artsita como trabalhador

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O trabalho artístico é constantemente idealizado, mas sua realização concreta inscreve o artista no mundo do trabalho e dos seus constrangimentos. Ele é um trabalhador”, afirma a professora Liliana Rolfsen Petrilli Segnini, coordenadora de um grupo que tem o traba- lho artístico como objeto de pesquisa, formado há dez anos na Faculdade de Educação (FE) e no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). A proposta institui um campo de pesquisa na história recente da sociologia do trabalho no Brasil, com a seguinte justificativa: se a sociologia e a história, sobretudo da arte e da cultura, já elaboraram relevantes con- tribuições analíticas, a especificidade do enfoque deste grupo está em compreender o trabalho artístico a parti r das relações e condições de trabalho e da sua vivência profissional. Em relação aos desafios colocados aos trabalhadores das artes nos dias de hoje, Liliana Segnini destaca dois aspectos. “É certo que o trabalho artístico é feito de incertezas, observa- das em diferentes períodos históricos, quer seja na Corte – tal como descrito por Norbert Elias ao analisar a vida de Mozart – ou submetido às regras do mercado capitalista e do Estado. No entanto, comparando em nossas pesquisas as relações de trabalho no campo artístico no Brasil e na França, é possível evidenciar a frágil condição do artista brasileiro, submetido à aguda competição das políticas de curta duração, no mundo dos editais e dos cachês, das regras das leis de isenção fiscal.” Na opinião da professora da Unicamp, buscar políticas de Estado (não de governo) que possibilitem trabalhos de longa duração é um dos desafios a ser apontado para os tra- balhadores da arte no presente. “Uma segunda dimensão re- fere-se às desigualdades observadas nas relações de gênero.  As difi culdades vividas no mundo da arte são int ensificada s quando analisamos as trajetórias de mulheres artistas, in- clusive na dança, único campo onde são predominantes.” Liliana Segnini afirma que seu grupo já produziu resulta- dos sob a forma de relatórios, artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado e pós- doutorados. A partir de 2006 foi criada uma disciplina tanto no programa de pós-graduação da FE como no doutorado do IFCH. Segundo ela, este objeto de pesquisa nasceu de uma de- manda do Ministério do Trabalho e Emprego: redescrever, de- pois de duas décadas, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) de 2002, atendendo exigência da Organização Interna- cional do Trabalho (OIT). A docente da FE ficou responsável pelas áreas de Ciências e de Artes na pesquisa nacional, con- tando com uma equipe de doze professores e doutorandos. “As discussões realizadas nos diferentes grupos profissio- nais, durante três dias, foi traduzida em uma planilha descri- tiva necessária para informar políticas públicas e estatísticas nacionais. A CBO 2002 nos possibilitou compreender que o ar- tista é um trabalhador”, atesta Liliana Segnini, ressaltando que a linha de pesquisa iniciada há dez anos possui outra natureza e objetivos. “A pesquisa sociológica acadêmica é muito mais ampla e permite analisar a história do trabalho artístico no Bra- sil: mudanças nas relações e condições de trabalho, nos proces- sos de formação profissional, nas formas de financiamento, nas políticas públicas, nas estatísticas do mercado de trabalho e na vivência do fazer artístico. São dois universos diferenciados.” BRASIL E FRANÇA Esta constatação levou a docente a coordenar um projeto temático Fapesp – “Trabalho e profissão no campo da cul- tura: professores, músicos e bailarinos” – abordando duas profissões, música e dança, em dois países, Brasil e França. “O projeto considerou que no contexto da mundialização, no qual o mercado e sua lógica comercial assumem impor- tância jamais observada anteriormente, o setor cultural das artes e dos espetáculos está submetido, também, a mudan- ças econômicas e sociais. A arte como objeto de marketing e 1 2 Campina s, 24 a 30 de junh o de 2013 LUIZ SUGIMOTO [email protected] Bailarinos em ação: segundo a coordenadora, “as diculdades vividas no mundo da arte são intensicadas quando analisamos as trajetórias de mulheres artistas, inclusive na dança, único campo onde são predominantes” T rabalho artístico, múltiplos olhares Coordenadora Liliana Segnini Pós- doutores  Juliana Maria Coli Fábio Fernandez Villela Doutores Dilma Fabri Marão Pichoneri Maria Aparecida Alves Maria Mercedes Potenze  José Humberto da Silva Cármen Lúcia Rodrigues Arruda Cacilda Ferreira dos Reis Mestres Katiuska Scuciato de Riz Ricardo Normanha Ribeiro de Almeida  T rabalhos de conclusão de curso Driely Gomes Patricia Amorim de Paula o seu financiamento pelas empresas indicam a influência do mercado na definição das expressões e objetivos artísticos.” Liliana Segnini informa que o projeto Fapesp procurou analisar as mudanças traduzidas no mercado de trabalho, nas relações de trabalho e na formação profissional no mundo das artes e dos espetáculos, notadamente em música e dan- ça, clássica e contemporânea, comparando Brasil e França. “A pesquisa privilegiou, nos dois primeiros anos, as orquestras e companhias de dança vinculadas a teatros subvencionado s pelo Estado: Teatro Municipal de São Paulo e Ópera Nacional de Paris. Em seguida, analisou as múltiplas formas de traba- lhar (e sobreviver) no campo artístico, sobretudo o trabalho intermitente, realizado de cachê em cachê. Neste projeto fo- ram entrevistados 68 artistas no Brasil e 24 na França.” O projeto Fapesp teria duração até 2007, mas surgiu a oportunidade de somar mais três pesquisas realizadas no período de 2008 a 2010, tendo por objeto o processo de for- mação e trabalho nas narrativas de artistas selecionados nos Programas Rumos Itaú Cultural, incorporando as artes vi- suais. “Estas pesquisas recorreram ao cruzamento de várias fontes e métodos: dados institucionais (estatísticas, classifi- cação ocupacional, políticas públicas), entrevistas de longa duração, cadernos de campo para captar o não dito nas entre- vistas, análise de fotografias. Foram entrevist ados 36 artistas da dança, 39 músicos e 44 artistas visuais.” PRINCIPAIS RESULTADOS DAS PESQUISAS  O intenso crescimento da população ocupada no campo das artes, muito além do crescimento do número de ocupados no mercado de trabalho, tanto no Brasil como na França.  O crescimento da incerteza dos estatutos do trabalho por meio da criação de múltiplas formas institucionais de transferência do papel do Estado para o mercado: fundações, organizações sociais, Organizações da Sociedade civil de Interesse Público (Oscips), cooperativas. O crescimento das formas intermitentes de financiamento por meio de editais com verbas públicas sob o controle de gestão privada (renúncia fiscal, mecenato); A relevância do papel do Estado na desconstrução dos direitos sociais vinculados ao trabalho artístico, mesmo considerando os nomeados corpos estáveis em teatros públicos. A vulnerabilidade dos artistas submetidos a constante trabalho intermitente. O reduzido número de artistas inscritos nas formas protegidas legalmente de trabalho. O elevado índice de escolaridade desse grupo e o permanente processo de formação, que não se encerra. Desde a década de 1990, é observado o crescimento do número de cursos e vagas em arte, sobretudo nas universidades públicas, contrariando o crescimento do ensino superior privado em outras áreas. O trabalho artístico constitui um universo predominantemente masculino. É ainda reduzido o número de mulheres no campo artístico, sobretudo em música, quando comparado com o do mercado de trabalho no Brasil (PNAD, 2006). Esta situação é reiterada na França. As mulheres representam 56% da população economicamente ativa brasileira; 42% da população ocupada. No trabalho no campo profissional do “espetáculo e das artes”, elas representam 33% do grupo; considerando somente o trabalho em música, elas são 18%. As mulheres musicistas, tal como na população ocupada brasileira, são mais escolarizadas que os homens, mas essa situação positiva não se traduz no mercado de trabalho. Elas precisam mostrar que são ainda mais capazes que os músicos para transpor as barreiras que as impedem de pa rticipar, como intérpretes instrumentistas, tanto na música erudita (com maior possibilidade) como na música popular. Elas predominam como intérpretes cantoras, trabalho OUTRAS CONTRIBUIÇÕES Outra contribuição para maturar o projeto sobre traba- lho artístico veio das análises do grupo no âmbito do pri- meiro Acordo Capes-Cofecub (Comitê Francês de Avalia- ção da Cooperação Universitária com o Brasil), intitulado “Mudanças nas relações do trabalho, relações profissionais e formação” (2000-2003). O acordo implicou na formação de uma equipe com dois pós-doutores, seis doutores, três mestres e em três trabalhos de conclusão de curso em edu- cação. À produção deste grupo é possível somar o campo da pesquisa de Marina Segnini, L ’artiste du spectacle vivant au temps de l’intermittence: plaisir et souffrance au travai, realizada a partir de dez entrevistas com artist as que viven- ciam o estatuto “intermitentes do espetáculo”, na França.  o acord o Fapes p-CNR S (Cent re Nati onal de la Re- cherche Scientifique), “Qual é o sentido social da moder- nização no trabalho?” (2006-2009), possibilitou a conti- nuidade e aprofundamento das discussões teóricas e me- todológicas em torno do objeto trabalho artístico. O gru- po avançou mais um passo com o projeto Capes-Cofecub “Organização e condições do trabalho moderno: emprego, desemprego e precarização do trabalho” (2010-2014), co- ordenado por Daniéle Linhart, na França, e Aparecida Neri de Souza(FE), no Brasil.    y     R     i    c    a    r     d    o     K    a     t     i     M    a    r     i    n    a     C    a    c     i     l     d    a     M    a     l    u     J    o    s     é     M    e    r    c    e     d    e    s     C     i     d     i    n     h    a     D     i     l    m    a     F     á     b     i    o     J    u     l     i    a    n    a  R e r a t d r i s t �   u n d r b h a d

Transcript of artsita como trabalhador

 

O trabalho artístico é constantemente idealizado,mas sua realização concreta inscreve o artista nomundo do trabalho e dos seus constrangimentos.

Ele é um trabalhador”, afirma a professora Liliana RolfsenPetrilli Segnini, coordenadora de um grupo que tem o traba-lho artístico como objeto de pesquisa, formado há dez anosna Faculdade de Educação (FE) e no Instituto de Filosofiae Ciências Humanas (IFCH). A proposta institui um campode pesquisa na história recente da sociologia do trabalho noBrasil, com a seguinte justificativa: se a sociologia e a história,sobretudo da arte e da cultura, já elaboraram relevantes con-tribuições analíticas, a especificidade do enfoque deste grupoestá em compreender o trabalho artístico a parti r das relaçõese condições de trabalho e da sua vivência profissional.

Em relação aos desafios colocados aos trabalhadores dasartes nos dias de hoje, Liliana Segnini destaca dois aspectos.“É certo que o trabalho artístico é feito de incertezas, observa-das em diferentes períodos históricos, quer seja na Corte – talcomo descrito por Norbert Elias ao analisar a vida de Mozart– ou submetido às regras do mercado capitalista e do Estado.No entanto, comparando em nossas pesquisas as relações detrabalho no campo artístico no Brasil e na França, é possívelevidenciar a frágil condição do artista brasileiro, submetido àaguda competição das políticas de curta duração, no mundodos editais e dos cachês, das regras das leis de isenção fiscal.”

Na opinião da professora da Unicamp, buscar políticasde Estado (não de governo) que possibilitem trabalhos delonga duração é um dos desafios a ser apontado para os tra-balhadores da arte no presente. “Uma segunda dimensão re-fere-se às desigualdades observadas nas relações de gênero. As difi culdades vividas no mundo da arte são intensificadasquando analisamos as trajetórias de mulheres artistas, in-clusive na dança, único campo onde são predominantes.”

Liliana Segnini afirma que seu grupo já produziu resulta-dos sob a forma de relatórios, artigos, trabalhos de conclusãode curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado e pós-doutorados. A partir de 2006 foi criada uma disciplina tantono programa de pós-graduação da FE como no doutorado doIFCH. Segundo ela, este objeto de pesquisa nasceu de uma de-manda do Ministério do Trabalho e Emprego: redescrever, de-pois de duas décadas, a Classificação Brasileira de Ocupações(CBO) de 2002, atendendo exigência da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT). A docente da FE ficou responsávelpelas áreas de Ciências e de Artes na pesquisa nacional, con-tando com uma equipe de doze professores e doutorandos.

“As discussões realizadas nos diferentes grupos profissio-nais, durante três dias, foi traduzida em uma planilha descri-tiva necessária para informar políticas públicas e estatísticasnacionais. A CBO 2002 nos possibilitou compreender que o ar-tista é um trabalhador”, atesta Liliana Segnini, ressaltando quea linha de pesquisa iniciada há dez anos possui outra naturezae objetivos. “A pesquisa sociológica acadêmica é muito maisampla e permite analisar a história do trabalho artístico no Bra-sil: mudanças nas relações e condições de trabalho, nos proces-sos de formação profissional, nas formas de financiamento, naspolíticas públicas, nas estatísticas do mercado de trabalho e navivência do fazer artístico. São dois universos diferenciados.”

BRASIL E FRANÇAEsta constatação levou a docente a coordenar um projeto

temático Fapesp – “Trabalho e profissão no campo da cul-tura: professores, músicos e bailarinos” – abordando duasprofissões, música e dança, em dois países, Brasil e França.“O projeto considerou que no contexto da mundialização,no qual o mercado e sua lógica comercial assumem impor-tância jamais observada anteriormente, o setor cultural dasartes e dos espetáculos está submetido, também, a mudan-ças econômicas e sociais. A arte como objeto de marketing e

12Campinas, 24 a 30 de junho de 2013

LUIZ [email protected]

Bailarinos em ação: segundo a coordenadora, “as dificuldades vividas no mundoda arte são intensificadas quando analisamos as trajetórias de mulheres artistas,

inclusive na dança, único campo onde são predominantes”

Trabalho artístico, múltiplos olharesCoordenadoraLiliana Segnini

Pós- doutores Juliana Maria ColiFábio Fernandez Villela

DoutoresDilma Fabri Marão PichoneriMaria Aparecida AlvesMaria Mercedes Potenze José Humberto da SilvaCármen Lúcia Rodrigues ArrudaCacilda Ferreira dos Reis

MestresKatiuska Scuciato de RizRicardo Normanha Ribeiro de Almeida

 Trabalhos de conclusão de cursoDriely GomesPatricia Amorim de Paula

o seu financiamento pelas empresas indicam a influência domercado na definição das expressões e objetivos artísticos.”

Liliana Segnini informa que o projeto Fapesp procurouanalisar as mudanças traduzidas no mercado de trabalho, nasrelações de trabalho e na formação profissional no mundodas artes e dos espetáculos, notadamente em música e dan-ça, clássica e contemporânea, comparando Brasil e França. “Apesquisa privilegiou, nos dois primeiros anos, as orquestrase companhias de dança vinculadas a teatros subvencionadospelo Estado: Teatro Municipal de São Paulo e Ópera Nacionalde Paris. Em seguida, analisou as múltiplas formas de traba-lhar (e sobreviver) no campo artístico, sobretudo o trabalhointermitente, realizado de cachê em cachê. Neste projeto fo-ram entrevistados 68 artistas no Brasil e 24 na França.”

O projeto Fapesp teria duração até 2007, mas surgiu aoportunidade de somar mais três pesquisas realizadas noperíodo de 2008 a 2010, tendo por objeto o processo de for-mação e trabalho nas narrativas de artistas selecionados nosProgramas Rumos Itaú Cultural, incorporando as artes vi-suais. “Estas pesquisas recorreram ao cruzamento de váriasfontes e métodos: dados institucionais (estatísticas, classifi-cação ocupacional, políticas públicas), entrevistas de longaduração, cadernos de campo para captar o não dito nas entre-vistas, análise de fotografias. Foram entrevistados 36 artistasda dança, 39 músicos e 44 artistas visuais.”

PRINCIPAIS RESULTADOS DAS PESQUISAS

  O intenso crescimento da população ocupada no campo das artes, muito além do crescimento do número deocupados no mercado de trabalho, tanto no Brasil como na França.

  O crescimento da incerteza dos estatutos do trabalho por meio da criação de múltiplas formas institucionais detransferência do papel do Estado para o mercado: fundações, organizações sociais, Organizações da Sociedade civilde Interesse Público (Oscips), cooperativas.

O crescimento das formas intermitentes de financiamento por meio de editais com verbas públicas sob o controlede gestão privada (renúncia fiscal, mecenato);

A relevância do papel do Estado na desconstrução dos direitos sociais vinculados ao trabalho artístico, mesmoconsiderando os nomeados corpos estáveis em teatros públicos.

A vulnerabilidade dos artistas submetidos a constante trabalho intermitente.

O reduzido número de artistas inscritos nas formas protegidas legalmente de trabalho.

O elevado índice de escolaridade desse grupo e o permanente processo de formação, que não se encerra. Desdea década de 1990, é observado o crescimento do número de cursos e vagas em arte, sobretudo nas universidadespúblicas, contrariando o crescimento do ensino superior privado em outras áreas.

O trabalho artístico constitui um universo predominantemente masculino. É ainda reduzido o número de mulheresno campo artístico, sobretudo em música, quando comparado com o do mercado de trabalho no Brasil (PNAD, 2006).Esta situação é reiterada na França. As mulheres representam 56% da população economicamente ativa brasileira;42% da população ocupada. No trabalho no campo profissional do “espetáculo e das artes”, elas representam 33%do grupo; considerando somente o trabalho em música, elas são 18%.

As mulheres musicistas, tal como na população ocupada brasileira, são mais escolarizadas que os homens, masessa situação positiva não se traduz no mercado de trabalho. Elas precisam mostrar que são ainda mais capazes queos músicos para transpor as barreiras que as impedem de participar, como intérpretes instrumentistas, tanto na músicaerudita (com maior possibilidade) como na música popular. Elas predominam como intérpretes cantoras, trabalho

OUTRAS CONTRIBUIÇÕESOutra contribuição para maturar o projeto sobre traba-

lho artístico veio das análises do grupo no âmbito do pri-meiro Acordo Capes-Cofecub (Comitê Francês de Avalia-ção da Cooperação Universitária com o Brasil), intitulado“Mudanças nas relações do trabalho, relações profissionaise formação” (2000-2003). O acordo implicou na formaçãode uma equipe com dois pós-doutores, seis doutores, trêsmestres e em três trabalhos de conclusão de curso em edu-cação. À produção deste grupo é possível somar o campoda pesquisa de Marina Segnini, L’artiste du spectacle vivantau temps de l’intermittence: plaisir et souffrance au travai,realizada a partir de dez entrevistas com artist as que viven-ciam o estatuto “intermitentes do espetáculo”, na França.

 Já o acordo Fapesp-CNR S (Cent re Nati onal de la Re-cherche Scientifique), “Qual é o sentido social da moder-nização no trabalho?” (2006-2009), possibilitou a conti-nuidade e aprofundamento das discussões teóricas e me-todológicas em torno do objeto trabalho artístico. O gru-po avançou mais um passo com o projeto Capes-Cofecub“Organização e condições do trabalho moderno: emprego,desemprego e precarização do trabalho” (2010-2014), co-ordenado por Daniéle Linhart, na França, e Aparecida Neride Souza(FE), no Brasil.

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A professora Liliana Rolfsen Petrilli Segnini, coordenadora do grupo depesquisa: “É possível evidenciar a frágil condição do artista brasileiro”

erudita (com maior possibilidade) como na música popular. Elas predominam como intérpretes cantoras, trabalhonem sempre reconhecido como tão qualificado quanto dos instrumentistas.

No campo da dança essa situação se inverte numericamente, mas os homens continuam a ter maiores possibilidadesde trabalho, justificada pela competição pouco expressiva; ao contrário, há o estímulo das escolas e companhiasà participação dos homens na dança, sob a forma da remuneração ou possibilidades de participar de espetáculos.

Em todos os grupos, as trajetórias narradas informam barreiras complexas a serem transpostas pelas mulheres,sobretudo na articulação com a maternidade.

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