arq muçul

18
19/11/2012 1 THAU ARQ II A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura. Com a queda do Império Romano e de tudo o que este implicava quanto a organização política e institucional, a unidade do mundo mediterrâneo é interrompida por causa da expansão islâmica. Segundo GOITIA (1992), “durante o segundo quartel do século VII, Maomé, o ‘último’ dos profetas, levantou um movimento confessional nos desertos da Arábia com tal força expansiva que envolveu no seu impulso todo o Oriente mediterrâneo até à Índia, todo o Norte de África, Sicília e Sardenha e quase toda a Península Ibérica. Mais de metade do Império Romano de Justiniano caiu nas suas mãos. A extensão do Islão no seu conjunto e no período do apogeu (séculos VIII, IX e X) superava, em virtude do seu enorme desenvolvimento para oriente, o Império Romano nos dias do seu maior esplendor”.

description

cidade muculmana

Transcript of arq muçul

Page 1: arq muçul

19/11/2012

1

THAU ARQ II

A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura. A cidade muçulmana e sua arquitetura.

• Com a queda do Império Romano e de tudo o que esteimplicava quanto a organização política e institucional, aunidade do mundo mediterrâneo é interrompida por causa daexpansão islâmica.

• Segundo GOITIA (1992),“durante o segundo quartel doséculo VII, Maomé, o ‘último’ dos profetas, levantou ummovimento confessional nos desertos da Arábia com tal forçaexpansiva que envolveu no seu impulso todo o Orientemediterrâneo até à Índia, todo o Norte de África, Sicília eSardenha e quase toda a Península Ibérica. Mais de metadedo Império Romano de Justiniano caiu nas suas mãos. Aextensão do Islão no seu conjunto e no período do apogeu(séculos VIII, IX e X) superava, em virtude do seu enormedesenvolvimento para oriente, o Império Romano nos dias doseu maior esplendor”.

Page 2: arq muçul

19/11/2012

2

Mapa do território conquistado pelos árabes

• Existem vários fatores para explicar a expansão islâmica:“doponto de vista social, teve muita importância a necessidadede encontrar novas terras para as populações da Arábia,então muito numerosas. Teve grande influência também acapacidade de integração e miscigenação dos árabes com ospovos dominados. Quanto ao aspecto político, eraindispensável a unificação do mundo árabe, que desse origema um verdadeiro Estado. Finalmente, no aspecto religioso,havia a obrigação de fazer a guerra santa, sustentada pelaatração do paraíso. Ao morrer em combate, o crentemuçulmano sabia que uma grande recompensa o esperava”(ARRUDA, 1993).

• A conquista muçulmana na região do Mediterrâneo teveprofundas conseqüências na História do Ocidente. Durante aIdade Média, os árabes enriqueceram o patrimônio cultural doOcidente com valiosas contribuições.

Page 3: arq muçul

19/11/2012

3

• Destaca-se a introdução de novos produtos agrícolas e novastécnicas de cultivo. No artesanato, produziram artigosrefinados em couro, seda e metal. Nas artes, contribuíramcom a Arquitetura das mesquitas, com o minarete (torre damesquita) e a decoração com letras do alfabeto (arabescos).

• As cidades islâmicas são muito semelhantes, mas é precisoconsiderar algumas diferenças importantes em comparaçãocom os complexos urbanos do mundo helênico e de Roma(BENEVOLO, 1993):

1. “A simplicidade do novo sistema cultural, que está todo contido noAlcorão, produz uma redução das relações sociais. Por isso,as cidadesárabes perdem a complexidade das cidades helenísticas e romanas: nãotêm foros, basílicas, teatros, anfiteatros, estádios, ginásios, mas somentehabitações particulares - casas ou palácios - e dois tipos deedifíciospúblicos: a) os banhos para as necessidades do corpo, que correspondemàs termas antigas; b) as mesquitas para o culto religioso, que não têmcorrespondentes no mundo clássico (...).”

2. O Islã acentua o caráter reservado e secreto da vida familiar. As casas são quase sempre de um andar só (como prescreve a religião) e a cidade se torna um agregado de casas que não revelam, do exterior, sua forma e sua importância. As ruas são estreitas (sete pés, diz uma regra de Maomé) e formam um labirinto de passagens tortuosas -- muitas vezes também cobertas -- que levam às portas das casas mas não permitem uma orientação e uma visão de conjunto do bairro (...).

3. A cidade se torna um organismo compacto, fechado por uma ou mais voltas de muros que a diferenciam em vários recintos (o mais interno se chama MEDINA). Cada grupo étnico religioso tem seu bairro distinto, e o príncipe reside numa zona periférica (MAGHZEN) protegida dos tumultos. A porta de entrada (BAB) é muitas vezes um edifício monumental e complicado (com uma porta externa, um ou mais pátios internos e uma porta interna) e funciona como vestíbulo para a cidade inteira”. Em relação à porta, esta é um elemento primordial na cidade muçulmana, pois, além de um valor simbólico preponderante, tinham também um valor funcional. Não se tratava, em muitos casos, de simples portas, mas sim de verdadeiras composições arquitetônicas, às vezes de grande complexidade.

Page 4: arq muçul

19/11/2012

4

• O aspecto atual de JERUSALÉM remonta da era bizantina, esuas muralhas foram erguidas no século XVI.

• O núcleo histórico está divido em 04 (quatro) bairros,ocupados por muçulmanos, cristãos, judeus e armênios.

• Ao sul e leste da Cidade Velha estão os montes das Oliveiras eSion; e ao norte e oeste a Jerusalém moderna.

• Longe de representar uma solução aos problemas da região, acriação pela ONU do Estado de ISRAEL em 1948 manteveuma situação de conflito na Palestina e, até hoje, a disputaterritorial, econômica e política, torna o local um dos maisinstáveis do mundo contemporâneo.

Page 5: arq muçul

19/11/2012

5

Cidade Velha (Jerusalém, Israel)

• A ESPANHA MUÇULMANA

• A queda do Império Romano deixou a Espanha (Hispania) nasmãos dos visigodos, invasores bárbaros do norte, mas suadesorganização os fez serem vencidos pelos árabes e berberesdo norte africano (mouros), em 711 d.C.

• Iniciou-se assim a história de AL-ANDALUS, nome dado àEspanha pelos colonizadores, os quais permaneceram nopoder até sua expulsão definitiva, em 1212 (embora Granadatenha permanecido em mãos árabes até o século XV).

• Um rico e poderoso califado estabeleceu-se em Córdoba evárias cidades mouriscas foram fundadas na região hojeconhecida como ANDALUZIA, destacando-se: Granada,Sevilla, Málaga, Almería, Zaragoza e Jaén, além de Toledo,depois transformada em capital cristã da Espanha.

Page 6: arq muçul

19/11/2012

6

Ponte romana na cidade de Códoba, (Andaluzia, Espanha)

Mapa da Espanha moura

(Al-Andalus)

Cidade de Sevilla (Andaluzia, Espanha) - Torre de la Giralda e Catedral (1184/89)

Page 7: arq muçul

19/11/2012

7

• Na Espanha mourisca, ALCAZABA era o castelo construído pelosmuçulmanos dentro da cidade árabe fortificada, geralmenteprotegido poroutras muralhas.

• Ele constitui-se em um importante elemento de arquiteturaislâmica, assimcomo as mesquitas e os palácios construídos em CÓRDOBA (el-Alcazar)e GRANADA (el-Alhambra).

• Abaixo Guadix Alcazaba e El-Alcazar (1321, Córdoba Espanha)

Patio Moçárabe (Arcos mouriscos)

Grande Mesquita (786/7, Córdoba Espanha)

Page 8: arq muçul

19/11/2012

8

Patio de Myrtle

Patio de los Liones

El-Alhambra (133/54, Granada Espanha)

• Denomina-se MOÇÁRABE (do ár. mustarib; arabizado) aarte e a arquitetura realizadas pelos cristãos da PenínsulaIbérica, de língua árabe, que conservaram sua religião sob adominação islâmica do século X ao século XI.

• Já MUDÉJAR (do ár. mudejan) designa aquelas que foramfeitas pelos muçulmanos que permaneceram na Espanhadepois da reconquista cristã, do século XII ao XIV.

• Estilos medievais bastante decorativos, tanto o MOÇÁRABEcomo o MUDÉJAR caracterizavam-se pela sua exuberância,intrincados ornatos e respectivos motivos religiosos, tanto emedificações, sacras ou não, como no mobiliário, estandopresentes em toda Península Ibérica .

Page 9: arq muçul

19/11/2012

9

ESTILO MOÇÁRABE (El-Alhambra -133/54, Granada)

ESTILO MUDÉJAR

Hospital General Obispo Polanco (Séc. XIII, Teruel Espanha)

Torre de Utebo (Andaluzia)

Castillo de Magallón (Andaluzia)

Page 10: arq muçul

19/11/2012

10

• Islão contemporâneo• O ISLÃO interrompeu o processo de ocidentalização do

Mediterrâneo e do Oriente Médio, desenvolvendo um impérioque se estendeu, do século VIII ao XII, por uma região queabrangia parte da Europa, Ásia e África.

• Bem mais parecida com a cidade primitiva oriental do quecom a clássica, a CIDADE MUÇULMANA é uma cidadesecreta, de caráter privado e hermético; e fez aflorar a tradiçãomais antiga das regiões onde se tinha iniciado, 4.000 anosantes, a civilização humana.

• Depois das Cruzadas e da destruição de Bagdá, no séculoXIII, o ISLÃO continuou se expandindo, mas somente para oOriente.

• Os impérios muçulmanos dos séculos XVI e XVII realizaramseus últimos arranjos nas cidades de Isfahan, Agra e Delhi.

Cidade de Delhi, India

Page 11: arq muçul

19/11/2012

11

• Na Era Moderna, as CIDADES ISLÂMICAS adquiriram maioruniformidade e uma regularidade geométrica em grande escala,principalmente por influência clássica.

• Isto muitas vezes acabou entrando em conflito com o tecidotradicional das cidades muçulmanas já formadas, associando assiminfluências dos arranjos barrocos europeus aos modelos persas eindianos.

• No final do século XVI, a cidade de ISFAHAN, no atual Irã, foiescolhida para a nova capital do reino do Xá Abas I, o que fez comque o organismo da cidade medieval, concentrado em torno damesquita principal fosse ampliado para o oeste por meio de umasérie de episódios simétricos e geométricos.

• Os novos ambientes iranianos – como a nova Mesquita Real e apraça Maydan-i-Sha – acabaram sobressaindo-se no tecido urbanode ISFAHAN, não por sua consistência volumétrica, mas pelo seutraçado rigoroso, que exprimia o caráter eminente do poder, aosmoldes do barroco ocidental.

Cidade de Riyadh (Arábia Saudita)Cidade de Jeddah (Arábia Saudita)

Page 12: arq muçul

19/11/2012

12

Praça Maydan-i-Sha (Séc. XVI, Isfahan Irã)

Grande Mesquita (Séc. XVI, Isfahan Irã)

Page 13: arq muçul

19/11/2012

13

• Na ÍNDIA moderna, os imperadores Moghul (Akbar e Jahan)realizaram importantes conjuntos urbanos no século XVII,grandiosos e regulares, como o Forte Vermelho (1639) e a GrandeMesquita (1656) de DELHI; e a Cidadela-Palácio e o célebre TajMahal (1631/56), tumba da esposa do Xá Johan, em AGRA.

Fortaleza Vermelha Shah Yahan (1639/48, Delhi Índia)

Page 14: arq muçul

19/11/2012

14

Fortaleza Vermelha Shah Yahan (1639/48, Delhi Índia)

• Bibliografia:

• BENÉVOLO, L. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 2001.

• D’ALFONSO, E.; SAMSA, D. Guia de história da arquitectura.Lisboa: Presença, 2001.

• GOITIA, F. C. Breve história do urbanismo. 5a. ed. Lisboa:Presença, 2003.

• KOSTOF, S. The city shaped: urban patterns and meanings throughhistory. London: Thames & Hudson, 1991.

• MUMFORD, L. A cidade na história: suas origens, transformaçõese perspectivas. 5a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Page 15: arq muçul

19/11/2012

15

THAU ARQ II

A cidade medieval. A cidade medieval. A cidade medieval. A cidade medieval.

• Com a queda do Império Romano do Ocidente e de tudo o que esteimplicava quanto à organização política institucional, o mundoocidental foi mudando de aspecto, e as cidades decrescem de talmaneira que muitas desaparecem por completo.

• A decadência do chamado mundo clássico, foi apressada pelasinvasões bárbaras e pelo cristianismo, dando início ao períodorelativo a Idade Média. Durante este período, de certa forma, aigreja veio a substituir o Império em sua função histórica e, o‘Império Eclesiástico’ impediu que a cultura, herdada do mundoantigo desaparecesse.

• Após o término do Império Romano, a organização da sociedadeeuropéia passa por uma remodelação, na qual ocorre a integraçãoentre as estruturas do mundo romano e do mundo germânico(bárbaro), e torna-se mais independente de poderes centralizadores.O grande poder central, unificador, representado por Roma, perdelugar à uma organização social e econômica descentralizada: osistema feudal.

Page 16: arq muçul

19/11/2012

16

• De acordo com GOITIA (1992),“a cidade da época medieval,propriamente dita, só aparece em começos do ‘século XI, e desenvolve-seprincipalmente nos séculos XII e XIII. Até esse momento, a organizaçãofeudal e agrária da sociedade domina complentamente. Frente a esta, ocrescimento das cidades é originado principalmente pelo desenvolvimentode grupos específicos, do tipo mercantil e artesão. (...) Com odesenvolvimento do comércio nos séculos XI e XII, vai se constituindouma sociedade burguesa que é composta não só de viajantes, mas tambémpor outra gente fixada permanentemente nos centros onde o tráfico sedesenvolve: portos, cidades de passagem, mercados importantes, vilas deartesãos, etc. Estabelecem-se nestas cidades pessoas que exercem osofícios requeridos pelo desenvolvimento dos negócios: armadores debarco, fabricantes de aparelhos de velejar, de barris, de embalagensdiversas, e até geógrafos que desenham os mapas marítimos, etc. A cidadeatrai, por conseguinte, um número cada vez maior de pessoas do meiorural que encontram ali um ofício e uma ocupação que, em muitos casos,os liberta da servidão do campo. Esta sociedade burguesa quepaulatinamente, se vai desenvolvendo, é o estímulo da cidade medieval” .

Cordes (século XIII), segue atopografia do morro onde estálocalizada;

Palma Nuova (1593), traçado dacidade ideal realizado em Udine(Itália);

Vitry Le François (1545), cidade emforma de tabuleiro de xadrez;

Vichy (1865), combinando ascontrubuições dos século XVII, XVIIIe XIX.

Muitos historiadores consideram ascidades modernas uma resultante daevolução das cidades medievais.

Page 17: arq muçul

19/11/2012

17

• Com o fortalecimento econômico da burguesia, uma parte da novapopulação vem morar nas cidades, gerando com isso,conseqüentemente, uma necessidade de mais espaços fortificados.

• BENEVOLO (1993),“a cidade fortificada da Idade Média, a qualse adapta bem o nome burgo, é por demais pequena para acolhe-los; formam-se, assim, diante das portas outros estabelecimentos,que se chamam subúrbios e em breve se tornam maiores que onúcleo original. É necessário construir um novo cinturão de muros,incluindo os subúrbios e as outras instalações (igrejas, abadias,castelos) fora do velho recinto. A nova cidade assim formadacontínua a crescer da mesma forma, e constrói outros cinturões demuros cada vez mais amplos”.

• A cidade medieval permanece caracterizada como cidade-estado,fechada em si e, mantendo em sua dinâmica, conflitos sociais. Taisconflitos permitem a ascensão da aristocracia como governo.

• Segundo BENEVOLO (1993), nesse mesmo período, novascidades são fundadas na periferia do mundo europeu, por motivoseconômicos ou militares: as BASTIDES na França Meridional, poriniciativa dos reis e dos feudatários franceses e ingleses que secombatem na Guerra dos Cem Anos; as POBLACIONES naEspanha, nos territórios que os príncipes cristãos tomam pouco apouco dos muçulmanos; as CIDADES DE COLONIZAÇÃO naAlemanha Oriental, conquistadas os Eslavos pelos cavalheiros daordem Teutônica.

• Para BENEVOLO (1993),“o desenvolvimento das cidades-estadose a fundação das cidades novas nos campos se interrompem porvolta da metade do século XIV, devido a uma brusca diminuição dapopulação, por causa de uma série de epidemias, e, sobretudodevido à Peste Negra (peste bubônica), de 1348-49, e ao declínioda atividade econômica”.

Page 18: arq muçul

19/11/2012

18

• A cidade medieval apresenta uma forte característica no que dizrespeito ao seu aspecto físico.“O fato de ter, muitas vezes, que seadaptar a uma topografia irregular condicionou a fisionomia especiale o pitoresco da cidade medieval. O traçado das ruas tinha queresolver as dificuldades da localização, o que fazia com que elasfossem irregulares e tortuosas. As ruas importantes partiam em geraldo centro e dirigiam-se radialmente para as portas do recintofortificado. Outras ruas secundárias, freqüentemente em circulo avolta do centro, ligavam as primeiras entre si. Em linhas gerais, estepadrão, chamado radioconcêntrico, repete-se muito na cidademedieval”GOITIA (1992).

• Mas além das cidades radioconcêntricas, havia também: cidadeslineares; cidades em cruz; cidade nuclear (as formadas em torno de umou mais pontos dominantes: igreja, catedral, castelo, etc.); cidadeespinha de peixe (possuem uma rua principal de onde saem outrassecundárias, paralelas entre si mas oblíquas em relação à principal);cidade acrópoles (as que utilizam eminências topográficas) e cidadesesquadria (semelhantes à cidade em cruz).