As fontes de informação e sua influência na exposição ao ... · agrotóxico pelos...

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As fontes de informação e sua influência na exposição ao agrotóxico pelos trabalhadores de estufas de flores e plantas ornamentais Glaucia de Menezes Fernandes Orientador: Profª Dra Alcinéa Meigikos dos Anjos Santos Co-orientador: Profª Dra Marcela Gerardo Ribeiro

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As fontes de informação e sua influência na exposição ao agrotóxico pelos trabalhadores de estufas de flores e plantas ornamentais Glaucia de Menezes Fernandes

Orientador: Profª Dra Alcinéa Meigikos dos Anjos Santos

Co-orientador: Profª Dra Marcela Gerardo Ribeiro

• Agrotóxicos são parte do sistema

produtivo.

• Não há regulamentação específica

sobre agrotóxicos para flores e plantas

ornamentais.

• Ambiente fechado: prolonga e

intensifica a exposição. Reentrada.

• 80% das intoxicações são ocupacionais.

• Principal: Identificar se a informação conhecida colabora para a minimização de sua exposição.

• Específicos: - Verificar se o trabalhador compreende as informações contidas nos rótulos; influência e papel;

- Identificar saberes e crenças dos trabalhadores acerca dos riscos e seus próprios métodos de prevenção.

(elementos necessários para o desenvolvimento de materiais de comunicação de riscos)

• Projeto “Exposição Ocupacional a

Pesticidas: o trabalho em estufas de

flores”, Fundacentro, 2007.

• Aflord – Associação dos floricultores da

Dutra e Região

• Seleção aleatória, entrevistas

individuais, observação descritiva.

• Abordagem qualitativa.

Contato direto com agrotóxico (preparo

da calda, pulverização/presença)

Contato indireto com agrotóxico

(desenvolvimento de atividades dentro

da estufa, após a pulverização)

Sexo Frequência

Feminino 22

Masculino 28

• 42 são assalariados, 6 informais, 2

proprietários;

Faixa etária Frequência

Jovens – 15 a 24 anos 9

Adultos – 25 a 59 anos 38

Idosos – acima de 60

anos 3

• Quadro: Nível de escolaridade

28 - baixo grau de

escolaridade (0 a 10 anos

de estudo)

6 (12%) 6 (12%)

2 (4%)

7 (14%) 7 (14%)

3 (6%)

15 (30%)

3 (6%)

1 (2%)

8- empresa

única

Tabela: Distribuição, por função, dos

trabalhadores entrevistados

Função principal Frequência

Aplicadores 11

Manejadores 26

Ajudantes gerais 8

Encarregados 3

Proprietários 2

• Veneno: criticidade, reconhecimento de

prejuízo à saúde.

- Distanciamento: trabalhador

desprotegido (3ª pessoa) “não usa” X

Trabalhador protegido (1ª pessoa) “não

fico”.

• Falas: “Eu sei que é prejudicial a minha saúde.”

“A gente sabe que o veneno é ao longo do tempo, mas a

gente vai remediando, tá bem, não tá sentindo nada. O

pessoal não se cuida, não se importa.”

- Reentrada: 12 horas depois, pela

manhã/logo após a pulverização, pela

manhã.

• Falas: “Aplicou, aí (pausa reflexiva) num prazo deeee (pausa

menor) doze (pausa) doze horas mais ou menos, (pausa

maior) sem funcionário.”

“Ah, eles volta ali naquela estufa depois de uns sete

dias...”

O que deveria ser o ideal X o que

efetivamente acontece em seu dia-a-dia

•Uso de EPI/pulverizador

- 12, entre 17 pulverizadores, afirmaram

usar o conjunto completo. “Eu acho que o pó, ele… assim, na pressa a gente acaba

não usando máscara né? Eu coloco ele lá dentro. Já viro

dentro do tanque... Luva tem hora que também eu não

uso, não tenho costume, né?”

“... visto meu equipamento: calça, bota, blusa, avental, luva.

Dependendo, se o produto tem cheiro desagradável, eu

pego, deixo a máscara por último. Só uso a máscara se o

produto tem cheiro, porque eu acho que corre mais risco

se eu não enxergar o que eu estou fazendo. Tá faltando

luz ali naquele quartinho...”

•Uso de EPI/trato cultural;

- 31 afirmaram não usar qualquer tipo de

proteção; 12 usavam luva, quando

achavam que “tinha veneno” e sete

sempre usavam luva;

- não há necessidade, luva atrapalha o

tato ou, empresa não fornece o EPI.

Não há clareza sobre os danos à

saúde,que a atividade pode ocasionar.

• Cuidados pessoais, roupas

• Ninguém sabia que o uniforme deveria

ser fornecido e lavado pela empresa.

- Os trabalhadores das atividades de

manejo, não sabiam que suas roupas

poderiam ser contaminadas com

resíduos dos agrotóxicos.

Tabela: Fontes de informações sobre agrotóxicos,

recebidas pelos trabalhadores entrevistados

• A multiplicidade de fontes e

variabilidade do conhecimento técnico se

caracterizam como foco de confusão e

insegurança.

Fonte da informação Frequência

Nunca recebeu 22

Patrão ou encarregado 18

Familiares e colegas de trabalho 8

Curso 9

Fornecedor 2

•Demanda

- Pulverizadores: receber informações faz

parte da sua função.

- Manejadores e ajudantes: desejam

informações sobre os agrotóxicos,

especialmente sobre saúde e reentrada.

- Necessidade de informação X função.

• Tabela: “Agrotóxicos são prejudiciais à saúde?”

- “pelos olhos; cheiro; boca”,“com o tempo”(2)

- exposição indireta: são fortes/nunca

precisaram de médico - minimização,

- Fator condicional - culpabilização do sujeito.

Opinião Frequência

Acreditam que sim 28

Acreditam que não 8

Só se o produto for forte e ficar perto 7

Só se não for aplicado corretamente 3

Só sem o uso do EPI 4

• Pulverizadores: reconhecidos como fonte

privilegiada de informação pelos

colegas, contato com rótulos.

• Consideram os rótulos como fonte segura

de informação.

Papel indireto dos rótulos extrapola

conteúdo e má formulação.

• Trabalhadores com nível de escolaridade mais elevado: cidadãos mais críticos e exigentes de seus direitos, sociabilizando questões de interesse.

• Falas: “A gente já teve brigas feias aqui com o patrão por

causa disso... agora como nós tamo assim, num nível mais elevado (riso).. aí o professor foi instruindo ela e a gente conversou com eles pra eles, não passar produto forte quando a gente tiver aqui dentro.”

“Por isso estarmos fazendo sempre cursos... a gente tá sempre explicando pra quem tá lá o porque tá sendo feito... a gente aprende aqui e repassa....”

• As informações vêm de fontes cujo

conhecimento técnico é muito variável, não

atendem a requisitos mínimos que

subsidiem a saúde e a segurança.

• Trabalhadores desconhecem a exposição

dérmica.

• O risco de exposição é percebido, mas não

há clareza quanto à maneira como isso

ocorre.

• Falta de domínio da informação: precauções e

medidas preventivas necessárias para evitar

a contaminação e o adoecimento não são

tomadas/exigidas.

• O conjunto de informações que os

trabalhadores têm não é eficiente, ou

suficiente, para colaborar com a

minimização de sua exposição.

• O material de comunicação de riscos

deve ser adequado às suas

características culturais e educacionais.

• Necessidades específicas/elementos :

- Exposição indireta;

- Tipos de intoxicação e consequências à saúde,

com foco especial para a exposição dérmica;

- Cuidados pessoais e EPIs necessários;

- Intervalo de reentrada.

• Canais de comunicação mais adequados: pessoais, dirigidos;

• O foco da comunicação de riscos deve ser a educação do trabalhador, com projeto de treinamentos continuados;

• Materiais de apoio: formação de grupos, com acompanhamento de um designer;

• Formação de agentes multiplicadores.

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