AquisiçãO De LíNguas E O Proeja Uma Tentativa De DiáLogo

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Aquisição de Línguas e o Proeja: uma tentativa de diálogo entre o Documento Base e a LA Liberato Santos Professor de Inglês e Português IFG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Campus Uruaçu, GO

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Apresentação III Enple em Brasília 2009.

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Aquisição de Línguas e o Proeja: uma tentativa de diálogo entre o

Documento Base e a LALiberato Santos

Professor de Inglês e Português

IFG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Campus Uruaçu, GO

Definições SETEC/MEC: Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.

PROEJA: Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Documento Base: texto que orienta conceitualmente o ensino para os programas EJA e PROEJA.

LA: Linguística Aplicada

O Desafio à LA

Que direcionamentos a LA pode propor para o ensino de línguas estrangeiras no contexto do ensino de jovens e adultos (EJA & PROEJA)?

Objetivos deste Estudo 1) Promover um diálogo entre as teorias de Aquisição de Línguas Estrangeiras e as de Ensino de Jovens e Adultos;

2) Identificar semelhanças, complementaridades e diferenças teóricas sobre as quais possa ser construída uma proposta de ensino-aprendizagem de línguas que responda às necessidades do projeto político-pedagógico do PROEJA.

Um olhar sobre o Documento Base

Em seu prefácio, o documento base sobre o PROEJA faz um convite à “construção de uma nova sociedade fundada na igualdade política, econômica e social; em um projeto de nação que vise uma escola vinculada ao mundo do trabalho numa perspectiva radicalmente democrática e de justiça social” (Brasil, 2007, p. 6).

Do Documento Base para a Sala de Aula: a experiência do Cefet-RN

Moura e Henrique (2007) defendem que a educação básica de jovens e adultos deve estar atrelada a “políticas públicas perenes” que “devem pautar o desenvolvimento de ações baseadas em princípios epistemológicos que resultem em um corpo teórico bem estabelecido e que respeite as dimensões sociais, econômicas, culturais, cognitivas e afetivas do jovem e do adulto em situação de aprendizagem escolar.”

Do Documento Base para a Sala de Aula: a experiência do Cefet-RN Além disso, é preciso “considerar as

especificidades e diversidades desse público, entre as quais podem-se citar a faixa etária, os diversos níveis de maturidade intelectual, de experiência de vida e de domínio no uso dos recursos linguísticos”, pensando-se em “como aprende o adulto quando se encontra em situação escolar”. (Moura e Henrique, 2007:25). (grifos nossos)

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

De acordo com Brown (2007), a aproximação entre culturas - a nativa e a da língua estrangeira - coloca o aprendiz diante de desafios sócio-culturais que refletirão nos aspectos afetivo, cognitivo, político-ideológico e educacional que envolvem o aluno e seu contexto de aprendizagem.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

Apesar de sermos um país multicultural e multilíngue, o binômio “diversidade cultural & diversidade linguística” ainda não é bem compreendido entre nós.

A situação agrava-se quando nos propomos a sistematizar processos de ensino-aprendizagem de línguas.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

O Brasil foi, desde sua origem, e continua sendo um país multilíngue, mas que se declara monolíngue e revela, com essa postura, sua dificuldade em reconhecer e promover o multilinguismo em seu território.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

Não estamos aqui tratando da defesa de uma língua A ou língua B, ou de uma de suas variantes, mas da necessidade de nos reconhecermos herdeiros de várias culturas e várias línguas e de valorizarmos isso como um traço marcante e definidor do que é ser brasileiro.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

É claro que, em algum momento, a questão que estamos aqui discutindo sobre a formação educacional pensada em relação ao mundo do trabalho e suas tecnologias no contexto do ensino técnico e tecnológico e sua capacidade de dialogar com o princípio da formação integral do educando irá selecionar as línguas que melhor atenderão às necessidades educacionais de nossos aprendizes.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

“Uma língua é parte de uma cultura, e uma cultura é parte de uma língua; as duas estão entrelaçadas de forma que uma não pode separar-se da outra sem a perda de significados da língua ou da cultura. A aquisição de uma segunda língua, com exceção da aquisição especializada e instrumental (como no caso em que se adquire conhecimentos de leitura de uma língua para examinar textos científicos), é também aquisição de uma segunda cultura.” (Brown, 2007: 189-190).

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

É preciso dizer desde já que a intenção ao se ensinar línguas estrangeiras para os alunos do PROEJA – ou para alunos de qualquer outra modalidade de ensino - não é convertê-los para os valores e modos de pensar da língua e cultura estrangeiras.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

A nova língua e a nova cultura devem ser adquiridas/aprendidas de forma a somarem-se à língua e cultura nativas – e não para as substituírem –, contribuindo assim para formar um cidadão consciente e orgulhoso de sua identidade, origens e valores, mas com capacidade para lidar com o fato de que compartilhamos o planeta com centenas de outras culturas e línguas que merecem ser reconhecidas e apreciadas, assim como a nossa.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

Distância Social: conceito que refere-se à proximidade cognitiva e afetiva de duas culturas que entram em contato a partir da experiência do indivíduo aprendiz.

Perguntas Identificadoras dessa Distância:

1) “Em relação ao grupo social da língua-alvo, o grupo social do aprendiz é dominante, não-dominante ou subordinado?”

2) Em que contexto? Político? Cultural? Tecnológico? Econômico?

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

Essas questões apontam para discussões extra linguísticas que envolvem, entre outros fatores:

- A autopercepção do aprendiz;

- A auto-estima do aprendiz e de seu grupo social;

- O grau de criticidade versus o grau de alenação.

Todos assuntos importantíssimos para um debate dentro de uma proposta de educação integral e integradora.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

As políticas linguísticas são um assunto que vem à tona com mais força nessa época de reorganização econômica, social, cultural e linguística que estamos atravessando.

Brown (2007) aponta que praticamente todos os países têm hoje alguma forma explícita e formal, ou implícita e não oficial de orientação política sobre a própria língua e sobre as línguas estrangeiras oficialmente ensinadas.

Com a palavra, a LA: as dimensões socioculturais do aprendiz

A política - em todos as acepções do termo - e os interesses de grupos, geralmente grupos econômicos, geram leituras e discussões que extrapolam a sala de aula de línguas e podem ser realizadas inter e transdisciplinarmente na escola, objetivando levar o aluno a compreender de forma crítica o que está envolvido na escolha das línguas estrangeiras ensinadas nas escolas do país.

Debate aberto na sala de aula: Língua franca tem nacionalidade?

- O inglês falado na Índia, Canadá e Nova Zelândia tem menos valor que o inglês falado na Inglaterra e nos EUA?

- A “conquista” de um sotaque nativo ainda é algo valorizado no mundo globalizado?

- Falamos inglês ou falamos ingleses?

- Cultura Indiana & Língua Inglesa: como assim?

- Aprender língua estrangeira aliena?

Referências• Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica. PROEJA: programa nacional de integração da educação profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos: Formação inicial e continuada/Ensino Fundamental. Documento base. Brasília, agosto 2007.

•  • BROWN, H. Douglas. Principles of language learning and teaching. 5.ed.

Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall Regents, 2007.•  • MOURA, Dante Henrique e HENRIQUE, Ana Lúcia Sarmento. História do

PROEJA: entre desafios e possibilidades. In: SILVA, Amélia Cristina Reis e BARACHO, Maria das Graças. (orgs.). Formação de educadores para o PROEJA: intervir para integrar. Natal-RN: Editora do Cefet-RN, 2007.

•  • SILVA, Amélia Cristina Reis e BARACHO, Maria das Graças. (orgs.).

Formação de educadores para o PROEJA: intervir para integrar. Natal-RN: Editora do Cefet-RN, 2007.