Assalto à Petrobrás levou Lula à prisão Agora, é acabar ...§ão-3.622... · denúncia...

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Assalto à Petrobrás levou Lula à prisão Rússia: “ataque químico” na Síria foi uma fraude Pág. 7 Ao invés de ir para cadeia, Angorá vai assumir Ministério das Minas Agora, é acabar com foro privilegiado para pegar demais ladrões Na fila, Aécio, Temer, Jucá, Renan, Moreira, Padilha, Lobão, Collor epois da prisão de Lula, é preciso levar para o mesmo lugar, para fazer- lhe companhia, os outros ladrões que se cevaram com o dinheiro do povo. Provas não faltam, a começar por Temer e Aécio. Apenas o “foro privilegiado”, essa aberração feudal, impede que a Justiça comum – a Justiça a que respondem os brasileiros – possa condená-los pelos seus crimes. O julgamento dessa questão, já definido, mas pa- ralisado há quatro meses, por obstrução de Toffoli, ex-advo- gado de Lula que este nomeou para o STF, tem que ser pau- tado e concluído. Página 3 11 e 12 de Abril de 2018 ANO XXVIII - Nº 3.622 Ex-presidentes de cinco países já foram presos por corrupção da Odebrecht Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL Ciro: Eu não sou puxadinho do PT O pré-candidato a presiden- te pelo PDT, ex-ministro Ciro Gomes, rebateu críticas de não ter participado de um ato político em apoio ao ex-presi- dente Lula, no Rio de Janeiro. “Não sou puxadinho do PT e não serei jamais”. “Eles que façam dessa história o que quiserem fazer”, disse. P. 3 Greve na França: ferroviários têm 75% de adesão Os ferroviários france- ses entraram nesta segun- da-feira na segunda jorna- da de greves em protesto contra a privatização e o corte de benefícios de pensão e aposentadoria do governo Macron. P. 7 “Os mais ricos não têm sido responsabilizados criminal- mente pelos crimes de corrup- ção, e os mais pobres continu- am à margem da proteção da lei quando se trata de direitos fundamentais”, afirmou a Pro- Dodge: Só os ricos e os poderosos conseguem recorrer ao Supremo curadora-Geral da República, Raquel Dodge. Segundo ela, a Justiça costuma atingir muito rapidamente os que não podem pagar por advogados, “em ge- ral pessoas pobres, presas em flagrante. Pág. 2 Após ter três dutos de esco- amento irregular de rejeitos de bauxita encontrados em vistoria do Ministério Público Após envenenar igarapés no PA, Hydro diz que não assina “ajuste de conduta” porque “não poluiu” Federal, a norueguesa Hydro Alunorte disse que não vai as- sinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Pág. 4 O juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou denúncia de organi- zação criminosa contra nove pessoas, entre elas integran- tes do PMDB e dois membros do bando muito próximos de Amigos de Temer viram réus por organização criminosa Michel Temer, o coronel João Baptista de Lima Filho - pes- soa que esconde sob seu nome uma fazenda de Temer em São Paulo - e o advogado José Yunes. O magistrado aceitou a denúncia integralmente con- tra todos os denunciados. P. 3 Juiz aceita denúncia contra Yunes e coronel Lima Ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, preso O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, está pre- so, acusado de receber pro- pinas para entregar obras à Odebrecht. Na mesma condição, ou presos ou com prisão decretada, estão cinco ex-presidentes e um vice-presidente, atingindo o Peru, Panamá, El Salva- dor, Equador e mais recen- temente o Brasil. Pág. 6 O Palácio do Planalto con- firmou que o ministro da Se- cretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, que só não está preso porque conseguiu o foro privilegiado, assumirá o Ministério de Minas e Energia, o ministé- rio que trata, entre outras riquezas, da energia elétrica e do petróleo brasileiro. Sua missão à frente da pasta será avançar na entrega do patri- mônio público, como a priva- tização da Eletrobrás - que encontra forte resistência, inclusive na base do próprio governo Temer - e o pré-sal, ao capital estrangeiro em troca de propina. Moreira Franco é o conhecido “Angorá” nas pla- nilhas da Odebrecht. Pág. 2 AFP Fabio Rodrigues Pozzebom - ABr AFP

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Assalto à Petrobrás levou Lula à prisão

Rússia: “ataque químico” na Síria foi uma fraudePág. 7

Ao invés de ir para cadeia, Angorá vai assumir Ministério das Minas

Agora, é acabar com foro privilegiado parapegar demais ladrões

Na fila, Aécio, Temer, Jucá, Renan, Moreira, Padilha, Lobão, Collor

epois da prisão de Lula, é preciso levar para o mesmo lugar, para fazer-lhe companhia, os outros ladrões que se cevaram com o dinheiro do povo. Provas não faltam, a

começar por Temer e Aécio. Apenas o “foro privilegiado”, essa aberração feudal, impede

que a Justiça comum – a Justiça a que respondem os brasileiros – possa condená-los pelos seus crimes. O julgamento dessa questão, já definido, mas pa-ralisado há quatro meses, por obstrução de Toffoli, ex-advo-gado de Lula que este nomeou para o STF, tem que ser pau-tado e concluído. Página 3

11 e 12 de Abril de 2018ANO XXVIII - Nº 3.622

Ex-presidentes de cinco países já foram presos por corrupçãoda Odebrecht

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

Ciro: Eu não sou puxadinho do PT

O pré-candidato a presiden-te pelo PDT, ex-ministro Ciro Gomes, rebateu críticas de não ter participado de um ato político em apoio ao ex-presi-dente Lula, no Rio de Janeiro. “Não sou puxadinho do PT e não serei jamais”. “Eles que façam dessa história o que quiserem fazer”, disse. P. 3

Greve na França: ferroviários têm 75% de adesãoOs ferroviários france-

ses entraram nesta segun-da-feira na segunda jorna-da de greves em protesto

contra a privatização e o corte de benefícios de pensão e aposentadoria do governo Macron. P. 7

“Os mais ricos não têm sido responsabilizados criminal-mente pelos crimes de corrup-ção, e os mais pobres continu-am à margem da proteção da lei quando se trata de direitos fundamentais”, afirmou a Pro-

Dodge: Só os ricos e os poderosos conseguem recorrer ao Supremo

curadora-Geral da República, Raquel Dodge. Segundo ela, a Justiça costuma atingir muito rapidamente os que não podem pagar por advogados, “em ge-ral pessoas pobres, presas em flagrante. Pág. 2

Após ter três dutos de esco-amento irregular de rejeitos de bauxita encontrados em vistoria do Ministério Público

Após envenenar igarapés no PA, Hydro diz que não assina “ajuste de conduta” porque “não poluiu”

Federal, a norueguesa Hydro Alunorte disse que não vai as-sinar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Pág. 4

O juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou denúncia de organi-zação criminosa contra nove pessoas, entre elas integran-tes do PMDB e dois membros do bando muito próximos de

Amigos de Temer viram réuspor organização criminosa

Michel Temer, o coronel João Baptista de Lima Filho - pes-soa que esconde sob seu nome uma fazenda de Temer em São Paulo - e o advogado José Yunes. O magistrado aceitou a denúncia integralmente con-tra todos os denunciados. P. 3

Juiz aceita denúncia contra Yunes e coronel Lima

Ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, preso

O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, está pre-so, acusado de receber pro-pinas para entregar obras à Odebrecht. Na mesma condição, ou presos ou com prisão decretada, estão cinco ex-presidentes e um vice-presidente, atingindo o Peru, Panamá, El Salva-dor, Equador e mais recen-temente o Brasil. Pág. 6

O Palácio do Planalto con-firmou que o ministro da Se-cretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, que só não está preso porque conseguiu o foro privilegiado, assumirá o Ministério de Minas e Energia, o ministé-rio que trata, entre outras riquezas, da energia elétrica e do petróleo brasileiro. Sua

missão à frente da pasta será avançar na entrega do patri-mônio público, como a priva-tização da Eletrobrás - que encontra forte resistência, inclusive na base do próprio governo Temer - e o pré-sal, ao capital estrangeiro em troca de propina. Moreira Franco é o conhecido “Angorá” nas pla-nilhas da Odebrecht. Pág. 2

AFP

Fabio Rodrigues Pozzebom - ABr

AFP

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Quase MEIO TRILHÃO de Reais para Bancos!

Esse foi o custo da remuneração da sobra de caixa dos bancos nos últimos 4 anos (2014 a 2017), conforme balanços publicados pelo Banco Central.

Essa benesse de quase meio trilhão de reais tem sido feita de forma ilegal e abu-siva por meio de “Operações Compromis-sadas” realizadas pelo Banco Central com os bancos e funciona da seguinte forma: os bancos entregam sua sobra de caixa ao Banco Central e este entrega títulos da dívida pública aos bancos. Na medida em que os bancos detêm os títulos, eles passam a ter o direito de receber remuneração por isso. O Banco Central não pode utilizar esse dinheiro para nada, porque assume o compromisso de devolve-lo aos bancos no momento em que eles pedirem de volta. Essa operação pode durar 1 dia ou anos, o seu volume ultrapassa R$ 1,14 TRILHÃO, e custou nada menos que R$449 bilhões no período de 2014 a 2017, ou seja quase meio trilhão de reais!

As “Operações Compromissadas” exis-tem para controlar o volume de moeda na economia, mas o seu uso distorcido (que vem esterilizando volume de recursos equivalente a quase 20% do PIB e ainda gera despesa diária com a sua remune-ração com base nos juros mais elevados do Planeta) tem provocado escassez de moeda na economia, empurrando os juros de mercado para patamares indecentes, impedindo o financiamento de atividades produtivas geradoras de emprego e renda e empurrando o Brasil para essa crise financeira fabricada.

O PL 9.248/2017 visa legalizar essa remuneração da sobra de caixa dos bancos por meio da criação de “Depósito Volun-tário Remunerado”, de tal forma que os bancos irão depositar sua sobra no Banco Central e este continuará remunerando diariamente. Qual é a justificativa para tal remuneração bilionária aos bancos? Temos dinheiro sobrando para isso, enquanto faltam recursos para manter as univer-sidades, os institutos federais, hospitais e demais necessidades fundamentais do nosso povo? Além do PL 9.248/2017, a cria-ção de “Depósito Voluntário Remunerado” está sendoembutida também no projeto de “Autonomia do Banco Central”, que o pre-sidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (alvo de pelo menos 3 investigações de corrupção) anunciou que será levado diretamente ao Plenário dia 10/04/2018, sem passar pelas comissões temáticas da Câmara.

Exigimos que os(as) Parlamentares se pronunciem sobre essa tentativa de legali-zação dessa abusiva remuneração da sobra de caixa dos bancos que custou quase meio trilhão de reais à Nação nos últimos 4 anos!

Reproduzido da Auditoria Cidadã da Dívida, coordenado pela auditora fiscal Maria Lucia Fattorelli

2 POLÍTICA/ECONOMIA 11 E 12 DE ABRIL DE 2018HP

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Prioridade de Moreira Franco é tentar entregar a Eletrobrás

O atual Ministro de Minas e Energia continua sob a proteção de Temer com foro privilegiado para fugir da Lava Jato

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ACM Neto desiste de disputar governo da Bahia

Ministro pediu desculpa ao cartel por ter que tirar área do pré-sal do 15º leilão

O Palácio do Planal-to confirmou neste domingo (8) que o ministro da Secre-

taria-Geral da Presidên-cia da República, Moreira Franco, que só não está preso porque conseguiu o foro privilegiado, assumi-rá o Ministério de Minas e Energia, ministério que trata, entre outras rique-zas, da energia elétrica e do pré-sal brasileiro. Sua missão à frente da pasta, responsável será avançar na entrega do patrimônio público brasileiro ao capital estrangeiro em troca de propina.

A prioridade do entre-guista, que substitui Fer-nando Coelho Filho, será a privatização da Eletrobrás. O projeto com as regras do leilão da estatal está em análise em uma comissão especial da Câmara dos De-putados, mas enfrenta uma forte resistência dentro da própria base aliada do governo do presidente Mi-chel Temer. Já há inclusive uma Frente Parlamentar contra a privatização da Eletrobrás.

Ex-ministro das secre-tarias de Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos no governo Dilma Rousseff, onde já comandava um pro-cesso de privatizações, Mo-reira Franco tornou-se um dos principais cúmplices de Temer nas negociatas leva-das à cabo pela quadrilha do PMDB que se apossou do Planalto. Para facilitar a criminosa entrega do patri-mônio público, Moreira foi nomeado por Temer chefe da Secretaria-Executiva do “Programa de Parceria de Investimentos”.

ANGORÁEm setembro do ano

passado, Moreira Franco foi denunciado pelo então procurador-geral da Re-pública, Rodrigo Janot,

pelo crime de organização criminosa. A denúncia, que também envolvia Temer, foi bloqueada pela Câmara dos Deputados em outubro do ano passado.

O executivo Claudio Melo Filho, ligado à em-preiteira Odebrecht, afir-mou à Procuradoria-Geral da República que o ex-mi-nistro Moreira Franco (Se-cretaria de Aviação Civil/Governo Dilma) recebeu R$ 3 milhões em propina em 2014. Nas planilhas da Odebrecht, Moreira Franco é vulgo “Angorá”. Em tro-ca, Moreira Franco cance-lou plano para construção de um terceiro aeroporto internacional de São Paulo, no município de Caieiras, próximo a Guarulhos.

Quando Temer recriou a Secretaria-Geral da Pre-sidência, com status de ministério, e nomeou Mo-reira para a função, em fe-vereiro de 2017, foi alvo de críticas de adversários que afirmavam que a medida foi tomada para conferir foro privilegiado a Moreira Franco, que já era citado em delações.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu junto ao Supre-mo Tribunal Federal que é ilegal a Medida Provisória que assegurou status de ministro ao titular da Se-cretaria-Geral da Presidên-cia da República, Moreira Franco. A posição já tinha sido manifestada pelo ante-cessor, Rodrigo Janot.

A medida provisória foi sancionada em novembro pelo presidente Michel Temer. Posteriormente convertida em lei, a MP reestruturou os ministérios do governo e garantiu a Moreira Franco a condição de ministro. Com isso, ele ganhou foro privilegiado, isto é, a prerrogativa de ser julgado somente pelo Supremo Tribunal Federal.

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM/BA), desistiu de se candidatar ao governo da Bahia. Ele anunciou a decisão na sexta-feira (6), durante a inauguração da comuni-dade Zeferina, no subúr-bio ferroviário da capital baiana.

“Nós temos um grupo

político extremamente forte que terá um candi-dato a governador. Neste momento, a minha missão é continuar na prefeitura e dar seguimento a um tra-balho que começamos em janeiro de 2013”, afirmou.

Neto vinha dando sinais de que poderia não deixar a Prefeitura de Salvador.

Maria Lucia Fattorelli:Em 4 anos, BC transferiu a bancos meio trilhão só em ‘Operações Compromissadas’

Sua gestão tem mais de 70% de aprovação. Ele temia não se eleger para o Executivo Estadual na disputa com o atual gover-nador, Rui Costa (PT).

A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país tendo 10 milhões de eleitores. O estado é gover-nado pelo PT desde 2007.

“Os mais pobres continuam à margem da proteção da lei”, afirma procuradora-geral

“Ela [a Justiça] costuma atingir muito rapidamente para os que não podem pa-gar por advogados, em geral pessoas pobres, presas em flagrante e que ficam en-carceradas por longos anos. Todavia, a Justiça atinge, quando atinge, muito lenta-mente os que têm recursos financeiros para manter um processo aberto e interpor sucessivos recursos, que impedem uma condenação definitiva, ou (impedem) a pena de ser cumprida”, ava-liou a Procuradora- Geral da República, Raquel Dodge.

Em palestra para alunos das universidades de Har-vard e MIT, nos Estados Unidos, no sábado, Dodge não fez qualquer menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na mesma hora discursava para apoia-dores em São Bernardo do Campo, depois de recorrer várias vezes ao STF para ten-tar barrar sua prisão. Depois do discurso, Lula se entregou à Polícia Federal.

Mas a procuradora-geral falou muito sobre a crimi-nalidade entre políticos. “Os mais ricos não têm sido res-ponsabilizados criminalmen-te pelos crimes de corrupção,

e os mais pobres continuam à margem da proteção da lei quando se trata de direitos fundamentais”.

A conclusão, segundo Do-dge, é “que prendemos mui-to, mas prendemos mal”. “A maioria são jovens presos por furtos, por tráfico de peque-nas quantidades de droga. No entanto, autores de crimes de colarinho branco, os que furtam elevada quantidade de recursos públicos, ou estão soltos, muitos sequer foram investigados e punidos.” “s donos dos negócios de tráfico de armas, drogas e munição também não estão presos”, prosseguiu.

A procuradora-geral foi além e sugeriu que a impuni-dade de poderosos – empre-sários e políticos – contribui para a desigualdade social no país, já que verbas desviadas de serviços públicos não chegam até a população. Os brasileiros teriam demorado a acordar para essa situação, segundo Dodge.

“As pessoas apropriavam-se de bens públicos, utiliza-vam helicópteros públicos para fins privados, permi-tiam construção de obras públicas em obras privadas, uso de servidores públicos

para prestar serviços priva-dos, permitiam e toleravam a corrupção de verbas públi-cas”, afirmou.

“Isso (vinha) impedindo a prestação de serviços para a população. Saúde, educação, transportes contam há muitos anos com orçamento público elevado, mas nunca tivemos atitudes incisivas para cobrar que fossem efetivamente uti-lizados”. Para Dodge, no en-tanto, “a (operação) Lava Jato, o (julgamento do) mensalão e algumas poucas novidades têm mudado esse quadro”.

Procuradora da República

O ex-diretor da Dersa, estatal rodoviária paulista, Paulo Vieira de Souza – co-nhecido como “Paulo Preto” – foi preso nesta sexta-feira, na capital paulista, por or-dem da juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato, “Paulo Preto”, entre 2009 e 2011, se apropriou de R$ 7,7 milhões, que estavam “des-tinados ao reassentamento de pessoas desalojadas” pelo trecho sul do Rodoanel, pelo prolongamento da avenida Jacu Pêssego e pela constru-ção da Nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.

A Procuradoria da Repú-blica denunciou o ex-diretor da Dersa à Justiça Federal por formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.

As investigações localiza-ram quatro contas de “Paulo Preto” na Suíça, onde esta-vam o equivalente a R$ 113 milhões. Essas contas foram abertas em 2007, por meio de uma offshore no Panamá. Em fevereiro de 2017, o di-nheiro foi transferido para um banco nas Bahamas.

Também foram denun-ciados dois ex-funcioná-rios da Dersa, José Geraldo Casas Vilella, ex-chefe do departamento de assenta-mento, e Márcia Ferreira Gomes, além da filha de “Paulo Preto”, a psicana-lista Tatiana Arana Souza Cremonini.

“Ao todo, quase 1800 pessoas foram inseridas in-devidamente nos programas de reassentamento das três grandes obras”, afirma a Procuradoria. Entre essas pessoas, havia seis empre-

gadas da família de Paulo Preto, três babás e duas domésticas de sua filha Ta-tiana, e uma funcionária da empresa do seu genro.

Nenhuma dessas pessoas morava nos locais em que as obras deslocaram mora-dores.

Não era, porém, para beneficiar pessoas humil-des que o esquema existia. A maior parte do dinheiro era entregue ao esquema armado por “Paulo Preto”.

A funcionária Márcia Ferreira Gomes confes-sou que a quadrilha criou uma área onde não havia moradores, no traçado do Rodoanel Sul, numa região conhecida como Royal Park, que ela batizou de área 66, para inserir os CPFs das pessoas para as quais criou os cadastros fictícios de desalojados pelo empreen-dimento.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de “Paulo Preto” e conduziu o operador do PSDB o Cadeião de Pinhei-ros, na zona Oeste da capital de São Paulo.

Arqueólogo Walter Neves lançacandidatura a deputado federal

O professor titular da USP, Walter Neves, o maior nome brasileiro na área da antropologia Humana, lançou oficial-mente no sábado (07) sua candidatura a deputado federal pelo Partido Pá-tria Livre (PPL). Neves fará uma parceria com Mariana Moura, 36, que é doutoranda na USP e vai sair candidata a deputa-da estadual pelo mesmo partido.

No ato oficial de filiação ao partido, Walter Neves afirmou que, além de de-fender maior atenção das

autoridades com Ciência e Tecnologia, vai se dedi-car também a combater as desigualdades sociais. “O que me levou mesmo a aceitar o convite desse grupo de cientistas é o fato de que eu não consigo mais conviver com as desigual-dades sociais do Brasil”, afirmou. Além de Walter Neves, discursaram na solenidade, o professor Ildo Sauer, um dos ideali-zadores do movimento, e o presidente estadual do partido, Miguel Manso, que saudou a iniciativa dos pesquisadores.

Walter Neves defen-deu que outros partidos também lancem candida-tos da comunidade acadê-mica para o parlamento. “Seria bom que tivés-semos o que estou cha-mando de “a bancada do conhecimento”, afirmou. “Se fôssemos pelo menos meia dúzia de cientistas no parlamento, acho que a gente podia associar algumas pessoas que já estão no parlamento e tem uma formação inte-lectual, e criar uma ban-cada do conhecimento”, argumentou.

Walter Neves, terceiro da esquerda para a direita, ao lado de Mariana Moura

PF leva operador do PSDB para Cadeião de PinheirosD

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3POLÍTICA/ECONOMIA11 E 12 DE ABRIL DE 2018 HP

Foro privilegiado é impunidade dos corruptos e ladrões do povo

Depois de Lula, agora é derrubar o foro e ir para cima dos bandidos do governo e do Congresso investigados pela Lava Jato

Ciro: “eu não sou puxadinho do PT”

Aécio é um dos que se escondem atrás do foro para escapar da cadeia

Lula preso em Curitiba por roubar a Petrobrás

Dida Sampaio/EstadãoPré-candidato a presidente do PDT

Rede oficializa Marina Silva como candidata

Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo, filia-se ao PSB

Yunes e Lima, cúmplices de Temer, viram réus

Divulgação

João Goulart Filho recebe apoio do movimentoda acessibilidade à candidatura a presidente

O pré-candidato a presidente pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes, disse na segunda--feira (9) que “vai tentar” não fazer comen-tários sobre a prisão do ex-presidente Lula “para não animar aí uma opinião de sangue quente que às vezes não é o melhor conse-lheiro”. Sobre sua ausência no ato em defesa de Lula em São Bernardo, ao ser questionado pela reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, que isso inviabiliza o apoio do PT à sua can-didatura, o ex-ministro respondeu: “pois é”.

Já na semana passada, Ciro rebateu críti-cas de não ter participado de um ato político em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira passada no Rio de Janeiro. “Não sou puxadinho do PT e não serei jamais. Nos últimos 16 anos eu apoiei o Lula sem faltar um dia. Eles que façam dessa história o que eles quiserem fazer”, disse. Ele defendeu sua candidatura a presidente da República e apontou que é preciso “desratizar” o país, numa referência ao fim da impunidade de atos de corrupção no setor público.

Perguntado por jornalistas se poderia ser o candidato apoiado pelo PT nas eleições presidenciais deste ano, Ciro avaliou que não é provável, porque a natureza do Partido dos Trabalhadores é de ter sempre um represen-tante da legenda para o pleito. As informações foram dadas pelo Estadão Conteúdo.

Para Ciro, é preciso resgatar a serenidade na política e o diálogo a fim de acabar com a polarização nacional nesta área. “As insti-tuições brasileiras já estão em frangalhos. Há um quadro generalizado de anarquia no País, que se caracteriza por votações exóticas do Judiciário, por opiniões absolutamente ilegais e arbitrárias de comandantes das Forças Armadas e a desobediência de parte dos políticos da lei e das regras”, apontou.

Em nota sobre a prisão de Lula, Ciro diz não conseguir ver justiça na situação e cobra a prisão de “intocados notórios corruptos do PSDB”. “Parte importante do país na qual me incluo, não consegue ver justiça, muito menos equilíbrio em um providência tão amarga, enquanto remanescem intocados notórios cor-ruptos do PSDB”, escreveu o presidenciável.

Ciro disse que acompanhava “com muita tristeza” o que estava acontecendo com seu amigo Lula. “Por mim, e por muitos brasi-leiros, especialmente os mais pobres, por quem ele tanto fez. Espero que os próximos recursos possam prontamente quanto pos-sível estabelecer sua liberdade”, afirmou.

Lula entregou-se à Po-lícia Federal e foi condu-zido a Curitiba, na noite de sábado, para iniciar o cumprimento da pena de 12 anos e um mês, a que foi condenado, no caso do triplex de Guarujá.

Não há como classifi-car de outra forma o que foi tentado nessas últi-mas horas, senão como uma encenação – por sinal, a cada momento mais isolada.

Quando o treinador Vanderlei Luxemburgo – de brilhante gestão na Se-leção brasileira – é saudado como grande apoio, temos um retrato da amplitude do que foi visto, esses dois dias, em São Bernardo.

Mas, em que consistiu a encenação?

Lula foi condenado por roubo: por corrupção passiva e lavagem de di-nheiro ilícito.

Não foi por nenhum ato heroico, nem por lu-tar pelo Brasil, nem por encarnar o sentimento de nosso povo, muito menos por ser um combatente da humanidade.

Pelo contrário, Lula foi condenado por roubar dinheiro do povo.

Foi provado, em dois julgamentos, na 13ª Vara Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Fede-ral da 4ª Região (TRF-4), que o triplex de Guarujá era parte da propina que a empreiteira OAS pas-sou a Lula, em troca da participação no cartel que saqueava a Petrobrás.

Todo o processo foi pú-blico, nas duas instâncias, com vídeos à disposição da população do Brasil – e do mundo.

No entanto, Lula se acha um injustiçado, como se o roubo fizesse parte da política, como se, porque outros roubaram e não fo-ram punidos, ele também tivesse esse direito.

A questão é, exata-mente, se alguém tem esse direito – ou se roubar o povo é crime, que deve ser punido com a cadeia.

Ou, formulando de outra forma, se ladrões devem ser tratados como heróis: esse é o conteúdo da encenação. Pois foi isso o que Lula e seus asseclas tentaram nesses dias – em boa parte, para consumo externo.

Em relação a seus acu-sadores, não por acaso,

Lula se concentrou em atacar o mais tolo deles – pois até do lado certo existem tolos. Assim é mais fácil.

Porém, a nota da Asso-ciação Nacional dos Procu-radores da República está correta quando afirma: “Em uma clara estraté-gia que busca inverter os papéis, Lula, no momento em que é chamado a res-ponder e cumprir pena por crimes graves pelos quais foi condenado após ampla defesa e devido processo legal, ataca uma vez mais o Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal e seus agentes, tentando vender-se como um perse-guido, o que nunca foi. O ex-presidente Lula teve e tem acesso a todos os meios de defesa e de contestação, que usou e está amplamente usan-do, e se, ainda assim, foi considerado culpa-do por duas instâncias da Justiça, é porque se impuseram a força das provas contra si – provas coletadas e apresentadas pela Força-Tarefa Lava Jato de Curitiba”.

Ler mais em www.horadopovo.org.br (C.L)

A Rede Sustentabili-dade lançou oficialmen-te, no último sábado (7), a pré-candidatura da ex-senadora e ex--ministra Marina Silva à Presidência da Repú-blica. A pré-candidata, que teve seu nome apro-vado por aclamação no congresso do partido, destacou a importância de disputar as eleições em um momento tão delicado como o atual.

Marina lembrou que é a terceira vez que se coloca como candidata à Presidência e que o momento político do Brasil torna sua deci-são necessária.

“Nunca foi tão ne-cessária a decisão de estar aqui hoje, pelo momento que estamos vivendo. Momento que não é de celebração, mas de tristeza por um lado. Um ex-presidente da

República, que poderia estar apto para fazer o que quisesse na política, estar sendo interditado pela Justiça por erros que cometeu”, disse.

Ela também co-mentou sobre a pri-são do ex-presidente Lula, avaliando que, a partir de agora, o país pode começar a ter esperança de que a “lei será igualmente para todos”. “Que não se permita mais que os Renans, os Aécios, os Padilhas e os Temers fiquem impunes sob o manto do foro privi-legiado. Não podemos ter uma Justiça que tenha dois pesos e duas medidas”, disse.

Ainda não há defi-nições sobre chapa e coligações, que serão feitas na convenção partidária prevista para o final de julho.

O ex-presidente do Supremo Tribunal Fe-deral (STF), Joaquim Barbosa, assinou fi-cha de filiação ao PSB na noite de sexta-feira (6), em São Paulo. O presidente do parti-do, Carlos Siqueira, comemorou a filiação do ministro. “Joaquim Barbosa é um homem público honrado, de trajetória admirável, que vem reforçar e qualificar os quadros do partido. É uma satisfação contar com o ministro no PSB neste momento tão desafiador do nosso país”, afirmou.

Siqueira ressaltou a atuação de Barbosa à frente da Suprema Corte. “Ele deixou sua marca pessoal de firmeza e indepen-

dência, e, ao colocar em discussão na corte pautas progressistas contribuiu para um significativo avanço ci-vilizatório da socieda-de brasileira”, disse.

Ministro do STF de 2003 a 2014, Barbosa foi presidente da corte entre 2012 e 2014 e desempenhou papel de destaque no julgamen-to da Ação Penal 470. Em sua longa carreira pública, antes de che-gar ao Supremo, atuou quase 20 anos como procurador do Minis-tério Público Federal. Natural de Paracatu (MG), Barbosa mudou--se para Brasília nos anos de 1970, concluiu os estudos secundários e ingressou no curso de Direito da Universida-de de Brasília.

“O nosso Partido Pá-tria Livre (PPL) tem dentro de si um grande compromisso com a defe-sa dos direitos humanos. Num país como o nosso, em que um quarto da população padece de al-gum tipo de deficiência, nós representarmos vo-cês nesse momento tão difícil da vida nacional é uma honra para to-dos nós”, afirmou o ex--deputado João Goulart Filho, no ato, realizado em São Paulo neste do-mingo (08), em que o pré-candidato a presi-dente pelo PPL recebeu o apoio do PAIS (Partido da Acessibilidade e da Inclusão Social).

Depois de dizer que o PPL é um partido de resgate das tradições de inclusão social e dos di-reitos sociais, Janguinho, como é chamado o pré--candidato do PPL, disse que pretende incluir em seu programa de governo as principais aspirações do movimento por mais acessibilidade e inclusão. Ele defendeu também a

mudança do modelo eco-nômico “que tantos ma-les tem feito ao Brasil”. “Temos o compromisso de mudar os rumos de nossa Pátria”, destacou.

“Temos que fazer as reformas que não foram feitas, a reforma agrária, a reforma urbana, a re-forma tributária. Temos que limitar a remessa de lucros da empresas mul-tinacionais. Essas em-presas que muitas vezes ficam devendo multas enormes em nosso país, ao nosso povo, e conti-nuam remetendo cinco, seis vezes mais para o

exterior”, denunciou.“Vejam os casos das

teles que operam hoje aqui depois que a Em-bratel foi criminosamen-te vendida no governo Fernando Henrique, nós ficamos com quatro teles, uma espanhola, uma italiana, uma mexicana e uma francesa reme-tendo lucros nos últimos quatro anos de R$ 35 bilhões. No mínimo, eles tinham que pagar as multas antes de reme-ter esse lucro pra fora”, prosseguiu.

Ler mais em www.horadopovo.org.br

Candidato a presidente da República do PPL

Amanda Pinson/Sindvestuário

O juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou denúncia de organização criminosa contra nove pessoas, entre elas integrantes do PMDB e dois membros do bando próximo de Michel Temer, o coronel João Baptista de Lima Filho e o advogado José Yunes. O magistrado aceitou a denúncia inte-gralmente contra todos os denunciados.

Depois que Temer su-bornou deputados para engavetar a investigação de seus crimes e a Câmara barrou o prosseguimento da ação contra a quadrilha, o inquérito foi remetido à Justiça Federal no DF para que os envolvidos que não possuíam foro privilegiado fossem processados ne pri-meira instância. No último dia 21, a Procuradoria da República no DF ratificou

a denúncia e fez um adi-tamento, acrescentando cinco novos acusados ao caso, entre eles Yunes e Lima. Também são acu-sados os operadores Lúcio Funaro, Altair Alves Pinto e Sidney Szabo, apontados como capangas de Cunha no esquema criminoso.

O “quadr i lhão do PMDB”, como ficou co-nhecido o bando chefiado por Temer, foi denunciado originalmente em setem-bro do ano passado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Faziam parte os crimino-sos Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN), além do ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA) e do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PR), o ho-mem da mala de propina.

José Yunes era homem de total confiança de Temer e tinha uma sala ao lado do

presidente no Palácio do Planalto. Yunes admitiu que recebeu um pacote da Odebrecht, a pedido do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Segundo as investigações, tratava-se de propina acertada com Temer e seus cúmplices em 2014, no Palácio do Jaburu.

A acusação ao coronel se baseia nos depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS. Segundo as colaborações, a pedido de Temer, a empresa entregou R$ 1 milhão ao coronel Lima. Os recursos seriam para uso em campanha, mas o presidente teria fi-cado com o dinheiro para proveito pessoal. Os exe-cutivos da JBS também revelaram que a Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos, foi beneficiada por Temer com a edição de um decreto. Essa investiga-ção corre no STF.

A prisão de Lula, após a encenação do final da se-mana passada, é um im-portante divisor de águas

em uma questão decisiva: não importa quem seja o criminoso - Lula foi condenado por assaltar a Petrobrás, isto é, por receber propina de uma empreiteira que achacava a estatal - a lei é a mes-ma para todos. E o que a lei diz, assim como as mais elementares normas de convivência social, é que roubar é errado, que roubar é crime - mais ainda quando o roubo é ao dinheiro e à proprie-dade do povo. Mais ainda quando quem o comete é um indivíduo em quem a população depositou a sua confiança.

Há quem prefira se iludir sobre as razões que levaram Lula a ser preso - e não existe como curar uma toxicomania, se o sujeito prefere ser viciado. Mas as ilusões não mudam a realidade: Lula foi preso porque roubou. Não foi por outra razão.

No entanto, seria injusto que somente Lula, Cunha, Geddel, Argello, Vaccari e alguns outros (há, no momento, 77 condena-dos em segunda instância, na Lava Jato) sejam processados, julgados e presos. Se o direito do criminoso é a pena, a prisão não pode ser um privilégio de apenas alguns ladrões...

PRIVILÉGIOLogo, o próximo passo para

colocar na cadeia os corruptos que cevaram suas contas e pa-trimônio com dinheiro público, é acabar com o famigerado “foro privilegiado”.

É essa instituição feudal que impede, por exemplo, o senador Aécio Neves de ser processado e julgado pela Justiça comum. Não há falta de provas, somente esse privilégio impede Aécio de pagar por seus crimes, vistos até em rede nacional, pela televisão. Debaixo da mesma redoma, estão Temer, Moreira Franco, Romero Jucá, Collor, e, claro, Gleisi Hoffman e mais outros heróis petistas.

Em dezembro de 2002, após a eleição de Lula, o PT, PMDB e PSDB aprovaram no Congresso a extensão desse “foro privilegia-do” também aos ex-presidentes, ex-governadores e ex-prefeitos, algo que jamais existiu no país, pela simples razão de que o foro privilegiado é uma prerrogativa da função e não do indivíduo que exerce a função.

Por essa razão, o foro privi-legiado para ex-governantes foi derrubado pelo Supremo Tribu-nal Federal (STF), até porque já havia decisão sobre esse assunto desde 1962, em uma das sentenças mais famosas da História do Direito do Brasil, de autoria do legendário ministro Vitor Nunes Leal - que, depois, seria um dos ministros do STF aposentados compulsoriamente por não se dobrar à ditadura.

Mas, vejamos a situação de agora.

No Brasil, o presidente da República, os ministros, os senadores e os deputados não podem ser processados pela mesma Justiça a que responde qualquer cidadão - seus crimes somente podem ser investigados e julgados pelo Supremo Tribu-nal Federal (STF), “inclusive os praticados antes da in-vestidura no cargo e os que não guardam qualquer re-lação com o seu exercício”.

Qual o resultado disso?“... o prazo médio para re-

cebimento de uma denúncia pela Corte [STF] é de 581 dias. Um juiz de 1º grau a recebe em menos de uma semana. ( ) calcula-se que a média de tempo transcorrido desde a autuação de ações penais no STF até o seu trânsito em julgado seja de 1.377 dias. No limite, processos chegam a tramitar por mais de 10 anos. ( ) mesmo após longa tramitação, o resultado mais comum em ações penais e inquéritos perante o STF é a frustração. ( ) em 2 de cada 3 ações penais o mérito da acusa-ção sequer chega a ser avaliado pelo Supremo, em razão do declínio de competência (63,6% das decisões) ou da prescrição (4,7% das decisões). Também no caso dos inquéritos, quase

40% das decisões do STF são de declínio de competência ou de prescrição” (cf. STF, rel. L.R. Barroso, Ação Penal 937, p. 8).

É por isso que todos os cor-ruptos querem ser julgados pelo STF - a ponto de que Lula promoveu Meirelles a ministro, para fazê-lo escapar das acusa-ções no caso Banestado, processo que corria, em 2002 e 2003, na Vara de um juiz chamado Sérgio Moro. Do mesmo modo, Dilma tentou nomear Lula ministro, para que ele escapasse, com o foro privilegiado, do mesmo Moro, agora juiz nos processos da Operação Lava Jato.

Por essa razão - porque, no STF, o réu, com muito raras ex-ceções, escapa da Lei e da Justiça - o ministro Luís Roberto Barro-so propôs, no julgamento de uma ação penal contra um deputado federal, que o STF fizesse uma “interpretação restritiva” da Constituição, pela qual o “foro privilegiado” somente valeria para “os crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele”.

Isto reduziria os processos contra políticos no STF a 10% da quantidade atual - por exem-plo, todos os atos de corrupção perpetrados durante um man-dato não poderiam ser prote-gidos por foro privilegiado em outro mandato. Portanto, 90% dos processos iriam para o juiz Moro e seus colegas.

No dia 23 de novembro do ano passado, oito ministros do STF já haviam votado sobre a restrição do “foro privilegiado” - sete deles a favor da proposta do relator, ministro Barroso, e um deles, o ministro Alexandre de Moraes, a favor de uma res-trição mais leve.

A votação estava, portanto, definida - são 11 os ministros do STF -, quando o ministro Dias Toffoli, um ex-advogado de Lula, nomeado, sucessivamen-te, Advogado Geral da União e ministro do Supremo, “pediu vistas” do processo, impedindo o término da votação.

O pedido foi feito após uma reunião de Toffoli com Temer, quatro dias antes.

Qual o sentido de “pedir vis-tas”, numa situação em que a votação já estava definida?

O único sentido possível é, única e tão somente, impedir a proclamação do resultado.

No entanto, o recurso de “pedir vistas” não existe para isso - é uma forma de possibi-litar aos ministros do STF um estudo maior do processo. Mas não havia mais o que estudar no processo - e, mesmo que houves-se, não alteraria a votação em absolutamente nada.

Toffoli declarou, depois, que o objetivo do “pedido de vistas” foi para dar tempo aos políticos para que fizessem mudanças na Constituição.

ENGAVETAMENTOObviamente, nada foi feito no

Congresso. O projeto do senador Randolfe Rodrigues, aprovado no Senado, que mantém o foro privilegiado apenas para os presidentes de Poderes (presi-dentes da República, do Senado, da Câmara e do STF) nunca entrou na pauta da Câmara - e, nessa Câmara, chefiada pelo deputado Rodrigo Maia, jamais vai entrar. São investigados na Operação Lava Jato que man-dam na pauta da atual Câmara.

Em suma, para usar uma expressão comum, inclusive no meio jurídico, Toffoli levou o processo para casa, impedindo a conclusão da votação, e ficou quatro meses com ele. Somente no último dia 27 de março - de-pois que os ministros Barroso e Marco Aurélio ameaçaram considerar como encerrada a votação de novembro e enviar processos de deputados para a primeira instância - Toffoli devolveu o processo.

A data em que Toffoli de-volveu o processo impediu que a presidente do STF, Cármen Lúcia, pautasse a continuação do julgamento para abril.

Mas, claro, isso pode ser feito para maio.

CARLOS LOPES

Page 4: Assalto à Petrobrás levou Lula à prisão Agora, é acabar ...§ão-3.622... · denúncia integralmente con-tra todos os denunciados. P. 3 Juiz aceita denúncia contra Yunes e coronel

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 11 E 12 DE ABRIL DE 2018

Justiça mantém prisão de 142 milicianos no Rio de JaneiroA Justiça decretou, nes-

ta segunda-feira (9), a prisão preventiva dos 142 milicianos detidos

na operação realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Os suspeitos foram encaminhados para o Comple-xo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Entre os presos há três militares do Exército, um da Aeronáutica, e um bombeiro.

A Polícia Civil do Rio pren-deu na madrugada de sábado (7) 149 pessoas – incluindo sete menores apreendidos – por suspeita de participação no maior grupo de milicianos do estado fluminense.

A operação organizada pela PC aconteceu em uma festa dos milicianos, em um sítio em Santa Cruz, zona oeste da cidade. A comemoração foi organizada pela Liga da Justiça, organização formada por policiais, ex-policiais e bombeiros, que atuam no Rio e em municípios da Baixada Fluminense e da Costa Verde.

Além da prisão dos 142, também foram apreendidos 13 fuzis, 15 pistolas e carros roubados na ação. “Esse é o mais duro golpe contra as milícias no estado e novas operações virão nos próximos dias”, disse o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.

A operação teve início por volta das 3h, quando policiais civis cercaram a região do sítio, que abrigava cerca de 400 pessoas. A festa contava com espaço VIP, copo perso-nalizado e uma série bandas de pagode.

No total, 40 policiais civis, do Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), da Divi-são de Homicídios e das De-legacias da região participa-ram da operação. Os policiais demoraram cerca de quatro horas para deixar o sítio. Lá, eles separaram milicianos de pessoas que pagaram o in-gresso para aproveitar a festa. Nenhuma mulher foi presa.

Segundo a polícia, os mi-licianos lançaram granadas durante o confronto, que du-rou meia hora. Quatro pessoas foram mortas, de acordo com a polícia eram os seguranças do milicianos.

A investigação teve iní-cio há mais de um ano na Delegacia de Homicídios da Baixada, que há oito meses cruzou os dados com a Dele-gacia de Campo Grande. De acordo com a polícia, o grupo de milicianos se associava a traficantes de várias loca-lidades da zona oeste e dos municípios vizinhos. Lá, eles permitiam a venda de drogas e o roubo de cargas na região mediante o pagamento de uma porcentagem.

A operação deste sábado foi bem sucedida, mas Wellin-ghton da Silva Braga, o Ecko, apontado pela polícia como chefe da milícia, conseguiu fugir durante a troca de tiros.

Na manhã desta segunda--feira, o Portal dos Procurados divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de R$ 2 mil por informações sobre o milicia-no Ecko. Contra ele há um man-dado de prisão por homicídio.

Ecko assumiu o comando da maior milícia do estado após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017. Segundo a polí-cia, ele usa cocaína, lucra com o tráfico de drogas, é violento, possui local de tortura e copta ex-traficantes para o grupo.

Segundo policiais, a Liga da Justiça atua com violência. Eles matam as pessoas que não querem pagar o “pedá-gio”. O domínio do território virou atividade lucrativa —com taxa de proteção contra crimes, venda de botijão de gás, sinal clandestino de TV a cabo e transporte alternativo.

As investigações revelaram que os milicianos, que já atu-am em vários bairros da Zona Oeste, estão se expandindo para a Baixada Fluminense. Ao que foi apontado pelas autoridades 11 municípios da região metropolitana do Rio, que representam dois milhões de pessoas vivendo sob o do-mínio de milícias. “Suas ações em nada diferem do tráfico de drogas. Eles matam por qual-quer razão. Se você resolveu não pagar uma taxa que eles acreditam que é devida, eles te executam”, disse Fábio Sal-vadoretti, delegado assistente da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

Lula, Lava Jato e a quebra de paradigmas

Mais de 5 mil pessoas estiveram na cerimônia de transmissão do cargo

Garotos que moravam em um conjunto habitacional foram mortos pelos milicianos com tiros na cabeça

Polícia prende suspeitos de executar jovens em Maricá

Instituto Ilumina questiona “falha humana” em apagão

Marcio França assume o governo de São Paulo

Membros da milícia participavam de uma festa da “Liga da Justiça”

A prisão de uma figura com a dimensão de Lula, como não poderia deixar de ser, mexe com todo o sistema político e com o quadro eleitoral que se descortina. Abala, em primeiro lugar, aos que o consideram o líder inconteste sobre o qual não podem pairar suspeitas nem desconfiança de qualquer espécie. Mas para os que acom-panham sem paixão o desenrolar dos fatos, era inevitável concluir que esse momento haveria de chegar.

Há muita gente comprometida com os esquemas da corrupção sistêmica que não sofreu a corretiva devida. Mas, por conta da Lava Jato, já foram levados à prisão figurões como Eduardo Cunha, Sergio Cabral, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, para citar alguns amigos do círculo íntimo de Michel Temer, além de agentes públicos e empresários de grande poder financeiro e influência. Mesmo não sendo a operação salvadora que vai acabar com os vícios arraigados nas engrenagens políticas e administrativas do país, a Lava Jato já fez muito em prol do saneamento da vida pública nacional. Sem ignorar a seletividade e as motivações políticas que caracterizaram algumas de suas ações, a Operação representa uma quebra de paradigmas na medida em que chegou a empreiteiros, diretores de estatais e políti-cos que nunca foram alcançados pela mão de um Judiciário que sempre foi pródigo em punir e encarcerar, muito antes das condenações em segunda instância, a população negra e pobre desprovida de defesa ou de orientação jurídica.

Outras investigações e operações ocorreram no passado sem que resultado algum tenha sido obtido. É o caso da Satiagraha, desencadeada em 2004, que resultou na prisão de políticos, doleiros, empresários e banqueiros (lembram de Daniel Dantas?), mas que foi anulada pelo STJ. Na mesma direção, a Operação Castelo de Areia investigou crimes finan-ceiros e lavagem de dinheiro praticada por empreiteiros em conluio com políticos de diversos partidos, mas que, assim como a Satiagraha, foi também anulada pelo STJ em 2011. Uma operação que, como disse o jornalista Elio Gaspari, era “uma versão menor da Lava Jato”.

A corrupção não é o maior problema do Brasil, é verdade. Mas ela contribui enor-memente para o sistema desigual e injusto que nos aprisiona, não importa se à frente do governo está o PSDB, o PT ou o PMDB. Com algumas doses de diferenciação, esses partidos governaram prestigiando os empreiteiros, banqueiros e ruralistas que sempre usaram o aparato estatal para se locupletar, bancando as campanhas milionárias para corromper, depois, todos aqueles que se mostraram domesticáveis. As mesmas alianças, os mesmos favores espúrios, os mesmos esquemas de corrup-ção e cooptação política que marcaram o “presidencialismo de coalizão” levado a cabo por gregos e troianos.

A condenação de Lula não vai acabar com a corrupção e a impunidade, como gos-tam de esbravejar os setores reacionários mais cínicos e insolentes. Mas para além de lamentar o viés seletivo do Judiciário, o PT e seus dirigentes deveriam fazer auto-crítica (uma palavra tão cara à esquerda), reconhecendo que se deixaram enredar pelos esquemas dominantes que serviram a seus próprios interesses e aos dos alia-dos nada confiáveis dos quais se fizeram cercar. Afinal, tão lamentável quanto a prisão de um homem com a trajetória de Lula é o fato de ele e seus companheiros terem feito escolhas que respondem, em última instância, pelas agruras por que hoje passam.

*Mamed Said é professor adjunto de Direito na Universidade de Brasília (UnB)

O Instituto Ilumina, questionou a justificativa apresentada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) para o apagão que deixou o país às escuras no último 21 de março.

Segundo o ONS, órgão do governo federal responsável sobre o sistema elétrico bra-sileiro, uma “falha humana” causou a interrupção do fornecimento da energia da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, o que gerou o blecaute no país.

De acordo com Luiz Edu-ardo Barata, diretor geral do órgão, houve erro na instalação do disjuntor, que não deveria “abrir” (deixar de conduzir energia).

“No disjuntor deveria ter apenas um alarme, não pre-cisa ter abertura, depois do alarme se reduz a geração na mão. Indevidamente, tinha uma ordem de abertura no valor indevido”, disse Ba-rata. “Alguém programou esse ajuste e o ajuste foi indevido”, reafirmou.

Para o Ilumina, colocar a culpa em um “técnico” é a saída fácil para justificar a lógica privatista. Segundo o instituto, o que existe é uma “fragmentação do sistema”.

A seguir, a Análise do Ilumina sobre o tema:

Para um desligamento da energia de mais da metade

Operação da Polícia Civil prendeu membros da milícia que atua na zona oeste da capital e na Baixada. “Esse é o mais duro golpe contra as milícias no

estado”, afirmou o delegado Rivaldo Barbosa

MAMEDE SAID*

Em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa do Estado, nesta sexta-feira (6), Marcio França (PSB) assumiu o go-verno de São Paulo após Geraldo Alckmin (PSDB) se afastar do cargo para dispu-tar a Presidência da República. França concorrerá ao cargo de governador nas eleições de outubro.

“É com muita honra que venho a esta tribuna para assumir o Governo de São Paulo. Sei que é uma grande tarefa e estou ciente da responsabilidade que isso impõe. O Estado é forte, soberano e um exemplo para o Brasil”, declarou.

Marcio França tomou posse na pre-sença do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, do vice-presidente Beto Albuquerque, do líder do PSB na Câmara, Julio Delgado, parlamentares, prefeitos, vereadores além de representantes de movimentos sociais.

“Acima de nós e dos nossos partidos está o povo de São Paulo, o povo brasilei-ro. Eles sim são os verdadeiros donos de tudo o que fazemos, das nossas decisões e do Estado. A eles serei sempre submisso”, destacou o governador.

França ressaltou que São Paulo tem uma “longa trajetória” de proporcionar “saídas importantes” para o país. “Estou convicto de que daqui saem as interme-diações ponderadas, que podem gerar estabilidade no Brasil”, afirmou.

Três suspeitos de terem assassinado os cinco jovens que voltavam de uma roda cultural em Maricá, na Re-gião dos Lagos, foram presos por policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), na manhã desta segunda-feira (9).

Segundo a Polícia Civil, os suspeitos fazem parte de um grupo de milicianos que vem cometendo diversos crimes há tempos na região. Foram detidos Jefferson Moraes Ra-mos, Flávio Ferreira Martins e João Paulo Firmino, apontado como o autor dos disparos.

Os agentes visitaram oito endereços em Maricá, em busca de seis acusados, nesta segunda-feira, além de man-dados de busca e apreensão. Os três foram presos em suas casas em Maricá, numa ação

Polícia C

ivil

Multinacional contesta laudo do IEC que aponta a contaminação dos igarapés

Norsk Hydro se nega a assinar TAC com o Ministério Público

Três dutos de escoa-mento irregular de rejeitos de bauxita, além do trans-bordamento da barragem, não foram suficientes para fazer a norueguesa Hydro Alunorte assinar o Ter-mo de Ajustamento de Conduta (TAC) para ações emergenciais com o Minis-tério Público Federal. A mineradora agora contesta o laudo do Instituto Evan-dro Chagas (IEC) e diz que não há provas de transbor-damento ou de impacto ambiental significativo em Barcarena/PA.

O TAC propunha me-didas de atendimento emergencial às comuni-dades atingidas, como fornecimento imediato de água e alimentação. Também previa medidas para garantir a segurança das barragens, para a pre-venção de novos acidentes, e a qualidade dos planos de ações emergenciais da empresa.

Mas, citando um estu-do interno e um relatório encomendado pela con-

sultoria ambiental SGW Services, a Hydro disse que não foi encontrada nenhu-ma evidência de transbor-damento em seus depósitos de bauxita ou de qualquer impacto ambiental signifi-cativo ou duradouro.

“Ambos os relatórios con-firmam nossas declarações anteriores de que não houve transbordamento das áreas de depósito de resíduos de bauxita, bem como nenhuma indicação ou evidência de con-taminação para comunidades locais próximas da Alunorte como resultado das fortes chuvas em fevereiro”, disse o CEO da Hydro, Svein Richard Brandtzaeg, em nota.

A empresa já havia admi-tido despejo de água com re-jeitos por dutos clandestinos na mata e em rios da região.

Já o governo norueguês, maior acionista da empre-sa, com 34,26% das ações, afirmou em comunicado do ministério da indústria e do comércio do país, que “os relatórios não têm indica-ções nem provas de que a Alunorte poluiu as comuni-

dades locais”. Após os comunicados,

ambos comemoraram a subida mais de 6% nas ações da Hydro.

A Hydro Alunorte está atualmente operando com cerca de 50 por cento da capacidade sob uma ordem judicial. O presidente da empresa Svein Richard Brandtzaeg, avalia que os dois relatórios ambientais a ajudarão a obter per-missão para retomar a produção total da fábrica.

IECEm nota, o IEC decla-

rou que desconsiderar as análises realizadas é desconsiderar o que acon-teceu em Barcarena e seus impactos na saúde am-biental e da população, e completou, “hoje nenhuma empresa conseguirá fazer as análises dos impactos ocorridos nos dias 17 e 18 de fevereiro de 2018 nas águas de Barcarena, porque a dinâmica hidro-gráfica e pluvial na região é intensa e o cenário está em constante modificação”.

em parceria com o Grupo Es-pecial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Minis-tério Público. Com eles foram apreendidos armas, drogas, dinheiro e carros roubados.

De acordo com a polícia, um dos PMs já havia sido preso na Operação Calabar, que em 2017 que culminou na prisão de 96 policiais militares sob acusação de corrupção.

Segundo o subchefe ope-racional da polícia, Gilberto Ribeiro, as investidas contra a milícia hoje são prioridade na Polícia Civil.

“Queremos deixar muito claro que a polícia civil hoje a prioridade é a dar fim ou pelo menos combater de forma enérgica todo tipo de crime organizado. Seja milícia, trá-fico de drogas ou colarinho branco”, disse.

do país com retorno após mais de 6 horas, a explica-ção é de que “alguém” fez um ajuste indevido num disjuntor.

Numa sociedade asso-berbada com tantas más notícias, a explicação serve. Qualquer coisa serve! Mas, se imaginássemos sermos um país que se preza, evidente-mente está tudo muito mal esclarecido.

O ILUMINA só tem a dizer o seguinte: Os modelos adotados no Brasil têm a característica de complicar coisas simples e encarecer o que deveria ser barato. Tudo parece muito complexo, mas essa “indústria” é do século passado. Tudo se resume a turbinas que giram trans-formando energia do movi-mento em energia elétrica transportadas por fios até os consumidores. A teoria física remonta ao século 19. Seu controle está baseado na observação da frequência da corrente transmitida. Quando energia em demasia é gerada, a frequência de 60 Hz sobe e uma redução pode ser feita quase de imediato. O inverso também ocorre. Se a frequência cai, mais geração é necessária. Apesar da sim-plificação, a essência é essa.

O Brasil, por caracterís-ticas exclusivas de sua geo-grafia, construiu um sistema

que integra todas as usinas num único sistema com grandes vantagens. Quanto mais coordenado, melhor. Mas, em nome da ideologia da privatização de tudo, essa coordenação que deveria ser rígida, vai sendo substituída pela fragmentação. Hoje te-mos vários donos de usinas e linhas com equipes distin-tas que, por força da física da eletricidade, têm que se encontrar nas subestações, os nós onde as linhas se encontram. Daí já é possível imaginar os conflitos que podem ocorrer.

Mas essa não é a única fragmentação da teoria ele-tromagnética de Maxwell! O ONS opera um sistema que não foi planejado por ele. As definições técnicas e seus respectivos custos são defi-nidos em tempo s diferentes da operação real. Para com-pletar, todas as contas dessa confusão são feitas por outro órgão. Nem o operador e nem o planejador. Mais órgãos….mais custos.

É possível fazer direito mesmo assim? É! Mas, como diz o presidente do ONS, “Se estivesse como o planejado você teria dois barramentos. Se o sistema estivesse com-pleto, não aconteceria”.

Portanto, fazemos mal e vamos consertando aos pou-cos. Mal e mais caro.

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5GERAL11 E 12 DE ABRIL DE 2018 HP

O Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), entidade composta por 22 confederações

nacionais de trabalhadores dos ramos público e privado, reali-zará no próximo dia 17, em São Paulo, um debate com as confe-derações filiadas para preparar a construção do Congresso Nacional dos Trabalhadores.

Com eixos na luta contra a implementação da reforma trabalhista de Temer e pela ga-rantia dos direitos trabalhistas assegurados pela Constituição Federal, o FST está buscando dar subsídios aos trabalhadores para que aprovem convenções coletivas de trabalho na sua forma anterior à aprovação da lei 13.467. O objetivo é que as discussões do Congresso forta-leçam a luta dos trabalhadores em suas categorias. “A ideia é definir as linhas de discussões para o Congresso. Nesse en-contro vamos saber das neces-sidades das entidades filiadas”, declarou ao HP o coordenador do FST, Artur Bueno de Ca-margo, também presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA).

De acordo com Bueno, o FST está organizando também um encontro nacional, no dia 24 de abril, para discutir as eleições, além de fortalecer o movimento “Basta!”, que apoiará candidatos alinhados com o pensamento progressis-ta. “O Basta! está consolidado. Precisamos agora é divulgá-lo cada vez mais. Essa plataforma será uma excelente ferramenta para conhecer os candidatos e saber de seus projetos. Tanto no encontro quanto no Con-gresso ele estará presente”, ressaltou Artur, afirmando o debate se dará em torno do combate à corrupção e o com-prometimento com as políticas de redução das desigualdades sociais. Além de combater o rentismo e a submissão das políticas públicas às imposições do mercado.

O Congresso deve ocorrer em Praia Grande, litoral Sul de São Paulo, no mês de agosto, quando “já saberemos quem serão os candidatos, pois as convenções partidárias já terão as chapas formadas”, explica o dirigente. E “precisamos eleger candidatos que estejam compro-metidos com a pauta da classe trabalhadora. Temos que ficar de olho nos deputados, para não votar em que foi contra os

trabalhadores, em quem foi a favor da reforma trabalhista”.

Artur informou que a po-sição do FST é totalmente contrária à reforma trabalhis-ta de Temer, salientando que “não é possível um cidadão ter condições de um trabalho digno com parcelamento de salários, trabalho intermitente, jornadas extensas, redução de salários, parcelamento de férias, e outros absurdos. Diziam que tudo isso iria gerar mais empregos, mas o que nós vimos até agora foi que não foi criado nenhum emprego formal, ao contrário, ele diminuiu”.

E é verdade. Em 2017 foram criados 1,8 milhão postos de tra-balho, todos no setor informal, enquanto foram perdidas 685 mil vagas com carteira. Nesse sentido vale ressaltar que além dos trabalhadores informais não terem os direitos garantidos na CLT (ainda que a reforma os tenha usurpado em grande parte), a renda média dos sem carteira e de pequenos empre-endedores é, em geral, metade da renda dos formais, de acordo com o último Cadastro Geral de Empregados e Desemprega-dos (Caged), do Ministério do Trabalho.

Artur contou que, dentre as ações do FST para barrar o avanço da reforma trabalhista, estão um abaixo assinado para constituir uma lei de iniciativa popular que revoga a lei 13.467. “Mas a verdade é que com esse Congresso que está aí, nem se todos os brasileiros assinarem, eles vão passar uma lei dessas por votação. Por isso é impor-tante que elejamos candidatos diferentes dos que estão aí, comprometidos com as pautas da classe trabalhadora, não podemos nos esconder nessas eleições. Vamos eleger um Con-gresso que nos ouça e assim enterrar essa lei horrível. Não vamos parar de lutar”, alertou o dirigente.

Lineu Neves Mazano, presi-dente da Federação dos Sindica-tos dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo e secretá-rio-geral da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil, ambas filiadas ao FST, ressalta que “temos um Congresso Na-cional com alto índice de parla-mentares vinculados ao capital e alheios a uma agenda social, trabalhista ou de políticas pú-blicas progressistas. Precisamos agir de forma organizada, ter força política e atuar dentro do processo eleitoral”, ressalta.

Anamatra e Engenheiros-SP em campanha contra ataque à CLT

Marcha Nacional em defesa do SUS reivindica fim da lei do teto que limita gastos com Saúde

Sindicatos afirmam em nota: “Para defender Lula, não contem conosco”

Artur Bueno, coordenador do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST)

Trabalhadores e re-presentantes de enti-dades que defendem a saúde pública partici-param, na manhã desta quinta-feira (5), da Mar-cha Nacional da Saúde, realizada em diversas capitais brasileiras para marcar a Semana da Saúde 2018 – movi-mento organizado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em defesa da saúde pública de qua-lidade e do SUS (Sistema Único de Saúde).

A Confederação Bra-sileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) é membro do CNS e esteve na Marcha realizada em São Paulo, denunciando a Emenda Constitucional 95/2016, que institui o conge-lamento dos gastos do governo por 20 anos, o que, atinge diretamente o financiamento do SUS.

O conteúdo da emenda prevê que todos os custos do governo não podem aumentar em nenhum centavo, salvo reajuste da inflação, por 20 anos, ainda que deixe as des-

pesas financeiras (nota-damente o pagamento de juros) livres para aumen-tar a gosto.

Se a situação do SUS já é preocupante com o nível de investimento que recebe atualmente, é bas-tante claro que sem que aumentem, a situação só vai piorar. “Repudiamos esse desmonte do SUS e o congelamento de verbas”, disse o conselheiro de Saúde e diretor da Cobap, José Aureliano Ribeiro.

ABAIXO-ASSINADO

Na última quinta tam-bém foi entregue ao Su-premo Tribunal Federal (STF), o abaixo-assinado recolhido pelo Conse-lho Nacional de Saúde (CNS) que reivindica o cancelamento da Emenda Constitucional, chamada de “emenda da morte”.

O abaixo assinado con-tém 70 mil assinaturas, mas o CNS não parou de fazer a coleta, no intuito de aumentar o número até que seja anexado à ação de inconstituciona-lidade 5658, que tramita no STF, cuja relatora é a

ministra Rosa Weber. “Estamos indignados

com a situação do SUS hoje. Essa EC é um re-trocesso para todas as conquistas que tivemos desde 1986, depois da 8ª Conferência Nacional de Saúde. O SUS não pode morrer”, disse a coor-denadora de Rondônia, Edna Mota.

A entrega foi conside-rada pelo presidente do CNS, Ronald dos Santos, como um marco para o controle social brasilei-ro. “Isso significa uma ação concreta em defesa da Constituição de 1988, da vida das pessoas, do SUS. Estamos colocando para a sociedade brasilei-ra que não vamos ficar inertes diante da retira-da de direitos. Hoje 70 mil, amanhã, milhões”, afirmou.

Estiveram presen-tes na entrega das as-sinaturas centenas de conselheiros de saúde municipal e estadual, que participavam da 21ª Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, em Brasília.

Os metroviários de Bra-sília, em assembleia no últi-mo domingo (8), decidiram entrar em greve a partir da próxima segunda (16) por reajuste salarial. Uma nova assembleia da categoria vai acontecer no domingo (15) anterior à greve.

A categoria não recebeu nenhuma proposta de re-ajuste salarial, apesar da data base do Acordo Cole-tivo estar vencido há mais de uma semana, e pretende agora pressionar para que o reajuste aconteça.

De acordo Israel Pe-reira, um dos diretores do Sindicato dos Traba-lhadores Metroviários de Brasília (SINDMETRO-DF), os salários estão con-gelados desde 2015: “Não temos nenhuma proposta financeira da companhia. A data base da categoria está vencida [desde 1º de abril] pelo acordo de negociação, infelizmente não temos proposta”.

Em 2015, a Companhia

de Metrô não fez o reajus-te que havia sido estabele-cido em Acordo Coletivo. No ano passado, ainda sem reajuste, a categoria realizou uma greve que durou 40 dias. A Justiça considerou o movimento justo e determinou que, no prazo de 90 dias, o Metrô concedesse um re-ajuste de 8,4% e houves-se a contratação de 600 funcionários, e, dentro de 12 meses, as parcelas re-troativas fossem quitadas.

O prazo se encerrou no último dia 20 de março e o acordo não foi cumprido.

O Sindicato também de-nuncia o sucateamento dos serviço com diversas falhas no sistema. Em fevereiro, um dos trens descarrilou entre as estações Águas Claras e Arniqueiras, de-vido a um problema no freios. Em dezembro de 2017, um princípio de in-cêndio no circuito elétrico dos trilhos paralisou o sis-tema por 25 minutos.

Botafogo vence Vasco e conquista título Carioca

Metroviários do DF exigem cumprimento de acordo salarial com empresa e aprovam greve dia 16 de abril

O Sindicato dos Petro-leiros do Pará, Amazonas, Maranhão e Amapá, bem como o Sindicato dos Me-talúrgicos de São José dos Campos (Sindmental-SJC) e a direção da CSP-Conlu-tas emitiram notas nesta semana alertando que “se-jam presos todos os corrup-tos e corruptores”, após a negação do Habeas Corpus pelo STF (Supremo Tribu-nal Federal) a respeito do ex-presidente Lula.

Segundo o presidente eleito do Sindmetal-SJC, Weller Gonçalves, “defen-demos, por princípio, a prisão e o confisco dos bens de todos os corruptos, inde-pendentemente do partido a que estejam filiados. Se estamos percebendo que os processos envolvendo o atu-al governo e os tucanos não estão caminhando, é pre-ciso que os trabalhadores tomem as ruas para exigir a condenação de todos os corruptos”, afirmou.

A CSP-Conlutas pontua que “não temos confiança na imparcialidade da Justi-ça burguesa. São milhares de jovens presos, na sua maioria, pobres e negros da periferia, que sequer têm direito a julgamento. A CS-P-Conlutas não participará de atos contra a prisão de Lula, reafirmando sua posi-ção de que a justiça deve ser feita para todos. Que sejam presos todos os corruptos e corruptores, que seus bens sejam expropriados e o di-nheiro devolvido aos cofres públicos”.

Segundo Weller, “não há como nos colocarmos na defesa de Lula, nesse momento”... “No poder, ele fez a sua opção de governar

Reunião realizada no início deste mês

“Botafogo, Botafogo, campeão, desde 1910”, entoou a torcida do Fogão ao fi-nal da emocionante e suada vitória do Botafogo sobre o Vasco – mais um vice-campeonato -, nos pênaltis, e conquistar o título de campeão Carioca de 2018. No tempo normal, 1 a 0, aos 50min do se-gundo tempo. E 4 a 3, nas cobranças de penalidade máxima.

O jogo estava parelho até 37min da primeira etapa, quando Fabrício do Vasco foi avermelhado. Aí, a equipe de General Severiano cresceu. Mesmo com a expulsão de Leo Valencia aos 48 min, Fogão conse-guiu fôlego para marcar aos 50min e levar a disputa para os pênaltis - e sair campeã.

Em São Paulo, o Corinthians também venceu no tempo normal e nos pênaltis: 1 a 0 e 4 a 3 sobre o Palmeiras. Rodriguinho balançou as redes a menos de dois minu-tos do primeiro tempo, após bela jogada do carioca Mateus Vital. Na véspera, as torcidas das duas equipes já haviam marcado dois golaços nos treinamentos abertos – sem necessidade de Polícia Militar em Itaquera, que não registrou nenhuma confusão -, com arrecadação de mais de 70 toneladas de alimentos para pessoas carentes.

Cássio foi o nome do jogo nas penalida-des, ao defender as cobranças dos craques Dudu e Lucas Lima. Pelo Timão, Fágner desperdiçou a sua cobrança.

Os palestrinos reclamaram muito do árbitro Marcelo Aparecido que havia mar-cado um pênalti a seu favor, mas voltou (corretamente) atrás.

Excetuando os campeonatos do Amapá, Roraima, Rondônia, Tocantins e Piauí, que ainda não estão nas fases finais, os demais torneios estaduais têm os seguin-tes campeões:

RS: Grêmio; SC: Figueirense; MG: Cruzeiro; ES: Serra; MS: Operário; MT: Cuiabá; BA: Bahia; PE: Náutico; GO: Goiás; AL:CSA; MA: Moto Club; CE: Ceará; AC: Rio Branco; PA: Remo; AM: Manaus; DF: Sobradinho; e RN: ABC.

O Campeão Carioca de 2018 em festa

Manifestação realizada na Sé, no centro de São Paulo, pela CNS e Cobap

Eleições também serão tema do Congresso Nacional do Fórum dos Trabalhadores

FST fará encontro nacional pela revogação da reforma trabalhista

Assembleia definiu por greve após mais um calote

HP ESPORTESVALDO ALBUQUERQUE

para os ricos e ofereceu apenas migalhas aos mais pobres. Infelizmente, Lula está pagando o preço de suas próprias escolhas”, concluiu.

O Sindipetro PA/AM/MA/AP também divulgou nota afirmando que a ca-tegoria “foi profundamen-te impactada em todo o processo de revelação dos crimes cometidos contra a Petrobras durante os governos Lula e Dilma, em esquemas iniciados nos governos anteriores (militares, Sarney, Collor, Itamar e FHC), ressalte-se, mantidos e ampliados pelos anos do PT no comando da empresa. Na esteira da ten-tativa de desmoralização da empresa que tais práticas fomentaram, perdemos ou tivemos rebaixados nossos direitos, centenas de milha-res de terceirizados foram demitidos, obras foram paralisadas/canceladas e ativos da empresa foram vendidos (iniciando pelo Campo de Libra, em 2013). Ataques estes mantidos e aprofundados pelo governo Temer, o qual continuamos combatendo”.

Os petroleiros salientam ainda que a categoria tem lutas da maior importância para a soberania e o de-senvolvimento nacionais: contra a qualquer venda de ativos (FAFENs, do Re-fino e gasodutos), contra o equacionamento na Petros e pela retomada das obras para combate ao desempre-go. Se os demais sindicatos de petroleiros e federações toparem travar esta luta, estaremos juntos! Para defender Lula, não contem conosco!”, termina a nota.

A Associação Nacional dos Magistra-dos da Justiça do Trabalho (Anamatra), o Sindicatos dos Engenheiros de São Paulo (SEESP), entre outras entidades sindicais e autoridades do poder público, se reuniram na semana passada (4) para debater os efei-tos da reforma trabalhista de Temer.

As categorias se juntam para tentar derrubar a aplicação da reforma trabalhis-ta, que entrou em vigor novembro do ano passado. Para a desembargadora Silvana Abramo Margherito Ariano, secretária-geral da Anamatra, a reforma trabalhista contém “diversas inconstitucionalidades”, e vem para desestruturar as relações de trabalho no país e o Direito do Trabalho

Já o presidente do SEESP, Murilo Pinhei-ro, afirmou que as negociações coletivas encontram dificuldades neste ano com a reforma trabalhista, já que os patrões se utilizaram de um dos dispositivos da reforma que estabelece a prevalência do negociado sobres o legislado, isto quer dizer que um contrato firmado entre o empregado e o patrão poderá prevalecer sobre a lei. “O que nos ensina o momento é que teremos de conversar muito para entender de que forma poderemos seguir em frente”, disse Murilo.

O professor e diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Cató-lica de São Paulo (FEA-PUC/SP), Antonio Corrêa de Lacerda, criticou a ausência de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) para o desenvolvimento e crescimento do emprego. “Hoje temos um governo com uma visão estritamente fiscalista. Temos um quadro surreal: mais de 12% de desempregados e quase 10% em trabalho precário, o que chega a quase 20% da população sem renda e em condições ruins”.

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INTERNACIONAL 11 E 12 DE ABRIL DE 2018HP

Conluio com Odebrecht e OAS leva 5 ex-presidentes à prisão ou fuga

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Repórter tinha colete de identificação

“Corrupção não pode ser a nossa herança”, proclamam nas ruas de Durban os sul-africanos

Zuma vai a corte por suborno, lavagem e extorsão e diz que “é tudo conspiração”

Condenada por corrupção, ex-presidente da Coreia do Sul pega 24 anos de cadeia

Tropa israelense assassina jornalista na Faixa de Gaza

Ao proferir a sentença, o juiz a considerou “exemplo necessário aos próximos governantes”

Na América Latina, a corrupção, que envolve empreiteiras e o PT como pivôs, já há presidentes presos ou em fuga em quatro países, além do Equador, onde está detido o ex-vice-presidente, Jorge Glas

Ex-presidente Humala é escoltado pela polícia peruana rumo à prisão em Lima

A ex-presidente da Co-reia do Sul, Park Geun-hye, foi condenada nesta sexta-feira (6) por um tribunal de Seul a 24 anos de prisão pelo seu envolvimento no caso de conluio com sua ami-ga Choi Soon-sil, que a envolveu em misticismo e corrupção e ficou po-pularmente conhecida como a “Rasputina”. O processo culminou com a cassação de Park em janeiro de 2017.

Como se vê, não foi só no nosso continente, que ex-presidentes foram parar na prisão após con-denação por corrupção.

A sentença conside-rou comprovado que a ex-presidente e sua ami-ga criaram um esquema para extorquir dinheiro de grandes empresas, como Samsung, Hyun-dai e Lotte. Park, de 66 anos, foi considerada culpada por 16 das 18 acusações de abuso de poder, suborno e coação, e ainda foi multada em US$ 17 milhões. A defe-sa deve apelar.

“A presidente abusou do poder que foi dado a ela pelos cidadãos”, afir-mou o juiz, que ressaltou ainda que sua sentença

era necessária para se mandar uma mensagem para os próximos gover-nantes do país. A procura-doria havia pedido 30 anos de prisão.

Park não ouviu do tribu-nal a leitura da sentença. A ex-presidente e seus advo-gados se recusaram a par-ticipar depois que a corte decidiu que a transmissão seria ao vivo – foi a primeira vez que isso aconteceu após uma lei aprovada no ano passado permitindo esse tipo de divulgação.

Park Geun-hye, além de sua desastrosa gestão, foi decidida colaboradora nas provocações norte-ameri-canas contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) que fizeram a tensão se elevar na Penín-

sula Coreana. Ela saiu em meio a ma-

nifestações de multidões exigindo seu afastamento e prisão.

Moon Jae-in, eleito após a saída de Park, em 2017, está cumprindo promessas de campanha e atuando no sentido de atender ao chamado da RPDC pelo diálogo e distensão.

Ponto culminante dessa nova política de aproximação entre co-reanos foi essa vontade refletida na atuação con-junta da delegação da RPDC com a da Coreia do Sul, com momentos como o desfile conjunto realizado na abertura das Olimpíadas de In-verno de Pyeongchang.

"A corrupção não pode ser a nossa herança", diz faixa em uma das inúmeras manifes-tações que levaram Zuma a renunciar - foto News24

Na manhã desta sexta-feira o ex-presidente da África do Sul, Jacob Zuma, compare-ceu ao Supremo Tribunal de Durban para responder por atos de corrupção. Apesar de ser acusado por centenas de delitos, os mais variados, o processo ao qual atende agora é o de irregularidades cometidas através de contrato de compra de armas para o país.

A apoiadores que compare-ceram ao local, Zuma se dirigiu no idioma zulu para dizer que “é inocente até prova em con-trário”.

Dizendo-se vítima de uma “conspiração política”, Zuma afirmou ainda que “a verdade virá à tona”.

Zuma está sendo processado por suspeitas envolvendo um contrato para aquisição de armas firmado nos anos 1990, quando ainda era vice-presi-dente.

Ele disse ainda a apoiadores do lado de fora do tribunal de Durban que seus adversários estão contando mentiras e que o Judiciário acredita que ele não tem direitos.

Os advogados de Zuma pedi-ram mais tempo para organizar a defesa do ex-presidente e o presidente da Alta Corte de Durban, Themba Sishi, acatou o pedido da defesa e marcou nova audiência para 8 de junho.

Zuma está envolvido em crimes que resultaram em nada menos de 783 processos onde é acusado de corrupção. Quando exercia o cargo de presidente

do país, conseguiu paralisar os processos nos tribunais, mas – de acordo com as denúncias – aprofundou a prevaricação.

Relações espúrias com uma família de empresários que imigraram, vindos da Índia, e se estabeleceram na África do Sul em 2007, a família Gup-ta, geraram uma simbiose de distribuição de riqueza e de luxo de Zuma para os Gupta e vice-versa que escandalizou os sul-africanos.

“CAPTURA DO ESTADO”

A África do Sul, após os anos de luta capitaneados por Nelson Mandela contra o apartheid, es-tava diante de um processo que foi denominado de “captura do Estado” por interesses dos mo-nopólios e empresas privadas.

Um dos casos de corrupção que mais chocou os sul-africa-nos está relacionado à utilização de dinheiro público para finan-ciar obras em uma de suas casas particulares.

A “Captura do Estado” foi o título de um relatório publicado ano passado pela promotora de justiça, Thuli Madonsela. De

acordo com o documento, as benesses dadas por Zuma às empresas da família Gupta, desviaram dos cofres públicos entre 150 e 200 bilhões de rands (9 a 12 bilhões de euros).

Diversas empresas ligadas aos Gupta receberam conces-sões e contratos públicos, so-bretudo no setor de mineração. São laços tão próximos, que os famíliares dos indianos ganha-ram o apelido de “Zuptas”.

Tudo isso levou as bases do Congresso Nacional Africano a questionarem sua liderança e a elegerem um outro líder histó-rico da luta contra o apartheid, Cyril Ramaphosa, para presidir o CNA.

A pressão sobre Zuma se ele-vou e ele renunciou à Presidên-cia permitindo a posse de Cyril, que foi eleito ao cargo pelo par-lamento do país até a realização das próximas eleições.

Os processos estão sendo retomados desde o final do ano passado. Em andamento já vão 16 processos por corrupção, fraude e lavagem de dinheiro, todos relacionados à compra de armamento para as Forças Armadas.

Egito: Sissi se mantém no poder com farsa eleitoral

O presidente ree-leito do Egito, o gene-ral Abdul Fattah al-Sissi, garantiu a ree-leição através de uma série de atentados, pressões, detenções e anulação de todas as chapas opositoras, menos uma, a de seu apoiador declarado, Mussa Mustafá Mus-sa.

Apesar de até o dia 20 de janeiro ter feito campanha para Sissi, Mussa, que só serviria para dar um ar de ‘disputa’ nas eleições de cartas marcadas, negou a manobra e declarou: “Não estou entrando nessa elei-ção como uma mario-nete”.

Nas eleições pre-sidenciais de 16 a 18 de março, o resultado foi de 97% dos votos a favor da reeleição de Sissi. Seu ‘adversá-rio’ não chegou a 3%. Mas o preço pago pela eleição na marra, ob-tida por Sissi, foi uma abstenção de 60% dos eleitores.

No início da cor-rida presidencial, o principal candidato que se lançara em oposição a al-Sissi, o ex-chefe de Estado Maior, Sami Anan, foi preso ao final de janeiro, sob o pretexto de que este se decla-rara candidato sem permissão das Forças Armadas.

Alguns dias antes da prisão de Anan, um de seus principais assessores, Hisham Genena, foi agredido ao sair de sua resi-dência.

Mahmoud Refaat, porta-voz do candida-to Anan, denunciou a agressão a Genena: “Este ataque é uma mensagem direta ao

Sr. Anan”. Mas como o candidato manteve sua postulação, veio a ordem de prisão.

Outro candida-to que se retirou da disputa, o ex-primei-ro-ministro Ahmed Shafiq, foi, segundo familiares, seques-trado e depois de 24 horas de sumiço foi ainda detido em um hotel no Cairo.

“Essa eleição é uma piada”, afirmou o sobrinho do ex-pre-sidente Sadat, Moha-med Anwar Sadat. Ele também denun-ciara que foi força-do a renunciar a sua candidatura depois de agressões sofridas por diversos de seus apoiadores; mesma denúncia apontada por Khaled Ali, advo-gado que se destacou por sua luta em favor dos direitos humanos e contra a corrupção.

Diante dessa sarai-vada de atropelos os candidatos opositores acabaram se insurgin-do contra a farsa elei-toral e, em encontro com a participação de mais de 150 candida-tos, dia 30 de janeiro, apoiadores e ativistas lançaram o chamado à população para o boicote às urnas.

O evento foi coman-dado por Genena, as-sessor do principal can-didato opositor, e pelo advogado nasserista, Hamdeen Sabahy.

No domingo, 4 de fevereiro, Sissi esta-va nervoso e em um evento ameaçou: “Ha-verá outras medidas contra qualquer um que acredite que pode mexer com a seguran-ça do Egito” e acres-centou: “Não tenho medo de ninguém, a não ser de Deus”.

O jornalista palestino, Yasser Murtaja, foi as-sassinado pelas forças israelenses (denominadas Forças de Massacre de Israel pelo jornalista isra-elense Gideon Levy, colunista do jornal Haaretz).

Murtaja usava um colete com a palavra PRESS (imprensa) estampada, como se vê na foto logo de-pois de atingido pelas balas de atiradores israelenses.

Outros quatro jornalistas foram feridos a tiros com munição viva na cobertura das manifestações que tiveram início no Dia da Terra, 30 de março.

Murtaja, que tinha 30 anos, recebeu um tiro no abdome na sexta-feira (dia 6) e veio a falecer no dia seguinte. Ele estava a 350 metros de distância da cerca que divide Israel da Faixa de Gaza.

Porta-voz do exército israelense disse que não “há a intenção de atirar em jornalistas” e que “vão investigar”.

Murtaja era conhecido por tirar fotos com apoio de drone. O ministro israelense, Avigdor Lieber-man, preferiu responder com insolência: “Eu não sei quem é e quem não é fotografo. Qualquer um que opere drones sobre soldados das Forças de Defesa de Israel tem que entender que está se colocando em risco”.

Milhares participaram do funeral do jornalista. O fotógrafo da TV palestina, Al Aqsa, Khalil

Abu Athra, também ficou ferido quando na área de Rafah, da Faixa de Gaza, filmava os confrontos. O Sindicato dos Jornalistas Palestinos acusou os israelenses de ferirem os jornalistas intencional-mente para impedir a documentação do massacre.

Nesta sexta-feira, houve novas marchas e queima intensa de pneus perto da fronteira. Os soldados seguiram atirando. Morreram mais 9 palestinos, totalizando 29 mortos desde o início dos atos que têm a denominação de “Marcha do Retorno”, onde se reivindica o direito dos palestinos expulsos pelo terror em 1948 poderem voltar a seus lares e aldeias.

Dentro das fronteiras de Israel, na aldeia de Sakhnin, na Galiléia, 1.500 demonstraram soli-dariedade aos mortos e feridos em Gaza. O líder árabe, Mohammad Barakeh, declarou que “esta demonstração é nossa resposta à ocupação” e que “Gaza não se renderá aos tanques, aos canhões ou à ocupação”.

Em instrução a seus representantes na ONU, junto à Liga Árabe e União Europeia, o presidente palestino, Mahmud Abbas, orientou que solicitas-sem a todos os organismos a tomada de medidas para “deter os crimes de Israel de matança deli-berada de manifestantes desarmados por parte de uma força de ocupação”.

Em instrução a seus representantes na ONU, junto à Liga Árabe e União Europeia, o presidente palestino, Mahmud Abbas, orientou que solicitassem a todos os organismos a tomada de medidas para “deter os crimes de Israel de matança deliberada de manifestantes desarmados por parte de uma força de ocupação”.

No continente latino-americano, além da recente prisão do ex-presidente Lula, já

estão detidos mais dois ex-pre-sidentes; com prisão decretada, mas foragidos, outros dois, e na cadeia um vice-presidente.

O que há de comum entre eles, que articularam a corrup-ção em cinco países, são conde-nações por tais crimes tendo o PT (muitas vezes o próprio Lula) e empreiteiras, a exemplo da Odebrecht e OAS, como pi-vôs, distribuindo propinas em troca de obras bilionárias.

No Peru, por exemplo, além de dois ex-presidentes com prisão decretada, outros dois respondem por crimes ligados ao recebimento de propina da Odebrecht.

O esquema bilionário envol-via - além de dinheiro público dos países assaltados - farta distribuição de verba advinda do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar as obras acertadas no estrangeiro. Ao todo, foram destinados US$ 50,5 bilhões de dinheiro do BNDES para obras no exterior, quase sempre realizadas pelos integrantes do cartel que mani-pulava o esquema.

Segundo dados levantados até agora, nas investigações divulgadas pela operação Lava Jato, Lula recebeu, como pro-vável retribuição a estas tramas no Brasil e no exterior, apenas da Odebrecht, cerca de R$ 30 milhões.

Uma das formas que viraram rotina, era composta de visitas do ex-presidente, para tornar os países latino-americanos em con-tratantes da Odebrecht, seguidas de repasses através de palestras do ex-presidentes, agendadas pela empresa LILS, criada pelo petista em 2011. As palestras eram pagas a peso de ouro.

PERUO ex-presidente peruano,

Ollanta Humala, está preso preventivamente sob a acusa-ção de receber US$ 3 milhões em propinas da Odebrecht. A prisão, que incluiu sua esposa, Nadine Heredia, foi solicitada pelo procurador German Juá-rez, em 13 de julho de 2017, para evitar a fuga do casal a outro país, a exemplo do ocorrido com o ex-presidente Alejandro Toledo, que fugiu entre o final de 2016 e início de 2017.

A propina foi paga pela cons-trutora a Humala durante as eleições presidenciais de 2006, quando derrotado por Alan Gar-cía, e em 2011, eleito ao disputar contra Keiko Fujimori. Ele per-maneceu no cargo até 2016. No dia 15 de maio de 2017, Marcelo Odebrecht afirmou a investiga-dores peruanos que a propina foi encomendada por Palocci: “Chamei diretamente o Jorge Barata, [chefe de operações da Odebrecht no Peru] e lhe disse: Veja, o pessoal do Partido dos Trabalhadores me pediu para apoiar a campanha de Humala”.

Os contratos da Odebrecht no Peru, somam US$ 12 bilhões. Conforme as delações de execu-tivos da empresa, entre os anos de 2005 e 2014, foram pagos ao menos US$ 29 milhões em suborno aos políticos do país.

De toda a propina paga pela Odebrecht, ao menos US$ 20 milhões foram para o bolso do ex-presidente Alejandro Toledo, conforme as investigações dos promotores peruanos. Toledo ocupou o cargo entre os anos de 2001 e 2006, e contra ele pesa uma ordem internacional de captura emitida pela Justiça peruana.

Toledo recebeu propina da Odebrecht para garantir a vi-tória fraudulenta na licitação da Rodovia Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil. Também conhecida como Estrada do Pacífico, a rodovia tem 2,6 mil quilômetros, a maior parte construída por um consórcio liderado pela Odebrecht. Pela mesma obra, Toledo recebeu da Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão outros US$ 6 milhões.

Seu sucessor, o ex-presidente Alan Garcia, que ocupou o cargo pela segunda vez de 2006 a 2011, responde pelo financiamento ile-gal de sua campanha e a constru-ção da Linha 1 do metrô de Lima. Em novembro do ano passado, Marcelo Odebrecht confirmou o pagamento de propina a Garcia.

Um pouco antes, no dia 15 de dezembro de 2016, Barata confessou que o esquema do metrô foi firmado junto ao então vice-ministro das Co-municações, Jorge Cuba, que fechou acordo com o diretor de Contratos de Construção da Odebrecht, Carlos Nostre.

“Ele disse que poderia criar uma série de condições técnicas, incluindo algumas condições subjetivas, para nos beneficiar na licitação. Cuba fez uma proposta, afirmando que poderia garantir nossa vitória se recebesse uma con-trapartida de US$ 1,4 milhão. Carlos Nostre me informou e eu autorizei”.

O último escândalo envol-vendo o Peru levou o ex-presi-dente, Pedro Pablo Kuczynski (PPK), a renunciar dia 21 de março para evitar o impea-chment. PPK recebeu US$ 5 milhões em propina da Ode-brecht, de 2004 a 2013. Parte destes recursos foram pagos enquanto ele era ministro de Economia de Toledo.

EQUADORNo Equador, o ex-vice-pre-

sidente, Jorge Glas, eleito na chapa do atual presidente Lenín Moreno, foi condenado no dia 13 de dezembro a seis anos de prisão. De acordo com os promotores equatorianos, Glas recebeu US$ 13,5 milhões em suborno da Odebrecht para fa-vorecê-la em cinco projetos pú-blicos, durante os anos de 2010 e 2012, enquanto ministro do ex-presidente, Rafael Correia.

O Equador foi o segundo país em volume de emprésti-mos do BNDES, totalizando US$ 3,3 bilhões, atrás apenas da Argentina. Entre as obras realizadas pela construtora, destacam-se a hidrelétrica de Toachi Piláton, orçada em US$ 1,2 bilhão, em construção há cerca de 10 anos, e o metrô de Quito, ao custo de US$ 2 bi-lhões. Para obter os contratos, a empresa admitiu subornos a agentes públicos da ordem de US$ 33,5 milhões.

EL SALVADOR O ex-presidente de El Sal-

vador, Maurício Funes (2009-2014), também foi considerado culpado das acusações de enri-quecimento ilícito, e encontra-se foragido na Nicarágua. “O presidente Lula me pediu for-temente, dizendo que era um interesse estratégico, ajudar a ele, o Maurício” na eleição de 2009, disse o marqueteiro João Santana à Lava Jato. Na ocasião, a esposa de Funes, Vanda, que figurou entre os fundadores do PT no Brasil, antes do casamento com o ex-presidente Maurício, procurou Palocci buscando propina para campanha do marido.

Os recursos ilegais foram repassados pela Odebrecht, segundo Santana. Suas de-clarações convergem com as de Marcelo Odebrecht, que assumiu o pagamento de R$ 5,3 milhões em propina a Funes em resposta ao pedido petista. Pouco depois, em 25 de fevereiro de 2010, Lula concedeu um empréstimo US$ 500 milhões ao governo de El Salvador, através de financiamento do BNDES. Como pagamento, Funes repassou US$ 2,8 milhões ao esquema de Lula, por intermédio da empresa de publicidade de João Santana.

PANAMÁO ex-presidente paname-

nho, Ricardo Martinelli, en-contra-se preso nos EUA após condenação pelo uso de ilegal de verba pública. Ele recebeu da Odebrecht US$ 59 milhões em suborno pelos contratos públicos. A paga foi feita nas contas dos filhos de Martinelli, que respondem às acusações do Ministério Público, junto a outras 17 pessoas.

Entre as obras, duas foram financiadas pelo BNDES, à ro-dovia Madén-Colon, orçada em US$ 152,8 milhões, construída pela Odebrecht, e o metrô da Cidade do Panamá, com preço total de US$ 1,2 bilhão, sob responsabilidade da OAS, a mesma empreiteira que doa-ria o triplex a Lula não fosse a eclosão do escândalo que o envolveu.

GABRIEL CRUZ

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INTERNACIONAL11 E 12 DE ABRIL DE 2018 HP

ANTONIO PIMENTA

Tropas sírias garantem acordo para saída de militantes e familiares de Guta Leste

Greve irá até junho em escalas de 2 dias parados a cada 5 dias de trabalho

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PeloMundo

Assad está ganhando a guerra e não tem motivo para usar arma química

Cresce a greve dos ferroviários franceses contra privatização do setor e precarização do trabalho

CAIO REARTE*

Moscou na ONU: “ataque a Damasco trará as mais graves consequências”

Rússia: não há arma química em Douma, vídeos são fraudes

Caças de Israel atacam base militar na Síria

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Tropas russas foram a Douma para cumprir acordo de retirada de jihadistas. Colheram amostras de solo, ouviram médicos e moradores e não encontraram nenhum vestígio de arma química

*Caio Rearte é colaborador do HP e editor do blog caiorearte.blogspot.com Twitter: caiorearte2 -Título

original: “O fantasma das armas químicas na Síria”

Hoje, a organização “rebelde” Jaish al-Is-lam acusou o governo de Bashar al-Assad de atacar a região de Douma, no entorno da capital da Síria, Damasco, utilizando armas químicas. Algumas ONGs, que desde o início do conflito na Síria acusam o governo sírio dos mais diversos crimes, ecoaram a acusa-ção desse agrupamento rebelde radical, que recebeu fundos da Arábia Saudita. O presi-dente Trump tuitou sobre o ataque, dizendo:

“Muitos mortos, incluindo mulheres e crianças, em ataques químicos estúpidos na Síria. Área de atrocidade está em con-finamento e cercada pelo exército Sírio, tornando-a completamente inacessível para o mundo exterior. O presidente Putin, Rússia e Irã são responsáveis por apoiar o animal Assad. Grande preço a pagar. Abram a área imediatamente para assistência médica e verificação. Outro desastre humanitário sem qualquer razão. Doente! Se o presidente Obama tivesse cruzado a sua dita linha vermelha na areia, o desastre sírio teria terminado há muito tempo! O animal Assad teria sido história!”

O Departamento de Estado denunciou o ataque e uma reunião de emergência foi convocada pela ONU. Especialistas já estão utilizando o suposto ataque para culpar As-sad. Fotos de crianças que a ONG “Capace-tes Brancos” (White Helmets) disseminou, alegando que são vítimas do ataque do exér-cito sírio, estamparam a primeira página do site do New York Times, da CNN e da BBC.

O ataque faz sentido?Em 2013, o suposto uso de armas quími-

cas foi o gatilho para que o então presidente Obama ameaçasse uma ação militar ainda mais robusta na Síria. Após deliberações privadas, o plano foi descartado. Ao invés da ação militar, chegou-se um acordo com o governo de Assad, que destruiu todo o seu estoque de armas químicas, assim como sua capacidade de produção delas. Porém, em abril de 2017, o presidente Trump decidiu lançar 59 mísseis Tomahawk contra a Síria, em resposta a um suposto ataque de armas químicas pelo exército sírio. Quase um ano depois, o Secretário de Defesa James Mattis admitiu que não havia provas que o governo sírio foi responsável pelo ataque.

Depois disso, como eu apontei no final do ano passado, Trump encerrou um programa bilionário da CIA para armar “rebeldes” na Síria e, por coincidência, o Estado Islâmico passou a perder espaço, território e poder. Isso abriu uma nova etapa no conflito da Síria. A coalizão do governo com a Rússia e o Irã passou a sistematicamente derrubar o Estado Islâmico nos vários locais que a organização jihadista dominava. Um dos últimos locais de resistência é o entorno da capital, Damasco, na região de Ghouta Oriental. Ou seja, o com-bate terreno está nos capítulos finais.

Mas além do programa clandestino da CIA, os EUA têm tropas das Forças Arma-das na Síria para combater o Estado Islâ-mico. Em Al Tanf, estabeleceram uma base militar. O candidato Trump prometeu parar de “construir nações” no estrangeiro duran-te sua campanha e num discurso semana passada, declarou que “quer sair” da Síria. Isso gerou uma reação entre os assessores e líderes militares, que são contra a retirada.

Recapitulando.

Portanto, temos estes fatos:

1. Os EUA dizem que ataques com armas químicas são intoleráveis.

2. O governo sírio destrói as armas quí-micas.

3. Trump tira a CIA do conflito.

4. O exército sírio declara vitória em várias cidades.

5. Trump anuncia que vai retirar as For-ças Armadas do conflito também.

6. Então, o governo sírio resolve fazer a provocação suprema - um ataque com armas químicas - no último enclave dos rebeldes!

Isso não faz sentido. Só dá pra acusar o governo sírio de ser o autor desses ataques, se acreditarmos que eles são loucos. E é exa-tamente essa a imagem que querem passar da liderança da Síria, da Rússia e do Irã - são todos loucos, não é possível prever o que eles vão fazer e eles podem agir irracionalmente a qualquer momento. Porém loucos são pes-soas que às vezes ficam internadas, às vezes não conseguem cuidar das próprias vidas, precisam de ajuda e acompanhamento - o que não condiz com o perfil de um líder responsável por milhões de vidas.

Essa ação irracional, porém, faria muito sentido para os próprios rebeldes que que-rem derrubar o governo de Assad. A opinião pública mundial, vendo as fotos das crian-ças sofrendo, pode achar que um ataque dos EUA ou da OTAN é justificado, o que enfraqueceria o exército sírio e fortaleceria os rebeldes. Trump podria decidir voltar a financiar os grupos através da CIA, o que traria recursos e armas - e por aí vai. Isso é minha teoria da conspiração? Não. Mês passado, o Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que rebeldes iriam fazer um ataque com armas químicas e que iriam culpar o governo de Assad. Será que ele acertou?

Em reunião de emergên-cia do Conselho de Segu-rança da ONU nesta segun-da-feira (09), o embaixador russo Vassily Nebenzia advertiu sobre “sérias con-sequências” em caso de ataque a Damasco, como vem ameaçando Washin-gton, com a convivência de Paris, após o encenado “ataque químico com cloro” de sábado em Douma.

Na véspera, a chance-laria russa dito que “é necessário uma vez mais advertir que uma interven-ção militar sob pretextos falsos e fabricados na Síria, onde os militares russos permanecem a pedido do governo legítimo, é abso-lutamente inaceitável e pode causar as mais graves conseqüências”.

“Pedimos aos ocidentais que abandonem a retórica da guerra”, disse Nebenzia na ONU, citando a falta de provas de um ataque quí-mico na Duma. Ele pediu aos investigadores da Or-ganização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) que visitem a Síria, dizen-do que as tropas russas os escoltariam até a área do suposto ataque.

Também o enviado da ONU para a Síria, Staf-fan de Mistura, alertou o Conselho de Segurança sobre os riscos da “esca-lada incontrolável” na Síria. Ele ressaltou que a ONU “é incapaz de veri-ficar independentemente [se houve] o ataque”, ou quem é responsável. “Te-mos de exercer a máxima

moderação e evitar mais escalada ou confronto”.

Questão que já havia sido apontada pelo embaixador russo, ao questionar “vocês percebem o limiar perigoso para o qual estão levando o mundo?”, depois da histé-rica peroração da porta-voz de Washington na ONU, Nikki Haley, de que os EUA “vão responder ao ataque mortal independentemente de o Conselho de Segurança agir ou não”.

O enviado do governo Macron, François Delattre, também quis mostrar ser-viço a Trump, insistindo na provocação sobre o “ataque com cloro”, e dizendo que “nenhum avião sírio decola sem que o aliado russo seja informado” e que haveria “acordo tácito ou explícito”.

Depois de o ministé-rio da Defesa russo ter afirmado que suas forças, que

ingressaram nesta segun-da-feira (09) na cidade síria de Douma, em cumprimen-to ao acordo de retirada dos jihadistas do Jaish Al Islam, não haviam encon-trado quaisquer “vestígios de uso de armas químicas”, após revista realizada por especialistas em guerra radiológica, química e bio-lógica, assim como médicos, na área, o embaixador russo na ONU, Vassaly Nebenzia, deu mais detalhes sobre a investigação preliminar.

“Os especialistas toma-ram amostras de solo, que não mostraram a presen-ça de nenhum composto neurológico ou de cloro, e também entrevistaram os residentes locais e os ex-militantes que deixaram de combater”, explicou o diplomata russo. “Nenhum dos (moradores) locais con-firmou o fato de um ataque químico”, destacou.

“No hospital local não deu entrada nenhum pa-ciente com sintomas de envenenamento com subs-tâncias tóxicas como sarin e cloro. Em Duma não há outras instalações médi-cas”, acrescentou.

“[Os especialistas rus-sos] não encontraram ne-nhum corpo de vítimas afetadas, os (moradores) locais não têm informação sobre possíveis lugares onde foram enterradas. Deste modo, o fato do uso de sarin ou cloro em Duma não está confirmado”, res-saltou Nebenzia.

CONVITE À OPAQA Rússia também já afir-

mou que está pronta para escoltar inspetores da Or-ganização pela Proibição de Armas Químicas (Opaq) ao local e pediu uma investiga-ção imparcial e isenta.

Quanto às fotos e vídeos do “ataque químico em Dou-ma” que apareceram nas redes sociais e logo foram catapultados pela mídia im-perial, a Rússia afirmou que “são encenados”. Foram pos-tados pelos colaboracionistas que se tornaram conhecidos como “White Helmets” (Ca-pacetes Brancos), que dis-seram tratar-se de “ataque com gás cloro” no sábado, que supostamente teria ma-tado “42 pessoas” e deixado mais dezenas “sufocando ou espumando pela boca”.

“Todas as acusações trazidas pelos White Hel-mets, bem como suas fotos ... alegadamente mostran-do as vítimas do ataque químico, não são nada mais do que mais uma fake news e uma tentativa de sabotar o cessar-fogo”, ressaltou o Centro Russo de Reconciliação das Par-tes em Combate na Síria, encabeçado pelo general Yuri Yevtushenko, que supervisionou em Douma a inspeção preliminar e que fechou com os jihadistas lo-cais o acordo para retirada deles em segurança.

Pelo acordo, é garantida saída segura para o norte do país dos jihadistas e seus familiares que desejarem, anistia para quem quiser ficar, e os presos e seqües-trados já foram libertados. A região de Guta Oriental, contígua a Damasco, fica libertada após sete anos. Os jihadistas estão sen-do conduzidos, de ônibus, para o norte da Síria, para a cidade de Jarablus, sob controle turco.

“Todos esses fatos mos-tram ... que nenhuma arma química foi usada na cidade de Douma, como foi alegado pelos “White Helmets”, registra o co-municado. Não seria a primeira vez que os White Helmets são flagrados encenando “ataques” e “operações de resgate”.

Se não foi suficiente para impedir que o avanço sírio libertasse toda a Guta Oriental, a encenação de outro “ataque químico” ser-viu para que Trump, uma semana depois de discursar em um comício em Ohio que iria retirar as tropas americanas da Síria, desse meia volta, para ameaçar o “animal Assad” e a Rússia, prometendo uma “decisão” [um ataque?] dentro de “24 a 48 horas”. [Vão pagar] “um alto preço”, tuitou.

O que repete um padrão já visto na vitória síria em Aleppo em 2017, quando Trump também falara em retirada, e com o “ata-que” em Khan Sheikhun, deu o dito por não dito e disparou uma salva de mísseis contra uma base síria. Com o agravante de que, agora, o ‘conselheiro de segurança nacional’ da Casa Branca é o traficante de guerra John Bolton.

FRAUDE ANUNCIADAEm março, o ministério

da Defesa russo já havia alertado que sabia que estava em preparação um falso ataque químico, cuja culpa seria jogada sobre o governo Assad, para tentar deter o avanço da libertação que vem sendo cumprido pelo exército sí-rio e fornecer um pretexto para a intervenção direta de Washington.

Os “White Helmets” fo-ram transformados num dos principais aparatos da ingerência, e para cumprir tal papel, além da verba beneficente da CIA e Riad, ainda foram paparicados com um Oscar. Um vídeo que acidentalmente veio a público, e que flagrou a pre-paração de uma encenação, viralizou nas redes no ano passado. A organização de quinta coluna também pro-curou desempenhar papel de ponta na tentativa de impedir a vitória síria em Aleppo, mas fracassou.

Chega quase a ser co-movente, como os governos imperiais, que disseram certa vez que meio milhão de crianças iraquianas mortas pelo bloqueio “va-leu a pena”, e que desen-cadearam a invasão do Iraque com a mentira do “ataque químico de Sadam em 45 minutos” (Tony Blair) ou do “ataque de anthrax” (Colin Powell) – e mataram um milhão de iraquianos – agora se im-portem com o “sofrimento das criancinhas de Dou-ma”. “Horripilante”, diz a Casa Branca de Trump...

Por sua vez os trafi-cantes de fake news – que então prepararam a car-nificina no Iraque com as matérias de primeira página encomendadas pela CIA e o Pentágono -, como o New York Times, agora se esmeram na “indignação” a la carte sobre a Síria. Es-tamparam: “dezenas de sí-rios morreram sufocados”. E, ainda, que “equipes de resgate na Síria relataram ter encontrado pelo menos 42 pessoas mortas em suas casas devido à aparente sufocação”. Também des-creveram os “vídeos de ho-mens, mulheres e crianças sem vida esparramados no chão e em escadas, muitos com espuma branca saindo de suas narinas e bocas.”

Como disse Nebenzia no Conselho de Segurança, respondendo aos “insultos, difamação, retórica belico-sa, chantagens, sanções e ameaças” assacados contra a Rússia e países que, como a Síria, prezam sua soberania, aonde Washin-gton e seus vassalos mais afoitos “vão, a tudo que to-cam, fica só o caos, tentan-do pescar em rio revolto. Não obstante, só pescam uns peixes mutantes”.

Fazendo proveito do fre-nesi decorrente da provo-cação em Douma, aviões de combate israelenses ata-caram a base aérea Tiyas (T-4) da Síria, na província de Homs na madrugada de domingo, conforme o Ministério da Defesa da Rússia.

Dois aviões F-15 isra-

elenses invadiram o es-paço aéreo libanês e de lá dispararam oito mísseis de cruzeiro, cinco dos quais foram abatidos pela defesa antiaérea síria. O chanceler russo, Ser-gei Lavrov, considerou o ataque israelense à base síria como “um desenvol-vimento muito perigoso”.

Para o onipresente Ob-servatório Londrino de um Homem Só (mas que se diz ‘Observatório Sí-rio’), 14 pessoas teriam sido mortas em T-4. O governo Netaniahu não comentou sua agressão. Após o bombardeio, o Es-tado Islâmico atacou posi-ções sírias na área.

Até 75% dos trens na França pararam no domin-go (8) e na segunda-feira (9), nos dois dias da greve dos ferroviários por escalas contra a privatização e o corte de direitos, pensões e salários. A “reforma do setor ferroviário” do go-verno Macron irá à votação em primeira leitura no dia 17. Na Inglaterra, onde já ocorreu há 25 anos, como lembra o Le Monde, “a privatização é severamen-te criticada: os trens são lentos, caros, e as linhas suburbanas estão lotadas. Segundo uma pesquisa, 75% dos britânicos querem a renacionalização”.

Manifestantes em Paris repudiaram a “reforma”

e a demagogia de Ma-cron, que diz que a estatal SNFC está “muito endivi-dada”, como se a principal razão disso não fosse o enorme investimento para implantar o sistema de trens da alta velocidade.

A mobilização continu-ará pelo menos até junho, com dois dias de paralisa-ção a cada cinco dias de trabalho. Os ferroviários voltam a cruzar os braços dias 13 e 14. Em 1995, as greves e manifestações dos ferroviários foram essen-ciais para a derrota do pla-no neoliberal do então pri-meiro-ministro do governo Chirac, Alain Jupppé.

O primeiro-ministro Edouard Philippe asseve-

rou em entrevista ao jornal Le Parisien que não haverá recuos, apontando como inegociável a “abertura das ferrovias à concorrência, a reestruturação da SNFC e o fim das admissões de funcionários pelo estatuto dos trabalhadores ferrovi-ários”. Discussões, só como “implementar”. Na sua época, Juppé também foi com sede demais ao pote e acabou com a França intei-ra sublevada.

Também os funcionários da Air France fazem uma greve escalonada por melho-res salários e voltam a cru-zar os braços na terça (10) e quarta-feira (11). Também nas universidades, segue se ampliando a mobilização.

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Duas ou três notas sobre Gorky,nos 150 anos de seu nascimento

CARLOS LOPES

ESPECIAL

A Mãe” e “O Espião” são obras, evidentemente,anteriores à Revolução Russa – mais exatamente, uma espécie de balanço literário da Revolução de 1905, no momento em que a repressão czarista se estendia pelo território da Rússia. Essa concepção de literatura – e de estética – ligada à vida, é o núcleo do que, depois, seria desenvolvido e chamado “realismo socialista”

literatura russa ficou conhecida, no Ocidente, sobretudo, através das traduções francesas.

Além de que o francês era uma espécie de língua universal na literatura do século XIX e começos do século XX – a tal ponto que

muitos escritores franceses jamais se preocuparam em aprender outra língua, nem mesmo a que se falava do outro lado do Canal da Mancha -, no caso da literatura russa, havia outro fator: uma obra como “Guerra e Paz” não foi es-crita apenas em russo. No grande romance de Tolstoy, os diálogos em francês preenchem quase um terço da obra, pois esse era o idioma da corte do czar. A aristocracia russa não considerava “elegante” falar a mesma língua do povo, isto é, o russo – mesmo quando as tropas francesas, durante a invasão de Napoleão, ocupavam desde o Be-rezina até Moscou.

Nas longas décadas do feu-dalismo europeu, essa alienação linguística não era específica da nobreza russa. Assim, Frederico da Prússia dissera, sobre os seus hábitos idiomáticos: “francês para as damas, espanhol para os cavalheiros e alemão para os meus cavalos” (existem outras versões do dito do rei prussiano, mas, em todas, o alemão, falado por seu povo, é a língua preferen-cial para se comunicar somente com os cavalos…).

Voltemos à literatura russa.No início do século XX, em 1907,

apareceu em Paris, na tradução de um escritor francês de origem russa, Serge Persky, um livro intitulado La Mère, ou seja, A Mãe.

Seu autor, Máximo Gorky, não era um desconhecido do público parisiense, entre outras razões, em virtude de outras traduções de Persky.

A edição russa de “A Mãe” fora lançada no mesmo ano em que apa-receu a tradução francesa – feita a partir do manuscrito de Gorky.

A Revolução de 1905 era re-centíssima – a rigor, em 1907, a feroz repressão czarista ainda não apagara completamente o fogo do levante popular.

Gorky, quando estourou a revolução, no domingo sangrento (9 de janeiro de 1905), era um escritor conhecido sobretudo pela peça “Pequenos Burgue-ses”, de 1902 – mas já publicara várias outras obras, inclusive um romance importante (“Tomás Gordéiev”, de 1899).

No mesmo ano em que “Peque-nos Burgueses” foi encenada pelo Teatro de Arte de Moscou – com direção de Konstantin Stanisla-vsky e Vasily Luzhsky – houve um escândalo literário (mais político que literário): Máximo Gorky foi eleito para a Academia Imperial, mas o czar Nicolau II anulou sua eleição.

Em protesto contra o ato de Nicolau, o Sanguinário, Anton Tchekov e Vladímir Korolenko renunciaram à Academia.

Nessa época, já eram conhe-cidas as ligações de Gorky com o Partido Operário Social-democra-ta da Rússia (POSDR). Aliás, no mesmo ano, 1902, ele encontrou-se pessoalmente com Lenin.

Em 1905, após o domingo san-grento, Gorky lança um manifesto de apoio à revolução (“À Todos os Cidadãos Russos”).

Porém, aqui, o melhor é trans-crever o prefácio de Serge Persky à sua tradução de “A Mãe”, de 1907. Pois o que importa não são apenas os acontecimentos da vida de Gorky e a sua obra, mas como elas repercutiram, e continuam repercutindo, no mundo.

Em 1907, havia uma novidade em Paris, que fazia um sucesso estrondoso: o cinematógrafo. Daí a menção de Persky, no primeiro parágrafo de seu prefácio.

O PREFÁCIO

“A Mãe não é uma obra de pura imaginação. É, antes de tudo, uma

pintura exata – poderia até dizer-se uma vista cinematográfica – do mo-vimento revolucionário na Rússia. Este belo livro introduz na litera-tura russa tipos que faltavam nela quase que por completo: os revolu-cionários operários e camponeses, cujo papel tem sido tão importante nas últimas tempestades políticas do país dos czares.

“Graças aos escritores que se têm sucedido, de Turgueniev a Lev Tolstoy, o revoltado saído da classe intelectualmente cultivada é mais ou menos conhecido.

“Por que motivo não havia ain-da um retrato completo do seu ir-mão oriundo das obscuras camadas do povo? Principalmente porque os revolucionários desta categoria são de recente data.

“Prepararam-se durante muito tempo nas misteriosas profundezas das massas, recrutando-se em silêncio, multiplicando-se pouco a pouco, até ao dia em que, na sequência dos acontecimentos de que a Rússia acaba de ser o teatro, os viram surgir de chofre por toda a parte, tanto nas aldeias mais recônditas da província, como nas grandes cidades.

“O povo desperta do seu sono secular, como de sobressalto, e este despertar abre uma nova era na história do movimento de liberta-ção russo. Entre os intelectuais e os iletrados, até hoje distanciados uns dos outros, forma-se um laço sólido, e um mesmo ideal inflama o exército dos que marcham à conquista da liberdade.

“Descrever esta nova fase da revolução russa, evocar os heróis desconhecidos que se votaram à grande tarefa da emancipação, analisar, nas suas manifestações, as mais variadas, e até as mais inespe-radas, esta ressurreição da consci-ência popular, – eis o que Máximo Gorky se propôs nas páginas que ides ler. Tarefa árdua como poucas, mas de molde a tentar a alma ar-dente do autor. Raras vezes Gorky atingiu tal acuidade de observação, uma variedade mais completa no descritivo, uma tão perfeita certeza de análise psicológica. Mais do que nunca, foi o homem identificado com a sua obra. Filho do povo, ascendendo das mais sórdidas camadas sociais, revolucionário unicamente dedicado ao seu puro ideal de justiça (sempre protestou contra a violência, viesse ela de onde viesse) Gorky tinha, mais do que qualquer outro, os requisitos para escrever esta página trágica da história contemporânea.

“No personagem tão profun-damente humano da mãe, Gorky mostra como uma mulher cheia de doçura e de timidez, espancada pelo pai, pelo marido, esmagada impiedosamente pela sorte, imersa na ignorância e no desbragamento, vai adquirindo pouco a pouco a consciência da sua mísera situa-ção, se alevanta sob a influência do seu filho, até tornar-se, como ele, revolucionária entusiástica, sacrificando por fim as suas mais queridas afeições, a própria vida mesmo, à causa do povo.

“Em torno da mãe e do filho – os dois heróis principais – agita-se um amontoado de outros personagens. De uma parte, os amigos: um pe-queno-russo [ucraniano] – alma de abnegação e de comovente simplicidade, – moças sacrificando felicidade e riqueza, sofrendo a prisão e as provações de toda a es-pécie; operários robustos e vivazes reclamando, com o direito à vida, algumas liberdades; camponeses que, depois de séculos de cega sub-missão, se recusam, finalmente, a

considerar os representantes das autoridades como enviados do céu.

“De outra parte, os inimigos: oficiais de polícia, guardas e espiões, instrumentos dóceis do poder. Toda esta gente, tão estra-nha e tão viva, estas lutas, estes julgamentos, estes martírios, episódios duma guerra cruel e sem clemência movida contra os apóstolos do ideal novo, tudo isto é a realidade, a realidade de ontem, de hoje, de amanhã, tudo isto existe e existirá, enquanto na Rússia durar a luta libertadora.

“De muitas páginas deste livro emana uma emoção profunda.

“No decurso de uma conversa com os seus companheiros, André, o pequeno-russo, exclama:

“– Que importam os meus sofrimentos, as minhas desgraças! Quando penso que um dia a pátria será livre, o meu coração dilata-se de júbilo… tenho vontade de cho-rar, tão feliz me sinto!

“E quando Pavel diz, falando de um seu amigo infeliz, mas sempre bem disposto de espírito:

“– Sabes? Aqueles que mais riem são aqueles cujo coração sofre incessantemente.

“Um companheiro responde:“– Qual história! Se assim fosse,

toda a Rússia morreria de riso!***“O príncipe Urussov, antigo

ministro adjunto do interior, na Rússia, conta nas suas Memórias que a rainha da Romênia, falando-lhe dos escritores russos contempo-râneos, colocava muito alto a obra de Gorky, que ela conhecia perfei-tamente. “Sabe captar a atenção do leitor”, declarava ela, “e introduziu processos absolutamente novos na literatura moderna”.

“Carmen Sylva [pseudônimo literário da rainha Isabel de Wied, da Romênia] aludia provavelmente ao dom que Gorky possui de fasci-nar o leitor com o poder das cenas que descreve. Tais são, neste ro-mance, a morte do revolucionário Iegor, a prisão do camponês Ribine, a audiência do tribunal a que com-parecem Pavel e os seus amigos, a cena final em que as mãos dos guardas espancam a pobre mãe. Quantas passagens poderíamos citar ainda! Por exemplo, aquela em que Sofia toca uma música de Grieg. O autor não diz o nome da-quele trecho, mas qualquer músico o reconhecerá imediatamente pela rápida e flagrante descrição que dele faz Gorky.

***“O governo russo entendeu

dever apreender A Mãe em todo o império. Poucos dias depois da aparição da obra, a polícia fazia buscas em todas as livrarias tanto de S. Petersburgo como da provín-cia. Chegou muito tarde e só pôde apreender poucos exemplares, por estar já vendida a maior parte de uma grande edição.

“Ao mesmo tempo, as autori-dades entregavam aos tribunais Gorky e o seu editor, sob a acu-sação de ‘excitação à revolta’ e de ‘achincalhamento das coisas santas’, crimes que elas dizem existirem neste romance. Segundo a lei russa, sob os culpados impen-de a pena de três a cinco anos de

prisão ou de exílio na Sibéria.“Há três anos somente,

Gorky foi encarcerado na forta-leza de S. Pedro e S. Paulo, por motivos análogos.

“A opinião pública sentiu-se abalada em todo o mundo: de todos os países civilizados aflu-íram petições colossais, recla-mando a libertação do mestre. Gorky foi posto em liberdade.

“Sofrendo do peito, o autor da Mãe está desde há muitos meses em Capri.

“Regressará em breve ao seu país.

“A prisão estará esperando novamente um dos melhores filhos da Rússia?

“Paris, novembro, 1907.“S. PERSKY”

O AUTOR

Gorky não conseguiu voltar para a Rússia senão em 1913, quando o czar, em comemoração aos 300 anos da dinastia Roma-nov, decretou uma anistia.

O mais importante nas ob-servações de Serge Persky é o destaque à qualidade literária das obras de Gorky.

Cinco anos depois, em seu livro sobre a literatura russa, Per-sky dirá, no capítulo que dedicou ao autor de “A Mãe”:

“Máximo Gorky é a figura mais original e, depois de Tolstoy, o ta-lento mais poderoso da literatura russa contemporânea” (cf. Serge Persky, “Les Maîtres du Roman Russe Contemporain”, Librai-rie Ch. Delagrave, 1912, p. 210).

Especificamente sobre o ro-mance mais conhecido de Gorky, escreve ele:

“A Mãe nos introduz, de cheio, no mundo da revolução. Os heróis do livro pertencem, na maior parte, a esse proletariado fabril e agrícola, cujo papel tem sido tão importan-te nas últimas tempestades políti-cas na Rússia. Nas maravilhosas análises psicológicas, Gorky mostra como alguns destes seres simples compreendem a nova verdade, e como ela consegue, pouco a pouco, penetrar em suas almas ardentes” (idem, p. 234).

UMA NOTA

Há muitos anos – quase 30 – publiquei um pequeno ensaio sobre a literatura, em especial, sobre o realismo socialista. Uma das anotações é a seguinte:

“… quase ao mesmo tempo em que escrevia ‘A Mãe’, pri-meira grande heroína positiva da literatura socialista, Gorky escreveu um outro livro ma-gistral, ‘A Vida de um Homem Inútil’, conhecido no Brasil e outros países como ‘O Espião’.

“Evséi Klimkoff, esmagado des-de a infância, sem amor e sem saber amar, sem consciência de nada, rancoroso, rastejante, torna-se um delator, um dedo-duro, informante da polícia política. Trai os únicos que lhe dedicam atenção, membros do movimento revolucionário, aos quais foi apresentado por um ami-go de infância, a quem também trai. Quando a revolução explode,

só lhe resta esperar a morte na li-nha do trem – há muito está morto.

“Mas nem mesmo essa última dose de coragem ele tem. Levanta e corre apavorado, como um rato, ao ruído da locomotiva. Mas já é tarde: o trem, como a revolução, o colhe inapelavelmente” (v. Notas sobre o herói na literatura, CPC/Umes, s/d, pp. 7-8).

Não havia lido, quando es-crevi essas palavras, o livro de Persky, apesar deste ter apare-cido em 1912:

“Como este título sugere um pouco, ‘O Espião‘ é um estudo da polícia política russa. É o romance da terrível Okhrana, cujas atividades misteriosas têm sido cobertas pela imprensa francesa e estrangeira.”

(…)“Todo o interesse do livro se

concentra então nas páginas de-dicadas à pintura da terrível ins-tituição policial. Foi necessário nada menos do que o talento de Máximo Gorky para fazê-la viver diante dos nossos olhos. Desde o chefe Filip Filipovitch, até o sádico Soloviev, passando pelo abjeto Sa-cha e o hipócrita Zarubin, ele nos apresenta, com arte consumada, a multidão de agentes estúpidos, cúpidos ou corruptos, que exercem as suas tarefas com cansaço, todos caracterizados com um traço nítido e enérgico.

“Entre eles, o jovem Evséi Klimkoff leva uma existência mise-rável e ridícula. Esmagado por um poder invencível, ele se vê forçado a entregar a seus chefes, primeiro um velho homem que o acolheu e confiou-lhe seus projetos de reno-vação social, e, em seguida, uma jo-vem pela qual está fascinado, e até mesmo seu próprio primo, suspeito de propaganda revolucionária” (cf. S. Persky, op. cit., p. 240).

Com efeito, isso é o que existe de mais repugnante em Evséi Klimko-ff: ele entrega aos carrascos aqueles que lhe querem bem – e, mais que isso, aqueles de quem ele gosta.

LITERATURA SOCIALISTA

“A Mãe” e “O Espião” são obras, evidentemente, anteriores à Revolução Russa – mais exatamen-te, uma espécie de balanço literário da Revolução de 1905, no momento em que a repressão czarista se estendia pelo território da Rússia.

Essa concepção de literatura – e de estética – ligada à vida, é o núcleo do que, depois, seria de-senvolvido e chamado “realismo socialista”.

Quando da morte de Jorge Amado, lembro-me que escrevi um artigo em que, perifericamen-te, colocava-se a questão: até que ponto o realismo é sempre uma superação do romantismo? Ou: existe a necessidade de uma fase romântica anterior, para que se possa chegar ao realismo?

Essa questão também apareceu na literatura soviética, ou seja, na literatura após a Revolução Russa.

Gorky, em especial, falará do “romantismo revolucionário” – mas é um erro dizer, como se diz em alguns círculos atuais, que ele

não via diferença entre “roman-tismo revolucionário” e “realismo socialista”.

Em 1934, em seu discurso, na presença de Gorky, no Iº Congresso de Escritores Soviéticos, Andrei Zhdanov, em nome do Comitê Central do PCUS, equacionou a questão do seguinte modo:

“Nós dizemos que o realismo socialista é o método principal da literatura soviética e da críti-ca literária, e isso implica que o romantismo revolucionário deve entrar na obra literária como um componente, porque toda a vida do nosso partido, toda a vida da classe operária e sua luta, consistem em uma combinação do trabalho prático mais austero e mais lúcido com o maior espírito heroico e com grandiosas perspectivas.”

Claramente, tal como formula-do por Zhdanov, o realismo socialis-ta é uma superação do romantismo revolucionário.

A expressão “realismo socialis-ta” – e a formulação do conceito – haviam aparecido no ano de 1932, em um artigo de Gorky.

Dois anos depois, no mesmo Iº Congresso de Escritores Soviéticos, Gorky localizaria a questão a partir do problema a ser enfrentado na-quele momento:

“Devemos confessar que es-critores, operários e kolkho-sianos ainda trabalhamos mal e não podemos assimilar por completo o que através do nosso próprio esforço foi criado. Nos-sas massas trabalhadoras não se aperceberam inteiramente de que já não trabalham para nenhum patrão, mas para si próprias. Essa consciência não atingiu ainda sua plenitude nem toda sua pujança. Nada chega ao estado de ebulição, claro, antes de ter atingido determinada temperatura. Mas ninguém como o nosso Partido soube até hoje fazer subir a temperatura da energia trabalhadora como o fizeram Vladimir Lenin e seu atual dirigente [Stalin].

“O herói dos nossos livros deve ser o trabalho personifica-do no trabalhador, que conta já entre nós com a força da técnica contemporânea; o homem que, por sua vez, organiza o traba-lho, tornando-o mais fácil, mais frutuoso e elevando-o à altura da arte. Devemos entender o trabalho como criação, conceito esse que, como escritores, pou-cas vezes temos o direito de usar. Constitui uma certa tensão ex-trair da reserva de nosso saber e de nossas impressões os fatos mais característicos; formam um quadro e são pormenores que a nossa inteligência envolve com vocábulos precisos e corren-tes. É uma qualidade de que a literatura jovem não pode ainda vangloriar-se: nem a reserva de impressões, nem a soma de conhecimentos são nela muito abundantes, tal como são ainda incipientes os desejos de incen-sar e aprofundar essa literatura.

“O tema, tanto na literatura russa como na literatura estran-geira do século XIX, é o indiví-duo em oposição à sociedade, ao Estado e à Natureza. (…) o tema essencial da literatura pré-revolucionária serviu de drama ao homem que considera a vida apertada, que se sente a mais na sociedade, que procura um lugar cômodo e, não o encontrando, sofre, morre ou reconcilia-se com a sociedade que lhe é hostil, se acaso não desce mesmo ao alcoolismo ou ao suicídio.

“Na URSS não podem exis-tir pessoas a mais, desde o momento em que cada cidadão goza de amplas possibilidades para desenvolver suas capaci-dades e seu talento. Não se lhe exige mais do que uma coisa: ser sincero e contribuir he-roicamente para realizar uma sociedade sem classes.

(…)“O realismo socialista afirma

a existência como atividade e como criação. O seu objetivo primordial consiste em fazer evoluir as possibilidades do homem para que triunfe sobre a natureza. Quer dizer, em favor da sua própria saúde e da sua longevidade. Para viver feliz na Terra, em cujos limites aspira fazer, à medida que suas neces-sidades vão crescendo uma vasta morada para a Humanidade unida numa única família.”

Ao lado, o escritor russo Máximo Gorky