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Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 17, n. 3, p. 115-122, set./dez., 2006.

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Integralidade e construção de novas profissionalidades nocontexto dos serviços substitutivos de saúde mental

Integrality and the construction of new professionalities inthe context of mental health substitutive services

Elisabete Ferreira Mângia1, Melissa Muramoto2

1 Prof. Dra. do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP.2 Terapeuta Ocupacional, mestranda em Ciências da Reabilitação da FMUSP.Endereço para correspondência: Rua Cipotânea, 51, Cidade Universitária, São Paulo, SP, CEP 05360-160.

MÂNGIA, E. F.; MURAMOTO, M. Integralidade e construção de novas profissionalidades no contextodos serviços substitutivos de saúde mental. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 17, n. 3, p. 115-122, set./dez., 2006.

RESUMO: As novas estratégias de cuidado em saúde mental, no contexto da Política Pública de Saúdebrasileira, adotam uma nova forma de compreender e tratar os transtornos mentais que depende daestruturação de modelos assistenciais orientados pela perspectiva da integralidade, entendida aqui nãoapenas em referência à apreensão integral dos sujeitos, mas também aos novos valores e dispositivostécnicos. Este trabalho compõe a primeira fase do projeto de pesquisa “Estudo Colaborativo sobre aexperiência da rede de serviços em saúde mental do município de Santo André: caracterizando os serviços,conhecendo resultados e desenvolvendo um experimento sobre ativação de rede social”, iniciado emdezembro de 2005. Configurado como estudo qualitativo de inspiração etnometodológica, realizouentrevistas com usuários e técnicos, aplicação de questionários, observação participante em um Núcleode Atenção Psicossocial, com funcionamento 24 horas. São apresentamos resultados parciais referentesao Sub-Projeto A: Caracterização, funcionamento e estratégias da rede de serviços de saúde mental, comdestaque para a discussão dos seguintes aspectos: a) integralidade e missão dos serviços substitutivos desaúde mental; b) necessidades formativas para a construção de novos perfis profissionais no campo dasaúde mental e da reabilitação psicossocial; c) diretrizes para a construção de projetos terapêuticos naperspectiva da integralidade. Buscamos construir reflexões e indicações capazes de orientar a prática, aorganização e a avaliação nos serviços de saúde mental, com especial interesse nos aspectos que compõea relação entre profissionais e usuários e nas formas de construir, oferecer e avaliar as propostas eprojetos terapêuticos. Nessas reflexões está presente o esforço para complexificar a compreensão doprocesso saúde-doença e assumir a integralidade em cada momento assistencial.

DESCRITORES: Serviços de saúde mental. Serviços comunitários de saúde mental. Transtornos mentais/reabilitação. Assistência à saúde. Terapia ocupacional/psicologia.

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INTRODUÇÃO

A política de saúde mental no Brasil tem comoeixos principais; a redução de leitospsiquiátricos, o maior controle sobre as

internações, a organização de rede de serviços de saúdemental substitutivos e o reconhecimento dos direitos decidadania das pessoas com transtornos mentais. Taisestratégias configuram uma nova forma de compreender etratar os transtornos mentais que depende da estruturaçãode modelos assistenciais orientados pela perspectiva daintegralidade, entendida aqui não apenas em referência àapreensão integral dos sujeitos, mas também aos novosvalores e dispositivos técnicos (BRASIL, 2005, 2007).

Para a reabilitação psicossocial e mais especificamentepara da terapia ocupacional, o desafio da inserção socialde pessoas vulneráveis e o desenvolvimento de formasde convívio com a diferença exige transformaçõesprofundas nos modos de conceber o cuidado e organizaros serviços em confronto com as concepções e estratégiastradicionais o que implica na definição de novos perfisprofissionais. Este trabalho compõe a primeira fase doprojeto de pesquisa “Estudo Colaborativo sobre aexperiência da rede de serviços em saúde mental domunicípio de Santo André: caracterizando os serviços,conhecendo resultados e desenvolvendo um experimentosobre ativação de rede social”, iniciado em dezembro de2005, e que teve como objetivo geral, identificar asestratégias utilizadas na organização da rede de serviços ena atenção e reabilitação de pessoas com transtornosmentais, e seus resultados a partir do ponto de vista dosdiversos atores envolvidos. Configurado como estudoqualitativo de inspiração etnometodológica, realizouentrevistas com usuários e técnicos, aplicação dequestionários, observação participante em um Núcleo deAtenção Psicossocial, com funcionamento 24 horas.Apresentamos resultados parciais referentes ao Sub-Projeto A: Caracterização, funcionamento e estratégias darede de serviços de saúde mental, com destaque para adiscussão dos seguintes aspectos: a) integralidade emissão dos serviços substitutivos de saúde mental; b)necessidades formativas para a construção de novos perfisprofissionais no campo da saúde mental e da reabilitaçãopsicossocial; c) diretrizes para a construção de projetosterapêuticos na perspectiva da integralidade(GUIMARÃES, 1990; MINAYO, 2004).

A crise dos serviços ou crise política?

A participação no cotidiano e nas reuniões do serviçode alunos e técnicos da universidade, no contexto da

estratégia da observação participante, além da elaboraçãocoletiva de um diagnóstico de situação possibilitou aconstrução da reflexão que aqui apresentamos. Partimosdo consenso, forjado nas discussões com os atoresenvolvidos, de que o serviço está em crise e paracompreendermos esse processo consideramos importantea recuperação das diretrizes e estratégias da reformapsiquiátrica no Brasil e a reflexão sobre contribuiçõesteóricas de autores que tem buscado formular caminhospara a construção de um modelo assistencial em SaúdeMental, substitutivo ao modelo tradicional. Sabemos quea construção de um novo modelo coloca em crisepermanente não apenas o modelo que se quer superar mastambém toda a cultura construída em torno da noção dedoença mental/ periculosidade e incapacidade. É dessacrise que se espera o novo.

A “crise dos serviços”, ou a crise de operatividadedos serviços, diante de novos objetivos e utopias, aparececomo uma constante em inúmeras experiências nacionaise internacionais e parece fazer parte constitutiva doprocesso de construção das novas Políticas de SaúdeMental (SARACENO, 1998a; 1998b; 1999; OMS/PAS, 2001;CASTELFRANCHI et al., 1995).

Tal crise se configura a partir de alguns aspectoscentrais:

• os serviços não respondem adequadamente asnecessidades dos usuários com transtornos mentaisseveros;

. organizam-se a partir de estratégias fragmentadas eapresentam dificuldade na manutenção da continuidadeterapêutica;

. não assumem plenamente a responsabilização pelademanda e tendem a colocar os usuários em um percursocontinuo de trans-institucionalização;

. não desenvolvem uma política no território;

. não dispõe de projetos claros de reabilitação ouinserção no trabalho;

. mostram os limites das tecnologias médico-psiquiátrica, psicológica e reabilitativas tradicionais;

. fazem uso abusivo de fármacos;

. oferecem atividades desnecessárias;

. tendem a reproduzir a lógica de abandono einstitucionalização em seu processo de trabalho;

Embora reconhecendo tais problemas, as equipes dosserviços tendem a atribuir a crise à agentes externos, àfalta de recursos, aos recuos da política pública, àburocratização das relações, à falta de outros serviços desuporte. Apesar de muitos desses aspectos seremrelevantes e, de fato, representarem prejuízo para aorganização da política de saúde mental, existem aspectos

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fundamentais que estão no interior dos serviços e quedeveriam ser considerados na avaliação dessaproblemática, mas que dificilmente são assumidos pelasequipes. Nossa hipótese inicial é de que talvez faltemrecursos técnicos, informações e parâmetros para criticara própria prática e avançar nas propostas operativas.Assim, nosso objetivo aqui, a partir dos resultadosencontrados em campo, vem a ser o de colocar em questãoe definir aspectos que são considerados importantes, nocontexto da literatura específica dessa área e do diálogocom as equipes de trabalho envolvidas neste projeto.

Nesse contexto o desafio da integralidade se tornaum operador teórico e prático fundamental, pois vem sendoesse o horizonte buscado na construção de novos modelosassistenciais.

A noção de atenção integral à saúde, proposta naprópria definição do Sistema Único de Saúde e inserida naConstituição brasileira, é um projeto político e ético aindaem construção (BRASIL, 1988, 1990). Concretizar ummodelo assistencial ancorado em uma visão ampliada doprocesso saúde-doença e que toma como objeto a pessoaou os grupos sociais, em seu contexto de vida e de acordocom as suas necessidades, depende de mudançasprofundas em todos os aspectos implicados no trabalhode cuidado e promoção da saúde. Para a realização desseprojeto, a perspectiva da integralidade deve estar presenteem cada ação desencadeada pelo sistema, quer seja ela,local ou global, quer seja individual ou coletiva, e issorequer a transformação das tecnologias empregadas, daorganização dos serviços, dos processos de trabalho emsaúde e especialmente da formação dos profissionais econsequentemente, dos currículos universitários. Requertambém mudanças nas relações estabelecidas entreprofissionais de saúde e usuários.

Para Mattos (2001) “a integralidade não é apenasuma diretriz do SUS definida constitucionalmente. Ela éuma ‘bandeira de luta’, parte de uma ‘imagem objetivo’,um enunnciado de certas características do sistema desaúde, de suas instituições e de suas práticas que sãoconsideradas (...) desejáveis. Ela tenta falar de umconjunto de valores pelos quais vale lutar, pois serelacionam a um ideal de uma sociedade mais justa emais solidária”.

Nesse sentido é que buscamos construir reflexões eindicações capazes de orientar a prática, a organização e aavaliação nos serviços de saúde mental, com especialinteresse nos aspectos que compõe a relação entreprofissionais e usuários e nas formas de construir, oferecere avaliar as propostas e projetos terapêuticos. Nessasreflexões está presente o esforço para complexificar a

compreensão do processo saúde-doença e assumir aintegralidade em cada momento assistencial.

Reforma psiquiátrica e as novas profissionalidades

O processo da reforma passa por um momentoimportante e crítico de estruturação e consolidação queexige respostas inovadoras e criativas de seusprotagonistas (BRASIL, 2007). Tais respostas terão umpeso relevante nos destinos da nova Política de SaúdeMental e na definição do seu potencial de ruptura com acultura manicomial, mais precisamente, com o paradigmada psiquiatria, que emergiu historicamente ancorado naabstração das definições sobre a doença mental, nainvenção do hospital psiquiátrico como lócus da apreensãodaqueles considerados perigosos e incapazes para os atosda vida social, de produção do saber sobre a doença e seutratamento, na delegação de um novo tipo poder aosespecialistas (a privação de liberdade mediada pela relaçãode tutela) (CASTEL, 1978; FOUCAULT, 1978, 1997).

Esse arranjo que produziu muito mais efeitos deviolência e exclusão do que de cura, é que se tentadesmontar. Desinstitucionalização é muito mais do quefechar os manicômios e criar redes de serviçossubstitutivos, é inventar novas formas de convívio socialcom a diferença e isso implica em transformações profundasnos modos de pensar e fazer o cuidado, de definir o papeldas instituições e especialmente coloca permanentementeem questão as diferentes concepções e estratégiasutilizadas pelos profissionais, obrigando-nos também a nosreinventarmos (ROTELLI, 1999).

A construção de novos serviços e estratégias decuidado tem se constituído no contexto do exercício dasmúltiplas profissionalidades. Há muitas formas deconceber e exercer as práticas multiprofissionais. Sabemosque no campo da atenção em saúde mental houve odesenvolvimento de perspectivas distintas que podem seridentificadas a partir de três modelos principais: obiomédico, o da escuta terapêutica e o do auxílio social(CASTEL, 1988; SARACENO et al., 1999). Já os modelosde reabilitação desenvolvidos no mesmo período sãofortemente centrados no treino de habilidades sociais e/ou laborais, ou no treinamento de famílias parasobreviverem aos transtornos mentais severos(SARACENO, 1999).

Ocorre que tais modelos, quando praticados de formacompartimentalizada e em distintos serviços assistenciais,que normalmente não mantêm relações entre si, além de semostrarem insuficientes diante das necessidades daspessoas, trazem riscos importantes, sendo o maior deles o

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abandono dos sujeitos que não se adequam as ofertas etransitam permanentemente no circuito da transinstitucio-nalização ou sequer tem acesso a algum recurso (ROTELLI,1999; DELL’ACQUA; MEZZINA, 1991).

Tais efeitos podem ser observados em muitosprocessos de reforma e constituem um enorme problema aser enfrentado em nossa experiência.

Outra questão relevante que vem sendo colocada, dizrespeito ao exercício ritual de certas formas de cuidadoque não revertem em benefícios reais para a pessoa, neminterfere em sua qualidade de vida. Nas palavras deSaraceno (1999), mantêm os usuários “entretidos”,reproduzindo aspectos da cultura manicomial. Saraceno(1999) provoca e ao mesmo tempo convoca todas ascategorias profissionais a refletirem sobre as formas deentretenimento e nos incita ao “fim do entretenimento”como o principal desafio a ser enfrentado pelas práticasassistenciais e de reabilitação (CASTELFRANCHI et al.,1995).

O que fazer diante de processos que ao buscaremsuperar o paradigma psiquiátrico produziram efeitosindesejáveis? Como superar os resultados inesperados daspráticas profissionais? Como renovar o potencial derespostas possíveis de serem agenciadas pelosprofissionais de saúde? Como desenvolver modelosinovadores que produzam os efeitos desejados peloprocesso da reforma: evitar o circuito deinstitucionalização, violência, supressão de direitos eabandono?

Desejamos inventar projetos de vida e de saúde econtribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas,validar o direito á diferença, promover o acesso aos direitossociais, dotar de sentido os projetos assistenciais e dereabilitação. Ao mesmo tempo, tentamos influir nosprocessos de educação e formação profissional.Desejamos criar processos de saber-fazer mais integradose interativos e que no limite, sejam capazes de superar asbarreiras entre as diferentes disciplinas, o conhecidodesafio da interdisciplinariedade.

Parece impossível nos relacionarmos com tantasvariáveis, mas ao mesmo tempo, temos que admitir que aemancipação do campo da saúde mental implica emmudanças em todos os seus componentes. Dessa forma,estamos todos em crise e temos que ser parceiros nasuperação dessa crise, temos que reinventar e dotar desentido nossas profissionalidades e assim também, nosdesinstitucionalizarmos (ROTELLI, 1999).

Novas estratégias de cuidado: pressupostos para aconstrução serviços e projetos terapêuticos

Reconhecer e definir projetos alternativos no campoda saúde mental se coloca, então, como o grande desafiodas últimas décadas, as lentas mudanças no campoformativo não têm acompanhado, nem tampoucorespondido adequadamente, aos desafios cotidianosenfrentados pelos novos serviços de saúde mental.

Para Saraceno (1998a,b, 1999), a separação entresujeitos e contextos fundou a história da psiquiatria e atarefa da reabilitação psicossocial seria superar essaseparação ao considerar um terceiro elemento que é oserviço de saúde mental, como contexto de trocas,negociação e construção de projetos terapêuticos que secoloquem como elementos ativos na reconstrução econstrução de percursos reais de vida.

Os recursos oferecidos pelos serviços, suascaracterísticas materiais, organizativas e o estilo do trabalhoda equipe são considerados variáveis importantes naevolução da enfermidade mental e juntamente com osrecursos individuais do paciente e do seu contexto sociale familiar desempenham um papel fundamental no sucessoou fracasso de um tratamento. Essas variáveis, que durantemuito tempo foram relegadas ao segundo plano, e nãoapenas aquelas classicamente consideradas “fortes” pelaprática psiquiátrica (idade, diagnóstico e história daenfermidade), hoje são identificadas como as que realmenteimportam para o êxito das intervenções (SARACENO,1999).

Nessa direção e ancorado em estudos que nas últimasdécadas afirmaram a importância do contexto e dacomplexidade dos sujeitos, que não podem mais serreduzidos a uma categoria diagnóstica, Saraceno (1999, p.94) propõe, também, uma importante inversão na lógica depensar os tratamentos ao sugerir a adoção de uma práxisque ao reconhecer os recursos de cada sujeito assuma opapel de acompanhá-lo na “construção de espaços denegociação”.

Assumir que só a construção de espaços de trocapode gerar novas relações, implica no desenvolvimentode projetos terapêuticos inovadores, que adotem umaatitude crítica em relação aos tratamentos tradicionaisfarmacológicos, psicoterapicos ou reabilitativos centradosna remissão dos sintomas e no desenvolvimento dehabilidades (quer sejam psicoafetivas, comunicacionais oupráticas), e que apostam na capacidade dos sujeitos deexercitarem ou transferirem para a vida real o que“aprenderam” nos espaços terapêuticos e/oupsicoterápicos individuais ou grupais, oferecidos pelos

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serviços. Nessa tradição, que caracteriza a maior parte dosserviços de tipo ambulatorial e na qual a maior parte dosprofissionais de saúde mental ainda é formada, há umaclara dissociação entre o contexto de tratamento e ocontexto de vida da pessoa e a oferta de cuidados se dápreferencialmente por meio de ofertas pré definidas ecompartimentalizadas, de acordo com as diversasespecialidades profissionais que operam com pouca ounenhuma interação ou interatividade. As ofertasfragmentadas resultam na concepção de projeto terapêuticocomo somatória de diferentes procedimentos, desprovidosde um sentido claro para o paciente (DELL’ACQUA;MEZZINA, 1990; SARACENO, 1998b).

A adoção de uma nova compreensão técnica e éticada prática terapêutica dá consistência a construção dodireito de cidadania como eixo prioritário e indissociáveldos projetos terapêuticos destinados aos pacientes comtranstornos mentais severos.

“Somente o cidadão pleno poderá exercitar as suastrocas, enquanto o cidadão partido ao meio não saberá oque fazer com as aquisições, com as habilidadesrelacionais, uma vez que não haverá direito nem acesso aoexercício de relações ou estas se darão como relaçõesdesprovidas da materialidade que as torna reais”(SARACENO, 1999, p. 94).

Para Rotelli (1993), o trabalho da saúde mental deveriaser o de habilitar e reabilitar na perspectiva da emancipaçãodos sujeitos em relação ao acesso aos direitos decidadania, compreendidos em suas três dimensões: osdireitos político, jurídicos e sociais. De acordo com esteautor, reabilitar significa “Construir (reconstruir) acessoreal aos direitos de cidadania, ao exercício progressivodos mesmos, a possibilidade de vê-los reconhecidos eefetivados e a capacidade de praticá-los”

Nessa perspectiva são pilares que devem orientar aorganização do processo de trabalho:

1. O AcolhimentoA construção de um novo modelo de atenção requer a

avaliação crítica sobre o acesso e a possibilidade deingresso dos usuários, familiares e cuidadores ao serviço,que implica na redefinição de procedimentos muitas vezesparcializados entre a recepção, triagem, acolhimento,ambiência e atendimento pontual de situações cotidianas,imprevistas ou mesmo àquelas consideradas críticas(MÂNGIA et al., 2002).

A separação dos procedimentos de acolhida muitasvezes prolonga demasiadamente a construção derespostas iniciais, fragiliza a responsabilização do serviçosobre a pessoa e suas necessidades, fazendo-a transitar

por inúmeros interlocutores com pouca ou nenhumaresponsabilidade sobre suas necessidades mais imediatas,nem tampouco sobre a possibilidade de construção de umprojeto terapêutico. Burocratiza a relação inicial com apessoa, podendo criar momentos de desgastedesnecessários tanto para a pessoa como para a equipe(MÂNGIA, 2002; MÂNGIA et al., 2002).

Essa reflexão nos leva a reconsiderar as estratégiastradicionalmente utilizadas em muitos serviços de saúde epropor que o acesso ao serviço e a possível tomada deresponsabilidade sobre a pessoa possa ser configuradapor meio de um processo mais ágil e humanizado, maissensível à demanda no momento em que ela se apresentaconfigurada concretamente na busca do atendimento eformulação de sua necessidade.

Dessa forma, se coloca como adequado e possívelreunir no procedimento de acolhimento tudo o que vemsendo fragmentado no processo de acesso ao serviço eatendimento de situações emergenciais e/ou cotidianas.Propõem-se enfim, um processo de acesso ao tratamentoque seria iniciado a partir de um primeiro atendimento,conduzido por equipe responsável (de acordo com a lógicaorganizativa do serviço) e realizado assim que a pessoabusca a ajuda do serviço. Essa equipe assumiriaimediatamente a responsabilidade pela formulação dasprimeiras respostas, dando início assim a construção deum projeto terapêutico.

Realizar o acolhimento quando a pessoa busca ouexpressa necessidade rompe com a lógica da organizaçãoburocrática do serviço e responde adequadamente ànecessidade da demanda com e quando esta se apresenta,isso traz profundas mudanças para o serviço, pois implicaem inúmeros níveis de redefinição da oferta do serviço eda própria organização do trabalho técnico. Respondermais prontamente a demanda redefine competências e tornao serviço mais plástico e flexível ao mesmo tempo em queexige aumento do potencial de enfrentamento de situaçõesdiversificadas e concretas (MÂNGIA et al., 2002).

2. A compreensão sobre a pessoa e doençaA singularidade do sofrimento mental o coloca num

patamar bem diverso daquele formulado pelo sujeito aoreconhecer alguma patologia ou mal estar orgânico esignificar a sua enfermidade.

Se no processo dos acometimentos da saúde em geralsabemos que a possibilidade de formular a queixa, viver esignificar o processo está carregada de conteúdossubjetivos e se constitui enquanto uma construçãocultural, no que se convenciona assumir como doençamental quase não existe a possibilidade do reconhecimento

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da patologia propriamente dita, em termos do modelo clínico(anátomo-fisiológico) que orienta o pensamentobiomédico. Não há a localização corporal, tecidual ou mesmocelular do sintoma e a conseqüente ação direta sobre essasconcretudes, previstas pelo modelo clínico, não se realizapropriamente. Fazer cicatrizar ulceras ou lesões em tecidos,retirar tumores, reduzir fraturas, etc, tem certamente umaobjetividade muito distinta daquela considerada puramentesubjetiva e objetivada apenas nas diferençascomunicativas e comportamentais presentes naidentificação e categorização do transtorno mental(FOUCAULT, 1980; SARACENO, 1998b; RABELO et al.,1999).

O fato é que, pacientes e técnicos se vêem às voltascom o imponderável configurado no sintoma e/ou queixasfamiliares, que levam os pacientes ao serviço, e na quaseausência de conhecimentos que assegurem a cura de taistranstornos. Ocorre que o processo vivido pela pessoa,tem no sintoma um elemento desencadeador de múltiplasperdas e desorganizações e reside muito mais nessesaspectos a configuração do campo de necessidades queleva a pessoa ao serviço (DELL’ACQUA; MEZZINA, 1990,1991).

Dessa forma, as queixas são formuladas a partir dapercepção de múltipos aspectos da desorganização doviver: nas relações familiares, na perda de vínculos, nafragilização das redes sociais e de suporte, na precarizaçãodo habitar e do poder de manter a existência concreta apartir de algum tipo de inserção laboral, dentre outros.Deve-se considerar que a doença mental é objetivadaapenas na expressão de comportamentos disfuncionaisou seja, ganha visibilidade apenas quando se expressa noâmbito relacional e é aferida pelo grupo que constitui oentorno relacional da pessoa (RABELO et al., 1999).

Assim, a possibilidade de intervenção, em confrontocom o frágil conhecimento teórico sobre os transtornosmentais severos e no contexto dos limites atuais dasterapêuticas, pode ser configurada, mais positivamente, apartir do enfrentamento dos múltiplos aspectosnecessários para a produção e reprodução objetiva esubjetiva da vida da pessoa. O debate contemporâneosobre as novas estratégias de reabilitação psicossocialtem definido um território seguro de investimentos – a vidaconcreta da pessoa – que para ser alcançado exige aredefinição do processo de trabalho dos serviços e equipese o deslocamento da ação terapêutica para os contextosreais nos quais transcorre a vida da pessoa, o que impõe oabandono dos contextos artificiais configurados pelosatendimentos que ocorrem exclusivamente no espaçofísico dos serviços, e das práticas de entretenimento tão

usuais hoje nos serviços de saúde mental (DELL’ACQUA;MEZZINA, 1990, 1991; SARACENO, 1999).

É fundamental que se reflita sobre essas questõespara que de possa diferenciar os procedimentos a seremdesenvolvidos e ao mesmo tempo, torná-los realmente úteisàs pessoas. O que se faz e o como se faz num serviço desaúde mental deve se configurar como algo diferenciado,mas ao mesmo tempo produtivo, para não corremos o riscode entretemos os usuários com o nosso não saber.

O diagnóstico psiquiátrico ou psicológico consisteem abstrações a partir de arranjos sintomatológicosgenéricos e que, no geral, conduzem ao uso de fármacosque apenas cumprem o papel de tentarem reduzir aexpressão de tais sintomas – mas não se relacionam a umaexpectativa de ação terapêutica de outro tipo.

Assim, qualificar um serviço de saúde mental consisteem conjugar recursos que redefinam os limites da açãoclínica em seu sentido mais estrito e ao mesmo tempo,produzam respostas mais amplas e diversificadas dirigidasàs pessoas e suas necessidades para o viver e não mais àsabstrações diagnósticas ou psicologizantes ou ao combatedos sintomas isoladamente.

3. A compreensão interativa: pessoa – contexto –história e recursos

A atenção às pessoas com transtornos mentaisseveros e persistentes deve estar pautada na possibilidadede construção de projetos terapêuticos preocupados empromover o aumento dos fatores de proteção e a reduçãodos fatores de risco, que vulnerabilizam a pessoa e muitasvezes levam as recaídas ou trazem dificuldade na superaçãodos momentos críticos. A identificação desses fatores éfundamental para a condução de um adequado processode oferta de respostas. É importante ressaltar que talconstrução deve levar em conta a pessoa em seu contextoe na dimensão da construção/reconstrução de sua história(DELL’ACQUA; MEZZINA, 1990; CASTELFRANCHI etal., 1995; SARACENO, 1999).

Para tanto a intervenção deve assumir aspectos muitasvezes considerados “extra clínicos” pela cultura biomédicatradicional e ainda hegemônica. Sabemos que uma novapostura terapêutica implica também no decentramento dadoença e da pessoa vista individualmente, comoresponsável pela sua falência biológica, psicológica ousocial para um agenciamento relacional entre pessoa,contexto e recursos que estão fora da pessoa, mas quepodem agir em seu favor. Não se pensa apenas em recursosmateriais necessários para qualquer um de nós, mas tambémnos recursos sociais, culturais, relacionais, etc, capazesde reconstruir histórias e enriquecer contextos de vida

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muito empobrecidos, não só pelas carências de ordemmaterial, mas especialmente pela vulnerabilidade desuportes sócio-relacional.

A integralidade na prática

Como nos ensina Mattos (2004):“Defender a integralidade é defender, antes de tudo,

que as práticas em saúde no SUS sejam sempreintersubjetivas, nas quais os profissionais de saúde serelacionem com os sujeitos e não com objetos. Práticasintersubjetivas envolvem necessariamente uma dimensãodialógica. Isso confere ás práticas de saúde um caráter deprática de conversação, na qual nós, profissionais de saúde,utilizamos nossos conhecimentos para identificar asnecessidades de ações e serviços de saúde de cada sujeitocom o qual nos relacionamos, para conhecer amplamente osconjuntos de ações que podemos por em prática”.

Dessa forma, as dimensões e indicações aquiapresentadas, tem se mostrado operadores seguros nos

diálogos sobre avaliação e construção de mudançasjunto aos profissionais e estudantes participantes desteestudo. Acesso, garantido pela qualificação da práticade acolhimento é o ponto de partida para um novo tipode vínculo e responsabilização que garanta aos usuáriosa construção de respostas complexas para enfrentarnecessidades complexas. Para tanto, os profissionaisdevem estar aptos ao desenvolvimento de relações“sensíveis” e para a construção de projetos terapêuticosnegociados e dotados de sentido.

As dimensões que caracterizam a atenção integralem saúde mental só podem ser construídas e realizadasquando todos os componentes das ações terapêuticasestejam orientados de acordo com uma lógica comum,que busca evitar a fragmentação dos sujeitos, dasnecessidades e das ações, ou seja que visa evitar alógica da institucionalização e do abandono. Assim, aconstrução da integralidade configura não só um campoprático diferenciado, mas também uma nova ética docuidado.

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ABSTRACTS: The new strategies of care in mental health, in the context of Public Politics ofBrazilian health, adopt a new way to comprehend and to treat the mental diseases, that dependson the structure of assistance’s models oriented by the perspective of integrality, understood herenot only in reference to the integral apprehension of the individuals, but also in reference to thenew values and technical appliance. This paper is part of the first phase of the research project“Collaborative Study about the experience of the mental health services’ net at the city of SantoAndré: characterizing the services, finding results and developing an experiment about social networkactivation”, started in 2005, December. Configured as a qualitative study of ethnomethodologicalinspiration, actualized interviews with users and technicians, application of questionnaires,participative observation in a Psychosocial Care Center, opened 24 hours a day. We present partialresults in reference to the subproject A: Characterization, functioning and strategies of the mentalhealth services’ net, standing out the discussion about the following aspects: a) the integrality andmission of the substitutive services in mental health; b) education needs to the construction of newprofessionals profiles in the mental health and psychosocial rehabilitation field; c) guidelines to theconstruction of therapeutics projects in the perspective of integrality. We tried to build reflectionsand indications able to orient the practice, the organization and evaluation in the mental healthservices, with special concern about the aspects that are part of the relationship between professionalsand users and in the ways to build, offer and evaluate the proposals and therapeutic projects. Inthese reflections is present the effort to complexificate the comprehension about the health-diseaseprocess and to assume the integrality in every assistance moment.

KEY WORDS: Mental health services. Community mental health services. Mental disorders/

rehabilitation. Delivery of health caere. Occupational therapy/psychology.

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REFERÊNCIAS

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Recebido para publicação: Set./2006Aceito para publicação: Nov./2006