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O USO INDISCRIMINADO DE PLANTAS MEDICINAIS PODE AFETAR A BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES NO ORGANISMO?

Janana Cunha Barbosa Dallo[footnoteRef:1] [1: 1 Docente da Universidade Estadual do Maranho (UEMA). Bacharel em Nutrio pelo Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranho, Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranho- ([email protected])]

Iane Paula Rego Cunha[footnoteRef:2] [2: Doutora em Botnica pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE. Docente na Universidade Estadual do Maranho-UEMA e no Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranho-Iesma.]

Resumo

O presente artigo apresenta uma reflexo sobre o uso indiscriminado de plantas medicinais, tendo como objetivo avaliar os possveis riscos/consequncias envolvidos no consumo indiscriminado e como este uso pode afetar a biodisponibilidade de nutrientes na sade humana. Para tanto realizou-se um estudo descritivo e quantitativo com 46 pessoas: acadmicos e moradores de um bairro na cidade de Joo Lisboa-Ma, com anlise crtica luz de autores que abordam o assunto.

Palavras-Chaves: Biodisponibilidade. Fitoterpicos. Nutrientes.

AbstractThis article presents a reflection on the indiscriminate use of medicinal plants, and to evaluate the possible risks / consequences involved in the indiscriminate use and how this use can affect the bioavailability of nutrients in human health. To do so we performed a descriptive and quantitative study of 46 people: academics and residents of a neighborhood in the city of Joo Lisboa-Ma, with critical analysis in the light of authors who address the subject.

Key Words: Bioavailability. Herbal Medicines. Nutrients.

1 INTRODUO O uso de plantas medicinais com intuito teraputico foi difundido por todo o mundo e atualmente tem sido instrumento de pesquisas e estudos. Vrios so os benefcios nelas encontradas, porm ao observar a constante disseminao desse consumo em meios miditicos, pensou-se em avaliar/estudar se este uso de maneira indiscriminada- sem a prescrio de um profissional especializado na rea, colocaria assim a sade em risco pelo no conhecimento das substncias presentes nesses tipos de plantas, e se afetaria a biodisponibilidade de nutrientes prejudicando o estado nutricional do indivduo.A justificativa de seu uso deve-se muitas vezes ao baixo preo, alm de ser tambm cultivada no prprio quintal de casa, e suas informaes teraputicas baseiam-se tambm em conhecimentos repassados. Neste sentido o presente artigo visa fornecer informaes quanto ao uso adequado, evitando/minimizando o uso errneo que provocam danos sade.Essas problemticas quanto ao consumo indiscriminado reportam ao seguinte questionamento: Quais as consequncias que este mau uso pode trazer? E este uso indiscriminado pode afetar a biodisponibilidade de outros nutrientes no organismo humano?Diante dessas indagaes, procurou-se: avaliar os possveis riscos/consequncias envolvidos no consumo indiscriminado de plantas medicinais e este uso poderia afetar a biodisponibilidade de nutrientes na sade humana; identificar as divergncias entre o conhecimento emprico da comunidade pesquisada com o conhecimento cientfico; identificar o pblico consumidor; Investigar os possveis riscos envolvidos no consumo indiscriminado de plantas medicinais.Para isso, realizou-se uma pesquisa tendo como procedimento de anlise o mtodo descritivo e quantitativo. Para a realizao fez-se uma pesquisa de campo (PC) na qual foram utilizados dois questionrios: um para comunidade acadmica do Instituto de Ensino Superior do sul do Maranho-Iesma e outro para a comunidade de Joo Lisboa, em que desenvolveu-se as entrevistas, com anlise crtica em livros, revistas e artigos luz de vrios autores que abordam o assunto.O presente artigo pretende contribuir de forma significativa para aprendizagem educativa do uso de plantas medicinais, desenvolvendo reflexo tanto nas comunidades entrevistadas como para aqueles em que estiverem contato com o mesmo. Buscando tambm desenvolver um olhar crtico diante desse uso em meio miditicos.

2 PLANTAS MEDICINAIS

O uso de plantas medicinais com intuito teraputico h desde os primrdios e sua expanso se deu principalmente por ser um conhecimento passado de gerao em gerao.Nos primrdios da humanidade, o tratamento e a cura de enfermidade se restringiam ao uso de produtos naturais, especialmente os de origem vegetal- as ervas-, fundamentados no esprito intuito e observador de nossos antepassados, os aborgines, que transmitiam os conhecimentos adquiridos aos que buscavam um tratamento. Essas ervas passaram a se denominar plantas medicinais por terem, supostamente, alguma ao medicamentosa (REIS, 2009, p.439).

Essas prticas teraputicas j eram utilizadas pelos povos egpcios que em seus costumes preparavam seus remdios e cosmticos a partir de plantas e as utilizavam tambm para embalsamar seus entes mortos. Com decorrer do tempo dados do conhecimento emprico (popular) passou a ser estudado na rea da sade para tratamento de doenas.Nascimento (2006) diz que foi atravs da observao e da experimentao pelos povos primitivos que as propriedades teraputicas de determinadas plantas foram sendo descobertas e propagadas de gerao em gerao, fazendo parte da cultura popular.Esses estudos se estenderam, no sculo XVI, com mdico suo Philipus Aureolus Theophastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelsus, formulou a Teoria das Assinaturas, baseada no provrbio latim similia similibus curantur, semelhante cura semelhante. Nesta teoria achava-se que a forma, a cor, o sabor e o odor das plantas relacionavam-se com suas propriedades teraputicas, indicando seu possvel uso clnico. Algumas destas plantas passaram a fazer parte das farmacopeias alopticas e homeopticas a partir do sculo XIX, quando comeou a investigar suas bases teraputicas (Elvin-Lewis, 2001 apud Nascimento 2006).No Brasil de acordo Bomtempo (2009) a utilizao de recursos vegetais como fonte de medicamentos alternativos bem anterior ao descobrimento sendo essa prtica originada a partir dos costumes e tradies das mais variadas civilizaes indgenas que aqui habitavam. Segundo Silva (2001) quando os povos africanos e europeus chegaram aqui, trouxeram suas condutas e tradies curativas. Neste contexto entende-se que as plantas medicinais desempenham, portanto, papel singular na medicina moderna, por fornecerem frmacos os quais seriam dificilmente obtidos via sntese qumica, como por exemplo, os alcaloides da Papaver somniferum e os glicosdeos cardiotnicos da Digitalis spp. Outro aspecto que as fontes naturais fornecem compostos que podem ser modificados, tornando-se mais eficazes ou menos txicos. Vale ressaltar que as plantas medicinais possuem grupos de princpios ativos com caractersticas prprias que exige um conhecimento desses grupos para avaliao de suas potencialidades. Segundo Carvalho (2012) os princpios ativos so substncias provenientes do metabolismo secundrio das plantas, e so responsveis pela atividade teraputica das mesmas. E o emprego teraputico de plantas medicinais exige o conhecimento desses grupos para avaliao das potencialidades teraputicas, txicas e para formulao de uma estratgia adequada para seu uso e combinao (REIS, p.444, 2009). Dentre esses princpios ativos tem-se, por exemplo: Polifenis, taninos, oxalatos, alcaloides, saponinas, leos essenciais ou volteis e flavonoides.

3 BREVE HISTRICO DA LEGISLAO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERPICOS

O uso de plantas medicinais como medicamento vem desde o Brasil colnia, nesse perodo era Portugal quem regulamentava o uso desses produtos. Tendo como o primeiro cdigo do Brasil colnia a Farmacopeia Geral para o Reino e os Domnios de Portugal, sancionada em 1794 e obrigatria em nosso pas a partir de 1809. Aps a Independncia, foi utilizado ainda, o cdigo principal at 1929 quando Rodolfo Albino, um pesquisador catalogou mais 280 espcies botnicas que eram utilizadas como medicamentos, nascendo ento a primeira edio da Farmacopeia Brasileira, j no perodo do Brasil repblica (ANVISA, 2010).Aps esse perodo continuou sendo criadas e revogadas legislaes de acordo com necessidades impostas pela sociedade da poca. Atualmente tem-se vrias legislaes, neste estudo dentre elas sero citadas: Poltica Nacional de Plantas medicinais e Fitoterpico, RDC n 10 de 9/03/2010, Resoluo do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) n 525/2013.No que diz respeito Poltica Nacional de Plantas medicinais e fitoterpico que foi aprovada por meio do decreto n 5.813 de 22 de junho de 2006, estabelece diretrizes e linhas prioritrias para o desenvolvimento de aes pelos diversos parceiros em torno de objetivos comuns voltados garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterpicos em nosso pas (BRASIL, 2006)Assim sendo esta poltica traz tambm em seu contexto dados referentes biodiversidade da flora brasileira, objetivos da poltica alm de diretrizes que regulamentam, incentivam e promovem o uso de plantas medicinais e/ou fitoterpico.Em relao RDC n 10 de 9/03/2010 traz em seu texto uma lista de drogas vegetais, assim como atualizaes pertinentes ao assunto, notificao de drogas vegetais junto Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria(ANVISA).No campo dessas legislaes surgiram ainda resolues que regulamentaram o uso e prtica de plantas medicinais e/ou fitoterpicos por profissionais, entre elas a resoluo do CFN 525/2013 que regulamenta a prtica da fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competncia para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterpicos como complemento da prescrio diettica (BRASIL, 2013). Sendo, portanto salutar para os nutricionistas, assim como para outros profissionais que podem fazer uso (fitoterpico) suas prescries desde que de maneira adequada.

4 RISCOS QUE PODEM AFETAR A BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES

A biodisponibilidade de um nutriente pode ser definida como sua acessibilidade para processos metablicos e fisiolgicos normais. Ou seja, a eficincia com que um componente da dieta utilizado sistematicamente atravs de vias metablicas normais (Cozzolino, 2009).Sendo entendida como uma resposta da interao dieta, nutriente e indivduo. Esta pode ser interferida por vrios fatores, como relata Benevides et al (p. 68, 2011):O conhecimento da presena de fatores antinutricionais e/ou txicos, que possam afetar o valor nutricional de hortalias se faz cada vez mais necessrio, pois a busca por alimentos saudveis tem aumentado, especialmente pela populao brasileira. Tem-se assim, por exemplo, os taninos que tem habilidade em precipitar protenas, os fitatos que podem formar complexos com protenas e minerais e os oxalatos que podem precipitar com clcio, formando cristais insolveis e clculos renais.Essas substncias esto presentes tanto em alimentos como em plantas medicinais, aqui chamar-se a ateno ao consumo de plantas medicinais indiscriminadamente. Vrios fatores esto ligados biodisponibilidade que podem influenciar na absoro de nutrientes de um alimento particular ou de uma refeio. Sobre isso Oliveira & Marchini (p.4, 1998) destaca dois fatores que pode estar ligado nesse processo.Diversos fatores interferem no aproveitamento de nutrientes, que podem ser classificados como fatores extrnsecos e fatores intrnsecos. Os primeiros dependem dos alimentos ingeridos, como o teor de nutrientes e o tipo de processamento para seu preparo. J os fatores intrnsecos dependem da capacidade digestiva, da absoro intestinal e da utilizao de nutrientes clulas. preciso conhecer as interferncias entre os componentes da alimentao, o funcionamento do sistema digestrio, a eficincia do processo absortivo e o aproveitamento de nutrientes pelos tecidos.

Nesse sentido a prescrio diettica deve priorizar que os alimentos/refeies prescritas sejam absorvidas e promovam sade, observando esses fatores citados anteriormente pelos autores. No mesmo contexto destaca-se, por exemplo, o consumo indiscriminado de chs de plantas medicinais que possuem na sua composio princpios ativos que consumidos indiscriminadamente, prximo ou em conjunto de refeies, podem acarretar em riscos/prejuzos sade, quando estes interferem na absoro de nutrientes, desenvolvem, por exemplo, carncias nutricionais.Nessa vertente, percebe-se uma disseminao do uso indiscriminado de plantas medicinais em publicaes de revistas, informaes soltas colocadas pela mdia, que j acontecia em anos anteriores e atualmente encontra-se tambm propagando rapidamente, pois alm da divulgao das plantas com finalidade teraputica, h o uso abusivo para perca de peso sem observar que outros fatores so necessrios para adquirir e/ou manter a sade do corpo. 5 Resultados e Discusses

5.1 Pesquisa de campo

Foram realizadas duas pesquisas com o mesmo questionrio semiestruturado contendo perguntas abertas e fechadas, uma no Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranho-Iesma, com acadmicos e moradores de um bairro da cidade de Joo Lisboa-Ma, onde entrevistou-se 46 pessoas. Com procedimento de anlise descritivo e quantitativo.

Grfico 01- Sexo

Fonte: Pesquisa no Iesma- 2014 Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014

O grfico 01 demonstra que h grande prevalncia no pblico feminino que faz uso de plantas medicinais. Esses dados tambm podem ser explicados por serem as mulheres que mais realizam essas preparaes em casa, como destaca Howard (2003) apud Almeida (p.15, 2012) diz que: Que so as mulheres quem preparam as preparaes caseiras. O alto percentual de mulheres que preparam as formulaes est de acordo com estudos anteriores que mostram que por prepararem os alimentos.No grfico 02 observa-se que a faixa etria dos entrevistados, na Iesma esto na faixa de 20 anos a 40 anos (95,64% se somados) em sua grande parte, j em Joo Lisboa h um consumo maior nos de16 a 20 anos (43,48%) e nos de 60 a 90 anos (21,74%).Grfico 02- Idade.

Fonte: Pesquisa no Iesma/2014. Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014. Com base nos dados acima, observa-se que os jovens assim como os idosos fazem uso de plantas medicinais, o que s ratifica que o uso de plantas medicinais passado de gerao em gerao. Rossato (2012) relata que os usurios de plantas medicinais de todo o mundo mantm o consumo destas, consagrando as informaes que foram acumuladas durante sculos.

Grfico 03- Grau de instruo Fonte: Pesquisa na Iesma/2014 Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa

Ao observar no grfico 03 o grau de instruo dos entrevistados na Iesma, a maioria (95,65%) possui ensino superior incompleto, e em Joo Lisboa ensino fundamental incompleto (47,82%). Com base nos dados conclui-se que o grau de instruo no est intimamente ligado ao consumo de ch sem orientao de um especialista. Supunha-se que o uso deste recurso teraputico fosse verificado com maior frequncia, principalmente, por aquelas pessoas com grau de escolaridade inferior ao ensino fundamental e renda inferior abaixo de um salrio mnimo (Almeida & Rocha, p.4, 2009).

Grfico 04- Onde voc adquiriu?

Fonte:Pesquisa no Iesma/2014 Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014. Quando indagados sobre qual lugar eram adquiridos as plantas para ch, na amostra da Iesma 52,17% responderam comprar na feira, em Joo Lisboa 69,56% relataram plantar no quintal de casa. Para tanto, observa-se que a maioria ainda tem o hbito/prtica de adquiri plantas medicinais no prprio quintal de casa, pelo baixo custo e at mesmo pela facilidade para o consumo. No grfico 05 mostra nos entrevistado da Iesma a maioria (33,33%) prefere tomar ch antes de dormir. J na pesquisa em Joo Lisboa 21,73% ingerem no desjejum.

Grfico 05- Em que horrio voc costuma consumi-lo? Fonte:Pesquisa no Iesma/2014 Fonte:Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014

Ressaltando que h um percentual significativo que o ingere seguido das grandes refeies fato que deve ser esclarecido a populao, principalmente dependendo do tipo de ch consumido, para no haver interferncia na biodisponibilidade de nutrientes, como explica Felipe (2013): O ch deve ser consumido entre as refeies para no interferir na biodisponibilidade de nutrientes provenientes das grandes refeies.

Grfico 06- O que costuma consumir no desjejum:

Fonte:Pesquisa na Iesma/2014 Fonte:pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014

Alimentao a principal fonte de nutrientes, isso indiscutvel, por isso o profissional nutricionista tem a preciosa misso de oferta-los da melhor maneira possvel. Observou-se que nas duas pesquisas h um significativo consumo de caf com leite, leite, ch, po, cuscuz e algumas frutas.Ao verificar o que consumido comumente no desjejum pode-se hipoteticamente, levantar alguns questionamentos, sobre se o consumo de alguns tipos de chs que foram citados que so consumidos por eles, se podem ou no interferir na absoro de alguns nutrientes, entre eles, o clcio presente no leite.Tem-se, por exemplo, o ch mate e ch verde, que segundo Sloboda (2013): o ch mate e o ch verde so ricos em oxalato, que podem precipitar com o clcio, formando cristais insolveis e clculos renais nos indivduos.

Grfico 07- O que voc costuma consumir no almoo?

Fonte: Pesquisa no Iesma/2014. Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014 Como mostram em pesquisas o arroz com feijo o prato mais consumido pelos brasileiros, sendo adequado quando este acrescido claro de protena, salada e fruta. No grfico 07 h tambm um significativo percentual que o consome.Por isso, importante que esses nutrientes sejam absorvidos no organismo e promovam sade e no carncias nutricionais. Em estudos recentes sobre taninos Truswell (2011) diz que: Os taninos existem em ch, caf e no cacau, inibem a absoro do ferro. Beber ch em excesso pode contribuir para baixar nvel de ferro.Grfico 08- Quem lhe indicou o consumo dessa planta?

Fonte: Pesquisa na Iesma/2014. Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa-Ma/2014. Perguntou-se aos entrevistados que havia indicado o consumo das plantas citadas por eles, 52,17% disseram que foi um parente, 17,39% um amigo e/ou vizinho e outros 17,39% viram em meios de comunicao como a TV, internet, jornal etc.Com base nos resultados, percebe-se que a maioria toma os chs por indicao de algum da famlia, observa-se tambm que h um dado relevante em relao aos meios de comunicao que muitas vezes libera informaes de maneira generalizada, o que pode nem sempre se adequar a realidade dessas pessoas, por exemplo. Em relao a isso surgi ento uma preocupao, j que essa atitude contribui para que haja uso indiscriminado, como relata Junior (2005):

A influncia da imprensa na difuso de informaes errneas sobre efeitos das plantas medicinais muito grande e, alm disso, sem qualquer controle na maioria dos pases. No Brasil comum ouvir propagandas a expresso: no faz mal para a sade porque 100% natural. (Junior, p.527,2005. Grifo nosso).Essa influncia s vezes passa despercebida no sendo comunicado em determinadas consultas ao profissional da rea de sade.Grfico 09- Voc acha que substancias naturais como as do ch que voc consome podem fazer mal a sade?

Fonte: Pesquisa no Iesma/2014. Fonte: Pesquisa em Joo Lisboa/2014.

Alm do uso indiscriminado de plantas de medicinais, outro fator chama ateno que as pessoas acreditam que os princpios ativos delas no tem efeito algum, ou seja, acha que por ser natural no trar malefcios a sade. Em vista disso, observa-se que maior parte dos entrevistados acham que as substncias naturais presentes nas plantas no podem fazer mal algum.

Cabe aos pesquisadores e mdia, cientfica ou no, divulgarem os riscos a que esto expostos os consumidores que se automedicam com plantas medicinais ou fitoterpicos, sem conhecimento necessrio sua utilizao. Generalizando-se o uso seguro dos medicamentos vegetais, deve evitar longas terapias, j que o uso de medicao natural no significa ausncia de efeitos colaterais ou txicos. (Junior, p.527,2005)Contudo sabe-se que h sim ainda vrios tipos de plantas que necessitam ser melhores estudadas e possuem substncias que pode fazer mal a sade, salienta-se que algumas pessoas entrevistadas faziam uso de medicamentos controlados, um risco, visto que essa possvel interao pode acarretar em prejuzos a vida.6 CONSIDERAES FINAIS

A prtica indiscriminada do uso de plantas medicinais e/ou fitoterpicos pe em risco a sade como um todo, visto que existem vrias substncias (princpios ativos) presentes neles e consequentemente nos chs que so consumidos. A orientao e at mesmo a prescrio, avaliando individualmente cada paciente, por um profissional habilitado se torna eficaz, uma vez que este deve ter um conhecimento mais aprofundando sobre o caso, diminuindo as chances de haver, por exemplo, um desperdcio de nutrientes ou ainda nos casos mais graves desenvolvimento de patologias. Contudo durante as pesquisas, observou-se ainda que predominante nas amostras um grande consumo de ch de plantas medicinais, mesmo com o crescimento da indstria farmacutica, e que as pessoas no tm noo das substncias e princpios ativos presentes nas plantas medicinais, acham que por ser natural no faz mal algum. V-se nesse aspecto a grande contribuio da mdia para esse tipo de pensamento, que realiza matrias, propagandas generalistas e subjetivas a respeito do tema, e a populao fica merc disso..

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