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AS MEIAS DOS FLAMINGOS Horacio Quiroga (tradução de Willian Henrique Cândido Moura) Certa vez, as cobras deram um grande baile. Convidaram as rãs e os sapos, os flamingos, os jacarés e os peixes. Os peixes, como não caminhavam, não puderam dançar, mas como o baile era na beira do rio, ficavam nadando bem próximos à margem. Os jacarés, para ficarem bem enfeitados, colocaram um colar de bananas em seus pescoços. Os sapos colaram escamas de peixes por todo o corpo e caminhavam se mexendo como se estivessem nadando. E cada vez que passavam muito sérios pela margem do rio, os peixes gritavam para eles fazendo chacota. As rãs perfumaram todo o corpo e caminhavam em dois pés. Além disso, cada uma levava pendurado, como uma lanterna, um vaga-lume que se balançava. Mas as que estavam mais lindas eram as cobras. Todas, sem exceção, estavam vestidas com trajes de bailarina, da mesma cor de suas peles. As mais esplêndidas de todas eram as cobras-coral, que estavam vestidas com um voal vermelho, branco e preto, e dançavam como serpentinas. Quando as cobras dançavam e davam voltas apoiadas na ponta da cauda, todos os convidados aplaudiam enlouquecidos.

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AS MEIAS DOS FLAMINGOS Horacio Quiroga (tradução de Willian Henrique Cândido Moura)  Certa vez, as cobras deram um grande baile. Convidaram as rãs e os sapos, os flamingos, os jacarés e os peixes. Os peixes, como não caminhavam, não puderam dançar, mas como o baile era na beira do rio, ficavam nadando bem próximos à margem.  Os jacarés, para ficarem bem enfeitados, colocaram um colar de bananas em seus pescoços. Os sapos colaram escamas de peixes por todo o corpo e caminhavam se mexendo como se estivessem nadando. E cada vez que passavam muito sérios pela margem do rio, os peixes gritavam para eles fazendo chacota.  As rãs perfumaram todo o corpo e caminhavam em dois pés. Além disso, cada uma levava pendurado, como uma lanterna, um vaga-lume que se balançava. Mas as que estavam mais lindas eram as cobras. Todas, sem exceção, estavam vestidas com trajes de bailarina, da mesma cor de suas peles.  As mais esplêndidas de todas eram as cobras-coral, que estavam vestidas com um voal vermelho, branco e preto, e dançavam como serpentinas. Quando as cobras dançavam e davam voltas apoiadas na ponta da cauda, todos os convidados aplaudiam enlouquecidos.  

Somente os flamingos, que até então tinham as patas brancas, e agora têm, como antes, um nariz muito grande e retorcido, estavam tristes, porque como possuem muito pouca inteligência, não souberam como se arrumar. Invejavam os trajes de todos, especialmente, o das cobras-coral. Cada vez que uma cobra passava 

toda elegante diante deles, os flamingos morriam de inveja.  Um flamingo disse então:  - Já sei o que faremos. Vamos pôr meias vermelhas, brancas e pretas, e as cobras-coral se apaixonarão por nós.  E levantando voo, todos juntos, cruzaram o rio e foram bater em um armazém do povoado.  - Toc-toc! – Bateram com as patas.  - Quem é? Respondeu o dono do armazém.  - Somos os flamingos. Você tem meias vermelhas, brancas e pretas para vender?  - Não, não tenho – respondeu o dono do armazém -. Estão loucos? Em nenhuma parte vocês vão encontrar meias assim.  Os flamingos foram então a outro armazém. 

 - Toc-toc! Tem meias vermelhas, brancas e pretas?  O dono do armazém respondeu:  - Como disse? Vermelhas, brancas e pretas? Não tem meias assim em nenhuma parte. Estão loucos. Quem são vocês?  - Somos os flamingos – responderam eles.  E o homem disse:  - Então, certamente, são flamingos loucos.  Foram a outro armazém.  - Toc-toc! Tem meias vermelhas, brancas e pretas?  O dono do armazém gritou:  - De que cor? Vermelhas, brancas e pretas? Somente pássaros narigudos como vocês para pedirem meias assim. Vão embora daqui!  E o homem os expulsou com a vassoura.  Os flamingos percorreram assim todos os armazéns, e de todas as partes eram tidos como loucos. 

 Então um tatu, que tinha ido tomar água no rio, quis zombar dos flamingos e, cumprimentado-os, disse:  - Boa noite, senhores flamingos! Eu sei o que vocês estão buscando. Não vão encontrar meias 

assim em nenhum armazém. Minha cunhada, a coruja, tem meias assim. Peçam que ela vai dar a vocês as meias vermelhas, brancas e pretas.  Os flamingos o agradeceram, e foram voando até o ninho da coruja. Ao chegar, disseram:  - Boa noite, coruja! Viemos te pedir as meias vermelhas, brancas e pretas. Hoje é o grande baile das cobras, e se colocarmos essas meias, as cobras-coral irão se apaixonar por nós.  - Com muito prazer! – respondeu a coruja -. Esperem um segundo que eu já volto. Saiu voando, deixou os flamingos sozinhos, e rapidamente voltou com as meias. Mas não eram meias, e sim couros de cobra-coral lindíssimos, recém tirados das cobras que a coruja havia caçado.  - Aqui estão as meias – disse a coruja -. Não se preocupem com nada, só com uma coisa: dancem a noite toda, dancem sem parar nem um momento, dancem de costas, de ponta-cabeça, como vocês quiserem. Só não parem em momento algum, porque em vez de dançar, vão é chorar.  

Mas os flamingos, como são tontos, não compreendiam bem qual o grande perigo que estavam correndo com isso tudo, e loucos de alegria colocaram os couros das cobras como se fossem meias, metendo as patas dentro dos couros, que eram como tubos. E muito contentes foram voando para o baile.  Quando viram os flamingos com suas meias lindíssimas, todos sentiram inveja. As cobras queriam dançar somente com eles, e como os flamingos não paravam um instante de mover as patas, as cobras não podiam ver bem do que eram feitas aquelas preciosas meias.  Mas pouco a pouco, as cobras começaram a desconfiar. Quando os flamingos passavam dançando ao lado delas, agachavam-se até o chão para ver bem. As cobras-coral, especialmente, estavam muito inquietas.  Não tiravam a vista das meias, e se agachavam também tratando de tocar com a língua as patas dos flamingos. Mas os flamingos dançavam e dançavam sem parar, mesmo estando muito cansados e já não podendo mais.  As cobras-coral, que reconheceram as meias, pediram às rãs suas lanternas, que eram bichinhos de luz, e esperaram todas juntas os flamingos caírem de cansados.  De fato, um minuto depois, um flamingo, que já não podia mais, tropeçou, cambaleou e caiu de costas. Em seguida, as cobras-coral correram com 

suas lanterninhas e iluminaram bem as patas do flamingo. E, ao ver o que eram aquelas meias, lançaram um assobio que se escutou até na outra margem do rio.  - Não são meias! – gritaram as cobras – Sabemos o que é! Eles nos enganaram! Os 

flamingos mataram nossas irmãs e puseram seus couros como meias! As meias que têm são cobras-coral!  Ao ouvir isso, os flamingos, cheios de medo porque foram descobertos, quiseram voar, mas estavam tão cansados que não puderam levantar uma só pata. Então, as cobras-coral lançaram-se sobre eles, e se enroscando em suas patas, desfizeram as meias à mordidas.  Os flamingos, loucos de dor, pulavam de um lado para o outro, até que ao final, vendo que já não havia um só pedaço de meia, as cobras os deixaram livres. As cobras-coral estavam seguras de que os flamingos iriam morrer, porque a metade das que os tinham mordido eram venenosas.  Mas os flamingos não morreram. Correram e se jogaram na água, sentindo uma dor imensa em suas patas, que eram brancas, e estavam então vermelhas por causa do veneno das cobras. Passaram-se dias e dias, e os flamingos sempre sentiam um terrível ardor em suas patas, as quais ficavam sempre com cor de sangue.  Isso já faz muito tempo. E agora os flamingos ficam quase o dia todo com suas patas vermelhas metidas na água, tratando de diminuir o ardor que 

sentem nelas. Às vezes se afastam da beira do rio e dão alguns passos por terra, para ver como se encontram suas pernas. Mas as dores do veneno voltam em seguida, e correm para entrar na água. Às vezes a dor que sentem é tão grande, que encolhem uma pata e ficam assim por horas inteiras, porque não podem esticá-la de tanta dor.  Esta é a história dos flamingos, que antes tinham as patas brancas, e agora as têm vermelhas. Todos os peixes sabem o porquê, e fazem chacota com os flamingos. Mas os flamingos, enquanto se curam na água, não perdem a ocasião de se vingar, comendo os peixinhos que muito se aproximam com a intenção de caçoar deles. 

O UNICÓRNIO TRANSPARENTE Betha Mendonça  Montada num unicórnio transparente com asas prateadas, Antônia viajou seguindo os rastros do luar sobre o Deserto de Laranja ao pôr do sol. A monotonia das dunas sopradas pelos ventos lembrava ondas alaranjadas a rebentar nos rochedos caramelados. Elas modificavam a paisagem todo instante, o que dificultava encontrar a Lagoa de Suco de Morango, no Oásis dos Sonhos, suspensas sobre as nuvens de chantilly.  O unicórnio já cansado era alimentado hora a hora com algodão-doce lilás, mas se não chegassem logo ao destino, o ser encantado morreria de fome. A cada ruflar de asas o pobrezinho parecia mais sem forças para continuar até que surgiu no meio do nada uma plantação de pés de algodão-doce de várias cores.  Antônia apeou o unicórnio próximo aquela área e quando ia pegar um bom estoque de algodão lilás apareceu um grande corcel negro alado que era o dono daquele local e disse:  – Pare sua ladra! Tudo aqui me pertence e nada sai sem minha permissão!  – Desculpe senhor Corcel! Não sabia que esse algodoal tinha dono. Meu unicórnio está faminto e cansado. Se não for alimentado com algodão-doce lilás morrerá…  

– E eu com isso? Retrucou o outro com voz de trovão. Fora já daqui! Ou eu mesmo sopro fogo e mato os dois!  – Mas… Mas… Senhor!… Balbuciou a menina, que recebeu como resposta um fogaréu saindo da boca do cavalo alado…  

Mais rápido que depressa ela e seu acompanhante voaram para longe dali. A cada instante o unicórnio transparente ficava mais fraco e eles desceram na ventania laranja. O ser encantado parecia dar seus últimos suspiros e tudo por causa do egoísmo e falta de compaixão do Corcel Negro!  A menina inconformada, já ia chorar quando ouviu um gemido triste entre as quentes areias. Era um pequeno corcel alado marrom, filho do grande Corcel Negro que machucara uma das asas e perdera-se no deserto.  O coração carinhoso da pequena se enterneceu. Ela tirou da bolsa óleos medicinais, massageou a asinha doente e colocou-lhe ataduras. Vencendo a ventania levou o cavalinho até a plantação de seu pai. Que ao vê-la bradou:  – De novo, menina? Ah, vou fazer de você um torresmo! E quando ia soprar fogo sobre ela o corcelzinho gritou:  – Não papai! Ela me salvou!  

O grande Corcel ficou envergonhado ao saber que apesar de ter sido mau com a garota e seu acompanhante, ela fizera um grande bem salvando a vida de seu filhote. Arrependido, ele colheu uma leva de algodão lilás, montou Antônia em seu dorso e voou até o unicórnio que agonizava.  E qual a surpresa: ele estava mais lindo, transparente e forte que sempre! A bondade também alimentava o seu frágil corpo que já se recuperara com a atitude da menininha. Assim, ele e Antônia voaram em paz para sua casa no Oásis dos Sonhos. 

O LOBO E A RAPOSA Irmãos Grimm  Houve, uma vez, um lobo que tinha em sua companhia a raposa. A coitada da raposa tinha de fazer tudo o que ele queria, pois era mais fraca. Por isso, ficaria muito alegre se pudesse livrar-se de tal patrão. Certo dia, em que estavam atravessando a floresta, o lobo disse-lhe:  - Pêlo ruivo, vê se me arranjas algo para comer, do contrário como-te.  A raposa respondeu:  - Conheço por aqui um sítio no qual há um casal de ovelhinhas. Se desejas, podemos apanhar uma delas.  O lobo gostou da idéia e concordou. Foram até lá e a raposa furtou a ovelhinha, entregou-a ao lobo e afastou-se. O lobo devorou-a num abrir e fechar de olhos mas não se satisfez. Queria comer também a outra e foi buscá-la.  Mas foi tão desastrado que a mãe da ovelhinha percebeu-o e desandou a berrar e a balir tão fortemente, que os camponeses vieram correndo. Lá encontraram o lobo e o espancaram, tão rudemente, que o pobre ficou reduzido a lastimável estado. Mancando e uivando, conseguiu arrastar-se para junto da raposa.  

- Pregaste-me uma boa peça! - disse ele - Eu quis apanhar o outro cordeirinho e vieram os camponeses, que me encheram de pancadas.  - E tu, - respondeu a raposa - por que és tão guloso?  

No dia seguinte, voltaram ao campo e o lobo disse:  - Pêlo ruivo, vê se me arranjas qualquer coisa para comer, do contrário como-te.  - Conheço um sitiozinho aqui por perto, cuja dona hoje à tarde vai fazer bolinhos. Se quiseres podemos ir buscar alguns.  Foram até lá e a raposa esgueirou-se em torno da casa, tanto espiou e farejou que conseguiu descobrir o prato, furtou seis bolinhos e levou-os ao lobo.  - Eis aqui o que comer! - disse, e afastou-se para os seus afazeres.  O lobo engoliu os seis bolinhos de uma vez, dizendo:  - Chegam apenas para aumentar a vontade.  Dirigiu-se à casa, puxou o prato logo de uma vez. Este caiu e ficou em mil pedaços, fazendo um barulho dos diabos. A mulher correu para ver o que acontecia e descobriu o lobo. Pôs-se a gritar chamando mais gente que, 

sem dó nem piedade, desandou a espancar o lobo até não poder mais. Mancando das duas pernas, saiu gemendo ao encontro da raposa.  - Que boa peça me pregaste! - gritou choramingando - os camponeses pegaram-me e curtiram-me a pele sem dó nem piedade!  - Mas, - respondeu a raposa - por que és tão guloso?  No terceiro dia, tendo saído juntos, o lobo arrastava-se penosamente. Assim mesmo disse:  - Pelo ruivo, vê se me arranjas qualquer coisa para comer, do contrário como-te.  A raposa respondeu:  - Conheço por aqui um homem que matou uma vaca e guardou a carne salgada dentro de um barril, na adega. Vamos buscá-la.  - Sim, - disse o lobo - mas eu quero ir junto contigo para que me ajudes, do contrário não poderei fugir.  - Como quiseres! - disse a raposa.  Foi mostrando-lhe o caminho e as passagens ocultas que por fim os levaram à adega. Havia lá grande quantidade de carne, e o lobo, 

esfomeado, atirou-se imediatamente a ela, pensando: "Não largarei tão cedo!".  A raposa também comia a valer, mas não deixava de olhar em volta, correndo de quando em quando para o buraco pelo qual haviam entrado a ver se estava ainda bastante delgada 

para passar por ele. O lobo, intrigado, perguntou-lhe:  - Explica-me, cara raposa, por que é que você corre de lá pra cá e pula para dentro e para fora?  - Tenho, naturalmente, de espiar se vem alguém! - respondeu a espertalhona. - Mas aconselho-te a não comer demais.  - Ora, - disse o lobo - não sairei daqui enquanto não esvaziar o barril.  Nesse ponto, o camponês, que ouvira os saltos da raposa, desceu à adega. Assim que o viu, a raposa deu um pulo para fora do buraco. O lobo quis fazer o mesmo, mas tanto se empanturrou em comer que seu ventre enorme não conseguiu passar pelo buraco, deixando-o entalado.  Então o camponês pegou um pau e bateu-lhe tanto que o matou. A raposa, porém, fugiu para a floresta, muito feliz por ter se livrado finalmente daquele glutão. 

A BALEIA ENCANTADA Maria do Rosário N. Rivelli  Juju era o apelido dela. Um filhote da família de baleias onde todas as filhas têm o mesmo nome, ou seja: Jubarte. E os filhos também são chamados de Jubartes. Mas Juju foi carinhosamente chamada assim porque era uma baleinha muito esperta. Ela nasceu no oceano Atlântico, no litoral do Brasil, bem pertinho da praia e num belo lugar onde todos iriam vê-la e protegê-la.  Ela estava crescendo muito depressa mas vivia sempre ao lado de toda sua família. Adorava brincar dando saltos fora das águas, no mar. Parecia que iria voar quando suas nadadeiras levantavam como se fossem duas asas a levavam ela nas alturas do céu.  Juju já estava danada de esperta. Havia alguns dias em que ela separava da sua família e chegava bem pertinho das areias alaranjadas daquela praia tão formosa. Então ela fazia várias estripulias. Pulava. Gritava. Esguichava água por suas costas. Parecia que queria brincar com as crianças na praias. Nessas horas a mamãe Jubartona ficava toda orgulhosa e comentava com seu marido Jubartoni: " Veja como ela é tão linda e alegre!"  E toda a família Jubarte gostava muito da pequena Juju e a protegia das redes dos pescadores e dos cascos dos navios. Sempre falavam que ela não deveria chegar próximo dos locais perigosos como aqueles. 

 Em alguns meses do ano, de acordo com as fases da lua, mudavam-se as marés e então todas as baleias apareciam bem perto da praia. Era quando a criançada e seus pais ficavam admirando a festa das baleias. Elas não cansavam de se exibirem em seus magníficos saltos fora d'água e faziam um 

grande barulho, esguichando água e brincando umas com as outras.  Fora numa festa dessas que Juju afastou de sua família e conseguiu chegar bem perto da praia. E foi, ao pular por cima das ondas, dar seu grito e esguichar água para todo lado, que seus olhinhos não tão pequenos de baleia, encontraram com dois olhinhos pequeninos de verdade. Era Edgar. Um menino que também havia se desgarrado de seus pais e que havia parado para ver as travessuras de Juju tão perto dele. A partir daquela troca de olhares, Juju ficou encantada com Edgar e Edgar ficou encantado com Juju.   Durante todo os dias seguintes das suas férias Edgar passou a levantar cedo e correr para a praia. Sentava uma rocha vulcânica e esperava pela chegada da baleinha esperta. Daí a pouco ela chegava pulando, brincando e fazendo suas piruetas no ar e no mar. Era seu jeito de mostrar felicidade ao ver seu amigo. E parecia que eles se entendiam nas conversas.  Entretanto, como nem tudo que é bom dura muito tempo, chegou o final das férias e Edgar voltou para sua casa em outro estado, muito longe dali. Mas ele fez seu pai prometer que voltariam àquela praia em todos os meses 

de março, quando o outono chegasse. E seu pai aceitou o pedido.  Porém no terceiro ano depois daquele aconteceu um inesperado. Juju que nada sabia do combinado de Edgar com seu pai, continuava a vir todas as manhãs naquele mesmo local bem perto da praia. E brincava. E pulava. E gritava. Ficava por muitas horas esperando por seu amigo. Por fim foi se entristecendo e perdendo seu encanto.  A mãe de Juju, dona Jubartona, chamava sua atenção quanto aos perigos de nadar tão perto das areias da praia. Em águas rasas as baleias podem se encalhar. Dizia a mãe: "Você está crescendo, minha filha, e já não deve ficar nadando em águas tão rasas. Você pode agarrar nas areias e ficar encalhada."  E o que as mães falam quase sempre são verdades, foi o que aconteceu. Juju já estava muito crescida, muito pesada e acabou ficando presa nas areias alaranjadas daquela praia tão dela.  Na manhã seguinte os pescadores da região acordaram bem mais cedo, pois os gritos de dor de toda a família jubarte chegava bem distante. Correram até a praia e viram Juju chorando com seu corpo quase todo fora das águas do mar. Foi um Deus nos acuda. A notícia correu logo e, a cada minuto, chegavam mais pescadores e seus familiares para juntar força e empurrar Juju de volta para as profundezas do oceano. Enquanto os homens faziam forças de Hércules, as mulheres e as crianças jogavam 

água por todo seu corpo que já estava ficando ressecado e desidratado.  Vieram soldados da marinha com muitas cordas e até uma lancha para tentar resgatá-la. Nunca aqueles moradores viram coisa tão dolorosa. Choraram por todo tempo. 

 Juju não resistiu.  Logo depois, juntaram-se novamente, pescadores, moradores, visitantes, marinheiros, estudantes e uniram forças para enterrar Juju ali bem perto da praia. Os biólogos registraram e fotografaram tudo. A seguir comunicaram a todos que, depois de alguns anos, iriam retirar seu esqueleto e colocá-lo no Museu da Biologia Marinha Brasileira para que os visitantes conhecessem a história da Juju.  Do outro lado do país nossa história não acabou. Edgar e seus pais se preparavam para mais uma viagem de férias naquele paraíso das areias alaranjadas.  Edgar correu na manhã seguinte de sua chegada para esperar por sua tão alegre amiguinha grande. Ficou esperando por muitas horas. Ninguém queria contar ao menino o que acontecera com Juju. Falaram primeiro ao pai dele.  

Após saber do ocorrido, Edgar continuou sentado na mesma pedra preta de sempre. Chorou muito. Voltou para a pousada e fez um pedido a seu pai. Um pedido muito estranho.  E hoje todos que forem visitar a Praia Formosa, das areias alaranjadas, verão um menino gigante esculpido em concreto, com boné, camisa e shorts coloridos, bem no alto de um mirante.  E lá do alto, dia e noite, o menino olha para o mar esperando a volta de Juju. 

O URSINHO COMILÃO Minéia Pacheco  Teddy ama maçãs, toda vez que passa por alguma macieira e vê alguma maçã, não pensa duas vezes, logo as tira do pé, uma a uma, deixando a pobre macieira vazia sem nenhuma maçãzinha.  O problema é que ele não pensava nos demais animais da floresta que também precisavam se alimentar!  A reclamação já estava em todos os lugares da floresta, até que alguns animais se reuniram para tentar encontrar alguma solução para o problema:  - Dona Coruja, precisamos fazer alguma coisa, o ursinho Teddy é muito comilão e egoísta, come todas as maçãs das macieiras e não pensa nos outros animais que também precisam se alimentar! – Falou a Raposa.  - Eu já tinha percebido isso há algum tempo, amiga raposa, e já sei o que vamos fazer para que o ursinho Teddy aprenda a lição. – Falou a Coruja.  - O que faremos Dona Coruja? Os animais já não aguentam mais de tanta fome!   

- Iremos acordar amanhã bem cedo, antes do ursinho Teddy, e colher todas as maçãs das macieiras que ele ainda não colheu, não iremos deixar nenhuma.  E assim foi feito, no outro dia, logo cedo, a Coruja e a Raposa correram e conseguiram pegar as maçãs de algumas macieiras que 

Teddy ainda não havia pego. Quando chegaram, compartilharam as maçãs com os demais animais da floresta, e enfim, a fome de todos havia sido saciada.  Quando Teddy acordou e foi procurar maçãs não encontrou nenhuma, andou, andou e não encontrou nenhuma maçã nas macieiras. Já estava desesperado:  - E agora o que irei comer, onde foram parar minhas maçãs? – Ele falou.  - Olá ursinho! Vi logo cedo a Coruja e a Raposa pegando todas as maçãs das macieiras. – Falou um passarinho que por ali voava.  - Vou lá agora mesmo falar com elas! – Falou Teddy.  Chegando lá:  - Dona Coruja e dona Raposa, onde vocês colocaram minhas maçãs?  - Suas maçãs?! – Perguntou a Coruja. 

 - Sim, minhas maçãs!  - As maçãs são de todos os moradores da floresta e não apenas suas! – Falou a Raposa.  - Teddy, você agiu muito errado sendo guloso e não pensando nos outros animais, pegava todas as maçãs e não deixava nada para ninguém. Devemos pensar no próximo também, e não só em nós mesmos. – Falou a Coruja.  - Agora entendo o quanto fui egoísta.  - O que não queres para ti não faça aos demais! – Falou a Raposa.  - É, eu sei... Por isso quero pedir a todos vocês minhas sinceras desculpas e dizer que nunca mais farei isso com vocês.  - Aceitamos suas desculpas, Teddy. Só não temos mais maçãs para te oferecer, pois já foram distribuídas com todos os animais! – Falou a Coruja.  - Tudo bem, conseguirei suportar a fome, quem mandou eu ser tão guloso, não é mesmo?  O tempo passou, as macieiras voltaram a dar lindos e deliciosos frutos! E dessa vez, todos os animais, juntos, igualmente, puderam saborear as 

lindas maçãs daquelas árvores. É assim que devemos viver... Compartilhando sempre! 

O ELEFANTE BERNARDO Javier Moreno Tapia  Havia uma vez um elefante chamado Bernardo que nunca pensava nos outros. Um dia, enquanto Bernardo brincava com seus companheiros de escola, pegou uma pedra e jogou na direção dos seus companheiros.   A pedra pegou o burro Cândido em sua orelha e saiu muito sangue. Quando as professoras viram o que tinha acontecido, ajudaram imediatamente ao burrinho Cândido.  Depois de limpar, colocaram um grande curativo na sua orelha para curá-lo. Enquanto Cândido chorava, Bernardo ria, escondendo-se das professoras.   No dia seguinte, Bernardo passeava pelo campo, quando sentiu muita sede. Caminhou em direção ao rio para beber água. Ao chegar ao rio, viu uns cervos que brincavam na margem do rio.   Sem pensar duas vezes, Bernardo pegou muita água com a sua tromba e jogou fortemente contra os cervos. Gilberto, o cervo mais pequenino perdeu o equilíbrio e acabou caindo no rio, sem saber nadar.     

Felizmente, Felipe, um cervo maior e que era um bom nadador, se jogou no rio na mesma hora e ajudou Gilberto a sair do rio. Felizmente não aconteceu nada com Gilberto, mas sentia muito frio porque a água estava fria e acabou pegando um resfriado. Enquanto tudo isso ocorria, a única coisa que o elefante Bernardo fazia era 

rir do acontecido na frente de todos.   Uma manhã de sábado, enquanto Bernardo passeava pelo campo e comia algumas plantas, passou muito perto de uma planta que tinha muitos espinhos. Sem perceber o perigo, Bernardo acabou se ferindo nas suas costas e nas suas patas com os espinhos. Tentou tirar os espinhos, mas suas patas não alcançavam e isso provocava muita dor nele.   Ele se sentou embaixo de uma árvore e chorou desconsoladamente, enquanto continuava com muita dor. Cansado de esperar, Bernardo decidiu caminhar para pedir ajuda. Enquanto caminhava ele se encontrou com os cervos que havia jogado água. Ao vê-los ele gritou:   - Por favor, ajudem-me a tirar esses espinhos que me doem muito.  E, reconhecendo a Bernardo, os cervos disseram:  - Não vamos te ajudar porque você jogou Gilberto no rio e ele quase se afogou. Além disso, Gilberto está doente porque pegou uma gripe, pois a água estava muito fria. Você vai ter que aprender a não ferir nem tirar sarro dos outros.  

 O pobre Bernardo, entristecido, baixou a cabeça e seguiu pelo caminho em busca de ajuda. Enquanto caminhava, ele se encontrou com alguns dos seus companheiros de escola. Pediu ajuda a eles, mas eles tão pouco quiseram ajudá-lo porque estavam enojados pelo que Bernardo tinha feito com o burro Cândido.   E mais uma vez Bernardo baixou a cabeça e continuou o seu caminho em busca de ajuda. Os espinhos provocavam muita dor a ele. Enquanto tudo isso acontecia, havia um macaco que trepava pelas árvores. Vinha saltando de uma árvore à outra, perseguindo a Bernardo e vendo tudo o que acontecia. Logo, o grande e sábio macaco, que se chamava Justino, deu um grande salto e se parou em frente a Bernardo, e lhe disse:   - Está vendo, grande elefante? Você sempre machucou aos outros e, como isso fosse pouco, ainda ria deles. Por isso, agora ninguém quer te ajudar, mas eu que vi tudo o que aconteceu, estou disposto a te ajudar se você aprender e cumprir duas grandes regras da vida.  E Bernardo respondeu chorando:   - Sim, eu farei tudo o que você me disser, sábio macaco. Ajude-me a tirar os espinhos.  E o macaco lhe disse:   

- Bem, as regras são essas: a primeira é que você não machucará a mais ninguém, e a segunda é que você ajudará aos outros e eles te ajudarão quando você precisar.   Ditas essas regras, o macaco passou a tirar os espinhos e a curar as feridas de Bernardo. E, a 

partir desse dia, o elefante Bernardo cumpriu rigorosamente as regras que tinha aprendido. 

O GATO QUE QUERIA SER TIGRE Maria Hilda de Jesus Alão  Era uma vez, numa floresta muito longe, um gato que vivia descontente com o seu tamanho, com o seu pelo e a sua voz. Ele olhava para o seu primo tigre e pensava: por que não sou como ele? Às vezes chorava, até que um dia ele foi conversar com um elefante. O elefante era muito respeitado entre a bicharada, pela sua sabedoria.  - Seu elefante, eu queria ser grande como o meu primo tigre. Queria ter o pêlo como o dele, com aquelas listras pretas e brancas, ter uma pata grande, rosnar tão forte, mas tão forte, para que se ouvisse muito além do mar.  - Ora, gatinho! Exclamou o elefante – deixe de besteira, você não pode mudar o que está feito. Você nasceu um gato, eu nasci um elefante, é isso que somos, entendeu? Já pensou se todo bicho quisesse ser igual a outro? Seria uma loucura. Isso aqui iria se transformar numa tremenda bagunça. Imagine jacaré querendo ser lagartixa ou lagartixa querendo ser jacaré! Ah, ah, - riu o elefante – seria engraçado demais.  - Mas eu não quero ser assim desse jeito que sou. Eu quero ser igual ao meu primo tigre, forte e bonito.  O elefante percebeu que não adiantava argumentar. O gato queria porque queria ser um tigre. Foi então que o gato perguntou:  

- Você pode me ajudar?  - Eu não, amigo gato. Acho que você precisa é de magia. Deve procurar a maga. – disse o elefante preocupado.  - Maga? Que coisa é isso? Perguntou o gato. 

 - Uma mulher que faz mágica. Talvez ela possa transformá-lo em um tigre do jeitinho que você quer.  - E onde eu posso encontrar essa tal de maga?  - Olha aqui, gato, siga esse caminho aí que vai dar direto na cabana dela.  E indicou um caminho cheio de pedras que se perdia no seio da floresta. E lá foi o gato em busca do seu sonho de ser grande e bonito como seu primo tigre. Depois de muito caminhar pela longa estrada, ele avistou a cabana da maga. Upa! Finalmente. – pensou. Bateu à porta e esperou. Nada.  Bateu novamente. Aí veio aquela voz de gralha:  - Quem é o bicho que veio me importunar?  O gato, tremendo, respondeu:  - Sou eu, dona maga, o gato. Eu preciso conversar com a senhora. Eu vim por indicação do meu amigo elefante. 

 Silêncio. A maga não disse nada. Devagar a porta da cabana foi se abrindo fazendo um ruído esquisito e, então, apareceu uma velha com um só dente na boca. O gato ficou preocupado, pensando, se ela faz magia, por que não faz uma pra ela ficar mais bonita.  - Ah, é você? - gritou a maga – que quer de mim? E o gato falou do seu sonho de ser tigre, falou do conselho do elefante, suplicou esfregando o focinho nos pés da maga.  - Chega, Chega...! gritou a velha. Você é mais um dentre aqueles que não se contentam com a aparência que têm. Quer ser aquilo que não nasceu pra ser.  - A senhora pode me ajudar? Pode me transformar num belo tigre marrom com listras pretas e brancas? Por favor...! – implorou o gato.  A maga entrou, acompanhada do gato, e começou a mexer a poção que fervia num enorme caldeirão de ferro. Vez por outra ela colocava asa de morcego enquanto o gato falava. Finalmente ela parou de mexer a poção. O gato tremia por dentro esperando a resposta.  - Bem! Já deu tempo de eu analisar: gato bobo, vaidoso e invejoso quer ter um corpo bonito por fora e por dentro é feio. Para esse caso eu tenho a mágica perfeita.  

- Obaaaaa! Pensou o gato – Finalmente meu sonho será realizado.  A maga levantou os braços magros e com a voz estridente gritou:   

- Bim bim salabim bimbó, Transforme em rato esse gato bocó Que por dois dias ele viva num mocó Sem poder caçar curió Evitando um outro gato Pra não servir de repasto Até que termine o efeito Deste feitiço perfeito.  Raios e trovões espocaram – tchibuuum -, fora consumada a magia. Aquele gato malhado de porte orgulhoso era, agora, um reles rato preto com a cauda avermelhada, como se tivesse sido passada num tacho de água fervente.  E o gato que virou rato, fugiu da cabana da maga para cumprir seu castigo. Depois de passado o efeito da magia, o gato voltou a se encontrar com o elefante.  - Olá amigo gato, pensei que o veria transformado num belo tigre!  

E o gato, relembrando os tormentos que passou quando era um rato, respondeu:   - Pois é, graças ao seu conselho, descobri que ser um gato não é tão ruim assim. Por isso aqui estou eu, feliz, no meio dos meus amigos. 

O LEÃO E O RATO Vilma Medina  Depois de um cansativo dia de caça, um leão deitou debaixo de uma árvore para descansar. Quando adormeceu, uns ratos se atreveram a sair do seu esconderijo e começaram a brincar ao redor do leão.  Logo o mais travesso, teve a ideia de se esconder debaixo da juba do leão, com tanta má sorte, que o despertou. Muito mal humorado por ver seu descanso interrompido, o leão agarrou o rato entre suas garras e deu um rugido:  - Como você se atreve a perturbar meu sono, insignificante rato? Vou comê-lo para que possa aprender a lição!  O rato, que estava tão assustado, que nem podia se mover, disse-lhe tremendo:  - Por favor, não me mate, leão. Eu não queria te incomodar. Se me deixar livre, eu serei eternamente grato caso algum dia precise de mim.  - Há há há! Riu-se o leão olhando para o rato. Um ser tão pequeno como você, vai me ajudar de que forma? Não me faça rir!  Mas o rato insistiu outra vez, até que o leão, comovido pelo seu tamanho e sua valentia, deixou-lhe ir embora. 

 Alguns dias depois, enquanto o rato passeava pelo bosque, ouviu uns rugidos terríveis que faziam as folhas das árvores tremerem.   Rapidamente correu até o lugar de onde vinha o barulho, e encontrou o leão ali, que havia ficado preso numa forte rede. O rato, decidido 

a pagar sua dívida, disse-lhe:  - Não se preocupe que eu te salvarei.  E o leão, sem pensar, perguntou:  - Mas como, se você é tão pequeno para tanto esforço.  O rato começou então a roer a corda da rede onde o leão estava preso, e o leão se salvou.  O rato lhe disse:  - Alguns dias atrás, você se enganou, pensando que eu nada poderia fazer para te agradecer. Agora é bom que saiba que os pequenos ratos somos agradecidos e cumprimos nossas promessas.  O leão não teve palavras para agradecer ao pequeno rato. Desde esse dia, os dois ficaram amigos para sempre. 

O GUAXINIM QUE FEZ CONFUSÃO Maurício Veneza  O guaxinim passou correndo pelo tamanduá. Curioso, o tamanduá perguntou ao guaxinim aonde ele ia com tanta pressa. O guaxinim respondeu, mas o tamanduá não ouviu direito. Só deu para entender que a palavra terminava em “eiro”.  — Dinheiro? Deve ter alguém dando dinheiro! Vou lá também!  E desandou a correr atrás do guaxinim.  Os dois passaram correndo perto do cachorro-do-mato.  — Aonde vocês vão correndo desse jeito? — perguntou ele.  — Dinheiro! — respondeu o tamanduá, sem diminuir a carreira.  — Bombeiro!? — exclamou o cachorro-do-mato.— Será que a mata está pegando fogo?  Saiu então correndo atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.  O sapo viu os três correndo e perguntou:  — O que está havendo? Que pressa é essa? 

 — Fogo!— gritou o cachorro-do-mato.  — Jogo!?— Ih, é mesmo! Acho que a decisão do campeonato já começou!  E foi pulando atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim. 

 Vendo aquela correria, a ema perguntou o que estava acontecendo.  — Começou! — gritou o sapo.  — Tropeçou? Quem tropeçou?  Ih, caiu, está machucado? — assustou-se a ema.  E lá foi ela correndo atrás do sapo, que pulava atrás do cachorro-do-mato, que corria atrás do tamanduá, que corria atrás do guaxinim.  Logo o grupo chegou à casa do guaxinim, que entrou esbaforido, deixando os outros do lado de fora. Depois de um tempo, voltou sorrindo aliviado. Só então percebeu a presença dos outros bichos em frente à sua casa.  — Ué, o que vocês estão fazendo aí?  

— Ué digo eu, guaxinim— disse o tamanduá. — Cadê o dinheiro?  —E o incêndio? A mata não está pegando fogo?— perguntou o cachorro-do-mato.  — E o jogo? Não é hoje a partida decisiva?— indagou o sapo.  —E quem tropeçou? — perguntou a ema.— Ficou muito machucado?  — Não tem nada disso não, pessoal! Respondeu o guaxinim.  — Então por que você estava correndo daquele jeito?  — Eu vim correndo porque estava morrendo de vontade de ir ao banheiro...