As Luvas e sua Importância na Maçonaria

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FOLHA MAÇÔNICA * LOJA STANISLAS DE GUAITA 165 - RJ - BRASIL * AQUILINO R. LEAL (SETEMBRO DE 2010) AS LUVAS E SUA IMPORTÂNCIA NA MAÇONARIA 1 Em algumas reuniões da Maçonaria, os maçons usam sempre luvas brancas, poderíamos dizer que o uso de as brancas é uma das marcas distintivas dos maçons, para além da cor, não existem requisitos especiais quanto ao tipo e qualidade de luvas a serem usadas. Podem ser de pele, algodão ou outro tecido, podem completamente brancos ou ter estampado ou bordado um enfeite sendo muito utilizado um modelo de luvas com desenho do compasso e do esquadro. A origem do uso das luvas deve buscar-se na Maçonaria Operativa, o trabalhador em pedra, em muitas das suas tarefas, necessitava proteger as mãos dos acidentes ou, mesmo, das normais conseqüências do manuseamento de materiais duros, rugosos, pesados, com arestas vivas, etc. O uso de luvas previne pequenos ferimentos, arranhões, abrasões, decorrentes desse manuseamento. Com a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria especulativa, manteve-se a tradição do uso de luvas. Uma das regras que é freqüentemente lembrada aos maçons é a de que estes "devem deixar os metais à porta do Templo", isto é, não devem transportar para o interior da Loja condutas, conflitos, interesses, competições, comportamentos, de natureza profana, já que em Loja, nada disso tem lugar. O espaço da Loja - e não me refiro apenas ao espaço físico, mas também, e essencialmente, à dimensão espiritual - não deve ser conspurcado com imperfeições de natureza profana. Para que o maçom possa tranquilamente, com a ajuda de seus Irmãos, trabalhar no seu aperfeiçoamento, deve estar inserido num ambiente livre da poluição das imperfeições do dia a dia. O interior do Templo deve, assim, estar livre de metais, por estes se entendendo tudo o que é negativo, imperfeito, inerente às fraquezas humanas. No entanto, o maçom, busca aperfeiçoar-se, porque se reconhece que é imperfeito. E imperfeito em si mesmo, por muito que cuide, por muito que faça, embora procure deixar os metais à porta do Templo, alguns inevitavelmente ele transporta para o seu interior, então, assim se reconhecendo imperfeito, logo poluidor do ambiente do Templo, logo susceptível de dificultar o aperfeiçoamento de seus Irmãos - quando o objetivo comum é precisamente o inverso... - o maçom simbolicamente protege o ambiente e seus Irmãos de suas imperfeições, usando as luvas. O maçom em Loja usa luvas brancas, não para se proteger, mais como uma forma de respeito ao ritual e também para proteger o ambiente e os demais daquilo que, existente em si, os possa prejudicar. Este é no meu entendimento à lição que se pode extrair do simbolismo do uso das luvas pelos maçons em Loja. Daqui decorre por exemplo, que ao contrário da prática no mundo profano, em que o enluvado se desluva para cumprimentar outrem, os maçons no interior do Templo saúdam-se sempre com as respectivas luvas postas. Há, no entanto, três situações correntes em que o maçom em Loja deve retirar uma ou ambas as luvas. Primeiro: Quando manuseia metais pois por natureza o vil metal conspurca - e o seu manuseio em loja designadamente quando se reúnem fundos para ações de solidariedade, é um mal necessário - e 1 Material retirado do JORNAL O APRENDIZ, ANO I, N O . 9, março de 2010, conforme fac-símile abaixo.

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Estudo do Grau I

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FOLHA MAÇÔNICA * LOJA STANISLAS DE GUAITA 165 - RJ - BRASIL * AQUILINO R. LEAL (SETEMBRO DE 2010)

AS LUVAS E SUA IMPORTÂNCIA NA MAÇONARIA1

Em algumas reuniões da Maçonaria, os maçons usam sempre luvas brancas, poderíamos dizer que o uso de as brancas é uma das marcas distintivas dos maçons, para além da cor, não existem requisitos especiais quanto ao tipo e qualidade de luvas a serem usadas.

Podem ser de pele, algodão ou outro tecido, podem completamente brancos ou ter estampado ou bordado um enfeite sendo muito utilizado um modelo de luvas com desenho do compasso e do

esquadro.

A origem do uso das luvas deve buscar-se na Maçonaria Operativa, o trabalhador em pedra, em muitas das suas tarefas, necessitava proteger as mãos dos acidentes ou, mesmo, das normais

conseqüências do manuseamento de materiais duros, rugosos, pesados, com arestas vivas, etc.

O uso de luvas previne pequenos ferimentos, arranhões, abrasões, decorrentes desse manuseamento. Com a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria especulativa, manteve-se a tradição do

uso de luvas.

Uma das regras que é freqüentemente lembrada aos maçons é a de que estes "devem deixar os metais

à porta do Templo", isto é, não devem transportar para o interior da Loja condutas, conflitos, interesses, competições, comportamentos, de natureza profana, já que em Loja, nada disso tem lugar.

O espaço da Loja - e não me refiro apenas ao espaço físico, mas também, e essencialmente, à

dimensão espiritual - não deve ser conspurcado com imperfeições de natureza profana.

Para que o maçom possa tranquilamente, com a ajuda de seus Irmãos, trabalhar no seu

aperfeiçoamento, deve estar inserido num ambiente livre da poluição das imperfeições do dia a dia.

O interior do Templo deve, assim, estar livre de metais, por estes se entendendo tudo o que é negativo, imperfeito, inerente às fraquezas humanas.

No entanto, o maçom, busca aperfeiçoar-se, porque se reconhece que é imperfeito.

E imperfeito em si mesmo, por muito que cuide, por muito que faça, embora procure deixar os metais à porta do Templo, alguns inevitavelmente ele transporta para o seu interior, então, assim se

reconhecendo imperfeito, logo poluidor do ambiente do Templo, logo susceptível de dificultar o aperfeiçoamento de seus Irmãos - quando o objetivo comum é precisamente o inverso... - o maçom

simbolicamente protege o ambiente e seus Irmãos de suas imperfeições, usando as luvas.

O maçom em Loja usa luvas brancas, não para se proteger, mais como uma forma de respeito ao ritual e também para proteger o ambiente e os demais daquilo que, existente em si, os possa prejudicar.

Este é no meu entendimento à lição que se pode extrair do simbolismo do uso das luvas pelos maçons em Loja.

Daqui decorre por exemplo, que ao contrário da prática no mundo profano, em que o enluvado se desluva para cumprimentar outrem, os maçons no interior do Templo saúdam-se sempre com as respectivas luvas postas.

Há, no entanto, três situações correntes em que o maçom em Loja deve retirar uma ou ambas as luvas.

Primeiro: Quando manuseia metais pois por natureza o vil metal conspurca - e o seu manuseio em loja designadamente quando se reúnem fundos para ações de solidariedade, é um mal necessário - e

1 Material retirado do JORNAL O APRENDIZ, ANO I, NO. 9, março de 2010, conforme fac-símile abaixo.

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não deve assim sujar a luva, que deve permanecer limpa.

Segundo: Quando o maçom assume compromissos sobre as três Grandes Luzes da Maçonaria - o

Volume da Lei Sagrada, o Compasso e o Esquadro caso em que apõe a mão nua sobre esses três artefatos em sinal de que o compromisso é assumido pelo homem inteiro, com suas qualidades e

defeitos, com suas forças e suas imperfeições, confiando em que o contacto entre essas três Grandes Luzes e si próprio redundará no seu aperfeiçoamento, não na perda de qualidades daquelas.

Terceira: Na Cadeia de União, em que os maçons se dão as mãos, despojadas de luvas, em sinal de

união e de comunhão de esforços, juntando-se numa cadeia em que cada um se reconhece como o elo mais fraco, mas em que todos buscam fortalecer-se, transmitindo-se e unindo todos suas forças e fraquezas, cientes de que as forças de todos combinadas gerarão um poder mais forte do que a mera

soma delas e de que as fraquezas de cada um mais eficazmente são combatidas com a ajuda de todos.

Pesqueira, 20 de Março de 2005

Ir∴Laércio Bezerra Galindo

FOLHA MAÇÔNICA é um semanário eletrônico de distribuição gratuita pela Internet. Criação do Ir∴ Robson de Barros Granado em 2005, a partir de 2008 com a participação do Ir∴ Aquilino R.

Leal, ambos IIr∴ fundadores da Loja Stanislas de Guaita no 165 * RJ – Brasil. BLOG: http://www.folhamaconika.blogspot.com/

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Aquilino R. Leal * 09/2010 * M. G. * Brasil