Arquitetura Interdisciplinar Alegorias de Carnaval
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Experimento interdisciplinar no ensino de arquitetura: percepção, interpretação e o
projeto de uma (polêmica) alegoria *
Resumo ● A importância de experimentar a interdisciplinaridade no ensino para formação de arquitetos-
urbanistas é o objeto de análise deste artigo. O tema é instigante na medida em que envolve a procura do
“novo” como fonte de investigação e pode surpreender as expectativas nos resultados obtidos. Estabelecer
“conexões” entre os novos conhecimentos que estamos transmitindo e a “realidade” de experiências que
o aluno, ingressante na universidade, traz consigo, tem mostrado efi cácia em resolver a difi culdade inicial
de abstração para o aprendizado de conceitos mais complexos, como o de “espaço” ou o de “vazio”. A
experiência do Carnaval inspirou um caminho para responder à questão: por onde e como começar?
Palavras-chave ● Arquitetura e urbanismo. Ensino e aprendizado interdisciplinar. Alegoria do Carnaval
Title ● An Interdisciplinary Experiment in the Teaching of Architecture: Perception, Interpretation, and the
Project of a (Polemic) Allegory
Abstract ● The importance of experimenting interdisciplinarity in the formation of architects-urbanists
is the subject of this article. The theme is challenging in the sense that it involves the search for the ‘new’
as a source of investigation, and it can surprise the expectations concerning the obtained results. The
act of setting up ‘connections’ between the new knowledge we are transmitting and the ‘reality’ of the
experiences the students entering the university brings with him has proved to be effi cient in the solving
of an initial diffi culty in the learning of more complex concepts, such as ‘space’ or ‘emptiness’. The
Carnival experience inspired an answer to the question: Where and how to start?
Keywords ● Architecture and Urbanism, teaching and interdisciplinary learning, Carnival allegory
Data de recebimento: 13/06/2008.Data de aceitação: 27/06/2008.* Doutor pela FAU-USP, professor-pesquisador no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo (mestrado) da USJT. Linha de pesquisa: Percepção e Representação do Espaço Habitado. E-mail: [email protected].
.
O conteúdo deste artigo apresenta um relato e
uma proposta de discussão sobre o que poderia
caracterizar um experimento interdisciplinar de
ensino, ocorrido em 2006, mais precisamente em
uma das disciplinas que compõem o currículo do
curso de Arquitetura e Urbanismo da USJT: Pro-
jeto de Arquitetura 1 (Proja-1), desenvolvido para
alunos recém ingressados naquele ano.
O universo desconhecido do “outro que che-
ga” é sempre um mistério a ser desvendado no
relacionamento de um cotidiano que desafi a o
professor, porque a questão a ser resolvida não
está na existência, a priori, de uma ementa da dis-
ciplina que expressa um desejo e uma intenção
teórica de obtenção de resultados; ou de um ro-
teiro programado de conteúdos que vão sendo
ministrados na tentativa de construir conheci-
mentos, mas sim em como estes conhecimentos
vão se somar ou se situar ao lado de conteúdos e
conhecimentos de outras disciplinas que estarão
sendo ministradas horizontal e simultaneamente.
O aprofundamento do conteúdo ministrado
(conceitos teóricos e sua aplicação numa prática)
vai sendo construído no fazer das aulas com dife-
rentes graus de complexidade variando em fun-
ção do tempo disponível, sempre muito restrito
para todos. A estrutura desses conteúdos deve
perpassar os domínios das ciências exatas, sociais
e humanas através de suas três grandes vertentes:
a ciência, a técnica e a arte. E uma visão mais sim-
plista da questão poderia defi nir esta formação
como de caráter multidisciplinar com algum grau
de complexidade na elaboração de um currículo
que permita abranger as três vertentes inicial-
mente apresentadas.
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Multidisciplinaridade, entretanto, sem intera-
ção – característica comum de uma grande parte
dos currículos aplicados em cursos de Arquitetu-
ra – signifi ca um numeroso elenco de disciplinas
que não cumpre seu objetivo pelo fato de essas
matérias estruturarem-se em ementas teóricas es-
tanques. Referimo-nos a conteúdos abrangente-
mente vagos na teoria de apresentação da ementa
e que, na prática, criam autonomia em sua aplica-
ção e apresentam-se como barreira às necessárias
conexões que conduziriam às salutares sínteses
por parte dos alunos.
A tendência para esse tipo de procedimento é
a construção, pelos alunos, de um conhecimento
fragmentado, no qual se torna difícil estabelecer
interações através de conexões que poderiam gerar
produção de conhecimento novo.
Essa parece ser a prática corrente que carac-
teriza a maioria dos cursos superiores de uma
forma geral e os de Arquitetura e Urbanismo não
são exceção. Um refl exo desta estrutura fi ca extre-
mamente claro quando os alunos atingem o último
ano e encontram-se diante da grande síntese inter-
disciplinar representada pelo Trabalho Final de
Graduação (TFG) para Arquitetura1 e Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) para os demais cursos.
A síntese interdisciplinar2 proposta como es-
sência do desenvolvimento do TFG, não ocorre
como um processo simples e, para amadurecer
como método, deve estar presente para os alunos
desde o 1º ano, e em diferentes graus de comple-
xidade no transcorrer do curso como um todo. A
visão interdisciplinar tem seu início crítico exata-
mente no momento em que novas turmas são re-
cebidas no curso, submetidas a um vestibular não
mais seletivo e que pressupõe, de antemão, um
universo muito heterogêneo no perfi l dos alunos
que chegam à universidade. A principal caracte-
rística desse momento é o ingresso de grande nú-
mero de alunos muito jovens, recém-saídos do
Ensino Médio (grande parte sem ter passado por
algum curso preparatório para vestibulares)3; de-
monstram alto grau de imaturidade para enfren-
tamento de uma postura responsável e consciente
do ambiente universitário.
Uma enquete inicial realizada como forma de
aproximação e de conhecimento desse universo
tem mostrado sistematicamente que a maioria
desses alunos lê pouco, e este aspecto fi ca muito
presente em sua escrita, que se confi gura mal es-
truturada e mostra, por sua vez, a ausência de re-
pertório não somente de linguagem, mas de
vivências do contexto que habitam, seja cultural
ou da arquitetura da cidade (neste caso, São Pau-
lo); a enquete mostrou ainda, neste início de ano
(2006), que aproximadamente 37% dos alunos
fi zeram curso preparatório para vestibular! Um
dado importante, considerando que em anos ante-
riores este percentual era irrisório. Esta informa-
ção instaurou um alerta quanto a um diferencial
que deveria ser considerado no processo de ensino
e confi rmou a constatação de que não há turmas
iguais a cada ano e que uma ementa, um progra-
ma, um método ou, ainda, tipologias de exercícios
de projeto devem conter fl exibilidade de mudanças,
atualização e ajustes às realidades de cada ano letivo.
Outra característica detectada com frequência
é que, além de diferentes graus de conhecimento
e de experiências de vida, os alunos apresentam,
invariavelmente, problemas signifi cativos com a
representação e a expressão de conteúdos de apren-
dizado pelas diferentes linguagens da escrita e do
desenho. Estes problemas referem-se com frequên-
cia a conceitos elementares de geometria, desenho,
matemática simples, estrutura da nossa língua,
entre outros, que já deveriam estar resolvidos pelo
Ensino Médio. Mas as grandes difi culdades concen-
tram-se em compreender e trabalhar com concei-
tos que exijam um grau mais aprofundado de
abstração, como os de espaço e de vazio, essências
de uma das defi nições do que seja arquitetura e que,
assimiladas com alguma profundidade, propor-
cionam a liberdade de projetar para atingir o
grande objetivo do aprendizado e da formação de
um arquiteto-urbanista: materializar fi sicamente
os espaços idealizados na mente, em seguida, no
papel, pelo desenho e fi nalmente materializados
quando fi sicamente construídos! Uma vez cons-
truídos, que estes espaços possam ser habitados
não somente como um confortável abrigo utilitá-
rio (obrigatório), mas que sejam percebidos por
meio da emoção captada com a sensação produ-
zida pela dimensão simbólica sempre recorrente,
porém da qual nem sempre o arquiteto que os
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projetou está consciente. Esta dimensão, também
presença obrigatória, constitui o grande desafi o
de todos os professores envolvidos na construção
de conteúdos do currículo como um todo, por-
que traz em seu bojo a carga de relações intersub-
jetivas inerentes a qualquer atividade humana de
interação com o espaço habitado. Em resumo, é a
dimensão simbólica de um espaço que sintetiza a
essência principal do que seja projetar ambientes
e seu signifi cado para a arquitetura.
.
A partir desse panorama, a questão que se impõe
é por onde começar? Começar pelo começo, diria
o senso comum, mas como fazê-lo?
Essa foi a questão que se apresentou para os
professores que ministraram a disciplina Projeto de
Arquitetura 1, em 20064, que por natureza procura
discutir e ensaiar conceitos de percepção, concep-
ção e representação do espaço habitado. Inicial-
mente a ênfase na apresentação destes conceitos
estrutura-se em sínteses de conhecimentos múlti-
plos extraídos do imaginário acumulado pelas
experiências do aluno. A imaginação e a criativi-
dade são exercitadas com o método de observação
de fenômenos da realidade que o cerca, visando o
aprimoramento da percepção por meio da cons-
ciência do uso dos sentidos e da construção de signi-
fi cados pelo desenvolvimento da visão espacial tão
necessária à formação do arquiteto. Visão espa-
cial que se consolida com experimentos sugeridos
pelas formas oriundas da geometria, vislumbra-
das por sistemas de representação por meio do
desenho, de modelos reduzidos (maquetes), da
fotografi a, ofi cinas de expressão e pela pesquisa
para elaboração de textos. Estes instrumentos
consolidam conhecimentos quando se materiali-
zam pela aplicação de processos construtivos e
pelo uso de materiais na construção de espaços
que permitem sua utilização em escala real como
ocorre, num segundo estágio, na experiência de
produção de um espaço habitacional em forma
de mock-up5.
Retornando à questão inicialmente formulada,
a do “por onde e como começar”, surgiu para os pro-
fessores da disciplina a necessidade de investigar
melhor o universo dos alunos recém-chegados
quanto aos conhecimentos que já possuíam e que
poderiam indicar caminhos mais adequados. Ini-
ciar sem conhecer estes dados poderia provocar
bloqueios inibidores por complexidade de conteú-
dos ministrados, ou, noutro extremo, os conteúdos
elementares demais poderiam ser desmotivadores.
Cabe lembrar que estamos discutindo aspectos
que requerem uma visão mais atenta para a escala
de ensino que se apresenta como “ensino para um
grande número de alunos, ou seja, ensino de massa”.
O caminho inicial sugeriu investigar quais habili-
dades e competências já estariam presentes nos
grupos e quais ainda requeriam uma revisão de
conceitos que “teoricamente” já deveriam estar
incorporados no Ensino Médio, mas que a prática
mostrava que não estavam!
Há uma prática de recepção do aluno-calouro
que já se vem consolidando, ano após ano, no
curso de Arquitetura e que favorece esta investi-
gação inicial: na primeira semana de início das
aulas alunos veteranos e alguns professores orga-
nizam o evento de recepção chamado de Jornadas
Culturais, em substituição ao antigo e polêmico
trote. Trata-se de um acontecimento inesperado,
que cria impacto pela surpresa que causa nos alu-
nos ao serem convidados a criar material para uso
em experimentos espontâneos em espaços públicos
durante as jornadas de visitas a lugares da cidade.
Acompanhados por veteranos e alguns professo-
res, os novos alunos são estimulados a observar,
perceber, capturar pelo desenho e pela fotografi a a
arquitetura e a vida da cidade de São Paulo6, e, ao
fi nal das jornadas, eles avaliam e discutem os re-
sultados em sala de aula.
. ,
Inicia-se a discussão de conceitos de percepção de
espaço, e ensaia-se o conhecimento do fi ltro da rea-
lidade pelos nossos seis sentidos (visão, audição,
tato, olfato, paladar e equilíbrio cinestésico)7. A
consciência da quarta dimensão, o tempo, procura
desenvolver e aprofundar a visão espacial necessária
à formação de experiência projetiva do arquiteto.
Neste caso, prepara repertório a ser trabalhado
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mais à frente, no projeto de maior alcance, envol-
vendo a compreensão de um conceito mais com-
plexo: o de partido arquitetônico8, que será suporte
para entendimento do exercício mais denso: a
concepção de um espaço habitacional.
Nos anos anteriores, a disciplina desenvolvia
pequenos exercícios básicos de preparação para esse
tema maior como tentativa de suprir necessidades
de repertório imediato de linguagem e represen-
tação pelo desenho.
Os temas nesse início têm sempre o caráter ex-
perimental e conduzem os alunos a vivenciar sen-
sações ligadas a questões do dia-a-dia, aprimorando
um “novo olhar”, mais atento e curioso, que passa a
ser incorporado na produção e expressão de lin-
guagens de projeto, trabalhado pelos professores
nas avaliações coletivas com a classe ao término
de cada exercício.
Nessa etapa inicial, estabelecer “conexões” entre
os novos conhecimentos que estamos transmitin-
do e a “realidade” de experiências que o aluno traz,
tem mostrado efi cácia em resolver a difi culdade
inicial de abstração para aprendizados mais com-
plexos. Naquele ano (2006), após a recepção das
Jornadas Culturais, houve uma interrupção das
aulas no período letivo para a comemoração do
Carnaval. Nossa procura de conexões com a reali-
dade dos alunos era fundamental e conduziu-nos
ao assunto (Carnaval), ainda muito presente no
reinício das aulas como um fato de realidade próxi-
ma de todos, surgindo, assim, o tema da alegoria.
.
O Carnaval, apesar de alterado em seu espírito
original, tornou-se um evento fortemente incor-
porado à cultura nacional e assumiu, ao longo de
sua história, características de um fenômeno social
ímpar! No caso brasileiro, por agregar pessoas de
diferentes níveis sociais, diferentes níveis de inte-
resse e objetivos pessoais, espera-se, em princípio,
a existência de confl itos, entretanto, estes fatores
são impressionantemente neutralizados pela con-
tribuição voluntária e a dedicação de cada parti-
cipante. Imbuídos de uma sinergia total, que se
desenvolve ao longo de fases intensas, com dife-
rentes tempos de duração, na quarta dimensão,
idealização, projeto, planejamento, concepção, pro-
dução, ensaio, seus trabalhos devem estar conclu-
ídos em 364 dias, para, fi nalmente, ser apresentado
como produto de uma experiência que simboliza
um sonho coletivo, que se realiza, ou não, durante
apenas 60 minutos!
Estudado por sociólogos, antropólogos, psicó-
logos, cineastas, escritores, fi lósofos e por que não?,
por arquitetos-urbanistas, o fenômeno “Carnaval”
apresenta-se como exemplar amostra de uma su-
perprodução em escala interdisciplinar, que, exce-
tuando o viés do risco de fracasso (como em
qualquer empreendimento humano), é sempre um
sucesso, pelos resultados que obtém como produto,
quase impossível, de um esforço coletivo perfeito
de motivação – de, no mínimo, 3.000 componentes
–, aliado à junção de imaginação, criatividade, pla-
nejamento, organização, administração, projeto e
execução de “sonhos”, para serem experimentados
uma única vez, durante 60 minutos, que é o tempo
regulamentar de percurso para apresentação. Qua-
se uma utopia, sempre possível a cada 365 dias,
pode ser considerado um exemplo de experiência
completa que está além do caráter interdisciplinar
do primeiro momento, podendo ser interpretado
como um experimento de síntese transdisciplinar!
.
O fenômeno do Carnaval constitui um projeto
perfeito que pode ser compreendido e explicado
por meio da presença de, pelo menos, seis dimensões
do “pensar um projeto”: as três primeiras dimensões
da construção geométrica do espaço físico pelos
sistemas construtivos e materiais, que oferecem
suporte para que a quarta dimensão, o tempo, atue
com possibilidades plenas de liberdade para via-
bilizar a quinta dimensão, a cultura, que inspira a
pesquisa e a produção do tema-enredo construtor
da alegoria, materializado em infi nitas imagens e
sons para, por fi m, satisfazer a sexta dimensão, que
é o desejo de realização psicológica tanto social
quanto pessoal de cada indivíduo presente na expe-
riência. Este indivíduo presente constitui um cole-
tivo social que não se resume ao fi gurante que
participa do desfi le, nem à platéia presente que
assiste a tudo, nem ao público que acompanha pela
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televisão, mas a um conjunto de participantes que
pode atingir uma escala planetária. Arriscaremos
defi ni-lo como uma experiência vivenciada, trans-
disciplinarmente, de felicidade coletiva!
Qual seria uma forma de aplicar a análise desse
modelo ao ensino de projeto em arquitetura?
O diferencial apresentado pelas turmas de es-
tudantes estimulou a proposta desse tema, aplica-
do a um exercício de “aquecimento” preparatório
para a introdução do conceito de partido a ser
adotado para idealizar um projeto. Iniciou com a
discussão do conceito de “partido de projeto” (um
conceito inicial bastante abstrato para os alunos),
porém, introdutório para a discussão do signifi -
cado de “partido arquitetônico” em arquitetura.
Compreender este conceito de projeto pressupôs
a necessidade de discutir um método para pensar
um projeto, procurando mostrar aos alunos que
“o pensar projeto” está presente em qualquer situ-
ação que exija o planejamento de uma ação que
procurará soluções criativas para qualquer que seja
o problema apresentado. O tema da “Alegoria de
Carnaval” mostrou-se, naquele momento, ideal
para ensaiar a interdisciplinaridade no entendi-
mento do signifi cado e da importância do termo
“partido de um projeto”.
Traçamos um paralelo entre partido de projeto
para a Alegoria e partido de projeto para a Arqui-
tetura ao estudar um espaço habitacional mos-
trando pontos em comum relacionados com a
concepção de espaços para ambos os propósitos.
Foram discutidos e comparados, simultanea-
mente, os signifi cados de partido e condicionantes
do partido, tanto para a alegoria quanto para o es-
paço habitacional (o programa, o lugar, o clima, o
sistema construtivo e os materiais, o signifi cado da
forma, o conteúdo simbólico e a estética, os custos,
entre os principais condicionantes).
O tema previa que o aluno utilizasse a meto-
dologia apresentada para aplicá-la na concepção
de uma “Alegoria de Carnaval” e percebesse a com-
plexidade de atividades de projeto e de diferentes
conhecimentos necessários para viabilizar uma
proposta como esta. Em termos didáticos, realizar
refl exões sobre um fato da vivência cotidiana dos
alunos auxilia-nos a “desmontar” preconceitos e
tornar consciente a necessidade de planejar e
projetar em qualquer situação que envolva o con-
ceito de espaço (abstrato para um primeiranista);
O tema proposto, “Alegoria de Carnaval”, con-
siderou:
o• signifi cado das palavras: compreendido o
signifi cado de Alegoria (defi nido em con-
junto: pelos alunos e no dicionário que faz
parte da bibliografi a básica)9, iniciou-se o
processo para idealização do tema que
orientaria a produção total; constatou-se
que a não compreensão de um conceito
que está sendo ensinado pode estar ligada
ao desconhecimento do signifi cado das pa-
lavras. A dúvida primeira de um professor
talvez devesse ser: os alunos estarão com-
preendendo o signifi cado das palavras do
vocabulário que estou utilizando?
o • atuar em equipe: outro aspecto importante
para o processo ocorre pela livre escolha de
colegas para formarem equipes de 6 alunos,
lembrando que neste momento eles eram
recém-chegados ao ambiente universitário,
quase estranhos uns aos outros e necessitan-
do integrarem-se para trabalhar em conjun-
to! Foi uma forma de consolidar o trabalho
iniciado pelo corpo de professores nas Jor-
nadas Culturais dos primeiros dias de aula,
prosseguindo com o processo de integra-
ção desejável, que em outras circunstâncias
pode demorar mais tempo para acontecer;
o• contato inicial com o tema teve como refe-
rência o cinema, considerado um ótimo
instrumento de observação da realidade.
Um trecho de fi lme extraído do desfi le de
Carnaval daquele ano foi mostrado com a
apresentação de uma escola de samba, res-
saltando aspectos de projeto que deveriam
ser considerados. Cada membro da equipe
deveria “dar asas à imaginação” e propor sua
idéia a ser apresentada, discutida e defendi-
da para a equipe decidir por uma delas10;
o• programa para conceituar o projeto deve-
ria inspirar-se nos mesmos critérios utili-
zados para julgamento das escolas que se
apresentam no Carnaval (reduzidos a apenas
alguns itens extraídos do total de 9 quesitos)11.
Foram considerados subsídios da realidade
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do projeto apenas os quesitos que tinham
relação direta com os principais conceitos
que permitiam estabelecer comparações e
referências entre a experiência de projeto
em arquitetura e uma experiência para um
projeto qualquer extraído da realidade dos
alunos, e a alegoria assume apenas um papel
circunstancial no processo.
o• espaço físico deveria considerar as carac-
terísticas do contexto do Sambódromo
(escala, dimensões, disposição da platéia
em termos de posição e visibilidade), for-
necido pelos professores;
o• número mínimo de pessoas: 3.000 (pelo
regulamento), que, divididas pelas alas,
exigiram dos alunos algum cálculo aritmé-
tico e conceitos simples de geometria para
que elas fossem distribuídas em cada ala, ou,
para que se dimensionasse a formatação dos
blocos, considerando o limite de pessoas que,
na evolução, poderiam ocupar a largura e a
extensão da avenida;
o• tempo (quarta dimensão): deveriam ter
incorporado como consciência de que tudo
deve acontecer, teoricamente, no período
de 60 min., sob o risco de a escola perder
classifi cação! (Este tópico era um condicio-
nante apenas “virtual” de projeto);
o clima• e a possibilidade de chuva (quase
sempre chove!), circunstâncias de o desfi le
ocorrer à noite ou de dia, infl uenciando na
proposta dos materiais, sistemas construti-
vos, uso das cores, a qualidade da luz, tem-
peratura ambiental, entre outros itens;
a • pesquisa da forma e do conteúdo simbólico
da Alegoria efetuada por meio de pesquisa
histórica para defi nir os temas a serem de-
senvolvidos pelas equipes (a exemplo de
Mitologia grega, Egito, As 7 maravilhas do
mundo antigo, Os 7 pecados capitais, São Tomé
das Letras, Copas do Mundo, Adoniran Bar-
bosa, O estado de Pernambuco, A cidade de
São Paulo, entre outros). Ficou patente
para os alunos a diferença de qualidade no
resultado fi nal dos projetos apresentados
por equipes que dedicaram tempo maior à
pesquisa inicial do tema antes de iniciar o
projeto (caso dos que trabalharam com o
tema de Adoniran Barbosa). A pesquisa,
em alguns casos conduziu a preocupações
com o simbolismo das cores, para dar sig-
nifi cado às formas utilizadas no projeto,
como em Os 7 Pecados Capitais, As 7 Ma-
ravilhas do Mundo Antigo; os títulos das
alegorias apontaram também para diversi-
dade de repertórios e de imaginário dos
grupos (os mistérios e o exotismo do Egito,
das 7 maravilhas do mundo antigo, do eso-
terismo, São Tomé cidade mística, ao lado
de realidades mais próximas como a políti-
ca, as Copas do Mundo, a vida da cidade de
São Paulo e a música de Adoniran Barbosa,
mulheres e a cultura japonesa);
sistemas construtivos e materiais:• nem todas,
mas várias equipes chegaram a propor ma-
teriais e alguns sistemas construtivos quan-
do projetaram o “carro alegórico”, usando
mais a intuição que o conhecimento a res-
peito, mas já conscientes do processo;
O produto fi nal, um caderno memória do proje-
to, no formato A-3, registrou todo o processo des-
de o início, para criar o hábito de documentar
todas as atividades discutidas em sala de aula: con-
ceitos, defi nições, desenvolvimento preliminar de
estudos e croquis, produção fi nal de projetos, tex-
to de pesquisas. E ele é apresentado para a avalia-
ção dos professores. Este caderno contém peças
gráfi cas de representação da idéia e do projeto e
não limitava, mas minimizava o conteúdo para:
A1. sinopse (memorial descritivo) justifi cando
a escolha do tema e das características gerais
de seu desenvolvimento e o registro de con-
teúdo de pesquisa realizada para alimentar
a idealização do tema (com o objetivo de
fazê-los utilizar a linguagem escrita, um item
problemático do repertório!) (Figura 1).
Implantação geral no espaço físico do per-2.
curso (planta ensaiando proporções em es-
cala reduzida) com indicação do conjunto
de todos os setores que compunham o
enredo em sequência lógica, pois era preci-
so contar uma história (cada carro deveria
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volumetria, conteúdo simbólico; apesar de
discutido, em aula, o uso de materiais bá-
sicos para execução de maquetes com di-
ferentes tipos de papéis, elementos de
sucatas de embalagens, os alunos, porém,
apresentaram na produção inicial um re-
pertório de representação e linguagem
representar um símbolo da narrativa do
enredo da alegoria com especifi cações
descritivas de conceitos das fantasias, das
cores que caracterizariam as respectivas
alas) (Figura 2).
Projeto3. de um dos carros alegóricos (plan-
ta, elevações em escala ampliada), utili-
Figura 1. a) Pesquisa para o tema “Mitologia grega” b) Memorial descritivo/Sinopse da proposta do tema “Política”
Figura 2. Implantação geral do conjunto na extensão do “sambódromo”, com descrição de número de carros, de blocos, de pessoas por bloco, de temas de desenvolvimento do enredo, características de uso de formas, materiais, cores e resultado simbólico da proposta.
questionável (mas inevitável neste mo-
mento) quanto à forma. Ocorreu o uso de
materiais inadequados para expressar um
trabalho de arquitetura de nível universi-
tário: papéis brilhantes, purpurinas, etc.,
fruto de modelos utilizados no Ensino
Fundamental e que no decorrer do tempo
zando a linguagem do desenho técnico,
ainda precário para a maioria dos alunos,
com preferência pela visualização da idéia
por meio de uma perspectiva, do jeito que
soubessem fazer (Figura 3.1 e Figura 3.2);
Modelo reduzido (maquete)4. do carro pro-
jetado, procurando mostrar dimensões,
Figura 3.1. Linguagem de representação: a) em planta e elevações de um carro alegórico e b) modelo reduzido (maquete) para o tema das “Copas do Mundo”
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devem ser alterados pelo contato com ou-
tras referências mais adequadas como
meios de representação e linguagem (Fi-
gura 4.1 e Figura 4.2).
.
Um tema que representou, de início, apenas uma
circunstância de ilustração para um método de
pensar o partido para um projeto foi assimilado
com tal profundidade pelos alunos, que surpreen-
deu, superando de longe as expectativas iniciais
quanto aos resultados; afi nal, era a primeira vez
que se introduzia esse assunto, tanto para os pro-
fessores quanto para os alunos, e “o risco” em rela-
ção à motivação pelo tema logo se desfez, quando
nas assessorias percebeu-se que havia grande entu-
siasmo nas atividades.
Figura 3.2. a) Estudo de volumetria resultante da forma do carro alegórico para o tema da “Política”, representado pela linguagem do desenho e b) Modelo reduzido (maquete) de materialização do estudo e “caderno memória do projeto”
Figura 4.1. a) Estudo de volumetria resultante da forma do carro alegórico para o tema de “Adoniran”, representado pela linguagem do desenho;b) Modelo reduzido (maquete) de materialização do estudo. A presença de um domínio de repertório já desenvolvido torna-se uma referência natural de aprendizado para a maioria dos alunos, que iniciam com poucas noções da linguagem do desenho e do modelo.
Mitologia Grega O estado de Pernambuco EgitoFigura 4.2. Desenhos e modelos reduzidos (maquetes) de alguns temas apresentados com problemas de inadequação de linguagens no uso de materiais (detectados para serem trabalhados com base no experimento)
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Questões de disciplina, que neste estágio de
imaturidade também se constituem um proble-
ma difícil para o professor, foram atenuados com
o desenvolvimento do trabalho.
O exercício permitiu que os alunos ensaiassem
“o imaginário” em diferentes formas de lingua-
gens de expressão e representação do espaço (a
pesquisa de conteúdo histórico em bibliotecas físicas
ou virtuais, a escrita, o desenho, a maquete, a ver-
balização na apresentação do projeto para a classe),
iniciando a compreensão do método proposto,
aplicado a uma ação concreta: intervenção em ele-
mentos de uma realidade como forma de ensaiar o
conceito de partido arquitetônico de um projeto.
Enquanto esperávamos apenas ensaiar concei-
tos de percepção, imaginação e criatividade que
pudessem ser traduzidos em desenhos de repre-
sentação e expressão gráfi ca, como forma de de-
senvolvimento de linguagens e repertório básico,
os alunos foram além. As equipes dispuseram-se
voluntariamente a projetar fi gurinos completos
para as “fantasias” ou, ainda, compuseram criati-
vos versos para representar o “samba-enredo” da
Alegoria proposta; o solicitado era apenas que
descrevessem características simbólicas, signifi ca-
dos do uso de cores, materiais ou formas. Ao fi nal
do experimento, fi cou caracterizado o quanto o
tema estimulou a imaginação, motivando a ne-
cessidade de busca de sensações mais completas
para o resultado dos projetos (Figura 5).
As experiências de aprendizado quanto ao tra-
balho em equipe também contribuíram para dis-
seminar diferentes habilidades e competências
trazidas ou desenvolvidas durante o fazer entre
todos os alunos, complementadas pelas discussões
levantadas durante as avaliações coletivas com os
professores. Observou-se por ocasião das avalia-
ções gerais com a classe o interesse, despertado
também nos alunos de outros anos, em conhecer
os resultados obtidos com o tema (apareciam
para acompanhar as avaliações coletivas!).
A experiência descrita resume uma possibilida-
de de investigação de um tema (polêmico) e do
potencial de uma classe de alunos que foi limitada
a apenas uma disciplina (Proja-1). Uma proposta
mais completa de visão interdisciplinar pode, po-
rém, ser sugerida por meio do diálogo horizontal
entre professores que compõem o elenco de disci-
plinas em cada ano do curso. O aprimoramento do
processo de integração de conhecimentos permite
que os ensaios de sínteses parciais tornem-se mais
complexos quando realizados transversalmente
como diálogos tanto horizontais quanto verticais.
A difi culdade de uma proposta desse teor na
prática é quase intransponível, por envolver a dispo-
nibilidade de tempo e a vontade do corpo docente
como um todo. A sua importância é, entretanto,
inegável quando permite objetivamente estabelecer
oportunidades de sínteses mais profundas pelo cor-
po discente, sem o enorme dispêndio de energia
pela grande sobrecarga de trabalhos individualiza-
dos. Estes, além de não ultrapassarem o estágio de
anteprojeto preliminar, em alguns casos, culminam
com desistências ao longo do curso.
Existiu desde o início um potencial nos alunos
que nos estimulou a investir com maior profundi-
dade, considerando o patamar diferenciado em que
esta turma se apresentava. A intuição do processo
sugeriu ousar na proposta do tema, acreditando
em sua qualidade de estímulo motivador. Poderia
Figura 5. Trechos de alguns sambas-enredo, incluindo um estandarte, desenvolvidos para os temas “A cidade de São Paulo” e “São Tomé das Letras – cidade mística”. Foram atividades extras que espontaneamente geraram produtos além do que foi solicitado, uma vez que o objetivo era apenas aplicar
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ter sido utilizado qualquer outro fato da vivência
dos alunos, porém, o projeto da Alegoria de Car-
naval foi circunstancial e adequado para aquele
momento. A confi rmação do experimento na
prática refl etiu-se na resposta da classe. No pro-
duto gerado pelas equipes fi cou confi gurada a efi -
ciência do trabalho em grupo, em razão da
contribuição de cada membro com o que possuía
de melhor em conhecimento, habilidade e com-
petência. A partir deste ponto, o processo revelou
caminhos que foram acelerados diferentemente
das formas tradicionais, que levariam um tempo
maior para emergir.
Como conclusão fi nal, sabemos que, em proces-
sos de ensino e aprendizado, não há “certezas abso-
lutas” de propostas e resultados, mas algumas
certezas podem surgir com maior clareza e intensi-
dade quando nos dispomos a experimentar o novo!
Referências bibliográfi cas
COSTA, L. Arquitetura. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
LEMOS, C. O que é arquitetura. São Paulo: Brasiliense,
2003.
BASARAB, Nicoleus. Manifesto da transdisciplinaridade. São
Paulo: Triom, 1999.
Notas
1 Antigo Trabalho de Graduação Interdisciplinar (TGI),
nome que consideramos mais apropriado, criado
inicialmente pelo arquiteto e professor Hélio de Queiroz
Duarte, quando participou da estruturação do TGI, como
coordenador do 5º ano na FAU-USP, por volta de 1971. O
termo TFG atual surgiu com a Portaria 1770/94 do MEC.
2 Em nossa concepção, multidisciplinaridade não envolve
necessariamente interação entre disciplinas;
interdisciplinaridade, por sua vez, sim, envolve a referida
interação. Esta interação pode abrir caminhos que vão além
e poderá atingir níveis de transdisciplinaridade, um
conceito ainda recente e não desgastado como outros em
uso no discurso acadêmico. Educação possui o caráter
transdisciplinar em sua essência, e talvez a busca dessa
essência seja o caminho desafi ador do novo.
3 Cabe aqui um esclarecimento: não se está defendendo a
existência e utilidade dos cursinhos, que seriam
desnecessários se o Ensino Médio cumprisse seu papel
formador para o ingresso na universidade.
4 O autor deste texto juntamente com o prof. Gilberto
Machado Rizzi.
5 Espaço Habitacional – proposta para exercício de projeto
de uma habitação mínima que deve conter espaços
necessários para a realização de todas as atividades que
caracterizam as funções principais do “habitar”: repousar,
alimentar, higiene, lazer, trabalho/estudo (eventual), contidos
nas dimensões limites de 4,0 x 4,0 x 4,0 metros. Após o
projeto desenvolvido em desenhos e maquetes, os alunos o
constroem em escala real (1:1), em forma de “mock-up”
(protótipo utilizando madeira e placas de papel corrugado),
que permite experienciar sensações reais do uso do espaço
projetado, aferindo e aprofundando a relação de
transferência da intenção idealizada no desenho para o
espaço construído.
6 São programadas visitas com os alunos durante três dias a
áreas emblemáticas na confi guração da cidade: o Centro
antigo e expandido, o bairro de Higienópolis, a Avenida
Paulista e o bairro da Luz.
7 Normalmente há surpresa dos alunos quando se fala em
seis sentidos, uma vez que aprenderam no ensino médio
que são cinco os sentidos. Está sendo introduzido a eles o
“quase desconhecido” sentido de equilíbrio, percebido pelo
ouvido interno, no labirinto, e que referencia a posição de
nosso corpo no espaço. A consciência deste sentido é
importante no desenvolvimento da visão espacial.
8 O conceito de partido arquitetônico, segundo o arquiteto-
urbanista Lúcio Costa (citado em LEMOS, 2003):
conceituado a partir da defi nição de arquitetura como
“qualquer intervenção no meio ambiente criando novos
espaços, quase sempre com determinada intenção plástica,
para atender a necessidades imediatas ou a expectativas
programadas por aquilo que chamamos de partido. Partido
seria uma consequência formal derivada de uma série de
condicionantes ou determinantes; seria o resultado físico da
intervenção sugerida”.
9 Eis, de acordo com Aurélio Buarque de Hollanda, alguns
dos signifi cados de “alegoria”: (grego, Allegoría; latim,
Allegoria): 1. Exposição de um pensamento sob forma
fi gurada; 2. Ficção que representa uma coisa para dar idéia de
outra; 3. Sequência de metáforas que signifi cam uma coisa
nas palavras e outra no sentido; 4. Obra de pintura ou
escultura que representa uma idéia abstrata por meio de
formas que a tornam compreensível; 5. Simbolismo concreto
que abrange o conjunto de toda uma narrativa ou quadro.
10 São estes os temas das alegorias surgidos
espontaneamente das equipes:
1. Os 7 pecados capitais• 2. São Tomé das Letras (cidade mística)• 3. Política• 4. Copas do mundo• 5. Egito• 6. Adoniran (Adoniran Barbosa)• 7. As 7 maravilhas do mundo antigo e os 7 •
pecados capitais
8. O estado de Pernambuco• 9. Misticismo e esoterismo• 10. A cidade de São Paulo• 11. Mitologia grega• 12. Mulheres• 13. A cultura japonesa•
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14. Folclore maranhense• 11 Os quesitos foram extraídos de consulta ao regulamento
utilizado em São Paulo, que adota 9 quesitos,
diferentemente do Rio de Janeiro, que conta com 10 (Liga
Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
(Liesa). A diferença refere-se somente ao quesito samba-
enredo, que no Rio de Janeiro subdivide-se em letra e
melodia. Os 9 quesitos usados em São Paulo são: comissão
de frente, evolução, mestre-sala e porta-bandeira, samba-
enredo, harmonia, bateria, enredo, fantasia e alegoria (Fonte:
Agência Estado: 09/12/2007).
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