Associações sociotécnicas entre organizações jornalísticas e mídias sociais digitais

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  • 7/26/2019 Associaes sociotcnicas entre organizaes jornalsticas e mdias sociais digitais

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    Associaes sociotcnicas entre organizaes jornalsticas e mdias sociais digitais

    Socio-technical associations between news organizations and digital social media

    Asociaciones sociotcnicas entre organizaciones periodsticas y medios sociales

    digitales

    ResumoA reflexo, de cunho terico-analtico, parte da perspectiva ecolgica dos meios, comcontribuies da Teoria Ator-Rede TAR!" # trabalho est$ dividido em tr%s tpicos" &o

    primeiro, discute-se a noo de meio como ambi%ncia, em 'c(uhan, e sua aproximaocom pressupostos da TAR" # segundo apresenta a noo de mdias sociais digitais esuas principais caractersticas" &o terceiro tpico, reflete-se sobre as associaes dasorgani)aes *ornalsticas com as mdias sociais, por meio de alguns exemplos deinsero das lgicas dessa ambi%ncia nas estrat+gias *ornalsticas"Palaras-chae! mdias sociais digitais organi)aes *ornalsticas sociot+cnicacologia da 'dia Teoria Ator-Rede"

    AbstractThis is a reflection of theoretical and anal.tical nature, from the ecological perspectiveof the media, /ith contributions from Actor-&et/or0 Theor. ART!" The article isdivided into three topics" At first, /e discuss the notion of medium as ambience in'c(uhan, and his approach to assumptions of TAR" The second introduces the notionof digital social media and its main features" The third topic reflects on the associationsof ne/s organi)ations /ith social media, through some examples of insertion of thelogical ambience of digital social media included in the strategies used b. *ournalism""eywords1 digital social media ne/s organi)ations socio-technical 'edia colog.Actor-&et/or0 Theor."

    Resumen

    (a reflexin, de orden terico-analtico, parte de la perspectiva ecolgica de los medios,con aportes de la Teora Actor-Red A&T!" l traba*o se divide en tres tpicos" n el

    primero, se discute la nocin de medio como entorno, en 'c(uhan, . su cercana a loplanteado por la A&T" l segundo presenta la nocin de medios sociales digitales . susprincipales caractersticas" n el tercer tpico, se reflexiona sobre las asociaciones de lasorgani)aciones periodsticas con los medios sociales, por intermedio de algunos

    e*emplos de insercin de las lgicas de dicho entornoen las estrategias periodsticas"Palabras-clae! medios sociales digitales organi)aciones periodsticas sociot+cnicacologa de los medios Teora Actor-Red"

    #ntrodu$o

    # 2ornalismo, historicamente, adaptou-se aos dispositivos sociot+nicos e delesfe) distintos meios de expresso e formas narrativas" Transformou-se *unto com osmodos de produo, se alinhou com o capitalismo, mudou a cultura profissional e, comas organi)aes *ornalsticas, adaptou- se 3s diversas realidades sociais de cada perodo,numa relao m4tua de afetaes econ5micas, ideolgicas, t+cnicas, culturais, polticase informativas"

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    &o 6rasil do incio do s+culo 77, por exemplo, a introduo da fotografia, dotel+grafo, das rotativas e do linotipo, como meio de composio, permitiram redu)ircustos e agili)ar a produo" A incorporao da cor na d+cada de 898: minimi)ou amonotonia das grandes colunas macias de texto e introdu)iu a cultura da visualidade" Acriao do r$dio, em 89;; e, sobretudo, da televiso, em 89ue t%m maior potencial para exercer transformaessociais e culturais ou mesmo constituir um novo ambiente sociot+cnico, particularmentedin?mico na circulao das informaes"

    @sso por>ue elas constituem uma nova ecologia da mdia em permanenteprocessualidade e reconfigurao por ser um sistema comunicacional integrado porconexes e ns, >ue propicia um fluxo permanente de notcias e conexes entre usu$riose organi)aes"

    ntendemos as mdias sociais digitais, neste trabalho, como ambi%ncia resultantede associaes B interaes entre atores humanos indivduos, grupos e organi)aes! ealgumas tecnologias de comunicao com potencialidade para usos e apropriaes mais

    participativos e conversacionais" A reflexo, de cunho terico-analtico, parte daperspectiva ecolgica dos meios, com contribuies da Teoria Ator-Rede TAR!"

    # artigo est$ dividido em tr%s tpicos" &o primeiro, discutimos a noo de meiocomo ambi%ncia, a partir da met$fora das extenses humanas de 'c(uhan ;::;C89DEF!, e a possibilidade de sua aproximao com alguns pressupostos da TAR" &osegundo tpico, apresentamos a noo de mdias sociais digitais e suas principaiscaractersticas" Gor fim, no terceiro tpico, refletimos sobre a aproximao dasorgani)aes *ornalsticas com essas mdias, mapeando alguns exemplos dessasassociaes"

    % &eios como ambi'ncias sociotcnicas

    Huando 'c(uhan ;::; C89DEF! afirmou >ue Ios meios so as mensagensJ,enfati)ava >ue os efeitos >ue causam sobre nossa percepo e sobre a cultura e asociedade + >ue so as verdadeiras mensagens dos meios" Ka mesma maneira, antecipou>ue IC"""F toda tecnologia gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo" #sambientes no so envoltrios passivos, mas processos ativosJ '=(LMA&, ;::;C89DEF, p" 8:!" Assim, deixou claro o car$ter sociot+cnico de sua proposio"

    M$ pelo menos cinco significados diferentes para a palavra mediumna obra doautor canadense1 maneira, modo ou veculo suporte, veculo de comunicao sin5nimo

    de mdia! extenses tecnolgicas ambiente, subst?ncia envolvente p4blico, no sentidooposto 3 privado GR@RA, ;::E!" # autor defende >ue o sentido >ue 'c(uhan teria

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    dese*ado privilegiar seria o de extenses, pelas >uais cada meio possui sua sintaxe egram$tica prprias" IHual>uer inveno ou tecnologia + uma extenso ou auto-amputao de nosso corpo, e essa extenso exige novas relaes e e>uilbrios entre osdemais rgos e extenses do corpoJ '=(LMA&, ;::; C89DEF, p" DN!"

    'c(uhan estaria chamando ateno, em sua met$fora da extenso, para a

    import?ncia dos efeitos >ue os meios podem produ)ir nos indivduos e na sociedade,constituindo uma nova ambi%ncia, Ipois Oa mensagemP de >ual>uer meio ou tecnologia+ a mudana de escala, cad%ncia ou padro >ue esse meio ou tecnologia introdu) nascoisas humanasJ '=(LMA&, ;::; C89DEF, p" ;;!" Ka a aproximao possvel entreos pressupostos tericos do autor e teorias >ue propem um resgate da import?ncia dasmaterialidades da t+cnica nos agenciamentos sociot+cnicos, como + o caso da TeoriaAtor-Rede TAR, ou A&T8!"

    A TAR tem entre seus principais pressupostos o entendimento >ue o social noexiste a priori, sendo sempre resultado de associaes tempor$rias entre actanteshumanos e no humanos >ue ocupam a mesma posio, embora seus papeis dependamde cada situao" Lma associao envolve actantes ocupando o papel de mediadores,

    >uando t%m maior protagonismo, ou intermedi$rios, >uando a*udam na mobilidade >uecaracteri)a os processos de constituio das associaes sem interferir de forma central,ainda >ue fa)endo parte do pano de fundo desses agenciamentos" A ao >ue gera osocial se desenvolve por meio de processos de mediao, traduo ou delegao entrehumanos e no humanos ('#Q, ;:8;, ;:8N!"

    Andr+ (emos ;:8;! defende >ue a TAR possa ser considerada herdeira da teoriaecolgica de 'c(uhan, mas ressalva >ue a teoria das associaes vai al+m, em funodo papel atribudo aos atores no humanos nos agenciamentos entre su*eitos etecnologias" A novidade da TAR em relao 3 noo mcluhaniana de extenses estariana %nfase dada 3 e>uidade entre actantes humanos e no humanos"

    Qegundo (emos op cit!, a ideia de extenso coloca os meios como ob*etosexteriores aos su*eitos, en>uanto em (atour, um dos principais expoentes da TAR, noexiste relao hier$r>uica entre eles, todos so hbridos" # autor ressalva, ainda, >ue aideia de extenso seria insuficiente para explicar a hibridi)ao >ue ocorre entrehumanos e tecnologias na constituio do social"

    As mdias mediam e s$o mediadas( elas n$o estendem o homem( situadasem alguma e)ternalidade" las mediam em um processo em rede bastantemovente e difcil de sustentar, exigindo esforos dos actantes aes dousu$rio, estabilidade do sistema, confiabilidade nos dispositivos, informaese dados etc!" Assim, artefatos midi$ticos, as mdias( n$o seriam e)tensesdo homem( mas mediadores( actantes atios em uma rede de a$o('#Q, ;:8;, p" S, grifo original do autor!"

    Ainda >ue se*a pertinente a ressalva dada por (emos em sua leitura da TAR,acreditamos >ue 'c(uhan no foi, assim, to impreciso ao utili)ar a met$fora daextenso e, por isso, consideramos possvel partir de sua ideia de medium paracompreender as associaes >ue ocorrem, na atualidade, entre as organi)aes

    *ornalsticas e as denominadas mdias sociais digitais"A ideia de extenso, em 'c(uhan, no di) respeito a um entendimento de meio

    como canal neutro utili)ado para difuso das mensagens, mas a um mediador >ue, aointermediar, interfere nos processos comunicacionais, *unto com a ao dos atoreshumanos" IAssim como a met$fora transmite e transforma a experi%ncia, assim fa)em

    os meiosJ '=(LMA&, op cit, p" :!" Lm dos exemplos dados pelo autor + a prpria1Qigla em portugu%s paraActor-Network Theory A&T"

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    linguagem, primeira tecnologia de comunicao >ue, ao substituir as coisas, astransforma em outra" Acreditamos >ue est$ presente, a>ui, o seu entendimento demediao sociot+cnica"

    (emos ;:8;, ;:8N!, pondera, ainda, >ue no h$ uma ess%ncia nos actantestanto humanos >uanto no humanos!, pois toda ag%ncia entre eles depende da situao,

    e os ob*etos no humanos tamb+m no so passivos" &a perspectiva da cologia dos'eios, as tecnologias tamb+m s ad>uirem o car$ter de meiosBmdias a partir dasassociaes entre suas potencialidades en>uanto produtos sociot+cnicos e os usos dados

    pelos usu$rios em determinados contextos" &em su*eitos humanos nem ob*etos t+cnicosso neutros ou predeterminados, tudo depende do contexto em >ue eles se encontram ese associam"

    A ideia de >ue os actantes humanos e no humanos so hbridos, defendida pelaTAR, est$ subentendida em 'c(uhan >uando afirma >ue o conte4do de um meio +sempre outro meio e seus usu$rios ou se*a, este conte4do se manifesta por meio de umagenciamento entre actantes humanos e no humanos"

    &este trabalho, no iremos aprofundar as possveis aproximaes e diferenas

    entre os pressupostos de 'c(uhan sobre os meios e a Teoria Ator-Rede" A discussointrodutria foi necess$ria, no entanto, para darmos sustentao ao entendimento de >uealgumas mdias, a partir de suas gram$ticas conformadas nas associaes entre actanteshumanos e t+cnicos!, so respons$veis pela emerg%ncia de um ambiente sociot+nico dematri) digital"

    A ideia de >ue os meios so agentes no neutros na comunicao pode sermelhor compreendida se levarmos em conta suas materialidades como resultado deassociaes sociot+nicas dos criadores, programadores, demanda de consumo etc!" Gorser fruto desses agenciamentos, cada tecnologia carrega em si potencialidades paradeterminados usos, >ue de certa forma influenciam os atores humanos >ue com ela terocontato"

    A noo de affordances, de ibson 89D! a*uda a compreender essapotencialidade dos meios para determinados usos >ue estruturam a interao entreusu$rio e tecnologia" #s meios funcionariam como tecnologias >ue atuam a partirdessas affordances, >ue Ifacilitam, limitam e estruturam a comunicao e a aoJM2ARUARK, ;:8;!" Huando + lanada no mercado, uma tecnologia *$ conta comalgumas condies voltadas para determinados usos" &a linguagem da TAR, umatecnologia *$ +, por si s, resultado das associaes >ue a constituem em redesociot+cnica"

    Algumas tecnologias t%m mais potencialidade para exercer transformaessociais e culturais ou mesmo constituir um novo ambiente sociot+cnico, como + o caso

    das denominadas mdias sociais digitais" las no agem so)inhas, no promovemrevolues sem um agenciamento com os su*eitos em sociedade, mas sem elas, no sepode garantir >ue alguns acontecimentos atuais teriam o mesmo impacto"

    &a perspectiva da cologia dos 'eios, convergindo com a TAR, podemoscompreender >ue essas mdias nos a*udam a fa)er coisas ou se*a, somos produtos delas,embora elas se*am, tamb+m, produ)idas pelos seres humanos!, como no caso dadenominada Grimavera Vrabe;, >uando as mdias sociais atuaram como actantes

    protagonistas e no meros canais intermedi$rios na revoluo popular"Gara usar os termos da Teoria Ator-Rede, a atual ambi%ncia de mdias sociais

    digitais pode ser pensada como resultado do agenciamento entre actantes no humanosdeterminadas tecnologias com suas affordances! e seus usu$rios actantes humanos!,

    2#nda de protestos desencadeados a partir de ;:8: em v$rios pases $rabes >ue contou com significativautili)ao da internet como forma de desviar os blo>ueios impostos pelo governo 3s manifestaes"

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    em um contexto especfico, >ue interfere em todo o ecossistema midi$tico,transformando todos os seus elementos por meio de afetaes distintas"

    * A ambi'ncia das mdias sociais digitais

    A nomenclatura >ue recebem alguns servios da /eb, a partir de sua fase ;":,gera algumas controv+rsias" Afinal, o >ue so mdias sociaisW Godemos falar em mdiassociais se levarmos em conta >ue toda mdia, em tese, deveria ser socialW =omo ressalvaGrimo ;:8N, p" 8

    X importante ressaltar >ue no estamos, neste trabalho, enfati)ando aspectospolticos ligados 3 democrati)ao dos meios de comunicao" Huando utili)amos oad*etivo social, estamos nos referindo aos aspectos relacionais, conversacionais edialgicos >ue esto presentes como affordances, ao menos en>uanto potencialidade,

    em alguns servios da internet, como os blogs, ossitesde rede social, ossoftwaresouaplicativos voltados para a conversao, e as plataformas de compartilhamento devdeo, $udio e imagens" # >ue todos esses meios t%m em comumW Al+m de servirem demeios para a comunicao interpessoal, transformam-se em plataformas decompartilhamento de conte4do, sendo usados por indivduos, grupos e movimentossociais, partidos polticos, empresas de todos os setores, celebridades, figuras p4blicas, eorgani)aes *ornalsticas"

    'a.field ;::, p"

    participao do p4blico conversao criao de comunidade e visibilidade da rede econectividade por meio de links>ue remetem a outros espaos da internet" # autor asdivide em seis tipos1 sitesde rede social Facebook, Orkut!, blogs, wikis, podcasts,fruns, comunidades de conte4do como Flickr Instagram !ouTube! e microblogscomo o Twitter" Gara Qaad ;:88, p" 8DE!, mdias sociais so IC"""F >uais>uer tecnologiasou pr$ticas online >ue permitem o compartilhamento de conte4do, opinies, ideias,experi%ncias e mdias, possibilitando conversaes sobre o >ue + relevanteJ"

    Atualmente, h$ uma s+rie de servios na internet e aplicativos para plataformasmveis >ue possibilitam esse tipo de uso focado no compartilhamento e na conversao"Ya)em parte deste rol sitesou aplicativos para compartilhamento de vdeos, como o!outube" criao e gerenciamento de blogs, como a plataforma #ordpressE postagemde imagens, como oInstagrame o$interest% troca de mensagens entre amigos, como o

    #hat&s up' suporte de redes sociais, como o Facebook e o Twitter" Todos t%m emcomum o acesso gratuito 3 criao de um perfil, 3 adio de amigos ou contatos, 3postagem de coment$rios e ao compartilhamento de informaes por meio da interaoentre os atores conectados em rede"

    ntendemos, de acordo com a ideia central da Teoria Ator-Rede ('#Q, ;:8;,;:8N GR@'#, ;:8N!, >ue as mdias sociais digitais no so Isociais a prioriJ, mas sedesenvolvem por meio de interaes complexas entre diferentes actantes, desde a suacriaoBprogramao at+ seu lanamento e utili)ao pelos usu$rios indivduos eorgani)aes! com suas apropriaes das tecnologias" A partir da noo de affordances@6Q#&, 89D! e do entendimento dos meios como gram$ticas GR@RA, ;::D!,

    3

    ///".outube"com4///"/ordpress"com5///"pinterest"com

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    podemos di)er >ue algumas mdias apresentam maior potencialidade >ue os demaismeios para uma comunicao mais participativa e em rede" #u se*a, isso ocorre devido3s apropriaes t+cnicas e simblicasD dadas pelos usu$rios, em um dado contextosociocultural, mas tamb+m a partir de certas caractersticas materiais, as linguagens dastecnologias >ue, em interao com os usos e apropriaes dados pelos usu$rios,

    constituem suas gram$ticas"#s sites de redes sociais QRQPs! e seus aplicativos para tecnologias mveis,comosmartphonese tablets so um tipo especfico de mdia social" =onforme bo.dS

    Z lisson ;::S!, o >ue caracteri)a um QRQ + a possibilidade de criar um perfil oup$gina personali)ada do ator social, sendo um espao de interao com outros atores epermitindo a publici)ao da rede de contatos aos demais atores" #sitede rede social +um suporte material digital para construo ou manuteno das redes sociais dos atores,suas conexes representadas e mediadas pela B na internet"

    Ra>uel Recuero ;:8;! considera >ue, se os meios so as mensagens, na eradigital a mensagem + constituda pelas redes sociais da internet" Qo elas >ue dosuporte para a circulao das informaes >ue caracteri)am a mdia social" Gara a

    autora, a mdia social no + um tipo de tecnologia, mas os fluxos de informao >ueocorrem nas redes sociais da internet, >ue seriam os meios de comunicao nessaambi%ncia"

    Gor isso, essas mdias se tornam dispositivos to importantes para o *ornalismo,devido ao car$ter din?mico com >ue as informaes circulam" #s veculos *ornalsticostanto abastecem essa ambi%ncia, dando conte4do para as conversas >ue circulam nosfluxos digitais, >uanto utili)am essas mdias como fonte para busca de pautas e para adisseminao de suas mat+rias, por meio de compartilhamentos e coment$rios" A reded$ visibilidade e circulao 3s notcias"

    &as redes sociais da internet, uma s+rie de valores ligados ao capital socialmotivam as trocas de informao entre os atores" Qo valores como visibilidade,reputao, popularidade e autoridade R=LR#, ;::9, ;:8;! >ue levam osinteragentes a se associar a determinados perfis com maior influ%ncia nas redes sociaisa replicar informaes de interesse p4blico, muitas ve)es *ornalstico, para suas redes deamigos a produ)ir conte4do prprio ou compartilhar de terceiros para con>uistar umaaudi%ncia na internet" &o caso do *ornalismo, segundo &e/man ;::9, p" ;!, as mdiassociais, os blogse as produes de conte4do gerado pelo usu$rio L=! esto criandouma importante camada extra de informao e opinio diversa, melhorando asinformaes produ)idas pelos meios tradicionais"

    &as lgicas das mdias sociais digitais, a informao circula e fa) parte daconversao entre os interagentes [A#, 6AQT#Q, ;:8N!" &este processo de dar

    visibilidade 3s notcias, essas mdias so, tamb+m, espao para autopromoo e mesmodi$logo com os consumidores e p4blicos, bem como para reflexo sobre as deciseseditoriais das organi)aes *ornalsticas"

    6Apropriao a>ui + pensada de acordo com (emos ;::;!, para o >ual a apropriao t+cnica tem a ver

    com a aprendi)agem de uso da tecnologia e a simblica com os usos criativos >uase sempre desviantesdados pelos usu$rios"7A prpria autora utili)a o sobrenome intencionalmente em letras min4sculas"

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    + ,rganizaes jornalsticas nas mdias sociais digitais

    Kesde a perspectiva ecolgica dos meios, podemos compreender a insero dasorgani)aes *ornalsticas na ambi%ncia das mdias sociais digitais como um processogradual de adaptao no linear, no >ual a posio de protagonista, nas associaes

    sociot+cnicas, alterna- se entre as empresas *ornalsticas, seus p4blicos, e as tecnologiasdigitais" m alguns momentos, as organi)aes com foco na informao inserem-seestrategicamente na ambi%ncia das mdias sociais, em outros so as tecnologias >uetomam a frente no processo, por meio de seus usu$rios-interagentes no institucionais"

    @nicialmente, foram os prprios interagentes >ue con>uistaram espao no*ornalismo institucionali)ado, pela combinao de fatores relevantes para osconglomerados de mdia" m primeiro lugar, ossites colaborativosBparticipativos e decoment$rios cresciam rapidamente, numa iniciativa >ue acontecia 3 margem da grandeimprensa" Gara 'alini ;::, p" 88!, os grandes *ornais online decidiram se abrir 3

    participao dos usu$rios como IC"""F forma de tra)er Cpara o mainstreamF os conte4doscircunscritos a blogs e sites independentes, >ue, com fre>u%ncia, gera audi%ncia e

    complementa as informaes dos *ornais onlineJ"m segundo lugar, os prprios interagentes comearam a enviar

    espontaneamente material para as redaes, tornando-se fontes valiosas de dados eimagens em lugares onde a imprensa no estava" Lm dos muitos exemplos mundiais foia exploso nos tan>ues de petrleo de 6uncefield, a cerca de E: >uil5metros de(ondres, >ue gerou uma resposta sem precedentes de cidados enviando milhares de e-mails, fotos e vdeos sobre o desastre para ossitesde notcias muito antes da chegada de

    *ornalistas profissionais ao local da exploso, ocorrida nas primeiras horas da manh de88 de de)embro de ;::ue nasceram comomicromdias9 e >ue passam a ser adotadas tamb+m pelas organi)aes midi$ticas,resultando numa maior aproximao entre os veculos tradicionais e as mdias sociais"

    Lm dos exemplos vem doFacebook, >ue desenvolveu a p$gina IYaceboo0 ]'ediaJ8:, especificamente para disponibili)ar recursos para *ornalistas profissionais e

    programadores /eb" As subp$ginas para temas especficos contam com altos nveis departicipao e o recurso (ive )tream, >ue viabili)a a transmisso ao vivo de imagensatuali)adas em fluxo contnuo, so expoentes de utili)ao &@'A&, ;:8:! 88" Aos

    espaos especficos, soma-se a adoo, pelos conglomerados de mdia, de mdias sociais*$ consolidadas como o Twitter, por exemplo, conforme anteriormente mencionado"Tratam-se de iniciativas >ue demonstram uma adaptao negociada 3 ambi%ncia

    conversacional das mdias sociais" #utro exemplo + a Rede lobo >ue, em abril de;:8N, gerou pol%mica ao proibir o uso de linksem suas postagens nas mdias sociais" A

    *ustificativa para a deciso foi >ue redes como o Facebook estavam gerando poucotr$fego para ositeda empresa e, no entendimento da direo, deixando de atrair leitores,>ue preferiam ler as manchetes postadas nas mdias sociais deixando de acessar osite" Amesma empresa, logo depois, tamb+m proibiu menes aos nomes das mdias sociais

    8http1BB///"estadao"com"brBextBfotoreporter9

    @nserir nota sobre a problemati)ao >ue Grimo fa) desses termos"10http1BB///"faceboo0"comBmedia11^ntegra da pes>uisa disponvel em http1BB///"niemanlab"orgB;:8:B:SB"Acesso 8D fev ;:88"

    http://www.niemanlab.org/2010/07/http://www.niemanlab.org/2010/07/
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    em sua programao da TU e em outros produtos midi$ticos, passando a cobrar taxaextra para os anunciantes >ue dese*assem promover suas p$ginas e perfis nessas mdiasem seus an4ncios =anal Tech!8;" 'eses depois, a empresa voltou atr$s, e retomou a

    publicao de notcias com lin0s em suas p$ginas nas mdias sociais"#utras organi)aes *ornalsticas, como [ero Mora, Yolha de Q" Gaulo e #

    stado de Q" Gaulo8N

    , inserem-se nas mdias sociais digitais com um posicionamentomais voltado para interao com os usu$rios, se*a por meio da linguagem utili)ada ou dafacilitao 3 participao" M$, tamb+m, organi)aes *ornalsticas >ue limitam a

    possibilidade de reproduo de suas postagens pelos usu$rios sem >ue os devidoscr+ditos lhe se*am dados"

    Gor fim, um exemplo claro do *ornalismo 3 ambi%ncia das mdias sociaisdemonstra a complexidade do ecossistema atual marcado pelas gram$ticasinteracionais desses meios, mas tamb+m pelas lgicas institucionais >ue ainda so caras3s organi)aes >ue nele atuam" # The *ockville +entral, site de notcias de_ashington, passou a ser a primeira organi)ao *ornalstica >ue funcionaexclusivamente em uma mdia social, no caso, no Facebook" A mudana, em vigor

    desde maro de ;:88, transfere toda a cobertura *ornalstica e as operaes comerciaisda empresa exclusivamente para sua p$gina no site de rede social8ue resultam de associaes entre suas potencialidades materiais e seus usos" Ao tra)eralguns exemplos das associaes sociot+cnicas entre essas mdias e as organi)aes

    *ornalsticas, mostramos >ue os meios e os atores sociais se afetam mutuamente em umprocesso >ue, desde a perspectiva ecolgica, est$ sempre em desenvolvimento"# *ornalismo, como instituio >ue fa) parte do ecossistema midi$tico, acaba

    sendo afetado pelas linguagens dos meios e tecnologias >ue utili)a em suas pr$ticas,passando a reprodu)i-las a partir do momento em >ue elas se tornam gram$ticas sociais,culturais, como >ue imperativos de funcionamento desse sistema"

    12 Kisponvel em1 ///"canaltech"com"brBnoticiaBredes-sociaisBlobo-proibe-mencoes-ao-Yaceboo0-e-T/itter-em-sua-programacaoB" Acesso em 88B8;B;:8N"13m observao exploratria desenvolvida em uma pes>uisa em andamento, observamos a adoo deestrat+gias, por parte dessas organi)aes, voltadas para a participao dos usu$rios das mdias sociais, e

    adoo de uma linguagem adaptada 3s gram$ticas de meios comoFacebookeInstagram"14http1BBroc0villecentral"com15http1BB///"faceboo0"comBRoc0ville=entral

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    &o se trata de pensar apenas nos aspectos econ5micos >ue levam as empresas aadotar esta ou a>uela tecnologia, ou desenvolver estrat+gias para concorrer com outrosmeios, mas de destacar a transformao cultural >ue est$ por tr$s desses processos e >uet%m origem na interao da instituio *ornalstica de um ponto de vista sist%mico! comas tecnologias de informao e comunicao >ue, como extenses humanas, impem

    suas gram$ticas criando um novo ambiente midi$tico"

    Re/er'ncias

    6#`K, K" ((@Q#&, &" ;::S! Qocial net/or0 Qites1 Kefinition, Mistor. andQcholarship" 0ournal o/ computer-&ediated communication, v" 8N, n" 8, p" ;8:-;N:"Qtate =olege1 Genns.lvania Qtate Lniversit., ;::S"

    @6Q#&, 2" 2" 1he ecological approach to isual perception" (ondon1 Routledge -Gs.cholog. Gress, 89D"

    M2ARUARK, Q" T" @" " 'idiati)ao1 teori)ando a mdia como agente de mudanasocial e cultural" &atrizes, v"

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    GR@'#, A" @nteraes mediadas e remediadas1 controv+rsias entre as utopias da ciber-cultura e a grande ind4stria midi$tica" @n1 #nteraes em rede" Gorto Alegre1 Qulina,;:8N"

    R=LR#, Ra>uel" R=LR#, Ra>uel" Redes sociais na internet" Gorto Alegre1

    Qulina, ;::9"

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