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    Pinto, Mrcia Cristina Costa; Ferreira, Ricardo Franklin. Relaes Raciais No Brasil E A Construo Da Identidade Da Pessoa Negra

    Pesquisas e Prticas Psicossociais PPP - 9(2), So Joo del-Rei, julho/dezembro/2014

    Relaes Raciais No Brasil E A Construo Da Identidade Da Pessoa Negra

    Racial Relations In Brazil And The Construction Of The

    Identity Of The Black Person Las Relaciones Raciales En Brasil Y La Construccin De La

    Identidad De La Persona Negro

    Mrcia Cristina Costa Pinto1

    Ricardo Franklin Ferreira2 Resumo

    Este artigo tem o objetivo de refletir sobre o processo de construo da identidade da pessoa negra em meio s relaes raciais brasileiras. Para isso, fazemos um percurso histrico desde a poca do Brasil Colnia, em que o sistema escravista era vigente, at o Brasil republicano e a abolio da escravatura, abordando conceitos como a ideologia do branqueamento, ocorrida no final do sculo XIX e o mito da democracia racial, ideia que foi se desenvolvendo a partir de meados do sculo XX. A percepo do modo como esses elementos se entrelaam ajuda-nos a perceber que o caminho de conscientizao e formao de uma identidade negra articulada a valores considerados positivos um processo a ser construdo. Palavras-chave: Negro. Relaes raciais. Identidade.

    Abstract

    This article has the objective of reflecting on the process of construction of the identity of the black person within the Brazilian racial relations. For that, we go back to the time of Colonial Brazil, when the slavery system was in force, advancing to Republican Brazil and to the abolition of slavery, approaching concepts such as the ideology of whitening, occurred at the end of the 19th century and the myth of the racial democracy, which was an idea which started to develop in the middle of the 20th century. The perception of how these elements were intertwined helps us to realize that the path towards the awareness and the formation of a black identity, articulated to values which are considered positive, is a process yet to be constructed. Keywords: Black. Race relations. Identity.

    Resumen Este artculo tiene el objetivo de reflexionar sobre el proceso de construccin de la identidad de la persona negra a travs de las relaciones raciales en Brasil. Para ello, hacemos un recurrido histrico desde la poca de Brasil colonial, tiempo en el que el sistema esclavista estaba en vigor, hasta el Brasil republicano y la abolicin de la esclavitud, con el uso de conceptos tales como la ideologa de blanqueamiento, que se produjo a finales del siglo XIX, y el mito de la democracia racial, una idea que se viene desarrollando desde mediados del siglo XX. La percepcin de la forma en que esos elementos se entrelazan nos ayuda a darse cuenta de que el camino para la conciencia y la construccin de una identidad negra articulada a los valores considerados positivos es un proceso todavia em construccin. Palabras clave: Negro. Las relaciones raciales. Identidad.

    1 Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Maranho. Psicloga do Departamento de Assuntos Estudantis da Universidade Federal do Maranho. 2 Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de So Paulo. Professor adjunto, na rea de Psicologia Social, da Universidade Federal do Maranho.

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    O negro na sociedade escravocrata e no perodo republicano brasileiro

    No perodo histrico que compreende a

    expanso martima europeia, no sculo XV, a Europa era considerada o centro de uma diviso tricontinental do mundo. Os outros continentes dessa conjuntura eram a Amrica e a frica. Esses continentes participavam como territrio de explorao, o primeiro de recursos naturais e proventos mercantis, o ltimo da mo de obra escrava (Chiavenato, 1980). Dessa forma, a sada de homens e mulheres negros do continente africano e sua chegada costa brasileira foram no intuito de servir como mo de obra escrava, naquele momento em que o Brasil passava por um processo de povoamento e explorao por sua metrpole, Portugal.

    Na escravido, o africano ocupava lugar central no processo produtivo. As relaes econmicas de grande e mdio porte, internas e com outros pases, dependiam da fora de trabalho escravo para se desenvolver. Por mais de trs sculos (Pinsky, 2000), o escravo foi considerado uma mercadoria no Brasil. Ele podia servir de moeda de troca e, ao mesmo tempo, era a principal fora motriz do sistema econmico. De acordo com Santos (2009), o total de africanos desembarcados no Brasil na poca da escravido oscilou entre 3,5 milhes e 4 milhes de escravos.

    O africano escravizado era objeto mquina de trabalho e produto mercantil de grande valor desprovido da condio humana e, como tal, tratado sem a menor preocupao com condies de sade e sobrevivncia, desde seu transporte da frica at o seu uso intensivo na explorao colonial. O africano escravizado, dessa forma, possua uma nica funo: servir de mo de obra para seus senhores e era obrigado a fazer tudo o que lhe era ordenado, havendo castigos terrveis para quem desobedecesse. O sistema escravocrata nas Amricas foi inovador em termos de barbrie e degradao humana (Chiavenatto, 1980).

    Foi somente em 1888, com a assinatura da Lei urea, que finalmente a escravido foi abolida. A Lei urea, assinada pela Princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II, teve origem nas manifestaes de escravos e nas lutas abolicionistas, porm, sem nenhum projeto, nenhuma poltica pblica voltada para a insero dos ex-escravos na sociedade, que foram largados prpria sorte (Carvalho, 2001).

    O Brasil foi o ltimo pas a abolir a escravatura, depois de Cuba (1866), Estados Unidos (1865), Equador, Colmbia e Venezuela

    (1821) e Haiti (1804). Esse cenrio inaugurou o republicanismo e o trabalho livre assalariado (Santos, 2009).

    Com a abolio da escravatura e o advento do trabalho livre, ocorreram muitas mudanas sociais em que as relaes de trabalho se transformaram e o escravo, ao se emancipar, transforma-se em negro3 livre e assalariado, passando a participar do mundo do trabalho como trabalhador livre, vendendo sua fora de trabalho de acordo com os ditames da nova ordem competitiva que se instaurava. Isso em tese o que a histria oficial aponta. Esse grande contingente de pessoas se viu sem perspectivas de trabalho, de educao e de incluso social, visto que a mo de obra europeia j estava presente.

    Entre a segunda metade do sculo XIX at meados do sculo XX, mais precisamente a dcada de 1930, a sociedade brasileira foi fortemente influenciada por teorias racistas importadas da Europa. Essas teorias se pautavam pelas discusses acerca da origem da espcie humana. Segundo elas, as diferenas tnicas seriam fruto da superioridade ou da inferioridade de determinados grupos humanos sobre outros. Nesse sentido, muitos cientistas passaram a desenvolver argumentos que justificavam a inferioridade da populao que no fosse de origem europeia.

    O racismo4 se manteve e encontrou apoio nessas teorias que proclamavam a inferioridade racial do negro em relao ao branco e que viam nos mulatos a caracterizao

    3 O termo negro vem sendo utilizado pelos militantes do movimento negro, desde os anos 1930, com uma conotao poltica associada ao orgulho racial e tnico, independentemente do sentido popular que era e ainda negativo. Esse termo tambm utilizado no sistema de classificao racial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, em que expressa a juno das categorias pretos e pardos. Outro termo utilizado pelo movimento negro seria afrodescendente, que designa os povos africanos em dispora, bem como seus descendentes resultantes das mais diversas misturas (Telles, 2003). Dessa forma, o sistema de classificao dos movimentos negros opera uma fuso entre os termos preto e pardo utilizados na classificao do Censo, que passam a compor a categoria negro ou afrodescendente.

    4 O termo racismo ser compreendido neste trabalho a partir da concepo de Munanga (2000, p. 24), que o define como uma crena na existncia das raas naturalmente hierarquizadas pela relao intrnseca entre o fsico e o moral, o fsico e o intelecto, o fsico e o cultural. De outro modo, o racismo essa tendncia que consiste em considerar que as caractersticas intelectuais e morais de um dado grupo so consequncias diretas de suas caractersticas fsicas ou biolgicas.

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    de uma nao doente, racial e socialmente (Telles, 2003).

    Um dos primeiros estudos realizados sobre o negro no Brasil surge no final do sculo XIX, concretizado pelo professor de medicina legal Raimundo Nina Rodrigues. Esse autor escreveu sobre a presena do africano em diferentes perspectivas, ou seja, procurou abordar, em seus estudos, aspectos fsicos, psquicos, sociais, culturais, dos africanos e afrodescendentes, inaugurando diversos trabalhos sobre o chamado racismo cientfico no Brasil. Dessa forma, o cientista maranhense apresenta, entre uma tese e outra, consideraes acerca do negro e do mestio, desenvolvendo ideias relacionadas crena na inferioridade e, tambm, numa suposta degenerescncia fsica e mental dos negros e mestios e sua propenso ao crime (Buonicore, 2005).

    A partir da formao da repblica, a elite dominante no Brasil procurava um caminho para definir uma identidade nacional, a exemplo do que j acontecia no cenrio nacional (Munanga, 2004).

    Para se constituir como nao, o Brasil j possua alguns requisitos como o territrio e um idioma, herdado de seus colonizadores. No entanto, faltava-lhe uma identidade populacional. Porm, na configurao do Brasil Repblica, as figuras influentes da sociedade brasileira exigiam a resoluo da questo que envolvia a composio racial. Era difcil encontrar uma forma de incluir a populao de ex-escravos na constituio da nacionalidade e da identidade brasileira, uma vez que as concluses acerca da inferioridade racial ainda marcavam o pensamento da poca (Munanga, 2004).

    A viso poligenista da humanidade influenciou os pensadores do Brasil ao condenar o cruzamento inter-racial, pois acreditavam que tal cruzamento ocasionaria a perda da pureza do sangue da raa branca e superior, produzindo seres infrteis e incapazes, os denominados sem raa, e, por consequncia, comprometeria, nesse modo de pensar, o carter civilizatrio do povo brasileiro. Contudo, parte da elite abolicionista era defensora de uma adaptao da viso poligenista realidade brasileira.

    Os estudiosos brasileiros, de incio, viram na mistura de raas um veneno para os destinos da nao. Entretanto, mudaram sua concepo para atender s necessidades polticas do pas naquele momento, visto que o negro, ao deixar de ser a base estruturante da sociedade escravocrata, passa a ser relacionado na nova ordem capitalista ao atraso e, portanto, incompatvel com o desenvolvimento e a

    modernidade que o pas ansiava construir. Precisou-se dar um sentido positivo miscigenao no Brasil, j que o processo de mestiagem estava bastante avanado (Schwarcz, 1993).

    Dessa forma, foi necessrio buscar uma soluo apropriada para a questo racial brasileira e ela foi encontrada na forma de um elogio miscigenao. Segundo Queiroz (2004), a tese de que a nao brasileira embranqueceria com o passar do tempo e, vinculada a ela, a adoo de um sistema amplo de classificao se apresentaram como a soluo possvel para o caso especial brasileiro.

    Assim, a inteno dos dirigentes brasileiros, conforme essa ideologia, era promover um processo de transformao pela qual a sociedade pudesse vir a ser composta ao longo dos anos por uma maioria de brancos com ancestralidade europeia, favorecendo o distanciamento das matrizes africanas presentes na formao do povo brasileiro, servindo, portanto, para justificar a excluso do negro na sociedade, pois a presena da populao negra no pas era percebida como um obstculo a ser superado (Theodoro, 2008).

    O processo de imigrao fortaleceu a poltica do branqueamento e a substituio em larga escala da fora de trabalho negra pela branca europeia. A preferncia do mercado de trabalho pelo branco de origem europeia se sustentava, entre outros argumentos, nas ideias racistas de que o negro tinha menos preparo e capacidade que o trabalhador branco, ajustado ao trabalho livre e s demandas que a sociedade de classes exigia.

    A ideologia de que a mestiagem poderia ser uma forma de melhorar a descendncia tnica do povo brasileiro, auxiliou a construir, no Brasil ps-abolio, o mito da democracia racial. Muito embora fosse evidente a desigualdade racial, social e econmica e sua conotao discriminatria, a elite dominante passou a forjar uma ideologia de que no Brasil no haveria discriminao racial e que havia oportunidades iguais para todos os segmentos tnicos, mesmo diante de uma realidade que evidenciava o contrrio.

    O mito da democracia racial foi amplamente divulgado por vrios autores brasileiros. Entre eles podemos destacar o socilogo Freyre (2006) que, em sua obra Casa Grande e Senzala, destaca o processo de miscigenao como um fator positivo para se corrigir as distncias sociais provenientes da sociedade do sistema escravocrata. Na viso desse autor, esses problemas seriam resolvidos a partir da miscigenao, pois o mestio, ao ser

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    aceito socialmente, representaria a nova configurao do povo brasileiro (Munanga, 2004).

    Os argumentos de Casa Grande e Senzala atriburam, segundo Guimares (1999), um carter simblico aos negros, apropriando-os como objetos culturais, smbolos e marcos fundadores da uma civilizao brasileira (p. 27), sem, todavia, afirmar a sua cidadania ou sequer seu direito a ela. Essa sutileza permitiu sociedade inferir uma aceitao ao negro sem precisar inclu-los socialmente de fato, mantendo uma relao hierrquica como a existente na escravatura.

    O mito da democracia racial, baseado na dupla mestiagem, biolgica e cultural, entre as trs raas originrias, tem uma penetrao muito profunda na sociedade brasileira: exalta a ideia de convivncia harmoniosa entre os indivduos de todas as camadas sociais e grupos tnicos, permitindo s elites dominantes dissimularem as desigualdades e impedindo os membros das comunidades no brancas de se conscientizarem acerca de suas caractersticas culturais, o que teria contribudo para a construo e expresso de uma identidade prpria. Essas caractersticas so expropriadas, dominadas e convertidas em smbolos nacionais pelas elites dirigentes (Munanga, 2004).

    Pelo mito, o Brasil v o problema da desigualdade como uma questo de renda e acesso educao que a maioria da populao no consegue ter e manter por falta de recursos. Porm, o problema est mascarado por uma sociedade que insiste em acreditar no haver racismo e discriminao no nosso pas.

    O racismo brasileira

    No caamos pretos, no meio da rua, a pauladas, como nos Estados Unidos. Mas fazemos o que talvez seja pior. A vida do preto brasileiro toda tecida de humilhaes. Ns tratamos com uma cordialidade que o disfarce pusilnime de um desprezo que fermenta em ns, dia e noite. (Nelson Rodrigues, 1957)

    A frase proferida por Nlson Rodrigues

    bem ilustrativa ao se falar a respeito da questo racial no Brasil. Como j foi citado anteriormente, o fato de o pas no apresentar uma poltica segregacionista entre brancos e negros, tais como ocorreu em outros pases, como Estados Unidos e frica do Sul, levou

    crena de que no Brasil todas as raas convivem de forma amistosa e respeitosa. Se existe discriminao racial no nosso pas, as pessoas tendem a acreditar que algo pontual e no mbito do privado, no na esfera pblica. Alis, falar de raa no Brasil no faz sentido para a maioria das pessoas, pois no faz parte da boa linguagem e nem considerado educado. No entanto, o racismo no Brasil um fenmeno complexo, difcil de ser compreendido e enfrentado.

    Portanto, com as leis antidiscriminatrias e com as normas da poltica da boa convivncia social, o racismo sofreu apenas uma transformao formal de expresso. sabido pela grande maioria da populao que o racismo crime inafianvel, alm de ser esteticamente inadequado confess-lo; ento, busca-se um comportamento que aparentemente evita a discriminao contra negros e seus descendentes, por uma forma disfarada, polida e superficial (Lima & Vala, 2004).

    Esse fato ressaltado por Ferreira (2002), em uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em 1996: 89% dos brasileiros afirmaram que existia racismo no Brasil; entretanto, apenas 10% admitiram a discriminao como sua, apesar de serem unnimes ao admitirem que o racismo percebido em outras pessoas. Sendo assim, nesse campo extremamente confuso, torna-se altamente difcil a concretizao de medidas que contribuam para a mudana desse quadro.

    O que percebemos que existe um silncio a respeito da questo racial no nosso pas. No se falando sobre isso, no entramos em contato com a questo. como se o preconceito e a discriminao no existissem, o que faz inferirmos que existe uma dificuldade em lidar com o preconceito e a discriminao racial no nosso pas.

    O racismo, em virtude da cor da pele e de caractersticas fenotpicas, ser a marca principal para justificar o tratamento diferenciado para as pessoas que possuem o fentipo da raa negra. Nogueira (1985), ao fazer um estudo comparativo sobre o preconceito existente no Brasil e nos Estados Unidos, apontou que a cor ser a marca principal da identificao racial, colocando as pessoas de um grupo em situao desfavorvel em relao ao outro. Para esse autor, o preconceito pode ser identificado em duas modalidades: o preconceito de marca e o preconceito de origem. O primeiro, que ocorre frequentemente no Brasil, est associado ao preconceito de cor e em relao s caractersticas fsicas, tomando como pretexto

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    os traos fsicos, a fisionomia, os gestos, o sotaque, o que determinar um tipo de preterio. J o segundo, mais comum nos Estados Unidos, define que o sujeito s precisa descender de algum grupo tnico para que sofra as consequncias do preconceito levando a algum tipo de excluso.

    A partir de um processo histrico, enfatizado no item anterior, aliado ao mito da democracia racial, desenvolveu-se um racismo institucionalizado na sociedade brasileira que ao mesmo tempo negado. Isso se d por conta dos seus mecanismos subliminares que encontram suporte na cordialidade, dando a impresso de que no h racismo neste pas, levando concluso de que no se deve adotar nenhum tipo de postura frente a tal situao. No Brasil, prevalece como nova forma de expresso do racismo o racismo cordial, que a discriminao em relao s pessoas no brancas, caracterizada por uma cortesia superficial que esconde atitudes discriminatrias que vo se expressar em piadas, ditos populares, brincadeiras, entre outros, sempre de cunho racial (Lima & Vala, 2004).

    A construo da identidade da pessoa negra

    Ao se reportarem identidade,

    principalmente identidade da pessoa negra, muito comum as pessoas categorizarem os indivduos quanto s suas caractersticas raciais de maneira reducionista, baseando-se exclusivamente na cor da pele classificando-os em negros ou brancos. Para compreendermos a problemtica da pessoa negra, o conhecimento de como ela se constitui no mundo, construindo a sua autoestima, autoimagem e sua maneira de existir, fundamental que compreendamos a categoria identidade.

    Em uma abordagem da Psicologia Social, Antnio da Costa Ciampa se destaca como um dos autores que faz uma elaborao aprofundada do tema. Sua compreenso de identidade rompe com a viso individualista e isolacionista, comum maioria dos trabalhos sobre identidade. Tais abordagens, segundo Jacques (1998), parecem limitar o conceito de identidade ao de autoconscincia ou autoimagem (p. 165).

    Ciampa (1987) entende identidade como metamorfose, ou seja, como um processo que est em constante transformao, sendo o resultado provisrio da interseco entre a histria da pessoa, seu contexto histrico e social e seus projetos. A questo da identidade

    uma questo poltica. Uma produo na coletividade permitiria o vir a ser do humano por meio da transformao do real e das condies de existncia, fazendo emergir o verdadeiro sujeito humano. Segundo o autor, o projeto poltico dessa humanidade:

    Uma poltica de identidade do Homem da nossa sociedade, a realizao de tais projetos, para ser coerente com seus propsitos h de ser feita coletivamente e de forma democrtica (entendida aqui como forma racional). A questo se coloca como uma questo prtica e como tal deve ser enfrentada, conscientemente por ns cada um de ns, todos ns (p. 74).

    Ao tomarmos os processos identitrios

    como categoria de anlise, partimos da premissa que discutir identidade discutir transformao, uma vez que comungamos com a ideia de que no h como pensar em uma identidade definitiva, estvel, ou seja, aquilo que . Em nossa viso, identidade ao, processo dinmico, histrico e poltico; em detrimento daquilo que , concebemos identidade como aquilo que est.

    Portanto, segundo Ferreira (2000), a categoria identidade, alm de pessoal, fundamentalmente social e poltica. considerada como uma referncia em torno da qual o indivduo se autoreconhece e se constitui, estando em constante transformao e construda a partir das relaes que ele estabelece consigo mesmo, com o outro e com o ambiente sua volta.

    A categoria identidade efetivamente importante para compreendermos como o indivduo se constitui, influencia sua autoestima e sua maneira de existir. Nesse sentido, fundamental, para a compreenso da problemtica da pessoa negra, o conhecimento da maneira como ela desenvolve sua identidade, principalmente em contextos sociais adversos nos quais discriminada negativamente.

    Considerando que as relaes entre os seres humanos, inclusive as de ordem intersubjetiva, esto perpassadas por relaes de poder e manuteno de interesses, pode-se compreender o contexto das relaes raciais, em que se observa uma efetiva viso acerca da desigualdade entre a populao negra e a populao branca.

    A dissimulao gerada pelo mito da democracia racial, o racismo ambguo, via de regra velado e encoberto, afasta os indivduos de uma compreenso das reais determinaes

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    histricas, substituindo por uma falsa ideia da harmoniosa convivncia entre as raas. Essa verso ideologicamente predispe os indivduos a seus corretos papis na sociedade. Em muitos dos espaos institucionais a ideologia apregoada pelo mito da democracia racial permanece arraigada, refletindo-se no pensamento social. As implicaes culminam inclusive na dificuldade da formao da identidade negra, uma vez que ela fica, muitas vezes, encoberta pela ideia do moreno, mestio. As explicaes dadas s desigualdades entre os grupos raciais permanecem, na maior parte das vezes, no nvel da aparncia, ocultando a essencialidade das determinaes histricas e sociais que configuram mitos e preconceitos.

    Segundo Ferreira e Mattos (2007), apesar de os negros serem personagens fundamentais na construo e no desenvolvimento de nosso pas, houve um processo de desqualificao sistemtica deles. Segundo esses autores, criaram-se referncias estigmatizantes de ordem fsica, intelectual e social associadas pessoa negra. Essas referncias passaram a ser socialmente legitimadas, tornando-se verdades compartilhadas e difundidas pela maioria da populao. Tal processo levou as pessoas negras a vivenciarem situaes de humilhao e desprestgio pessoal, que vieram a desencadear as desvantagens por eles enfrentadas nas situaes concretas do dia a dia.

    Os esteretipos ento, ressignificaram-se, j que mudam com o tempo e respondem situao econmica e poltica atual, no havendo interesse da populao dominante em mudar sua posio. A imagem do negro no Brasil depende de sua posio na sociedade e se mostra impossibilitada de mobilidade e sem fora para conquistar um espao de vantagem que o representasse e modificasse sua imagem no Brasil.

    Ao negro sempre recai um olhar que lembra que ele negro, isto , o fato de ser negro nunca esquecido e todas as suas inmeras outras caractersticas so postas de lado diante da lembrana de sua pertena racial. Ele , antes de tudo, negro. Qualquer coisa que faa est vigiada pelo fato de ser negro. Isso no acontece com o branco. Como padro de normalidade, sua identidade no questionada.

    A maioria da populao brasileira, negra e branca, introjetou o ideal do branqueamento. Esse ideal, inconscientemente, interfere no processo de construo da identidade da pessoa negra, pois o sentimento de solidariedade e pertencimento de grupo entre a populao negra acaba por se enfraquecer. O

    ideal de branqueamento interfere tambm na formao da autoestima, pois os negros interiorizam os preconceitos negativos contra eles projetados e desenvolvem sua conduta na assimilao dos valores culturais da esfera dominante branca (Munanga, 2004).

    A populao brasileira assume as caractersticas do branco-europeu como representativas de sua superioridade tnica. Em contrapartida, o negro visto como o tipo tnica e culturalmente negativo. Entre essa dicotomia, estabeleceu-se uma escala de valores, aqui chamada de gradiente tnico, de tal maneira que a pessoa cujas caractersticas a aproximam do tipo branco tende a ser mais valorizada e aquela, cujas caractersticas a aproximam do tipo negro, tende a ser desvalorizada e socialmente repelida. Assim, no Brasil, criou-se historicamente a crena de ser a miscigenao um processo pelo qual os negros se tornariam mais respeitados e teriam mais possibilidades de ascender na escala social (Ferreira, 2000).

    Apesar da poltica de branqueamento fsico da sociedade no ter conseguido o xito desejado, o ideal inculcado por mecanismos ideolgicos continua arraigado no inconsciente do brasileiro. As teorias racistas, agregadas historicidade das relaes raciais no Brasil, desenvolveram a perspectiva que prima pela excluso e trata as diferenas como deficincias, prejudicando a construo de uma identidade baseada na negritude, j que todos sonham desenvolver um dia uma identidade branca, por julgarem-na superior. Por conta disso, a populao negra acaba tendo dificuldades em desenvolver uma identidade que culminaria no engajamento em polticas com o objetivo de melhoria de sua condio social.

    No que tange questo do processo de construo da identidade negra, percebe-se que ainda uma discusso problemtica para as prprias pessoas que se identificam como tal. Muitas vezes, o caminho que se percorre na busca dessa identificao marcado por inmeras contradies e opresses sofridas internamente pelo indivduo, que acaba por se impor uma regra bsica a negao de si prprio, de sua cor e, por conseguinte das suas caractersticas fenotpicas. Ou seja, o negro nasce e sobrevive imerso numa ideologia de que o branco o ideal a ser atingido e endossa a luta para realizar esse modelo.

    Em funo do processo de desvalorizao da pessoa negra, os afrodescendentes tendem a introjetar a viso dominante de mundo branco, visto como superior. Em decorrncia, tendem

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    a desvalorizar o mundo negro ou assumirem como insignificante para suas vidas o fato de serem afrodescendentes (Ferreira, 2002, p. 75).

    Ferreira (1999), em relao questo

    da internalizao de valores, crenas e esteretipos em relao ao negro, afirma que:

    H uma fase na vida das pessoas afrodescendentes onde muito comum absorverem e se submeterem a crenas e valores da cultura branca dominante, inclusive a noo sintetizada nas ideias do branco ser certo e o negro ser errado. Esta internalizao de esteretipos negativos dos afrodescendentes feita de maneira inconsciente (p. 59).

    Desde o nascimento, aos seres

    humanos vo sendo atribudos, pelos grupos de sua insero, uma srie de caractersticas e marcaes que sero internalizadas, em maior ou em menor grau (podendo algumas delas, inclusive, serem rejeitadas em certos momentos). Esse processo chamado de socializao primria, por Berger e Luckmann (1999), oferece os primeiros elementos de identificao do sujeito (ser homem, mulher, brasileiro, espanhol, pobre, rico, negro, branco, filho de, etc.). Em que pese a necessidade dessas primeiras identificaes, por sua oferta de referenciais sociais e histricos preexistentes aos sujeitos e bsicos para o estabelecimento de vnculos, no podemos deixar de observar que so elas, tambm, que, primeiramente, trataro a identidade como um dado, descaracterizando toda sua lgica de processo.

    importante ressaltar a importncia da socializao primria na construo da identidade da pessoa negra, pois se os pais e a famlia tiverem se apropriado de valores negativos referentes ao seu grupo racial, muito provavelmente transmitiro esses valores aos filhos, no os questionando e contribuindo para a perpetuao de esteretipos e preconceitos acerca da pessoa negra. Por conseguinte, a criana negra se apropria desses valores como sendo verdadeiros e no questiona as representaes que lhe so atribudas, reproduzindo esses valores negativos em seus relacionamentos, o que se torna um ciclo vicioso.

    Se assumirmos que as interaes sociais so processos constitutivos das identidades pessoais, situaes como a

    da famlia que silencia acerca de suas caractersticas etnoraciais podem favorecer a introjeo de valores negativos de uma forma tcita, no s por parte da pessoa que se coloca no outro grupo mas, o que mais dramtico, pelo prprio afrodescendente em relao a si mesmo. Identidades assim constitudas conservam a incapacidade de desenvolver atitudes afirmativas quanto s especificidades raciais (Ferreira, 2002, p. 72).

    Como explica Lane (1995), em um

    segundo momento a socializao ir ocorrer dentro das complexas relaes de produo existentes. Agora, envolvido a outras instituies escola, trabalho bem como a grupos de afinidades, o sujeito ser levado a internalizar as funes institucionais e os papis predefinidos. Toda composio ideolgica da viso de mundo com que se defrontar ter como objetivo ajustar esse membro ao grupo social, tornando-o alienado das determinaes sociais concretas em que est envolvido.

    Portanto, o preconceito e a discriminao racial vivenciados pela pessoa negra fazem com que, muitas vezes, ela esteja em constante conflito em relao a sua identidade, alm de, muitas vezes, permanecer alienada das determinaes histricas que a constituem como parte de um subgrupo. No entanto, a pessoa negra apenas vai iniciar um movimento de transformao quando se sensibilizar a respeito da situao de discriminao racial em que vive, passando por alguma experincia importante que a impacte, como, por exemplo, entrar em contato com sua ancestralidade, estudar a verdadeira histria do povo negro, vivenciar uma situao de discriminao racial para, finalmente, obter um posicionamento crtico e consciente acerca dessa questo.

    Individualizar o processo, procurando culpados no um caminho profcuo. A compreenso do fenmeno do racismo passa pelo entendimento de que essas relaes no so imediatas, so mediadas porque os fenmenos psicolgicos no existem por si s descolados do social, mas de fato esto determinados pelas aes mediadas (Molon, 2003, p. 102). Isso significa dizer que as relaes sociais no Brasil so atravessadas pelo racismo e, sendo assim, esto presentes como sentidos generalizados na constituio histrica do gnero humano. O racismo uma construo que impacta a vida de todos. A raiz dessas aes a mesma sob a qual todos so constitudos.

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    Pinto, Mrcia Cristina Costa; Ferreira, Ricardo Franklin. Relaes Raciais No Brasil E A Construo Da Identidade Da Pessoa Negra

    Pesquisas e Prticas Psicossociais PPP - 9(2), So Joo del-Rei, julho/dezembro/2014

    As relaes raciais da atualidade trazem como herana esses significados universalizantes. O negro ainda aparece como representante de uma coletividade marcada por atributos negativos. Generalizaes atribudas acerca de sua identidade culminam numa igualdade pela negatividade atribuda ao grupo negro e diferente em relao ao padro normativo do branco. Esse padro identitrio posto e reposto continuamente mediante mecanismos ideolgicos impedem a transformao da identidade das pessoas negras, no sentido de contrapor-se a prticas e mitos racistas e preconceituosos.

    Portanto, segundo Ferreira (2002),

    A populao negra encontra-se submetida a um processo em que as condies de existncia e o exerccio de cidadania tornam-se muito mais precrios com relao populao considerada branca. Em decorrncia, a construo de uma identidade positivamente afirmada, requisito necessrio para as pessoas se engajarem em polticas efetivas voltadas para a melhoria de suas condies sociais, torna-se um processo dificultado (p. 71).

    Consideraes finais

    O perodo escravagista foi marcado

    pela forma animalizada e coisificada como o africano escravizado era tratado, uma estratgia que resultou na construo de uma imagem desumanizada do negro. Outra herana do perodo escravocrata o conjunto de atributos destinados pessoa negra, que permanece vivo e atuante no imaginrio social do brasileiro. A excluso das pessoas negras do processo produtivo, durante o perodo republicano, bem como a criao de teorias racistas, a ideologia do branqueamento e o mito da democracia racial promoveram uma situao no qual foram reforados preconceitos e esteretipos que legitimam e reproduzem o racismo at os dias atuais.

    A longa exposio s situaes de desvalorizao causa efeitos mltiplos de dor, angstia, insegurana, rigidez, alienao, negao da prpria natureza e outros, deixando marcas profundas na psique. Como lidar com essa realidade? Como ampliar as aes de polticas pblicas para a superao do massacre psicolgico sofrido pela populao negra?

    No mbito das relaes raciais, o olhar do outro aparece com uma importncia decisiva

    na construo da identidade. Assim, o olhar do outro serve para categorizar as pessoas, ou seja, agrup-las de acordo com sua especificidade, nesse caso, a de ser negro (a). E vai alm disso: o olhar do outro agrega um valor a essa categorizao; logo, o olhar discriminatrio agrega um valor negativo ao indivduo ou grupo especificado. Esse olhar interfere diretamente na forma como as pessoas negras se percebem, pois o indivduo se constitui a partir desse olhar, ou seja, ele o introjeta.

    Os estudos sobre as experincias concretas de enfrentamento e superao das desigualdades raciais no Brasil no apenas constituem uma temtica inovadora a ser explorada, mas tambm so uma contribuio poderosa para a populao negra buscar a afirmao de uma identidade positiva. Os desafios da transformao dessa realidade so indiscutivelmente amplos, tanto quanto indiscutvel a necessidade de tornar essa uma questo cada vez mais presente nos discursos, reflexes e aes, a fim de condenar a discriminao racial e a extirpar das relaes cotidianas.

    Dessa forma, a Psicologia pode contribuir, em suas diferentes abordagens, para analisar os fenmenos subjetivos ligados aos processos de construo da identidade da pessoa negra e aos processos de desenvolvimento de sua autoestima. Tambm importante identificar os efeitos do legado do branqueamento sobre o processo de construo da identidade da pessoa negra.

    Portanto, cabe Psicologia auxiliar na criao de espaos para a expresso desses sentimentos forjados no confronto com o preconceito e a discriminao raciais. Essa cincia ainda tem muito a contribuir nos estudos sobre relaes raciais no Brasil, permanecendo o tema discutido em constante construo para diversas pesquisas que se engajem em compreender como a identidade da pessoa negra se constri, objetivando aes em que se desenvolvam identidades articuladas a valores considerados positivos, bem como construir estratgias de enfrentamento da desigualdade racial e em minimizar o sofrimento psquico da populao negra brasileira.

    Por fim, importante ressaltar que o racismo existe e deve ser enfrentado e eliminado, bem como de fundamental importncia construir estratgias, aes e conhecimentos acerca do impacto do racismo na construo da identidade das pessoas negras no Brasil. Esse enfrentamento primordial para se construir uma sociedade equnime e que tenha

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    como princpio norteador o respeito dignidade humana e o exerccio pleno da cidadania.

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    Recebido em: 20/08/2014

    Reformulado em: 15/10/2014

    Aceito em:03/11/2014