ARTIGO_01_RESILIÊNCIA

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A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Ana Augusta de Souza Moreira 1 Ariane Robine Nunes Teixeira 2 Rutinélia Duarte de Queiroz 3 Resumo: O presente artigo vem trazer a compreensão do conceito de resiliência humana no mundo do trabalho atual, conceito esse que é originário da física para denominar capacidade de superação e adaptação, diante de uma dificuldade considerada como um risco. Através de revisão de literatura e pesquisa bibliográfica de publicações nacionais e internacionais, este artigo tem como foco fazer uma cronologia da história do trabalho e das organizações chegando a discrição do cenário atual de instituições onde os sujeitos resilientes se encontram. Assim, o desafio é analisar a importância da resiliência no contexto organizacional, podendo desse modo analisar os atributos que caracterizam o empregado resiliente e compreender como a resiliência irá influenciar no desempenho do mesmo. Tornando-se uma inovadora discussão quanto a uma capacidade que pode ser trabalhada e que é de grande importância no novo perfil de trabalhador. Palavras Chave: Resiliência, trabalho, organizações. Abstract: This article come to bring an understanding about the concept of human resilience in the current work world, a concept that originated in physics to denominate the ability to overcome and adapt, facing a difficulty considered a risk. Through literature review and literature search in national and international publications, this article focuses on making a chronology of the work history and organizations coming to the discretion of the current scenario of institutions where subjects are resilient. The challenge is to analyze the importance of resilience in the organizational context and by this way analyze the attributes that characterize the employee understand how resilient and resilience will influence in their performance. Becoming an innovative discussion about a skill that can be worked on and that is of great importance in the new worker profile. Keywords: Resilience, work, organizations. 1 Mestre em Administração de Recursos Humanos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente da Universidade Potiguar. Supervisora de estágio e orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso. 2 Estudante do oitavo período de Bacharelado em Psicologia pela Universidade Potiguar. 3 Estudante do oitavo período de Bacharelado em Psicologia pela Universidade Potiguar.

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A IMPORTÂNCIA DA RESILIÊNCIA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

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  • A IMPORTNCIA DA RESILINCIA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL

    Ana Augusta de Souza Moreira1 Ariane Robine Nunes Teixeira2

    Rutinlia Duarte de Queiroz3

    Resumo: O presente artigo vem trazer a compreenso do conceito de resilincia humana no mundo do trabalho atual, conceito esse que originrio da fsica para denominar capacidade de superao e adaptao, diante de uma dificuldade considerada como um risco. Atravs de reviso de literatura e pesquisa bibliogrfica de publicaes nacionais e internacionais, este artigo tem como foco fazer uma cronologia da histria do trabalho e das organizaes chegando a discrio do cenrio atual de instituies onde os sujeitos resilientes se encontram. Assim, o desafio analisar a importncia da resilincia no contexto organizacional, podendo desse modo analisar os atributos que caracterizam o empregado resiliente e compreender como a resilincia ir influenciar no desempenho do mesmo. Tornando-se uma inovadora discusso quanto a uma capacidade que pode ser trabalhada e que de grande importncia no novo perfil de trabalhador.

    Palavras Chave: Resilincia, trabalho, organizaes.

    Abstract: This article come to bring an understanding about the concept of human resilience in the current work world, a concept that originated in physics to denominate the ability to overcome and adapt, facing a difficulty considered a risk. Through literature review and literature search in national and international publications, this article focuses on making a chronology of the work history and organizations coming to the discretion of the current scenario of institutions where subjects are resilient. The challenge is to analyze the importance of resilience in the organizational context and by this way analyze the attributes that characterize the employee understand how resilient and resilience will influence in their performance. Becoming an innovative discussion about a skill that can be worked on and that is of great importance in the new worker profile.

    Keywords: Resilience, work, organizations.

    1 Mestre em Administrao de Recursos Humanos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente

    da Universidade Potiguar. Supervisora de estgio e orientadora de Trabalhos de Concluso de Curso. 2 Estudante do oitavo perodo de Bacharelado em Psicologia pela Universidade Potiguar.

    3 Estudante do oitavo perodo de Bacharelado em Psicologia pela Universidade Potiguar.

  • INTRODUO

    No mundo atual, permeado pela lgica capitalista, a capacidade de adaptao s demandas impostas pelo cenrio vigente de extrema importncia para aqueles que se empenham em crescer no trabalho. Os trabalhadores precisam garantir sua sobrevivncia pois esto adoecendo com o novo ritmo de produo. Sintomas como estresse, ansiedade, fobias e outros, vm surgindo cada vez mais rpido nas pessoas que sofrem grandes presses no trabalho. A questo como lidar com os problemas e resolv-los, supondo que se possa existir um convvio mais harmonioso entre os sujeitos.

    Para compreender a capacidade em lidar com circunstncias do cenrio atual foi-se buscar na fsica um conceito que at ento era privativo dessa cincia: o conceito de resilincia. Segundo Isabel Galieta (2004) resilincia a capacidade de superao e adaptao, diante de uma dificuldade considerada como um risco, e a possibilidade de construo de novos caminhos de vida e de um processo de subjetivao a partir do enfrentamento de situaes estressantes e/ou traumticas.

    Por sua vez Leticia Lorga(2006) afirma que a caracterstica da atitude resiliente vai ao encontro do desejado novo perfil de trabalhador para empresas na atualidade, pois denota rapidez em se adaptar ao novo, resolver a crise e transformar a situao.

    O estudo da resilincia no mbito das organizaes permite dar uma noo das novas convenes no labutar humano e identificar o novo profissional e a importncia dele nessa organizao. Pensando assim acreditamos que este artigo, poder nos ajudar a crescer como pessoas e ajudar outros a se tornarem resilientes, visto que antecipando e ajustando-se s mudanas na empresa e no cuidado com o sujeito, que ser possvel encontrar alternativas para lidar com as exigncias do mundo do trabalho. Deste modo esta pesquisa tem como objetivo analisar a importncia da resilincia no contexto organizacional e buscar atravs de um estudo bibliogrfico, identificar atributos que caracterizam o empregado resiliente e compreender como a resilincia ir influenciar no desempenho do colaborador.

  • O mtodo a ser utilizado ser a pesquisa bibliogrfica de natureza investigativa. Como referencial terico, buscaremos entre vrios autores locais, nacionais e internacionais, subsdios tericos e resultados de pesquisas atuais e histricas acerca da resilincia, reunindo aqui, as principais ideias e sugestes a este respeito.

    Segundo Silva (2004) o mtodo pode ser considerado uma forma de pensar para se chegar natureza de um determinado problema, quer seja para estud-lo ou explic-lo. Dessa feita esta pesquisa de carter exploratrio e visa proporcionar maior familiaridade com o problema para torn-lo explcito ou construir hipteses.

    Tomaremos como base o levantamento de parte de toda bibliografia j tornada pblica em relao ao tema estudado, como publicaes avulsas, revistas, livros, monografia, teses, entrevistas com pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e anlise de exemplos que estimulem a compreenso. Pretende-se tambm iniciar uma busca por esse material nas bibliotecas da Universidade Potiguar e estruturando assim nosso prprio acervo sobre o tema, facilitando a consulta, otimizando o trabalho e a leitura.

    1. O trabalho e suas transformaes ao longo da histria

    O termo trabalho derivado do latim clssico tripalium, que se trata de um instrumento de tortura. Provavelmente este termo possua um conceito pejorativo, pois na antiguidade,a noo que se tinha era que o trabalho roubava a liberdade dos homens. Para a tradio judaico-crist o trabalho era visto como uma maldio, que muitos diziam ser infelicidade, infortnio ou sofrimento.(CHIAVENATO, 2000). Ao longo do tempo, o termo trabalho foi agregando vrios significados, onde destacaremos suas modificaes, como ele conceituado nos dias de hoje, e como ele vem se transformando tendo em vista a reestruturao produtiva da sociedade atual.

    Na antiguidade o trabalho era visto com algo que tinha o poder de modificar a condio do ser humano. A partir da que este vai extrair o que tem da natureza para garantir sua existncia. J no final da idade mdia, com a

  • Reforma Protestante,o trabalho teve sua viso modificada. Passou de trabalho humilhante e sem valor, para o ganho de bens materiais e da salvao da alma.

    No perodo que compreende a idade moderna o trabalho passou a ser dividido em produtivo e no produtivo, qualificado e no qualificado, fazendo tambm uma distino entre trabalho manual e intelectual.

    Para melhor exemplificar a evoluo histrica do trabalho temos a revoluo industrial que aconteceu na Inglaterra na segunda metade do sculo XVIII, mais precisamente em 1760. Com seu advento os mtodos de trabalho mudaram drasticamente, deixou de ser totalmente manual devido o surgimento das mquinas de tear, fiar, da mquina a vapor, enfim, surge a ideia de trabalho assalariado e a maquino fatura.(SCOMPARIM, 2007).

    Na revoluo industrial, alm das mudanas no setor comercial e agrcola, tivemos acima de tudo as transformaes sociais, ou seja, a passagem da sociedade rural para a sociedade urbana. E considerando em linhas gerais a revoluo industrial caracterizada por quatro pontos bsicos: aparecimento das mquinas que substituram os homens; a utilizao do vapor para acion-las; o aprofundamento da diviso do trabalho e; a melhoria marcante de novas matrias-prima, como, por exemplo, os metais,(SCOMPARIM, 2007). Nesse perodo o trabalho passou a ser visto como sendo uma atividade compulsiva e incessante, o tempo livre na modernidade agora escasso. Movidos pelo esprito capitalista com o passar do tempo o trabalho passou a fazer parte de todos os contextos da sociedade, isto , todas as atividades passaram a ser vistas como oportunidades para os negcios. O modo de produo capitalista teve sua origem no sculo XV e caracterizou-se pela produo para a venda, a mais-valia, luta pelos mercados, e concentrao de capital nas grandes empresas.

    A segunda metade do sculo XIX tem como caractersticas principais o surgimento do ao, da energia eltrica, do petrleo, da indstria qumica dos meios de transporte e de comunicao. Este perodo foi marcado pela produo em massa e linhas de montagem, pela diviso tcnica do trabalho e surgimento das escolas industriais e profissionalizantes. A terceira revoluo acontece na segunda metade do sculo XX com a robtica, informtica,

  • aperfeioamento de transportes e das comunicaes, transformao da cincia e da tecnologia em matrias primas por excelncia e na gesto eorganizao dotrabalho mais flexvel e integrado globalmente.

    Em outras palavras, o trabalho se apresenta como elemento constituinte da essncia humana, da experincia, do saber aprender a fazer de cada um. Ainda sobre esse desenvolvimento e articulando com o trabalho necessrio entender os vrios tipos de gesto, posto que o trabalho seja uma unidade que traduz uma complexa trama de referncias e reelaboraes estratgicas por parte do trabalhador, para atingir suas metas.

    Desta feita no se pode deixar de ver com todo o cuidado, visualizando as situaes que contribuam para o desenvolvimento do sujeito e visualize tambm as situaes que so potencialmente perigosas sade do sujeito.Para Sivieri (1994; p.82)a moderna organizao capitalista do processo de trabalho iniciou a era das doenas provocadas pela grande exigncia de adaptao do homem ao trabalho, um reflexo do esforo que o trabalhador emprega para adaptar-se a esta situao anormal.

    2. As organizaes: histrico e conceitos

    Colocando agora em discusso esses novos modelos de organizaes capitalistas, Chiavenato (1999), cita que a mesma pode assumir vrios significados. A organizao pode ser entendida como uma entidade social dirigida para objetivos especficos e deliberadamente estruturada, sendo entidade social porque constituda por pessoas, dirigida para objetivos porque desenhada para alcanar objetivos, deliberadamente estruturada

    nesse cenrio que se iniciam discusses ligadas a psicologia do trabalho e a subjetividade do trabalhador. O trabalho entendido em seu sentido genrico, como expresso da relao do ser com a natureza, em sua dupla dimenso: transformar a natureza e, ao mesmo tempo, autotransformar-se, como ser que trabalha, por meio da relao com a cultura, da identificao com o grupo, da auto-realizao e do sentimento de auto-estima. VIEIRA; BARROS; LIMA; (2007).

  • pelo fato que o trabalho dividido e seu desempenho atribudo aos membros da organizao. Nesse sentido, a palavra organizao significa qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. As organizaes podem ser industriais, econmicas, comerciais, religiosas, militares, educacionais, sociais, polticas, entre outras. A maneira como as pessoas vivem influenciada pela maioria dessas organizaes, e as mesmas tambm so influenciadas pelo modo de pensar, sentir e agir das pessoas.

    Buscando melhor enquadrar os seres humanos nesse contexto organizacional Frederick Taylor concebeu a idia de um homem-mquina. Na segunda metade do sculo XIX, a recm-descoberta da termodinmica permitiu aos cientistas criar mquinas projetadas para um rendimento mximo. Eficincia tornava-se a palavra chave. Com a fisiologia da poca dando respaldo, cresce ideia de uma eficincia humana negativa comparada a das mquinas. Estabelecesse o perfil do "homem mdio", e a seleo de mo-de-obra em funo de tais critrios. Logo as organizaes seriam concebidas para funcionar como mquinas orientadas minimizao da incerteza.

    O enfoque mecanicista da organizao s pode funcionar bem em condies nas quais mquinas funcionem bem. Por exemplo, quando as mesmas tarefas precisam ser desempenhadas continuamente, ou quando se produz apenas produtos padronizados. De uma mquina espera-se que seja eficiente, no que seja criativa ou inovadora diante do imprevisto, o que seria considerado uma atitude tipicamente humana. Iniciou-se um reconhecimento da importncia de um meio ambiente instvel e em permanente evoluo, no qual as organizaes competem entre si por recursos limitados, numa seleo natural que determina duas palavras-chave: competitividade e sobrevivncia.

    As organizaes ento passam a ser sujeitas s oscilaes. Porm, estas oscilaes podem ser amortecidas, ou seja, os sistemas seriam capazes de retornar ao equilbrio. Chegou-se a tal modelo acreditando-se que oscilaes que se amplificassem com o tempo conduziriam o sistema ao colapso, e que apenas os sistemas capazes de manterem-se estveis sobreviveriam no tempo.

  • Entretanto nas organizaes tambm imperam uma variao cultural e essa variao refere-se primordialmente aos hbitos e comportamentos de um grupo ou sociedade. Por sua vez, relativamente recente o estudo das formas que essas diferenas assumem no mundo do trabalho. Antigamente todos acreditavam que regras gerais aplicavam-se a todas as situaes de administrao, trabalho e organizao, independente dos contextos em que eram encontradas.

    Contudo, a grande questo que permanece refere-se ao modo pelo qual o comportamento das organizaes varia culturalmente, onde considerveis diferenas tm sido encontradas nos valores, atitudes e comportamento dos indivduos no ambiente de trabalho, principalmente no que se refere ao trabalho administrativo.

    Deste modo, deu-se o estudo na dcada de 60 sobre a estrutura e do funcionamento de organizaes e o comportamento de grupos e indivduos dentro delas, defendendo a ideia de tratar-se de uma cincia emergente e quase independente, apoiada em outras disciplinas como Psicologia, Sociologia e Economia. (Pugh, 1966).

    Ancorados nestas suposies, Payne e Pugh (1971), dois estudiosos ingleses, apresentaram um dos primeiros modelos para o Comportamento Organizacional (CO), com quatro nveis de anlise: indivduos, equipes ou pequenos grupos de trabalho, departamentos ou outros pequenos setores organizacionais e a organizao como um todo, influenciados pela viso sistmica de Katz e Kahn (1966/1978) sobre as organizaes. Payne e Pugh conceberam cada um dos nveis de anlise do modelo como subsistemas interdependentes, mas com identidades prprias.

    Alguma das preocupaes desses estudiosos que procuravam delimitar o campo do CO era diferenci-lo da Psicologia Industrial/Organizacional, argumentando que as atividades organizacionais constituam um objeto de estudo e no um contexto para onde conhecimentos psicolgicos seriam simplesmente transferidos e aplicados. Uma organizao s se desenvolve em virtude das mudanas tecnolgicas, das leis econmicas e atravs da procura de padres elevados de vida. Essas mudanas externas precisam ser absorvidas internamente pelas

  • organizaes; para tanto, o modo de gesto das organizaes possibilitar seu desenvolvimento ou no. Em pleno sculo XXI, as organizaes bem sucedidas sabem que para permanecer competitivas nos mercados mundiais precisam inovar em produtos e servios. Ao mesmo tempo, os trabalhadores sabem que para progredir em suas carreiras no podem contar com o tipo de conhecimento e as capacidades que prevaleciam ontem. Apegar-se ao rotineiro e familiar perigoso, ameaa o futuro das organizaes e deixa os indivduos para trs. Ao mesmo tempo, a velocidade com que novas descobertas cientficas e tecnolgicas ocorrem obriga o indivduo a trabalhar cada vez melhor e a pensar e reagir cada vez mais e rapidamente, desafiando constantemente sua certeza quanto s suas competncias. Exigncias cada vez maiores recaem sobre os indivduos em todos os setores das empresas, no apenas sobre os que esto no topo do sistema, no tocante ao autogerenciamento, responsabilidade pessoal, objetividade, a um grau elevado de conscincia e a um compromisso com a inovao e colaborao, sendo estas as grandes prioridades, ou seja no exclusivamente a esses e sim a todos os setores.

    Atualmente as organizaes exigem trabalhadores instrudos capazes de compreender os princpios de sua ao e no apenas de cumprir tarefas rotineiras; capazes de iniciativas, no s aceitando, mas desejando a mudana, aderindo voluntariamente a seu trabalho e interessando-se por ele; capazes e desejosos de cooperar com os outros, no apenas com os colegas permanentes, mas dispostos adaptao rpida a equipes mutantes e s foras-tarefas provisrias. Dessa feita, entendido que as organizaes anseiam por trabalhadores que consigam superar os obstculos neste mundo das organizaes, o qual bastante competitivo e desafiador. Trabalhadores que faam a diferena, e que chamamos de sujeitos resilientes.

    Outro fenmeno importante e que d complemento a esse estudo a reestruturao produtiva, fenmeno que trouxe grandes transformaes no mundo do trabalho, onde os principais motivos dessas transformaes esto, sem dvida, na revoluo tecnolgica. Uma revoluo que atualmente no mais de infra-estruturas, como ferrovia e telgrafo, ou de mquinas como o automvel e o torno, conforme as revolues anteriores, mas de sistemas de

  • organizao do conhecimento. a prpria mquina de inventar e de renovar tecnologias que vem sendo revolucionada.

    Nessa perspectiva Harvey (2002) apud Pedrozo(2006) acrescenta que o acesso ao conhecimento cientfico e tcnico sempre teve grande importncia na luta competitiva, mas atualmente se verifica uma renovao de interesse e de nfase, j que, num mundo de rpidas mudanas de gostos e necessidades (em oposio ao sistema fordista estvel e padronizado), o conhecimento da ltima tcnica, do mais novo produto, a mais recente descoberta cientfica implica alcanar importante vantagem competitiva. O prprio saber se torna uma mercadoria-chave a ser produzida e vendida para quem pagar mais.

    Essas mudanas, juntamente com a globalizao, tm colocado desafios que testam tanto a capacidade da empresa de se manter no mercado quanto dos profissionais em se manter em condies aptas para desenvolver seu trabalho, e garantir empregabilidade, uma vez que esse novo padro exige qualidade, flexibilidade e maior produtividade. O ambiente globalizado caracteriza-se por possuir um grau de modificao muito rpido, uma forte concorrncia entre as empresas a violenta competio no mercado de trabalho.

    As transformaes ocorridas no sistema produtivo alteraram, de maneira significativa, a organizao das empresas que mudaram seus modelos organizacionais para adaptarem-se s condies de imprevisibilidade colocadas pela transformao econmica e tecnolgica. Segundo Antunes (1997) e Mattoso (1995), apud Brbara (1999) todas estas mudanas no mundo do trabalho caracterizam-se basicamente pela: diminuio dos ciclos de produo,mudana na diviso do trabalho dentro das empresas, consolidao das tecnologias da computao e da informtica, polivalncia e treinamento dos trabalhadores como requisitos essenciais aos novos processos produtivos. Todos esses fatores tiveram um grande impacto sobre o mundo do trabalho, pois o aumento de produtividade to desejado pelas empresas aliado diminuio do tempo de trabalho por unidade produzida, trouxe como conseqncia a diminuio de muitos postos de trabalho e, muitos trabalhadores, alijados do mercado de trabalho formal, so levados a aceitar empregos de baixa qualidade, ou a buscar sua subsistncia como autnomos ou assalariados sem carteira. Como resultado dessa modernizao e busca por mais produtividade ao menor custo, as empresas passaram a buscar, ao

  • mesmo tempo, cortes de pessoal e elevao da jornada de trabalho, agravando assim as condies do mercado de trabalho no Brasil.

    O trabalhador, pretendendo atender s novas exigncias do mercado, busca qualificar-se; porm, muitas vezes, desprovido de senso crtico e sem qualquer orientao, pode acabar como vtima do comrcio travestido de escolas de especializao (curso de informtica, ingls "fcil" e at mesmo ps-graduao em universidades de qualidade duvidosa).Essa busca por especializao incentivada pela idia de que o novo trabalhador deve ser polivalente e mais qualificado. No entanto, quase sempre, esta pretendida polivalncia no passa de uma ampliao de tarefas. A ampliao pode estar se referindo agregao de tarefas do mesmo tipo (de vrias mquinas ao mesmo tempo) ou de baixa especializao(conservao e inspeo elementar), o que equivaleria, ento, a um sistema de multitarefa.

    Sendo assim, quando se fala de reestruturao produtiva, est se falando tambm, acima de tudo, de sofrimento humano e, desta forma,de um problema de todas as reas do saber e, em especial da psicologia que deveria tratar da qualidade de vida. Sendo tambm relevante refletir a questo do desemprego e a sua repercusso na qualidade de vida do trabalhador.

    Psicologia cabe no s observar e avaliaras contingncias que esto determinando a conscincia parcial dos trabalhadores, mas, acima de tudo, atuar no ambiente de forma a ampliar a conscincia do trabalhador para que ele possa ter controle de seu comportamento, afinal, como coloca Skinner:" Ampliar a conscincia que a pessoa tem do mundo exterior simplesmente p-la sob um controle mais sensvel desse mundo, como fonte de estimulao. Marx e outros tentaram levar as pessoas a um nvel mais elevado de

    Cada vez mais as empresas assumem importncia na vida dos indivduos e as relaes estabelecidas no mundo do trabalho tendem a monopolizar a vida social dos sujeitos, desenvolvendo vnculos progressivamente mais estreitos entre as organizaes e seus membros vnculos estes que ultrapassam a relao com o prprio trabalho.

    (FREITAS, 2000, p. 42)

  • conscincia' colocando-as sob o controle de aspectos de seu ambiente" (Skinner, 1974,p.133 apud Barbara, 2009).

    Autores como Nardi, Tittoni e Bernardes (2002, p.302-308) enfatizam como "o processo de reestruturao produtiva tem criado uma srie de demandas que provocam transformaes nas formas de organizao do trabalho. Uma primeira demanda coloca a necessidade de um novo 'modelo' de trabalhador, com capacidade de lidar com tecnologias e processos mais flexibilizados, e exige dele, tambm, uma maior flexibilizao". O trabalhador 'flexibilizado', se sujeita aos 'estilos de gesto', suporta ritmo intensificado de trabalho, presso e responsabilizaes que exigem sua sujeio e adaptao aos objetivos da empresa, tornando-se, portanto, resiliente s situaes adversas.

    Uma situao adversa entendida como aquela que se encontra ou se apresenta em oposio, que traz desgraa, provoca infortnio ou prejudicial a algum ou algo. Nesse sentido, uma adversidade pode significar uma dissonncia, uma divergncia, uma tenso entre partes que, em algum momento, pode redundar em perdas. Situaes adversas so comumente transformadas em instrumento de manipulao por parte das chefias e colegas de trabalho.

    Adversidade pode gerar medo e este , portanto, uma garantia da sujeio do indivduo-trabalhador aos desgnios do trabalho sob presso ou em ritmo intensificado, este medo, tambm promove a resilincia. O indivduo-trabalhador que se sente acuado pelo medo e tem um obstculo a ser transposto resigna-se e cede. A adversidade manifestada atemoriza o trabalhador e este se adapta. Esta imposio pela adaptao tende a forar uma atitude diferenciada do trabalhador no ambiente de trabalho transformando-o em resiliente.

    3.A resilincia e os atributos que caracterizam o empregado resiliente

    De acordo com CARMELO (2008) o termo resilincia vem do latim, do verbo resilire, que significa saltar para trs, ou voltar ao estado normal. Historicamente, a noo de resilincia foi primeiramente utilizada pela Fsica e Engenharia. Um dos precursores dessa utilizao foi o cientista ingls Thomas

  • Young que, em 1807, buscando a relao entre tenso e compreenso de barras metlicas, usou a palavra resilincia para dar a noo de flexibilidade, elasticidade e ajuste as tenses ao descrever seu conceito de elasticidade. Para a Fsica, portanto, resilincia a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado devolvida quando cessa a tenso causadora de deformao elstica. Porm o conceito de resilincia ultrapassou as fronteiras da Fsica e, ganhando maiores propores, passou a ser utilizada tambm nos campos da Educao, da Sociologia, Administrao, Medicina e na Psicologia. Na Psicologia, segundo Carmelo (2008) o conceito utilizado para definir um conjunto de processos sociais e intrapsquicos que possibilitam a indivduos manifestarem o mximo de inteligncia, sade e competncia em ambientes de complexidade, instabilidade e presso, como atualmente no ambiente de trabalho. De fato, quando as pessoas demonstram serem resilientes defrontam-se com a ambiguidade, a ansiedade, a dor e a perda de controle que acompanham uma forte mudana, elas tendem a se tornar indivduos mais fortes e a crescer com base em suas experincias, ao invs de se sentirem esgotadas e derrotadas. So sujeitos possuidores de auto-estima, crena em sua auto-suficincia, dotados de um repertrio de habilidades para solucionar problemas e com relacionamentos interpessoais satisfatrios. Na psicologia positiva o enfoque nas foras pessoais, onde a resilincia considerada um processo normativo de adaptao, presentes na espcie humana e aplicvel ao desenvolvimento em ambientes favorveis ou adversos e que todos os seres vivos possuem capacidade para o desenvolvimento saudvel e positivo, o que antes parecia ser exclusivos de alguns indivduos. PALUDO; KOLLER, (2007).

    O nico homem educado aquele que aprendeu como aprender,como adaptar-se a mudana; o homem que compreendeu que nenhum acontecimento seguro e que somente o processo de buscar o conhecimento,fornece a base para a segurana. (CARL ROGERS)

  • Em seu estudo, Ana Vera Niquerito (2009), procura situar na rea da enfermagem, a percepo de anlises e preocupaes que vivenciam muitas vezes um ambiente de trabalho estressante, podendo desencadear diversos problemas de sade. Estes profissionais podem alienar-se no interior de suas atividades, seja pela fragmentao das funes, rgida disciplina ou rotina intensa, implicando tambm em auto-responsabilidade por conflitos que acontecem na equipe (Niquerito apud Belanciere, 2005).

    Assim, a esses profissionais cuja funo primordial cuidar do outro, surge a inadequao do estilo de vida, que pode relacionar-se com caractersticas prprias de seu trabalho como os mltiplos turnos de trabalho, jornadas duplas, sobrecarga emocional em situaes de vida ou morte, m alimentao e sono no reparado. Ter acesso a esse tipo de informao importante, pois permite uma elaborao e implementao de medidas preventivas por meio de programas de reduo de estresse e promoo de resilincia e qualidade de vida na rea da enfermagem.

    A resilincia colocada sob a tica das empresas possui outra intrnseca discusso, pois a subjetividade, a forma e o ritmo de trabalho possuem influencia no processo de resilincia do sujeito no seu trabalho.

    Para Cimbalista (2007), o valor da empresa est expresso na satisfao do trabalhador pelas conquistas pessoais no trabalho. A empresa e o emprego simbolizam a compensao pelo esforo despendido, o retorno do valor de seus atos e cumprimento de objetivos. Indivduos trabalhadores esto vendendo suas almas por valores ditados pelo mercado em troca da satisfao imediata. Sendo assim Cimbalista apud Bauman, (1999, p.87-88) faz anlise desse fenmeno de que se vive numa sociedade de consumo globalizada que se desfaz do sentido anterior de uma sociedade de produtores.

    Essa sociedade leva seus membros condio de consumidores estimulando-os a entrar no circuito capitalista. Valores organizacionais moldam essas atitudes do trabalhador em adaptao ao sistema produtivo, gerando o envolvimento de sua subjetividade em nome da produtividade e competitividade da empresa.

    O aprimoramento de tcnicas passa a ser um norte para o desempenho de trabalhadores bem qualificados, como luta para alcanar as novas

  • demandas. Dessa forma vivida a adversidade, pois, como sujeito da ao, o trabalhador cria formas de sobrevivncia adaptando-se de forma resiliente, s condies impostas pelo trabalho: como o ritmo, as presses e suas responsabilidades e, desse modo, no est fechado em si mesmo, havendo constante interao entre seu trabalho e a sociedade.

    Tendo como vilo o ritmo intensificado de trabalho os colaboradores veem-se beira da exausto. Nesse momento os sentimentos que afloram so contraditrios. Se por um lado desanimam, por outro o desafiam superao. Esses sentimentos atrelados a situaes adversas no trabalho propiciam atitude resiliente. O desenvolvimento da capacidade de adaptao adversidade o cerne da atitude resiliente, e, no caso do ritmo, uma atitude desejvel para a empresa.

    Pesquisando sobre o perfil do novo profissional percebe-se que a cada ano, as empresas esto descobrindo que no basta ser excelente tecnicamente, mas preciso tambm, que o profissional seja maduro emocionalmente e que tenha flexibilidade de se adaptar s mudanas; capacidade de trabalhar em equipe e manter um bom relacionamento com os colegas; que consiga comprometer-se de fato com os objetivos; que seja um empreendedor dentro da empresa; que gerem resultados efetivos; que seja assertivo; seja um lder eficaz; tico; entre outras coisas. E isso vale para todas as reas (Pedrosa, 2007).

    Essas novas exigncias do mercado atual remetem a um perfil resiliente com qualidades que so esperadas das grandes empresas, como por exemplo, colaboradores que faam a diferena, principalmente para atender acirrada competitividade. Espera-se que os profissionais sejam protagonistas e agentes das mudanas no mercado, e o sujeito resiliente deve se preparar para a realidade do mercado.

    Nos estudos realizados encontramos uma gama de qualidades/habilidades a serem incorporadas(ou j presentes) pelo sujeito resiliente. Segundo Taboada, Legal e Machado (2006) atributos como: otimismo, criatividade, senso de humor, memria acima da mdia, competncia social e educacional, flexibilidade, iniciativa, propsitos; bom traquejo social, alto nvel de inteligncia, modos avanados de resolver problemas, alto nvel de auto-estima e autoconhecimento, habilidade de tomar decises, empatia,

  • esperana em relao ao futuro, conscincia do seu valor e seu lugar no mundo; pacincia, tolerncia, responsabilidade, determinao, compaixo, autoconfiana, esperana. Tais atributos visam uma otimizao de recursos a serem utilizados frente a situaes de intenso estresse. Pode-se tambm dizer que a capacidade de um indivduo, de assimilar de um modo eficiente e eficaz os momentos de transio que ocorrem dentro do trabalho limitada pelo seu nvel de resilincia, nvel esse que se torna fundamental dentro da organizao.

    De acordo com Carmelo (2008) no mundo empresarial, a cada dez projetos de mudana, apenas um d certo. "O resiliente no espera a crise acontecer para fazer algo, ele se antecipa s mudanas, porque est sempre ligado ao que acontece no mercado, fora da empresa. o que mais se espera dos profissionais hoje.

    Seguindo essa linha, podemos dizer que estar resiliente estar incomodado, e isso extremamente importante para qualquer profissional, pois movimenta a energia para a constante atualizao, busca por novas experincias e ideias diferenciadas. Pessoas e empresas resilientes sempre esto incomodadas em busca da perfeio, no se contentam com o bsico, pois querem o excelente, mas isso no lhes causa paralise (parar por excesso de anlise), no as impede de agir.

    Nem sempre a ajuda externa suficiente em situaes de crise, tornando-se, por isso imprescindvel, o reforo de eventuais fatores internos de resistncia vulnerabilida de que possibilite o sujeito ultrapassar as

    As pessoas resilientes experimentam os mesmos medos e as mesmas angstias que qualquer pessoa quando submetida a tenso de mudana (no podemos esquecer que so seres humano) Entretanto, elas so capazes de manter seus padres de produtividade e de qualidade, bem como sua estabilidade fsica e emocional enquanto buscam montar seus objetivos. A resilincia no pode ser vista como um atributo fixo do indivduo, se as circunstncias mudam a resilincia se altera (POLETTO e KOLLER, 2006, p. 24).

  • circunstncias desfavorveis com que so confrontados. Para que a ativao da resilincia seja vivel temos que nos esforar em proporcionar aos seres humanos certas condies adequadas para o sujeito erguer-se com prpria iniciativa. Esta interveno traduziria a resilincia, ou seja, a capacidade de responder de forma mais consistente aos problemas, dificuldades com que os sujeitos se deparam frente aos diferentes contextos. Mesmo estando, s vezes, no seu limite, o trabalhador supera o cansao, a raiva, e submete-se realidade de seu cotidiano, contudo transformando-se, e fortalecendo-se atravs desta transformao. Este movimento ambguo entre revolta e resignao o cerne da resilincia, quando o indivduo reflete sobre situaes adversas e se adapta para prosseguir. Ainda de acordo com CARMELO (2008) o resiliente otimiza sua energia, registrando os recursos pessoais e coletivos existentes, reconhecendo problemas e limitaes a enfrentar e comunicando seus sentimentos e ideias de maneira clara, objetiva, honesta e transparente.

    Ainda podemos dizer que o estado do sujeito resiliente dialtico; ao mesmo tempo em que se sente enfraquecido, fortifica-se. Este movimento acontece como que um duplo estmulo, uma resposta situao adversa, encontrando foras em sentimentos como a superao. O indivduo resiliente suporta as situaes adversas e se refaz. Mesmo quando momentaneamente sai enfraquecido, relativiza os ganhos do enfrentamento na resilincia como transformao e menos como adaptao, resiste, transforma a adversidade em resistncia, para manter, de alguma forma, sua dignidade. Perfiscomo esses dentro da empresa contagia a todos que esto ao seu redor. Um ambiente alegre, com pessoas comprometidas, trabalhando num mesmo propsito faz a empresa crescer e incentiva o prprio sujeito resiliente. O profissional com este perfil flexibiliza a sua atuao tornando-se polivalente, multifuncional, engajado no processo de trabalho e com a cultura da empresa. Desta forma este trabalhador, agora sendo multifuncional e polivalente, expurgado do modelo tradicional de vendedor de sua fora de trabalho para agir e pensar como um capitalista em termos de produtividade e como um cliente sempre vido por qualidade. (CIMBALISTA, 2006) Como se pode ver as diversas referncias citadas no presente artigo fazem aluso ao atual perfil do profissional resiliente colocando como o mais

  • desejado pelas organizaes. E como consequncia surge um novo desafio para os profissionais da rea dos Recursos Humanos: estar atento a essa capacidade inerente nos novos colaboradores e procurar desenvolver as competncias dos que j atuam dentro da empresa.

    4. O desempenho do trabalhador resiliente

    Como j relatamos, o momento histrico atual caracterizado por frequentes e rpidas transformaes de tecnologia e de equacionamento econmico demandando mobilizao de mudanas nos indivduos e nas instituies, o que requer flexibilidade de ao, de estrutura e de vida pessoal, como meio de ajustamento a novas contingncias e condies econmicas, sociais, culturais, tecnolgicas e polticas.

    Entendemos tambm que o trabalho representa um valor importante e, por esse motivo, exerce uma influncia considervel sobre a motivao dos trabalhadores, sua satisfao e produtividade. Sendo assim, um dos aspectos do comportamento humano que tem sido bastante incentivado na atualidade aquele que procura compreender como as pessoas vivem e resolvem seus problemas dentro do contexto do trabalho.

    Essa caracterstica quem possui o trabalhador resiliente que devido sua influncia e desempenho dentro das organizaes e em meio s constantes mudanas, veem surgindo no mundo do trabalho. Olhando nesse contexto entende-se que as pessoas com essa caracterstica so extremamente tolerantes a mudana. Elas entendem que os imprevistos fazem parte da rotina e por isso no perdem o controle diante da primeira dificuldade, afirma Diana Coutu (2007).

    A resilincia est ligada capacidade de assimilar as situaes com os ps no cho sem otimismo exacerbado ou discursos derrotistas, ou seja, enfrentar a realidade, ainda que isso seja doloroso, tarefa para poucos e sem falar que no saber lidar com o imprevisto de forma realista, pode-se tornar um problema de dimenso perigosa Dessa forma a medida que o sujeito resistente mudana ele no s influencia diretamente no seu desempenho, mas contagia quem est no mesmo ambiente.

  • O conceito de Resilincia tem ganhado muita fora nos dias atuais, pois tem demonstrado que, mesmo diante de um cenrio de instabilidade e mudana, algumas pessoas e empresas conseguem maximizar desempenho e produzir valor com o mximo de competncia, inteligncia e sade possvel.

    Podemos destacar tambm que a falta de resilincia em um ou mais funcionrios em uma empresa pode afetar desde o bom relacionamento no local de trabalho at a produtividade, pois o indivduo que no resiliente no desenvolve a capacidade de superar os conflitos que geram estresse e cansao e, em consequncia, sofre com as mais diferentes doenas psicossomticas, podendo contagiar o ambiente com mau humor, depresso e at sndrome de pnico. Isso, sem falar nas constantes falta ao trabalho e na queda da produtividade.

    O que se tem verificado que a capacidade de enfrentamento do trabalhador resiliente o favorece de forma a no se deixar abater to facilmente pelas adversidades do mundo organizacional. Mas isso no quer dizer que o mesmo no possa em algum momento ser abatido por um distrbio orgnico ou emocional externo ao ambiente de trabalho.

    Devido ao ritmo de vida mais intenso, com estafantes jornadas de trabalho e acirrada concorrncia no mercado de trabalho a resilincia de cada profissional tem sido um dos fatores observados nos momentos de contratao ou nas avaliaes de desempenho. Afinal, observa, "a resilincia a capacidade humana de superar tudo, tirando proveito dos sofrimentos, das dificuldades", comparando o equilbrio humano estrutura de um prdio, que pode rachar se a presso for superior resistncia. E para qualquer organizao, importante ter em seus quadros profissionais preparados para vencer as dificuldades.

    CONSIDERAES FINAIS

    As transformaes no mundo do trabalho caminharam juntas com a histria do capitalismo. Dessa maneira, desde os tempos mais remotos at os dias atuais, ele foi se modificando com o intuito de atender as demandas da lgica do capital que sempre foi produzir mais e com maior lucratividade.

  • As organizaes, enquanto contexto de mundo do trabalho, foram criando estratgias que possibilitassem que os trabalhadores pudessem atender as exigncias de um mercado cada vez mais competitivo e exigente. Fenmenos como globalizao, Reestruturao Produtiva e as transformaes sociais, polticas, tecnolgicas, mercadolgicas exigiram o desenvolvimento de novas competncias por parte dos trabalhadores, flexibilidade, polivalncia para garantir sua empregabilidade.

    No cenrio organizacional que vem se descortinando intensificam-se os desafios para lidar com as exigncias do mundo laboral. E assim, cada vez mais os trabalhadores so solicitados a preparar-se para dar conta das demandas nesse cenrio atual. E para garantir sua empregabilidade os trabalhadores vm encontrando formas de adaptarem-se ao quadro que se apresenta. usando de resilincia que esses profissionais conseguem driblar as dificuldades e encontrar meios de atender aos desafios propostos a cada dia.

    As caractersticas que apresentam um profissional resiliente que fazem dele um profissional diferenciado, que nas crises o mais apto a contornar as situaes.

    Colocando como sendo uma caracterstica construda e no inata, a resilincia seria bem aceita no trabalhador sendo em alguns momentos at ponto positivo para o reconhecimento do mesmo na empresa. De modo geral ento este trabalho props uma inovadora discusso quanto a uma capacidade que pode ser trabalhada e que de grande importncia no novo perfil de trabalhador.

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