As histórias da Historia
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A GUERRA COLONIAL
A Guerra Colonial foi designada por Guerra do Ultramar, designação
atribuída oficialmente em Portugal até ao 25 Abril, teve início em África e
desenrolou-se nas colónias de Angola, Guiné e Moçambique, durou cerca
de 13 anos. Com esta guerra, muita gente perdeu a vida e milhares
acabaram por ficar feridos para o resto da vida.
Fontes:
www.historiadeportugal.info › ... › Guerra do Ultramar
RELATO de um amigo do meu Avô:
“Fui para a tropa em Julho de 1963, em Braga CR8. Depois de jurar
bandeira fui tirar a especialidade no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa.
A 10 de Fevereiro de 1964 fui para o Ultramar, para a cidade de Carmona,
em Angola. Fazia parte do segundo pelotão, companhia 629 e batalhão
631. No mato, depois de vários meses de combate, assisti a muitas mortes
dos que combatiam contra nós, pelos disparos por nós efetuados. Tudo à
minha volta era sangue, destruição e tristeza, porque também via alguns
dos meus camaradas caírem mesmo à frente dos meus olhos. Mas tinha
que continuar a disparar mesmo vendo-os morrer, outros a ficarem
mutilados, sem pernas, braços, ou feridas mais graves. Tudo isto era muito
sentido porque eram meus camaradas que combatiam ao meu lado e
meus conterrâneos.
Um dia, o camião onde nós íamos passou por cima de um engenho
explosivo e explodiu. Fomos todos projetados, alguns morreram, outros
foram feridos com maior ou menor gravidade, ficando caídos inanimados
no chão. Coube-me a sorte de ter sido um dos feridos, quando acordei,
olhei à minha volta e vi um médico que me assistia. Mesmo assim, fui
mandado novamente para combate, quase sem poder andar. Até que um
médico neurologista, após me analisar, me mandou para o hospital de
Luanda, em Abril 1965, onde fui operado à coluna. A partir daí, nunca mais
fui para combate, uma vez que não estava em condições de prosseguir em
combate ao lado do meu batalhão.
Regressei do hospital de Luanda em Junho de 1966, para o Hospital Militar
de Lisboa, onde estive internado até Fevereiro de 1967, e do qual saí com
uma depressão.
Depois de todas as vivências na Guerra Colonial, a minha vida nunca mais
foi a mesma, jamais recuperei a minha estabilidade emocional. Passo
noites em claro, acordo várias vezes, a gritar, tenho pesadelos, oiço tiros
como se estivesse no campo de batalha; é tudo tão real na minha cabeça,
é um desespero! Ainda hoje, quando oiço algum barulho forte como
foguetes, rebentamento de um pneu, assusto-me e atiro-me para o chão,
instintivamente, é um impulso impossível de controlar, pois imagino logo
que são os engenhos explosivos, granadas ou tiros, de quando estive em
Angola.
Hoje, passados 46 anos, às vezes, ainda sinto o medo e o terror dessa
altura...”
Álvaro Araújo
Pesquisa realizada por : Augusto Peixoto , Nº 5, 6º D