Assistência de Enfermagem ao paciente com Fibrilação Atrial

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Resumo Pala ala ala ala alavr vr vr vr vras-c as-c as-c as-c as-cha ha ha ha have: e: e: e: e: Enfermagem. Fibrilação atrial. Arritmia. Abstract Resumen Keywords: Keywords: Keywords: Keywords: Keywords: Nursing. Atrial fibrillation. Arrhythmia. Palabras clave: Palabras clave: Palabras clave: Palabras clave: Palabras clave: Enfermería. Fibrilación atrial. Arritmia. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTE COM FIBRILAÇÃO ATRIAL Nursing assistance to patients with atrial fibrillation Asistencia de enfermería al paciente con fibrilación atrial Lutgarde Magda Suzanne Vanheusden Deyse Conceição Santoro Este estudo tem por objetivo apresentar uma revisão atualizada sobre as questões que envolvem a assistência à paciente que desenvolve fibrilação atrial. Essa revisão discute a condição complexa dessa taquiarritmia que influencia a mortalidade, morbidade, abordando o seu elevado custo para o sistema de saúde. A assistência e o impor tante papel da educação para a enfermagem nessa área estão sendo discutidos. Como a prevalência da fibrilação atrial aumenta com a idade e o Brasil tem uma população idosa cada vez mais crescente, a enfermagem enfrenta atualmente o desafio para cuidar dessa população que apresenta necessidades variadas. Este estudio tiene por objetivo presentar una revisión actualizada sobre las cuestiones que envuelven la asistencia al paciente que desarrolla fibrilación atrial. Esa revisión discute la condición compleja de esa taquiarritmia que influencia la morbidad, mortalidad, enfocando el costo que es muy grande para el sistema de salud. Se discute también la asistencia y el impor tante papel de la educación para la enfermería en esa área. Como la prevalencia de la fibrilación atrial aumenta con la edad y como el Brasil tiene una población de ancianos cada vez más creciente, la enfermería, actualmente, enfrenta el desafío para cuidar de esa población que presenta necesidades variadas. Esc Anna Nery R Enferm 2006 abr; 10 (1): 47 - 53. The objective of this study is to present an up to date revision about the assistance of the patient that develops atrial fibrilation. This revision raises the discussion on the complexity of atrial fibrillation that influences the mortality, morbidity, and the high cost for the health system. The assistance and the important paper of education of nursing on atrial fibrillation are here discussed. The population of Brazil is increasing in time and age consequently the prevalence of atrial fibrillation is also increasing. Thus, nursing faces the current challenge to take care of this specific population that presents varied necessities.

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Esc Anna Nery R Enferm 2006 abr; 10 (1): 47 - 53.

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Resumo

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Abstract Resumen

Keywo rds :Keywo rds :Keywo rds :Keywo rds :Keywo rds :Nursing. Atrial fibrillation. Arrhythmia.

Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Enfermería. Fibrilación atrial. Arritmia.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM APACIENTE COM FIBRILAÇÃO ATRIAL

Nursing assistance to patients with atrial fibrillation

Asistencia de enfermería al paciente con fibrilación atrial

Lutgarde Magda Suzanne Vanheusden Deyse Conceição Santoro

Este estudo tem por objetivo apresentar uma revisão atualizada sobre as questões que envolvem a assistência à pacienteque desenvolve fibrilação atrial. Essa revisão discute a condição complexa dessa taquiarritmia que influencia a mortalidade,morbidade, abordando o seu elevado custo para o sistema de saúde. A assistência e o impor tante papel da educaçãopara a enfermagem nessa área estão sendo discutidos. Como a prevalência da fibrilação atrial aumenta com a idade eo Brasil tem uma população idosa cada vez mais crescente, a enfermagem enfrenta atualmente o desafio para cuidardessa população que apresenta necessidades variadas.

Este estudio tiene por objetivo presentar una revisiónactualizada sobre las cuestiones que envuelven la asistenciaal paciente que desarrolla fibrilación atrial. Esa revisión discutela condición compleja de esa taquiarritmia que influencia lamorbidad, mortalidad, enfocando el costo que es muy grandepara el sistema de salud. Se discute también la asistencia y elimpor tante papel de la educación para la enfermería en esaárea. Como la prevalencia de la fibrilación atrial aumenta conla edad y como el Brasil tiene una población de ancianos cadavez más creciente, la enfermería, actualmente, enfrenta eldesafío para cuidar de esa población que presentanecesidades variadas.

Esc Anna Nery R Enferm 2006 abr; 10 (1): 47 - 53.

The objective of this study is to present an up to daterevision about the assistance of the patient that developsatrial fibrilation. This revision raises the discussion on thecomplexity of atrial fibrillation that influences the mortality,morbidity, and the high cost for the health system. Theassistance and the important paper of education of nursingon atrial fibrillation are here discussed. The population ofBrazil is increasing in time and age consequently theprevalence of atrial fibrillation is also increasing. Thus,nursing faces the current challenge to take care of thisspecific population that presents varied necessities.

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4848484848 Assistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ial Vanheusden LMS et al

Esc Anna Nery R Enferm 2006 abr; 10 (1): 47 - 53.

INTRODUÇÃO

Fibrilação atrial (FA) é uma condição complexa queinfluencia a mortalidade, morbidade, qualidade de vidado indivíduo e que impõe um gasto financeiro muitogrande para o sistema de saúde. A expectativa é queo número de pessoas com fibrilação atrial aumenteprogressivamente, pois o risco de sua ocorrência eleva-se com o crescimento da idade. Desde a última década,a fibrilação atrial é objeto de investigação clínica eepidemiológica. Como resultado dessas investigações,novos dados são disponibilizados e opções inovadorasde tratamento são sugeridas.

A fibrilação atrial é a arritmia sustentada maisprevalente e responsável pelo maior número deinternações e com uma duração maior que qualqueroutra arritmia1. O paciente precisa na maioria das vezesde hospitalizações repetidas em função do caratérrecorrente da fibrilação atrial. O custo por causa destaarritmia é consideravel devido ao número de indivíduosque apresentam esta condição mórbida pela sua taxade recorrência e conseqüente re-hospitalização.

Um estudo sobre a distribuição de custo decuidados a pacientes com fibrilação atrial mostrou queo principal custo desse paciente é a hospitalização(52%), seguido por gasto com drogas (23%), consultas(9%), investigações diagnosticas (8%), perda detrabalho (6%) e procedimentos paramédicos (2%). Asprincipais causas de internação desses pacientes sãoa admissão hospitalar para cardioversão, seguida porinsuficiencia cardíaca e implante de marcapasso.Adicionalmente algumas internações visavam iniciar aterapia antiar ritmica. O autor recomenda aorganização de clínicos especializados em fibrilaçãoatrial com um grupo interdisciplinar de enfermagem,nutricionista, psicólogos para reduzir os custos2.

A fibrilação atrial não é uma arritmia letal, mas estáassociada com mortalitade e morbidade aumentadas.Pacientes com fibrilação atrial têm duas vezes mais orisco de óbito, e sem uma terapia antitrombólica efetivaexiste um risco cinco vezes maior de occorência de umacidente vascular encefálico ou embolia pulmonar. Afribrilação atrial com frequência ventricular alta apresentaum risco de induzir cardiomiopatia (taquicardiomiopatia)3.Devido à frequência ventricular aumentada e a perdade “kick” atrial, a insuficiência cardíaca e a isquemiaexistente podem piorar.

Como o número de pessoas com fibrilação atrialestá aumentando e existem várias opções detratamento, enfermeiros em várias unidades (comoemergência, unidade coronariana, ambulatorial, de

eletrofisiologia e unidade de internação) atendem essapopulação com as mais variadas necessidades.

DESCRIÇÃO

A fibrilação atrial é é é é é uma taquiar ritmiasupraventricular caracterizada por uma ativação atrialincoordenada. A ativação caótica do átrio tem comoconsequência uma perda no enchimento do ventrículo,o “kick” atrial, que pode ser responsável por uma perdasubstancial de até 30 %. Ao electrocardiograma asondas P são substituídas por ondas fibrilatórias, asondas f, que variam em aplitude, forma e duração.Associado a isto, temos uma resposta ventricularirregular e freqüentemente rápida.

A combinação da perda do “kick” atrial, respostaventricular rápida e irregular prejudica o enchimentoventricular e pode resultar em uma redução substancialdo débito cardíaco, e o paciente pode ter sintomascomo palpitações, dispnéia, tontura, cansaço e dor nopeito. A ocorência de fibrilação atrial pode variarindividualmente, alguns têm episódios paroxísticosinfrequentes, outros têm fibrilação atrial permanente.

A fibrilação atrial pode ocorrer de forma transitória,acompanhando situações clínicas específicas (infartodo miocárdio, doença pulmonar, medicamentos), ouapresentar-se sob a forma crônica, recorrente ouincessante. Em 30%, a FA ocorre na ausência decardiopatia estrutural (FA solitária). A presença deuma fibrilação permanente com a freqüência cardíacamédia elevada (>100 bpm em uma monitorizaçãoeletrocardiográfica ambulatorial de 24h) sem controlefarmacológico da resposta ventricular, evolui quasesempre para disfunção ventricular, configurando oquadro clínico de taquicardiomiopatia3.

A classificação da fibrilação atrial segundo asDiretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia4,incluiu as seguintes definições:

FA inicial – primeira detecção, sintomática ou não daarritmia, desde que a duração não seja superior a 30 s;

FA crônica – a documentação da recorrência daarritmia pode apresentar três formas distintas:

1. Paroxística – episódios com duração de até 7dias; os sur tos são geralmente autolimitados erevertem espontaneamente a ritmo sinusal;

2. Persistente – episódios com duração superior a 7dias; este limite é arbitrário e define um período em que areversão espontânea é pouco provável e a reversãofarmacológica raramente ocorre, geralmente necessitandocardioversão; pode ser a primeira apresentação clínica daFA ou ser precedida por crises recorrentes;

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3. Permanente – a FA é documentada já há algumtempo e a reversão a ritmo sinusal, farmacológica ouelétrica é ineficaz.

TRATAMENTO FARMACOLÓGICOE NÃO FARMACOLÓGICO

O conhecimento e as novas tecnologias abriram ocaminho para as mais variadas opções de tratamentoda fibrilação atrial. O tratamento do fibrilação atrialpode ser divido em três grandes objetivos. O primeiroé o reestabelicimento do ritmo sinusal e manutençãodesse ritmo. O segundo é o controle da frequência eo terceiro é a redução das complicaçõestromboembólicas. Para atingir esses objetivos, otratamento da fibrilação atrial pode ser farmacológicoou não farmacológico.

1. Tratamento farmacológico

A terapia farmacológica é geralmente a terapiainicial para pacientes com fibrilação atrial. Váriasdrogas antiarrítmicas estão disponíveis no mercadopara reestabelecer ritmo sinusal, controlar a frequênciacardíaca ou diminuir o risco de fenomênostromboembólicos.

Recente estudo do AFFIRM 5 sugere que o controleda frequência pode ser a terapia de escolha parapacientes com fibrilação atrial com faixa etária elevada.Para reduzir o risco de taquicardiomiopatia, amedicação deveria estar ajustada para controlar afrequência cardíaca entre 60-80 bpm em repouso e90-115 bpm em atividade.

A reversão para ritmo sinusal com drogas é maiseficaz na FA inicial com duração menor que 7 dias. Areversão farmacológica para ritmo sinusal é maissimples que a reversão com cardioversão nãonecessitando de anestesia geral. A reversãofarmacológica pode ser feita com paciente internadoou não. Quando o paciente tem uma doença cardíacaassociada ou outro distúrbio de conduçãointerventricular, eles são geralmente internados paramonitorar a terapia antiarrítmica, visando prevenir asua deleteriação pro-arrítmica.

Pacientes com fibrilação atrial têm um riscoaumentado para eventos tromboembólicos devido àlentificação do fluxo sanguíneo nos átrios que induz aformação de trombos. O acidente vascular encefálicoé uma complicação severa da fibrilação atrial e o usode anticoagulantes reduz esse risco. O uso deanticoagulantes é geralmente indicado para pacientescom fibrilação atrial, independente da fibrialação atrial

ser paroxística, persistente ou permanente. A indicaçãode warfarina como droga anticoagulante para ospacientes com alto e moderado risco para acidentevascular encefálico6, por exemplo, requer doseperiodicamente ajustada e controlada pelo exame desangue Tempo de Protrombina (TP), que pode serresponsabilidade do enfermeiro. O valor do tempo deprotrobina é referido com o INR (InternationalNormalized Rate) que é uma taxa universal e tem queestar entre 2,0-3,0. Sem uso de anticoagulante, o valornormal é de 1,0. No caso de pacientes com um baixorisco de acidente vascular encefálico, o tratamentoprofilático pode ser feito com aspirina 325 mg por dia,com o qual a preocupação e o controle passam a serfocados na irritação da mucosa gástrica.

2. Terapia não farmacológica

A terapia não farmacológica para fibrilação atrialestá em ritmo crescente. O tratamento com medicaçãopode ter efeitos colaterais e pode aumentar o riscopara eventos pró-arritmicos e conseqüente risco demorte súbita. As medicações podem ter um efeitolimitado de sucesso e um custo mais alto que a terapiafarmacológica. A terapia não farmacológica é umaopção que tem desper tado bastante interesse. Nomomento, existe a opção de cardioversão elétrica,ablação por radiofreqüência, estimulação atrialprofilática e cirurgia.

a. Cardioversão elétrica

A cardioversão elétrica é a opção mais efetiva parareestabelecer o ritmo sinusal. Com a cardioversão, ascélulas atriais são depolarizadas e o nó sinusal podeestimular os átrios novamente. Para que acardioversão elétrica seja realizada, o paciente temque estar internado e isto eleva o custo do tratamentoda fibrilação atrial e interfere no cotidiano do pacientee sua família.

A cardioversão elétrica geralmente tem poucos riscose sua taxa de sucesso de 70 a 90 %, mas precisa serrealizada sob sedação e o paciente deve estar em jejum.7

O choque deve ser sincronisado com o QRS para evitar aindução de fibrilação ventricular. A energia inicial parareversão de fibrilação atrial é de 200 J. Nos casos emque a fibrilação atrial não é revertida para ritmo sinusal,aumenta-se a energia em 100 J até chegar a 360 J.Utilizando-se novos cardioversores bi-fásicos, pode-seiniciar a cardioversão com 100 J elevando-se para 150 e200 J em casa de insucesso. A atuação do enfermeirono momento dessas programações e acompanhamentoda resposta do paciente ao procedimento é essencial8.

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O cardioversão elétrica pode ser influenciado peloposicionamento das pás-eletrodos, cardioversormonofásico ou bifásico e administração de drogasantiarrítmicas antes do procedimento. A administraçãodas drogas anti-arrítmicas também ajuda a prevenir arecorrência da fibrilação atrial pós-cardioversão elétrica.É comum o paciente sentir-se inseguro e necessitar deapoio e esclarecimentos sobre o procedimento.

Em caso de cardioversão elétrica ou farmacológica,o paciente é anticoagulado por 3 semanas antes dacardioversão, caso a fibrilação atrial já esteja presentehá mais de 48 horas, pois neste caso o risco da existênciade trombos é maior. Após a cardioversão, o pacientedeve permanecer anticoagulado durante 3 a 4 semanas,até o pleno restabelecimento da função contrátil do átrio.

As complicações possíveis na cardioversão elétricasão: irritação da pele, queimadura local, bradicardia,taquicardia e fibrilação ventricular, tromboemboliaar terial e complicações relacionadas à anestesia. Ocuidado com o preparo do gel condutor sobre as pás(gel salino) ou compressas umedecidas em soluçãosalina sobre os locais de posicionamento das pásevitam as queimaduras locais e são deresponsabilidade do enfermeiro. A monitorizaçãoprecisa e a obser vação constante da respostaeletrocardiográfica do paciente após a cardioversãoelétrica permite a detecção precoce de outrascomplicações arrítmicas e intervenção imediata. Alémda presença do anestesista, a providência de materiale dispositivos ventilatórios para o caso de umaintercorrência respiratória fazem par te dos cuidadosdispensados pelo enfermeiro. As repetidas internaçõese cardioversões às quais o paciente tem que sesubmeter interferem bastante na sua qualidade de vida.

b. Ablação por radiofrequência

Ablação por radiofreqüência pode ser feita paracontrole da frequência ou para reversão a ritmosinusal. Para controle da freqüência, é feita a ablaçãodo nódulo atrioventricular, provocando-se um bloqueioatrioventricular total intensional e o paciente ésubmetido a estimulação cardíaca permanente. Ospacientes que fazem este procedimento ficam emfibrilação atrial e precisam de anticoagulação crônica,necessitando da atenção do enfermeiro em tempointegral durante o procedimento9.

Recentemente, os estudos demonstraram serpossível a realização da ablação de áreas específicasque podem deflagrar a fibrilação atrial. Foidemonstrada a presença de extensões do tecidomiocárdico do átrio esquerdo para as veias pulmonares,

especialmente sua porção ostial. Estesprolongamentos musculares favorecem a ocorrênciade focos ectópicos rápidos. Outros locais no átriodireito, como a crista terminalis, e porções proximaisdo óstio do seio coronário e da desembocadura daveia cava inferior e superior podem apresentar focosindutores de arritmias atriais.

A ablação ostial e em volta do ostio das veiaspulmonares pode ser bem succedida para reduzirepisódios de fibrilação atrial em alguns pacientes. Osucesso deste procedimento depende de localizar efazer ablação de todos os focos ou conexões que podeminduzir fibrilação atrial. Este procedimento de ablaçãopode apresentar complicações como estenosepulmonar, tamponamento cardíaco, tromboembolia,paralesia do nervo frênico, perfuração de aorta e fístulaesôfago-átrio esquerdo. A ablação do foco arritmogênicoatravés de radiofreqüência atinge um sucesso terapêuticoem 60 a 80% dos casos 9. Durante a realização de umaablação, o enfermeiro deve ter à disposição medicamentose dispositivos necessários para a emergência cardiológica(carrinho para parada cardiopulmonar, marca-passo,antiarrítmicos, entre outros).

As recomendações atuais para ablação de fibrilação atrial,pela Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia10, são:

Fibri lação atrial deflagrada por outraFibri lação atrial deflagrada por outraFibri lação atrial deflagrada por outraFibri lação atrial deflagrada por outraFibri lação atrial deflagrada por outrataquicardiataquicardiataquicardiataquicardiataquicardia – Ablação dos circuitos primários depacientes com sindrome de Wolf-Parkinson-White,taquicardia por reentrada nodal, flutter atrial etaquicardia atrial focal (I);

Isolamento das vIsolamento das vIsolamento das vIsolamento das vIsolamento das veias pulmonareias pulmonareias pulmonareias pulmonareias pulmonareseseseses- 1) FAparoxística assintomática sem cardiopatia estrutural oudisfunção sinusal, com resposta ventricular rápida não-responsiva a pelo menos duas drogas antiarrítmicas (II a); 2) FA paroxística ou persistente sem cardiopatiaestrutural, assintomática, de difícil controle clinico,evoluindo com disfunção ventricular esquerda secundáriaa arritmia (II a) 3) FA persistente ou permanentesintomática sem cardiopatia estrutural ou disfunção sinusalnão-responsiva a pelo menos duas drogas antiarrítmicas(II b) 4) FA controlada com drogas antiarrítmicas (III);

AbAbAbAbAblação do nó lação do nó lação do nó lação do nó lação do nó AAAAAV e implante de marV e implante de marV e implante de marV e implante de marV e implante de marca-passoca-passoca-passoca-passoca-passodefdefdefdefdefinitiinitiinitiinitiinitivvvvvooooo- 1) FA paroxística, persistente ou permanentecom resposta ventricular rápida não controlada comtratamento farmacológico e não farmacológico ( I ) 2)em pacientes idosos ou com co-morbidades ( I );

Ablação do circuito do flutter atrialAblação do circuito do flutter atrialAblação do circuito do flutter atrialAblação do circuito do flutter atrialAblação do circuito do flutter atrial – 1) Flutteratrial comum (relacionado ao istmo veia cava inferior– anel da valva tricúspide) ( I ); 2) Flutter atrial atípico( não-relacionado ao istmo veia cava inferior-anel da

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valva tricúspide ) Técnica convencional (II b), técnicacom mapeamento eletroanatômico ( I );

AbAbAbAbAblação do nó lação do nó lação do nó lação do nó lação do nó AAAAAV e implante de marV e implante de marV e implante de marV e implante de marV e implante de marca-ca-ca-ca-ca-passo em pacientes com flutter atrialpasso em pacientes com flutter atrialpasso em pacientes com flutter atrialpasso em pacientes com flutter atrialpasso em pacientes com flutter atrial - 1) Flutteratrial com resposta ventricular rápida ou com baixadébito, não controlado com drogas anti-arrítmicas oucom tratamento não farmacológico ( I ); 2) Flutteratrial controlado com drogas antiarrítmicas ou compossibilidade de ablação curativa da arritmia ( III ).

c. Tratamento cirúrgico

O procedimento cirúrgico para a fibrilação atrial podeser uma opção terapêutica para alguns pacientes. Em1991, foi desenvolvido um procedimento denominadocirurgia do labirinto (Maze) visando a manutenção doritmo sinusal e manter a condução atrioventricular erestaurar a contração atrial. A cirurgia de Maze éindicada para pacientes que necessitam de cirurgiacardíaca por outras causas (como a troca de válvulamitral). A técnica consiste em realizar várias incisõescirúrgicas em ambos os átrios para construir umlabirinto, tirar os apêndices atriais e isolar as veiaspulmonares. Modificações recentes com uso decrioablação ou de radiofreqüência para fazer linhas debloqueios substituindo as incisões cirúrgicas,encurtaram o tempo cirúrgico diminuindo os riscos. Oscuidados com o paciente são os mesmos para todosaqueles submetidos a uma cirurgia.

O ENFERMEIRO E O PACIENTECOM FIBRILAÇÃO ATRIAL

Com o aumento progressivo dos pacientes comfibrilação atrial e a evolução do conhecimento e dotratamento da fibrilação atrial, o profisional deenfermagem tem cada vez mais tido contato com essetipo de paciente com necessidades variadas. Nocuidado, é importante a interação da enfermeira como paciente, tomando em consideração as necessidadesobjetivas e subjetivas dele11 .

O paciente com fibrilação atrial pode ser internadopara fazer cardioversão elétrica, ser submetido a umprocedimeto ablativo, iniciar um tratamento com drogaou internar-se devido a uma outra doença associada,como cardiopatia isquêmica, ou ainda por conta deum acidente vascular encefálico.

Um aspecto impor tante do cuidado deenfermagem é o suporte educativo para o pacientecom fibrilação atrial. Varios tópicos podem ser o objetodessa educação. Um desses tópicos refere-se ao uso

de medicamentos para controle da arritmia ou paraprevenção de eventos tromboembólicos. O pacienteprecisa ter o conhecimento de que os antiarrítmicospodem ter diversos efeitos colaterais, como hipotensão,tontura, bradicardia, náusea e vômito, insônia,taquicardias, síncope, reação alérgica, dor no peito,tosse, perda de apetite, diarréia, constipação, queprecisam ser comunicados para o enfermeiro oumédico assistente. Alguns outros medicamentos podeminterferir com a ação dos antiarrítmicos e o pacientesempre deve, antes de iniciar ou interromper qualquermedicação, solicitar orientação. O paciente deve sabero risco do uso de outros medicamentos quando seencontra em uso de antiarrítmicos. A combinação dedois antiarrítmicos pode piorar as arritmias ou darorigem as outras. É adequado evitar a condução deautomóveis até ter-se a noção dos efeitos da medicação.A interação medicamentosa de alguns antiarrítmicoscom a medicação anti-coagulante também precisa serinvestigada e acompanhada pela equipe clínica(enfermeiro e médico)12.

Deve-se orientar os pacientes, de maneira bemclara, lembrando que, durante um episódio de fibrilaçãoatrial, sintomas como palpitacões, cansaço e dispnéiapodem ocorrer. Eles devem saber que crises totalmenteassintomáticas também podem ocorrer. Em algunspacientes, a fibrilação atrial pode estar relacionada aode álcool ou de cafeína. A orientação no sentido delimitar o uso do álcool e da cafeína, presentes no café,chá, coca-cola deve ser feita.

Os sintomas de fadiga e dispnéia podem limitar asatividades sociais e físicas do paciente. Por isso, é degrande ajuda que os pacientes alternem descanso eatividade fisica para manter a energia com manutençãodas atividades diárias. É sabido que alguns pacientespodem limitar suas atividades socais com medo de terepisódios de fibrilação atrial, entretanto, os episódiospodem estar associados com estresse emocional emudança na vida diária.

A prevenção de eventos tromboembólicos érotineiramente feita com o uso de anti-coagulantes. Opaciente deve ser informado sobre a impor tância douso dessa medicação de maneira rotineira e danecessidade do seu controle, das interações com certosalimentos e outras drogas. A warfarina, por exemplo,deve ser sempre tomada uma vez por dia e seu usoem jejum, pela manhã, pode aumentar a absorção.Quando o paciente está em período de ajuste da dose,este deve ser feito sempre que o tempo de protrombinase mostra inadequado. Em caso de esquecimento, podetomar a mesma dose, caso o paciente se lembre no

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mesmo dia. Não pode tomar uma dose dupla paracompensar uma dosa esquecida, e nunca pode mudara dosagem do anticoagulante sem ter se communicadocom médico assistente. Nos casos de não usar oanticoagulante por alguns dias, os níveis do INR tornam-se inadequados e, dessa forma, um exame do tempode protrombina deve ser avaliado para reiniciar o usoda warfarina e seu ajuste de dose6.

A warfarina pode ter interações com outrasmedicações como aspirina, drogas anti-arritmicas eprodutos que contêm vitamina K. O INR deve sermantido entre 2-3 e deve ser avaliado regularmentepara controle do anticoagulante. O paciente deve serinformado sobre os sinais de sangramento ou dedoenças que podem ocorrer. Os sintomas que podemocorrer incluem: cansaço, palidez (anemia), cortes quenão param de sangrar depois de ter aplicada pressãode dez minutos, sangramento do nariz ou gengiva,sangramento na urina ou fezes, vômito ou tosseacompanhados de sangramento que também podemparecer com borra de café, dor de cabeça incomum,tonteira, dor ou edema incomum, hematomas queaparecem sem razões, dificuldade para respirar.

A dieta deve ser balanceada e equilibrada. Alterarmuito a quantidade da comida que tem um teor altode vitamina K pode modificar a ação da warfarina6.Comida que contém alto teor de vitamina K: brocolis,espinafre, laranja, couve, couve-flor, repolho, agrião,aspargo, ervilha, alface, figado, abacate, azeite de oliva,agua de coco. É melhor evitar álcool durante o uso dewarfarina, pois, como comentado anteriormente, oálcool interfere com a ação do anticoagulante.

O paciente deve saber da importância de informaro seu dentista/cirurgião que ele se encontra em usode warfarina. É possível que, no caso de algumprocedimento, ele tenha que checar o INR e preciseparar de tomar warfarina por alguns dias.

A prevenção de acidentes é de impor tância empacientes em uso de anticoagulante. Evitar situaçõesonde o paciente pode se machucar em casa ou notrabalho, com esportes radicais ou em grupo. Melhoresporte a ser praticado pelo paciente anticoagulado éo espor te individual. Em caso de cor te na pele, énecessária pressão constante no local por 10 minutos.Em caso de doenças com sintomas gastrointestimaiscomo vômitos, diarreia, infecção ou febre, é bomcomunicar-se imediatamente com o médico assistente,porque essas ocorrências podem mudar o modo deação da warfarina6. O paciente deve ser alertado queem caso de viagens é sempre bom ter a medicaçãojunto a si, não a deixando no carro ou na bagagem.

É normal que pacientes que se submetam a umacardioversão elétrica ou a uma ablação porradiofreqüência sintam-se inseguros, ansiosos ouamedrontados. O enfermeiro pode reduzir a ansiedadee medo do paciente explicando o procedimento efalando sobre as sensações que ele pode sentir duranteou após o procedimento11.

Intervenção de enfermagem em caso decardioversão elétrica

Antes do procedimento, deve ser feito exame desangue para controle dos eletrólitos e devem sercorrigidos antes da cardioversão. Para a cardioversãoelétrica, o paciente precisa ficar em jejum de 8 horas.O paciente necessita de um acesso venoso, controleda pressão ar terial, monitorização doeletrocardiograma e oxímetro de pulso13.Considerando a cardioversão elétrica como umprocedimento doloroso, o paciente precisa ser bemsedado ou anestesiado. Existe sempre o risco deindução de fibrilação ventricular com um choqueelétrico e por isso ele deve ser sempre sincronizadocom o complexo QRS e o procedimento feito em umambiente que tenha o equipamento de emergênciapara intubação e possa assistir uma parada cardíaca.

Intervenção de enfermagem em caso deAblação por radiofreqüência

É necessário um jejum de 8 horas para a realizaçãoda ablação por radiofreqüência. O paciente deve serdevidamente sedado para ser submetido aoprocedimento, a pressão ar terial, eletrocardiogramae oxímetro de pulso são monotorizados e um acessovenoso é obtido. O desfibrilador deve estar disponívele pronto para util ização imediata. Devido àheparinazação, deve-se obter níveis de TCA (Tempode Coagulação Ativado), que tem de ser aferido a cada30 min. Durante o procedimento, a enfermagem deveestar sempre atenta para possíveis complicações comotamponamento cardíaco, tromboembolia e arritmias.Após o procedimento, os locais de inserção de cateteresde ablação devem ser cuidadosamente monitorizadospara evitar possível sangramento e formação dehematoma. O paciente deve ficar acamado por 6 a 8horas e não deve dobrar a perna para evitarsangramento no local de inserção dos cateteres 14 .Os sinais vitais e saturação de oxigênio devempermanecer monitorizados após o procedimento.O paciente geralmente recebe alta em um a doisdias após o procedimento.

Page 7: Assistência de Enfermagem ao paciente com Fibrilação Atrial

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Esc Anna Nery R Enferm 2006 abr; 10 (1): 47 - 53.

Assistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialAssistência de Enfermagem a paciente com fibri lação atr ialVanheusden LMS et al

CONCLUSÃO

Referências

A fibrilação atrial é um problema de saúdecrescente. Como a população mundial envelheceprogressivamente, conseqüentemente o número depacientes que têm fibrilação atrial apresenta umaumento progressivo da sua ocorrência.

A educação, acompanhamento e cuidado deenfermagem são primordiais para os pacientespor tadores de fibrilação atrial. A contribuição doprofissional de enfermagem dentro do conceitomultidisciplinar amplia o sucesso na condução dospacientes proporcionando um desfecho favorável noperíodo pré, intra e pós-hospitalar.

Sobre as Autoras

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Recebido em 25/04/2005Reapresentado em 24/01/2005

Aprovado em 03/02/2006

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