ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf ·...

90
FLÁVIO AUGUSTO COLUCCI COELHO ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES COM A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Niterói 2007

Transcript of ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf ·...

Page 1: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

FLÁVIO AUGUSTO COLUCCI COELHO

ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES

COM A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Niterói

2007

Page 2: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

FLÁVIO AUGUSTO COLUCCI COELHO

ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES

COM A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Ciências Cardiovasculares do Centro de Ciências

Médicas da Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre.

Orientadores: Prof. Evandro Tinoco Mesquita

Prof.ª Maria Luiza Garcia Rosa

Niterói

2007

Page 4: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

C672

Coelho, Flávio Augusto Colucci

Associação da síndrome metabólica e seus

componentes com a insuficiência cardíaca na atenção

primária / Flávio Augusto Colucci Coelho. – Niterói :

[s. n.], 2007.

87 f.:il., 30 cm.

Dissertação(Mestrado em Ciências Médicas)-

Universidade Federal Fluminense, 2007.

1.Doenças metabólicas. 2.Insuficiência cardíaca

congestiva. 3.Atenção primária à saúde. I.Título.

CDD 616.39

Page 5: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

FLÁVIO AUGUSTO COLUCCI COELHO

ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES COM A

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciências Cardiovasculares do Centro de

Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção

do Grau de Mestre.

Aprovada em, ............/............/............

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Profª. Drª. Maria da Consolação V. Moreira

______________________________________________

Prof. Dr. Marcelo Westerland Montera

______________________________________________

Prof. Dr. Humberto Vilacorta Junior

_______________________________________________

Orientadores: Prof. Evandro Tinoco Mesquita

_______________________________________________

Prof.ª Maria Luiza Garcia Rosa

Niterói

2007

Page 6: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

DEDICATÓRIA

Em especial ao Dr. Evandro Tinoco Mesquita, ao Serviço de

Ecocardiografia, aos médicos e responsáveis pelo Programa

Médico de Família de Niterói, como também ao Dr. Carlos

Augusto Cardozo Faria que muito me acrescentou em

conhecimento e ética profissional. Não posso deixar de citar a

minha família, em especial a minha esposa Danuse Mello

Colucci Coelho e aos meus filhos Luisa e Rafael, pela

compreensão com os períodos de ausência, nesse importante

momento da minha vida.

Page 7: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

AGRADECIMENTOS

Serviço de Ecocardiografia do HUAP

Fundação Municipal de Saúde / Secretaria Municipal de Saúde

Projeto “Médico de Família”

Evandro Tinoco Mesquita

Leandro Reis Tavares

Carlos Augusto Cardozo Faria

Maria Luiza Garcia Rosa

Maurício Bastos de Freitas Rachid

Marco Aurélio Espósito Moutinho

Mario Luiz Ribeiro

Rosemery Nunes Cardoso Abdalah

Verônica Alcoforado

Sérgio Luiz S. M. da C. Schermont

Larissa Braga do Rosário

Vanessa de Oliveira Morais

Carla Monteiro Oliveira

Celso Rios Coelho Filho

João Marcelo Bazarella Gomes Costa

Juliana Lago Gardia

Paulo Ramos Pestana

Samuel Datum Moscavitch

Lorraine Furlani Rosa

Page 8: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

“Aquele que quiser adquirir um conhecimento exato da arte

médica deverá possuir boa disposição para isso, freqüentar uma

boa escola, receber instrução desde a infância, ter vontade de

trabalhar e ter tempo para se dedicar aos estudos.”

(Hipócrates, 450 a.C.)

Page 9: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

RESUMO

ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES COM A

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Introdução: A Síndrome Metabólica (SM) caracteriza-se por um conjunto de fatores de risco – Hipertensão Arterial Sistêmica, Resistência Insulínica, Diabetes Mellitus, Dislipidemia e Obesidade Abdominal, que se associam a elevadas taxas de eventos cardiovasculares. Evidências epidemiológicas apontam para uma associação da SM com a presença de alterações cardiovasculares – Acidente Vascular Cerebral, Infarto Agudo do Miocárdio, Morte Súbita e risco de insuficiência cardíaca (IC). Em nosso meio não está estabelecida a associação da SM nos pacientes portadores de IC encaminhados da Atenção Primária. Objetivos: Determinar a associação de SM em pacientes com suspeita de IC encaminhados da Atenção Primária. Métodos: De janeiro 2005 a agosto de 2006, foram incluídos 144 pacientes em um estudo transversal. A média de idade foi de 61 ±12 para o sexo feminino e 61 ±14 para o sexo masculino. Cinqüenta e sete porcento dos pacientes (82) eram do gênero feminino. Os pacientes foram provenientes do Programa Médico de Família de Niterói. O ecocardiograma foi considerado o padrão áureo para caracterizar a presença de IC. A presença de SM foi definida mediante critérios da Federação Internacional de Diabetes e do programa NCEP-ATP III. Resultados: A SM foi observada em 111 pacientes (77%) da população estudada, sendo 73 pacientes (66%) do sexo feminino; (razão de chance (RC) de 0,195; 95% IC = 0,08 – 0,46) e p< 0,0001. O diagnóstico de IC foi confirmado em 102 pacientes (71%), com o sexo feminino apresentando elevada correlação com a presença da SM; 51 pacientes (65%); (RC 0,116; 95% I.C.= 0,36– 0,37) e p < 0,0001. Entre os pacientes portadores de IC, 61 pacientes (42%) apresentavam insuficiência cardíaca com função sistólica preservada e 41 pacientes (29%) insuficiência cardíaca com disfunção sistólica; p= ns. A freqüência dos componentes que compõem a SM, não demonstrou diferenças significativas na população geral ao ser diferenciada pelo sexo e/ou pela presença ou ausência de IC. Na diferenciação pelo tipo de IC, insuficiência cardíaca com função sistólica preservada se associou à presença de SM em 53 (87%) dos 61 pacientes, p = 0,022. Elevação dos triglicerídios (53%), HAS (94%) e cintura abdominal alterada foram os componentes analisados mais relevantes para a caracterização da presença da SM em portadores de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada. Conclusão: Na IC presente em nossa comunidade, observa-se elevada prevalência de SM. Elevação de TG, obesidade abdominal e hipertensão foram os fatores determinantes na associação SM e insuficiência cardíaca com função sistólica preservada. A SM está fortemente associada à presença de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada e ao sexo feminino em nossa comunidade. Palavras-chave: Síndrome Metabólica; insuficiência cardíaca; atenção primária; mulher.

Page 10: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

ABSTRACT

METABOLIC SYNDROME AND ITS COMPONENTS ASSOCIATED WITH HEART

FAILURE IN PRIMARY HEALTH CARE

Introduction: Metabolic Syndrome (MS) is characterized by the set of risk factors – Systemic Arterial Hypertension, Insulin Resistance, Diabetes Mellitus, Dislipidemia and Abdominal Obesity which are associated to high rates of cardiovascular events. Epidemiologic evidence aims to correlate MS with the presence of cardiovascular alterations – Stroke, Acute Myocardial Infarction, Sudden Death and Heart Failure Risk (HF). We have not established the association of MS in HF patients from the Primary Health Care. Objective: To determine the association of MS in patients with suspected HF from the Primary Health Care. Method: From January 2005 to August 2006, 144 patients were included in a cross-sectional study. Mean age was 61 ±12 years for female patients and 61 ±14 years for male patients. 57% of patients (82) were female. Patients originated from the Family Doctor Program in Niterói. Echocardiogram was considered the golden standard to characterize the presence of HF. The presence of MS was defined using the criteria of the International Diabetes Federation and the NCEP-ATP III Program. Results: MS was observed in 111 patients (77%) of the population studied, where 73 patients (66%) were female; (hazard ratio 0,195, 95% confidence interval (C.I.) = 0,08 to 0,46 and p< 0,0001). HF diagnosis was confirmed in 102 patients (71%), and female patients presented high correlation with the presence of MS; 51 patients (65%); (hazard ratio 0,116, 95% C.I.= 0,36 to 0,37 and p < 0,0001). Among HF patients, 61 patients (42%) presented HF with preserved systolic function and 41 patients (29%) HF with systolic dysfunction; p= ns. The occurrence of features that compose MS has not demonstrated significant differences in the general population when differentiated by gender and/or by presence or absence of HF. When differentiated by type of HF, HF with preserved systolic function was associated to the presence of MS in 53 (87%) of the 61 patients, p = 0,022. Triglyceride elevation (53%), SAH (94%) and alterations in the values considered normal for abdominal waist were the most relevant analyzed components to characterize the presence of MS in patients with HF with preserved systolic function. Conclusion: In the IC shown in our community an elevated prevalence of MS was observed. TG elevation, abdominal obesity and hypertension were the determinant present factors to associate MS and HF with preserved systolic function. MS is strongly associated to the presence of HF with preserved systolic function and to the female gender in our community. Key words: Metabolic Syndrome; heart failure; primary care; women.

Page 11: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AGL Ácidos Graxos Livres

ARA-II Bloqueador do Receptor da Angiotensina II

AVC Acidente Vascular Cerebral

DATA-SUS Banco de Dados do Sistema Único de Saúde

DCVA Doença Cardiovascular Aterosclerótica

DM Diabetes Mellitus

ECA-I Inibidores da Enzima de Conversão da ECA

ECO Ecocardiograma

EUA Estados Unidos da América

FID Federação Internacional de Diabetes

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HDL-colesterol Lipoproteínas de Densidade Alta

HVE Hipertrofia Ventricular Esquerda

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

IC Insuficiência Cardíaca

ICFSP Insuficiência Cardíaca com Função Sistólica Preservada

ICDS Insuficiência Cardíaca com Disfunção Sistólica

IL Interleucina

IMC Índice de Massa Corpórea

LDL-colesterol Lipoproteínas de Densidade Baixa

NCEP ATP III National Cholesterol Education Program Panel III

OMS Organização Mundial de Saúde

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PCR Proteína C Reativa

PTS Pacientes

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SM Síndrome Metabólica

SRAA Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

SUS Sistema Único de Saúde

TG Trigliceridio

TNF Fator de Necrose Tumoral

VLDL-colesterol Lipoproteínas de Densidade Muito Baixa

Page 12: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 a – Componentes da Síndrome Metabólica ...................................................... 23

FIGURA 1 b – Síndrome Metabólica e risco de complicações ........................................... 24

FIGURA 2 - Fatores de risco para desenvolvimento da Síndrome Metabólica ............... 30

FIGURA 3 – Alterações metabólicas presentes na obesidade ............................................ 31

FIGURA 4 – Correlação entre obesidade, hiperinsulinemia e Diabetes Mellitus ............ 37

Page 13: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Características clínicas da população com suspeita de IC encaminhados da Atenção Primária. ............................................................ 52

TABELA 2 Razões de chance de Insuficiência Cardíaca segundo componentes da síndrome metabólica. .......................................... 53

TABELA 3 Razões de chance de ICFSP (em relação à ICDS) segundo componentes da Síndrome Metabólica. ......................................... 54

TABELA 4 Razão de Chance de prevalência de SM por diferentes critérios, segundo o sexo................................................................................................. 56

Page 14: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Correlação entre o tipo de IC e a SM................................................................. 55

Gráfico 2: Correlação entre o tipo de IC e a SM................................................................. 55

Gráfico 3: Correlação entre o tipo de IC e a SM................................................................. 56

Page 15: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16

1.1 Insuficiência Cardíaca no Brasil e no Mundo........................................................ 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 18

3 SÍNDROME METABÓLICA NO BRASIL E NO MUNDO ............................... 19

4 DEFININDO A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COMO UM PROBLEMA METABÓLICO........................................................................................................ 22

5 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA............. 23

5.1 Classificação da Síndrome Metabólica................................................................... 25

5.1.1 Organização Mundial de Saúde (OMS) ................................................................... 25

5.1.2 NCEP – ATP III ........................................................................................................ 25

5.1.3 Federação Internacional de Diabetes ( FID) ........................................................... 25

6 FISIOPATOLOGIA................................................................................................. 27

6.1 Diabetes Mellitus e Risco Cardiovardiovascular................................................... 28

6.2 Obesidade e risco cardiovascular............................................................................ 30

6.2.1 Adiposidade visceral e resistência insulínica ........................................................... 31

6.2.2 Adiposidade visceral, adipocinas e inflamação........................................................ 32

6.2.3 Adiposidade visceral e trombose ............................................................................... 33

6.2.4 Outros fatores associados à fisiopatologia da Síndrome Metabólica...................... 34

6.2.4.1 Fatores genéticos e Síndrome Metabólica .............................................................. 34

6.2.4.2 O papel da leptina..................................................................................................... 34

6.2.4.3 O sistema renina angiotensina aldosterona............................................................ 36

6.2.4.5 Vias do metabolismo das lipoproteínas associadas com a dislipidemia aterogênica ................................................................................................................ 36

6.2.4.6 Síndrome Metabólica e seus efeitos na fisiologia vascular ................................... 38

7 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 39

8 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 40

9 METODOLOGIA .................................................................................................... 41

Page 16: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

10 ARTIGO ORIGINAL .............................................................................................. 43

Resumo .................................................................................................................................... 43

Introdução ............................................................................................................................... 44

Métodos ................................................................................................................................... 44

Análise estatística.................................................................................................................... 46

Resultados ............................................................................................................................... 46

Discussão ................................................................................................................................. 48

Conclusão ................................................................................................................................ 51

Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 57

11 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 61

12 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 65

13 LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLÍNICAS .................................................... 66

14 ANEXOS ................................................................................................................... 67

ANEXO A - Desenho do Estudo............................................................................................ 68

ANEXO B - Insuficiência cardíaca na atenção primária.................................................... 69

ANEXO C - Termo de consentimento livre e esclarecimento do paciente ........................ 73

15 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 74

Page 17: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Insuficiência Cardíaca no Brasil e no Mundo

A IC é uma epidemia cardiovascular emergente, sendo uma das principais causas de

internação pelo Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde (SUS) em pacientes acima de

65 anos, com uma elevada taxa de mortalidade e de reinternação hospitalar(1). Apresenta-se

como um grande obstáculo à diminuição de custos para o sistema de saúde, que representa,

em países industrializados, um consumo de cerca de 1 a 2% de toda a verba destinada à

saúde(2), o qual, geralmente, está acima da combinação de doenças como câncer de mama e de

pulmão(3-4).

No Brasil, não existem estudos epidemiológicos sobre a incidência de IC, porém, de

acordo com outros países, pode-se estimar que até 6,4 milhões de brasileiros sejam portadores

de IC. Segundo dados do SUS, foram realizados, em 2000, perto de 398 mil internações por

IC, com ocorrência de 26 mil óbitos(1). Além disso, dados de estudos populacionais

demonstram que a mortalidade da IC, ajustada pela idade, é cerca de quatro a oito vezes maior

do que a da população em geral e que a mesma representa, em idades superiores a 65 anos, a

principal causa de internação hospitalar(5).

As taxas de internação a cada ano, no período de 2001 a 2005, reduziram-se de 80

para 67 pacientes por 10.000 habitantes, com a taxa de morbi-mortalidade hospitalar

aumentando de 6,61 para 7,45%, respectivamente(1).

No Rio de Janeiro e em Niterói ocorreu também redução das taxas de internação

nesse período, estando, em 2005, em torno de 19 a 40 pacientes para cada 10.000 habitantes,

respectivamente. Porém, apesar de uma redução no número de internações para IC, ocorreu

um aumento na taxa de morbi-mortalidade hospitalar em Niterói, que em 2001 era de 7%,

subindo em 2003 para 11% e chegando nos três primeiros meses de 2006 a 16%. No Rio de

Janeiro, a taxa de mortalidade permaneceu estável, ficando no ano de 2005 em 14,2% (1).

Nos Estados Unidos da América (EUA), estima-se uma prevalência de 5 milhões de

pacientes com insuficiência cardíaca, com cerca de 550 mil casos diagnosticados ao ano, dos

quais espera-se uma mortalidade de cerca de 300 mil americanos ao ano(5).

Em um estudo realizado no Reino Unido, a média de idade para o diagnóstico de IC é

em torno de 76 anos, sendo diagnosticado 1 em 35 pacientes de 65 a 74 anos, elevando-se

para 1 em 15 pacientes de 75 a 84 anos e 1 em 7 pacientes acima de 84 anos(6-7).

Page 18: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

17

Em outros estudos epidemiológicos verifica-se a presença de um maior risco de IC

no sexo masculino, apesar de um maior número de IC no sexo feminino, corroborando com o

perfil demográfico populacional(8).

Em Portugal, num recente trabalho publicado denominado EPICA, demonstrou-se

uma importante prevalência da IC na comunidade, com um significativo aumento de acordo

com a idade e uma maior prevalência de IC com função sistólica preservada. A prevalência de

IC sistólica foi de 1,3% e a de IC com função sistólica preservada de 1,7% (9), corroborando

outros estudos que também se referem a um incremento dos casos de IC com função sistólica

preservada, muito provavelmente devido a um diagnóstico mais precoce, associado a um

tratamento emergencial mais efetivo; porém, a taxa de reinternação e morbi-mortalidade em

ambos os cenários permanece semelhante.

Em outras publicações mundiais correlacionadas à atenção primária, existe uma

subutilização dos métodos de diagnóstico e terapêuticos sem uma conformidade com as

diretrizes vigentes.

No Brasil, o estudo EPICA-Niterói comparou, entre os hospitais públicos e privados

de Niterói, o perfil epidemiológico, sócioeconômico, aspectos clínicos, etiologia, tempo de

internação e mortalidade dos pacientes internados por IC descompensada. Foi observada uma

baixa taxa de utilização de medicamentos, que reduzem as taxas de hospitalização e de

mortalidade, relacionada a uma baixa adesão terapêutica e a uma baixa taxa de prescrição de

beta-bloqueadores(10).

Num recente estudo, avaliando a percepção da prática clínica dos “Médicos de

Família” de Niterói sobre a IC, foi observado um padrão de respostas subótimo em relação ao

manuseio diagnóstico e terapêutico da IC, assim como o reconhecimento da IC com função

sistólica preservada(11).

Estudos que avaliaram a prática clínica de médicos generalistas em outros países,

também demonstraram uma diferença em relação ao uso de estratégias custo-efetivas, quando

comparados com cardiologistas e as diretrizes de tratamento de IC, nas quais se observou uma

não padronização para se obter o diagnóstico da IC, assim como a forma de tratamento

correlacionada às diretrizes vigentes(12-13).

Page 19: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Realizada pesquisa no Pub-Med, em 16/08/2006, buscando artigos originais e de

revisões em humanos nos últimos cinco anos, sendo levantados 337 artigos com as palavras-

chave heart failure and metabolic syndrome.

Page 20: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

19

3 SÍNDROME METABÓLICA NO BRASIL E NO MUNDO

No contexto da Síndrome Metabólica (SM), existem poucos dados epidemiológicos

referentes a sua associação com a IC; porém, vários estudos, recentemente publicados, vêm

demonstrando uma elevada associação com as doenças cardiovasculares(14).

A espécie humana vem sofrendo profundas alterações fenotípicas e genotípicas no

decorrer dos séculos. A facilidade crescente para a obtenção dos alimentos e hábitos cada vez

mais sedentários tornaram a espécie humana adaptada ao meio hostil em que vive. Nesse

processo de seleção natural e de adequação ao meio em que vivem, muitas pessoas pagam

com a própria vida.

Hoje, a espécie humana não necessita armazenar energia como em séculos passados,

marcado por total carência alimentar, pois todo o seu metabolismo digestivo se encontra

geneticamente adaptado para exercer tal função. O resultado final é uma epidemia de obesos,

hipertensos, dislipidêmicos e portadores da síndrome de resistência à insulina como também

da diabete, esta última presente em uma fase mais avançada da doença e se correlacionando

diretamente com a presença das doenças cardiovasculares. Assim, não restam dúvidas, que de

alguma forma estes fatores contribuirão para uma maior mortalidade futura. Identificar,

prevenir e tratar essa epidemia gerará um grande impacto na redução da mortalidade

cardiovascular(15).

A identificação precoce dos casos de SM, assim como o estabelecimento de metas

entre os portadores de risco para o desenvolvimento de alterações cardiovasculares, deve ser

realizada em conjunto com as unidades básicas de saúde. Atualmente, tal união é tida como

imprescindível ao sucesso do controle desses agravos. Portanto, identificar, acompanhar e

tratar precocemente tais pacientes significa expressiva redução de custos aos cofres públicos,

com redução de internações e morbidades referentes à doença de base como também da

mortalidade.

King et al demonstrou que a incidência da SM, em estudos já realizados e não

envolvendo pacientes portadores de Insuficiência Cardíaca, é de 25 a 35%, e calcula-se que

aproximadamente 47 milhões de pessoas ou uma em cada cinco americanos sejam portadoras

da síndrome, podendo a sua incidência aumentar significativamente com a idade, chegando a

ser superior a 40% em pessoas acima de 60 anos(14). Assim a correlação da SM com a IC vem

tornando-se evidente no contexto mundial, correlacionando a síndrome ou os fatores que a

compõem como um possível fator preditor de risco para o surgimento das doenças

cardiovasculares.

Page 21: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

20

No Brasil, as doenças do aparelho circulatório representam um importante problema

de saúde pública. Há algumas décadas apresentam-se como a primeira causa de morte. Em

2000, corresponderam a mais de 27% do total de óbitos, ou seja, 255.585 pessoas faleceram

em conseqüência de doenças do aparelho circulatório(16) , sendo a freqüência de internação

entre pacientes diabéticos e hipertensos, no período de janeiro de 2000 até maio de 2006,

respectivamente, de 163.657 e 3.155.843 pacientes. A associação de ambas se fez presente em

949.998 internações para o mesmo período em ambos os sexos, sendo ainda acompanhada por

uma taxa de sedentarismo por todos os municípios de 44,6% (1.903.995 pacientes),

sobrepeso/obesidade de 43,1% (1.841.102 pacientes) e coronariopatia de 9,1% (356.905

pacientes)(16). Logo, a hipertensão arterial (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM), integrantes da

Síndrome Metabólica, constituem os principais fatores de risco para as doenças do aparelho

circulatório em nosso meio e, entre suas complicações mais freqüentes, encontram-se o

infarto agudo do miocárdio (IAM), o acidente vascular cerebral (AVC), a insuficiência

cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes

perinatais.

Em um conceito individual, 50% dos pacientes portadores da síndrome de resistência

insulínica ou caracterizados como pré-diabéticos apresentam a SM. Dessa forma, apresentam

elevado risco para desenvolver DM, que muito contribuirá para o surgimento das

complicações cardiovasculares. A taxa anual de conversão entre a síndrome de resistência

insulínica e a DM é de 5 a 10% ano(17).

Pacientes portadores de resistência insulínica apresentam elevado risco de

complicações cardiovasculares na presença da SM, fato não demonstrado em sua

ausência(18-19).

Portadores de DM, que em todo o mundo representa um dos principais substratos

para o desenvolvimento das complicações cardiovasculares, estão submetidos a um fator de

risco independente, tanto para sexo masculino quanto para o feminino, no surgimento de

complicações cardiovasculares(20-21). Nos EUA, 20% dos pacientes acima de 40 anos e que

são diabéticos do tipo 2 apresentam SM(22-23). Em nível mundial, representam 177 milhões de

pacientes, podendo chegar, principalmente com o grande avanço populacional dos países em

desenvolvimento, a atingir, em 2030, cerca de 366 milhões de pacientes. Sua presença está

associada também a um risco três vezes maior de complicações cardiovasculares

ateroscleróticas(14,24-26), com 75-80% desses morrendo por tal condição(23).

Page 22: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

21

No SUS, as doenças cardiovasculares respondem por 1.150.000 internações/ano, com

um custo aproximado de 475 milhões de reais, sendo que estes números não incluem os

gastos com procedimentos de alta complexidade.

Portanto, não é difícil retratar que fatores citados e já consagrados para o

desenvolvimento de uma resposta subclínica, inflamatória e pró-trombótica, como também

para o surgimento da hipertrofia miocárdica, determinem em uma fase avançada o modelo

diastólico e sistólico da IC, período em que muitas vezes se fará o diagnóstico da Síndrome

Metabólica.

Podemos assim dizer que todo este processo evolutivo, adquirido no decorrer de

anos, deixou de ser um avanço da espécie humana, pois gerou uma maior facilidade de

adquirirmos energia. Está, associada a hábitos sedentários, nos torna um substrato permanente

para o desenvolvimento de alterações cardiovasculares associada à presença da Síndrome

Metabólica e de suas conseqüências tardias, como a IC(27).

Page 23: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

22

4 DEFININDO A INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COMO UM PROBLEMA

METABÓLICO

Nos dias atuais, a IC é definida como um estado fisiopatológico, no qual a função

cardíaca anormal é responsável pela falência do coração em bombear sangue em velocidade

adequada e requerida para um adequado metabolismo tecidual(28). Conceitua-se clinicamente

como uma complexa síndrome secundária a anormalidades metabólicas, neuro-humorais,

endócrinas, imunológicas, inflamatórias e hemodinâmicas, o que a torna, nos dias atuais, uma

epidemia cardiovascular emergente. Seu aumento se encontra diretamente relacionado ao

crescimento populacional, como também ao alarmante crescimento de condições

predisponentes a sua presença, destacando-se os componentes da SM (DM, HAS,

Dislipidemia e Obesidade) em uma complexa intercorrelação presente entre os mesmos(29).

Este fato, muito relevante, demonstra a presença de um processo patológico em

desenvolvimento, permitindo uma melhor identificação dos casos em estudos futuros(15).

Assim, devemos considerar como muito importante a determinação de possíveis

fatores modificáveis de risco para o surgimento da IC, destacando-se todos os componentes

da SM oriundas de hábitos sedentários de vida, alimentação inapropriada, obesidade e o

metabolismo alterado da glicose como os grandes fatores determinantes para o surgimento da

lesão endotelial, resposta inflamatória e desequilíbrio entre fatores pró-trombóticos e

antitrombóticos, em um mecanismo contínuo e conjunto de alterações. Não podemos deixar

de citar a presença da HVE, da doença valva cardíaca e do tabagismo como marcantes

propagadores da disfunção cardíaca em nosso meio(30).

Portanto, trabalhos em todo o mundo demonstram o surgimento de uma verdadeira

epidemia cardiovascular, fato gerado pelo aumento da prevalência de condições subclínicas

provenientes de alterações metabólicas, neuro-humorais, endócrinas, imunológicas e

hemodinâmicas que em uma complexa rede de ações determinam o surgimento da IC.

Page 24: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

23

5 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA

A Síndrome Metabólica, descrita inicialmente em 1988, por Reaven, foi denominada

“síndrome X”, em que uma constelação de fatores de risco associada à resistência insulínica

se fazia presente(26-27). Posteriormente, foi chamada de síndrome de resistência à insulina,

seguida de síndrome plurimetabólica, até a Organização Mundial de Saúde defini-la como

Síndrome Metabólica, termo preferido pelos endocrinologistas como a forma mais genérica

de agregar os fatores de risco metabólicos.

Contudo, nos últimos anos, a comunidade médica tem sido surpreendida por novas

determinações de valores clínicos e laboratoriais de muita relevância para o diagnóstico da

SM. A mesma surge neste contexto pela importância clínica de sua incidência e, no contexto

mundial, pela múltipla interação de seus fatores com os riscos de eventos cardiovasculares,

assim como pelo surgimento da diabete. Por isso, muitos autores preferem chamá-la de

“cardiometabólica”, entendendo que o termo SM não agrupa ou esclarece todas as ações

presentes de cada componente de risco que compõem a SM(31).

DOENÇA CARDIOVASCULAR

Fatores de Risco Clássicos

Síndrome MetabolicaSíndrome Metabolica

DislipidemiaAterogênica

Estado pró-trombótico

InflamaçãoVascular

DisfunçãoVascular

Disglicemia

↑ Fator VII

↑ Fibrinogênio

↑ PAI1

↓ HDL

↑ LDL-c

↑ TG

↑ apoB

DM

Intol. Glicose

↑ Pressão Arterial

Disfunção Endotelial

Dislipidêmia

Resistência Insulínica e DM

↓ Adiponectina

SAA

PCR

↑ Proteínas de fase aguda

↑ IL-18

↑ IL-8, IL-10

↑ IL-1, IL-6

↑ TNFα

↑ CitocinasInflamatórias

FIGURA 1 a – Componentes da Síndrome Metabólica

Page 25: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 26: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

25

5.1 Classificação da Síndrome Metabólica

5.1.1 Organização Mundial de Saúde (OMS)

Classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1999, foi definida por

índice Homeostasis Model Assessment (HOMA) de resistência à insulina no maior quartil da

população de referência ou que, após 2 horas da sobrecarga oral de glicose, a mesma seja >

140mg/dl, estando assim associada a outros dois critérios como PAS ≥ 140X90mmhg ou em

uso de medicações anti-hipertensivas; Triglicérides ≥ 150mg/dl ou HDL-colesterol < 35mg/dl,

em homens, e < 40 mg/dl, em mulheres; obesidade visceral (abdominal ou global, central ou

centrípeta), IMC ≥ 30 Kg/m² ou razão cintura-quadril > 0,90, em homens e > 0,85, em

mulheres; microalbuminúria, taxa de excreção urinária de albumina > 20µg/min ou razão

albumina-creatinina urinárias > 20mg/g(35-36).

5.1.2 NCEP – ATP III

As diretrizes de SM da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) têm adotado os

critérios do programa National Cholesterol Education Program Panel III (NCEP-ATP III) para

caracterizar a presença da SM em adultos(37).

Criada em 2001, o NCEP-ATP III define a presença da SM mediante a presença de

três, entre cinco critérios. Entre eles verificam-se a presença de alterações nos níveis da

Cintura abdominal > 102cm para homens e 88cm para mulheres; Triglicérides ≥ 150mg/dl,

HDL-colesterol < 40mg/dl para homens e < 50mg/dl para mulheres, PAS ≥ 130X80mmHg e

glicemia ≥ 110mg/dl(38). Vale ressaltar a facilidade de se realizar o diagnóstico por esse

critério em comparação com o critério utilizado pelo programa da OMS.

5.1.3 Federação Internacional de Diabetes ( FID)

Dados epidemiológicos emergentes corroboram a decisão da Federação Internacional

de Diabetes (FID), para a adoção de metas mais rígidas e restritas, para um melhor controle

das complicações da Síndrome Metabólica. Assim, pela forte correlação entre a SM e as

doenças cardiovasculares, além da sua patogênese, hoje não mais discutida, se identificarmos

e tratarmos, agressivamente, os fatores envolvidos na síndrome em nosso mundo real,

Page 27: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

26

evitaremos que pacientes desenvolvam complicações cardíacas estruturais, as quais, muitas

vezes, serão detectadas tardiamente em uma forma final da doença (ICC). Tais fatos

motivaram FID a criar novos critérios para a determinação da Síndrome Metabólica que são

definidos por: Cintura abdominal > 94cm para homens e 80cm para mulheres, associados com

a presença de outros dois critérios, sendo a taxa de HDL-C, TG e da pressão arterial igual à do

NCP-ATP III, com ressalva para os novos valores da glicemia de jejum que passou a ser

alterada se > 100mg/dl. OBS.: Se a mesma se mostrar > 126mg/dl o paciente será classificado

como portador de DM e não mais como portador de glicemia de jejum alterada(39-40). Para

ambas as definições, o uso de drogas hipoglicemiantes, anti-hipertensiva ou hipolipemiante se

associa como um critério positivo. Como também se o IMC ≥ 30 Kg/m² (41).

O grande motivo para essas mudanças adotadas foi a verificação da presença da

obesidade como um direto contribuinte para o desenvolvimento de alterações no perfil

glicídico até o surgimento da DM e as conseqüências cardiovasculares futuras desastrosas.

Sendo assim, e pela sua fácil utilização na prática clínica, esses fatores foram motivadores

para que a FID instituísse como regra a medida da circunferência abdominal na prática

clínica.

Page 28: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

27

6 FISIOPATOLOGIA

Muitos dos reconhecidos fatores de risco tendem a cursar, de forma conjunta, onde a

HAS, DM, dislipidemia e a obesidade se associam, em pacientes caracterizados como

portadores da Síndrome Metabólica (FID E NCEP). Nesse aspecto, os pacientes que

apresentem resistência à insulina também serão fundamentais para a fisiopatologia da doença,

assim como para a sua caracterização, onde a mesma pode contribuir através de várias formas

a uma deletéria ação ao coração. Entre essas ações, os possíveis mecanismos associados à SM

que ocasionam a IC ainda são especulativos. No entanto, está claro que a agressão da

integridade celular cardíaca, a partir da SM, favorece o desenvolvimento de IC, tal como o

efeito estimulador da insulina no miocárdio de cobaias (camundongos), propiciando aumento

da massa cardíaca e conseqüente diminuição do débito cardíaco(16), a hiperestimulação do

sistema nervoso simpático, determinado pela hiperinsulinemia, assim como a sua capacidade

de promover ativação de fibroblastos em pacientes hipertensos, determinando hipertrofia do

VE, aumento da produção de colágeno e fibrose(17,42-44). Dessa forma, a associação desses

fatores pode contribuir, de forma conjunta, para o surgimento de estruturais danos à célula

cardíaca, promovendo ações deletérias tanto na função sistólica quanto diastólica(45), através

de mecanismos aterogênicos, de remodelamento ventricular ou por direta ação relacionada a

uma alteração no metabolismo glicídico, como demonstrado em diversos estudos(46-47).

Outros estudos demonstram ser a SM um importante preditor para o surgimento

da IC(48-49).

Dessa forma, pesquisas demonstram que, atualmente, tais fatores, substratos para a

Síndrome Metabólica, apresentem uma estreita relação com a presença da insuficiência

cardíaca(5). Parece, assim, não haver mais dúvidas quanto aos riscos oferecidos pela Síndrome

Metabólica se presentes os critérios que a compõem. Contudo, muitas controvérsias existem

referentes a sua fisiopatologia, ou seja, qual é na verdade o principal agente das alterações

cardiovasculares que venham a surgir no decorrer da doença?

Exemplos de modelos de intercorrelações entre os fatores presentes à SM para o

desenvolvimento de IC vêm sendo recentemente estudados, como resposta inflamatória

subclínica e DM ou ainda resistência insulínica, DM e obesidade(50).

O NCEP ATP III sugere que a obesidade abdominal associada ao sedentarismo sejam

os principais responsáveis pela epidemia hoje presente, focando a perda de peso e o aumento

da atividade física como fatores relevantes para o controle da síndrome. Já a Organização

Mundial de Saúde coloca a resistência insulínica como fator central e logicamente refere-se à

Page 29: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

28

necessidade do uso de drogas sensibilizadoras da insulina para pacientes sem diabetes. Outros

autores classificam a síndrome inflamatória como um mecanismo subclínico e crônico, que

está associado à síndrome de resistência insulínica, mesmo em pacientes sem alterações no

perfil glicêmico, como verificado através do teste de tolerância oral à glicose. O estudo

IRAS(51) demonstrou uma significante associação da PCR (Proteína C Reativa), um marcador

inflamatório, com dislipidemia, obesidade, hipertensão arterial e resistência insulínica, quando

comparados pacientes sem alterações no perfil glicêmico. Logicamente, aqui o tratamento

engloba o uso de estatinas, perda de peso, atividade física, sensibilizadores de insulina,

inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) e os bloqueadores dos receptores

de angiotensina II (ARA-II).

O certo é que um total conhecimento da SM se faz necessário para a compreensão

dos fatores que caracterizam todos os componentes envolvidos com a síndrome, e que, de

alguma forma, uma maior ou menor suscetibilidade se fará presente para o surgimento das

alterações ou manifestações dos componentes da síndrome. O exemplo mais característico de

tal fato é que muitos pacientes, às vezes com moderado aumento de peso, apresentam

aceleradas manifestações de seus problemas(52), outro fator importante é a suscetibilidade

verificada para predisposições sexuais e raciais como verificado no estudo Dallas Heart

Study(53).

6.1 Diabetes Mellitus e Risco Cardiovardiovascular

A DM é uma das doenças crônicas mais comuns. Sua freqüência vem, hoje,

adquirindo alarmantes proporções, até mesmo como proporção epidêmica. Ela é caracterizada

como um independente fator de risco cardiovascular para o surgimento da IC(5). A DM é

dividida em tipo I, insulino dependente ou juvenil, e tipo II, não insulino dependente ou de

surgimento na fase adulta. A chamada do tipo I é caracterizada por uma total deficiência na

produção de insulina, já a do tipo II apresenta-se como uma resistência à insulina ou por uma

deficiência parcial em sua produção. Referente a sua apresentação, a do tipo I surge em

crianças ou na fase de adultos jovens (< 30 anos) e representa menos de 10% dos casos. A do

tipo II desenvolve-se na fase adulta (> 40anos) e, freqüentemente, se associa à obesidade. De

acordo com a OMS, uma pessoa apresentando IMC de 25-30 Kg/m² tem sobrepeso e de > 30

Kg/m², é obesa. Aproximadamente 1/3 da população obesa desenvolve DM e 80% dos

pacientes com DM apresentam sobrepeso ou obesidade(4).

Page 30: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

29

Diversos mecanismos podem ser utilizados para explicar a correlação existente entre

a DM e a IC ou falência cardíaca. Entre eles a presença de HAS, dislipidemia aterosclerótica e

a HVE, que podem de alguma forma, associados à DM, contribuir para o desenvolvimento da

falência cardíaca. Outra forma é que, dentro de um modelo fisiopatológico comum a esses

fatores, os mesmos se agreguem a um mecanismo de ativação neuro-humoral, disfunção

endotelial, aumento do estresse oxidativo e ativação do SNS. Podem assim promover uma

alteração tanto da função sistólica quanto diastólica(2,54-56) em um processo distinto e

independente da aterosclerose, que estando associada a fatores como micro angiopatia, fatores

metabólicos e/ou fibrose miocárdica será denominada “cardiomiopatia diabética”.

No estudo de Framinham, a DM estava associada à presença de IC e, apesar da

associação a outros fatores de risco, mesmo após o controle dos mesmos, DM e IC se

mantiveram presentes, reforçando a hipótese da “cardiomiopatia diabética”(57). Assim, a DM

poderá contribuir tanto para a promoção de aterosclerose e, conseqüentemente, doença

coronariana e falência cardíaca, como também evoluir em uma forma independente de

cardiomiopatia.

Iribarren e colaboradores demonstraram em seu estudo que o aumento de 1% no

nível de hemoglobina glicosilada se correlacionava com 8% de aumento no risco para

desenvolver IC(58).

Estudos como San Antonio Heart Study(59) e o Nurses Health Study (NHS)(60)

demonstraram a importância da precocidade diagnóstica e também terapêutica, em que os

riscos de eventos cardiovasculares aumentam de forma progressiva e significativa em

pacientes considerados normais, pré-diabéticos e diabéticos consecutivamente(61-63). Dessa

forma, é bastante aceitável, como demonstrado em outros estudos como o United Kingdom

Prospective Diabetes Study (UKPDS), que o risco da doença cardiovascular aumenta

significativamente após o surgimento da diabete(64).

Em dias atuais, não parecem, portanto, existir mais dúvidas de que tanto a DM pode

levar à IC quanto a IC pode levar à DM(59).

A FIG 2 demonstra que a SM, progressivamente, evoluirá para a presença da diabetes

e que, durante todo esse período de desenvolvimento, a aterogênese já está ocorrendo,

inicialmente numa forma insidiosa, até que surjam as alterações cardiovasculares

propriamente ditas, associadas às alterações representadas pela DM. Assim, para muitos, a

SM é um importante preditor de risco tardio, não sendo, portanto, um real indicador precoce

para eventos cardiovasculares, realçando, desta forma, a importância da precocidade

Page 31: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 32: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

31

Collaborative Analysis of Diagnostic Criteria in Europe Mets (DECODE), além de outros

dois estudos prospectivos europeus(70-73).

AdiposidadeIntra

abdominal

CirculaçãoPorta

���� Glicêmia

ResistênciaHepaticaInsulina

CirculaçãoSistêmica

���� TGVLDL-C

� Partículaspequenas edensas LDL-C

Lipólise

Page 33: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

32

Cronicamente, esse estímulo excessivo de ácidos graxos irá fazer com que o pâncreas ou as

células-ß se dessensibilizem e suprimam a secreção de insulina. Os ácidos graxos também

irão estimular o metabolismo lipídico no nível hepático, promovendo assim uma maior

produção de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL-colesterol), que são ricas em

triglicérides e, dessa forma, gerando um aumento das partículas aterogênicas, caracterizadas

por serem pequenas, densas e de baixa densidade (LDL-colesterol). Já no nível periférico,

teremos uma menor captação e utilização da glicose pelo tecido muscular e adiposo, associada

a um aumento da resistência à insulina. Portanto, quando oriundos da adiposidade intra-

abdominal, os ácidos graxos podem promover tanto dislipidemia quanto resistência insulínica.

6.2.2 Adiposidade visceral, adipocinas e inflamação

Existem fortes evidências entre a associação da SM e a inflamação como preditores

de IC(75-76).

Nessa associação, a produção de marcadores inflamatórios como FNT-α e IL-6 está

aumentada nos adipócitos intra-abdominais em comparação com a gordura subcutânea. Outra

forte ligação existente se faz na associação entre inflamação e resistência insulínica, em que a

obesidade visceral funciona como um estado pró-inflamatório subclínico.

O tecido abdominal, hoje, é visto como um órgão endócrino, com capacidade

secretiva e o poder de exercer ação tanto local quanto a distância (atividade parácrina). Possui

também capacidade de sintetizar leptina, citoquinas inflamatórias (interleucinas e fator de

necrose tumoral), inibidor do ativador de plasminogênio (PAI-1), ácidos graxos livres e

adiponectina. Portanto, várias ações são atribuídas como de relevância clínica, entre as quais

se destacam uma ação pró-inflamatória como também uma ação pró-trombótica.

Diversos estudos demonstram a ligação desses fatores, ou seja, que existe um papel

relevante das citocinas (IL-6 e TNF-α) na indução da resistência insulínica, além de um

comprometimento da síntese endotelial do óxido nítrico, ligando, desse modo, a resposta

inflamatória à Síndrome Metabólica. Portanto, esses fatos sugerem uma ligação entre a

obesidade e a resistência insulínica. Outros marcadores, como a PCR, vêm sendo associados

positivamente à presença de diabetes mellitus e inflamação, além de apresentarem uma

correlação positiva com cintura abdominal alterada, níveis de triglicérides e resistência

insulínica. Por outro lado, uma correlação inversa com níveis de HDL-c é observada.

Page 34: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

33

Quanto à adiponectina, verifica-se, em estudos, uma relação inversa com a

obesidade. Sua diminuição promove perda de fatores protetores antiaterogênicos. Sendo

assim, a sua diminuição relaciona-se com a capacidade de geração de danos ao endotélio, ou

seja, perda de suas ações cardioprotetoras(77-80).

Exemplo: expressão diminuída de moléculas de adesão no endotélio vascular,

conversão reduzida de macrófagos a macrófagos espumosos, migração reduzida de células

musculares lisas, diminuição da sensibilidade à insulina por diminuição da oxidação de ácidos

graxos no nível hepático e muscular esquelético, promovendo dessa forma uma maior

produção de glicose hepática associada a uma menor utilização.

Portanto, existe associação das doenças cardiovasculares, que se fazem diretamente

relacionadas em recentes estudos, com à presença da SM, somada a um reduzido nível de

adiponectina, proporcionando perda da proteção cardiovascular, associando-se a uma

elevação dos níveis de marcadores inflamatórios como a PCR e membros da cascata da

coagulação. Isso se desenvolve não somente como uma conseqüência a resposta inflamatória,

mas, efetivamente, como um forte contribuinte à mesma(77).

Apesar desses dados, um recente estudo não conseguiu caracterizá-la por estudos de

polimorfismo, que a ADIPO Q prediz IC(78).

Porém, no mesmo estudo, adiponectina foi preditora de mortalidade em pacientes

com IC, mas limitações foram ali relatadas, como a não utilização da aponectina de alto peso

molecular, que representa a forma mais relevante em humanos(79-80).

6.2.3 Adiposidade visceral e trombose

O PAI-1 é uma proteína reguladora da cascata de coagulação. Atua como um agente

promovedor e contribuinte da trombose endógena. Sua presença se faz elevada em processos

inflamatórios, obesidade, como também na SM. Embora estudos demonstrem que,

primariamente, sejam liberados através das plaquetas ou pelo endotélio, existem evidências

de que sua liberação também ocorra através da gordura visceral, possuindo assim a

capacidade de promover o desequilíbrio endógeno homeostático em nosso organismo. O seu

aumento se correlaciona à não produção do fator ativador de plasminogênio, sintetizado pela

gordura visceral. Com o surgimento de processo inflamatório, o endotélio deixa de liberá-lo,

favorecendo, desta maneira, fenômenos trombogênicos. Temos, assim, um estado

inflamatório associado a um estado pró-trombótico ou de hipercoagulabilidade com

Page 35: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

34

diminuição da fibrinólise endógena atribuída a uma elevação da PAI-1 e um maior risco

cardiovascular(81).

6.2.4 Outros fatores associados à fisiopatologia da Síndrome Metabólica

6.2.4.1 Fatores genéticos e Síndrome Metabólica

Estudos demonstram que filhos de pacientes que apresentam hipertensão arterial ou

são diabéticos e/ou dislipidêmicos apresentam maior chance de desenvolver resistência

insulínica em uma fase mais precoce da vida do que filhos de pais sem tais alterações. Isso

sugere um estado hiperinsulinêmico, geneticamente determinado, que se agrava em condições

externas desfavoráveis, originadas, por exemplo, pela Síndrome Metabólica. Outro dado

importante e já citado é que, em alguns casos, a SM se manifesta de forma tardia, não

podendo, portanto, ser correlacionada como um marcador precoce. Porém, em determinadas

situações, as manifestações ocorrem precocemente, sugerindo fenômenos genéticos

envolvidos no “gatilho” inicial das manifestações presentes na SM(31).

Outros trabalhos experimentais demonstram que, ao se estimular o ganho de peso,

estímulos via mRNA mensageiro promovem uma diminuição dos níveis da adiponectina,

associada ao aumento da resposta inflamatória. Tais fatores demonstram a conexão existente

entre a obesidade e a resposta inflamatória(82-84).

6.2.4.2 O papel da leptina

Embora não seja caracterizada como uma citocina inflamatória, o seu aumento se

correlaciona com a elevação dos marcadores inflamatórios(85).

Na verdade, a leptina caracteriza-se como um hormônio que se eleva em condições

de maior gasto energético(86), sugerindo uma sinalização da resposta inflamatória para a

ocorrência da hiperleptinemia(87).

Recentemente, a mesma foi identificada como um produto da obesidade, por ser um

hormônio produzido pelo tecido adiposo (aminoácido 167 – gen ob), com a característica de

atuar no SNC, que pode ser o responsável pelo seu controle plasmático (feed-back) (88-90).

Em pacientes diabéticos, a sua elevação se correlacionou com uma maior prevalência

de aterosclerose, independentemente da presença de resistência à insulina(91).

Page 36: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

35

Em pacientes obesos e hipertensos parece também ocorrer uma maior vasculopatia na

vigência da sua elevação, não por metabólicas ações, mas sim por uma ação simpática

reguladora(92).

Maior espessamento intimal também foi descrito após suplementos dietéticos em

estudos experimentais(93).

A mesma também se correlaciona em uma fase mais avançada da síndrome, em que

as anormalidades metabólicas já concretizaram uma falência cardíaca. Isso pode ser explicado

em pacientes com falência cardíaca crônica, onde as anormalidades metabólicas determinam

níveis alterados de lepitina; correlaciona-se assim com elevadas concentrações de TNF-α,

assim como a outras citocinas. Conclui-se que elevações nos níveis da leptina podem ter

participação em um estágio catabólico, levando ao desenvolvimento da caquexia cardíaca no

decorrer da disfunção cardíaca crônica(94).

Um recente estudo demonstrou que pacientes com caquexia cardíaca apresentam, de

forma significativa, uma menor concentração de leptina, quando comparados a pacientes

normais, não caquéticos ou portadores de doença cardíaca isquêmica, porém sem disfunção

ventricular, onde a explicação para tal fato se faz pela hiperestimulação do sistema nervoso

simpático (SNS) (86).

Assim, na balança de fatores que contribuem para a sua elevação (insuficiência renal,

TNF-α, insulina, hormônio do crescimento, cortisol) (95-98), e diminuição (Hiperatividade do

SNS, elevação dos níveis de nora-adrenalina, alterações hemodinâmicas, elevação do

metabolismo) (98-102), parece que a caquexia associada à falência cardíaca não é determinada

pelos níveis de leptina e, sim, pelos diversos fatores que podem estar envolvidos na sua

inibição, como por exemplo a hiperatividade simpática(86).

O Dallas Heart Study, assim como o estudo The Women`s Health Study, o primeiro

desenvolvido pela Universidade do Texas e o segundo em Boston, revelaram que a leptina,

independente da obesidade, está correlacionada com níveis positivos de PCR em mulheres.

Fato não correlacionado para o grupo masculino, pode assim ser utilizado como um

identificador de risco para o surgimento de doença cardiovascular nas mesmas, além de

sugerir diferentes formas para a presença de inflamação entre os sexos(103).

Page 37: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

36

6.2.4.3 O sistema renina angiotensina aldosterona

Na progressão da doença cardíaca, grandes interações ocorrem, levando a uma

progressiva deterioração cardíaca (caquexia cardíaca). Nesse contexto, severas alterações

neuro-humorais se desenvolvem, incluindo aumento dos níveis de catecolaminas, ativação do

sistema renina angiotensina aldosterona e elevação de peptídios natriuréticos(15). Tais fatores

se correlacionam, assim, de forma direta com todo o descontrole metabólico, agravando, por

conseguinte, toda a cascata de progressão da falência cardíaca.

Portanto, a fisiopatologia da Síndrome Metabólica permanece, ainda hoje, de forma

discutível, com muitas dúvidas presentes, quando se refere ao evento inicial e a sua

denominação. O certo é que, até a presente data, acredita-se não haver um fator central

responsável por todas as anormalidades encontradas e, sim, fatores-chave, determinantes de

suma importância no contexto das doenças, tais como: sedentarismo, descontrole hormonal,

predisposição genética, obesidade visceral, dislipidemia, hipertensão, resistência insulínica e

diabetes(55).

6.2.4.5 Vias do metabolismo das lipoproteínas associadas com a dislipidemia

aterogênica

Nos adipócitos, a lipólise leva à produção de ácidos graxos (AGL) a partir dos

triglicérides, promovendo assim um aumento de seus níveis no sistema porta e determinando

um aporte além do esperado para o fígado. A adiposidade intra-abdominal é tida como grande

contribuinte para os níveis portais de AGL, que uma vez no fígado irá afetar o metabolismo

lipídico hepático, estimulando a produção de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL-

colesterol), ricas em triglicérides através da apo B, levando a um aumento nas partículas

aterogênicas pequenas e densas (LDL-colesterol) e a uma redução nas lipoproteínas de alta

densidade (HDL-colesterol). Tanto a partícula de LDL quanto a de VLDL são altamente

aterogênicas. A partícula de HDL, diminuída nesse processo, não consegue desenvolver um

papel reverso no transporte do colesterol, comprometendo a sua ação antiinflamatória,

antioxidante e antiagregante(104).

No fígado, também teremos o AGL inibindo a ligação e a degradação da insulina(105).

Isto induzirá a uma resistência à insulina hepática, o que por sua vez determinará uma

produção aumentada de glicose hepática e hiperinsulinemia.

Page 38: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

37

No pâncreas, a exposição aguda das células pancreáticas ao AGL determina, através

das células-B, uma liberação aumentada de insulina. Cronicamente, essa exposição irá

determinar a sua falência, com total supressão da secreção insulínica(106-107). Ver FIG 4.

Lise dos Adipócitos

Circu

lação

Porta.

Mai

orap

orte

Comprometimentodo MetabolismoLipídico Hepático

� VLDL-C (Ricas em TG)� LDL-colesterol

Falência

Pancreática� Liberação Insulina

Células ß

AGL

(TG)

?HDL-colesterol?Transportereverso

de

colesterolApo -B�AçãoAnti-inflamatória�AçãoAnti-oxidante�InibiçãodaagregaçãoLDL

FIGURA 4 – Correlação entre obesidade, hiperinsulin

emia e Diabetes Mellitus

Os pacientes portadores de dislipidemia aterogênica, em grande parte

, são portadores

da SM. Ela consiste em um aumento da lipoproteína contida nas apolipoproteínas B (apo B), a

qual inclui a lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e a lipoprot

eína de baixa

densidade (LDL), além de elevações da VLDL triglicérides. Um menor nível de lipoproteínas

de alta densidade (HDL) também se faz presente na dislipidemia aterogê nica (FIG 1-A).

APO B: Sua elevação na corrente sangüínea indica um alto nível de partículas aterogênicas na circulação. Sua elevação é especialmente preocup ante quando os níveis de LDL-C estão normais, o que geralmente espelha níveis de partícula s pequenas e densas de LDL (PADRÃO TIPO B), que possui um potencial aterogênico superior, se comparado às partículas maiores e mais “boiantes”. Normalmente esse padrão tipo B associa-se à SM.

Page 39: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

38

6.2.4.6 Síndrome Metabólica e seus efeitos na fisiologia vascular

O endotélio vascular caracteriza-se como o primeiro alvo da SM, sendo constituído

por uma camada unicelular localizada sobre uma membrana basal e circundando todos os

vasos sangüíneos.

William Osler descreve o endotélio como um mero separador entre o sangue fluido e

o restante dos tecidos. Porém, em 2004, ele foi considerado um órgão ativo, com funções

fundamentais e reguladoras no delicado balanço da vasomotricidade, proliferação celular,

trombose, inflamação e oxidação. Possui privilegiada e estratégica localização, sendo capaz

de captar sinais tanto de forças hemodinâmicas quanto de sinais químicos liberados no

sangue. Atua, assim, como importante modulador da homeostase autonômica vascular e com

importante impacto prognóstico.

Apresenta, portanto, importantes funções muito bem caracterizadas, como na

manutenção da hemostasia sanguínea, barreira protetora a agressões externas, anti-

aterogênica, antitrombogênica e antiinflamatória. Assim, hoje, o endotélio é visto como um

grande órgão e que desempenha importantes funções para o organismo.

As ações da SM no endotélio dividem-se em ações pró-inflamatória e pró-

trombóticas, as quais determinam uma progressiva disfunção vascular.

Como exemplo das ações deletérias ocasionadas pela SM ao endotélio, fazem-se

presentes ações proporcionadas pelas citocinas inflamatórias, como o TNF-α, IL-6 e a PCR,

mediante a ativação dos macrófagos, que se tornam capazes de fagocitar as partículas de

LDL-colesterol, formando assim as células espumosas. Outros mecanismos são: Apo-ß

reduzindo os níveis de HDL, promovendo, assim, uma deterioração no transporte reverso do

colesterol, além de aumentar as ações inflamatórias no tecido. Sua diminuição também

determina um não bloqueio à ação da apo-ß; Elevação de fatores pró-coagulantes, como a

PAI-1 e o Fibrinogênio, além de anormalidades plaquetárias.

Com o tempo, a perda desses fatores protetores poderá gerar ruptura da placa

aterosclerótica oriunda desse complexo e permanente processo, que culminará com a

formação da trombose num processo hoje descrito como aterotrombose.

Page 40: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

39

7 OBJETIVO GERAL

Avaliar a associação da SM nos pacientes portadores de IC crônica estável

provenientes do Programa Médico de Família.

Page 41: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

40

8 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Estudar a prevalência de SM e seus componentes em portadores de IC na

Atenção Primária.

2) Avaliar a associação da SM e seus componentes nos dois modelos

fisiopatológicos de IC - insuficiência cardíaca com função sistólica preservada e insuficiência

cardíaca com disfunção sistólica.

3) Correlacionar a presença de SM e o gênero dos pacientes portadores de IC na

comunidade.

Page 42: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

41

9 METODOLOGIA

Estudo transversal, realizado de janeiro de 2005 a agosto de 2006 em pacientes com

suspeita de IC pertencentes ao Programa Médico de Família do município de Niterói, Estado

do Rio de Janeiro. A amostra populacional de pacientes com IC foi estimada em 100

pacientes, considerando a população atendida pelo PMF, que é de

Page 43: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

42

Para definição dos componentes da SM pelo critério do NCEP-ATP III utilizamos os

seguintes valores: 1) Cintura abdominal > 102cm para homens e 88cm para mulheres; 2)

Triglicerídios ≥150mg/dl; 3) HDL-c < 40mg/dl para homens e < 50mg/dl para mulheres; 4)

PAS ≥130X85mmHg e 5) glicemia ≥110mg/dl e pelo critério da FID: 1) Cintura abdominal

>94cm para homens e 80cm para mulheres; 2) Triglicerídios ≥150mg/dl, 3) HDL-c < 40mg/dl

para homens e < 50mg/dl para mulheres; 4) PAS ≥130X80mmHg e 5) glicemia ≥100mg/dl.

Os pacientes com níveis de pressão arterial ou de glicemia normal, estando em uso de

medicamentos hipoglicemiante ou anti-hipertensivos, foram pontuados como critério positivo.

A SM foi confirmada pelo critério NCEP ATP III, mediante a presença de três, dentro dos

cinco possíveis componentes presentes(109). Já para inclusão por meio dos componentes da

FID, se fez necessária a alteração da cintura abdominal, associada a outras duas alterações(40-

41). DM foi definida por níveis glicêmicos ≥ 126 mg% e resistência insulínica com valores

glicêmicos de 100 a 125 mg%.

As variáveis avaliadas nesse modelo foram: idade, sexo, pressão arterial, cintura

abdominal, glicemia, HDL, TG, IMC além dos dados do ECO, para definição do tipo da IC

assim como a sua presença ou ausência.

As alterações estruturais do ecocardiograma avaliadas foram: 1) fração de

encurtamento do VE < 28%; 2) importante alteração segmentar associada à dilatação do VE;

3) índice de massa do VE > 134 g/m² nos homens e > 110 g/m² nas mulheres; 4) hipertrofia

do septo interventricular e da parede posterior do VE segundo os parâmetros para idade e

sexo; 5) aumento do diâmetro do AE (átrio esquerdo) segundo os parâmetros para idade e

sexo; 6) lesão valvular de moderada a grave de origem reumática; 7) derrame pericárdico de

moderado a grave; 8) dilatação do VD.

As alterações estruturais que definiram o tipo de IC foram: 1) fração de encurtamento

< 28% ou na presença de importante alteração segmentar associada à dilatação do VE; -

classificado como insuficiência cardíaca com disfunção sistólica; 2) fração de encurtamento >

28% sem apresentar alteração segmentar, porém estando presente aumento do AE, ou do

índice de massa do VE (diferenciada pelo sexo), ou hipertrofia do septo-interventricular ou da

parede posterior do VE; - classificado como insuficiência cardíaca com função sistólica

preservada.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal Fluminense. O termo de consentimento livre e esclarecido foi obtido

de todos os participantes.

Page 44: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 45: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

44

Introdução

A Síndrome Metabólica (SM) caracteriza-se por uma associação de fatores de risco,

tais como, aumento da cintura abdominal, hipertensão arterial sistêmica (HAS),

hiperglicemia, resistência insulínica e dislipidemia (níveis reduzidos do HDL e elevação dos

triglicérides). A presença agrupada desses fatores se associa as elevadas taxas de eventos

cardiovasculares: morte súbita, infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular

encefálico como também maior risco de desenvolver diabetes mellitus (DM)1-4.

Em diferentes populações adultas, observa-se uma elevada prevalência da SM

variando entre 25 a 35% 5,6, sendo a mesma mais freqüente entre as mulheres. Diferentes

critérios têm sido utilizados para o diagnóstico da SM, entre eles apresentam-se o critério da

Organização Mundial de Saúde (OMS)7, NCEP-ATP III (National Cholesterol Education

Program Panel III)8 e recentemente o critério da Federação Internacional de Diabetes (FID)7-9.

Evidências epidemiológicas cada vez mais sólidas apontam para uma associação da

SM com a presença de alterações cardiovasculares. Recentemente foi identificado um maior

risco de aparecimento de IC (Insuficiência Cardíaca), particularmente, em homens de meia

idade e idosos1-4.

Em nosso meio não está estabelecidA a prevalência da SM e seus componentes em

portadores de IC na comunidade, como também se existem diferenças entre sua prevalência

nos diferentes gêneroS, principalmente entre pacientes atendidos na comunidade.

Métodos

De janeiro de 2005 a agosto de 2006, 150 pacientes foram incluídos em um estudo

transversal envolvendo pacientes com suspeita clínica de IC atendidos pelo Programa Médico

de Família (PMF). Os pacientes foram encaminhados ao ambulatório especializado de IC,

onde se buscou a confirmação diagnóstica de IC mediante critérios clínicos e

ecocardiográficos (ECO). A amostra populacional de pacientes com IC foi estimada em 100

pacientes, considerando a população atendida pelo PMF, que é de 100.000 pacientes, e a

prevalência de IC na população geral entre 1 a 2%, conforme dados do estudo Framingham10.

Os critérios de inclusão foram: pacientes com suspeita de IC - presença de

dispnéia, cansaço ou edema de membros inferiores ou ainda se assintomáticos em uso de

Page 46: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

45

digitálico e/ou inibidores da ECA e/ou diuréticos. Todos os pacientes deveriam ser maiores de

18 anos e provenientes do PMF.

Os critérios de exclusão foram: ausência de dados necessários à análise da

presença da SM (laboratoriais) ou da IC (ecocardiográfico), além de outras formas de IC que

não fossem IC com função sistólica preservada ou IC por disfunção sistólica. O

ecocardiograma transtorácico uni e bidimensional, de acordo com os critérios modificados no

estudo EPICA para paciente com IC na comunidade11, foi utilizado para definir o tipo de IC

como também a sua presença ou ausência. Em conformidade com alterações funcionais e

estruturais avaliadas pelo ECO, identificaram-se os pacientes classificados como portadores

de IC.

As alterações estruturais ao ecocardiograma avaliadas foram: 1) fração de

encurtamento do VE < 28%; 2) importante alteração segmentar associada à dilatação do VE;

3) índice de massa do VE > 134 g/m² nos homens e > 110 g/m² nas mulheres; 4) hipertrofia

do septo interventricular e da parede posterior do VE segundo os parâmetros para idade e

sexo; 5) aumento do diâmetro do AE (átrio esquerdo) segundo os parâmetros para idade e

sexo; 6) lesão valvular de moderada a grave de origem reumática; 7) derrame pericárdico de

moderado a grave; 8) dilatação do VD.

As alterações estruturais que definiram o tipo de IC foram: 1) fração de

encurtamento < 28% ou na presença de importante alteração segmentar associada à dilatação

do VE; - classificado como IC com disfunção sistólica; 2) fração de encurtamento > 28% sem

apresentar alteração segmentar, porém estando presente aumento do AE, ou do índice de

massa do VE (diferenciada pelo sexo), ou hipertrofia do septo-interventricular ou da parede

posterior do VE; - classificado como IC com função sistólica preservada .

Na admissão para o estudo, os pacientes foram avaliados clinicamente e submetidos à

realização e análise do RX de tórax em PA e Perfil esquerdo, ECG de 12 derivações e aos

seguintes exames bioquímicos: 1) glicemia de jejum; 2) triglicerídeos 3) HDL para

composição dos critérios que compõem a SM.

Para definir os componentes da SM pelo critério do NCEP-ATP III utilizamos os

seguintes valores: 1) Cintura abdominal > 102cm para homens e 88cm para mulheres; 2)

Triglicerídios ≥150mg/dl; 3) HDL-c < 40mg/dl para homens e < 50mg/dl para mulheres; 4)

PAS ≥130X85mmHg e 5) glicemia ≥110mg/dl. Pelo critério da FID: 1) Cintura abdominal

>94cm para homens e 80cm para mulheres; 2) Triglicerídios ≥150mg/dl, 3) HDL-c < 40mg/dl

para homens e < 50mg/dl para mulheres; 4) PAS ≥130X80mmHg e 5) glicemia ≥100mg/dl.

Page 47: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

46

Os pacientes em uso de medicamentos hipoglicemiantes ou anti-hipertensivos foram

pontuados como critério positivo. A SM foi confirmada pelo critério NCEP ATP III mediante

a presença de três entre os cinco possíveis componentes presentes7. Já para inclusão por meio

dos componentes da FID se fez necessária a alteração da cintura abdominal associada a outras

duas alterações8,9. DM foi definida por níveis glicêmicos ≥ 126 mg% e resistência insulínica

se valores glicêmicos de 100 a 125 mg%.

As variáveis avaliadas nesse modelo foram: idade, sexo, pressão arterial, cintura

abdominal, glicemia, HDL, TG, IMC além dos dados do ECO, para definição do tipo da IC

assim como a sua presença ou ausência.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal Fluminense, sendo obtido o termo de consentimento livre e

esclarecido de todos os participantes.

Análise estatística

Para estimar a associação entre a presença da IC com SM, calculou-se a diferença de

médias utilizando-se o teste t, a diferença de proporções e a razão de chances de prevalência

aplicando-se o teste de qui-quadrado (χ2). O critério de determinação de significância adotado

foi o nível de 5%. A análise estatística foi processada pelo software SAS ® System, versão

6.04.

Resultados

A tabela 1 apresenta as características clínicas e metabólicas dos pacientes incluídos

no estudo e que foram encaminhados com suspeita de IC da Atenção Primária. Da amostra de

150 pacientes, seis foram excluídos por serem portadores de doença valvar moderada a grave.

Portanto, o estudo envolveu 144 pacientes, dos quais 82 (57%) eram do sexo feminino. Neste

grupo não observamos diferença estatística referente à média de idade e aos sexos.

A SM pelo critério diagnóstico FID foi mais freqüente, sendo observada em 103

pacientes (72%), dos quais 69 (67%) eram do sexo feminino; p < 0,0001. Através do critério

NCEP-ATP III, 65 pacientes (70%) eram do sexo feminino; p < 0,0001.

IC foi confirmada pelos critérios ecocardiográficos em 102 pacientes (71%)

predominando a IC com função sistólica preservada, 61 pacientes (42%); p= ns.

Page 48: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

47

Não ocorreram diferenças significativas entre os componentes da SM e o sexo

quando utilizada a média das medidas que determinam a presença da SM. Exceção para o

IMC, que obteve maior valor no grupo feminino; p=0,032. Tabela 1.

Analisando os pacientes em relação à presença ou ausência de IC, não obtivemos

significância estatística relacionada à idade, ao sexo e à freqüência dos componentes da SM.

Somente foi relacionada uma maior freqüência entre os pacientes portadores de IC a

apresentar síndrome de resistência insulínica; p= 0,07 e DM; p= 0,09. Tabela 2.

Na caracterização da SM em relação ao tipo de IC, observamos uma maior

freqüência relacionada à presença de IC com função sistólica preservada; razão de chance

(RC) de 3,82; 95% - intervalo de confiança (IC) 1,4 – 10 e p= 0,005. Nesse aspecto, PAS,

PAD, cintura abdominal (critério FID e NCEP ATP III), triglicérides e IMC foram os

componentes que mais se fizeram presentes para a presença de IC com função sistólica

preservada.

A média de componentes que determinam a SM foi utilizada para caracterizar a

presença da SM. Em relação ao tipo de IC, a maior associação de componentes ocorreu no

grupo da IC com função sistólica preservada, com presença de 3,6± 1,0 (critério FID) com p=

0,009 e 3,2± 1,1 (critério NCEP-ATP III) com p= 0,017. Tabela 3.

Quando avaliada a prevalência da SM, por ambos os critérios (NCEP e FID), a

presença da SM em associação com a IC ocorreu em 79 pacientes (78%). Para ambos os

grupos existiu uma correlação significativa entre o tipo de IC e os critérios FID e NCEP,

sendo mais prevalente a presença de IC com função sistólica preservada tanto pelo critério

NCEP (p=0,020) quanto pelo critério FID (p=0,010). A prevalência da SM foi de 49 pacientes

(80%) para IC com função sistólica preservada e 22 pacientes (54%) para grupo IC com

disfunção sistólica, sendo utilizado o critério FID. No critério NCEP-ATP III, a prevalência

foi de 47 pacientes (77%) para IC com função sistólica preservada e 21 pacientes (51%) para

a presença de IC com disfunção sistólica. Gráficos 1,2 e 3.

A avaliação da associação entre IC e SM diferenciada pelo sexo indicou que a chance

de uma mulher com IC apresentar SM é 8 vezes a chance de um homem, considerando o

critério NCEP e/ou o critério da FID; RC 0,116; 95% - IC 0,36 – 0,37 e p< 0,0001. Tabela 4.

Page 49: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

48

Discussão

Este estudo, primeiro em nosso país a avaliar a presença de SM na IC Crônica estável

encaminhada da Atenção Primária, identificou elevada prevalência da SM e IC nos pacientes

encaminhados da Atenção Primária. Utilizamos os critérios do NCEP-ATP III e as novas

determinações da FID para identificar a presença da SM nesse cenário. Encontramos uma

maior freqüência da SM no sexo feminino (70% e 67%) respectivamente mediante os critérios

do NCEP-ATP III e FID. A IC com função sistólica preservada foi o tipo de IC que mais se

associou à SM, sendo também a forma mais prevalente entre as mulheres.

A grande associação relacionada à presença da SM com o sexo feminino pode,

indiretamente, como demonstrado em estudos anteriores12,13, estar correlacionada com as

alterações apresentadas, tais como: a elevação dos triglicerídios (53%), adiposidade

abdominal, HAS (94%) e elevação do IMC (46%), associadas a características próprias

pertencentes ao sexo, como as alterações hormonais. Dessa forma, tais fatores podem ser as

alterações determinantes da nossa casuística para justificar a presença de IC com função

sistólica preservada nas mulheres, determinando assim as possíveis alterações estruturais

apresentadas ao ecocardiograma, sendo o elo na correlação encontrada em nosso estudo entre

a presença da IC com função sistólica preservada e o sexo feminino.

Recentemente, a SM tem sido identificada como fator de risco independente para o

surgimento de IC1-4,14. Os possíveis mecanismos associados à SM que ocasionam a IC ainda

são especulativos. No entanto, evidências sugerem que a agressão da integridade celular

cardíaca a partir da SM pode favorecer o desenvolvimento de IC, tal como o efeito

estimulador da insulina no miocárdio de cobaias (camundongos), propiciando aumento da

massa cardíaca e conseqüente diminuição do débito cardíaco15, a hiperestimulação do sistema

nervoso simpático, determinado pela hiperinsulinemia, assim como a sua capacidade de

promover ativação de fibroblastos em pacientes hipertensos, determinando hipertrofia do VE,

aumento da produção de colágeno e fibrose16. Esse conjunto de ações determina progressão

da doença e maior mortalidade.

A IC conceitua-se como uma epidemia cardiovascular emergente, cujo aumento se

encontra diretamente relacionado com o crescimento populacional, como também com o

alarmante crescimento de condições predisponentes à sua presença, destacando-se os

componentes da SM - DM, HAS, Dislipidemia e Obesidade17. Assim, devemos considerar

como muito importante a identificação de possíveis fatores de risco modificáveis para o

surgimento da IC, permitindo adequada intervenção.

Page 50: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

49

A obesidade visceral, outro fator correlacionado à SM, desenvolve seu papel agressor

ao miocárdio, pela produção de substâncias com ações cardiovasculares e sistêmicas tais

como: leptina, citoquinas inflamatórias (interleucinas e fator de necrose tumoral), inibidor do

ativador de plasminogênio (PAI-1), ácidos graxos livres, além de promover uma redução da

adiponectina18. Desta forma, a perda da ação protetora vascular, gerada pela diminuição dos

níveis de adiponectina19,20, interligada a uma ação inflamatória e protrombótica, determinará o

substrato que será deletério ao sistema cardiovascular.

Conceitos atuais determinam que a fisiopatologia da IC se diferencia em relação ao

sexo e ao tipo de IC12,13. Nestes estudos verifica-se o predomínio de IC com função sistólica

preservada associada ao sexo feminino, além de idades avançadas e uma menor freqüência de

cardiopatia isquêmica21. Tal fato se correlaciona em registros mundiais, como demonstrado

por Rodrigues Artalejo22 , segundo os quais o número de óbitos referentes ao sexo feminino

aumentou entre o período de 1980-2000. Fato muito importante e que demonstra uma não

conformidade com relação ao tratamento de IC no sexo feminino.

Segundo dados do estudo EPICA11, que avaliou pacientes portadores de IC na

comunidade, verificou-se que entre as mulheres a IC ocorre em idade mais avançada,

predominando a insuficiência cardíaca com função sistólica preservada.

Kenchaiah et al23 demonstrou que o risco de IC, quando relacionado com o aumento

de uma unidade no IMC, é de 5% para os homens e de 7% para as mulheres e que, ao se

comparar a incidência de IC entre obesos e não obesos, a mesma apresenta o dobro de risco,

sendo esse risco maior para o grupo feminino - 2,12 (sexo feminino) / 1,90 (sexo masculino).

Outros trabalhos24 sugerem que os hormônios femininos afetem a função cardíaca por meio de

uma ação vaso-dilatadora exercida pelo estrogênio que, em conjunto com a HAS, poderia

diminuir a ação da renina e, conseqüentemente, reduzir a fibrose miocárdica.

Um subestudo de Framingham25, realizado entre 1950 a 1999, determinou que, em

uma população constituída de brancos, a prevalência de IC é maior em homens e que isso

poderia ser explicado pela maior incidência de aterosclerose no grupo masculino em relação

ao feminino. Barker et al26 demonstrou que o aumento da epidemia de IC ocorria em uma

população masculina idosa (> 65 anos), com o aumento de sua prevalência associado

diretamente ao aumento de sua incidência, estando, portanto, diretamente relacionado com a

sua maior sobrevida. Outros dados relevantes foram demonstrados por Levy et al27 ,

assinalando que a associação de IC com a hipertensão se fez mais freqüente no sexo feminino.

Além disso, a HAS determinou um risco para o desenvolvimento de IC duas vezes maior no

grupo masculino e três vezes maior no feminino.

Page 51: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 52: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

51

envolveu 10.001 pacientes portadores de DAC e fração de ejeção > 30%, sendo avaliada a

incidência de hospitalização como evento primário por IC. O estudo conclui que pacientes

que fizeram uso de 80mg de artorvastatina apresentaram redução de 26% na taxa de

hospitalização por IC36. Dessa forma, o estudo conclui que a incidência de novos casos de IC

poderia ser reduzida com o uso das estatinas. A resposta para essas perguntas, muito

provavelmente, surgirá, quando estiverem concluídos dois grandes estudos placebo-

controlado, atualmente em andamento e denominados CORONA (The Controlled

Rosuvastatina Multinational Trial), este com pacientes com IC com disfunção sistólica

crônica, e o GISSI (GISSI heart failure trial), com pacientes isquêmicos e não-isquêmicos33.

Conclusão

A SM apresenta alta freqüência em nossa comunidade, estando associada de forma

significativa à presença da IC com função sistólica preservada e ao sexo feminino.

Page 53: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

52

TABELA 1 Características clínicas da população com suspeita de IC

encaminhados da Atenção Primária.

Características Grupo Total

(pts)

Sexo Feminino

(pts)

Sexo Masculino

(pts)

p valor

Número de Pts n (%) 144 82 (57) 62 (43) ns

Idade (anos) media (DP) 61±13 61±12 61±14 ns

Prevalência SM n (% )

SM Presente 111(77,1) 73 (66) 38 (34) < 0,0001

FID 103 (71,5) 69 (67) 34 (33) < 0,0001

NCEP 93 (64,6) 65 (70) 28 (30) < 0,0001

Prevalência IC n ( % )

IC Presente 102 (71) 55 (54) 47 (46)

ICDS 41 (29) 18 (44) 23 (56)

ICFSP 61 (42) 37 (61) 24 (39)

ns

Critérios Avaliados para o Diagnóstico da SM

Média (Dp)

PAS (mmHg) 150,1±314 152±32 148±30 ns

PAD (mmHg) 90,3±16 90±17 91±15 ns

Cintura Abdominal (cm) 96,1±13 96±14 96±12 ns

Glicemia (mg%) 112±40 116±46 107±31 ns

HDL-colesterol (mg%) 45,6±13,7 47±15 44±12 ns

Triglicérides (mg%) 158±88 164±93 152±81 ns

IMC (Kg/m²) 28,5±5,7 29,4±6,2 27,4±4,7 0,032

Media dos Componentes da SM

n (Dp)

FID 3,2±1,2 3,5±1,0* 2,8±1,2 < 0,001

NCEP-ATP III 2,9±1,2 3,2±1,0* 2,4±1,0 < 0,001

Federação Internacional de Diabetes (FID); National Cholesterol Education Program Panel III (NCEP-ATP III); IC

(Insuficiência Cardíaca); SM (Síndrome Metabólica); IC (Insuficiência Cardíaca); Insuficiência Cardíaca Sistólica (ICDS);

Insuficiência Cardíaca Diastólica (ICFSP); PAS (Pressão Arterial Sistólica); PAD (Pressão Arterial Diastólica); HDL-

colesterol (Colesterol de Alta Densidade); IMC (Índice de Massa Corpórea); Pts (Pacientes).

Page 54: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 55: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

54

TABELA 3 Razões de chance de ICFSP (em relação à ICDS) segundo componentes da

Síndrome Metabólica.

Insuficiência Cardíaca

ICFSP ICDS

Variável

categoria n % N %

p valor

Razão

de

chance

Intervalo de

Confiança

Idade ≥ 61 34 56 22 54

≤ 60 27 44 19 46 0,84 1,09 0,49 - 2,40

Sexo feminino 37 61 18 44

masculino 24 39 23 56 0,09 0,51 0,23 - 1,13

SM sim 53 87 26 63 não 8 13 15 37 0,005 3,82 1,44 - 10,2

FID sim 49 80 22 54

não 12 20 19 46 0,004 3,53 1,47 - 8,51

NCEP sim 47 77 21 51

não 14 23 20 49 0,007 3,2 1,36 - 7,52

PAS (mmHG) > 130 47 77 23 56

≤ 130 14 23 18 44 0,025 2,63 1,11 - 6,19

PAD (mmHg) > 80 46 75 21 51

≤ 80 15 25 20 49 0,012 2,92 1,25 - 6,80

PAD (mmHg) > 85 44 72 19 46

≤ 85 17 28 22 54 0,009 3 1,31 - 6,90

CA - FID (cm) alterada FID 51 84 22 54

normal 10 16 19 46 0,001 4,4 1,76 - 11

CA – NCEP (cm) alterada NCEP 39 64 15 37

normal 22 36 26 63 0,007 3,07 1,35 - 6,99

HDL (mg%). alterado 33 54 20 49

normal 28 46 21 51 0,59 1,24 0,56 - 2,73

Triglicérides (mg%) > 149 32 53 11 27

≤ 149 29 47 30 73 0,01 3,009 1,28 - 7,07

Glicose (mg%) > 99 38 62 20 49

≤ 99 23 38 21 51 0,18 1,73 0,78 - 3,87

Glicose > 109 21 34 14 34

≤ 109 40 66 27 66 0,97 1,01 0,44 - 2,33

Glicose > 126 14 23 9 22

≤ 126 47 77 32 78 0,91 1,05 0,41 - 2,74

IMC (Kg/m²) > 30 28 46 9 22

≤ 30 33 54 32 78 0,014 3,02 1,23 - 7,38 Média de componentes presentes nos diferentes tipos de IC

FID 3,6 ± 1,0 2,8 ± 1,3 0,009

NCEP-ATP III 3,2 ± 1,1 2,5 ± 1,3 0,017 SM (Síndrome Metabólica); Federação Internacional de Diabetes (FID); National Cholesterol Education Program Panel III (NCEP-ATP III); PAS (Pressão Arterial Sistólica); PAD (Pressão Arterial Diastólica); CA – FID (Cintura Abdominal > 94 cm para Homens e > 80 cm para Mulheres); CA-NCEP ATP III ( Cintura Abdominal > 102 cm para Homens e > 88 cm para Mulheres); HDL-colesterol (Colesterol de Alta Densidade); IMC (Índice de Massa Corpórea).

Page 56: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

55

72,6

53,7

80,3

23,8

46,3

19,7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Normal Sistólica FSPVE

Gráfico 1. SM pelo critério FID segundo o tipo de IC

% Com SM-FID

Sem SM-FID

Gráfico 1: Correlação entre o tipo de IC e a SM

59,5

51,2

77,1

40,5

48,8

22,9

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Normal Sistólica FSPVE

Gráfico 2. SM pelo critério NCEP ATP III segundo o tipo de IC

%

Com SM-NCEP

Sem SM-NCEP

Gráfico 2: Correlação entre o tipo de IC e a SM

P= 0,010

P= 0,020

Page 57: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

56

76,2

63,4

86,9

23,8

36,6

13,1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Normal Sistólica FSPVE

Gráfico 3. SM presente pelo critério FID ou NCEP segundo o tipo de IC

%Com SM (FID ou NCEP)

Sem SM (FID ou NCEP)

Gráfico 3: Correlação entre o tipo de IC e a SM

TABELA 4 Razão de Chance de prevalência de SM por diferentes critérios,

segundo o sexo

IC Presente

Característica Sexo

Feminino Sexo

Masculino p valor Razão

de chance

Internalo de

confiança SM sim

51 ( 64,6)

28 (35,4)

SM

SM não

4 (17,4)

19 (82,6)

< 0,0001*

0,116

0,36 – 0,37

SM sim

47 (66,2)

24 (33,8)

FID SM não

8 (25,8)

23 (74,2)

< 0,0001*

0,178

0,46 – 0,69

SM sim

46 (66,7)

22 (32,4)

NCEP SM não

9 (26,5)

25 (73,5)

< 0,0001*

0,172

0,43 – 0,69

Insuficiência Cardíaca (IC); Federação Internacional de Diabetes (FID); National Cholesterol Education Program Panel III (NCEP-ATP III). SM (Síndrome Metabólica Presente, critério NCEP-ATP III ou FID)* A IC em pacientes do sexo feminino com SM esteve associada a uma maior prevalência em comparação aos pacientes com IC sem SM.

p= 0,022

Page 58: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

57

Referências Bibliográficas

1. LAKKA, H.M.; LAAKSONNEN, D.E.; LAKKA, T.A.; NISKANEN, L.K.;

KUMPUSALO, E.; TUOMILENTO, J.; SALONEN, J.T. The metabolic syndrome

and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged men, JAMA. 2002;

288:2709-2716.

2. POIRIER P, ECKEL RH. Obesity and cardiovascular disease. Curr Atheroscler Rep.

2002; 4:448-453.

3. WILSON PW, D`AGOSTINO RB, SULLIVAN L, PARISE H, KANNEL WB.

Overweight and obesity as determinants of cardiovascular risk: the Framingham

experience. Arch Intern Med. 2002; 162: 1867-1872.

4. INGELSON, E.; ÄRNLÖV, J.; LIND, L.; e SUNDSTRÖM, J. The metabolic

syndrome and risk for heart failure in middle-aged men. Heart. 2006; 92(10):1409-

1413.

5. KING, H.; AUBERT, R.E; HERMAN, W.H. Global burden of diabetes, 1995-2025:

prevalence, numerical estimates, and projections. Diabetes Care. 1998; 21:1414-1431.

6. FORD, E.S.; GILES, W.H.; DIETZ, W.H.; Prevalence of the metabolis syndrome

among US adults: findings from the Third National Health and Nutrition Examination

Survey. JAMA. 2002; 287:356-359.

7. ALBERTI, K.G.M.M.; ZIMMET, P.Z. Definition, diagnosis, and classification of

diabetes mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes

mellitus provisional report of a WHO consultation. Diabet. Med. 1998; 15:539-553.

8. National Cholesterol Education Program: Executive Summary of the Third Report of

the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection,

Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol In Adults (Adult Treatment

Panel III). JAMA. 2001; 285:2486-2497.

9. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq. Bras.

Cardiol. 2005; 84(I).

Page 59: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

58

10. HO, K.K.; PINSKY, J.L.; KANNEL, W.B.; e LEVY, D. The epidemiology of heart

failure the Framingham study. J. Am. Coll. Cardiol. 1993; 22:6A-13.

11. CEIA, F.; FONSECA, C.; MOTA, T.; MORAIS, H.; MATIAS, F., DE SOUSA, A.;

OLIVEIRA, A.; on behalf of the EPICA investigators. Prevalence of chronic heart

failure in Southwestern Europe: the EPICA study. Eur. J. Heart Fail. 2002; 4:531-539.

12. CRESPO LEIRO, M.G.; PANIAGUA MARTÍN, M.J. Heart Failure. Are women

different ? Rev Esp Cardiol 2006; 59:725 – 735.

13. GHALI, J.K.; KRAUSE-STEINRAUF, H.J.; ADAMS, K.F.; KHAN, S.S.;

ROSENBERG, Y.D.; YANCY, C.W.; YOUNG, J.B.; GOLDMAN, S.; PEBERDY,

M.A.; LINDENFELD, J. Gender differences in advanced heart failure: insights from

the BEST study. Amer Coll Cardiol. 2003;42(12): 2128-2134.

14. BUTLER J, RONDONDI N, ZHU Y, FIGARO K, FAZIO S, VAUGHAN DE,

SATTERFIELD S, NEWMAN AB, GOODPASTER B, BAUER DC, HOLVOET P,

HARRIS TB, DE REKENEIRE N, RUBIN S, DING J, KRITCHEVSKY SB, Health

ABC Study: Metabolic syndrome and the risk of cardiovascular disease in older

adults: J Am Coll Cardiol.2006; 47(8):1595-602.

15. HOLMANG, A.; YOSHIDA, N.; JENNISCHE, E.; et al. The effects of hyper

insulinaemia on myocardial mass, blood pressure regulation and central

haemodynamics um rats. Eur. J. Clin. Invest. 1996; 26:973-8.

16. ANDERSON, E.A.; HOFFMAN, R.P.; BALON, T.W; et al. Hyperinsulinaemia

produces both sympathetic neural activation and vasodilation in normal humans. J.

Clin. Invest. 1991; 87:2246-52.

17. Myocardial and vascular Dysfunction and Exercise Capacity in the Metabolic

syndrome J.Am.J. Card.2005;07:091.

18. BERG, A.H.; e SCHERER, P.E. Adipose tissue, inflammation, and cardiovascular

disease. Circ. Res. 2005; 96:939-949.

Page 60: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

59

19. KRISTORP, C.; FABER, J.; GALATIUS, S.; et al. Plasma adiponectin, body mass

index, and mortality in patients with chronic heart failure. Circulation. 2005;

112:1756-1762.

20. INGELSSON, E.; RISÉRUS, N.E.F.; BERNE, C. FRYSTYK, J.M.; FLYBERG, A.;

ALEXANDER, T.; LUNDMARK, P.; ZETHELIUS, B. Adiponectin and risk of

congestive heart failure. JAMA. 2006; 295(15):1772-1774.

21. GUSTAFSSON, F.; TORP-PEDERSEN, C.; BURCHARDT, H.; BUCH, P.;

SEIBAEK, M.; KJOLLER, E.; et al. Female sex is associated with a better long-term

survival in patients hospitalized with congestive heart failure. Eur Heart J. 2004;

25:129-35.

22. RODRÍGUEZ-ARTALEJO, F.; BANEGAS, J.; GUALLAR-CASTILLÓN, P.

Epidemiología de la insuficiencia cardiaca. Rev Esp Cardiol. 2004;57:163-70.

23. KENCHAIAH, S.; EVANS, J.; LEVY, D.; WILSON, P.; BENJAMIN, E.; LARSON,

M.; et al. Obesity and the risk of heart failure. N Engl J Med. 2002; 347:305-13.

24. FISCHER, M.; BAESSLER, A.; SCHUNKERT, H.; Renin angiotensin system and

gender differences in the cardiovascular system. Cardiovasc Res. 2002; 53:672-7.

25. LEVY, D.; KENCHAIAH, S.; LARSON, M.; BENJAMIN, E.; KUPKA, M.; HO, K.;

et al. Long-term trends in the incidence of and survival with heart failure. N Engl J

Med. 2002; 347:1397-402.

26. BARKER, W.H.; MULLOOLY, J.; GETCHELL, W. Changing incidence and survival

for heart failure in a well-defined older population, 1970-1974 and 1990-1994.

Circulation. 2006; 113:799-805.

27. LEVY, D.; LARSON, M.; VASAN, R.; KANNEL, W.; HO, K. The progression from

hypertension to congestive heart failure. JAMA. 1996; 275:1557-62.

28. GRUNDY, S.M. Drug therapy of the metabolic syndrome: minimizing the emerging

crisis in polypharmacy. Nat Rev Drug Discov. 2006; 5(4):295-309.

29. RUTTER, M.; PARISE, H.; BENJAMIN, E.; LEVY, D.; LARSON, M.; MEIGS, J, et

al. Impact of glucose intolerance and insulin resistance on cardiac structure and

Page 61: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

60

function: sex-related differences in the Framingham Heart Study. Circulation.

2003;107:448-54.

30. MASOUDI, F.A.; INZUCCHI, S.E.; WANG, Y.; HAVRANEK, E.P.; FOODY,

J.A.M.; KRUMHOLZ, H.M. Thiazolidinediones, metformin, and outcomes in older

patients with diabetes and heart failure: an observational study. Circulation. 2005;

111(5): 583-90.

31. DELEA, T.E.; EDELSBERG, J.S.; HAGIWARA, M.; OSTER, G.; PHILLIPS, L.S.

Use of Thiazolidinediones and risk of heart failure in people with type 2 diabetes: A

retrospective cohort study. Diabetes. Care. 2003; 26(11): 2983-2989.

32. CLELAND, J.G.; FREEMANTLE, N.; COLETTA, A.P.; e CLARK, A.L. Clinical

trials update from the American Heart Association: REPAIR-AMI, ASTAMI, JELIS,

MEGA, REVIVE-II, SURVIVE, and PROACTIVE. Eur J Heart Fail. 2006; 8(1);105-

110.

33. VAN DER HARST, P.; VOORS, A.A,; VAN GILST, W.H,; BÖHM, M,; VAN

VELDHUISEN, D.J. Statins in the treatment of chronic heart failure: Biological and

clinical considerations. Cardiovascular Research.2006; 71(3):443-454.

34. NODE, K.; FUJITA, M.; KITAKAZE, M.; HORI, M.; LIAO, J.K. Short-term statin

therapy improves cardiac function and symptoms in patients with idiopathic dilated

cardiomyopathy, Circulation. 2003; 108: 839–843.

35. LAUFS, U.; WASSMANN, S.; SCHACKMANN, S.; HEESCHEN, C.; BOHM, M.;

NICKENIG, G. Beneficial effects of statins in patients with non-ischemic heart

failure, Z Kardiol.2004; 93:103–108.

36. LaRosa, J.C.; Grundy, S.M.; Waters, D.D.; Shear, C.; Barter, P.; Fruchart, J.C.; et al.

Intensive lipid lowering with atorvastatin in patients with stable coronary disease, N

Engl J Med.2005; 352:1425–35.

Page 62: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

61

11 DISCUSSÃO

Este estudo, primeiro em nosso país a avaliar a presença de SM na IC Crônica estável

encaminhada da Atenção Primária, não identificou uma associação da SM como fator causal

de IC. Insuficiência cardíaca com função sistólica preservada esteve fortemente relacionada à

presença de SM (87%), sendo também a forma mais prevalente entre as mulheres (61%).

A prevalência da SM, nesse cenário, mostrou-se duas a três vezes superior à

verificada por outros autores em portadores de IC (78%)(50,70). A prevalência foi também

muito superior à de estudos que não avaliaram a presença de IC(38,48,56). Utilizamos na

avaliação os critérios do NCEP-ATP III e as novas determinações da FID para identificar a

presença da SM. Encontramos nesse modelo uma maior freqüência da SM no sexo feminino

(70% e 67%) respectivamente por meio dos critérios do NCEP-ATP III e FID.

A grande associação observada no presente estudo foi a da SM com o sexo feminino,

conforme já demonstrado em estudos anteriores(110,111). Observou-se que, entre os

componentes analisados, a elevação dos triglicerídios (53%), adiposidade abdominal, HAS

(94%) e elevação do IMC (46%) foram os mais relevantes à caracterização da presença da

SM. Dessa forma, tais fatores podem ser as alterações determinantes da nossa casuística para

justificar a presença de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada e a sua relação

com o sexo feminino, determinando assim as possíveis alterações estruturais apresentadas no

ECO, tornando-se o possível elo entre a presença da insuficiência cardíaca com função

sistólica preservada e o sexo feminino.

Recentemente, a SM tem sido identificada como fator de risco independente para o

surgimento de IC(3,15,48). Os possíveis mecanismos associados à SM que ocasionam a IC ainda

são especulativos, o que se deve à não existência de grandes estudos (experimentais ou

clínicos) para explicar essa ligação. No entanto, há evidências de que a agressão da

integridade celular cardíaca a partir da SM possa favorecer o desenvolvimento de IC, tal como

o efeito estimulador da insulina no miocárdio de cobaias (camundongos), propiciando

aumento da massa cardíaca e a conseqüente diminuição do débito cardíaco(43), a

hiperestimulação do sistema nervoso simpático, determinado pela hiperinsulinemia, assim

como a sua capacidade de promover ativação de fibroblastos em pacientes hipertensos,

determinando hipertrofia do VE, aumento da produção de colágeno e fibrose(42). Esse

conjunto de ações determina progressão da doença e maior mortalidade.

A IC conceitua-se como uma epidemia cardiovascular emergente, cujo aumento se

encontra diretamente relacionado ao crescimento populacional, como também ao alarmante

Page 63: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

62

crescimento de condições predisponentes a sua presença, destacando-se os componentes da

SM - DM, HAS, Dislipidemia e Obesidade(29). Assim, devemos considerar como muito

importante a identificação de possíveis fatores de risco modificáveis para o surgimento da IC,

permitindo adequada intervenção.

A obesidade visceral, outro fator correlacionado à SM, desenvolve seu papel agressor

ao miocárdio, através da produção de substâncias com ações cardiovasculares e sistêmicas,

tais como: leptina, citoquinas inflamatórias (interleucinas e fator de necrose tumoral), inibidor

do ativador de plasminogênio (PAI-1), ácidos graxos livres, além de promover uma redução

da adiponectina(77). Desta forma, a perda da ação protetora vascular, gerada pela diminuição

dos níveis de adiponectina(78-79), interligada a uma ação inflamatória e protrombótica,

determinará o substrato que será deletério ao sistema cardiovascular.

Conceitos atuais determinam que a fisiopatologia da IC se diferencia em relação ao

sexo e ao tipo de IC(110-111). Nesses estudos verifica-se o predomínio de insuficiência cardíaca

com função sistólica preservada associada ao sexo feminino, além de idades avançadas e uma

menor freqüência de cardiopatia isquêmica(112). Tal fato se correlaciona em registros

mundiais, como demonstrado por Rodruigues Artalejo(113), segundo os quais o número de

óbitos referentes ao sexo feminino aumentou entre o período de 1980-2000. Fato muito

importante e que demonstra uma não-conformidade com relação ao tratamento de IC no sexo

feminino.

Segundo dados do estudo EPICA(9), que avaliou pacientes portadores de IC na

comunidade, verificou-se que entre as mulheres a IC ocorre em idade mais avançada,

predominando a insuficiência cardíaca com função sistólica preservada. Kenchaiah et al(114)

demonstrou que o risco de IC, quando relacionado com o aumento de uma unidade no IMC é

de 5% para os homens e de 7% para as mulheres e que, ao se comparar a incidência de IC

entre obesos e não obesos, a mesma apresenta o dobro de risco, sendo esse risco maior para o

grupo feminino - 2,12 (sexo feminino) / 1,90 (sexo masculino). Outros trabalhos(115) sugerem

que os hormônios femininos afetem a função cardíaca por meio de uma ação vaso-dilatadora

exercida pelo estrogênio que, em conjunto com a HAS, poderia diminuir a ação da renina e,

conseqüentemente, reduzir a fibrose miocárdica.

Um subestudo de Framingham(116), realizado entre 1950 a 1999, determinou que em

uma população constituída de brancos, a prevalência de IC é maior em homens e que isso

poderia ser explicado pela maior incidência de aterosclerose no grupo masculino em relação

ao feminino. Barker et al(117) demonstrou que o aumento da epidemia de IC ocorria em uma

população masculina idosa (> 65 anos), com o aumento de sua prevalência associado

Page 64: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

63

diretamente ao aumento de sua incidência, estando, portanto, diretamente relacionado com a

sua maior sobrevida. Outros dados relevantes foram demonstrados por Levy et al(118) ,

assinalando que a associação de IC com a hipertensão se fez mais freqüente no sexo feminino.

Além disso, a HAS determinou um risco para o desenvolvimento de IC duas vezes maior no

grupo masculino e três vezes maior no feminino.

Em nosso estudo, verificou-se que, em uma população de 78 pacientes (54%)

portadores de glicemia > 100mg/dl, somente 37 pacientes (47%) usavam algum tipo de

hipoglicemiante oral. Outra correlação importante foi a forte tendência à presença de IC em

pacientes portadores de DM e Síndrome de resistência insulínica, com valores de

“p”respectivos de 0,07 e 0,09 e uma razão de chance de 2,22 para o grupo portador de

resistência insulínica e 2,77 para o grupo diabético (Tabela 2).

O US Health Maintenance Organization Study demonstrou que o aumento de 1% no

nível de hemoglobina glicosilada se correlacionava com 15% de aumento no risco para

desenvolvimento de IC, demonstrando a importante relação disglicemia e IC. Outra

correlação importante é a elevação do risco duas vezes maior de desenvolvimento de doença

cardiovascular aterosclerótica e cinco vezes maior de desenvolver DM em pacientes

portadores da SM(31). Também é demonstrado que a espessura da parede do VE e a sua massa

encontram-se diretamente alteradas com relação à intolerância à glicose, sendo esse dado

maior no sexo feminino(119).

Um pequeno estudo observacional e prospectivo(120) mostrou que pacientes tratados

com as glitazonas têm um aumento da sobrevida com um menor risco de IC, ao contrário de

outro(121), em que as glitazonas pioraram a sobrevida e aumentaram a prevalência de IC. Tais

divergências, muito provavelmente, ocorreram devido a diferentes populações analisadas. O

primeiro grupo poderia ser de uma população portadora de uma cardiopatia mais bem

controlada. O estudo PROACTIVE demonstrou maior número de internações, associado a um

não aumento da mortalidade(122).

A subutilização de medicações relacionadas ao tratamento da SM e da IC também foi

verificada nos pacientes portadores de dislipidemia. Constatou-se o uso de hipolipemiante

oral em somente 18 pacientes (12,5%) dos 111 (77,1%) portadores de SM presentes no

estudo. Para os portadores de IC crônica, grandes estudos que envolvem o uso das estatinas,

têm sistematicamente excluído pacientes portadores de IC. Dessa forma, ainda permanece

como alvo de discussão o emprego das estatinas em pacientes portadores de IC crônica(123).

Estudos prospectivos, como o de Node et al(124), demonstraram uma melhora da

capacidade funcional em pacientes com IC que receberam estatinas, comparadas com o

Page 65: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

64

placebo. Uma redução nos níveis de TNF-a, IL-6 e BNP foi significativamente maior no

grupo sinvastatina. Outro estudo, caracterizado como prospectivo, duplo-cego e randomizado,

utilizou a cerivastatina em pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada de causa não

isquêmica, determinando uma melhora na qualidade de vida, capacidade física e função

endotelial(125). Recentemente, o estudo denominado TNT-study (Treating to New Targets)

envolveu 10.001 pacientes portadores de DAC e fração de ejeção > 30%, sendo avaliada a

incidência de hospitalização como evento primário por IC. O estudo conclui que pacientes

que fizeram uso de 80 mg de artorvastatina apresentaram redução de 26% na taxa de

hospitalização por IC(126). Dessa forma, o estudo conclui que a incidência de novos casos de

IC poderia ser reduzida com o uso das estatinas. A resposta para essas perguntas muito

provavelmente surgirá quando estiverem concluídos dois grandes estudos placebo-controlado,

atualmente em andamento e denominados CORONA (The Controlled Rosuvastatina

Multinational Trial), este com pacientes com insuficiência cardíaca com disfunção sistólica

crônica, e o GISSI (GISSI heart failure trial), com pacientes isquêmicos e não-isquêmicos(124).

Page 66: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

65

12 CONCLUSÃO

1) A SM apresenta elevada prevalência em pacientes com suspeita de IC

proveniente da Atenção Primária.

2) Insuficiência cardíaca com função sistólica preservada é a forma predominante

em pacientes oriundos da Atenção Primária.

3) Na caracterização da SM, a HAS, Cintura Abdominal, IMC e Triglicéridios

alterados foram os componentes que mais se fizeram presentes entre os portadores de

insuficiência cardíaca com função sistólica preservada, quando comparados à insuficiência

cardíaca com disfunção sistólica. Não ocorreu diferença entre os componentes da SM com a

presença ou ausência de IC.

4) Entre os critérios utilizados ao diagnóstico de SM, FID e NCEP apresentam

acurácia diagnóstica semelhante. O critério FID permitiu o incremento de diagnóstico para

SM em 18 pacientes (17,5%) e o critério NCEP permitiu o incremento diagnóstico de 8

pacientes (8,7%).

5) A SM associou-se de forma significativa à presença da insuficiência cardíaca

com função sistólica preservada e ao sexo feminino.

6) A avaliação da associação entre IC e SM diferenciada pelo sexo indicou que a

chance de uma mulher com IC apresentar SM é 8 vezes maior que a chance de um homem,

considerando-se o critério NCEP e/ou o critério da FID.

Page 67: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

66

13 LIMITAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

A principal limitação do presente estudo foi o tamanho amostral e o seu

delineamento transversal, reduzindo o poder de definir a contribuição da SM como fator

causal de IC. Outro aspecto é que utilizamos apenas uma única determinação dos valores

laboratoriais para definir anormalidades da glicemia e do perfil lipídico como também da

pressão arterial.

A SM é ainda subdiagnosticada, sendo a sua existência como entidade nosologica

isolada motivo de controvérsias na literatura. Porém, estudos epidemiológicos apontam para

um elevado risco de doenças cardiovasculares, reconhecendo dessa forma a importância de

sua prevenção para que se possa reduzir a mortalidade em pacientes portadores de hipertensão

arterial, diabetes mellitus e dislipidemia. A elevada prevalência da SM nessa população

estudada deve ser enfatizada, realçando-se a importância de se estabelecer uma maior

colaboração entre os serviços especializados e os programas da atenção primária, hoje

responsáveis por atender 1/3 da nossa população e grande parte da população carente do

nosso país.

Page 68: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

67

14 ANEXOS

Page 69: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

68

ANEXO A - Desenho do Estudo

APLICAR QUESTIONÁRIO

EPICA NITERÓI

II

SELECIONAR PACIENTES

COM

IC

EXCLUSÃO:

� PACIENTES <18 ANOS. � PORTADORES DE

DEFICIÊNCIA MENTAL. � AUSÊNCIA DE

SINTOMAS OU USO DE MEDICAÇÕES PARA IC.

INCLUSÃO:

� PACIENTES ENCAMINHADOS DO PMF SINTOMÁTICOS OU EM USO DE MEDICAÇÕES PARA ICC. SUSPEITA DE IC.

INCLUÍDOS PARA OBSERVAÇÃO

REALIZARAM EXAMES COMPLEMENTARES PARA O

DIAGNÓSTICO:

� ECOCARDIOGRAMA � RX DE TÓRAX � EXAMES LABORATÓRIAIS � ELETROCARDIOGRAMA � ESPIROMETRIA ( BRONCO-DILATADORA)

REGISTRO

Page 70: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

69

ANEXO B - Insuficiência cardíaca na atenção primária

FICHA DE INSCRIÇÃO DE PACIENTES NO ESTUDO “EPIDEMIOLOGIA DA

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA CIDADE DE NITERÓI – PROJETO:

ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES COM A

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA”

Nome:__________________________________________________________________________________Idade:________________ Sexo:________________ Cor: � Branca � Parda � Negra Procedência: � PMF(QUAL)_________________________ � HUAP________________ Prontuário:___________________ Data da inclusão: ________________ primeira fase ( ) segunda fase ( ) Residência:_____________________________________________________________________________Telefones:______________

Médico assistente: ______________________________________________________________________________________________

Nível de escolaridade: � Analfabeto � 1º grau � 2º grau � Superior Renda Familiar: � 1 salário � 1-2 salários � 3-4 salários � 5-6 salários � >6 salários História clínica (motivo do encaminhamento) � Dispnéia � Cansaço � Edema de MIIS

ANTECEDENTES PESSOAIS

o História de IAM prévio ○ DAC documentada (ERGO/CINTILO/CAT)

o HAS ○ DM ○ Dislipidemia ○ História familiar para DAC (Pai <55 e/ou Mãe < 65 anos e/ou irmãos/filhos)

o Tabagista ○ Ex-tabagista > 1ano

o História de brônquite crônica ou asma ○ DPOC

o História de AVC ou Ataque Isquêmico Transitório

o História de internação hospitalar por IC descompensada nos últimos 6 meses - _______ vezes

o Visita a sala de emergência por IC no último ano - ______ veses

o História de valvulopatia Qual?_____________________________

o História de cirurgia de troca Valvar - Ano_____

o História de cirurgia de Ponte de Safena ou Mamária – Ano_____

o História de Angioplastia Coronária – Ano_____

o História de vacinação antigripal anual

o História de vacinação anti-pneumococica a cada 5 anos

o Insuficiência Renal Crônica ○ Câncer

o Hipotireoidismo ○ Hipertireoidismo

o Etilismo (>80g/d)

o Marca-passo ○ CDI ○ Chagas

Page 71: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

70

EXAME FÍSICO: ALTURA _______cm PESO_______Kg

PA:_______X________mmHg

FC:__________bpm

CA:_______cm

BOSTON:

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO

Categoria I – História □Disp. Repouso - 4 □Ortopnéia - 4 □D. P. N. – 3 □Disp. Andar Plano – 2 □Disp. Subir Escada – 1 Categoria II – Exame Físico □Taquicardia 91-110 - 1 □ > 110 - 2 □PVC < 6 cm H2O - 2 □PVC > 6 cm H2O - 3 □Hepatom./Edema - 3 □Dor MMII - 3 □Creptação Bibasal - 1 □Creptação Acima Base- 3 □B3 - 4 □Sibilos - 2 Categoria III – Rx Tórax □Ed. Alveolar - 4 □Ed. Intersticial - 3 □Derrame Pleural Bilat - 3 □ICT > 0.5 - 3 □Inv. Padrão Vasc. - 2

� 8-12 pts – IC definida � 5-7 pts – IC possível � até 4 pts- IC p. provável

FRAMINGHAM:

Critérios de Framingham I – Sinais Maiores:

� D.P.N. ou Ortopnéia � Ingurgitamento Jugular � Estertores Finos Basais � Edema Agudo de Pulmão � B3 � Cardiomegalia � R.H.J. � P.V. > 16 cm H2O � Tempo de Circulação

II – Sinais Menores:

� Disp. Esforço � Tosse Noturna � Edema de Tornozelos � Hepatomegalia � Derrame Pleural � FC > 120 � Dim. Capacidade Vital � Perda de 4,5 Kg c/ tto em 5d.

CLASSE FUNCIONAL PELA NYHA

Dispnéia ao:

ο Tomar banho e/ou se vestir (CF IV) ο Relação sexual e/ou arrumar a cama (CF III) ο Afazeres do lar e/ou carregar peso ± 10 kg (CFII) ο Cansaço ou dispnéia aos grandes esforços ou

assintomático (CF I)

Page 72: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 73: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

72

ECO MODO M + 2D + DOPPLER

���� HUAP ���� PMF

Fração encurtamento(%): > 28% ���� < 28%���� Diâmetro AE:.................... Parede posterior doVe: .............................. Septo inter/ventricular:........................... DsfVe ................................ DdfVe................................ Alteração segmentar : ���� NÃO ���� SIM leve ���� moderada/severa ���� Parede=........................................................................................ ���� ACINESIA ���� HIPOCINESIA ���� DISCINESIA Doença valvar Aórtica: ���� NÃO Estenose Aórtica ����......................................ÁREA VALVAR..........................GRADIENTE MÉDIO............................... Insuficiência Aórtica ���� ....................................... Doença valvar Mitral: ���� NÃO Estenose mitral: ����LEVE ����MOD ����GRAVE ÁREA VALVAR........................... Insuficiência Mitral: ����LEVE ����MOD ����GRAVE ���� REUMÁTICA ���� MIXOMATOSA Derrame pericárdio: ����NÃO ����LEVE ����MOD ����GRAVE Pericárdio espessado: ���� NÃO ���� SIM Pricardite constrictiva: ���� NÃO ���� SIM Fluxo Trans.Mitral ����NORMAL ���� DÉFICTI DE RELAXAMENTO ���� PSEUDO NORMAL ���� RESTRITIVO CONCLUSÃO: DISFUNÇÃO SISTÓLICA : LEVE ����

MODERADA OU GRAVE ���� DISFUNÇÃO DIASTÓLICA DO VE ����

Page 74: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 75: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

74

15 REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS

(SIH/SUS). DATASUS. Mortalidade hospitalares do SUS. Disponível em:

http://www.datasus.gov.br.

2. INGELSSON, E.; ÄRNLÖV, J.; SUNDSTROM, J.; ZETHELIUS, B.; VESSBY, B.;

LIND, L. Novel metabolic risk factors for heart failure. J. Am. Coll. Cardiol. 2005;

46(11): 2054-60.

3. BUTLER, J.; RONDONDI, N.; ZHU, Y.; FIGARO, K.; FAZIO, S.; VAUGHAN,

D.E.; SATTERFIELD, S.; NEWMAN, A.B.; GOODPASTER, B.; BAUER, D.C.;

HOLVOET, P.; HARRIS, T.B.; de REKENEIRE, N.; RUBIN, S.; DING, J.;

KRITCHEVSKY, S.B. Health ABC Study: Metabolic syndrome and the risk of

cardiovascular disease in older adults. J. Am. Coll. Cardiol. 2006; 47(8):1595-602.

4. ANKER, S.D.; RAUCHHAUS, M. Heart failure as a metabolic problem. Eur. J.

Heart Fail. 1999; 1(2):127-31.

5. HUNT, S.A.; BAKER, D.W.; CHIN, M.H.; CINQUEGRANI, M.P.; FELDEMAN,

A.M.; FRANCIS, G.S.; GANIATS, T.G.; GOLDSTEIN, S.; GREGORATOS, G.;

JESSUP, M.L.; et al.; e AMERICAN COLLEGE OF CARDIOLOGY/AMERICAN

HEART ASSOCIATION TASK FORCE ON PRACTICE GUIDELINES (Committee

to revise the 1995 Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure).

ACC/AHA guidelines for the evaluation and management of chronic heart failure in

the adult executive summary. J. Am. Coll. Cardiol. 2001; 38(7):2101-13.

6. COWIE, M.R.; WOOD, D.A.; COATS, A.J.; et al. Incidence and aetiology of heart

failure; a population-based study. European Heart Journal. 1999; 20(6):421-8.

7. DAVIES, M.; HOBBS, F.; DAVIS, R.; et al. Prevalence of left-ventricular systolic

dysfunction and heart failure in the general population: main findings from ECHOES

(Echocardiographic Heart of England Screening) Study. Lancet. 2001;

358(9280):439-44.

Page 76: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

75

8. KANNEL, W.B.; D’AGOSTINO, R.B.; SILBERSHATZ, H,; et al. Profile for

estimating risk of heart failure. Arch Intern Med. 1999,159:1197-1204.

9. CEIA, F.; FONSECA, C.; MOTA, T.; MORAIS, H.; MATIAS, F., DE SOUSA, A.;

OLIVEIRA, A.; on behalf of the EPICA investigators. Prevalence of chronic heart

failure in Southwestern Europe: the EPICA study. Eur. J. Heart Fail. 2002;

4(4):531-9.

10. TAVARES, L.R.; VICTER, H.; LINHARES, J.M.; BARROS, C.M.; OLIVEIRA,

M.V.; PACHECO, L.C.; VIANA, C.H.; PEREIRA, S.B.; SILVA, G.P.; MESQUITA,

E.T. Epidemiologia da insuficiência cardíaca descompensada em Niterói – Projeto

EPICA-Niterói. Arq. Bras. Cardiol. 2004; 82:121-4.

11. TAVARES, L.R; VELARDE, L.G.C; MIRANDA, V.A; MESQUITA, E.T.

Percepções sobre o diagnóstico e manuseio da insuficiência cardíaca: Comparação

entre cardiologistas clínicos e médicos de família. Arq. Bras. Cardiol. 2006;

87:167-3.

12. HOBBS, F.D.; KOREWICKI, J.; CLELAND, J.G.F.; et al. The diagnosis of heart

failure in European primary care: The IMPROVEMENT Programme survey of

perception and practice. Eur. J. Heart Fail. 2005; 7(5):768-79

13. STURM, H.B.; HAAIJER-RUSKAMP, F.M.; VEEGER, N.J.; BALJÉ-VOLKERS,

C.P.; SWEDBERG, K.; VAN GILST, W.H. The relevance of comorbidities for heart

failure treatment in primary care: a European survey. Eur. J. Heart Fail. 2006;

8(1):31-37

14. KING, H.; AUBERT, R.E; HERMAN, W.H. Global burden of diabetes, 1995-2025:

prevalence, numerical estimates, and projections. Diabetes Care. 1998;

21(9):1414-31.

15. LAKKA, H.M.; LAAKSONNEN, D.E.; LAKKA, T.A.; NISKANEN, L.K.;

KUMPUSALO, E.; TUOMILENTO, J.; SALONEN, J.T. The metabolic syndrome

and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged men. JAMA. 2002;

288(21):2709-16.

16. HIPERDIA. Disponível em: http://www.hiperdia.datasus.gov.br.

Page 77: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

76

17. KNOWLER, W.C.; et al. Diabetes Prevention Program Research Group. Reduction in

the incidence of type 2 diabetes with lifestyle intervention or metformin. Shows that

aggressive lifestyle intervention reduces conversion of the pre-diabetes to diabetes.

Metformin therapy also reduces the rate conversion. N. Engl. J. Med.

2002:346(6):393-403.

18. HAFFNER, S.M. The prediabetic problem: development of non-insulin-dependent

diabetes Melittus and related abnormalities. J. Diabetes complications. 1997;

11(2):69-76.

19. ALEXANDER, C.M.; LANDSMAN, P.B.; TEUTSCH, S.M.; e HAFFNER, S.M.

Third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III); National

Cholesterol Education Program (NCEP). NCEP-defined metabolic syndrome,

diabetes, and prevalence of coronary heart disease among NHANES III participants

age 50 years and older. Diabetes. 2003; 52(5):1210-14.

20. TZIAKAS, D.N.; CHALIKIAS, G.K.; KASKI, J.C. Epidemiology of the diabetic

heart. Coron. Artery Dis. 2005; 16(1):S3-S10.

21. POIRIER, P.; GILES, T.D.; BRAY, G.A.; HONG, Y.; STERN, J.S.; PI-SUNVER,

F.X.; ECKEL, R.H.; AMERICAN HEART ASSOCIATION; OBESITY

COMMITTEE OF THE COUNCIL ON NUTRITION, PHYSICAL ACTIVITY, AND

METABOLISM. Obesity and cardiovascular disease: pathophysiology, evaluation,

and effect of weight loss: an update of the 1997, American Heart Association

Scientific Statement on Obesity and Heart Disease from the Obesity Committee of the

Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism. Circulation. 2006;

113(6):898-918.

22. FORD, E.S.; GILES, W.H.; e MOKDAD, A.H. Increasing prevalence of the metabolic

syndrome among US adults. Diabetes Care. 2004; 27(10):2444-49.

23. CALLES-ESCANDON, J.; GARCIA-RUBI, E.; MIRZA, S.; e MORTENSEN, A.

Type 2 diabetes: on disease, multiple cardiovascular risk factors. Coron. Artery

Dis. 1999; 10(1):23-30.

24. WILD, S.; ROGLIC, G.; GREEN, A.; et al. Global prevalence of diabetes: estimates

for the year 2000 and projections for 2030. Diabetes Care. 2004; 27(5):1047-1053.

Page 78: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

77

25. ZIMMET, P.Z.; MCCARTY, D.J.; DE COURTEN. M.P. The global epidemiology of

non-insulin-dependent diabetes mellitus and the metabolic syndrome. J. Diabetes

Complications. 1997; 11(2):60-8.

26. GRUNDY, S.M. Metabolic Syndrome: Connecting and Reconciling Cardiovascular

and Diabetes Worlds. Journal of the American College of Cardiology. 2006;

47(6):1093-100.

27. HANSEN B.C.; SAYE, J.A.; WENNOGLE, L.P. Metabolic Syndrome X:

convergence of insulin resistance, glucose intolerance, hypertension, obesity, and

dyslipidemias-searching for the underlying defects. Ann. N. Y. Acad. Sci. 1999;

892:1-24.

28. MESQUITA, E.T.; MIRANDA, V.A. Insuficiência cardíaca na atenção primária.

Revista da SOCERJ. 2005; 18:342-3.

29. WONG, C.Y.; et al. Myocardial and vascular Dysfunction and Exercise Capacity in

the Metabolic syndrome. J. Am. Card. 2005; 96(12):1686-91.

30. DAS, U.N. Metabolic Syndrome X: an Inflammatory Condition? Curr Hypertens

Rep. 2004; 6(1):66-73.

31. GRUNDY, S.M. Drug therapy of the metabolic syndrome: minimizing the emerging

crisis in polypharmacy. Nature Reviews Drug Discovery. 2006; 5(4):295-309.

32. GRUNDY, S.M.; et al. Diagnosis and management of the metabolic syndrome. An

American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific

Statement. Curr Opin Cardiol. 2006; 21(1):1-6.

33. GRUNDY, S.M.; et al. Clinical management of metabolic syndrome: report of the

American Heart Association/National Heart, Lung, and Blood Institute/American

Diabetes Association conference on scientific issues related to management.

Circulation. 2004; 109(14):551-56.

34. ECKEL, R.H.; GRUNDY, S.M.; e ZIMMET, P.Z. The metabolic syndrome:

epidemiology, mechanisms, and therapy. Rewiews the worldwide epidemiology,

Page 79: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

78

pathophysiology and management of the metabolic syndrome. Lancet. 2005;

365(9468):1415-28.

35. FORD, E.S.; GILES, W.H.; & DIETZ, W.H. Prevalence of the metabolic syndrome

among US adults: findings from the Third National Health and Nutrition Examination

Survey. JAMA. 2002; 287(3):356-9.

36. FORD, E.S.; & GILES, W.H. A Comparison of the Prevalence of the Metabolic

Syndrome Using Two Proposed Definitions. Diabetes Care. 2003; 26(3):575-81.

37. REAVEN, G.M. Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease.

Diabetes. 1988; 37(12):1595–1607.

38. REAVEN, G.M. Role of insulin resistance in human disease (syndrome X): an

expanded definition. Annu. Rev. Med. 1993; 44:121–131.

39. ALBERTI, K.G.; ZIMMET, P.Z. Definition, diagnosis, and classification of diabetes

mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus

provisional report of a WHO consultation. Diabet. Med. 1998; 15(7):539-553.

40. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.

Arq. Bras. Cardio. 2005; 84(I).

41. National Cholesterol Education Program: Executive Summary of the Third Report of

the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection,

Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment

Panel III). JAMA. 2001; 285(19):2486-97.

42. ANDERSON, E.A.; HOFFMAN, R.P.; BALON, T.W; et al. Hyperinsulinaemia

produces both sympathetic neural activation and vasodilation in normal humans.

J. Clin. Invest. 1991; 87(6):2246-52.

43. HOLMANG, A.; YOSHIDA, N.; JENNISCHE, E.; et al. The effects of hyper

insulinaemia on myocardial mass, blood pressure regulation and central

haemodynamics um rats. Eur. J. Clin. Invest. 1996; 26(11):973-8.

44. BELL, D. S. Heart failure: the frequent, forgotten, and often fatal complication of

diabetes. Diabetes Care. 2003; 26(8):2433-41.

Page 80: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

79

45. ÄRNLÖV, J.; LIND, L.; SUNDSTRÖM, J.; et al. Insulin resistance, dietary fat intake

and blood pressure pedict left ventricular diastolic function 20 years late.

Nutr. Metab. Cardiovasc. Dis. 2005; 15(4):242-9.

46. FORD, E.S. Risks for all-cause mortality, cardiovascular disease, and diabetes

associated with the metabolic syndrome. Diabetes Care. 2005; 28(7):1769-78.

47. INGELSSON, Ë.; SUNDSTRÖM, J.; ÄRNLÖV, J.; et al. Insulin resistance and risk of

congestive heart failure. JAMA. 2005; 294(3):334-41.

48. INGELSSON, Ë.; ÄRNLÖV, J.; LIND, L.; SUNDSTRÖM, J. Metabolic syyndrome

and risk for heart failure in middle-aged men. Heart. 2006; 92(10):1409-13.

49. SUNDSTRÖM, J.; RISÉRUS, U.; BYBERG, L.; ZETHELIUS, B.; LITHELL, H.; e

LIND, L. Clinical value of the metabolic syndrome for long term prediction of total

and cardiovascular mortality: prospective, population based cohort study.

B. M. J. 2006; 332: 878-882.

50. BUSE, J.B.; GINSBERG, H.N.; et al. Primary prevention of cardiovascular diseases in

people with diabetes mellitus: a scientific statement from the American Heart

Association and American Diabetes Association. Circulation. 2007; 115(1):114-26.

51. ALBERTI, K.; GEORGE, M.M.; ZIMMET, P.; et al. The metabolic syndrome-a new

wordwide definition. The Lancet.2005;366(9491):1059-62.

52. RUDERMAN, N.; CHISHOLM, D.; PI-SUNYER, X.; & SCHNEIDER, S. The

metabolically obese, normal-weight individual revisited. Diabetes. 1998;

47(5);699-713.

53. VICTOR, R.G,; HALEY, R.W.; et al. DALLAS HEART STUDY. A population-

based probability sample for the multidisciplinary study of ethnic differences in

cardiovascular health. Am. J. Cardiol. 2004; 93(12):1473-80.

54. HAFFNER, S.M. Risk Constellations in Patients with the Metabolic Syndrome:

Epidemiology, Diagnosis, and Treatment Patterns. Am. J. Méd. 2006;

119(5 Suppl 1):S3-9.

Page 81: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

80

55. HAFFNER, S.; TAEGTMEYER, H. Epidemic Obesity and the Metabolic Syndrome.

Circulation. 2003; 108(13):1541-5.

56. FESTA, A.; D` AGOSTINO JR., R.; HOWARD, G.; et al. Chronic subclinical

inflammation as part of the insulin resistance syndrome: the Insulin Resistance

Atherosclerosis Study (IRAS). Circulation. 2000; 102(1):42-47.

57. KANNEL, W.B.; HJORTLAND, M.; e CASTELLI, W.P. Role of diabetes in

congestive heart failure the Framingham study. Am. J. Cardiol. 1974; 34(1):29-34.

58. IRIBARREN, C.; et al. Glycemic control and heart failure among adult patients with

diabetes. Circulation. 2001;103(22):2668–2673.

59. HUNT, K.J.; RESENDEZ, R.G.; WILLIAMS, K.; et al. National Cholesterol

Education Program versus Word Health Organization metabolic syndrome in relation

to all-cause and cardiovascular mortality in the San Antonio Heart Study. Circulation.

2004; 110(10):1251-1257.

60. HAFFNER, S.M,; STERN, M.P.; HAZUDA, H.P.; et al. Cardiovascular risk factors in

confirmed prediabetic individuals. Does the clock for coronary heart disease start

ticking before the onset of clinical diabetes? JAMA. 1990; 263(21):2893-98.

61. BECKMAN, J.A.; CREAGER, M.A.; e LIBBY, P. Diabetes and atherosclerosis

epidemiology, pathophysiology, and management. JAMA. 2002; 287:2570-2581.

62. GALDERISI, M.; ANDERSON, K.M.; WILSON, P.W.F.; LEVY, D.

Echocardiographic evidence for the existence of a distinct diabetic cardiomyopathy (

the Framingham Heart Study ). Am. J. Cardiol. 1991; 68(19):85-89.

63. MEIGS, J.B.; WILSON, P.W.F.; NATHAN, D.M.; D`AGOSTINO Sr., R.B.;

WILLIAMS, K.; and HAFFNER, S.M. Prevalence and Characteristics of the

Metabolic Syndrome in the San Antonio Heart and Offspring Studies. Diabetes. 2003;

52(18): 2160-67.

64. HAFFNER, S.M.; STERN, M.P.; HAZUDA, H.P.; et al. Cardiovascular risk factors in

confirmed prediabetic individuals. Does the clock for coronary heart disease start

ticking before the onset of clinical diabetes? JAMA. 1990; 263(21):2893-2898.

Page 82: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

81

65. FONTAINE, K.R.; REDDEN, D.T.; WANG, C.; WESTFALL, A.O.; ALISON, D.B.

Years of life lost du to obesity. JAMA. 2003; 289(2):187-193.

66. OLSHANSKY, S.J.; PASSARO, D.J.; HEASHOM. R.C.; LAYDEN, J.; CARNES,

B.A.; BRODY, J.; HAYFLICK, L.; BUTLER, R.N.; ALLISON, D.B.; LUDWIG,

D.S. A potential decline in life expectancy in the United States in the 21 st century.

N. Engl. J. Med. 2005; 352(11):1138-45.

67. STRATTON, I.M.; ADLER, A.L.; NEIL, H.A.; et al. Association of glycaemia with

macrovascular and microvascular complications of type 2 diabetes(UKPDS 35):

prospective observational study. B. M. J. 2000; 321(7258):405-12.

68. TENENBAUM, A.; MOTRO, M.; FISMAN, E.Z.; LEOR, J.; FREIMARK, D.;

BOYKO, V.; MANDELZWEIG, L.; ADLER, Y.; SHERER, Y.; e BEHAR, S. Heart

Failure is associated with the development of diabetes. Am. J. Med. 2003;

114(4):271-5.

69. DESAI, A.S.; O’GARA, P.T. Diabetes and Heart Failure: Epidemiology,

Pathophysiology and Management. Indian. Heart. j. 2005; 57(4):295-303.

70. POIRIER, P.; ECKEL, R.H. Obesity and cardiovascular disease.

Curr. Atheroscler. Rep. 2002; 4(6):448-53.

71. WILSON, P.W.; D`AGOSTINO, R.B.; SULLIVAN, L.; PARISE, H.; KANNEL,

W.B. Overweight and obesity as determinants of cardiovascular risk: the Framingham

experience. Arch. Intern. Med. 2002; 162(16): 1867-72.

72. HU, F.B.; WILLETT, W.C.; LI, T.; STAMPFER, M.J.; COLDITZ, G.A.; MANSON,

J.E. Adiposity as compared with physical activity in predicting mortality among

women. N. Engl. J. Med. 2004; 351(26):2694-2703.

73. POIRIER, P.; MARTIN, J.; MARCEAU, P.; BIRON, S.; MARCEAU, S. Impact of

bariatric surgery on cardiac structure, function and clinical manifestations in the

morbid obesity. Expert Rev. Cardiovasc. Ther. 2004; 2(2):193-201.

74. HU, G.; QIAO, Q.; TUOMILEHTO, J.; BALKAU, B.; BORCH-JOHNSEN, K.;

PYORALA, K.; DECODE Study Group. Prevalence of the metabolic syndrome and

Page 83: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

82

its relation to all-cause and cardiovascular mortality in nondiabetic European men and

womem. Arch. Intern. Med. 2004; 164(10):1066-76.

75. SATTAR, N.; GAW, A.; SCHERBAKOVA, O.; et al. Metabolic syndrome with and

without C-reactive protein as a predictor of coronary heart disease and diabetes in the

West of Scotland Coronary Prevention Study. Circulation. 2003; 108(4):414-9.

76. RIDKER, P.M.; BURING, J.E.; COOK, N.R.; et al. C-reactive protein, the metabolic

syndrome, and risk of incident cardiovascular events: an 8-year follow-up of 14719

initially healthy American women. Circulation. 2003; 107(3):391-7.

77. BERG, A.H.; e SCHERER, P.E. Adipose tissue, inflammation, and cardiovascular

disease. Circ. Res. 2005; 96(9):939-49.

78. INGELSSON, E.; RISÉRUS, N.E.F.; BERNE, C. FRYSTYK, J.M.; FLYBERG, A.;

ALEXANDER, T.; LUNDMARK, P.; ZETHELIUS, B. Adiponectin and risk of

congestive heart failure. JAMA. 2006; 295(15):1772-74.

79. KRISTORP, C.; FABER, J.; GALATIUS, S.; et al. Plasma adiponectin, body mass

index, and mortality in patients with chronic heart failure. Circulation. 2005;

112(12):1756-62.

80. PAJVANI, U.B.; HAWKINS, M.; COMBS, T.P.; et al. Complex distribution, not

absolute amount of adiponectin, correlates with thiazolidinedione- mediated

improvement in insulin sensivity. J. Biol. Chem. 2004; 279(13):12152-62.

81. DE PERGOLA, G.; PANNACCIULLI, N. Coagulation and fibrinolysis abnormalities

in obesity. J. Endocrinol. Invest. 2002; 25(10):899-904.

82. XU, H.; BURNES, G.T.; YANG, Q.; TAN, G.; YANG, D.; CHOU, C.J.; SOLE, J.;

NICHOLS, A; ROSS, J.S.; TARTAGLIA, L.A.; CHEN, H. Chronic inflammation in

fat plays a crucial role in the deveploment of obesity-related insulin resistance.

J. Clin. Invest. 2003; 112912):1821-30.

83. KERN, P.A.; RANGANATHAN, S.; LI, C.; WOOD, L.; RANGANATHAN, G.

Adipose tissue tumor necrosis factor and interleukin-6 expression in human obesity

and insulin resistance. Am. J. Physiol. Endocrinol. Metab. 2001; 280(5):E745-51.

Page 84: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

83

84. SHIMOMURA, I.; FUNAHASHI, T.; TAKAHASHI, M.; MAEDA, K.; KOTANI, K.;

NAKAMURA, T.; YAMASHITA, S.; MIURA, M.; FUKUDA, Y.; TAKEMURA, K.

TOKUNAGA, K.; MATSUZAWA, Y. Enhanced expression of PAI-1 in visceral fat:

possible contriibutor to vascular disease in obesity. Nat. Med. 1996; 2(7):800-3.

85. SHAMSUZZMAN, A.S.; WINNICKI, M.; WOLK, R.; SVATIKOVA, A.; PHILLIPS,

B.G.; DAVISON, D.E.; BERGER, P.B.; SOMMERS, V.K. Independent association

between plasma leptin and C-reactive protein um healthy humans. Circulation. 2004;

109(18):2181-85.

86. MURDOCH, D.R.; ROONEY, E.; DARGIE, H.J.; SHAPIRO, D.; MORTON, J.J.; e

McMURRAY, J.J.V. Inappropriately low plasma leptin concentration in the cachexia

associated with chronic heart failure. Heart. 1999; 82(3):352-356.

87. HALLE, M.; e PERSON, P.B. Role of leptin and leptin receptor in inflammation.

Am. J. Physiol. Regul. Integr. Comp. Physiol. 2003; 284(3):R760-62.

88. ZHANG, Y.; PROENÇA, R.; MAFFEI, M.; et al. Positional cloning of the mouse

obese gene and its human homolog. Nature. 1994; 372(6505):425-32.

89. CONSIDINE, R.V.; SINHA, M.K.; HEIMAN, M.L.; et al. Serum immunoreactive

leptin concentrations in normal-weight and obese humans. N. Engl. J. Med. 1996;

334(5):292-5.

90. BANKS, W.A.; KASTIN, A.J.; HUANG, W.; et al. Leptin enters the brain by a

saturable system independent of insulin. Peptides. 1996; 17(2):305-11.

91. REILLEY, M.P.; IGBAL, N.; SCHUTTA, M.; WOLFE, M.L.; SCALLY, M.;

LOCALIO, A.R.; RADER, D.J.; KIMMEL. S.E. Plasma leptin levels are associated

with coronary atherosclerosis in type 2 diabetes. J. Clin. Endocrinol. Metab. 2004;

89(8):3872-78.

92. CORREIA, M.L.; HAYNES, W.G. Obesity-related hypertension: is there a role for

selective leptin resistance? Curr. Hypertens Rep. 2004; 6(3):230-35.

93. SCHAFER, K.; HALLE, M.; GOESCHEN, C.; DELLAS, C. PYNN, M.;

LOSKUTOFF, D.J.; KONSTANTINIDES, S. Leptin promotes vascular remodeling

Page 85: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

84

and neointimal growth in mice. Arterioscler. Thromb. Vasc. Biol. 2004;

24(1):112-117.

94. ISOMAA, B.; ALMGREN, P.; TUOMI, T.; FORSEN, B.; LAHTI, K.; NISSEN, M.;

TASKINEN, M.R.; GROOP, L. Cardiovascular morbidity and mortality associated

with the metabolic syndrome. Diabetes Care. 2001; 24(4):683-89.

95. McMURRAY, J.; ABDULLAH, I.; DARGIE, H.J.; et al. Increased concentrations of

tumor necrosis factor in “cachectic” patients with severe chronic heart failure.

Br. Heart. J. 1991; 66(5):356-8.

96. ZHAO, S.P.; ZANG, I.H. Elevated plasma levels of tumor necrosis factor in chronic

heart failure with cachexia. Int. J. Cardiol. 1997; 58(3):257-61.

97. ZUMBACH, M.S.; BOEHEME, M.W.J.; WAHL, P.; et al. Tumor necrosis factor

increases serum leptin levels in humans. J. Clin. Endocrinol. Metab. 1997;

82(12):4080-2.

98. ANKER, S.D.; CHUA, T.P.; PONIKOWSKI, P.; et al. Hormonal changes and

catabolic/anabolic imbalance in chronic heart failure and their importance for cardiac

cachexia. Circulation. 1997; 96(2):526-34.

99. MORRISON, W.L.; EDWARDS, R.H.T. Cardiac cachexia. B. M. J. 1991;

302(6772):301-2.

100. RILEY, M.; ELBORN, J.S.; McKANE, W.R.; et al. Ressting energy expenditure in

chronic cardiac failure. Clin. Sci. 1991: 80(60):633-9.

101. POEHLMAN, E.T.; SCHEFFERS, J.; GOTTLIEB, S.S.; et al. Increased resting

metabolic rate in patients with congestive heart failure. Ann. Intern. Med. 1994;

121(11):860-2.

102. KOSAKI, A.; YAMADA, K.; KUSUYA, H. Reduced expression of the leptin gene

(ob) by catecholamine through a G(s) protein-coupled pathway in 3T3-L1 adipocytes.

Diabetes. 1996; 45(12):1744-9.

103. ACC 2006 Focus on: Exploration of cardiometabolic risk. Disponível em: url:

http://www.theheart.org/article/674553.do.

Page 86: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes
Page 87: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

86

114. KENCHAIAH, S.; EVANS, J.; LEVY, D.; WILSON, P.; BENJAMIN, E.; LARSON,

M.; et al. Obesity and the risk of heart failure. N. Engl. J. Med. 2002; 347(5):305-13.

115. FISCHER, M.; BAESSLER, A.; SCHUNKERT, H. Renin angiotensin system and

gender differences in the cardiovascular system. Cardiovasc. Res. 2002; 53(3):672-7.

116. LEVY, D.; KENCHAIAH, S.; LARSON, M.; BENJAMIN, E.; KUPKA, M.; HO, K.;

et al. Long-term trends in the incidence of and survival with heart failure. N. Engl. J.

Med. 2002; 347(18):1397-402.

117. BARKER W, MULLOOLY J, GETCHELL W. Changing incidence and survival for

heart failure in a well-defined older population, 1970-1974 and 1990-1994.

Circulation. 2006; 113(6):799-805.

118. LEVY, D.; LARSON, M.; VASAN, R.; KANNEL, W.; HO, K. The progression from

hypertension to congestive heart failure. JAMA. 1996; 275(20):1557-62.

119. RUTTER, M.; PARISE, H.; BENJAMIN, E.; LEVY, D.; LARSON, M.; MEIGS, J.; et

al. Impact of glucose intolerance and insulin resistance on cardiac structure and

function: sex-related differences in the Framingham Heart Study. Circulation.

2003;107(3):448-54.

120. MASOUDI, F.A.; INZUCCHI, S.E.; WANG, Y.; HAVRANEK, E.P.; FOODY,

J.A.M.; KRUMHOLZ, H.M. Thiazolidinediones, metformin, and outcomes in older

patients with diabetes and heart failure: an observational study. Circulation. 2005;

111(5): 583-90.

121. DELEA, T.E.; EDELSBERG, J.S.; HAGIWARA, M.; OSTER, G.; PHILLIPS, L.S.

Use of Thiazolidinediones and risk of heart failure in people with type 2 diabetes: A

retrospective cohort study. Diabetes. Care. 2003; 26(11): 2983-89.

122. CLELAND, J.G.; FREEMANTLE, N.; COLETTA, A.P.; e CLARK, A.L. Clinical

trials update from the American Heart Association: REPAIR-AMI, ASTAMI, JELIS,

MEGA, REVIVE-II, SURVIVE, and PROACTIVE. Eur. J. Heart Fail. 2006;

8(1);105-110.

Page 88: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

87

123. VAN DER HARST, P.; VOORS, A.A.; VAN GILST, W.H.; BÖHM, M.; VAN

VELDHUISEN, D.F. Statins in the treatment of chronic heart failure: Biological and

clinical considerations. Cardiovasc. Res. 2006; 71(3):443-454.

124. NODE, K.; FUJITA, M.; KITAKAZE, M.; HORI, M.; LIAO, J,K. Short-term statin

therapy improves cardiac function and symptoms in patients with idiopathic dilated

cardiomyopathy. Circulation. 2003; 108(7): 839–43.

125. LAUFS, U.; WASSMANN, S.; SCHACKMANN, S.; HEESCHEN, C.; BOHM, M.;

NICKENIG, G. Beneficial effects of statins in patients with non-ischemic heart

failure, Z. Kardiol. 2004; 93(2):103–8.

126. LAROSA, J.C.; GRUNDY, S.M. WATERS, D.D.; SHEAR, C.; BARTER, P.;

FRUCHART, J.;, et al. Intensive lipid lowering with atorvastatin in patients with

stable coronary disease. N. Engl. J. Med. 2005; 352(14):1425–35.

Page 89: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 90: ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME METABÓLICA E SEUS …livros01.livrosgratis.com.br/cp032058.pdf · flÁvio augusto colucci coelho associaÇÃo da sÍndrome metabÓlica e seus componentes

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo