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Assistência à Criança e ao Adolescente Habilitação Profissional de Técnico em Saúde Bucal Módulo II Tatuí – 2018

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Assistência à Criança e ao Adolescente

Habilitação Profissional de Técnico em Saúde Bucal

Módulo II

Tatuí – 2018

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ÍNDICE

ODONTOPEDIATRIA e ODONTOHEBIATRIA

PG

1. Introdução 02

2. Gestantes 02

3. Odontologia para bebês – antes do nascimento 03

4. Odontologia para bebês – após o nascimento 03

5. Requisitos básicos para o tratamento de crianças 05

6. Funções no consultório 06

7. Etapas do atendimento clínico do paciente infantil 06

8. Métodos preventivos em odontopediatria 09

9. Tratamento dentário 11

10. Dentição decídua 13

11. Dentição mista 15

12. Odontograma 15

13. Radiologia em odontopediatria 17

14. Anestesia em odontopediatria 17

15. Terapia pulpar em odontopediatria 18

16. Proteção do complexo dentino - pulpar 19

17. Lesões traumáticas em dentes decíduos 19

18. Anomalias bucais 20

19. Odontohebiatria 22

Referências Bibliográficas 34

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ODONTOPEDIATRIA Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos: ternura pelo que é, e respeito pelo que possa ser.

Jean Piaget

1. INTRODUÇÃO

Odontopediatria é uma área odontológica que atende crianças e que requer muito conhecimento, pois atua na área clínica e na área psicológica dos pacientes.

A Odontopediatria hoje em dia começa a partir da orientação à gestante e seu bebê, passando depois à criança e ao adolescente. Cada uma dessas fases têm características próprias, que variam de acordo com a individualidade de cada um.

2. GESTANTES

Alterações cardiovasculares, hematológicas, respiratórias, renais, gastrointestinais e endócrinas podem se manifestar durante a gestação. O conhecimento dessas alterações fisiológicas, por parte do cirurgião dentista, associado à coleta de dados sobre a história médica anterior e atual da gestante, por meio de uma anamnese bem realizada, é de fundamental importância para que se estabeleça um plano de tratamento odontológico seguro e individualizado para a paciente. 2.1 Alterações bucais

Entre as alterações bucais estão a gengivite gravídica que é uma resposta inflamatória exagerada em relação a fatores irritantes que causam a gengivite comum. A sua prevenção é simples, bastando realizar meticulosa higiene oral, (escovação e uso de fio dental) e, sempre realizar acompanhamento com o cirurgião-dentista.

Pode ocorrer também aumento da mobilidade dentária, do fluido gengival e da profundidade da bolsa por alterações no equilíbrio hormonal, porém essas três alterações reduzem normalmente após o parto.

Outras mudanças que ocorrem na cavidade oral são o aumento da salivação e o aparecimento de pigmentação que ocorre geralmente nos lábios (manchas nos lábios) devido às modificações hormonais. 2.2 Exame radiográfico

O exame radiográfico não precisa ser evitado durante a gestação, uma vez que a quantidade de radiação a que a mãe é exposta para uma tomada radiográfica periapical é muito menor que a dose necessária para ocasionar malformações congênitas, porque o feto recebe 1/50000 da exposição direta na cabeça da mãe. Mesmo assim, alguns cuidados são recomendados como avaliar a real necessidade do exame, a proteção com avental de chumbo, o uso de filmes ultrarrápidos, que permitem menor tempo de exposição e evitar repetições. 2.3 Anestésicos locais

Os anestésicos locais atravessam a barreira placentária por difusão passiva, mas são considerados seguros. Alguns anestésicos podem ser seguramente administrados, como a lidocaína, a prilocaína e a etidocaína. Entretanto, a prilocaína, em altas doses, dificulta a

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circulação placentária e pode provocar metemoglobinemia. A metemoglobinemia é um distúrbio hematológico que faz com que o ferro na hemoglobina (o pigmento vermelho do sangue) seja incapaz de transportar oxigênio.

A mepivacaína, bupivacaína e procaína devem ser usadas com cautela durante a gestação. Com relação à presença do vasoconstritor no anestésico local, a adrenalina e a noradrenalina são consideradas seguras e não estão associadas a malformações fetais. A felipressina é contraindicada por diminuir a circulação placentária, dificultar a fixação do embrião no útero e induzir contrações uterinas. Entretanto, os estudos que mostraram esses efeitos adversos utilizaram altas doses do medicamento. As doses usuais de anestésicos locais são consideradas seguras para gestantes e lactentes, não existindo contraindicação para o seu uso.

Como medida de segurança pode-se utilizar, no máximo, dois tubetes de lidocaína 2% por sessão de atendimento, realizando-se aspiração prévia e injeção lenta da solução.

3. ODONTOLOGIA PARA BEBÊS – ANTES DO NASCIMENTO 3.1 Formação dos dentes do bebê

A dentição começa a se formar meses antes do nascimento, os dentes decíduos a partir da 6ª semana e os permanentes por volta do 5º mês de vida intrauterina. Condições desfavoráveis durante a gestação como: infecções, carência nutricional, medicamentos inadequados, etc., podem trazer problemas aos dentes em fase de formação e mineralização.

3.2 Favorecendo a saúde bucal do bebê

Hábitos saudáveis como a higiene bucal diária e a boa alimentação da gestante, são fundamentais. Uma dieta balanceada, rica em fósforo, cálcio e vitaminas A, C e D, nutre o bebê e assegura-lhe o desenvolvimento de uma boa estrutura dental. Alimentos com muito açúcar e carboidratos devem ser consumidos com moderação e, evitados entre as refeições, pois seu consumo frequente favorece a formação de cáries.

3.3 Flúor na gravidez

A suplementação de flúor durante a gestação, através de gotas ou comprimidos, somente está indicada quando a água de abastecimento público da cidade não for fluoretada. Neste caso, o Obstetra ou o Cirurgião Dentista poderá prescrever a suplementação adequada.

4. ODONTOLOGIA PARA BEBÊS – APÓS O NASCIMENTO

4.1 Importância da amamentação para os dentes do bebê A amamentação natural é fundamental para a saúde geral do bebê e prevenção de alterações bucais indesejadas. Além da importância afetiva e nutricional, o exercício muscular durante a sucção do seio, favorece a respiração nasal e ajuda na prevenção de problemas de

posicionamento incorreto dos dentes e estruturas faciais.

A amamentação tem sido incentivada não só por ser o leite materno o alimento mais completo e digestivo para crianças de até um ano de idade, mas também por ter ação imunizante, protegendo-as de diversas doenças. Crianças aleitadas ao peito têm melhor desenvolvimento mental e maior equilíbrio emocional. A amamentação é gratificante para a mãe e interfere beneficamente na saúde da mulher, por exemplo, diminuindo a probabilidade de

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câncer de mama, ajudando na involução do útero e na depressão pós-parto. Hoje, diz-se que o leite materno é ecologicamente correto, pois não consome recursos naturais em sua produção e não gera lixo, como ocorre com os leites artificiais, além de ser mais barato. Porém, poucos sabem que a amamentação tem reflexos futuros na fala, respiração e dentição da criança.

Quando a criança está sendo amamentada, além ser alimentada ela está desenvolvendo um exercício físico muito importante para o desenvolvimento de sua ossatura e musculatura bucal. Ao nascer, o bebê tem o maxilar inferior muito pequeno, que irá alcançar equilíbrio no tamanho em relação ao maxilar superior tendo seu crescimento estimulado pela sucção do peito. Toda a musculatura bucal é desenvolvida, músculos externos e internos, que, solicitados, desenvolvem os ossos. Mamar no peito não é fácil, daí o bebê ficar bastante transpirado. Esse exercício é o responsável inicial no crescimento harmonioso da face e dentição. Usando mamadeira, esse exercício é quase inexistente, e a preferência do nenê pela mamadeira vem da facilidade com a qual ele ganha o leite, principalmente quando este flui por um furo generoso no bico.

A amamentação prepara o bebê para a mastigação. A mamadeira costuma tornar-se uma companheira para a criança ao longo de anos, habituando-a a uma dieta mole e adocicada, que aumenta o risco de cáries (cárie de mamadeira). A criança tende a recusar alimentos que requeiram mastigação. Depois da amamentação, a mastigação correta continuará a tarefa de exercitar ossos e músculos. A amamentação prepara a criança para a mastigação. Muitas mães reclamam que seus filhos, já crescidos, não mastigam corretamente e recusam verduras e frutas, apreciando apenas doces e iogurtes. Esquecem-se essas mães de que o que os habituou a isso foi o uso prolongado da mamadeira. Mastigação incorreta pode levar também a problemas de obesidade e de estômago. 4.2 Higiene bucal do Bebê

ou

Apesar das bactérias que provocam cáries só aparecerem com a erupção dos dentes, uma higienização precoce treina o bebê a aceitar mais facilmente este hábito. Com uma gaze, ou ponta de fralda ou ainda uma dedeira seca ou embebida em água filtrada e fervida ou soro fisiológico, os resíduos do leite materno são retirados, delicadamente, da boca do bebê. 4.3 Transmissibilidade da cárie Beijos na boca do bebê, assoprar o alimento para esfriá-lo e o uso compartilhado de copos e talhares devem ser evitados desde cedo; assim não se tornam costumes tão prejudiciais após o nascimento dos dentes, quando bactérias adquiridas por contato bucal, aderem aos dentes da criança favorecendo o aparecimento de cáries.

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4.4 A primeira visita do bebê ao Odontopediatra

A Odontopediatria é uma especialidade da Odontologia que oferece aos bebês, crianças e adolescentes, um tratamento adequado a cada faixa etária.

A primeira visita ao Odontopediatra deve ocorrer por volta dos seis meses, com o início da erupção dos primeiros dentinhos, considerando que a mãe teve acompanhamento odontológico durante a gravidez e foi orientada quanto a higiene oral do bebê nos meses antecedentes à erupção dental. Nesta visita, a mãe receberá orientações sobre: dieta, higiene, aplicação de flúor, transmissibilidade da cárie, uso adequado da mamadeira e chupeta e também, correção de maus hábitos como a sucção de dedo.

Desde a primeira consulta, o profissional deve ter uma visão da criança como um todo, entendendo o desconforto físico e emocional causado pelo medo do desconhecido. Sendo assim, a equipe de tratamento (cirurgião dentista, auxiliar em saúde bucal e/ou técnico em saúde bucal) deve possuir uma interação perfeita, pois a criança se encontra num “ambiente novo” e percebe intuitivamente se é” bem vinda” ou não.

5. REQUISITOS BÁSICOS DO PROFISSIONAL DE ODONTOPEDIATRIA 5.1 Amar as crianças – (Não se pode imaginar, alguém

exercendo essa especialidade sem essa qualidade); 5.2 Fazer-se gostar pelas crianças – (Tornar-se amigo e

envolver-se facilmente com elas);

5.3 Gostar de tratar crianças – (Chama-se também de

vocação);

5.4 Conhecimentos especificamente em Odontopediatria; 5.5 Conhecimentos de Psicologia Infantil;

5.6 Paciência;

5.7 Intuição e Bom senso;

5.8 Capacidade de Persuadir e Convencer;

5.9 Certa “expressão” de autoridade;

5.10 Aptidão para a especialidade;

5.11 Capacidade de manter diálogo com a criança;

5.12 Tom de voz – (Falar baixo, carinhosamente,

proporcionando segurança e conforto.)

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6. FUNÇÕES NO CONSULTÓRIO

6.1 Recepção

O atendimento tem início desde a primeira ligação telefônica para o consultório, sendo assim, o ASB ou TSB devem estar extremamente preparadas para transmitir a melhor impressão quanto ao profissionalismo, postura e atenção. Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”.

A equipe deve coletar o máximo de informações possíveis a respeito da criança, como por exemplo: nome completo da criança; nome dos pais ou responsáveis; telefone de contato dos responsáveis; motivo da consulta (emergência / rotina); indicação.

6.2 Sala de Espera

A sala de espera é outro item que deve ser considerado. Deve-se ter em mente, que as crianças se impacientam rapidamente, portanto, quanto menor a espera, mais positiva será a colaboração da criança.

A higiene, e a manutenção da limpeza é um fator de absoluta importância, principalmente em se tratando de ambiente de saúde. Requisito essencial é o de mantê-lo sempre muito bem limpo e organizado.

Caso o CD tenha optado por áreas específicas para crianças, normalmente deve

ser deixado à disposição livros, brinquedos educativos e revistas para que a criança possa utilizar enquanto aguarda, pois isso deixa a criança mais familiarizada com o ambiente e motivada para o atendimento.

Os brinquedos podem ser considerados como fonte de contaminação entre as crianças, pois muitas delas acabam colocando-os na boca, tornando via de infecção indireta; por isso deve-se manter uma rotina constante de limpeza e desinfecção dos brinquedos. 7. ETAPAS DO ATENDIMENTO CLÍNICO DO PACIENTE INFANTIL

7.1 Condicionamento Infantil

É muito importante o contato do RESPONSAVEL x CD x CRIANÇA x ASB ou TSB. O condicionamento da criança quanto ao exame físico específico baseia se no seu bem

estar. Deverão ser avaliados o tipo de comportamento, a ansiedade da criança, a idade, a

variação da personalidade e a atitude dos pais em relação ao tratamento.

O profissional deve saber orientar e impor limites, sem banalizar ou criticar os sentimentos da criança.

Comentários negativos podem formar uma imagem deturpada do profissional, que pode ser revertida a partir das primeiras consultas.

O reforço dos pais deve ser sempre positivo, isto é, amplificando os ganhos que a criança receberá com o tratamento.

Até dois anos de idade, a criança tem fortes laços emocionais e físicos com a mãe, sentindo-se segura com a presença dela, que poderá ajudá-la numa contenção (no colo, corpo

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a corpo, ou de mãos dadas). Mas algumas crianças com dois anos são confiantes e tranquilas e podem ser tratadas na própria cadeira odontológica.

Dos três aos quatro anos, a criança já sabe controlar as emoções e se expressa de maneira mais clara, conseguindo manter um relacionamento através dessa melhor comunicação.

Podemos considerar normal chorar nas primeiras visitas dentro do consultório odontológico. Nessa fase, a criança não sabe se expressar e se comunica através de símbolos e comportamentos que representam palavras, como bater pernas, braços, choros, o que é esperado para essa faixa etária.

Observa-se que o número de crianças com medo diminui dentro dos consultórios de odontopediatria, a partir do momento em que os bebês passaram a frequentá-los. A explicação é que os bebês vão se adaptando gradativamente ao novo ambiente, no decorrer dos anos. 7.2 Preparo do Consultório e do Instrumental

É de grande importância que o Cirurgião

Dentista já avise sua equipe sobre as condutas que serão realizadas durante a sessão, desta forma o ASB ou TSB poderá separar o material necessário para o atendimento, economizando tempo de consulta.

Os instrumentais também não devem ficar à vista da criança desnecessariamente, deve-se manter discretamente afastado da vista do paciente, e sempre que este mostrar interesse explicar o seu funcionamento com palavras simples, sem amedrontá-lo.

7.3 Exame Inicial

A primeira consulta é de suma importância, pois é o

momento de conquistar a confiança da criança, fazendo senti-la segura e à vontade. A criança deve sempre estar acompanhada de seu responsável legal em todos os atendimentos.

É muito importante que a criança e a família estejam motivadas para o tratamento odontológico, seja ele de natureza preventiva ou curativa.

O histórico da criança deverá ser feito (anamnese), pois é onde se conseguem as informações sobre a história médico odontológica da criança, seu comportamento psicológico,

antecedentes hereditários, hábitos e outros. A paramentação do CD deve ser realizada dentro da sala de atendimento, explicando o

uso e a função de cada item utilizado (gorro, avental, máscara óculos de proteção, luvas).

A ASB ou TSB deve preparar o seguinte material básico, para que se faça o exame clínico e explique o uso de cada instrumental. Ex. bandeja clínica pinça, espelho e explorador; porta – algodão; rolete de algodão; abridor de boca infantil (P e M); sugador de saliva;

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7.4 Diário Alimentar

Após o término da consulta, tanto o CD como o ASB ou TSB, devem orientar sobre o preenchimento do diário alimentar, pois investiga os hábitos alimentares da criança e auxilia o planejamento do tratamento odontológico.

O diário revela a qualidade da alimentação, a frequência da alimentação, definindo o tipo de tratamento, se curativo ou preventivo e ainda os riscos de doenças dentárias, cárie ou gengivite. O diário deve ser preenchido durante 03, 05 ou 07 dias, constando: Horário de Alimentação, Qualidade, Quantidade e Frequência dos alimentos ingeridos no período, antibióticos e xaropes também devem ser anotados. Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Exemplo:

7.5 Dieta Alimentar

O papel da alimentação é importante não só como função nutricional, mas também pela sua grande influência no desenvolvimento das funções orais que, por sua vez, interferem no crescimento adequado das estruturas bucais e faciais. A amamentação no peito deve ser o alimento exclusivo do bebê até os seis meses e pode permanecer até os dois anos com a complementação de outros alimentos. O leite materno é o alimento completo para o bebê. Ele contem anticorpos maternos que ajudarão na imunidade do bebê até que ele adquira seus próprios anticorpos. Além desses benefícios a amamentação tem grande importância afetiva, favorece a respiração nasal, prevenindo as otites e problemas das estruturas faciais. A amamentação coordena as funções de

respiração e deglutição. Até o primeiro ano de vida, a introdução de alimentos deverá ser feita de forma gradativa, passando de líquidos, pastosos e semissólidos a sólidos. É muito comum observarmos mães oferecendo aos seus filhos alimentos moles e pastosos na mamadeira, ainda no segundo ano de vida ou mais. Tal atitude é causada por comodidade, mas traz prejuízo ao crescimento adequado das estruturas bucais e faciais da criança. A alimentação deve ser farta de alimentos como: frutas, verduras, legumes, cereais integrais, carnes magras, feijões, tubérculos, leite, ovos.

O consumo do açúcar deve ser introduzido com cautela. Para sobremesa, o ideal é que se dê preferência a frutas e uma vez por semana doce caseiro como pudim, gelatina, etc

Horário/ Dia 2ª Feira 3ª Feira 4ª Feira 5ª Feira 6ª Feira 8h 1 xícara de leite + 2 colh de

Nescau + 2 colh. de açúcar. 10h 1 fatia de pão c/ ioio- cream

1 colher de xarope Aerolin. 12h Almoço: 2 colheres de arroz, 1

de feijão, 1 ovo frito, 1 tomate. 15h 1 Danone de morango + 2

bolachas recheadas 18h 1 miojo de carne + 1 banana + 1

copo de coca cola 21h 1 pacote de fandangos de

queijo.

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Doces industrializados como balas, pirulitos e chicletes nunca devem ser oferecidos e outros doces industrializados como refrigerantes, bolachas recheadas, etc., devem ser evitados.

Depende muito dos pais ou cuidadores para que a criança venha gostar de alimentos saudáveis e não seja uma consumidora compulsiva de doces. 7.6 Exame Radiológico

Para realizar tratamento radiográfico a criança deve estar protegida com avental de chumbo com proteção para a tireóide, compatível com o tamanho da criança. Deve-se explicar para a criança que o avental será colocado por pouco tempo, apenas para realizar a tomada radiográfica.

Tomada radiográfica: Dentição Decídua: 4 radiografias, (dentes anteriores superiores e inferiores;

interproximal lado direito/esquerdo). Dentição Mista: pode se realizar a técnica de periapical convencional para os dentes

permanentes, e a interproximal da mesma forma que os adultos. 8. MÉTODOS PREVENTIVOS EM ODONTOPEDIATRIA

As melhores formas de prevenção abrangem a redução do açúcar

na dieta e a higienização correta. Existem recursos preventivos que podem ser utilizados para o

fortalecimento das estruturas dos dentes, tais como a aplicação de flúor e de selantes.

O ASB deve orientar a criança e o acompanhante a respeito das técnicas de escovação indicando a que melhor se adapte à idade da criança.

8.1 Flúor O flúor é um componente químico que promove o fortalecimento do esmalte, sendo capaz de reduzir significativamente o aparecimento da cárie. Ao entrar em contato com a superfície (esmalte) do dente, o flúor se incorpora a ele, passando a fazer parte de sua estrutura.

A estrutura do esmalte que incorporou o flúor torna-se mais resistente à ação da desmineralização resultante do metabolismo bacteriano. Existem duas formas de utilização: por via oral (uso sistêmico) e aplicação sobre a superfície do dente (uso tópico). 8.1.1 Flúor sistêmico O flúor sistêmico é aquele usado de forma ingerida, que será incorporado ao esmalte durante a formação do dente. Desde que seja usado na dosagem correta, não provoca efeitos colaterais.

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O uso do flúor no abastecimento público de água no Brasil foi regulamentado pelo Decreto Nº. 76872 de 22 de dezembro de 1975, que instituiu a obrigatoriedade da fluoretação em todas as estações de tratamento, conforme a lei n°. 6050 de 24 de maio de 1974. O flúor está presente na água da maioria das redes de abastecimento dos municípios e em algumas águas comercializadas. O flúor além de ser ingerido através da água de consumo público também pode ser adicionado ao sal de cozinha ou ao leite (geralmente nos

programas alimentares das escolas do ensino básico) sob a forma de comprimidos ou gotas. O flúor em altas doses pode ser extremamente

prejudicial à saúde e à formação do esmalte provocando a fluorose.

8.1.2 Flúor tópico

O flúor tópico é aquele aplicado diretamente sobre os dentes já erupcionados. Ele pode ser aplicado sob a forma de soluções para bochechos, gel, mousse, verniz e por meio de pastas fluoretadas utilizadas na escovação. Estas são as formas mais eficientes e seguras de se aplicar o flúor tópico. Femg. Dentifrício com flúor deve ser indicado somente

para crianças acima de três anos porque até essa idade a criança tem dificuldade de cuspir e engole o dentifrício que pode causar danos à saúde e à formação do esmalte. 8.2 Selantes Os dentes apresentam fissuras (ranhuras e sulcos) que facilitam o acúmulo de resíduos alimentares, sendo o local de maior incidência de cárie. O selante é uma substância fluída, desenvolvida para escoar e penetrar nessas fissuras, vedando-as. O selante se adere aos sulcos, impedindo a penetração de bactérias.

No Brasil, principalmente na região Sul e Sudeste, a fluoretação da água de abastecimento público e o uso de dentifrícios fluoretados, associados a uma correta higienização da cavidade bucal, são algumas das medidas empregadas que demandam menor custo e maior proteção à superfície dentária. Entretanto, a eficiência de tais métodos restringe-se, em particular, à prevenção de cáries de superfícies lisas, protegendo as faces vestibular e lingual dos dentes em 86% e interproximais em 73%, enquanto a proteção oferecida para as superfícies oclusais é de apenas 37%.

Considerando a alta susceptibilidade de cáries em superfícies oclusais, faz-se necessária a interação de outro método, usando-se, por exemplo, os selantes de fóssulas e fissuras que previnem eficientemente o desenvolvimento de cáries oclusais. Entretanto, deve ser visto como adjunto a um programa total de prevenção de cáries que incluiria tratamento com flúor e frequência restrita de ingestão de carboidratos.

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A eficiência e retentibilidade dos selantes resinosos oclusais (do tipo Bis-GMA) é descrita em vários trabalhos em que se seguiu um acompanhamento criterioso de sua retenção ao longo de alguns anos, constituindo um recurso devidamente comprovado na prevenção da cárie oclusal. 8.2.1 Aplicação dos Selantes 8.2.1.1 Material necessário Pinça, sonda e espelho Escova tipo Robinson Pedra pomes Micromotor com contra ângulo Rolos de algodão Kit selante (ácido e selante) Fotopolimerizador Fita de carbono

8.2.1.2 Técnica de aplicação Profilaxia da superfície dental com escova tipo Robinson, pedrapomes e água, em baixa

rotação; Lavagem com spray de água; Isolamento relativo e secagem com ar; Condicionamento ácido do esmalte com ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos; Lavagem com spray de água; Isolamento relativo e secagem com ar; Espatulação do material utilizado como selante. Inserção do material sobre os sulcos e fissuras com uma sonda exploradora

percorrendo toda a sua extensão e profundidade; Fotopolimerização por 40 segundos; Verificação dos contatos oclusais e ajuste, quando necessário.

9. TRATAMENTO DENTÁRIO

Os tratamentos infantis podem ser divididos em: Tratamento não invasivo; Tratamento invasivo.

9.1 Tratamento não invasivo

Qualquer tipo de tratamento que não tenha invasão sistêmica seja pelo uso de

anestesias, alta e baixa rotação. Geralmente são tratamentos preventivos, como orientação e manutenção do paciente, (ATF, escovação, orientação dietética).

Os materiais necessários para esse atendimento são: evidenciador de placa bacteriana; escova e fio / fita dental; espelho tocador; mapa de higiene e canetas coloridas; baixa rotação; escova e taças de borrachas; pasta profilática; flúor (gel, mousse ou verniz); moldeiras para aplicação de flúor; alginato; grau de borracha e espátula; moldeiras para moldagem; cera utilidade.

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A TSB pode fazer a evidenciação de placa bacteriana e a motivação da higiene dental, de acordo com a filosofia adotada pelo CD responsável.

É preciso lembrar que a criança só é capaz de fazer sua higiene dental adequadamente a partir dos oito anos de idade. Portanto, de nada adiantará a explicação, se esta não for dirigida também ao responsável. A criança deve participar deste momento, mas o foco principal, no caso, é o seu responsável, pois é dele a tarefa de escovação até que a criança atinja maturidade motora. Desta fase em diante, ele deverá ainda supervisionar a escovação da criança ao menos uma vez ao dia, preferencialmente antes de dormir. Para facilitar a visualização da técnica de escovação eleita, a ASB ou a TSB pode fazer uso de macromodelos. 9.2 Restauração Temporária

Intervenção muito utilizada em Saúde Pública, para amenizar os quadros da doença

cárie em população sem acesso ao atendimento em consultório odontológico ou ainda em bebês e crianças de pouca idade, com cárie de rápida progressão, onde a restauração definitiva será comprometida por falta de colaboração da criança neste momento.

O tratamento consiste na remoção de tecido cariado, com o uso de curetas e a colocação de iônomero de vidro (ativado quimicamente), restaurando o dente provisoriamente / eliminando os focos de bactérias (devido a liberação constante de flúor) prevenindo a progressão da cárie.

Uma vez que a criança colabore com o tratamento deve-se realizar a restauração definitiva com a técnica adequada.

Materiais para o uso da técnica: rolete de algodão; soro fisiológico para limpeza da cavidade; íonômero de vidro; aplicador de iônomero

9.3 Tratamento Invasivo

Todos os tratamentos que serão necessários “invadir” o paciente com o uso de anestesia e/ou caneta de alta rotação.

O material instrumental necessário será praticamente semelhante ao atendimento de adultos, o que geralmente varia é o tamanho dos instrumentos.

Deve-se montar mesa auxiliar ou bancada, colocando todos os instrumentos e materiais que serão necessários ao atendimento da criança para que não se perca tempo posterior e para que a ASB/TSB não precise se distanciar da criança durante o atendimento. Esses materiais e instrumentos devem ser colocados de maneira organizada e protegidos. Femague.

Os tratamentos são:

restaurações com resinas; restaurações com amálgama; restaurações com ionômero de vidro exodontias; (cirurgias); frenectomias; ulectomias, etc. tratamento endodôntico ; próteses em odontopediatria

9.4 Orientação aos Responsáveis

A orientação aos pais e responsáveis influencia no sucesso do tratamento. Por isso, a orientação dada pela equipe odontológica deve ser precisa.

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É necessário evitar palavras, que causem ansiedade ou medo nas crianças (como por exemplo: “dor, “sangue”, “picadinha”)

Pedir que o responsável saia da sala, para ter maior colaboração da criança. Explicar que se a criança chorar o acompanhante não deve interferir, pois a situação está sob controle. Avisar sempre ANTES do inicio do tratamento, para evitar mal entendidos.

Outra manobra usada em crianças é a

contenção física, na forma de conter braços e pernas, em bebês e crianças até três anos de idade, evitando que se machuquem ou causem danos às pessoas envolvidas.

Essa manobra deve ter autorização dos pais, e o consentimento deve ser por escrito; e sempre que for realizado, avisar ANTES os responsáveis.

9.5 Retorno

Sempre motivar as crianças a gostar do CD e da ASB, mesmo que a consulta tenha sido estressante. Com o responsável agindo positivamente, a criança se sentirá mais segura e consequentemente colabora com o atendimento. 10. DENTIÇÃO DECÍDUA

O desenvolvimento da dentição decídua inicia-se na fase embrionária e todo o processo evolutivo dos dentes e arcos dentários completa-se durante a fase do crescimento.

A erupção dos dentes decíduos, na cavidade bucal inicia-se por volta do sexto ao oitavo

mês de vida (Incisivos inferiores). Os incisivos centrais superiores irrompem poucos meses depois. Os laterais por volta do 1º ano de idade, geralmente os inferiores precedem os superiores. Os caninos erupcionam por volta dos 20 meses (1 ano e 8 meses); os 1º molares decíduos aparecem por volta dos 16 meses (1 ano e 4 meses) e no período de 24 e 30 meses de idade (2 anos e 6 meses) erupcionam os 2ºs molares decíduos.

Os dentes decíduos, ou “de leite”, têm tamanho e ciclo de vida menor, que os dentes

permanentes, e são de grande importância, pois influenciam no estabelecimento da oclusão dos dentes permanentes. Por isso, que em casos de processos cariosos em dentes decíduos, ocorre um encurtamento do arco ou perda da dimensão vertical, e nas perdas precoces, podem provocar futuros problemas de maloclusão na dentição permanente.

DENTES

MANDIBULA

MAXILA

Inciso Central 06 7 ½ Inciso Lateral 07 09

Canino 16 18 1º Molar 12 14 2º Molar 20 24

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Cronologia e erupção dos dentes decíduos, em meses A dentição decídua é composta por 20 dentes e são anotados em odontograma através de dois números ou um número dentro de um quadrante. Ex:

55 54 53 52 51 61 62 63 64 65 85 84 83 82 81 71 72 73 74 75

Exemplos: 51/61 – Incisivos Centrais Superiores Decíduos 52/62 – Incisivos Laterais Superiores Decíduos 53/63 – Caninos Superiores Decíduos 54/64 – 1º Molares Superiores Decíduos 55/65 – 2º Molares Superiores Decíduos 81/71 – Incisivos Centrais Inferiores Decíduos 82/72 – Incisivos Laterais Inferiores Decíduos 83/73 – Caninos Inferiores Decíduos 84/74 – 1º Molares Inferiores Decíduos 85/75 – 2º Molares Inferiores Decíduos O primeiro dente da dentição permanente, que erupciona é o 1º Molar Permanente, que

irrompe na boca por volta dos seis anos de idade, no espaço posterior aos molares decíduos. É um dente que erupciona sem a esfoliação de nenhum dente decíduo, o que muitas vezes confunde os pais ou responsáveis, pelo tipo de dente e forma de tratamento a este destinado. Femague.

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10.1 Esfoliação A esfoliação ou queda dos dentes decíduos é um

fenômeno fisiológico e está relacionado à via eruptiva dos dentes permanentes. A reabsorção dos dentes decíduos não é um processo contínuo, pois períodos ativos de reabsorção alternam-se com períodos de repouso. 11. DENTIÇÃO MISTA

A dentição mista inicia-se com a erupção dos 1º

molares permanentes; é variável, pois depende de vários fatores, tais como alimentação, grupo étnico, clima, sexo, etc.

A cronologia de erupção (idade em anos) dos dentes permanentes pode ser esquematizada desta forma:

Portanto, a dentição mista, pode começar aos 5 ½ anos e terminar até os 12 ou 13

anos.

12 . ODONTOGRAMA

Odontograma é uma representação gráfica utilizada nos atendimentos odontológicos,

geralmente na primeira consulta, onde se registra toda a situação em que se encontra cada elemento dentário. Neste odontograma há o desenho ou um esquema de cada dente onde serão marcadas as lesões nas faces correspondentes. É a partir do odontograma que se elaborará o plano de tratamento indicado ao paciente.

MAXILA MENINOS MENINAS

IC 7- 7 ½ 6 ½ - 7 IL 8 – 8 ½ 7 ½ - 8 ½ C 11 ½ – 12 10 ½ - 11

1º PM 9 ½ - 10 9 – 9 ½ 2º PM 10 ½ - 11 10 – 10 ½ 1º M 6 – 6 ½ 6 – 6 ½ 2º M 12 – 12 ½ 12 – 12 ½

MANDÍBULA MENINOS MENINAS

IC 6- 6 ½ 5 ½ - 6 IL 7 – 7 ½ 6 ½ - 7 ½ C 10 – 10 ½ 9 – 9 ½

1º PM 9 ½ - 10 ½ 9 ½ – 10 ½ 2º PM 11 – 12 10 ½ – 11

1º M 6 – 6 ½ 5 ½ – 6 ½ 2º M 11 ½ – 12 11 – 11 ½

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DENTIÇÃO DECÍDUA E PERMANENTE

DENTIÇÃO DECÍDUA E PERMANENTE DENTIÇÃO DECÍDUA

ODONTOGRAMA COM IMAGEM 3D PERSONALIZÁVEL

Com a tecnologia da imagem 3D e o desenvolvimento de programas informatizados para registro é possível realizar a simulação de movimentação dos dentes de um paciente no Odontograma em qualquer posição, como por exemplo, mostrar um terceiro molar incluso e girovertido e também a visão geral do tratamento, além da função elucidativa e educativa quanto ao significado dos procedimentos.

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13. RADIOLOGIA EM ODONTOPEDIATRIA

A radiografia é um exame que auxilia no

tratamento odontológico. Diagnóstico de cárie incipiente, anomalias de oclusão, alteração na época de erupção de dentes, fraturas, reabsorções, são alguns dos detalhes revelados pelo exame radiográfico.

É importante saber que na clínica odontopediátrica, deve-se realizar proteção de radiação, pois a ação nociva sobre os tecidos vivos é inversamente proporcional à idade do

paciente (portanto, quanto mais jovem o paciente, maior será a possibilidade de seus tecidos serem lesados pelos efeitos dos raios-X).

Para maior proteção e segurança do paciente devemos: Usar filmes ultrarrápidos, diminuindo o tempo de exposição; Tomadas radiográficas com boa técnica, ainda que isto

aparentemente requeira mais trabalho, evitando as repetições;

Em pacientes de controle, efetuar apenas as radiografias necessárias;

O uso de suportes de filme reduz a probabilidade de uma segunda exposição. Ele mantém o filme plano, fornecendo um guia para o feixe de raios X.

Colocar avental de chumbo e protetor de tireóide no paciente.

14. ANESTESIA EM ODONTOPEDIATRIA

Sabemos que o aspecto mais importante para o tratamento de crianças é a eliminação de causas que possam provocar dor. Para que tais problemas não ocorram, indica-se anestesia local sempre que se realizem procedimentos odontológicos que possam causar dor. Cabe ressaltar, que o CD, deve dominar técnicas de anestesia em adulto, antes de se iniciar em odontopediatria.

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A ASB/TSB deve preparar todo o material necessário e não se afastar da cadeira odontológica enquanto o CD está realizando o procedimento. Deve segurar as mãos da criança para evitar movimentos bruscos e ajuda-la a manter os olhos fechados durante o procedimento.

Para minimizar a dor, usar anestésico tópico, e sempre “evitar” que a criança veja a agulha e a seringa carpule, para não deixá-la mais ansiosa ou nervosa, frente ao tratamento.

As técnicas anestésicas são as mesmas usadas em adultos, ou seja, anestesia infiltrativa e anestesia pterigomandibular.

Em odontopediatria, felizmente são raros os acidentes e complicações decorrentes de anestesia local, quando ela é bem conduzida. Femague. Os acidentes mais comuns são: úlcera traumática, dores pós-anestesia, injeção intravascular, trismo, infecção local, hematoma, escaras, paralisia

temporária, fratura da agulha, reações alérgicas.

15. TERAPIA PULPAR EM ODONTOPEDIATRIA O ciclo biológico do dente decíduo é a “vida” e a

“morte” do dente decíduo. Este ciclo é mais curto cerca de 10 anos, dependendo do estado do dente, muitas vezes, teremos de realizar tratamento endodôntico, pois este terá grande potencial de reparação, devido à grande quantidade de células, vasos e pequena quantidade de fibras.

Os procedimentos mais comuns são:

15.1 Capeamento indireto: indicado em lesões de cárie profunda, sem exposição clínica da polpa, dentes jovens e polpa hígida. Esse procedimento depende da resposta pulpar. Usa-se hidróxido de cálcio, sobre a dentina que sobrou e esperamos a reparação por + ou – 60 dias.

15.2 Capeamento direto: indicado em dentes permanentes com exposições pulpares acidentais pequenas e deve ser realizado com a presença de isolamento absoluto. É contra – indicado para dentes decíduos ou apenas em condições especiais em dentes decíduos, que não iniciaram a reabsorção; quando o dente está isolado e não foi contaminado por saliva e a exposição seja de diâmetro pequeno. (Uso de pó e pasta de hidróxido de cálcio) 15.3 Pulpotomia: é a curetagem da polpa coronária com a preservação dos cotos radiculares íntegros. É indicado em lesões de cárie profunda, com exposição clínica da polpa, onde já existem sinais de inflamação e início de degeneração pulpar. (Uso de Pasta Guedes – Guta Percha – Cimento e Restauração).

15.4 Pulpectomia: usado em dentes que tenham alterações degenerativas, dentes com necrose pulpar, ou reabsorção intrarradicular e periapical não muito extensa; (no máximo 1/3 da raiz reabsorvida). Também usaremos Pasta Guedes, até a esfoliação normal do dente.

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16. PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR

A proteção do complexo dentinopulpar é a colocação de um ou mais agentes (camadas)

sobre a dentina a fim de manter a vitalidade pulpar. Os materiais mais usados são:

verniz cavitário – resina sintética dissolvida, usada restritamente em amálgama, para evitar a corrente galvânica e reduzir a infiltração marginal.

hidróxido de cálcio – estimula e acelera a formação de dentina reparativa. É bacteriostático e bactericida.

cimento de iônomero de vidro – capacidade de liberar flúor, capacidade de absorver flúor do meio bucal, boa adesão ao esmalte e dentina.

adesivos dentinários – funções de proteção, retenção e dissipação (amortecimento do stress). Indicado para o uso de resinas.

Compômeros (resinas modificadas por poliácidos) – produzem mecanismo de adesão à estrutura dental, liberam flúor, e as cores se confundem com o dente. Femague.

17. LESÕES TRAUMÁTICAS EM DENTES DECIDUOS E PERMANENTES

Os traumas em dentes decíduos e permanentes são extremamente graves, pois a grande maioria envolve estética. Os dentes mais afetados geralmente, são os anteriores. A preocupação de diagnóstico em dentes decíduos traumatizados é maior do que em permanentes, devido à reabsorção de raízes, que podem afetar o germe do permanente. 17.1 Classificação dos Traumatismos (OMS – 1) 17.1.1 – Lesões de tecidos duros do dente (“quebra” do dente). fraturas do esmalte; fraturas do esmalte e dentina sem exposição

pulpar; fraturas do esmalte e dentina com exposição

pulpar; fratura da porção coronária – radicular sem

exposição pulpar; fratura da porção coronária – radicular com

exposição pulpar; fraturas radiculares.

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17.1.2 Lesões dos tecidos de suporte dos dentes comoção: traumatismo leve de pouca

intensidade, sem perda de estrutura dental ou rompimento dos ligamentos periodontais;

subluxação: comoção ligada à uma pequena mobilidade, pode existir rompimento dos ligamentos periodontais;

luxação extrusiva: esfoliação parcial do dente;

luxação intrusiva: repercussões das intrusões no germe dos dentes permanentes (hipoplaxia do esmalte, dilaceração, etc,);

luxação lateral: semelhante a luxação extrusiva, só que lateralmente; avulsão: o dente sai totalmente do alvéolo, devendo ser colocado novamente no lugar.

Toda vez que ocorre uma avulsão, o tempo que o dente fica fora do alvéolo, acelera o processo de rizólise (reabsorção da raiz dentária). (Tempo máximo: 20 minutos – dente decíduo; ou 2 horas – permanente).

17.2 Tratamentos As fraturas de dentina e esmalte devem ser reconstruídas com restaurações ou até

mesmo “coroas”, se houver exposição pulpar, tratar endodonticamente e depois restaurar.

As fraturas radiculares devem ser reduzidas, colocadas em posição; realizar contenção e controle radiográfico.

17.3 Recomendações (aos pacientes) Não comer coisas duras, só pastosas; Não comer comidas nem muito quentes, nem frias e sim, mornas; Evitar traumatismo oclusal, ou seja, desgastar dente oposto, para evitar que o dente

traumatizado fique em oclusão; Contenção do dente, mesmo que este esteja sem movimento de aproximadamente 30

dias (dependendo, é claro, do grau do trauma). 18. ANOMALIAS BUCAIS 18.1 Ulotomia: é o procedimento cirúrgico mais simples a ser realizado na criança. Consiste apenas em uma incisão na gengiva para liberar o processo de erupção do dente permanente. Isso é necessário quando a gengiva que cobre o dente é resistente e não rompe espontaneamente.

18.2 Ulectomia: Ulectomia é um procedimento semelhante à ulotomia. A ulectomia consiste na remoção cirúrgica de formações anormais de tecido muco-gengival sobre dentes não completamente erupcionados. (remoção do tecido ósseo, se necessário).

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18.3 Dentes Supranumerários: são formados por um distúrbio no desenvolvimento, tendo como característica a formação de dentes além do número normal de uma arcada. A presença de supranumerário poderá retardar ou impedir a erupção dos dentes permanentes, determinando giroversões, maloclusões, hábitos de interposição da língua, fonação e deglutição atípica, diastemas, dilaceração radicular e reabsorção nas raízes.

18.4 Mucocele: é o nome dado a uma lesão cística benigna (normalmente contendo saliva em seu interior), assintomática e causada pelo rompimento do ducto de glândulas salivares menores da cavidade bucal. Geralmente é causado por um trauma local. É de cor azulada, sendo geralmente encontrada mais em crianças e adultos jovens. A localização mais comum é a superfície do lábio inferior. Também pode ser encontrado no revestimento interno da bochecha, no ventre da língua e no assoalho da boca.

18.5 Rânula: é um tipo de mucocele encontrado no soalho de boca. Apresenta-se como um inchaço do tecido conectivo composto de mucina, gerados por uma ruptura no ducto de glândula condutoras de saliva, principalmente a glândula sublingual, o qual geralmente é causada por trauma local. Também pode ser de origem infecciosa (bacteriana ou viral). A técnica da remoção é a micromarsupialiação (após anestesia tópica, passagem do fio de sutura pela lesão e remoção do fio depois de uma semana).

18.6 Frenectomia: remoção cirúrgica do freio lingual ou labial, sendo o procedimento realizado quando o freio causa retração gengival, diastemas, dificuldades de higienização, problemas periodontais ou oclusais e dificuldade na articulação das palavras.

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19. ODONTOHEBIATRIA

Odontohebiatria é a odontologia que cuida do adolescente, mas na verdade ela é a mesma odontologia praticada para qualquer pessoa, porém o que difere é essa pessoa que vai receber o tratamento e que está em uma fase de grandes mudanças tanto no aspecto físico, como biológico e emocional. O nome vem da deusa da juventude na mitologia grega: Hebe.

Segundo a Organização Mundial da Saúde a adolescência vai dos 10 aos 19 anos e é nessa fase que começa a puberdade, quando os meninos e as meninas começam a experimentar mudanças em seus comportamentos, com os hormônios entrando em ebulição. Mas as mudanças, apesar de comuns, não são tão fáceis de administrar. A conquista pela independência é diária, novas descobertas, a busca pela autoafirmação, os questionamentos, as dúvidas estão ali e acontecem a todo momento.

Estatísticas atuais revelam que 13% dos adolescentes brasileiros nunca foram ao dentista e que 89% dos adolescentes possuem cárie dentária. Considerando esses dados estatísticos conclui-se que a equipe de saúde bucal deve estar preparada para atender essa clientela de comportamento difícil durante o tratamento odontológico, mas carente de atendimento.

Na adolescência, o desenvolvimento de hábitos bucais saudáveis é um processo complexo. O comportamento do adolescente transita entre atitudes infantis e adultas e os valores e as experiências paternais são questionados nessa fase da vida, de modo que os adolescentes dão maior valor às orientações externas ao núcleo familiar. Dedicam maior tempo para a realização de atividades com seus grupos do que para fazer suas tarefas diárias, como a higiene bucal. O risco de cáries pode ser aumentado devido a uma dieta alimentar desequilibrada, com muitos doces e refrigerantes. Os cuidados bucais, antes supervisionados pelos pais, agora estão nas mãos, nem sempre caprichosas, de jovens sedentos de informações, de diversão, mas que infelizmente não estão tão preocupados com a saúde bucal. Muitas vezes esquecem mesmo de escovar os dentes. Essa atitude preocupa os pais, pois há o risco real de desenvolvimento de lesões de cárie.

Na adolescência irrompem os pré-molares, os segundos molares permanentes e os dentes do siso. O uso de aparelhos ortodônticos também são bastante comuns.

Algumas vezes são pacientes muito preocupados com a aparência. Atualmente, há uma grande demanda por um belo alinhamento dos dentes e pelo clareamento dos dentes. Um alinhamento dentário bonito e funcional é resultado de um tratamento ortodôntico adequado. Quanto à cor, o clareamento pode ser feito nos adolescentes, mas há efeitos adversos, como irritação na mucosa oral, maior sensibilidade e necessidade de trocar restaurações estéticas.

Portanto, o dentista deve fornecer uma orientação adequada sobre esse procedimento, tranquilizando e ajudando os adolescentes a tomarem uma decisão racional, planejada e individual.

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É importante informar o adolescente que a saliva é um veículo de micro-organismos transmissores de doenças, como a cárie, a doença periodontal e a AIDS. A presença de sangue na saliva pode transmitir o vírus HIV para o parceiro em um beijo apaixonado. Deve-se evitar o uso de uma mesma escova dental, ou do mesmo copo ou talheres entre os amigos. O jovem deve saber que o consumo de drogas, como álcool e fumo são fatores causais da cárie, da periodontite e do câncer bucal. Dessa forma, ele pode refletir sobre as consequências da aquisição desses hábitos.

19.1 Principais problemas odontológicos dos adolescentes 19.1 Cárie

É uma doença de etiologia multifatorial (simultaneamente hospedeiro, flora bucal, dieta e tempo). O ambiente oral possui microrganismos causadores da cárie que formam colônias aderentes à superfície dentária (a placa bacteriana dental). Sob condições favoráveis, os microrganismos cariogênicos da placa bacteriana dental podem fermentar açúcares para produzir ácido, o qual, por sua vez, atinge os tecidos dentais duros. Portanto a cárie de coroa começa com a desmineralização ácida da camada mais externa do esmalte e, se não for tratada, a dissolução do esmalte continua, atingindo a dentina e a polpa, com o aumento da cavitação e a perda total do dente, muitas vezes associada a ocorrência de abscesso.

A cárie, doença transmissível e infecciosa está cada vez mais presente na realidade da saúde bucal dos adolescentes brasileiros. Hoje, 40% dos adolescentes do Brasil, de 15 e 19 anos, já perderam ao menos um dente e, em 93% das incidências, a cárie foi a responsável.

A doença se caracteriza pela deterioração dos dentes provocada por bactérias acumuladas da má higienização e pela dieta inadequada (ingestão de açúcares - doces, balas, chocolates e refrigerantes), exposta na superfície dos dentes ela altera o pH da boca e causa fissuras nos dentes. Evitar a ingestão de alimentos açucarados, limpar os dentes de maneira adequada (escovar as gengivas e língua), passar fio dental e usar pasta de dente com flúor, são as dicas mais eficientes para evitar a doença.

É comum, tanto na pré como na adolescência, o abuso do uso de açúcar. Fisiologicamente o organismo “sabe”, que este é a fonte mais rápida de energia. Como ele está em constante crescimento e pensando muito (energia cerebral), se a oferta de açúcares for mais fácil que frutas, verduras, aminoácidos e proteínas, a sua “preguiça crônica”, fará com que ele consuma mais açúcar. Dois minutos após a ingestão de açúcares, as bactérias, que fazem parte normal da nossa flora bucal, também já os utilizou e secretou ácido; ácido este responsável pela desmineralização dos dentes (cárie).

19.1.1 Tratamento I – Preventivo a) Higiene oral: visa o controle da placa bacteriana dental através do uso de escova e fio dental. A qualidade da higienização é importante. Em média, deve-se realizá-la três vezes ao dia, logo após as refeições, sendo fundamental à noite, antes de dormir, porque durante esse período há redução do fluxo salivar, diminuindo, portanto, a ação protetora da saliva;

b) Controle da dieta cariogênica: deve-se evitar a ingestão de carboidratos entre as refeições e de alimentos de consistência aderente, pegajosa;

c) Fluoretos: representam um importante fator de proteção à cárie, podendo ser benéfica a associação dos métodos sistêmico e tópico;

d) Selantes de fóssulas e fissuras: estão indicados para molares e pré-molares hígidos, principalmente recém-irrompidos na cavidade oral.

II – Curativo Dependerá da extensão e da profundidade da lesão cariosa.

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19.2 Doença Periodontal A doença periodontal em adolescentes tem uma alta prevalência na clínica

odontohebiatria, sendo que o fator etiológico principal é o acúmulo do biofilme bacteriano. Vários fatores podem contribuir para o acúmulo de biofilme bacteriano, como:

posicionamento anormal dos dentes nos arcos; restaurações dentárias deficientes; aparelhos ortodônticos fixos, cálculos supra gengivais; hábitos como respiração bucal; lesões traumáticas e determinadas condições pulpares.

A gravidade da gengivite vai depender da intensidade, duração e frequência dos irritantes locais e da resistência dos tecidos bucais, podendo ocorrer de forma aguda ou crônica.

O periodonto é formado pelo tecido de proteção e sustentação do dente. O tecido de proteção corresponde à gengiva; o de sustentação é formado por cemento radicular, osso alveolar e ligamentos periodontais, constituídos de fibras colagenosas que circundam as raízes dos dentes, unindo o cemento radicular ao osso alveolar.

Clinicamente a gengiva

saudável se apresenta com coloração rosa pálido, sem sangramento na sondagem e na escovação e com aspecto de casca de laranja.

Doença periodontal é um nome genérico dado a um grupo de condições inflamatórias e

degenerativas dos tecidos moles e ósseos, que suportam e protegem os dentes. A inflamação inicial ocorre como resultado da presença da placa bacteriana dental.

Na gengivite, a gengiva

se apresenta com inchaço, de cor avermelhada, sangra à escovação ou na sondagem. Geralmente a gengivite é acompanhada de mau hálito.

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A placa bacteriana dental pode calcificar, sendo então chamada de cálculo dental ou tártaro.

A Gengivite não tratada pode evoluir para Periodontite quando então ocorre perda do

ligamento periodontal, reabsorção do osso alveolar, mobilidade dentária e perda do dente, caso não seja tratada.

Preventivo

Escovação e uso de fio dental após as refeições, principalmente antes de dormir para evitar a formação da placa bacteriana.

Curativo

Raspagem, curetagem, cirurgia realizada por profissional especializado, dependendo do estágio em que se encontra a doença periodontal.

19.3 Má Oclusão

A oclusão dentária é definida como a relação de contato dos dentes de uma arcada com os da outra. A oclusão dentária normal é definida como um sistema morfofuncional constituído pelos órgãos dentários em correta relação nos aspectos proximais e antagônicos, em harmonia com os ossos basais da face e do crânio e em equilíbrio de órgãos e tecidos circundantes.

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Qualquer desvio desses princípios caracteriza a má oclusão, cuja severidade pode variar de simples a muito complexa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência é de 30% a 35% em adolescentes de 10 a 12 anos.

Causas primárias

Fatores hereditários e enfermidades intrauterinas.

Causas secundárias Correspondem aos fatores intrínsecos, pertencentes diretamente aos arcos dentários, e

aos fatores extrínsecos, que se relacionam com os hábitos bucais indesejáveis. Os hábitos provocam desvios na morfologia dento alveolar e no contorno dos arcos dentários. Entre os principais destacam-se os hábitos: de respiração bucal com ausência de obstrução das vias aéreas superiores; de sucção sem fins nutricionais (chupeta ou dedo); de morder unha (onicofagia); de postura, que podem provocar mordida cruzada posterior por pressão unilateral

localizada; de deglutição atípica, por posição incorreta da língua no ato de deglutir, podendo

provocar mordida aberta anterior.

Clinicamente, apresenta-se como qualquer variação da oclusão normal em tamanho, forma, relação das arcadas dentárias ou modificação dos planos inclinados das cúspides dos dentes.

Na adolescência, o tratamento normalmente é de caráter complexo, abrangendo as áreas de odontologia, fonoaudiologia, otorrinolaringologia e psicologia.

Preventivo

Conscientizar os adolescentes de como os hábitos indesejáveis se instalam e quais as consequências prováveis (através de modelos, fotos, entre outros).

Medidas preventivas referentes às possíveis causas primárias e secundárias devem ser implementadas. Interceptivo e curativo

Feito pelo profissional competente a fim de interceptar ou corrigir o distúrbio o mais rápido possível após o diagnóstico.

19.4 Traumatismos

Consideramos como tais os que produzem lesões nas estruturas dentais, peri e paradentais, acometidas por agentes que se manifestam por ação mecânica ou por agentes externos rápidos, violentos, imprevistos, acidentais. Podemos diferenciá-los dos chamados microtraumatismos, que são originados no próprio organismo e obedecem a fatores derivados de anomalia de posição ou vícios de articulação dental ou temporomandibular.

Para melhor compreensão podemos dividir os traumatismos externos em simples, complicados e combinados.

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19.4.1 Traumatismos simples Contusão provocada por golpes de

pouca violência sem sinais externos de traumatismo, mas que provocam movimentos nos dentes.

Fissuras, lesões, localizadas exclusivamente no esmalte, podendo passar despercebidas, sem consequências.

Fraturas, soluções de continuidade que se produzem nos dentes pela ação brusca de algum fator externo. São frequentes em dentes permanentes e raras nos dentes decíduos. São classificadas em fraturas coronárias, radiculares e coronorradiculares.

19.4.2 Traumatismos complicados

São compostos por deslocamento total (expulsão) ou parcial dos dentes.

19.4.3 Traumatismos complexos Aqueles acompanhados de lesões em estruturas distantes do dente, como, por exemplo, fraturas mandibulares, ou das maxilas, com repercussões nas fossas nasais, ou seio maxilar, com seção de troncos nervosos, vasculares e com grandes feridas de mucosas, lábios, bochechas, língua, etc. Na foto ao lado, a paciente R.C. S. S; 27 anos foi atendida no Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital da Restauração, após sofrer acidente motociclístico.

19.4.4 Traumatismos combinados São os traumatismos simples associados aos complicados.

19.4.5 Etiologia de lesões traumáticas durante a adolescência Quedas; Acidentes de trânsito; Acidentes esportivos; Pancadas em brigas ou atos de violência, entre outras causas.

19.4.6 Tratamento

Devemos ter sempre presente que todo traumatismo é considerado uma situação de emergência, que pode ir desde um simples traumatismo sem maiores consequências a um

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grave comprometimento cerebral. O atendimento tem que ser imediato, aliviando-se a dor e dando-se tranquilidade ao adolescente e a seus familiares.

A ocorrência de traumatismo dentário em adolescentes é muito comum, principalmente acometendo os incisivos superiores, causando fratura coronária, de raiz ou avulsão (saída do dente do alvéolo dental).

Em caso de avulsão de dente permanente, é de fundamental importância o reimplante. No momento do trauma, recolocar o dente no lugar sem lavá-lo para não eliminar a fibras periodontais. Se isso não for possível, mergulhar o dente num copo com leite, saliva, soro fisiológico ou, em último caso, água. Deve-se manter o dente no lugar, comprimindo-o até procurar o mais rápido possível o serviço odontológico mais próximo, visando o sucesso do reimplante. É importante verificar a situação vacinal antitetânica e fazer cobertura antibiótica.

Ao contrário do dente permanente, o decíduo não deve ser reimplantado porque pode afetar o germe do dente permanente. 19.5 Cuidados Odontológicos perante o Terceiro Molar (siso)

Outro problema frequente que afeta os adolescentes é o terceiro molar, chamado também de dente do siso. Impactado ou irrompido, pode ser doloroso e causar inflamação dos tecidos moles adjacentes, progredindo para infecção grave. Destacamos duas situações: a) Pericoronarite: inflamação do tecido gengival (capuz

gengival) que recobre a coroa do dente em erupção devido ao acúmulo de placa bacteriana dental nessa região, provocando dor intensa, edema gengival, linfadenopatia cervical, mau hálito e mau gosto na boca.

b) Cisto dentígero: potencialmente capaz de se transformar em lesão agressiva, podendo

provocar a expansão do osso com assimetria facial subsequente, deslocamento extremo dos dentes, reabsorção extensa das raízes dos dentes adjacentes e dor.

19.5.1 Tratamento

Na pericoronarite o tratamento dependerá da observação do profissional com relação a sua evolução, podendo ser cirúrgico.

No caso do cisto dentígero, é cirúrgico, ditado pelo tamanho da lesão.

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19.6 Orientações que devem ser dadas aos adolescentes 19.6.1 Higiene e Dieta Escovar os dentes após as refeições e antes de

dormir usando um creme dental com flúor, para remover a placa bacteriana, que é a principal causa da gengivite e das cáries.

Usar fio dental diariamente para

remover a placa bacteriana instalada entre os dentes e sob a linha da gengiva. Se a placa não for retirada diariamente, pode endurecer e formar o tártaro, uma substância amarelada e de aparência desagradável.

Limitar a ingestão de açúcar e alimentos que contém amido, principalmente os pegajosos, que grudam na superfície dos dentes.

Consultar o dentista a cada seis meses para um

exame profissional detalhado e uma limpeza ou profilaxia.

19.6.2 Ortodontia

Muitos adolescentes e pré-adolescentes

precisam usar aparelhos para corrigir os dentes mal posicionados ou muito juntos, e o mau alinhamento das arcadas.

Esses dentes correm o risco de precisarem

ser extraídos e causam um esforço extra nos músculos da mastigação. A avaliação de um Ortodontista poderá determinar se o paciente precisa usar aparelho e qual o tratamento correto.

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É mais difícil cuidar de dentes que não se

ajustam bem. O uso de aparelho ortodôntico exige uma escovação ainda mais rigorosa.

19.6.3 Protetores Bucais Se o adolescente pratica esporte, estes

protetores são indispensáveis para proteger seu sorriso. Os protetores bucais geralmente cobrem os dentes superiores e são feitos para evitar que eles sejam traumatizados, que os lábios sofram cortes ou que outros possíveis danos ocorram na sua boca. Se o adolescente usar aparelho ortodôntico ou prótese na arcada inferior, o CD poderá sugerir que ele também use um protetor para os dentes inferiores.

19.6.4 Nutrição

A alimentação tem um papel fundamental na saúde bucal. Os açúcares e amidos em muitos alimentos e bebidas contribuem para a formação da placa bacteriana, que destrói o esmalte do dente.

Reduzir a ingestão de lanches e refrigerantes.

Cada vez que o adolescente consome alimentos e bebidas que contém açúcar ou amidos, os ácidos atacam seus dentes durante 20 minutos ou mais.

Como lanche, ele deve escolher alimentos nutritivos, como, por exemplo: Queijo

Verduras cruas

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Iogurte natural Frutas

A adoção de uma dieta equilibrada, baseada nos

cinco grupos de alimentos, pode fazer uma grande diferença para a saúde de sua boca.

19.6.5 Fumo Se o adolescente não fuma e nem mastiga tabaco,

deve ser orientado a resistir e não começar com esses hábitos. Eles podem manchar os dentes e gengivas, tornar mais forte a mancha do tártaro que se acumula nos dentes e produzir mau hálito, além de outros problemas de saúde.

Com o passar do tempo, o fumo e o hábito de mastigar tabaco aumentam o risco de gengivite e câncer na boca. Se o adolescente faz uso do tabaco, o CD e a equipe de saúde bucal devem incentivá-lo e orientá-lo para que deixe esse hábito muito nocivo para a saúde bucal e geral. 19.6.6 “Piercing” na boca

Apesar da sua popularidade,

este tipo de “piercing” pode causar complicações tais como infecções, sangramento incontrolável ou danos a um nervo. O paciente também corre o risco de engasgar com os pinos e argolas. As jóias de metal podem danificar os dentes e a gengiva.

O uso frequente do “piercing” estimula a produção constante de saliva sobrecarregando

as glândulas salivares a trabalhar constantemente o que poderá trazer comprometimento das mesmas.

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O “pircing” poderá trazer lesões na língua e outros

traumas na mucosa da cavidade bucal que permanecendo continuamente poderá levar ao aparecimento de câncer.

19.6.7 Distúrbios Alimentares

A bulimia (comer demais e vomitar) e a anorexia (medo excessivo de ganhar peso) que muitas vezes, resulta em vômitos são problemas graves de saúde que afetam diretamente a aparência dos dentes, corroendo o esmalte. O dentista pode corrigir o esmalte deteriorado, mas não pode tratar o distúrbio alimentar, que pode levar ate à morte e deve ser tratado por médico e psicólogo.

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19.7 CONCLUSÃO

Trabalhar com adolescentes é um grande desafio. Para motivá-los, a comunicação é uma boa ferramenta de trabalho; de forma estratégica, o CD, ASB e TSB atuam como facilitadores e colaboradores da família e devem estar preparados para trabalhar com essa clientela.

Não devemos esquecer também que os adolescentes podem se transformar em multiplicadores de conhecimentos e atitudes saudáveis junto a seus pares. Isso os levará a uma melhor qualidade de vida.

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Referências Bibliográficas:

1 - Issao M; Guedes Pinto, A.C. – Manual de Odontopediatria - 10 ª edição – São Paulo: Editora Pancast, 1999. 2 - Bonecker, MJS, San´t Anna, GR, Duarte, D.A., Suga, SS. Caderno de Odontopediatria – Abordagem clinica - 1ª edição – São Paulo: Editora Santos, 2001. 3 - Lobas, Cristiane F. Sales et al – THD e ACD – Odontologia de Qualidade – 2ª ed. Revisada e atualizada – São Paulo: Santos, 2006. 4 - Corrêa, MSNP; Dissenha, RMS; Weffort, SYK. – Saúde Bucal do Bebê ao Adolescente. – 1ª Edição – São Paulo: Editora Santos, 2005.