Aseguranca Contra Incendio No Brasil

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Transcript of Aseguranca Contra Incendio No Brasil

  • So Paulo 2008

    A seguranaCONTRA INCNDIO NO BRASILAlexandre Itiu Seito Alfonso Antonio Gill Fabio Domingos Pannoni Rosaria Ono

    Silvio Bento da Silva Ualfrido Del Carlo Valdir Pignatta e Silva

  • Grupo Coordenador / Editores:Alexandre Itiu SeitoAlfonso Antonio Gill

    Fabio Domingos PannoniRosaria Ono

    Silvio Bento da SilvaUalfrido Del Carlo

    Valdir Pignatta e Silva

    Apoio Institucional:Grupo Carrefour

    Comit Brasileiro de Segurana contra Incndio da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (CB-24/ABNT)Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

    EBL Engenharia e Treinamento Ltda.Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (EPUSP)

    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo (FAUUSP)Plural Indstria Grfica

    Projeto Grfico:Projeto Editora

    Reviso Gramatical:Dora Wild

    Editorao Eletrnica:Giselle Moreno Alves e Marcus Vinicius da Silva

    Fotolitos e Impresso:Prol Grfica

    Capa: Alfredo Cnsolo Jnior

    Ficha Catalogrfica

    A Segurana contra incndio no Brasil / coordenao de Alexandre Itiu Seito,.et al. So Paulo: Projeto Editora, 2008. p. 496 ISBN:978-85-61295-00-4 1. Preveno contra incndio (Brasil) 2. Instalaes contra incndio (Brasil) I.Seito, Alexandre (coord.) et al. II.Ttulo

    CDD: 628.92 Servio de Biblioteca e Informao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

    Todos os direitos reservados Projeto Editora.

    Calada das Palmas, 20, 1 andarCentro Comercial Alphaville

    Barueri - So Paulo - CEP: 06453-000Tel.: (11) 2132-7000

  • AGRADECIMENTOS

    Normalmente, os autores agradecem s pessoas que contriburam para a realizao de suas obras. No pre-sente caso, em vista das caractersticas deste livro, tal incumbncia coube aos editores.A realizao deste livro, talvez o primeiro nesse gnero no Brasil, foi possvel graas aos esforos diretos e indiretos de muitas pessoas.

    Ao enunci-las pode-se cometer o erro de esquecer de algum e de ser injusto. Por outro lado, o mnimo queles que trabalharam ter o reconhecimento pelo seu empenho.

    Ficam, pois, o nosso reconhecimento e agradecimento queles que fizeram com que esta publicao se realizasse:

    Ao Slvio Bento da Silva e ao Carlos Luccas por conduzirem todo o processo.Ao Alexandre Itiu Seito, pelo trabalho de secretrio.Aos autores, pelos trabalhos de seleo e de pesquisa sobre os assuntos que eles julgaram importantes de

    se transmitir sociedade, no atual estgio do nosso conhecimento de segurana contra incndio.Aos patrocinadores, pois sem seu suporte este livro no teria se materializado.Aos apoiadores, que demonstraram o empenho e a preocupao que tm em modernizar e aperfeioar

    a rea de segurana contra incndio.E, por fim, a todos aqueles que, pelo seu trabalho annimo, mas importante, contriburam para a realiza-

    o deste livro.

    Os Editores

  • apresentao

    H cerca de dois anos, um grupo de pessoas ligadas Universidade de So Paulo e ao Corpo de Bombeiros de So Paulo comeou a discutir a importncia e a necessidade de uma literatura nacional sobre segurana contra incndio, que pudesse servir de base para estudos nessa rea. Os envolvidos com a segurana contra incndio percebem que, em nosso pas, o clima de quase estag-

    nao est se transformando. Uma tendncia uniformizao das legislaes estaduais, o surgimento de cursos de ps-graduao em segurana contra incndio, a elaborao de normas tcnicas em sintonia com o que vem acontecendo no exterior, so sinais de que a rea est num processo de evoluo. nesse quadro que este livro pretende trazer sua contribuio.

    A distribuio dos exemplares impressos para faculdades de arquitetura e de engenharia, escolas tcnicas, prefeituras, escolas do corpo de bombeiros e tantos outros lugares procurar suprir a deficincia de literatura na rea. Ainda estamos numa fase em que o profissional da segurana contra incndio um autodidata. Esperamos que este livro contribua para essa formao, e muito mais, que o livro seja um documento de referncia para cursos acadmicos dessa rea.

    Resultado do esforo de vrios profissionais, que graciosamente despenderam muitas horas de trabalho, este livro procurou traar um largo panorama da segurana contra incndio nos seus captulos, de modo a dar uma ampla viso da rea ao leitor.

    Cada captulo de responsabilidade exclusiva dos autores, apresentando, assim, no s informaes tcnicas consolidadas, mas tambm diferentes pontos de vistas sobre temas que ainda so objeto de pesquisa e discusso.

    Por ser a primeira experincia desse gnero e pela independncia dada aos autores, pode-se perceber uma variao no nvel de detalhamento das informaes apresentadas. Equalizar a profundidade das informaes e direcionar os textos para outras necessidades dos profissionais e estudiosos brasileiros sero possveis numa se-gunda edio, graas s sugestes e aos comentrios que se espera receber dos leitores desta publicao.

    O livro pretende disseminar largamente os conhecimentos sobre a segurana contra incndio e, para tan-to, alm da impresso em papel, ele tambm estar disponvel em stio na Internet.

    Era necessrio dar a partida nesse processo e, acreditamos, que o presente trabalho vem fazer exatamente isso.

    Os Editores

  • PREFCIO

    Ohomem sempre quis dominar o fogo. Durante milhares de anos, ao bater uma pedra contra outra, gerava uma fasca que, junto a gravetos, iniciava uma fogueira. Ele controlava a ignio. Entretanto no controla-va o fogo, que vinha de relmpagos e vulces. Esses fenmenos eram associados ira dos deuses, verda-deiro castigo do cu. O prprio fogo era venerado na antiguidade.

    O domnio do fogo permitiu um grande avano no conhecimento: coco dos alimentos, fabricao de vasos e potes de cermica ou objetos de vidro, forja do ao, fogos de artifcio, etc.. Por outro lado, sempre houve perdas de vidas e de propriedades devido a incndios.

    Aps a Segunda Guerra Mundial o fogo comeou a ser encarado como cincia; complexa, pois envolvia conhecimentos de fsica, qumica, comportamento humano, toxicologia, engenharia, etc..

    Tive a oportunidade, no incio da dcada de 70, de acompanhar o desenvolvimento dessa nova cincia que emergia no CSTB - Centre Scientifique et Techinique du Batiment, na Frana, sob a direo do cientista Gerard Blachere. Foi graas ao meu orientador, que me apresentou a esse cientista, que arrumei um emprego temporrio de dois anos letivos.

    Sob a direo de Blachere, um grande nmero de cientistas, de todas as reas do conhecimento relativas construo dos edifcios, montou um sistema de avaliao por desempenho, com base em ensaios de materiais, componentes e sistemas construtivos Essa pesquisa redundou, na dcada de oitenta, na norma ISO - 6241 Perfor-mance of Building Construction. No laboratrio de ensaios de fogo do Centro, conheci o ex-comandante do Corpo de Bombeiros da Frana, Coronel Cabret, pesquisador e chefe do laboratrio, com quem pude aprender muito sobre ensaios e pesquisa na rea de SCI.

    Nessa poca, tive o prazer de conhecer o pesquisador e chefe do Fire Station do BRS Bill Malhotra e sua esposa Stella. Com o tempo, tornamo-nos amigos e tive o prazer de passar uma semana em sua casa.

    Malhotra veio a ser um grande colaborador na transferncia de conhecimento na rea de SCI - Segurana Contra Incndio - no Brasil. Primeiramente participou do SENABOM do Rio de Janeiro, quando, com uma didtica maravilhosa, conseguiu transmitir os conceitos bsicos de SCI, enfocando a preveno e proteo vida e ao patri-mnio. Numa segunda etapa, foi convidado pelo CBMESP - Corpo de Bombeiros Militares do Estado de So Paulo, com suporte financeiro do British Council, para redigir um texto sobre SCI nas edificaes, que resultou no GENE-RAL BUILDING REGULATION FOR FIRE SAFETY no qual ele propunha nove captulos:

    1. Preveno do incio do incndio.2. Preveno do rpido crescimento do incndio.3. Disponibilidade de sistema de deteco e alarme de incndio.4. Adequao dos meios de escape dos ocupantes.5. Projeto da estrutura para resistir aos efeitos do incndio.6. Diviso dos espaos internos para prevenir a propagao irrestrita do incndio.7. Separao das edificaes para prevenir a propagao do incndio.8. Instalaes para controle de incndio na edificao .9. Sistema de brigadas de incndio para salvamento e controle do incndio.Estava plantada a semente que resultou na regulamentao das Instrues Tcnicas do CBMESP no co-

    mando do coronel Wagner Ferrari.Paralelamente, por determinao do ento superintendente do IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas

    do Estado de So Paulo, dr. Alberto Pereira de Castro, implantamos o Laboratrio de SCI, que ainda hoje uma referncia em nvel nacional. Na implantao dos laboratrios e na formao de nossos tcnicos, tivemos um apoio

  • significativo do NBS National Bureaux of Standards, hoje NIST National Institute for Standards and Tecnology. Dan Gross, Benjamin e tantos outros transferiram uma massa imensa de conhecimentos.

    Em simpsios internacionais, conheci o engenheiro E. A. Sholl, da Proteo Contra Incndio, que vive no Rio de Janeiro e que durante anos batalhou para o desenvolvimento da rea de SCI no Brasil.

    No Rio Grande do Sul, posso citar o engenheiro Cludio Alberto Hanssen, outro divulgador do conheci-mento da SCI e, em So Paulo, o cel. bombeiro Orlando Secco.

    O Laboratrio do IPT ainda recebeu uma ajuda significativa do professor Makoto Tsujimoto, da Universida-de de Nagoya, Japo, patrocinada pela JICA - Japan International Cooperation Agency, que resultou em instalaes de ensaios de fumaa, entre outros, e na ida ao Japo da arquiteta Rosria Ono, hoje professora de prtica profis-sional na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

    Em Braslia, tivemos a ajuda da JICA para a implantao de laboratrio de investigao cientifica e incndio.Uma srie de pesquisas e orientaes de teses na rea de SCI est em andamento nas universidades brasileiras.Este livro um esforo conjunto das pessoas que acreditam na necessidade de um texto bsico na rea de

    SCI, que enfoque boa parte dos ensinamentos mnimos para uma compreenso dessa rea do conhecimento.Mais de uma centena de pessoas foram envolvidas na organizao, redao de textos, auxlio financeiro,

    apoio institucional, etc.. Sabemos das dificuldades para conseguir redigir os textos dentro do dia-a-dia profissional e nos prazos curtos que tivemos. Infelizmente, alguns no conseguiram terminar em tempo suas tarefas, mas mes-mo assim agradecemos o esforo.

    Escrevi este texto com o corao e certamente omiti certos nomes e fatos que foram relevantes para a SCI no Brasil. Portanto, peo desculpas, mas posso dizer finalmente: misso cumprida.

    Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo

  • SUMRIO I. A SEGurAnA ContrA InCndIo no Mundo 1. Introduo 2. Estatsticas de Incndio 2.1. Estados Unidos da Amrica 2.2. Reino Unido 3. Instituies de Pesquisas e Laboratrios 3.1. CSTB - Centre Scientifique et Technique du Btiment - Frana 3.2. BRE - Building Research Establishment | FRS - Fire Research Station - Reino Unido 3.3. NIST - National Institute od Standarts and Technology | BFRL - Building Fire Research Laboratory 3.4. BRI - Building REsearch Institute - Department of Fire Engineering 4. Associaes Internacionais 4.1. IAFSS - The International Association for Fire Safety Science 4.2. NFPA - National Fire Protection Association 4.3. SFPA - Society of Fire Protection Engineers 4.4. FPA - Fire Protection Association 5. Educao 6. Concluses Referncias Bibliogrficas

    II. A SEGurAnA ContrA InCndIo no BrASIl 1. Introduo 2. Formao em SCI no Brasil 3. Os Municpios Brasileiros 4. A Produo das Edificaes em Nosso Pas em Diversificao 5. Dores do Crescimento 6. Cultura da Segurana 7. Engenharia de SCI - Segurana Contra Incndio 8. SCI em Edificaes 9. Conceitos Bsicos 10. Arquitetura e Urbanismo na SCI 11. Edificaes Especiais 12. Edificaes Subnormais 13. Medidas de PCI - Proteo Contra Incndio 14. Rumos 15. Gerente Nacional para SCI 16. Pesquisa de Incndio 17. Coleta de Dados de Incndio 18. Legislao 19. Laboratrios em SCI 20. Normalizao e Certificao 21. Qualificao Profissional 22. Anlise de Risco de Incndio 23. Educao Pblica 24. Novas Tecnologias na SCI 25. Gesto de SCI em Edificaes 26. Manuteno e SCI 27. Planos de Emergncia 28. Consideraes Finais Referncias Bibliogrficas

    III. AprEndEndo CoM oS GrAndES InCndIoS 1. Esclarecimentos Iniciais 2. Os Incndios e o Aprendizado nos Estados Unidos da Amrica

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  • 2.1. Teatro Iroquois, em Chicago 2.2. Casa de pera Rhoads 2.3. Escola Elementar Collinwood em Lake View 2.4. Triangle Shirtwaist Factory 2.5. A Mudana 3. Os Incndios e o Aprendizado no Brasil 3.1. Unificando a Linguagem 3.2. Situao no Brasil antes dos Grandes Incndios 3.3. Gran Circo Norte-Americano, Niteri, Rio de Janeiro 3.4. Incndio na Indstria Volkswagen do Brasil 3.5. Incndio no Edifcio Andraus 3.6. Incndio no Edifcio Joelma 3.7. As Movimentaes Imediatas 3.8. Analisando as Manifestaes e as Legislaes e Reformulaes Geradas 3.9. O Aprendizado Sedimentado e as Lacunas ainda Presentes 4. Os Incndios ainda Podem nos Ensinar 4.1. Ycua Bolaos 4.2. Cromagnon 4.3. Os Ensinamentos que Podemos Adquirir Referncias Bibliogrficas

    IV. FundAMEntoS dE FoGo E InCndIo 1. Tecnologia do Fogo 1.1. Geral 1.2. Definio de Fogo 1.3. Representao Grfica do Fogo 1.4. Combusto 1.5. Mecanismo de Ignio dos Materiais Combustveis 1.6. Mistura Inflamvel 1.7. Ponto de Fulgor e Ponto de Combusto dos Lquidos 1.8. Gases Combustveis 1.9. Dinmica do Fogo 2. Tecnologia do Incndio 2.1. Geral 2.2. Definio 2.3. Produtos de Combusto 2.4. Fatores que Influenciam o Incndio 2.5. Equaes Bsicas das Fases do Incndio 2.6. Efeito da Ventilao 3. Fumaa do Incndio 3.1. Geral 3.2. Efeitos nas Pessoas 3.3. Produo da Fumaa 3.4. Densidade tica 3.5. Toxicidade da Fumaa Referncias Bibliogrficas

    V. O COmPORtAmEntO dOs mAtERIAIs E COmPOnEntEs COnstRutIVOs FREntE AO FOGO - REAO AO FOGO 1. Introduo 2. A Reao ao Fogo e o Sistema Global da Segurana Contra Incndio 2.1. O Edifcio Seguro e seus Requesitos Funcionais 2.2. A Segurana Contra Incndio nas Fases do Processo Produtivo e de Uso do Edifcio 2.3. O Sistema Global da Segurana Contra Incndio 2.4. A Reao ao Fogo Dentro do Contexto do Sistema Global 3. As Fases de um Incndio Associadas s Categorias de Risco 4. A Evoluo do Incndio e sua Relao com os Materiais 4.1. A Reao ao Fogo e as Fases do Incndio 5. O Conceito de Reao ao Fogo dos Materiais 5.1. Variveis que Determinam a Reao ao Fogo dos Materiais 6. A Regulamentao Contra Incndio e o Poder Pblico

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  • 7. A Importncia da Classificao dos Materiais em Relao Reao ao Fogo 7.1. O Risco de um Incndio 7.2. Os Ensaios de Reao ao Fogo Referncias Bibliogrficas

    VI. EnSAIoS lABorAtorIAIS 1. Introduo 2. Laboratrios 2.1. Geral 2.2. Definio de Laboratrio 2.3. Classes de Laboratrio 3. Rede Brasileira de Laboratrios (RBL) 3.1. Objetivo da RBL 3.2. Medidas Laboratoriais 3.3. Confiabilidade Metrolgica 3.4. Sistema Internacional de Unidades - SI 4. Norma Inglesa BS 5497/87 (ISO 5725-1986) 4.1. Geral 4.2. Materiais Idnticos 4.3. Fatores que Influenciam nos Resultados Laboratoriais 4.4. Repetibilidade e Reprodutividade 4.5. Campo de Aplicao 4.6. Normalizao do Ensaio 4.7. Modelo Estatstico 5. Laboratrio de Reao e Resistncia do Fogo no Brasil 5.1. Capacitao Laboratorial 5.2. Figuras de Alguns Equipamentos de Reao ao Fogo 5.3. Figuras de Fornos de Ensaios de Resistncia ao Fogo 6. Laboratrio de Ensaios de Equipamentos de Combate e de Deteco de Incndio 7. Concluso Referncias Bibliogrficas

    VII. CoMportAMEnto HuMAno EM InCndIoS 1. Introduo 2. Aprendendo com a Histria 2.1. Comportamento Humano em Incndios 2.2. Pnico 2.3. Comportamento de Escolha de Sadas de Emergncia 3. Abandono de Edificaes em Caso de Sinistros 3.1. Brigada de Incndio 3.2. Caractersticas dos Ocupantes 4. Concluses 5. Anexo Referncias Bibliogrficas

    VIII. SAdAS dE EMErGnCIA EM EdIFICAES 1. Introduo 2. Sadas de Emergncia em Edificaes 2.1. Objetivo 2.2. Realidade 2.3. Evacuao sob o Aspecto da Preveno 2.4. Evacuao sob o Aspecto Humano 3. Planejamento de Vias de Evacuao 3.1. Fator Humano 3.2. Densidade de Ocupao 3.3. Velocidade 3.4. Fatores que Alteram o Movimento 3.5. Definio de Meios de Escape 3.6. Fatores que Afetam os Meios de Escape 4. O Fator Humano - Velocidade das Pessoas 5. Iluminao nas Rotas de Evacuao

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  • 5.1. Definio 5.2. Outro Aspecto Importante e que Deve ser Levado em Conta 6. Sinalizao de Emergncia e Cores de Segurana 6.1. Diversos 6.2. Avaliao de Smbolos de Segurana 6.3. Vantagens do Uso de Smbolos 6.4. Desvantagens do Uso de Smbolos 6.5. Mecanismos da Viso 6.6. Visibilidades Atravs da Fumaa 6.7. Densidade da Fumaa e Visibilidade 6.8. Velocidade das Pessoas em Fumaa Irritante 6.9. Iluses 6.10. Sugestes para as Cores 7. Tipos de Escada de Segurana 8. Pressurizao de Escadas 8.1. Introduo 8.2. Objetivo 8.3. Definies 8.4. O Sistema 8.5. Estgios 8.6. Componentes de um Sistema de Pressurizao 8.7. Nveis de Pressurizao 8.8. Vazo de Ar Necessria 8.9. reas de Fuga em Portas 8.10. Vazo de Ar em Portas 8.11. Distribuio de Ar 8.12. Critrios de Segurana 8.13. Perda de Ar em Dutos em em Vazamentos No-Identificados 8.14. Tempo Mximo de Pressurizao 8.15. Manuteno do Equipamento 8.16. Escada e Detectores de Fumaa 8.17. Modelos de Sistemas de Pressurizao 9. Concluso Referncias Bibliogrficas

    IX. ArquItEturA E urBAnISMo 1. Introduo 2. Breve Histrico 3. Medidas Urbansticas 3.1. Malha Urbana 3.2. Lote Urbano 4. Medidas Arquitetnicas na Edificao 4.1. Caractersticas do Pavimento de Descarga e Subsolos 4.2. Circulao Interna 4.3. Compartimentao 4.4. Especificao de Materiais de Acabamento e Revestimento 4.5. Medidas de Proteo Ativa 5. Edifcios Altos 5.1 As Principais Caractersticas dos Edifcios Altos 5.2. Dificuldades de Deteco/Alarme e Combate ao Fogo 5.3. Dificuldade de Abandono 5.4. Novos Conceitos e Desafios 6. Consideraes Finais Referncias Bibliogrficas

    X. sEGuRAnA dAs EstRutuRAs Em sItuAO dE InCndIO 1. Introduo 2. Comportamento dos Materiais Estruturais em Incndio 2.1. Concreto 2.2. Ao 2.3. Madeira

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  • 3. Ao Trmica 3.1. Curvas Temperatura-Tempo 3.2. Tempo Requerido de Resistncia ao Fogo (TRRF) 4. Segurana Estrutural 4.1. Determinao dos Esforos Solicitantes 4.2. Determinao dos Esforos Resistentes 5. Mtodos para Dimensionamento 5.1. Concreto 5.2. Ao 5.3. Madeira Referncias Bibliogrficas

    XI. COmPARtImEntAO E AFAstAmEntO EntRE EdIFICAEs 1. Introduo 2. Definies 2.1. Compartimentao 2.2. Compartimentao Horizontal 2.3. Compartimentao Vertical 2.4. Afastamentamento entre Edificaes (Isolamento de Risco) 3. Compartimentao 3.1. Compartimentao Horizontal 3.2. Compartimentao Vertical 3.3. Normas e Exigncias Internacionais 3.4. Regulamentos Nacionais 3.5. rea Mxima de Compartimentao 3.6. Detalhes Construtivos 4. Afastamento entre Edificaes (Isolamento de Risco) 4.1. Isolamento de Risco por Afastamento entre Edificaes 4.2. Isolamento de Risco por Parede Corta-Fogo 4.3. Isolamento de Risco em Instalaes 4.4. Normas e Regulamentaes 5. Consideraes Finais Referncias Bibliogrficas

    XII. AS InStAlAES EltrICAS E A SEGurAnA ContrA InCndIo no BrASIl 1. Introduo 2. Legislao Profissional - Sistema CONFEA/CREA 2.1. Legislao Especfica da Engenharia 2.2. Qualificao, Habilitao e Atribuio 3. Viso Geral sobre a ABNT NBR 5410 - Instalaes Eltricas de Baixa Tenso 4. Influncias Externas 4.1. Finalidade 4.2. Aplicao 5. Proteo Contra Incendios: Regra Geral, Locais BD, BE, CA2 e CB2 5.1. Locais BD 5.2. Locais BE2 5.3. Locais CA2 5.4. Locais CB2 6. Proteo Contra Sobrecargas e Curtos-Circuitos 7. Linhas Eltricas 7.1. Dutos de Exausto de Fumaa e de Ventilao 7.2. Espaos de Construo e Galerias 7.3. Poos Verticais (Shafts) 7.4. Eletrodutos e Busway 7.5. Obturaes 7.6. Especificao de Condutores 8. Quadros de Distribuio 8.1. Caractersticas Tcnicas 8.2. Seleo e Instalao 8.3. Proteo Contra Choques Eltricos 9. Documentao de uma Instalao Eltrica

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  • 9.1. Partes Constituintes de um Projeto 9.2. Documentao as built 9.3. Fases de um Empreendimento 10. Verificao Final 10.1. Finalidade 10.2. Inspeo Visual 10.3. Ensaios 11. Alimentao Eltrica para os Sistemas de Segurana 11.1. Consideraes Sobre a Concepo do Projeto de Sistemas Eltricos 11.2. Tipos e Formas de Entrada de Energia de Concessionrias 12. Fontes Suplementares de Alimentao de Energia nas Edificaes 12.1. Alimentao de Contingncia da Concessionria 12.2. Fonte de Energia para Servios de Segurana Referncias Bibliogrficas

    XIII. dEtECO E AlARmE dE InCndIO 1. Introduo e Conceitos Bsicos 2. Definies Bsicas 2.1. Sistema de Deteco e Alarme de Incndio (SDAI) 2.2. Central de Deteco e Alarme de Incndio 2.3. Central Surpervisora 2.4. Subcentral 2.5. Painel Repetidor 2.6. Detector Automtico Pontual 2.7. Detector Automtico de Temperatura Pontual 2.8. Detector Automtico de Fumaa Pontual 2.9. Detector Linear 2.10. Detector Automtico de Chama 2.11. Acionador Manual 2.12. Indicador 2.13. Avisador 2.14. Indicador Sonoro 2.15. Indicador Visual 2.16. Avisador Sonoro e Visual de Alerta 2.17. Circuito de Deteco 2.18. Circuito de Deteco Classe A 2.19. Circuito de Deteco Classe B 2.20. Circuito de Sinalizao e de Alarme 2.21. Circuito Auxiliar 2.22. Proteo Necessria Contra Ao do Fogo e Defeitos 2.23. Alarme Geral 3. Seleo de um Sistema 4. Tipos de Sistemas 4.1. Sistema Convencional 4.2. Sistema Enderevel 4.3. Sistema Microprocessado 5. Tipos de Detectores e Acionadores Manuais 5.1. Detectores Pontuais 5.2. Detectores Lineares 5.3. Detectores de Chama 5.4. Detectores por Aspirao 5.5. Acionadores Manuais 6. Noes Normativas de Dimensionamento 6.1. Circuito 6.2. Central 6.3. Detectores Automticos de Incndio Pontuais 6.4. Detectores Lineares 6.5. Detectores de Chama 6.6. Detectores Especiais 6.7. Acionadores Manuais 6.8. Avisadores

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  • Referncias Bibliogrficas

    XIV. IlumInAO dE EmERGnCIA 1. Introduo 2. Definies 3. Tipos de Sistemas 3.1. Blocos Autnomos 3.2. Sistema Centralizado com Baterias 3.3. Sistema Centralizado com Grupo Motogerador 4. Autonomia 5. Funo 6. Instalaes Especiais 7. Projeto e Instalao do Sistema 7.1. Projeto 7.2. Instalao 8. Manuteno 9. Medidas e Aferies Referncias Bibliogrficas

    XV. sIstEmA dE PROtEO POR EXtIntOREs PORttEIs dE InCndIO 1. Introduo 2. Fatores que Determinam a Eficincia dos Extintores 2.1. Agente Extintor 2.2. Alcance 2.3. Durao de Descarga ou Tempo Efetivo de Descarga 2.4. Forma de Descarga 2.5. Operacionalidade 3. Treinamento 4. Classificao do Fogo e Smbolos 5. Tipologia 5.1. Tipo quanto Carga de Agente Extintor 5.2. Tipo quanto ao Sistema de Ejeo do Agente Extintor 5.3. Tipo quanto Capacidade Extintora 5.4. Tipo quanto Carga em Volume e em Massa 6. Definio de Princpio de Incndio 6.1. Caractersticas do Estgio Incipiente 6.2. Princpio de Incndio com Rpida Evoluo do Fogo 7. Dados para o Projeto do Sistema de Extintores Portteis 7.1. Seleo 7.2. Classe de Risco das Edificaes 7.3. Informaes Adicionais para a Seleo do Extintor 8. Localizao 9. Inspeo, Manuteno e Recarga 9.1. Registro Histrico 9.2. Documentos Tcnicos e Legislativos Pertinentes 9.3. Definies 9.4. Recarga 9.5. Componentes Originais 9.6. Ensaio Hidrosttico 10. Recomendaes de Segurana 11. Recomendaes Importantes Referncias Bibliogrficas

    XVI. sIstEmA dE COmbAtE A InCndIO COm GuA 1. Introduo 2. Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos 2.1. Classificao dos Sistemas 2.2. Elementos e Componentes do Sistema 2.3. Critrios de Projeto 2.4. Critrios de Dimensionamento 3. Sistema de Chuveiros Automticos

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  • 3.1. Histrico 3.2. Classificao dos Sistemas 3.3. Classificao dos Riscos das Ocupaes 3.4. Elementos e Componentes do Sistema 3.5. Critrios de Projeto 3.6. Dimensionamento do Sistema de Chuveiros Automticos 4. Sistema de gua Supernebulizada 4.1. Mecanismos de Operao 4.2. Aplicaes Referncias Bibliogrficas

    XVII. SIStEMA dE ControlE dE FuMAA 1. A Histria do Controle de Fumaa 2. Razes para o Controle de Fumaa 3. Os Benefcios do Controle de Fumaa 4. Princpios Bsicos de um Sistema de Controle de Fumaa 5. Tamanho de um Incndio 6. Ventilao Natural de Extrao 6.1. Como a Ventilao Natural de Extrao Funciona 7. Ventilao Motorizada 7.1. Funcionamento da Ventilao Motorizada de Extrao 8. Padres de Equipamentos de Ventilao 9. trios 10. Sistema de Controle de Fumaa em Shopping Centers 11. Interao de Sprinklers e Ventilao Referncias Bibliogrficas

    XVIII. SIStEMA dE CoMBAtE A InCndIoS por AGEntES GASoSoS 1. Introduo 2. Caractersticas dos Agentes Gasosos 2.1. Agentes Limpos 2.2. Dixido de Carbono (CO2) 3. Aplicaes Tpicas dos Agentes Limpos 3.1. Geral 3.2. Requesitos Importantes 3.3. Caractersticas do Projeto do Sistema de Combate por Agentes Limpos 4. Sistema Fixo de Gs Carbnico (CO2) 4.1. Geral 4.2. Fluxograma para Projetar o Sistema de CO2 Referncias Bibliogrficas

    XIX. BrIGAdAS dE InCndIo 1. Introduo 2. Histrico 3. Tipos de Brigadas 4. Definies de Risco 5. Mtodo de Avaliao de Riscos em Edificaes - Mtodo de Gretener 5.1. Sugesto de Estudos para a Adequao do Nmero de Brigadistas de Acordo com os Equipamentos de Preveno e Combate a Incndios Instalados 6. Parmetro Fiscalizador 7. Brigadas de Abandono 7.1. Componentes de uma Brigada de Abandono 7.2. Procedimentos Bsicos de Abandono 8. Planos de Interveno das Brigadas 9. Contedo Programtico dos Currculos das Brigadas 10. Os Primeiros Socorros para Brigadas de Incndio 10.1. Introduo 10.2. Os Primeiros Socorros Inseridos nas Brigadas de Incndios Referncias Bibliogrficas

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  • XX. pApEl do Corpo dE BoMBEIroS nA SEGurAnA ContrA InCndIoS 1. Histrico das Legislaes de Preveno de Incndio do Corpo de Bombeiros no Brasil Referncias Bibliogrficas

    XXI. PROCEssO dE ElAbORAO dE PlAnO dE EmERGnCIA 1. Introduo 2. Preveno de Acidentes Industriais Ampliados 2.1. Nveis de Preveno de Acidentes 2.2. Acidentes Industriais Ampliados 3. Legislao e Normas 3.1. Normas OSHA 3.2. NFPA 1600 3.3. NBR 14.276 3.4. NBR 15.219 3.5. IT 16 4. Metodologia para Elaborar Plano de Emergncia 4.1. Passo 1 - Estabelecer uma Equipe 4.2. Passo 2 - Analisar Riscos e Capacidade de Combate ao Incndio 4.3. Passo 3 - Desenvolver o Plano 4.4. Passo 4 - Implementar o Plano 4.5. Passo 5 - Gerenciar a Emergncia 5. Concluso Referncias Bibliogrficas

    XXII. InVEstIGAO dE InCndIO 1. Introduo 2. Atuao do Investigador Durante o Incndio 2.1. Durante o Incndio 2.2. Imediatamente Aps a Extino do Incndio 2.3. Durante o Rescaldo 2.4. Aps o Rescaldo 3. Mtodo Cientfico da Investigao de Incndio 3.1. Preservar a Cena 3.2. Definir a Metodologia da Investigao 3.3. Coletar o Maior Nmero de Dados Possvel 3.4. Analisar os Dados 3.5. Levantar Todas as Hipteses Possveis Relacionadas Origem do Fogo e ao seu Desenvolvimento 3.6. Testar as Hipteses Levantadas 3.7. Selecionar a Hiptese Provvel 4. Princpios da Tcnica de Investigao 4.1. Caractersticas da Queima 4.2. Compreenso da Dinmica do Incndio 5. Principais Informaes a Serem Obtidas para Confeco do Laudo Pericial 5.1. Dados da Edificao 5.2. Dados do Incndio 6. Simulao Computacional de Incndio Referncias Bibliogrficas

    XXIII. ColEtA dE dAdoS dE InCndIo 1. Introduo 2. Importncia da Coleta de Dados de Incndio 3. Quesitos Importantes no Registro da Ocorrncia de Incndio 4. Norma Brasileria para a Coleta de Dados de Incndio 4.1. Introduo 4.2. Breve Histrico 4.3. A Norma de Registro de Trabalho de Bombeiros 5. Estatsticas de Incndio no Brasil 6. Centralizao e Difuso dos Dados de Incndio no Brasil 7. Consideraes Finais Referncias Bibliogrficas

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  • XXIV. mAnutEnO APlICAdA Em sIstEmA E EquIPAmEntOs dE sEGuRAnA COntRA InCndIOs 1. A Confiabilidade dos Sistemas e Equipamentos de Segurana Contra Incndio 2. Conceitos Bsicos 3. Abordagem da Manuteno nas Normas Brasileiras de SCI 4. Programa de Manuteno Preventiva 5. Tratamentos das Falhas de Sistemas e Equipamentos de SCI 6. Melhoria Contnua na Manuteno 7. Concluses e Recomendaes Referncias Bibliogrficas

    XXV. GErEnCIAMEnto doS rISCoS dE InCndIo 1. Introduo 2. Gerenciamento dos Riscos de Incndios 3. Incndio de Jato 3.1. Inclinao do Jet Fire Devido Ao do Vento 3.2. Energia Trmica Liberada da Chama 4. Determinao das Dimenses da Chama 4.1. Modelo Proposto por Carter 4.2. Modelo Proposto pela Technica (Whazan) 5. Incndio de Poa 6. Exploso da Nuvem 7. Vulnerabilidade do Receptor: Pessoas 8. Vulnerabilidade do Receptor: Estruturas Metlicas 8.1. Determinao da Temperatura do Elemento Estrutural 8.2. Efeitos nas Caractersticas e Propriedades Mecnicas do Ao 8.3. Verificao da Capacidade Resistente 8.4. Determinao do Tempo de Falha do Elemento Estrutural 9. Estudo do Caso 9.1. Primeiro Passo - Estruturao para Anlise 9.2. Segundo Passo - Caracterizao do Risco 9.3. Terceiro Passo - Avaliao de Proteo Alternativa Referncias Bibliogrficas

    XXVI. EnGEnHArIA dE SEGurAnA ContrA InCndIo 1. Introduo 2. O Projeto de Engenharia de Segurana Contra Incndio 3. Reviso Qualitativa do Projeto (RQP) 3.1. Reviso do Projeto Arquitetnico e Caractersticas dos Ocupantes 3.2. Objetivos da Segurana Contra Incndio 3.3. Danos Causados pelo Incndio 3.4. Projetos Tentativos de Segurana Contra Incndio 3.5. Critrio de Aceitao e Metodologia de Anlise 3.6. Anlise dos Possveis Cenrios de Incndio 4. Anlise Quantitativa (AQ) 4.1. Subsistema 1 - Iniciao e Desenvolvimento do Incndio Dentro do Compartimento de Origem 4.2. Subsistema 2 - Iniciao e Desenvolvimento do Incndio Dentro do Compartimento de Origem 4.3. Subsistema 3 - Iniciao e Desenvolvimento do Incndio Dentro do Compartimento de Origem 4.4. Subsistema 4 - Deteco do Incndio e Ativao dos Sistemas de Proteo 4.5. Subsistema 5 - Interveno dos Servios de Combate ao Fogo 4.6. Subsistema 6 - Desocupao 4.7. Subsistema 7- Anlise de Risco 5. Critrio Final de Aceitao 6. Exemplo de Aplicao: Telford College (Edimburgo) 6.1. A Estratgia de Incndio Adotada no Projeto 6.2. O Modelamento de Incndio 6.3. Medidas de Segurana Contra Incndio 6.4. Sistema de Alarme de Voz 6.5. Elevadores para Desocupao e reas de Refgio

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  • 6.6. Benefcios da Aplicao da Engenharia de Segurana Contra Incndio Referncias Bibliogrficas Agradecimentos

    XXVII. FORmAO dE PROFIssIOnAIs dA REA dE sEGuRAnA COntRA InCndIO

    XXVIII. nORmAlIzAO 1. Introduo 2. ISO - International Standard Organization 3. NFPA - National Fire Protection Association Referncias Bibliogrficas

    XXIX. lIGA nACIonAl doS CorpoS dE BoMBEIroS MIlItArES do BrASIl

    XXX. pEquEnA HIStrIA do SEGuro 1. Os Primrdios 2. Os Marcos da Histria do Seguro no Brasil 3. O Seguro-Incndio no Brasil 4. A Criao do IRB - Instituto de Resseguros do Brasil 5. A Tarifa de Seguro-Incndio do Brasil 6. Seguro Compreensivo de Propriedades 7. A Abertura do Mercado Brasileiro de Resseguros 8. Consideraes Finais

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  • A segurana contra incndio no Brasil

    A seguranaCONTRA INCNDIO NO MUNDO

    . Introduo

    Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo

    I nternacionalmente, a SCI encarada como uma cincia, por-tanto uma rea de pesquisa, desenvolvimento e ensino. Ve-mos uma enorme atividade nessa rea na Europa, nos EUA, no Japo e, em menor intensidade, mas em franca evoluo, em outros pases.

    Vamos nos concentrar em alguns tpicos da dinmica atual da SCI no mundo, tais como: laboratrios de pesquisa e cer-tificao, normalizao, instituies, legislao e ensino.

    As atividades nessa rea do conhecimento envolvem milhes de pessoas, fazendo com que essa cincia cresa rapi-damente.

    uma tendncia internacional exigir que todos os ma-teriais, componentes, sistemas construtivos, equipamentos e utenslios usados nas edificaes sejam analisados e testados do ponto de vista da SCI. Para alcanar um desempenho cada vez maior, a sociedade desenvolve novas solues em todas essas reas.

    A legislao e os cdigos de SCI vm sendo substitudos para as edificaes mais complexas pela engenha-ria de SCI, outra rea tambm em expanso internacionalmente.

    As tecnologias que vm se desenvolvendo, como eletrnica, robtica, informtica, automao, etc. esto mais presentes em todas as reas de conhecimento da SCI.

    A demanda por engenheiros, pesquisadores e tcnicos em SCI crescente e no momento existe falta de mo-de-obra no mercado internacional.

    As perdas com incndios nos pases que adotam uma postura severa na questo da preveno tm dimi-nudo significativamente em relao ao PIB.

    O ensino em todos os nveis da educao e em todos os perodos escolares recebe pelo menos um dia em que a SCI enfocada.

    No ensino superior so mantidos mais de cinqenta cursos de graduao e ps-graduao em engenharia de proteo contra incndios.

    Atos criminosos de incendirios e de terrorismo vm dando uma nova dimenso proteo contra incn-dios em todo o mundo.

    2. Estatsticas de incndioA manuteno de sistemas de coleta tratamento e anlise de dados sobre incndios permitem organizar

    programas de proteo, preveno contra incndios e educao em nvel local e nacional.Podemos encontrar na Internet, organizados por diversos pases, dados sobre ocorrncias de incndios.Vamos a seguir dar dois resumos desses dados para os EUA e o Reino Unido.

    GSI-NUTAU-FAUUSP

    I

  • A segurana contra incndio no Brasil2

    2.1. Estados Unidos da amricaNos EUA em 2005 tivemos:

    3.677 perdas de vidas humanas de civis em incndios. 17. 925 pessoas feridas em incndios. 115 bombeiros mortos em servio. Incndio mata mais americanos do que todos os desastres naturais juntos. 83% dos civis morreram em incndios residenciais. 1.6 milhes de ocorrncias de incndios foram registradas. Valor estimado das perdas devidas a incndios US$ 10,7 bilhes. Uma estimativa de 31 500 incndios provocados resultaram em 315 mortes. As perdas estimadas pelos incndios provocados foi de US$ 664 milhes.Mais informaes podem ser encontradas no site do governo.

    2.2. rEino UnidoO Reino Unido mantm um sistema de estatstica de incndio pormenorizado que pode ser encontrado

    no site da bibliografia.

    3. Instituies de pesquisa e laboratriosOs laboratrios possuem instalaes para testes de resistncia e reao ao fogo de materiais, componen-

    tes e sistemas construtivos o que permite o desenvolvimento e certificao de novos produtos, dando apoio ao desenvolvimento, gerando emprego e competitividade para os pases.

    Vamos apresentar alguns dos mais renomados laboratrios com suas metas e produo atuais.A PUC Pontifcia Universidade Catlica do Chile possui o laboratrios de resistncia ao fogo mais completo

    da Amrica do Sul.

    3.1. CSTB - CenTre SCienTifique eT TeChnique du BTimenT - franaEste centro tem seu desenvolvimento ligado reconstruo da Frana, aps segunda guerra mundial. As

    construes feitas para a reconstruo com tcnicas tradicionais mostraram-se inadequadas nova realidade tec-nolgica e s exigncias da sociedade.

    Assim, o CSTB na dcada de sessenta, dirigido por Grard Blachre, prope uma estrutura laboratorial de desempenho com quatorze itens onde a segurana contra incndio aparece como segundo item aps estabilidade das construes.

    Esse modelo de desempenho aplicado na Frana torna-se recomendao ISO 6241 Desempenho das cons-trues.

    Atualmente exerce a liderana da CE Comunidade Europia na pesquisa de desempenho e, portanto, de SCI nas construes.

    por este motivo que escolhemos o CSTB para ser o primeiro da lista de laboratrios. Tm por finalidade, a melhora do bem estar e da segurana dentro das construes e no seu entorno, o

    CSTB exerce quatro reas complementares: pesquisa, engenharia inovadora, avaliao da qualidade e difuso do conhecimento. Associada a estes domnios das especialidades permite um enfoque global das edificaes, amplia-da para seu meio urbano, aos servios e as novas tecnologias de informao e comunicao.

    3.1.1. Laboratrio dE sciO laboratrio faz parte da diviso de Estruturas e Segurana ao fogo.O laboratrio esta dividido em trs seces:

    Ensaios de fogo Reao ao fogo dos materiais. Resistncia ao fogo dos elementos de construo e equipamentos eletromecnicos.

  • A segurana contra incndio no Brasil 3

    Aptido do emprego de sistemas de segu-rana a incndio.

    Engenharia de segurana contra incndio Modelagem fsica do desenvolvimento do

    fogo e da fumaa. Comportamento das estruturas e elemen-

    tos de construo em caso de incndio. Estudos especficos e especializados/rela-

    trios de campo. Anlises avanadas de SCI.

    Estudos para mudanas na regulamentao Pesquisa e estudos das regulamentaes. Ensaios alternativos para reao ao fogo. Comportamento das partes combustveis da construo.

    3.2. Bre - Building reSearCh eSTaBliShmenT / frS - fire reSearCh STaTion reino unidoO BRE se define como uma organizao lder mundial em pesquisa, consultoria, treinamento, testes e

    organizao de certificao, levando sustentabilidade e inovao ao ambiente construdo, etc.Nossa misso construir um mundo melhor, esperamos que nossos clientes criem melhores edificaes e

    comunidades, e resolvam os problemas com confiana.Os servios do BRE so: Servios de consultoria. Testes de produtos. Certificao. Pesquisas comissionadas. Publicaes, treinamento e educao.Na rea de SCI, possui diversos laboratrios na GB.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    3.2.1. Laboratrio dE sci frS - fire reSearCh STaTionAo lado vemos fotos das instalaes laboratoriais do BRE e de

    um teste dentro do galpo principal Os laboratrios contam com instalaes para: Teste de cabos. Qumica do fogo. Testes de extintores. Resistncia ao fogo. Testes para a indstria naval. Avaliao de toxicidade. Reao ao fogo. Painis-sanduche. Testes de sistemas estruturais. Proteo passiva ao fogo.O FRS teve participao significativa na nova legislao do cdi-

    go de incndio para o Sistema Nacional de Sade NHS.A mudana substituir o certificado anual de SCI por um responsvel que ter a responsabilidade legal de

    desenvolver as avaliaes das instalaes de sade.Esta a passagem do sistema compulsrio formal para a engenharia de proteo contra incndio.Sem duvida o FRS tem impressionantes instalaes laboratoriais que permitem at ensaios em escala real

    de edifcios complexos.

    3.3. niST - naTional inSTiTuTe of STandardS and TeChnology Bfrl - Building fire reSearCh laBoraToryFundado em 1901, tm por misso promover a inovao e

    competitividade industrial americana por meio de medidas cientficas avanadas, normas e tecnologia de maneira a ressaltar a segurana eco-nmica e melhorar nossa qualidade de vida.

    O BFRL tem mais de oitenta funcionrios e pesquisadores.

    3.3.1. laBoraTrio de ConSTruo e PeSquiSa de fogodiviSo de PeSquiSa de inCndioA diviso de pesquisa de incndio: desenvolve, verifica e utili-

    za medidas e mtodos preditivos para quantificar o comportamento ao fogo e os meios para reduzir o impacto do fogo nas pessoas, proprieda-de e meio ambiente. Este trabalho envolve integrao dos laboratrios de medidas, mtodos aprovados de predio e experimentos de fogo em grande escala para demonstrar o uso e o valor dos produtos de pesquisa.

    Atividade de pesquisa focada desenvolve compreenso cient-fica e de engenharia dos fenmenos de fogo e metrologia, identifica princpios e produz metrologia, dados, e m-todos preditivos para a formao e evoluo de componentes de fumaa, componentes na chama e para a queima de materiais polimricos e desenvolver mtodos preditivos para o desempenho de detectores de alto desempenho e sistemas de supresso.

    A diviso fornece liderana para teoria e praticas avanadas em engenharia de proteo a incndio, com-bate ao fogo, investigao de incndio, testes de fogo, administrao de dados de incndio e incndio intencional.

    Publicaes em larga escala, e esforo de transferncia tecnolgica. Intensa participao em cdigos e normas como laboratrio de referncia.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    3.4. Bri - Building reSearCh inSTiTuTe deParTmenT of fire engineering

    O departamento estuda mtodos de engenharia de incndio para assegurar a segurana das pessoas em caso de incndio nas edificaes ou na cidade, e mtodos para minimizar as perdas econmicas causadas pelos incndios.

    O departamento pesquisa: Comportamento fsico dos materiais. Componentes. Estruturas em temperaturas elevadas durante os incndios. Comportamento das pessoas durante a evacuao das edificaes. Pesquisa. Desenvolve mtodos para avaliao de segurana contra incndio.

    . Associaes internacionais4.1. iafSS - The inTernaTional aSSoCiaTion for fire SafeTy SCienCeO objetivo principal da associao encorajar a pesquisa sobre preveno e minimizao dos efeitos ad-

    versos dos incndios e implementar para apresentao dos resultados dessas pesquisas. A associao sente que seu papel est nas bases cientficas para alcanar o progresso em problemas insolveis de incndios. Ela procura cooperao com outras organizaes com aplicaes ou envolvidas com a cincia que fundamental para seus in-teresses em incndio. Procura promover altos padres e normas para encorajar e estimular cientistas a dedicar-se aos problemas de fogo, para dar fundamentos cientficos e para facilitar as aplicaes desejadas, a fim de reduzir as perdas humanas e materiais.

    A associao possui mais de quatrocentos membros, de mais de vinte e oito pases, incluindo o Brasil. A associao j realizou oito simpsios em diversos pases.

    Os anais desses simpsios podem ser encontrados no site da associao.

    4.2. nfPa - naTional fire ProTeCTion aSSoCiaTionA misso dessa associao reduzir as perdas devido a incndios e a outros riscos para a qualidade de

    vida, fornecendo e defendendo por consenso: cdigo, padres, normas, pesquisa, treinamento e educao. Atual-mente, a associao conta com mais de oitenta e um mil membros individuais em todo mundo, e mais de oitenta companhias americanas e organizaes profissionais.

    Os manuais: Cdigo de segurana a vida. Cdigo nacional de instalaes eltricas NFPA 70.Mais de duzentas normas em SCI foram produzidas pela NFPA, que uma referncia internacional.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    4.3. SfPe SoCieTy of fire ProTeCTion engineerSA associao dos engenheiros de proteo contra Iincndios, conta com aproximadamente quatro mil

    e quinhentos membros e cinqenta e sete sedes regionais. Tem como objetivo o desenvolvimento da cincia e a prtica na engenharia de segurana contra incndio e nos campos do conhecimento prximos, para manter altos padres ticos entre seus membros e para alavancar a educao em engenharia de proteo a incndios.

    importante entre suas publicaes o Manual de Engenharia de Proteo a Incndios, uma obra de referncia com sessenta e oito reas de conhecimento organizadas em cinco captulos.

    4.4. fPa - fire ProTeCTion aSSoCiaTionA associao de proteo contra incndios, com sede no Reino Unido, financiada principalmente pelas

    firmas de seguro, por meio da associao dos seguradores ingleses e dos lordes. Seus objetivos so: Proteo das pessoas, propriedade e meio ambiente por meio de tcnicas avanadas de proteo a incndio. Colaborar com os membros, seguradores, governo local e central, corpos de bombeiros e outros. Ajudar a focar a ateno tanto nacional como internacionalmente nessas questes. Influenciar nas decises feitas por consumidores e negociantes. Coletar, analisar e publicar estatsticas, identificar tendncias e promover pesquisa. Publicar guias, recomendaes e cdigos de treinamento. Disseminar aconselhamentos.Entre as publicaes, de particular importncia o programa desenvolvido para computador de Life-

    saver Fire Software, que pode ser acessado pela internet para teste e compra; esse programa permite treinar os funcionrios em segurana contra incndio, por meio de processo interativo, repetitivo e contnuo, que permite a segurana contra incndios nos postos de trabalho sem muito esforo e com bom custo-benefcio.

    Existe um grande nmero de associaes relacionadas segurana contra incndios.

    . EducaoA educao considerada a chave para a preveno e proteo contra incndios.Existe uma infinidade de encontros e programas de educao visando conscientizao da populao

    para a preveno e proteo contra incndios.Cursos de treinamento para tcnicos em instalaes e manuteno de sistemas de segurana so organizados.Em mais de quarenta pases existem cursos de engenharia de proteo contra incndio. E em alguns deles

    so oferecidos cursos de ps-graduao tanto no nvel de mestrado como de doutorado.Todas as instituies e laboratrio enfocados neste trabalho possuem programas de formao em SCI.

    . Concluses evidente que os pases reconhecem a rea de segurana contra incndio como uma rea cientfica do

    conhecimento e um problema que merece investimentos pesados para diminuir as perdas devido a incndios.Esta parte do primeiro captulo do livro pretendeu: Mostrar que os profissionais organizados em associaes na rea de SCI so milhares. Verificar que tcnicos, bombeiros, engenheiros, pesquisadores, professores esto associados no s em

    suas reas especficas, mas acima de tudo em grandes entidades como a NFPA, em que todos contribuem para o desenvolvimento da SCI.

    Que a profisso de engenheiros de proteo ao fogo uma realidade internacional. Que a rea de SCI est sendo enfocada como cincia e tecnologia em todo mundo. Laboratrios garantem pesquisa, desenvolvimento, testes e certificao, visando segurana e a um

    mercado mais competitivo. A proteo vida humana e ao patrimnio so os objetivos de todos os laboratrios e associaes. Que existe um mercado muito forte de SCI fora do Brasil que se caracteriza pela inovao e conscienti-

    zao em massa da populao. As fotos tm por objetivo mostrar tanto a escala dos investimentos como a preocupao atual em reali-

    zar ensaios para estudar as caractersticas e parmetros de grandes incndios em escala real.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    refernCiaS BiBliogrfiCaS

    NFPA, Life Safety Code Handbook, NFPA, 2006

    NFPA, National Electrical Code Handbook (NFPA 70), 2008

    NFPA, Todas as normas

    SFPE Handbook of Fire Protection Engineering 3rd edition NFPA 2002

    http://www.cstb.fr/

    http://www.bre.co.uk/

    http://www.nist.gov/

    http://www.iafss.org

    http://www.thefpa.co.uk/

    http://www.communities.gov.uk/pub/25/FireStatisticsUnitedKingdom2005_id1509025.pdf

    http://www.plt.org/

    http://www.puc.cl/noticias/anteriores/prensaUC/pub251.html

    http://www.educationworld.com/

  • A segurana contra incndio no Brasil

    A seguranaCONTRA INCNDIO NO BRASIL

    . Introduo

    Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo

    O Brasil passou de um pas rural para uma sociedade urbana, industrial e de servios em um curto espao de tempo; toda essa mudana ocasionou um aumento dos riscos de incndio entre tantos outros que enfrentamos. Para termos uma idia, o Brasil em 1872, no primeiro censo oficial, tinha uma populao de oito milhes e quatrocentas mil pessoas livres e de um milho e meio de escravos, num total de nove milhes e novecentos mil habitantes, sendo que o Estado de So Paulo tinha seiscentos e oitenta mil pessoas livres e cento e cinqenta e seis mil escravos, e nessa data a cidade de So Paulo tinha apenas trinta mil habitantes, era a dcima cidade brasileira. Portanto o Brasil em aproximadamente duzentos e trinta anos passou de dez milhes para cento e oitenta milhes de habitantes, com mais de cento e vinte milhes morando nas cidades. Na tabela a seguir temos um quadro do crescimento vertiginoso da populao brasileira de 1872 a 1995.

    Nesse perodo houve uma migrao e imigrao para as cidades, gerando um fenmeno nunca visto nem em escala mundial. O exemplo mais significativo desse fenmeno a regio metropolitana de So Paulo, que passou de pouco mais de trinta mil habitantes para aproximadamente dezoito milhes em 2006, e continua crescendo.

    Tirando certas peculiaridades de clima e instalaes com altos riscos, como explorao de bacias petrolfe-ras, importante lembrar que as ocorrncias de incndios so maiores em regies mais densamente povoadas.

    Este projeto, intitulado Todos Ganham, pelo Tenen-te Coronel Silvio Bento da Silva que une este grupo de especialistas do pas, pretende divulgar para todos os municpios, todas as universidades, todos os corpos de bombeiros e a todas as pessoas interessadas os principais assuntos envolvidos na SCI em edificaes.

    ano PoPulao aBSoluTa

    1872 9.930.478

    1890 14.333.915

    1900 17.318.556

    1920 30.653.605

    1940 41.165.289

    1950 51.941.767

    1960 70.070.457

    1970 93.139.037

    1980 119.002.706

    1991 147.053.940

    1995 161.400.000Fontes: IBGE, Anurios Estatsticos do Brasil; Ltat du Monde, 1995.

    II

  • A segurana contra incndio no Brasil0

    O esforo para construir a infra-estrutura e as edi-ficaes necessrias tem mostrado deficincias em todos os setores da sociedade: segurana, sade, educao, manu-teno e conservao ambiental, etc.

    Em minha opinio, acho que fizemos o que parecia ser impossvel, bem ou mal construmos em aproximadamen-te duzentos e trinta anos um Pas para cento e oitenta mi-lhes de pessoas, evidentemente com uma qualidade abaixo do que gostaramos e que levaremos anos para corrigir.

    A segurana contra incndio no Brasil est dentro desse modelo de crescimento no qual parece que temos tudo por fazer:

    Melhorar a regulamentao. Aumentar os contingentes. Atender todos os municpios. Melhorar os equipamentos. Melhorar a formao dos: o Arquitetos. o Engenheiros. o Bombeiros. o Tcnicos. o Populao, etc.Talvez a SCI tenha sido colocada em segundo plano dentro desse desenvolvimento desenfreado, por ser

    uma rea complexa do conhecimento humano, envolvendo todas as atividades do homem, todos os fenmenos naturais, toda a produo industrial, ou seja, deve estar presente sempre e em todos os lugares.

    Existe pouca literatura nacional em SCI, o que faz parte das deficincias naturais de um pas em constru-o; ento, tentando colocar mais uma pedra na edificao do conhecimento da SCI no Brasil, alguns especialistas resolveram fazer esta publicao.

    2. Formao em SCI no BrasilOs currculos das faculdades de arquitetura e engenharia tm um contedo extenso e apertado, no permi-

    tindo absorver outros conhecimentos, sendo necessria uma profunda reformulao para que a SCI seja absorvida.Nesse cenrio, verificamos que a formao de arquitetos e de engenheiros tem dado pouca nfase para a

    SCI nas edificaes, isso nos tm levado a prticas com baixa exigncia em relao ao controle do risco de incndio. Caso decidssemos implantar cursos de SCI em todos os cursos de arquitetura e engenharia, seria um desastre, pois no temos quadros de professores para ministrar tais cursos. Temos apenas alguns professores orientando alunos de ps-graduao nessa rea de conhecimento.

    Os profissionais com essas deficincias em suas formaes so aqueles que projetaro, construiro e apro-varo os projetos, gerando um perigo latente em SCI em todas as cidades.

    Do exposto podemos dizer que um programa para tornar a rea de SCI consistente passar pela formao de quadros para depois atuarmos em larga escala junto a arquitetos e engenheiros.

    Infelizmente no podemos parar e precisamos continuar a projetar e construir novas edificaes, alm de adaptar as edificaes j existentes.

    A legislao continua a avanar e exigir mais dos profissionais que precisam freqentar cursos de especia-lizao ou contratar servios terceirizados de SCI.

    3. Os municpios brasileirosA dinmica das cidades brasileiras que se modernizam para serem competitivas, dentro dos mercados glo-

  • A segurana contra incndio no Brasil

    bais, aumenta a complexidade da produo e dos servios que, paralelamente s exigncias da populao urbana, tem provocado o aumento dos riscos de incndios nas edificaes. Para atender a populao so implantados grandes depsitos de materiais combustveis e materiais perigosos, criando locais com enorme potencial de incndio.

    Precisamos nos armar com as ferramentas de projeto, com o controle dos materiais, garantir a construo mais segura e implantar os procedimentos de segurana para uma operao pela qual so minimizados os riscos.

    A maioria dos municpios brasileiros no est preparada para essa enorme tarefa. Aprovaes de projetos, inspees e o Habite-se no quesito de SCI tm sido insatisfatrios e s vezes calamitosas, chegando em casos de sinistros com grandes perdas de vidas.

    Tem sido os Estados, na maioria das vezes, que mantm em convnio com os municpios os servios de bombeiros, que fazem as avaliaes e inspees nas edificaes. Os municpios brasileiros continuam a crescer, principalmente nas reas urbanas, exigindo um aumento da infra-estrutura de SCI.

    A produo nas reas rurais das maiores do mundo, exigindo grandes silos de armazenamento e agroin-dstria para beneficiamento, tendo como conseqncia riscos de grandes incndios e exploses.

    4. A produo das edificaes em nosso pas se diversificaA produo e importao de materiais modernos de construo que so usados nas edificaes levam

    necessidade de conhecermos seus comportamentos em situao de incndio. Os riscos podem variar muito com o uso de novos materiais sem controle de sua reao e resistncia ao fogo; dessa maneira, torna-se necessrio en-saiar todos os materiais e sistemas construtivos do mercado, o que nem sempre tem sido feito.

    Os sistemas pr-fabricados e os componentes moldados in loco nos levam ao aumento da produtividade no canteiro, mas nos colocam diante da difcil tarefa de conhecer seu comportamento em situao de incndio. Como quanto maior a complexidade maior o risco, devemos ter em mente que quanto mais sofisticado, quanto maiores e mais altas forem as edificaes, maiores os cuidados com a inspeo, com o projeto, com a construo, com o funcionamento e com mudanas de uso.

    Novos riscos so gerados diariamente nas cidades brasileiras em funo de inovaes e mudanas de ne-cessidades das empresas e dos edifcios pblicos.

    Exemplos de reas de alto risco so: Plataformas de explorao de petrleo nas quais os operrios habitam em cima de um escoadouro de

    lquido e gs combustveis. Vizinhana de fbricas de explosivos e fogos de artifcio.

    . Dores do crescimentoTodos os pases tm aprendido com os grandes incndios, com o Brasil no foi diferente. A urbanizao alu-

    cinante de So Paulo provocou um aumento brutal do risco de incndios na cidade, que culminou com os incndios dos edifcios Andraus e Joelma, com um grande nmero de vtimas humanas, no apenas as que morreram, mas com todas as pessoas envolvidas diretamente nesses incndios que tiveram suas vidas afetadas, causando mudanas comportamentais e traumas psicolgicos ps-incndio. Indiretamente, toda a populao brasileira foi afetada, pois a televiso apresentou ao vivo essas tragdias.

    Seguiram-se outras tragdias com vitimas na cidade do Rio de Janeiro, de Porto Alegre, entre outras.Essas tragdias provocaram mudanas na legislao, nas corporaes de bombeiros, nos institutos de

    pesquisa e, principalmente, foi iniciado um processo de formao de tcnicos e pesquisadores preocupados com essa rea de conhecimento.

    . Cultura da seguranaOs riscos continuam a aumentar em todo territrio nacional pela complexidade da sociedade que implanta

  • A segurana contra incndio no Brasil2

    usinas nucleares, desenvolve tcnicas de lanamento de satlites, complexos de petrleo que levam a autonomia do Pas nesse tipo de combustvel, implanta os programas do lcool e do biodiesel inditos internacionalmente e que necessitam de estoques e manuseio em larga escala desses produtos perigosos, edifcios cada vez mais complexos e maiores. Esses riscos nos obrigam a desenvolver uma nova cultura de segurana em que melhor prevenir do que remediar.

    . Engenharia de SCI - Segurana Contra IncndioTemos aprendido com os grandes incndios, como veremos em outro captulo desta publicao, entretanto

    estamos mudando nossa postura diante do problema, melhorando as regulamentaes e normas. Esse esforo tem exigido dos projetistas melhora nas condicionantes de SCI nas edificaes. O prximo passo nas edificaes complexas ser a exigncia de projetos de engenharia de SCI, nos quais so calculados e assumidos os riscos de maneira a evitar os grandes incndios e ao mesmo tempo minimizar custos de instalaes, treinamentos, erros operacionais, etc.

    Ao contrrio de muitos pases, no temos curso de engenharia de SCI no Brasil; nos pases em que a espe-cialidade em SCI existe, verificamos total absoro dos engenheiros de SCI pelo mercado.

    8. SCI em edificaesAs incidncias, mais freqentes, de incndios tanto pequenos como grandes so nas edificaes. Alguns

    exemplos de incio de ignio so: vazamento de gs de bujes com exploses, curto-circuitos em instalaes eltricas por excesso de carga, manuseio de explosivos e outros produtos perigosos em locais no adequados, esquecimento de ferro de passar roupa, foges e eletrodomsticos ligados, etc. Toda tragdia de incndio comea pequena.

    . Conceitos bsicosNo Brasil, os engenheiros, arquitetos, tcnicos e estudantes que completaram o segundo grau tm conhe-

    cimento dos conceitos de: conduo, radiao, conveco e de calor latente, entretanto dificilmente esses concei-tos so ligados SCI.

    0. Arquitetura e urbanismo na SCINo pas a arquitetura e o urbanismo ainda no tm a questo da SCI absorvida plenamente nas prticas

    de projeto e construo, mudanas so necessrias desde o planejamento urbano como na garantia de acesso de viaturas de bombeiros, existncia de hidrantes urbanos, at a proteo passiva e ativa, sadas de emergncia, com-partimentaes, reao ao fogo dos materiais de construo e acabamentos.

    11. Edificaes especiaisAlgumas edificaes, tais como edifcios altos, grandes depsitos, centros de compras, instalaes indus-

    triais e tantas outras necessitam de projetos diferenciados, pois envolvem grandes riscos, sendo que no Brasil essas construes no tm obedecido a todas as exigncias, falhando em algum ponto do projeto, da construo ou da operao, colocando em risco em caso de sinistro ocupantes e bombeiros envolvidos.

    12. Edificaes subnormaisNo Brasil as condies econmicas e a migrao em massa para as cidades tm criado riscos pelo cresci-

    mento e alastramento de favelas e cortios; j tivemos inmeros casos de incndios nos quais a maioria das vitimas criana sozinha em subhabitaes ou barracos. Essas construes precrias feitas com materiais combustveis ou instalaes e equipamentos em pssimas condies tornam essas construes um barril de plvora, com qualquer

  • A segurana contra incndio no Brasil 3

    pequeno incndio transformando-se em uma tragdia em curto espao de tempo, sobrando para os bombeiros apenas o rescaldo e o atendimento as vitimas.

    3. Medidas de PCI - Proteo Contra IncndioA cultura brasileira, boa parte herdada da cultura ibrica, nos levou utilizao da taipa de pilo e al-

    venaria que fornecem uma boa proteo ao fogo em caso de construes tradicionais, austeras e slidas. So nas novas tecnologias de materiais estruturais, vedaes, revestimentos, grandes edifcios, complexos de compras, etc. que esto as armadilhas contra a SCI. Essas armadilhas podem ser evitadas com medidas de proteo contra incndios, o que em muitos casos no aplicadas a contento.

    Sofremos de falta de medidas estruturais para aplicar as medidas necessrias de PCI, pois carecemos de: Profissionais formados especificamente na rea de PCI. Laboratrios completos e em nmero compatvel com as dimenses do Brasil. Legislao em nvel nacional, estadual e municipal. Tcnicos, instaladores, operadores de sistemas de PCI. Toda a produo nacional de materiais de construo ensaiada e catalogada. Exigncia de conformidade com a legislao de todos os produtos importados, etc.Essa rea de grande complexidade, pois envolve resistncia e reao ao fogo dos materiais de construes,

    sadas de emergncia, sistemas de deteco e combate ao fogo, iluminao de emergncia e controle de fumaa.

    . RumosComo podemos ver, o Brasil vai ter de continuar a queimar etapas nessa corrida contra o tempo, lem-

    brando sempre que com poucos recursos humanos e econmicos, provocando o desenvolvimento da pesquisa, da legislao, da normalizao, da certificao e principalmente da formao. Podemos dizer que a primeira crise a enfrentar de gerncia em nvel nacional para a SCI.

    Um gerente de projeto que consiga com os poucos recursos materiais e humanos criar as prioridades, fazendo com que todos no dupliquem esforos inteis e atinjam objetivos claros dentro dos prazos estipulados.

    Devem ser metas, do gerente, planos viveis de curto, mdio e longo prazos.Uso de cooperao internacional para sanar lacunas em nossas equipes e podermos mudar rumos sem ter em

    vista o objetivo maior que alinhar a SCI no Brasil com a comunidade cientifica e profissional dessa rea do conhecimento.

    . Gerente nacional para SCIVamos enumerar o perfil de um gerente em nvel nacional para o desenvolvimento da SCI. Disponibilidade para trabalhar em tempo integral. Ser capaz de administrar, rapidamente, as diferenas de opinies de todos os grupos envolvidos para

    que o plano nacional seja simples e de fcil entendimento para todos. Ter liderana natural e no hierrquica. Ter uma viso geral de todos os envolvidos: 1. Unio, Estados e Municpios. 2. Empresas privadas. 3. Universidades. 4. rgos de Segurana Pblica. 5. rgos de fomento nacionais e internacionais. 6. Pesquisadores. 7. Profissionais, etc. Facilidade em organizar, sob sua chefia, um sistema para arrecadao de fundos para atingir os objetivos. Olhar as necessidades regionais para que o sistema seja capaz de disseminar a cultura da SCI em nvel

    nacional, sem esquecer as caractersticas locais.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    Descentralizar as decises mantendo apenas a coordenao. Capaz de sempre verificar se no est abusando do poder a ele delegado. Seria importante que entendesse de SCI, etc.Muitos gostariam de ter essa tarefa por interesses pessoais e seria um desastre, pois jamais teriam condi-

    es de gerenciar o interesse maior que o desenvolvimento da SCI no Brasil.

    . Pesquisa de incndioA SCI foi recentemente considerada como uma nova rea da cincia, precisamos nos alinhar com essa

    nova tendncia mundial e iniciar o ensino e a pesquisa na cincia do fogo.Falo sempre que na representao de uma reao qumica de oxirreduo, o incndio representado

    pela flecha que representa o antes e depois da reao ou troca de eltrons entre combustvel e comburente. Podemos dizer a flecha, essa grande desconhecida, que por onde passam todos os fenmenos transitrios da combusto. Claro que a pesquisa de incndio no simples assim, entretanto, esse exemplo d uma idia do quanto temos a pesquisar nessa rea do conhecimento.

    Para melhorar a qualidade de: instalaes, equipamentos, procedimentos e criar programas de orientao para fabricantes e usurios das edificaes necessrio pesquisar causas e efeitos em pequenos incndios que so uma fonte importante de dados.

    Criar uma cultura da pesquisa e inovao que d espao para que as idias possam ser desenvolvidas sem o medo de errar que tem sido o grande inibidor da experimentao na nossa sociedade. Punir quando uma experi-ncia foi mal sucedida pode ser um tiro no p, pois inibe o experimentador, e claro que essas falhas precisam de anlise fria dos motivos do fracasso e o que podemos apreender dos erros. No simples, mas a experimentao altamente incentivada em paises inovadores e desenvolvedores do conhecimento.

    . Coleta de dados de incndioPara que possamos tomar decises preciso uma base consistente de dados dos incndios caracterizando

    suas causas e conseqncias; para isso utilizando tcnicas de estatstica e pesquisa cientfica.O incndio deixa rastros tais como: motivos, origem, temperaturas, reaes qumicas incompletas, veloci-

    dade de propagao, materiais queimados, carga incndio, etc.A pesquisa cientfica e investigativa pode nos levar a uma anlise conclusiva dos fenmenos fsicos, qumi-

    cos e humanos envolvidos no incndio.

    8. LegislaoJ falamos da necessidade da legislao, mas importante sabermos o que temos no momento e os esforos

    que foram feitos nos ltimos anos para chegarmos ao ponto em que estamos. Temos de avanar na legislao que deve ser continuamente revisada e atualizada em funo das necessidades da sociedade e da evoluo tecnolgica.

    Dizem que a legislao est sempre atrasada em relao necessidade da sociedade, isso nem sempre ver-dade, pois em muitos casos ela capaz de atuar de maneira a provocar mudanas nos procedimentos errados arraiga-dos na sociedade. No Brasil muitos deixam para Deus a total responsabilidade pelas tragdias por eles deflagradas, o que uma pratica nefasta , pois seria possvel minimizar as tragdias por meio de uma legislao adequada.

    . Laboratrios em SCI laboratrios e incompletos so um entrave para o desenvolvimento da rea de SCI. A demanda por gran-

    de nmero de ensaios no d a agilidade que o mercado precisa, retardando a certificao dos produtos.No sobra espao, tempo e recursos para a pesquisa cientifica, bsica e tecnolgica.A dimenso continental do Brasil no permite o acesso fcil aos laboratrios que esto centrados na regio sudeste.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    Os tcnicos tm pouco tempo para seus estudos e pesquisas, visando aprimorar seus conhecimentos e sua capacidade como pesquisadores.

    Grande parte das instalaes e equipamentos precisa ser atualizada e substituda para melhorar a quali-dade e eficincia dos poucos laboratrios existentes.

    20. Normalizao e certificaoNormalizar e certificar um instrumento importante para garantir a qualidade e o desempenho dos mate-

    riais, componentes e sistemas construtivos, fornecendo um instrumento eficaz no controle da SCI das edificaes.O envolvimento dos trs segmentos da sociedade: poder pblico, consumidores e produtores tem sido pe-

    queno, precisando ser ampliado. O nmero de normas precisa ser rapidamente ampliado, mas o esforo de poucos tem sobrecarregado sua atuao, resultando em menor velocidade tanto na reviso de normas existentes como de normas novas. O baixo crescimento econmico nacional, das ltimas dcadas, dificulta a ampliao dos grupos de trabalho.

    21. Qualificao profissionalTemos falado na qualificao profissional durante toda esta introduo, pois ela a base para que possa-

    mos garantir a qualidade da construo e da operao dentro de um risco de projeto assumido.A cadeia das profisses envolvidas na SCI complexa, pois vai desde legisladores e profissionais sniores

    indo at os brigadistas, passando por arquitetos, engenheiros, tcnicos em instalaes, avaliadores, etc.No basta a formao terica, tambm necessrio o treinamento prtico em que exigida a competn-

    cia para executar as tarefas necessrias.Qualquer fragilidade na cadeia profissional pode ter resultados funestos com a ocorrncia de sinistros que

    poderiam facilmente ser evitados.

    22. Anlise de risco de incndioCom o que temos afirmado, vemos que estamos assumindo riscos acima do aceitvel em nossas edifi-

    caes, sendo importante que utilizemos mtodos de avaliao de desempenho e anlise de risco de maneira a maximizar os resultados de SCI com os recursos investidos.

    Anlise de risco envolve: Modelagem matemtica pelo uso de possibilidade de ocorrncia de fatores em srie ou paralelo para a

    ocorrncia de incndio. Anlise de locais de riscos especficos. Clculos de carga de incndio, velocidade de propagao. Calculo de perdas: o Humanas. o Materiais. o Operacionais. o Institucionais, etc. Probabilidade de deflagrao generalizada, ou seja, o incndio passar de um edifcio para outro alcan-

    ando uma escala urbana.

    23. Educao pblicaEngajar toda a populao na preveno contra incndio com campanhas e treinamento em escolas e

    veculos de comunicaes um outro instrumento de que o pas pode ativar. triste vermos crianas e indivduos deformados por queimaduras que poderiam ter sido evitadas com procedimentos simples de segurana.

    O ideal a implantao de programas de educao em todos os nveis de cursos, desde a pr-escola at o

  • A segurana contra incndio no Brasil

    terceiro grau, de maneira que todos possam conhecer os riscos de incndio de suas atividades e quais as atitudes a ser tomadas em casos de incndios.

    Quanto mais ldicos forem os treinamentos, melhores sero a reteno e a automao dos procedimen-tos necessrios preveno de incndios e sada das pessoas das edificaes.

    Segurana pblica em SCI um estado de esprito coletivo, de estar sempre alerta para no fazer procedi-mentos perigosos que possam vir a ocasionar um incndio. Tem um provrbio popular que nem sempre obedeci-do: prevenir e melhor do que remediar.

    24. Novas tecnologias na SCIA corrida tecnolgica em SCI nos alcana com: sistemas inteligentes, uso de programas de computadores,

    automatizao, novos materiais, etc. Temos de organizar a pesquisa e o desenvolvimento de produtos nacionais de acordo com nossa necessidade, permitindo que a distncia entre ns e os outros pases diminua sensivelmente.

    Como objetivos das novas tecnologias, devemos pensar sempre na melhora da SCI, relacionando-as com os princpios bsicos da SCI:

    Aumentar a segurana humana. Diminuir as perdas materiais.Como exemplos de perigos da introduo de novas tecnologias em SCI temos: Aumentos do risco de ignio com a introduo de automaes so comuns, tais como incndios em

    salas sofisticadas de controle de edificaes. Robs sempre podem vir a causar acidentes, at fatais, com pessoas. Produtos txicos que inibem a combusto, mas so nocivos sade das pessoas. Medicaes que poderiam aumentar o nmero de incendirios, etc..

    25. Gesto de SCI em edificaesO Brasil tem avanado em tcnicas de gesto e esses conhecimentos podem com facilidade ser aplicados

    em SCI nas edificaes de empresas e os rgos pblicos.O primeiro passo na gesto da SCI nas edificaes o detalhamento dos riscos existentes no prdio: Uso. Entorno. Estrutura. Vedaes. Materiais de revestimento. Acabamentos. Instalaes. Carga incndio, etcEm seguida, execuo de um plano para melhorias para alcanar os objetivos da SCI.Finalmente, um plano de manuteno e acompanhamento das atividades de maneira a impedir que os

    riscos atinjam valores acima do projetado.

    2. Manuteno e SCIAs prticas de manuteno nas edificaes dificilmente levam em conta os riscos da SCI.Incndios e exploses tm ocorrido em funo da manuteno e que no levaram em conta os perigos de

    ocorrncia de incndio ou exploso.Operao de edificaes complexas, como centros de compras, supermercados, edifcios de uso misto,

    etc. exige manuteno em tempo real e que precisa ter em sua programao a questo da SCI definida e dimensio-nada a fim de evitar surpresas.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    2. Planos de emergnciaEntre as questes de treinamento e formao de quadros para SCI so fundamentais os planos de emer-

    gncia que garantem a efetiva ao dos atores em caso de sinistro.

    28. Consideraes finaisNo Brasil as perdas por incndios em edificaes tm aumentado em importncia pela escala que nos

    sinistros vem envolvendo cada vez maiores riscos.A urbanizao brasileira continua a ser grande, com aumento concomitante dos riscos de incndio.A formao em SCI praticamente inexistente no pas.As anlises de incndio, na sua maioria, so qualitativas, dependendo do treinamento repetitivo dos ava-

    liadores que assim vo intuitivamente melhorando suas decises.Os laboratrios de SCI esto sobrecarregados de servio. Devemos construir laboratrios regionais de

    maneira a atender melhor demanda por ensaios no pas.Uma tarefa imensa nos espera na rea de SCI.

    refernCiaS BiBliogrfiCaS

    SO PAULO (Estado) Decreto n 46076 de 31 de agosto de 2001. Regulamento de Segurana contra Incndio das Edificaes.

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    DEL CARLO, Ualfrido. Arquitetura e o incndio. Simpsio Nacional de Instalaes Prediais: Sistemas de Proteo e Combate A Incndios. 4. Anais. So Paulo: EPUSP, 1987.

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    BERTO, Antonio Fernando. Medidas de proteo contra incndio: aspectos fundamentais a serem considerados no projeto arquitetnico dos edifcios. So Paulo: FAUUSP, 1991.

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    DEL CARLO, Ualfrido. Critrios e conceituao atualmente usada na anlise do risco de incndio. IPT, 1980.

  • A segurana contra incndio no Brasil

    APRENDENDOCOM OS GRANDES INCNDIOS

    . Esclarecimentos iniciais

    Cel Reserva PM Alfonso Antonio Gill

    N ossa inteno foi demonstrar que a ocorrncia de alguns grandes incndios mobilizou segmentos da sociedade para a mudana das condies de segurana contra incndio ento vigentes. Evidenciamos o quanto os grandes incndios alteraram a maneira de encarar e operar a segurana contra incndio da sociedade brasileira, destacando que tais eventos geraram vontade e condies polticas para as mudanas e o modo como essa vontade se consubstanciou.

    E, apesar de escrevermos para a realidade brasileira, entendemos ser de grande utilidade buscar paralelos e exemplos no exterior. Para tanto, nos valemos principalmente do caso dos Estados Unidos da Amrica (EUA), em que encontramos maior facilidade no acompanhamento de sua evoluo pela existncia de uma entidade nacional, a National Fire Protection Association (NFPA) que, desde 1897, produz textos bsicos indicativos do nvel de segu-rana contra incndio.

    Decidimos tambm descartar os incndios de cidades, como os ocorridos em Roma (64 DC), Londres (1666), Hamburgo (1842), Chicago (1871), Boston (1872), etc., por entendermos que eles no se repetiro em suas caractersticas, especialmente a propagao, nas cidades atuais.

    Isso decorre da moderna urbanizao e, sobretudo, da presena do automvel. Esse meio de transporte produziu cidades com ruas e avenidas hierarquizadas e o conseqente afastamento entre blocos de edificaes, impedindo assim a propagao de incndios por grandes reas.

    Abaixo utilizamos como exemplo visual a cidade de Barcelona. A foto area da cidade permite que se observe o Centro Velho (Bairro Gtico) e as demais reas j devidamente urbanizadas (foto retirada do site oficial da cidade de Barcelona).

    Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

    Cel Reserva PM Ms Walter NegrisoloCorpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

    Cel Reserva PM Sergio Agassi de OliveiraCorpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

    III

  • A segurana contra incndio no Brasil20

    Concordamos com H. S. Malhotra (ver Bibliografia) quando indica as atuais conflagraes como restritas s grandes estruturas tpicas de nosso tempo, destinadas a indstrias, aeroportos, centros de convenes, prdios eleva-dos, etc., e no mais conflagraes envolvendo as vrias estruturas amontoadas de uma rea urbana desordenada.

    Limitamos a anlise das evolues quase somente ao ocorrido em So Paulo, pelo fato de as tragdias marcantes haverem ocorrido nessa cidade e nesse Estado, e tambm porque uma anlise mais abrangente neces-sitaria de mais tempo e maior espao para publicao.

    Finalmente, tentamos destacar pontos e aprendizados que ainda no ocorreram ou no se consolidaram, em especial os aprendizados decorrentes de tragdias recentes de pases vizinhos.

    Comearemos pelo exemplo vindo dos Estados Unidos da Amrica.

    2. Os incndios e o aprendizado nos Estados Unidos da AmricaAntes que ocorressem incndios com grande perda de vidas nos Estados Unidos da Amrica (EUA), a segu-

    rana contra incndio, ou suas tcnicas, eram difundidas com nfase na proteo ao patrimnio.O primeiro Handbook, publicado por Everett U. Crosby, em 1896, predecessor do atual Fire Protection

    Handbook, e ainda no editado pela NFPA, buscou facilitar o trabalho dos inspetores das companhias de seguros em sua prtica diria.

    Das 183 pginas do primeiro Handbook, 37 dedicavam-se a chuveiros automticos e 49 a suprimento de gua. O foco nesses assuntos devia-se ao fato de os membros e originais organizadores da NFPA serem oriundos de companhias de seguro.

    O marco divisrio na Segurana Contra Incndio acontece aps ocorrerem quatro grandes incndios com vtimas, que so:

    2.1. TeaTro iroquoiS, em ChiCago

    Ocorrido em 30 de dezembro de 1903, aproximadamente um ms aps a abertura do Teatro, e 32 anos aps o incndio que devastou a cidade. O Teatro Iroquois era tido como supostamente seguro contra incndios. Com aproximadamente 1600 pessoas na platia, o fogo vitimou 600 delas (dentre as quais, apenas um componente do grupo artstico e pessoal de apoio).

    Como diversos incndios j haviam ocorrido em teatros, tanto na Europa quanto nos EUA, sem a mesma mag-nitude, as precaues necessrias contra esse acidente eram conhecidas, mas no foram tomadas pelos proprietrios do Teatro. Constavam de tais precaues a presena de bombeiros com equipamentos (extintores, esguichos e mangueiras, etc.), a participao de pessoas aptas a orientar aes de abandono, a existncia de cortina de asbestos que isolasse o palco da platia, a implantao de adequadas sadas devidamente desobstrudas (destrancadas), entre outras.

    No Teatro Iroquois algumas destas medidas no foram adotadas e outras no funcionaram a contento.Mais detalhes sobre esse incndio podem ser obtidos no seguinte endereo eletrnico:http://www.chipu-

    blib.org/004chicago/disasters/iroquois_fire.html

    2.2. CaSa de Pera rhoadS

    Situada em Boyertown, Pensilvnia, essa Casa de pera incendiou-se em 13 de janeiro de 1908, com a queda de uma lmpada de querosene. Situava-se em um segundo pavimento e as sadas estavam fora de padro ou obstrudas. A estreita sada existente no foi sufi-ciente e 170 pessoas pereceram. Mais detalhes em: http://en.wikipedia.org/wiki/Rhoads_Opera_House

    2.3. EscoLa ELEmEntar coLLinwoodEm LakE ViEw

    A maior tragdia ocorrida em ambiente escolar nos EUA se desenrolou em 4 de maro de 1908, vitimando 172

  • A segurana contra incndio no Brasil 2

    crianas, 2 professores e uma pessoa que tentou socorrer as vtimas.Devastador, esse incndio reforou a conscincia americana sobre a necessidade de melhoria dos cdi-

    gos, normas e dos exerccios de escape e de combate ao fogo.Mais detalhes sobre o incndio no endereo: http://www.deadohio.com/collinwood.htm, de onde foi

    extrada a foto abaixo, que mostra a escola aps o incndio.

    2.4. Triangle ShirTwaiST faCTory

    Em 25 de maro de 1911, em Nova York, ocorreu o incndio que fechou a seqncia trgica, dando incio ao processo de mudana: incendiou-se a Triangle Shirtwaist Factory.

    Essa indstria de vesturio, situada em um prdio elevado, o edifcio Asch, ao se incendiar causou a morte de 146 pessoas, em sua maioria jovens mulheres imigrantes, com menos de 18 anos de idade. Muitas delas se projetaram pelas janelas, outras pereceram nas esca-das e corredores.

    Ao lado, a foto da edificao que se incendiou.Vinte e cinco minutos aps o incio do incndio, os bombeiros

    de Nova York o consideraram fora de controle e depois de dez minutos ele atingia toda a edificao.

    Os bombeiros somente atingiram o topo da edificao uma hora e cinqenta minutos aps o incio do incndio. Mais detalhes sobre esse incndio podem ser encontrados em http://www.ilr.cornell.edu/trianglefire/.

    2.5. a mudana

    Quatro edies do Manual de Proteo Contra Incndios (Handbook Fire Protection) haviam sido publicadas, com evolues tc-

    nicas, at que surge aquele considerado marco divisrio: a quinta edio, de 1914. A importncia dessa edio decorre dos incndios anteriormente citados, em especial do ento recente incndio com vtimas da Triangle Shir-twaist Company, que ampliou a misso da NFPA para a proteo de vidas e no somente de propriedades.

    Foi aps esse incndio que a NFPA criou o Comit de Segurana da Vida, origem do Cdigo de Segurana da Vida (NFPA 101). A primeira publicao desse comit o texto Sugestes para Organizao e Execuo de Exerccios de Incndio.

    O mesmo comit, posteriormente, vai gerar indicaes para a construo de escadas, de sadas de in-cndio para o abandono de diversos tipos de edifcios e a construo e disposio de sadas de emergncia em fbricas, escolas, etc., que at hoje constituem a base desse cdigo.

    3. Os incndios e o aprendizado no Brasil3.1. unifiCando a linguagem

    Para prosseguirmos com o aprendizado decorrente dos grandes incndios, facilitar a comunicao quando da apresentao dos exemplos e crticas, e unificar a linguagem entre o que entendemos e estamos apresentando ao leitor, cabe esclarecer que elegemos a Segurana Contra Incndio como dividida entre os se-guintes grupos de Medidas de Proteo Contra Incndio (MPCI):

    Preveno de incndio. Proteo contra incndio. Combate a incndio. Meios de escape. Gerenciamento.

  • A segurana contra incndio no Brasil22

    E assim compreendemos essa diviso:Preveno - Abrange as medidas de segurana contra incndio que objetivam evitar incndios (unio

    do calor com combustveis), as quais sero mais importantes quanto maior a quantidade e mais fracionado o combustvel (gases, vapores, poeira). Em sntese: so as medidas que trabalham o controle dos materiais com-bustveis (armazenamento/quantidade) das fontes de calor (solda/eletricidade/cigarro) e do treinamento (edu-cao) das pessoas para hbitos e atitudes preventivas.

    Proteo - So as medidas que objetivam dificultar a propagao do incndio e manter a estabilidade da edificao. Normalmente so divididas em protees ativas e passivas, conforme trabalhem, reagindo ou no em caso de incndio. Exemplos de medidas de proteo passiva: paredes e portas corta-fogo; diques de con-teno; armrios e contentores para combustveis; afastamentos; proteo estrutural, controle dos materiais de acabamento. Exemplos de medidas de proteo ativas: sistema de ventilao (tiragem) de fumaa; sistema de chuveiros automticos (sprinkler).

    combate - Compreende tudo o que usado para se extinguir incndios, tais como: equipamentos ma-nuais (hidrantes e extintores) complementados por equipes treinadas; sistemas de deteco e alarmes; sistemas automticos de extino; Planos de Auxilio Mtuo PAMs; corpo de bombeiros pblicos e privados, condies de acesso edificao pelo socorro pblico; reserva de gua (e hidrantes pblicos), etc..

    meios de escape - Normalmente constitudo por medidas de proteo passiva, tais como escadas se-guras, paredes, portas (corta-fogo), podem incluir proteo ativa, como sistemas de pressurizao de escadas e outros. Dependem ainda dos sistemas de deteco, alarme e iluminao de emergncia e, em alguns casos, de uma interveno complementar de equipes treinadas para viabilizar o abandono, especialmente nos locais de reunio de pblico. Destacamos essa medida de proteo contra incndio das demais devido sua importncia fundamental para a vida humana e por sua ao bsica nos trabalhos de resposta a emergncias, visto que as equipes de resposta normalmente acessam a edificao e as vtimas por meios de escape.

    gerenciamento - Inclumos nessa medida de proteo contra incndio todas as medidas administrati-vas e de dia-a-dia, como o treinamento e reciclagem das equipes de resposta a emergncias, a existncia de um plano e um procedimento de emergncia, a manuteno dos equipamentos instalados, a adequao dos meios instalados com o risco existente (o qual muitas vezes se altera sem que se efetue a necessria adequao dos meios), etc. Em sntese, abrange a manuteno dos sistemas e a administrao da resposta s emergncias, nelas inclusos o treinamento do pessoal e sua ao fundamental em locais de reunio de pblico (j citado acima).

    A Segurana Contra Incndio, em nosso entender, se faz com a presena de todas essas medidas, devida-mente balanceadas. Vejamos agora, de forma resumida, como estava a Segurana Contra Incndio no Brasil antes dos incndios que provocaram as maiores mudanas na sociedade brasileira e quais foram as alteraes ocorridas.

    3.2. SiTuao no BraSil anTeS doS grandeS inCndioS

    Muito pela ausncia de grandes incndios e de incndios com grande nmero de vtimas, o problema incn-dio, at incio dos anos 70 do sculo passado, era visto como algo que dizia mais respeito ao corpo de bombeiros.

    A regulamentao relativa ao tema era esparsa, contida nos Cdigos de Obras dos municpios, sem quaisquer incorporaes do aprendizado dos incndios ocorridos no exterior, salvo quanto ao dimensionamento da largura das sadas e escadas e da incombustibilidade de escadas e da estrutura de prdios elevados.

    O corpo de bombeiros possua alguma regulamentao, advinda da rea seguradora, indicando em geral a obrigatoriedade de medidas de combate a incndio, como a proviso de hidrantes e extintores, alm da sinalizao desses equipamentos.

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) tratava do assunto por intermdio do Comit Brasi-leiro da Construo Civil, pela Comisso Brasileira de Proteo Contra Incndio, regulamentando mais os assun-tos ligados produo de extintores de incndio.

  • A segurana contra incndio no Brasil 23

    Inexistia, por exemplo, uma norma que tratasse de sadas de emergncia.Toda a avaliao e classificao de risco eram decorrncia do dano ao patrimnio, sendo a nica fonte

    reguladora dessa classificao a Tarifa Seguro Incndio do Brasil (TSIB).Talvez possamos at afirmar que a situao do Pas era semelhante dos EUA em 1911.E uma concluso bvia a de que nosso Pas no colheu o aprendizado decorrente dos grandes incn-

    dios ocorridos nos EUA ou em outros pases.Inicia-se ento a seqncia de tragdias.

    3.3. gran CirCo norTe-ameriCano, niTeri, rio de Janeiro

    O maior incndio em perda de vidas, em nosso Pas, e de maior perda de vidas ocorridas em um circo at nossos dias, aconteceu em 17 de dezembro de 1961, em Niteri (RJ) no Gran Circo Norte-Americano, tendo como resultado 250 mortos e 400 feridos. Vinte minutos antes de terminar o espetculo, um incndio tomou conta da lona. Em trs minutos, o toldo, em chamas, caiu sobre os dois mil e quinhentos espectadores. A ausncia dos re-quisitos de escape para os espectadores, como o dimensionamento e posicionamento de sadas, a inexistncia de pessoas treinadas para conter o pnico e orientar o escape, etc., foram as causas da tragdia.

    As pessoas morreram queimadas e pisoteada