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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM
Assessoria de Imprensa no Surf
Por: Arthur Massao Felippe de Toledo
Orientador: Prof° Fernando Alves
Rio de Janeiro 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
Assessoria de Imprensa no Surf
Arthur Massao Felippe de Toledo
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Comunicação Empresarial
Por: Arthur Massao Felippe de Toledo
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RESUMO
A assessoria de imprensa ainda não está consolidada entre as empresas de surf e os atletas. Nesta monografia será apresentada a importância da comunicação para este setor, e como é possível com medidas relativamente simples e de baixo custo aumentar a exposição de atletas e empresas na mídia. A cultura de comunicação e exposição da marca de uma forma organizada e com planejamento, o que ainda é pouco visto neste setor, mas que já é consolidado em grandes empresas de outros ramos. Utilizando o embasamento teórico de autores conceituados na área de comunicação corporativa e assessoria de imprensa, procuramos adaptar as necessidades específicas do setor esportivo e mais estritamente do surf.
Palavras-chaves: Surf; Assessoria de Imprensa; Comunicação Corporativa; Fotografia; Esporte.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
CAPÍTULO 1 – HISTÓRIA DO SURF 7
1.1 – O SURGIMENTO DO ESPORTE 7 1.2 – A CHEGADA DO ESPORTE NO BRASIL 9 1.3 PRINCIPAIS ENTIDADES REGULAMENTADORAS 9 1.4 – O SURF NA MÍDIA 10 1.5 – O ESPORTE ATUALMENTE 13 CAPÍTULO 2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DE IMAGEM 15 2.1 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NAS EMPRESAS DE SURF 15
2.2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA PARA ATLETAS 16
2.3 –ASSESSORIA DE IMPRENSA NOS CAMPEONATOS 19
2.4 –ASSESSORIA X PUBLICIDADE 20
CAPÍTULO 3 - O ESPAÇO NA MÍDIA 23
3.1 – IMAGENS: A ENTRADA PARA MÍDIA 23
3.2 – VIAGENS DE SURF: POR QUE VALE A PENA INVESTIR? 24
3.3– SURF NOS GRANDES JORNAIS 25
3.4– O SURF NA TV ABERTA 27
3.5 –MÍDIA ESPECIALIZADA 28
CONCLUSÃO 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31
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INTRODUÇÃO
Esta monografia apresenta como é importante para as empresas de surf e
atletas a constante comunicação com a mídia, através de uma assessoria de
imprensa. O trabalho do assessor ainda não é muito presente no meio do surf,
sendo mais comum em campeonatos, nas empresas de maior porte e com atletas de
muito destaque. Diversos atletas e empresas que não possuem uma assessoria de
imprensa acabam sendo esquecidos pela mídia e só aparecem, por exemplo,
quando ganham um campeonato importante, o que não acontece sempre. É preciso
estar constantemente na mídia. Como procuramos mostrar durante a monografia, é
possível que se consiga destaque não apenas quando um fato importante acontece,
mas criando oportunidades para que o atleta ou empresa esteja presente nas
revistas especializadas ou até mesmo nos grandes jornais e TV aberta.
No primeiro capítulo é apresentada a história do surf. Como surgiu, quem
introduziu no Brasil, as principais entidades regulamentadoras, os veículos da mídia
especializada e qual é a situação do esporte atualmente. Essa apresentação é
necessária para que o leitor que não conhece profundamente o esporte entenda um
pouco de sua história e também suas particularidades. Também são apresentados
os veículos de comunicação que cobrem regularmente o esporte, pois assim o leitor
sabe o que será possível divulgar. Esse capítulo de uma forma geral contextualiza o
leitor para que as informações e ideias passadas nos capítulos posteriores sejam
melhor assimiladas.
No capítulo 2 entramos na parte de assessoria de imprensa, apresentando
como é importante esse trabalho para atletas, empresas e nos campeonatos de surf.
Utilizo os autores Jorge Duarte e Maristela Mafei por se tratarem de importantes
autores na área de comunicação corporativa. Suas obras são uma importante
referência para qualquer jornalista que trabalhe nesta área. Também abordo a
questão da publicidade comparada com a assessoria de imprensa. Procurando
mostrar que é preciso que as empresas entendam que a publicidade não é o único
meio de comunicarem com o seu público, alertando que o trabalho de comunicação
corporativa possui uma maior credibilidade com um custo bem inferior ao da
publicidade. Este tópico é embasado pelos autores Al e Laura Ries, que possuem
uma obra somente sobre o tema.
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O terceiro e último capítulo apresenta ideias e sugestões para que as
empresas e atletas do surf consigam uma maior exposição na mídia. Não apenas
nos veículos de comunicação especializados, como também nos grandes jornais e
programas da TV aberta. Os veículos não especializados possuem um outro tipo de
demanda, que o surf, por ser um esporte radical capaz de gerar belas imagens, pode
atender. É preciso apenas que se tenha consciência do que é possível publicar em
um jornal diário ou em uma mídia especializada. Resumindo, a informação que se
deve transmitir para a mídia especializada é diferente da mídia não especializada,
afinal o público é totalmente diferente.
É preciso que atletas e empresas saibam exatamente isso, para serem
capazes de estar presente em todo tipo de mídia. Também procuro mostrar que
ainda não faz parte da cultura das empresas de surf, até mesmo as grandes, uma
comunicação constante a respeito de resultados e planejamento futuro. O que
surpreende, pois em outros setores o que todas mais querem é aparecer no jornal,
seja com entrevista do presidente da empresa ou falando sobre os últimos
resultados.
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CAPÍTULO 1 - HISTÓRIA DO SURF
1.1 – O SURGIMENTO DO ESPORTE
O nascimento do surf até hoje não possui uma única forma de ser contada.
Alguns dizem que foi criado nas Ilhas Polinésias, Tahiti e Samoa. Outra versão
afirma que os primeiros surfistas foram os peruanos que, utilizando uma embarcação
de pesca com envergadura na ponta, surfavam as ondas para chegar mais rápido na
praia.
De acordo com Kampion1: “O que é tido como mais certo é que era praticado
pelos antigos reis havaianos, descendentes dos povos da Polinésia, com pesadas
pranchas feitas de madeira extraídas de arvores locais, um esporte praticado
somente pelos nobres”. Conta a história que o símbolo conhecido como Hang
Loose, em que se acena com apenas os dedos da ponta esticados, nasceu de um
Rei surfista que acenava para os espectadores na praia e como ele não tinha os três
dedos centrais, a população então começou a imitar o gesto.
Segundo Kampion2 certamente o povo havaiano foi a primeira cultura do surf,
com rituais intimamente ligados ao mar, com tantos nomes para os diferentes tipos
de ondas como os esquimós têm para cada tipo de neve.
O que se tem registrado oficialmente do surf data de 1778, quando o
navegador James Cook descobre o arquipélago havaiano. Ele fez relatos sobre a
arte dos locais de “andar” sobre as ondas, inclusive descobriu ser uma atividade
relaxante. Porém os missionários protestantes que ocupavam a região nessa época
desestimulavam a prática do esporte.
1 Kampion, D. Brown. Stoked: A History of Surf Culture. Los Angeles, 1997. 2 Kampion, D. Brown. Stoked: A History of Surf Culture. Los Angeles, 1997.
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Para Kampion3:
As ilhas do Havaí são o paraíso terrestre, elevando-se altas e verdes acima das praias de areia branca, que contrastam com um mar quente de cor azul turquesa. As ilhas vulcânicas eram sublimes, icônicas, poderosas, dramáticas e sem um único ser humano, quando os primeiros colonos aventureiros do Sul chegaram.
Ainda desconhecido do mundo, o surf ganha visibilidade no início do século
XX, com Duke Kahanamoku, considerado pai do surf moderno. Nas Olimpíadas de
1912 em Estocolmo, na Suécia, Duke ganha uma medalha de ouro na natação e
quebra o recorde mundial nos 100m estilo livre, além de uma prata no revezamento
4 x 200m. Ele então revela para o mundo que era surfista da praia de Waikiki, no
arquipélago havaiano. Esse fato apresenta finalmente ao mundo o surf, que passa a
ter uma atenção maior do público.
Conhecido por suas vitórias na natação, tendo conquistado em outras
olimpíadas mais medalhas, mas com um paixão e habilidades maior no surf, Duke
leva o esporte para a América em 1913 e Austrália em 1915. Por ter divulgado o surf
pelo mundo Duke Kahanamoku é considerado o pai do surf moderno, pois foi
através dele que o esporte começou a ser difundido.
No final da década de 1950, o surf teve um grande boom na Califórnia, as
praias atraíam muitas pessoas em busca de liberdade. Novas tecnologias na
produção das pranchas as deixaram mais baratas, facilitando o acesso da massa ao
esporte.
Logo no começo de 1960, Hollywood descobriu o surf e começou a fazer
diversos filmes, sempre ao som do rock'n roll da década de 50. Isso aumentou ainda
mais a popularidade do esporte, que nesse momento já estava espalhado por
diversos lugares do mundo.
3 Kampion, D. Brown. Stoked: A History of Surf Culture. Los Angeles, 1997.
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1.2 – A CHEGADA DO ESPORTE NO BRASIL
A história do surf no Brasil4 começa no ano de 1938, com a primeira prancha
feita por aqui pelos paulistas Osmar Gonçalves, João Roberto e Júlio Putz, a partir
da matéria de uma revista americana com as medidas e o tipo de madeira a ser
usada.
A prancha era muito pesada, com 80 kg e 3,6 m de comprimento. Antes disso
as pranchas vinham de fora através de turistas, as chamadas “tábuas havaianas”
custavam muito e eram raras de serem vistas. O surf praticamente não existia.
Um marco no surf brasileiro que revolucionou o esporte foi a chegada do
surfista australiano Peter Troy. Em 1964, o surf praticamente não tinha evoluído, não
se fazia manobras na onda e as pranchas continuavam pesadas e grandes.
Peter Troy então, numa demonstração de surf na praia do Arpoador, mostrou
aos brasileiros as manobras da época, deixando todos impressionados. Depois
trouxe para o país as pranchas de fibra, muito mais leves e melhores, que são
produzidas até hoje.
Esse australiano foi o responsável pela enorme evolução do surf brasileiro,
introduzindo o que se pode chamar de surf moderno, com manobras e pranchas
rápidas. Depois de viver por aqui durante seis meses, Peter deixou um legado que
incluía toda uma nova geração de shapers5 brasileiros que adquiriram conhecimento
e técnica com o australiano.
1.3 – PRINCIPAIS ENTIDADES REGULAMENTADORAS
As entidades ligadas ao surf nasceram com o compromisso de profissionalizar
o esporte. É papel delas organizar o calendário de eventos do ano, buscar
patrocinadores e proporcionar o melhor ambiente de competição para os filiados, os
surfistas profissionais.
4 FERNANDES,Adriana.História do Surf no Brasil. 360 graus online, São Paulo 8 de junho de 2001. Disponível em http://360graus.terra.com.br/surf/default.asp?did=380&action=historia. Acessado em 5 de junho de 2009. 5 Shaper é o profissional que produz pranchas de surf.
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A Association of Surfers Professionals (ASP) é a entidade que organiza os
campeonatos mundiais de surf masculino e feminino, longboard6, masters7 e sub-
208. Fundada em 1976 sua sede é na cidade australiana de Collangata, localizada
perto das principais empresas ligadas ao surf do mundo.
O principal campeonato é o World Championship Tour (WCT), também
apelidado de circuito dos sonhos9. Os 44 melhores surfistas do mundo disputam nas
melhores ondas ao redor do planeta, num total de 11 etapas passando por Austrália,
Tahiti, África do Sul, França, Brasil, Estados Unidos entre outros, terminando sempre
no principal evento no Havaí.
Principal entidade brasileira, a Associação Brasileira de Surfistas Profissionais
(ABRASP) é responsável por todos os campeonatos profissionais que acontecem no
Brasil. O principal campeonato é o Super Surf, que reúne os melhores atletas
masculinos e femininos e decide o campeão brasileiro, através de etapas por todo o
Brasil.
A ABRASP também é responsável junto com as entidades de cada Estado
pelos campeonatos regionais, que classificam para o campeonato brasileiro, o Super
Surf. Paralelo a divisão principal do surf existe o Brasil Tour, outra forma de
classificação para a primeira divisão, também de responsabilidade da ABRASP.
A sede da associação fica no Rio de Janeiro, assim como exemplo da sede
da ASP na Austrália, a ABRASP fica em um importante pólo do surf nacional com
diversas empresas e muitos atletas afiliados.
1.4 – O SURF NA MÍDIA
O surf hoje está presente em todos os meios de comunicação, seja impresso,
audiovisuais ou eletrônicos. Na internet, as novas tecnologias vêm revolucionando a
maneira de interação com o público, com muito mais agilidade e espaço aberto para
opiniões dos internautas. As revistas impressas levam aos leitores toda a qualidade
de fotos em papel e conteúdo diversificado, já que somente a notícia não interessa 6 Modalidade na qual as pranchas são maiores do que as convencionais, ultrapassando os dois metros de comprimento. É considerado como o surf clássico, com manobras próprias e um estilo diferente de surf. 7 Campeonato exclusivo para surfistas acima dos 40 anos. 8 Campeonato exclusivo para surfistas de até 20 anos. 9 O apelido “Dream Tour” ou Circuito dos Sonhos foi dado pelos competidores, pois o “sonho” de todo surfista é poder estar nos lugares onde acontecem as competições.
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mais. Na TV paga, os programas específicos de esportes radicais são em sua
maioria voltados para o surf, com notícias, viagens, campeonatos ao vivo e
comentários de nomes consagrados do surf. Os meios de comunicação estão cada
vez mais atentos a esse esporte, devido às belas imagens que pode proporcionar e
sempre chama atenção até de quem não é surfista.
No Brasil existem três grandes revistas de abrangência nacional voltadas para
surf: Fluir, HardCore e Alma Surf10. As duas primeiras dominam o mercado, com
conteúdo editorial bem parecido cobrindo campeonatos, viagens, notícias,
entrevistas e muitas fotos.
A tiragem das duas principais é de cerca de 50 mil exemplares11, com
periodicidade mensal. Uma característica da Fluir que só agora está sendo usado
pela HardCore é a distribuição de brindes gratuitos e DVDs de surf a preço de custo.
Existem também diversas revistas eletrônicas, com destaque para a
BlackWater12 que foi a primeira e possui o maior público. Podendo contar com todo
tipo de interação dentro da revista, como animações e vídeos, é uma publicação que
se destaca e tem grande número de leitores.
Uma característica marcante é o apelo visual da revista. Com uma equipe de
designers e fotógrafos profissionais, as imagens recebem sempre um tratamento
visual que a diferencia das revistas impressas. Como a tela do computador é capaz
de transmitir mais cores do que a impressão no papel as imagens são únicas.
No Rio de Janeiro também existe uma revista impressa distribuída
gratuitamente, chamada Surfar13, com foco nos atletas e campeonatos do Estado.
Publicada bimestralmente possui uma tiragem de 20 mil exemplares14, quase
metade da circulação das revistas nacionais.
Com uma equipe reduzida e um pequeno escritório a revista consegue
imprimir um conceito de simplicidade, mas com alta qualidade, sendo muito
conhecida do público carioca. Ela representa uma oportunidade de maior visibilidade
para os surfistas do Estado.
10 Editoras respectivamente: Peixes, Rocky Mountain, Sem Editora. 11 Fonte: Fluir; Hardcore 12 www.blackwater.com.br 13 Forever Surf Editora 14 Fonte: Revista Surfar
12
Na internet muitos são os sites de surf, em geral com previsão de ondas,
informe do mar no dia, notícias de campeonatos, viagens e fotos de free-surf15. O
principal é o Waves16, com acesso diário chegando a 30 mil usuários17.
A sede fica em São Paulo e conta com uma equipe própria de jornalistas,
fotógrafos e colunistas. Destaca-se pela cobertura no campeonato mundial e
brasileiro de surf, além de fotos de todos os cantos do Brasil.
A mídia televisiva possui como destaque o canal Woohoo, que transmite
24h/dia esportes de ação, com foco principal no surf. Fundado por dois surfistas,
Ricardo Bocão e Antônio Ricardo, possui um enorme acervo de material histórico do
esporte, já que os dois apresentavam o programa “Realce” na década de 80.
Os canais esportivos SPORTV e ESPN possuem em sua grade programas
voltados para esportes radicais e alguns exclusivamente de surf. A SPORTV
transmite o campeonato mundial de surf e o campeonato brasileiro, a ESPN também
transmite o brasileiro.
Todas têm em sua equipe ex-surfistas profissionais e jornalistas
especializados no assunto. A SPORTV e o canal Woohoo possuem uma
identificação maior com o público carioca, pois os canais ficam no Estado do Rio de
Janeiro e os apresentadores são da cidade. A ESPN por ter sede em São Paulo e
equipe imensamente formada por paulistas possui um público maior no Estado.
A TV aberta transmite muito pouco os assuntos relacionados a surf. Mesmo
com grandes surfistas nacionais são raras às vezes em que os programas esportivos
abrem espaço. Apesar disso merece destaque algumas reportagens como a do
Globo Esporte, da Rede Globo, sobre as ondas da Pororoca no rio Araguaia;
Participações especiais de surfistas de ondas grandes como Eraldo Gueiros e Carlos
Burle no Domingão do Faustão, e mais recentemente no mesmo programa a surfista
Maya Gabeira por ter sido bi-campeã mundial em ondas gigantes.18
Uma revolução que aconteceu nos últimos anos foi a propagação das
transmissões de campeonatos pela internet. Hoje praticamente todos os eventos
contam com um site onde é possível acompanhar ao vivo as baterias, as notas e a
narração, feita exclusivamente para os internautas. 15 Free-Surf com tradução livre de “surf livre” é quando os competidores estão treinando ou mesmo surfando apenas por diversão. Free-Surfer é aquele surfista que tem patrocínio, ou seja, é profissional mas não compete, apenas viaja atrás das melhores ondas, 16 www.waves.com.br 17 Fonte: Waves 18 Fontes: TV Globo; Revista Fluir, mai /2009, ano 25, n°5 edição 283, pág.56.
13
Isso possibilitou uma divulgação muito maior para as empresas que
patrocinam campeonatos, pois agora os surfistas não precisam mais esperar as
notícias nas revistas e nem nos sites, com apenas algumas fotos. Hoje o que está
acontecendo é visto por milhares de pessoas ao redor do mundo.
No campeonato mundial de surf, a narração é feita em até quatro línguas, a
cada ano os investimentos nesse tipo de transmissão são maiores, sempre
melhorando a qualidade da imagem, que ainda não é igual da tv, mas melhorou
muito em relação às primeiras transmissões.
1.5 – O ESPORTE ATUALMENTE
Segundo Zucco, Mesquita e Pilla19:
As empresas de surf movimentam por ano cerca de R$ 2 bilhões no Brasil, empregando direta e indiretamente cerca de 140 mil pessoas, segundo estimativas do mercado nacional. Nos Estados Unidos os números são ainda maiores, com um movimento de U$ 6 bilhões ao ano, corresponde a 3% do faturamento total do setor de vestuário esportivo e décimo primeiro maior segmento da economia americana.
No Brasil encontra-se a maior fábrica de pranchas da América Latina a quinta
maior do mundo, a Tropical Brasil, que tem capacidade para produzir 3 mil pranchas
ao mês. A empresa é localizada na cidade de Florianópolis, no Estado de Santa
Catarina.
O campeonato mundial de surf, WCT20, distribui por etapa premiação de 270
mil dólares entre os 44 surfistas que disputam. O valor gasto pelas empresas na
infra-estrutura ultrapassa esse valor, chegando algumas vezes a cifra de 1 milhão de
dólares.
O estilo de vida dos surfistas é admirado por milhares de pessoas, que
adotam uma alimentação saudável, a vida na praia e principalmente a maneira de se
vestir, mesmo nunca tendo praticado o esporte.
19 ZUCCO, Frabrícia; MESQUITA, Alexandre; PILLA, Armando. Surf- Um mercado em evolução. Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Publicidade, Propaganda e Marketing, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Salvador/ BA, 04 e 05 set. 2002. FURB Universidade Regional de Blumenau. 20 World Championship Tour (WCT) é o campeonato que reúne os 44 melhores surfistas do mundo e decide ao longo de 11 etapas por todos os continentes o campeão mundial.
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Basta ver a pesquisa citada por Zucco, Mesquita e Pilla21 de uma das maiores
empresas de surfwear, a Quicksilver:
A grande maioria dos consumidores de surfwear são simpatizantes (95%), enquanto os praticantes resumem-se a 5% do total. Os resultados mostram que os praticantes são o grupo-referência dos simpatizantes, ou seja, os simpatizantes aspiram fazer parte dessa cultura do surf.
21 ZUCCO, Frabrícia; MESQUITA, Alexandre; PILLA, Armando. Surf- Um mercado em evolução. Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Publicidade, Propaganda e Marketing, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Salvador/ BA, 04 e 05 set. 2002. FURB Universidade Regional de Blumenau.
15
CAPÍTULO 2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DE IMAGEM 2.1 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NAS EMPRESAS DE SURF
As empresas de surf, assim como as de outros setores, deveriam ter um setor
de comunicação ou uma agência de assessoria de imprensa terceirizada. Assim
como investem em comunicação através de publicidade, também é necessário um
investimento para ter conteúdo editorial dentro das publicações. Para Duarte22 “A
empresa ou indústria que deixa de comunicar sua posição, ou de reagir a questões
na mídia, pode obter para si consequências muito negativas, inclusive um desastre
financeiro”.
E como atesta novamente Jorge Duarte:
Sem dúvida, no papel de “ponte” entre a instituição e os veículos, os assessores de imprensa apóiam-se no conhecimento que detêm sobre o funcionamento da mídia para encontrar oportunidades de promover a empresa, procurando equilibrar o atendimento ao interesse público e às necessidades organizacionais de divulgação23.
Jorge Duarte explica o porquê de buscar espaço na mídia24: “Há uma série de
motivos que levam organizações públicas e privadas ou mesmo personalidades a
buscar espaço na mídia. Está mais clara, entre os assessorados, a idéia de que é
preciso adotar um comportamento pró-ativo e ir à imprensa para divulgar ações
positivas, resultados alcançados, novos produtos e programas lançados, entre
outros assuntos. Está disseminada a percepção de que a boa imagem ajuda a
vender, como já falamos anteriormente”.
Com uma boa assessoria é possível se destacar entre as demais empresas,
visto que a demanda por matérias ligadas ao surf é muito grande. As empresas de
surf aparecem na mídia através dos seus “empregados”, que são os atletas
22 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; Pág. 147 23 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008 24 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008
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patrocinados. Eles são o caminho mais curto entre a empresa e o seu público-alvo.
Por isso não se pode falar em assessoria de imprensa nas empresas sem ter em
mente que quem vai transmitir a imagem é o atleta.
Segundo pesquisa feita pela Quicksilver e relatada por ZUCCO, MESQUITA e
PILLA25, a grande maioria de consumidores de surfwear são simpatizantes, que
respondem por 95% das vendas, enquanto os praticantes do esporte são apenas
5%.
Por isso, as empresas devem se preocupar em aparecer não apenas na mídia
especializada, mas também em jornais, revistas e programas de televisão voltados
para o grande público. Uma publicidade nesses meios custa muito dinheiro, inviável
para maioria das empresas de surfwear. Assim, com um trabalho de assessoria,
embora sem garantia, pode-se conseguir emplacar uma matéria num grande veículo.
Segundo Jorge Duarte:
Conscientes da importância do acesso à mídia e do poder que têm junto a ela, as instituições trabalham para serem “lembradas pela imprensa”, para ampliarem sua presença nos veículos e, mais do que isso, para serem reconhecidas como referências. Conclui-se, portanto, que um dos efeitos pretendidos (talvez o mais importante) pelas instituições (quaisquer que sejam elas), com a presença na mídia, é a conquista do apoio da opinião pública e, em conseqüência a sobrevivência no mercado26.
2.2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA PARA ATLETAS
O trabalho de um assessor de imprensa diretamente com o atleta traz um
resultado que pode ser percebido pela maior exposição na mídia dos que possuem
assessoria comparado com os que não têm. Muitos atletas não têm a consciência,
ou parecem não perceber, que o patrocinador paga para ter aquele espaço na
prancha e para ele usar determinadas roupas para que sua marca apareça nas
revistas, em programas de televisão, etc.
Essa exposição pode ser muito bem administrada por um assessor de
imprensa, fazendo contatos com a mídia, divulgando releases, agendando 25 ZUCCO, Frabrícia; MESQUITA, Alexandre; PILLA, Armando. Surf- Um mercado em evolução. Trabalho apresentado no Núcleo de Pesquisa Publicidade, Propaganda e Marketing, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Salvador/ BA, 04 e 05 set. 2002. FURB Universidade Regional de Blumenau. 26 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008
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entrevistas, marcando viagens, sessões de fotos. As possibilidades de aparecer são
inúmeras, mas que um surfista sozinho não consegue administrar, afinal ele precisa
se preocupar com treinamento e resultados em campeonato, além de não ter a
experiência nessa área que um assessor tem.
O assessor de imprensa exerce papel fundamental na organização das
informações do atleta, de suma importância como citado por Jorge Duarte27:
Por informação podem ser considerados os dados estruturados ou não, colocados a disposição do jornalista por meio de banco de dados, releases, fotos, internet ou mesmo em uma entrevista. Essas informações auxiliam o jornalista a fazer o seu trabalho agora ou no futuro.
Para um atleta fica muito difícil organizar sozinho e suprir toda essa demanda
de informação que o jornalista necessita.
As entrevistas são muito comuns, é preciso de um assessor para que seja
mais proveitosa para o entrevistado, como relata Jorge Duarte28:
Ao assessor de imprensa (AI) cabe o acompanhamento das entrevistas do assessorado ou membros da organização. Embora possa existir preferência por deixar jornalistas e entrevistados sozinhos, estar próximo, procurando não interferir na conversa, parece ser a opção mais eficaz. Essa postura permite ao assessor verificar o desempenho da fonte, os interesses do jornalista, ajuda a resolver algum problema ou dúvida e até evita armadilhas do entrevistador ou erros do entrevistado. O importante, nesse caso, é a consciência de que o assessor está presente para colaborar. Recomenda-se, também, uma rotina de avaliação posterior da entrevista com o entrevistado. Ajuda a identificar vícios (de fala, de postura física, de abordagem doa assuntos! E, ao longo do tempo, garante a fonte maior segurança e habilidade em lidar com jornalistas, criando uma espécie de “autonomia competente”.
Muitos atletas ou situações já chamam naturalmente a atenção da imprensa,
como um atleta que disputa o campeonato mundial ou ganha um campeonato
importante. Esse será naturalmente assediado pela mídia, mas mesmo assim o
trabalho de um assessor se faz necessário para não cansar o atleta com tantas
preocupações e a auxiliar para o melhor rendimento das matérias. Porém essas
27 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008 28 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008
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situações não acontecem sempre, e o espaço nas revistas para campeonatos tem
se tornado cada dia menor.
Por isso, a pró-atividade de um assessor de imprensa para orientar o surfista
e mantê-lo em evidência é fundamental, até mesmo para que os patrocinadores
fiquem satisfeitos e continuem pagando por aquele espaço.
Cabe ao assessor de imprensa também fazer a preparação do atleta para o
contato com a mídia, e aconselhar sobre o que deve ou não falar perto de
jornalistas. No meio do surf, por ser um esporte mais informal, na praia, é comum a
amizade entre surfistas e jornalistas das mídias especializadas. Porém o surfista
precisa ter a consciência de que se falar algo o jornalista pode publicar.
Um caso que serve de exemplo é o do atleta Adriano de Souza29. Em uma
roda de amigos, incluindo aí jornalistas, ele criticou o convite que haviam feito para o
atleta americano Tom Curren participar da etapa do campeonato mundial no Brasil.
Curren é um ícone do surf mundial, já aposentado e com 44 anos foi três vezes
campeão mundial. A declaração de Adriano “Se chamaram ele poderiam ter
chamado o meu pai” foi publicada e acabou gerando um mal estar entre os dois
atletas e entre os organizadores do evento. Depois Adriano explicou que quis dizer
que como o campeonato era no Brasil poderiam ter chamado um atleta nacional, e
que sua frase não quis desmerecer o surf do Tom Curren mas o fato da organização
do evento ter chamado primeiro um americano. Ele inclusive criticou o jornalista por
ter publicado a frase, que segundo ele ficou fora do contexto da conversa que
estavam tendo naquele momento.
Como bem alerta Maristela Mafei:
Jornalista não é amigo, jornalista quer informação.Se você freqüentar festas de jornalistas, fizer ou tiver amigos do “outro lado do balcão”, sair para caminhar com alguma amiga especialista em determinada área em um veículo de comunicação, tiver compadres e comadres jornalistas, ótimo. Mas lembre-se que eles são jornalistas 30:
29 http://waves.terra.com.br/surf/noticia//campanha-meteorica/18982 30 MAFEI, Maristela; Assessoria de Imprensa, Como se relacionar com a Mídia; São Paulo, Contexto, 2008
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2.3 –ASSESSORIA DE IMPRENSA NOS CAMPEONATOS
Os campeonatos de surf costumam chamar a atenção mesmo de quem não é
praticante e não entende as regras do esporte. As ondas e a praia permitem que
sejam captadas belas imagens tanto em vídeo como em fotografia, sendo o que
mais chama atenção da mídia. Isso sem contar eventos que são realizados em ilhas
paradisíacas como Fernando de Noronha, que possibilitam uma divulgação muito
maior do evento por se tratar de um lugar que não é conhecido da maioria das
pessoas e tem fama internacional pela sua beleza.
A empresa Hang Loose organiza anualmente um campeonato da segunda
divisão do surf mundial na ilha. O evento atrai atenção de toda mídia nacional,
veículos especializados e de grande circulação, e também dos veículos
especializados internacionais. Além do evento a empresa promove diversas ações
ambientais durante a semana do campeonato, como limpeza das praias, plantio de
árvores e palestras de conscientização.
Jorge Duarte destaca a importância de se organizar eventos:
Eventos são uma atividade típica de relações públicas, mas, se podem chamar a atenção de jornalistas, passam a exigir atenção especial. Muitos, até por isso, são preparados com a finalidade de obter repercussão máxima na mídia. Organizá-los frequentemente reúne profissionais de comunicação de diferentes áreas. O assessor deve ajudar já no planejamento, orientando de acordo com as possibilidades e interesses dos veículos de comunicação. Isso pode incluir local e horário de abertura e de acontecimentos, coletivas, presença de personalidades ou discussão de temas que possam despertar a atenção do jornalista. Dependendo do porte do evento, é indispensável a instalação de uma sala de imprensa devidamente estruturada com atendimento especializado, equipamento, material de apoio e facilidade de acesso. A recepção e encaminhamento de repórteres, elaboração de convites, releases, distribuição de press kits são tradicionais nessas ocasiões31.
Como pode ser observado, o dinheiro empregado em eventos bem
organizados traz resultados muito satisfatórios de divulgação na mídia. Eles são uma
31 DUARTE, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia – Teoria e Técnica; São Paulo, Editora Atlas, 2008
20
maneira bem usual de conseguir espaço em jornais, revistas e programas de TV.
2.4 –ASSESSORIA X PUBLICIDADE
O trabalho da publicidade é muito mais conhecido dentro das empresas do
que o funcionamento de uma assessoria de imprensa. Os clientes, principalmente as
empresas, gostam de resultados imediatos. A assessoria de imprensa é um trabalho
de longo prazo e principalmente sem prazo, que deve ser feito constantemente. Na
publicidade é diferente, campanhas entram e saem do ar com enorme rapidez.
Como dizem Al Ries e Laura Ries:
Em geral, os clientes gastam demais com propaganda e de menos com RP32. Em particular, os clientes precisam investir mais tempo em RP e menos dinheiro no desenvolvimento de estratégia e verbalização. Um programa de RP precisa ter maior duração. Não se lança um programa de RP. É preciso deixar que ele se desenvolva em sua série de etapas durante um período prolongado33.
Os enormes custos para se fazer publicidade deveriam vir acompanhados de
investimentos também na área de assessoria de imprensa. Sozinha, a publicidade
não pode construir marcas, mas a assessoria de imprensa pode. São casos
clássicos de construção de marca apenas com divulgação espontânea Star Bucks e
Red Bull. Esta última apenas introduziu publicidade há pouco tempo, depois de já
estar consolidada.
Outro fator que pesa para o lado da assessoria de imprensa é a credibilidade,
como bem alertaram Al e Laura Ries:
Alegações exageradas e volumes excessivos são fatores que contribuem para a queda na eficácia da propaganda, mas a credibilidade é a questão fundamental. Não importa o quão criativa é a propaganda, não importa o quão adequada é a mídia; simplesmente não há como contornar o problema da credibilidade34:
As pessoas sabem que aquele anúncio está sendo pago pela empresa para
veicular uma mensagem em benefício próprio, por isso mesmo muitas vezes nem 32 Al Ries considera Relações Públicas (RP) toda e qualquer atividade de comunicação da marca ou produto com os vários públicos-alvo. 33 RIES, Al; RIES, Laura; A Queda da Propaganda – Da Mídia Paga a Mídia Espontânea. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003 34 RIES, Al; RIES, Laura; A Queda da Propaganda – Da Mídia Paga a Mídia Espontânea. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003
21
prestam atenção. Uma notícia em jornal ou no rádio é lida ou ouvida com muita
atenção, pois a informação é passada por um jornalista que nada recebeu da
empresa para transmitir aquela informação.
Porém eles alertam35: “A RP também tem um problema de credibilidade. As
pessoas acreditam em tudo que lêem, ouvem ou vêem na mídia? Claro que não.
Mas existe uma distinção muito importante. Elas só rejeitam informações que
conflitam com idéias já estabelecidas em sua mente”. Como seria o caso de uma
pessoa de partido de direita ouvindo uma boa notícia referente ao partido de
esquerda. Ou um torcedor de determinado time lendo uma notícia sobre a
contratação de um jogador famoso, que por não estar no seu time faz comentários
do tipo: “Ele está velho; Está fora de forma; Não joga mais nada”.
Em seu livro Al Ries e Laura Ries mostram um levantamento da American
Advertising Federation36 (AAF) feito com 1.800 executivos. Os resultados mostram
que as relações públicas, que são as equivalentes das assessorias de imprensa no
mercado americano, são muito mais consideradas do que a propaganda. A pergunta
para os executivos era sobre quais eram os departamentos mais importantes para o
sucesso da empresa. Os resultados foram:
• Desenvolvimento de produtos 29%
• Planejamento Estratégico 27%
• Relações Públicas 16%
• Pesquisa e Desenvolvimento 14%
• Propaganda 10%
• Departamento Jurídico 3%
Al e Laura Ries finalizam sobre essa questão:
O elo mais fraco de qualquer propaganda é sua credibilidade. Para o indivíduo comum, a mensagem publicitária tem pouca credibilidade. A propaganda é considerada o que é – uma mensagem tendenciosa, paga por uma empresa com o interesse egoísta no que o consumidor consome37.
As empresas de surf poderiam obter um retorno de mídia muito mais
satisfatório se gastassem parte do dinheiro que investem em publicidade em
35 RIES, Al; RIES, Laura; A Queda da Propaganda – Da Mídia Paga a Mídia Espontânea. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003 36 Federação Americana de Anunciantes. 37 RIES, Al; RIES, Laura; A Queda da Propaganda – Da Mídia Paga a Mídia Espontânea. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003
22
assessoria de imprensa. Principalmente as empresas de menor porte, que não
podem competir com as americanas e australianas, poderiam se sair melhor se
utilizassem a verba de marketing para promover eventos que geram mídia
espontânea ou viagens para seus atletas do que com publicidade.
23
CAPÍTULO 3 - O ESPAÇO NA MÍDIA
3.1 – IMAGENS: A ENTRADA PARA MÍDIA
O surf possui uma vantagem com relação a alguns outros esportes mais
populares, como futebol, vôlei, basquete etc. As imagens geradas sempre chamam
atenção de leitores ou telespectadores, mesmo aqueles que não praticam o esporte
ou mesmo nunca estiveram em uma praia. As ondas, o mar e normalmente os belos
cenários das praias são um ponto positivo para a divulgação do esporte.
As empresas e os atletas precisam ter consciência de que a divulgação da
marca será feita muito mais através das imagens do que pela escrita. Por isso é
importante uma geração constante de material para satisfazer as necessidades das
mídias especializadas e conseguir espaço nos grandes veículos de comunicação.
Alguns atletas não têm o hábito de produzir imagens, acabam ficando
escondidos e dependendo de resultados em campeonatos para aparecerem na
mídia. Um bom exemplo de atletas que possuem a consciência da importância de
produzir imagens são os freesurfers. Por não disputarem campeonatos, só
aparecem na mídia através de viagens e sessões de surf acompanhadas de
fotógrafos e cinegrafistas. Eles procuram sempre produzir imagens para serem
aproveitadas em sites, revistas e jornais. O aumento do número de atletas que não
disputa campeonatos é uma comprovação de que as empresas querem espaço na
mídia, independente da forma como ela seja veiculada.
Uma revista especializada, por exemplo, possui um espaço maior para as
imagens do que para o texto. Nos jornais de grande circulação, quando o surf
aparece, as imagens também ocupam a maior parte da matéria, como pode ser visto
na matéria sobre a ressaca no jornal O Globo38 do dia 10 de abril de 2010.
A importância da imagem fica atestada nestas duas matérias do jornal O
Globo. No dia 10 de abril de 2010 a capa do jornal estampava como foto principal
um surfista profissional descendo uma enorme onda gerada pela ressaca.
38 Jornal O Globo, 10 de abril de 2010, N°28.005, pág. 44, Rio de Janeiro, RJ
24
O Globo 10 de abril de 2010
No dia 30 de abril a vitória do brasileiro Jadson André, na etapa brasileira do
circuito mundial em Santa Catarina sobre o eneacampeão mundial Kelly Slater foi
destaque no caderno de esportes do jornal O Globo, com uma foto ocupando a
página inteira.
Cabe ressaltar, porém que simplesmente uma imagem não faz uma capa num
jornal de grande circulação. Nos exemplos citados os fatos eram muito importantes.
A ressaca foi percebida por toda população, com fechamento de ruas, aeroportos e
destruições na orla. Como era um fato que atingia a todos e existia uma boa foto, de
uma situação inédita, acabou sendo publicada na capa. O brasileiro campeão
mundial era um fato restrito a quem acompanha o esporte, portanto a foto foi usada
no caderno de esportes. Fotos precisam de boas notícias, boas notícias precisam de
boas fotos.
3.2 – VIAGENS DE SURF: POR QUE VALE A PENA INVESTIR?
As empresas e os atletas de surf podem conseguir uma boa exposição na
mídia através de viagens rotineiras para lugares onde existem boas ondas. Lugares
como Taiti, México, Califórnia, Havaí entre outros podem ser muito bem
aproveitados se o atleta for acompanhado de um fotógrafo e um cinegrafista
exclusivo.
A temporada de ondas no Brasil vai de abril a julho, quando é mais constante
a entrada de ondulações vindas do sul. No resto do ano as ondas são menores e
25
menos constantes. Sair do país é a alternativa para conseguir gerar imagens e
posterior espaço na mídia, seja ela impressa, eletrônica ou televisiva.
Sempre vai existir uma demanda grande por parte dos meios de comunicação para
levar ao leitor ou telespectador matérias sobre lugares diferentes. Não são apenas
as ondas, mas a cultura, o turismo, gastronomia e tudo mais do lugar interessam,
por se tratar para a maioria das pessoas de algo desconhecido.
Caso bem sucedido de viagem que gerou um enorme retorno em número de
páginas publicadas foi da empresa Hang Loose. Quatro atletas da equipe foram para
Indonésia surfar uma onda secreta, descoberta por um brasileiro que construiu um
surf camp 39no lugar. O resultado, 41 páginas publicadas na revista Hardcore de
circulação nacional com tiragem de 50 mil exemplares e um DVD distribuído
gratuitamente junto com a revista. O DVD também pode ser baixado no site da
empresa gratuitamente. Além disso, foram publicadas muitas fotos em outras
edições, que não couberam na matéria da viagem.
A empresa dessa maneira é apresentada para o leitor de uma forma muito
mais leve do que uma em propaganda. O leitor absorve a exposição da marca ao ler
a matéria e prestar atenção nas fotos publicadas, se prende mais tempo na página,
ao contrário da propaganda. Como atestam Al e Laura Ries: “A mensagem (editorial)
tem credibilidade porque vem de uma fonte supostamente imparcial. Além disso,
você espera que a mídia lhe conte coisas que nunca ouviu falar. Isso é que é
notícia” 40. Se a Hang Loose tivesse feito a viagem e apenas usado as imagens para
publicidade os leitores nem saberiam exatamente onde era aquela onda, não teria
prestado tanta atenção a descoberta.
3.3– SURF NOS GRANDES JORNAIS
O surf ainda não é muito presente nos grandes jornais. O esporte número 1
do país, o futebol, ocupa a maior parte em todos os cadernos de esporte. Porém
algumas mudanças podem ser percebidas, como o espaço para esportes radicais do
39 Surf Camp é como um camping, mas voltado para o público surfista por estar em praias com boas ondas. Hoje em dia porém diversos resorts com uma infra-estrutura muito melhor do que os campings também utilizam esse nome para identificar como um lugar voltado para surfistas. 40 RIES, Al; RIES, Laura; A Queda da Propaganda – Da Mídia Paga a Mídia Espontânea. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2003
26
jornal O Globo todos os sábados. Também houve a criação do caderno de esporte
recentemente, antes anexado junto com economia, com isso abriu espaço para mais
esportes, inclusive o surf.
Para o esporte e os atletas aparecerem nos jornais de grande circulação é
preciso algo diferente, resultados de campeonatos ocupam apenas uma pequena
parte, e raramente tem fotos publicadas na capa.
Um bom exemplo foi a ressaca que atingiu o Rio de Janeiro e todo o Brasil
nos dias 8 e 9 de abril de 2010. Muitas fotos foram publicadas em diversos jornais
sobre os transtornos e estragos que as ondas causaram. Nesses dois dias alguns
atletas surfaram pela primeira vez uma onda no meio da baia de Guanabara,
acompanhados de fotógrafos e cinegrafistas que registraram tudo. No dia seguinte,
o jornal O Globo publicou uma foto na capa do surfista Marcelo Trekinho e uma
matéria de página inteira no caderno de esportes.
Esse foi um diferencial que possibilitou uma enorme repercussão para os
surfistas, afinal até então ninguém nunca havia surfado na Baia de Guanabara. O
principal é se tratar de um assunto que chama atenção não só de surfistas, mas de
simpatizantes e de todo tipo de leitor, afinal o público do jornal é muito diversificado.
Com boas fotos de ondas nunca vistas na cidade qualquer leitor ficaria
impressionado com a imagem estampada na capa do jornal.
As empresas precisam ter a consciência de que precisam estar presentes
nesses meios de comunicação, e não apenas na mídia especializada. Um exemplo
de como isso não faz parte da cultura das empresas do setor está na entrevista do
Presidente no Brasil de um dos grupos de surfwear mais importantes do mundo, o
grego Chris Kypriotis para o jornal Valor Econômico. Na abertura da matéria a
repórter do jornal já apresenta a situação “..., o grego Chris Kypriotis tem fama de
inacessível. “Não gosto de dar entrevistas. Não é a política da empresa”41, diz o
executivo que gerencia por aqui as marcas Billabong, Element, Von Zipper, Nixon,
todas da companhia australiana GSM, que faturou US$ 1,2 bilhão em 2009”.
Ninguém imagina uma empresa como Petrobrás ou Vale dizendo que é
política da empresa não dar entrevista, mas em uma empresa de surfwear, por
incrível que pareça, isso ainda é possível de se ver.
27
3.4 – O SURF NA TV ABERTA
O espaço para esportes nas emissoras de TV aberta não ocupa um grande
tempo, e o que resta é naturalmente quase todo ocupado com o esporte mais
praticado e visto no país, o futebol, assim como acontece em outras mídias voltadas
para o grande público, como jornal e rádio.
Resultados de campeonatos nacionais de surf raramente são divulgados, e o
circuito mundial só costuma aparecer quando algum brasileiro vence, mesmo assim
sem muito destaque. Portanto, novamente é preciso trazer o diferente para a TV
aberta para que o surf ocupe um espaço nos programas esportivos, jornalísticos ou
mesmo de entretenimento.
Um fato importante de se destacar é a característica dos campeonatos, que
dificultam a transmissão ao vivo pela TV. As baterias duram em média 30 minutos,
com no máximo quatro surfistas na água. Nesse tempo acontecem muitos
momentos em que os surfistas ficam sentados esperando pela onda, sem que nada
aconteça. Isso para quem não costuma acompanhar o esporte pode ser um grande
motivo para troca de canal. Os campeonatos também são muito longos,
inviabilizando totalmente sua transmissão completa pela TV aberta, já que
costumam acontecer em quatro dias inteiros de competição, como é o caso do
circuito mundial.
A melhor maneira de o surf estar presente na TV aberta é através de
reportagens, mostrando imagens que impressionem principalmente os não-
praticantes, que são o grande público dos canais abertos. Servem de exemplo as
inúmeras matérias já apresentadas no programa Globo Esporte sobre a Pororoca na
Amazônia; os brasileiros que desafiam as ondas gigantes no Havaí que já foram
destaque nos programas Caldeirão do Hulk, Fantástico e Domingão do Faustão.
A ressaca que atingiu o Rio de Janeiro nos dias 8 e 9 de abril de 2010, além
do destaque no jornal O Globo como citado no capítulo anterior, também repercutiu
na TV aberta com uma matéria no programa Fantástico de 3 minutos, exibido no
horário nobre da Rede Globo. Isso só foi possível pois os surfistas foram
acompanhados de cinegrafista, que ficou em um Jet ski no meio da Baía de
Guanabara para conseguir registrar as enormes ondas.
28
As empresas e os atletas podem se beneficiar da TV aberta se houver um
bom planejamento que pode ser feito através de uma assessoria de imprensa. As
inúmeras viagens que são feitas durante o ano são capazes de produzir um vasto
material de boas imagens que podem ser muito bem aproveitadas pelas emissoras.
É importante que os surfistas e as empresas que os patrocinam saibam da
importância de sempre estar produzindo imagens, tanto em vídeo como fotográfica.
Também é preciso criar um relacionamento com os jornalistas dos meios de
comunicação que não são especializados, para sempre que possível “emplacar”
matérias.
3.5 – MÍDIA ESPECIALIZADA
A mídia especializada no surf se resume a três grandes revistas de circulação
nacional e uma regional, do Estado do Rio de Janeiro: Hardcore, Fluir, Alma Surf e
Surfar ; três canais de TV a cabo: Woohoo, Sportv e ESPN; Uma revista virtual de
destaque: Blackwater; E três sites que são os mais acessados: Waves, Camera Surf
e Rico. Existem diversos outros meios de comunicação voltados para o público
surfista, porém esses apresentados são o de maior relevância em cada uma de suas
mídias, TV, revista e internet.
O que se pode perceber é que existe na maior parte delas um bom
relacionamento entre empresas, surfistas e jornalistas. Um fato interessante é que
muitos jornalistas que trabalham nesses meios de comunicação são surfistas, o que
garante um bom embasamento sobre o assunto.
O relacionamento empresa-surfista/imprensa apesar de já existir de uma
forma benéfica para ambos, ainda é um pouco informal. As empresas e os surfistas
podem obter um melhor retorno se estiverem amparados por uma assessoria de
imprensa, que pode suprir a demanda que necessitam os jornalistas.
Como esses meio de comunicação são voltados para um público que entende
do assunto, as matérias veiculadas são mais abrangentes do que em uma mídia que
possui um público heterogêneo como um jornal de grande circulação. Com isso fica
mais fácil para a assessoria de imprensa produzir fatos que possam ser
aproveitados.
29
Por exemplo, uma característica das revistas é publicar imagens que não
precisam ter nenhuma ligação com matéria, são as chamadas “galerias”, onde
somente o que importa são bons registros fotográficos. Essa é uma ótima
oportunidade dos atletas aparecerem e exibirem os patrocinadores. Por isso é
importante estar constantemente produzindo fotos, seja em um simples treino ou em
uma viagem, além é claro dos campeonatos.
Assim como as revistas os canais de TV também apresentam imagens onde
os únicos requisitos são boas ondas, não importa se durante um campeonato ou
apenas um surf entre profissionais. Mas são poucos os atletas e empresas que se
preocupam e tem a consciência da necessidade de gerar imagens, e principalmente
como isso pode trazer um bom retorno de mídia.
A mídia especializada é sem dúvida o principal meio de comunicação das
empresas de surf, e também onde é mais fácil “emplacar” conteúdo por se tratar de
um público fã do esporte.
30
CONCLUSÃO
Esta monografia procurou mostrar um pouco de como é atualmente a relação
dos atletas e empresas de surfwear com a mídia, e como é possível melhorar esse
relacionamento através da assessoria de imprensa. É preciso criar a cultura da
comunicação corporativa nessas empresas, pois muitas, como foi mostrado, acham
que não é importante a divulgação da marca através de espaço editorial.
A publicidade, que é amplamente utilizada por todas, pode não ser o melhor
caminho, como apontaram os autores Laura e Al Ries. Os gastos poderiam ser
melhor aproveitados se investidos em um bom planejamento de comunicação,
voltado para atender a crescente demanda dos meios de comunicação.
Abordamos também a questão fundamental da diferença entre mídia
especializada e mídia convencional. Sem essa distinção qualquer planejamento de
comunicação terá dificuldades, afinal o que é notícia para o público fã de surf não
necessariamente interessa aquele leitor de jornal que não tem idéia de como
funciona o esporte. Por isso é preciso que se abordem fatos de uma maneira
diferente para cada uma das mídias, a fim de obter um melhor resultado. A presença
do surf nos veículos não especializado ainda é pequena, porém algumas matérias
foram apresentadas para mostrar que é possível chamar atenção do leitor, sem
interessar o grau de instrução que ele tem sobre o esporte.
31
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33
ÍNDICE INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO 1 – HISTÓRIA DO SURF 7 1.6 – O SURGIMENTO DO ESPORTE 7 1.7 – A CHEGADA DO ESPORTE NO BRASIL 9 1.8 PRINCIPAIS ENTIDADES REGULAMENTADORAS 9 1.9 – O SURF NA MÍDIA 10 1.10 – O ESPORTE ATUALMENTE 13 CAPÍTULO 2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NA CONSTRUÇÃO DE IMAGEM 15 2.1 – ASSESSORIA DE IMPRENSA NAS EMPRESAS DE SURF 15 2.2 – ASSESSORIA DE IMPRENSA PARA ATLETAS 16 2.3 –ASSESSORIA DE IMPRENSA NOS CAMPEONATOS 19 2.4 –ASSESSORIA X PUBLICIDADE 20 CAPÍTULO 3 - O ESPAÇO NA MÍDIA 23 3.1 – IMAGENS: A ENTRADA PARA MÍDIA 23 3.2 – VIAGENS DE SURF: POR QUE VALE A PENA INVESTIR? 24 3.3– SURF NOS GRANDES JORNAIS 25 3.4– O SURF NA TV ABERTA 27 3.5 –MÍDIA ESPECIALIZADA 28 CONCLUSÃO 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31 ÍNDICE 33