AS ALEGORIAS DE SARA -...

AS ALEGORIAS DE

SARA e AGAR

C. H. SPURGEON

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Traduzido do original em Inglês

The Allegories of Sarah and Hagar — Sermon Nº 69

The New Park Street Pulpit — Volume 2

By C. H. Spurgeon

Via: SpurgeonGems.org

Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Abril de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de

Emmett O’Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-

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As Alegorias de Sara e Agar (Sermão Nº 69)

Um sermão pregado na manhã de Sabath, 2 de março de 1856.

Por C. H. Spurgeon, em New Park Street Chapel, Southwark.

“Estas são as duas alianças.” (Gálatas 4:24)

Não pode haver uma diferença maior no mundo entre duas coisas do que há entre a Lei e

a Graça. E, no entanto, por estranho que pareça, enquanto as coisas são diametralmente

opostas e, essencialmente, diferentes uma da outra, a mente humana é tão depravada e o

intelecto, mesmo quando abençoado pelo Espírito, tornou-se tão desviado do julgamento

correto, que uma das coisas mais difíceis do mundo é discernir corretamente entre a Lei e

a Graça. Aquele que conhece a diferença — e sempre lembra-se da diferença essencial

entre a Lei e a Graça — compreendeu a essência da Divindade. Não está longe de com-

preender o tema do Evangelho em todas as suas ramificações, as suas saídas e seus ra-

mos, aquele que pode corretamente dizer a diferença entre a Lei e a Graça! Há sempre em

uma ciência, uma parte que é muito simples e fácil quando a temos aprendido, mas que,

no início, ergue-se como um limiar elevado diante do pórtico. Agora, a primeira dificuldade

em se esforçar para compreender o Evangelho é esta: entre a Lei e a Graça há uma dife-

rença bastante clara a todos os Cristãos e, especialmente, a todos os iluminados e instruí-

dos. Todavia, ainda assim, quando mais esclarecidos e instruídos, há sempre uma tendên-

cia em nós para confundirmos as duas coisas. Elas são tão opostas como a luz e as trevas

e não podem concordar mais do que o fogo e a água. Contudo, o homem estará perpetua-

mente se esforçando para fazer uma combinação delas, muitas vezes por ignorância e às

vezes voluntariamente. Eles procuram misturar as duas, quando Deus positivamente as

estabelece separadamente!

Procuraremos, nesta manhã, ensinar-lhes algo sobre as alegorias de Sara e Agar, de modo

que possam, assim, entender melhor a diferença essencial entre os Pactos da Lei e da Gra-

ça. Nós não nos aprofundaremos no tema, mas devemos apenas ter uma ilustração disso,

de acordo com o que que fornece o nosso texto. Em primeiro lugar, eu quero que vocês

observem as duas mulheres que Paulo usa como tipos: Agar e Sara. Depois, eu observarei

os dois filhos: Ismael e Isaque. Em terceiro lugar, observarei a conduta de Ismael para com

Isaque. E concluirei observando os diferentes destinos dos dois.









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I. Em primeiro lugar, nós convidamos vocês a observarem AS DUAS MULHERES: Agar e

Sara. Diz-se que elas são os tipos dos dois Pactos. E, antes de começarmos, não podemos

esquecer de dizer o que os Pactos são. O primeiro pacto em que Hagar está, é o Pacto de

Obras, que é este: “Aqui está a Minha Lei, ó homem. Se você, de sua parte, se comprometer

em guardá-la, Eu, de Minha parte, Me engajarei que você viverá por obedecê-la. Se você

se comprometer em obedecer os Meus comandos perfeita, totalmente e completamente,

sem uma única falha, Eu vou levá-lo para o Céu. Mas, observe-Me, se você violar um único

comando, se você se rebelar contra um único decreto, Eu vou destruí-lo para sempre”. Esse

é o Pacto de Agar, o Pacto proposto no Sinai, em meio a tempestades, fogo e fumaça; ou

melhor, proposto, em primeiro lugar, no Jardim do Éden, onde Deus disse a Adão: “...porque

no dia em que dela comeres, certamente morrerás” [Gênesis 2:17]. Enquanto ele não co-

meu da árvore, mas manteve-se sem mancha e sem pecado, ele tinha toda a certeza de

viver. Esse é o Pacto da Lei, a Aliança de Agar.

O Pacto de Sara é o Pacto da Graça ou a Aliança Eterna, não feito com Deus e homem,

mas feito com Deus e Cristo Jesus, cuja Aliança é esta: “Cristo Jesus, de Sua parte, com-

promete-Se a suportar a penalidade pelos pecados de todo o Seu povo, morrer, pagar as

dívidas deles, tomar as suas iniquidades sobre os Seus ombros. E o Pai promete, de Sua

parte, que todos por quem o Filho morre devem seguramente ser salvos! Considerando que

eles têm corações maus, Ele colocará a Sua Lei em seus corações, para que nunca se

desviem dEle e, vendo que eles têm pecados, Ele os perdoará e não mais Se lembrará

deles para sempre”. Os Pactos de Obras eram: “Faça isso e viva, ó homem!”; mas o Pacto

da Graça é: “Faça isso, ó Cristo e viverás, ó homem!”. A diferença dos Pactos repousa aqui:

um foi feito com o homem, o outro com Cristo. Um era um Pacto condicional, condicionado

à posição de Adão, o outro é um Pacto condicional com Cristo, mas mui perfeitamente in-

condicional para conosco! Não há condições, quaisquer que sejam, no Pacto da Graça, ou

se houver condições, o Pacto lhes concede. O Pacto da Graça concede a fé, dá o arrepen-

dimento, dá as boas obras, dá a salvação como um ato incondicional e puramente gratuito!

Nem a nossa continuidade nesse Pacto depende, no mínimo grau, de nós mesmos. O Pacto

foi feito por Deus com Cristo, assinado, selado e ratificado, em todas as coisas bem orde-

nado!

Agora venham e olhem para a alegoria. Em primeiro lugar, eu gostaria que vocês percebes-

sem que Sara, que é o tipo do novo Pacto da Graça, era a esposa original da Abraão. Antes

que ele tivesse qualquer relacionamento com Agar, Sara era a sua esposa. O Pacto da

Graça era a aliança original, afinal. Há alguns maus teólogos que ensinam que Deus fez o

homem reto e fez um pacto com ele. Que o homem pecou e que, como uma espécie de

pensamento posterior, fez uma nova aliança com Cristo para a salvação de Seu povo.









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Agora, isso é um erro completo! O Pacto da Graça foi feito antes do Pacto de Obras. Pois,

Jesus Cristo, antes da fundação do mundo, permaneceu como seu Cabeça e Represen-

tante. E nós somos ditos ser eleitos segundo a presciência de Deus, o Pai, por meio da

obediência e aspersão do sangue de Jesus. Nós, muito antes de cairmos, éramos amados

de Deus! Ele não nos ama por sentir pena de nós, mas Ele amou o Seu povo, considerados

puramente como criaturas. Ele os amava quando se tornaram pecadores, mas quando Ele

começou com eles, Ele considerou-os como criaturas. Ele permitiu-lhes cair em pecado

para manifestar as riquezas da Sua graça, que existiam antes de seu pecado. Ele não os

amou e os escolheu entre os demais após a sua queda, mas amou-os para além do seu

pecado e antes de seu pecado! Ele fez o Pacto da Graça antes que caíssem pelo Pacto de

Obras. Se vocês pudessem voltar para a eternidade e perguntar qual dos dois nasceu pri-

meiro, vocês ouviriam que a Graça nasceu antes da Lei, que ela veio ao mundo muito antes

que a Lei fosse promulgada. Mais velha, ainda, que os princípios fundamentais que orien-

tam nossa moral é aquela grande rocha fundamental da Graça, no Pacto feito no passado,

muito antes que os profetas pregassem a Lei e muito antes do Sinai fumegante. Muito antes

que Adão estivesse no Jardim, Deus havia ordenado o Seu povo para a vida eterna, de

modo que seriam salvos por meio de Jesus Cristo!

Observe a seguir que embora Sara era a esposa mais velha, ainda assim Agar deu o primei-

ro filho. Assim, o primeiro homem, Adão, era o filho de Agar. Embora tenha nascido perfeita-

mente puro e imaculado, ele não era o filho de Sara, quando ele estava no Jardim. Agar

teve o primeiro filho. Ela deu à luz a Adão, que viveu por um tempo sob o Pacto de Obras.

Adão viveu no Jardim sobre este princípio. Os pecados de comissão seriam a sua queda.

E se ele não cometesse o pecado, então ele deveria permanecer para sempre. Adão tinha

inteiramente em seu próprio poder a possibilidade de obedecer ao não a Deus; a sua

salvação, então, descansava simplesmente com base nisso: “Se você tocar nesse fruto,

você morrerá. Se você obedecer à Minha ordem e não tocá-la, você viverá”. E Adão, perfeito

como ele era, era apenas um Ismael e não um Isaque, até depois de sua queda. Aparente-

mente, de qualquer forma, ele era um Agareno, embora secretamente, no Pacto da Graça,

ele poderia ter sido um filho da promessa. Bendito seja Deus, não estamos agora sob Agar!

Nós não estamos debaixo da Lei, visto que Adão caiu. Agora Sara deu à luz filhos. A Nova

Aliança é: “A mãe de todos nós”.

Mas aviso novamente, Agar não se destinava a ser uma esposa. Ela nunca deveria ter sido

qualquer coisa, senão uma serva para Sara. A Lei nunca foi destinada a salvar os homens,

ela foi projetada somente para ser uma serva para o Pacto da Graça. Quando Deus entre-

gou a Lei no Sinai, estava longe de Suas ideias que qualquer homem viesse a ser salvo por

ela. Ele nunca concebeu que o homem atingiria a perfeição por ela. Mas vocês sabem que









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a Lei é uma serva maravilhosa para a Graça. Quem nos trouxe até o Salvador? Não foi a

trovejante Lei em nossos ouvidos? Nós nunca teríamos chegado a Cristo, se a Lei não nos

conduzisse até ali! Nós nunca teríamos conhecido o pecado, se a Lei não o houvesse reve-

lado. A Lei é serva de Sara para varrer nossos corações e fazer o pó voar, para que pos-

samos clamar pela aspersão do sangue, para que o pó seja depositado no chão. A Lei é,

por assim dizer, o cachorro de Jesus Cristo, para ir atrás de Suas ovelhas e trazê-las para

o Pastor. A Lei é o raio que assusta homens ímpios e se voltarem do erro de seus caminhos

e buscar a Deus! Ah, se soubermos retamente como usar a Lei, se entendermos como

colocá-la em seu devido lugar e fazê-la obediente à sua senhora, então tudo estará bem.

Mas esta Agar sempre estará pretendendo ser senhora, bem como Sara. E Sara nunca

permitirá isso, mas estará certa de tratá-la com dureza e expulsá-la. Devemos fazer o mes-

mo! E não deixe ninguém murmurar de nós se nós tratarmos a Agarena duramente nestes

dias, se nós, por vezes, falamos coisas duras contra aqueles que estão confiando nas obras

da Lei. Citaremos Sara como um exemplo. Ela tratou Agar duramente, e assim nós o fare-

mos. Queremos indicar que Agar fuja para o deserto, não queremos ter nada a ver com ela.

No entanto, é muito notável que tão rude e mal-afeiçoada como Agar é, os homens têm

sempre um amor maior por ela do que eles têm por Sara, e eles estão propensos a estar

continuamente clamando: “Agar, você deve ser minha senhora”, em vez de dizer: “Não,

Sara, eu serei o seu filho e Agar será escrava”. O que é a Lei de Deus agora? Ela não está

acima do Cristão, ela está sob o Cristão. Alguns homens sustentam a Lei de Deus como

uma vara de terror sobre os Cristãos e dizem: “Se você peca, você será punido com ela”.

Não é assim! A Lei está debaixo de um Cristão. É para ele andar sobre ela, para ser seu

guia, sua regra, seu padrão. “Nós não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça”

[Romanos 6:14-15]. A Lei é o caminho que nos guia, não a vara que nos move, nem o es-

pírito que nos mobiliza! A Lei é boa e excelente se ela mantém seu lugar. Ninguém encontra

falha com a escrava, porque ela não é a esposa, e ninguém deve desprezar Agar, porque

ela não é Sara. Se ela houvesse apenas se lembrado de seu ofício, tudo estaria bem e sua

senhora nunca a teria expulsado. Nós não desejamos conduzir a Lei para fora das Capelas,

enquanto ela é mantida em sua posição correta. Mas quando ela está posta como senhora,

então, fora com ela, não teremos nada a ver com o legalismo!

Novamente, Agar nunca foi uma mulher livre e Sara nunca foi uma escrava. Então, amados,

o Pacto de Obras nunca foi livre e nenhum de seus filhos alguma vez o foram. Todos aque-

les que confiam em obras nunca são livres e nunca serão, mesmo que pudessem ser perfei-

tos em boas obras. Mesmo se eles não tivessem pecado, ainda assim, eles são escravos

de obrigações, pois quando tivermos feito tudo o que devemos fazer, Deus não é nosso

devedor, antes nós ainda somos devedores a Ele e ainda permanecemos como escravos.

Se eu pudesse guardar toda a Lei de Deus, eu não teria direito ao favor, por que eu não









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teria feito mais do que era o meu dever e ainda seria um escravo! A Lei é o senhor mais

rigoroso do mundo, nenhum homem sábio amaria o seu serviço. Pois, depois de tudo o que

você fez, a Lei nunca lhe dá um “obrigado” por isso, mas diz: “Vá em frente, senhor, conti-

nue!”. O pobre pecador tentando ser salvo pela Lei é como um cavalo cego rodando em

volta de um moinho e nunca avançando para mais longe, mas apenas sendo chicoteado

continuamente. Quanto mais rápido ele segue, mais trabalho ele faz e quanto mais ele está

cansado, tanto pior é para ele! Por mais santo que um homem possa ser, se ele confia em

suas obras, e pode muito mais permanecer seguro de sua própria rejeição final e de sua

porção eterna com os fariseus. Agar era uma escrava; Ismael, moral e bom como ele foi,

era apenas um escravo e nunca poderia ser mais do isso. Nem todas as obras que ele ha-

via realizado para ao seu pai poderiam fazer-lhe um filho nascido livre! Sara nunca foi uma

escrava. Ela poderia, por vezes, ser feita prisioneira por Faraó, mas ela não era uma escra-

va, mesmo assim! Seu marido poderia, por vezes, negar-lhe, mas ela ainda era a sua espo-

sa, ela logo foi reconhecida por seu marido e Faraó rapidamente foi obrigado a mandá-la

de volta. Assim, o Pacto da Graça pode parecer em perigo e o seu representante poderia

clamar: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice”. Mas ele nunca esteve em perigo

real. E, às vezes, as pessoas sob o Pacto da Graça podem parecer ser cativas e escravas.

Mas, contudo, elas são livres. Oh, que nós saibamos como estar “firmes na liberdade com

que Cristo nos libertou” [Gálatas 5:1].

Mais um pensamento. Agar foi expulsa, assim como seu filho. Mas Sara nunca foi. Assim,

o Pacto de Obras deixou de ser um Pacto. Não somente as pessoas que confiavam nele

foram lançadas fora, não simplesmente Ismael foi expulso, mas a mãe de Ismael também!

Assim, o legalista pode não somente conhecer a si mesmo como estando condenado, mas

a Lei como um Pacto que deixou de existir, pois, ambos, a mãe e o filho são expulsos pelo

Evangelho e aqueles que confiam na Lei são mandados embora por Deus. Você pergunta

hoje, quem é a esposa de Abraão? Ora, Sara, ela não dorme lado a lado com o marido na

cova de Macpela neste instante? Lá, ela se encontra e se ela estiver ali por mil anos, ela

ainda será a esposa de Abraão, enquanto Agar nunca o será! Ah, como é doce pensar que

o Pacto feito no passado foi em todas as coisas bem ordenado e nunca, nunca será alte-

rado! “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo

uma aliança eterna, que em tudo será bem ordenado e guardado” [2 Samuel 23:5]. Ah, vo-

cês legalistas, eu não me admiro que vocês ensinem a doutrina da apostasia, porque isso

é consistente com a sua teologia! É evidente que Agar deve ser expulsa, e Ismael também.

Mas nós que pregamos o Pacto da livre e a plena salvação sabemos que Isaque nunca se-

rá expulso e que Sara nunca deixará de ser a amiga e esposa de Abraão. Vocês, Agarenos!

Vocês, cerimonialistas! Vocês, hipócritas! Vocês, formalistas! De que utilidade será, quando

finalmente, vocês dirão: “Onde está a minha mãe? Onde está a minha mãe, a Lei?”. Oh,









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ela é expulsa, e vocês deverão ir com ela para o esquecimento eterno! “Mas onde está a

minha mãe?”, o Cristão pode dizer, por fim, e será dito: “Aqui está a mãe dos fiéis, a

Jerusalém que é de cima, a mãe de todos nós. E nós entraremos nela, e habitaremos com

o nosso Pai, e nosso Deus”.

II. Agora, vamos examinar os DOIS FILHOS. Enquanto as duas mulheres eram tipos dos

dois Pactos, os dois filhos eram tipos de quem vive sob cada Pacto. Isaque é um tipo do

homem que caminha pela fé e não pela vista, e que espera ser salvo pela graça. Ismael,

do homem que vive pelas obras, e espera ser salvo por suas próprias boas obras. Vejamos

estes dois.

Primeiro. Ismael é o mais velho. Então, amados, o legalista é muito mais velho do que o

Cristão. Se eu fosse um legalista, hoje, eu seria cerca de 15 ou 16 anos mais velho do que

eu, como Cristão, pois todos somos nascidos legalistas. Falando sobre os Arminianos, Whi-

tefield disse: “Todos nós nascemos Arminianos. É a graça que nos transforma em Calvinis-

tas! É a graça que faz de nós, Cristãos; a graça nos torna livres, e nos faz conhecer a nossa

posição em Cristo Jesus”. Deve ser esperado, então, que o legalista tenha mais força de

argumento do que Isaque. E quando os dois meninos estão lutando, é claro que Isaque

geralmente cai, pois Ismael é o irmão maior. E você deve esperar ouvir Ismael fazendo o

maior barulho, pois ele deve ser um homem selvagem, sua mão contra todos os homens e

a mão de todos contra ele. Ao passo que, Isaque é um rapaz tranquilo. Ele sempre perma-

nece por sua mãe e quando ele é ridicularizado, ele pode ir e dizer à sua mãe que Ismael

zombou dele, mas isso é tudo o que ele pode fazer, ele não tem muita força. Então vocês

percebem atualmente: os ismaelitas são geralmente mais fortes e eles podem nos fazer

cair desesperados quando entramos em discussões com eles. Na verdade, é a glória e jac-

tância deles que os Isaques não têm muito poder de raciocínio, nem muita lógica. Não, Isa-

que não precisa disso, porque ele é um herdeiro segundo a promessa; e promessa e lógica

não são muito consistentes entre si. Sua lógica é a sua fé, sua retórica é a sua sinceridade.

Nunca espere que o Evangelho seja vitorioso quando você está disputando à maneira dos

homens, mais usualmente parece ser abatido. Se você estiver discursando com um lega-

lista e ele o vence, diga: “Ah, eu esperava por isso, isso mostra que eu sou um Isaque, pois

Ismael certamente golpeará Isaque e eu não estou nada pesaroso por isso. Seu pai e sua

mãe estavam no auge da vida e eram fortes. E era natural que você me superasse, pois o

meu pai e minha mãe eram pessoas muito velhas”.

Mas onde estava a diferença entre os dois rapazes em sua aparência exterior? Não havia

diferença entre eles quanto às ordenanças, pois ambos eram circuncidados. Não havia dis-









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tinção no que diz respeito aos sinais externos e visíveis. Portanto, meus amados, muitas

vezes não há diferença entre Ismael e Isaque, entre o legalista e o Cristão, em matéria de

cerimônias exteriores. O legalista toma o sacramento e é batizado. Ele estaria com medo

de morrer se não o fizesse. E eu não acredito que havia muita diferença quanto ao caráter.

Ismael era um homem quase tão bom e honrado quanto Isaque. Não há nada dito contra

ele nas Escrituras. Na verdade, sou levado a crer que ele era um bom rapaz, especialmente,

a partir do fato de que quando Deus deu uma bênção, Ele disse: “Com Isaque será a bên-

ção”. Abraão disse: “Quem dera que viva Ismael diante de teu rosto!”. Ele clamou a Deus

por Ismael porque ele amava o rapaz, sem dúvida, por sua disposição! Deus disse: “E quan-

to a Ismael... eis aqui o tenho abençoado... doze príncipes gerará”, ele terá bênçãos tempo-

rais. Mas, Deus não quis desviar-Se, até mesmo pela oração de Abraão. E quando Sara foi

bastante severa, já que ela deve ter sido no dia em que ela expulsou Agar de casa, diz-se:

“E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho”. E eu não

suspeito que o afeto de Abraão era sem razão. Há um traço do caráter de Ismael que você

ama muito. Quando Abraão morreu, ele não deixou a Ismael um único pedaço de pau ou

pedra, pois ele previamente havia dado a sua parte e mandando-o embora. No entanto, Is-

mael veio para o funeral de seu pai, pois é dito que seus filhos, Ismael e Isaque, sepultaram-

no em Macpela. Parece, portanto, ter havido apenas pouca diferença nas características

dos dois. Então, amados, há pouca diferença entre o legalista e o Cristão quanto ao cami-

nhar exterior. Ambos são filhos visíveis de Abraão. Não há uma distinção de vida. Porque

Deus permitiu que Ismael fosse tão bom quanto Isaque, a fim de mostrar que não era a

bondade do homem que fazia qualquer distinção, mas que Ele “terá misericórdia de quem

Ele tiver misericórdia, e se compadecerá de quem Ele se compadecer”.

Então, qual era a distinção? Paulo disse-nos que o primeiro nasceu segundo a carne e o

outro, segundo o Espírito. O primeiro era um filho natural, o outro um espiritual. Pergunte

ao legalista: “Você faz boas obras. Você se arrependeu, você diz: você está guardando a

lei e você não tem necessidade de se arrepender. Agora, de onde você conseguiu a sua

força?”, talvez, ele diga: “Graça”. Mas se você perguntar a ele o que ele quer dizer, ele diz

que ele a usou. Ele tinha graça, mas ele a usou. “Então, a diferença é que você usou a sua

graça e outros não”, “Sim”. Bem, então, é a sua própria obra. Você pode chamar isso de

graça, ou você pode chamá-lo de mostarda. Não era graça, afinal de contas, pois foi o seu

uso, você diz, que fez a diferença! Mas pergunte ao pobre Isaque como ele guardou a Lei

e o que ele diz? “Muito mal, de fato”. Você é um pecador, Isaque? “Oh, sim, um extrema-

mente grande. Me rebelei contra o meu pai por vezes sem número. Tenho muitas vezes me

desviado dEle”. Então, você não acha de si mesmo que é tão bom como Ismael, não é?

“Não”. Mas ainda há uma diferença entre você e ele, afinal. O que fez a diferença? “Ora, a

graça fez-me diferente”. Por que Ismael não é um Isaque? Ismael poderia ter sido um Isa-









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que? “Não”, diz Isaque, “foi Deus quem me fez ser diferente, desde o princípio até ao fim.

Ele fez de mim um filho da promessa antes que eu nascesse, e Ele deve me manter assim”:

“A graça deve todo o trabalho coroar,

Ao longo de dias eternos.

Ela estabelece no Céu a pedra mais alta,

E bem merece o louvor.”

Isaque tem realmente mais boas obras. Ele não permanece secundário a Ismael. Quando

ele é convertido, ele trabalha, se é possível, para servir o seu Pai muito mais do que o lega-

lista faz ao seu senhor. Mas, ainda assim, sem dúvida, se vocês tivessem que ouvir os seus

dois relatos, vocês ouviriam Isaque dizer que ele era um pobre miserável pecador, enquanto

Ismael faria de si mesmo um mui honroso cavalheiro Fariseu! A diferença não está nas

obras, mas nos motivos. Não na vida, mas nos meios de sustentar a vida, não no que fazem,

tanto como na forma como eles o fazem. Aqui, então, está a diferença entre alguns de vo-

cês. Não que vocês legalistas são piores do que os Cristãos. Vocês podem ser muitas ve-

zes melhores em suas vidas e ainda assim vocês podem estar perdidos! Vocês se queixam

disso como injusto? Nem um pouco! Deus diz que os homens devem ser salvos pela fé, e

se você diz: “Não, eu serei salvo pelas obras”, você pode tentar isso, mas você estará per-

dido para sempre! É como se você tivesse um servo e você dissesse: “João, vá e faça uma

coisa tal e tal no estábulo”, mas ele vai embora e faz o inverso e, em seguida, diz: “Senhor,

eu tenho feito isso muito bem”. “Sim”, você diz, “mas isso não é o que eu lhe disse para

fazer”. Então, Deus não lhe disse para operar a sua salvação pelas boas obras. Mas Ele

disse: “operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós

tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. Então, quando você chegar

diante de Deus com as suas boas obras, Ele dirá: “Eu nunca disse para você fazer isso. Eu

disse: Creia no Senhor Jesus Cristo e seja batizado e você será salvo”. “Ah”, você diz: “Eu

pensei que o outro caminho era muito melhor”. Senhor, você estará perdido por seus pen-

samentos! “Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a

justiça?”, quando Israel, que buscava a justiça não a alcançou? Isso é “porque não foi pela

fé, mas como que pelas obras da lei”.

III. Agora, falarei brevemente uma ou duas palavras acerca da conduta de ISMAEL EM

RELAÇÃO A ISAQUE. É dito que Ismael zombou de Isaque. Alguns de vocês, queridos fi-

lhos de Agar, não têm se sentido extremamente irritados quando ouviram esta doutrina?

Vocês disseram: “É terrível! É horrível! É muito injusto, que eu seja tão bom quanto eu pu-

der, e ainda assim se eu não sou um filho da promessa, eu não posso ser salvo! É realmente









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horrível! É uma doutrina imoral, ela produz muitos danos e deve ser combatida”. Claro! Isso

mostra que você é um Ismael. É evidente que Ismael zomba de Isaque e não precisamos

de mais nenhuma explicação. Sempre que a pura soberania de Deus é pregada, onde

afirma-se que o filho da promessa e não o filho da carne, é o herdeiro, o filho da carne sem-

pre murmura contra isso! O que disse Ismael a Isaque? “Que negócio você tem aqui? Eu

não sou o filho mais velho de meu pai? Eu teria tido toda a propriedade, se não fosse por

você. Você está acima de mim?”. As conversações dos legalistas são assim. “Deus não é

o pai de todo mundo? Não somos todos Seus filhos? Ele não deve fazer nenhuma diferen-

ça”. Ismael disse: “Eu não sou tão bom quanto você? Eu não sirvo ao meu pai também?

Quanto a você, você sabe que é o favorito de sua mãe, mas minha mãe é tão boa quanto

a sua”. E assim, ele gracejou e zombou de Isaque. Isso é exatamente como vocês, Armini-

anos, lidam com a salvação gratuita. O legalista diz: “Eu não vejo isso, eu não posso tê-lo

e eu não o desejo. Se nós dois somos iguais em caráter, não pode ser justo que uma pessoa

seja perdida e as demais salvas”. E assim ele zomba da livre graça. Você pode prosseguir

muito facilmente se você não prega a livre graça mui plenamente, mas se você se atreve a

falar sobre aquelas coisas que são desagradáveis para a multidão, o que as pessoas dirão?

Eles o chamam de “iscas” para a popularidade (Veja o jornal chamado “FREEMAN”); pou-

cos peixes, no entanto, mordem essas iscas! A maioria dos homens dizem: “Eu o odeio, eu

não posso suportá-lo! Ele é tão desamoroso”. Você diz que pregamos isso para ganhar po-

pularidade!? Ora, isso é, sobre a superfície da mesma, uma mentira explícita! Pois a doutri-

na da soberania de Deus será sempre impopular, os homens sempre a odeiam e rangem

os dentes, assim como eles fizeram quando Jesus a ensinou! Muitas viúvas, disse Ele, exis-

tiam em Israel, mas a nenhuma delas o profeta foi enviado, a não ser para uma viúva de

Sarepta. E havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão aquele

que veio de longe, da Síria. Que boa popularidade o nosso Salvador obteve por este ser-

mão! As pessoas rangeram os dentes para Ele e toda a popularidade que Ele teve foi a de

ser empurrado de um precipício, a partir da qual, diz-se, que O teriam lançado de cabeça.

Mas Ele passou dentre eles e saiu. O quê? Popular por humilhar o orgulho de um homem,

abolir sua posição e fazê-lo se encolher diante de Deus como um pobre pecador? Não, ela

nunca será popular até que os homens nasçam anjos e todos os homens amem o Senhor,

e isso jamais será exatamente assim, eu suponho.

IV. Mas nós temos que perguntar o que aconteceu com os dois filhos?

Em primeiro lugar, Isaque tinha toda a herança, e Ismael nenhuma. Não que Ismael saiu

miseravelmente, pois ele tinha muitos dotes e tornou-se muito rico e grande neste mundo.

Mas ele não tinha herança espiritual. Assim, o legalista terá muitas bênçãos, como recom-









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pensa por sua legalidade. Ele será respeitado e honrado. “Na verdade”, disse Cristo, “os

fariseus já têm a sua recompensa”. Deus não rouba qualquer homem de sua recompensa.

O que o homem almeja, ele obtém. Deus paga aos homens tudo o que lhes é devido e mui-

to mais. E aqueles que guardam a Sua Lei, mesmo neste mundo, receberão grandes favo-

res. Ao obedecerem a ordem de Deus, eles não vão ferir seus corpos, como o vicioso e

eles vão preservar melhor a sua reputação, a obediência faz o bem neste mundo. Mas, en-

tão, Ismael não tinha nada da herança. Assim, você miserável legalista, se você está depen-

dendo de suas obras, ou em qualquer coisa, exceto da soberana livre graça de Deus para

a sua libertação da morte, você não tem sequer um pé da herança em Canaã! Naquele

grande dia em que Deus repartirá as porções de todos os filhos de Jacó, não haverá nenhu-

ma parte para você! Mas se você é um pobre Isaque, um miserável pecador tremente e

culpado, e se você diz: “Ismael tem as mãos cheias,

“Mas, nada em minhas mãos eu trago

Simplesmente à Tua cruz me agarro.”

Se você está dizendo, nesta manhã:

“Eu sou absolutamente um nada,

Mas Jesus Cristo é o meu Tudo em todos.”

Se você renuncia a todas as obras da carne e de fato confessa: “Eu sou o maior dos peca-

dores, mas eu sou o filho da promessa e Jesus morreu por mim”, você terá uma herança e

você não será roubado dela por todos os Ismaeis zombadores do mundo! Nem isso será

diminuído pelos filhos de Agar. Você pode, por vezes, ser vendido e levado para o Egito,

mas Deus trará os Seus Josés e Seus Isaques de volta e você ainda será exaltado à glória

e sentar-se-á à direita de Cristo! Ah, eu sempre pensei em que consternação haverá no in-

ferno quando homens exteriormente bons forem para lá. “Senhor”, diz alguém enquanto ele

entra: “devo entrar nesse calabouço repugnante? Não guardo o Sabath? Eu não era um

rigoroso Sabatista? Eu nunca amaldiçoei ou blasfemei em toda a minha vida. Devo ir para

lá? Eu paguei o dízimo de tudo que eu tinha e devo ser preso ali? Fui batizado! Eu tomei a

Ceia do Senhor. Eu era tudo de bom que alguma vez um homem poderia ser. É verdade,

eu não cria em Cristo. Mas eu não pensava que precisava de Cristo, pois eu achava que

era muito bom e muito honrado! E, eu devo ser preso ali?”, “Sim, senhor! E, entre os conde-

nados você terá esta preeminência: que você desprezou a Cristo acima de todos! Eles

nunca fizeram um anti-Cristo. Eles seguiram o pecado e assim você o fez, em sua medida,

mas você adicionou ao seu pecado o mais condenável dos pecados: você fez de si mesmo

um anti-Cristo e se inclinou e adorou a sua própria bondade imaginária!”. Então, Deus con-









13

tinuará a dizer ao legalista: “Em um desses dias eu ouvi você zombar de Minha soberania.

Eu ouvi você dizer que era injusto da Minha parte salvar o Meu povo e distribuir os Meus

favores segundo o conselho da Minha própria vontade. Você impugnou a justiça do seu

Criador, e você terá justiça em todo o seu poder”. O homem pensava que ele tinha uma

grande balança de seu lado, mas ele encontra que isso é apenas alguns grãozinhos de pó.

Mas, então, Deus mantém o imenso registro de seus pecados, com isso na parte inferior:

“Sem Deus, sem esperança, um estranho à comunidade de Israel”. O pobre homem, então,

vê que o seu pequeno tesouro não é metade de uma migalha, enquanto a grade conta de

Deus é dez mil milhões de talentos! E assim, com um brado terrível e um grito desesperado,

ele foge com todas as suas pequenas notas de mérito que ele esperava que o salvariam,

clamando: “Estou perdido! Estou perdido com todas as minhas boas obras! Eu pensava

que as minhas boas obras eram areias, mas meus pecados eram montanhas. E porque eu

não tinha fé, toda a minha justiça, era apenas hipocrisia caiada de branco”.

Agora, mais uma vez, Ismael foi mandado embora e Isaque foi mantido em casa. Portanto,

há alguns de vocês, quando o dia de provação vier para tentar a Igreja de Deus, apesar de

ter vivido na Igreja, bem como os outros, embora você tenha a máscara da profissão de fé

sobre você, você encontrará que ela não será útil! Você tem sido como o filho mais velho,

sempre que um pobre pródigo chegou na igreja, você disse: “Vindo, porém, este teu filho,

que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado”. Ah, le-

galista invejoso, você será finalmente banido da casa! Digo a vocês legalistas e formalistas,

que vocês não têm mais a ver com Cristo do que os pagãos têm e que embora vocês te-

nham sido batizados com o Batismo Cristão, embora vocês se sentem em uma mesa Cristã,

embora vocês ouçam um sermão Cristão, vocês não têm parte nem porção no assunto —

não mais do que um Católico Romano ou um Muçulmano — a menos que vocês estejam

confiando simplesmente na graça de Deus e sejam um herdeiro de acordo com a promessa!

Quem confia em suas obras, apesar de serem sempre tão poucas, encontrará que esta

confiança arruinará a sua alma! Tudo o que a natureza engendra deve ser desvendado!

Esse navio que as obras construíram deve ter sua quilha cortada em metades. A alma deve

confiar de forma simples e totalmente na Aliança de Deus, ou então esta alma está perdida!

Legalista, você espera ser salvo pelas obras. Venha, agora, vou tratá-lo com respeito. Eu

não vou acusá-lo de ter sido um bêbado ou um blasfemador. Mas eu quero perguntar: você

está ciente de que, a fim de ser salvo por suas obras, é imprescindível que você seja total-

mente perfeito? Deus exige a guarda de toda a Lei. Se você tem um vaso com a menor ra-

chadura em si, não é inteiro! Você nunca cometeu pecado em toda a sua vida? Você nunca

pensou um mal pensado? Nunca teve uma imaginação vil? Venha, senhor, eu não poderia

supor que você tenha manchado essas luvas brancas com qualquer coisa como a luxúria,

ou carnalidade, ou que a sua boca fina que utiliza uma linguagem tão casta alguma vez









14

condescendeu em um juramento, ou qualquer coisa semelhante à lascívia! Eu não imagi-

narei que você já cantou uma canção lasciva. Deixarei isso fora de questão, mas você já

pecou? “Sim”, você diz. Então, observe isso: “a alma que pecar, essa morrerá”. E isso é tu-

do que tenho a dizer a você. Mas se você negar que você alguma vez pecou, você sabe

que se, no futuro, você cometer um pecado, embora você tenha uma vida perfeita por 70

anos e no final destes 70 anos, se cometer apenas um pecado, toda a sua obediência seria

reduzida a nada. “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto,

tornou-se culpado de todos” (Tiago 2:10).

“Senhor”, você diz: “você está fazendo uma suposição errada, pois, embora eu creia que

eu devo fazer algumas boas obras, creio que Jesus Cristo é muito misericordioso e embora

eu não seja exatamente perfeito, eu sou sincero e acho que a obediência sincera será

aceita em vez de obediência perfeita”. Você faz isso, de fato! E, imploro, diga, o que é uma

obediência sincera? Eu conheci um homem ficar bêbado uma vez por semana. Ele foi muito

sincero e ele não achava que ele estava agindo errado, enquanto ele estava sóbrio em um

domingo. Muitas pessoas têm o que eles chamam de uma obediência sincera, mas é uma

que sempre deixa um pouco de margem para a iniquidade. Mas, então, você diz: “Eu não

passo muito dos limites, é apenas um pequeno pecado que eu permito”. Meu caro senhor,

você está errando muito quanto à sua obediência sincera, pois, se isso é o que Deus requer,

então, centenas de personagens mais vis são tão sinceros como você é! Entretanto, eu não

acredito que você seja sincero. Se você fosse sincero, você obedeceria ao que Deus diz:

“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Parece-me a sua obediência sincera é uma ilu-

são sincera e assim você a encontrará! “Oh”, você diz, “eu creio que depois de tudo o que

fizemos, temos que ir a Jesus Cristo e devemos dizer: 'Senhor, há uma grande deficiência

aqui, Tu o consertarás?’”. [...]. Ele é muito grato a você pelo elogio, mas Ele não aceitará

tal serviço humilde! “Oh”, você diz, “Ele deve me ajudar na questão da salvação”. Sim, eu

sei que isso lhe agradaria. Mas Cristo é um tipo muito diferente de Salvador. Quando ele

começa a fazer algo Ele tem a propensão de fazer tudo. Você pode achar estranho, mas

Ele nunca gosta de qualquer tipo de assistência. Quando Ele fez o mundo, Ele não solicitou

ao anjo Gabriel nem mesmo para resfriar a matéria fundida com as suas asas, mas Ele

mesmo o fez completamente! Assim acontece na salvação, Ele diz: “A minha glória não a

darei a outrem” [Isaías 48:11].

E eu que você se lembre, posto que você professou ir a Cristo e ter uma pequena participa-

ção no negócio da salvação, que há uma passagem nas Escrituras que é apropriada para

você e que você pode ruminar em seu lazer: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de

outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de

outra maneira a obra já não é obra” [Romanos 11:6]. Pois, se você misturar os dois, você









15

estragará os dois! Vá para casa, senhor, e faça para si mesmo uma mistura de fogo com

água! Esforce-se para manter em sua casa um leão e um cordeiro, e quando você conseguir

fazer isso me diga que você fez as obras e a graça concordarem, e, mesmo assim, eu direi

lhe que você está mentindo! Pois, as duas coisas são essencialmente opostas, e aquilo não

pode ser feito! Quem dentre vocês lançará todas as suas boas obras à distância e virá para

Jesus, com isso: “Nada, nada, NADA,

“Nada em minhas mãos eu trago

Simplesmente à Tua cruz me agarro.”

Cristo vai dar-lhe boas obras suficientes! Seu Espírito operará em você o querer e o efetuar

a Sua boa vontade e vai fazê-lo santo e perfeito. Mas se você tem se esforçado para obter

a santidade antes de Cristo, você começou no lado errado! Você tem procurado a flor antes

que você tenha a raiz, e tem procurado tolices para seu próprio sofrimento!

Ismaeis, tremam diante dEle agora! Se outros de vocês são Isaques, lembrem-se sempre

que vocês são filhos da promessa. Permaneçam firmes. Não enredem-se pelo jugo da

escravidão, pois vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça. Amém.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos

Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!









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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone









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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.






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