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Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM SAÚDE
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 3 – SAÚDE
DR3 – Tema: Medicinas e Medicação
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Tema 3: Medicinas e Medicação
COMPETÊNCIA: Relacionar a multiplicidade de terapêuticas com a diversidade
cultural, respeitando opções diferenciadas.
Evolução Histórica da Prestação dos Cuidados de Saúde em Portugal
A organização dos serviços de saúde sofreu, através dos tempos, a influência dos conceitos religiosos,
políticos e sociais de cada época e foi-se concretizando para
dar resposta ao aparecimento das doenças.
Nos últimos 40 anos, Portugal foi sofrendo
transformações muito importantes que podemos balizar
desta forma: democratização e descolonização (1974),
entrada na CEE (1985) e integração na União Monetária
Europeia (2000), num ambiente de rápida transição de
paradigma tecnológico. Estas mudanças assumiram um
enorme impacto na saúde.
Torna-se muito importante conhecer a evolução do
sistema de saúde português, para que possamos
compreender os fatores que influenciaram a sua configu-
ração atual.
O Sistema de Saúde Português antes de 1970
No início dos anos 70 do século XX, o sistema de saúde português estava muito fragmentado e era
assumido por vias sobrepostas:
. alguns grandes hospitais estatais, gerais e especializados,
localizavam-se nos grandes centros urbanos;
. uma extensa rede de hospitais das misericórdias (instituições
centenárias de solidariedade social) ocupavam um lugar de
grande relevo, uma vez que geriam grande parte das
instituições hospitalares e outros serviços por todo o país;
. postos médicos dos Serviços Médico-Sociais da Previdência
prestavam cuidados médicos aos beneficiários da Federação de
Caixa de Previdência;
. serviços de saúde pública (centros de saúde a partir de 1971);
. médicos municipais;
. serviços especializados para a saúde materno-infantil,
tuberculose e doenças psiquiátricas;
. setor privado especialmente desenvolvido na área do
ambulatório.
A capacidade de financiar os serviços públicos da saúde era
muito limitada - a despesa com a saúde era de 2,8% do PIB em 1970.
As profissões da saúde, principalmente médicos, adaptavam-se
Até à década de 70 do século passado grande parte dos cuidados de saúde era garantida pelas misericórdias. Procura conhecer o funcionamento de uma misericórdia, tendo em conta as suas áreas de atuação.
“No início de 1970, Portugal apresentava indicadores socioeconómicos e de muito desfavoráveis no contexto da Europa Ocidental de então: uma taxa de mortalidade infantil de 58,6 (50 em 2001), aproximadamente 8000 médicos (à volta de 33 000 em 2001, com um pequeno incremento populacional ao longo destes 30 anos), 37% de partos hospitalares (99% em 2001).”
Observatório Português dos Sistemas de Saúde, consultado a 04 de julho, 2011
Página principal do Portal da Saúde espaço de informação e de
acesso a diferentes serviços do Serviço Nacional de Saúde.
Disponível em: https://www.sns.gov.pt/
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às limitações económicas no setor e à debilidade financeira das instituições públicas acumulando diferentes
ocupações, de forma a conseguir um nível de remuneração e de satisfação profissional aceitável.
Estabelecimento e Expansão do Serviço Nacional de Saúde (1971-1985)
No início da década de 70 do século passado, em paralelo com outras reformas na sociedade portuguesa,
foram criadas as maiores alterações no sistema de saúde português. A reforma do sistema de saúde e da
assistência, legislada em 1971, foi concebida no espírito daquilo que, sete anos mais tarde, vem a ser
preconizado pela Declaração de
Alma Ata, como "cuidados de
saúde primários". Apesar de uma
implementação limitada, esta
reforma constituiu-se como a base
do futuro Serviço Nacional de
Saúde.
O principal objetivo foi a
diminuição das barreiras ao acesso
de cuidados médicos, quer no
financiamento, quer no acesso físico. Em 1971, reconheceu-se, pela primeira vez, o direito à saúde a todos os
cidadãos e é organizado de forma completa o Ministério da Saúde e da Assistência. O Estado passou a ser o
responsável pela política de saúde e pela sua execução.
A revolução democrática do 25 de Abril de 1974 trouxe profundas alterações ao nosso país. Apareceram
novas políticas sociais. A criação de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi vista como a resposta mais
adequada à necessidade de uma cobertura, mais extensa e equitativa, de serviços de saúde. A nova Consti-
tuição estabelecia que "todos têm direito à proteção da saúde”; que se realizaria "pela criação de um
serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito”. A lei do Serviço Nacional de Saúde (1979) declara que o
acesso ao SNS deve ser garantido a todos os cidadãos independentemente da sua condição social ou
económica. A partir de 1974, passou-se a ter em Portugal o Serviço Nacional de Saúde, mas levou 10 anos até
se conseguir implementar.
Em 1979, a Lei n.º 56/79, de 15 de setembro, cria o Serviço Nacional de Saúde, no âmbito do Ministério dos
Assuntos Sociais, enquanto instrumento do Estado para assegurar o direito à proteção da saúde, nos termos
da Constituição. O acesso é garantido a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e
social, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos.
Regionalização do SNS e o novo papel para o setor privado (1985-1995)
As crises económicas dos anos 70 foram importantes para o fim de um período de crescimento económico
e de brusca expansão dos sistemas de proteção social na Europa.
Esta década foi marcada por uma estabilidade política sem precedentes desde a Revolução de Abril.
Portugal tornou-se membro da Comunidade Económica Europeia (agora União Europeia) e, em 1986, tornou-
se possível o financiamento europeu para o desenvolvimento de infraestruturas sociais e económicas,
nomeadamente no setor da saúde. As instalações e equipamentos do SNS continuaram a expandir-se. Uma
proporção crescente da riqueza do país era destinada à saúde. (Poderá consultar diversa legislação em aqui).
Imagem disponível em: http://spms.min-saude.pt/blog/2014/09/01/35o-aniversario-do-servico-nacional-de-
saude-35-anos-a-cuidar-dos-portugueses/
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Desta forma, foi necessário realizar alterações ao nível da gestão organizacional para melhorar a
efetividade e eficiência do setor da saúde. As principais medidas que ocorreram ao longo desta década foram:
. O Alargamento do SNS a rede de cuidados de saúde. A legislação de 1990 (Lei de Bases da Saúde) definiu o
papel do SNS num contexto mais alargado do sistema de saúde.
. Um novo papel para o setor privado. Esta nova legislação também se destinava a estimular 0 setor privado
na área da saúde, incluindo a gestão privada de instituições de saúde.
. Regionalização e integração do SNS. Em 1993,
foram estabelecidas cinco regiões
administrativas de saúde (Administrações
Regionais de Saúde), assim como "unidades
funcionais" entre hospitais e centros de saúde.
Estas últimas tinham como objetivo conseguir
uma melhor integração entre cuidados
primários, secundários e terciários.
. lntrodução de taxas moderadoras. Em 1990, o
Governo introduziu taxas moderadoras no SNS
com exceção para grupos de risco ou
economicamente desfavorecidos.
. Profissões de saúde. Melhores salários em troca de uma maior separação entre serviços públicos e
privados. Foi feita uma tentativa para estabelecer uma maior separação entre 0 exercício em
estabelecimentos públicos e a prática privada, em troca de uma melhor remuneração. As greves médicas,
prolongadas, resultaram na melhoria salarial, mas com poucas contrapartidas.
No período entre 1985-1990 privilegiou-se a separação entre os setores públicos e privados, porém não foi
de fácil concretização.
A revisão da Constituição, em 1989, muda o Serviço Nacional de Saúde de "gratuito" para
"tendencialmente gratuito”: Isto é, de totalmente gratuito passa-se ao pagamento de taxas moderadoras, com
vista a uma maior justiça social e racionalização dos recursos. A nova lei do Serviço Nacional de Saúde também
significou que o financiamento da saúde começou a provir do Orçamento Geral do Estado substituindo o
financiamento com base nos fundos sociais.
O ano de 1990 é considerado decisivo para o Sistema de Saúde Português. Pela primeira vez, a proteção da
saúde é perspetivada não só como um direito, mas também como uma responsabilidade conjunta dos
cidadãos, da sociedade e do Estado, em liberdades procura e de prestação de cuidados. A promoção e a defesa
da saúde pública são efetuadas através da atividade do Estado
e de outros entes públicos, podendo as organizações da
sociedade civil ser associadas àquela atividade. Os cuidados de
saúde são prestados por serviços e estabelecimentos do Estado
ou, sob fiscalização deste, por outros entes públicos ou por
entidades privadas, sem ou com fins lucrativos.
De 1990 a 1993, estabelecem-se novos benefícios para as
carreiras profissionais ligadas à saúde. Para tal, faz-se uma
clara separação entre o público e o privado, de forma a atrair
um maior número de profissionais para o Serviço Nacional de
Saúde.
Em 1993, as crescentes exigências das populações em
termos de qualidade e de prontidão de resposta aos seus
Imagem disponibilizada em: http://www.jm-madeira.pt/artigos/m%C3%A9dicos-do-
centro-celebram-35-anos-do-servi%C3%A7o-nacional-de-sa%C3%BAde
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anseios e necessidades sanitárias exigem que a gestão dos recursos se faça tão próximo quanto possível dos
seus destinatários. Daqui resulta a criação das regiões de saúde.
Entre 1993 e 1995, a opção política passou a orientar-se para
a possibilidade de aumentar o financiamento privado no
sistema de saúde e na ideia da gestão privada das unidades
públicas de saúde. Muito próximo do final deste ciclo aprova-se
a experiência de gestão privada do Hospital Fernando Fonseca
(Amadora-Sintra), que se pode considerar a primeira
manifestação prática do espírito da Lei de Bases de 1990.
O receituário do Serviço Nacional de Saúde torna-se
universalmente disponível.
As listas de espera cirúrgicas nos hospitais portugueses
começam a assumir proporções preocupantes - surge o
programa de recuperação das listas de espera ("PERLE").
Durante este período, numa lógica de continuidade com o período anterior, há um forte investimento nas
infraestruturas do Serviço Nacional de Saúde (centros de saúde e hospitais). Porém, relativamente aos
recursos humanos a ausência de uma política sustentada comprometeu o desenvolvimento do sistema de
saúde, isto é, ainda não se consegue garantir uma distribuição equitativa, a nível nacional, dos recursos
humanos ligados à saúde.
Abordagem Segundo a "Nova Gestão Pública" para a Reforma do SNS (1995-2001) Em finais de 1996, estreava-se uma nova estratégia política para a saúde, assente em quatro grandes
valores e princípios: a mudança centrada no cidadão e nas necessidades de saúde da população; a proteção e
a promoção da saúde como motor de toda a ação dos serviços de saúde, visando obter ganhos em saúde; o
envolvimento de todos os componentes do sistema de saúde na ação comum de proteção e promoção da
saúde; a solidariedade e equidade enquanto razões fundamentais para manter e aperfeiçoar o Serviço
Nacional de Saúde.
Num contexto de estabilidade política foi adotado um processo
de reforma cauteloso centrado em princípios da "nova gestão
pública" aplicada à reforma do SNS.
De 1996 a 1999 desenvolve-se uma ampla "estratégia para a
viragem do século" que incluía metas de 5 e 10 anos para ganhos
em saúde e desenvolvimento de serviços.
Em 1996, define-se que todos os hospitais devem adotar novas
formas de gestão, mais flexível e autónoma, de "empresas
públicas':
Em 1998, preconiza-se uma política de recursos humanos
criando-se mais duas escolas de Medicina públicas e reforçando-se
o ensino da enfermagem.
Pretendeu-se ainda melhorar as infraestruturas da saúde
pública e criar sistemas locais de saúde.
Foram implementados programas para reduzir as listas de espera cirúrgicas e para introduzir 0 cartão do
utente, e foram tomadas algumas iniciativas para regular o mercado farmacêutico, incluindo a promoção de
medicamentos genéricos.
Imagem disponível em:
http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/1827/servico-nacional-de-
saude-esta-ser-decapitadoservi%C3%A7o-nacional-de-sa%C3%BAde
Imagem disponível em:
http://pgnasdavida.blogspot.pt/2011/09/cortes-no-servico-
nacional-de-saude.htmlservi%C3%A7o-nacional-de-sa%C3%BAde
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Em 2001, o ministro da Saúde estabeleceu normas formais para o desenvolvimento de planos diretores
regionais para os hospitais e centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde. Simultaneamente, anunciou
planos para estabelecer parcerias público-privadas (PPP) para a construção de novos hospitais.
Do início do século XXI aos nossos dias Em 2002, dá-se a aprovação do novo regime de gestão hospitalar, isto é define-se um novo modelo de
gestão hospitalar, aplicável aos estabelecimentos hospitalares que integram a rede de prestação de cuidados
de saúde e dá-se expressão institucional a modelos de gestão de tipo empresarial.
Em 2003, é criada a rede de cuidados de saúde primários. Para além de continuar a garantir a sua missão
específica tradicional de providenciar
cuidados de saúde abrangentes aos
cidadãos, a rede deve também constituir-
se e assumir-se, em articulação
permanente com os cuidados de saúde
ou hospitalares e os cuidados de saúde
continuados, como um parceiro
fundamental na promoção da saúde e na
prevenção da doença. Esta nova rede
assume-se, igualmente, como um
elemento determinante na gestão dos
problemas de saúde, agudos e crónicos.
Em 2007 foi criada a Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados, que
tem por objetivo dar resposta ao progressivo envelhecimento da população, ao aumento da esperança média
de vida e a pessoas com doenças crónicas incapacitantes.
Ainda em 2007, surgem as primeiras
unidades de saúde familiar, dando
corpo à reforma dos cuidados de saúde
primários, com o objetivo de obter
ganhos em saúde, através da aposta na
acessibilidade, na continuidade e na
globalidade dos cuidados prestados.
Em 2008, dá-se um passo
importante na reforma dos cuidados de
saúde primários, com a criação dos
agrupamentos de centros de saúde do
SNS.
Em 2009, reestrutura-se a
organização dos serviços operativos de
saúde pública a nível regional e local, articulando com a organização das administrações regionais de saúde e
dos agrupamentos de centros de saúde. Atualmente, o Sistema de Saúde Português é caracterizado por três
sistemas que coexistem e se sobrepõem entre si: o Serviço Nacional de Saúde (SNS), os subsistemas públicos
de saúde e os seguros de saúde privados.
Imagem disponível em: http://www.rtp.pt/noticias/pais/suspeitas-de-favorecimento-nos-concursos-do-
servico-nacional-de-saude_n784029
Centro de Saúde de Santo Tirso - Imagem disponível em:
http://www.onoticiasdatrofa.pt/ntt/index.php/ultimas-noticias/edicao-papel/132-edicao-497/12645-santo-tirso-e-
trofa-eleito-o-melhor-aces-2013
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Sistema Nacional de Saúde (SNS) O Sistema Nacional de Saúde envolve todos os cuidados de saúde, compreendendo a promoção e vigilância
da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes, a reabilitação médica e social e a
oferta da rede de cuidados continuados. O objetivo do
sistema de saúde português é proteger a saúde da
população portuguesa. Para isso, o Estado pode agir no
sistema quer como prestador de cuidados de saúde ou como
financiador de outro tipo de cuidados de saúde. A prestação
de cuidados abarca o modelo público, os serviços privados,
as instituições sociais e o sistema misto.
As políticas de saúde promovem os princípios de
igualdade, generalidade e gratuitidade de saúde a todos os
cidadãos, independentemente da condição pessoal ou da
localização geográfica, e garantem igualmente a equidade e
efetividade na distribuição de recursos e utilização dos
serviços de saúde.
O Serviço Nacional de Saúde goza de autonomia técnica,
administrativa e financeira e estrutura-se numa organização
descentralizada e desconcentrada, compreendendo órgãos
centrais, regionais e locais, e dispondo de serviços pres-
tadores de cuidados de saúde primários (centros de saúde) e
de serviços prestadores de cuidados diferenciados (hospitais
gerais, hospitais especializados e outras instituições
especializadas).
De acordo com a Lei de Bases da Saúde, o SNS caracteriza-se por:
. ser universal quanto à população abrangida;
. prestar integralmente cuidados globais ou garantir a sua prestação;
. ser tendencialmente gratuito para os utentes, tendo em conta as condições económicas e sociais dos
cidadãos;
. garantir a equidade no acesso dos utentes, com o objetivo de atenuar os efeitos das desigualdades
económicas, geográficas e quaisquer outras no acesso aos cuidados;
. ter organização regionalizada e gestão descentralizada e participada.
O Serviço Nacional de Saúde é composto por todas as entidades públicas prestadoras de saúde,
designadamente:
. unidades de cuidados indiferenciados/generalistas;
. unidades especializadas.
Todos os serviços e estabelecimentos do SNS,
independentemente da respetiva natureza jurídica, estão sob a
tutela do membro do Governo responsável pela área da saúde
(Ministério da Saúde) e regem-se por legislação própria.
Integram a administração direta do Estado, no âmbito do
Ministério da Saúde (MS), os seguintes serviços centrais:
. Alto-Comissariado da Saúde;
. Inspeção-Geral das Atividades em Saúde;
Atribuições do Ministério da Saúde
. Assegurar as ações necessárias à formulação,
execução, acompanhamento e avaliação da
política de saúde.
. Exercer em relação ao Serviço Nacional de
Saúde, funções de regulamentação,
planeamento, financiamento, orientação,
acompanhamento, avaliação, auditoria e
inspeção.
. Exercer funções de regulamentação,
inspeção e fiscalização relativamente às
atividades e prestações de saúde
desenvolvidas pelo setor privado, integradas
ou não no sistema de saúde, incluindo os
profissionais neles envolvidos.
O Ministério da Saúde prossegue as Suas
atribuições através de serviços integrados na
administração direta do Estado, de organismos
integrados na administração indireta do Estado,
de entidades integradas no setor empresarial
do Estado e de órgãos consultivos.
www.min-saude.pt, portal da saúde. Consultado a 02 de junho, 2011
Imagem disponível em:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=747392
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. Secretaria-Geral;
. Direção-Geral da Saúde.
Integram a administração indireta do Estado, sob superintendência e tutela do ministro da Saúde, os seguintes
organismos:
. Administração Central do Sistema de Saúde, IP;
.INFARMED;
.Instituto Nacional de Emergência Médica, IP;
.Instituto Português do Sangue, IP;
.Instituto da Droga e da Toxicodependência, IP;
.Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, IP.
Existem, ainda, sob superintendência e tutela do
respetivo ministro, os seguintes organismos periféricos:
. Administração Regional de Saúde do Norte, IP;
. Administração Regional de Saúde do Centro, IP;
. Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale
do Tejo, IP;
. Administração Regional de Saúde do Alentejo, IP;
. Administração Regional de Saúde do Algarve, IP.
O órgão consultivo do Ministério da Saúde é o Conselho Nacional de Saúde. Existe, ainda, a Entidade
Reguladora da Saúde, que é uma entidade administrativa independente no âmbito do Ministério da Saúde.
Entidades Públicas Prestadoras de Cuidados de Saúde
Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES)
Os ACES são serviços de saúde com autonomia administrativa, constituídos por várias unidades funcionais,
que integram um ou mais centros de saúde.
Os centros de saúde componentes de um ACES são um conjunto de unidades funcionais de prestação de
cuidados de saúde primários.
Para cumprir a sua missão, os ACES desenvolvem
atividades de promoção da saúde e prevenção da
doença, prestação de cuidados na doença e
encaminhamento para outros serviços de
continuidade dos cuidados.
Os ACES desenvolvem, também, atividades de
vigilância epidemiológica, investigação em saúde e
participam na formação de diversos grupos
profissionais. Os ACES podem compreender as
seguintes unidades funcionais:
. unidade de saúde familiar (USF);
. unidade de cuidados de saúde personalizados
Manifestação em frente do Hospital de Santo Tirso contra o encerramento
da maternidade -Imagem disponível em:
http://www.onoticiasdatrofa.pt/ntt/index.php/arquivo-por-anos/23-ano-2007/1407-
um-ano-apos-fecho-do-bloco-partos-do-hospital-de-santo-tirso-habitantes-deixaram-
protestos-de-lado
Área geográfica de influência do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Santo Tirso / Trofa
Imagem disponível em: http://portal.arsnorte.min-
saude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Sa%C3%BAde%20P%C3%BAblica/Planeamento%
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(UCSP);
. unidade de cuidados na comunidade (UCC);
. unidade de saúde pública (USP);
. unidade de recursos assistenciais partilhados (URAP);
. outras unidades ou serviços, propostos pela respetiva
ARS, IP, aprovados por despacho do Ministro da Saúde,
e que sejam considerados necessários.
Em cada centro de saúde componente de um ACES
funciona, pelo menos, uma USF ou uCSP e uma UCC ou
serviços desta.
Cada ACES tem somente uma uSP e uma URAP. Cada
unidade funcional é constituída por uma equipa
multiprofissional, com autonomia organizativa e técnica e atua em intercooperação com as demais unidades
funcionais do centro de saúde e do ACES.
Unidades Locais de Saúde (ULS)
São estabelecimentos públicos dotados de personalidade jurídica, autonomia administrativa, financeira e
patrimonial e natureza empresarial, que integram hospitais e centros de saúde.
São atribuições da ULS a prestação global de cuidados de saúde à população da sua área de influência,
diretamente através dos seus serviços ou indiretamente através da contratação de outras entidades, bem
como assegurar as atividades de saúde pública e os meios necessários ao exercício das competências da
autoridade de saúde na área geográfica abrangida.
A atividade da ULS é desenvolvida com base na sua organização interna e em articulação com outras
entidades prestadoras de cuidados de saúde da área, assente em contratos-programa por ela propostos e
aprovados pela Administração Regional de Saúde.
Hospitais públicos
Os hospitais são estabelecimentos de saúde, dotados de capacidade de internamento, de ambulatório
(consulta e urgência) e de meios de diagnóstico e terapêutica, com o objetivo de prestar à população
assistência médica curativa e de reabilitação, competindo-lhe também
colaborar na prevenção da doença, no ensino e na investigação
científica.
Os hospitais são pessoas coletivas de direito público, dotadas de
autonomia administrativa e financeira. A capacidade jurídica dos
hospitais abrange todos os direitos e obrigações necessários à
prossecução dos seus fins definidos na lei.
Centros hospitalares Tendo em conta a reorganização dos serviços de saúde foram criados centros hospitalares. Estes consistem
na articulação entre dois ou mais hospitais que em conjunto dão resposta às necessidades da população, sem
Hospital de Santo Tirso Imagem disponível em: http://www.cm-stirso.pt/pages/7?news_id=134
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que haja duplicação de serviços. Assim, são
criadas melhores condições de resposta
diminuindo os custos com recursos humanos e
materiais. Um centro hospitalar é uma pessoa coletiva
pública, dotada de autonomia administrativa,
financeira e património próprio. Os centros
hospitalares regem-se pela legislação aplicável
aos estabelecimentos hospitalares do Serviço
Nacional de Saúde.
Os órgãos de cada centro hospitalar,
respetivas competências e regime aplicável são os
legalmente estabelecidos para os hospitais públicos.
O centro hospitalar dispõe de um quadro único de pessoal, aprovado por portaria conjunta dos ministros
das Finanças e da Saúde e do membro do Governo responsável pela Administração Pública.
Subsistemas Públicos e Privados de Saúde
Os subsistemas públicos e privados de saúde funcionam como um sistema de saúde em que uma fração
considerável da população beneficia de mecanismos de proteção em situação de necessidade de cuidados
médicos para além do SNS.
Os subsistemas (cobertura total ou parcial de cuidados) são financiados através das contribuições dos
trabalhadores e empregadores (incluindo as contribuições do Estado enquanto entidade empregadora). Assim,
existe ainda uma parte do financiamento privada, principalmente nas formas de copagamentos e pagamentos
diretos pelos doentes e, ainda, através de prémios de seguros privados e instituições mutualistas.
Atualmente, considera-se a existência de 16 subsistemas de saúde, sendo responsáveis pelo
financiamento/prestação de cuidados de saúde a quase 20% da população.
Os principais subsistemas públicos de saúde são a ADSE (Assistência na Doença aos Servidores Civis do
Estado), os SSMJ (Serviços Sociais do Ministério da Justiça), a ADMA (Assistência na Doença aos Militares da
Armada), a ADMFA (Assistência na Doença aos Militares da Força Aérea), a ADME (Assistência na Doença aos
Militares do Exército), os SAD/PSP (Serviços de
Assistência na Doença da Polícia de Segurança
Pública) e os SAD/GNR (Serviços de Assistência
na Doença da Guarda Nacional Republicana).
Os maiores subsistemas privados de saúde
são: Portugal Telecom, CTT e SAMS, mas existe
ainda um conjunto vasto de outros pequenos
subsistemas.
O maior desses sistemas adicionais de
proteção é a ADSE, que cobre os funcionários
públicos.
A coexistência dos subsistemas de saúde com o SNS remonta à data de criação deste último em 1979, e
mantém-se devido à ausência de decisão de os integrar no SNS, o que se prevê que venha a acontecer num
futuro próximo.
Disponível em: http://www.noticiasaominuto.com/pais/363857/passagem-de-hospital-de-santo-
tirso-para-misericordia-concluida-no-verao
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De acordo com a legislação, o SNS português oferece cobertura universal dos cuidados de saúde a todos os
portugueses, sendo predominantemente financiado através de impostos nacionais ou regionais.
Os cuidados de saúde prestados à população são pagos por duas vias:
. ou o pagamento é realizado pela população, sob a forma de descontos diretos nos rendimentos mensais;
. ou, no caso dos indivíduos que usufruem de subsistemas de saúde, o pagamento é efetuado pelos
subsistemas de saúde, que se subsidiam também eles nos descontos mensais efetuados aos indivíduos.
ADSE
O subsistema ADSE foi criado em 1963, tendo por objetivo a proteção social nos domínios dos cuidados de
saúde, encargos familiares e outras prestações de segurança
social. A designação da ADSE foi entretanto alterada para
Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes
da Administração Pública, e é atualmente um Serviço
Integrado do Ministério das Finanças e da Administração
Pública, dotado de autonomia administrativa, com a
responsabilidade de gerir o sistema de proteção social dos
funcionários e agentes do setor público administrativo
(excetuando alguns grupos de funcionários e agentes com
subsistemas próprios).
A prestação de cuidados de saúde aos beneficiários da
ADSE (tal como aos beneficiários de outros subsistemas) pelos serviços e estabelecimentos integrados no SNS
(como sejam os hospitais públicos - independentemente da natureza de gestão - e os centros de saúde) é
assegurada em termos idênticos ao facultado aos restantes utentes que sejam exclusivamente beneficiários do
SNS.
Porém, enquanto no caso de utentes que sejam exclusivamente beneficiários do SNS o financiamento dos
cuidados de saúde que lhes sejam prestados nessas instituições é assegurado pelo SNS, no caso de utentes
beneficiários de um subsistema de saúde, como é o caso da ADSE, é esse subsistema que, na sua dimensão ou
vertente de entidade financiadora, assume a responsabilidade pelo pagamento dos cuidados de saúde que
lhes são prestados nessas instituições.
Seguros de Saúde Privados
Por último, importa ainda referir a possibilidade que assiste aos utentes de recorrer aos prestadores de
cuidados de saúde numa perspetiva "privada pura”: Neste
caso, assiste-lhes o direito à liberdade de escolha do
prestador privado com 0 qual pretende celebrar o contrato
de prestação dos serviços de saúde.
Os sistemas de seguros de saúde privados são subscritos
por cerca de 10% da população. Adicionalmente, 7% da
população está coberta por fundos mútuos. Os fundos
mútuos são financiados através de contribuições
voluntárias, sendo organizações sem fins lucrativos que oferecem cobertura limitada para consultas, medica-
mentos e cuidados hospitalares.
Imagem disponível em: http://www.precarios.net/
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Cuidados de Saúde Convencionados
O acesso dos utentes beneficiários do SNS à Rede Nacional de
Prestação de Cuidados de Saúde é, ainda, assegurado através de
estabelecimentos privados, com ou sem fins lucrativos, com os
quais tenham sido celebradas convenções ou acordos destinados a
esse fim. Efetivamente, o Ministério da Saúde e as administrações
regionais de saúde podem contratar entidades privadas para a
prestação de cuidados de saúde aos beneficiários do Serviço
Nacional de Saúde sempre que tal se afigure vantajoso.
Em tais casos de contratação com entidades privadas ou do setor social, os cuidados de saúde são
prestados ao abrigo de acordos específicos, por intermédio dos quais o Estado incumbe essas entidades da
prestação dos cuidados de saúde. No âmbito do SNS, essas instituições passam a fazer parte do conjunto de
operadores, públicos e privados, que garantem a prestação de cuidados públicos de saúde (artigo 64.º da
Constituição da República Portuguesa).
As entidades privadas, com ou sem fins lucrativos, convencionadas com o SNS não podem cobrar quaisquer
montantes relativos aos cuidados prestados aos utentes, com exceção das taxas moderadoras legalmente
estabelecidas.
Consideram-se entidades privadas convencionadas as entidades privadas com fins lucrativos, singulares ou
coletivas e as entidades sem fins lucrativos (misericórdias e outras IPSS).
Tipo de cuidados abrangidos pelo SNS
No tipo de cuidados de saúde abrangidos pelo SNS, temos a distinção entre cuidados de saúde primários,
secundários (ou diferenciados) e continuados (que inclui os paliativos).
Os cuidados de saúde primários assumem-se como a primeira linha de
atuação e constituem-se como os mais importantes no que diz respeito à
intervenção e investimento em políticas de saúde. A sua estrutura tem
como objetivo a promoção de saúde e a prevenção da doença.
As atividades que devem estar inseridas nos cuidados de saúde
primários passam pela promoção de uma nutrição correta e de um
aprovisionamento conveniente de água potável; por medidas de
saneamento básico; pela saúde materna e infantil, incluindo-se aqui o
planeamento familiar; pela vacinação contra as grandes patologias
infecciosas; pela prevenção e redução de epidemias locais; pela educação sobre os problemas de saúde
predominantes e os meios de os prevenir e tratar; e pelo tratamento apropriado das doenças e dos
traumatismos correntes.
Nos cuidados de saúde primários deve existir uma participação ativa da comunidade. Sendo o direito à
saúde um direito fundamental de todos os seres humanos, a preocupação dos cuidados de saúde primários
deverá privilegiar a promoção e educação para a saúde e prevenção da doença.
Os cuidados secundários envolvem essencialmente o diagnóstico precoce e o tratamento de doenças, isto
é, quando surge a suspeita de doença (pela sintomatologia, historial familiar/predisposição genética, estilo
devida, etc.), o utente é encaminhado para os centros de exames complementares de diagnóstico. Detetada a
doença e depois de diagnosticada, o utente pode manter o acompanhamento médico nos cuidados de saúde
Os cuidados secundários são
garantidos por:
. hospitais;
. centros hospitalares;
. unidades locais de saúde (ULS).
Aqui o utente pode efetuar os “check-
ups”, ecografias, mamografias,
eletrocardiogramas, análises
ressonâncias magnéticas nucleares,
etc.).
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primários ou, em caso de maior gravidade, pode haver necessidade de tratamentos especializados em meio
hospitalar.
Este tipo de cuidados de saúde é muito mais caro, e atua em situações
de doença instalada, portanto, atua, não previne.
Os serviços de saúde que visam garantir a prestação de cuidados de
saúde diferenciados passam por consultas externas de especialidade,
intervenções cirúrgicas, internamento e serviços de urgência, à população
de determinada área geográfica.
A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), a funcionar no âmbito dos Ministérios da
Saúde e do Trabalho e da Solidariedade Social, foi criada pelo Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de junho.
Por cuidados continuados entende-se o conjunto de intervenções sequenciais de saúde e ou de apoio
social. Entendidos como o processo
terapêutico e de apoio social, ativo e
contínuo, visam promover a autonomia do
indivíduo, melhorando a funcionalidade da
pessoa em situação de dependência, através
da sua reabilitação, readaptação e
reinserção familiar e social.
Isto é, os cuidados continuados
integrados resumem-se, essencialmente, às
intervenções de saúde direcionadas para a
convalescença/reabilitação de situações de
doença. Os principais objetivos são os de
auxiliar o utente a recuperar o mais
eficiente e eficazmente possível ou, ainda, a
adaptar-se a eventuais perdas na autonomia e independência na realização e satisfação das atividades de vida
diária e necessidades humanas básicas.
Em concreto, a prestação dos cuidados de saúde e de apoio social é assegurada pela RNCCI através de
vários serviços, tal como é possível observar no quadro seguinte:
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI)
UNIDADES DE INTERNAMENTO Convalescença Média Duração e
Reabilitação Longa Duração e
Manutenção Cuidados Paliativos
UNIDADES DE AMBULATÓRIO Unidades de dia e de promoção da
autonomia
EQUIPA HOSPITALAR Equipa intra-hospitalar de suporte em
cuidados paliativos
EQUIPAS DOMICILIÁRIAS Equipas de cuidados continuados
integrados Equipa comunitária de
suporte em cuidados paliativos
Redes de Referenciação Dada a existência de vários tipos de prestadores, cada um deles com a sua hierarquia e níveis de cuidados
específicos, é de extrema importância garantir um reencaminhamento eficaz dos utentes dentro do sistema,
de modo a garantir um uso racional e eficiente dos recursos disponíveis. Para tal, recorre-se às chamadas
redes de referenciação.
Disponível em: http://www.arsalgarve.min-saude.pt/portal/?q=node/3159
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As redes de referenciação são definidas como sistemas através dos quais se pretende regular as relações de
complementaridade e de apoio técnico entre todas as instituições, de modo a garantir o acesso de todos os
doentes aos serviços e unidades prestadoras de cuidados de saúde, sustentado num sistema integrado de
informação interinstitucional (Direção-Geral de Saúde, Direção de Serviços e Planeamento, 2001).
Estas redes, concebidas tendo em conta as necessidades da população e os recursos disponíveis em cada
região (e consoante a especialidade médica em causa), procuram articular e interligar os diferentes
tipos/níveis de cuidados, explorando a sua complementaridade e tentando maximizar a rentabilidade dos
mesmos. É por isso de extrema importância o estudo destas redes e o desenvolvimento de mecanismos e
técnicas que tentem avaliar a sua eficácia e o impacto de alterações às
mesmas.
A referenciação entre os cuidados primários e secundários assume
particular importância já que sendo o médico de família no Centro de Saúde
aquele que faz a avaliação inicial da situação, decidindo a forma como o
doente será abordado, tem uma grande influência nos gastos do sistema e na
carga de trabalho dos cuidados secundários, o que reforça a relevância de se
estudar este tipo de referenciação.
As redes de referenciação hospitalar (RRH) refletem a oferta existente
desejável nos hospitais do SNS, em cada região de saúde. Assim, as RRH têm
por objetivo estabelecer, nas diversas especialidades médico-cirúrgicas, a
articulação funcional entre hospitais do SNS, de modo a garantir que a
prestação de cuidados ocorra no local que apresente a diferenciação técnica
e tecnológica capaz de disponibilizar a resposta que é exigida pela situação clínica do doente.
As RRH são desenhadas atendendo às competências e realidade de cada hospital, à complementaridade
entre hospitais da mesma região e regiões e também aos parâmetros epidemiológicos de distribuição das
doenças, às características sociodemográficas das populações e à sua dispersão no território. Por este motivo,
as RRH são instrumentos de referência fundamentais na regulação do acesso a cuidados de saúde.
Desafios do SNS para o futuro
Os últimos anos têm criado diferentes desafios à saúde em Portugal, ao nível da generalização do acesso
das populações a cuidados de saúde de qualidade, na tentativa da diminuição das assimetrias regionais, mas
também, e cada vez mais, ao nível da eficiência e do controlo da despesa. Este equilíbrio, associado ao recente
agravamento da conjuntura económica e social, exige um esforço adicional para a garantia da eficiência e
eficácia do sistema de saúde.
As características sociais e
económicas de um país e da sua
população são intrínsecas a qualquer
sistema de saúde e, nalgumas
vertentes, são simultaneamente causa
e consequência do próprio sistema.
De acordo com os dados mais
atuais, estima-se que a população
residente em Portugal seja de 10,6
milhões de pessoas, encontrando-se
mais de metade da população (59,5% Disponível em: http://www.pordata.pt/Portugal/Hospitais+n%C3%BAmero+e+camas-142
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em 2008) concentrada junto dos grandes centros urbanos. Tem-se verificado um aumento da população nos
últimos anos, tendo, em menos de uma década, a população crescido em quase 5%. No entanto, esse
crescimento populacional tem sido continuamente acompanhado por uma inversão da pirâmide demográfica,
com um alargamento das camadas superiores e uma diminuição das camadas inferiores.
Atualmente, não se pode conceber a saúde sem
levar em linha de conta o suporte tecnológico. Os
progressos da tecnologia têm assumido um papel
fundamental na melhoria dos cuidados de saúde, com
reflexos evidentes na exatidão do diagnóstico e
contribuindo, em muito, para o aumento da qualidade
de vida na doença.
O nível de saúde da população portuguesa tem
verificado uma grande melhoria ao longo dos anos, do
qual destacamos os significativos aumentos na
esperança média de vida, diminuição da taxa de
mortalidade infantil, redução do número de
sinistrados, entre outros indicadores. O sistema de saúde de um país e a sua organização são fatores
determinantes do estado de saúde da sua população.
Nos últimos anos assistiu-se a uma reorganização da estrutura da oferta de cuidados de saúde. Esta
reorganização tem em vista principalmente a melhoria da
prestação de cuidados.
Os medicamentos têm um peso significativo na
despesa total em saúde, pelo que têm sido, nos últimos
anos, o grande alvo do esforço de redução de custos do
SNS.
Com o aumento crescente de fontes de informação
disponibilizadas ao público, 0 cidadão começa
gradualmente a ter algum poder de influência no seu
diagnóstico e tratamento. Embora continue a ser o
médico o decisor último, o cidadão é mais informado e
começa a procurar a melhor solução para o seu problema.
Porém, apesar de se terem introduzido sucessivas alterações de forma a evoluir para um novo modelo de
organização de cuidados, no sentido de colocar o cidadão no centro do sistema, estamos ainda longe de
observar esta realidade.
Os recursos humanos constituem o ponto de contacto entre
o cidadão e o sistema de saúde, desempenhando um papel
essencial na promoção da saúde da população. Por esse motivo,
definir as prioridades de uma política de recursos humanos
torna-se essencial para assegurar a qualidade do desempenho
dos que trabalham no setor da saúde, de modo a ter capacidade
para dar resposta às necessidades e expectativas dos cidadãos.
Em Portugal não existe ainda uma estratégia clara e bem
definida para os recursos humanos da saúde, o que resulta na
inadequação da distribuição dos recursos para fazer face às
necessidades, agravando as ineficiências já existentes nesta
área.
Disponível em: http://www.jornaldoalgarve.pt/wp-
content/uploads/2014/08/HOSPITAL-M%C3%89DICOS-ENFERMEIROS.jpg
Disponível em: http://setorsaude.com.br/carie-em-criancas-reflete-
desigualdade-social/
Disponível em:
http://www.dicasdesaude.info/remedios/diferenca-entre-
medicamentos-genericos-e-similares
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Medicinas tradicionais, complementares, não convencionais
“Ao ritmo veloz do mundo de hoje, em que todos andam sob constante pressão, as pessoas começam a
dedicar cada vez mais interesse à manutenção da boa saúde e do bem-estar. Há uma preocupação geral sobre
as doenças e o meio ambiente: em particular na forma como os poluentes influenciam a nossa saúde e como
os pesticidas ou rações animais contaminadas estão a
afetar os vegetais e a carne que ingerimos na nossa
dieta diária. Adultos e crianças também parecem
estar a desenvolver mais reações alérgicas à comida e
aos poluentes gerais do meio ambiente, e doenças
como a asma estão agora a afetar em particular as
crianças. Uma das teorias afirma que a asma infantil
está a aumentar devido à abundância do fumo do
tráfego e também por causa da poeira presente em
todos os lares.
As pessoas estão também a desenvolver uma
crescente resistência aos antibióticos usados para
tratar diferentes infeções e investigam tratamentos
complementares que as ajudem a melhorar os seus
sistemas imunitários. Há também novas doenças que
principiaram a surgir nos últimos 10-15 anos, como a encefalite miálgica (ou síndroma da fadiga crónica), que
pode começar após uma infeção viral. Presentemente, não há cura para ela, embora tratamentos
complementares, como a aromaterapia, a ervanária ocidental e a terapia nutricional se tenham revelado
úteis, ajudando os pacientes a melhorar e a equilibrar a sua dieta geral, ao fortalecer os seus sistemas
imunitários, que em geral se encontram a níveis muito baixos.
Tem também havido uma rejeição geral dos valores materialistas do hedonismo dos anos 80. Na década de
90, mais atenta a estes problemas, as pessoas têm de trabalhar mais, fazendo muitas vezes um autêntico
malabarismo entre o tempo a dedicar às crianças e ao trabalho, e por isso sofrem mais “stress”. Mas hoje as
pessoas estão mais dispostas a submeter-se a terapias holísticas, como o ioga, o taichi e a massagem, para as
ajudar a enfrentar a tensão e o excesso de trabalho,
relaxando tanto o corpo como a mente.
As terapias complementares estão sem dúvida
alguma a tornar-se mais populares. De facto, numa
recente pesquisa levada a cabo no Reino Unido,
descobriu-se que 8 em 10 pessoas tentaram um
tratamento e que três quartos delas informaram que
foram ajudadas ou curadas. Os médicos estão também a
tomar cada vez mais consciência dos benefícios das
terapias complementares de saúde sempre que o
tratamento ortodoxo por si só não parece resultar. De
facto, já é vulgar recomendarem um paciente a um
osteopata ou quiroprático, por exemplo, para
manipulação de um problema de costas, cuja resolução
se apresente difícil. Alguns médicos recebem igualmente
formação em terapias complementares, como
Imagem disponível em: http://linksdistodaquilo.blogspot.pt/2014/04/medicina-chinesa-
passa-integrar-lista.html
Imagem disponível em: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=591601
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homeopatia.
O tratamento complementar de saúde pode contribuir em muito para melhorar a atitude mental de uma
pessoa e ajudar ou curar vários problemas.
Contudo, no caso de uma doença grave ou
terminal, apenas certas terapias são recomendadas
e nunca devem ser utilizadas em substituição do
tratamento ortodoxo, mas sim como técnica
auxiliar. A acupuntura, por exemplo, pode
impulsionar o sistema imunitário de pacientes
cancerosos ou com HIV, melhorando ao mesmo
tempo a sua atitude mental e as perspetivas gerais
da sua doença.”
Retirado de: Lavery, Sheila et al. Enciclopédia das medicinas Complementares (1997) Editora Jornal Público.
Terapêuticas não convencionais
As medicinas tradicionais, complementares e alternativas são práticas terapêuticas que não são
consideradas parte integrante da medicina alopática (convencional). Podem ter falhas do ponto de vista das
explicações biomédicas mas, à medida que vão sendo
investigadas, muitas tornam-se largamente aceites (entre estas,
podemos referir as terapias manipulativas e a acupuntura),
enquanto com outras acontece o contrário.
A designação "complementar" justifica-se quando usada a
par do tratamento convencional e o termo "alternativo" refere-
se às que se utilizam em vez dele. Nos dias de hoje é comum a
tendência para usufruir de saberes antigos e viver de um modo
mais saudável, valorizando o bem-estar e o equilíbrio do corpo
e este movimento está a par da procura de tratamentos
alternativos. Estes, apesar de os utilizadores assumirem sempre
como "naturais", não são inofensivos em todas as situações,
pelo que é útil procurar informar-se antes de os utilizar e
consultar o médico convencional quando tem queixas de saúde.
Um modo de preservar conhecimentos
Nas regiões em desenvolvimento, as curas ancestrais são
requisitadas desde sempre. Já o Ocidente começa agora a
aderir às mesmas práticas, uma vez que estas implicam uma
conceção de saúde mais completa. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), três em cada quatro pessoas sero-
positivas ou com sida recorrem a terapias complementares.
Além de poderem contribuir para aliviar o sofrimento
O homem e o universo
Em geral, estas medicinas ancestrais não
concebem o ser humano excluído do meio
ambiente, antes como parte dele (as
energias vitais ocorrem em todas as
manifestações da vida), e desenvolveram
técnicas específicas para restituir os
processos de harmonia perdidos. Assim, as
práticas "suaves" partilham pontos de vista,
nomeadamente:
· o corpo humano tem a capacidade de se
reequilibrar e manter esse equilíbrio,
designado homeostase;
· a cura, ou a diminuição do problema,
consegue-se mais rapidamente se o
paciente se responsabilizar e empenhar
no tratamento;
· tratar as causas do problema é mais
importante do que os sintomas do
mesmo;
· cada indivíduo é único - um todo, dotado
de corpo, mente e emoções. Assim, para
se avaliarem a saúde e o tratamento,
valorizam-se igualmente características
físicas e psicológicas, bem como
contextos sociais e ambientais.
Imagem disponível em: http://www.bolsademulher.com/medicina-
alternativa/1200/eficacia-da-integracao-entre-as-medicinas-alternativa-e-tradicional
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provocado por doenças crónicas, estas são ainda utilizadas no tratamento de doenças infecciosas.
Em Portugal, a Lei do Enquadramento-base das Terapêuticas
Não Convencionais (Lei n.º 45/2003, de 22 de Agosto)
reconhece a acupuntura, a homeopatia, a osteopatia, a
naturopatia, a fototerapia e a quiroprática, cabendo ao
Ministério da Saúde a credenciação e a tutela destas práticas.
De acordo com o plano mundial da OMS, é fundamental
regulamentar as medicinas tradicionais em todo o Mundo e,
simultaneamente, defender estes conhecimentos, utilizados
por cerca de 80 por cento da população dos países em desen-
volvimento e com cada vez mais adeptos nos países
industrializados.
Nos países pobres isso acontece por tradição cultural, ou
porque não existem outras opções; já nos países ricos estes
saberes são, em parte, procurados, devido ao facto de muitas
pessoas assumirem que os remédios naturais são inócuos.
Protegendo os utilizadores
Contudo, à medida que o uso das medicinas tradicionais
cresce, também aumenta o número de registos sobre reações
adversas. A referida organização alertou ainda para os riscos de
reações perigosas decorrentes da combinação de terapias
alternativas com medicamentos ou práticas da medicina
convencional.
A acupuntura ou a fototerapia, cujos benefícios estão
cientificamente reconhecidos, têm de ser utilizadas com as
mesmas precauções que a vulgarmente conhecida medicina tradicional, pois podem ser prejudiciais quando
conjugadas com medicamentos ou rotinas convencionais.
Já ocorreram casos de hemorragias durante cirurgias, porque os doentes tomavam um medicamento
"natural" para problemas de circulação e os médicos desconheciam o facto.
Conselhos aos utentes
A escolha de técnicos qualificados é outro aspeto fulcral, pois foram relatados casos de tratamentos de
acupuntura e manipulação, prestados por pessoas não qualificadas, que resultaram em doença pulmonar bem
como paralisia.
Além disso, como muitos destes
produtos medicinais são de venda livre,
utilizam-se para automedicação e são
preparados por conhecidos ou pelo
consumidor, é legítimo questionar as suas
qualidades e correta indicação
terapêutica.
A higiene na medicina
Como os médicos e estudantes passavam
diretamente da sala de dissecação de
cadáveres para a sala de partos,
Semmelweiss intuiu que as mãos deles
transportavam um "agente invisível" que
provocava a febre puerperal (relativa ao
parto e/ou à recente mãe). A hipótese
também foi levantada devido à morte do
patologista Kolletschka, seu amigo, que se
cortara com um bisturi durante uma
autópsia. O seu exame mostrou-se parecido
com os das mães que morriam na
maternidade. Semmelweiss fez com que os
estudantes e médicos que vinham da morgue
lavassem as mãos com água clorada, antes
de qualquer exame obstétrico, o que se
repercutiu positivamente na incidência de
febre e mortalidade puerperal: em 1848
estava abaixo de 1,3 por cento.
Apesar disso, não contou com o apoio de
ninguém: foi despedido e regressou à
Hungria em 1850, para trabalhar num
hospital em Peste. Morreu em 1865, num
asilo para doentes mentais, e o seu
importante contributo para a Medicina só foi
reconhecido a título póstumo.
Imagem disponível em: http://naturmed.com.pt/index.php?oid=643&op=all
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A fim de fomentar o uso adequado das medicinas tradicionais, a OMS preparou diretrizes com base em
provas e experiências reunidas em 102 países, nomeadamente algumas questões que podem ajudar os
consumidores nas suas decisões:
· A terapia é adequada para a sua doença ou
problema?
· Pode prevenir, aliviar ou curar sintomas, ou contribuir
para melhorar a sua saúde e o bem-estar?
· Tem acesso a um profissional qualificado e
credenciado?
· Os produtos ou materiais têm garantia de qualidade?
· Quais são as respetivas contraindicações e os
cuidados de utilização?
· Os preços das terapias ou produtos medicinais são
competitivos?
Devemos ponderar todos os aspetos referidos antes de optar por qualquer uma destas terapêuticas.
Retorno à prevenção
De certo modo as terapias naturais herdaram pontos de vista de saberes tradicionais, que os atuais
médicos-feiticeiros da Austrália, dos Estados Unidos e de África continuam a praticar. O facto de serem cada
vez mais requisitadas tem a ver com algum desencanto relacionado com a medicina convencional. Contudo,
este "regresso às origens" remonta ao início do século XVIII, com o surgimento da homeopatia, seguida, no
final do século XIX, pela osteopatia e
pela quiroprática.
Entretanto, desenvolveram-se muitas
outras terapias e houve casos de
médicos ortodoxos que defenderam
técnicas profiláticas, como o obstetra
húngaro Ignaz Semmelweiss (1818-65),
duramente afastado pelos pares. Em
1845, quando trabalhava no hospital de
Viena, constatou que a taxa de
mortalidade das parturientes do serviço
assegurado pelas parteiras era duas a
quatro vezes menor do que a das que
ficavam na ala dos médicos e estudantes
de Medicina. Estranhamente, eram as
mais jovens e aparentemente mais
saudáveis, que tinham o primeiro filho, as vítimas mais frequentes: faziam um trabalho de parto mais longo e
contraíam infeções fatais.
De seguida vamos abordar algumas das terapêuticas não convencionais mais requisitadas, de modo a
apresentar uma perspetiva geral dessas técnicas.
Imagem disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/nutricao/nutricao-para-prevenir-
doencas/2185/
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Terapêuticas orientais
A harmonia entre o corpo e a mente pode conseguir-se através de diversas práticas ancestrais, familiares
a milhões de pessoas no mundo asiático.
ACUPUNTURA
No Oriente já se praticava antes do nascimento de
Jesus Cristo. No Ocidente continua a tornar-se cada vez
mais popular.
Na Mongólia, foram descobertas agulhas de
acupuntura talhadas em pedra, datadas do Neolítico
(2500a. C). Na obra Nei Jing (O Clássico de Medicina
Interna do Imperador Amarelo), datada de cerca de 200
anos a. C., também são referidos outros materiais para
estas ferramentas médicas, como bambu, prata, ouro e
ainda a queima de plantas (moxibustão).
A acupuntura é encarada, essencialmente, ponto de
vista preventivo e curativo: além de oferecer uma via para viver longa e saudavelmente, também é
reconhecida como eficaz no tratamento de doenças, no alívio da dor e na analgesia de pacientes que vão ser
operados.
Em que consiste
O termo designa o ato de inserir agulhas muito finas na superfície corporal, estimulando pontos específicos,
chamados pontos de acupuntura ou acupontos, equilibrando a circulação da energia no corpo. O tratamento é
indolor, podendo causar ligeiras sensações de formigueiro ou choque e está integrado na Medicina Tradicional
Chinesa (MTC). Este complexo sistema de cuidados de saúde inclui ainda o recurso à moxibustão, à fitoterapia,
a massagens (como tuína), a ginásticas (como qi gong), a dieta e a ventosas.
No Ocidente tem sido, maioritariamente, usada para tratar tanto sintomas como doenças, mas só é
possível compreender como funciona contactando com as bases da
filosofia chinesa: o tao, yin e yang; e os cinco movimentos. As leis do
tao advogam um estilo de vida, prezando a moderação, a harmonia
com a natureza e a busca do equilíbrio. Os antigos estavam con-
vencidos de que a moderação, como filosofia de vida, permitia uma
existência longa e fecunda.
Segundo as suas crenças, a energia vital - chi (que podemos traduzir,
de forma literal, como energia), shen (espírito) e jing (essência) - vinha
da Natureza. Shen e jing eram, conjuntamente com o chi, responsáveis
pelas capacidades mentais e consciência (shen) e pelo crescimento,
desenvolvimento e reprodução Uing).
Nasce-se com uma quantidade determinada de jing que, no decurso
da vida, se vai perdendo. Quando o perdemos, não é possível recuperá-
lo. A única maneira de o preservar é viver com moderação e atenuar a
Pontos da acupuntura - Imagem disponível em:
http://www.caminhantes2.com/page_63.html
Imagem disponível em:
http://www.caminhantes2.com/page_63.html
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sua perda com a MTC.
Aos conceitos yin e yang está subjacente a ideia de equilíbrio e harmonia. Os chineses acreditam que tudo,
incluindo cada indivíduo, é governado por estas duas forças opostas e complementares, yin e yang, que
afectam todo o Universo.
Yin é escuro, passivo, feminino, frio e compreende todas as
outras classificações que se podem associar a estes conceitos; yang
é claro, activo, masculino, quente e, do mesmo modo, engloba
outras ideias que se podem associar a estes termos. Simplificando,
existem dois lados para tudo: frio e quente; feliz e triste; cansado e
enérgico.
Estes opostos constituem o todo, não existem um sem o outro. O
símbolo que os representa, vastamente conhecido, é composto por
uma cornucópia branca e outra negra, encaixadas num círculo,
sendo que cada uma delas tem um pequeno círculo da cor oposta
na sua parte mais larga. O sinal tai chi indica-os a fluírem um na direção do outro, com uma pequena parte do
yin no yang e uma pequena parte do yang no yin. Corpo, mente e emoções estão sujeitos às influências destas
duas forças e à existência, ou não, de equilíbrio entre elas. Quando equilibradas, sentimo-nos bem; quando
uma domina ou está em falta, ocorrem desequilíbrios que podem desencadear problemas de saúde. É
seguindo esta lógica que o acupuntor previne da doença ou restabelece a saúde, equilibrando yin e yang, que
também fazem parte dos oito princípios da MTC. Os outros são: frio e calor; interno e externo; insuficiente e
excessivo. Estes princípios permitem que o médico estabeleça um diagnóstico energético mais preciso, para
saber como proceder ao tratamento.
A filosofia do yin e yang foi integrada no sistema dos cinco movimentos: madeira, fogo, terra, metal e água.
Cada um está relacionado com uma estação, um órgão ou uma parte do corpo, um sabor, uma cor ou uma
emoção, entre outros aspetos.
Como funciona
Coexistem várias teorias científicas sobre a eficácia da acupuntura. Algumas defendem que esta terapia age
sobre o sistema nervoso, pois ajuda a libertar endorfinas, substâncias naturais supressoras da dor. Porém, não
há explicação científica para o facto de atenuar
problemas crónicos não dolorosos, nem para 0
efeito da terapia sobre a pessoa completa.
Do ponto de vista chinês, a realidade é um todo
uno e as doenças afetam-nos de várias maneiras:
problemas físicos perturbam a mente, as emoções e
a ansiedade; isso reflete-se no mau funcionamento
de um órgão (por exemplo, quando atribuímos uma
dor de cabeça ao stress ou a situações que causem
ansiedade).
O stress psicológico pode desencadear sintomas
físicos, como dores de cabeça, pelo que é preciso
tratar a pessoa como um todo. Assim, a doença nunca é tratada como um conjunto de sintomas isolados ou
órgãos enfermos, mas enquanto sinal de desarmonia energética. A fim de estabelecer o diagnóstico, o
Representação gráfica do Yin e do Yang - Imagem
disponível em: http://www.caminhantes2.com/page_63.html
Representação gráfica do Yin e do Yang - Imagem disponível em:
http://www.caminhantes2.com/page_63.html
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acupunctor tenta identificar o movimento fragilizado, recorrendo ao sistema dos cinco movimentos, e rela-
ciona os indícios da doença, obtendo um padrão de desarmonia.
Chi é a energia vital A força da vida é o chi, o seu fluxo desobstruído e equilibrado é a base da saúde e da harmonia interior. É
esta energia que suporta, alimenta e defende cada um de nós
contra a doença física, mental e emocional, fluindo através de
canais invisíveis, os meridianos, onde se encontram os pontos
de acupuntura. O fluxo (também invisível) é atualmente
descrito por investigadores como energia eletromagnética.
Entre os 12 meridianos principais, existem seis yin e seis
yang e muitos outros, menores, formando uma rede de energia
através do corpo. Cada canal está ligado a um órgão ou uma
função do corpo e nomeia-se em conformidade.
Ao longo desses meridianos existem centenas de pontos de
acupuntura, descritos por um nome, um número e o meridiano
a que pertencem.
Um corpo saudável traduz o fluxo livre do chi, mas energia
fraca, estagnada ou bloqueada pode originar alguns incómodos
físicos, emocionais ou mentais. Os fatores causadores de
desequilíbrio podem ser internos, relacionados com a
estabilidade energética de cada pessoa, quando estamos
doentes, mas também podem coexistir com outros fatores
externos, como o frio, a humidade, o vento ou a secura e o
calor, bem como situações de excessos de trabalho ou
de atividade. A fim de restabelecer o fluxo ideal de
energia, o acupuntor vai estimular ou dispersar a
energia nos pontos necessários para compensar o
desequilíbrio causado.
Se pretendermos recorrer à acupuntura, devermos
escolher um profissional qualificado e credenciado,
tal como fazermos em relação a qualquer terapeuta.
De resto a acupuntura é segura para todos, desse que
se respeitem as devidas regras deontológicas, comuns
às terapias convencionais.
SHIATSU
Teve origem no Japão, onde foi muito popular no séc. XVI, como terapia para tratar o indivíduo na sua
totalidade – mente, corpo e espírito. Praticada deste sempre em todo o Oriente, esta técnica está a chegar,
aos poucos, até mesmo aos menos "crentes". É uma evolução das vulgares massagens para algo mais
complexo, seguindo os princípios da acupuntura.
O interesse do Ocidente
Foi através dos missionários jesuítas, no séc. XVI, que a acupuntura chegou à Europa. Já no séc. XX, em 1928, o cônsul de França na China, George Soulié de Morand, que traduzira tratados médicos chineses para Francês, ajudou a despertar a curiosidade sobre o tema quando regressou ao seu país. Em 1939, o médico Paul Ferreyrolles começou a ensinar acupuntura aos técnicos de saúde parisienses e essa prática generalizou-se em diversos países ocidentais. Mais tarde, em 1972, quando o presidente Richard Nixon visitou a China, um membro da sua comitiva necessitou de ser operado de urgência a uma apendicite, num hospital de Pequim. A anestesia e o alívio das dores do pós-operatório através da acupuntura foram relatados pelo paciente, um jornalista. O facto chamou a atenção geral e os estudantes de outros países passaram a frequentar as faculdades chinesas de MTC.
Representação gráfica do Yin e do Yang - Imagem disponível em:
http://www.caminhantes2.com/page_63.html
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Em que consiste
No início do séc. XX, os terapeutas de amma (a antiga massagem) combinaram-na com outros
conhecimentos e práticas, nomeadamente quiroprática e osteopatia, desenvolvendo o shiatsu - a palavra
japonesa significa "pressão com os dedos". Contudo, os terapeutas também usam as palmas das mãos, os
cotovelos, os braços, os joelhos e os pés para pressionar pontos designados tsubo, localizados ao longo de 12
meridianos condutores de energia corporal. Esta terapia partilha
filosofias, tipos de diagnóstico e pontos de tratamento com a
acupuntura e é apelidado de "acupuntura sem agulhas".
Como funciona
O shiatsu age sobre o sistema energético corporal - pressão nos
meridianos para estimular o ki (em japonês, energia - chi). O diagnóstico
é idêntico ao da acupuntura, consistindo em: observar (bo-shin); tocar
(setsu-shin); perguntar (monshin) e ter intuição (bun-shin).
Integra diversas técnicas para atenuar a dor e resolver os bloqueios
de energia que originam as queixas. As intervenções visam a totalidade
da pessoa, mas são específicas para cada área do corpo. Por exemplo,
no cotovelo é possível estimular pontos na coluna, diminuindo dores nas
costas, enquanto pressionar determinados pontos com os dedos são
indicações para
desbloquear um
meridiano.
Se pretendermos
recorrer à Shiatsu,
devermos escolher um profissional qualificado, pois só
assim o Shiatsu é seguro. Pessoas com, doenças
extremamente graves (de coração, cancro ou esclerose
múltipla, por exemplo), não podem ser tratadas. Grávidas
devem ter cuidados especiais. Antes das sessões não se
devem tomar refeições.
FITOTERAPIA CHINESA
Integra a antiga medicina tradicional chinesa (MTC) e os seus 5000
anos de experiência influenciaram muito a ciência ocidental. Quase todas
as culturas e os diferentes povos utilizam o precioso auxílio das plantas na
cura de males e problemas diversos. Indiferente à passagem dos séculos, a
doutrina herbalista continua viva e recomenda-se.
Em que consiste
Pontos básicos do Shiatsu - Imagem disponível em:
http://rmjapan.blogspot.pt/2011_03_01_archive.html
Shiatsu - Imagem disponível em:
http://gestaodelogisticahospitalar.blogspot.pt/2013_02_03_archive.html
Imagem disponível em:
http://8ou80foto.com/2012/07/06/fitoterapia-o-
mundo-das-plantas-medicinais/
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Esta terapêutica trata e previne da falta de saúde - mental, física e emocional - através da utilização de
plantas medicinais chinesas, simples ou compostas em fórmulas. Tem um estatuto paralelo ao da acupuntura
na MTC - muitos médicos usam apenas plantas, embora seja
mais usual a combinação de ambas as práticas. Do ponto de
vista da filosofia chinesa dos opostos complementares, a
acupuntura é yang, porque a sua influência ocorre a partir do
exterior, sendo a fototerapia yin o contrário, uma vez que
influencia a partir do interior.
Assim, em casos muito específicos - como viroses,
enfraquecimento generalizado ou simplesmente pessoas que
não suportam agulhas - pode utilizar-se exclusivamente a
fototerapia, embora seja muito mais eficaz quando
complementada com a acupuntura.
A causa da doença, ou do desequilíbrio, é encontrada
através da utilização das técnicas tradicionais chinesas de
diagnóstico e as plantas são prescritas para restabelecer o
equilíbrio energético na totalidade da pessoa em causa.
Como funciona
A MTC baseia-se nos conceitos de yin e yang, os oito princípios chi e os cinco movimentos todos
desempenham um papel importante na protecção da saúde. O ponto de vista chinês, cada indivíduo é
governado por forças opostas e complementares, yin e yang. A totalidade do ser depende destas forças, que
também não existem uma sem a outra. Assim, existem elementos de cada força em cada um de nós e nada é
exclusivamente uma ou outra.
Estes remédios, quando prescritos por um profissional credenciado, são adequados para cada indivíduo;
como tal, nunca os aconselhe a alguém com sintomas idênticos. Também não deve adquiri-los sem ter
obtido o diagnóstico e a respetiva prescrição, pois algumas plantas só são seguras em determinadas doses.
Quando o paciente não reage bem (o que é raro), sentindo náuseas, mal-estar geral ou sofrendo
perturbações intestinais, deve parar o tratamento de imediato e contactar o fitoterapeuta.
MEDICINA AYURVÉDICA
É mais um modo de vida, em harmonia com a Natureza, que ajuda a preservar a
saúde e alivia a doença, graças ao equilíbrio dos doshas.
Os maiores sábios da índia descobriram o modo de funcionamento do Mundo,
veda, assim como os segredos da doença e da saúde há mais de 5000 mil anos. Os
princípios que as regem formam "a ciência da vida", o ayurveda, que tem por base as
escrituras sagradas dos Vedas. Estes postulados científicos e filosóficos, sobre os
aspetos físicos, mentais, emocionais e espirituais ligados à saúde, originaram o
clássico da medicina Charaka Samhita. Apesar de ter sido escrito dois séculos antes
da invenção do microscópio, refere que o corpo é composto por células, indica 20
organismos microscópicos capazes de desencadear patologias e descreve como a
Imagem disponível em: http://ortobioclinica.com.br/?p=825
Imagem disponível em:
http://www.isaudebahia.com.br/noti
cias/detalhe/noticia/ayurveda-e-a-
ciencia-da-vida/
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doença se espalha.
No texto Susrutha Samhita constam orientações cirúrgicas, cuidados de higiene e conselhos para viver com
saúde e alegria. De acordo com esta filosofia, cada um deve esforçar-se para realizar o seu potencial, dando
um sentido à existência, o que só é possível quando temos saúde.
Em que consiste
Trata-se de um sistema tradicional de
medicina praticado na índia e no Sri
Lanka. Possui diversas componentes,
nomeadamente desintoxicação, dieta,
exercício, plantas e técnicas, que visam
melhorar a saúde mental, constituindo,
mais do que um modo de vida, uma
filosofia.
O pressuposto básico desta medicina
é o de que tudo no Universo é composto,
essencialmente, por energia ou prana.
Como somos uma espécie de feixes de energia vibrante, estamos sempre a mudar, de maneira positiva ou
negativa. É a energia que condiciona as nossas células (e tudo o que nos diz respeito, desde emoções a ações,
passando pelos pensamentos), pelo que é necessário viver de forma a favorecer o seu equilíbrio. Desde modo,
as mudanças serão sobretudo positivas.
Esta estabilidade é sempre relativa a um indivíduo - num outro, poderá levar à doença - e cada pessoa é
tratada individualmente, depois de o especialista identificar as causas do problema e avaliar a constituição do
paciente.
Como funciona
A base da medicina ayurvédica é, em traços gerais, a constituição
de cada um de nós, como indivíduo, determinada pela combinação
das três energias vitais, ou doshas, cujos nomes em sânscrito são
vata, pitha e kapha. Estas forças básicas existem em graus diversos
em cada um de nós, mas podemos ter dois doshas dominantes. Na
verdade, podemos ser vata ou pitha, ou vata/pitha - todos os tipos,
mesmo combinados, são possíveis. O Homem é, na sua essência, uma
combinação de doshas.
O nosso dosha determina uma constituição e as doenças de que
podemos sofrer, o caráter, a cor do cabelo, a tendência para
engordar e o tipo de alimentos que devemos consumir. É, no fundo,
uma espécie de mapa genético que poderá assumir uma natureza
hereditária.
A saúde mantém-se enquanto a ação destas forças for equilibrada. Cada uma delas tem um papel
específico. A saber: vata controla o movimento, está relacionada com todo o sistema nervoso e a energia
Imagem disponível em: http://revista.objetivobienestar.com/entorno/tradicion-y-sociedad/ayurveda-
medicina-alternativa-en-busca-de-la-armonia
Imagem disponível em:
http://bezen.blogs.sapo.pt/tag/massagem
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corporal; pitha, ligada ao fogo, diz respeito ao metabolismo, à digestão, às enzimas, ao ácido e à bílis; kapha
está relacionado com a água nas mucosas, fleuma, humidade, gordura e o sistema linfático.
A estabilidade dos três doshas depende, entre outros
aspetos, de uma alimentação racional e prática de
exercício, ausência de problemas digestivos e bem-estar
espiritual e emocional. Para quem tem de enfrentar o
stresse diário não é fácil, mas esse sucesso está, de facto,
nas nossas mãos.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Esta prática é segura para as pessoas, desde que
realizada por um profissional devidamente qualificado. Este deve ser capaz de adaptar a terapia a um
tratamento de medicina convencional, caso o paciente esteja a ser submetido a algum. Os tratamentos
panchakarma (de desintoxicação completa) são apenas para adultos que não estão fragilizados, não sendo
adequados para gestantes ou idosos. É muito importante estar consciente e apto para receber este tipo de
terapêutica, o que facilita o seu sucesso.
Os remédios de plantas ou minerais encontram-se pré-preparados, mas as misturas são receitadas nas
doses necessárias e segundo tratamentos específicos para cada pessoa, pelo que nunca poderá tomar algum
sem diagnóstico e prescrição prévia. Normalmente, são combinações de plantas, às quais se juntam oito
chávenas de água e se deixa ferver, até que o líquido fique reduzido a uma chávena, tomando-se duas ou três
vezes por dia.
TERAPIA DA POLARIDADE
Foi desenvolvida por Randolph Stone, com base nas capacidades das mãos enquanto condutoras de
energia.
Rando Ph Stone (1890-1983),
naturopata, osteopata e quiroprático
de origem austríaca, com consultório
em Chicago, foi marcadamente
influenciado pela filosofia oriental e
pelos antigos sistemas de medicina,
nomeadamente ayurveda,
acupuntura e ioga.
Em 1945, uma leitura atenta de uma obra de Lek Raj Puri, sobre o conceito de energia e as suas po-
tencialidades curativas, originou o encontro de ambos e um estudo conjunto, do qual nasceu a terapia da
polaridade.
O fluxo de energia vital percorre oschakras, os cinco centros de energia no corpo.
Em que consiste
Mistura conceções de saúde do Oriente e do Ocidente e parte do princípio de que tudo o que existe é
energia - essa força é movimento constante e equilibrado entre polos opostos. O termo polaridade indica a
Imagem disponível em: http://elartedesanarte.es/category/ayurveda/
Imagem disponível em:
https://www.google.pt/search?q=acupuntura&rlz=1C1AVNA_enPT609PT609&espv=2&biw=1440&bih=775&source=lnm
s&tbm=isch&sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIqeCxlvuPyAIVAcYaCh2hGAYE#tbm=isch&q=terapia+da+polaridade&img
rc=rqFh8N9oV79GhM%3A
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pulsação universal de expansão/contração, ou repulsão/atração, que as terapias orientais referem como yin e
yang.
Quando esse movimento sofre um bloqueio ou perturbação ficamos
vulneráveis; como tal, deve restabelecer-se o movimento da energia vital,
para não adoecermos.
Como funciona
A terapia da polaridade parte da premissa de que o corpo é governado
pelos polos positivo e negativo, um pouco à semelhança do que acontece com
os opostos yin e yang na filosofia chinesa. O fluxo energético,
eletromagnético, é comandado por cinco centros, os chakras. A fonte de
energia (que lhe dá origem e a recebe) situa-se no, cérebro e o fluxo ocorre
em três correntes: negativa, positiva e neutra, designadas gunas. As espirais
de gunas positivas e negativas descem (em hélice) de cada lado da coluna e,
quando se cruzam, formam uma roda de energia, um chakra. A corrente
neutra flui pela coluna, subindo e descendo, ligando os chakras. Cada um
deles governa a energia necessária a essa parte do corpo, mas também é
responsável pelas emoções.
As qualidades da energia em cada chakra e as zonas do corpo que lhe
correspondem são governadas pelos cinco elementos: éter; ar; fogo; água; e
terra. Éter dirige o chakra da garganta; ar, o do coração; fogo, o do plexo solar; água e terra, o da pélvis.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Trata-se de um tratamento seguro para todos, desde que seja orientado por um terapeuta qualificado.
TERAPÊUTICAS MANIPULATIVAS
As terapêuticas manipulativas visam obter respostas sensoriais através do toque. A manipulação de
tecidos e estruturas ósseas permite avaliar as suas condições de funcionalidade, corrigindo-as quando
necessário e melhorando-as.
OSTEOPATIA
O sistema foi criado, em 1874, por Andrew
Taylor Still. Este cirurgião, também formado em
engenharia, comparava o corpo a uma máquina.
No séc. XIX, os tratamentos médicos eram
violentos (as cirurgias realizavam-se sem anestesia,
por exemplo) e três dos filhos de Andrew Taylor
Still (1828-1917) morreram com meningite viral,
realidades que o levaram a procurar uma
Imagem disponível em:
http://www.portaljericoacoara.com.br/jericoaco
ara_jornal/jornal3/jericoacoara-paraiso.htm
Imagem disponível em: http://www.sevenfisioterapia.com.br/entendendo-a-osteopatia/
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alternativa à medicina ortodoxa.
A sua religiosidade (o pai era pregador e médico autodidata) e a formação em engenharia faziam com que
considerasse o corpo humano enquanto uma peça de design perfeito. Assim, achou que a doença resultava de
tensão excessiva, capaz de condicionar disfunções mecânicas no corpo.
A sua convicção de que "a estrutura influencia a função" manteve-se um dos princípios básicos da
osteopatia atual. Still argumentou que a tensão muscular - provocada por lesões, postura incorreta ou
emoções negativas - e o desalinhamento dos ossos provocavam esforço suplementar em todo o corpo.
Alinhamento da coluna é primordial
Ajustando a estrutura óssea eliminava-se a tensão e todos os sistemas podiam funcionar regularmente,
enquanto o corpo se curava a si próprio.
A estrutura mais importante nesta tese é a coluna dorsal,
porque protege a medula espinal, que liga o sistema nervoso
central ao cérebro. O sistema nervoso central controla todos
os movimentos do corpo, voluntários e involuntários, e
regista todas as nossas sensações.
Quando o médico começou a aplicar as novas técnicas nos
doentes, denominou-as "osteopatia", ou seja, doença dos
ossos. Apesar de obter resultados melhores do que com a
medicina ortodoxa, foi acusado por um padre de ter um
pacto com o Diabo. Obrigado a mudar-se, abriu a primeira
escola de osteopatia em 1892, em Kirksville, no Missouri.
Em que consiste
Esta terapia manipulativa trabalha em especial sobre a estrutura do corpo (mais concretamente: esqueleto,
músculos, ligamentos e tecido conjuntivo), aliviando a dor, melhorando a mobilidade e restabelecendo a
saúde.
Uma vez que o nosso corpo funciona através da interação entre estrutura óssea, órgãos, funções, sistemas,
cérebro e emoções interdependentes, qualquer problema que afete a primeira perturba a estabilidade do
conjunto e provoca instabilidade. De igual modo, disfunções internas podem refletir-se na estrutura do corpo,
pois esta adapta-se para as compensar.
A osteopatia tem como objectivo, sobretudo,
aliviar a tensão muscular, de modo a que os músculos
funcionem bem, utilizando pouca energia (o dispêndio
de energia é maior quando estão contraídos).
Digamos que é uma questão "mecânica".
No fundo, é esse stresse mecânico ou psicológico
que provoca contração muscular, causando um
desgaste inútil de energia, fragilizando os músculos,
que se tornam menos elásticos, e impedindo a
circulação de sangue e linfa.
Relaxamento melhora circulação
Imagem disponível em: http://www.estesl.ipl.pt/noticias/pos-graduacao-
em-terapia-manipulativa-e-osteopatia
Imagem disponível em: http://spainforum.me/thread/osteopata.html
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Pelo contrário, a manipulação muscular liberta esses fluxos, de modo a que o sangue transporte o oxigénio
e os nutrientes necessários e as toxinas sejam eliminadas, repondo-se o equilíbrio.
Dado que o diafragma e as costelas estão rodeados por músculos, a terapia melhora, por exemplo,
dificuldades respiratórias, assim como exerce um efeito muito positivo sobre o sistema nervoso. Este integra o
cérebro, a espinal medula e milhões de células
nervosas que registam tudo o que sentimos e
condicionam as glândulas produtoras de hormonas,
além de regularem a respiração e a circulação
sanguínea. São os recetores nervosos que informam o
cérebro, permitindo que comande todos os sistemas,
órgãos, glândulas e músculos.
Como funciona
Tal como acontece noutras técnicas, o
osteopata diagnostica e trata diversos problemas
físicos e emocionais, recorrendo a técnicas que não provocam dor (embora algumas possam ser mais enér-
gicas, como as ações de alavanca curta).
Quem pode submeter-se à terapêutica
As pessoas que têm fraturas ou cancro nos ossos, artrite reumatoide, osteoporose ou qualquer problema
que fragilize a estrutura óssea não podem recorrer à osteopatia. Quem sofre de problemas originados por
pressões graves na medula espinal também não deve optar por esta terapia. Todas as outras podem receber
tratamento adaptado à sua condição física e respetivo problema, mas é imprescindível escolher um osteopata
devidamente qualificado.
QUIROPRÁTICA
Autodidacta brilhante, Palmer fundou a quiroprática no final do séc. XIX, curando um problema de
surdez decorrente do desalinhamento da coluna.
O reajustamento estrutural era já realizado por civilizações muito antigas como, por exemplo, a grega, a
tibetana, a tailandesa, a indiana e a chinesa. O próprio
Hipócrates, o "pai" da medicina, considerava conhecimento da
coluna dorsal como um pré-requisito para compreender e
tratar numerosas doenças e outros desequilíbrios.
Porém, foi em 1895, nos Estados Unidos, que o canadiano
Daniel David Palmer fundou a quiroprática que hoje
conhecemos.
Palmer adquiriu conhecimentos académicos invulgares para
a época, estudando tratados de medicina, ciência, anatomia e
fisiologia. Curou Harvey Lillard, porteiro do prédio onde
trabalhava, que padecia de um problema de surdez. Este
perdera a audição 17 anos antes, após ter sentido um estalido
Imagem disponível em: http://www.drjoaosilva.com/osteopatia.html
Imagem disponível em:
http://www.facafisioterapia.net/2007_08_01_archive.html
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nas costas. Palmer analisou e localizou a causa do problema numa vértebra e tratou-a com um ajustamento
específico. A quiroprática nasceu desse processo e é, hoje em dia, a terceira profissão de cuidados de saúde
primários no Mundo, depois da alopatia e da medicina dentária.
Em que consiste
A quiroprática reequilibra o sistema
neuro-musculo-esquelético do corpo.
Após o diagnóstico quiroprático, recorre-
se a esta metodologia específica para
restaurar o equilíbrio neurológico, o que
permite recuperar a funcionalidade do
sistema nervoso.
O objetivo não consiste em tratar
sintomas ou doenças, mas melhorar o
estado de saúde e vitalidade, tendo particular atenção à estrutura natural da coluna vertebral. Consistindo
num encadeamento de ossos articulados, esta estrutura tem um papel muito importante para o bom
funcionamento do sistema nervoso - que, por seu lado, coordena e controla todos os outros sistemas do nosso
organismo. Na verdade, circunda e protege a espinal medula, o que é fundamental para a proteção do sistema
nervoso e serve de apoio a um grande número de músculos.
Assim, qualquer lesão, doença ou disfunção estrutural na coluna pode ter consequências na saúde do resto
do corpo.
Reajustando a coluna e reequilibrando o sistema nervoso, o
quiroprata consegue que o corpo se torne mais saudável e
muitos problemas específicos de origem estrutural ou orgânica
(como dificuldades respiratórias e enxaquecas, entre outros)
melhorem drasticamente.
Como funciona
O ensino quiroprática é feito quer em universidades quer
em institutos credenciados pelo Chiropractic Council on
Chiropractic Education. Concretamente, o quiroprata concentra-
se na localização e correcção de disfunções neuro-espinhais ou subluxações vertebrais, promovendo
reajustamentos específicos que podem contar com o auxílio da análise de exames neurológicos e laboratoriais.
Estes especialistas também recorrem à
eletromiografia e à imagiologia – raio-X, TAC e
ressonância magnética – como meios de
diagnóstico para obterem informações relativas às
lesões e patologias na coluna vertebral e outras
áreas que possam ser tratadas através da
quiroprática. Após o diagnóstico, para o qual
contribuem ainda a palpação, a análise
biomecânica e a análise quiroprática, o tratamento
é adaptado a cada caso, graças às técnicas
científicas de intervenção (cerca de 200).
Imagem disponível em: http://saudenocorpo.com/o-que-e-a-quiropratica/
Imagem disponível em:
http://www.quiropraticanv.com/site/index.php?option=com_content&
view=article&id=439&Itemid=213
Imagem disponível em: http://www.saudecoluna.com/home/.213
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Técnicas quiropráticas
As metodologias baseiam-se no reajustamento do sistema nervoso, otimizando o tónus e a função
neurológica e são realizadas de um modo específico, para obter um fim predeterminado: eliminar a
subluxação (interferência nervosa).
Quem pode submeter-se à terapêutica.
A quiroprática é segura para. É primordial escolher um terapeuta qualificado, que adaptará o tratamento
às necessidades particulares do paciente.
MASSAGEM
O ginasta sueco Per Henrik Ling (1776-1839)
fundou a massagem sueca no séc. XIX, originando
a maioria dos métodos modernos.
Conhecida desde sempre como terapia cor-
retiva, a massagem deu os primeiros passos há
5000 mil anos. Porém, foi com Ling, depois deste
visitar a China no século XIX, que a massagem
moderna ganhou reconhecimento.
Em que consiste
A pele é maior órgão do nosso corpo e aquele que nos mantém em contacto com o Mundo. Funciona
simultaneamente como barreira, protegendo-nos do exterior e como contacto entre as nossas componentes
físicas e psicológicas.
Como uma das necessidades mais instintivas dos indivíduos é tocar e ser tocado, facilmente se compreende
que a massagem terapêutica ajuda a libertar o stress, a relaxar e a restabelecer o equilíbrio corporal. Através
deste reequilíbrio obtemos benefícios físicos e emocionais.
Na verdade, desde que nascemos, mesmo prematuramente, até atingirmos idades avançadas, podemos
sempre beneficiar com este agradável contacto físico, capaz de estimular o nosso desenvolvimento,
proporcionar bem-estar e segurança e conseguir estabilidade.
Por tudo isto, a prática já era muito popular entre gregos e
romanos e desempenhou um papel importante no âmbito
dos cuidados de saúde, até que, na Idade Média, a Igreja
Católica a catalogou como "pecado", revelando o seu
ceticismo.
Em pleno séc. XIX, o ginasta Per Henrik Ling cria a
massagem sueca, que originou uma multiplicidade de
métodos. A massagem tornou-se um recurso apreciado
consultórios, hospitais, centros de estética e clubes
desportivos. É perfeita para atenuar o stresse e muito eficaz
na área dos cuidados a doentes diversos, prematuros, bebés e desportistas, entre outros casos particulares.
Imagem disponível em: http://www.noivas.net/2012/03/26/servico-de-massagens-para-
pes-no-fim-da-festa/espaco-zen/
Imagem disponível em:
http://spajao.com/tramentos_corporais/massagens-manuais/
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O terapeuta usa as mãos para detetar e libertar tensão muscular, atenuar rigidez nas articulações e
estimular a circulação sanguínea, garantindo uma
drenagem linfática eficaz – o que torna a pele mais
firme e brilhante.
Basicamente, a arte do "toque" tem capacidades
curativas, podendo restituir equilíbrio à saúde. É
por esta razão que a massagem é fulcral em outras
terapias, como a fisioterapia, a medicina tradicional
chinesa ou a medicina ayurvédica.
Como funciona
Existem vários géneros de massagem (enquanto
umas se fazem através de pressões em pontos,
como o shiatsu, outras tratam de situações concretas, por exemplo, nos casos de lesões desportivas ou
drenagem linfática), mas as técnicas básicas revelaram ser eficazes na promoção da saúde. Os processos
básicos de deslizamento superficial e profundo, fricção, "amassamento", compressão e percussão são
estimulantes de duas maneiras: devido à ação mecânica e à reflexa.
A primeira resulta de pressionar, alisar e comprimir os tecidos e, em função da utilização das técnicas, pode
ser relaxante ou estimulante. Relaxar músculos tensos permite que a circulação sanguínea se realize mais
facilmente, visto que os vasos sanguíneos deixaram de estar comprimidos, não sobrecarregando veias e
artérias. Permite também que as raízes do sistema nervoso periférico não sofram tanta tensão.
o processo estimula o sistema linfático, fazendo com que as células obtenham o alimento necessário e os
produtos tóxicos são expulsos do organismo, diminuindo a probabilidade de infeções.
A segunda a ação reflexa consiste na resposta involuntária de parte do organismo à estimulação da outra
parte.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Prematuros, bebés de termo (nestes casos, não se podem utilizar óleos essenciais, por uma questão de
segurança) e crianças podem beneficiar desta terapia suave e eficaz, para que se sintam calmos e
emocionalmente equilibrados. Exceto no primeiro trimestre de gravidez, as futuras mães também podem
submeter-se a massagens relaxantes. As pessoas doentes só podem receber tratamento de técnicos
qualificados.
REFLEXOLOGIA
A sua influência no Ocidente data do séc. XX, mas as
origens remontam não só ao Egito, à Índia e à China,
como também às tribos africanas e aos índios
americanos.
É utilizada para corrigir problemas de equilíbrio no
corpo que possam pôr em causa o bom funcionamento
do mesmo. Segundo os terapeutas especializados, é
muito mais do que uma simples massagem.
Imagem disponível em: http://massagemhomecare.com.br/massagem-relaxante/
Imagem disponível em:
http://blog.clickgratis.com.br/rosakmb/417061/reflexologia-massagem-pes-e-
maos.html
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Em que consiste
No início do séc. XX, o otorrinolaringologista William Fitzgerald interessou-se pela terapia das zonas,
segundo a qual o corpo se encontra dividido em 10
zonas verticais, da ponta dos pés à cabeça e à ponta dos
dedos.
Ao pressionar uma parte do corpo, descobriu a
possibilidade de aliviar a dor em áreas diferentes dentro
da mesma zona. Contudo, foi a fisioterapeuta Eunice
Ingham que começou a utilizar a técnica nos seus
pacientes, concluindo que se curavam mais
rapidamente. Chamou-Ihe reflexologia, criou os mapas
com as zonas reflexas dos pés e verificou que a pressão
nos pontos reflexos podia ter outros efeitos, além do
alívio da dor.
A pressão que equilibra
Trata-se de aplicar pressão em áreas e pontos reflexos nos pés (também podem ser nas mãos), de modo a
estimular o sistema de saúde do corpo. A designação "reflexologia" está relacionada com a convicção de que
os pés (ou as mãos) têm partes do corpo refletidas e com o conceito de ação reflexa. Este fenómeno ocorre
quando um músculo ou órgão é ativado pela energia de um ponto de estimulação no corpo - neste caso, nos
pés (ou mãos).
Conforme as áreas trabalhadas, o
terapeuta pode atenuar a tensão,
reduzir uma inflamação, estimular a
circulação e a eliminação de toxinas,
ajudando o sistema de cura do corpo a
equilibrar-se, devolvendo-lhe a
harmonia perdida.
Como funciona
Não se sabe exatamente explicar a
ação da terapia, embora se reconheça
que estimula as terminações nervosas
no pé. No entanto, tem sido avançada a
opinião de que opera ao longo do
sistema nervoso autónomo, através da
energia elétrica ou eletroquímica. Na
verdade, a boa saúde está relacionada
com a boa comunicação, pois o cérebro
está permanentemente a receber e a
enviar mensagens através do sistema
nervoso. Se existir um bloqueio, o
sistema de transmissão fica Imagem disponível em: http://fisioterapiacarolinagonzalez.com/en/tecnicas/reflexologia-podal/
Imagem disponível em:
http://www.saudedicas.com.br/massagens/reflexologia-o-equilibrio-atraves-dos-
pes-0311375
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comprometido.
Na região plantar de cada pé existem 70 mil terminações nervosas que, ao serem devidamente
estimuladas, enviam mensagens a todas as partes do corpo e do cérebro. Assim, a pressão nesta zona é capaz
de condicionar o funcionamento do corpo, melhorando-o. Os reflexologistas concebem o corpo dividido em 10
canais verticais - cinco do lado esquerdo e cinco do direito. Cada canal desce da cabeça às áreas reflexas nos
pés (e mãos) e do rosto às costas, sendo que todas as partes de um canal estão ligadas pelos percursos dos
nervos e encontram-se refletidas na área reflexa correspondente nos pés (e mãos).
Pressionando um ponto reflexo é possível reequilibrar a energia na área relacionada. Além disso, a energia
bloqueada numa zona pode afetar várias partes do corpo que correspondem a esse canal, originando diversas
queixas.
Imagine-se deitado de costas, com os pés juntos, e pense como a forma dos pés espelha a silhueta do
corpo. Os reflexologistas consideram que os órgãos e as zonas do corpo estão espelhadas nas áreas reflexas na
mesma posição que ocupam no organismo - cada pé correspondendo a metade do corpo.
Isto significa que os dedos estão relacionados com a cabeça e o pescoço, incluindo cérebro olhos, nariz e
dentes, e os calcanhares correspondem aos lados esquerdo e direito da área pélvica e do nervo ciático.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Esta terapia é segura para a maioria das pessoas, incluindo gestantes e crianças, mas é necessário optar por
um técnico qualificado. Se está no primeiro trimestre de gravidez ou medicada(o), deve indicá-Io ao terapeuta.
TERAPÊUTICAS NATURAIS
As terapêuticas naturais visam estimular a tendência do organismo para manter o equilíbrio e curar-se,
utilizando recursos naturais, como por exemplo, nutricionais, fitoterapêuticos, minerais ou animais.
AROMATERAPIA
Redescobertos pelo francês Gattefossé, no séc. XX, os óleos de aromaterapia eram já muito apreciados
pelos antigos gregos, romanos e egípcios.
Os óleos extraem-se de ingredientes naturais Estas
essências aromáticas (cerca de 400) são extraídas de
plantas, flores, árvores, fruta, cascas, ervas e sementes e
as suas diversas propriedades previnem ou melhoram
doenças.
Normalmente extraem-se por destilação a vapor, têm
capacidades diferenciadas e podem mesmo apresentar
efeitos secundários, o que dependerá das sensibilidades
de cada um. Basicamente são antivirais, anti-
inflamatórios, expetorantes, analgésicos, diuréticos,
calmantes ou estimulantes.
A fim de proporcionarem a máxima eficácia, devem provir de ingredientes naturais e permanecer o mais
puros possível, uma vez que os produtos sintéticos não funcionam.
Imagem disponível em: http://www.veraestilo.com/2015/09/que-es-la-
aromaterapia.html
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Como funciona
Embora um óleo combine, no mínimo, uma centena de componentes químicos e o efeito curativo resulte
da acção conjunta, cada um deles tem uma
característica dominante - daí poder ser relaxante,
estimulante ou paliativo.
Alguns, como, por exemplo, os óleos essenciais de
limão ou alfazema, adaptam-se às necessidades do
corpo naquele momento, devido às suas complexas
estruturas químicas sem qualquer tipo de toxinas.
Absorvidos através da pele ou inalados, afetam-nos
física e mentalmente e não são totalmente eliminados
pelo organismo. Alguns podem mesmo atuar como
antioxidantes celulares, sem graves efeitos
secundários.
Quando absorvidos pelos poros, influenciam a cir-
culação sanguínea e todo o organismo, até mesmo o
cérebro. A massagem, tal como o calor das mãos e a temperatura ambiente, promovem a absorção dos óleos,
em média, em 90 minutos. Um banho quente também é eficaz.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Como as essências de óleos são concentradas, não se podem aplicar diretamente na pele (podem causar
irritação e ardor), nem ingerir (embora, em alguns países, seja possível tomá-los oralmente com receita
médica). Respeitando minuciosamente as instruções e nunca excedendo a dosagem recomendada, os óleos
são seguros, mas nunca 0 faça sem procurar os conhecimentos de um terapeuta especializado nesta área.
Se está grávida, é aconselhável seguir as indicações do seu obstetra. As pessoas com alergias, eczema,
hipertensão ou epilepsia representam casos especiais, razão pela qual exigem ainda maior atenção.
Evite usar óleos essenciais em bebés ou crianças e nunca os deixe ao alcance dos mais pequenos. Em caso
de acidente, procure imediatamente ajuda médica.
HOMEOPATIA
A teoria remonta ao séc. V a. C., quando
Hipócrates utilizou o princípio dos semelhantes,
mas só foi desenvolvida, no séc. XVIII, por
Hahnemann.
Ao contrário de outras terapêuticas, a homeo-
patia ajuda o próprio corpo a autocurar-se. Sob o
lema "tratar o semelhante com o semelhante",
esta especialidade aposta no poder de
revitalização do organismo.
Imagem disponível em: http://armeniaquindio.webnode.es/destinos-y-peajes/
Imagem disponível em: http://similia.com.br/homeopatiaesaude/2014/11/
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Em que consiste
Hipócrates estava convicto de que o processo de diagnóstico e tratamento dependia da compreensão dos
sintomas de cada indivíduo, do modo como aquele
reagia à doença e da sua capacidade de cura.
O princípio de cura com os semelhantes surge e
desenvolve-se definitivamente no séc. XVIII, devido
ao trabalho do médico e químico Samuel Hahnemann
(1755-1843), e a homeopatia conheceu novos
desenvolvimentos.
Hahnemann não concordava com a falta de
higiene vigente na prática clínica, os tratamentos
agressivos e os medicamentos muito fortes, que
produziam efeitos secundários significativos e deixou
a medicina para ser tradutor.
A tradução de uma obra do médico escocês William Cullen levou-o a descobrir algo relevante. Cullen
considerou o quinino eficaz para tratar a malária, devido às suas propriedades adstringentes.
Hahnemann sabia que o medicamento era útil para tratar a doença, mas duvidava que isso resultasse dos
efeitos adstringentes da substância. Durante uns dias, tomou uma dose do remédio e anotou as suas reações.
Correspondiam aos sintomas de malária, embora ele não estivesse doente. As reações desapareciam quando
não o tomava e reapareciam sob o seu efeito. Para verificar se o medicamento tinha propriedades que
desencadeavam sintomas de malária realizou testes e "ensaios" em voluntários saudáveis e registou as
reações individuais.
Depois usou outros remédios populares, como o arsénico, em idênticos "ensaios". Tal como
Hipócrates, verificou que a intensidade dos sintomas e processos de cura dependiam de cada indivíduo. Os
indícios comuns à maioria das pessoas envolvidas nos testes foram chamados "sintomas de primeira linha". A
partir destes testes, criou um "quadro do medicamento" para cada substância experimentada e descreveu-o
na matéria médica. Só depois prescrevia o tratamento. Identificar o remédio eficaz dependia de conseguir
reunir a maior quantidade de informação sobre cada doente e comparar com os remédios descritos na
matéria médica.
Dois mil remédios homeopáticos
A homeopatia concebe o corpo como uma totalidade, é
preventiva e ajuda o organismo a curar-se a si mesmo, em caso
de doenças agudas" ou problemas crónicos. O termo
homeopatia deriva do grego homios e pathos que significam,
respetivamente, semelhante e sofrimento. Em termos de
filosofia de método, esta especialidade afasta-se da chamada
medicina convencional.
O médico convencional trata uma patologia com um antídoto;
por sua vez, o homeopata acredita que uma substância que
provoca sintomas de doença numa pessoa saudável pode curar
queixas idênticas resultantes de doença. As substâncias
homeopáticas, em doses diminutas, são indicadas para o
indivíduo, de acordo com o modo como reage ao problema e à dor - e não somente à doença.
Imagem disponível em: http://www.suplementosbrasil.org/saude/homeopatia/
Imagem disponível em:
https://revolucaodosindigos.wordpress.com/2011/02/23/homeopatia
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Existem mais de 2000 medicamentos (são designados por uma abreviatura do nome de cada um), mas
também são prescritos sais bioquímicos. Estes ingredientes, preparados homeopaticamente, foram
introduzidos pelo médico alemão Wilhelm Schussler, no final do séc. XIX. Schussler considerou que muitas
patologias eram originadas por uma deficiência em qualquer um ou vários dos 12 minerais vitais. Desse modo,
bastaria compensar o mineral em falta, através de uma dose mínima de sal bioquímico, para corrigir o
problema.
Não ocorrem efeitos secundários
Os sais bioquímicos são elaborados a partir de minerais e os
remédios homeopáticos têm origem animal, vegetal e mineral - mas
as substâncias, mesmo quando são tóxicas, estão tão diluídas que
nunca provocam efeitos secundários.
Os extratos do ingrediente natural são macerados num excipiente
- álcool - permanecendo assim durante um período de duas a quatro
semanas. Nessa fase podem agitar-se de vez em quando e, depois,
são filtrados. Esta solução chama-se tintura-mãe e serve para a
preparação das chamadas diluições dinamizadas (agitadas).
As potenciações (diluições) de um para 10 são designadas pelo
número romano X ou D (escala decimal); de um para 100 são
designadas por CH (escala centesimal Hahnemanniana); e de um
para 50 mil identificam-se por LM. Também existe a diluição
Karsokoviana, designada por K.
Quem pode submeter-se à terapêutica
Como estes remédios são muito diluídos, não apresentam riscos para ninguém, incluindo crianças,
gestantes e idosos. No entanto, devem respeitar-se sempre integralmente as indicações e o tempo de
tratamento.
FITOTETAPIA OCIDENTAL
Usar plantas para curar é um costume ancestral e
universal, que forneceu fundamentos para diversos tipos
de medicinas.
A Natureza sempre foi o fornecedor por excelência da
medicina e das mais diversas terapêuticas. A fitoterapia
ocidental terá nascido desse facto, em conjunto com a
evolução do Homem enquanto espécie.
Em que consiste
Após a primeira metade do séc. XX, a maioria das drogas
Imagem disponível em:
https://revolucaodosindigos.wordpress.com/2011/02/23/homeo
patia/
Imagem disponível em: http://www.ervital.pt//
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convencionais derivavam de plantas. A planta com efeito anti-inflamatório mais popular, a casca de salgueiro,
foi reproduzida quimicamente, e da dedaleira
extraiu-se um componente ativo regulador do
ritmo cardíaco. Esteroides e anfetaminas
(respetivamente, hormonas e estimulantes)
também tiveram origem em plantas.
Contudo, do ponto de vista
fitoterapêutico, utilizá-las enquanto armas contra
doenças desvaloriza as suas potencialidades e
priva-nos de um verdadeiro sistema de cura.
Sendo as plantas constituídas por complexos
químicos interdependentes, funcionam melhor
quando se utilizam as substâncias ativas comple-
tas e no seu estado natural, o mais puro possível.
Além disso, também produzem melhores resultados quando são indicadas para um indivíduo e não para
determinada doença.
O objetivo da fitoterapia consiste em utilizar as propriedades medicinais das plantas, flores, ervas e árvores
para estimular ou restabelecer a energia curativa do organismo, mantendo-o equilibrado e o mais são possível.
Os fitoterapeutas defendem que todas as pessoas possuem uma "força vital" que age permanentemente
para manter a saúde física e emocional. Quando algo (tensão, poluição ambiental ou alimentação
desadequada) afeta essa energia, podemos ficar doentes, sendo os sintomas considerados uma reação
positiva.
Os remédios produzidos a partir de plantas têm
o objetivo de ajudar a desintoxicar o organismo, a
reforçar 0 sistema imunitário e a manter a homeos-
tase (o estado de equilíbrio).
Como funciona
Sabemos que as plantas contêm vitaminas,
minerais, hidratos de carbono e outros elementos,
além de agentes curativos - entre os quais taninos,
óleos voláteis, mucilagem, saponinas e alcalóides.
Estas e outras substâncias ajudam o corpo a
combater infeções, a relaxar a tensão muscular, a
melhorar a circulação e a diminuir a inflamação.
Ainda assim, não podemos esquecer que uma planta é mais do que a soma dos seus componentes: 0 seu
princípio ativo será mais eficaz (e sem resultados prejudiciais) em conjunto com as substâncias coadjuvantes -
produzindo um efeito de sinergia.
Quem pode submeter-se à terapêutica Apesar de serem eficazes e mais seguros do que os produtos farmacêuticos, é incorreto pensar que
"natural" significa inofensivo. Como tal, todos os remédios devem ser prescritos por fitoterapeutas
credenciados e tomados nas doses recomendadas, durante o tempo indicado e segundo o modo aconselhado
e nunca o contrário.
Imagem disponível em: http://www.fitoaula.com/node/188
Imagem disponível em: http://oportoaminhaescala.blogspot.pt/2012/06/ervanaria-
erva-viva.html
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Se está grávida ou planeia engravidar, não pode tomar quaisquer remédios de plantas sem indicação do
obstetra e não pode dá-los aos seus filhos crianças e bebés - sem que o pediatra o recomende. Nunca se
esqueça disso.
Por outro lado, pode ser contraproducente ingerir estes produtos ao mesmo tempo que pratica medicação
convencional. Como tal, informe-se junto do seu médico e do fitoterapeuta e siga as indicações que receber de
ambos.
NATUROPATIA
Esta terapêutica é multidisciplinar e adota muitos aspetos naturais, preconizando uma existência
harmoniosa com o meio ambiente.
Termo muito genérico, a naturopatia é uma terapêutica que engloba um conjunto de terapias da chamada
medicina natural, baseado no facto
de o corpo humano possuir uma
capacidade inata de cura.
Em que consiste
Os naturopatas defendem que
apenas a Natureza cura e
respeitam o exemplo de
Hipócrates, considerado o "pai" da
Medicina e da naturopatia, pois o
seu sistema de saúde integrou
dieta, jejum, hidroterapia, exercício
e técnicas manipulativas.
Praticar uma alimentação saudável, usufruir dos benefícios da água, fazer exercício e relaxar constituem as
bases da naturopatia.
Estes foram os pontos de vista dos pioneiros Vincent Preissnitz e Kneipp, divulgados, no início do séc. XX,
por Benedict Lust e Henry Lindlhar, que emigraram da Alemanha para os Estados Unidos.
Contudo, esta conceção, que preconizava uma vida mais natural, só começou a ser reconhecida nas
décadas de 70 e 80, anos após o empenho de médicos como Lindlhar, Stanley Lief e Alfred Vogel.
A naturopatia tem por objetivo usufruir dos recursos naturais, de modo a ajudar o organismo a curar-se a si
mesmo e fundamenta-se nos seguintes princípios:
- O corpo possui capacidade de cura, uma força vital. Assim, o tratamento não se realiza no sentido de
atenuar sintomas, mas de apoiar essa força vital. É deste modo que retomamos o estado de homeostase, de
harmonia, próximo da saúde perfeita. De acordo com a naturopatia, ter saúde não significa apenas a ausência
de patologias, mas implica que cada um se sinta perfeitamente bem, tanto física como emocionalmente.
- A doença é um fenómeno natural, podendo ser originada por dieta desadequada, eliminação deficiente
de toxinas, lesões, poluição, falta de exercício, problemas genéticos, emoções negativas e drogas. O
naturopata vai identificar a causa do desequilíbrio e ajudar a força vital a eliminá-la.
- Os sintomas indicam que o corpo está a combater a doença, pelo que não devem ser suprimidos em
pessoas saudáveis. As patologias agudas, como a gripe e a constipação, são consideradas normais. Quando o
organismo reage, ultrapassando esses problemas, o risco de complicações posteriores, como bronquite ou
artrite, é sempre menor.
Imagem disponível em: http://thubancorporacion.com/naturopatia/
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O tratamento deve ser holístico e natural, pois fortalece o poder curativo do organismo. Água, alimentação
equilibrada e um estilo de vida natural, a par de exercício físico e relaxamento fazem parte da terapia.
- Estes terapeutas consideram três aspetos da
saúde, partindo do princípio que depende do
equilíbrio da estrutura do corpo, da bioquímica e das
emoções. Uma boa postura salvaguarda a primeira,
protegendo o sistema nervoso e os órgãos internos. A
harmonia bioquímica diz respeito aos efeitos da
nutrição: quando desequilibrada, pode ser insuficiente
ou tóxica, condicionando o sistema curativo. Quanto
ao aspeto emocional, tem a capacidade de afetar a
estabilidade psicológica e a parte física.
Por último, à semelhança do que acontece na
homeopatia, também defendem que as doenças
ocorrem de dentro para fora e de cima para baixo,
com os sintomas a desaparecer na ordem inversa à do
seu aparecimento (Iei da cura).
Quem pode submeter-se à terapêutica
Exercida por um terapeuta qualificado e responsável, a naturopatia é adequada para todas as idades. Os
mais velhos podem beneficiar com uma alimentação melhorada e, nos mais novos, é mais simples restabelecer
0 equilíbrio.
Retirado e adaptado de: Paulo, Alice et al. Terapêuticas não convencionais. (2008) Sintra: Impala
Editores, S.A.
Imagem disponível em: http://terapeutahelena-p.webnode.pt/naturopatia/