Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da...

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da neurocisticercose RODRIGO BAZAN RIBEIRÃO PRETO 2010

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa

da neurocisticercose

RODRIGO BAZAN

RIBEIRÃO PRETO 2010

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RODRIGO BAZAN Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa

da neurocisticercose

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Neurociências. Área de Concentração: Neurologia.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Massaiti Takayanagui

RIBEIRÃO PRETO 2010

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,

POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E

PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Bazan, Rodrigo

Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da neurocisticercose. Ribeirão Preto, 2010. 121p.: il.; 30 cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Área de Concentração: Neurologia. Orientador: Takayanagui, Osvaldo Massaiti 1. neurocisticercose; 2. forma racemosa; 3. neuroimagem; 4. líquido

cefalorraquídeo; 5. teste ELISA para cisticercose; 6. hipertensão intracraniana; 7. meningite; 8. derivação ventricular.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno: Bazan, Rodrigo

Título: Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da neurocisticercose.

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do Titulo de Mestre em Neurociências. Área de concentração: Neurologia

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. ________________________________________________________

Instituição:_______________________________________________________

Assinatura:______________________________________________________

Prof.Dr:_________________________________________________________

Instituição:______________________________________________________

Assinatura:______________________________________________________

Prof.Dr.________________________________________________________

Instituição:______________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________

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DEDICATÓRIA

DEDICO ESTA DISSERTAÇÃO:

Aos pacientes que confiaram e tornaram possível a

realização deste trabalho.

À minha esposa Silméia, pelo carinho, apoio e

compreensão nos momentos de minha ausência.

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HOMENAGEM Ao Professor Osvaldo M. Takayanagui, exemplo de ética

profissional, por ter me ensinado o valor da verdadeira

amizade, por ter acreditado em minha capacidade

profissional, por seu constante incentivo, disposição e

capacidade de cooperação inesgotável, meus mais

sinceros agradecimentos.

e

Ao Dr. Newton S. Odashima, pelos ensinamentos, apoio

desde o início, paciência e amizade.

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AGRADECIMENTOS Aos meus pais e avós (in memorian), pelo incentivo e educação desde a infância, respeito às minhas escolhas e pelo apoio, sem o qual a realização deste trabalho não seria possível. À minha irmã Renata, pela amizade e carinho, espelho de competência profissional, verdadeiro exemplo a ser seguido. Ao Dr. Artur O. Schelp, por ter me auxiliado no início da carreira, me recebendo de braços abertos. Ao Dr. Ronaldo G. Fonseca, pela contribuição na minha formação profissional, pela amizade, assim como pela ajuda na correção gramatical deste trabalho. Ao Dr. Fernando Coronetti G. Rocha, por ter me iniciado no campo da Neuroinfecção, amizade e sugestões na Dissertação. Aos amigos, Leila A. Almeida, Daniel Brandão e Gabriel Siqueira Santos, pelo auxílio durante a execução deste projeto. A todos os colegas da disciplina de neurologia e médicos residentes, pela atenção e apoio durante a execução da Dissertação.

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Ao colega de ambulatório, Dr. José Eduardo Lima, pela ajuda profissional. Às colegas do laboratório de Líquido Cefaloraquideo, Deise Freitas e Antonia K. Tsubouchi, pelo carinho e atenção desde o primeiro contato. Às funcionarias da Pós-Graduação da Neurologia, Beth e Silvana, pela paciência e auxílios prestados. Ao coordenador da PG da Neurologia, professor Wilson Marques. À funcionária do Departamento de Oftalmologia, Maria Cecília Onofre, pelo auxílio na formatação deste trabalho. A todos os funcionários do arquivo de RX, pela prestatividade. A todos os funcionários da sala de estudo, em especial a Sra. Eliane. A todo o pessoal do SAME, em especial as sra.(s) Mila e Junia. Ao Sr. Hélio Rubens, pelo auxílio na análise estatística. Ao Sr. André Spadotto, pelo auxílio nos gráficos e nas tabelas. A todos aqueles que porventura não foram citados, mas que direta ou indiretamente auxiliaram nesta dissertação, meus sinceros agradecimentos.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos, assim como a todos os médicos assistentes e outros profissionais do Serviço de Radiodiagnóstico do HCFMRP-USP, pelo apoio e assistência aos pacientes. Ao Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli, assim como a todos os médicos assistentes e outros profissionais do Serviço de Neurocirurgia do HCFMRP-USP, pelo apoio e assistência aos pacientes. Ao Dr. Carlos Clayton M. Freitas, responsável pelo Setor de Endovascular do Serviço de Neurologia e Neruocirurgia do Hospital das Clínicas da UNESP de Botucatu, pelo incentivo, constante apoio profissional e pela sua amizade.

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A verdade é inalcançável, todavia

devemos nos aproximar dela por

tentativas.

KARL POPPER

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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Lista de Abreviaturas e Siglas

ANTR- Ambulatório de Neurologia Tropical AVC- Acidente vascular cerebral CCD- cefaléia tipo crônica diária DVP- Derivação ventrículo peritoneal EITB- enzyme-linked immunotransfer blot ELISA- enzime linked immunosorbent assay HCFMRP-USP- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto - Universidade de São Paulo HIC- hipertensão intracraniana LCR- líquido cefalorraquidiano NCC- neurocisticercose OMS- Organização Mundial de Saúde

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LISTA DE FIGURAS

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Lista de Figuras

Figura 1: Ciclo evolutivo da teníase e da cisticercose..........................................27

Figura 2: Distribuição geográfica da T.solium ......................................................27

Figura 3: Árvore de possibilidades clínicas dos pacientes ...................................49

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LISTA DE TABELAS

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Apresentação inicial das síndromes clínicas dos pacientes, isoladas

ou em associações...............................................................................41 Tabela 2: Síndromes clínicas evolutivas ..............................................................43 Tabela 3: Síndromes clínicas no final do estudo, isoladas ou em associações ...47 Tabela 4: Comparação das variáveis do LCR entre os sexos..............................53 Tabela 5: Total de pacientes submetidos à punção de LCR, com os padrões

de meningite.........................................................................................56 Tabela 6: Taxa de eosinofilorraquia nas amostras de LCR..................................57 Tabela 7: Distribuição dos títulos de ELISA nas amostras de LCR......................57 Tabela 8: Associações das Topografias das Lesões Racemosas .......................60 Tabela 9: Características das lesões racemosas e hidrocefalia...........................61 Tabela 10: Associações de lesões parenquimatosas.............................................62 Tabela 11: Topografia das lesões ventriculares .....................................................63 Tabela 12: Tratamento realizado pelos pacientes do estudo .................................64 Tabela 13: Distribuição do tratamento realizado quanto ao sexo...........................65 Tabela 14: Distribuição da casuística, segundo procedência, sexo e idade...........70 Tabela 15: Distribuição da casuística, segundo sintomatologia clínica ..................70 Tabela 16: Distribuição da casuística segundo exame neurológico da entrada .....71 Tabela 17: Distribuição da casuística segundo exame de neuroimagem...............71 Tabela 18: Distribuição da casuística, segundo tratamento ...................................72 Tabela 19: Distribuição da casuística segundo exame evolução ...........................72 Tabela 20: Clínica inicial apresentada pelos pacientes do estudo, em relação

ao sexo .................................................................................................73

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Lista de Tabelas

Tabela 21: Apresentação clínica ao final do estudo apresentada pelo total de pacientes, em relação ao sexo ............................................................73

Tabela 22: Cálculo dos valores de p para os tipos de tratamento quanto ao

sexo.....................................................................................................74 Tabela 23: Associação entre sexo e presença de lesão ventricular .......................74 Tabela 24: Associação entre lesão ventricular e hidrocefalia .................................75 Tabela 25: Associação entre lesão hidrocefalia e presença de HIC.......................75 Tabela 26: Associação entre lesão ventricular e presença de HIC ........................75 Tabela 27: Associação entre lesão intraparenquimatosa e epilepsia .....................76 Tabela 28: Associação entre meningite e HIC........................................................76 Tabela 29: Associação entre sexo e sintomatologia clínica ...................................77 Tabela 30: Associação entre o uso de corticóide e a evolução clínica...................77 Tabela 31: Modelo de regressão logística ajustado para explicar a alteração de

exame físico em função do tempo para o diagnóstico .........................78 Tabela 32: Associação entre tempo de diagnóstico e alteração de exame físico ..78 Tabela 33: Associação entre procedimento e evolução .........................................79 Tabela 34: Associação entre sexo e procedimento ................................................80 Tabela 35: Associação entre sexo e sintomatologia clínica ...................................80 Tabela 36: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de

procedimentos cirúrgicos......................................................................81 Tabela 37: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de

DVP......................................................................................................81 Tabela 38: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de

procedimentos......................................................................................82 Tabela 39: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao

total de procedimentos cirúrgicos.........................................................82 Tabela 40: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao

total de DVP .........................................................................................83

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Lista de Tabelas

Tabela 41: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao total de procedimentos .........................................................................84

Tabela 42: Modelos logísticos ajustados para explicar os sintomas clínicos em

função da idade do diagnóstico............................................................84 Tabela 43 Associação entre aracnoidite, evolução do paciente e presença de

vasculite ...............................................................................................85 Tabela 44: Associação entre lesão no terceiro ventrículo e aracnoidite.................85 Tabela 45: Associação entre lesão racemosa com reforço e aracnoidite...............86 Tabela 46: Comparação entre pacientes com diferentes números de cisternas

em relação ao total de procedimentos .................................................86 Tabela 47: Associação entre o grau de hidrocefalia e o tipo tratamento

realizado...............................................................................................87

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LISTA DE GRÁFICOS

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Lista de Gráficos

Gráfico 1: Apresentações clínicas dos pacientes na entrada ...........................41 Gráfico 2: Distribuição, quanto ao sexo, das síndromes clínicas de entrada

dos pacientes ...................................................................................42 Gráfico 3: Apresentações clínicas evolutivas dos pacientes, porcentagens

calculadas com 32 pacientes ...........................................................44 Gráfico 4: Representação evolutiva das síndromes clínicas apresentadas

pelos pacientes, quanto à distribuição por sexo...............................44 Gráfico 5: Evolução temporal (meses) das síndromes clínicas durante o

estudo ..............................................................................................45 Gráfico 6: Apresentação de todas as síndromes clínicas até o final do

estudo ..............................................................................................48 Gráfico 7: Distribuição das síndromes clínicas quanto ao sexo, ao final do

estudo ..............................................................................................48 Gráfico 8: Exame neurológico de entrada dos pacientes .................................51 Gráfico 9: Exame neurológico evolutivo dos pacientes do estudo....................52 Gráfico 10: Distribuição dos valores de celularidade, quanto ao sexo................54 Gráfico 11: Distribuição dos valores de glicorraquia, quanto ao sexo ................55 Gráfico 12: Distribuição dos valores de proteína (mg%), quanto ao sexo ..........55 Gráfico 13: Distribuição dos LCR e padrões de meningite pelo total de

pacientes..........................................................................................56 Gráfico 14: Distribuições das lesões racemosas quanto à topografia ................59 Gráfico 15: Distribuições dos tratamentos realizados quanto ao sexo, em

números absolutos de casos............................................................59

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RESUMO

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Resumo

BAZAN, R. Aspectos clínicos e evolutivos da forma racemosa da neurocisticercose. 121f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade São Paulo, Ribeirão Preto, 2010. Este estudo avaliou, de maneira retrospectiva, 36 pacientes portadores da forma racemosa da neurocisticercose. Foram analisadas as apresentações clínico-evolutivas incluindo líquido cefalorraquidiano (LCR), neuroimagem e tratamento. Dezesseis pacientes eram mulheres e 20 homens; 77,8% moravam na zona urbana, a maioria com ensino fundamental. Associações de formas clínicas estiveram presentes em 94,4% dos pacientes, hipertensão intracraniana, 75%, meningite, 72,2%, epilepsia, 61,1%, cefaléia, 50% e outras síndromes clínicas (cerebelares, vasculites, depressão e mielorradicuolopatia), 11,1%. Das síndromes clínicas, houve predomínio de cefaléia no grupo feminino. Apresentaram na admissão, exame neurológico normal 38,9%, alterações na fundoscopia 33,3% e anormalidades em sistema motor e/ou tono 22,2%. Evolutivamente, o exame neurológico foi normal em 55,6% e anormal em 44,4% (19,4%, alterações cerebelares, 11,1%, fundoscópicas). Houve 13,9% de casos com a forma psiquiátrica da doença. Na análise do LCR, um paciente apresentou exame normal, em 26 pacientes evidenciou-se um padrão de meningite com predomínio linfocítico e em nove, o exame não foi realizado. Houve presença de eosinofilorraquia em 30% e o teste ELISA teve sensibilidade de 80%. Na neuroimagem observaram-se lesões em cisternas do tronco encefálico em 86,1%, cisternas da base 52,8%, fissuras Silvianas 41,7%, coróideas 25%, inter-hemisférica 14%, sulcos frontais 2,8% e lesões em topografia extramedular em 11,1%; 66,7% dos pacientes tiveram associações de topografias. Em 75% dos pacientes houve associação com lesões intraparenquimatosas, com predomínio de lesões calcificadas e em 41,7%, combinação com lesões ventriculares, principalmente no quarto ventrículo. Em 25% dos pacientes houve tratamento exclusivamente clínico, exclusivamente cirúrgico em 30,6%, clínico-cirúrgico em 36,1% e nenhum tratamento em 8,3%. Receberam corticosteróide 77,8% dos pacientes. Fizeram uso do albendazol como cisticida 95,4% e dos que foram submetidos ao tratamento cirúrgico, em 23 pacientes houve interposição de derivação ventrículo peritoneal (95,8%). Como principais complicações observaram-se: ventriculite (8,3%), aracnoidite (30,6%), infecção do cateter de derivação (16,7%), córtico-dependência (11,1%) e meningite bacteriana após procedimento cirúrgico (8,3%). Evoluíram favoravelmente 33,3% dos pacientes, desses, 66,7% eram mulheres e 33,3% homens. Tiveram desfecho considerado desfavorável 66,7%; 11,11% evoluíram para óbito (todos homens) e 55,6% apresentaram melhora parcial ou sequela; desses, 60% eram homens. A causa dos óbitos foi atribuída à hipertensão intracraniana.

Palavras-chave: neurocisticercose, forma racemosa, neuroimagem, líquido cefalorraquídeo, teste ELISA para cisticercose, hipertensão intracraniana, meningite, derivação ventricular.

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ABSTRACT

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Abstract

BAZAN, R. Clinical and evolutionary aspects of racemose form of neurocysticercosis. 121f. Dissertation (Master degree). Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade São Paulo, Ribeirão Preto, 2010.

This study retrospectively evaluated 36 patients with the racemose form of neurocysticercosis. Clinical presentation of these patients was analyzed, including a cerebrospinal fluid (CSF), neuroimaging and treatment. Among patients with racemose form, 16 were women and 20 were men, 77.8% lived in urban areas and most of them only had basic education. Associations of clinical forms were present in 94. 4% of patients, 75% intracranial hypertension, 72.2% meningitis, 61.1% epilepsy, 50% cephalea and 11.1% other clinical syndromes (cerebellar, vasculitis, depression and myeloradiculopathy). In clinical syndromes there was a prevalence of cephalea in the female group. At admission patients presented, normal neurological examination 38.9%, fundoscopy alterations 33.3% and alterations in the motor and/or tonus system 22.2%. Evolutionarily neurological examination was normal in 55.6% and abnormal in 44.4%. (19.4% cerebellar alterations, 11.1% fundoscopy alteration). There were 13.9% of cases with the psyquiatric form of the disease. As to CSF analysis, one patient had a normal exam, in 26 a meningitis pattern was evident with lymphocytic predominance and in 9 patient’s examination was not performed. There was a presence of cerebrospinal fluid eosinophils in 30% and ELISA test was 80% sensible. Neuroimaging showed lesions in cisterns of encephalic trunk in 86.1%, base cisterns 52.8%, Sylvian fissures 41.7%, coroidea fissure 25%, interhemispheric 14%, frontal sulcs 2.8%, and lesions in extra medullar topography 11.1%; 66,7% of patients had topographic associations. In 75% of patients there were associations with intraparenchymatous lesions with predominance of calcificated lesions and 41.7% associations with ventricular lesions, mostly lesions in the fourth ventricle. Exclusively clinical treatment was performed in 25% of patients, exclusively surgical treatment in 30.6%, clinical and surgical in 36.1% and 8.3% of patients did not undergo treatment; 77.8% of patients received corticosteroids, 95.4% albendazole as antiparasitic drug and among those who underwent surgical treatment, a shunt ventricular derivation procedure was performed in 23 patients (95.8%). As main complications one observed: ventriculitis (8.3%), aracnoiditis (30.6%), derivation catheter infection (16.7%), cortical dependence (11.1%) and bacterial meningitis after surgical procedure (8.3%). One observed that 33.3% of patients progressed positively, 66.7% women and 33.3% men. 66.7% of the patients had an unsatisfactory completion; 11.11% (all of them male) died, and 55.6% had incomplete improvement or sequel, of these 40% women, 60% men. Intracranial hypertension was alleged to be the cause of death. Keywords: neurocysticercosis, racemose form, neuroimaging, cephaloraquidian liquid, ELISA test for cysticercosis, intracranial hypertension, meningitis, ventricular derivation.

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ÍNDICE

1- INTRODUÇÃO..................................................................................................25 2- OBJETIVOS .....................................................................................................32 3- PACIENTES E MÉTODOS...............................................................................34 4- RESULTADOS .................................................................................................37

4.1. Caracterização da Amostra ...........................................................................38 4.2. Apresentação Clínica.....................................................................................39 4.3. Análise Líquido Cefalorraquídeo (LCR).........................................................52 4.4. Conclusão......................................................................................................54 4.5. Abordagem de Análise ..................................................................................54 4.6. Análise da Imagem........................................................................................57 4.7. Tratamento ....................................................................................................64 4.8. Das Complicações e Evolução dos Pacientes ..............................................67 4.9. Análise Estatística .........................................................................................70 4.10. Associações Entre Sintomatologia Clínica, Achados Laboratoriais,

Neuroimagem, Tratamento e Evolução .........................................................74 5- DISCUSSÃO.....................................................................................................88 6- CONCLUSÕES...............................................................................................100 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................102 8- ANEXOS.........................................................................................................115

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1- INTRODUÇÃO __________________________________________

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Introdução

26

Recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou

neurocisticercose (NCC) como a mais importante doença neurológica de

origem parasitária em humanos [1]. A NCC é a maior causa de epilepsia de

início na vida adulta em áreas onde a teníase (Taenia solium) é endêmica [2,3].

Os seres humanos são infectados pela ingesta incidental de ovos de Taenia

(via oro-fecal), onde os embriões contidos nos ovos atravessam a mucosa

intestinal, tendo seu transporte feito pelo sistema circulatório [4]. Atingindo

áreas de circulação terminal, os embriões se estabelecem e se encistam

formando as vesículas larvárias ou cisticercos, os quais atingem o tamanho

definitivo de 2 a 3 cm em dois a três meses [5]. O ser humano é o único

hospedeiro definitivo que abriga o parasita adulto, podendo também atuar

como hospedeiro intermediário quando aloja a larva ou cisticerco. Enquanto a

cisticercose suína acomete, principalmente a musculatura estriada, no homem,

o sistema nervoso revela-se a localização mais importante por sua frequência e

gravidade, em 90% dos casos, a cisticercose pode ser exclusivamente cerebral

[6]. O ciclo evolutivo da teníase e da cisticercose está ilustrado na Figura 1.

Morfologicamente, o cisticerco pode apresentar-se sob duas formas: a

cística, vesícula contendo escólex em seu interior, conhecida como forma

cística simples e, em cachos, com numerosas vesículas agrupadas, mas sem o

escólex, denominada forma racemosa [6,7].

O complexo teníase/cisticercose acomete 50 milhões de indivíduos no

mundo (Figura 2); 50 mil desses falecem a cada ano [8], estimando-se que

aproximadamente 400 mil pessoas tenham a doença sintomática na América

Latina e que exista um contingente muito maior de portadores assintomáticos

[9]. Revela-se como grave problema de saúde pública em várias regiões da

Ásia, África e América Latina, particularmente nos países em desenvolvimento,

onde a precariedade das condições sanitárias e o baixo nível socioeconômico e

cultural aliam-se na persistência de sua disseminação [10,6,11].

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Introdução

27

Figura 1: Ciclo evolutivo da Taenia solium. (Fonte: Adaptado de Takayanagui, 2001).

Figura 2: Distribuição Geográfica da T.solium. (Fonte: Adaptado de Schantz, 2006).

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Introdução

28

A maioria dos indivíduos infectados pertence à faixa etária entre 20 e 50

anos de idade e o impacto social e econômico da NCC é multifacetado,

provocando intenso sofrimento individual e da sociedade como um todo.

No Brasil, em contraposição ao que ocorre com a distribuição mundial, a

NCC predomina nas regiões sudeste e sul [12], sendo estes os estados mais

ricos da nação, podendo chegar à prevalência estimada de 72 casos por 100

mil habitantes no município de Ribeirão Preto-SP [12]. No Brasil, essa aparente

contradição reflete a maior disponibilidade de recursos tecnológicos para a

definição diagnóstica nessas localidades. A real prevalência populacional da

doença no país permanece desconhecida pela ausência de notificação [13].

As manifestações clínicas da NCC dependem amplamente do número,

tipo, tamanho, localização e estágio de desenvolvimento do cisticerco, assim

como da resposta imunológica do hospedeiro frente ao parasita [14]. Os sinais

e sintomas são variados e inespecíficos, sendo impossível o reconhecimento

de uma síndrome típica [15]. Indivíduos assintomáticos são ocasionalmente

detectados nas autópsias, mas sua frequência real ainda é desconhecida.

Esses estudos, quando realizados em hospitais gerais de áreas endêmicas,

mostram variação de frequência entre 43,3 e 91% [16].

A epilepsia é a manifestação mais frequente da NCC, observando-se em

mais de 70% dos casos. Em regiões endêmicas, a presença de epilepsia de

início tardio é altamente sugestiva de NCC [17,18,19,20]. Ainda que a maioria

dos pacientes tenha exame neurológico normal, existe um grande

pleomorfismo de manifestações clínicas, tendo sido descrita grande variedade

de sinais focais na NCC, incluindo déficit motor, ataxia cerebelar, disfunção de

tronco encefálico, movimentos involuntários, como distonias e achados de

parkinsonismo, quadros demenciais e infartos cerebrais secundários à angeíte

[21,22].

A NCC intraparenquimatosa está associada com bom prognóstico, cujos

parasitas evoluem para degeneração que culmina na formação de cicatriz

calcificada [21]. Em contraste, parasitas localizados no espaço subaracnóide

da base do encéfalo tendem a crescer e invadir os espaços vizinhos. Os cistos

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Introdução

29

no espaço subaracnóide podem invadir a fissura de Sylvius, assim como as

cisternas da base do encéfalo e crescer, atingindo vários centímetros de

diâmetro, podendo chegar a mais de 5 cm, sendo denominados cistos gigantes

[23,24]. Inicialmente, as formações em crescimento lembram cachos de uvas,

confluentes, geralmente pequenas e sem escólex, sendo esta forma da doença

denominada “racemosa” [25]. Conforme as vesículas crescem em número e

tamanho, elas tomam as cisternas quiasmática, interpeduncular, pontina e

magna, fissuras de Sylvius e inter-hemisférica, aparentando uma infiltração

maligna. As topografias com localizações ventriculares e nas cisternas basais

são consideradas formas de apresentação maligna da NCC [14,26]. Nessa

forma de apresentação da doença, (racemosa), encontra-se frequente

associação com intensa reação inflamatória, meningite crônica, aracnoidite,

espessamento das leptomeninges da base do encéfalo, podendo levar a

quadro de bloqueio da circulação do líquido cefalorraquidiano (LCR) com

hidrocefalia obstrutiva e hipertensão intracraniana (HIC), com altas taxas de

mortalidade, variando de 20% a mais de 50% [10,27,28]. Embora a forma mais

frequente da cisticercose nas topografias ventriculares seja a cística simples,

podendo os cistos se encontrarem aderidos à parede ventricular ou estarem

livres, têm-se descrições de associação da forma racemosa nas topografias

ventriculares, principalmente no quarto ventrículo. Na topografia ventricular, as

lesões cisticercóticas levam o LCR a uma inflamação, frequentemente

associada à ependimite, podendo-se ter HIC e um pior prognóstico com alta

morbi-mortalidade [7,10,26,29]. A condição conhecida como quarto ventrículo

isolado ocorre devido à presença de cistos cisticercóticos ou pelo intenso

processo inflamatório do LCR (ependimite), é definida pela neuroimagem como

sendo uma ventriculomegalia do IV ventrículo associada à normalidade dos

demais ventrículos [30], podendo ser implicada como fator de mau prognóstico

na evolução dos doentes.

O diagnóstico de NCC é baseado em achados clínicos, estudos de

neuroimagem e confirmado com base em análises sorológica e liquórica. O

exame de neuroimagem mais difundido é a tomografia computadorizada, pois

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Introdução

30

tem boa sensibilidade e menor custo, embora tenha baixa acurácia para lesões

pequenas situadas na fossa posterior, no interior dos ventrículos e cisternas da

base. A ressonância magnética permite melhor definição na detecção de

lesões, edema perilesional, cistos de fossa posterior, ventriculares e cisternais,

embora não detecte pequenas calcificações e tenha um custo mais elevado

[31].

Desde a descrição da síndrome liquórica por Lange em 1940 [32],

representada pela presença de pleocitose, hiperproteinorraquia,

eosinofilorraquia, houve o desenvolvimento, nas últimas décadas, de técnicas

imunológicas como as reações de imunofluorescência, hemaglutinação,

imunoenzimáticas (ELISA-enzyme-linked immunosorbent assay) e blotting com

glicoproteínas purificadas (EITB-enzyme-linked immunotransfer blot) que

propiciaram maior precisão do LCR no estabelecimento do diagnóstico de

cisticercose. O diagnóstico sorológico fornece confirmação específica, com

especificidade próxima de 100% e sensibilidade de até 98% nos casos da

forma racemosa, sendo realizado pela técnica de EITB, podendo identificar

anticorpos específicos em amostras de soro ou LCR [31,33].

As manifestações clínicas da NCC foram propostas por Trelles e Lazarte

[34], tendo sido modificada por Takayanagui [35], consistindo nas formas:

epiléptica, meningítica, hipertensiva, psiquiátrica, medular, cefalálgica e formas

combinadas de apresentação. Uma recente proposta de diagnóstico realizada

por especialistas auxilia os clínicos no diagnóstico de NCC, esses critérios

permitem diagnóstico de certeza ou de probabilidade [36].

O tratamento deve ser realizado conforme o tipo de apresentação da

NCC, a terapêutica inclui a combinação de drogas antiparasitárias e

sintomáticas (analgésicos, corticosteróides e drogas antiepilépticas) e medidas

cirúrgicas [31]. O tratamento medicamentoso com drogas cisticidas pode ser

realizado com praziquantel ou albendazol e o tratamento cirúrgico pode variar,

desde descompressão cirúrgica (craniectomia), derivações ventriculares,

remoções cirúrgicas ou endoscópicas de cistos até ventriculostomias [37].

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Introdução

31

Na forma parenquimatosa, os pacientes com calcificações não devem

receber cisticidas. Os pacientes com cistos viáveis podem ser tratados com

droga parasiticida, preferencialmente o albendazol na dose de 15mg/Kg/dia por

uma semana, tendo destruição dos cisticercos parenquimatosos em torno de

60 a 85% [17,38].

Na NCC racemosa há amplo consenso de que essa forma de apresentação resulta em doença progressiva e requer uma conduta mais agressiva [38,39], porém ainda é controversa a melhor opção de tratamento para a apresentação de neurocisticercose subaracnóidea (racemosa), assim como a forma de apresentação ventricular da doença, muitos estudos apontam para melhores resultados a realização de procedimentos de derivação ventricular e extração cirúrgica dos cistos, preferencialmente por técnicas endoscópicas [29,38,40,41]. O tratamento dos cistos subaracnóides gigantes, localizados na fissura Silviana ou cisternas basais é controverso [17]. Alguns autores sugerem ressecção cirúrgica dessas lesões, enquanto outros mostram em estudos recentes que o tratamento clínico seria mais eficaz [37,42]. O principal problema durante o tratamento medicamentoso dos cistos é a inflamação perilesional que pode causar HIC, ou, inclusive infarto cerebral, onde a administração de corticosteróides poderia diminuir a frequência dessas complicações [24]. Atualmente, existiria uma tendência de tratamento da cisticercose subaracnóide onde se teria uma administração mais prolongada ou com doses maiores que as habituais de albendazol, podendo-se chegar ao uso de doses de 30mg/Kg/dia [42], além de outros procedimentos cirúrgicos já descritos anteriormente. A eficácia da administração por um mês de albendazol na cisticercose subaracnóide parece ser menor que 40% [23].

Este estudo objetiva analisar os casos de NCC forma racemosa nos pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), visto que, apesar dessa doença ter comportamento, muitas vezes agressivo, com altas taxas de mortalidade e morbidade, não há consenso sobre o seu melhor tratamento, assim como há necessidade de um número maior de estudos clínicos dessa forma de apresentação da NCC objetivando melhor compreensão dessa moléstia.

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INTRODUÇÃO (2) __________________________________________

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Introdução

Na literatura médica, vários estudos mostram essa apresentação da

cisticercose, forma racemosa, como sendo incomum, com grande variação da

incidência ou da topografia dos cistos [47]. Em um estudo foi detectada em 8%

de 170 pacientes com cisticercose [48]. Outro artigo aponta que em uma

casuística de 135 casos de cisticercose parenquimatosa havia em 13% uma

coexistência com a forma racemosa [25]. Obrador [49] constatou frequência de

55% da forma de apresentação da NCC que denominou meningobasilar.

Carpio et al. analisando 336 pacientes, obtiveram frequência em 22,9% [50].

Fleury et al., em 71,4% [51]. Estes dados mostram grande variação da

incidência da forma racemosa na literatura.

A região de Ribeirão Preto é endêmica para cisticercose, no município

de Ribeirão Preto foi implantada em 1992, em caráter pioneiro no Brasil, a

notificação compulsória para cisticercose, revelando um coeficiente estimado

de 54 casos/100000 habitantes em 1996 e, mais recentemente, de 72/100000

habitantes [12,52].

Quanto à zona de moradia dos pacientes portadores de cisticercose

existe uma tendência de mudança de um padrão predominantemente rural para

um perfil de distribuição urbana da doença [53,54,55]. Um trabalho nacional

baseado em extensa revisão de literatura mostrou que os pacientes com

procedência urbana foram acometidos por apresentações clínicas mais severas

da NCC [56], porém estudo de Fleury et al. [51] mostrou que os pacientes

quando comparados quanto à zona de moradia, rural ou urbana, ambos

possuíam achados clínicos e radiológicos semelhantes.

Diversos trabalhos mostram achados semelhantes quanto ao caráter de

não predileção da doença quanto ao gênero [14,35,57]. Em relação a faixa

etária de acometimento há um predomínio das terceira e quarta décadas de

vida, fato este constatado por vários autores [28,35,57,58], confirmando que as

faixas etárias mais atingidas são as economicamente mais produtivas.

Quanto as síndromes clínicas, Takayanagui [35] encontrou frequência

de sintomas inaugurais de HIC em 26,5%, epilepsia em 54,3% e meningite em

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Introdução

13,9% dos pacientes, porém avaliou as várias formas de apresentação da

cisticercose, não somente a forma racemosa.

A NCC é apontada como principal causa de epilepsia na idade adulta

nos paises em desenvolvimento [2,31,36,38,55,59,60]. Garcia et al. apontaram

em estudo com 506 pacientes, que a maior causa de epilepsia de início tardio

foi a NCC [61]. Estudo de 1990 de Takayanagui [35] encontrou epilepsia em

61,6% dos pacientes.

Na literatura, a frequência da HIC varia de 6,4 a 95% [35,57,62,63,

64,65,66].. Colli et al. [37], envolvendo casuística neurocirúrgica de 162

pacientes, verificaram hidrocefalia em 91,6%. Sanchez e Ordoñez [67], que

avaliaram 186 pacientes, mostraram HIC em 66,6% dos casos e epilepsia em

23,6%. Robles et al. [68] analisando série de 141 pacientes encontraram HIC

em 55,3%, epilepsia em 44,6% e meningite em 50% dos casos. Vários outros

trabalhos mostram a importante relação entre a forma racemosa, cisternal ou

meningobasilar, como também é denominada, e os quadros de hidrocefalia,

HIC e meningite [10,26,27,69].

O quadro mielorradicular sintomático é considerado achado raro em

diversas casuísticas, variando de 0,6% a 3,2% [35,70]. Colli et al. [71]

realizaram seguimento de cinco pacientes com cistos racemosos no espaço

subaracnóideo medular, que correspondeu a 2,7% da sua casuística de

pacientes cirúrgicos. A expressão do quadro clínico nas lesões medulares varia

de quadros medulares, mielorradiculares e síndromes de cauda equina [70,71].

Estudos mostram relação da aracnoidite, em pacientes portadores de

cisticercose racemosa, com pior evolução dos pacientes em longo prazo,

podendo essa ser a causa potencial de hidrocefalia, assim como de outras

complicações, incluindo quadros de infartos cerebrais [15, 27, 69, 72, 73,

74,75]. O quadro de aracnoidite pode estar relacionado com o período de

realização do tratamento clínico.

Na literatura encontram-se trabalhos que mostram uma variação de

frequência de 2 a 12% de quadros de angeíte (vasculite) e acidente vascular

cerebral (AVC) relacionados com NCC [76,77,78,79]. Estudos realizados no

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Introdução

México, onde a cisticercose é endêmica, mostram que a NCC é a segunda

maior causa de AVC isquêmico de etiologia não aterosclerótica [80]. O

comprometimento inflamatório de pequenos vasos, relacionado aos quadros de

meningite cisticercótica crônica ou recorrente e aracnoidite, são os mais

frequentemente relatados na literatura [4,81].

As crises epilépticas parciais, com ou sem generalização, são achados

freqüentes em estudos da literatura [14,19,55,82] para esta população de

paciente, exceto o de Del Brutto et al., que relata o predomínio de crises

generalizadas em 60% [83]. Estudo epidemiológico realizado em San Pablo

(Equador) mostra que em áreas endêmicas para NCC, esta se constituiu como

fator de risco para cefaléia tipo migranosa, mostrando prevalência de 70%

desse tipo de cefaléia e 29% de cefaléia tipo tensional em pacientes portadores

de cefaléia e cisticercose [84]. Existe na população geral maior prevalência da

cefaléia, dita primária, no sexo feminino [85].

Casuísticas de pacientes com NCC, encontradas na literatura, mostram

que as alterações ao exame de fundoscopia são as mais frequentemente

encontradas, variando de 25 a 58,3% [23,35,86,87,88]. Colli et al. encontraram

na admissão dos pacientes sinais piramidais em 10%, alterações cognitivas em

18,8% e alterações de nervos cranianos em 5% [88]. Takayanagui encontrou

sinais meníngeos em 13,2%, síndrome piramidal em 13,2% e síndrome atáxico

em 3,9% [35]. Sanchez et al. avaliando 186 pacientes encontraram frequência

de síndrome cerebelar em 37% [67], tendo em sua casuística um percentual

elevado de pacientes com HIC (67%).

O exame do LCR constitui-se como um importante exame auxiliar no

diagnóstico da NCC, não se devendo esquecer do conceito de síndrome do

LCR na NCC, introduzido por Lange, em 1940 [32], compreendendo a

presença de eosinofilorraquia e positividade de prova imunológica. Alguns

trabalhos mostram que a presença desse padrão de celularidade auxilia o

diagnóstico de meningite cisticercótica, embora sua presença não seja usual

[89]. Muitos estudos da literatura que avaliaram LCR de pacientes com NCC

mostram uma predominância de um padrão linfocitico de celularidade

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Introdução

[28,66,89,90]. O teste ELISA realizado no LCR é considerado critério menor no

painel diagnóstico da NCC, sua sensibilidade tendo em torno de 87% com

especificidade de 95% [36]. Outros trabalhos encontraram sensibilidades

variáveis para o teste ELISA de 62 a 87,5%, dependendo do perfil da amostra

avaliada [90-96]. Estudos que especificamente avaliaram a sensibilidade para o

teste de ELISA em amostras de pacientes com NCC em topografias cisternais

e ventriculares mostraram valores de 93 a 100% [89,91]. Quando avaliados os

percentuais de titulação do teste ELISA, títulos iguais ou maiores que 1/4000,

trabalho de Minelli e Takayanagui mostrou 21,4% [96]. Muitos estudos relatam

um pior padrão inflamatório do LCR nas mulheres, estando relacionado a uma

resposta imunológica mais exacerbada contra o parasita, devido aos níveis de

esteróides femininos [27,97,98,99,100].

Estudos na literatura revelam grande variação dos achados topográficos.

Fleury et al. [51] mostraram predomínio de lesões racemosas nas cisternas da

base do encéfalo (61,3%), seguido de lesões nos sulcos corticais (38,7%),

porém outros autores citaram grande participação de lesões nas fissuras

Silvianas [4, 14, 28, 15], principalmente para os cistos gigantes. As topografias

suprasselares e cerebelo-pontina são citadas por alguns autores como sendo

de localização frequente, podendo resultar em hidrocefalia [4,21,87,101].

Trabalhos mostram frequências de cistos gigantes entre 12,9% e 37%

[37,102]. Quanto à localização dos cistos, houve predomínio pelas fissuras

Silvianas com 62,5%, seguido pelas cisternas da base em 50% dos casos.

Estas topografias sobrepõem-se aos achados de literatura [14,28,37,102]. Na

literatura existe variação quanto à definição do tamanho desses cistos, sendo

considerados de 3,5 até maiores de 10 cm, com relato de cistos de até 20 cm

[15,25,30,31,34].

O acometimento medular é considerado achado raro na literatura, com

frequência variando de 0,65 a 10%, sendo a maioria dos casos descritos da

forma racemosa, situada no espaço extramedular, podendo estar associado à

aracnoidite, a comprometimento medular ou das raízes nervosas

[4,14,15,70,103].

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Introdução

Estudo prévio de Takayanagui [35] encontrou frequência de 71,4% de

lesões calcificadas intracerebrais nos pacientes estudados. Outros estudos

brasileiros envolvendo análise de tomografia computadorizada de pacientes

com cisticercose mostraram uma variação de calcificações no parênquima de

45 a 73% [104,105]. A presença de calcificações cerebrais é um fator de risco

conhecido para a ocorrência de crises epilépticas, podendo ser explicado pela

presença de edema perilesional [17,55,106,107].

A presença de associação com lesões em região ventricular foi de

41,7%, na literatura tem-se uma frequência variável, de 10 a 20% [14]. O

trabalho de Fleury et al. mostrou 12% de lesões ventriculares associadas ao

espaço subaracnóideo [51]. Vários estudos mostram uma grande associação

das lesões na topografia ventricular com complicações como ependimite e

hidrocefalia obstrutiva [4,14,66,38]. As lesões ventriculares predominam no

quarto ventrículo, achados estes frequentemente citados na literatura

[10,14,15,29].

Achados de HIC e hidrocefalia secundarias ao transtorno da circulação

liquórica ou devido ao efeito compressivo das lesões foram descritos por outros

autores [15,26]. Colli et al., em 1994 [88], encontraram 91,3% de hidrocefalia

causando quadro de HIC, por obstrução da circulação liquórica pelo cisticerco

ou pela presença de reação inflamatória no LCR.

O tratamento da forma racemosa da NCC permanece controverso na

literatura [38,108]. Alguns autores defendem o emprego de drogas cisticidas no

tratamento da cisticercose subaracnóidea [30,31,42]. Já o estudo realizado por

Bandres et al. [39] desencoraja o uso de cisticidas para a forma

extraparenquimal da cisticercose. A cirurgia tem sido considerada como o

tratamento de escolha para a NCC cisternal ou ventricular com presença de

HIC [30,88,108].

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2. OBJETIVOS

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Objetivos

33

O presente estudo objetiva:

1. Avaliação das manifestações clínico-evolutivas e da morbi-

mortalidade da forma racemosa da NCC, no Serviço de

Neurologia do HCFMRP-USP, no período de 1995 a 2008;

2. Análise da associação e possíveis complicações das lesões

ventriculares;

3. Avaliação dos tipos de tratamentos realizados, modalidade

clínica, cirúrgica ou combinada, assim como o uso de

corticosteróides.

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3. PACIENTES E MÉTODOS __________________________________________

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Pacientes e Métodos

35

Este trabalho caracteriza-se como estudo de casos, analisando

retrospectivamente os prontuários médicos e exames de neuroimagem

(tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética) de pacientes com

diagnóstico de NCC forma racemosa, atendidos no período de 1995 a 2008, no

Ambulatório de Neurologia Tropical (ANTR) do HCFMRP-USP.

O estudo foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

HCFMRP-USP, de acordo com o Processo HCRP nº 12274/2006 (Anexo 2),

bem como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3).

Foram obtidas informações sobre idade, sexo, procedência, residência,

manifestações clínicas, achados do exame neurológico, tratamento realizado e

respectiva evolução clínica.

Os dados foram catalogados em um banco de dados (plataforma

EXCEL). As grafias de neuroimagem foram avaliadas pessoalmente pelos

pesquisadores.

Critérios de inclusão: 1. Diagnóstico de NCC, forma racemosa, com base nos critérios de Del

Brutto, incluindo:

a) Indivíduos de qualquer idade, de ambos os sexos;

b) Exames de neuroimagem, como tomografia computadorizada,

ou, preferencialmente, ressonância magnética.

2. Tipos de lesão:

a) Múltiplos cistos pequenos sem escólex, sob a forma de cacho

de uva nas cisternas ou fissuras;

b) Cistos gigantes mono ou multilobulados;

c) Estudos com provas imunológicas no LCR;

d) Comprovação cirúrgica ou necroscópica.

3. Seguimento clínico de, pelo menos, seis meses.

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Pacientes e Métodos

36

Critérios de Exclusão 1. Pacientes que perderam, de alguma forma, o seguimento no serviço

antes de completar seis meses;

2. Diagnóstico incerto de NCC, por negatividade da prova de ELISA no

LCR ou por neuroimagem duvidosa.

Estratégia de Análise Estatística Análise descritiva da casuística em relação à sintomatologia clínica,

exames laboratoriais, neuroimagem, tratamento e evolução.

Comparação entre sexos em relação às variáveis obtidas com o líquido

cefalorraquídeo por meio dos testes de Mann-Whitney e t- Student para

amostras independentes. A decisão sobre qual teste utilizar se baseou na

exploração da distribuição probabilística das variáveis por meio do teste de

normalidade de Shapiro-Wilk.

Testes de Qui-quadrado ou teste exato de Fisher para estimar as

associações entre sintomatologia clínica, exames laboratoriais, neuroimagem,

tratamento e evolução e regressão logística para estimar o efeito do tempo

para o diagnóstico sobre a chance de alteração de exame físico e para estimar

o efeito da idade sobre os sintomas clínicos.

Para análise dos dados foram utilizados os softwares SPSS versão 15.0

e GraphPad Prism versão4.0.

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4. RESULTADOS __________________________________________

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Resultados

38

O estudo consistiu da avaliação retrospectiva de prontuários médicos de

pacientes com diagnóstico provável de NCC, forma racemosa da doença,

acompanhados no ANTR do HCFMRP-USP, no período compreendido entre

janeiro de 1995 e dezembro de 2008.

Nesse período houve 493 casos suspeitos de NCC, entre pacientes

vivos e óbitos, tendo-se a confirmação diagnóstica em 340 casos, 36 casos

corresponderam à forma racemosa da doença (10,6%), com média total

estimada de 857 consultas ao ano no HCFMRP-USP de pacientes, prováveis

portadores de cisticercose, os pacientes com provável forma racemosa

corresponderam à média de 37 atendimentos ao ano, 4,31% do total de

atendimentos/consultas ao ano.

4.1. Caracterização da Amostra

Foram avaliados dados de prontuários de 36 pacientes com a forma de

apresentação racemosa da cisticercose (NCC). Dos critérios diagnósticos de

Del Brutto et al. [36], que incluíram análise das lesões com características

racemosas, foram classificados como diagnóstico definitivo em oito pacientes e

como diagnóstico de probabilidade em vinte e oito pacientes. Todos os

pacientes com diagnóstico definitivo tiveram preenchimento do critério absoluto

relacionado à demonstração histológica do parasita. Dos 28 pacientes com

diagnóstico de probabilidade, em 21 pacientes houve preenchimento de um

critério maior (lesões altamente sugestivas de cisticercose) associado a dois

critérios menores (manifestações clínicas sugestivas de cisticercose e a

positividade do teste de ELISA) e em sete pacientes houve preenchimento de

um critério maior (lesões altamente sugestivas de cisticercose) associado a um

critério menor (manifestações clínicas sugestivas de cisticercose) e critério

epidemiológico.

Dos 36 pacientes da amostra, 16 eram do sexo feminino (44,44%) e 20

do sexo masculino (Anexo 1), correspondendo a 55,55% da amostra. Do total

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Resultados

39

da amostra, 32 pacientes permaneceram vivos (88,88%) e quatro (pacientes 33

a 36) evoluíram para óbito, conferindo um índice de letalidade para a forma da

cisticercose em estudo, de 11,11%. Todos os óbitos ocorreram no sexo

masculino.

Faixa etária: A idade dos pacientes, no momento do diagnóstico, variou

de 21 a 65 anos, com média de 40,88 anos, ou seja, havendo predomínio entre

terceira e quarta décadas de vida. No grupo das mulheres, a idade variou de 31

a 65 anos, com média de 43,12 anos e no grupo dos homens, a idade variou

de 21 a 59 anos, com média de 39,1 anos.

Zona de Moradia: Do total de pacientes estudados, (22,2%), em torno

de oito eram procedentes das zonas rural e urbana, um total de 28 casos

(77,8%). Dez pacientes foram procedentes do município de Ribeirão Preto,

(27,8%), os outros 26 eram de outros municípios (72,2%). Seis pacientes eram

do estado de Minas Gerais.

Escolaridade: Na amostra estudada, 29 pacientes possuíam ensino

fundamental, cinco, segundo grau, um, primário incompleto e outro, ensino

superior.

4.2. Apresentação Clínica

O tempo médio de seguimento no nosso serviço foi de 3,4 anos.

As síndromes clínicas tiveram sua categorização baseada na

classificação de Trelles e Lazarte [34], com modificações, e as principais foram:

HIC 75%, meningite 72,2%, epilepsia 61,1%, cefaléia 50%, cerebelar 25%,

vasculite/angeíte 11,1%, depressão 8,3% e quadros mielorradiculares 5,6%.

Foram considerados, também, os quadros de cefaléia que não preencheram

critérios de HIC.

Na apresentação do quadro clínico inicial, 16 pacientes (44,4%)

evidenciaram síndromes clínicas isoladas, nos outros 20, o quadro clínico

inicial era composto de manifestações clínicas associadas (55,56%) (Tabela 1).

Dos 16 pacientes que tiveram apresentação clínica isolada, a epilepsia foi

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Resultados

40

observada em cinco casos (13,89%), HIC em sete (19,44%), cefaléia em dois

casos (5,56%) e dois pacientes foram classificados como outras síndromes

clínicas, um, portador de radiculopatia e o outro com apresentação clínica de

vasculite.

Dos 20 casos com manifestações clínicas associadas, na apresentação

do quadro clínico inicial, a epilepsia esteve associada à meningite em um

paciente (2,78%), epilepsia com HIC em cinco (13,89%), epilepsia associada

com cefaléia em quatro (11,11%), HIC associada à meningite em quatro

(11,11%), HIC associada à cefaléia em dois (5,56%), HIC associada a outras

síndromes clínicas em dois pacientes, HIC associada à epilepsia e meningite em um e meningite associada à cefaléia em um paciente (2,78%).

A análise do percentual de distribuição das síndromes clínicas na

entrada dos pacientes mostrou: meningite em sete pacientes (19,4%), cefaléia

em nove (25%), epilepsia em 16 (44,4%), HIC em 21 (58,3%) e outras

síndromes clínicas em quatro pacientes (11,1%), sendo: síndromes cerebelares

em dois pacientes, quadro de radiculopatia em um e de vasculite em outro.

Essas apresentações clínicas estavam associadas em 20 pacientes (55,6%)

Gráfico 1).

Quanto à distribuição por sexo, houve predomínio do sexo masculino

quanto às apresentações de meningite (13,9% x 5,6%), HIC (36,1% x 22,2%),

epilepsia (27,8% x 16,7%) e outras síndromes clínicas (8,3% x 2,8%); e no

grupo das mulheres houve predomínio somente em relação à cefaléia (19,4% x

5,6%) (Gráfico 2).

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Resultados

41

19.4%

58.3%

44.4%

25.0%

11.1%

55.6%

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0% 90.0% 100.0%

Meningite

HIC

Epilepsia

Cefaleia

Outros

Associações Clínicas

Tabela 1: Apresentação inicial das síndromes clínicas dos pacientes, isoladas ou em associações.

Manifestação clínica inicial N % Epilepsia 5 13.9% HIC 7 19.4% Cefaléia 2 5.6% Outras 2 5.6% Epilepsia + HIC 5 13.9% HIC + Meningite 4 11.1% HIC + Outras 2 5.6% Meningite + Cefaléia 1 2.8% Epilepsia + Cefaléia 4 11.1% Cefaléia + HIC 2 5.6% Epilepsia + Meningite 1 2.8% HIC + Epilepsia + Meningite 1 2.8%

HIC= Hipertensão intracraniana

Gráfico 1: Apresentações clínicas dos pacientes na entrada.

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Resultados

42

5.6%

22.2%

16.7%19.4%

2.8%

13.9%

36.1%

27.8%

5.6%8.3%

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

35.0%

40.0%

Meningite HIC Epilepsia Cefaleia Outros

Feminino Masculino

Gráfico 2: Distribuição, quanto ao sexo, das síndromes clínicas de entrada dos

pacientes.

Trinta e dois pacientes apresentaram evolução com o aparecimento de

novas síndromes clínicas. Dos pacientes que evoluíram com essas novas

síndromes, 18 (56,2%) apresentaram manifestação clínica única, ou evolução

das mesmas na forma de associações em 14 pacientes (43,75%).

Dos pacientes com manifestação clínica única, oito (25%) apresentaram

meningite, outras síndromes clínicas em quatro (12,5%), epilepsia em três

(9,4%), HIC em dois (6,3%) e cefaléia em um paciente (3,1%).

Dos pacientes que demonstraram em sua evolução, manifestações

clínicas associadas, quatro apresentaram meningite com cefaléia (12,5%), dois,

meningite com epilepsia e outras síndromes clínicas (6,3%), um deles

apresentou cefaléia com epilepsia e outras síndromes clínicas (3,1%),

meningite com outras síndromes clínicas em um (3,1%), meningite com HIC em

um (3,1%), meningite com cefaléia e HIC em um (3,1%), meningite com

cefaléia e outras em um (3,1%), meningite com HIC e outras síndromes clínicas em um (3,1%), HIC e outras síndromes clínicas em um (3,1%) e cefaléia com

outras síndromes clínicas em um paciente (3,1%) (Tabela 2).

Doze pacientes (37,5%) foram classificados como outras síndromes

clínicas, três (9,4%) apresentaram quadro de depressão, sete (21,9%),

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Resultados

43

síndromes cerebelares, três (9,4%), quadro de vasculite e um apresentando

quadro de mielorradiculopatia.

Tiveram acréscimo por sintomatologia clínica desde a entrada para as

síndromes clínicas: meningite em 59,4%, epilepsia em 18,8%, cefaléia em

28,1%, HIC em 18,86% e para outras síndromes clínicas em 37,5% (Gráfico 3).

As apresentações dessas síndromes clínicas e distribuições quanto ao

sexo estão representadas no Gráfico 4. Quanto ao sexo, a síndrome clínica

meningite teve a participação de 31,3% de mulheres e 28,1% de homens,

Outras síndromes clínicas, em igual proporção, entre os sexos, sendo 18,8%,

cefaléia com 15,6% para mulheres e 12,5% de homens, epilepsia com igual

proporção entre os sexos, sendo 9,4% e HIC com 3,1% para as mulheres e

15,6% para os homens.

Tabela 2: Síndromes clínicas evolutivas nos pacientes do estudo, isoladas ou em

associações.

Evolutivo (N=32) N % Epilepsia 3 9.4% HIC 2 6.3% Cefaléia 1 3.1% Outras 4 12.5% Meningite 8 25.0% HIC + Meningite 1 3.1% HIC + Meningite + Cefaléia 1 3.1% HIC + Meningite + Outras 1 3.1% HIC + Outras 1 3.1% Meningite + Cefaléia 4 12.5% Meningite + Cefaléia + Outras 1 3.1% Meningite + Epilepsia + Outras 2 6.3% Meningite + Outras 1 3.1% Cefaléia + Epilepsia + Outras 1 3.1% Cefaléia + Outras 1 3.1%

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Resultados

44

59.4%

18.8%

18.8%

28.1%

37.5%

43.8%

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0% 90.0% 100.0%

Meningite

HIC

Epilepsia

Cefaleia

Outros

Associações Clínicas

31.3%

3.1%

9.4%

15.6%

18.8%

28.1%

15.6%

9.4%

12.5%

18.8%

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

25.0%

30.0%

35.0%

Meningite HIC Epilepsia Cefaleia Outros

Feminino Masculino

Gráfico 3: Apresentações clínicas evolutivas dos pacientes, porcentagens calculadas

com 32 pacientes.

Gráfico 4: Representação evolutiva das síndromes clínicas apresentadas pelos pacientes, quanto à distribuição por sexo.

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Resultados

45

Evolutivamente, durante o estudo, o tempo médio decorrido para o

aparecimento de novas síndromes clínicas, desde a admissão do paciente, foi

de: seis meses para meningite, 27,3 meses para epilepsia, 36,3 meses para

HIC e 55,6 meses para cefaléia. Em relação a outras síndromes clínicas, o

tempo médio para o surgimento de síndrome cerebelar foi de 41 meses, 76,33

meses para vasculite, 82,33 meses para depressão e 156 meses para

mielorradiculopatia. Os dados de evolução temporal dos pacientes estão

mostrados no Gráfico 5.

Gráfico 5: Evolução temporal (meses) das síndromes clínicas durante o estudo.

O retrato final das síndromes clínicas apresentadas pelos pacientes até

o final do estudo e as formas de apresentações clínicas associadas e como

essas associações ocorreram em cada paciente são mostrados na Tabela 3.

Dois pacientes (5,6%) mantiveram forma de apresentação clínica única, sendo

um, epilepsia e o outro radiculopatia, e de associações em 34 pacientes

(94,44%), que apresentaram as seguintes síndromes clínicas: HIC com

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Resultados

46

epilepsia com meningite e cefaléia em dois pacientes, HIC com epilepsia com

meningite com cefaléia e outras síndromes clínicas em três, HIC com epilepsia

e meningite em cinco, HIC com epilepsia com meningite e outras síndromes

clínicas em dois, HIC com epilepsia e outras síndromes clínicas em três, HIC

com epilepsia em dois, HIC com meningite e cefaléia em quatro, HIC com

meningite com cefaléia e outras síndromes clínicas em um, HIC com meningite

e outras síndromes clínicas em três, HIC com cefaléia em um, HIC com

cefaléia com síndromes clínicas em um, epilepsia com meningite e cefaléia em

três, epilepsia com cefaléia em um, meningite e cefaléia em um, meningite com

cefaléia e outras síndromes clínicas em um e meningite com outras síndromes

clínicas em um paciente. No total de outras síndromes clínicas, quatro

pacientes (11,1%) apresentaram quadro de vasculite, três (8,3%), de

depressão, nove (25%), com síndromes cerebelares e radiculopatia em um

paciente e mielorradiculopatia em outro.

A distribuição foi baseada nas síndromes clínicas (Gráfico 6) ao final do

estudo, que mostrou percentual de 75% para HIC, 72,2% para meningite,

61,1% para epilepsia, 50% para cefaléia, e outros sintomas clínicos, em 44,4%

dos casos.

Quanto à distribuição por sexo, o Gráfico 7 mostra as proporções em

relação às síndromes clínicas. Houve predominância do sexo masculino nas

síndromes clínicas de meningite (38,9% x 33,3%), HIC (50% x 25%), epilepsia

(36,1% x 25%), houve maior proporção de cefaléia no sexo feminino (33,3% x

16,7%) e em outras síndromes clínicas (25% x 19,4%).

Em relação ao tipo de cefaléia, segundo a classificação internacional de

cefaléias [43] observamos: cefaléia tipo tensional em sete pacientes,

representando 38,89% dos pacientes portadores de cefaléia, cefaléia tipo

migrânea em oito pacientes (44,44%) e cefaléia tipo crônica diária (CCD) em

três pacientes (16,67%). Três pacientes evolutivamente mudaram o padrão da

cefaléia, de migranoso para CCD.

Em relação ao tipo de epilepsia, segundo a classificação Internacional

[44] verificamos: epilepsia generalizada em três pacientes, representando

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Resultados

47

13,64% do grupo de pacientes com epilepsia; epilepsia focal em 13 (59%) e

epilepsia focal com generalização em seis (27,27%).

Tabela 3: Síndromes clínicas no final do estudo, isoladas ou em associação.

Final do Estudo N % Epilepsia 1 2.8% Outros 1 2.8% HIC + Epilepsia + Meningite + Cefaléia 2 5.6% HIC + Epilepsia + Meningite + Cefaléia + Outras 3 8.3% HIC + Epilepsia + Meningite 5 13.9% HIC + Epilepsia + Meningite + Outras 2 5.6% HIC + Epilepsia + Outras 3 8.3% HIC + Epilepsia 2 5.6% HIC + Meningite + Cefaléia 4 11.1% HIC + Meningite + Cefaléia + Outras 1 2.8% HIC + Meningite + Outras 3 8.3% HIC + Cefaléia 1 2.8% HIC + Cefaléia + Outras 1 2.8% Epilepsia + Meningite + Cefaléia 3 8.3% Epilepsia + Cefaléia 1 2.8% Meningite + Cefaléia 1 2.8% Meningite + Cefaléia + Outras 1 2.8% Meningite + Outras 1 2.8%

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Resultados

48

72.2%

75.0%

61.1%

50.0%

44.4%

94.4%

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0% 70.0% 80.0% 90.0% 100.0%

Meningite

HIC

Epilepsia

Cefaleia

Outros

Associações Clínicas

33.3%

25.0% 25.0%

33.3%

19.4%

38.9%

50.0%

36.1%

16.7%

25.0%

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

50.0%

60.0%

Meningite HIC Epilepsia Cefaleia Outros

Feminino Masculino

Gráfico 6: Apresentação de todas as síndromes clínicas até o final do estudo.

Gráfico 7: Distribuição das síndromes clínicas quanto ao sexo, ao final do estudo.

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Resultados

49

Figura 3: Árvore de Associações clínicas apresentadas pelos pacientes, não

sequencial.

Meningite HIC Epilepsia Cefaléia

10

1

1

26

20

6

12

8

3

3

Presença Ausência

5

7

5

3

3

2

1

1

3

1

1

3

2

5

2

2

1

5

2

1 1

3

1

Outros

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Resultados

50

As alterações observadas foram: cognitivas, anormalidades ao exame

de fundoscopia, presença de sinais meníngeos, alterações cerebelares, sinais

piramidais, alterações motoras ou de tono (síndromes motoras/tono),

comprometimento de outros nervos cranianos e distúrbios do equilíbrio.

Em relação ao exame neurológico na entrada dos pacientes, existiam 14

pacientes com exame neurológico registrado no prontuário como normal

(38,9%) e 22 pacientes com exame neurológico alterado (61,11%),

observando-se associações de múltiplos sinais e sintomas em 10 pacientes

(27,78%) e em 12 (33,33%), sintomatologia única na entrada (Gráfico 8).

Dos pacientes com associações de sinais e sintomas na entrada, foi

verificada associação de sinal piramidal com a s.motor/tono em dois pacientes,

alteração cognitiva com s.motor/tono em um, alteração cognitiva com

s.motor/tono em um, alteração na fundoscopia com sinal meníngeo com outros

nervos cranianos (VIII n.) em um paciente, alteração na fundoscopia com

alteração cognitiva com alteração de sinal piramidal com s.motor/tono em um,

alteração na fundoscopia com alteração cerebelar com s.motor/tono em um,

alteração na fundoscopia com s.motor/tono em um e alterações na fundoscopia

e outros nervos cranianos (VI e VIII) em dois pacientes.

Dos 12 pacientes com sintomatologia isolada, foram observados: sinal

meníngeo em um, alteração com s.motor/tono em um, alterações cerebelares

em um, alteração da cognição em um, alterações no exame de fundoscopia em

seis e alterações de outros nervos cranianos (VI e XII) em dois pacientes.

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Resultados

51

38.9%

11.1%

33.3%

5.6%

5.6%

11.1%

22.2%

13.9%

27.8%

0.0% 5.0% 10.0% 15.0% 20.0% 25.0% 30.0% 35.0% 40.0% 45.0%

Normal

alt cognitiva

Fundoscopia

Sinal Meningeo

alt. cerebelar

sinal piramidal

S.motor/tono

outros nn. Cranianos

associação de sintomas/sinais

Gráfico 8: Exame neurológico de entrada dos pacientes.

Em relação ao exame neurológico evolutivo, 19 pacientes (52,78%)

apresentaram normalidade ao exame e 17 (47,22%), anormalidades (novas ou

manutenção das preexistentes); a associação de sinais e sintomas ocorreu em

sete pacientes (19,44%) e 10 apresentaram sintomatologia única (27,78%)

(Gráfico 9).

Foi observado exame alterado, que evolutivamente demonstrou

associação de sinais e sintomas, alteração cognitiva e fundoscópica com

alterações cerebelares com alteração piramidal com s.motor/tono em um

paciente, alteração fundoscópica com alteração cerebelar com alteração de

equilíbrio em um paciente, alteração cognitiva com alteração fundoscópica com

sinal meníngeo com alteração cerebelar e outros nervos cranianos (VI nervo)

em um paciente, alteração cognitiva mais s.motor/tono em um paciente,

alteração cognitiva com fundoscópica com sinal meníngeo com alterações em

outros nervos cranianos (III nervo) em um paciente e alteração cognitiva com

alteração cerebelar e sinal piramidal em um paciente.

Dos 10 pacientes, que na sua evolução, apresentaram ao exame

neurológico sintomatologia única: três com sinais cerebelares e três com

alterações de outros nervos cranianos (VI, XII e III nervos). Cabe dizer que um

paciente evoluiu com manutenção da alteração no XII nervo. Alterações

cognitivas transitórias em dois pacientes, sinais piramidais em um e com sinais

motores e ou de tono em um.

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Resultados

52

Dois pacientes tiveram como sequelas tardias, alterações cognitivas.

Gráfico 9: Exame neurológico evolutivo dos pacientes do estudo.

Ao final do estudo houve 13,89% de formas consideradas psiquiátricas

da doença, três pacientes com casos de depressão e dois com sequelas

cognitivas tardias.

4.3. Análise Líquido Cefalorraquídeo (LCR)

Do total de pacientes do estudo, nove (25% da amostra) apresentaram

amostras de LCR consideradas inadequadas para análise ou não foi possível a

realização de punção liquorica. Dois pacientes tinham, provavelmente,

comemorativos sugestivos de meningite, como a presença de febre, queda do

estado geral e alteração do nível de consciência, porém pela não realização do

exame do LCR em um e LCR de urgência (ventricular) em outro, com

qualidade questionável, ambos foram excluídos do grupo de portadores de

meningite. Um paciente apresentou LCR considerado dentro dos padrões de

normalidade (2,8%).

52.8%

25.0%

11.1%

5.6%

19.4%

8.3%

8.3%

13.9%

2.8%

19.4%

0.0% 10.0% 20.0% 30.0% 40.0% 50.0% 60.0%

Normal

alt. cognitiva

Fundoscopia

Sinal Meníngeo

alt. cerebelar

sinal piramidal

S.motor/tono

outros nn. Cranianos

equilibrio

associação de sintomas/sinais

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Resultados

53

Foram analisadas em torno de 100 amostras de LCR de um total de 26

pacientes (72,22%), sendo 12 mulheres, correspondendo a 75% do total de

mulheres e 14 homens, correspondendo a 70% do total do grupo masculino.

Todas as amostras apresentavam anormalidades, caracterizando esse grupo

como sendo de portadores de meningite. Não foi possível excluir da análise do

LCR as amostras de pacientes que estivessem em uso de corticoterapia no

momento da coleta do exame devido ao grande percentual desse tipo de

tratamento nos pacientes deste estudo. Os dados de topografia da coleta e

níveis pressóricos do LCR também não foram analisados devido à grande

heterogeneidade de topografias e falta de dados nos prontuários médicos.

A distribuição de celularidade (pleocitose) no LCR, quanto aos sexos,

apresentou mediana de 28,95 células (7,8; 96) para o sexo feminino e de 34

células (17; 61,5) para o sexo masculino. Quanto à glicorraquia, a média foi de

42,3 (±19) para o sexo feminino e 46,3 (±20,9) para o sexo masculino e, quanto

à proteinorraquia, observou-se mediana de 35mg% (19,5; 108,5) para o sexo

feminino e de 49,8 mg% (22; 118) para o sexo masculino. Em nenhum desses

parâmetros analisados houve diferença estatística significativa (Tabela 4).

Tabela 4: Comparação entre resultados obtidos em cada sexo em relação às variáveis

do LCR.

Variáveis do LCR Feminino p1 Masculino p1 p

Celularidade 28,95 (7,8; 96,0) (n=60) <0,0001 34,0 (17,0; 61,5) (n=37) 0,001 0,6472

Glicose 42,3 ± 19,0 (n=57) >0,10 46,3 ± 20,9 (n=43) >0,10 0,3173

Proteína 35,0 (19,5; 108,5) (n=57) 0,012 49,8 (22,0; 118,0) (n=43) >0,10 0,6212

1: Teste de Shapiro-Wilk realizado para avaliar a normalidade da distribuição dos valores das variáveis do liquor, por sexo.

2: Teste de Mann-Whitney para amostras independentes. Resumo descritivo em mediana e quartís. 3: Teste t de Student para amostras independentes. Resumo descritivo em média e desvio-padrão.

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Resultados

54

4.4. Conclusão

Com base na aplicação dos testes de Mann-Whitney e t de Student, não

houve evidência para concluir que existe, do ponto de vista estatístico,

diferença significativa entre os resultados obtidos em cada sexo em relação as

variáveis do LCR.

4.5. Abordagem de Análise

Foi realizada exploração descritiva das variáveis do LCR, seguida de

avaliação da simetria da distribuição dos valores das variáveis por sexo por

meio do teste de normalidade de Shapiro-Wilk e aplicação de teste de Mann-

Whitney ou t de Student para amostras independentes, quando possível.

Como regra de decisão, adotou-se p<0,05 para rejeitar as hipóteses de

distribuição normal de igualdade entre sexos, em relação às variáveis do LCR

(Gráficos 10, 11 e 12).

Gráfico 10: Distribuição dos valores de celularidade, quanto ao sexo.

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Resultados

55

Gráfico 11: Distribuição dos valores de glicorraquia, quanto ao sexo.

Gráfico 12: Distribuição dos valores de proteína (mg%), quanto ao sexo.

A distribuição do tipo de perfil de meningite encontrado nesses

pacientes, baseada na celularidade e contagem diferencial, foi de meningite

com padrão de predomínio linfocitário em todas as amostras analisadas de 24

pacientes (92,30%) (Tabela 5). Seis pacientes apresentaram amostras com

predomínio no diferencial de celularidade neutrofílico, porém não foram

consideradas na análise, devido à associação de ventriculite ou infecção

bacteriana.

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Resultados

56

Total pacientes %

2.8%

25.0%

66.7%

2.8% 2.8%0.0%

10.0%20.0%30.0%40.0%50.0%60.0%70.0%80.0%90.0%

100.0%

Normal Não Realizado oucondições inadequadas

Meningite linfocitária Meningitelinfocitária+eosinofilica

Meningitelinfocitária+Neutrofilica

Do total de pacientes com meningite, dois (7,7%) apresentaram

amostras com outros predomínios de celularidade, além de linfócitos, com

predomínio de eosinófilos (50% no diferencial) e neutrófilos (95% no diferencial

da celularidade) (Tabela 5 e Gráfico 13).

Tabela 5: Total de pacientes submetidos à punção de LCR e os respectivos padrões de meningite.

LCR N % Normal 1 2.80

Não Realizado ou condições inadequadas 9 25.00

Meningite linfocitária 24 66.70

Meningite linfocitária+eosinofílica 1 2.80

Meningite linfocitária+Neutrofílica 1 2.80

Gráfico 13: Distribuição dos LCR e padrões de meningite pelo total de pacientes.

Quanto à presença de eosinofilorraquia na contagem diferencial de

células, no total de amostras analisadas, essa ocorreu em 31 amostras (31%),

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Resultados

57

a distribuição dessas amostras, segundo o percentual da contagem diferencial,

está expressa na Tabela 6.

Tabela 6: Taxa de eosinofilorraquia nas amostras de LCR analisadas.

Total amostras LCR (N=100) N %

Eosinofilia <=5% diferencial 15 15.0% Eosinofilia <=10 e >5% 9 9.0% Eosinofilia <=30 e >10% 6 6.0% Eosinofilia >30% 1 1.0% Total 31 31.0%

Em relação ao teste imunológico de ELISA para cisticercose, o mesmo

foi realizado em 95 amostras analisadas de LCR, sendo obtida positividade em

76 dessas amostras, conferindo-se uma sensibilidade de 80% ao teste. As

titulações do teste foram divididas em um para 256, um para 1000 e um para

4000, a frequência dessas distribuições está representada na Tabela 7.

Tabela 7: Distribuição dos títulos de ELISA nas amostras de LCR.

Títulos ELISA (N=95) N %

>=1:4000 29 38.15 >=1:1000 12 15.78 >=1:256 13 0.50 <1:256 20 26.32 Valor não determinado 2 2.63

4.6. Análise da Imagem

Uma das classificações adotadas quanto à topografia das lesões

racemosas foi a de Yasargil [45]. Essa foi a primeira forma de apresentação

das topografias lesionais, que mostra a localização das cisternas em

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Resultados

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“supratentorial” e “infratentorial”. Nessa forma de apresentação observamos a

localização dos cistos racemosos em região supratentorial em seis pacientes

(16,67%), localização em topografia infratentorial em seis pacientes (16,67%),

associação de topografias supratentorial e infratentorial ocorreram em 20

pacientes (55,56%), apresentação composta por lesões nas regiões

supratentorial associadas à infratentorial e espaço subaracnóideo medular

ocorreram em três pacientes (8,33%) e lesão exclusiva em espaço

subaracnóideo medular em um (2,78%).

Outra forma de apresentação da topografia das lesões racemosas foi

baseada na classificação, também de Yasargil, porém com modificações.

Nesse outro tipo de apresentação, as topografias foram divididas em fissura

coróidea, fissura Silviana, cisternas do tronco encefálico, cisternas da base e

sulco frontal. As cisternas do tronco compreenderam as cisternas

perimesencefálica e infratentoriais e as cisternas da base abrangeram as

supraselares. Doze pacientes (33,3%) apresentaram lesões racemosas em

topografia única e 24 (66,7%) em associações envolvendo mais de uma

topografia.

As cisternas ditas do “tronco encefálico” foram as mais acometidas,

ocorrendo lesões em 31 pacientes (86,1%), em ordem decrescente foram

acometidas as cisternas da “base” em 19 pacientes (52,8%), “fissuras

Silvianas” em 15 (41,7%), “fissura coróidea” em nove (25%), “fissura inter-

hemisférica” em cinco (13,9%), lesões no espaço subaracnóideo em topografia

“medular” em quatro (11,1%) e nos “sulcos frontais” em um paciente (2,8%). As

associações das topografias racemosas estão representadas no Gráfico 14 e

na Tabela 8.

Em relação às lesões com topografia no espaço subaracnóideo medular,

um paciente apresentou lesão medular isolada, com topografia tóraco-sacral

(T12-S2). Três pacientes apresentaram a topografia medular em associação

com outras topografias. Nesses pacientes, as localizações das lesões

medulares foram: em cauda equina (nível L3), lombossacral (L3-S1) e também

cervical (C2-C4) e lombossacral (Gráfico 15).

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Resultados

59

86.1%

52.8%

11.1%

41.7%

25.0%

13.9%

2.8%

0.0% 50.0% 100.0%

Tronco

Base

Medular

Fissura Silviana

Fissura Coroidea

Fissura Interhemisferica

Sulcos Frontais

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Clínico Combinado Cirúrgico Não Tratado Corticóide

Núm

ero

de C

asos

Feminino Masculino

Uma paciente apresentou lesões em topografia opto-quiasmática com

algum grau de compressão descrito na neuroimagem, com quadro de edema

leve de papila óptica, porém com normalização do exame neurológico durante

o seguimento.

Gráfico 14: Distribuições das lesões racemosas quanto à topografia.

Gráfico 15: Distribuições dos tratamentos realizados quanto ao sexo, em números

absolutos de casos.

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Tabela 8: Associações das Topografias das Lesões Racemosas nos pacientes do estudo.

Topografias das Lesões Racemosas N=36 (100%) N %

Tronco + Base + Medula 1 2.8%

Tronco + Base + Medula + Fissura Coróidea 1 2.8%

Tronco + Base + Medula + Fissuras (Coróidea e Silviana) 2 5.6%

Tronco + Base + Medula + Fissuras (Coróidea, Silviana e Inter-hemisférica) + Sulcos 1 2.8%

Tronco + Base + Fissura Silviana 2 5.6%

Tronco + Base + Fissuras (Silviana e Inter-hemisférica) 2 5.6%

Tronco + Base + Fissura Coróidea 2 5.6%

Tronco + Base + Fissura Inter-hemisférica 1 2.8%

Tronco + Base 4 11.1%

Tronco + Medula + Fissura Silviana 1 2.8%

Tronco + Fissura Silviana 2 5.6%

Tronco + Fissuras (Coróidea e Silviana) 2 5.6%

Tronco + Fissuras (Silviana e Inter-hemisférica) 1 2.8%

Tronco 8 22.2%

Tronco + Fissura Coróidea 1 2.8%

Medula 1 2.8%

Base 2 5.6%

Base + Fissura Silviana 1 2.8%

Fissura Silviana 1 2.8%

Quanto às características das lesões racemosas, em 22 pacientes

(61,1%) foi documentada a presença de reforço dessas lesões ou da

leptomeninge ao contraste radiológico, e lesões racemosas com algum grau de

efeito de massa sobre estruturas cerebrais adjacentes em 12 pacientes

(33,3%). Neste grupo de pacientes houve compressão direta sobre estruturas

do tronco encefálico em todos, com exceção de três, em um ocorreu

compressão do quiasma óptico, em outro, compressão da haste hipofisária e

em outro, compressão de estruturas do ângulo ponto cerebelar.

Lesões racemosas em conformação tipo cachos de uva ocorreram

isoladamente em 28 pacientes, correspondendo a 77,78% do total da amostra

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Resultados

61

e com conformação tipo cistos gigantes, isoladamente, em dois pacientes

(5,56%), ou associação de cachos de uva com cistos gigantes em seis

(16,67%) (Tabela 9). Todas as lesões com características racemosas estavam

situadas no espaço subaracnóideo e eram desprovidas de imagem sugestiva

de escólex. As lesões císticas gigantes encontravam-se na topografia da

fissura Silviana em dois pacientes (25%), nas cisternas do tronco em dois

(25%), nas cisternas da base em um (12,5%), na fissura Silviana em

associação com cisterna da base em dois (25%) e associação da fissura

Silviana com cisternas da base e fissura inter-hemisférica em um paciente

(12,5%).

Houve presença de hidrocefalia, segundo análise do laudo radiológico,

constatada em 26 pacientes (72,22%), ocorreu em 10 mulheres,

correspondendo a 62,5% no grupo feminino e em 16 homens, correspondendo

a 80% no grupo masculino. A hidrocefalia foi definida como sendo de grau leve

em quatro pacientes (15,38% dos casos de hidrocefalia), grau moderado em 17

(65,38%) e grau acentuado em cinco (19,23%).

Tabela 9: Características das lesões racemosas e hidrocefalia.

Total de Lesões Racemosas N=36 (100%) N % Lesões Racemosas com reforço ao contraste 22 61.1

Racemosas com efeito massa 12 33.3

Cachos de uva isolados 28 77.8

Cistos gigantes isolados 2 5.6

Cachos de uva associados com cistos gigantes 6 16.7

Hidrocefalia 26 72.2

Houve associações das lesões racemosas com lesões parenquimatosas

em 27 pacientes (75%), ocorreram lesões calcificadas em 23 (85,18%),

vesiculares em sete (25,92%), coloidais em seis (22,22%), e associações de

lesões parenquimatosas em diferentes estágios evolutivos em oito (29,63%). A

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62

Tabela 10 mostra as distribuições das lesões parenquimatosas, quando

ocorreram em formas de apresentação isoladas ou em associações, nos

pacientes do estudo, sendo lesões calcificadas em 15 pacientes, vesiculares

em três, coloidais em um, associação de lesões calcificadas com vesiculares e

colidais em um, lesões calcificadas associadas a lesões coloidais em quatro, e

lesões calcificadas associadas a lesões vesiculares em três pacientes.

Nove pacientes não apresentaram associação com lesões

intraparenquimatosas (25% da amostra), seis pacientes apresentaram HIC,

cinco, epilepsia, cinco, meningite e três, cefaléia.

Tabela 10: Associações de lesões parenquimatosas.

Total de Lesões Parenquimatosas Associadas N=27 (100%) N % Calcificadas 15 55.6

Vesicular 3 11.1

Coloidal 1 3.7

Calcificadas e Lesões Vesiculares e Lesões Coloidais 1 3.7

Calcificadas e Lesões Coloidais 4 14.8

Calcificadas e Lesões Vesiculares 3 11.1

Houve associações das lesões racemosas e ventriculares em 15

pacientes (41,67%), em relação ao total de casos do estudo. Do total de lesões

ventriculares, houve no sexo feminino um total de três pacientes,

correspondendo a 18,75% do total de mulheres e no sexo masculino um total

de 12 pacientes com essas lesões, correspondendo a 60% do total de homens.

Nas lesões ventriculares ocorreu efeito expansivo ou de massa sobre

estruturas encefálicas vizinhas em quatro pacientes, 26,7% do total de

pacientes com essas lesões.

Em relação à topografia ventricular ocorreram lesões isoladas no quarto

ventrículo em cinco pacientes, correspondendo a 33,3% do total de pacientes

com lesões ventriculares, cinco (33,3%) apresentaram lesões isoladas nos

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63

ventrículos laterais, três (20%), lesões associadas em terceiro e quarto

ventrículos, lesões associadas em ventrículo lateral e quarto ventrículo em um

paciente (6,7%) e lesões associadas em todos os ventrículos, lateral, quarto e

terceiro ventrículos em um (6,7%) (Tabela 11).

O tamanho do quarto ventrículo esteve aumentado, independente da

presença ou não de cisto em seu interior, em 12 pacientes, correspondendo a

33,33% do total da amostra. O aumento desse ventrículo sem visualização de

lesão em seu interior ocorreu em quatro pacientes e o aumento do quarto

ventrículo associado à visualização de lesão em seu interior ocorreu em oito.

Três pacientes tiveram em sua evolução o chamado quadro de quarto

ventrículo isolado. Essa situação foi mais exuberante em um deles.

Tabela 11: Topografia das lesões Ventriculares.

Lesões Ventriculares N=15 (100%) N % 4° Ventrículo 5 33.3

Ventrículo Lateral 5 33.3

3° e 4° Ventrículo 3 20.0

Ventrículo Lateral e 4° Ventrículo 1 6.7

3°, 4° e Ventrículo Lateral 1 6.7

Lesões Ventriculares com efeito massa 4 26.7

Quatro pacientes apresentaram clínica sugestiva de vasculite de sistema

nervoso central, todos apresentaram imagem compatível com acidente

vascular cerebral de pequenos vasos, do tipo lacunar, segundo a classificação

de TOAST [46], pertencentes aos ramos perfurantes do território da artéria

cerebral média. Não foi realizado exame angiográfico para a comprovação de

vasculite.

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Resultados

64

4.7. Tratamento Em três pacientes (8,3%) não foi realizado tratamento clínico ou

cirúrgico, enquanto os 33 (91,7%) restantes realizaram algum tipo de

modalidade de tratamento, clínico ou cirúrgico ou associação de ambos e

tratamento combinado. Foi avaliado o uso de corticóide durante o

acompanhamento desses pacientes, sendo considerada uma modalidade

paleativa de tratamento.

Nove pacientes (25%) realizaram tratamento exclusivamente clínico, 11

(30,6%) tratamento exclusivamente cirúrgico e 13 pacientes (36,1%) tratamento

combinado. Fizeram uso de corticoterapia, em qualquer momento durante o

seguimento no estudo, 28 pacientes (77,78%) (Tabela 12).

Do total de pacientes que realizaram tratamento clínico, sete (77,78%)

eram do sexo feminino e dois (22,22%) do sexo masculino. Do total de

pacientes que realizaram tratamento cirúrgico, dois (18,2%) eram do sexo

feminino e nove (81,8%) eram masculinos. Do total de pacientes que

realizaram terapêutica combinada, cinco (38,46%) eram do sexo feminino e oito

(61, 54%) do sexo masculino. Tabela 12: Tratamento realizado pelos pacientes do estudo.

Tratamento N=36 (100%) N % Clínico 9 25.0

Cirúrgico 11 30.6

Clínico e Cirúrgico (combinado) 13 36.1

Não RealizouTratamento Clínico ou Cirúrgico 3 8.3

Uso de Corticóide 28 77.8

A distribuição do tratamento quanto ao sexo está retratada na Tabela 13.

Do total de mulheres, duas (12,5%) não realizaram tratamento curativo tendo

conduta expectante, sete (43,75%) foram submetidas a tratamento

exclusivamente clínico, duas (12,5%), tratamento exclusivamente cirúrgico e

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Resultados

65

cinco (31,25%) receberam tratamento combinado. Doze mulheres (75%)

fizeram uso de corticoterapia. Do total de homens, procedeu-se conduta

terapêutica expectante em um paciente (5%), dois (10%), tratamento

exclusivamente clínico, nove (45%) fizeram tratamento exclusivamente

cirúrgico e oito (40%) receberam tratamento combinado. Dezesseis pacientes

(80%) fizeram uso de corticoterapia.

Tabela 13: Distribuição do tratamento realizado quanto ao sexo.

Distribuição do Tratamento Feminino (N=16) Masculino (N=20) N % N %

Clínico 7 43.75% 2 10.00% Combinado 5 31.25% 8 40.00% Cirúrgico 2 12.50% 9 45.00% Não Tratado 2 12.50% 1 5.00% Corticóide 12 75.00% 16 80.00%

Em relação ao tratamento clínico, a maioria dos pacientes usou como

droga antiparasitária o albendazol. Um caso apresentou descrição de uso do

mebendazol, tratamento realizado em outro serviço de saúde fora do

HCFMRP-USP. Duas pacientes realizaram tratamento com albendazol em

outras unidades de saúde, fora do HCFMRP-USP.

Duas pacientes fizeram uso do albendazol, na dose de 30mg/Kg/dia, por

um tempo que variou de 10 a 30 dias. Uma delas realizou dois ciclos de

tratamento. Dezesseis pacientes foram submetidos ao tratamento com

albendazol, na dose de 15 a 20mg/Kg/dia, por um tempo que variou de 7 a 20

dias. Uma paciente realizou tratamento com albendazol, na dose de

20mg/Kg/dia, durante 30 dias.

Quanto ao uso de corticosteróides, todos os pacientes que utilizaram

essa terapia fizeram uso exclusivo de dexametasona, com exceção de três

pacientes. Uma paciente fazia uso prévio de prednisona devido à púrpura

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Resultados

66

trombocitopênica idiopática, tendo feito uso de dexametasona posteriormente.

Dois pacientes fizeram uso de prednisona.

Em relação ao tratamento cirúrgico, o mesmo foi dividido em três

modalidades: cirurgia para realização de shunt de derivação (válvula de

derivação ventricular), cirurgia convencional para remoção de cistos e cirurgia

endoscópica.

Vinte e três pacientes realizaram de cirurgia para colocação de válvula

de derivação ventricular, oito realizaram um único procedimento de derivação.

Sete pacientes realizaram dois procedimentos de derivação, uma paciente

realizou três derivações e três realizaram quatro derivações. Houve um

paciente que realizou cinco derivações, outro, seis, outro, sete e outro paciente,

oito derivações. Essa modalidade de tratamento foi indicada como primeiro

tratamento cirúrgico em oito pacientes (34,78% do total de derivações) e como

única modalidade de tratamento cirúrgico em 12 pacientes (50%).

Em todos os casos, a indicação de colocação de válvula de derivação foi

devido a quadro de hidrocefalia acompanhada de HIC e as revisões das

derivações foram motivadas, na maioria das vezes, por quadros de disfunção

da válvula de derivação.

Sete pacientes realizaram cirurgia convencional, conhecida também

como aberta. Em dois pacientes foram realizados procedimentos de

laminectomia para extração de cistos racemosos em topografia extramedular.

Em três foi realizado um procedimento de craniotomia para extração dos cistos

e realizaram dois procedimentos envolvendo craniotomia para extração de

cistos em um e três procedimentos em outro. Um paciente realizou, através do

procedimento cirúrgico, retirada de cistos do quarto ventrículo.

A modalidade cirúrgica envolvendo endoscopia foi realizada em sete

pacientes, tendo como finalidade a extração de cistos cisticercóticos e

realização das chamadas ventriculostomias. Foram realizados procedimentos

para retirada de cistos por via endoscópica: Uma paciente realizou dois

procedimentos, outro paciente realizou um procedimento e outro realizou um

procedimento. Cinco pacientes realizaram ventriculostomia por via

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Resultados

67

endoscópica, modalidade chamada de terceiro ventriculostomia, um desses

havia realizado um trépano punção previamente para esvaziamento do cisto e

outro paciente realizou dois procedimentos tipo terceiro ventriculostomia. Três

pacientes realizaram cirurgias endoscópicas para retirada de cistos

ventriculares, em um paciente não se conseguiu remoção dos cistos no ato

cirúrgico.

Em relação ao grupo de pacientes que apresentava cistos gigantes, três

realizaram cirurgia de derivação ventricular e uso de corticóide, um realizou

tratamento clínico, cirurgia para extração cistos associada à derivação

ventricular e uso de corticóide, outro realizou tratamento clínico e uso de

corticóide, outro, cirurgia de derivação ventricular associada ao tratamento

clínico e uso de corticóide, um outro paciente realizou cirurgia de derivação

ventricular e tratamento clínico e o outro paciente realizou cirurgia para

extração de cistos associada à derivação ventricular e uso de corticóide.

Em relação ao número total de procedimentos cirúrgicos, foram

realizados para o sexo feminino, média de 3,71 procedimentos cirúrgicos por

paciente e para o sexo masculino, média de 3,35 procedimentos por paciente.

Em nove pacientes foram realizados procedimentos de anatomia

patológica. No caso de uma paciente, não foi possível a conclusão do laudo

porque o material coletado foi considerado insuficiente. O resultado da análise

de outra paciente mostrou cistos racemosos sem sinais de degeneração. A

análise de anatomia patológica dos outros sete pacientes mostrou lesões

racemosas com algum grau de degeneração. O material analisado de dois

pacientes tinha topografia ventricular.

4.8. Das Complicações e Evolução dos Pacientes

As principais complicações encontradas nos pacientes estudados foram

as ventriculites em três pacientes (8,33%). Em dois pacientes, não foram

encontradas lesões ventriculares, enquanto em outro houve evidência de lesão

nos quarto e terceiro ventrículos. Em 11 pacientes (30,6%) foi encontrada

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Resultados

68

aracnoidite e em seis (16,7%), registro de infecção de cateter de derivação

ventricular. Três pacientes (8,33%) desenvolveram quadro de meningite

bacteriana durante seu acompanhamento, após realização de procedimento

cirúrgico, cinco pacientes (13,89%) foram portadores de algum grau de

dependência ao corticóide. Vinte e sete pacientes apresentaram quadro de

HIC, essa situação foi devida a transtornos da circulação liquórica em 22

pacientes (81,48%) e em cinco (18,52%), por efeito compressivo das lesões

racemosas.

Foi evidente a relação entre HIC e hidrocefalia. Dos 27 pacientes que

apresentaram quadro de HIC, em 23 desses (85,2%) foram identificados sinais

de hidrocefalia (p 0,006 pelo teste exato de Fisher). Nos casos em que a aracnoidite estava presente, todos tiveram

associação com quadro de vasculite e HIC, com exceção de uma paciente. Os

casos também foram associados com o quadro de meningite, com exceção de

um paciente. Neste paciente não se considerou a hipótese de meningite devido

à amostra de LCR ser pouco confiável, tratando-se de exame laboratorial de

emergência.

A evolução dos pacientes foi dividida em evolução favorável e

desfavorável, sendo essa, uma forma de avaliação subjetiva, em que foram

analisados os prontuários médicos quanto aos registros de apresentação

clínica, LCR, imagem, tratamento e evolução dos pacientes. Com evolução

desfavorável foram considerados os pacientes que apresentaram algum grau

de sequela ou melhora parcial e os pacientes que evoluíram para óbito.

Teve desfecho considerado favorável um total de 12 pacientes (33,33%),

sendo 66,67% de mulheres e 33,33% de homens.

Os pacientes que evoluíram com desfecho desfavorável foram 24

(66,7%). Desses, vinte tiveram melhora parcial ou sequelas (55,56%); um total

de 40% de mulheres e 60% de homens. Quatro (11,11%) tiveram desfecho

desfavorável evoluindo para óbito. Todos pertencentes ao sexo masculino. A

Esses pacientes foram necropsiados e a causa direta dos óbitos foi atribuída à

descompensação da HIC, principalmente por hidrocefalia obstrutiva.

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Resultados

69

Dos 27 pacientes com quadro de HIC, 22,2% tiveram evolução

favorável, 63% tiveram evolução desfavorável e 14,8% evoluíram para óbito.

Analisando-se as modalidades de tratamento, dos nove pacientes que

realizaram tratamento clínico exclusivamente, 55,6% evoluíram favoravelmente

e 44,4% desfavoravelmente. Dos 23 pacientes que realizaram procedimento de

derivação ventricular (DVP), 17,4% evoluíram favoravelmente, 65,2%

desfavoravelmente e 17,4% evoluíram para óbito. Uma paciente apresentou

sequela cognitiva.

Dos pacientes que sofreram DVP, em 65,2% houve disfunção da

derivação, necessitado de revisões ou trocas do sistema.

Com exceção de um paciente, todos os que apresentaram relato de

aracnoidite tiveram desfecho desfavorável, um paciente evoluiu para óbito.

Dos pacientes com lesões racemosas em topografia extramedular, uma

paciente teve desfecho desfavorável, dois pacientes desfecho favorável, e um

paciente foi a óbito.

Um paciente que havia apresentado quadro de aracnoidite, vasculite e

HIC, e outra paciente com lesões em topografia opto-quiasmática tiveram

evolução favorável, esta somente realizou tratamento clínico. Os três pacientes

com quadro de quarto ventrículo isolado evoluíram com melhora considerada

parcial, um paciente apresentou maior grau de sequelas, incluindo cognitivas.

Cinco pacientes portadores de cistos gigantes evoluíram com melhora

parcial, dois para óbito e um com evolução considerada favorável, este fez

somente tratamento clínico associado ao uso de corticóide.

A média de tempo de seguimento dos pacientes vivos no estudo foi de

aproximadamente seis anos. O tempo decorrido desde o aparecimento dos

sintomas até o diagnóstico variou nos pacientes vivos de um dia até 23 anos

(média de 46,08 meses) e nos óbitos, de três meses a um ano (média de 9,75

meses).

Dos pacientes com evolução para óbito, o tempo de sobrevida, desde o

momento do diagnóstico, foi de dois anos e sete meses para um paciente, de

dois meses para outro, de três meses para outro e de seis meses para outro,

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Resultados

70

com tempo médio de sobrevida após o diagnóstico de 10,5 meses. A avaliação

da sobrevida após realização de procedimento cirúrgico de derivação

ventricular foi: um paciente evoluiu para óbito no mesmo dia da realização da

derivação ventricular, outro teve sobrevida de um ano, tendo realizado o

procedimento em outro serviço de neurocirurgia em Hospital de São Paulo,

outro paciente teve sobrevida de três meses, outro com sobrevida de cinco

meses após procedimento, com tempo médio de sobrevida de cinco meses.

Os óbitos corresponderam a 11,1% do total da casuística avaliada,

quando analisado somente o grupo de pacientes que realizou cirurgia, este

correspondeu a 16% deles.

4.9. Análise Estatística 4.9.1. Caracterização da casuística

Tabela 14: Distribuição da casuística, segundo procedência, sexo e idade.

Frequência absoluta % Relativo

Zona rural 8 22,2

Masculino 20 55,6

Idade (anos) 40,8 ± 9,78

Tabela 15: Distribuição da casuística, segundo sintomatologia clínica.

Frequência absoluta % Relativo

Presença de hipertensão intracraniana 27 75,0

Presença de epilepsia 22 61,1

Presença de meningite 26 72,2

Presença de cefaléia 18 50,0

Presença de outros sintomas clínicos 16 44,4

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Resultados

71

Tabela 16: Distribuição da casuística, segundo exame neurológico da entrada.

Frequência absoluta % Relativo

Alguma alteração físico-neurol. 22 61,1

Alteração visual 12 33,3

Outras alterações 16 44,4

Tabela 17: Distribuição da casuística, segundo exame de neuroimagem.

Frequência absoluta % Relativo

Presença de lesão no 3º ventrículo 4 11,1

Presença de lesão no ventrículo lateral 7 19,4

Presença de lesão no 4º ventrículo 10 27,8

Presença de alguma lesão ventricular 15 41,7

Aumento do 4º ventrículo 12 33,3

Presença de efeito de massa da lesão racemosa 11 30,6

Presença de efeito de massa da lesão ventricular 4 11,1

Presença de hidrocefalia 26 72,2

Hidrocefalia Leve 4 15,4

Hidrocefalia Moderada 17 65,4

Hidrocefalia Acentuada 5 19,2

Presença de lesões racemosas no tronco 22 61,1

Presença de lesões em forma de cacho de uva 34 94,4

Presença de cistos gigantes 8 22,2

Presença de cisto calcificado intraparenquimatoso 23 63,9

Presença de cisto vesicular intraparenquimatoso 7 19,4

Presença de cisto coloidal intraparenquimatoso 6 16,7

Presença de lesão intraparenquimatosa 27 75,0

Tempo entre sintomas e diagnóstico 1,58(0,43; 4,75)

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Resultados

72

Tabela 18: Distribuição da casuística, segundo tratamento.

Frequência absoluta % Relativo % AcumuladoSubmetido a procedimentos cirúrgicos 11 30,6 Total de procedimentos cirúrgicos 0 24 66,7 66,7 1 7 19,4 86,1 2 3 8,3 94,4 3 1 2,8 97,2 4 1 2,8 100,0 Total de DVP 0 13 36,1 36,1 1 8 22,2 58,3 2 7 19,4 77,8 3 1 2,8 80,6 4 3 8,3 88,9 5 1 2,8 91,7 6 1 2,8 94,4 7 1 2,8 97,2 8 1 2,8 100,0 Total de procedimentos 0 12 33,3 33,3 1 6 16,7 50,0 2 6 16,7 66,7 3 4 11,1 77,8 4 1 2,8 80,6 5 2 5,6 86,1 6 3 8,3 94,4 10 1 2,8 97,2 11 1 2,8 100,0 Tratamento clínico 9 25,0 Tratamento clínico seguido de cirurgia 13 36,1 Não tratado 3 8,3 Utilizou corticóide 28 77,8

Tabela 19: Distribuição da casuística, segundo exame de evolução.

Frequência absoluta % Relativo Presença de ventriculite 3 8,3 Presença de aracnoidite 11 30,6 Presença de vasculite 4 11,1 Infecção de cateter 6 16,7 Favorável 12 33,3 Sequela ou melhora parcial 20 55,5 Óbito 4 11,1

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73

Cálculo dos valores de p para as síndromes clínicas quanto ao sexo

(Tabela 20).

Tabela 20: Clínica inicial apresentada pelos pacientes do estudo, em relação ao sexo.

Mulheres (n=16) Homens (n=20) p

Meningite (%) 12,5 25,0 0,462(1)

HIC (%) 50,0 65,0 0,570(2)

Epilepsia (%) 37,5 50,0 0,680(2)

Cefaléia 43,7 10,0 0,049(1)

(1)Teste exato de Fisher (2) Qui-quadrado

Houve significância estatística em relação à presença de cefaléia nas

mulheres (Tabela 21).

Tabela 21: Apresentação clínica ao final do estudo apresentada pelo total de

pacientes, em relação ao sexo.

Mulheres (n=16) Homens (n=20) p

Meningite (%) 75,0 70,0 1,000(2)

HIC (%) 56,2 90,0 0,049(2)

Epilepsia (%) 56,2 65,0 0,848(1)

Cefaléia 75,0 30,0 0,017(2)

(1)Qui-quadrado (2) Teste exato de Fisher

Houve significância estatística para presença de HIC nos homens e de

cefaléia nas mulheres (Tabela 22).

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74

Tabela 22: Cálculo dos valores de p para os tipos de tratamento quanto ao sexo.

Distribuição do Tratamento

Feminino (N=16) Masculino (N=20) N % N % p*

Clínico 7 43.75% 2 10.00% 0,017

Combinado 5 31.25% 8 40.00% 0,731

Cirúrgico 2 12.50% 9 45.00% 0,067

Não Tratado 2 12.50% 1 5.00% 0,574

Corticóide 12 75.00% 16 80.00% 1,000

*Teste exato de Fisher

4.10. Associações Entre Sintomatologia Clínica, Achados Laboratoriais, Neuroimagem, Tratamento e Evolução.

A presença de alguma lesão ventricular, em relação ao sexo masculino,

foi estatisticamente significativa (Tabela 23).

Tabela 23: Associação entre sexo e presença de lesão ventricular.

Sexo Feminino (n = 16) Masculino (n = 20)

p(*)

Presença de lesão no ventrículo lateral (%) 12,5 25,0 0,426

Presença de lesão no 4º ventrículo (%) 12,5 40,0 0,133

Aumento do 4º ventrículo (%) 25,0 40,0 0,481Presença de alguma lesão ventricular (%) 18,8 60,0 0,019

(*) Teste exato de Fisher

Não houve diferença significativa entre pacientes com e sem alguma

lesão ventricular sobre a presença de hidrocefalia. Quanto ao grau de

hidrocefalia, pacientes com alguma lesão apresentaram piores graus,

entretanto, estatisticamente, não houve efeito da presença de lesão ventricular

(Tabela 24).

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75

Tabela 24: Associação entre lesão ventricular e hidrocefalia.

Alguma lesão ventricular

Não (n=21) Sim (n=15) p(*)

Presença de hidrocefalia (%) 61,9 86,7 0,142

Grau da hidrocefalia

Leve (%) 30,8 0,0

Moderada (%) 61,5 69,2

Acentuada (%) 7,7 30,8

0,068

(*) Teste exato de Fisher

Houve associação significativa entre hidrocefalia e presença de HIC

(Tabela 25).

Tabela 25: Associação entre lesão, hidrocefalia e presença de HIC.

Hidrocefalia

Não (n=10) Sim (n=26) p(*)

Presença de HIC (%) 40,0 88,4 0,006

(*) Teste exato de Fisher.

Não houve efeito significativo, do ponto de vista estatístico, entre

presença de alguma lesão ventricular e HIC, porém isto pode se dever ao

tamanho amostral (Tabela 26).

Tabela 26: Associação entre lesão ventricular e presença de HIC.

Alguma lesão ventricular

Não (n=21) Sim (n=15) p(*)

Presença de HIC (%) 61,9 93,3 0,051

(*) Teste exato de Fisher.

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76

Não houve evidência, sob ponto de vista estatístico, para concluir sobre

um efeito significativo da lesão intraparenquimatosa sobre a presença de

epilepsia, entretanto há de se ressaltar que 70% dos pacientes com lesão

calcificada apresentaram epilepsia, enquanto que apenas 46,2% sem lesão

calcificada apresentaram epilepsia (Tabela 27).

Tabela 27: Associação entre lesão intraparenquimatosa e epilepsia.

Lesão Intraparenquimatosa Coloidal

Não (n = 30) Sim (n = 6) p

Presença de epilepsia (%) 63,3 50,0 0,658(1)

Calcificada Não (n = 13) Sim (n = 23)

Presença de epilepsia (%) 46,2 69,6 0,166(2)

Vesiculares Não (n = 29) Sim (n = 7)

Presença de epilepsia (%) 62,1 57,1 1,000(2)

Alguma lesão intraparenquimatosa Não (n = 9) Sim (n = 27)

Presença de epilepsia (%) 55,6 60,0 0,712(1)

Teste exato de Fisher Teste de Qui-quadrado

Não houve efeito significativo da presença de meningite sobre a

presença de HIC (Tabela 28).

Tabela 28: Associação entre meningite e HIC.

Meningite

Não (n = 10) Sim (n = 26) p(*)

Hipertensão intracraniana (%) 70,0 76,9 0,685

(*) Teste exato de Fisher

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77

Homens tiveram um percentual significativamente maior de HIC, porém

não houve diferença entre sexos acerca da meningite (Tabela 29).

Tabela 29: Associação entre sexo e sintomatologia clínica.

Sexo

Feminino (n = 16) Masculino (n = 20) p(*)

Hipertensão intracraniana (%) 56,2 90,0 0,049

Meningite (%) 75,0 70,0 1,000

(*) Teste exato de Fisher

Não houve efeito significativo do uso do corticóide sobre a evolução,

embora haja indícios de que pacientes que usaram o corticóide tiveram pior

evolução (Tabela 30).

Tabela 30: Associação entre o uso de corticóide e a evolução clínica.

Uso de corticóide

Não (n = 8) Sim(n = 28) p(*)

Ventriculite 12,5 7,1 0,541

Aracnoidite 25,0 32,1 1,000

Vasculite 12,5 10,7 1,000

Infecção de cateter 12,5 17,9 1,000

Evolução

Favorável 62,5 25,0

Sequela ou melhora parcial 37,5 60,7

Óbito 0,0 14,2

0,130

(*) Teste exato de Fisher

Com base no ajuste abaixo, a cada ano, a chance de alteração no

exame físico diminui, entretanto, não há evidências para concluir sobre um

efeito significativo do tempo para o diagnóstico (Tabela 31).

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78

Tabela 31: Modelo de regressão logística ajustado para explicar a alteração de exame físico em função do tempo para o diagnóstico.

Estimativa de β p OR IC(OR;95%)

Tempo para o diagnóstico -0,11 0,169 0,89 (0,75 – 1,05)

Constante 0,86 0,057 2,37

Com base na aplicação do teste exato de Fisher, não houve evidência

sob ponto de vista estatístico para concluir que existe associação significativa

entre o tempo de diagnóstico e alteração de exame físico, entretanto, um nível

descritivo igual a 0,054 indica que a probabilidade do efeito encontrado ter sido

mero acaso é pequena, o que evidencia a existência de um efeito intrínseco à

associação (Tabela 32).

Tabela 32: Associação entre tempo de diagnóstico e alteração de exame físico.

Tempo para diagnóstico Menor que 6 meses

(n =10 ) Acima de 6 meses

(n =26 ) p(*)

Alteração de exame neurológico 90,0 50,0 0,054

(*) Teste exato de Fisher

Não houve associação estatisticamente significativa entre a realização

somente de cirurgia de procedimento clínico e cirúrgico e de procedimento

clínico ou cirúrgico com a evolução do paciente (Tabela 33).

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79

Tabela 33: Associação entre procedimento e evolução.

Realização de cirurgia somente

Não (n = 25) Sim (n = 11) p(*)

Evolução Favorável 36,0 27,2

Sequela ou melhora parcial 60,0 45,4

Óbito 4,0 27,4

0,155

Realização de procedimento clínico e cirúrgico

Não (n = 23) Sim (n = 13) p(*)

Evolução Favorável 43,5 15,3

Sequela ou melhora parcial 43,5 76,9

Óbito 13,0 7,8

0,127

Realização de procedimento clínico ou cirúrgico

Não (n = 12) Sim (n = 24) p(*)

Evolução Favorável 58,3 20,8

Sequela ou melhora parcial 41,7 62,5

Óbito 0,0 16,7

0,065

(*) Teste exato de Fisher

As mulheres realizaram mais tratamento clínico somente, enquanto que

os homens fizeram mais tratamento clínico ou cirúrgico (Tabela 34).

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80

Tabela 34: Associação entre sexo e procedimento.

Sexo

Feminino (n = 16) Masculino (n = 20) p(*)

Realização de cirurgia somente 12,5 45,0 0,067(1)

Realização de tratamento clínico somente 43,8 10,0 0,049

Realização de tratamento clínico e cirurgia 31,3 40,0 0,587(2)

Realização de tratamento clínico ou cirúrgico 43,8 85,0 0,014(1)

(1) Teste exato de Fisher (2) Teste de Qui-quadrado

A proporção de mulheres que apresentaram cefaléia foi

significativamente maior em relação aos homens (Tabela 35).

Tabela 35: Associação entre sexo e sintomatologia clínica.

Sexo

Feminino (n = 16) Masculino (n = 20) p

Presença de epilepsia 53,6 65,0 0,593(1)

Presença de cefaléia 75,0 30,0 0,018(2)

(1) Teste de Qui-Quadrado (2) Teste exato de Fisher

O total de procedimentos cirúrgicos a que os pacientes com HIC foram

submetidos não se difere do total de procedimentos cirúrgicos realizados nos

pacientes sem HIC, ou seja, não houve diferença significativa entre pacientes

com e sem HIC em relação ao total de procedimentos cirúrgicos (Tabela 36).

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81

Tabela 36: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de procedimentos cirúrgicos.

Presença de hipertensão intracraniana

Total de procedimentos cirúrgicos

Frequência absoluta

% Relativo

% Acumulado

0 8 80,0 80,0 1 1 10,0 90,0 3 1 10,0 100,0

Não

Total 10 100,0 0 16 61,5 61,5 1 6 23,1 84,6 2 3 11,5 96,2 4 1 3,8 100,0

Sim Total 26 100,0

p = 0,352 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

Os pacientes com HIC realizaram mais procedimentos de DVP,

enquanto que entre os pacientes sem HIC, nenhum realizou DVP e cerca de

55% dos que tiveram HIC realizaram mais que uma DVP (Tabela 37).

Tabela 37: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de DVP.

Presença de hipertensão intracraniana Total de DVP Frequência

absoluta %

Relativo %

Acumulado0 9 100,0 100,0

Não Total 9 100,0

0 4 14,81 14.81 1 8 29,63 44.44 2 7 25,93 70.37 3 1 3,70 74.07 4 3 11,11 85.19

Acima de 4 4 14,81 100,0

Sim

Total 27 100,0 p< 0,001 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

Houve diferença estatisticamente significativa entre pessoas com e sem

HIC em relação ao total de procedimentos, pois os pacientes com HIC

realizaram mais procedimentos (Tabela 38).

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82

Tabela 38: Comparação entre pacientes com e sem HIC em relação ao total de procedimentos.

Presença de hipertensão

intracraniana Total de

procedimentosFrequência

absoluta %

Relativo %

Acumulado 0 8 88.8 88.8 1 1 11,2 100.0 Não

Total 9 100,0 0 4 14,81 14,81 1 5 18,52 55,56 2 6 22,22 55,56 3 4 14,81 70,37 4 1 3,70 74,07 5 2 7,41 81,48 6 3 11,11 92,59

10 1 3,70 96,30 11 1 3,70 100,00

Sim

Total 27 100 p = < 0,001 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

Não houve diferença significativa entre pacientes com e sem meningite

em relação ao total de procedimentos cirúrgicos, de tal forma que pacientes

com meningite realizaram um número maior de procedimentos cirúrgicos

(Tabela 39).

Tabela 39: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao total de

procedimentos cirúrgicos.

Presença de meningite

Total de procedimentos cirúrgicos

Frequência absoluta

% Relativo

% Acumulado

0 6 60,0 60,0 1 4 40,0 100,0 Não

Total 10 100,0 0 18 69,2 69,2 1 3 11,5 80,8 2 3 11,5 92,3 3 1 3,8 96,2 4 1 3,8 100,0

Sim

Total 26 100,0 p = 0,933 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

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83

Não houve diferença significativa entre pacientes com e sem meningite

em relação ao total de DVP (Tabela 40).

Tabela 40: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao total de

DVP.

Presença de meningite

Total de DVP

Frequência absoluta % Relativo % Acumulado

0 4 40,0 40,0 1 2 20,0 60,0 2 4 40,0 100,0

Não

Total 10 100,0 0 9 34,6 34,6 1 6 23,1 57,7 2 3 11,5 69,2 3 1 3,8 73,1 4 3 11,5 84,6 5 1 3,8 88,5 6 1 3,8 92,3 7 1 3,8 96,2 8 1 3,8 100,0

Sim

Total 26 100,0 p = 0,422 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

Não houve diferença significativa entre quem não apresentou meningite

em relação ao total de procedimentos realizados (Tabela 41).

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84

Tabela 41: Comparação entre pacientes com e sem meningite em relação ao total de procedimentos.

Presença de meningite

Total de procedimentos

Frequência absoluta % Relativo % Acumulado

0 3 30,0 30,0 1 2 20,0 50,0 2 3 30,0 80,0 3 2 20,0 100,0

Não

Total 10 100,0 0 9 34,6 34,6 1 4 15,4 50,0 2 3 11,5 61,5 3 2 7,7 69,2 4 1 3,8 73,1 5 2 7,7 80,8 6 3 11,5 92,3

10 1 3,8 96,2 11 1 3,8 100,0

Sim

Total 26 100,0 p = 0,538 (Teste de Mann-Whitney para amostras independentes)

Não houve efeito da idade sobre a ocorrência de nenhum sintoma clínico

(Tabela 42).

Tabela 42: Modelos logísticos ajustados para explicar os sintomas clínicos em função

da idade do diagnóstico.

Sintoma clínico Estimativa de β p OR IC (OR; 95%)

Hipertensão intracraniana 0,01 0,821 1,01 (0,93 – 1,09)

Epilepsia 0,01 0,712 1,01 (0,94 – 1,09)

Meningite -0,02 0,562 0,98 (0,91 – 1,05)

Cefaléia 0,00 0,917 1,00 (0,94 – 1,07)

Embora não tenha existido associação significativa, do ponto de vista

estatístico, entre presença de aracnoidite e evolução, houve uma substancial

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85

diferença entre pacientes com e sem a presença de aracnoidite em relação ao

percentual de pacientes com desfecho desfavorável (Tabela 43).

Tabela 43: Associação entre aracnoidite, evolução do paciente e presença de

vasculite.

Presença de Aracnoidite

Não (n = 25) Sim (n = 11) p(*)

Sequela ou Óbito (%) 56,0 81,8 0,259

Vasculite (%) 0,0 36,4 0,006

(*) Teste exato de Fisher.

Embora não tenha havido diferença significativa, do ponto de vista

estatístico, entre pacientes com e sem a presença de lesão no 3º ventrículo em

relação ao percentual de aracnoidite, o percentual de pacientes com

aracnoidite e pacientes com lesão no 3º ventrículo foi três vezes maior que o

percentual de pacientes com aracnoidite entre pacientes sem lesão no 3º

ventrículo (Tabela 44).

Tabela 44: Associação entre lesão no terceiro ventrículo e aracnoidite.

Presença de lesão no 3º ventrículo

Não (n = 32) Sim (n = 4) p(*)

Aracnoidite (%) 25,0 75,0 0,076

(*) Teste exato de Fisher.

Houve diferença significativa entre pacientes com e sem lesão racemosa

com reforço lesional em relação ao percentual de aracnoidite (Tabela 45).

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86

Tabela 45: Associação entre lesão racemosa com reforço e aracnoidite.

Presença de lesão racemosa com reforço

Não (n = 14) Sim (n = 22) p(*)

Aracnoidite (%) 42,9 90,9 0,005(1)

(*) Teste exato de Fisher.

Pacientes com maior número de cisternas com lesões racemosas

realizaram mais procedimentos (Tabela 46).

Tabela 46: Comparação entre pacientes com diferentes números de cisternas em

relação ao total de procedimentos.

Número de cisternas com lesões racemosas

Total de procedimentos

Frequência absoluta

% Relativo

% Acumulado

0 4 36,4 36,4 1 3 27,3 63,6 2 1 9,1 72,7 3 1 9,1 81,8 4 1 9,1 90,9 6 1 9,1 100,0

1

Total 11 100,0 0 5 55,6 55,6 1 3 33,3 88,9 3 1 11,1 100,0 2

Total 9 100,0 0 3 18,8 18,8 2 5 31,3 50,0 3 2 12,5 62,5 5 2 12,5 75,0 6 2 12,5 87,5

10 1 6,3 93,8 11 1 6,3 100,0

3 ou mais

Total 16 100,0 p = 0,016 (Teste de Kusrkal-Wallis para amostras independentes)

Houve associação entre o grau de hidrocefalia e a indicação do tipo de

tratamento, sendo o tratamento clínico indicado nos casos de ausência ou grau

leve, na maioria dos casos (Tabela 47).

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Resultados

87

Tabela 47: Associação entre o grau de hidrocefalia e o tipo tratamento realizado.

Hidrocefalia (%) Outros tratamentos (n=24) Tratamento clínico (n=9)

Ausência de hidrocefalia 16,6 66,6

Grau leve 8,3 22,2

Grau moderado 58,3 11,0

Grau acentuado 16,6 0

P=0,009. Teste exato de Fisher

Houve associação estatística entre a presença de hidrocefalia e

realização de tratamento cirúrgico ou combinado.

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5. DISCUSSÃO __________________________________________

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Discussão

89

O número de pacientes avaliados neste estudo com diagnóstico de NCC

com a forma racemosa da doença, não correspondeu à real incidência da

mesma na população geral, pois houve um possível viés de seleção dos

pacientes, tratando-se da frequência dessa doença num hospital de clínicas

com características de nível de atendimento terciário.

A frequência da forma racemosa foi de 10,58% do total de casos de

NCC. Na literatura médica, vários estudos mostram essa apresentação como

sendo incomum, com grande variação da incidência ou da topografia dos cistos

[47]. Em um estudo foi detectada em 8% de 170 pacientes com cisticercose

[48]. Outro artigo aponta que em uma casuística de 135 casos de cisticercose

parenquimatosa havia em 13% uma coexistência com a forma racemosa [25].

Obrador [49] constatou frequência de 55% da forma de apresentação da NCC

que denominou meningobasilar. Carpio et al. analisando 336 pacientes,

obtiveram frequência em 22,9% [50]. Fleury et al., em 71,4% [51]. Estes dados

mostram grande variação da incidência da forma racemosa na literatura.

A maioria dos pacientes do estudo foi procedente de região considerada

endêmica para cisticercose, 83,3% da região ou do município de Ribeirão

Preto-SP e 16,7% de Minas Gerais, não sendo, essas áreas, consideradas

endêmicas para hidatidose, diagnóstico diferencial da cisticercose racemosa. A

região de Ribeirão Preto é endêmica para cisticercose. No município de

Ribeirão Preto foi implantada em 1992, em caráter pioneiro no Brasil, a

notificação compulsória para cisticercose, revelando um coeficiente estimado

de 54 casos/100000 habitantes em 1996 e, mais recentemente, de 72/100000

habitantes [12,52]. Porém, possivelmente essa incidência seja maior por conta

da subnotificação.

Em relação à classificação dos pacientes do estudo, segundo os

critérios diagnósticos de Del Brutto et al [36], somente 22,2% deles tiveram o

diagnóstico definitivo, mostrando a dificuldade diagnóstica para esta população,

uma vez que, por definição, as lesões racemosas são desprovidas da presença

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Discussão

90

de escólex, não podendo portanto, preencher a categoria de critério dito

absoluto na avaliação da neuroimagem.

Quanto à zona de moradia, 77,8% dos casos foram procedentes da

zona urbana, esse achado confirma a tendência de mudança de um padrão

predominantemente rural para um perfil de distribuição urbana da doença

[53,54,55]. Um trabalho nacional baseado em extensa revisão de literatura

mostrou que os pacientes com procedência urbana foram acometidos por

apresentações clínicas mais severas da NCC [56], porém estudo de Fleury et

al. [51] mostrou que os pacientes quando comparados quanto à zona de

moradia, rural ou urbana, ambos possuíam achados clínicos e radiológicos

semelhantes.

Neste estudo houve um aparente predomínio do gênero masculino,

representando 55,6% da amostra, porém calculado o intervalo de confiança

para o percentual de pacientes do sexo masculino, não houve evidência de

diferença estatística entre os sexos (IC 95% = (38,7% - 71,2%)). Diversos

trabalhos mostram achados semelhantes quanto ao caráter de não predileção

da doença quanto ao gênero [14,35,57]. Quanto à faixa etária, houve

predomínio das terceira e quarta décadas de vida. Achados similares foram

constatados por outros autores [28,35,57,58], confirmando que as faixas etárias

mais atingidas são as economicamente mais produtivas.

Das síndromes clínicas, constituíram manifestação inaugural: a HIC em

55,6%, epilepsia em 44,4% e meningite em 19,4%. Takayanagui [35] encontrou

frequência de sintomas inaugurais de HIC em 26,5%, epilepsia em 54,3% e

meningite em 13,9% dos pacientes; porém avaliou as várias formas de

apresentação da cisticercose e não somente a forma racemosa.

As síndromes clínicas encontradas ao final do estudo foram: HIC em

75%, meningite em 72,2%, epilepsia em 61,1%, cefaléia em 50%, cerebelares

em 25%, vasculite em 11,1%, formas psiquiátricas em 13,9% (depressão 8,3%

e sequelas cognitivas 5,6%), quadro de mielorradiculopatia ou radiculopatia em

5,6%. Cabe ressaltar o alto percentual das associações clínicas, ocorrendo em

94,4% dos casos.

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Discussão

91

A NCC é apontada como principal causa de epilepsia na idade adulta

nos paises em desenvolvimento [2,31,36,38,55,59,60]. Garcia et al. apontaram

em estudo com 506 pacientes, que a maior causa de epilepsia de início tardio

foi a NCC [61]. Nosso estudo mostrou que epilepsia ocorreu em 61,1% dos

casos, constituindo a terceira forma de apresentação clínica em ordem de

frequência, percentual similar ao estudo de Takayanagui, (1990) [35], que

encontrou epilepsia em 61,6% dos pacientes. Esse fato é explicado porque

muitos desses estudos têm caráter populacional, avaliando várias formas de

apresentação da NCC, não se atendo somente à forma racemosa da doença.

HIC (75%) e meningite (72,2%) foram as principais síndromes clínicas

deste estudo, em termos de frequência. Na literatura, a frequência da HIC

depende fundamentalmente do material analisado provir de um serviço de

neurologia ou de neurocirurgia, variando de 6,4 a 95% [35,57,62,63, 64,65,66].

A alta frequência de HIC e meningite como formas clínicas de apresentação,

provavelmente deve-se ao fato de que todos os pacientes do estudo foram

portadores da forma racemosa. Colli et al. [37], envolvendo casuística

neurocirúrgica de 162 pacientes, verificaram hidrocefalia em 91,6%. Sanchez e

Ordoñez [67], que avaliaram 186 pacientes, mostraram HIC em 66,6% dos

casos e epilepsia em 23,6%. Robles et al. [68] analisando série de 141

pacientes encontraram HIC em 55,3%, epilepsia em 44,6% e meningite em

50% dos casos. Vários outros trabalhos mostram a importante relação entre a

forma racemosa, cisternal ou meningobasilar, como também é denominada, e

os quadros de hidrocefalia, HIC e meningite [10,26,27,69].

No presente estudo, as formas psiquiátricas de apresentação da doença

corresponderam a 13,9%, os quadros de depressão e sequelas na esfera

cognitiva tiveram um tempo médio de instalação de sete anos desde o

surgimento da primeira sintomatologia. O quadro mielorradicular sintomático

neste estudo correspondeu a 5,6%, sendo considerado raro em outras

casuísticas, variando de 0,6% a 3,2% [35,70]. Colli et al. [71] realizaram

seguimento de cinco pacientes com cistos racemosos no espaço

subaracnóideo medular, que correspondeu a 2,7% da sua casuística de

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Discussão

92

pacientes cirúrgicos. A expressão do quadro clínico nas lesões medulares varia

de quadros medulares, mielorradiculares e síndromes de cauda equina [70,71].

A aracnoidite ocorreu em 30,56% dos pacientes deste estudo, estando

provavelmente subestimado, pois o critério adotado foi o da descrição desse

achado na neuroimagem ou de achados cirúrgicos. Estudos mostram relação

da aracnoidite com pior evolução dos pacientes em longo prazo, podendo essa

ser a causa potencial de hidrocefalia, assim como de outras complicações,

incluindo quadros de infartos cerebrais [15,27,69,72,73,74,75].

Provável vasculite ocorreu em 11,1% dos casos, em todos esses não

houve realização de angiografia digital. Em todos os casos houve associação

com quadro de aracnoidite que não estava relacionado com o período de

tratamento clínico. Houve associação com achados sugestivos na ressonância

de encéfalo, correspondendo à isquemia de pequenos vasos (lacunas) na

região de núcleos da base e em todos os ramos da artéria cerebral média. Na

literatura encontram-se trabalhos que mostram uma variação de frequência de

2 a 12% de quadros de angeíte (vasculite) e acidente vascular cerebral (AVC)

relacionados com NCC [76,77,78,79]. Estudos realizados no México, onde a

cisticercose é endêmica, mostram que a NCC é a segunda maior causa de

AVC isquêmico de etiologia não aterosclerótica [80]. O comprometimento

inflamatório de pequenos vasos, relacionado aos quadros de meningite

cisticercótica crônica ou recorrente e aracnoidite, são os mais frequentemente

relatados na literatura [4,81].

Quanto ao tipo de crise epiléptica, o estudo revelou predominância de

crise parcial com ou sem generalização (86,7%), enquanto que as crises do

tipo generalizadas corresponderam a 13,3%. Esse achado está em

concordância com outros estudos da literatura [14,19,55,82], exceto o de Del

Brutto et al., que relata o predomínio de crises generalizadas em 60% [83].

Ocorreu cefaléia em 50% do total de pacientes do estudo, com maior

frequência nas mulheres (33,3%). A cefaléia tipo migrânea correspondeu a

44,44% dos casos de cefaléia, tipo tensional a 38,89% e cefaléia crônica diária

a 16,7%. Estudo epidemiológico realizado em San Pablo (Equador) mostra que

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Discussão

93

em áreas endêmicas para NCC, esta se constituiu como fator de risco para

cefaléia tipo migranosa, mostrando prevalência de 70% desse tipo de cefaléia e

29% de cefaléia tipo tensional em pacientes portadores de cefaléia e

cisticercose [84]. Uma hipótese que justificasse a maior proporção de mulheres

com cefaléia em relação aos homens em nosso estudo seria a de que existe na

população geral maior prevalência da cefaléia no sexo feminino [85].

Quanto aos sinais e sintomas no exame neurológico de entrada, houve a

presença de papiledema em 33,3%, sinais piramidais em 11,1%, alterações

cognitivas em 11,1%, sinais cerebelares em 5,6% e presença de sinais

meníngeos em 5,6% dos pacientes. Estes resultados são semelhantes a outras

casuísticas encontradas na literatura, em que as alterações ao exame de

fundoscopia são as mais frequentemente encontradas, variando de 25 a 58,3%

[23,35,86,87,88]. Já os nervos cranianos envolvidos desde a entrada foram os

III, VI, VIII e XII, estando esses achados, provavelmente relacionados ao

quadro de comprometimento da bainha dos nervos por quadro inflamatório pela

leptomeningite, aracnoidite ou mesmo de lesões racemosas situadas em

topografias cisternais do tronco encefálico. Colli et al. encontraram na

admissão sinais piramidais em 10%, alterações cognitivas em 18,8% e

alterações de nervos cranianos em 5% [88]. Takayanagui encontrou sinais

meníngeos em 13,2%, síndrome piramidal em 13,2% e síndrome atáxica em

3,9% [35].

A alta frequência de síndrome cerebelar (25%) pode ser explicada pelo

LCR inflamatório, pela aracnoidite ou pelas lesões situadas no tronco

encefálico, especialmente as da cisterna cerebelar. Sanchez et al. avaliando

186 pacientes encontraram frequência de síndrome cerebelar em 37% [67].

Coincidentemente, em sua casuística, o percentual de pacientes com HIC foi

elevado (67%).

Na literatura, a frequência de meningite em pacientes com NCC varia de

2,2 a 50% [35,63,65,67]. Possivelmente, essa frequência possa estar

subestimada devido ao impedimento na realização do exame de LCR, por

exemplo, pela presença de HIC. Nossa casuística mostrou 72,2%, justificando

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Discussão

94

a elevada incidência por se tratar de pacientes com forma cisternal. Esses

achados são relevantes, pois se sabe que quadro de meningite crônica por

NCC tem importante participação na gênese da hidrocefalia e HIC [27,28]. O

exame do LCR constitui-se como um importante exame auxiliar no diagnóstico

da NCC, não se devendo esquecer do conceito de síndrome do LCR na NCC,

introduzido por Lange, em 1940 [32], compreendendo a presença de

eosinofilorraquia e positividade de prova imunológica. Encontraram-se 31% de

eosinofilorraquia nas amostras de LCR dos pacientes avaliados, alguns

trabalhos mostram que a presença desse padrão de celularidade auxilia o

diagnóstico de meningite cisticercótica, embora sua presença não seja usual

[89]. O achado de eosinofilorraquia nas amostras estudadas encontra-se

provavelmente subestimado, pelo ampla uso de corticosteróides pelos

pacientes do estudo.

Neste estudo houve predomínio de um padrão de pleocitose

mononuclear do tipo linfocítico em 92,3% das amostras. Este achado se

sobrepõe a outros estudos da literatura que avaliaram LCR de pacientes com

NCC [28,66,89,90]. O teste ELISA é considerado critério menor no painel

diagnóstico da NCC, sua sensibilidade ficou em torno de 87% com

especificidade de 95% [36]. O estudo realizado mostrou sensibilidade de 80%

para o teste. Em outros trabalhos encontraram-se sensibilidades variáveis para

o teste ELISA de 62 a 87,5%, dependendo do perfil da amostra avaliada [90-

96]. Estudos que especificamente avaliaram a sensibilidade para o teste de

ELISA em amostras de pacientes com NCC em topografias cisternais e

ventriculares mostraram valores de 93 a 100% [89,91]. Quando avaliados os

percentuais de titulação do teste ELISA, o estudo mostrou 38,1% de títulos

iguais ou maiores que 1/4000. O trabalho de Minelli e Takayanagui mostrou

21,4% para titulação semelhante [96].

Ao contrário de alguns estudos que evidenciaram que mulheres

apresentavam um padrão de LCR mais inflamatório do que homens [51], a

casuística apresentada neste estudo não confirmou diferença estatística entre

os sexos quanto aos principais elementos do LCR como celularidade, proteínas

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Discussão

95

e glicorraquia. Muitos estudos relatam que o pior padrão inflamatório do LCR

nas mulheres relaciona-se a uma resposta imunológica mais exacerbada

contra o parasita, devido aos níveis de esteróides femininos [27,97,98,99,100].

Porém, esses achados necessitam de maior esclarecimento, com delineamento

de ensaios clínicos, uma vez que muitos desses estudos são de caráter

experimental.

Quanto às topografias das lesões cisticercóticas racemosas, houve

predomínio de lesões nas cisternas do tronco encefálico 86,1%, seguidas por

cisternas da base 52,8%, fissuras Silvianas 41,7%, fissuras coróideas 25%,

fissuras inter-hemisféricas 13,9%, espaço extramedular 11,1% e sulcos frontais

2,8%. Estudos na literatura revelam grande variação de achados topográficos.

Fleury et al. [51] mostraram predomínio de lesões racemosas nas cisternas da

base do encéfalo (61,3%), seguido de lesões nos sulcos corticais (38,7%),

porém outros autores citaram grande participação de lesões nas fissuras

Silvianas [4, 14, 28, 15], principalmente para os cistos gigantes. O estudo em

questão mostrou a participação de lesões suprasselares em 47,2% e em

topografia cerebelo-pontina em 33,3%. Essas topografias são citadas por

alguns autores como sendo de localização frequente, podendo resultar em

hidrocefalia [4,21,87,101].

Neste trabalho, a presença de cistos racemosos gigantes, isolados ou

em associação com cistos tipo cachos de uva, foi de 22,3%. Outros trabalhos

mostram frequências de cistos gigantes entre 12,9% e 37% [37,102]. Quanto à

localização dos cistos, houve predomínio das fissuras Silvianas em 62,5%,

seguido pelas cisternas da base em 50% dos casos. Essas topografias

sobrepõem-se aos achados de literatura [14,28,37,102], que demonstram

variação quanto à definição do tamanho desses cistos, sendo considerados de

3,5 até maiores de 10 cm, com relato de cistos de até 20 cm [15,25,30,31,34].

No presente trabalho, as lesões situadas no espaço raquídeo

extramedular (subaracnóideo) corresponderam a 11,1% dos casos. O

acometimento medular é considerado achado raro na literatura, com frequência

variando de 0,65 a 10%, sendo a maioria dos casos descritos da forma

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Discussão

96

racemosa, situada no espaço extramedular, podendo estar associado à

aracnoidite, a comprometimento medular ou das raízes nervosas

[4,14,15,70,103].

As altas associações de topografias lesionais foram achados de vários

estudos [14,22,34,57], Tivemos associação da forma racemosa com a

intraparenquimatosa em 75% dos pacientes e intra-ventricular em 41,7%. Dos

pacientes com cisticercose intraparenquimatosa houve predomínio da forma

calcificada (85%). Nesse grupo, 70% dos pacientes apresentaram epilepsia

como forma clínica associada. Estudo prévio de Takayanagui [35] encontrou

frequência de 71,4% de lesões calcificadas nos pacientes estudados. Outros

estudos brasileiros envolvendo análise de tomografia computadorizada de

pacientes com cisticercose mostraram uma variação de calcificações no

parênquima de 45 a 73% [104,105]. A presença de calcificações cerebrais é

um fator de risco conhecido para a ocorrência de crises epilépticas, podendo

ser explicado pela presença de edema perilesional [17,55,106,107].

A presença de associação com lesões em região ventricular foi de

41,7%. Na literatura tem-se uma frequência variável, de 10 a 20% [14]. O

trabalho de Fleury et al. mostrou 12% de lesões ventriculares associadas ao

espaço subaracnóideo [51]. Vários estudos mostram uma grande associação

das lesões na topografia ventricular com complicações como ependimite e

hidrocefalia obstrutiva [4,14,66,38]. Houve predomínio de lesões ventriculares

situadas no quarto ventrículo em (66,7%); achados similares na literatura

[10,14,15,29]. Em 8,3% dos pacientes houve presença do chamado quarto

ventrículo isolado, todos necessitaram de procedimentos cirúrgicos e houve

evolução desfavorável; achados encontrados por outros autores [29,37].

Neste trabalho houve relação da HIC e da hidrocefalia (p=0,006). A HIC

foi causada por transtornos da circulação liquórica em 81,48% e em 18,52%,

devido ao efeito compressivo das lesões cisticercóticas. Achados similares

foram descritos por outros autores [15,26]. Colli et al., em 1994 [88],

encontraram 91,3% de hidrocefalia causando quadro de HIC, por obstrução da

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Discussão

97

circulação liquórica pelo cisticerco ou pela presença de reação inflamatória no

LCR.

Nesta casuística não foi encontrada correlação estatística significante

entre lesões ventriculares e hidrocefalia, porém houve uma tendência de

correlação entre a presença de cistos intra-ventriculares e maior grau de

gravidade da hidrocefalia, os dados da análise dos óbitos evidenciaram que as

lesões intra-ventriculares influenciaram na piora da HIC, contribuindo, dessa

maneira, para a deterioração do status clínico. O tamanho da amostra pode

justificar a falta de correlação estatística desses achados neste estudo.

Os casos de ventriculite corresponderam a 8,3% e foram associados à

hidrocefalia, HIC e à realização de número elevado de DVP. Esses achados

são consistentes com dados da literatura que relatam que cistos ventriculares

ou ventriculite correlacionam-se com obstrução ao fluxo do LCR, com

consequente hidrocefalia e HIC [4,10, 27,29].

Neste estudo, 66,7% dos pacientes foram submetidos ao tratamento

cirúrgico. Em 8,33% dos pacientes operados houve desenvolvimento de

meningite bacteriana pós-operatória, Sotelo et al. [27] constataram 12% e Colli

et al., 9% [88].

O tratamento da forma racemosa da NCC permanece controverso na

literatura [38,108]. Alguns autores defendem o emprego de drogas cisticidas no

tratamento da cisticercose subaracnóidea [30,31,42]. Já o estudo realizado por

Bandres et al. [39] desencoraja o uso de cisticidas para a forma

extraparenquimal da cisticercose. A crurgia tem sido considerada como o

tratamento de escolha para a NCC cisternal ou ventricular com presença de

HIC [30,88,108].

Neste estudo, a DVP foi a modalidade cirúrgica realizada em 64% dos

casos, consistindo como única modalidade de tratamento cirúrgico em 33.3%,

sendo indicada como primeira modalidade cirúrgica em 34,8% dos casos

operados; um outro estudo mostra o procedimento de DVP como a primeira

indicação para 70% dos casos com HIC [88]. Em 65,2% dos pacientes houve

necessidade de realização de mais de um procedimento de DVP, por provável

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Discussão

98

disfunção valvular, secundária ao LCR inflamatório. Esses achados foram

também frequentes em outros estudos [37,38,88,108]. Em 29,1% dos pacientes

operados neste estudo foram usadas técnicas de cirurgia endoscópica,

modalidade de crescente aplicação para os casos de cisticercose cisternal e

ventricular [37,38,40,41,108].

A ampla utilização de corticoterapia (77,8%) nos 36 casos justifica-se

pelo grande percentual de casos de meninigite com LCR inflamatório, presença

de cistos gigantes e aracnoidite, o uso de corticóide nessas situações tem

ampla aceitação científica [28,30,31,108]. Dos pacientes que fizeram uso de

corticoterapia, 14,28% desenvolveram córtico-dependência por provável

quadro de meningite crônica, achados também já relacionados na literatura

[27,38,108].

Houve associação quanto ao grau de hidrocefalia e a indicação do tipo

de tratamento a ser realizado. A modalidade de tratamento clínico foi mais

indicada nos casos de ausência ou graus mais leves de hidrocefalia e o

tratamento cirúrgico ou tratamento combinado para os graus moderado e

acentuado de hidrocefalia (p=0,009 Teste exato de Fisher). Achados estes

também encontrados em casuísticas de outros autores [38,85]. A alta morbi-mortalidade apresentada pela casuística estudada mostra a

gravidade da doença, o coeficiente de letalidade estimado foi de 11,11%. A

literatura mostra que quando ocorre hidrocefalia secundária à meningite

cisticercótica, a mortalidade chega a mais de 50% [27], outro autor encontrou

21,3% de mortalidade nos pacientes operados [37].

Neste, a aparente pior evolução no grupo de pacientes masculinos

contraria a maioria dos dados da literatura, porém assemelha-se a estudos

nacionais, no primeiro foram avaliados pacientes portadores de HIC e NCC [30]

e outro que avaliou 160 pacientes portadores de NCC que demandaram

tratamento cirúrgico [37], ambos com pior evolução no grupo masculino. Uma

das hipóteses para explicar essa pior evolução foi a presença de maior taxa de

HIC nos homens em relação às mulheres (significância estatística com p=0,04).

Outro fator foi o de que no grupo masculino houve maior percentual de

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Discussão

99

presença de lesão ventricular, independente da topografia (p=0,019), uma vez

que não foi observada diferença estatística acerca da meningite em relação

aos sexos.

Todos os pacientes que evoluíram para óbito no estudo tiveram

sobrevida média menor do que dois anos após realização de procedimento de

DVP, tendo-se na casuística um tempo médio de sobrevida após o diagnóstico

de 10,5 meses e após realização do procedimento de DVP, de cinco meses,

achados já anteriormente descritos em estudo realizado por Sotelo e Marin

[27].

Neste estudo ficou evidenciada a extrema gravidade da forma racemosa

da NCC, revelada pela exuberância de sinais e sintomas neurológicos, pela

alta frequência de reação inflamatória no LCR, pelo alto índice de HIC, assim

como pela evolução desfavorável em 66,7% dos pacientes.

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6. CONCLUSÕES __________________________________________

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Conclusões

101

1- No estudo houve pleomorfismo, com grande quantidade de

associações nas apresentações clínicas e radiológicas, com

destaque para a alta frequência de casos com HIC e meningite.

2- Existiu alta morbi-mortalidade, principalmente no grupo masculino,

confirmando o caráter de malignidade da forma racemosa da NCC.

3- A associação de lesões ventriculares contribuiu para a evolução de

HIC em 93,3% dos casos, incluindo os que evoluíram para óbito,

porém não houve correlação estatisticamente significativa devido ao

tamanho da amostra.

4- O uso de corticoterapia ocorreu em 77% dos casos, para tratamento

do quadro inflamatório de leptomeningite.

5- A indicação do tipo de tratamento apresentou correlação

estatisticamente significativa com o grau de hidrocefalia, o tratamento

clínico foi o mais indicado nos graus leves de hidrocefalia ou na sua

ausência.

6- O tratamento cirúrgico da HIC, mais frequentemente indicado, foi a

DVP (95,8%).

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108. Nasch TE, Singh G, White AC, Rajshekhar V, Loeb JA, Proaño JV,

Takayanagui OM et al. Treatment of neurocysticercosis. Current status and future research needs. Neurology. 2006;67:1120-7.

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8. ANEXOS

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Anexos

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ANEXO 1

CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO SEXO, IDADE, TEMPO PARA DIAGNÓSTICO, CLÍNICA, IMAGEM E LCR.

ID Sexo Idade dx

Tempo Diagnóstico

(anos) Clínica Imagem LCR

1 F 54 3 HIC+ M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica 2 F 40 0.41 Outros medular 0 3 F 41 0.41 M+CEF+OUT. supratentorial meningite linfocítica 4 F 37 2.5 EPI+M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica

5 F 49 2 HIC+M+OUT. supratentorial+infratentorial meningite linfocítica (nivel alto cel+vasculite)

6 F 65 7 EPI+CEF infratentorial NL

7 F 48 15 EPI+M+CEF infratentorial meningite linfocítica*(frusta) corticoide

8 F 40 5 M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica 9 F 45 11 EPI+M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica*(frusta)

10 F 31 0.08 HIC+EPI+M+CEF+OUT supratentorial+infratentorial meningite linfocítica 11 F 41 4 HIC+M+CEF infratentorial meningite linfocítica 12 F 39 1 HIC+EPI+M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica

13 F 39 5 HIC+EPI+OUT infratentorial LCR nao confiavel urgencia/ ventricular)??

14 F 43 5 HIC+CEF supratentorial nao tem LCR 15 F 44 3 HIC+EPI+M+OUT. supratentorial+infratentorial meningite linfocítica

16 F 34 4 HIC+EPI+M+CEF+OUT supratentorial+infratentorial+medular meningite linfocítica/neutrofílica

17 M 24 7 HIC+EPI+M+OUT supratentorial+infratentorial meningite linfocítica

18 M 25 0 M+OUT supratentorial meningite linfocítica / eosinofilica*

19 M 38 1 HIC+EPI supratentorial+ifratentorial LCR Vent. Nao contribuiu (hemorrágico)

20 M 59 0.5 HIC+M+OUT supratentorial+infratentorial meningite linfocítica 21 M 21 3 HIC+M+CEF supratentorial+infratentorial meningite linfocítica*(frusta) 22 M 48 1 HIC+CEF+OUT supratentorial+infratentorial nao tem LCR

23 M 55 3 HIC+EPI+OUT supratentorial meningite (somente aumento proteina)

24 M 46 23 HIC+EPI+M+CEF supratentorial meningite linfocítica frusta

25 M 35 0.25 HIC+M+CEF infratentorial meningite neutrofilica (diplococos gram +)/linf.

26 M 36 0.25 HIC+M+OUT supratentorial+infratentorial meningite linfocítica

27 M 39 0 HIC+EPI+M supratentorial+infratentorial+medular

meningite linfocítica / neutrofilica*(ventriculite)

28 M 45 0.33 HIC+EPI+M supratentorial+infratentorial meningite linfocítica / neutrofilica*(infeccao)

29 M 41 3 HIC+EPI+M+CEF+OUT supratentorial+infratentorial meningite linfocítica / neut*(ventriculite)

30 M 49 1.16 HIC+EPI+M Supratentorial+infratentorial meningite linfocítica 31 M 31 1 EPI supratentorial nao tem LCR 32 M 30 10 HIC+M+CEF+OUT infratentorial meningite linfocítica

33 M 56 0.25 HIC+EPI+M supratentorial+infratentorial meningite linfocítica/neutrofilica*

34 M 31 1 HIC+EPI supratentorial+infratentorial nao tem LCR / provavel meningite (febre)

35 M 39 1 HIC+EPI+M supratentorial+infratentorial meningite linfocítica/neutrofilica *(ventriculite, aracnoidite)

36 M 34 1 HIC+EPI+OUT supratentorial+infratentorial provavel meningite HIC= Hipertensão intracranicana; M= Meningite; CEF= Cefaléia; EPI= Epilepsia; OUT.= Outras síndromes.

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Anexos

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

HIC

Meningite

Cefaleia

Epilepsia

Outros

HIC Meningite Cefaleia Epilepsia Outros

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

HIC

Meningite

Cefaleia

Epilepsia

Outros

HIC Meningite Cefaleia Epilepsia Outros

Gráfico 1: Síndromes clínicas dos pacientes, na entrada no estudo.

Gráfico 2: Representação evolutiva das síndromes clínicas apresentada pelos

pacientes durante o estudo.

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Anexos

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

HIC

Meningite

Cefaleia

Epilepsia

Outros

HIC Meningite Cefaleia Epilepsia Outros

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Tronco

Base

Medular

Fissura Silviana

Fissura Coroidea

Fissura Interhemisferica

Sulcos Frontais

Tronco Base Medular Fissura Silviana Fissura Coroidea Fissura Interhemisferica Sulcos Frontais

Gráfico 3: Síndromes clínicas apresentadas por cada paciente até o final do estudo.

Gráfico 4: Distribuição das lesões racemosas quanto à topografia, em cada paciente.

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Anexos

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ANEXO 2

COMPROVANTE DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

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Anexos

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ANEXO 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Aspectos clínicos da forma racemosa da neurocisticercose (NCC)

Convidamos o(a) senhor(a) a participar deste estudo sobre a Forma Racemosa da Neurocisticercose (NCC) que será realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP e terá duração média de 18 meses. Entende-se por Forma Racemosa desta doença a forma larvária do “bicho de porco” (este verme também é conhecido como tênia) que costuma se localizar, no ser humano, em sistema nervoso central (cérebro e medula). Muitas vezes esta forma da NCC forma uma “bexiguinha” que pode dificultar a circulação do líquido da espinha com o aparecimento de sintomas variados, incluindo o aumento da pressão dentro da cabeça.

Solicitamos o seu consentimento para utilizarmos as informações contidas no seu prontuário, onde serão analisados os dados referentes aos sintomas de sua doença (por exemplo, como evoluiu ao longo do tempo, como foi o tratamento) e resultados de exames já existentes, por exemplo, de tomografia e do líquido da espinha.

Garantimos que o senhor(a) terá acesso, a qualquer momento, às informações relacionadas à pesquisa, tendo total liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar deste estudo, sem que isso traga prejuízo à continuidade de seu atendimento neste hospital.

Gostaríamos também de salientar que o(a) senhor(a) terá garantido o sigilo e a privacidade durante e após o andamento desta pesquisa, isto é, não será possível identificar sua pessoa (citação de seu nome, seu registro de prontuário médico, etc).

Informamos que não haverá qualquer tipo de pagamento ou remuneração por sua participação nesta pesquisa.

Finalizando, esta pesquisa não envolve qualquer tipo de risco para sua pessoa, nem a realização de novos procedimentos, pois serão somente analisados os prontuários médicos. Os possíveis benefícios incluem proporcionar maior grau de conhecimento sobre esta doença, podendo contribuir no tratamento de outros indivíduos em condições semelhantes, futuramente.

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Anexos

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INFORMAÇÕES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA.

Prof. Dr.Osvaldo Massaiti Takayanagui: 3602 2472 Dr. Rodrigo Bazan: 3632 6142 Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que foi me explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

Ribeirão Preto, ___de____________de 200__.

____________________ _____________________ Assinatura do indivíduo ou Assinatura do pesquisador responsável legal (carimbo ou nome legível)

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