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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA
Dissertao de Mestrado
Estudo do Carter Dirradicalar de
Compostos da Classe 1,3-Oxazol e 1,3-Tiazol
LUCINZ DA CRUZ DANTAS
Joo Pessoa PB - Brasil
Maio/2013
-
l
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUMICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA
Dissertao de Mestrado
Estudo do Carter Dirradicalar de
Compostos da Classe 1,3-Oxazol e 1,3-Tiazol
LUCINZ DA CRUZ DANTAS*
Dissertao apresentada como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Qumica pela
Universidade Federal da Paraba
Orientadora: Dra. Elizete Ventura do Monte 2 Orientador: Dr. Otvio Lus de Santana
*Bolsista CAPES
Joo Pessoa PB - Brasil
Maio/2013
-
D192e Dantas, Lucinz da Cruz.
Estudo do carter dirradicalar de compostos da classe 1,3-oxazol e 1,3-tiazol / Lucinz da Cruz Dantas.- Joo Pessoa, 2013.
102f. : il.
Orientadores: Elizete Ventura do Monte, Otvio Lus de Santana
Dissertao (Mestrado) UFPB/CCEN
1. Qumica. 2. Mesoinico. 3. Carter Dirradicalar.
4. Estrutura eletrnica.
UFPB/BC CDU: 54(043)
-
Dedico este trabalho aos meus pais,
Francisco e Lcia, minha irm
Francineide, meu esposo Armstrong e
nossa filha Alcia.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me possibilitou tal oportunidade, e me deu
foras para continuar e vencer os obstculos. Por ter escolhido to bem meus
pais, que sempre me deram oportunidade e incentivo para estudar, e que
apesar da pouca escolaridade, me ensinaram muitas coisas, entre elas, a ter
as principais: humildade, sinceridade e amor. Deste o incio dos meus estudos,
a distncia encheu nossos coraes de saudades. Deve ser por isso, que
sempre estou com saudades de casa.
Aos irmos que me apoiaram e acreditaram que conseguiria vencer.
Tambm aos que disseram para eu desistir logo de incio. Em especial, a
Francineide pelos conselhos, pacincia e apoio nas crises, e por sempre
defender meus interesses.
A Armstrong, meu psicoterapeuta, amigo, confidente, cmplice, e nas
folgas e horrios vagos, meu marido, pela pacincia, nas minhas inmeras
crises existenciais, olha que no foram poucas, por sempre segurar a barra.
E claro, por ter me dado o maior de todos os tesouros, uma filha maravilhosa,
Alcia, nossa razo de viver, e intensa alegria!
As comadres e compadres, Vanessa e Aline, Guilherme e Edson pelo
apoio nas horas difceis e de descontrao.
Aos demais amigos, Railton, talo, Higo, Ezequiel, Kelson, Walkria,
Gessenildo, Juliana, Weruska, Isabelle, Betinho, Arquimedes, Mirela, Sofcles,
Arnayra, Tamires, Jess, Maria Jos, Polena, Vanessa, Charles, Lucas,
Cladjane, Henrique, Marcos Viana, Sandra S, Ivan, Gabriel e Jeferson, entre
-
outros que no presente momento me falha a memria, pelas conversas
geralmente na copa do laboratrio, compartilhamento de conhecido quer seja
cientfico ou de vida.
Ao professor Gerd Bruno Rocha, que abriu as portas da iniciao
cientfica quando me aceitou como voluntria, tambm pelos conhecimentos
adquidos sobre Fisco-Qumica e Qumica Quntica.
A professora Cladia Braga, que acreditou no meu potencial nos anos de
PIBIC.
Ao professor Sidney, pela pacincia e dedicao com meus problemas
computacionais.
Ao professor Otvio, dedicao e pacincia, sem sua ajuda no seria
possvel a finalizao deste trabalho.
Aos professores Silmar e Elizete, pelos conhecimentos adquidos sobre
qumica quntica, entre outros, e pela oportunidade de desenvolvimento deste
trabalho.
Aos professores Jos Rodrigues, Mrio Vasconcellos, Socorro, Karen,
Regiane e Edvan que contriburam significativamente na minha formao.
Ao PPGQ e a CAPES pelo apoio financeiro para a realizao deste
trabalho e ao CENAPAD/SP para infra-estrutura computacional.
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SUMRIO
RESUMO I
ABSTRACT II
LISTA DE FIGURAS III
LISTA DE TABELAS V
LISTA DE SIGLAS E NOTAES VI
CAPTULO 1: INTRODUO 1
1. INTRODUO 2
1.1. Histrico e Definies dos Compostos Mesoinicos 4
1.2. Carter Mesoinico versus Dirradicalar 10
CAPTULO 2: OBJETIVOS 14
2. OBJETIVOS 15
2.1. Objetivo Geral 15
2.2. Objetivos Especficos 15
CAPTULO 3: FUNDAMENTAO TERICA 16
3. FUNDAMENTAO TERICA 17
3.1. A Qumica Computacional 17
3.2. Equao de Schrdinger e a Aproximao de Born-Oppenheimer 17
3.3. O Mtodo de Hartree-Fock-Roothaan 20
3.4. Funes de Base 23
3.5. Energia de Correlao Eletrnica 27
3.6. Mtodo Coupled Cluster (CC) 28
3.7. Mtodo Quadrtico de Interao de Configuraes (QCISD) 31
3.8. Teoria de Perturbao de Mller-Plesset 31
3.9. Teoria do Funcional da Densidade 35
3.9.1. Teoremas de Hohenberg-Kohn 38
-
3.9.2. Equaes de Kohn-Sham 39
3.9.3. Funcionais Hbridos 41
3.10. Estimativas do Carter Mesoinico e Dirradicalar 42
3.10.1. Diferenas de Energia 42
3.10.2. Diferenas entre Nmeros de Ocupao 45
CAPTULO 4: PROCEDIMENTO COMPUTACIONAL 48
4. PROCEDIMENTO COMPUTACIONAL 49
4.1. Sistema-Modelo 49
4.2. Sistemas Investigados 49
4.3. Clculos 50
4.4. Programas 51
4.5. Infra-estrutura Computacional 51
CAPTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSO 52
5. RESULTADOS E DISCUSSO 53
5.1. Sistema-Modelo 53
5.2. Sistemas Investigados 55
5.2.1. Geometrias 56
5.2.2. Orbitais de Fronteira 59
5.2.3. Energias dos Estados Eletrnicos 60
5.2.4. Carter Dirradicalar 62
5.2.5. Momentos de Dipolo 65
CAPTULO 6: CONCLUSES 68
6. CONCLUSES 69
CAPTULO 7: PERSPECTIVAS 71
7. PERSPECTIVAS 72
-
CAPTULO 8: BIBLIOGRAFIA 73
8. BIBLIOGRAFIA 74
CAPTULO 9: APNDICES 83
9. ANEXOS 84
Apndice A: Parmetros referentes aos Sistemas-Modelo 84
Apndice B: Parmetros referentes aos Sistemas Investigados 84
-
I
RESUMO
Os compostos mesoinicos no podem ser representados por uma
estrutura totalmente covalente ou puramente inica. So compostos neutros
que possuem regies bem separadas de cargas positiva e negativa,
conferindo-lhes elevado momento de dipolo. Apresentam faixa ampla de
aplicaes, passando pela biologia e a qumica medicinal, bem como na
obteno de produtos de interesse tecnolgico. Neste trabalho, investigou-se o
carter dirradicalar de quatro anis mesoinicos: 1,3-oxazol-5-ona, 1,3-
oxazol-5-tiona, 1,3-tiazol-5-ona e 1,3-tiazol-5-tiona, procurando a melhor
representao eletrnica, e como a reatividade influencia no tipo de reao em
que participam. Foram utilizados diferentes critrios para a quantificao do
carter dirradicalar: (i) diferena de energia HOMO-LUMO (EHL, inversamente
proporcional ao carter dirradicalar; EHL = 0 correspondendo a um dirradical
puro); (ii) determinao da diferena de energia devida quebra de simetria
no formalismo irrestrito (ESS); (iii) determinao da diferena de energia entre
as funes de onda singleto e tripleto (EST); e (iv) carter dirradicalar (Y0,
calculado a partir dos nmeros de ocupao n dos orbitais naturais HOMO e
LUMO, determinados no formalismo irrestrito). Foram empregados diversos
mtodos de estrutura eletrnica (DFT/B3LYP, MP2, CCSD e QCISD) com
diferentes conjuntos de bases (6-311+G* e aug-cc-pVDZ). Observou-se que:
(i) a escolha adequada do substituinte na posio R (externa ao anel)
importante para a estabilidade estrutural; (ii) a substituio do oxignio por
enxofre nas posies R e R (no anel) pouco contribui para o carter
dirradicalar (Y0 < 1% em todos os casos, indicando carter mesoinico
pronunciado nas estruturas investigadas); e (iii) a utilizao de um grupo
doador de eltrons na posio R e retirador na R contribui para maximizar o
carter mesoinico. Dessa forma, foi possvel descrever as dependncias da
estrutura molecular sobre as propriedades eletrnicas, e o efeito das
substituies, que relevante para o controle do carter mesoinico.
Palavras-Chave: Mesoinico, Carter Dirradicalar, Estrutura Eletrnica.
-
II
ABSTRACT
The mesoionic compounds can not be represented by a purely ionic or
covalent structure. Are neutral compounds that have well-separated regions of
positive and negative charges, leading to a high dipole moment. They show
wide range of applications, through biology and medicinal chemistry, as well in
the obtaining products of technological interest. In this study, the stability and
diradicalar character of four mesoionic rings were investigated: 1,3-oxazol-5-
one, 1,3-oxazol-5-thione, 1,3-thiazol-5-one and 1,3-thiazol-5-thione. Many
criteria to quantify the diradicalar character were used: (I) HOMO-LUMO
energy difference (EHL, inversely proportional to the diradicalar character;
EHL = 0 corresponding to a pure diradical), (ii) determination of the energy
difference due to the broken symmetry in the unrestricted formalism (ESS),
(iii) determination of the energy difference between the singlet and triplet
wave functions (EST); and (iv) diradicalar character (Y0, calculated from the
occupation numbers n of HOMO and LUMO natural orbitals, in the unrestricted
formalism). Various methods of electronic structure (DFT/B3LYP, MP2, CCSD
and QCISD) with different basis sets (6-311+ G* and aug-cc-pVDZ) were
employed. It was observed that: (i) a suitable choice of the substituent at R
position (the outer ring) is important for the structural stability;
(ii) substitution of oxygen by sulfur in the R and R positions (into the ring) do
a little contribution for the diradicalar character (Y0 < 1% in all cases,
indicating pronounced mesoionic character in the investigated structures); and
(iii) the use of an electron donating group at R position and an electron
withdrawing group at R position contribute to maximize the mesoionic
character. Thus, it was possible to describe the dependencies of the molecular
structure on the electronic properties, and the effect of substitutions, which is
of great importance for the control of mesoionic character.
Keywords: Mesoionic, Diradicalar Character, Eletronic Structure.
-
III
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Estrutura bicclica da desidrotizona. ...................................... 4
Figura 1.2: Estrutura do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2). Representaes
bicclicas propostas por Busch (3 e 4). ................................................. 5
Figura 1.3: Reao de desidratao de N-nitroso-N-fenil-glicinas (5) com
anidrido actico (6) para obteno da N-fenilsidnona (7)........................ 5
Figura 1.4: Estruturas de ressonncia propostas por Baker et al. (1949) para
N-fenilsidnona. .................................................................................. 6
Figura 1.5: Representao das subclasses de mesoinicos A e B. ................. 7
Figura 1.6: Representao dos orbitais p das sidnonas. .............................. 8
Figura 1.7: Betanas heteroaromticas. .................................................... 9
Figura 1.8: Estrutura dos mesoinicos, segundo Oliveira (1996). ................. 9
Figura 1.9: Representao mesoinica e dirradicalar de heterocclicos. ........ 10
Figura 1.10: Diferena entre dirradical e dirradicalide. ............................. 11
Figura 4.1: Sistema-Modelo. .................................................................. 49
Figura 4.2: Representao mesoinica e dirradicalar dos sistemas
investigados. ................................................................................... 49
Figura 4.3: Organograma para o procedimento computacional utilizado....... 50
-
IV
Figura 5.1: Sistema-Modelo. .................................................................. 53
Figura 5.2: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL), singleto-
singleto (ESS) e singleto-tripleto (EST) para o sistema-modelo, obtidos com
diferentes mtodos com a base aug-cc-pVDZ. ...................................... 53
Figura 5.3: Sistemas investigados. ......................................................... 55
Figura 5.4: Notao para o parmetro geomtrico investigado. .................. 56
Figura 5.5: Estrutura otimizada (p1) com DFT/B3LYP/6-311+G*, considerada
aberta. ............................................................................................ 57
Grfico 5.1: Comprimentos de ligao C(1)-R, associados abertura do anel,
em angstrons (). ............................................................................ 56
Grfico 5.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os
sistemas investigados. ...................................................................... 59
Grfico 5.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para
os sistemas investigados. .................................................................. 61
Grfico 5.4: Diferena de energia livre de Gibbs singleto-tripleto (GST), em
kcal/mol, para os sistemas investigados. ............................................. 61
Grfico 5.5: Nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira e carter
dirradicalar. ..................................................................................... 64
Grfico 5.6: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas
otimizadas. ...................................................................................... 67
-
V
LISTA DE TABELAS
Tabela A.1: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL),
singleto-singleto (ESS) e singleto-tripleto (EST) e carter dirradicar (Y0) para
o sistema-modelo, obtidos com diferentes mtodos com a base aug-cc-
pVDZ. ............................................................................................. 84
Tabela B.1: Comprimentos de ligao C(1)-R, associados abertura do anel,
em angstroms (). ........................................................................... 84
Tabela B.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os
sistemas investigados. ...................................................................... 84
Tabela B.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para
os sistemas investigados. .................................................................. 85
Tabela B.4: Nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira e carter
dirradicalar. ..................................................................................... 86
Tabela B.5: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas
otimizadas. ...................................................................................... 87
-
VI
LISTA DE SIGLAS E NOTAES
B3LYP: Funcional Hbrido de Becke, Lee, Yang e Parr
CASSCF: Complete Active Space SCF
CC: Coupled Cluster
cc-pVDZ : Correlation Consistent, Polarized Valence Double-Zeta
CCSD: Coupled-Cluster com substituies simples e duplas
CGTO: Contracted Gaussian Type Orbitais
CI: Interao de Configuraes (Configuration Interaction)
CISD: CI com excitaes simples e duplas
DFT: Teoria do Funcional da Densidade (Density Functional Theory)
DZ: Duplo-Zeta
DZV: Duplo-Zeta de Valncia Desdobrada
EHL: Diferena de Energia HOMO-LUMO
ESS: Diferena de Energia Singleto Irrestrito e Singleto Restrito
EST: Diferena de Energia Tripleto Irrestrito e Singleto Restrito
FMO: Orbital Molecular de Fronteira
GTO: Orbitais Atmicos do Tipo Gaussiano
HF: Hartree-Fock
HLG: HOMO-LUMO Gap
HOMA: Harmonic Oscillator Model of Aromaticity
HOMO: Highest Occupied Molecular Orbital
LCAO: Combinao Linear de Orbitais Atmicos
LUMO: Lowest Unoccupied Molecular Orbital
MCSCF: SCF Multiconfiguracional
MP2: Mller-Plesset Second-Order Perturbation Theory
-
VII
MR-CISD: CI multireferncia com excitaes simples e duplas
NOON: Nmero de Ocupao de Orbitais Naturais
NRT: Natural Resonance Theory
OM: Orbitais Moleculares
PGTO: Primitive Gaussian Type Orbitals
QCISD: CI com excitaes simples, duplas e quadrplas
RHF: Hartree-Fock Restrito
ROHF: Hartree-Fock Restrito de camada aberta
SCF: Campo Autoconsistente (Self Consistent Field)
STO: Orbitais Atmicos do Tipo Slater
TZ: Triplo-Zeta
UHF: Hartree-Fock Irrestrito
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
1
Captulo 1: Introduo
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
2
1. Introduo
Mesoinicos so compostos que no podem ser representados
satisfatoriamente por uma estrutura totalmente covalente ou puramente inica
(IUPAC, 1997). So definidos como anis planos de cinco membros com pelo
menos um grupo lateral, cujo tomo pertence ao plano do anel e que
possuem momento de dipolo da ordem de 5 D (Oliveira et al., 1996; Simas et
al., 1998). O valor elevado do momento de dipolo devido a uma separao
de carga no anel: uma regio, que contm o tomo e a carga negativa, est
associada ao HOMO, e a outra, que contm a carga positiva, ao LUMO.
Constituem uma subclasse de betanas heterocclicas que possuem diversas
propriedades, a depender da natureza e posio dos heterotomos no anel.
Essas propriedades so responsveis pela vasta aplicao destes compostos
em qumica, biologia, medicina e novos materiais.
Na Qumica, os mesoinicos so compostos de grande utilidade sinttica,
tais como para obteno de diversos indazis, diazis, triazis, dentre outros.
Tambm participam de reao de cicloadio e Diels-Alder (Avalos, 1996) e em
reaes de substituio por uma vasta gama de eletrfilos (Badami, 2006).
Especificamente para reaes de cicloadio dipolar h um grande nmero de
trabalhos publicados descrevendo esse tipo de reao envolvendo mesoinicos
(Gotthardt et al., 1970; Potts et al., 1972; Potts et al., 1976; Padwa et al.,
1982; Cantillo et al., 2008). A sntese e a caracterizao de compostos
mesoinicos tem sido objeto de estudos de vrios trabalhos de mestrado e
doutorado (Lira, 2004; Reis, 2008; Oliveira, 2009; Figueira, 2011).
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
3
Na Biologia, os mesoinicos representam uma importante classe de
compostos biologicamente ativos, devido associao das caractersticas
citadas anteriormente em sua definio, que indicam uma alta probabilidade
de fortes interaes com biomolculas, tais como o DNA e/ou protenas.
Apesar de serem neutros, em geral, podem atravessar membranas biolgicas
in vivo. A presena de grupos substituintes especficos no anel ou com a
capacidade de libertar o xido ntrico a partir das suas estruturas moleculares
so alguns dos efeitos que estes compostos relacionam (Senff-Ribeiro et al.,
2004; Satyanarayana et al., 1995).
Em Qumica Medicinal, diversas propriedades farmacolgicas j foram
identificadas, de modo que podem atuar como agentes anticoagulantes,
antimicrobianos, anti-convulsivantes (Cavalcanti et al., 2009), anti-
hipertensivos (Lund et al., 1982), anti-leishmaniose (da Silva et al., 2002;
Rodrigues et al., 2009), anti-chagas (Ferreira et al., 2008), anti-inflamatrios,
fungicidas e analgsicos (Davis et al., 1959; Satyanarayana et al., 1995).
Tambm atuam como agentes antitumorais, especificamente para clulas de
melanoma (Senff-Ribeiro et al., 2004) e outras linhagens celulares
cancergenas, como mama, pulmo e sistema nervoso central (Dunkey et al.,
2003). Recentemente, descobriu-se que podem atuar como inibidores de
bombas do efluxo, restaurando a atividade antibitica, sendo esta uma
caracterstica importante no processo celular de resistncia ao frmaco
(Oliveira et al., 2011).
Compostos mesoinicos possuem diversas aplicaes tecnolgicas
importantes, tais como materiais para clulas solares, ptica no-linear e
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
4
nanodispositivos (Moura et al., 1996; Lyra et al., 2010). Nanomateriais,
cristais lquidos, telecomunicao e semicondutores (Srinivas et al., 2007).
Portanto, compostos mesoinicos apresentam uma faixa ampla de uso,
desde precursores em reaes qumicas importantes, passando pela biologia e
a qumica medicinal, at a obteno de produtos de interesse tecnolgico.
Contudo, a caracterizao de um composto como sendo mesoinico no foi
uma tarefa fcil. Na prxima seo ser feita uma breve descrio desta
definio.
1.1. Histrico e Definies dos Compostos Mesoinicos
A primeira sntese de um composto heterocclico, atualmente classificado
como mesoinico, data do final do sculo XIX, no ano de 1882, quando Fischer
e Besthorn (Fischer e Besthorn, 1882) sintetizaram a desidrotizona (ou
desidroditizona), para a qual foi proposta uma estrutura biciclca (1),
mostrada na Figura 1.1.
Figura 1.1: Estrutura bicclica da desidrotizona.
Em 1895, Busch (Busch, 1895) sintetizou uma srie de estruturas
bicclicas, chamados na poca de endo-tiadihidrotiadiazlio. Atualmente,
essas estruturas correspondem a derivados do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2).
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
5
Duas representaes estruturais foram propostas para os endo-
tiadihidrotiadiazlio (3 e/ou 4), mostradas na Figura 1.2.
Figura 1.2: Estrutura do 1,3,4-tidiazlio-5-tiolatos (2). Representaes
bicclicas propostas por Busch (3 e 4).
Em 1935, Earl e Mackney (Earl e Mackney, 1935), por meio de uma
reao de ciclodesidratao do N-nitroso-N-fenil-glicina (5) com anidrido
actico (6), obtiveram um composto heterocclico (7) que ficou conhecido
como sidnona (N-fenilsidnona), por ter sido sintetizado na Universidade de
Sydney, Austrlia. A reao apresentada na Figura 1.3.
Figura 1.3: Reao de desidratao de N-nitroso-N-fenil-glicinas (5) com
anidrido actico (6) para obteno da N-fenilsidnona (7).
Em 1949, a estrutura proposta para a N-fenilsidnona (7) foi discutida no
trabalho de Baker e colaboradores (Baker et al., 1949). De acordo com os
autores, o composto no poderia ser satisfatoriamente representado por uma
nica estrutura covalente. Esta concluso foi fundamentada em duas
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
6
observaes importantes: (i) inexistncia de uma forma opticamente ativa
esperada para a estrutura (7), uma vez que esta apresenta centros
estereognicos;1 (ii) considerando a regra de Hckel para a aromaticidade
(4n+2 eltrons pi), a estrutura (7) apresenta n = 1 (6 eltrons pi do benzeno)
e, portanto, deveria apresentar algum carter aromtico. Com base nisto,
Baker e colaboradores (1949) propuseram que a N-fenilsidnona (7) deveria ser
representada por estruturas hbridas de ressonncia, conforme Figura 1.4.
Figura 1.4: Estruturas de ressonncia propostas por Baker et al. (1949) para N-
fenilsidnona.
Da juno das caractersticas mesomricas e zwitterinicas das
estruturas da Figura 1.4, derivou-se a denominao estrutura mesoinica,
(Baker e Ollis, 1957). Tambm foi proposta uma srie de caractersticas para
classificar um composto como mesoinico:
a) Heterocclos de 5 ou 6 membros que no podem ser representados por
estruturas puramente covalentes;
b) Sistema com sexteto de eltrons pi delocalizados;
c) Presena de carga parcial positiva estabilizada por uma carga negativa
em um grupo ou tomo exocclico;
1 tomos de carbono, presentes em uma molcula, que esto ligados a quatro substituintes diferentes.
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
7
d) Anel plano (ao menos aproximadamente).
Em 1976, Ollis e Ramsden (Ollis e Ramsden, 1976) limitaram o uso do
termo mesoinico aos compostos heterocclicos de cinco membros,
considerando que muitos compostos de 6 membros poderiam ser melhor
classificados como betanas mesomricas. Considerando a natureza e a posio
dos heterotomos no anel e como estes podem contribuir para o sexteto de
eltrons pi, Ollis e Ramsden classificaram os compostos mesoinicos em 2
tipos: A e B, mostrados na Figura 1.5.
Figura 1.5: Representao das subclasses de mesoinicos A e B.
em que a, b, c, d, e e f, podem ser heterotomos como C, N, O, S ou Se, como
tambm grupos de tomos. Os nmeros 1 e 2 em cada tomo representam o
nmero de eltrons que cada tomo pode contribuir, totalizando 8 eltrons
delocalizados nas duas regies do sistema.
Os mesoinicos do tipo A e B apresentam propriedades qumicas bem
diferentes. Os compostos do tipo A so caracterizados por participarem de
reaes de cicloadio dipolar. J os compostos do tipo B se caracterizam por
reaes de abertura do anel, formando tautmeros accliclos.
Em 1978, Potts e colaboradores (Potts, 1978) adicionaram definio de
mesoinicos a condio de serem compostos heterocclicos de cinco membros,
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Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
8
representados por hbridos de ressonncia de todas as formas carregadas
possveis. Estes deveriam ter um carter aromtico (anis com 4n+2 eltrons
pi), com uma carga positiva para contrabalanar a carga negativa do tomo
exocclico. Portanto, de acordo com esta definio, os compostos mesoinicos
so betanas heteroaromticas.
Em 1992, Cheung e colaboradores (Cheung et al., 1992) explicaram a
aromaticidade dos mesoinicos considerando a teoria clssica do sexteto.
Neste caso, tem-se um total de sete eltrons 2pz, distribudos pelos cinco
tomos do anel, e mais um localizado no tomo exocclico. O sexteto de
eltrons obtido quando um dos sete eltrons 2pz emparelhar seu spin com o
do eltron do tomo exocclico, conforme Figura 1.6. Neste caso, usa-se um
crculo para representar a delocalizao dos seis eltrons restantes no anel. A
polarizao de cargas resulta em elevados momentos de dipolos (4-6 Debyes)
para os anis mesoinicos.
Figura 1.6: Representao dos orbitais p das sidnonas.
Considerando a definio de Potts (Potts, 1978) e o modelo de Cheung
(Cheung et al., 1992), os mesoinicos so definidos como betanas
heteroaromticas genericamente representadas pela Figura 1.7.
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
9
Figura 1.7: Betanas heteroaromticas.
Em 1996, Oliveira e colaboradores (1996), com base em resultados
tericos, propuseram uma nova definio para os compostos mesoinicos. De
acordo com os autores:
Compostos mesoinicos so betanas heterocclicas planas de cinco
membros com pelo menos uma cadeia lateral, cujo tomo est no plano
do anel, com momentos de dipolo da ordem de 5 D. Os eltrons esto
delocalizados sobre duas regies separadas por duas ligaes
essencialmente simples. Uma regio, a qual inclui o tomo da cadeia
lateral, est associada com o HOMO e uma carga negativa pi, enquanto a
outra est associada com o LUMO e uma carga positiva pi.
A Figura 1.8 mostra a estrutura atualmente aceita para os compostos
mesoinicos, conforme a definio de Oliveira (1996).
Figura 1.8: Estrutura dos mesoinicos, segundo Oliveira (1996).
A aromaticidade dos compostos mesoinicos foi amplamente explorada
na literatura. O trabalho de Simas e colaboradores (1998) classifica os
mesoinicos como no-aromticos, com base em resultados tericos e
experimentais. Outros trabalhos evidenciam a no-aromaticidade dos
compostos mesoinicos, atribuindo a sua estabilidade e reatividade
delocalizao de eltrons e cargas (Ferreira et al., 2008). A aromaticidade de
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Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
10
compostos mesoinicos tambm foi investigada por dos Anjos (dos Anjos,
2011), utilizando diversos mtodos: ordem de ligao mnima, Bird (I5,I6,IA,...)
e HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity. Os resultados obtidos
indicam um carter aromtico reduzido nos sistemas investigados. Tambm se
observou que os anis 1,3-oxazol-5-ona (NOO) possuem maior tendncia a
abrir do que os anis 1,3-diazol-4-tiona (NNCS) e 1,3-tiazol-5-tiona (NSS).
A estrutura eletrnica dos compostos mesoinicos permite associar a
esta carter aromtico bem como dirradicalar. Este ltimo aspecto ser
discutido na prxima seo.
1.2. Carter Mesoinico versus Dirradicalar
Os compostos mesoinicos no podem ser representados por uma nica
estrutura de Lewis. Dessa forma, alguns compostos, dependendo de sua
geometria ou substituies, tm sua forma estvel descrita por uma estrutura
mesoinica ou dirradicalar, como mostrado a Figura 1.9.
c d
e
a
bf
(b)
Figura 1.9: Representao mesoinica e dirradicalar de heterocclicos.
Um dirradical definido como um composto que contm um nmero par
de eltrons ocupando dois orbitais moleculares de fronteira degenerados, com
pelo menos dois estados eletrnicos de diferentes multiplicidades (dirradical
singleto e dirradical tripleto) (IUPAC, 1997). Em um dirradicalide os orbitais
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Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
11
de fronteira no so degenerados, porm possuem energias muito prximas
(em at cerca de 20 kcal/mol), possibilitando a formao de dois radicais, que
interagiro fracamente, como mostrado na Figura 1.10 (Michl & Bonacic-
Koutecky, 1988).2
Figura 1.10: Diferena entre dirradical e dirradicalide.
Mtodos de estrutura eletrnica mono-referncia (single-reference)
podem ser utilizados para descrever sistemas com elevado carter dirradicalar
a partir do procedimento de quebra de simetria (broken-symmetry, que
envolve a mistura dos orbitais de fronteira HOMO e LUMO), no formalismo
irrestrito (Houk et al., 1997; Bachler et al., 2002; Adamo et al., 1999; Nakano
et al., 2004; Nakano et al., 2005). Neste contexto, foi possvel mostrar que o
mtodo B3LYP/6-31G(d) (Hess et al., 1999) adequado para a descrio de
reaes que envolvem a formao de dirradicais, levando a resultados
qualitativa e quantitativamente comparveis ao mtodo multi-determinantal
MR-CI.
2 Um birradical definido como uma espcie com nmero par de eltrons, com dois centros radicalares espacialmente distantes, que atuam de forma independente. Espcies nas quais os centros radicalares interagem de forma significativa so denominadas birradicalides.
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
12
Utilizando o mtodo B3LYP/6-311+G(d,p) e diferentes critrios, Srinivas
e colaboradores (Srinivas et al., 2007) estimaram o carter dirradicalar de
corantes (da classe de esquarinas e croconatos) derivados de oxialil, que
podem ser descritos nas formas mesoinica e dirradicalar. Foi possvel
identificar um elevado carter dirradicalar em todos os croconatos e em
algumas esquarinas, que apresentam absoro eletrnica na regio do
infravermelho prximo (acima de 750 nm).
Utilizando o mtodo B3LYP/6-31G(d,p), Prabhakar e colaboradores
(Prabhakar et al.; 2008) investigaram outra classe de derivados oxialil, tendo
identificado um pequeno carter dirradicalar e absoro na faixa do visvel
(entre 440 e 480 nm). Estes resultados suportam o modelo de que as
absores no infravermelho prximo dos derivados oxialil so devido ao
carter dirradicalar, e no ao efeito de grupos substituintes, que atuam como
doadores de carga para o anel central.
Conforme discutido at o momento, a descrio da natureza eletrnica
dos compostos mesoinicos no uma tarefa fcil. Assim, o principal desafio
deste trabalho de mestrado investigar, a partir de diversos mtodos de
estrutura eletrnica e diferentes procedimentos, qual a melhor representao
para os compostos investigados: mesoinica ou dirradicalar. Trata-se de um
trabalho de carter indito, pois no h relatos na literatura de que o carter
dirradicalar dos sistemas investigados tenha sido estudado. O carter
dirradicalar apresenta implicaes na reatividade do composto, influenciando o
tipo de reao na qual o composto participar.
-
Captulo 1: Introduo
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
13
Para isso, foram empregados mtodos computacionais que consideram a
correlao eletrnica, possibilitando avaliar o carter dirradicalar. No foram
empregados mtodos multi-referncia, embora estes sejam os mais
apropriados para descrever os sistemas investigados, devido elevada
demanda computacional. O propsito do trabalho , portanto, utilizar um
procedimento computacionalmente mais simples e que possa ser
rotineiramente utilizado para descrever o carter dirradicar.
-
Captulo 2: Objetivos
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
14
Captulo 2: Objetivos
-
Captulo 2: Objetivos
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
15
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Investigar a estabilidade e o carter dirradicalar de quatro anis
mesoinicos (1,3-oxazol-5-ona, 1,3-oxazol-5-tiona, 1,3-tiazol-5-ona e 1,3-
tiazol-5-tiona) a partir de mtodos de Qumica Quntica.
2.2. Objetivos Especficos
1. Obter as geometrias otimizadas para cada uma das estruturas propostas.
2. Estimar o carter dirradicalar a partir de diferentes critrios:
Diferena de energia entre HOMO-LUMO;
Diferena de energia devida quebra de simetria (formalismo irrestrito);
Diferena de energia entre funes de onda singleto e tripleto;
Nmeros de ocupao n dos orbitais naturais HOMO e LUMO,
determinados no formalismo irrestrito.
3. Avaliar o carter mesoinico a partir do mdulo do momento de dipolo.
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Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
16
Captulo 3: Fundamentao Terica
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
17
3. Fundamentao Terica
3.1. A Qumica Computacional
A Qumica Quntica tem por objetivo a busca por solues para a
equao de Schrdinger que possam descrever propriedades moleculares e
solucionar problemas qumicos. Aps dcadas de crescente desenvolvimento, a
Qumica Quntica Computacional tem seu espao entre as metodologias que
estudam os fenmenos qumicos. Isto se deve a melhorias das metodologias
tericas, bem como aos progressos tecnolgicos na informtica.
Os mtodos de estrutura eletrnica, empregados pela Qumica Quntica
Computacional, se subdividem em semi-empricos, ab initio (do latim do incio)
e os baseados na teoria do funcional da densidade (DFT, do ingls Density
Functional Theory). Neste trabalho, foram utilizados os mtodos DFT/B3LYP,
MP2, CCSD e QCISD, os quais sero detalhados nas prximas sees.
3.2. Equao de Schrdinger e a Aproximao de Born-
Oppenheimer
Na equao (1) mostrada a forma no-relativistica e independente do
tempo da equao de Schrdinger, cuja soluo descreve sistemas qunticos
atmicos e moleculares:
= EH (1)
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Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
18
em que a funo de onda, que deve ser unvoca, contnua,
quadraticamente integrvel e normalizada, ou seja:
= 1* d . (2)
^
H o operador Hamiltoniano (ou operador energia total) e E a energia total
(Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Para um sistema molecular constitudo
por N ncleos e n eltrons, o Hamiltoniano dado por:
eeNeNNeN VVVTTH ++++= , (3)
em que NT e eT so os operadores de energia cintica dos ncleos e dos
eltrons, respectivamente, e NNV , NeV e eeV correspondem aos operadores de
energia potencial de repulso ncleo-ncleo, atrao ncleo-eltron e repulso
eltron-eltron, respectivamente.
A equao (1) possui soluo analtica apenas para alguns sistemas:
tomos hidrogenides, partcula na caixa, oscilador harmnico e rotor rgido.
Mesmo para a molcula mais simples, H2+, s h soluo analtica
considerando a aproximao de Born-Oppenheimer.
A aproximao de Born-Oppenheimer consiste em separar os
movimentos eletrnicos e nucleares. Assim, podemos desacoplar estes dois
movimentos de maneira apropriada e calcular as energias eletrnicas para
posies nucleares fixas (Cramer, 2002; Jensen, 2003). Portanto, a funo de
onda pode ser dada nas contribuies eletrnica e nucleares, por:
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
19
)(),(),( RrRrR Ne = , (4)
em que e corresponde a funo de onda associada soluo da parte
eletrnica da Equao de Schrdinger para um conjunto fixo de coordenadas
nucleares R e nas posies dos eltrons dada por r, e N a funo de onda
associada aos movimentos nucleares. Desta forma, a Equao de Schrdinger
molecular pode ser separada em uma equao de funo de onda eletrnica e
outra nuclear.
O Halmitoniano puramente eletrnico descrito pela equao (5):
eeNeee VVTH ++= . (5)
Note que os termos de energia cintica e potencial dos ncleos so constantes
e a adio destes termos ao operador no altera suas autofunes, por isso,
no aparecem na equao (5). Assumindo posies fixas para os ncleos, a
energia cintica nuclear considerada como sendo independente do
movimento eletrnico, e o termo de energia potencial de repulso ncleo-
ncleo considerado um parmetro para cada soluo da Equao de
Schrdinger eletrnica. Assim, as solues para a equao (6) correspondem a
energia eletrnica do sistema:
eeee EH = . (6)
A energia total, portanto, ser dada pela equao (7):
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
20
NNetotal VEE += . (7)
Uma superfcie de energia potencial pode ser gerada a partir da energia
total nuclear, para cada configurao nuclear, para isso resolvemos a equao
de Schrdinger eletrnica. O mtodo numrico da busca de um mnimo nessa
superfcie de energia potencial corresponde ao processo de otimizao de
geometria.
3.3. O Mtodo de Hartree-Fock-Roothaan
No mtodo de Hartree-Fock a funo de onda eletrnica aproximada
pode ser descrita na forma de determinante de Slater, conforme equao (8):
=
)()()(
)()()(
)()()(
!
1),...,( 222
111
21
NkNjNi
kji
kji
N
XXX
XXX
XXX
NXXX
rK
rrMOMM
rK
rr
rK
rr
rrr
, (8)
em que i um spin-orbital, que so funes das coordenadas espaciais e spin
de um nico eltron; 1/N! uma constante de normalizao para funo de
onda. A funo de onda descrita desta forma obedece princpios qunticos
fundamentais como o Princpio de Excluso Pauli e a indistinguibilidade das
partculas qunticas (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008).
Na aproximao de Hartree-Fock a repulso intereletrnica tratada
considerando o modelo do campo mdio. Para um sistema de dois eltrons o
eltron 1 sofre a ao de um campo mdio produzido pelo eltron 2 na forma:
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
21
212
2*2
1
dr
V = . (9)
Para um sistema com N eltrons, a energia de repulso do i-simo eltron em
relao a todos os outros ser:
=
N
ij
jij
jji d
rV
*. (10)
A equao de Hartree-Fock, derivada da equao de Schrdinger para
um sistema de N eltrons, dada por:
iiiF = , (11)
em que i so os spin-orbitais, i a energia do spin-orbital i, e ^
F o operador
de Fock. A soluo da equao (11) corresponde energia total dos orbitais,
dada pela equao (12):
=N
i
N
ij
ijiji KJE )(21
, (12)
em que Jij o operador de Coulomb, Kij o operador de troca, permuta ou de
Pauli, e i a energia dos orbitais individuais, que dado por:
+==N
j
ijijiiiii KJhF )( . (13)
Note que a partir da utilizao de funes de onda anti-simtricas se
verifica que o termo de repulso eletrnica apresenta uma componente
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
22
coulmbica e outra de natureza puramente quntica, denominada termo de
troca. Pode-se dizer que o termo de troca constitui a primeira correo dos
efeitos de correlao eletrnica no modelo de Hartree-Fock [Szabo, 1989].
As equaes de Hartree-Fock correspondem a um conjunto de equaes
integro-diferenciais com resoluo numrica para tomos e tambm para
molculas diatmicas. Modificaes no procedimento de Hartree-Fock para
descrever molculas foram propostas por Roothaan em 1951.
A proposta de Roothaan consistia em combinar orbitais atmicos que,
para o caso de sistemas com muitos eltrons, so funes aproximadas, para
formar orbitais moleculares. Este procedimento conhecido como Combinao
Linear de Orbitais Atmicos (LCAO, do ingls Linear Combination of Atomic
Orbitals). No procedimento de Roothaan, inicialmente se deve considerar que
um orbital atmico ou molecular i pode ser escrito atravs da expanso:
=
=
b
s
ssii c1
, (14)
em que csi so os coeficientes da expanso SCF (do ingls Self-Consistent
Field), e s so as funes de base. Para uma representao exata dos orbitais
moleculares, i, as funes de base s devem formar uma srie completa,
neste caso, b um nmero finito suficientemente grande. Com a aproximao
de Roothaan, a equao de Hartree-Fock passa a ser escrita pela equao
(15).
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
23
=s
ssii
s
ssi cFc . (15)
A soluo desta equao implica em determinar os valores dos
coeficientes da combinao linear de todos os orbitais ocupados e suas
respectivas energias.
3.4. Funes de Base
Para ter um conjunto de funes de base de AO completo, necessrio
um nmero infinito de determinantes de Slater. Assim, quanto mais prximo
do conjunto completo, melhor sero representados os orbitais moleculares e
mais exatos sero os clculos. Contudo, o custo computacional cresce de
forma aprecivel com o aumento do conjunto de base. Para o mtodo Hartree-
Fock, considerando um conjunto de m funes de base, tem-se que calcular
em torno de M4/8 integrais de dois eltrons. Assim, necessrio que as
funes de base sejam as mais adequadas para produzir resultados exatos.
Existem dois tipos de funes base comumente utilizados em clculos de
estruturas eletrnicas: funes de Slater (ou STO, do ingls Slater Type
Orbitals) e funes gaussianas (ou GTO, do ingls Gaussian Type Orbitals). As
funes de Slater e Gaussianas so mostradas nas equaes (16) e (17),
respectivamente:
rnmmn erNYr
= 1,,,, ),(),,( ll , (16)
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
24
222
,,,, ),(),,(rn
mmn erNYr
= lll . (17)
em que N uma constante de normalizao, Yl,m so funes harmnicas
esfricas, n o nmero quntico principal, l o nmero quntico de momento
angular e m o nmero quntico da componente do momento angular sobre o
eixo z. Note que o termo e-r das STOs permite que essas funes tenham
caractersticas assintticas desejveis para representar densidades eletrnicas,
qual seja um cspide quando r0. Contudo, estas funes no so adequadas
para clculos envolvendo muitos centros. A resoluo da equao de Hartree-
Fock requer soluo de integrais de at quatro centros, o que no pode ser
feito de forma eficiente quando se usa funes de Slater. J as funes GTOs,
apesar do comportamento assinttico fisicamente incorreto, suas integrais so
computacionalmente mais viveis. Uma forma de obter as melhores
caractersticas das STOs e GTOs combinando as ltimas funes para tentar
reproduzir o comportamento das primeiras.
So necessrias vrias funes GTO para obter uma boa representao
dos orbitais atmicos. Hay e Dunning (Hay e Dunning, 1977) mostraram que
necessrio um conjunto de nove funes s e cinco p para se obter um erro de
10 mH (mili-Hartree) na energia de Hartree-Fock para o tomo de oxignio em
relao energia Hartree-Fock exata. O conjunto de funes (9s5p)
chamado de gaussianas primitivas.
Para melhorar o desempenho das funes gaussianas, principalmente
quanto ao nmero de integrais, usa-se combinao de gaussianas primitivas
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
25
(PGTO, do ingls Primitive Gaussian Type Orbitals) para formar conjuntos
contrados (CGTO, do ingls Contracted Gaussian Type Orbitais):
=k
i
PGTOii
CGTO a )()( , (18)
em que ai so os coeficientes de contrao.
As GTOs contradas possuem coeficientes e expoentes fixos, portanto
para melhorar o conjunto de base, adicionam-se outras funes. Uma base
com duas funes ou dois conjuntos contrados para cada orbital classificada
como duplo-zeta (DZ), uma base com trs funes ou trs conjuntos
contrados denominada triplo-zeta (TZ -triple-zeta), e assim sucessivamente.
Quando mudamos o ambiente molecular, as camadas mais internas
sofrem pouca alterao, portanto no deve fazer diferena se tratamos os
orbitais de caroo com mais de um conjunto contrado. O que no acontece
com os orbitais de valncia que merecem uma ateno especial, ou seja, uma
descrio com mais de um conjunto.
Na formao das molculas, a forma dos orbitais atmicos distorcida e
o centro de carga deslocado. De modo a permitir essa polarizao, este
fenmeno pode ser considerado incluindo-se funes com um momento
angular elevado do que as j existentes. Ou seja, adicionam-se orbitais do tipo
p para o hidrognio e do tipo d para os tomos pesados do segundo perodo da
tabela peridica, por exemplo. Estas funes so chamadas de funes de
polarizao. Podemos tambm adicionar as funes de orbitais 3d para
elementos do 3 perodo da tabela peridica, por exemplo, oriundos de
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Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
26
camadas mais externas. Neste caso, as funes so denominadas duplo-zeta
de valncia desdobrada, triplo-zeta de valncia, etc.
Para nions, estados excitados, complexos fracamente ligados, a
densidade eletrnica significativa em regies afastadas do ncleo e os
orbitais moleculares so extremamente difusos. Portanto, para melhorar a
exatido necessrio introduzir funes difusas na base, ou seja, introduzir
funes primitivas s para o tomo de hidrognio e funes s e p para os
demais tomos do segundo perodo com expoentes menores do que os j
existentes nas funes de mesma simetria. Essas GTOs possuem expoentes
orbitais muito pequenos, decaindo de modo mais brando medida que se
afasta do ncleo.
Podemos adicionar as funes difusas e polarizadas para cada um destes
conjuntos de base, sua representao dada pelo acrscimo dos smbolos +
e/ou * as funes de base. As funes difusas so normalmente funes s e
p (representadas por smbolos de + ou ++ que vem antes do smbolo G),
o primeiro smbolo + indica um conjunto de funes s e p para tomos
diferentes do hidrognio, j o segundo + do ++ indicando que a funo
difusa s adicionada tambm aos hidrognios. O uso de funes de
polarizao indicado depois do smbolo G com uma designao separada
para tomos pesados e hidrognio, para o conjunto de base 6-311+G(d) ou 6-
311+G* temos o conjunto de base 6-31G com a adio de mais uma funo de
valncia no-contrada, com o smbolo + indicando um conjunto de funes
difusas s e p para tomos diferentes do hidrognio, e o d ou * indicando o
uso de somente um conjunto de funes de polarizao do tipo d. A melhor
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
27
maneira de avaliar os efeitos inicos e/ou moleculares com a adio de
funes difusas e de polarizao.
As bases de Dunning, denotadas por cc-pVnZ, onde n o tipo de
valncia desdobrada (D - duplo, T - triplo, Q - qudruplo ou 5 quntuplo
zeta), foram desenvolvidas para a utilizao com mtodos que incluem
correo eletrnica (por exemplo, CI). Logo, cc-pVDZ significa que a base
consistente com a correlao, com as funes do tipo duplo-zeta de valncia
polarizada. As bases que incluem funes difusas polarizadas e no-polarizadas
so chamadas aug augmented, por exemplo, aug-cc-PVnZ ou aug-cc-PCVnZ,
so adequadas para clculos de correlao em nios e espcies com ligao de
hidrognio (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Essas bases no tm
restries dos conjuntos de base do tipo Pople com expoentes iguais para
funes s e p, e so, portanto, um pouco mais flexvel, mas tambm
computacionalmente mais caras (Cramer, 2002; Jensen, 2003).
3.5. Energia de Correlao Eletrnica
O mtodo de Hartree-Fock leva em considerao as interaes entre
eltrons apenas de forma mdia. As interaes instantneas entre os eltrons
no so consideradas. Assim, o modelo de campo mdio pode resultar em
erros na energia total da ordem de 1-2% para clculos que envolvem tomos
leves (Szabo e Ostlund, 1989; Levine, 2008). Em termos absolutos, erros
desta magnitude no so significativos, mas para o clculo de algumas
propriedades, tais como energia de ligao e transferncia eletrnica, este erro
bastante relevante.
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
28
A energia de correlao eletrnica Ecorr definida como sendo a diferena
entre a energia exata no relativstica Eexata e a energia obtida no chamado
limite Hartree-Fock (no relativstica), que corresponde energia Hartree-Fock
na expanso completa do conjunto de funes de base:
iteHFexatacorr EEElim
= . (19)
Os mtodos correlacionados buscam recuperar parte da energia de
correlao no descrita pelo mtodo de Hartree-Fock.
3.6. Mtodo Coupled Cluster (CC)
O mtodo Couple Cluster (CC) foi originalmente proposto por volta de
1958 por Coester e Kmmel, e desenvolvido por ek em 1960. O mtodo CC
baseia-se no tratamento de um sistema de muitos eltrons como sendo vrios
grupos (clusters) de poucos eltrons. Calculam-se as interaes
separadamente entre os eltrons primeiramente do mesmo grupo, e em
seguida, entre grupos diferentes (Morgon, 2007; Levine, 2008).
A equao fundamental da teoria CC dada pela equao (20):
0= Te , (20)
em que a funo de onda eletrnica exata (relativista), 0 a funo de
onda HF, eT operador definido por uma srie de Taylor, onde T o operador
de cluster definido por:
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
29
nTTTT 21 K++= , (21)
sendo n o nmero de eltrons da molcula, T1 o operador de excitao de um
eltron, T2 de dois eltrons e assim sucessivamente.
Os operadores de excitao de uma e duas partculas so definidas
como:
=ai
ai
ai
ai tT
,1 , (22)
=baji
abij
abij
abij tT
,,,2 . (23)
em que i e j representam orbitais ocupados no determinante de HF, enquanto
a e b representam orbitais virtuais. Os coeficientes t so denominados
amplitudes de cluster. Definies similares so aplicadas aos demais
operadores de excitao.
O objetivo do clculo CC obter os coeficientes (chamados de
amplitudes) tia, tijab, tijkabc... para todos i, j, k, ..., e todos os a, b, c, ... Uma
vez obtidas essas amplitudes, tem-se a funo de onda (eq. 20).
Para o emprego do mtodo coupled cluster, necessita-se de duas
aproximaes. A primeira considera utilizao de uma funo de base finita,
ou truncada, para representar os spins-orbitais na funo de onda SCF. Assim,
os determinantes excitados so formados a partir de um nmero finito de
orbitais virtuais. Na segunda, no lugar de incluir todos os operadores T1, T2, ...,
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
30
Tn, aproxima o operador de cluster T incluindo somente alguns destes
operadores de excitao.
A expanso completa da funo da equao (20) corresponde soluo
exata. Contudo, como no caso da funo de onda de Hartree-Fock, a soluo
exata no possvel para fins prticos. A primeira aproximao utilizada no
mtodo CC considerar apenas operador de excitao dupla T2 (Szabo e
Ostlund, 1989; Levine, 2008). Assim, a funo de onda passa a ser escrita
como:
02=T
CCD e . (24)
Com a funo de onda aproximada descrita na equao (24), temos o CCD
(coupled cluster com substituies duplas).
Apesar da importncia que as excitaes duplas exercem nos clculos da
energia de correlao, para algumas propriedades, tais como potencial de
ionizao e momento de dipolo, a incluso das substituies simples de
fundamental importncia. Assim, Purvis e Bartlett (Purvis e Bartlett, 1982;
Morgon, 2007) formularam e implementaram computacionalmente o mtodo
CCSD (mtodo coupled cluster com substituies simples e duplas). Neste
caso, o operador de cluster dado por T = T1 + T2 e a funo de onda passa a
ser escrita como:
021 = +TTCCSD e . (25)
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
31
Uma importante observao que em um clculo CCSD no so
includas somente as substituies simples e duplas. H incorporao das
substituies triplas, qudruplas, ..., oriundas dos termos desconexos do tipo
T1T2, 1/3T13, 1/2T22, dentre outros.
3.7. Mtodo Quadrtico de Interao de Configuraes (QCISD)
O mtodo QCISD proposto por Pople (Pople et al., 1987) corresponde a
uma abordagem intermediria entre CI e CC. Implementado para incluir
substituies simples e duplas, o QCISD consiste em modificar as equaes do
mtodo CI de modo a corrigir os problemas da falta de extensividade.
Contudo, diferentemente do CI, o QCISD no variacional.
A funo de onda CISD (interao de configurao incluindo excitaes
simples e duplas) escrita em termos dos operadores de cluster, tem a seguinte
forma:
021 )1( ++= TTQCISD . (26)
A incluso dos termos quadrticos resolve o problema da extensividade
do CISD. A forma da funo de onda do QCISD mais parecida com a do CC
do que com a funo de onda CI.
3.8. Teoria de Perturbao de Mller-Plesset
Em 1934, Mller e Plesset (Mller e Plesset, 1934) aplicaram a teoria de
perturbao de muitos corpos no tratamento do problema da correlao
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Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
32
eletrnica. O mtodo consiste em particionar o Hamiltoniano em duas
contribuies, um Hamiltoniano de referncia (no perturbado) cuja soluo
conhecida, 0H , e o termo de perturbao, 'H , conforme equao (27):
' 0 HHH += . (27)
sendo:
( )
[ ]
= >
=
= =
=
+=
+=
+=
=
N
i
N
ij
iji
N
i
eei
N
i
N
j
ijiji
N
i
gh
Vh
KJh
iFH
1
1
1 1
1
0
2
)(
,
(28)
e:
( )>
=
=
=
N
ij
ijij
eeee
gg
VV
HHH
2
' 0
. (29)
em que F o operador de Fock, hi o operador hamiltoniano de um eltron, Jij
o operador de Coulomb, Kij o operador de troca, Vee a energia de
repulso eltron-eltron e gij o operador de repulso eltron-eltron.
Dessa forma, a energia a soma das energias correspondente ao
Hamiltoniano no perturbado e dos termos da perturbao de vrias ordens. A
-
Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
33
funo de onda de ordem zero a funo de onda Hartree-Fock e a energia de
ordem zero o somatrio das energias dos orbitais moleculares, conforme
equao (30):
==N
i
iHE 0000
. (30)
A correo de energia de primeira ordem a mdia do operador
perturbado atravs da funo de onda de ordem zero:
eeeeee VVVHE === 2'001
. (31)
Assim esta correo, que superestima a repulso eltron-eltron,
acrescida da energia de ordem zero, nos d exatamente a energia Hartree-
Fock.
Empregando a notao E(MPn) para indicar a correo de ordem n, MPn
para indicar a energia total at a correo de ordem n, e E(HF) para a energia
Hartree-Fock, tem-se:
=
==
N
i
iMPEMP1
)0(0 . (32)
)()1(01 HFEMPEMPMP =+= . (33)
Logo, a energia de correlao propriamente dita s passa a ser includa a
partir da segunda ordem com a escolha de H0. Mas o uso de um nmero
infinito de funes impossvel em clculos reais. Para resolver o problema,
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Captulo 3: Fundamentao Terica
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
34
usamos a maior energia obtida como soluo da funo de onda HF no
perturbada; e solues adicionais das energias mais elevadas dos
determinantes de Slater excitados. Quando se emprega um conjunto de base
finito, s possvel gerar um nmero finito de determinantes excitados. A
expanso das funes de onda de muitos eltrons deve ser, portanto,
truncada.
Portanto, a correo da energia de segunda ordem, que a primeira
contribuio para a energia de correlao eletrnica, s aparece depois da
escolha do H0. A funo de onda deste nvel de aproximao dada em temos
de determinantes duplamente excitados que podem ser gerados atravs da
promoo de dois eltrons de orbitais ocupados i e j para orbitais virtuais a e
b. A soma deve ser limitada, de modo que cada estado excitado seja contado
apenas uma vez. A energia obtida dada pela equao (34):
< p3 > p2 > p4.
-
Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
58
Considerando os mtodos correlacionados ab initio, a mdia das
diferenas das distncias de ligao (obtida a partir do somatrio das
diferenas das distncias calculadas com a base aug-cc-pVDZ e 6-311+G*,
divido por quatro) de 0,0173 , 0,013 , 0,0193 , 0,0153 , para as
estruturas p1, p2, p3 e p4, respectivamente (p3 > p1 > p4 > p2).
Com relao tendncia do mtodo sobre a distncia de ligao entre
C(1)-R, observa-se que os valores obtidos com B3LYP so sistematicamente
maiores quando comparado com os mtodos ab initio. Esta tendncia maior
para os resultados com a base aug-cc-pVDZ, da estrutura p2, onde foi obtido
um aumento mdio na distncia C(1)-R de 0,139 . Entre os mtodos ab initio,
as diferenas no chegam a 0,020 . Os menores comprimentos de ligao C-
R foram obtidos com o mtodo CCSD para a estrutura p1, e MP2 para as
demais.
A tendncia nas ligaes C(1)-R devido substituio do oxignio por
enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) de diminuir o seu comprimento, em
mdia, de 0,09 . Esta tendncia pode estar relacionada maior
eletronegatividade do oxignio, que contribui para o enfraquecimento da
ligao C(1)-R. Com relao substituio na posio R de oxignio por enxofre
p1p3 e p2p4), observa-se um aumento no comprimento de ligao C(1)-R
de, em mdia, 0,350 , devido ao aumento do raio atmico do ltimo. Estas
tendncias so pouco dependentes do mtodo e da base.
-
Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
59
5.2.2. Orbitais de Fronteira
Conforme discutido na seo 3.10.1, um dos parmetros para analisar o
carter dirradicalar a diferena entre os orbitais de fronteira. Neste caso,
espera-se que quanto menor a diferena, maior deve ser o carter dirradicalar.
As diferenas de energia HOMO-LUMO obtidas com o mtodo B3LYP (orbitais
de Kohn-Sham) e com os mtodos ab initio (orbitais moleculares oriundos do
Hartree-Fock no re-otimizados) so mostrados no Grfico 5.2.
Grfico 5.2: Diferenas de energias HOMO-LUMO (EHL), em kcal/mol, para os
sistemas investigados.
Observa-se que a tendncia da base no clculo de EHL bem mais
significativo para os mtodos ab initio do que para o B3LYP. Para os primeiros
a mdia das diferenas para p2, por exemplo, de 13,46 kcal/mol, enquanto
que para o B3LYP este valor de apenas 0,46 kcal/mol.
Os resultados B3LYP para o gap HOMO-LUMO so sistematicamente
menores do que os resultados ab initio. Esta tendncia mais pronunciada
para a base 6-311+G*. Observa-se que para os mtodos ab initio, a diferena
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Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
60
entre os valores calculados para o gap bem pequena, o que atribudo s
pequenas diferenas nas geometrias.
Para todos os sistemas investigados, observa-se que a substituio do
oxignio por enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) resulta em uma reduo
em cerca de 20 kcal/mol no gap HOMO-LUMO. Este efeito pouco dependente
do mtodo e da base. O efeito da substituio do oxignio por enxofre na
posio R (p1p3 e p2p4) resulta em uma diminuio no gap HOMO-LUMO,
sendo este efeito mais pronunciado para o mtodo B3LYP. Para os mtodos ab
initio, o efeito mais significativo para a base 6-311+G*, da ordem de
4,5 kcal/mol de p1p3 e de 3,0 kcal/mol de p2p4.
5.2.3. Energias dos Estados Eletrnicos
No Grfico 5.3 so mostrados os valores obtidos para a diferena de
energia singleto-tripleto utilizando a geometria otimizada e rgda (resultado
para o tripleto na geometria otimizada com a funo de onda singleto). Em
todos os casos, os estados eletrnicos singleto restrito e irrestrito possuem a
mesma energia (valores nulos para o ESS rgido e relaxado), e o estado
eletrnico tripleto tem maior energia (valores positivos para o EST rgido e
relaxado).
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Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
61
Grfico 5.3: Diferenas de energias singleto-tripleto (EST), em kcal/mol, para os
sistemas investigados.
O parmetro GST corresponde diferena de energia livre de Gibbs entre
os estados singleto restrito e tripleto irrestrito. Os resultados obtidos esto
dispostos no Grfico 5.4. Os resultados MP2 para o EST e GST so
sistematicamente maiores que os obtidos com os demais mtodos para todas
as estruturas, com diferenas no EST na faixa de 11,41-14,59 kcal/mol para a
estrutura p1, 13,27-16,80 kcal/mol para p2, 16,78-19,38 kcal/mol para p3 e
16,23-18,67 kcal/mol para p4. Os espaos vazios no Grfico 5.4 correspondem
clculos em andamento.
Grfico 5.4: Diferena de energia livre de Gibbs singleto-tripleto (GST), em
kcal/mol, para os sistemas investigados.
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Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
62
Quando ocorre o relaxamento da geometria no clculo de EST observa-se
uma diminuio de 24,12 kcal/mol, 18,31 kcal/mol, 12,29 kcal/mol e
9,46 kcal/mol, para as estruturas p1, p2, p3 e p4, respectivamente. A
diminuio no valor de EST devido ao relaxamento da estrutura era, de fato,
um resultado esperado.
A mdia das diferenas devida substituio do oxignio por enxofre na
posio R indica uma diminuio no valor de energia EST, em torno de
4,21 kcal/mol para a sequncia p1p2, e de 7,75 kcal/mol para p3p4. Este
resultado pouco dependente da base e do mtodo. A mdia das diferenas
quando fazemos a substituio do oxignio por enxofre na posio R bem
menor do que o anterior, levando a um aumento de 1,73 kcal/mol na
sequncia p1p3, e a uma diminuio de 1,86 kcal/mol na sequncia p2p4.
Todas as estruturas com as geometrias otimizadas possuem EST na faixa
de 30-60 kcal/mol, sendo, portanto, acima da faixa definida por Wirz (Wirz,
1984) para um dirradicalide.
5.2.4. Carter Dirradicalar
Os resultados discutidos anteriormente so baseados na realizao de
trs clculos diferentes para cada mtodo e base, na determinao das funes
de onda singleto restrito, singleto irrestrito e tripleto irrestrito. Alm disso,
embora os parmetros EHL, ESS e EST constituam critrios importantes para a
investigao do carter dirradical, estas no quantificam o efeito, o que pode
ser feito com base na anlise dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais.
-
Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
63
Este clculo feito a partir da funo de onda singleto restrito. Os resultados,
obtidos a partir da equao 54, so mostrados no Grfico 5.5, para as
estruturas rgidas e relaxadas.
Conforme observado por Nakano (Nakano et al., 2006), a metodologia
DFT/UB3LYP subestima o carter dirradicalar, tendo-se verificado, no presente
trabalho, um carter dirradicalar nulo. Nos demais casos, o carter
dirradicalar, calculado a partir dos mtodos MP2, QCISD e CCSD, inferior a
1 %, o que indica que o carter mesoinico predominante. Tambm se
verificou que os resultados MP2 para o Y0 so sistematicamente menores do
que os obtidos com os mtodos QCISD e CCSD. Os valores de Y0 para os
sistemas investigados seguem a sequncia p1 ~ p2 > p3 ~ p4.
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Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
64
Grfico 5.5: Carter dirradicalar (Y0), calculado a partir dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais de fronteira.
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Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
65
5.2.5. Momentos de Dipolo
Os momentos de dipolo dos compostos estudados foram obtidos
considerando o organograma da Figura 4.3, totalizando cinco clculos para
cada estrutura, mtodo e base. Os resultados so mostrados no Grfico 5.6,
bem como na Tabela B.5 do Apndice B. Nesta tabela so mostrados apenas
os momentos de dipolo obtidos com as funes de onda do singleto restrito
(1r) e tripleto irrestrito (3u), considerando que no se observou diferenas
significativas entre os momentos de dipolo obtidos com a funo de onda do
singleto irrestrito (1u) e singleto restrito (1r). Para o caso do tripleto (3u),
foram consideradas as geometrias rgida (single point, objetivando indentificar
o efeito da funo de onda utilizada) e relaxada (otimizada).
Para o caso do clculo do momento de dipolo 1r, observou-se uma
reduo no valor obtido em todas as estruturas e para todos os mtodos com a
mudana de base de 6-311+G* para aug-cc-pVDZ. Este efeito foi mais
significativo para a estrutura p1 (com reduo mdia de 0,32 D), e menor para
a estrutura p4 (com reduo mdia de 0,12 D). Efeito semelhante, embora de
menor magnitude, foi observado para o 3u com a geometria rgida, com
exceo do resultado MP2 para a estrutura p4. No caso do 3u com a geometria
relaxada, apenas para as estruturas p3 e p4 se observa uma tendncia
sistemtica de reduo (mdia de 0,06 D) e aumento (mdio de 0,13 D),
respectivamente, com a mudana da base de 6-311+G* para aug-cc-pVDZ.
Considerando o comportamento da funo de onda no clculo do
momento de dipolo, observa-se que o estado eletrnico singleto apresenta os
-
Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
66
maiores momentos de dipolo, o que significa dizer que h uma maior
separao de carga. A maior reduo no momento de dipolo foi observada
para a estrutura p2 (mdia de 4,38 D), e a menor para a estrutura p3 (mdia
de 1,19 D). Alm disso, o efeito do relaxamento da geometria no estado
tripleto o de reduzir ainda mais o valor do momento de dipolo, com maior
reduo para a estrutura p3 (mdia de 0,76 D) e menor para a p2 (mdia de
0,42 D).
Quanto ao efeito do substituinte na posio R (p1p2 e p3p4),
observou-se um aumento sistemtico no momento de dipolo (mdio de
1,81 D) devido substituio do oxignio por enxofre para o estado eletrnico
singleto. O inverso ocorre nos tripletos, observando-se uma reduo devida
mudana da funo de onda (mdia de 0,88 D para o caso p1p2, e 0,57 D
para o caso p3p4), bem como devido ao relaxamento da geometria (mdia
de 0,69 D para o caso p1p2, e 0,34 D para o caso p3p4).
Quanto ao efeito do tomo no anel na posio R (p1p3 e p2p4),
ocorre uma diminuio sistemtica no momento de dipolo devida substituio
de oxignio por enxofre nos resultados para o singleto (mdia de 0,71 D para
p1p3, e de 0,65 D para p2p4). Este efeito menor e no sistemtico no
caso da funo de onda tripleto, exceto para os resultados MP2/6-311+G* e
QCISD/6-311+G*, onde se observou uma reduo de 1,06 D e 0,71 D,
respectivamente, para a sequncia p1p3.
-
Captulo 5: Resultados e Discusso
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
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Grfico 5.6: Momentos de dipolo (), em Debye(D), para as estruturas otimizadas.
-
Captulo 6: Concluses
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
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Captulo 6: Concluses
-
Captulo 6: Concluses
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
69
6. Concluses
Este trabalho teve por objetivo investigar o carter dirradicalar de
compostos da classe do 1,3-oxazol e 1,3-tiazol usando o formalismo das
diferenas de energias dos orbitais HOMO-LUMO (EHL), diferenas de energias
dos estados eletrnicos singleto e tripleto (ESS e EST), carter dirradicalar
definido a partir dos nmeros de ocupao dos orbitais naturais (Y0) e
momentos de dipolo. Todas as propriedades, bem como as geometrias, foram
calculadas usando diversos mtodos/bases. At onde do nosso
conhecimento, no h qualquer estudo terico/computacional sobre os
sistemas investigados abordando o carter dirradicalar dos mesmos.
Com relao aos parmetros geomtricos, observou-se que o
comprimento de ligao C(1)-R diminui em funo da substituio de oxignio
por enxofre na posio R. Portanto, a escolha adequada do substituinte na
posio R importante para a estabilidade do anel.
A reduo no gap HOMO e LUMO implica no aumento do carter
dirradicalar. Embora este critrio no seja suficiente para quantific-lo,
interessante notar que o efeito mais pronunciado para o gap foi observado
para a substituio de oxignio por enxofre na posio R. Esta substituio
resulta em uma diminuio mdia de 20 kcal/mol, enquanto que a substituio
na posio R resulta em uma reduo de, no mximo, 4,5 kcal/mol.
Para aumentar o carter mesoinico, requerido que a diferena de
energia dos estados eletrnicos singleto-tripleto seja positiva (ou seja, que o
estado singleto seja mais estvel) e maior do que 24 kcal/mol. Todas as
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Captulo 6: Concluses
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
70
estruturas investigadas possuem EST na faixa de 30-60 kcal/mol, sendo,
portanto, acima da faixa definida por Wirz (Wirz, 1984) para um dirradicalide.
Para os sistemas investigados, observou-se que a substituio de oxignio por
enxofre na posio R e R pouco contribui para o valor de EST.
O carter dirradicalar quantificado a partir dos nmeros de ocupao dos
orbitais naturais de fronteira HOMO e LUMO resultam em valores de Y0
inferiores a 1 % para todos os sistemas investigados, indicando que todos
possuem carter mesoinico pronunciado.
Dentre as propriedades investigadas, a mais afetada pelas modificaes
nas posies R e R o momento de dipolo. Esta propriedade bastante til
como indicador do carter mesoinico nos sistemas estudados, apesar de no
ser um critrio que possibilite quantificar o efeito. O efeito da substituio de
oxignio por enxofre na posio R (p1p2 e p3p4) de aumentar o
momento de dipolo, enquanto esta substituio na posio R (p1p3 e
p2p4) diminui o momento de dipolo.
A partir da investigao sistemtica de diversas propriedades eletrnicas,
foi possvel descrever as dependncias destas com as modificaes na
estrutura molecular dos sistemas estudados. O efeito das substituies nas
propriedades indica que estas so de grande relevncia para controlar,
especialmente, o carter mesoinico.
-
Captulo 7: Perspectivas
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
71
Captulo 7: Perspectivas
-
Captulo 7: Perspectivas
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
72
7. Perspectivas
Algumas perspectivas de continuidade desde trabalho so:
(i) Ampliar as possibilidades de substituies nas posies R e R,
objetivando obter estruturas com crater mesoinico e/ou dirradicar
pronunciadas para diferentes aplicaes;
(ii) Calcular propriedades relacionadas a ptica no-linear dos compostos
investigados no item (i) visando a obteno de novas estruturas que
possam ser sintetizadas;
(iii) Investigar a possvel relao entre as propriedades de ptica no-
lineares e o acoplamento eletrnico.
-
Captulo 8: Bibliografia
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
73
Captulo 8: Bibliografia
-
Captulo 8: Bibliografia
Dissertao de Mestrado Lucinz da Cruz Dantas
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Captulo 9: Apndices
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9. Anexos
Apndice A: Parmetros referentes aos Sistemas-Modelo
Tabela A.1: Diferenas de energias (em kcal/mol) HOMO-LUMO (EHL), singleto-singleto (ESS) e
singleto-tripleto (EST) e carter dirradicar (Y0) para o sistema-modelo, obtidos c