrever o cuidado domiciliar da equipe à criança com lesão em orelha externa e complicações pulmonares agudas. Metodologia: Relato de caso de criança portadora de doença neurológica e dependente de ventilação mecânica invasiva, no que tange ao cuidado à lesão por pressão em orelha externa e ao quadro de desconforto respiratório crônico agudiza-do, entre os meses de maio e setembro de 2018. Resultados: O desconforto respiratório evidenciou-se por taquipneia e taquicardia, queda de oxigenação sanguínea, menor expansibilidade torácica, ausculta pulmonar diminuída em hemitórax esquerdo associado à hipersecretividade. Em virtude da assunção frequente de de-cúbito lateral esquerdo para favorecimento da ventilação, observou-se presença de eritema não branqueável e descontinuidade epitelial em orelha esquerda, acometendo estrutura externa anterior e raiz auricular pos-terior, evolução inferior a 30 dias para tecido necrótico, exsudação, odor e edema. A conduta contemplou fisioterapia respiratória, visando à adequação de ventilação mecânica, manobras de higiene e reexpansão pul-monar. Para a lesão, fez-se a intensificação de mudança de decúbito, confecção do curativo e proteção local utilizando papaína a 6% intervalada com tela de carvão impregnado com prata e, posteriormente, hidrogel com alginato de prata. O tempo de evolução foi de 18 semanas, observando melhora na expansibilidade e ausculta pulmonar e na remissão completa da lesão. Conclusão: O resultado demonstra a importância da ava-liação e intervenção multiprofissionais, orientação familiar no cuidado com lesão por pressão e complicações pulmonares conforme a holística domiciliar.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Lesão por pressão. Curativo. Fisioterapia.

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Cuidando de quem cuida: experiências sobre a criação de um grupo de cuidadores

Autores: Pereira FMN, Tavares HCM, Cunha ENF. Instituição: Programa Melhor em Casa do município de Caldas Novas/GO.E-mail: [email protected]

O processo de cuidado no âmbito do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) é geralmente com-partilhado com cuidadores a fim de estabelecer uma assistência contínua ao paciente. Isso ocorre por meio de uma interação frequente e do vínculo criado com a família. O SAD vem ganhando destaque nos últimos anos por causa da crescente população geriátrica no Brasil e das demais demandas patológicas e complica-ções pelas quais o indivíduo necessita do cuidado especializado no domicílio. Dessa forma, é frequente a solicitação de cuidadores por algumas questões referentes ao processo de cuidado e necessidades pessoais que envolvem o cuidado. Entre essas demandas, podemos citar a capacitação de algum procedimento, o desgaste mental e físico, os cuidadores com comorbidades e limitações e o baixo acesso a insumos para os cuidados de uma população em vulnerabilidade socioeconômica. Assim, surge a necessidade de criação de um grupo de cuidadores no SAD de Caldas Novas. Os profissionais envolvidos nesse processo são a psicó-loga e o nutricionista, que começaram a perceber que a demanda de um muitas vezes era compartilhada com outros, porém ninguém se conhecia. Dessa forma, o foco desse grupo, que ocorre uma vez ao mês em uma Estratégia Saúde da Família (ESF), tem como objetivo dar voz a um importante ator no processo de cuidado domiciliar, o cuidador.

Palavras-chave: Cuidadores. Saúde. Atendimento.

Eficácia de instrumentos de avaliação na assistência domiciliar

Autores: Souza NB, Silva SRE. Instituição: Organização Social de Santa Catarina.E-mail: [email protected]

Introdução: A assistência domiciliar (AD) consiste em uma modalidade de atenção à saúde caracterizada por um conjunto de ações de prevenção, tratamento e reabilitação de doenças prestadas em domicílio por uma equipe multidisciplinar, voltada para a atenção integral do paciente. Essa modalidade de atendimento está dis-ponível no Sistema Único de Saúde, intitulada Programa Melhor em Casa (Ministério da Saúde). Existem três modalidades de AD definidas segundo o perfil clínico do paciente e a necessidade de cuidados: AD1 (baixa complexidade), AD2 (média complexidade) e AD3 (alta complexidade). Os pacientes inseridos no AD1 são acompanhados pela atenção básica; já os AD2 e AD3 são inseridos no Programa Melhor em Casa. Objetivo: Demonstrar a eficácia da utilização padronizada de instrumentos de avaliação na admissão e na alta do paciente. Metodologia: Foram elaborados três instrumentos: admissão, alta e avaliação da aptidão do cuidador. Admissão e alta (adulto e infantil), com pontuação classificatória: número de internações, grau de deambulação, grau de atividades de vida diária, eliminações, estado e terapia nutricional, higiene, presença de lesão vascular/cutânea, avaliação respiratória, histórico de acidente vascular cerebral, neoplasia e/ou fraturas recentes e melhora clínica para programação de alta. O instrumento de avaliação de aptidão do cuidador elaborado pelas especialida-des (enfermeiro, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo e odontologia) identifica a aptidão do cuidador em relação às orientações da equipe para o cuidado do paciente. Conclusão: Demonstrou-se que a utilização padronizada de instrumentos de avaliação do paciente inserido no serviço de AD, tanto durante a sua admissão e permanência no serviço quanto na sua transferência à unidade básica de saúde, proporcionou uma melhor identificação das necessidades do paciente/familiar e a elaboração do plano assistencial com maior eficácia e segurança.

Palavras-chave: Avaliação. Instrumento. Assistência domiciliar.

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Caracterização do Programa de Atendimento Domiciliar de Bragança Paulista no ano de 2017

Autores: Rienzo FA, Medeiros LR, Coca Junior LB. Instituição: Prefeitura Municipal de Bragança Paulista.E-mail: [email protected]

Introdução: O Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) atua na cidade de Bragança Paulista desde junho de 2009, formado por: quatro médicos, dois enfermeiros, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo, quatro técnicos em enfermagem, um nutricionista, um assistente social, um dentista, dois motoristas e um auxiliar administrativo. Os atendimentos a domicílio abrangem as regiões atendidas pelas UBS e toda a zona rural do município, preconizando o atendimento de pacientes acamados, com dificuldade locomotora e/ou incapaci-dade funcional. Inicialmente, é realizada uma triagem, e, caso o paciente se encaixe no perfil do PAD, ele será acompanhado pelos profissionais da equipe, conforme o plano de cuidados individualizado. O PAD realiza atendimentos de forma multidisciplinar e humanizada, visando à continuidade dos cuidados no domicílio. Ob-jetivo: Caracterizar o perfil do PAD no ano de 2017. Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo e de coorte transversal, realizado por meio dos dados coletados e tabulados com auxílio do software Microsoft Excel®. Resultados: Durante o período analisado, o serviço prestou atendimento a 188 pacientes (média 90 pacientes/mês), 11 (5,62%) utilizavam oxigênio domiciliar, 47 (24,9%), SNE, 16 (24,9%), SVD, e 42 (22,4%) apresentavam feridas. O total de atendimentos realizados foi de 6.754, distribuídos entre os profissionais da equipe. As taxas de óbito, alta e internação foram de, respectivamente, 5,71%, 3,32% e 6,54%. O número de triagens realizadas foi de 174, sendo 70 pacientes (40%) considerados sem perfil. Atualmente, o PAD atende a 92 pacientes, com média de idade de 74,4 anos, com predominância do sexo feminino (65%). Os principais diagnósticos foram: AVC (29,4%), Alzheimer (14%) e fratura de fêmur (12%). Conclusão: A análise dos dados forneceu subsídios para readequar o programa, buscando novas estratégias organizacionais, a fim de melhorar a qualidade de aten-dimento domiciliar.

Palavras-chave: Assistência domiciliar. Perfil de saúde. Visita domiciliar.

A importância da fisioterapia na Estratégia Saúde da Família com ênfase no Programa Melhor em Casa

Autor: Monteiro FS. Instituição: Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção básica surgiu como forma de organização por meio de ações de saúde e foi rees-truturada em 1994 com a implementação da Estratégia Saúde da Família (ESF). O Programa Melhor em Casa institui diretrizes para a organização da atenção domiciliar e a define como uma forma de atenção à saúde subs-titutiva ou complementar às já existentes, caracterizada por ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às Re-des de Atenção à Saúde. A fisioterapia vem crescendo ao longo dos anos na ESF, trabalhando com a prevenção e a promoção de saúde, desmistificando uma fisioterapia totalmente reabilitadora. Objetivo: Verificar e analisar a importância da fisioterapia na ESF com ênfase no Programa Melhor em Casa e, por meio disso, qualificar o atendimento fisioterápico. Metodologia: Este estudo constitui-se em uma revisão de literatura realizada entre março e abril de 2018 nas bases de dados informatizadas Lilacs, Bireme e SciELO. Resultados: O processo de trabalho do fisioterapeuta foi organizado em acolhimento, atendimento individual na unidade, atendimento domiciliar, grupos operativos e atividades educativas em equipe, sendo prioridade a atenção à saúde mental, à pessoa com deficiência, à criança e à mulher. Conclusão: É evidenciado que a fisioterapia vem, ao longo do tempo, ganhando espaço em suas áreas de atuação. Apesar de todos os estudos já realizados e de todos os be-nefícios que a fisioterapia pode gerar, destaco que ainda, em muitas regiões do Brasil, esse profissional é ausente e que é preciso melhorias.

Palavras-chave: Fisioterapia. Saúde da família. Atendimento domiciliar.

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A aplicabilidade do telemonitoramento na atenção domiciliar

Autor: Carvalho, VS. Instituição: Central Nacional Unimed.E-mail: [email protected]

Introdução: O atendimento domiciliar na Central Nacional Unimed (CNU) foi criado em 2010 com a finalidade de promover a transição do cuidado do paciente hospitalizado para o ambiente domiciliar e dar continuidade ao tratamento por meio de um atendimento humanizado, permitindo maior envolvimento dos familiares, promoção do autocuidado e educação em saúde para paciente/família e cuidador. O atendimento é prestado de recém-nascidos até idosos, com acometimento grave, doenças crônico-degenerativas, cuidados pa-liativos e com restrição de locomoção à rede credenciada. Objetivo: Identificar, a partir do telemonitoramento realizado em pacientes admitidos na atenção domiciliar, a adesão ao tratamento proposto e o entendimento da prescrição médica. Metodologia: Estudo quantitativo descritivo. Fundamentou-se em levantamento realizado por meio da coleta de dados com 718 beneficiários admitidos no Programa de Atenção Domiciliar da CNU no período de janeiro a agosto de 2018. Resultados: Dos 718 indivíduos estudados, 57% eram do sexo feminino, 20% tinham idade entre 0 e 18 anos, e 16%, entre 71 e 80 anos. Verificou-se que 7% dos beneficiários admi-tidos no programa necessitaram de reinternação por complicações em razão do quadro de sepse e 92% dos inscritos no programa não precisaram de reinternação hospitalar. No entanto, todos receberam orientações e esclarecimentos durante o telemonitoramento realizado na frequência de 48 horas após admissão e nos 7º e 14º dias de atendimento domiciliar. Conclusão: O telemonitoramento permite sanar dúvidas, verificar a adesão terapêutica e fortalecer o vínculo do paciente/família com a equipe de atenção domiciliar da CNU, a fim de identificar possíveis não conformidades no atendimento e acionar o prestador de atenção domiciliar, evitando a hospitalização dos beneficiários.

Palavras-chave: Monitorização fisiológica. Atenção domiciliar. Autocuidado.

Trajetória de um paciente vítima de TCE grave em internação domiciliar (ID)

Autores: Giacian DF, Dorneles MSV, Fujiyama VT. Instituição: Vidalar - Assistência Domiciliar em Saúde.E-mail: [email protected]

Conceitua-se TCE (trauma cranioencefálico) como qualquer lesão decorrente de trauma externo, que tenha como consequência alterações anatômicas do crânio, por exemplo, fratura ou laceração do couro cabelu-do, comprometimento funcional das meninges, do encéfalo ou seus vasos, resultando em alterações cerebrais, momentâneas ou permanentes, de natureza cognitiva ou funcional (MENON et al., 2010). Sousa (2007) afirma que, no Brasil, os acidentes e a violência configuram problema de saúde pública de grande magnitude, com forte impacto na mortalidade da população. O TCE é a causa mais importante de morte e incapacidade entre jovens e a mais frequente causa neurológica de mortalidade e morbidade segundo estimativa americana. Pa-ciente M.M.P.M., 39 anos, sexo masculino, vítima de TCE grave pós-acidente automobilístico. Foi admitido em ID no dia 26/01/17 com PAD: enfermagem 24 horas, fonoaudióloga sete vezes por semana, fisioterapia duas vezes por dia, enfermeira semanal, nutricionista quinzenal e médico mensal. Comatoso, respondia à estímulo doloroso, acamado, traqueostomizado, em ar ambiente, dieta e medicação via sonda. Apresentou fratura na clavícula D com conduta conservadora. Foi gastrostomizado em março de 2017. Houve evolução no quadro, iniciando contactuação em abril de 2017. Houve boa evolução na fisioterapia e na fonoterapia, iniciando com dieta VO intercalada com VG em julho de 2017. Foi decanulado em agosto de 2017 com sucesso. Passou por procedimento cirúrgico em novembro de 2017 para corrigir calcificação óssea em fratura de clavícula. Foi reti-rada a gastro em janeiro de 2018 com alimentação VO total, apresentando melhora cognitiva, na motricidade fina, começando a realizar leves movimentos com o MSD, interagindo com o meio e obedecendo a comandos durante a terapia. Nesse intervalo, evoluiu com desmame da fisioterapia e fonoterapia para cinco vezes por se-mana. Após 19 meses em ID, seguiu com PAD: enfermagem 12 horas por dia, fisioterapia e fonoterapia cinco vezes por semana, dieta VO exclusiva, decanulado e com melhora significativa na parte motora.

Palavras-chave: TCE. Evolução. ID.

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Análise de indicadores do contrato de gestão do PADI Rio de Janeiro

Autores: Abreu GP, Gomes JLF, Monteiro DM, Marano GCL, Gonçalves VF, Coelho LP. Instituição: Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

O Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI) é desenvolvido no Rio de Janeiro por meio de um contrato de gestão (CG) com uma organização social de saúde (OSS). Atualmente, são dez equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADs) e cinco multidisciplinares de apoio (EMAPs), que estão distribuídas de forma a facilitar o acesso dos usuários. Objetivo: Analisar os indicadores do CG em 2017. Metodologia: Estudo descritivo retrospectivo. Os dados foram obtidos em base de dados secundários en-viados trimestralmente à SMS-RJ. Foram analisados dez indicadores assistenciais: número de pacientes em atendimento no último dia do mês - meta 90 pacientes por equipe, com média mensal de 923 pacientes em 2017; taxa de alta dos usuários de atenção domiciliar - meta ≥8%; média de visitas realizadas no período por paciente - meta ≥5, atingidas em todos os meses, exceto novembro e dezembro; percentual de pacientes desospitalizados - meta ≥60%; taxa de mortalidade dos usuários de atenção domiciliar - meta ≤5%; taxa de infecção dos usuários de atenção domiciliar - meta ≤5%; percentual de prontuários dentro do padrão de con-formidades - meta ≥70%; efetividade da reabilitação - meta ≥60% (atingidas); tempo médio de permanência - meta ≤120 dias (não atingida); taxa de internação hospitalar dos usuários de atenção domiciliar - meta ≤5% (atingida em todos os meses, exceto julho, agosto e dezembro). Considerações finais: Algumas metas não foram atingidas no ano de 2017 por causa das dificuldades de repasse financeiro para a OSS. Entretanto, o tempo de permanência e a taxa de alta foram impactados pela baixa cobertura da atenção primária nos terri-tórios de residência dos usuários.

Palavras-chave: Domiciliar. Indicador. Metas.

Estudo de caso: assistência ao paciente com diagnóstico clínico de porfiria aguda intermitente (PAI)

Autores: Britto FM, Silva RCM, Fujiyama VT. Instituição: Vidalar - Assistência Domiciliar em Saúde.E-mail: [email protected]

Introdução: A porfiria aguda intermitente (PAI) é uma doença genética rara, autossômica dominante, decorrente de um distúrbio na via hepática, causada pela redução dos níveis da enzima porfobilinogênio desaminase (PBG-D). Caracteriza-se por sinais e sintomas geralmente intermitentes, que incluem dor abdo-minal, náuseas, vômitos, constipação ou diarreia, distensão abdominal, íleo adinâmico, retenção ou inconti-nência urinária, taquicardia, sudorese, tremores, febre, neuropatia periférica, distúrbios hidroeletrolíticos e psiquiátricos. Dieta hipocalórica e pobre em carboidratos pode precipitar uma crise de PAI. Objetivo: Des-tacar o benefício da assistência fisioterapêutica na assistência domiciliar em paciente de alta complexidade. Caso: O paciente G.C.A., sexo masculino, 37 anos, foi internado em 22/07/16 com história de obstrução intestinal, náuseas, vômitos e confusão mental. Após resultado na excreção urinária de ácido delta-amino-levulínico (ALA), foi confirmado o diagnóstico de PAI, sendo iniciado o atendimento pelo home care em dezembro de 2016. Inicialmente, o paciente encontrava-se restrito ao leito, traqueostomizado e dependente de ventilação mecânica contínua com O2 a 2 l/min (Trilogy), dificuldade para mudança de decúbito. Em junho de 2017, foi notada melhora significativa no ganho de força muscular global, e, a partir dessa data até os dias atuais, foram intensificados controle de tronco e de equilíbrio, transferências, ortostatismo com uso de tutor longo e deambulação na barra paralela. Após avaliação estática e dinâmica da musculatura venti-latória, foi adicionado ao tratamento o uso do Power Breathe associado ao CPAP, em que foi alcançado o desmame total da VM. Conclusão: O presente estudo demonstra a importância e a necessidade da assistência fisioterapêutica em nível domiciliar em pacientes acamados e com prognóstico de restabelecimento de suas capacidades funcionais.

Palavras-chave: PAI. Domicílio. Assistência fisioterapêutica.

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O impacto do atendimento interprofissional do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul na redução dos índices de reinternação hospitalar

Autores: Junqueira SLSS, Lopes EB, Oliveira KMS, Marques PM, Kadri SCHE. Instituição: Hospital Regional do Mato Grosso do Sul.E-mail: [email protected]

Introdução: O termo paralisia cerebral (PC) é denominado como sequela de caráter não progressivo que acomete o sistema nervoso central imaturo e em desenvolvimento, ocasionando desordens do desenvol-vimento motor e alterações musculoesqueléticas secundárias e, consequentemente, dificuldade na execução dos movimentos (VILIBOR; VAZ, 2009). Relato de caso: Paciente A.C.Z., sexo masculino, 3 anos e 10 meses, portador de paralisia cerebral por anóxia neonatal, deu entrada nesse serviço em novembro de 2017 em uso de gastrostomia, sialorreia intensa, hipotonia dos órgãos orofaciais, hipersecretivo, em ar ambiente, pesando 7.700 kg, apresentando ainda padrão flexor de punhos e dedos, pés cavos e com desvio em supino, porém sem contraturas fixas e sem controle de cabeça e tronco. Entre novembro de 2016 e novembro de 2017, apresentou quatro reinternações com duração de aproximadamente 20 dias por quadros de infecção pulmonar de repetição por refluxo gastroesofágico, fazendo, assim, uso de múltiplos antibióticos. Em sua última internação, foi solicitada avaliação do SAD para possível admissão no serviço após alta hospitalar. Após sua admissão, vem recebendo atendimento domiciliar da equipe multiprofissional composta de médico pediatra, equipe de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e assistente social, que planejaram assistência em Plano de Atenção Domiciliar elaborado na reunião interdisciplinar semanal, a fim de definir estratégias que contribuíssem para reabilitação do paciente e adesão da família aos cuidados propostos. Conclusão: Observa-se neste estudo que a intervenção interprofissional tem sido relevante, cau-sando um impacto positivo ao paciente e seus familiares, já que, após dez meses da admissão no serviço, não houve reinternações.

Palavras-chave: Interdisciplinar. Impacto. Reinternações. Intervenções.

O tempo de atendimento de curativo domiciliar em um pé diabético para sua total evolução em uma paciente sem adesão às orientações da enfermeira

Autores: Dorneles MSV, Giacian DF, Fujiyama VT. Instituição: Vidalar - Assistência Domiciliar em Saúde.E-mail: [email protected]

Introdução: Pé diabético é a situação de infecção, ulceração e/ou também destruição de tecidos pro-fundos dos pés, associados com anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores. O tempo de realização de curativo em um paciente com diagnóstico de pé diabético varia de acordo com a aderência do paciente ao tratamento e suas comorbidades. O estudo realizado foi fundamen-tado em dados coletados no prontuário eletrônico da Vidalar, no período de 18 de abril a 31 de agosto de 2018. Paciente E.M.P., 74 anos, realizava curativo estéril diário, sendo limpa com soro fisiológico e gaze estéril, com aplicação de uma fina camada de alginato de cálcio e sódio e gel hidratante. A paciente apresentou dificuldades em aderir às orientações feitas pelo enfermeiro, pois realizava serviços domésticos em terreno que possuía em casa. Ainda não utilizava muletas para se locomover, fazendo a fricção da ferida e levando a sujidades. No entanto, observou-se uma cicatrização bastante eficiente para a patologia apresentada. As dificuldades nas ade-rências às orientações, teoricamente, retardam o tempo de cicatrização da ferida. Apesar de a cicatrização em pacientes com DM ser lenta, a paciente em questão mostrou que sua cicatrização está boa, visto que sua glicose está descontrolada.

Palavras-chave: Pé diabético. Curativo. Enfermeiro.

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Comparativo entre os custos do paciente atendido pelo Serviço de Atenção Domiciliar e pela unidade de internação hospitalar em um hospital público estadual

Autores: Junqueira SLSS, Duarte HHS. Instituição: Hospital Regional do Mato Grosso do Sul.E-mail: [email protected]

Introdução: Os gestores de saúde no cenário atual devem conhecer os custos hospitalares e reconhecer o papel que cumprem na busca de resultados positivos, visando a uma alta qualidade com custo reduzido (FRANCISCO; CASTILHO, 2002). Outra necessidade emergente é a resolução do problema da falta de lei-tos hospitalares, que aumenta proporcionalmente ao crescimento populacional e à transição epidemiológica. Objetivo: Demonstrar, por meio dos custos, que a atenção domiciliar é uma estratégia com alta resolutivi-dade e viabilidade financeira. Metodologia: Análise de prontuários faturados no Hospital Regional do Mato Grosso do Sul e análise dos gastos com transporte, equipamentos, materiais, medicações e recursos humanos do SAD-HRMS. Resultados: Custo diário do leito no HRMS é de R$ 500,00, perfazendo em 30 dias um custo de R$ 15 mil. No Serviço de Atenção Domiciliar, o custo médio mensal gira em torno de R$ 180 mil para atendimento de 60 pacientes por mês; logo, dividindo-se pela quantidade de pacientes, o valor fica em média de R$ 3 mil para 30 dias de atendimento. Nessa comparação, vê-se um custo cinco vezes menor no atendi-mento domiciliar. Ao analisar os indicadores do serviço, pode-se observar uma redução nas reinternações com atendimento das intercorrências no próprio domicílio. Conclusão: A atenção domiciliar demonstra ser tão eficaz nas ações em saúde que as unidades hospitalares, já que tem como base a manutenção do paciente no domicílio assistido integralmente, garantindo segurança assistencial, apoio aos familiares e cuidadores e toda a estrutura tecnológica necessária para suporte dele, com a vantagem do baixo custo para manutenção do serviço.

Palavras-chave: Custo. Resolutividade. Domiciliar.

O gerontólogo como gestor do cuidado formal domiciliar: um olhar da fenomenologia social

Autores: Teixeira JMS, Chubaci RYS. Instituição: Universidade de São Paulo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades.E-mail: [email protected]

Introdução: A estrutura familiar brasileira vem passando por modificações, e, atualmente, fica cada vez mais difícil que o cuidado fornecido ao idoso venha da família. Algumas empresas privadas já contam com a oferta de cuidadores de idosos para atendimento domiciliar, com a inclusão de gerontólogos na gestão do cuidado. Objetivo: Compreender o significado do gerontólogo bacharel como gestor do cuidado formal domi-ciliar, na perspectiva dos gerontólogos e cuidadores envolvidos diretamente no cuidado ao idoso. Metodologia: A pesquisa qualitativa teve como referencial metodológico a fenomenologia social. Foram entrevistados 20 participantes que trabalhavam em empresas de atendimento domiciliar localizadas na cidade de São Paulo, dos quais 15 eram cuidadores formais, e 5, gerontólogos. Os depoimentos foram coletados por meio de pergun-tas norteadoras, gravados e transcritos. Para análise dos dados, foi realizada a categorização dos significados a partir da redução fenomenológica. Resultados: Foi possível verificar que os gerontólogos: zelam pelo cuidado à saúde do idoso; capacitam e orientam os cuidadores de idosos; dão suporte integral e eficaz aos cuidadores; gerenciam os conflitos familiares; auxiliam o cuidador na adaptação com o paciente etc. Conclusão: A compre-ensão dos significados do gerontólogo como gestor do cuidado formal domiciliar mostra que esse profissional, com sua formação generalista e interdisciplinar sobre o envelhecimento e a velhice, consegue desenvolver uma visão integral do idoso, compreender e atender suas necessidades biopsicossociais, trabalhar em equipe e atuar ativamente na assistência ao idoso. Os cuidadores entrevistados apresentaram uma visão definida e positiva em relação à atuação do gerontólogo. Enfatizaram que a falta de uma gestão gerontológica gera insegurança ao cuidador, desconforto para família, além de afetar, diretamente, a qualidade do cuidado prestado.

Palavras-chave: Gerontologia. Assistência domiciliar. Cuidadores.

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Perfil do nível de competência dos profissionais técnicos de enfermagem cooperados de um home care

Autores: Jesus SES, Teles RS, Oliveira GRSA. Instituição: SOS VIDA.E-mail: [email protected]

A validação do nível de competência (NCT) surgiu da necessidade de a instituição garantir a habilidade dos técnicos que estão prestando assistência no domicílio. A validação consiste na demonstração prática dos procedimentos técnicos descritos no instrumento preestabelecido. Desse modo, a instituição busca agrupar os técnicos de enfermagem cooperados por nível de competência técnica. O estudo tem como objetivo demons-trar o perfil do nível de competência técnica dos técnicos de enfermagem que prestam serviços a uma instituição privada de home care. Foram levantados o NCT de todos os técnicos de enfermagem cooperados desde agosto de 2017 a agosto de 2018, de acordo com os critérios preestabelecidos, para uma avaliação das competências e habilidades técnicas. Atualmente, há os seguintes números de profissionais para atendimento dos domicílios de acordo com as competências técnicas: NCT 2 - precisa demonstrar aptidão para todos os procedimentos desse nível (307 técnicos); NCT 3 - precisa demonstrar aptidão para todos os procedimentos do nível 2 e nível 3 (113 técnicos); NCT 3/VM - precisa demonstrar aptidão para todos os procedimentos do nível 2, nível 3 e nível 3/VM (87 técnicos). Os profissionais que não conseguirem demonstrar todos os procedimentos de cada nível são encaminhados para treinamentos práticos para que possam desenvolver a habilidade necessária e depois são convocados novamente para outra validação. Após o processo de validação feita pela home care, foi evidenciada uma maior segurança das habilidades dos profissionais enviados aos domicílios, com diminuição dos números de incoerências e maior confiabilidade dos pacientes. Com a visualização no sistema do nível de competência dos técnicos de enfermagem, é possível que os enfermeiros consigam um melhor cruzamento da escala versus necessidade dos pacientes.

Palavras-chave: Home care. Técnico de enfermagem. Competências.

Desenvolvimento de uma proposta de educação permanente em cuidados prolongados para a atenção domiciliar

Autores: Hanashiro M, Guimarães TAA, Peric ZAM. Instituição: Hospital Auxiliar de Suzano do HCFMUSP.E-mail: [email protected]

Segundo a OMS, as doenças crônicas não transmissíveis são a maior causa de morte no mundo, sendo fundamental que as Redes de Atenção à Saúde se organizem para prevenção e tratamento dessas doenças. Nesse contexto, observa-se que, embora as equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADs) tenham potencialidade para atender a essa população com necessidades complexas, há dificuldades em qualificar seus profissionais para essa tarefa, o que constitui uma barreira à desospitalização desses pacientes. Em vista dessa situação, o Hospital Auxiliar de Suzano (HAS), em conjunto com EMADs da região do Alto Tietê (SP), desen-volveu um curso sobre cuidados prolongados com base no conceito de paciente complexo. Foram adotados quatro eixos temáticos: 1) condição crônica, 2) assistência às limitações funcionais, 3) necessidades psicossociais e 4) organização dos recursos de saúde. Conjuntamente às aulas expositivas, realizaram-se simulação de proce-dimentos práticos (cuidados de ostomias, ventilação mecânica e curativos) e visitas monitoradas às enfermarias. A extensão do curso foi de 40 horas, distribuídas em 11 semanas, destinado especificamente aos profissionais do Programa Melhor em Casa da região. Participaram do curso 27 profissionais de EMADs de cinco muni-cípios da região (Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Arujá). O conteúdo foi avaliado como excelente ou bom por 100% dos participantes. Essa cooperação abriu a perspectiva para conso-lidação da educação permanente em cuidados prolongados na região por meio da oferta sistemática de cursos para as EMADs. O vínculo entre HAS e EMADs também está propiciando construção de uma rede referencia-da regional para cuidados prolongados, visando oferecer retaguarda de leitos para os pacientes com perfil AD3.

Palavras-chave: Educação. Domicílio. Cuidado.

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Prevalência de polifarmácia em idosos atendidos regularmente por equipe de home care: estudo descritivo retrospectivo

Autores: Teixeira AFA, Figuereido CA, Lopes SSS, Guimarães CP, Teixeira APR. Instituição: Captamed Cuidados Continuados.E-mail: [email protected]

Introdução: Em 2025, estima-se que o Brasil venha a ser o sexto país com maior número de idosos. A literatura médica mostra que de 30 a 80% dos idosos fazem uso de polifarmácia, elevando o risco de iatrogenias. Ademais, calcula-se que 30% das internações de idosos se relacionam com reações adversas a medicações, sen-do a quinta causa de óbito entre idosos. Objetivo: Identificar a prevalência de polifarmácia em idosos acompa-nhados por equipe multidisciplinar do Serviço de Atenção Domiciliar em Belo Horizonte e Região Metropolita-na. Métodos: Para o estudo, foi realizada seleção, aleatória, de 100 prontuários de pacientes com idade superior a 60 anos de duas equipes de atendimento domiciliar. Os dados foram consolidados e analisados em tabelas e gráficos por descrição de idade, gênero, comorbidades e medicações em uso. Resultados: Dos 100 casos avalia-dos, 86% correspondiam a pacientes do sexo feminino. As doenças mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (52%), demências (46%), diabetes mellitus (18%) e dislipidemia (13%). Desses casos avaliados, 51% faziam uso de polifarmácia, corroborando o dado nacional, com uma média de uso de 6,3 medicamentos por paciente. Entre as classes de medicações inapropriadas mais prescritas estão benzodiazepínicos, antipsicóticos e antidepressivos. Conclusão: A prevalência de polifarmácia, neste estudo, mostrou-se semelhante às taxas nacionais. O dado evidencia a dificuldade comum que representa a desprescrição no idoso. Visando superar essa dificuldade, a empresa avaliada tem estabelecido estratégias, como instituição de farmácia clínica, dissemi-nação de protocolos, monitoramento das reações adversas a medicamentos (RAM), treinamentos frequentes e integração do paciente/família na cultura de segurança do paciente. Ainda assim, a prática da desprescrição é desafiadora, requerendo esforços coletivos e capacitação médica contínua.

Palavras-chave: Polifarmácia. Desprescrição. Medicações inapropriadas. Home care.

O perfil epidemiológico dos pacientes oncológicos em internação domiciliar na região central do Distrito Federal

Autor: Carvalho VV. Instituição: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.E-mail: [email protected]

Introdução: O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da região central do Distrito Federal possui três EMADs e uma EMAP, sendo composto de 33 funcionários efetivos, além de residentes de algumas especialida-des. Presta assistência domiciliar a pacientes com doenças crônicas e crônico-agudizadas, sendo a maioria ido-sos e em cuidados paliativos, possibilitando uma assistência mais humanizada e com menos riscos de agravos. Objetivo: Conhecer o perfil dos pacientes oncológicos que estejam em internação domiciliar na região central do Distrito Federal. Metodologia: Busca de dados nos prontuários físicos dos pacientes ativos no PID dessa região, utilizando-se de uma tabela estruturada. Resultados: Verificou-se que, em um total de 118 pacientes efetivos no serviço, 3,38% apresentavam diagnóstico oncológico, enquanto 50,84% possuíam algum tipo de demência e 27,11% tinham algum tipo de doença respiratória não associada ao câncer. Dos pacientes oncoló-gicos, 100% eram idosos, 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino; 50% possuíam menos de um ano de diagnóstico, e 50%, entre um e cinco anos de diagnóstico; 100% haviam sido submetidos à quimioterapia; nenhum realizou radioterapia; 75% foram submetidos a algum procedimento cirúrgico relacionado ao câncer; 75% eram procedentes do hospital; 50% possuíam menos de um ano de admissão no programa; 25% possuíam câncer de mama, 25%, de base de língua, 25%, de orelha, e 25%, da medula espinhal. Conclusão: Os resultados encontrados demonstram que o SAD dessa região deve se vincular à rede de assistência ao cuidado do paciente com câncer. Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes da região ajuda no planejamento de ações de linhas de cuidado e na construção de políticas de saúde pública na região.

Palavras-chave: Epidemiologia. Internação domiciliar. Câncer.

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Intercorrências clínicas domiciliares e importância do plantão para a redução das hospitalizações

Autores: Teixeira AFA, Lopes SSS, Vieira K, Teixeira APR, Guimarães CP. Instituição: Captamed Cuidados Continuados.E-mail: [email protected]

Introdução: O envelhecimento populacional e o aumento de doenças crônico-degenerativas são os prin-cipais fatores responsáveis pelo desenvolvimento das práticas de cuidado em âmbito domiciliar. Nesse contex-to, torna-se necessário que os serviços de atenção domiciliar busquem as melhores práticas e alternativas ino-vadoras a fim de garantir qualidade na assistência e redução do número de hospitalizações. Objetivo: Analisar o perfil de intercorrências clínicas de pacientes atendidos pelo plantão 24 horas de um serviço privado de atenção domiciliar. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo da análise das intercorrências clínicas entre o período de setembro de 2017 e agosto de 2018. Resultados: Foram contabilizados 10.620 atendimentos de intercorrências clínicas. Entre as principais queixas, verificou-se que sintomas respiratórios representavam a maior parte das intercorrências (24,32%), seguidos de prostração (10,68%) e sintomas urinários (5,94%). Aplicando os fluxos de gerenciamento de intercorrências clínicas, foi possível resolver 90% delas no domicílio, evitando o encaminhamento do paciente à atenção hospitalar. No período avaliado, as taxas de hospitalização geral do serviço oscilaram entre 5,7% e 4,3%. Conclusão: Sintomas respiratórios representam o maior número de intercorrências clínicas em domicílio, seguidos de prostração e sintomas urinários. A presença de plantão 24 horas e a aplicação de fluxos de gerenciamento de intercorrências evitaram a hospitalização desses pacientes em mais de 90% dos casos. Observa-se que as taxas de hospitalização do serviço foram menores que as taxas publicadas pelo pela União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (19,9%). Conclui-se que a expan-são da atenção domiciliar e o seu aprimoramento contínuo podem contribuir não só para a redução efetiva das taxas de hospitalizações, mas também para a reorganização dos sistemas de atenção à saúde.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Plantão de intercorrências. Hospitalizações.

Óbito domiciliar: um estudo transversal e retrospectivo de pacientes acompanhados por um serviço privado de atenção domiciliar

Autores: Teixeira AFA, Guimarães CP, Lopes SSS, Palmieri NNB, Teixeira APR. Instituição: Captamed Cuidados Continuados.E-mail: [email protected]

Introdução: O aumento da expectativa de vida e da prevalência de doenças crônicas e degenerativas au-mentou o número de pacientes assistidos em domicílio e de óbitos domiciliares. Há grande relevância na ava-liação desses óbitos em serviços de atenção domiciliar, pois revela um dos critérios da efetividade desse tipo de cuidado. Objetivos: Analisar as causas de óbitos domiciliares dos pacientes atendidos em um serviço privado de atenção domiciliar em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Método: Análise quantitativa e qualitativa quanto às causas dos óbitos domiciliares, no período de janeiro de 2016 a julho de 2018, de pacientes de serviço privado de atenção domiciliar em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Foram avaliados os protocolos das declarações de óbitos recebidos e os dados de prontuário eletrônico. Resultados: Entre janeiro de 2016 e julho de 2018, ocor-reram 449 óbitos domiciliares, que representam 29,42% dos óbitos totais do período. As causas mais prevalentes foram: pneumonia, infecção do trato urinário, insuficiência renal aguda e câncer. Muitas causas foram declara-das como indeterminadas, no entanto esse número reduziu progressivamente. Conclusão: A empresa apresenta uma boa taxa de óbito domiciliar, com potencial de crescimento. As causas dos óbitos refletem a fragilidade e as múltiplas comorbidades dessa população, e isso também pode justificar a dificuldade de definição das causas imediatas de óbitos. No entanto, a melhoria dessa definição com o tempo reflete o cuidado continuado da equipe assistencial e a efetividade dos treinamentos mensais em diversos temas geriátricos e de cuidados paliativos dire-cionados às equipes assistenciais e oferecidos pela empresa. Dessa forma, o estudo permitiu uma reflexão acerca das medidas de aprimoramento desse cuidado com foco no óbito domiciliar assistido com qualidade.

Palavras-chave: Óbito domiciliar. Home care. Cuidados paliativos.

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Perfil epidemiológico de fisioterapia dos pacientes em atendimento domiciliar de uma operadora de plano de saúde de uma capital brasileira

Autores: Estacheski IM, Macena BCC. Instituição: Unimed.E-mail: [email protected]

Introdução: O intuito deste trabalho é traçar o perfil epidemiológico e o foco da reabilitação de um Serviço de Atenção Domiciliar na saúde suplementar. Com esses dados, pode-se identificar o perfil do usu-ário e ter como base possíveis medidas preventivas. Objetivo: Traçar o perfil epidemiológico e identificar o foco da reabilitação do paciente em atendimento domiciliar em uma operadora de plano de saúde de uma capital brasileira. Metodologia: Estudo observacional de caráter transversal com a amostra de pacientes aten-didos no período de agosto de 2017 a agosto de 2018, obtidos por meio de prontuário eletrônico. Foi utili-zada análise descritiva das variáveis sexo, idade, cidade e foco da reabilitação. Resultados: Amostra composta da quantidade total dos beneficiários que receberam e recebem atendimento fisioterapêutico domiciliar. Os usuários que mais utilizaram o serviço eram do sexo feminino (59%), com idade entre 7 meses e 103 anos, concentrando-se na faixa etária de 81 a 90 anos (34% do total), sendo que 77% tinham acima dos 61 anos e 84% residiam na capital. Quanto à reabilitação fisioterapêutica, a grande demanda (55%) foi de reabilitação cardiopulmonar (broncoaspiração, pneumonia, infecção pulmonar, DPOC descompensado), seguida da rea-bilitação neurológica (27%) (sequela de AVC/TRM/neurocirúrgicas) e reabilitação motora (13%) (fratura de fêmur ou quadril). Naqueles em uso contínuo de ventilação mecânica invasiva (6%), a reabilitação ofertada foi tanto cardiopulmonar como a neurológica. Conclusão: Concluiu-se que a maioria dos usuários era do sexo feminino, residia na capital, com faixa etária predominante de 81 a 90 anos, e o foco da fisioterapia foi cardiopulmonar. Com esses dados, há possibilidade de nortear medidas preventivas, principalmente para o público com idade acima de 71 anos.

Palavras-chave: Fisioterapia. Serviços de atenção domiciliar. Epidemiologia.

Morte assistida em domicílio: ressignificando a vida e o luto

Autores: Rossi PRG, Mansano AP, Muzel N. Instituição: SPDM - Hospital Municipal Vereador José Storopolli.E-mail: [email protected]

Dentro da proposta da arquitetura condicionada ao sonho realizável na assistência domiciliar, citando a temática desse evento, não é incomum se deparar com situações que fogem da prática assistencial habitual para entender a morte como processo do cuidar. Em toda formação assistencial (médica, de enfermagem ou multidisciplinar), o foco e o objetivo, de modo geral, esbarram na cura. Não se prepara para o não curar, mesmo sabendo que ele inevitavelmente faz parte do processo. Na assistência dentro dos domicílios, tem-se a experiência ampliada do cuidado, com a possibilidade de aceitar e vivenciar com os assistidos essas experi-ências de não cura. A paciente G.S.M., 94 anos, foi admitida com quadro de paliativo geriátrico, evoluindo a óbito na residência em aproximadamente cinco meses. Na identificação do processo imediatamente anterior à morte, a equipe acessou a residência, realizando uma das mais complexas formas de cuidado: assistir um paciente em seu processo de morte. Todo o tempo transcorrido entre a identificação dos sinais de morte iminente e o preparo do corpo para velório foi acompanhado pela equipe assistencial, fortalecendo o luto familiar, preservando direitos e dignidade da assistida, até a realização de seu último desejo: morrer ao som de uma música que trazia para ela o contexto do cuidado paliativo que recebeu a ressignificação da vida. No momento da partida, a equipe que a assistia cantou “Deixa a Vida me Levar”, de Zeca Pagodinho, ao lado dos amores de toda uma vida ressignificada: sua família. Então, longe do ambiente frio, solitário e impessoal dos serviços hospitalares, descansou.

Palavras-chave: Ressignificar. Não curar. Luto. Arquitetura.

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A importância da assistência domiciliar como um componente para a estruturação dos cuidados paliativos

Autores: Mansano AP, Muzel Neto ND, Rossi P, Leal AP. Instituição: SPDM - Hospital Municipal Vereador Jose Storopolli.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar, modalidade assistencial de saúde integrada às Redes de Atenção à Saúde, é caracterizada por ações preventivas, promoção à saúde, reabilitação e paliação no domicílio, sendo complementar aos cuidados exercidos pela atenção básica, serviços de urgência e substitutivo à internação hospitalar, possibilitando que os princípios norteadores e humanizados do SUS cheguem até os domicílios. Objetivo: Ressaltar a importância da assistência domiciliar como um componente na estru-turação e no gerenciamento dos casos em cuidados paliativos. Metodologia: Relato de caso. Descrição: Pa-ciente F.S.S.J., 62 anos, diagnosticado com adenocarcinoma moderadamente diferenciado de cólon ascen-dente, deu entrada no Programa de Atendimento Domiciliar necessitando de cuidados clínicos por causa da síndrome consumptiva decorrente da patologia de base e de capacitação dos cuidados exercidos pela esposa, sendo a principal demanda a angústia da família diante da imprecisão quanto às futuras condutas a ser tomadas, uma vez que, segundo relato da família, saem das consultas com especialistas sem que saibam como o caso será conduzido. O prognóstico do paciente continua nebuloso mesmo após tentativa, frus-trada, de contato com o centro de especialidade de referência, impossibilitando, assim, um planejamento terapêutico mais eficaz. Conclusão: A assistência domiciliar poderá exercer um papel de gestão nas linhas de cuidados paliativos, uma vez garantido o acesso direto aos serviços de saúde terciários e quaternários. A estruturação dos cuidados compartilhados poderá ser composta de todos os serviços envolvidos, garan-tindo, assim, o trânsito ideal de informações entre os serviços de especialidades e os familiares, visando à otimização do tempo remanescente do paciente assistido, bem como a um planejamento terapêutico singular mais humanizado.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Cuidados paliativos. Gestão.

Fatores determinantes do cuidado domiciliar por meio de uma equipe multiprofissional

Autores: Nobbis R, Ferreira G. Instituição: Unimed Uberaba.E-mail: [email protected]

Introdução: O presente trabalho relata a experiência vivenciada pela equipe multiprofissional no acom-panhamento domiciliar ao paciente M.O.L., 60 anos, etilista, tabagista e diabético, com diagnóstico médico de AVE, síndrome de Locked-In (encarceramento) e meningite. Desenvolvimento: O acompanhamento domiciliar iniciou-se em 09/04/2018 após 30 dias de internação. Paciente estava acamado totalmente e dependente de cuidados, não verbalizava, com alimentação por sonda nasoenteral, traqueostomizado, sem auxílio de oxigênio. A família não tinha condições socioeconômicas para aquisição de recursos materiais e sociais, além de apresentar segurança domiciliar e referência de cuidados e autocuidados precárias. Objetivo: A equipe multiprofissional, por meio de visitas domiciliares, realizou um trabalho mostrando a importância de questões de higiene pessoal do paciente e dos familiares cuidadores, cuidados com o domicílio, cuidados com a alimentação e (res)significar questões culturais, além de um apoio emocional aos familiares cuidadores. Foram traçados pelos profissionais planos de cuidados específicos, possibilitando uma intervenção mais efe-tiva nas mudanças e firmando um cuidado satisfatório e uma parceria entre equipe de cuidados e familiares cuidadores. Resultados: A sobrecarga dos cuidados para com o paciente e a reaprendizagem da importância dos cuidados foram superados. Pode-se afirmar também que o acompanhamento multiprofissional tem tra-zido uma avaliação positiva, e o impacto na situação de saúde reforça o lar como um ambiente terapêutico e seguro para o cuidado.

Palavras-chave: Domicílio. Cuidador. Equipe.

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Acompanhamento nutricional domiciliar no tratamento de úlcera de pressão

Autores: Nobbis R, Ferreira G. Instituição: Unimed Uberaba.E-mail: [email protected]

Introdução: Paciente M.O.L., 60 anos, sexo masculino, etilista, teve um AVE em março de 2018, evoluindo para síndrome de Locked-In (encarceramento) e meningite em hospital, permanecendo in-ternado por 30 dias. Apresentava-se acamado, não contactuante, sem abertura ocular espontânea, com traqueostomia em ar ambiente, sonda nasoenteral e eliminações fisiológicas em fralda. Desenvolveu lesão por pressão em região sacral, trocânteres, maléolos e ombro direito, desde abril de 2018. Desenvolvimen-to: Após alta hospitalar, paciente iniciou acompanhamento pela equipe multidisciplinar do Programa de Gerenciamento de Casos Complexos, em que foi traçado um plano de cuidados para o paciente, para tra-balhar o autocuidado e ressignificar questões culturais. Por causa da desnutrição e das úlceras de pressão, foi necessário entrar com suplemento para melhorar aporte proteico-calórico, além dos curativos domici-liar realizado pela equipe de intervenção específica. Foi preciso mudar a dieta enteral prescrita no hospital para dieta de 1,5 kcal/ml. O suplemento utilizado hiperproteico apresentava o aminoácido prolina, sendo um dos componentes primários da proteína colágeno, o tecido que liga e dá sustentação a todos os outros tecidos, além de conter arginina, fornecendo, assim, aporte necessário para cicatrização. Resultados: Após intervenção específica e melhora no aporte proteico-calórico, pôde-se observar a melhora na cicatrização das úlceras de pressão. Conclusão: O acompanhamento nutricional é fundamental para o controle da ingestão proteico-calórica, pois tem influência na recuperação tecidual. O uso do suplemento contendo prolina e arginina ajuda no processo cicatricial.

Palavras-chave: Nutricional. Suplementação. Úlcera de pressão.

Perfil de usuários provenientes de decisão judicial para internação domiciliar no município do Rio de Janeiro - 2018

Autores: Abreu GP, Marano GCL, Monteiro DM, Deslandes AKM, Gomes JLF. Instituição: Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

A Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016, que aumentou a complexidade dos usuários de atenção do-miciliar, foi publicada posteriormente à assinatura do contrato com a Organização Social de Saúde que faz a gestão do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI) do Rio de Janeiro, cujo escopo não previa usuários que necessitassem de tecnologias mais complexas. Assim, os usuários provenientes de decisões ju-diciais com esse perfil têm as suas necessidades supridas por contratação de empresas privadas prestadoras de serviço de internação domiciliar pela Prefeitura. O presente trabalho tem por objetivo analisar o perfil de usuários, atualmente, em internação domiciliar por decisão judicial. Trata-se de um estudo transversal com análise de dados secundários. Foi usada a planilha de controle de usuários de 2018 da Assessoria de Progra-mas de Desospitalização e analisadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, diagnóstico, área de residência e utilização de ventilação mecânica. Utilizou-se o Excel para a análise dos dados. Atualmente, existem 27 pacientes em internação domiciliar por decisão judicial. Resultados: A maioria é do sexo masculino, com idade entre 5 e 9 anos. O diagnóstico mais frequente é paralisia cerebral. Grande parte dos usuários reside na área de planejamento, e 63% deles são dependentes de ventilação mecânica. Considerações finais: O elevado índice de pacientes dependentes de tecnologia impacta na absorção deles pelo PADI. Assim, com o aumento, em futuro próximo, da abrangência da complexidade do PADI, tais usuários passarão a ser assistidos por esse programa, garantindo, assim, uma melhor inclusão e controle pela rede própria de atenção à saúde do município do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Decisão judicial. Internação domiciliar. Perfil.

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Genograma: um novo subsídio para seleção dos aparelhos de reabilitação

Autores: Perroti MRC, Oliveira BCP, Silva JM. Instituições: Centro Universitário São Camilo, JMS Ciência e Saúde e JMDS Reabilitação Integrada.E-mail: [email protected]

Introdução: A dinâmica familiar tem sido alvo de muitos estudos, pois está associada à baixa adesão a determinadas terapêuticas e ao insucesso de processos de assistência, entre eles a reabilitação. O adoeci-mento implica o rearranjo familiar e traz repercussões à vida do enfermo e de sua família. A compreensão da dinâmica familiar no adoecimento favorece a implementação de estratégias específicas que atendam às demandas e possibilitem ao profissional de saúde a interferência na tomada de decisões que favoreçam a díade paciente-família. O genograma está descrito na literatura como uma das formas de avaliação gráfica das relações familiares e é recomendado pelo Ministério da Saúde. Objetivo: Propor o uso do genograma para indicar o aparelho de reabilitação que melhor atende às demandas do paciente e da família. Metodo-logia: Foi proposto um fluxo de encaminhamento para reabilitação, em que o genograma foi utilizado para auxiliar a seleção do serviço mais adequado ao paciente e à família. Resultados: O fluxo de encaminha-mento compreende o reconhecimento da necessidade de reabilitação pelos profissionais de saúde; avalia-ção biopsicossocial com base no modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; classificação da prioridade para início da reabilitação; confecção do genograma; definição dos tipos de rede de suporte familiar; seleção e encaminhamento para o serviço de reabilitação; verificação da adesão do paciente e família. Conclusão: A seleção dos aparelhos de reabilitação para pacientes deve con-siderar sempre a dinâmica familiar, e não somente a disponibilidade de serviços ou o prejuízo funcional apresentado. Essa estratégia poderia otimizar a utilização dos recursos do sistema de saúde e aumentar a adesão e a satisfação dos envolvidos.

Palavras-chave: Relação familiar. Reabilitação. Assistência domiciliar. Assistência à saúde.

O perfil epidemiológico dos pacientes com câncer de pulmão internados no PID do Distrito Federal

Autor: Carvalho VV. Instituição: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.E-mail: [email protected]

Introdução: O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do Distrito Federal possui 17 EMADs e 7 EMAPs, que fornecem, atualmente, atendimento a 801 usuários. Essas equipes prestam assistência domiciliar a pacientes com doenças crônicas e crônico-agudizadas, sendo a maioria idosos e em cuidados paliativos, possibilitando uma assistência mais humanizada e com menos riscos de agravos. Objetivo: Conhecer o perfil dos pacientes com câncer de pulmão que estejam em internação domiciliar nos SADs do Distrito Federal. Metodologia: Busca de dados por meio de planilhas de informações fornecidas mensalmente pelas equipes à Gerência de Serviços de Atenção Domiciliar. Resultados: Verificou-se que, em um total de 801 pacientes efetivos no serviço, apenas 77 (9,61%) apresentavam diagnóstico de câncer, dos quais 6 (7,79%) tinham câncer de pulmão como causa da internação no SAD. Entre os pacientes com câncer de pulmão, 100% eram idosos, 33,33% do sexo masculino e 66,66% do sexo feminino; 16,66% possuíam menos de um ano de diagnóstico, 16,66%, entre um a cinco anos, e 66,66%, com mais de dez anos de diagnóstico; nenhum deles foi submetido a procedimento de quimioterapia, radioterapia ou realizou procedimento cirúrgico relacionado ao câncer; 16,66% eram procedentes do hospital, e 83,33%, de demanda espontânea; 100% tinham menos de um ano de admissão no programa; 16,66% eram domiciliados na região oeste do Distrito Federal, 66,66%, na região sudoeste, e 16,66%, na região centro-sul. Conclusão: Os resultados encontrados demonstram que os SADs do Distrito Federal ainda não se encontram vinculados aos serviços ambulatoriais e hospitalares de atendimento a esse tipo de câncer, bem como demons-tram que se deve construir um fluxo para atendimento desses pacientes, tendo a atenção domiciliar como uma possibilidade de ponto de cuidado.

Palavras-chave: Epidemiologia. Internação. Domiciliar. Câncer. Pulmão.

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Perfil de usuários em atendimento domiciliar

Autores: Neves VFA, Oliveira GRSA. Instituição: SOS Vida e Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.E-mail: [email protected]

Introdução: A assistência ao indivíduo no domicílio requer do enfermeiro e de sua equipe habilidades peculiares para a prestação do cuidado. Dessa maneira, as situações que se apresentam na atenção domiciliar (AD) são influenciadas pelo perfil dos pacientes que expõe o profissional a novas experiências. Objetivo: Caracterizar o perfil dos indivíduos admitidos na AD e identificar quais as condições de alta após cuidado multiprofissional. Metodologia: Trata-se de um estudo documental de caráter quantitativo em uma unidade privada de referência em AD na cidade de Salvador/BA. Foram selecionados 247 prontuários por amostra-gem aleatória simples. O critério de inclusão foi: adultos e idosos de ambos os sexos que foram admitidos na AD de janeiro de 2017 a agosto de 2018. Já o critério de exclusão foi: prontuários que não tiveram todas as informações pertinentes. Resultados parciais: 59% dos pacientes eram do sexo feminino; 30% tinham idade entre 81 e 90 anos, 26%, com idade entre 71 e 80 anos, 14%, acima de 91 anos, e 30%, abaixo de 70 anos; 15% eram traqueostomizados, e 24%, gastrostomizados; 41% apresentavam algum tipo de lesão, sendo que 62,6% deles eram lesões por pressão; 69% possuíam HAS, 32%, AVCI, e 12%, AVCh; 47% continuaram em atendimento domiciliar, sendo que 13% foram a óbito, 18% foram transferidos para uma unidade hospitalar e 22% tiveram alta clínica. Houve uma predominância de usuários ostomizados, com doenças cardiovascu-lares e cerebrovasvasculares, principalmente as sequelas de AVC. Conclusão: A caracterização desses indiví-duos facilitará o gerenciamento do cuidado a ser prestado especificamente para cada usuário e a elaboração de estratégias de alta domiciliar. Portanto, o conhecimento do perfil estimula o aperfeiçoamento de práticas de cuidado e o desenvolvimento de habilidades específicas, proporcionando para a população assistida maior qualidade na assistência.

Palavras-chave: Cuidado domiciliar. Perfil epidemiológico. Equipe multiprofissional.

Cuidados masculinos na assistência domiciliar

Autores: Ghiotto SRFC, Ferreira NPLP, Izola SO, Paula CCC. Instituição: Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI) do Instituto Central do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.E-mail: [email protected]

Introdução: A maioria dos cuidadores de pacientes dependentes é do sexo feminino, entretanto se ob-serva a presença de cuidadores masculinos no Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI). O serviço compreende o atendimento de pacientes que são encaminhados tanto dos institutos do Hospital das Clínicas quanto da rede referenciada da atenção básica dentro do perímetro abrangido. Os requisitos para inclu-são dos pacientes no Núcleo são: possuir cuidador responsável legal, residir na área de abrangência, apresentar dificuldades de locomoção e estabilidade clínica. A equipe multiprofissional é composta de médicos, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Objetivo: Destacar a proporção de cuidados masculinos na atenção domiciliar e a questão de gênero relacionada. Método: A pesquisa foi realizada no NADI do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trata-se de um levantamento dos dados obtidos dos prontuários de pacientes atendidos que dispõem de cuidadores masculinos. Resultado: De um universo de 100 pacientes atendidos pelo NADI, 20% eram cuidados por homens; 35% eram mantenedores financeiros e cuidadores operacionais; 65% eram responsáveis legais pelos cuidados e contavam com auxílio de familiares ou contratados, quase na sua totalidade mulheres, para a realização dos cuidados. Conclusão: Culturalmente os cuidados estão voltados ao gênero feminino, condição historicamente construída, na qual o lugar tradicional da mulher é o espaço doméstico. Ao homem é atribuído a não participação em qualquer cuidado, pois lhe compete a esfera pública. Portanto, pesquisa demonstra que os cuidadores são, na maior parte, mulheres e que, mesmo no universo masculino, a maioria tem um cuidador copartícipe do gênero feminino.

Palavras-chave: Cuidados. Gênero. Atenção domiciliar.

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A complementação do ato de cuidar no domicílio por meio da atuação multidisciplinar pelo Programa de Gerenciamento de Casos Complexos - Unimed Uberaba

Autores: Ferreira G, Nobbis R. Instituição: Unimed Uberaba.E-mail: [email protected]

Neste trabalho, relata-se a experiência vivenciada por meio da atuação de uma equipe multidiscipli-nar do Programa de Gerenciamento de Casos Complexos da Unimed Uberaba na assistência domiciliar a usuários acometidos por doenças que limitam sua capacidade funcional para acesso à rede da operadora de saúde. O programa acompanha usuários com limitações funcionais que demandam cuidado contínuo e dependente de cuidados para as atividades de vida diária. A equipe atua estabelecendo um plano mínimo de cuidado na atenção domiciliar para esse usuário, operacionalizada por meio de visita domiciliar, com ações que vão da educação e prevenção à manutenção da saúde, oferecendo medidas de conforto, contro-le, promoção à saúde e prevenção de agravos. O principal objetivo é facilitar o atendimento aos usuários que apresentam dificuldade de acesso à rede de serviços, viabilizando suporte técnico via assistência do-miciliar e oferecendo atenção também ao cuidador. Percebe-se que a atenção no domicílio proporciona que a assistência e o tratamento aconteçam de forma humanizada, com uma atuação pautada na relação entre paciente-família-equipe. Assim, a equipe atua na interlocução, por meio de escuta e acolhimento de angústias do processo de doença e adoecimento, na complementação de saberes e na efetivação de direitos pelo ato de cuidar no aconchego do lar.

Palavras-chave: Equipe. Domicílio. Cuidados. Assistência.

FMEA como ferramenta de gestão de risco na atenção domiciliar para Certificação ONA

Autores: Santana PA, Martins P, Magela R, Duarte F. Instituição: KZT - Atenção Médica Domiciliar.E-mail: [email protected]

Introdução: A KZT é uma empresa sul-mato-grossense que atende a pacientes tanto na modalidade internação quanto assistência. Possui Certificação ONA II, oferecendo atenção domiciliar interdisciplinar. Utiliza-se da ferramenta de qualidade FMEA (Failure Mode and Effects Analysis, ou Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos), que visa evitar possíveis problemas na execução dos processos, gerando ações de melhorias. Metodologia: O método realiza análise das possíveis falhas que podem ocorrer nas atividades e nas tarefas de um processo. A aplicação da ferramenta é para análise de risco e melhoria na gestão da qua-lidade com o intuito de promover ações que aumentem a probabilidade de detecção de falhas para que não cheguem ao paciente. O primeiro passo para aplicação do FMEA foi organizar um grupo interdisciplinar com conhecimento do processo, mediante as seguintes etapas: determinação dos modos de falha, efeitos da falha, análise de riscos, cálculo do RPN (priorização), por meio da multiplicação dos valores de ocorrência, severidade e detecção. Gera-se uma forma sistemática de hierarquizar informações de falhas dos processos, estabelecendo um sistema de prioridades de melhorias, investimento, desenvolvimento, análises-teste e vali-dação. Resultados: Essa ferramenta de gestão auxiliou na obtenção ONA nível II, pois promoveu a oportu-nidade de prever ocorrências e capturar o conhecimento interdisciplinar, gerando referência ao futuro para evoluções possíveis, visualizar os erros do passado documentados, bem como gerar o incentivo ao constante desenvolvimento. Conclusão: Dessa maneira, foram geradas ações de melhoria do processo e a constante evolução do serviço. Ainda, os indicadores de falhas, o tempo e o custo diminuem, ao mesmo tempo que a confiabilidade e a qualidade do processo aumentam. Esse método ajuda a empresa a manter o foco no clien-te, garantindo sua satisfação e segurança.

Palavras-chave: FMEA. Qualidade. Gestão de riscos.

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Vencendo as barreiras da retração de investimentos na atenção domiciliar no município do Rio de Janeiro

Autores: Marano GCL, Abreu GP, Deslandes AKM, Monteiro DM, Gomes JLF. Instituição: Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

Introdução: O município do Rio de Janeiro conta com 11 equipes multiprofissionais de atenção domi-ciliar (EMADs) e 6 equipes multiprofissionais de apoio (EMAPs). Restrições orçamentárias não permitiram a conclusão do projeto de expansão que previa 45 EMADs e 15 EMAPs para a cidade. Nos hospitais em que as equipes do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI) estão instaladas, a equipe realiza busca ativa dos pacientes. As demais unidades de saúde devem encaminhar o paciente ao PADI por meio da atenção pri-mária, viabilizando o acesso a todos os munícipes. Nesse contexto, o PADI da área de planejamento (AP) 5.3 é responsável também pelo atendimento aos residentes da AP 5.2. No entanto, a AP 5.2, que tem uma extensa área territorial e uma população de 665.198 habitantes (Censo 2010), carecia de mais ações para melhorar o giro de leitos do seu único hospital. Objetivando melhorar a possibilidade de acesso ao PADI e o giro de leito hospitalar, foi estabelecida a busca ativa avançada no Hospital Municipal Rocha Faria (HMRF), realizada por profissional da base do PADI do Hospital Municipal Pedro II - AP 5.3. Essa ação tem sido responsável pela sa-ída em média de 12 pacientes/mês do HMRF para atendimento domiciliar. Considerando que o HMRF possui apenas 78 leitos de enfermaria adulto, cujo tempo médio de permanência está em torno de 11 dias na clínica médica e de 6 dias na clínica cirúrgica, esse número tem sido bastante relevante para melhorar o giro de leito, em razão do grande volume de atendimentos de emergência e internações e por causa da pequena retaguarda interna de leitos de enfermaria.

Palavras-chave: Domiciliar. PADI. Planejamento.

Relato assistencial de paciente com necrose mesentérica e uso de nutrição parenteral total (NPT) em assistência domiciliar: desafio do home care e possibilidade para sobrevida com qualidade

Autores: Gonçalves MJ, Lisboa FF, Rocha LF. Instituição: Nutrivida Ltda.E-mail: [email protected]

Paciente de 37 anos, já submetida à gastroplastia, grávida, foi diagnosticada com isquemia mesentérica e síndrome do intestino curto e passou por vários procedimentos cirúrgicos a partir de julho de 2017. Per-maneceu em internação prolongada, apresentou várias intercorrências – algumas com necessidade de novas intervenções cirúrgicas – e evoluiu com dependência de nutrição parenteral total (NPT). Em fevereiro de 2018, foram solicitadas a avaliação da equipe multidisciplinar do home care e a elaboração de plano de tratamento específico para atenção domiciliar. Ao exame físico, a paciente se encontrava consciente e orientada, expressan-do desejo de ir para casa (onde mantinha convívio familiar com a mãe e o filho, contando com auxílio da mãe como cuidadora principal), ictérica, quadro motor com perda de massa e força muscular generalizada, pele com orifícios (duodenostomia e ileostomia) e ferida operatória (FO) em região abdominal, dreno abdominal à direi-ta, respirando por via aérea normal, em NPT exclusiva e eliminação por fralda e duodenostomia/ileostomia. Considerando as peculiaridades do quadro clínico da paciente, foi indicada a classe de internamento domiciliar (ID-24h/Alta Complexidade), com suporte semanal da equipe multidisciplinar, acompanhamento diário do enfermeiro com instalação da NPT e avaliação clínica, além de retaguarda de plantão 24 horas para quaisquer intercorrências apresentadas. Paciente foi desospitalizada em março de 2018, e a NPT inicialmente se manteve contínua. Após três meses, foi modificada para administração intermitente, fato que propiciou deslocamentos externos à paciente e maior convívio social. Apesar do curto período em assistência domiciliar, propiciou-se à paciente sobrevida com qualidade, atendendo às expectativas de retorno ao domicílio e convívio com o filho e familiares até o óbito assistido.

Palavras-chave: NPT. Assistência domiciliar. Sobrevida.

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Sobrecarga do cuidador de idoso e sua relação com o grau de dependência para atividades básicas do paciente em assistência domiciliar

Autores: Soares LVG, Borges ACN. Instituição: CPG - Centro de Pós-Graduação FCM.E-mail: [email protected]

Introdução: O envelhecimento populacional ocorre em escala mundial. Com o aumento da população de idosos, o número desses pacientes que vivem situações de fragilidade aumenta, surgindo a necessidade de cuida-dos permanentes. Objetivo: Avaliar a sobrecarga dos cuidadores de idosos formais e familiares acompanhados em um Serviço de Atendimento Domiciliar e associar essa sobrecarga ao grau de dependência desses pacien-tes. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado em um Serviço de Atendimento Domiciliar na cidade de Belo Horizonte/MG, com cuidadores formais ou familiares de idosos. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário com a escala de sobrecarga de Zarit, e a funcionalidade foi avaliada pela escala de Katz. Resultados: Foram entrevistados 34 cuidadores, sendo 22 (64,7%) cuidadores familiares e 12 (35,3%) cuidadores formais. Ao avaliar a escala de Katz dos idosos, 27 pacientes (79,5%) eram totalmente dependentes para atividades básicas, e 7 (20,5%), parcialmente dependentes. Em relação à escala de Zarit dos cuidadores familiares, 5 (22,7%) apresentaram sobrecarga leve, 6 (27,3%), sobrecarga moderada, e 11 (50%), sobrecarga grave. Já em relação aos cuidadores formais, sendo todos os pacientes totalmente dependentes, 8 (66,6%) apresentaram sobrecarga leve, 2 (16,7%), sobrecarga moderada, e 2 (16,7%), sobrecarga grave. Con-clusão: O presente estudo evidenciou que a sobrecarga física e emocional do cuidador de idoso é frequente, porém cuidadores familiares sofrem mais com essa sobrecarga, afetando a qualidade de vida. Outro aspecto observado é que, quanto maior a dependência funcional, maior a sobrecarga do cuidador. Uma abordagem para essa população precisa ser preventiva e prioritária, além de orientações, por isso é necessário apoio físico e emocional aos cuidadores.

Palavras-chave: Sobrecarga do cuidador. Cuidador de idosos. Estresse do cuidador.

Análise do custo-efetividade de um Serviço de Atenção Domiciliar

Autores: Borges Junior LH, Mendonça MF, Hattori WT, Azevedo VMGO, Resende ES. Instituição: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar (AD) vem se desenvolvendo como um novo modelo tecno-assisten-cial à saúde, mas ainda carece de evidências quanto ao seu custo-efetividade. Objetivo: Analisar o custo-efe-tividade de um SAD e caracterizar o público usuário do serviço. Material e métodos: Estudo retrospectivo, observacional-analítico dos prontuários de usuários atendidos por um período de 26 meses. Foram coletados dados para analisar o perfil epidemiológico, a efetividade e os custos fixos e variáveis do SAD e da internação hospitalar em leitos de clínica médica para comparar o custo da atenção domiciliar com a hospitalar. Resulta-dos: Analisados 2.008 prontuários, 53,2% eram do sexo feminino e 69,2% tinham acima de 60 anos. A média mensal de admissão pré-hospitalar foi de 78,4%, e a da complexidade foi de 46,2% na AD1, 51,7% na AD2 e 2,1% na AD3. Quanto ao desfecho, a taxa de alta foi de 15,8%, a taxa de mortalidade, de 5%, a taxa de alta em relação ao número total de atendidos, de 62,2%, e de óbito, 18,5% (o total de óbito no domicílio foi de 53,2%). As internações hospitalares aumentaram 38% em 2014 e 17% em 2015. Em relação aos custos, os números indicaram que o custo do cuidado domiciliar é 21,5 vezes menor do que o cuidado hospitalar. Conclusão: O SAD foi efetivo, considerando-se uma maior admissão pré-hospitalar. Por ter contribuído para aumentar a internação hospitalar, também apresentou boa rotatividade, mesmo com prevalência maior de idosos dependentes e alta taxa de óbito domiciliar. Além disso, teve um custo inferior quando comparado ao cuidado hospitalar.

Palavras-chave: Custo-efetividade. Atenção domiciliar. Serviço de atenção domiciliar.

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Atuação multiprofissional na prevenção de broncoaspiração: relato de experiência

Autores: Reis JAAA, Borges Junior LH, Oliveira CMAP, Carvalho K, Cardoso NS. Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG.E-mail: [email protected]

Introdução: Considerando-se o grande número de intercorrências e complicações decorrentes de eventos de broncoaspiração em pacientes acamados, especialmente os que se encontram em cuidados paliativos, percebeu-se a necessidade de intensificar a abordagem interdisciplinar em relação às medidas preventivas. Objetivo: Relatar a experiência da atuação da equipe multiprofissional sobre os cuidadores inseridos no Programa Melhor em Casa (SAD) do município de Uberlândia/MG. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, no qual se levou em conta a atuação de uma fisioterapeuta, uma fonoaudióloga e dois cirurgiões-dentistas na identificação de pacientes em risco potencial de broncoaspiração, sendo então traçados planos estratégicos e individualizados a fim de combater os fatores que pudessem vir a desenca-dear o evento. Resultados: Após a atuação intensificada da equipe na orientação aos cuidados, observou-se melhora significativa tanto na higiene bucal e no posicionamento dos pacientes quanto na oferta de dieta, além da integração equipe-cuidador, promovendo, assim, maior adesão às medidas propostas, impactando positivamente na qualidade de vida do paciente. Conclusão: Acredita-se que, com o cuidado continuado e bem orientado, seja possível reduzir os eventos de pneumonias aspirativas – intercorrência bastante fre-quente no Serviço de Atenção Domiciliar –, possibilitando a criação de um protocolo de atuação e futuros estudos explorando o tema.

Palavras-chave: Broncoaspiração. Higiene bucal. Atenção domiciliar. Cuidados paliativos.

Análise de custo do Programa de Gerenciamento de Casos (PGC) da Unimed Pato Branco/PR

Autores: Pallaoro S, Bonatto ACC. Instituição: Unimed Pato Branco.E-mail: [email protected]

Introdução: O Programa de Gerenciamento de Casos (PGC) realizado pela equipe multiprofissio-nal da Unimed Pato Branco foi criado para reduzir custos, orientar e conscientizar o beneficiário sobre o cuidado com a própria saúde ou desenvolver os seus cuidadores. As ações que determinam esses servi-ços são realizadas por meio da equipe multidisciplinar para promover resultados de custos efetivos com qualidade nos atendimentos prestados. Objetivo: Além da diminuição dos custos, busca-se despertar o comprometimento do beneficiário na gestão da sua própria saúde e/ou desenvolver os familiares e cuida-dores e acompanhar o cumprimento do plano de tratamento proposto pela equipe. Metodologia: O PGC realiza orientações domiciliares para beneficiários de toda a área de abrangência da Unimed Pato Branco que possuem patologia de alta complexidade ou alto custo. Resultados: Desde sua criação, foram incluídos 205 beneficiários, os quais, para fins de análise crítica, ingressaram após completado um ano no programa. Toda a efetividade do programa se justifica na análise do coeficiente do “return on investiment” (ROI), no qual é possível observar que, após a criação da meta, o que ocorreu em novembro de 2016, o indica-dor sempre superou o objetivo, sendo que, no início de 2016, para cada R$ 1,00 investido no programa, a cooperativa obteve R$ 9,83 de lucro, e, ao final do ano de 2017, para cada R$ 1,00 de investimento, o retorno foi de R$ 13,02. Conclusão: A equipe avalia que o PGC tem efetividade e alcança seus objetivos, com as ações de prevenção e controle da saúde e tratamento das patologias. A visita domiciliar contribui para a diminuição de internações hospitalares. O programa tem apresentado bons resultados financeiros à cooperativa e uma evolução clínica significativa aos beneficiários. Palavras-chave: Domicílio. Custo. Perfil. Equipe multidisciplinar.

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Perfil de atendimento dos pacientes de um Programa de Gerenciamento de Casos (PGC) da Unimed Pato Branco/PR

Autores: Bonatto ACC, Pallaoro S. Instituição: Unimed Pato Branco.E-mail: [email protected]

Introdução: O gerenciamento de casos clínicos é uma metodologia empregada e muito utilizada pela atenção americana, em que uma equipe de saúde se responsabiliza pela atenção de cada paciente. O PGC foi criado em 2012 e tem por finalidade realizar a captação dos pacientes que apresentam doenças crônico-dege-nerativas não transmissíveis e, por meio de uma equipe multidisciplinar, realizar orientações domiciliar sobre os cuidados necessários que os pacientes podem adotar e, assim, evitar que seu problema de saúde se agrave. Também essa equipe tem a incumbência de sanar dúvidas e explicar à família sobre a importância do seu papel na recuperação do paciente, estimulando a promoção da saúde. Tem por objetivo ainda evitar internações. Ob-jetivo: Analisar o perfil dos pacientes em gerenciamento pelo programa. Metodologia: O estudo quantitativo fundamentou-se em levantamento realizado por meio de uma planilha de Excel dos dados correspondentes aos pacientes ativos no programa. Resultados: O estudo apresentou uma quantidade de 60 pacientes ativos até agosto de 2018, em gerenciamento pela equipe multidisciplinar, dos quais predominou o sexo feminino (61%). Verificou-se ainda que as patologias de maior prevalência foram: hipertensão (16,4%%), diabetes (15%), diag-nóstico de AVC (15%) e câncer de próstata (4,9%). Conclusão: O perfil do atendimento demonstrou que o gerenciamento contribui para a continuidade do cuidado dessas patologias e fatores importantes para nortear as ações e práticas da equipe interdisciplinar que atua no domicílio, para que as estratégias mais eficazes garantam os cuidados no domicílio, visando ao aperfeiçoamento na qualidade do programa oferecido.

Palavras-chave: Domicílio. Orientação. Perfil. Equipe multidisciplinar.

Política de saúde e atenção domiciliar em tempos de desconstrução de direitos: é melhor em casa?

Autor: Gonçalves LR. Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

Introdução: Neste trabalho, colocaram-se em análise a atenção domiciliar e os seus atravessamentos na realidade brasileira, cujo cenário de retrocesso de direitos provocado por políticas neoliberais compromete a efetividade dos preceitos de saúde inscritos na Constituição Federal. Objetivos: Problematizar o cotidiano dos serviços e os obstáculos postos à universalidade, à humanização das práticas em saúde e às práticas interdis-ciplinares e intersetoriais. Metodologia: A partir de uma revisão narrativa de bibliografia, fez-se levantamento de dados em fontes primárias e secundárias relacionadas à temática. Resultados: Vivencia-se cotidianamente a demanda por um trabalho que vá além dos muros do hospital. A atenção domiciliar potencializa as práticas intersetoriais e interdisciplinares e, com isso, o atendimento integral, a partir do olhar que considera a cultura das famílias, seus saberes e suas diferenças. Ainda assim, considerar a pessoa de modo integral, na direção da humanização das práticas de saúde, exige problematizar os obstáculos postos no cotidiano do cuidado, como as condições econômicas e psicossociais das famílias, que, muitas vezes, constituem-se enquanto espaço de con-flitos e sobrecarga emocional e socioeconômica ao assumir os cuidados dos seus idosos. Além disso, deve-se considerar as questões de infraestrutura (saneamento básico, por exemplo) das moradias que poderão dificultar e até mesmo impossibilitar o cuidado adequado. Conclusão: Existem diversos dilemas para a atenção domiciliar. Um dos desafios é a estruturação da rede integrada de serviços em saúde, para que o cuidado não se torne ônus financeiro, emocional e sobrecarga para familiares e/ou cuidadores, caindo na armadilha de privatização do cuidado. Nesse sentido, é de suma importância problematizar essas questões com profissionais, rede de apoio familiar e comunitária, em ações de educação continuada.

Palavras-chave: Saúde. Atenção domiciliar. Cuidado.

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Prevalência de alterações de equilíbrio em pacientes na internação domiciliar

Autores: Oliveira IC, Cobas JAM, Oliveira DM, Silva RL, Piveta AC. Instituição: SAS SECONCI Emad Jardim Maringá.E-mail: [email protected]

Introdução: No Brasil, em 2050, segundo o Ministério da Saúde, existirão cerca de 17,6 milhões de idosos. A porcentagem de idosos com 60 anos ou mais atendidos pelo Programa Melhor em Casa é de 70% e com 80 anos ou mais é de 30%. As queixas de equilíbrio estão presentes em 85% dos pacientes idosos, tendo gerado em 2009 um custo de R$ 81 milhões ao SUS. Tais alterações podem levar à redução da capacidade funcional, mudança do sistema aeróbio e perda das atividades de vida diária. Objetivo: Conhecer a prevalên-cia dos distúrbios de equilíbrio estático e dinâmico e associar suas consequências com a perda da funciona-lidade. Metodologia: Foram avaliados 63 pacientes em agosto de 2018, dos quais apenas 14 estavam aptos a realizar os testes de equilíbrio. O instrumento usado foi a Short Physical Performance Battery (SPPB), que tem uma pontuação de 0 a 12 pontos. Resultados: A média de idade foi de 74 anos. Nenhum paciente pontuou acima de 3 pontos. Na realização dos testes, 28% fizeram 3 pontos, 14%, 2 pontos, 36%, 1 ponto, e 22%, 0 ponto; 8% pontuaram 1 na marcha, 42%, 1 no teste de equilíbrio, 28%, 1 no teste de sentar, e 21% não conseguiram realizar nenhum dos testes no tempo estimado. Conclusão: Tais pacientes demonstraram um desempenho ruim ou incapacidade, o que pode torná-los susceptíveis a um maior risco de infecções por diminuição dos sistemas imune e aeróbio e a trofismo muscular induzido pela diminuição da potência de MMII em consequência de um equilíbrio prejudicado, sem levar em conta as alterações causadas pelas pato-logias que os levaram à internação domiciliar.

Palavras-chave: Equilíbrio. Incapacidade funcional. Idosos.

Os benefícios do Programa Unimed Lar e a atuação do fisioterapeuta no paciente com atrofia muscular espinhal

Autores: Aguiar CMS, Silva MSS, Barreto RM. Instituição: Unimed Lar Sobral.E-mail: [email protected]

Introdução: A internação domiciliar foi instituída como uma diretriz para as equipes de saúde e deve ser utilizada no intuito de humanizar. A atrofia muscular espinhal é uma doença degenerativa e progressiva e que necessita de uma atenção especializada, por isso, nesse caso, a assistência domiciliar é fundamen-tal, pois as infecções são efetivamente reduzidas, os vínculos entre familiares podem ser recuperados e a qualidade de vida dos pacientes pode melhorar. Objetivo: Descrever os benefícios do Programa Unimed Lar e a atuação do fisioterapeuta no paciente com atrofia muscular espinhal. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, com base na vivência entre 2017 e 2018 da equipe do Pro-grama Unimed Lar na visão do fisioterapeuta, no município de Sobral, no Estado do Ceará. Resultados: A Unimed de Sobral implantou o serviço com o objetivo de reduzir as despesas e racionalizar os leitos hospitalares, além de oferecer um serviço humanizado composto de uma equipe multiprofissional, com a elaboração de planos de cuidados com o consenso da equipe multiprofissional. A atrofia muscular espi-nhal é uma doença genética rara, por isso o fisioterapeuta é imprescindível na manutenção e na qualidade de vida do paciente, prevenindo atrofias e deformidades. Além disso, a fisioterapia respiratória também é fundamental para o aumento da expansão pulmonar, a higiene brônquica, a utilização e o manejo dos equipamentos e dispositivos. Conclusão: Prestar assistência domiciliar torna possível aos pacientes uma nova forma de atenção à saúde. O profissional de fisioterapia tem potencialidades para trabalhar com a tecnologia, principalmente humana, aliada a uma criatividade, desenvolvendo ações eficientes e efetivas. É perceptível a colaboração desse profissional para o bem-estar físico e psíquico do paciente e a melhora na qualidade de vida

Palavras-chave: Domicílio. Cuidador. Fisioterapia.

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Equipe multidisciplinar fazendo o diferencial no atendimento domiciliar aos pacientes idosos e familiares

Autores: Silva MSS, Barreto RM, Aguiar CMS. Instituição: Núcleo de Assistência Domiciliar Unimed Lar Sobral.E-mail: [email protected]

Introdução: Os cuidados domiciliares vêm promovendo, mantendo e/ou restaurando a saúde, maximi-zando a independência e minimizando os efeitos da incapacidade ou da doença. Objetivo: Descrever o diferen-cial no atendimento domiciliar pela equipe multiprofissional ao idoso e familiares. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, com base na vivência entre 2017 e 2018 da equipe do Programa Unimed Lar, no município de Sobral, no Estado do Ceará. Resultados: Para promover a qualidade de cuidados aos idosos em domicílio, são relevantes o trabalho e a decisão em equipe (inclui o doente, sua família e rede informal). Uma equipe organizada e articulada facilita a prestação de cuidados. As famílias cuidam em diversas circunstâncias; algumas com grandes dificuldades, enquanto outras gostariam de poder cuidar, mas não sabem, pois não possuem conhecimento e/ou estrutura de apoio, sentem medo etc. A equipe multidisciplinar, além de promover os atendimentos básicos, dá informação, retira dúvidas e repassa cuidados para que os familiares e cuidadores possam contribuir com a qualidade de vida desses pacientes. Conclusão: A promoção da qualidade dos cuidados domiciliares a idosos apoia-se na dinamização de “parcerias” entre equipe multidisciplinar de cuidados, utente e sua família. As visitas domiciliares permitem à equipe um acesso próximo às vivências da pessoa doente, incluindo condições ambientais e físicas (permite identificar barreiras arquitetônicas), fatores socioeconômicos, espirituais e culturais, recursos disponíveis, condições de higiene e segurança e dinâmica fa-miliar (níveis de entreajuda). Esse contexto desafia a equipe a ser criativa, flexível e polivalente.

Palavras-chave: Domicílio. Idoso. Familiares.

Assistência de enfermagem a pacientes estomizados no PADI: autoimagem, autocuidado e adaptação do paciente

Autores: Lira LA, Bastos LA, Fragoso V, Uchino M, Coelho LP. Instituição: Programa Domiciliar de Atenção ao Idoso (PADI) - Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

Introdução: A palavra “estoma”, derivada do grego, significa uma abertura de qualquer víscera oca atra-vés do corpo, em situações diversas, recebendo denominações específicas de acordo com o segmento a ser ex-teriorizado. O estoma, por meio de ato cirúrgico, permite as eliminações de dejetos, secreções, fezes e/ou urina. Pacientes submetidos a tal procedimento têm sua perspectiva de vida alterada, principalmente pela imagem corporal negativa, por causa da presença do estoma associado à bolsa coletora. Além das mudanças nos padrões de eliminação, dos hábitos alimentares e de higiene, eles precisam se adaptar ao uso do equipamento, resultan-do em autoestima diminuída, sexualidade comprometida e, muitas vezes, em isolamento social (MOTA, 2016).Os enfermeiros do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI) da cidade do Rio de Janeiro oferecem assistência em casa, cuidando desses pacientes com doenças inflamatórias intestinais, com intuito de recuperar a independência funcional do paciente e também disponibilizar materiais pertinentes aos pacientes. Objetivo: Analisar os artigos publicados por enfermeiros brasileiros em periódicos indexados sobre os cuidados de en-fermagem à pessoa com estomas, bem como refletir sobre o atendimento domiciliar realizado por enfermeiros do PADI no tratamento de pacientes colostomizados. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica, consi-derando artigos publicados em periódicos acerca do tema. Resultado: Espera-se contribuir para uma melhor compreensão do padrão de qualidade de vida de pacientes portadores de estomas. Conclusão: A orientação do enfermeiro é primordial para o desenvolvimento do autocuidado, promovendo, dessa forma, independência e adaptação do paciente ostomizado. O enfermeiro é um profissional apto e capacitado a prestar cuidados aos clientes, de maneira holística, e a dar orientações a eles e sua família, esclarecendo suas dúvidas e se dispondo a ouvir e a compreender os receios e as ansiedades do paciente.

Palavras-chave: Estomas. Autoimagem. Enfermagem. Autocuidado.

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Aula aberta EAD: como tratar lesão por pressão no domicílio

Autores: Rizzo S, Albuquerque EPR, Oliveira LL. Instituição: Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.E-mail: [email protected]

Introdução: O curso a distância é uma modalidade de ensino utilizada para levar informações a um público leigo e profissional. A lesão por pressão é um acometimento de pele comum em pessoas acamadas confinadas em seu domicílio. Em 2016, houve uma atualização na nomenclatura e na classificação desse tipo de lesão. Objetivo: Relatar a aceitação, após um ano de construção, da aula aberta sobre lesão por pressão voltada ao atendimento domiciliar com uso de gravação e disponibilizada em rede social de alta visibilidade. Metodologia: A aula foi construída em estúdio, com aparato de lousa, figuras e slides, sendo mostrada enquanto exposição oral do tema. A aula foi disponibilizada em rede social com link de acesso pela plataforma da prefeitura, na qual todos os comentários e as dúvidas eram levados a autora da aula para auxiliar os usuários e sanar problemas. Relato: O Programa Melhor em Casa se preocupa com a atu-alização profissional de sua equipe. Com a possibilidade de otimizar o tempo do profissional por meio de aulas abertas em mídia e redes sociais, a escola municipal disponibilizou ao programa a possibilidade de gravar aula em estúdio para o tema que julgassem pertinentes ao trabalho. A lesão por pressão é o segundo motivo de elegibilidade de casos nas modalidades de atendimento, sendo, assim, necessária a atualização dos profissionais, pois oferece maior segurança no atendimento. A gravação foi agendada com a profis-sional especialista em estomaterapia que pertence ao programa, orientando em relação à gravação da aula: postura, alinhar fala com audiovisual, tempo de fala, repetições, entre outros. Considerações: Após um ano de disponibilização, foram obtidas 58.234 visualizações, 31 comentários, com auxílio a leigos, acadê-micos e profissionais.

Palavras-chave: Domicílio. Lesão por pressão. EAD.

Uso de papaína em pó para desbridamento de lesão por pressão em atendimento domiciliar pós-internação prolongada por H1N1

Autores: Rizzo S, Silva GYB, Bezerra SMG, Silva JS, Viana MCBR. Instituição: UESPI.E-mail: [email protected]

Introdução. O H1N1 é uma virose grave que pode levar à imobilidade prolongada, causando lesão por pressão. A papaína é um desbridante enzimático que possui atividade anti-inflamatória, bactericida e bacteriostática, favorecendo o crescimento tecidual. Objetivo: Relatar o caso de desbridamento de lesão por pressão com uso de papaína em atendimento domiciliar após internação prolongada por H1N1 em hospital particular no Piauí, no Estado de Teresina. Metodologia: Relato de caso de idosa, 65 anos internada por 54 dias (19 em UTI e 35 em enfermaria) por H1N1. Na alta, apresentava lesão por pressão em região sacral e estadiamento indeterminado com necrose. A pesquisa foi aprovada pelo CEP da UESPI sob parecer nº 2.623.979. Relato de caso: Após alta hospitalar em 30/07/18, solicitou-se avaliação da estomaterapeuta da universidade e especializanda em estomaterapia para procedimento. Idosa estava acamada mantendo lesão sacral que apresentava 114 cm2 (9,5x12) de área. Realizou-se a avaliação com o uso do acrônimo TIME que apresentava tecido necrótico (T), aspecto infeccioso e inflamatório (I), exsudato abundante e fétido (M), bordas descoladas, hiperemiadas, com áreas de esfacelo (E). Limpeza: SF 0,9%, após papaína em pó por 20 minutos em banho, seguido de desbridamento instrumental dos tecidos amolecidos e mantida a papaína a 10% no leito da ferida, com trocas a cada 24 horas. Após 7 dias: Ausência de odor, redução da área da lesão e 50% de granulação. Mantida conduta para redução do biofilme e da microbiota, além da remoção do teci-do desvitalizado. Em 06/09/18, após cinco semanas, a área da lesão era de 22,5 cm2 e 100% de granulação. Considerações: A avaliação de um especialista em domicílio e a conduta eficaz possibilitaram a granulação completa da ferida em cinco semanas.

Palavras-chave: Domicílio. Papaína. Desbridamento.

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A transversalidade do Serviço de Atenção Domiciliar na Rede de Atenção à Saúde no município de Rio Verde/GO

Autores: Arantes APF, Guimarães JL, Silva EC, Garcia GV, Azevedo DP.Instituição: Serviço de Atenção Domiciliar de Rio Verde/GO.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar é, por definição, uma modalidade de cuidado transversal que coloca no centro o usuário e suas necessidades e conecta os diversos pontos de atenção da rede, envolvendo ser-viços e profissionais na construção de espaços coletivos de gestão e educação permanentes. Objetivo: Este estudo pretende demonstrar a experiência do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) de Rio Verde/GO na qualificação da Rede de Atenção à Saúde sobre atenção domiciliar. Metodologia: Primeiramente, foram reali-zadas capacitações das equipes do SAD de Rio Verde sobre temas pertinentes à atenção domiciliar. Depois, foi traçado o perfil dos pacientes encaminhados ao SAD de Rio Verde em relação à sua procedência e ao desfecho. Resultados: A maioria dos encaminhamentos de pacientes AD1 era proveniente da atenção básica, serviço que, por não compreender o foco do SAD, insistia em encaminhar essa modalidade de pacientes. Dessa forma, foi elaborado o I Encontro da Rede Municipal de Atenção à Saúde com temáticas relacionadas à AD, com foco na função de desospitalização do SAD e acompanhamento de pacientes AD2 e AD3, além da conscientização da responsabilidade da atenção básica na atenção domiciliar dos pacientes AD1. Por meio desse evento, buscou-se reduzir a quantidade de encaminhamentos ao SAD de pacientes na modalidade AD1 provenientes da atenção básica e fortalecer a consciência da rede na função do SAD no acompanhamento temporário de pacientes AD2 e AD3. Conclusão: A criação de espaços coletivos sobre atenção domiciliar é fundamental para que os envolvidos nos processos visualizem as suas atribuições e a dos demais atores, pos-sibilitando a autoanálise e aperfeiçoando seu modus operandi na realização da transição do cuidado no âmbito extra-hospitalar.

Palavras-chave: Serviço de assistência domiciliar. Ações integradas de saúde. Cuidado de transição.

Mulheres idosas que cuidam de idosos(as): retratos de gênero, envelhecimento e configurações familiares na assistência domiciliar

Autor: Silva CCB. Instituição: Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI) do Instituto Central do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.E-mail: [email protected]

Introdução: A relevância da atuação do Serviço Social na assistência domiciliar, em relação à natu-ralização das expressões do âmbito social, materializa-se no cotidiano dos enfrentamentos da questão de gênero, cuidado, envelhecimento populacional e configurações familiares, perpassando a atuação da equipe de saúde no domicílio e circunscrevendo a complexidade da realidade social das famílias atendidas. Objeti-vo: Evidenciar as múltiplas expressões da questão de gênero, envelhecimento e configurações familiares na assistência domiciliar com enfoque nos aspectos de natureza socio-histórica e cultural que demarcam papéis sociais, associados ao cuidado atrelado ao gênero feminino. Metodologia: O presente estudo tem abordagem quantiqualitativa que abrange o perfil das mulheres idosas que cuidam de idosos(as) no Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI) do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por meio de levantamento de prontuários e pesquisa de campo de abordagem qualitativa de análise de conteúdo. Resultados: Elucidou-se como as cuidadoras compreendem o peso social do envelhecimento e do cuidar para a mulher na sociedade a partir de suas vivências nos cuidados em domi-cílio. Aprofundou-se a relação do cuidado como processo naturalizado à mulher, demonstrando a existência de configurações familiares para além da família mononuclear na realidade da assistência domiciliar no con-texto brasileiro e evidenciando as alterações nas relações sociais e nos vínculos no cotidiano ao longo dos processos de cuidado e adoecimento.

Palavras-chave: Gênero. Envelhecimento. Mulheres. Configurações familiares. Assistência domiciliar.

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Atuação da equipe multidisciplinar na assistência de criança portadora de sequela neurológica grave: relato de experiência

Autores: Gonçalves MJ, Lisboa FF, Rocha LF. Instituição: Nutrivida Ltda.E-mail: [email protected]

Em decorrência de avanços tecnológicos que permitiram a elevação da sobrevida, além da formatação e expansão de Serviços de Atenção Domiciliar, a desospitalização infantil cresce no Brasil. Este texto descreve uma criança, de 1 ano e 10 meses, portadora de sequela de lesão hipóxico-isquêmica grave por afogamento, evo-luindo durante hospitalização para HAS e com crises convulsivas, estado comatoso vigil, pele íntegra, quadro motor com tetraplegia flácida, reflexos primitivos e patológicos exacerbados, traqueostomizada, dependente de ventilação mecânica invasiva e FiO2 35%, em uso de gastrostomia (tipo botton) e eliminações fisiológicas em fralda, mantida em unidade de terapia intensiva (UTI) durante seis meses. Foi avaliada pela equipe multidisci-plinar do home care e foi elaborado plano de tratamento específico para atenção domiciliar, considerando-se a complexidade do caso e as dificuldades pertinentes à localização do domicílio em zona rural. Inicialmente, recomendou-se a aplicação de respirador portátil em UTI para adaptação da criança ao suporte indicado ao domicílio. Criança foi desospitalizada em junho de 2018, em classe de internamento domiciliar (ID 24H – Alta Complexidade), com suporte semanal da equipe multidisciplinar e da equipe de técnicos de enfermagem 24 horas por dia ininterruptamente, treinadas para as especificidades da criança e auxiliadas pela cuidadora (geni-tora da criança). Criança se mantém assistida pelo home care e não apresentou reinternamento hospitalar ao longo desses três meses. Além disso, o caso relatado enaltece a atenção domiciliar como melhor alternativa para otimizar leitos na unidade hospitalar, mesmo em pacientes graves e bastante dependentes.

Palavras-chave: Assistência domiciliar. Pediatria. Ventilação mecânica invasiva.

Ferramenta de regulação de acesso às equipes do Programa Melhor em Casa do município de São Paulo

Autores: Takahashi LL, Aguiar BS, Lira MMTA, Failla MA, Rizzo S, Romão AMMV. Instituição: Prefeitura Municipal de São Paulo – SMS.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar vem ganhando espaço significativo no município de São Paulo por meio do Programa Melhor em Casa e das equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADs). A ampliação no número dessas equipes aumentou a necessidade de facilitar a articulação do Programa com a Rede de Atenção à Saúde, tornando imprescindível a criação de uma ferramenta de gestão que possibilitasse o encaminhamento res-ponsável de pacientes às equipes. Nessa perspectiva, a coordenação do Programa, em conjunto com a Gerência de Geoprocessamento e Informação Socioambiental da Coordenação de Epidemiologia e Informação, uniu esforços para elaboração de uma ferramenta para consulta dos “Territórios cobertos por EMADs”, a fim de propiciar maior agilidade na regulação de acesso ao Programa Melhor em Casa. Objetivo: Apresentar a elaboração da ferramenta para orientar os profissionais de estabelecimentos de saúde do SUS no encaminhamento de usuários, elegíveis ao Programa Melhor em Casa, residentes no município de São Paulo. Metodologia: Elaboração de camada geográfica com os territórios cobertos pelas EMADs usando técnicas de geoprocessamento do ArcGIS, a partir de polígo-nos com os limites de atendimentos das UBS e o agrupamento destes segundo as EMADs de referência. Para disponibilização dos territórios e consulta de endereços, usou-se o Google MyMaps. Resultados: A ferramenta está em funcionamento desde julho de 2017 e pode ser acessada pelo link: https://goo.gl/MFCYnH. Utilizada pelos diversos profissionais do território, foram contabilizados 9.630 acessos até o dia 11/09/2018 às 15h. Conclusão: Com o uso da ferramenta “Territórios cobertos por EMADs”, é possível buscar a EMAD de referência por meio do endereço e, ao gestor, visualizar no mapa as equipes implantadas, os vazios assistenciais em relação às equipes existentes e as necessidades de articulações em relação às demandas dos territórios.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Regulação de acesso. Geoprocessamento.

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APRESENTAÇÕES ORAIS

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Capacitação em ventilação mecânica invasiva para equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMADs): um projeto pioneiro - PROADI-SUS

Autores: Carvalhaes SRF, Rodrigues DLG, Cifuentes T, Hahne FS, Gonçalves CR, Souza NC, Santos GCSD, Dias MB, Verdi DS, Guimarães TAA, Reis S, Ferreira AM.

Instituição: Hospital Alemão Oswaldo Cruz.E-mail: [email protected]

Introdução: O aumento da frequência de condições crônicas não transmissíveis com situações de de-pendência funcional fortalece a atuação da atenção domiciliar (AD), proporcionando cuidado em saúde com qualidade de vida, promovendo bem-estar ao usuário e sua família e permitindo a continuidade do tratamento por meio da incorporação de tecnologias e terapêuticas cada vez mais complexas. A ventilação mecânica (VM) é um recurso recentemente incorporado ao arsenal terapêutico domiciliar. Possui o objetivo de tratar usuários com função respiratória comprometida que necessitam de ventilação artificial como suporte de vida. Objeti-vo: Realizar capacitações para profissionais das EMADs, por meio do projeto desenvolvido pelo HAOC, em parceria com a CGAD, via PROADI-SUS, intitulado “Ventilação Mecânica Invasiva Domiciliar”. Metodologia: Foram capacitados 308 profissionais de equipes multiprofissionais de serviços de AD de diversas regiões do país em cinco eventos. A metodologia utilizada compreendeu aulas expositivas, práticas, utilização de simulação realística e rounds com aparelhos e materiais de VM. Também contaram com a participação de palestrantes convidados de vários serviços de referência, indicados pela CGAD. Resultados: O grau de satisfação dos pro-fissionais ficou acima de 90% em todas as turmas. A mediana das notas obtidas pelos participantes foi de 8,7, com índices de aprovação em torno de 95%. Conclusão: A capacitação presencial, específica para as EMADs e voltada para o atendimento de pacientes em VM no domicílio, é inédita do Brasil. Os resultados demonstram a eficácia da metodologia utilizada.

Palavras-chave: Atenção domiciliar. Capacitação. Ventilação mecânica invasiva.

Análise do impacto da participação no Coral Sopro composto de indivíduos usuários de oxigênio do município de Pará de Minas

Autores: Lima CG, Silva ACL, Silva VF, Altivo KI, Faria EM, Diniz JN. Instituição: Prefeitura de Pará de Minas.E-mail: [email protected]

Introdução: O Serviço de Atenção Domiciliar realiza o atendimento aos usuários agudizados, e o Ser-viço de Assistência à Saúde avalia e libera oxigênio domiciliar quando indicado. A oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) é considerada uma intervenção efetiva, proporcionando melhora da capacidade de realizar as atividades de vida diária. O cuidado a pacientes que estão em ODP se torna mais eficaz e eficiente quando acompanhado periodicamente por uma equipe de atenção domiciliar. A musicalidade do ser humano pode ser vista como um elemento de possibilidade de ação, independentemente de quadros patológicos. Tendo em vista sua relevância, a música não poderia deixar de compor o leque de estratégias dos cuidados de saúde. Objetivo: Analisar, por meio do questionário de qualidade de vida (SF-36) e do relato das usuárias de oxigênio domiciliar, o impacto da música na percepção da qualidade de vida. Seis pessoas participaram de um projeto com a formação de um coral formado para usuárias de oxigênio. Houve 28 encontros com ensaio do curso e uma apresentação final do Coral Sopro no teatro da cidade. Conclusão: Por meio dos relatos e do questionário de vida, pode ser observado que, mediante a música, houve uma melhoria da percepção da qualidade de vida, como socialização com pessoas na mesma condição, possibilidade de não permanecer tão restritas ao domicílio e melhora da respiração.

Palavras-chave: Oxigenioterapia domiciliar. Música. Qualidade de vida.

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Validação de um manual educativo para os cuidadores em assistência domiciliar pediátrica utilizando público-alvo

Autores: França LCR, Pereira AS. Instituição: Hospital Infantil Albert Sabin.E-mail: [email protected]

A validação do manual com os indivíduos que vivenciam ou já vivenciaram o tema nele abordado é uma atitude necessária, já que eles são foco da atividade educativa que se pretende realizar. O objetivo foi validar com o público-alvo o manual educativo destinado a cuidadores do PAD Pediátrico quanto ao conteúdo e à aparência. Tratou-se de uma pesquisa metodológica. Para a validação de aparência e conteúdo pelo público-al-vo, foram selecionados 38 cuidadores (1 homem e 37 mulheres), captados durante a inclusão no programa de janeiro de 2017 a março de 2018. O período de coleta de dados se deu entre abril e junho de 2018. Para a coleta de dados, foi utilizado um instrumento adaptado de Lima (2014) direcionado para o público-alvo. Quanto à validade de conteúdo do manual, foram considerados validados os itens que obtivessem nível de concordância mínimo de 75% nas respostas positivas, conforme padrão estabelecido por Teles (2011). Enfatiza-se que, para ser considerada resposta positiva, os cuidadores deveriam assinalar a opção “sim”. As sugestões e as opiniões foram compiladas e apresentadas em quadros. O manual educativo em estudo mostrou-se como um material validado, visto que apresentou um nível de concordância excelente entre o público-alvo, variando de 99,3% a 100%. Foram acrescentados os temas mais relevantes sugeridos pelos cuidadores, como “prevenção e cuidados com lesão por pressão” e “vacinação”, com frequência de 28 e 32%, respectivamente. Acredita-se que o uso desse material facilitará a prática nos cuidados às crianças em assistência domiciliar e contribuirá para o desen-volvimento de habilidades e o favorecimento da autonomia desses cuidadores. Vale ressaltar que esse manual será uma tecnologia dinâmica dentro do serviço, pois será atualizado continuamente.

Palavras-chave: Materiais de ensino. Assistência domiciliar. Pediatria.

Perfil dos pacientes em cuidados paliativos atendidos entre maio de 2017 e maio de 2018

Autores: Junqueira SLSS, Duarte HHS, Moreno FAVC, Barbosa ARC. Instituição: Hospital Regional do Mato Grosso do Sul.E-mail: [email protected]

Introdução: Cuidado paliativo (CP) é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. O CP deve ser iniciado na ocasião do diagnóstico de qualquer doença grave, crônica ou incurável e finda-se no acompanhamento da família no luto. Objetivo: Traçar o perfil dos pacientes em CP admitidos no serviço em um período de 12 meses. Metodologia: Análise dos prontuários eletrônicos e planos de atenção domiciliar. Resultados: No período analisado, foram admitidos 110 pacientes, dos quais 43,6% do sexo masculino e 56,4% do sexo feminino. Desse total, 48,2% tinham indicação de CP, sendo 30,1% onco-lógicos, 54,7% acometidos por doença neurológica e 15,2% por pneumopatia. Com relação ao desfecho dos pacientes em paliação, 19 pacientes foram reinternados e evoluíram para óbito hospitalar (67,9%), 9 pacientes evoluíram para óbito no domicílio (32,1%), 5 pacientes (9,4%) tiveram alta clínica para acompanhamento ambulatorial ou transferência de serviço e 20 permaneceram no domicílio (37,7%). Com essa revisão, obser-va-se que cerca de 85% dos pacientes admitidos não foram considerados em cuidados paliativos na unidade de origem, no entanto tinham critério para tal. Conclusão: O olhar para essa assistência em âmbito domiciliar no HRMS ainda é pouco explorado. A atenção domiciliar é uma estratégia de desospitalização efetiva e segura, que garante uma assistência integral e humanizada, fatores essenciais no cuidado paliativo. Após revisão, per-cebeu-se que a indicação dos cuidados paliativos está se dando tardiamente, e, em muitos casos, a necessidade não foi visualizada pelo assistente.

Palavras-chave: Cuidados paliativos. Domiciliar. Perfil.

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Cuidados paliativos e óbito em domicílio: uma possibilidade real?

Autores: Silveira CC, Baudel AS, Lima P. Instituição: IABAS - Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde.E-mail: [email protected]

Introdução: As EMADs atendem a pacientes que não conseguem se deslocar a qualquer serviço de saúde e necessitam de cuidados contínuos. Em grande parte dos casos, essas equipes acompanham intercorrências ocasionadas pela evolução das doenças. Sendo assim, torna-se evidente a importância da adoção de compe-tências paliativistas para a condução dos casos. Descrição do caso: N.F.L., sexo masculino, 63 anos, solteiro, reside com sua sobrinha K.F. desde que sofreu um AVE. Acompanhamento pela EMAD foi interrompido por causa de uma internação por infecção do trato urinário. Após a alta hospitalar, cuidadora encontra-se insegura e angustiada com alterações no quadro do seu tio, pois ele nunca havia necessitado de nutrição artificial e não tinha lesões de pele. Equipe mantém acompanhamento próximo visando prestar orientações necessárias com relação ao quadro atual. Após um mês, paciente não apresentou melhora do estado geral, mesmo com todos os cuidados adotados. Equipe iniciou abordagem quanto a possível óbito próximo, orientando a respeito da possibilidade de esse momento ser manejado em domicílio. Cuidadora demonstrou-se mais segura com o acompanhamento da equipe e entrou em contato com o serviço comunicando óbito do paciente, afirmando que ele faleceu “como um passarinho”. Conclusão: Por definição, cuidado paliativo se trata de uma abordagem prestada a pacientes e familiares que enfrentam doenças ameaçadoras da vida e tem como princípios norteado-res: boas técnicas de comunicação, controle efetivo de sintomas, abordagem familiar e atuação multidisciplinar para atendimento das inúmeras demandas apresentadas. Conforme exposto no relato de caso, tais competên-cias favoreceram, de forma significativa, a condução do óbito em domicílio com sucesso, mantendo a família segura e confiante até o momento final, apesar de todo sofrimento envolvido.

Palavras-chave: Domicílio. Cuidados paliativos. Cuidado.

Enfermagem na assistência domiciliar: uso de tecnologias na produção do cuidado

Autores: Silva ALG, Horta NC, Silva KL. Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.E-mail: [email protected]

Introdução: A atenção domiciliar (AD) busca a desinstitucionalização e a transição do cuidado para o domicílio. Nesse contexto, equipes, cuidadores e familiares criam e adaptam tecnologias para assegurar o cuidado. O objeto deste estudo foram tecnologias educacionais, gerenciais e assistenciais desenvolvidas pela enfermagem em Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). Objetivo: Analisar o uso e a criação de tecnologias de cuidado pela enfermagem na AD. Metodologia: Pesquisa descritivo-exploratória, qualitativa, desenvolvida com 552 horas de observação referentes ao acompanhamento de 168 atendimentos domiciliares na rotina de um SAD da Região Metropolitana de Belo Horizonte e entrevistas com seis profissionais da enfermagem, dois usuários e seis cuidadores, no segundo semestre de 2017. Os dados foram discutidos sob análise de discurso crítica. Resultados: As tecnologias criadas ou adaptadas foram relógio de mudança de decúbito, uso de cabides como suporte de soro, produções da família, por exemplo, isopor para fixar lembretes e receitas, cadernetas para anotações de dados vitais. Evidenciou-se que a criação de tecnologias é uma necessidade expressa no tra-balho da enfermagem, mas que requer adequações, e é favorecida pela baixa oferta de insumos pelo município. Há uma naturalização da prática da insuficiência de recursos na AD. As dimensões educacionais e assistenciais são destacadas pelas orientações e capacitações aos cuidadores/usuários para continuidade do cuidado. Con-siderações finais: Conclui-se que a criação/adaptação é uma realidade no trabalho na AD em razão da falta de insumos e da característica singular dessa modalidade de atenção, que não se propõe a reproduzir o hospital em casa. Contudo, é preciso ampliar a discussão sobre essa temática, uma vez que há baixa compreensão sobre as tecnologias nas suas diferentes dimensões. Reconhecem-se as possibilidades de fortalecimento da atuação da enfermagem na AD por meio das tecnologias assistenciais, educativas e gerenciais.

Palavras-chave: Enfermagem. Atenção domiciliar. Tecnologias.

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99Revista BRasileiRa de atenção domiciliaRCongresso Brasileiro Interdisciplinar de Assistência Domiciliar

Ano V - Número V - 2019

Construindo a qualificação do prestador de Serviço da Atenção Domiciliar na visão de uma operadora de saúde

Autores: Garcia VGL, Camargo SN. Instituição: Central Nacional Unimed.E-mail: [email protected]

Introdução: O Programa de Atenção Domiciliar da CNU promove a desospitalização segura dos seus beneficiários, com o intuito de garantir os cuidados assistenciais no ambiente domiciliar, dando continuidade ou finalizando o seu tratamento por meio do atendimento eficiente, humanizado e de qualidade. Visando garantir essa excelência de atendimento, adotou-se o Programa de Qualificação da Rede Prestadores da CNU. Objetivo: Classificar e avaliar os prestadores de serviços assistenciais da atenção domiciliar, ponderando características legais e estruturais desejadas, além de medir e fomentar o seu desempenho na qualidade e segurança da assistên-cia prestada por meio de indicadores estratégicos, aumentando a percepção de valor do paciente. Metodologia: O programa foi disponibilizado na rede credenciada, mediante adesão voluntária, para 70% dos prestadores da atenção domiciliar, classificados como críticos, ou seja: maior representatividade geográfica, maior volume de atendimentos e suas especialidades estratégicas. Foram realizadas 23 visitas técnicas aos prestadores com aplicação de formulários de classificação do atendimento prestado. Após, enviou-se relatório de sugestões de melhorias com a pontuação. Para aqueles que não conseguiram pontuação classificatória, houve a solicitação de um plano de ação imediato de melhorias, visando à manutenção do credenciamento, com pós-monitoramen-to. Resultados: Obteve-se a adesão de 100% dos prestadores ao programa; 100% dos prestadores obtiveram aumento da nota de classificação no segundo ano da visita técnica; 50% dos prestadores relataram metas para acreditação, visando à maior credibilidade, eficácia e referência de gestão com excelência no desempenho dos processos. Conclusão: O resultado apresentado sugere que o programa agrega valor essencial à rede credencia-da e ao beneficiário. O acompanhamento da sua evolução possibilita à operadora tomada de decisões estratégi-cas e fortalece a identidade corporativa.

Palavras-chave: Prestador. Beneficiário. Atenção domiciliar. Qualificação.

Custo do laser AsGaAl 660 nm na cicatrização de lesão por pressão em relação aos curativos convencionais

Autores: Cordeiro EC, Lima JC. Instituição: Prefeitura Municipal de Americana.E-mail: [email protected]

Introdução: Lesão por pressão resulta de mau posicionamento no leito, afetando a qualidade de vida, sen-do de difícil regeneração e alto custo aos cofres públicos. A fisioterapia utiliza o laser terapêutico eficazmente por acelerar o processo cicatricial. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo comparar o custo benefício da laserterapia com o tratamento de enfermagem em indivíduos com lesão por pressão. Metodologia: Os vo-luntários foram distribuídos em dois grupos (n=4), a saber: fisioterapia (F), por meio do laser, e enfermagem (E), com protocolos estabelecidos pelos profissionais. Metodologia: A dose utilizada foi de 0,6 J por ponto, sendo a aplicação de um ponto por cm², por 30 segundos. A aplicação foi realizada três vezes por semana, por nove semanas, sendo reavaliadas por meio da análise de imagens a cada três semanas. Resultado: Os custos mensais envolvidos nos tratamentos foram de R$ 49,44 no grupo F e R$ 1.511,64 no grupo E, o que representa diferença percentual de 3.000%. O tratamento com laserterapia apresentou melhora quanto ao estágio da lesão e viabilidade econômica do tratamento. O uso do laser AsGaAl 660 nm na cicatrização de lesão por pressão mostrou-se mais viável por causa do custo/benefício ao paciente e aos cofres públicos. Conclusão: A aplicação desse recurso em domicílio colabora para uma cicatrização em menor período se comparado aos cuidados convencionais de enfermagem, além de diminuir os custos aos cofres públicos, podendo ainda ser agregado ao protocolo de tratamento por meio de equipe interdisciplinar.

Palavras-chave: Lesão por pressão. Terapia a laser de baixa intensidade. Fisioterapia. Cuidados de enfer-magem. Economia da saúde.

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