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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Dissertação de Mestrado Estudo do Caráter Dirradicalar de Compostos da Classe 1,3-Oxazol e 1,3-Tiazol LUCINÊZ DA CRUZ DANTAS João Pessoa – PB - Brasil Maio/2013

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    Dissertao de Mestrado

    Estudo do Carter Dirradicalar de

    Compostos da Classe 1,3-Oxazol e 1,3-Tiazol

    LUCINZ DA CRUZ DANTAS

    Joo Pessoa PB - Brasil

    Maio/2013

  • l

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA

    DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    Dissertao de Mestrado

    Estudo do Carter Dirradicalar de

    Compostos da Classe 1,3-Oxazol e 1,3-Tiazol

    LUCINZ DA CRUZ DANTAS*

    Dissertao apresentada como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Qumica pela

    Universidade Federal da Paraba

    Orientadora: Dra. Elizete Ventura do Monte 2 Orientador: Dr. Otvio Lus de Santana

    *Bolsista CAPES

    Joo Pessoa PB - Brasil

    Maio/2013

  • D192e Dantas, Lucinz da Cruz.

    Estudo do carter dirradicalar de compostos da classe 1,3-oxazol e 1,3-tiazol / Lucinz da Cruz Dantas.- Joo Pessoa, 2013.

    102f. : il.

    Orientadores: Elizete Ventura do Monte, Otvio Lus de Santana

    Dissertao (Mestrado) UFPB/CCEN

    1. Qumica. 2. Mesoinico. 3. Carter Dirradicalar.

    4. Estrutura eletrnica.

    UFPB/BC CDU: 54(043)

  • Dedico este trabalho aos meus pais,

    Francisco e Lcia, minha irm

    Francineide, meu esposo Armstrong e

    nossa filha Alcia.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus que me possibilitou tal oportunidade, e me deu

    foras para continuar e vencer os obstculos. Por ter escolhido to bem meus

    pais, que sempre me deram oportunidade e incentivo para estudar, e que

    apesar da pouca escolaridade, me ensinaram muitas coisas, entre elas, a ter

    as principais: humildade, sinceridade e amor. Deste o incio dos meus estudos,

    a distncia encheu nossos coraes de saudades. Deve ser por isso, que

    sempre estou com saudades de casa.

    Aos irmos que me apoiaram e acreditaram que conseguiria vencer.

    Tambm aos que disseram para eu desistir logo de incio. Em especial, a

    Francineide pelos conselhos, pacincia e apoio nas crises, e por sempre

    defender meus interesses.

    A Armstrong, meu psicoterapeuta, amigo, confidente, cmplice, e nas

    folgas e horrios vagos, meu marido, pela pacincia, nas minhas inmeras

    crises existenciais, olha que no foram poucas, por sempre segurar a barra.

    E claro, por ter me dado o maior de todos os tesouros, uma filha maravilhosa,

    Alcia, nossa razo de viver, e intensa alegria!

    As comadres e compadres, Vanessa e Aline, Guilherme e Edson pelo

    apoio nas horas difceis e de descontrao.

    Aos demais amigos, Railton, talo, Higo, Ezequiel, Kelson, Walkria,

    Gessenildo, Juliana, Weruska, Isabelle, Betinho, Arquimedes, Mirela, Sofcles,

    Arnayra, Tamires, Jess, Maria Jos, Polena, Vanessa, Charles, Lucas,

    Cladjane, Henrique, Marcos Viana, Sandra S, Ivan, Gabriel e Jeferson, entre

  • outros que no presente momento me falha a memria, pelas conversas

    geralmente na copa do laboratrio, compartilhamento de conhecido quer seja

    cientfico ou de vida.

    Ao professor Gerd Bruno Rocha, que abriu as portas da iniciao

    cientfica quando me aceitou como voluntria, tambm pelos conhecimentos

    adquidos sobre Fisco-Qumica e Qumica Quntica.

    A professora Cladia Braga, que acreditou no meu potencial nos anos de

    PIBIC.

    Ao professor Sidney, pela pacincia e dedicao com meus problemas

    computacionais.

    Ao professor Otvio, dedicao e pacincia, sem sua ajuda no seria

    possvel a finalizao deste trabalho.

    Aos professores Silmar e Elizete, pelos conhecimentos adquidos sobre

    qumica quntica, entre outros, e pela oportunidade de desenvolvimento deste

    trabalho.

    Aos professores Jos Rodrigues, Mrio Vasconcellos, Socorro, Karen,

    Regiane e Edvan que contriburam significativamente na minha formao.

    Ao PPGQ e a CAPES pelo apoio financeiro para a realizao deste

    trabalho e ao CENAPAD/SP para infra-estrutura computacional.

  • SUMRIO

    RESUMO I

    ABSTRACT II

    LISTA DE FIGURAS III

    LISTA DE TABELAS V

    LISTA DE SIGLAS E NOTAES VI

    CAPTULO 1: INTRODUO 1

    1. INTRODUO 2

    1.1. Histrico e Definies dos Compostos Mesoinicos 4

    1.2. Carter Mesoinico versus Dirradicalar 10

    CAPTULO 2: OBJETIVOS 14

    2. OBJETIVOS 15

    2.1. Objetivo Geral 15

    2.2. Objetivos Especficos 15

    CAPTULO 3: FUNDAMENTAO TERICA 16

    3. FUNDAMENTAO TERICA 17

    3.1. A Qumica Computacional 17

    3.2. Equao de Schrdinger e a Aproximao de Born-Oppenheimer 17

    3.3. O Mtodo de Hartree-Fock-Roothaan 20

    3.4. Funes de Base 23

    3.5. Energia de Correlao Eletrnica 27

    3.6. Mtodo Coupled Cluster (CC) 28

    3.7. Mtodo Quadrtico de Interao de Configuraes (QCISD) 31

    3.8. Teoria de Perturbao de Mller-Plesset 31

    3.9. Teoria do Funcional da Densidade 35

    3.9.1. Teoremas de Hohenberg-Kohn 38

  • 3.9.2. Equaes de Kohn-Sham 39

    3.9.3. Funcionais Hbridos 41

    3.10. Estimativas do Carter Mesoinico e Dirradicalar 42

    3.10.1. Diferenas de Energia 42

    3.10.2. Diferenas entre Nmeros de Ocupao 45

    CAPTULO 4: PROCEDIMENTO COMPUTACIONAL 48

    4. PROCEDIMENTO COMPUTACIONAL 49

    4.1. Sistema-Modelo 49

    4.2. Sistemas Investigados 49

    4.3. Clculos 50

    4.4. Programas 51

    4.5. Infra-estrutura Computacional 51

    CAPTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSO 52

    5. RESULTADOS E DISCUSSO 53

    5.1. Sistema-Modelo 53

    5.2. Sistemas Investigados 55

    5.2.1. Geometrias 56

    5.2.2. Orbitais de Fronteira 59

    5.2.3. Energias dos Estados Eletrnicos 60

    5.2.4. Carter Dirradicalar 62

    5.2.5. Momentos de Dipolo 65

    CAPTULO 6: CONCLUSES 68

    6. CONCLUSES 69

    CAPTULO 7: PERSPECTIVAS 71

    7. PERSPECTIVAS 72

  • CAPTULO 8: BIBLIOGRAFIA 73

    8. BIBLIOGRAFIA 74

    CAPTULO 9: APNDICES 83

    9. ANEXOS 84

    Apndice A: Parmetros referentes aos Sistemas-Modelo 84

    Apndice B: Parmetros referentes aos Sistemas Investigados 84

  • I

    RESUMO

    Os compostos mesoinicos no podem ser representados por uma

    estrutura totalmente covalente ou puramente inica. So compostos neutros

    que possuem regies bem separadas de cargas positiva e negativa,

    conferindo-lhes elevado momento de dipolo. Apresentam faixa ampla de

    aplicaes, passando pela biologia e a qumica medicinal, bem como na

    obteno de produtos de interesse tecnolgico. Neste trabalho, investigou-se o

    carter dirradicalar de quatro anis mesoinicos: 1,3-oxazol-5-ona, 1,3-

    oxazol-5-tiona, 1,3-tiazol-5-ona e 1,3-tiazol-5-tiona, procurando a melhor

    representao eletrnica, e como a reatividade influencia no tipo de reao em

    que participam. Foram utilizados diferentes critrios para a quantificao do

    carter dirradicalar: (i) diferena de energia HOMO-LUMO (EHL, inversamente

    proporcional ao carter dirradicalar; EHL = 0 correspondendo a um dirradical

    puro); (ii) determinao da diferena de energia devida quebra de simetria

    no formalismo irrestrito (ESS); (iii) determinao da diferena de energia entre

    as funes de onda singleto e tripleto (EST); e (iv) carter dirradicalar (Y0,

    calculado a partir dos nmeros de ocupao n dos orbitais naturais HOMO e

    LUMO, determinados no formalismo irrestrito). Foram empregados diversos

    mtodos de estrutura eletrnica (DFT/B3LYP, MP2, CCSD e QCISD) com

    diferentes conjuntos de bases (6-311+G* e aug-cc-pVDZ). Observou-se que:

    (i) a escolha adequada do substituinte na posio R (externa ao anel)

    importante para a estabilidade estrutural; (ii) a substituio do oxignio por

    enxofre nas posies R e R (no anel) pouco contribui para o carter

    dirradicalar (Y0 < 1% em todos os casos, indicando carter mesoinico

    pronunciado nas estruturas investigadas); e (iii) a utilizao de um grupo

    doador de eltrons na posio R e retirador na R contribui para maximizar o

    carter mesoinico. Dessa forma, foi possvel descrever as dependncias da

    estrutura molecular sobre as propriedades eletrnicas, e o efeito das

    substituies, que relevante para o controle do carter mesoinico.

    Palavras-Chave: Mesoinico, Carter Dirradicalar, Estrutura Eletrnica.

  • II

    ABSTRACT

    The mesoionic compounds can not be represented by a purely ionic or

    covalent structure. Are neutral compounds that have well-separated regions of

    positive and negative charges, leading to a high dipole moment. They show

    wide range of applications, through biology and medicinal chemistry, as well in

    the obtaining products of technological interest. In this study, the stability and

    diradicalar character of four mesoionic rings were investigated: 1,3-oxazol-5-

    one, 1,3-oxazol-5-thione, 1,3-thiazol-5-one and 1,3-thiazol-5-thione. Many

    criteria to quantify the diradicalar character were used: (I) HOMO-LUMO

    energy difference (EHL, inversely proportional to the diradicalar character;

    EHL = 0 corresponding to a pure diradical), (ii) determination of the energy

    difference due to the broken symmetry in the unrestricted formalism (ESS),

    (iii) determination of the energy difference between the singlet and triplet

    wave functions (EST); and (iv) diradicalar character (Y0, calculated from the

    occupation numbers n of HOMO and LUMO natural orbitals, in the unrestricted

    formalism). Various methods of electronic structure (DFT/B3LYP, MP2, CCSD

    and QCISD) with different basis sets (6-311+ G* and aug-cc-pVDZ) were

    employed. It was observed that: (i) a suitable choice of the substituent at R

    position (the outer ring) is important for the structural stability;

    (ii) substitution of oxygen by sulfur in the R and R positions (into the ring) do

    a little contribution for the diradicalar character (Y0 < 1% in all cases,

    indicating pronounced mesoionic character in the investigated structures); and

    (iii) the use of an electron donating group at R position and an electron

    withdrawing group at R position contribute to maximize the mesoionic

    character. Thus, it was possible to describe the dependencies of the molecular

    structure on the electronic properties, and the effect of substitutions, which is

    of great importance for the control of mesoionic character.

    Keywords: Mesoionic, Diradicalar Character, Eletronic Structure.

  • III

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1: Estrutura bicclica da desidrotizona. ...................................... 4

    Figura 1.2: Estrutura do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2). Representaes

    bicclicas propostas por Busch (3 e 4). ................................................. 5

    Figura 1.3: Reao de desidratao de N-nitroso-N-fenil-glicinas (5) com

    anidrido actico (6) para obteno da N-fenilsidnona (7)........................ 5

    Figura 1.4: Estruturas de ressonncia propostas por Baker et al. (1949) para

    N-fenilsidnona. .................................................................................. 6

    Figura 1.5: Representao das subclasses de mesoinicos A e B. ................. 7

    Figura 1.6: Representao dos orbitais p das sidnonas. .............................. 8

    Figura 1.7: Betanas heteroaromticas. .................................................... 9

    Figura 1.8: Estrutura dos mesoinicos, segundo Oliveira (1996). ................. 9

    Figura 1.9: Representao mesoinica e dirradicalar de heterocclicos. ........ 10

    Figura 1.10: Diferena entre dirradical e dirradicalide. ............................. 11

    Figura 4.1: Sistema-Modelo. .................................................................. 49

    Figura 4.2: Representao mesoinica e dirradicalar dos sistemas

    investigados. ................................................................................... 49

    Figura 4.3: Organograma para o procedimento computacional utilizado....... 50

  • IV

    Figura 5.1: Sistema-Modelo. .................................................................. 53

    Figura 5.2: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL), singleto-

    singleto (ESS) e singleto-tripleto (EST) para o sistema-modelo, obtidos com

    diferentes mtodos com a base aug-cc-pVDZ. ...................................... 53

    Figura 5.3: Sistemas investigados. ......................................................... 55

    Figura 5.4: Notao para o parmetro geomtrico investigado. .................. 56

    Figura 5.5: Estrutura otimizada (p1) com DFT/B3LYP/6-311+G*, considerada

    aberta. ............................................................................................ 57

    Grfico 5.1: Comprimentos de ligao C(1)-R, associados abertura do anel,

    em angstrons (). ............................................................................ 56

    Grfico 5.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os

    sistemas investigados. ...................................................................... 59

    Grfico 5.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para

    os sistemas investigados. .................................................................. 61

    Grfico 5.4: Diferena de energia livre de Gibbs singleto-tripleto (GST), em

    kcal/mol, para os sistemas investigados. ............................................. 61

    Grfico 5.5: Nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira e carter

    dirradicalar. ..................................................................................... 64

    Grfico 5.6: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas

    otimizadas. ...................................................................................... 67

  • V

    LISTA DE TABELAS

    Tabela A.1: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL),

    singleto-singleto (ESS) e singleto-tripleto (EST) e carter dirradicar (Y0) para

    o sistema-modelo, obtidos com diferentes mtodos com a base aug-cc-

    pVDZ. ............................................................................................. 84

    Tabela B.1: Comprimentos de ligao C(1)-R, associados abertura do anel,

    em angstroms (). ........................................................................... 84

    Tabela B.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os

    sistemas investigados. ...................................................................... 84

    Tabela B.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para

    os sistemas investigados. .................................................................. 85

    Tabela B.4: Nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira e carter

    dirradicalar. ..................................................................................... 86

    Tabela B.5: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas

    otimizadas. ...................................................................................... 87

  • VI

    LISTA DE SIGLAS E NOTAES

    B3LYP: Funcional Hbrido de Becke, Lee, Yang e Parr

    CASSCF: Complete Active Space SCF

    CC: Coupled Cluster

    cc-pVDZ : Correlation Consistent, Polarized Valence Double-Zeta

    CCSD: Coupled-Cluster com substituies simples e duplas

    CGTO: Contracted Gaussian Type Orbitais

    CI: Interao de Configuraes (Configuration Interaction)

    CISD: CI com excitaes simples e duplas

    DFT: Teoria do Funcional da Densidade (Density Functional Theory)

    DZ: Duplo-Zeta

    DZV: Duplo-Zeta de Valncia Desdobrada

    EHL: Diferena de Energia HOMO-LUMO

    ESS: Diferena de Energia Singleto Irrestrito e Singleto Restrito

    EST: Diferena de Energia Tripleto Irrestrito e Singleto Restrito

    FMO: Orbital Molecular de Fronteira

    GTO: Orbitais Atmicos do Tipo Gaussiano

    HF: Hartree-Fock

    HLG: HOMO-LUMO Gap

    HOMA: Harmonic Oscillator Model of Aromaticity

    HOMO: Highest Occupied Molecular Orbital

    LCAO: Combinao Linear de Orbitais Atmicos

    LUMO: Lowest Unoccupied Molecular Orbital

    MCSCF: SCF Multiconfiguracional

    MP2: Mller-Plesset Second-Order Perturbation Theory

  • VII

    MR-CISD: CI multireferncia com excitaes simples e duplas

    NOON: Nmero de Ocupao de Orbitais Naturais

    NRT: Natural Resonance Theory

    OM: Orbitais Moleculares

    PGTO: Primitive Gaussian Type Orbitals

    QCISD: CI com excitaes simples, duplas e quadrplas

    RHF: Hartree-Fock Restrito

    ROHF: Hartree-Fock Restrito de camada aberta

    SCF: Campo Autoconsistente (Self Consistent Field)

    STO: Orbitais Atmicos do Tipo Slater

    TZ: Triplo-Zeta

    UHF: Hartree-Fock Irrestrito

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    1

    Captulo 1: Introduo

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    2

    1. Introduo

    Mesoinicos so compostos que no podem ser representados

    satisfatoriamente por uma estrutura totalmente covalente ou puramente inica

    (IUPAC, 1997). So definidos como anis planos de cinco membros com pelo

    menos um grupo lateral, cujo tomo pertence ao plano do anel e que

    possuem momento de dipolo da ordem de 5 D (Oliveira et al., 1996; Simas et

    al., 1998). O valor elevado do momento de dipolo devido a uma separao

    de carga no anel: uma regio, que contm o tomo e a carga negativa, est

    associada ao HOMO, e a outra, que contm a carga positiva, ao LUMO.

    Constituem uma subclasse de betanas heterocclicas que possuem diversas

    propriedades, a depender da natureza e posio dos heterotomos no anel.

    Essas propriedades so responsveis pela vasta aplicao destes compostos

    em qumica, biologia, medicina e novos materiais.

    Na Qumica, os mesoinicos so compostos de grande utilidade sinttica,

    tais como para obteno de diversos indazis, diazis, triazis, dentre outros.

    Tambm participam de reao de cicloadio e Diels-Alder (Avalos, 1996) e em

    reaes de substituio por uma vasta gama de eletrfilos (Badami, 2006).

    Especificamente para reaes de cicloadio dipolar h um grande nmero de

    trabalhos publicados descrevendo esse tipo de reao envolvendo mesoinicos

    (Gotthardt et al., 1970; Potts et al., 1972; Potts et al., 1976; Padwa et al.,

    1982; Cantillo et al., 2008). A sntese e a caracterizao de compostos

    mesoinicos tem sido objeto de estudos de vrios trabalhos de mestrado e

    doutorado (Lira, 2004; Reis, 2008; Oliveira, 2009; Figueira, 2011).

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    3

    Na Biologia, os mesoinicos representam uma importante classe de

    compostos biologicamente ativos, devido associao das caractersticas

    citadas anteriormente em sua definio, que indicam uma alta probabilidade

    de fortes interaes com biomolculas, tais como o DNA e/ou protenas.

    Apesar de serem neutros, em geral, podem atravessar membranas biolgicas

    in vivo. A presena de grupos substituintes especficos no anel ou com a

    capacidade de libertar o xido ntrico a partir das suas estruturas moleculares

    so alguns dos efeitos que estes compostos relacionam (Senff-Ribeiro et al.,

    2004; Satyanarayana et al., 1995).

    Em Qumica Medicinal, diversas propriedades farmacolgicas j foram

    identificadas, de modo que podem atuar como agentes anticoagulantes,

    antimicrobianos, anti-convulsivantes (Cavalcanti et al., 2009), anti-

    hipertensivos (Lund et al., 1982), anti-leishmaniose (da Silva et al., 2002;

    Rodrigues et al., 2009), anti-chagas (Ferreira et al., 2008), anti-inflamatrios,

    fungicidas e analgsicos (Davis et al., 1959; Satyanarayana et al., 1995).

    Tambm atuam como agentes antitumorais, especificamente para clulas de

    melanoma (Senff-Ribeiro et al., 2004) e outras linhagens celulares

    cancergenas, como mama, pulmo e sistema nervoso central (Dunkey et al.,

    2003). Recentemente, descobriu-se que podem atuar como inibidores de

    bombas do efluxo, restaurando a atividade antibitica, sendo esta uma

    caracterstica importante no processo celular de resistncia ao frmaco

    (Oliveira et al., 2011).

    Compostos mesoinicos possuem diversas aplicaes tecnolgicas

    importantes, tais como materiais para clulas solares, ptica no-linear e

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    4

    nanodispositivos (Moura et al., 1996; Lyra et al., 2010). Nanomateriais,

    cristais lquidos, telecomunicao e semicondutores (Srinivas et al., 2007).

    Portanto, compostos mesoinicos apresentam uma faixa ampla de uso,

    desde precursores em reaes qumicas importantes, passando pela biologia e

    a qumica medicinal, at a obteno de produtos de interesse tecnolgico.

    Contudo, a caracterizao de um composto como sendo mesoinico no foi

    uma tarefa fcil. Na prxima seo ser feita uma breve descrio desta

    definio.

    1.1. Histrico e Definies dos Compostos Mesoinicos

    A primeira sntese de um composto heterocclico, atualmente classificado

    como mesoinico, data do final do sculo XIX, no ano de 1882, quando Fischer

    e Besthorn (Fischer e Besthorn, 1882) sintetizaram a desidrotizona (ou

    desidroditizona), para a qual foi proposta uma estrutura biciclca (1),

    mostrada na Figura 1.1.

    Figura 1.1: Estrutura bicclica da desidrotizona.

    Em 1895, Busch (Busch, 1895) sintetizou uma srie de estruturas

    bicclicas, chamados na poca de endo-tiadihidrotiadiazlio. Atualmente,

    essas estruturas correspondem a derivados do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2).

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    5

    Duas representaes estruturais foram propostas para os endo-

    tiadihidrotiadiazlio (3 e/ou 4), mostradas na Figura 1.2.

    Figura 1.2: Estrutura do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2). Representaes

    bicclicas propostas por Busch (3 e 4).

    Em 1935, Earl e Mackney (Earl e Mackney, 1935), por meio de uma

    reao de ciclodesidratao do N-nitroso-N-fenil-glicina (5) com anidrido

    actico (6), obtiveram um composto heterocclico (7) que ficou conhecido

    como sidnona (N-fenilsidnona), por ter sido sintetizado na Universidade de

    Sydney, Austrlia. A reao apresentada na Figura 1.3.

    Figura 1.3: Reao de desidratao de N-nitroso-N-fenil-glicinas (5) com

    anidrido actico (6) para obteno da N-fenilsidnona (7).

    Em 1949, a estrutura proposta para a N-fenilsidnona (7) foi discutida no

    trabalho de Baker e colaboradores (Baker et al., 1949). De acordo com os

    autores, o composto no poderia ser satisfatoriamente representado por uma

    nica estrutura covalente. Esta concluso foi fundamentada em duas

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    6

    observaes importantes: (i) inexistncia de uma forma opticamente ativa

    esperada para a estrutura (7), uma vez que esta apresenta centros

    estereognicos;1 (ii) considerando a regra de Hckel para a aromaticidade

    (4n+2 eltrons pi), a estrutura (7) apresenta n = 1 (6 eltrons pi do benzeno)

    e, portanto, deveria apresentar algum carter aromtico. Com base nisto,

    Baker e colaboradores (1949) propuseram que a N-fenilsidnona (7) deveria ser

    representada por estruturas hbridas de ressonncia, conforme Figura 1.4.

    Figura 1.4: Estruturas de ressonncia propostas por Baker et al. (1949) para N-

    fenilsidnona.

    Da juno das caractersticas mesomricas e zwitterinicas das

    estruturas da Figura 1.4, derivou-se a denominao estrutura mesoinica,

    (Baker e Ollis, 1957). Tambm foi proposta uma srie de caractersticas para

    classificar um composto como mesoinico:

    a) Heterocclos de 5 ou 6 membros que no podem ser representados por

    estruturas puramente covalentes;

    b) Sistema com sexteto de eltrons pi delocalizados;

    c) Presena de carga parcial positiva estabilizada por uma carga negativa

    em um grupo ou tomo exocclico;

    1 tomos de carbono, presentes em uma molcula, que esto ligados a quatro substituintes diferentes.

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    7

    d) Anel plano (ao menos aproximadamente).

    Em 1976, Ollis e Ramsden (Ollis e Ramsden, 1976) limitaram o uso do

    termo mesoinico aos compostos heterocclicos de cinco membros,

    considerando que muitos compostos de 6 membros poderiam ser melhor

    classificados como betanas mesomricas. Considerando a natureza e a posio

    dos heterotomos no anel e como estes podem contribuir para o sexteto de

    eltrons pi, Ollis e Ramsden classificaram os compostos mesoinicos em 2

    tipos: A e B, mostrados na Figura 1.5.

    Figura 1.5: Representao das subclasses de mesoinicos A e B.

    em que a, b, c, d, e e f, podem ser heterotomos como C, N, O, S ou Se, como

    tambm grupos de tomos. Os nmeros 1 e 2 em cada tomo representam o

    nmero de eltrons que cada tomo pode contribuir, totalizando 8 eltrons

    delocalizados nas duas regies do sistema.

    Os mesoinicos do tipo A e B apresentam propriedades qumicas bem

    diferentes. Os compostos do tipo A so caracterizados por participarem de

    reaes de cicloadio dipolar. J os compostos do tipo B se caracterizam por

    reaes de abertura do anel, formando tautmeros accliclos.

    Em 1978, Potts e colaboradores (Potts, 1978) adicionaram definio de

    mesoinicos a condio de serem compostos heterocclicos de cinco membros,

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    8

    representados por hbridos de ressonncia de todas as formas carregadas

    possveis. Estes deveriam ter um carter aromtico (anis com 4n+2 eltrons

    pi), com uma carga positiva para contrabalanar a carga negativa do tomo

    exocclico. Portanto, de acordo com esta definio, os compostos mesoinicos

    so betanas heteroaromticas.

    Em 1992, Cheung e colaboradores (Cheung et al., 1992) explicaram a

    aromaticidade dos mesoinicos considerando a teoria clssica do sexteto.

    Neste caso, tem-se um total de sete eltrons 2pz, distribudos pelos cinco

    tomos do anel, e mais um localizado no tomo exocclico. O sexteto de

    eltrons obtido quando um dos sete eltrons 2pz emparelhar seu spin com o

    do eltron do tomo exocclico, conforme Figura 1.6. Neste caso, usa-se um

    crculo para representar a delocalizao dos seis eltrons restantes no anel. A

    polarizao de cargas resulta em elevados momentos de dipolos (4-6 Debyes)

    para os anis mesoinicos.

    Figura 1.6: Representao dos orbitais p das sidnonas.

    Considerando a definio de Potts (Potts, 1978) e o modelo de Cheung

    (Cheung et al., 1992), os mesoinicos so definidos como betanas

    heteroaromticas genericamente representadas pela Figura 1.7.

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    9

    Figura 1.7: Betanas heteroaromticas.

    Em 1996, Oliveira e colaboradores (1996), com base em resultados

    tericos, propuseram uma nova definio para os compostos mesoinicos. De

    acordo com os autores:

    Compostos mesoinicos so betanas heterocclicas planas de cinco

    membros com pelo menos uma cadeia lateral, cujo tomo est no plano

    do anel, com momentos de dipolo da ordem de 5 D. Os eltrons esto

    delocalizados sobre duas regies separadas por duas ligaes

    essencialmente simples. Uma regio, a qual inclui o tomo da cadeia

    lateral, est associada com o HOMO e uma carga negativa pi, enquanto a

    outra est associada com o LUMO e uma carga positiva pi.

    A Figura 1.8 mostra a estrutura atualmente aceita para os compostos

    mesoinicos, conforme a definio de Oliveira (1996).

    Figura 1.8: Estrutura dos mesoinicos, segundo Oliveira (1996).

    A aromaticidade dos compostos mesoinicos foi amplamente explorada

    na literatura. O trabalho de Simas e colaboradores (1998) classifica os

    mesoinicos como no-aromticos, com base em resultados tericos e

    experimentais. Outros trabalhos evidenciam a no-aromaticidade dos

    compostos mesoinicos, atribuindo a sua estabilidade e reatividade

    delocalizao de eltrons e cargas (Ferreira et al., 2008). A aromaticidade de

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    10

    compostos mesoinicos tambm foi investigada por dos Anjos (dos Anjos,

    2011), utilizando diversos mtodos: ordem de ligao mnima, Bird (I5,I6,IA,...)

    e HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity. Os resultados obtidos

    indicam um carter aromtico reduzido nos sistemas investigados. Tambm se

    observou que os anis 1,3-oxazol-5-ona (NOO) possuem maior tendncia a

    abrir do que os anis 1,3-diazol-4-tiona (NNCS) e 1,3-tiazol-5-tiona (NSS).

    A estrutura eletrnica dos compostos mesoinicos permite associar a

    esta carter aromtico bem como dirradicalar. Este ltimo aspecto ser

    discutido na prxima seo.

    1.2. Carter Mesoinico versus Dirradicalar

    Os compostos mesoinicos no podem ser representados por uma nica

    estrutura de Lewis. Dessa forma, alguns compostos, dependendo de sua

    geometria ou substituies, tm sua forma estvel descrita por uma estrutura

    mesoinica ou dirradicalar, como mostrado a Figura 1.9.

    c d

    e

    a

    bf

    (b)

    Figura 1.9: Representao mesoinica e dirradicalar de heterocclicos.

    Um dirradical definido como um composto que contm um nmero par

    de eltrons ocupando dois orbitais moleculares de fronteira degenerados, com

    pelo menos dois estados eletrnicos de diferentes multiplicidades (dirradical

    singleto e dirradical tripleto) (IUPAC, 1997). Em um dirradicalide os orbitais

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    11

    de fronteira no so degenerados, porm possuem energias muito prximas

    (em at cerca de 20 kcal/mol), possibilitando a formao de dois radicais, que

    interagiro fracamente, como mostrado na Figura 1.10 (Michl & Bonacic-

    Koutecky, 1988).2

    Figura 1.10: Diferena entre dirradical e dirradicalide.

    Mtodos de estrutura eletrnica mono-referncia (single-reference)

    podem ser utilizados para descrever sistemas com elevado carter dirradicalar

    a partir do procedimento de quebra de simetria (broken-symmetry, que

    envolve a mistura dos orbitais de fronteira HOMO e LUMO), no formalismo

    irrestrito (Houk et al., 1997; Bachler et al., 2002; Adamo et al., 1999; Nakano

    et al., 2004; Nakano et al., 2005). Neste contexto, foi possvel mostrar que o

    mtodo B3LYP/6-31G(d) (Hess et al., 1999) adequado para a descrio de

    reaes que envolvem a formao de dirradicais, levando a resultados

    qualitativa e quantitativamente comparveis ao mtodo multi-determinantal

    MR-CI.

    2 Um birradical definido como uma espcie com nmero par de eltrons, com dois centros radicalares espacialmente distantes, que atuam de forma independente. Espcies nas quais os centros radicalares interagem de forma significativa so denominadas birradicalides.

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    12

    Utilizando o mtodo B3LYP/6-311+G(d,p) e diferentes critrios, Srinivas

    e colaboradores (Srinivas et al., 2007) estimaram o carter dirradicalar de

    corantes (da classe de esquarinas e croconatos) derivados de oxialil, que

    podem ser descritos nas formas mesoinica e dirradicalar. Foi possvel

    identificar um elevado carter dirradicalar em todos os croconatos e em

    algumas esquarinas, que apresentam absoro eletrnica na regio do

    infravermelho prximo (acima de 750 nm).

    Utilizando o mtodo B3LYP/6-31G(d,p), Prabhakar e colaboradores

    (Prabhakar et al.; 2008) investigaram outra classe de derivados oxialil, tendo

    identificado um pequeno carter dirradicalar e absoro na faixa do visvel

    (entre 440 e 480 nm). Estes resultados suportam o modelo de que as

    absores no infravermelho prximo dos derivados oxialil so devido ao

    carter dirradicalar, e no ao efeito de grupos substituintes, que atuam como

    doadores de carga para o anel central.

    Conforme discutido at o momento, a descrio da natureza eletrnica

    dos compostos mesoinicos no uma tarefa fcil. Assim, o principal desafio

    deste trabalho de mestrado investigar, a partir de diversos mtodos de

    estrutura eletrnica e diferentes procedimentos, qual a melhor representao

    para os compostos investigados: mesoinica ou dirradicalar. Trata-se de um

    trabalho de carter indito, pois no h relatos na literatura de que o carter

    dirradicalar dos sistemas investigados tenha sido estudado. O carter

    dirradicalar apresenta implicaes na reatividade do composto, influenciando o

    tipo de reao na qual o composto participar.

  • Captulo 1: Introduo

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    13

    Para isso, foram empregados mtodos computacionais que consideram a

    correlao eletrnica, possibilitando avaliar o carter dirradicalar. No foram

    empregados mtodos multi-referncia, embora estes sejam os mais

    apropriados para descrever os sistemas investigados, devido elevada

    demanda computacional. O propsito do trabalho , portanto, utilizar um

    procedimento computacionalmente mais simples e que possa ser

    rotineiramente utilizado para descrever o carter dirradicar.

  • Captulo 2: Objetivos

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    14

    Captulo 2: Objetivos

  • Captulo 2: Objetivos

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    15

    2. Objetivos

    2.1. Objetivo Geral

    Investigar a estabilidade e o carter dirradicalar de quatro anis

    mesoinicos (1,3-oxazol-5-ona, 1,3-oxazol-5-tiona, 1,3-tiazol-5-ona e 1,3-

    tiazol-5-tiona) a partir de mtodos de Qumica Quntica.

    2.2. Objetivos Especficos

    1. Obter as geometrias otimizadas para cada uma das estruturas propostas.

    2. Estimar o carter dirradicalar a partir de diferentes critrios:

    Diferena de energia entre HOMO-LUMO;

    Diferena de energia devida quebra de simetria (formalismo irrestrito);

    Diferena de energia entre funes de onda singleto e tripleto;

    Nmeros de ocupao n dos orbitais naturais HOMO e LUMO,

    determinados no formalismo irrestrito.

    3. Avaliar o carter mesoinico a partir do mdulo do momento de dipolo.

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    16

    Captulo 3: Fundamentao Terica

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    17

    3. Fundamentao Terica

    3.1. A Qumica Computacional

    A Qumica Quntica tem por objetivo a busca por solues para a

    equao de Schrdinger que possam descrever propriedades moleculares e

    solucionar problemas qumicos. Aps dcadas de crescente desenvolvimento, a

    Qumica Quntica Computacional tem seu espao entre as metodologias que

    estudam os fenmenos qumicos. Isto se deve a melhorias das metodologias

    tericas, bem como aos progressos tecnolgicos na informtica.

    Os mtodos de estrutura eletrnica, empregados pela Qumica Quntica

    Computacional, se subdividem em semi-empricos, ab initio (do latim do incio)

    e os baseados na teoria do funcional da densidade (DFT, do ingls Density

    Functional Theory). Neste trabalho, foram utilizados os mtodos DFT/B3LYP,

    MP2, CCSD e QCISD, os quais sero detalhados nas prximas sees.

    3.2. Equao de Schrdinger e a Aproximao de Born-

    Oppenheimer

    Na equao (1) mostrada a forma no-relativistica e independente do

    tempo da equao de Schrdinger, cuja soluo descreve sistemas qunticos

    atmicos e moleculares:

    = EH (1)

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    18

    em que a funo de onda, que deve ser unvoca, contnua,

    quadraticamente integrvel e normalizada, ou seja:

    = 1* d . (2)

    ^

    H o operador Hamiltoniano (ou operador energia total) e E a energia total

    (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Para um sistema molecular constitudo

    por N ncleos e n eltrons, o Hamiltoniano dado por:

    eeNeNNeN VVVTTH ++++= , (3)

    em que NT e eT so os operadores de energia cintica dos ncleos e dos

    eltrons, respectivamente, e NNV , NeV e eeV correspondem aos operadores de

    energia potencial de repulso ncleo-ncleo, atrao ncleo-eltron e repulso

    eltron-eltron, respectivamente.

    A equao (1) possui soluo analtica apenas para alguns sistemas:

    tomos hidrogenides, partcula na caixa, oscilador harmnico e rotor rgido.

    Mesmo para a molcula mais simples, H2+, s h soluo analtica

    considerando a aproximao de Born-Oppenheimer.

    A aproximao de Born-Oppenheimer consiste em separar os

    movimentos eletrnicos e nucleares. Assim, podemos desacoplar estes dois

    movimentos de maneira apropriada e calcular as energias eletrnicas para

    posies nucleares fixas (Cramer, 2002; Jensen, 2003). Portanto, a funo de

    onda pode ser dada nas contribuies eletrnica e nucleares, por:

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    19

    )(),(),( RrRrR Ne = , (4)

    em que e corresponde a funo de onda associada soluo da parte

    eletrnica da Equao de Schrdinger para um conjunto fixo de coordenadas

    nucleares R e nas posies dos eltrons dada por r, e N a funo de onda

    associada aos movimentos nucleares. Desta forma, a Equao de Schrdinger

    molecular pode ser separada em uma equao de funo de onda eletrnica e

    outra nuclear.

    O Halmitoniano puramente eletrnico descrito pela equao (5):

    eeNeee VVTH ++= . (5)

    Note que os termos de energia cintica e potencial dos ncleos so constantes

    e a adio destes termos ao operador no altera suas autofunes, por isso,

    no aparecem na equao (5). Assumindo posies fixas para os ncleos, a

    energia cintica nuclear considerada como sendo independente do

    movimento eletrnico, e o termo de energia potencial de repulso ncleo-

    ncleo considerado um parmetro para cada soluo da Equao de

    Schrdinger eletrnica. Assim, as solues para a equao (6) correspondem a

    energia eletrnica do sistema:

    eeee EH = . (6)

    A energia total, portanto, ser dada pela equao (7):

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    20

    NNetotal VEE += . (7)

    Uma superfcie de energia potencial pode ser gerada a partir da energia

    total nuclear, para cada configurao nuclear, para isso resolvemos a equao

    de Schrdinger eletrnica. O mtodo numrico da busca de um mnimo nessa

    superfcie de energia potencial corresponde ao processo de otimizao de

    geometria.

    3.3. O Mtodo de Hartree-Fock-Roothaan

    No mtodo de Hartree-Fock a funo de onda eletrnica aproximada

    pode ser descrita na forma de determinante de Slater, conforme equao (8):

    =

    )()()(

    )()()(

    )()()(

    !

    1),...,( 222

    111

    21

    NkNjNi

    kji

    kji

    N

    XXX

    XXX

    XXX

    NXXX

    rK

    rrMOMM

    rK

    rr

    rK

    rr

    rrr

    , (8)

    em que i um spin-orbital, que so funes das coordenadas espaciais e spin

    de um nico eltron; 1/N! uma constante de normalizao para funo de

    onda. A funo de onda descrita desta forma obedece princpios qunticos

    fundamentais como o Princpio de Excluso Pauli e a indistinguibilidade das

    partculas qunticas (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008).

    Na aproximao de Hartree-Fock a repulso intereletrnica tratada

    considerando o modelo do campo mdio. Para um sistema de dois eltrons o

    eltron 1 sofre a ao de um campo mdio produzido pelo eltron 2 na forma:

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    21

    212

    2*2

    1

    dr

    V = . (9)

    Para um sistema com N eltrons, a energia de repulso do i-simo eltron em

    relao a todos os outros ser:

    =

    N

    ij

    jij

    jji d

    rV

    *. (10)

    A equao de Hartree-Fock, derivada da equao de Schrdinger para

    um sistema de N eltrons, dada por:

    iiiF = , (11)

    em que i so os spin-orbitais, i a energia do spin-orbital i, e ^

    F o operador

    de Fock. A soluo da equao (11) corresponde energia total dos orbitais,

    dada pela equao (12):

    =N

    i

    N

    ij

    ijiji KJE )(21

    , (12)

    em que Jij o operador de Coulomb, Kij o operador de troca, permuta ou de

    Pauli, e i a energia dos orbitais individuais, que dado por:

    +==N

    j

    ijijiiiii KJhF )( . (13)

    Note que a partir da utilizao de funes de onda anti-simtricas se

    verifica que o termo de repulso eletrnica apresenta uma componente

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    22

    coulmbica e outra de natureza puramente quntica, denominada termo de

    troca. Pode-se dizer que o termo de troca constitui a primeira correo dos

    efeitos de correlao eletrnica no modelo de Hartree-Fock [Szabo, 1989].

    As equaes de Hartree-Fock correspondem a um conjunto de equaes

    integro-diferenciais com resoluo numrica para tomos e tambm para

    molculas diatmicas. Modificaes no procedimento de Hartree-Fock para

    descrever molculas foram propostas por Roothaan em 1951.

    A proposta de Roothaan consistia em combinar orbitais atmicos que,

    para o caso de sistemas com muitos eltrons, so funes aproximadas, para

    formar orbitais moleculares. Este procedimento conhecido como Combinao

    Linear de Orbitais Atmicos (LCAO, do ingls Linear Combination of Atomic

    Orbitals). No procedimento de Roothaan, inicialmente se deve considerar que

    um orbital atmico ou molecular i pode ser escrito atravs da expanso:

    =

    =

    b

    s

    ssii c1

    , (14)

    em que csi so os coeficientes da expanso SCF (do ingls Self-Consistent

    Field), e s so as funes de base. Para uma representao exata dos orbitais

    moleculares, i, as funes de base s devem formar uma srie completa,

    neste caso, b um nmero finito suficientemente grande. Com a aproximao

    de Roothaan, a equao de Hartree-Fock passa a ser escrita pela equao

    (15).

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    23

    =s

    ssii

    s

    ssi cFc . (15)

    A soluo desta equao implica em determinar os valores dos

    coeficientes da combinao linear de todos os orbitais ocupados e suas

    respectivas energias.

    3.4. Funes de Base

    Para ter um conjunto de funes de base de AO completo, necessrio

    um nmero infinito de determinantes de Slater. Assim, quanto mais prximo

    do conjunto completo, melhor sero representados os orbitais moleculares e

    mais exatos sero os clculos. Contudo, o custo computacional cresce de

    forma aprecivel com o aumento do conjunto de base. Para o mtodo Hartree-

    Fock, considerando um conjunto de m funes de base, tem-se que calcular

    em torno de M4/8 integrais de dois eltrons. Assim, necessrio que as

    funes de base sejam as mais adequadas para produzir resultados exatos.

    Existem dois tipos de funes base comumente utilizados em clculos de

    estruturas eletrnicas: funes de Slater (ou STO, do ingls Slater Type

    Orbitals) e funes gaussianas (ou GTO, do ingls Gaussian Type Orbitals). As

    funes de Slater e Gaussianas so mostradas nas equaes (16) e (17),

    respectivamente:

    rnmmn erNYr

    = 1,,,, ),(),,( ll , (16)

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    24

    222

    ,,,, ),(),,(rn

    mmn erNYr

    = lll . (17)

    em que N uma constante de normalizao, Yl,m so funes harmnicas

    esfricas, n o nmero quntico principal, l o nmero quntico de momento

    angular e m o nmero quntico da componente do momento angular sobre o

    eixo z. Note que o termo e-r das STOs permite que essas funes tenham

    caractersticas assintticas desejveis para representar densidades eletrnicas,

    qual seja um cspide quando r0. Contudo, estas funes no so adequadas

    para clculos envolvendo muitos centros. A resoluo da equao de Hartree-

    Fock requer soluo de integrais de at quatro centros, o que no pode ser

    feito de forma eficiente quando se usa funes de Slater. J as funes GTOs,

    apesar do comportamento assinttico fisicamente incorreto, suas integrais so

    computacionalmente mais viveis. Uma forma de obter as melhores

    caractersticas das STOs e GTOs combinando as ltimas funes para tentar

    reproduzir o comportamento das primeiras.

    So necessrias vrias funes GTO para obter uma boa representao

    dos orbitais atmicos. Hay e Dunning (Hay e Dunning, 1977) mostraram que

    necessrio um conjunto de nove funes s e cinco p para se obter um erro de

    10 mH (mili-Hartree) na energia de Hartree-Fock para o tomo de oxignio em

    relao energia Hartree-Fock exata. O conjunto de funes (9s5p)

    chamado de gaussianas primitivas.

    Para melhorar o desempenho das funes gaussianas, principalmente

    quanto ao nmero de integrais, usa-se combinao de gaussianas primitivas

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    25

    (PGTO, do ingls Primitive Gaussian Type Orbitals) para formar conjuntos

    contrados (CGTO, do ingls Contracted Gaussian Type Orbitais):

    =k

    i

    PGTOii

    CGTO a )()( , (18)

    em que ai so os coeficientes de contrao.

    As GTOs contradas possuem coeficientes e expoentes fixos, portanto

    para melhorar o conjunto de base, adicionam-se outras funes. Uma base

    com duas funes ou dois conjuntos contrados para cada orbital classificada

    como duplo-zeta (DZ), uma base com trs funes ou trs conjuntos

    contrados denominada triplo-zeta (TZ -triple-zeta), e assim sucessivamente.

    Quando mudamos o ambiente molecular, as camadas mais internas

    sofrem pouca alterao, portanto no deve fazer diferena se tratamos os

    orbitais de caroo com mais de um conjunto contrado. O que no acontece

    com os orbitais de valncia que merecem uma ateno especial, ou seja, uma

    descrio com mais de um conjunto.

    Na formao das molculas, a forma dos orbitais atmicos distorcida e

    o centro de carga deslocado. De modo a permitir essa polarizao, este

    fenmeno pode ser considerado incluindo-se funes com um momento

    angular elevado do que as j existentes. Ou seja, adicionam-se orbitais do tipo

    p para o hidrognio e do tipo d para os tomos pesados do segundo perodo da

    tabela peridica, por exemplo. Estas funes so chamadas de funes de

    polarizao. Podemos tambm adicionar as funes de orbitais 3d para

    elementos do 3 perodo da tabela peridica, por exemplo, oriundos de

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    26

    camadas mais externas. Neste caso, as funes so denominadas duplo-zeta

    de valncia desdobrada, triplo-zeta de valncia, etc.

    Para nions, estados excitados, complexos fracamente ligados, a

    densidade eletrnica significativa em regies afastadas do ncleo e os

    orbitais moleculares so extremamente difusos. Portanto, para melhorar a

    exatido necessrio introduzir funes difusas na base, ou seja, introduzir

    funes primitivas s para o tomo de hidrognio e funes s e p para os

    demais tomos do segundo perodo com expoentes menores do que os j

    existentes nas funes de mesma simetria. Essas GTOs possuem expoentes

    orbitais muito pequenos, decaindo de modo mais brando medida que se

    afasta do ncleo.

    Podemos adicionar as funes difusas e polarizadas para cada um destes

    conjuntos de base, sua representao dada pelo acrscimo dos smbolos +

    e/ou * as funes de base. As funes difusas so normalmente funes s e

    p (representadas por smbolos de + ou ++ que vem antes do smbolo G),

    o primeiro smbolo + indica um conjunto de funes s e p para tomos

    diferentes do hidrognio, j o segundo + do ++ indicando que a funo

    difusa s adicionada tambm aos hidrognios. O uso de funes de

    polarizao indicado depois do smbolo G com uma designao separada

    para tomos pesados e hidrognio, para o conjunto de base 6-311+G(d) ou 6-

    311+G* temos o conjunto de base 6-31G com a adio de mais uma funo de

    valncia no-contrada, com o smbolo + indicando um conjunto de funes

    difusas s e p para tomos diferentes do hidrognio, e o d ou * indicando o

    uso de somente um conjunto de funes de polarizao do tipo d. A melhor

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    27

    maneira de avaliar os efeitos inicos e/ou moleculares com a adio de

    funes difusas e de polarizao.

    As bases de Dunning, denotadas por cc-pVnZ, onde n o tipo de

    valncia desdobrada (D - duplo, T - triplo, Q - qudruplo ou 5 quntuplo

    zeta), foram desenvolvidas para a utilizao com mtodos que incluem

    correo eletrnica (por exemplo, CI). Logo, cc-pVDZ significa que a base

    consistente com a correlao, com as funes do tipo duplo-zeta de valncia

    polarizada. As bases que incluem funes difusas polarizadas e no-polarizadas

    so chamadas aug augmented, por exemplo, aug-cc-PVnZ ou aug-cc-PCVnZ,

    so adequadas para clculos de correlao em nios e espcies com ligao de

    hidrognio (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Essas bases no tm

    restries dos conjuntos de base do tipo Pople com expoentes iguais para

    funes s e p, e so, portanto, um pouco mais flexvel, mas tambm

    computacionalmente mais caras (Cramer, 2002; Jensen, 2003).

    3.5. Energia de Correlao Eletrnica

    O mtodo de Hartree-Fock leva em considerao as interaes entre

    eltrons apenas de forma mdia. As interaes instantneas entre os eltrons

    no so consideradas. Assim, o modelo de campo mdio pode resultar em

    erros na energia total da ordem de 1-2% para clculos que envolvem tomos

    leves (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Em termos absolutos, erros

    desta magnitude no so significativos, mas para o clculo de algumas

    propriedades, tais como energia de ligao e transferncia eletrnica, este erro

    bastante relevante.

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    28

    A energia de correlao eletrnica Ecorr definida como sendo a diferena

    entre a energia exata no relativstica Eexata e a energia obtida no chamado

    limite Hartree-Fock (no relativstica), que corresponde energia Hartree-Fock

    na expanso completa do conjunto de funes de base:

    iteHFexatacorr EEElim

    = . (19)

    Os mtodos correlacionados buscam recuperar parte da energia de

    correlao no descrita pelo mtodo de Hartree-Fock.

    3.6. Mtodo Coupled Cluster (CC)

    O mtodo Couple Cluster (CC) foi originalmente proposto por volta de

    1958 por Coester e Kmmel, e desenvolvido por ek em 1960. O mtodo CC

    baseia-se no tratamento de um sistema de muitos eltrons como sendo vrios

    grupos (clusters) de poucos eltrons. Calculam-se as interaes

    separadamente entre os eltrons primeiramente do mesmo grupo, e em

    seguida, entre grupos diferentes (Morgon, 2007; Levine, 2008).

    A equao fundamental da teoria CC dada pela equao (20):

    0= Te , (20)

    em que a funo de onda eletrnica exata (relativista), 0 a funo de

    onda HF, eT operador definido por uma srie de Taylor, onde T o operador

    de cluster definido por:

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    29

    nTTTT 21 K++= , (21)

    sendo n o nmero de eltrons da molcula, T1 o operador de excitao de um

    eltron, T2 de dois eltrons e assim sucessivamente.

    Os operadores de excitao de uma e duas partculas so definidas

    como:

    =ai

    ai

    ai

    ai tT

    ,1 , (22)

    =baji

    abij

    abij

    abij tT

    ,,,2 . (23)

    em que i e j representam orbitais ocupados no determinante de HF, enquanto

    a e b representam orbitais virtuais. Os coeficientes t so denominados

    amplitudes de cluster. Definies similares so aplicadas aos demais

    operadores de excitao.

    O objetivo do clculo CC obter os coeficientes (chamados de

    amplitudes) tia, tijab, tijkabc... para todos i, j, k, ..., e todos os a, b, c, ... Uma

    vez obtidas essas amplitudes, tem-se a funo de onda (eq. 20).

    Para o emprego do mtodo coupled cluster, necessita-se de duas

    aproximaes. A primeira considera utilizao de uma funo de base finita,

    ou truncada, para representar os spins-orbitais na funo de onda SCF. Assim,

    os determinantes excitados so formados a partir de um nmero finito de

    orbitais virtuais. Na segunda, no lugar de incluir todos os operadores T1, T2, ...,

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    30

    Tn, aproxima o operador de cluster T incluindo somente alguns destes

    operadores de excitao.

    A expanso completa da funo da equao (20) corresponde soluo

    exata. Contudo, como no caso da funo de onda de Hartree-Fock, a soluo

    exata no possvel para fins prticos. A primeira aproximao utilizada no

    mtodo CC considerar apenas operador de excitao dupla T2 (Szabo e

    Ostlund, 1989; Levine, 2008). Assim, a funo de onda passa a ser escrita

    como:

    02=T

    CCD e . (24)

    Com a funo de onda aproximada descrita na equao (24), temos o CCD

    (coupled cluster com substituies duplas).

    Apesar da importncia que as excitaes duplas exercem nos clculos da

    energia de correlao, para algumas propriedades, tais como potencial de

    ionizao e momento de dipolo, a incluso das substituies simples de

    fundamental importncia. Assim, Purvis e Bartlett (Purvis e Bartlett, 1982;

    Morgon, 2007) formularam e implementaram computacionalmente o mtodo

    CCSD (mtodo coupled cluster com substituies simples e duplas). Neste

    caso, o operador de cluster dado por T = T1 + T2 e a funo de onda passa a

    ser escrita como:

    021 = +TTCCSD e . (25)

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    31

    Uma importante observao que em um clculo CCSD no so

    includas somente as substituies simples e duplas. H incorporao das

    substituies triplas, qudruplas, ..., oriundas dos termos desconexos do tipo

    T1T2, 1/3T13, 1/2T22, dentre outros.

    3.7. Mtodo Quadrtico de Interao de Configuraes (QCISD)

    O mtodo QCISD proposto por Pople (Pople et al., 1987) corresponde a

    uma abordagem intermediria entre CI e CC. Implementado para incluir

    substituies simples e duplas, o QCISD consiste em modificar as equaes do

    mtodo CI de modo a corrigir os problemas da falta de extensividade.

    Contudo, diferentemente do CI, o QCISD no variacional.

    A funo de onda CISD (interao de configurao incluindo excitaes

    simples e duplas) escrita em termos dos operadores de cluster, tem a seguinte

    forma:

    021 )1( ++= TTQCISD . (26)

    A incluso dos termos quadrticos resolve o problema da extensividade

    do CISD. A forma da funo de onda do QCISD mais parecida com a do CC

    do que com a funo de onda CI.

    3.8. Teoria de Perturbao de Mller-Plesset

    Em 1934, Mller e Plesset (Mller e Plesset, 1934) aplicaram a teoria de

    perturbao de muitos corpos no tratamento do problema da correlao

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    32

    eletrnica. O mtodo consiste em particionar o Hamiltoniano em duas

    contribuies, um Hamiltoniano de referncia (no perturbado) cuja soluo

    conhecida, 0H , e o termo de perturbao, 'H , conforme equao (27):

    ' 0 HHH += . (27)

    sendo:

    ( )

    [ ]

    = >

    =

    = =

    =

    +=

    +=

    +=

    =

    N

    i

    N

    ij

    iji

    N

    i

    eei

    N

    i

    N

    j

    ijiji

    N

    i

    gh

    Vh

    KJh

    iFH

    1

    1

    1 1

    1

    0

    2

    )(

    ,

    (28)

    e:

    ( )>

    =

    =

    =

    N

    ij

    ijij

    eeee

    gg

    VV

    HHH

    2

    ' 0

    . (29)

    em que F o operador de Fock, hi o operador hamiltoniano de um eltron, Jij

    o operador de Coulomb, Kij o operador de troca, Vee a energia de

    repulso eltron-eltron e gij o operador de repulso eltron-eltron.

    Dessa forma, a energia a soma das energias correspondente ao

    Hamiltoniano no perturbado e dos termos da perturbao de vrias ordens. A

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    33

    funo de onda de ordem zero a funo de onda Hartree-Fock e a energia de

    ordem zero o somatrio das energias dos orbitais moleculares, conforme

    equao (30):

    ==N

    i

    iHE 0000

    . (30)

    A correo de energia de primeira ordem a mdia do operador

    perturbado atravs da funo de onda de ordem zero:

    eeeeee VVVHE === 2'001

    . (31)

    Assim esta correo, que superestima a repulso eltron-eltron,

    acrescida da energia de ordem zero, nos d exatamente a energia Hartree-

    Fock.

    Empregando a notao E(MPn) para indicar a correo de ordem n, MPn

    para indicar a energia total at a correo de ordem n, e E(HF) para a energia

    Hartree-Fock, tem-se:

    =

    ==

    N

    i

    iMPEMP1

    )0(0 . (32)

    )()1(01 HFEMPEMPMP =+= . (33)

    Logo, a energia de correlao propriamente dita s passa a ser includa a

    partir da segunda ordem com a escolha de H0. Mas o uso de um nmero

    infinito de funes impossvel em clculos reais. Para resolver o problema,

  • Captulo 3: Fundamentao Terica

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    34

    usamos a maior energia obtida como soluo da funo de onda HF no

    perturbada; e solues adicionais das energias mais elevadas dos

    determinantes de Slater excitados. Quando se emprega um conjunto de base

    finito, s possvel gerar um nmero finito de determinantes excitados. A

    expanso das funes de onda de muitos eltrons deve ser, portanto,

    truncada.

    Portanto, a correo da energia de segunda ordem, que a primeira

    contribuio para a energia de correlao eletrnica, s aparece depois da

    escolha do H0. A funo de onda deste nvel de aproximao dada em temos

    de determinantes duplamente excitados que podem ser gerados atravs da

    promoo de dois eltrons de orbitais ocupados i e j para orbitais virtuais a e

    b. A soma deve ser limitada, de modo que cada estado excitado seja contado

    apenas uma vez. A energia obtida dada pela equao (34):

    < p3 > p2 > p4.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    58

    Considerando os mtodos correlacionados ab initio, a mdia das

    diferenas das distncias de ligao (obtida a partir do somatrio das

    diferenas das distncias calculadas com a base aug-cc-pVDZ e 6-311+G*,

    divido por quatro) de 0,0173 , 0,013 , 0,0193 , 0,0153 , para as

    estruturas p1, p2, p3 e p4, respectivamente (p3 > p1 > p4 > p2).

    Com relao tendncia do mtodo sobre a distncia de ligao entre

    C(1)-R, observa-se que os valores obtidos com B3LYP so sistematicamente

    maiores quando comparado com os mtodos ab initio. Esta tendncia maior

    para os resultados com a base aug-cc-pVDZ, da estrutura p2, onde foi obtido

    um aumento mdio na distncia C(1)-R de 0,139 . Entre os mtodos ab initio,

    as diferenas no chegam a 0,020 . Os menores comprimentos de ligao C-

    R foram obtidos com o mtodo CCSD para a estrutura p1, e MP2 para as

    demais.

    A tendncia nas ligaes C(1)-R devido substituio do oxignio por

    enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) de diminuir o seu comprimento, em

    mdia, de 0,09 . Esta tendncia pode estar relacionada maior

    eletronegatividade do oxignio, que contribui para o enfraquecimento da

    ligao C(1)-R. Com relao substituio na posio R de oxignio por enxofre

    p1p3 e p2p4), observa-se um aumento no comprimento de ligao C(1)-R

    de, em mdia, 0,350 , devido ao aumento do raio atmico do ltimo. Estas

    tendncias so pouco dependentes do mtodo e da base.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    59

    5.2.2. Orbitais de Fronteira

    Conforme discutido na seo 3.10.1, um dos parmetros para analisar o

    carter dirradicalar a diferena entre os orbitais de fronteira. Neste caso,

    espera-se que quanto menor a diferena, maior deve ser o carter dirradicalar.

    As diferenas de energia HOMO-LUMO obtidas com o mtodo B3LYP (orbitais

    de Kohn-Sham) e com os mtodos ab initio (orbitais moleculares oriundos do

    Hartree-Fock no re-otimizados) so mostrados no Grfico 5.2.

    Grfico 5.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os

    sistemas investigados.

    Observa-se que a tendncia da base no clculo de EHL bem mais

    significativo para os mtodos ab initio do que para o B3LYP. Para os primeiros

    a mdia das diferenas para p2, por exemplo, de 13,46 kcal/mol, enquanto

    que para o B3LYP este valor de apenas 0,46 kcal/mol.

    Os resultados B3LYP para o gap HOMO-LUMO so sistematicamente

    menores do que os resultados ab initio. Esta tendncia mais pronunciada

    para a base 6-311+G*. Observa-se que para os mtodos ab initio, a diferena

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    60

    entre os valores calculados para o gap bem pequena, o que atribudo s

    pequenas diferenas nas geometrias.

    Para todos os sistemas investigados, observa-se que a substituio do

    oxignio por enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) resulta em uma reduo

    em cerca de 20 kcal/mol no gap HOMO-LUMO. Este efeito pouco dependente

    do mtodo e da base. O efeito da substituio do oxignio por enxofre na

    posio R (p1p3 e p2p4) resulta em uma diminuio no gap HOMO-LUMO,

    sendo este efeito mais pronunciado para o mtodo B3LYP. Para os mtodos ab

    initio, o efeito mais significativo para a base 6-311+G*, da ordem de

    4,5 kcal/mol de p1p3 e de 3,0 kcal/mol de p2p4.

    5.2.3. Energias dos Estados Eletrnicos

    No Grfico 5.3 so mostrados os valores obtidos para a diferena de

    energia singleto-tripleto utilizando a geometria otimizada e rgda (resultado

    para o tripleto na geometria otimizada com a funo de onda singleto). Em

    todos os casos, os estados eletrnicos singleto restrito e irrestrito possuem a

    mesma energia (valores nulos para o ESS rgido e relaxado), e o estado

    eletrnico tripleto tem maior energia (valores positivos para o EST rgido e

    relaxado).

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    61

    Grfico 5.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para os

    sistemas investigados.

    O parmetro GST corresponde diferena de energia livre de Gibbs entre

    os estados singleto restrito e tripleto irrestrito. Os resultados obtidos esto

    dispostos no Grfico 5.4. Os resultados MP2 para o EST e GST so

    sistematicamente maiores que os obtidos com os demais mtodos para todas

    as estruturas, com diferenas no EST na faixa de 11,41-14,59 kcal/mol para a

    estrutura p1, 13,27-16,80 kcal/mol para p2, 16,78-19,38 kcal/mol para p3 e

    16,23-18,67 kcal/mol para p4. Os espaos vazios no Grfico 5.4 correspondem

    clculos em andamento.

    Grfico 5.4: Diferena de energia livre de Gibbs singleto-tripleto (GST), em

    kcal/mol, para os sistemas investigados.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    62

    Quando ocorre o relaxamento da geometria no clculo de EST observa-se

    uma diminuio de 24,12 kcal/mol, 18,31 kcal/mol, 12,29 kcal/mol e

    9,46 kcal/mol, para as estruturas p1, p2, p3 e p4, respectivamente. A

    diminuio no valor de EST devido ao relaxamento da estrutura era, de fato,

    um resultado esperado.

    A mdia das diferenas devida substituio do oxignio por enxofre na

    posio R indica uma diminuio no valor de energia EST, em torno de

    4,21 kcal/mol para a sequncia p1p2, e de 7,75 kcal/mol para p3p4. Este

    resultado pouco dependente da base e do mtodo. A mdia das diferenas

    quando fazemos a substituio do oxignio por enxofre na posio R bem

    menor do que o anterior, levando a um aumento de 1,73 kcal/mol na

    sequncia p1p3, e a uma diminuio de 1,86 kcal/mol na sequncia p2p4.

    Todas as estruturas com as geometrias otimizadas possuem EST na faixa

    de 30-60 kcal/mol, sendo, portanto, acima da faixa definida por Wirz (Wirz,

    1984) para um dirradicalide.

    5.2.4. Carter Dirradicalar

    Os resultados discutidos anteriormente so baseados na realizao de

    trs clculos diferentes para cada mtodo e base, na determinao das funes

    de onda singleto restrito, singleto irrestrito e tripleto irrestrito. Alm disso,

    embora os parmetros EHL, ESS e EST constituam critrios importantes para a

    investigao do carter dirradical, estas no quantificam o efeito, o que pode

    ser feito com base na anlise dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    63

    Este clculo feito a partir da funo de onda singleto restrito. Os resultados,

    obtidos a partir da equao 54, so mostrados no Grfico 5.5, para as

    estruturas rgidas e relaxadas.

    Conforme observado por Nakano (Nakano et al., 2006), a metodologia

    DFT/UB3LYP subestima o carter dirradicalar, tendo-se verificado, no presente

    trabalho, um carter dirradicalar nulo. Nos demais casos, o carter

    dirradicalar, calculado a partir dos mtodos MP2, QCISD e CCSD, inferior a

    1 %, o que indica que o carter mesoinico predominante. Tambm se

    verificou que os resultados MP2 para o Y0 so sistematicamente menores do

    que os obtidos com os mtodos QCISD e CCSD. Os valores de Y0 para os

    sistemas investigados seguem a sequncia p1 ~ p2 > p3 ~ p4.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    64

    Grfico 5.5: Carter dirradicalar (Y0), calculado a partir dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    65

    5.2.5. Momentos de Dipolo

    Os momentos de dipolo dos compostos estudados foram obtidos

    considerando o organograma da Figura 4.3, totalizando cinco clculos para

    cada estrutura, mtodo e base. Os resultados so mostrados no Grfico 5.6,

    bem como na Tabela B.5 do Apndice B. Nesta tabela so mostrados apenas

    os momentos de dipolo obtidos com as funes de onda do singleto restrito

    (1r) e tripleto irrestrito (3u), considerando que no se observou diferenas

    significativas entre os momentos de dipolo obtidos com a funo de onda do

    singleto irrestrito (1u) e singleto restrito (1r). Para o caso do tripleto (3u),

    foram consideradas as geometrias rgida (single point, objetivando indentificar

    o efeito da funo de onda utilizada) e relaxada (otimizada).

    Para o caso do clculo do momento de dipolo 1r, observou-se uma

    reduo no valor obtido em todas as estruturas e para todos os mtodos com a

    mudana de base de 6-311+G* para aug-cc-pVDZ. Este efeito foi mais

    significativo para a estrutura p1 (com reduo mdia de 0,32 D), e menor para

    a estrutura p4 (com reduo mdia de 0,12 D). Efeito semelhante, embora de

    menor magnitude, foi observado para o 3u com a geometria rgida, com

    exceo do resultado MP2 para a estrutura p4. No caso do 3u com a geometria

    relaxada, apenas para as estruturas p3 e p4 se observa uma tendncia

    sistemtica de reduo (mdia de 0,06 D) e aumento (mdio de 0,13 D),

    respectivamente, com a mudana da base de 6-311+G* para aug-cc-pVDZ.

    Considerando o comportamento da funo de onda no clculo do

    momento de dipolo, observa-se que o estado eletrnico singleto apresenta os

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    66

    maiores momentos de dipolo, o que significa dizer que h uma maior

    separao de carga. A maior reduo no momento de dipolo foi observada

    para a estrutura p2 (mdia de 4,38 D), e a menor para a estrutura p3 (mdia

    de 1,19 D). Alm disso, o efeito do relaxamento da geometria no estado

    tripleto o de reduzir ainda mais o valor do momento de dipolo, com maior

    reduo para a estrutura p3 (mdia de 0,76 D) e menor para a p2 (mdia de

    0,42 D).

    Quanto ao efeito do substituinte na posio R (p1p2 e p3p4),

    observou-se um aumento sistemtico no momento de dipolo (mdio de

    1,81 D) devido substituio do oxignio por enxofre para o estado eletrnico

    singleto. O inverso ocorre nos tripletos, observando-se uma reduo devida

    mudana da funo de onda (mdia de 0,88 D para o caso p1p2, e 0,57 D

    para o caso p3p4), bem como devido ao relaxamento da geometria (mdia

    de 0,69 D para o caso p1p2, e 0,34 D para o caso p3p4).

    Quanto ao efeito do tomo no anel na posio R (p1p3 e p2p4),

    ocorre uma diminuio sistemtica no momento de dipolo devida substituio

    de oxignio por enxofre nos resultados para o singleto (mdia de 0,71 D para

    p1p3, e de 0,65 D para p2p4). Este efeito menor e no sistemtico no

    caso da funo de onda tripleto, exceto para os resultados MP2/6-311+G* e

    QCISD/6-311+G*, onde se observou uma reduo de 1,06 D e 0,71 D,

    respectivamente, para a sequncia p1p3.

  • Captulo 5: Resultados e Discusso

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    67

    Grfico 5.6: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas otimizadas.

  • Captulo 6: Concluses

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    68

    Captulo 6: Concluses

  • Captulo 6: Concluses

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    69

    6. Concluses

    Este trabalho teve por objetivo investigar o carter dirradicalar de

    compostos da classe do 1,3-oxazol e 1,3-tiazol usando o formalismo das

    diferenas de energias dos orbitais HOMO-LUMO (EHL), diferenas de energias

    dos estados eletrnicos singleto e tripleto (ESS e EST), carter dirradicalar

    definido a partir dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais (Y0) e

    momentos de dipolo. Todas as propriedades, bem como as geometrias, foram

    calculadas usando diversos mtodos/bases. At onde do nosso

    conhecimento, no h qualquer estudo terico/computacional sobre os

    sistemas investigados abordando o carter dirradicalar dos mesmos.

    Com relao aos parmetros geomtricos, observou-se que o

    comprimento de ligao C(1)-R diminui em funo da substituio de oxignio

    por enxofre na posio R. Portanto, a escolha adequada do substituinte na

    posio R importante para a estabilidade do anel.

    A reduo no gap HOMO e LUMO implica no aumento do carter

    dirradicalar. Embora este critrio no seja suficiente para quantific-lo,

    interessante notar que o efeito mais pronunciado para o gap foi observado

    para a substituio de oxignio por enxofre na posio R. Esta substituio

    resulta em uma diminuio mdia de 20 kcal/mol, enquanto que a substituio

    na posio R resulta em uma reduo de, no mximo, 4,5 kcal/mol.

    Para aumentar o carter mesoinico, requerido que a diferena de

    energia dos estados eletrnicos singleto-tripleto seja positiva (ou seja, que o

    estado singleto seja mais estvel) e maior do que 24 kcal/mol. Todas as

  • Captulo 6: Concluses

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    70

    estruturas investigadas possuem EST na faixa de 30-60 kcal/mol, sendo,

    portanto, acima da faixa definida por Wirz (Wirz, 1984) para um dirradicalide.

    Para os sistemas investigados, observou-se que a substituio de oxignio por

    enxofre na posio R e R pouco contribui para o valor de EST.

    O carter dirradicalar quantificado a partir dos nmeros de ocupao dos

    orbitais naturais de fronteira HOMO e LUMO resultam em valores de Y0

    inferiores a 1 % para todos os sistemas investigados, indicando que todos

    possuem carter mesoinico pronunciado.

    Dentre as propriedades investigadas, a mais afetada pelas modificaes

    nas posies R e R o momento de dipolo. Esta propriedade bastante til

    como indicador do carter mesoinico nos sistemas estudados, apesar de no

    ser um critrio que possibilite quantificar o efeito. O efeito da substituio de

    oxignio por enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) de aumentar o

    momento de dipolo, enquanto esta substituio na posio R (p1p3 e

    p2p4) diminui o momento de dipolo.

    A partir da investigao sistemtica de diversas propriedades eletrnicas,

    foi possvel descrever as dependncias destas com as modificaes na

    estrutura molecular dos sistemas estudados. O efeito das substituies nas

    propriedades indica que estas so de grande relevncia para controlar,

    especialmente, o carter mesoinico.

  • Captulo 7: Perspectivas

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    71

    Captulo 7: Perspectivas

  • Captulo 7: Perspectivas

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    72

    7. Perspectivas

    Algumas perspectivas de continuidade desde trabalho so:

    (i) Ampliar as possibilidades de substituies nas posies R e R,

    objetivando obter estruturas com crater mesoinico e/ou dirradicar

    pronunciadas para diferentes aplicaes;

    (ii) Calcular propriedades relacionadas a ptica no-linear dos compostos

    investigados no item (i) visando a obteno de novas estruturas que

    possam ser sintetizadas;

    (iii) Investigar a possvel relao entre as propriedades de ptica no-

    lineares e o acoplamento eletrnico.

  • Captulo 8: Bibliografia

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    73

    Captulo 8: Bibliografia

  • Captulo 8: Bibliografia

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    Captulo 9: Apndices

  • Captulo 9: Apndices

    Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas

    84

    9. Anexos

    Apndice A: Parmetros referentes aos Sistemas-Modelo

    Tabela A.1: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL), singleto-singleto (ESS) e

    singleto-tripleto (EST) e carter dirradicar (Y0) para o sistema-modelo, obtidos c