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JANAINA GALBES
AS CONTRIBUIÇÕES DA DANÇA ESCOLAR NO PROJETO SEGUNDO TEMPO:
O corpo e o movimento no espaço do conhecimento
São Paulo
2007
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JANAINA GALBES
AS CONTRIBUIÇÕES DA DANÇA ESCOLAR NO PROJETO SEGUNDO TEMPO:
O corpo e o movimento no espaço do conhecimento
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador:
Profª. Dra. Irene C. Andrade Rangel
São Paulo
2007
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Galbes, Janaina
AS CONTRIBUIÇÕES DA DANÇA ESCOLAR NO PROJETO SEGUNDO TEMPO: São Paulo, 2007
45p.
TCC (Especialização)- Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
Palavras chave: Dança, Educação e Movimento
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JANAINA GALBES
AS CONTRIBUIÇÕES DA DANÇA ESCOLAR NO PROJETO SEGUNDO TEMPO:
O corpo e o movimento no espaço do conhecimento
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Orientadora: Professora Dra. Irene C. Andrade Rangel
UNESP – Universidade Estadual Paulista – Campus de Rio Claro - SP
São Paulo (SP), 19 de setembro de 2007.
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A Deus, fonte de vida.
Ao meu tio, Claudenir Batisttone (saudades) pelo exemplo de amigo, marido e companheiro que sempre foi para todos da família.
A minha mãe, tias e vó pela minha história.
Especialmente ao meu grande companheiro e marido Anderson Guimarães Barbosa pela força e compreensão que sempre me deu.
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Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância.
Ao CEU Casa Blanca pela parceria de trabalho.
Às professoras e companheiras, Vanessa Goda Torlai e Sirlaine Aparecida pelas contribuições e estudos compartilhados.
Às crianças sem as quais este estudo não se concretizaria.
A equipe CEAD – UNB.
A minha orientadora Tati, pela paciência e compreensão.
E a todos aqueles que contribuíram indiretamente ou diretamente para a elaboração deste TCC.
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“[...] Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de errar.”
Willian Shakespeare
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RESUMO
O movimento corporal sempre foi, dentro do espaço escolar, uma moeda de
troca. A imobilidade física funciona como punição e a liberdade de se movimentar como
prêmio. Estas atitudes evidenciam que o movimento é sinônimo de prazer e a imobilidade, de
desconforto. Mas, se é através do movimento que o aluno se manifesta, que aluno irá formar-se
se impedimos sua expressão. O presente trabalho abordou a questão da introdução da dança no
espaço escolar, e as suas contribuições para o Projeto Segundo Tempo, relatando e refletindo
sobre o trabalho que é desenvolvido neste projeto. As considerações finais mostram que a
dança como processo educacional não pretende formar profissionais ou permitir a aquisição de
habilidades, mas sim contribuir para o aprimoramento dos movimentos, o desenvolvimento das
potencialidades humanas e a integração e relação da criança com o mundo.
PALAVRAS CHAVES: Dança, Educação e Movimento
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1- Crescimento Populacional......................................................................................... 22
Quadro 2 – Densidade Demográfica........................................................................................... 23
Quadro 3 – População Moradora em Favelas............................................................................. 23
Quadro 4 – Faixa Etária.............................................................................................................. 23
Quadro 5 – Renda....................................................................................................................... 23
Quadro 6 – Índice de Exclusão de Desenvolvimento Humano 2000......................................... 23
Quadro 7 – Índice de Escolaridade............................................................................................. 24
Quadro 8 - Demonstrativo do Atendimento na Região da Coordenadoria de Educação M’ Boi Mirim........................................................................................................................25
Mapa 1 – Localização do CEU Casa Blanca.............................................................................. 40
Foto 1 - Alunas da oficina de dança ........................................................................................... 41
Foto 2 – Apresentação da turma de 07 a 09 anos no Aniversario do CEU ................................ 42
Foto 3 – Apresentação da turma de 10 a 14 anos no Aniversario do CEU ................................ 42
Foto 4 – Dia Internacional da Mulher......................................................................................... 43
Foto 5 – Apresentação Dia das Mães ......................................................................................... 43
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Foto 6 – Apresentação Dias das Mães ....................................................................................... 44
Foto 7 – Apresentação Dia Internacional da Mulher ................................................................. 44
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
2. REVISÃO DE LITERATURATURA SOBRE A DANÇA EDUCAÇÃO.....................14
3. LEITURA DA REALIDADE ........................................................................................ 21
4. LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA..................................................................29
5. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA LOCALIDADE...............................................................................................................34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 36
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 38
ANEXOS........................................................................................................................ 40
FOTOS ........................................................................................................................... 41
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1. INTRODUÇÃO
A dança será analisada como área de conhecimento inserida na disciplina
Educação Física e como instrumento de aprendizagem para desenvolvimento cultural e
formação sócio-cultural dos estudantes bem como para auxiliar no desenvolvimento
corporal/motor e como linguagem não oral.
A dança faz parte do currículo escolar, ao mesmo tempo faz parte do cotidiano de
crianças, jovens e adultos que, por influências dos grupos de música popular brasileira que
renovam e lançam novos passos de dança, gostam de mostrar como conseguem reproduzir estes
modelos e modismos.
De acordo com Freire e Rolfe (1999, p.37):
“A dança contribui para a educação estética
da criança e do jovem; a sua influência sobre os
sentimentos e emoções e também um aspecto
complexo de se avaliar. Paralelamente às outras
artes, a dança desenvolve uma extensa área da
capacidade intelectual, que proporciona às
crianças um modo especial de usar sua
imaginação para explorar suas experiências no
mundo, dando-lhes sentido”.
Dentro do contexto dança-educação/escola-integração social, a missão do professor
de Educação Física deve ser de ensinar a dança como arte criativa e seu papel no
desenvolvimento e aprendizagem da criança como um ser integral, ele deve fazer o possível
para criar situações e experiências que auxiliem e favoreçam o desenvolvimento e a capacidade
de criar e improvisar, e de maneira a fazer com que não só a dança como também a música
tenham uma relação a mais com a criança.
O Programa segundo Tempo nos CEUs veio como um projeto para dar aos alunos,
mais uma oportunidade de ensino, todos os alunos que estudam nos CEUs tem o privilégio de
ter diariamente aulas extras, que tem como objetivo oferecer aos mesmos, atividades
diversificadas.
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Os coordenadores de projetos da educação, do esporte da cultura, inclusive as
bibliotecárias e do telecentro, desenvolveram projetos para serem trabalhados com os alunos do
CEU CASA BLANCA. Os projetos são:
Jogos e brincadeiras (uso da piscina);
Brincar é coisa séria (resgate das brincadeiras);
Iniciação à Ginástica Olímpica;
Dança e Expressão Corporal (a qual eu leciono);
Iniciação Esportiva
Teatro;
Coral;
Inclusão Digital.
Este programa ocorreu até meados de junho de 2005, pelo menos aqui no estado de
São Paulo, especificamente no município de São Paulo no CEUs, pois a partir de 1º de Julho de
2005, o prefeito de São Paulo, José Serra no uso das suas atribuições que lhe são conferidas por
lei, institui o Programa “São Paulo é uma Escola” nas unidades educacionais específica, sob
decreto nº 46.017.
O programa “São Paulo é uma Escola” estaria proporcionando ao educando
condições de uso das diferentes linguagens verbal, plástica, corporal e ou como meio de
produzir, expressar e comunicar suas idéias, usufruir e interpretar as produções culturais em
contextos públicos e privados.
O programa ora criado foi constituído por atividades organizadas pelos núcleos de
educação, cultura, esporte e lazer, divididos em oficinas supervisionadas pelo núcleo de
educação. A minha oficina era a de dança e expressão corporal. A princípio eu atendia os
alunos regularmente matriculados nos CEUs e que aderiram a este programa. Com o decorrer
dos meses, o programa foi passando por reestruturações e a partir daí, em conjunto com os
núcleos, foram firmadas parcerias com as ONGs, que passaram a ministrar tais oficinas.
Assim, passei a não mais atender ao programa, mas sim à comunidade em torno,
salvo algumas exceções de alunos que fazem parte do programa (período integral) e que
quiseram continuar na minha oficina.
Com este trabalho, pretendo fazer um relato da minha experiência com o Programa
Segundo Tempo, os benefícios, seus aspectos positivos e negativos advindo da existência do
programa no CEU CASA BLANCA, e refletir sobre as aulas de Educação Física, que não deve
se limitar aos jogos, atividades esportivas, mas uma disciplina que engloba uma cultura
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corporal de movimento ampla, onde entre outras coisas, encontramos a dança, considerada um
ótimo recurso para desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita.
A dança será analisada como área de conhecimento inserida no Projeto Segundo
Tempo, e como instrumento de aprendizagem para desenvolvimento cultural e formação sócio-
cultural dos estudantes, bem como para auxiliar no desenvolvimento corporal/motor e como
linguagem não oral.
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2 REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A DANÇA EDUCAÇÃO
2.1 Dança como atividade física educacional
Partindo do popular para a área acadêmica é possível que a dança seja inserida
nas aulas do Projeto Segundo Tempo como auxiliar no desenvolvimento motor, na
criatividade, na integração social dentro e fora da escola a partir de um planejamento
adequado, com estes objetivos bem delineados. O professor precisa argumentar adequadamente
para que o estudante entenda a dança como arte, como fazendo parte de um contexto cultural e
social mais abrangente.
A dança, por si só, é uma maneira de expressão comunicativa simbólica. Desde os
primórdios da humanidade, a dança sempre atuou como integração de grupos, como
mecanismo de conquista, como demonstração de força e coragem - a dança tem sempre
significado explícito e implícito. O valor dos movimentos rítmicos, ou seja, da dança, tem um
grande valor para o desenvolvimento do estudante.
Segundo Freire (2001):
“As crianças precisam desenvolver as
habilidades e conhecimentos necessários para
criar, modelar e estruturar movimentos em
forma de dança expressiva. A criança, muitas
vezes, usa os movimentos espontaneamente,
variando seus gestos e dinâmicas para
expressar seus sentimentos e idéias”.
Observa-se que o corpo tem uma indispensável capacidade de educar-se. A
inteligência corporal é componente fundamental no processo de adaptação dos seres humanos.
A educação pelo movimento deve dar sentido e significado a estes movimentos,
para que através destes se adquira outros mais complexos, inclusive aquisições não motoras
como exemplos as intelectuais e as sociais. (FREIRE, 1997)
Le Boulch (1987), diz que: "O objetivo central da educação pelo movimento é
contribuir ao desenvolvimento psicomotor da criança, de quem depende, ao mesmo tempo, a
evolução da personalidade e o sucesso escolar” (p.15).
Os movimentos desempenham papel fundamental, na vida do homem, não
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deixando de acrescentar ainda a sua importância social e cultural. A comunicação, as
expressões da criatividade e dos sentimentos são feitas através do movimento. É por meio
destes que o ser humano se relaciona com o outro, aprende sobre si mesmo, quem ele é, o que é
capaz de fazer. (FREIRE, 1997).
A educação pelo movimento é uma educação de corpo inteiro, entendendo-se por
isso, um corpo em relação com outros corpos e objetos no espaço.
As crianças quando encorajadas e estimuladas conseguem improvisar utilizando os
padrões básicos de movimento, que é um dos objetivos da dança educação. É necessário
auxiliar as crianças a desenvolverem todas as suas habilidades naturais e expandir sua
criatividade no sentido de criar seqüências de passos, improvisarem coreografias e, com o
tempo, serem capazes de criar danças mais complexas.
A dança no Projeto Segundo Tempo, tem como proposta proporcionar ao aluno a
possibilidade de se expressar criativamente por meio do movimento. Como prática pedagógica,
a dança deve preparar o corpo do aluno para se expressarem de acordo com suas necessidades,
mas com destreza, agilidade, autonomia, com movimentos "que falam" visto que a expressão
corporal é um tipo de comunicação entre as pessoas. Com a introdução da dança no Projeto
Segundo Tempo, este se torna acessível a um maior número de pessoas que poderão extravasar
seus desejos, alegrias, agradecimentos, liberdade e prazer. Não estamos falando aqui, na dança
com o intuito de formar bailarinos, mas como expressão participativa de todos os momentos da
vida, não deve ser abordada com técnicas e conceitos rígidos, mas com criatividade e
estimuladora de experiências.
"Uma nova concepção da educação do
movimento deve passar primeiramente por estas
exigências (resgate da própria personalidade,
do contato com o lado mais humano através da
expressão artística), porque é no decorrer da
infância e da juventude que se formam hábitos
decisivos para a vida. (...)". (Yvonne BERGE,
1988).
A dança deve servir para orientar e proporcionar ao aluno o desenvolvimento de
uma visão mais crítica do mundo de maneira geral, contribuindo para a formação de cidadãos
mais críticos e participativos da sociedade em que vivem. A educação corporal é tão
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importante quanto à da mente.
Os estudantes mais jovens (crianças) possuem um repertório de movimentos
naturais e habilidades expressivas onde não há censura. Estes não têm consciência do
significado do movimento, fazendo-os por prazer e deleite. Com o ensino da dança nestes
primeiros anos de educação, estes movimentos espontâneos devem ser vistos como potenciais
para o desenvolvimento, aquisição e domínio destas habilidades no sentido de aproveitá-las
para a aprendizagem geral.
Reconhecendo e trabalhando com o potencial das crianças, o professor pode
trabalhar auxiliando cada um a expressar sua individualidade criando situações imaginárias
coletivas. Este trabalho ajuda a melhorar a integração social, o equilíbrio, controle, o espaço
individual e coletivo, coordenação e postura com relação a si mesma e aos demais e, também
de que a dança é um meio de expressão e comunicação. Com a introdução da dança no Projeto
Segundo Tempo, é possível fazer uma integração com as demais disciplinas da escola, dado o
atual e importante caráter da interdisciplinaridade nas escolas. A parte teórica da dança pode
ser complementada com pesquisas em outras disciplinas, tais como: descobrir tradições e
origens dos vários tipos de danças, como por ex. samba, capoeira, folclore; conhecer os
diversos ritmos e instrumentos musicais; qual o significado de cada tipo de coreografia; o
contexto histórico-cultural em que surgiram determinados tipos de danças; entre outros.
O professor deve orientar os movimentos e formas de expressão espontânea das
crianças bem como estimular a expressão artística e criativa de cada um e do conjunto. A
dança neste caso, não deve objetivar a perfeição dos movimentos dentro de um padrão técnico,
deve demonstrar que o movimento é uma forma de expressão e comunicação do aluno,
objetivando torná-lo um cidadão crítico, participativo e responsável, capaz de expressar-se em
várias linguagens, desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de
movimento. A teoria de Laban (1990) reflete os princípios da educação progressista,
possibilitando ao aluno mostrar seus próprios movimentos. Não ensina apenas a forma ou a
técnica, mas educa conforme o vocabulário de movimento de cada um, contribuindo para o
desenvolvimento emocional, físico e social do participante.
(...) um professor diante dos alunos sentados
em suas carteiras pode, através da compreensão, fazer tanto
para ajudar toda a classe e cada criança individualmente
como o professor de dança ou de ginástica, cujo interesse pelo
movimento é mais imediato. ”(Laban, 1990)”.
O professor que ensina as matérias do currículo escolar deve apreciar os esforços
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expressados por meio do movimento, assim como o professor de Educação Física que tem que
se dar conta de que há um esforço mental implícito em toda atividade, de acordo com Laban
(1990).
A proposta de dança de Laban (1990) procura levar o aluno à ação sensação-
reflexão, contribuindo para aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a
viver juntos, que constituem os quatro pilares da educação. A Comissão Internacional sobre a
Educação para o século XXI recomenda que a arte deva ter um espaço maior do que lhe é dado
na escola (Delors).
Nesse panorama, pretendeu-se que a Dança e os demais conteúdos da Educação
Física se atrelassem à visão psicomotora. Com a psicomotricidade, buscava-se valorizar o
processo de aprendizagem, desatrelando a Educação Física escolar do cânones da instituição
esportiva, desencadeando uma desportivização. O entendimento era o de que esses conteúdos
limitavam, pelo processo de especialização, a experiência plural de movimentos necessários ao
desenvolvimento integral.
A Dança, no entanto, possibilita a vivência de inúmeras e ricas experiências
corporais que contribuem significativamente para o aluno ampliar e aprofundar os
conhecimentos da cultura corporal de movimento, por meio de sua forma particular de
exercitação.
A partir da compreensão de que a escola é um espaço de apropriação do saber,
tendo como papel primordial a difusão de conteúdos culturais vivos, concretos e universais e de
que a Dança tem conteúdos a serem ensinados, você vai conhecer uma proposta de metodologia
lúdica para o ensino da Dança, sem deixar de lado a seriedade e o rigor.
É Importante lembrar que, a Dança faz parte do conteúdo de ensino da Educação
Física, estabelecendo-se na escola a égide dos bons costumes e da disciplina, perdendo sua
hegemonia com o movimento esportivo, sendo relegado à expressão corporal, que assume seu
lugar.
Para Libâneo (1995), conteúdos de ensino constituem-se como um conjunto de
hábitos, de modos valorativos e atitudinais de atuação social, sendo organizados pedagógica e
didaticamente, para que os alunos possam assimilá-los ativamente e aplicá-los na sua prática
esportiva.
Para provocar uma mudança é que propomos uma metodologia para o ensino da
dança, por acreditar que a forma, ou seja, o “como” transmitir os conteúdos pode otimizar o
processo de ensino-aprendizagem, garantindo o saber escolar, considerando que, objetivo,
conteúdo e metodologia são interdependentes.
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2.2 – Benefícios da dança na formação integral da criança
A dança inserida neste projeto auxilia e tem um importante papel a desempenhar: o
de permitir a participação de todos os alunos da comunidade e integrá-los socialmente e o de
auxiliá-los a experimentar, pesquisar e vivenciar momentos, despertar o corpo para o
movimento e contribuir para o seu desenvolvimento integral.
Essa atividade possibilita ao educando conhecer a si mesmo e as suas dimensões
físicas, culturais e emocionais. Permite, também, que o mesmo desenvolva um trabalho
criativo e sensível, livre de técnicas, mas com a orientação de um professor devidamente
preparado e conhecedor da linguagem corporal, ou seja, da dança. O professor não deve
restringir a liberdade de movimentos da criança, deve, ao contrário, encontrar uma forma de
desenvolver e estimular sua criatividade e utilizar os movimentos naturais da criança para que
ela se torne cada vez mais desinibida e vá adquirindo autoconfiança.
Laban (1978) preocupava-se em transmitir seu Método de Análise de Movimento a
todas as pessoas porque acreditava que o homem procura entender a realidade através da
atividade intelectual, ignorando o movimento. Para ele, para compreender o real é preciso se
aproximar do físico para não perder a verdadeira perspectiva da vida. Para ele, a dança
compreende todos os tipos de movimentos corporais, emocionais e mentais:
"É preciso abranger as várias aplicações do
movimento no trabalho, educação e arte, assim
como o processo regenerativo no sentido mais
amplo”.
O trabalho do professor no processo de orientar a criança para que ela descubra seu
corpo através de seus sentidos e movimentos deve ser centralizado na ação de experimentação
do próprio aluno. Deve fazer com que a criança relacione seu corpo aos elementos da realidade
em conjunto com os elementos da dança. Toda atividade deve integrar e complementar o
processo de crescimento do aluno e as atividades corporais devem ser desenvolvidas de
maneira a integrar a afetividade e a sociabilidade de cada participante.
O professor deve saber qual movimento é mais fácil para a criança executar,
respeitando sua faixa etária e deve, também, entender a expressividade do movimento de cada
uma delas. Ele, professor, deve primeiramente ser treinado em dança-educação para melhor
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compreender o quanto isso é importante para o desenvolvimento das crianças.
Ensinar dança no Projeto Segundo Tempo, tem um papel preponderante para que os
alunos possam conhecer seu corpo, compreender as relações estabelecidas com o fazer,
conhecer, interpretar e apreciar a dança.
O ensino-aprendizagem da dança deve permitir que os alunos troquem
experiências, preocupações e satisfações sobre o mundo em que vivem e isso deve ser
transformado em processo de pesquisa, criação e composição em dança. Esta também auxilia a
percepção dos alunos das relações estabelecidas com o seu corpo e como do colega, da
diferença do movimento quando trabalha sozinho e quando o faz cm o outro ou com o grupo,
da troca de idéias e opiniões, do conhecimento compartilhado e as relações espaço-temporais.
A utilização, pelo professor, de estilos livres de dança, permite que o aluno mostre
um número ilimitado de movimentos e na combinação destes surgem passos e gestos que
devem ser estimulados e dirigidos para a finalidade da aula. O conhecimento dos passos, da
coordenação motora e a harmonia natural demonstrada pela criança podem ser utilizados para
os propósitos recreativos e educacionais porque o conteúdo de dança também pode ser
trabalhado na perspectiva interdisciplinar, e este deve ser interligado às outras disciplinas por
atender às exigências dos projetos pedagógicos atuais.
O professor deve, também, encontrar uma maneira de estimular os movimentos nos
alunos e, depois, desenvolver a dança utilizando o conjunto de movimentos da classe. De
acordo com Laban (1990), são dezesseis os temas básicos de movimento, divididos entre
complementares, para crianças até 11 anos e, avançados, para crianças acima desta idade.
Entre os temas complementares temos o que diz respeito à consciência do corpo, do
peso e do tempo, do espaço, do fluxo do peso corporal no tempo e no espaço, adaptação a
companheiros, uso instrumental dos membros do corpo, de ações isoladas e, finalmente, ritmos
ocupacionais. Esses temas estão e devem ser interligados porque são utilizados todas as partes
do corpo e todos os contrastes de peso, espaço e tempo.
Os temas complementares englobam os relacionados com as formas de movimento,
as combinações das oito ações básicas de esforço, a orientação no espaço, as figuras, a elevação
do solo, o despertar da sensação de grupo, as formações grupas e, as qualidades expressivas ou
modos dos movimentos.
O ensino da dança dentro desses temas deve acompanhar o desenvolvimento e as
necessidades dos alunos.
Ullmann (1990) afirma que,
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"Um dos objetivos da dança na educação (creio
que o mais importante) é ajudar o ser humano
por meio da dança a achar uma relação
corporal com a totalidade da existência”.
A criança desenvolve gradualmente a capacidade de movimento e o professor deve
adequar o ensino da dança às diversas fases do crescimento porque por meio dos movimentos
do corpo é que a criança aprende a relacionar-se com o mundo externo. O movimento é o ato
de colocar para fora os impulsos internos espontâneos com o objetivo de expressar algum
sentimento.
A dança educativa, conforme Ullmann (1990) deve estabelecer base para
treinamento e disciplina corporal para que as funções naturais do corpo humano e dos
processos fisiológicos e psicológicos possam ser trabalhados nas crianças. Movimentos
naturais como expansão e contração do tórax, o equilíbrio, o movimento dos braços e pernas, a
elasticidade do joelho e tornozelo entre outros precisam ser estimulados e trabalhados nas
aulas dentro dos quatro aspectos - corpo, expressividade, forma e espaço da teoria de Laban.
A dança na escola tem a função de socialização e integração da criança ao contexto
sociocultural, além de auxiliar no seu desenvolvimento físico e intelectual e a levar à
descoberta da sua linguagem corporal. A dança desenvolve na criança os estímulos visual (ver
os movimentos e transformá-los em atos), tátil (sentir os movimentos e seus benefícios para o
corpo), auditivo (ouvir a música e dominar o seu sentimentos transferidos para os
movimentos), cognitivo (raciocínio, ritmo e coordenação) e, motor (expressão corporal).
Associada ao Projeto Segundo Tempo, a dança educativa deve ter um papel
pedagógico fundamental despertando na criança sua relação consigo mesma e com os outros,
além de estimular para a ação, a criatividade e reforçar a auto-estima, a autoconfiança e a
participação social. As aulas devem ser adequadas, com qualidade e estimular a participação
espontânea para que a criança evolua descobrindo novos movimentos, espaços, formas e
superando suas limitações quanto aos aspectos motores, sociais e afetivos. A aula de dança deve
criar oportunidades para que a criança possa se expressar, se mover, ser criativa, espontânea e
conviver com os outros e consigo mesma.
A dança como processo educacional não pretende formar profissionais ou permitir a
aquisição de habilidades, mas sim contribuir para o aprimoramento dos movimentos, o
desenvolvimento das potencialidades humanas e a integração e relação da criança com o
mundo.
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3. LEITURA DA REALIDADE
Ao ingressar na escola a criança já traz consigo um conhecimento amplo a
respeito de seu corpo, mas que, muitas vezes não foi despertado. Os CEUs possuem uma infra-
estrutura que possibilitam uma aprendizagem eficiente, promovendo conhecimentos mais
complexos, despertando em seus educando estímulos, tanto na parte corporal como da parte
musical.
Desde 1º de agosto de 2003, a Prefeitura entregou 21 Centros de Educação
Unificados (CEUs) na cidade de São Paulo. Os complexos educacionais incluem creche, Escola
de Educação Infantil, Escola de Ensino fundamental, playground, centro comunitário, teatro,
cinema, biblioteca, quadras de esportes, piscinas, vestiários, ateliês, estúdios para oficinas de
vídeo, TV, rádio e fotografia, telecentro, pista de skate e área verde. Os CEUs oferecem
educação, esporte, cultura, lazer e aulas de informática em um mesmo local.
O projeto oferece formação em recursos educativos e culturais, integrados com a
realidade da comunidade e direcionados a toda a família. Trata-se de uma escola que visa
formar cidadãos multiplicadores dos conceitos ali desenvolvidos.
Os CEUs aproveitam o conceito das pracinhas das periferias e pequenas cidades
do interior – ponto de encontro da comunidade. A concepção do projeto atende a três objetivos
específicos:
Desenvolvimento integral das crianças e dos jovens.
Pólo de desenvolvimento da comunidade
Pólo de inovação de experiências educacionais.
Cada unidade conta com um conselho gestor formado por membros dos CEU, das
escolas do entorno e da comunidade.
O CEU Casa Blanca foi inaugurado no dia 27 de Junho de 2004. Foi o último dos
21 CEUs construídos no mandato da gestão anterior. A gestora é a Profª e Supervisora Marlene
de Moraes Zillig.
Desde o início da edificação da infra-estrutura do CEU existe um trabalho
envolvendo a comunidade, através das suas mais expressivas lideranças que participaram da
identificação do terreno, do lançamento da pedra fundamental e do acompanhamento da
construção através de uma Comissão de Obras muito ativa. (Anexo 01)
Em Junho de 2004 o CEU contava com cerca de 800 alunos que integravam as
Unidades Escolares (CEI, EMEI, EMEF e EJA). Hoje contamos com cerca de 2.300 alunos.
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As relações locais dão-se principalmente por meio de lideranças comunitárias,
sendo o vínculo do CEU com a Subprefeitura e com a Coordenadoria colaborativa.
O CEU já implantou e colocou em funcionamento a padaria comunitária numa
iniciativa com parceira da empresa que fornece alimentação para as Escolas. É oferecidos
cursos para aluno, pais e usuários na “Oficina Forno e fogão” com o objetivo de criar
alternativas para os participantes desenvolverem seus potenciais e habilidades:
Oferecer condições para a renda familiar e sua inserção no mercado de trabalho;
Ensinar receitas saborosas e nutritivas de baixo custo, aproveitando integralmente os
alimentos;
Reconhecer, armazenar e higienizar alimentos;
Incentivar mudança de hábitos alimentares utilizando produtos alternativos.
O programa Segundo Tempo, veio com o objetivo de democratizar o acesso ao esporte
educacional de qualidade, como forma de inclusão social, ocupando o tempo ocioso de crianças
e adolescentes em situação de risco social.
Deste modo o CEU Casa Blanca se torna um espaço de educação inclusiva, de
formação permanente e de humanização das relações sociais, promovendo o desenvolvimento
humano sustentável e integral do cidadão e da cidadã como sujeito de direitos e deveres,
tornado-se um pólo mobilizador da região, com grande respeito por parte da comunidade, que
zela pela preservação do espaço público.
3.1 Caracterização da Região
A região administrativa de M’ Boi Mirim, com 62,1 Km², é dividida em dois
distritos: Jardim São Luiz e Jardim Ângela, caracterizam-se como uma das mais carentes e
críticas regiões da cidade, principalmente em decorrência de uma ocupação desordenada de
moradias precárias, loteamentos clandestinos e favelas, em uma área inadequada a ocupação,
onde durante os últimos anos o poder público se omitiu alegando como barreira a Lei de
Proteção dos Mananciais.
3.1.1 POPULAÇÃO
1. Crescimento Populacional
Distrito População Crescimento Anual (200, em % Área (em km²)
Jd. Ângela 245.805 +2,44 37,4
Jd. São Luis 239.161 +1,50 24,7
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2. Densidade Demográfica
Distrito Densidade (Hab/Ha)
Jd. Ângela 65,20
Jd. São Luis 95,94
3. População Moradora em favelas
Distrito População Moradores em Favelas %
Jd. Ângela 245.805 34.875 14,18
Jd. São Luis 239.161 46.905 19,61
4. Faixa Etária
Distrito 0 - 6
anos
7 - 14
anos
15 – 17
anos
18 – 19
anos
20 – 24
anos
25 – 65
anos
Mais de
65 anos
Jd. Ângela 38.000 39.570 15.434 10.796 26.404 110.495 5.106
Jd.São
Luis
31.814 34.766 14.591 10.656 25.574 113.714 8.046
5. Renda
Distrito S/Renda Até 1 s.m De 1 a 3
s.m.
De 3 a 10
s.m.
De 10 a
20 s.m.
Mais de
20 s.m.
Jd. Ângela 19,83% 7,26% 35% 35,20% 2,26% 0,42%
Jd. São Luis 14,26% 6,89% 70,37% 40,10% 6,39% 1,97%
6. Índice de Exclusão de Desenvolvimento Humano 2000
Distrito IEXdh Class. (1)
Jd.Ângela -1 1
Jd. São Luis -0,79 5
24
7. Índice de Escolaridade
Distrito
Menos
de 1 ano
de
Estudo
De 1 a 7
anos
Ens.
Fund.
Inc.
De 8 a
10 anos
Ens.
Fund.
Com.
De 11 a
14 anos
Ens.
Médio
Completo
De 15
anos ou
mais
Não
Determinado
Jd. Ângela 19.592 123.505 37.878 16.802 1.180 2.944
Jd. São Luis 16.203 114.386 39.833 26.513 5.233 3.213
Quanto à infra-estrutura existente na região ao norte da área de proteção aos
mananciais, podemos dizer que as redes de água e iluminação pública cobrem quase que a
totalidade da área. Em termos de pavimentação ainda existem algumas áreas a serem
complementados e só a rede de esgoto que é, praticamente, inexistente nessa região.
Ultimamente a Sabesp, através do programa “Sanear”, financiado pelo BIRD, tem projetos para
reurbanização de algumas favelas, onde inclui também a rede de esgoto. O fato que nestes
últimos anos, ter havido grande adensamento por conjuntos habitacionais de interesse social,
trouxe uma complementação da malha de infra-estrutura, apesar de ter piorado a circulação
viária, principalmente no Jardim São Luiz.
Os equipamentos públicos nesse setor, localizados, na maioria das vezes, em
terrenos inadequados à ocupação e de difícil acesso, são insuficientes. As creches (0 a 3 anos),
as pré-escolas (4 a 6 anos) e o atendimento ambulatorial são os equipamentos públicos
considerados prioritários para o atendimento à população de baixa renda, característica da
região, sem acesso aos serviços particulares equivalentes. Há um grande número de áreas
parcialmente atendidas ou sem nenhum desses serviços prioritários. O ensino de 1º grau recobre
grande parte da mancha urbanizada da região, mas mesmo assim, pela insuficiência de
capacidades dos equipamentos existentes e pela falta de investimento em construção de novas
escolas, existe, ainda, um número considerável de crianças fora da escola. Quanto ao s
equipamentos de cultura, a oferta é insuficiente, com apenas uma biblioteca pública e algumas
improvisadas nas escolas. Quanto à segurança, a região tem problemas críticos, com suporte de
apenas Dois Distritos Policiais (Parque Santo Antonio e Jardim Herculano).
25
3.1.2 QUADRO DEMOSTRATIVO DO ATENDIMENTO NA REGIÃO DA
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DE M’BOI MIRIM
Unidades Educacionais Nº de
Equipamentos
Nº de Alunos Nº de
Funcionários
CEI Direto 21 3.670 761
CEI indireto e conveniado 42 4.373 -
EMEI 18 11.225 664
EMEF 20 36.300 1.778
MOVA 133 3.296 -
CEU 1 2.400 300
TOTAL 101+133 SALA
MOVA
61.264 3.503
Finalmente, no que diz respeito ao abastecimento, a população é bem servida por
feiras livres, mas sofre a alta dos preços, inerente a sua localização em zona periférica, que
ocasiona altos custos de transporte e exploração de intermediários, por falta de um mercado
municipal controlador de preços ou mesmo de um entreposto que receba a produção local ou
dos municípios vizinhos. Também, o grande número de hipermercados no entorno da Avenida
Giovanni Gronchi pode fazer com que só pequenos mercados da região venham a sucumbir
caso não haja competitividade nos preços.
Avaliando as condições de vida de nossos bairros, concluí que, neles, a violência
não acontece por acaso. Ela é produzida e campeia solta por causa das condições de abandono
em que se encontra a periferia da cidade. Não é por acaso que bairros como Jardim Ângela e
Parque Santo Antonio, constantemente apontados como concentradores dos maiores índices de
criminalidade, receberam altos índices, numa escala que classifica os melhores e os piores
bairros ao que se refere à qualidade de vida.
Antes se via muita mais crianças na rua, agora estão dentro do CEU. No início
houve problemas com as drogas, conversamos muito com elas, que deixaram de usar, ou pelo
não usam nas dependências do CEU. O terreno que antes era perigoso, hoje com o CEU é
considerado um ponto de encontro e referência no bairro.
26
O CEU Casa Blanca faz parte de um todo de 21 centros de Educação Unificados
que a prefeitura de São Paulo vem entregando desde 1º de Agosto de 2003.
Com a construção dos CEUs, a prefeitura deu um salto significativo na criação de
equipamentos públicos. O número de bibliotecas passou de 67 para 88 (aumento de 30%), o de
telecentros de 52 para 73 (40%); e de piscinas, de 61 para 128 (109%). Já os teatros tiveram 300
% de aumento de números de unidades, passando de 7 para 21.
A construção de cada CEU custou em média R$ 17 milhões e o gasto com
mobiliários e equipamentos R$ 2 milhões. Foram investidos R$ 60 milhões em equipamentos
de tecnologia educacional e laboratórios de informática e R$ 3 milhões em acervo bibliográfico.
Cada unidade conta com as seguintes instalações:
Instalações esportivas dos CEUs:
3 piscinas (semi-olímpica, recreativa e infantil).
1 quadra poliesportiva coberta.
1 sala de ginástica e dança.
1 pista de skate.
Nas unidades com terreno de maior área, há também:
Campo de futebol.
Quadra poliesportiva descoberta.
A programação de tempo livre para esporte e lazer nos CEUs durante a semana tem
como público-alvo criança e adolescentes das próprias unidades e das escolas adjacentes, com
faixa etária a partir de quatro anos. O programa leva em conta as várias faixas etárias e as
diferenças entre educação física escolar e ocupação de tempo livre.
A sala de dança do CEU Casa Blanca é ampla, bem conservada, arejada e que
possui equipamentos para aulas de ginástica artística e dança. Os materiais disponíveis são:
1 barra para aulas de ballet;
2 traves de equilíbrio;
1 mini-trampolim;
1 mini-cama elástica
50 colchonetes;
20 steps;
20 pares de halteres e
45 bastões.
O Núcleo de esporte do CEU, entre outras atividades que disponibilizam, também
pode ser considerado um pólo educacional, que junto ao PST oferece uma programação de
27
atividades a serem desenvolvidas no contra-turno escolar sob orientação de professores e TEFs
(Técnicos de Educação Física), devidamente habilitados e capacitados para a função.
As atividades oferecidas são:
Natação infantil de 7 a 9 anos;
Natação infantil de 10 a 12 anos;
Natação para adolescentes de 13 a 16 anos;
Natação para adultos acima de 17 anos;
Dança e Expressão Corporal para turmas de 7 a 9 anos e 10 a 12 anos (oficina da
pesquisadora);
Futsal masc. e fem. a partir de 13 anos;
Basquetebol masc. a partir dos 13 anos;
Voleibol para adolescentes iniciantes e adultos iniciantes e competitivo masc. e fem.
Para mitigar a forte carência de recursos humanos o CEU vem trabalhando com
voluntários que tem respondido satisfatoriamente às várias demandas existentes. Qualquer
pessoa que tenha interesse em ser voluntário no CEU, preenche a ficha cadastral de voluntário,
passa por uma entrevista com a Coordenadora de Projetos Educacionais (Profª Solange Honório
Zelev) e é encaminhado ao setor mais apropriado à sua área de atuação.
As alunas, que atendo no programa são crianças que quando encorajadas e
estimuladas, conseguem improvisar utilizando os padrões básicos de movimento, que é um dos
objetivos da dança-educação.
Os profissionais envolvidos no programa são professores graduados e capacitados
para as oficinas que ministram.
A oficina de dança tem como objetivo oferecer às crianças meios para o seu
desenvolvimento integral físico, emocional, social, intelectual e estético. Elas aprenderão a
apreciar as várias formas de dança e músicas e desenvolver um aprendizado desta como um
meio artístico e educacional, bem como expressar-se através de seu instrumento – o corpo
humano, com os recursos de sua linguagem – o movimento corporal.
Os conteúdos propostos para a área específica da dança na escola estão relacionados
com um desempenho de criatividade, de expressão, que emana de cada corpo, em comunhão
com outros corpos, sem exigência de técnica específica, não ocorrendo, assim discriminação e
exclusão, mas sim, possibilidades de formação de um ser humano mais equilibrado em suas
formas de pensar, agir e sentir.
O corpo foi visto como maquina por muitos anos, o que refletia no treinamento
físico e mecânico na Educação física. Mas é a partir do momento que ele começa a ser
28
entendido com o movimento e expressividade, é que se começa a estudar efetivamente o corpo
embasado na motricidade humana, que consiste no ser humano que se movimenta
intencionalmente.
Nas minhas aulas de dança sempre procurei trabalhar as alunas como um todo, e
sempre expliquei a elas que o mais importante não é ensaiar para se apresentar no final do ano,
mas que a minha prioridade sempre foi de lavá-las a ter consciência corporal e entender como o
corpo se relaciona com o espaço. Para tanto utilizei como métodos, exercícios em grupo,
individuais, atividades que sofram desafios, e sempre que posso procurei levá-las ao Teatro e
companhias de dança.
As minhas avaliações sempre foram formativas, ou seja, de forma contínua no dia-
a-dia, e também somativa, ocorrendo ao final do bimestre, com atividades propostas em grupos,
onde as mesmas tiveram que resolver o problema que propus.
Os pais gostaram muito do trabalho realizado, chegando a comentar a melhora da
criança em casa, pois com a dança a criança aprende a ter uma disciplina, organizar-se no
espaço e tempo e aprende a ficar mais calma. Houve apresentação no final que foi muito
proveitosa não só para crianças, mas para os pais que puderam observar de perto e na realidade
íntegra o que o trabalhou proporcionou aos seus filhos.
Dentro do contexto dança-educação/escola-integração social, tive como minha
missão a de ensinar a dança como arte criativa e o meu papel no desenvolvimento e
aprendizagem da criança como um ser integral, e fiz o possível para criar situações e
experiências que auxiliassem e favorecessem o desenvolvimento e a capacidade de criar e
improvisar.
Nas aulas procurei não priorizar a execução de movimentos corretos e perfeitos
dentro de um padrão técnico, gerando a competitividade entre as alunas. Parti do pressuposto de
que o movimento é uma forma de expressão e comunicação das alunas, objetivando torná-las
cidadãs críticas, participativas e responsáveis, capaz de expressar-se em variadas linguagens,
desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de movimentos.
29
4. LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
O CEU Casa Blanca faz parte de um todo de 21 centros de Educação Unificados
que a prefeitura de São Paulo vem entregando desde 1º de Agosto de 2003.
Com a construção dos CEUs, a prefeitura deu um salto significativo na criação de
equipamentos públicos. O número de bibliotecas passou de 67 para 88 (aumento de 30%), o de
telecentros de 52 para 73 (40%); e de piscinas, de 61 para 128 (109%). Já os teatros tiveram 300
% de aumento de números de unidades, passando de 7 para 21.
A construção de cada CEU custou em média R$ 17 milhões e o gasto com
mobiliários e equipamentos R$ 2 milhões. Foram investidos R$ 60 milhões em equipamentos
de tecnologia educacional e laboratórios de informática e R$ 3 milhões em acervo bibliográfico.
Cada unidade conta com as seguintes instalações:
Instalações esportivas dos CEUs:
3 piscinas (semi-olímpica, recreativa e infantil).
1 quadra poliesportiva coberta.
1 sala de ginástica e dança.
1 pista de skate.
Nas unidades com terreno de maior área, há também:
Campo de futebol.
Quadra poliesportiva descoberta.
A programação de tempo livre para esporte e lazer nos CEUs durante a semana tem
como público-alvo criança e adolescentes das próprias unidades e das escolas adjacentes, com
faixa etária a partir de quatro anos. O programa leva em conta as várias faixas etárias e as
diferenças entre educação física escolar e ocupação de tempo livre.
A sala de dança do CEU Casa Blanca é ampla, bem conservada, arejada e que
possui equipamentos para aulas de ginástica artística e dança. Os materiais disponíveis são:
1 barra para aulas de ballet;
2 traves de equilíbrio;
1 mini-trampolim;
1 mini-cama elástica
50 colchonetes;
20 steps;
20 pares de halteres e
45 bastões.
30
O Núcleo de esporte do CEU, entre outras atividades que disponibilizam, também
pode ser considerado um pólo educacional, que junto ao PST oferece uma programação de
atividades a serem desenvolvidas no contra-turno escolar sob orientação de professores e TEFs
(Técnicos de Educação Física), devidamente habilitados e capacitados para a função.
As atividades oferecidas são:
Natação infantil de 7 a 9 anos;
Natação infantil de 10 a 12 anos;
Natação para adolescentes de 13 a 16 anos;
Natação para adultos acima de 17 anos;
Dança e Expressão Corporal para turmas de 7 a 9 anos e 10 a 12 anos (oficina da
pesquisadora);
Futsal masc. e fem. a partir de 13 anos;
Basquetebol masc. a partir dos 13 anos;
Voleibol para adolescentes iniciantes e adultos iniciantes e competitivo masc. e fem.
Para mitigar a forte carência de recursos humanos o CEU vem trabalhando com
voluntários que tem respondido satisfatoriamente às várias demandas existentes. Qualquer
pessoa que tenha interesse em ser voluntário no CEU, preenche a ficha cadastral de voluntário,
passa por uma entrevista com a Coordenadora de Projetos Educacionais (Profª Solange Honório
Zelev) e é encaminhado ao setor mais apropriado à sua área de atuação.
As alunas, que atendo no programa são crianças que quando encorajadas e
estimuladas, conseguem improvisar utilizando os padrões básicos de movimento, que é um dos
objetivos da dança-educação.
Os profissionais envolvidos no programa são professores graduados e capacitados
para as oficinas que ministram.
A oficina de dança tem como objetivo oferecer às crianças meios para o seu
desenvolvimento integral físico, emocional, social, intelectual e estético. Elas aprenderão a
apreciar as várias formas de dança e músicas e desenvolver um aprendizado desta como um
meio artístico e educacional, bem como expressar-se através de seu instrumento – o corpo
humano, com os recursos de sua linguagem – o movimento corporal.
Os conteúdos propostos para a área específica da dança na escola estão relacionados
com um desempenho de criatividade, de expressão, que emana de cada corpo, em comunhão
com outros corpos, sem exigência de técnica específica, não ocorrendo, assim discriminação e
exclusão, mas sim, possibilidades de formação de um ser humano mais equilibrado em suas
formas de pensar, agir e sentir.
31
O corpo foi visto como maquina por muitos anos, o que refletia no treinamento
físico e mecânico na Educação física. Mas é a partir do momento que ele começa a ser
entendido com o movimento e expressividade, é que se começa a estudar efetivamente o corpo
embasado na motricidade humana, que consiste no ser humano que se movimenta
intencionalmente.
Nas minhas aulas de dança sempre procurei trabalhar as alunas como um todo, e
sempre expliquei a elas que o mais importante não é ensaiar para se apresentar no final do ano,
mas que a minha prioridade sempre foi de lavá-las a ter consciência corporal e entender como o
corpo se relaciona com o espaço. Para tanto utilizei como métodos, exercícios em grupo,
individuais, atividades que sofram desafios, e sempre que posso procurei levá-las ao Teatro e
companhias de dança.
As minhas avaliações sempre foram formativas, ou seja, de forma contínua no dia-
a-dia, e também somativa, ocorrendo ao final do bimestre, com atividades propostas em grupos,
onde as mesmas tiveram que resolver o problema que propus.
Os pais gostaram muito do trabalho realizado, chegando a comentar a melhora da
criança em casa, pois com a dança a criança aprende a ter uma disciplina, organizar-se no
espaço e tempo e aprende a ficar mais calma. Houve apresentação no final que foi muito
proveitosa não só para crianças, mas para os pais que puderam observar de perto e na realidade
íntegra o que o trabalhou proporcionou aos seus filhos.
Dentro do contexto dança-educação/escola-integração social, tive como minha
missão a de ensinar a dança como arte criativa e o meu papel no desenvolvimento e
aprendizagem da criança como um ser integral, e fiz o possível para criar situações e
experiências que auxiliassem e favorecessem o desenvolvimento e a capacidade de criar e
improvisar.
Nas aulas procurei não priorizar a execução de movimentos corretos e perfeitos
dentro de um padrão técnico, gerando a competitividade entre as alunas. Parti do pressuposto de
que o movimento é uma forma de expressão e comunicação das alunas, objetivando torná-las
cidadãs críticas, participativas e responsáveis, capaz de expressar-se em variadas linguagens,
desenvolvendo a auto-expressão e aprendendo a pensar em termos de movimentos.
O ensino-aprendizagem da dança deve permitir que os alunos troquem experiências,
preocupações e satisfações sobre o mundo em que vivem e isso deve ser transformado em
processo de pesquisa, criação e composição em dança. Esta também auxilia a percepção dos
alunos das relações estabelecidas com o seu corpo e com o do colega, da diferença do
32
movimento quando trabalha sozinha e quando o faz com o outro ou com o grupo, da troca de
idéias e opiniões, do conhecimento compartilhado e as relações- temporais.
Eu utilizei estilos livres de dança, que permitiu que as alunas mostrassem um
número ilimitado de movimentos e na combinação destes surgiram passos e gestos que foram
estimulados e dirigidos para a finalidade da aula. O conhecimento dos passos, da coordenação
motora e harmonia natural demonstrada pelas alunas foram utilizados para os propósitos
recreativos e educacionais porque o conteúdo da dança também pode ser trabalhado na
perspectiva de educar o movimento na sua forma o mais livre possível.
Com esta oficina, pude perceber que o interesse das alunas pelo ensino melhorou,
como se através das atividades de dança na escola, as alunas tivessem reencontrado o prazer de
estar no CEU.
A dança também possibilitou que as alunas trabalhassem a sua agressividade, pois
quem faz atividade física recebe vários benefícios, dentre eles a possibilidade de conseguir
aliviar as tensões, o stress, evitando que isso seja gerada de forma negativa atacando outras
pessoas, pois eu tinha alunas que quando começaram as aulas eram alunas um pouco agressivas,
e que de certa forma queriam manipular o grupo e ser o centro das atenções, mas aos poucos fui
conversando e mostrando a elas a dança de forma atraente que hoje as mesmas, podem ser
vistas como grandes participantes das aulas.
A Dança pode estimular a criatividade expressiva e produtiva, quando se quer
incentivar a aluna a encontrar suas próprias idéias. A formação da criatividade nas aulas de
dança e, assim verdadeiramente, a Educação necessária, para uma melhor alfabetização motora.
Nas aulas, eu desenvolvia estratégias lúdicas para fazer as crianças se mexerem.
Sempre recorri às brincadeiras infantis e à contação de histórias. “Não adianta trazer a
coreografia pronta”, as alunas sempre querem participar da criação e com o desenrolar da aula,
elas descobriam os tipos de movimentos que sabiam fazer.
Com o decorrer do semestre, procurei unir a cultura popular à consciência corporal
nas aulas. Há algum tempo, percebi que podia associar alguns exercícios de danças típicas,
introduzi um pouco da dança folclórica.
Durante um mês, as alunas desenharam com o corpo figuras geométricas no espaço,
imitaram objetos e animais, deixei-as a trabalhar com a espontaneidade incorporando a música
que normalmente as crianças escolhiam.
O conteúdo deste curso procurou ser, o mais variado possível trabalhando ritmos,
danças folclóricas, desenvolvimento motor, atividades rítmicas e noções básicas de movimento.
33
Eu senti alguma dificuldade no início dos trabalhos para colocar na cabeça das
crianças que as aulas de dança não se resumiam em uma coreografia para apresentação de final
de ano, que a cada dia podíamos aprender coisas novas e trabalhar o corpo como um todo.
Nas aulas pude estimular a criatividade expressiva e produtiva das alunas, e
procurei fazer com que as mesmas encontrassem suas próprias idéias, ao mesmo tempo em que
tentei ser amiga e motivar, animar, orientar e auxiliar através de ações mentais e corporais,
trabalhando a agressividade e a falta de concentração delas, geradora da maioria dos conflitos,
para que possam, assim, expandir sua criatividade.
Os exercícios naturais sempre estiveram presentes nas aulas, pois trabalham a
exploração da capacidade espontânea da comunicação e a tentativa de aproximação natural e
autêntica, através do movimento, permitindo-lhe a própria expressão e estilo.
A Dança através do movimento faz com que as alunas busquem a integração,
melhor relacionamento, acompanhada na maioria das vezes da afetividade. Ajuda a empregar o
sentimento de agrado, a despertar as percepções sensíveis e as e mais percepções físicas de si.
Pude observar que os alunos que freqüentavam a minha oficina, tiveram uma
mudança de comportamento, pois o número de faltas diminuiu razoavelmente, e a participação
destes alunos em outras atividades promovidas pelo CEU (festas, semanas culturais e
cientificas, gincanas e etc), começou a ser mais efetivas. Acredito que isso se deva, pelo fato do
aluno ter reencontrado o prazer de estar no CEU.
No final do ano montamos um espetáculo, com várias apresentações e estilos de
músicas e ritmos. O s pais adoraram e todos que vinham conversar comigo, dizia que seus
filhos tiveram uma melhora no só no comportamento em casa, mas também na escola.
Um dos poucos aspectos negativo, mas que de suma importância foi à
descontinuação do trabalho muito precoce, não sei dizer se por falta de verba ou algum trâmite
legal, mas o corte do projeto segundo tempo, fez muita falta às crianças que já estavam
acostumadas com as mais diversas oficinas.
34
5. ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA
LOCALIDADE
O ensino-aprendizagem da dança deve permitir que os alunos troquem experiências,
preocupações e satisfações sobre o mundo em que vivem e isso deve ser transformado em
processo de pesquisa, criação e composição em dança. Esta também auxilia a percepção dos
alunos das relações estabelecidas com o seu corpo e com o do colega, da diferença do
movimento quando trabalha sozinha e quando o faz com o outro ou com o grupo, da troca de
idéias e opiniões, do conhecimento compartilhado e as relações- temporais.
Eu utilizei estilos livres de dança, que permitiu que as alunas mostrassem um
número ilimitado de movimentos e na combinação destes surgiram passos e gestos que foram
estimulados e dirigidos para a finalidade da aula. O conhecimento dos passos, da coordenação
motora e harmonia natural demonstrada pelas alunas foram utilizados para os propósitos
recreativos e educacionais porque o conteúdo da dança também pode ser trabalhado na
perspectiva de educar o movimento na sua forma o mais livre possível.
Com esta oficina, pude perceber que o interesse das alunas pelo ensino melhorou,
como se através das atividades de dança na escola, as alunas tivessem reencontrado o prazer de
estar no CEU.
A dança também possibilitou que as alunas trabalhassem a sua agressividade, pois
quem faz atividade física recebe vários benefícios, dentre eles a possibilidade de conseguir
aliviar as tensões, o stress, evitando que isso seja gerada de forma negativa atacando outras
pessoas, pois eu tinha alunas que quando começaram as aulas eram alunas um pouco agressivas,
e que de certa forma queriam manipular o grupo e ser o centro das atenções, mas aos poucos fui
conversando e mostrando a elas a dança de forma atraente que hoje as mesmas, podem ser
vistas como grandes participantes das aulas.
A Dança pode estimular a criatividade expressiva e produtiva, quando se quer
incentivar a aluna a encontrar suas próprias idéias. A formação da criatividade nas aulas de
dança e, assim verdadeiramente, a Educação necessária, para uma melhor alfabetização motora.
Nas aulas, eu desenvolvia estratégias lúdicas para fazer as crianças se mexerem.
Sempre recorri às brincadeiras infantis e à contação de histórias. “Não adianta trazer a
coreografia pronta”, as alunas sempre querem participar da criação e com o desenrolar da aula,
elas descobriam os tipos de movimentos que sabiam fazer.
Com o decorrer do semestre, procurei unir a cultura popular à consciência corporal
nas aulas. Há algum tempo, percebi que podia associar alguns exercícios de danças típicas,
introduzi um pouco da dança folclórica.
35
Durante um mês, as alunas desenharam com o corpo figuras geométricas no espaço,
imitaram objetos e animais, deixei-as a trabalhar com a espontaneidade incorporando a música
que normalmente as crianças escolhiam.
O conteúdo deste curso procurou ser, o mais variado possível trabalhando ritmos,
danças folclóricas, desenvolvimento motor, atividades rítmicas e noções básicas de movimento.
Eu senti alguma dificuldade no início dos trabalhos para colocar na cabeça das
crianças que as aulas de dança não se resumiam em uma coreografia para apresentação de final
de ano, que a cada dia podíamos aprender coisas novas e trabalhar o corpo como um todo.
Nas aulas pude estimular a criatividade expressiva e produtiva das alunas, e
procurei fazer com que as mesmas encontrassem suas próprias idéias, ao mesmo tempo em que
tentei ser amiga e motivar, animar, orientar e auxiliar através de ações mentais e corporais,
trabalhando a agressividade e a falta de concentração delas, geradora da maioria dos conflitos,
para que possam, assim, expandir sua criatividade.
Os exercícios naturais sempre estiveram presentes nas aulas, pois trabalham a
exploração da capacidade espontânea da comunicação e a tentativa de aproximação natural e
autêntica, através do movimento, permitindo-lhe a própria expressão e estilo.
A Dança através do movimento faz com que as alunas busquem a integração,
melhor relacionamento, acompanhada na maioria das vezes da afetividade. Ajuda a empregar o
sentimento de agrado, a despertar as percepções sensíveis e as e mais percepções físicas de si.
Pude observar que os alunos que freqüentavam a minha oficina, tiveram uma
mudança de comportamento, pois o número de faltas diminuiu razoavelmente, e a participação
destes alunos em outras atividades promovidas pelo CEU (festas, semanas culturais e
cientificas, gincanas e etc), começou a ser mais efetivas. Acredito que isso se deva, pelo fato do
aluno ter reencontrado o prazer de estar no CEU.
No final do ano montamos um espetáculo, com várias apresentações e estilos de
músicas e ritmos. O s pais adoraram e todos que vinham conversar comigo, dizia que seus
filhos tiveram uma melhora no só no comportamento em casa, mas também na escola.
Um dos poucos aspectos negativo, mas que de suma importância foi à
descontinuação do trabalho muito precoce, não sei dizer se por falta de verba ou algum trâmite
legal, mas o corte do projeto segundo tempo, fez muita falta às crianças que já estavam
acostumadas com as mais diversas oficina.
36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em mente que a dança faz parte da vida humana desde os tempos primitivos e
que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, pude verificar que esta atividade
proporciona o desenvolvimento de um caráter participativo das alunas, pois, quando utilizada
como processo de aprendizagem, motiva a participação de todo o grupo, potencializando as
qualidades individuais e coletivas.
Vimos que a Dança trabalha com as formas de representação e compreensão do
mundo expressas pelo corpo, portanto, eu quanto professora, devo ampliar o repertório gestual,
de maneira a capacitar o corpo para o movimento, possibilitando sentido e organização às suas
potencialidades.
No entanto, não basta colocar uma música e pedir que as alunas reproduzam uma
dança qualquer da moda. Como qualquer outra atividade, é preciso que a dança tenha um
significado na aprendizagem. E, para isso, temos que planejar antecipadamente o que iremos
fazer e definir seus objetivos com clareza, para que a utilização da dança não caia na banalidade
No decorrer das aulas, fiz várias avaliações, estas somativas, e pude perceber que
houve uma melhor interação entre as alunas e também com a sua realidade local, ou seja, na
comunidade em que vive. Pude perceber uma melhora na auto-estima de algumas alunas, que
chegaram ao projeto retraídas e sem perspectiva de melhora.
A qualidade de vida e uma melhora nas condições de saúde podiam ser vistas entre
as participantes deste projeto, pois houve uma diminuição nas faltas às aulas por motivo de
saúde.
A Dança, até bem pouco tempo, restringia-se somente às academias e escolas
especializadas, onde somente aqueles com mais destreza, capacidade inata e maior poder
aquisitivo participavam ativamente. A partir da introdução no Projeto Segundo Tempo, todas as
alunas tiveram a oportunidade de participar efetivamente.
Acredito que o papel do professor que ensina dança é estimular e incentivar seus
alunos para que utilizem suas próprias idéias e esforços na criação de movimentos harmônicos
e, em conjunto, desenvolver coreografias adequadas que permitam completar o impulso natural
das crianças e ampliar sua capacidade de integração social.
Pude observar que após a introdução do Projeto Segundo Tempo no CEU Casa
Blanca, houve impactos expressivos nas participantes como: melhoria do rendimento escolar,
pois as alunas não faltavam às aulas e conseqüentemente nas oficinas também, aumento do
37
número de praticantes de atividades esportivas educacionais e perceber o corpo como
linguagem, veículo de manifestações, expressão e comunicação.
Fica claro que a questão da educação corporal não é de responsabilidade exclusiva
das aulas de Educação Física, nem de dança ou de expressão corporal. O corpo está em
constante desenvolvimento e aprendizado. Possibilitar ou impedir o movimento da criança e do
adolescente na escola; oferecer ou não oportunidades de exploração e criação com o corpo;
despertar ou reprimir o interesse pela dança no espaço escolar, servir ou não de modelo de uma
forma ou de outra, estamos educando corpos.
Nós somos nosso corpo. Toda educação é educação do corpo. A ausência de uma
atividade corporal também é uma forma de educação: a educação par ao não-movimento-
educação para a repressão. Em ambas as situações, a educação do corpo está acontecendo. O
que diferencia uma atitude da outra é o tipo de indivíduo que estaremos formando. Cabe agora a
cada um de nós fazer a reflexão.
A dança escolar é uma questão de acompanhamento técnico e planejamento, da
formação do profissional que a ministra, a quem deve ser ensinada e de que maneira isso deve
ser feito. Uma prática pedagógica adequada ao ensino da dança nas escolas.
“Percebemos que os momentos mais
profundamente emocionantes de nossas vidas
em geral nos deixam sem palavras e que, em tais
momentos nossa postural corporal pode bem ter
a capacidade de expressar algo que seria
inexprimível de outro modo”. (LABAN, 1978).
38
REFERÊNCIAS
BERGE, Yvonne. Danza Ia vida (EI movimiento natural una autoeducacion). Buenos Ayres:
Nacea, 1988.217 p.
FREIRE, J.B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física, São Paulo.
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ANEXOS
1. Mapa de localização dos CEUs
CEU CASA BLANCA
ENDEREÇO: RUA JOAO DAMASCENO, Nº: 85
BAIRRO: VILA DAS BELEZAS CEP: 05841160
DISTRITO: JARDIM SAO LUIS
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Figura 2 APRESENTAÇÃO DA TURMA DE 07 A 09 ANOS NO ANIVERSÁRIO DO CEU
Figura 3 APRESENTAÇÃO DA TURMA DE 10 A 14 ANOS NO ANIVERSÁRIO DO CEU