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1 Revista Betel D eus glorifica-Se a Si mesmo quando Se re- vela. Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua graça, segundo a qual Ele atua para nós. Cristo é a medida dessa graça. Assim, a nossa posição é feita e estabelecida segundo os planos de Deus e pela eficácia da Sua obra realizada em Cristo. Por isso, Deus Pai, nos torna capazes de sermos interessados nos Seus planos quanto ao Seu desígnio de glória para o Seu Filho. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do gran- de amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assen- tar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos sé- culos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Efésios 2:4-7. Esta é mais uma edição, uma pequena contribuição dos filhos de Deus, que têm como objetivo conhecer o Senhor Jesus Cristo e fazê-Lo conhecido. Humberto X. Rodrigues Apresentação

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1Revista Betel

Deus glorifica-Se a Si mesmo quando Se re-vela. Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua graça, segundo a qual Ele atua para nós. Cristo é a medida dessa graça. Assim, a

nossa posição é feita e estabelecida segundo os planos de Deus e pela eficácia da Sua obra realizada em Cristo. Por isso, Deus Pai, nos torna capazes de sermos interessados nos Seus planos quanto ao Seu desígnio de glória para o Seu Filho.

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do gran-de amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assen-tar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos sé-culos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Efésios 2:4-7.

Esta é mais uma edição, uma pequena contribuição dos filhos de Deus, que têm como objetivo conhecer o Senhor Jesus Cristo e fazê-Lo conhecido.

Humberto X. Rodrigues

Apresentação

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2 Revista Betel

Apresentação, 1

Estudo BíBlico A Corrupção Universal, Salmo 14, 3 Humberto X. Rodrigues

Crescendo no Espírito, 8 Mauricio Torres

Igreja: Lugar do Perdão e da Festa, 12 Oswaldo Luiz Gomes Jacob

O Pecado dos Pecados VI, 15 Glenio F. Paranaguá

RiquEza da GRaça Deus é Amor, 20 Dave Hunt

O Poder do Evangelho, 28 Phillip Melanchthon

lEGado O Chamado Divino, 32 R. K. Campbell

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado, 35 Jonathan Edwards

tEstEmunho Desde Betânia, 44 Watchman Nee

Associação Betel, 47

Sumário

“Cristo é tudo em todos” • Ano 6 • Nº 1 • Inverno 2010

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3Revista Betel Estudo BíBlico

A Corrupção Universal, Salmo 14

Humberto X. Rodrigues

A estrutura deste salmo é simples. Dos versículos 1 ao 3, temos o quadro da corrupção do ho-

mem. Nos versículos 4 e 6, vemos a revelação da justiça de Deus. Na pri-meira estrutura, temos a pintura da queda do homem. As duas palavras “corrompido” e “abomináveis” descre-vem perfeitamente o estado em que se encontra a raça humana. Somos convencidos pela palavra de Deus que somos o que somos por um só ato de desobediência cometido pelos

nossos primeiros pais. Fomos cor-rompidos e nos tornamos abominá-veis desde o ventre materno.

O Senhor mesmo disse o que era o homem: E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Gênesis 6:5. Tal é a condição de todo homem perante Deus: “Só má” e “má continuamen-te”. Isto significa que “somos”, por essência ou por natureza, filhos da desobediência. Nós não somos peca-

Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-

se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não

há ninguém que faça o bem. Salmo 14.

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dores porque pecamos, pecamos porque somos pecadores. “Disse o néscio ou o (louco) no seu coração: Não há Deus”. Há uma coisa que se pode dizer de todo aquele que diz que não há Deus – é louco!

O apóstolo Paulo amplia e repro-duz, não em palavras exatas do salmo 14, neste texto da carta aos crentes de Roma: Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há nin-guém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extravia-ram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam en-ganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e mi-séria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.Romanos 3:10-18.

Esta é a revelação mais completa e conclusiva da condição do homem a ser encontrada em toda a literatura. Ela condena a pecaminosidade do homem, lançando alicerces seguros para a sua convicção justa, sob dois aspectos: Primeiro, o homem cor-rompeu os seus caminhos – fruto inevitável de uma natureza rebelde. Segundo, a inabilidade do homem em reconhecer e agir em função des-

ta verdade que revela a extensão de sua depravação. É um quadro tris-te, mas verdadeiro, do estado a que chegamos. Não estamos sendo “res-ponsabilizados” por qualquer trans-gressão ou pecados particulares, isto é, não somos pecadores porque pecamos, mas pelo estado a que eles nos fizeram chegar, numa herança ininterrupta desde Adão. Todos se afastaram de Deus, a fonte da vida, e, como resultado, a humanidade se tornou podre, corrupta e completa-mente inútil para Deus. Nem uma única alma faz algo que é bom, por-que “todos estão podres até o âma-go”: Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um. V 3.

“A sua garganta é um sepulcro aberto, com as suas línguas tratam enganosamente”. Este é o abismo devorador dos homens. Talvez nada demonstre a perversidade do ho-mem mais claramente que seu vil desvirtuamento da nobre faculda-de da fala. A garganta é comparada com um sepulcro aberto, o que pode sugerir ou o desejo de devorar a sua vítima escolhida, ou a poluição que é espalhada pelos maus odores da corrupção. Por outro lado a língua enganadora alcança seus desígnios maldosos através das palavras adoci-cadas da lisonja.

O horrível quadro se conclui as-

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sim: “Os seus pés... seus caminhos... não conheceram o caminho da paz”. Pés devastadores e impiedosos que esmagam e esmigalham, caminhos de destruição e gritos de miséria deixados por onde passam, e tudo isto porque não conheceram o único caminho da paz. A conclusão dessa manifestação monstruosa emana de uma “desconsideração” dos nossos primeiros pais por não crerem na pa-lavra de Deus. Somos frutos de uma só desobediência. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justi-ficação de vida. Romanos 5:18.

“Assim também”, eis a grande mu-dança, há esperança para nós, ho-mens mergulhados no caos! Deus interveio, “a graça se manifestou salvadora a todos os homens”. To-dos nós estávamos sob a condena-ção e nada podíamos fazer por nós mesmos. Portanto, se o homem que merece a punição tem de escapar da mesma, isto terá de ser através da ex-tensão da misericórdia de Deus, da extensão de Sua própria natureza, que é amor. Ali se acharam em gran-de pavor, porque Deus está na geração dos justos. Vós envergonhais o conselho dos pobres, porquanto o SENHOR é o seu refúgio. Oh, se de Sião tivera já vindo a redenção de Israel! Quando o

SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, se regozijará Jacó e se alegrará Is-rael. Vs. 5-6-7.

Quando toda a raça humana, re-presentada por Adão, estava, perante Deus, condenada, perdida, arruina-da como uma massa de miséria e de pecado, mas sem mostrar vergonha, sem derramar uma lágrima, sem dar um grito, sem proferir uma palavra de socorro, a misericórdia divina prometeu-lhe o Salvador na pessoa de um Deus encarnado que desceu à terra. Tudo era tenebroso quando essa chuva benfazeja veio sobre a ter-ra: E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia sobre ele. Número 11:9. A cegueira de espírito cobria o mundo como um espesso véu, mas o maná descia sobre ele.

Com a vinda da manhã, dissipava-se a camada de orvalho, e deixava-se ver claramente o maná. Foi assim que, tempos depois, nosso Deus se fez homem para retirar a “camada de orvalho” que se estendia sobre todos os homens. Assim como o sol dissi-pava a camada de orvalho para que se eles pudessem ver o maná, o Sol da Justiça dissipou as trevas para que pudéssemos ver o tesouro, o nosso Senhor Jesus, o único alimento de nossas almas, o nosso tudo.

O nosso Senhor Jesus era a justi-ça de Deus personificada no corpo humano. Viveu nesta terra, tão per-

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feito como Deus é perfeito; irradiou sempre puro como os raios do sol. Sua impecabilidade era exigida pela redenção. Aquele que se manifestou para resgatar as almas de seus pe-cados devia ter uma alma isenta de pecado. Os pecados dos pecadores são infinitos, a injustiça de cada alma é sem limites; contudo, aquele que se entrega aos cuidados do Salvador, que se reveste de Sua justiça, descan-sará sob a ilimitada graça e justiça de Jesus Cristo. “Por um só ato de jus-tiça veio a graça sobre todos os ho-mens”.

O custo desse ato de justiça foi “gratuito” para nós. Mas foi pago por Aquele que deu Sua vida “em resgate de muitos”. O coração do evangelho é o fato de que na cruz Deus publi-camente propôs Cristo como uma “oferta propiciatória” como o meio escolhido para satisfazer as exigên-cias da justiça divina. Isto significa que Deus em Cristo imputa Sua justiça sobre o injusto. E o momento dessa transação se deu na Cruz. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significan-do de que morte havia de morrer. João 12:32-33. O nosso Senhor Jesus Cristo, ao ser levantado da terra so-bre a cruz, nos atraiu para Si.

Levantado na cruz, entre Deus e o mundo, e levando sobre Si o pecado de todos os homens, Cristo tornou-

Se o ponto de atração para todo o homem vivente. O propósito dessa atração era para que o homem fosse restaurado à comunhão com Deus e com Jesus Cristo. Jesus tornou-se o centro de atração para todos, porque todos os homens estavam separados de Deus. A cruz é o instrumento de Deus para que, por graça, todos ve-nham a Jesus e encontrem a vida pela morte do Salvador. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem nes-te mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. João 12:24-25.

Era chegada a hora de ser glorifi-cado o Filho do homem. Ora, para tal, era necessário que o precioso grão de trigo, caindo na terra, mor-resse. Se não morresse, ele ficaria só. O Nosso Senhor enfrentou a morte, e morte de cruz. E, nesse momento, a nossa natureza espiritual, conde-nada por Deus, entrou no corpo do nosso Senhor Jesus Cristo. Fomos unidos na Sua morte e também em Sua ressurreição. A porta de entrada para sermos salvos de nós mesmos é pela nossa identificação na morte e ressurreição de Cristo. Somos agre-gados à família de Deus pela morte. O novo nascimento advém da morte. Insensato! o que tu semeias não é vivifi-cado, se primeiro não morrer.

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O Cristianismo, em sua verdadeira interpretação, nunca foi popular. Somos convidados a participar não de sua (Cristo) popularidade, mas de sua impopularidade.

-- J.Oswald Sanders

A cruz é aquilo que nos identifica com Jesus Cristo e salienta nosso discipulado.-- Gordon Watt

Todo aquele que está fora de Cris-to está sob o peso do pecado. “Aquele que tem o Filho tem a vida” e aquele que tem a vida tem a justiça também. Assim como a imputação do pecado foi uma realidade para Cristo, a im-putação da justiça ao que crer é uma realidade. O verdadeiro e incontes-tável fundamento de paz é este: que as exigências da natureza de Deus quanto ao pecado foram perfeita-mente satisfeitas. Os sofrimentos do Cordeiro constituem o esplendor e a glória da revelação de Deus. Tire a cruz, cale-se o brado da morte, a que se reduz a mensagem do Evangelho?

Mas bendito seja Deus que a cruz é uma realidade viva. A cruz se eleva até o mais alto dos céus. Um Deus homem nela derramou o sangue; a espada da justiça foi enterrada inteira em seu coração. O lado traspassado de Cristo é a obra de Deus; o refú-gio preparado por Deus para os que Nele se refugiam, a rocha eterna. Eis

que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel. Êxodo 17:6. A água da rocha que dessedentou os peregri-nos no deserto tinha um sabor doce e refrescante.

Para os filhos de Deus, são ainda mais doces e refrescantes as águas que saem da verdadeira Rocha, que é Cristo. Por certo, todo aquele que bebeu dessa água deseja beber mais e mais. Alegrai-vos, glorificai, filhos de Deus, nesta cruz única, ela é suficien-te, o seu preço foi suficiente. Bendi-to seja o nosso Senhor Jesus! O seu único sacrifício foi a salvação inteira, e desgraçado de mim se rejeitá-Lo. Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4: 14.

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Crescendo no Espírito

Mauricio Torres

E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda,

mas enchei-vos do Espírito... Efésios 5:18.

Precisamos entender pela graça e misericórdia de Deus que só pode ser cheio do Espírito quem já

o possui. A palavra de Deus é cate-górica em dizer que quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a Ele. Vós porém não estais na carne mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Romanos 8:9

Em decorrência da queda, nin-guém nasce com vida espiritual.

Nascemos mortos espiritualmente, alheios, separados da vida de Deus. Por isso, não buscamos a Deus, não temos prazer nas coisas espirituais, é isso que a palavra nos diz em I Co-ríntios 2:14: Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura, e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente.

A vinda do Filho Eterno e Ama-do de Deus a esse mundo teve um único propósito: dar-nos vida! Vida abundante. Como está escrito em:

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João 10:10. O ladrão só vem para matar, roubar e destruir, eu vim para que tenham vida, e a tenham em abun-dância. O que é vida em abundância? Na nossa concepção rota, peque-na e mesquinha, achamos que vida abundante é ter recursos financeiros, possuir muitos bens, saúde, status e títulos, mas não é isso que Jesus está dizendo. Disse Ele em João14:6ª: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o cami-nho, a verdade e a vida. Então con-cluímos que a vida abundante está na pessoa de Cristo, e só poderemos usufruir dessa vida quando realmen-te O tivermos vivendo em nós. A palavra de Deus é clara em dizer em I João 5:11-12: O testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Resumindo: precisamos de Cristo em nós e não de um rótulo religioso. Então como usufruir dessa vida? Ouvindo e cren-do no Evangelho. Em Efésios 2:1 diz: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados. Em Adão, perdemos a vida espiritual, em Cris-to, tomamos posse dela novamente. Quando cremos em nossa morte e ressurreição em Cristo, o Espírito Santo de Deus vem habitar em nós.

Precisamos entender o seguinte: todo salvo possui o Espírito Santo, Efésios 1:13 nos ensina: É também

nele que vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação. Tendo nele também cri-do, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. Mas infelizmente, nem todos os salvos, vivem cheios do Es-pírito.

A Palavra de Deus diz que po-demos entristecer o Espírito. Efé-sios 4:30 assim nos ensina: E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Entristecemos o Espírito Santo de Deus por esquecermo-nos Dele completamente, ignorarmos inteiramente a Sua existência, a Sua presença dentro de nós, por não O honrarmos como deveríamos, por nos comportarmos como se Ele não estivesse em nós e por fazermos qualquer coisa que não seja santa e sim pertencente à carne (adultério, prostituição, impureza, idolatria, be-bedices ...). Mas lembremo-nos de que O entristecemos não somente com ações e práticas concretas, mas também com nossas palavras e nos-sos pensamentos, porque Ele ouve e sabe tudo que dizemos ou pensa-mos, conhece o mais íntimo da nossa mente e do nosso coração.

Também O entristecemos quan-do não consideramos os seus ensi-nos, a Sua direção, a Sua influência, que tem a finalidade de cumprir a obra de santificação dentro de nós,

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pois o Espírito Santo nos foi dado para compreendermos a tão grande salvação que nos foi outorgada na cruz do calvário. Outros pontos que entristecem o Espírito Santo ocor-rem quando negligenciamos a sua Palavra, não damos o devido valor às Escrituras e quando não oramos. Porque é através dessas disciplinas que buscamos comunhão com Deus e com o Senhor Jesus Cristo.

Quando O entristecemos, inevi-tavelmente perdemos as graciosas manifestações de Sua presença e a percepção do Seu agir, em suma perdemos o frescor do Espírito, o que certamente trará insegurança, ausência de paz, e não mais seremos capazes de dizer, como está escrito em Romanos 8:16: O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Quando isto acontece, o crente fica fraco, insatisfeito, sente-se vazio e, muitas vezes, não percebe o encanto da vida cristã. Nessa con-dição, troca-se o louvor pela mur-muração, a alegria pela amargura, a mentira pela verdade e o pecado pela santidade.

Em Efésios 5:18, Paulo está nos fazendo uma exortação, dando uma ordem, um mandamento: E não vos embriagueis com vinho, em que há con-tenda, mas enchei-vos do Espírito. Ser cheio do Espírito é ser controlado por Ele. A expressão Enchei-vos do

Espírito está no tempo verbal presen-te, e expressa uma ordem para que, continuamente nos enchamos do Espírito. Ele é uma pessoa, é a ter-ceira pessoa da bendita Trindade. Então como nos encher Dele?

Precisamos, amados, ganhar a consciência de que Ele habita em nós: I Coríntios 6:19: Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Devemos ansiar por Sua companhia e comunhão, da mesma forma que Ele anseia por nós, lembrando sem-pre de prestar a máxima atenção a todo seu ensino e exortação. Filipen-ses 2:12-13 diz: Operai a vossa salva-ção com temor e tremor, porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar. E como Ele faz? Pelo toque do Espírito, que nos leva ao interesse por assuntos espirituais, visando os propósitos do Reino. Sejamos sensí-veis à sua direção, que nos é testifi-cada em Colossenses 3:16ª, que diz: A palavra de Cristo habite ricamen-te em vós... . Ele Se agrada quando tomamos as palavras das Escrituras e as colocamos em prática, deixan-do que ela governe nossas decisões, ações e todo nosso comportamento.

Ser cheio do Espírito nos faz re-fletir a glória do Senhor como um espelho, como está escrito em II Co-ríntios 3:18: Mas todos nós, com rosto

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descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transforma-dos de glória em glória na mesma ima-gem, como pelo Espírito do Senhor.

O que realmente temos refletido? Somos ou não o bom perfume de Cristo? Você e somente você pode fazer este exame. Precisamos, pela graça de Deus, aprender a separar o santo do profano, assim como está escrito em Jeremias 15:19: Portanto assim diz o Senhor: se tu voltares, en-tão te trarei, e me servirás, se apartares o precioso do vil , serás a minha boca. Tornem-se eles para ti, mas não voltes

tu para eles.Apesar de pecadores, somos reno-

vados, perdoados e justificados até o último instante. Encobrir a preguiça espiritual é apenas desculpa para a frouxidão espiritual. Se você puder concordar com Paulo em dizer: des-venturado homem que sou! Também deverá ser capaz de dizer juntamen-te com ele: prossigo para o alvo. Que o bendito e doce Espírito Santo de Deus possa nos incomodar e nos levar à busca de uma vida cheia do Espírito.

Falsa humildade

Eu penso que muitos de nós, quando Cristo nos capacita a superar um ou dois pecados que realmente incomodam, tendemos a achar (ainda que não o expressemos em palavras) que já nos tornamos bons o suficiente. Deus já fez tudo que queríamos que fizesse então, nós agradeceríamos se ele nos deixasse sozinhos. Como costumamos dizer: “Eu nunca esperava ser santo, eu só queria ser uma pessoa normal”. E, quando dizemos isso, achamos que estamos sendo humildes.

Mas esse é um erro fatal. É claro que nós jamais desejamos e pedimos para ser transformados no tipo de criaturas em que ele irá nos transformar. Contudo a questão não é o que pretendíamos ser, e sim o que ele pretendia que nós fôssemos quando nos criou. Ele é o inventor, nós somos as máqui nas. Ele é o pintor, nós somos suas telas. Como poderíamos saber o que ele quer que sejamos? Veja bem, Deus já nos tornou em algo bem diferente do que éramos. Há muito tempo, antes de termos nascido, quando estávamos dentro da barriga da nossa mãe, passamos por vários estágios. Já fomos parecidos com vegetais e com peixes: foi só em um estágio posterior que nos tornamos bebês humanos. E, se estivéssemos conscientes disso naqueles estágios anteriores, ouso dizer, teríamos nos contentado em permanecer como vegetais ou peixes — não teríamos muita vontade de nos tornar bebês. Mas ele conhecia o plano que tinha para nós o tempo todo e estava determinado a colocá-lo em prática. Algo parecido com isso está acon tecendo agora, num nível mais alto. Muitas vezes nos contentamos em permanecer como “pessoas comuns”; mas Deus está determinado a pôr em prática um plano bem diferente. Fugir desse plano não tem nada de humildade; trata-se na verdade de preguiça e covardia. Submeter-se a tal plano não significa prepotência ou megalomania, e sim obediência.

-- C.S.Lewis - Um ano com C. S. Lewis - pg. 220 - Editora Ultimato

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Igreja: Lugar do Perdão e da Festa

Oswaldo Luiz Gomes Jacob

Gostaria de pensar com você sobre este tema tão especial, tão suges-tivo. Lembro-me da

famosa parábola do filho pródigo contada por Jesus. Depois de con-sumir todos os seus bens, o filho, passando necessidade, lembra-se do pai – do seu amor, do seu carinho, da sua aceitação e do seu perdão. O filho, ao pensar no pai, vê-se seguro porque confia no seu amor. Como é bom e precioso sabermos que somos amados por Aba! Como também é

muito importante sabermos que há pessoas que nos amam e têm prazer em estar com a gente. A Igreja é lu-gar de gente que ama, perdoa, aceita e encoraja no Espírito. Era assim que vivia a igreja primitiva (Atos 2.42-47; 4.32-37). Os dois pilares da vida cristã – amor a Deus e ao próximo – eram vivenciados pelo povo de Deus. Havia perdão entre eles. Era uma comunidade onde havia festa, alegria. Quando o filho pródigo vol-tou para casa, o pai promoveu uma grande festa. Todos os encontros da

E não sede conformados com este mundo, mas sede

transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita

vontade de Deus. Romanos 12:2

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comunidade do Pai devem ser de festa porque fomos aceitos no ama-do. Para louvor da glória de Sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, se-gundo a riqueza da sua graça. Efésios 1.6,7. Então, há festa no céu quando um pecador se arrepende. Foi Jesus que disse esta verdade (Lucas 15.10). Isto é simplesmente maravilhoso.

No ambiente da comunidade, a graça de Deus opera de forma tão forte que todos nos sentimos iguais. Somos interdependentes. Não há acepção, preconceito, rejeição, mas amor repartido que produz atitudes e atos coerentes e pertinentes em Cristo Jesus para a saúde do Seu cor-po. Onde há perdão e cura, há festa. Onde há comunhão, há plena ale-gria. É no ambiente da graça que vem o tratamento de Deus sobre nossas vidas, pois nada, absolutamente nada merecemos. Deus trabalha em nós por meio do Seu Espírito, operando o novo nascimento, aplicando-nos o caráter de Cristo. A Igreja primitiva tinha amor, perdão, pão, comunhão, testemunho (missão). Ela era um hospital, e Jesus, o médico. Quanto mais se vivia Cristo, mais saudável era a Igreja e mais relevante no mun-do. As pessoas eram atraídas para a igreja pelo estilo de vida dos crentes. O modo de vida do povo de Deus era

atraente. Infelizmente, hoje, a manei-ra de viver dos membros das igrejas é repelente. Para atrair pessoas, as igrejas usam de eventos, grandes concentrações, ‘reuniões milagrosas’, pregação da teologia da prosperida-de e outros mecanismos meramente pragmáticos (o que funciona me-lhor?). As pessoas precisam ver Cris-to na comunidade dos salvos – os redimidos pelo Seu sangue.

Ser Igreja é ser Cristo nas atitudes e nos atos. Ser Igreja é caminhar na total dependência do Seu Senhor. É caminhar na direção dos párias, dos ébrios, dos maltrapilhos, dos pobres, dos miseráveis, dos doentes física e emocionalmente, dos violentados, dos drogados, dos aidéticos e de to-dos os que a sociedade secularizada rejeita. É necessário sairmos das qua-tro paredes, da nossa zona de confor-to e partirmos para socorrer os que estão ‘cansados e oprimidos’ para que Jesus os alivie (Mateus 11.28-30). Como Igreja, precisamos ser Cristo em carne e osso agindo neste mun-do mau e tenebroso, sem esperança. Saiamos da acomodação, da inércia e da mesmice. Sejamos pessoas de oração, de profundidade espiritual e de criatividade, colocando em prática os ensinos do Mestre. Que sejamos pessoas inconformadas com tudo o que aí está. Que experimentemos um ‘descontentamento santo’ (Bill Hy-

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bels). Realmente, não podemos nos conformar com este mundo, mas que experimentemos a “metamorfose” (transformação) do Senhor (Roma-nos 12.1,2). Dia após dia, vivamos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Sejamos a comunidade te-rapêutica, a comunidade invasora e catalisadora, a comunidade cheia do

Espírito para fazer toda a diferença neste mundo que jaz no maligno (1 João 5.19). Como Jesus, andemos por toda a parte fazendo sempre o bem (Atos 10.38). Homens e mulhe-res, cheios do amor do Pai, da graça de Cristo e do poder e da consolação do Espírito Santo até que Cristo vol-te. Maranata, Jesus!!!

SUA ALTEZA, O MENDIGO. XLIII

O velho mendigo se matriculou na escola da fé. Sua primeira aula foi sobre a metodologia auditiva. Aprender a escutar o silêncio. A voz de Aba é mais suave que o cicio da brisa, enquanto a fé é o mistério da palavra confidencial, ouvida no secreto do coração.

Os barulhos da alma são ensurdecedores. Uma boca calada e um ambiente sossegado não garantem tranqüilidade para a mente, nem ausência de ruídos interiores, capazes de ouvir a voz de Deus.

Ouvir a voz celestial não é tarefa fácil e, sem esta fala divina, não há fé. O Espírito diz que a fé só aparece quando Deus conversa com ternura. O problema é que ele, quando discorre suavemente, essa tonalidade é imperceptível ao ouvido físico. A voz do Altíssimo é um sussurro baixíssimo, delicada e sutil. Ele sopra doce e elegantemente do seu Espírito ao nosso espírito em harmoniosa dicção espiritual com a sua requintada palavra.

A voz audível de Deus no mutismo da alma e na calmaria do ser é a matriz da fé. O velho mendigo de Tarso descreveu assim o processo real da confiança. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir vem pela palavra de Cristo. Romanos 10:17. Onde não há a escuta interior da palavra de Deus, não haverá a menor probabilidade do aparecimento da fé verdadeira.

O curso da fé começa com a audição silenciosa. O Mestre é claro: Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça. Mateus 11:15. Tem gente que só escuta fisicamente, mas é surda no espírito. O ensurdecimento espiritual incapacita o discípulo de ser aprovado na fé.

Pedro foi arrojado ao andar sobre as águas. Ele, num primeiro momento, ouviu a voz do Senhor e andou sobre o tapete vermelho da Palavra de Cristo. O “vem” de Jesus lhe deu sustentabilidade sobre a face do mar, mas o vento e as ondas o levaram a afundar. Ele ouviu, por um instante, a voz que gera a fé, para, logo em seguida, ficar insensível pela dúvida. Aqui, não basta ouvir. É preciso continuar ouvindo o concerto da fidúcia eterna.

Se quisermos tomar parte na escola da fé, temos que aprender ouvir a voz de Cristo na suavidade do seu falar. Para intuir a sua voz é necessário silêncio profundo no interior de nosso ser. A alma só ficará silente quando todos os seus segredos forem elucidados diante de Aba, a fim de se perceber aceita. A pessoa justificada goza profunda paz e, consequentemente, se aquieta diante do trono para ouvir a voz aprazível condutora da fé. É neste instante que surge a oração dos filhos de Aba. Esta é a lição inicial da fé. Boa aula.

-- Glenio Paranaguá

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O Pecado dos Pecados VI

Glenio F. Paranaguá

Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos

apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores,

e a doutrinas de demônios. 1 Timóteo 4:1

Se pequei, que mal te fiz a ti, ó Espreitador dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mes-

mo me seja pesado? Jó 7:20.Como um pecador pode indagar

ao Santo: -- se pequei? A raça de Adão encontra-se profanada pela descrença. A criança já nasce atéia. O pecado, antes de tudo, é a increduli-dade em face da palavra de Javé Elo-him ou Jesus Cristo. Jó, como todos os seres humanos, é um pecador, mas o seu problema principal era a justiça

própria que o tornava aparentemente auto-suficiente.

Chata’ é a palavra usada no texto hebraico para pecar. Um dos seus significados é cometer erro na pon-taria, fazendo com que o pecado seja definido como errar o alvo. Atirar fora da mira.

Jó estava injuriado com tudo o que vinha lhe acontecendo e ques-tionou com aspereza: se errei o alvo, por que fizeste de mim o teu alvo, ó Intrometido na vida alheia? Viver por conta própria é a primeira evidência

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do pecado. Ele era um autônomo e não enxergava a sua justiça pessoal como o seu entrave, mas percebia que Deus era um bisbilhoteiro. Por-que Jó disse: Sou justo, e Deus tirou o meu direito. Apesar do meu direito, sou tido por mentiroso; a minha ferida é incurável, sem que haja pecado em mim. Jó 34:5-6.

Deus fez de Jó o seu alvo porque Jó havia errado o alvo de Deus. O alvo divino para o ser humano é Javé Elohim ou a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Errar o alvo é pecar, e pecado é não crer em Jesus. Quem confia em si mesmo, não confia em Cristo. Quem confia em Cristo Jesus não confia em si mesmo por hipótese alguma. A autoconfiança é o pecado mais perigoso. Jó se baseava em sua justiça, logo ele não precisava ser jus-tificado por Javé.

Quem se defende não carece da defesa de Deus. Aquele que se basta é tolo bastante ao tentar dar um bas-ta em Javé. A descrença em Jesus é, normalmente, a alavanca para a cren-ça em si mesmo. Quem nega a graça da redenção se envolve na desgraça da auto-aceitação. Achas que é justo dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus? Jó 35:2.

O ser humano erra o alvo quando perde de vista a pessoa de Jesus. To-dos os que se justificam não podem ser justificados. Davi, na tipologia de

Cristo, afirmou o que só Jesus pode assegurar em plenitude: Retribuiu-me o SENHOR, segundo a minha justiça, recompensou-me conforme a pureza das minhas mãos. Salmos 18:20. Na verdade a justiça de Davi aqui é uma flecha em direção ao alvo de Deus que é Cristo Jesus. A justiça humana não passa de trapo de imundícia.

Aquele que se justifica peca, er-rando o alvo. Aquele que é justificado por Cristo, acerta na mosca o alvo de Deus para o ser humano. Se alguém errar o alvo de Deus, que é Cristo, Deus fará dele o seu alvo, a fim de levá-lo a acertar a pontaria. Quando Jó voltou-se para si mesmo, Deus se voltou para ele, enviando-lhe Satã com o objetivo de realizar a obra da desconstrução de Jó. O sacrifício do Cordeiro justifica o pecador indigno, mas só o sofrimento pesado pode ar-rastar o justo em sua justiça para a fonte da justificação em Cristo.

Uma pessoa cheia de si mesmo é um alvo para Deus esvaziá-la na cruz com Cristo. Uma pessoa esva-ziada pelo Espírito Santo de Deus tem como alvo a pessoa de Cristo para sua justificação, regeneração, santificação e glorificação. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. 1 Coríntios

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1:30-31.Errar o alvo é confiar em si mes-

mo. Acertar o alvo é confiar em Cristo. Saulo foi um autoconfiante e sabia disto ao dizer que ele era irre-preensível quanto à justiça da lei. Ele foi um religioso impecável, uma pes-soa corretíssima, até considerar tudo como refugo por causa da sublimida-de de Cristo, a fim de ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. Filipenses 3:9.

Jó, Saulo de Tarso e o centurião Cornélio foram homens justos le-galmente, embora todos eles pre-cisassem ser justificados pela graça de Deus em Cristo. Ser íntegro não significa ser salvo por Cristo. Há muita gente incorruptível, honrada e moralmente adequada que ainda não foi perdoada do seu pecado de incredulidade em relação à pessoa e obra de Jesus. O que nos leva à per-dição eterna não é tanto o pecado da transgressão da lei e sim o pecado de descrença em Jesus.

Como temos visto nesta série de estudos, o pecado dos pecados é não crer em Cristo. Logo, aquele que crê em Cristo não precisa se justificar dos seus pecados, uma vez que já foi justificado pela sua obra no Calvário. Precisa sim, arrepender-se de si mes-mo e confessar-se incrédulo. Além

disso, não precisa ser aceito pelas suas obras de justiça própria, nem santificado por meio de sua atuação, visto que até as nossas obras são ge-radas em Deus. Aquele que faz o bem se chega para a luz, a fim de que sejam manifestas as suas obras, que têm sido feitas em Deus. João 3:21 (TB).

Nós não somos salvos pelas obras de justiça praticadas por nós, nem santificados pelas nossas boas obras. No processo da nossa santificação, por meio da vida de Cristo, conduzi-da pelo Espírito Santo, em nosso es-pírito, nós manifestamos boas obras, em razão da apropriação da vida divina em nosso novo coração, pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andásse-mos nelas. Efésios 2:10.

Toda a nossa vida espiritual de-pende de Cristo, do começo ao fim. Errar o alvo é não estar sujeito pela fé à pessoa e obra de Cristo. Enquan-to vivermos neste corpo corruptível, nós não obteremos a perfeição em nosso viver. Paulo tinha consciência disto muito bem: Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfei-ção; mas prossigo para conquistar aqui-lo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Filipenses 3:12.

O apóstolo Paulo tinha convicção de que Jesus já o havia conquistado, não obstante ele ainda não se encon-

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trava pronto. Ele se via como uma obra inacabada. Era uma pessoa em processo de construção. Contudo, a sua peregrinação tinha um alvo fir-me e imutável: Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Fili-penses 3:13-14.

Ainda que Paulo não fosse uma pessoa completa e acabada, era al-guém que dirigia sem o olhar fixo no retrovisor, olvidando-se do seu pas-sado, mas avançando sempre para o seu alvo, Cristo. Aqui vemos um pe-cador vivendo sem pecar, isto é, sem errar o alvo. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Fi-lipenses 3:15. Parece um paradoxo: Paulo não é perfeito, mas é perfeito. Só parece. Ele não era perfeito em si, todavia o seu alvo perfeito era perfei-tamente o seu único alvo.

Ora, se pecar é errar o alvo e o alvo de Deus para o ser humano é Cristo Jesus, então viver no pecado é não crer em Cristo como o seu exclusi-vo e satisfatório Salvador e Senhor. Aquele que não tem como seu alvo crer e depender apenas de Cristo para sua salvação, santificação e glo-

rificação, vive no pecado, sem a per-feição de Cristo como a sua garantia eterna de perfeição.

Jó era um homem justo em sua justiça de aspecto imaculável, mas não cria suficientemente na justiça legítima de Javé para a sua plena jus-tificação. Ele passou a maior parte do livro se justificando diante das acusa-ções dos seus amigos justíssimos. Só quando Eliú, o seu amigo gracioso, começou a falar da misericórdia de Deus, Jó se calou, para depois ouvir Javé falar com ele. Depois disto, o SE-NHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Jó 38:1.

Javé sabatinou aquele justo indig-nado com setenta perguntas, e ele, justamente, tirou zero como nota de aprovação. Sem mérito para ser aprovado, ele se confessa como in-digno e reconhece que falou do que não entendia. Sou indigno; que te res-ponderia eu? Ponho a mão na minha boca. Jó 40:4. Aqui está o boletim de qualificação dos discípulos de Javé. Quando eles são reprovados em seus valores pessoais, então serão aprova-dos pela graça de Deus em Cristo.

Quando o homem é um nada diante o trono de Deus, Cristo é tudo para ele. Jó não se arrependeu de coisa alguma errada que tivesse praticado, mas arrependeu-se de si mesmo em sua autoconfiança. Ele havia errado o alvo crendo em si e

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afirmou: eu conhecia Javé só de ouvir falar. Toda a sua teologia era teórica e através de terceiros. Eram noções da escola dominical e não de relação pessoal com Deus. Por isso, me abo-mino e me arrependo no pó e na cinza. Jó 42:6.

Deus fez de Jó o seu alvo porque Jó havia perdido o alvo de Deus de

vista. O pecado dos pecados é a auto-confiança evidenciada na justiça pró-pria e esta é pesadíssima. A salvação do pecado é olhar para Cristo como o único alvo de Deus e este fardo é de pouco peso. Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Isaías 45:22.

O Dr. Moody Stuart, um homem de oração, certa vez estabeleceu regras que o guiassem em suas orações. Entre essas regras, havia a seguinte: `Ore até orar de verdade´. A diferença entre orar até o momento em que você para de orar, e orar até você realmente orar é ilustrada pelo evangelista americano John Wesley Lee. Ele sempre comparava um período de oração com um culto na igreja, e insistia que muitos de nós terminamos a reunião antes do culto ter terminado. Ele confessou que certa vez saiu cedo demais de uma reunião de oração e foi indo por uma rua para cuidar de alguns negócios urgentes. Ele não tinha caminhado muito quando uma voz em seu interior o repreendeu. `Filho,´ - a voz parecia perguntar - `você pronunciou a bênção quando a reunião não havia ainda terminado?´ Ele caiu em si e imediatamente voltou correndo ao lugar da reunião de oração, onde permaneceu até que toda a carga que sentia saiu e a bênção sobre si desceu.

O hábito de interromper nossas orações antes de termos realmente orado é algo tão comum quanto infeliz. Com freqüência os últimos dez minutos podem significar mais para nós do que a primeira meia hora, porque temos que gastar um bom tempo até atingirmos a verdadeira condição para uma oração efetiva. Pode ser que tenhamos que lutar com os nossos pensamentos de forma a retirá-los das muitas distrações que resultam do fato de habitarmos num mundo todo em desordem.

Aqui, assim como em todas as demais questões espirituais, temos que ter certeza de que estamos distinguindo o ideal do real. O ideal seria vivermos a cada momento num estado de perfeita união com Deus de forma que nenhum preparo fosse necessário. Mas na verdade são poucos os que honestamente podem dizer que é isso o que acontece em sua vida. Para sermos francos, a maioria de nós tem de admitir que com freqüência enfrentamos uma luta antes de ter condições de escapar de uma alienação emocional e de um senso de irrealidade que às vezes prevalecem em nós.

Não importando o que um idealismo sonhador possa dizer, somos forçados a encarar as coisas no nível da realidade prática. Se quando vamos orar o nosso coração sente-se endurecido e não espiritual, não deveríamos convencer-nos do contrário. Antes, devemos admitir a situação com franqueza, e então orar até o fim. Alguns cristãos chegam a sorrir diante da expressão `orar até o fim´, mas isso ou algo parecido com isso, é encontrado nos escritos de quase todos os grandes santos de oração, dos dias de Daniel até hoje.´ Não podemos parar de orar antes de termos orado de verdade.

-- A. W. Tozer. Extraído do livro: “Este mundo: lugar de lazer ou campo de batalha” - Danprewan

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Deus é Amor Dave Hunt

Hoje em dia, exatamen-te como a Bíblia pro-fetizou, o homem se torna cada vez mais

atrevido em relação a Deus. Um ele-mento básico comum para a rejeição a Cristo neste mundo e para o despre-zo pela sã doutrina na igreja é a falta de reflexão, isto é, de pensar e racioci-nar cuidadosamente, de um modo es-pecial sobre Deus, Sua Palavra e Sua vontade. Em vez disso, a preocupa-ção maior do mundo e, infelizmente, de muitos cristãos, é o divertimento.

Ficamos ocupados demais em nos entretermos para que possamos re-fletir sobre Deus. Do mesmo modo como o ateu rejeita o teísmo, assim o divertimento rejeita a reflexão.

Vamos nadar contra a maré e re-fletir juntos. Deus convocou Israel: Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão bran-cos como a neve; ainda que sejam ver-melhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obede-cerdes, comereis o bem desta terra. Mas

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu

Filho unigênito, para que todo o que nele crê nao pereça, mas

tenha a vida eterna. João 3:16

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se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse. Isaías 1:18-20.

Um grito que parte constante-mente do coração de Deus é Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e en-grandeci-os; mas eles se rebelaram con-tra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. Isaías 1:2,3.

Os constantes apelos divinos a Israel para que se arrependesse in-dicam claramente que Deus não era responsável pelo seu pecado. Ele não havia preordenado a sua rebelião nem o seu castigo. Israel não estava obedecendo à vontade de Deus. O Deus de Israel arrazoa em vão com o Seu povo escolhido: E eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, ma-drugando e enviando a dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio. Jeremias 44:4. Obviamente Deus não havia predestinado o mau com-portamento do seu povo nem a sua condenação, pois nesse caso não te-ria chamado a idolatria de “essa coisa abominável que odeio”.

Nem são também o egoísmo, o ciúme e o ódio; a fornicação, o adul-tério e o divórcio; a rejeição ao casa-mento uma ordenança divina; nem os abortos e assassinatos, as guerras étnicas e religiosas e todo tipo de

violência rompante que tem grassado hoje em dia no mundo inteiro, assim como não existia, pela vontade divi-na, a iniqüidade do tempo de Noé. Aquele mundo foi destruído pelo dilúvio. Hoje o mundo está maduro para um derramamento mais sério da ira divina contra o pecado.

O homem foi criado à imagem de Deus (Gênesis 1:26-27), não física, mas espiritualmente. Deus é Espírito ( João 4:24) sem forma física. O ho-mem foi criado para refletir o caráter moral e espiritual de Deus em tudo que pensasse, falasse e fizesse. O Jar-dim do Éden não foi somente um pa-raíso de beleza física e de abundância além de toda imaginação, mas tam-bém um paraíso como um pedaço do céu na terra. Que gloriosa relação Adão e Eva gozavam! O Jardim era uma sinfonia da glória de Deus ex-pressa na exuberante singularidade de um homem e uma mulher reuni-dos pelo próprio Deus no primeiro matrimônio. A felicidade extática e indescritível do amor sem egoísmo demonstrado em palavras e atos de contínua gentileza, reflexão, graça, misericórdia, bondade e compaixão, cada um buscando apenas a alegria do outro, na maravilha do íntimo companheirismo.

Quando foi completada a criação divina do universo, dos animais e do homem, Deus viu que tudo era

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muito bom (Gênesis 1:31). Então, o que aconteceu para que tudo desse errado? Como pôde o homem criado à imagem de Deus ter um ódio tão profundo contra o seu Criador e tal determinação para trilhar o seu pró-prio caminho, expondo sua rebelião diante de um Deus compassivo e Santo, a Quem ele devia sua própria existência?

A Bíblia chama esse enigma de o mistério da iniqüidade  (2 Tessaloni-censes 2:7) e declara que a sua fonte secreta se encontra nas profundezas do coração humano: Porque do in-terior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem. Marcos 7:21-23.

O coração não é apenas o centro das emoções. Ele se assemelha a um castelo forte, do qual cada pessoa guarda a única chave: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu cora-ção, porque dele procedem às fontes da vida. Provérbios 4:23.

Jamais esquecerei a entrevista na TV  de um canadense que havia sido preso na Arábia Saudita, falsamente acusado de terrorismo. Sob contí-nua tortura ele “confessou a sua cul-pa”, antes de ser posto em liberdade.

Aquela experiência aterradora havia lhe ensinado duas coisas: 1. A tortu-ra pode ser tão crucial que a pessoa mais forte pode ser levada a “confes-sar” qualquer coisa, até mesmo que assassinou a própria mãe. 2. Nenhu-ma tortura, sem importar quão in-suportável seja, pode levar a vítima a crer no que ela é forçada a confessar.

Existe um recanto profundamen-te oculto, onde a pessoa real guarda os seus recônditos pensamentos e suas verdadeiras intenções. Salomão admoestou o seu filho dizendo que aquilo que o homem diz é sempre um engano para esconder o que ele realmente é no seu íntimo (Provér-bios 23:6-8). A Bíblia sempre chama essa fortaleza interior de “o coração” ou “a vontade”. Sem ela é impossível ter a individualidade,  amar e ser amado. Deus nos criou de tal ma-neira que nem mesmo Ele pode nos forçar a crer em alguma coisa. Ele arrazoa conosco no evangelho, a fim de persuadir-nos da verdade. Mas, infelizmente, a maioria das pessoas não dá ouvidos à razão e insiste em palmilhar a estrada larga da destrui-ção, embora sabendo aonde esta o conduzirá.

O mundo está repleto de jovens obstinados e desobedientes, criados na rebelião, não apenas contra os pais, mas contra toda autoridade, especialmente a autoridade divina.

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A variedade de divertimentos ofere-cida, até mesmo na igreja, somente os tem afastado de pensar profunda-mente, isto é, de raciocinar. O resul-tado, segundo 2 Tessalonicenses 3:2, é o aumento de …homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos.

O oculto bastião interior pode ser o trono de um tirano egocêntrico governando os outros, ou o trono do desprendimento se derramando so-bre os outros em forma de genuíno amor e compaixão.

Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Mateus 16:25. Na verdade, na verda-de vos digo que, se o grão de trigo, cain-do na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. João 12:24.

Deus não criou robôs. Ele deu ao homem a vontade de escolher livre-mente entre o amor e o ódio, para receber a Cristo como Salvador ou então rejeitá-Lo. Deus quer que o homem Nele confie  totalmente e que O ame profundamente, a ponto de Lhe entregar a chave da fortaleza interior do seu coração, sem escon-der coisa alguma: Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos. Provérbios 23:26. Deus não quer iludir-nos nem per-suadir-nos superficialmente através de emoções. Ele deseja ganhar os nossos corações com a Sua verdade e

o Seu amor: Por isso hoje saberás, e re-fletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há… Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de to-das as tuas forças… Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Deu-teronômio 4:39; 6:5 e 13:3.

Quando Deus nos comanda a amá-Lo de todo o coração, Ele pro-va o Seu amor e desejo de que toda criatura humana seja salva. Seria ab-surdo que Ele ordenasse a todos que O amassem se Ele não os amasse o suficiente para salvá-los, predesti-nando-os, em vez disso, para o in-ferno. Leiamos: E estavam os homens de Israel já exaustos naquele dia, por-quanto Saul conjurou o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão até à tarde, antes que me vingue de meus inimigos. Por isso todo o povo se abste-ve de provar pão. E todo o povo chegou a um bosque; e havia mel na superfície do campo. 1 Samuel 14:24,25. Ain-da assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é mi-

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sericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal ( Joel 2:12,13). … É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus (Atos 8:37). … Se com a tua boca confessares ao Se-nhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Romanos 10:9).

O mais poderoso testemunho da criação se encontra no DNA. Instru-ções digitalmente organizadas para construir e operar trilhões de células, como um só corpo, estão inscritas no DNA em linguagem codificada, as quais somente certas moléculas de proteína podem decodificar. Tudo que é escrito tem um autor! E o Au-tor desse extraordinário conjunto de intricadas informações só poderia ser uma Inteligência Infinita, Aquela que criou e sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hebreus 1:3).

A rebelião de Satanás e do ho-mem trouxe destruição a toda a or-dem universal. O resultado em mar-cha tem sido os desastres naturais e um crescente aumento de moléstias e deformações entre homens e ani-mais: Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da ser-vidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até

agora. Romanos 8:21.22. Até mesmo algumas células já não obedecem às instruções codificadas no DNA, re-sultando no câncer.

Apesar da extraordinária e indis-putável evidência que tem bombar-deado o homem na atualidade, ele continua recusando-se a obedecer ao Criador, transformando-se, portan-to, num câncer espiritual na terra … cada um fazendo o que parece bem aos seus olhos ( Juízes 17:6).

Deus teria razão de sobra para destruir a humanidade. Ele quase fez isso com o dilúvio. Nós não existirí-amos hoje se Noé não tivesse achado “graça aos olhos de Deus” (Gênesis 6:8). E porque Deus tem sido tão gracioso e misericordioso com os re-beldes? Somente por causa do Seu Amor revelado em Jesus Cristo! O sacrifício de Cristo pelo pecado dos homens é a grande  prova do Amor de Deus por toda a humanidade, pois … Deus prova o seu amor para conos-co, em que Cristo morreu por nós, sen-do nós ainda pecadores. Romanos 5:8.

O indescritível horror do pecado é revelado na zombaria, nos açoites e na crucificação do Salvador na cruz. E, assim, à medida que o homem pe-cador e rebelde faz o pior, o Amor de Deus brilha mais intensamente: E dizia Jesus: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lucas 23:34. Em resposta a esta oração o Pai casti-

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ga Cristo, totalmente, pelos pecados passados, presentes e futuros de toda a humanidade.

Em amorosa resposta ao homem rebelde, o qual deseja destroná-Lo, Deus enviou o Seu Filho ao mundo, através do nascimento virginal, a fim de pagar a penalidade devida pelo pecado à Sua própria justiça infinita. De fato, Ele não poderia ter agido de outro modo, pois Deus é Amor! ( João 4:8,16).

Existe uma enorme diferença en-tre dizer que  Deus é amoroso e que Deus é amor. A expressão “Deus é” está acoplada  às muitas gloriosas promessas e advertências: Deus é eterno (Deuteronômio 33:27); Ele é a minha fortaleza e a minha força (2 Samuel 22:33); Misericordioso e compassivo (2 Crônicas 30:9); Socor-ro bem presente na angústia (Salmos 46:1); Minha defesa (Salmos 59:17); Verdadeiramente bom para Israel (Salmos 73:1); Fiel é Deus (1 Corín-tios 1:9; 10:13); Deus é verdadeiro ( João 3:33); Deus é um fogo consumi-dor (Hebreus 12:29), etc.

Contudo, estas expressões falam de como Deus age e não de como Ele é. O Amor é a Sua exata essência. Ele simplesmente ama! Embora o Amor totalmente livre de interesse seja ra-ramente visto na terra, todo mundo sabe que esse tipo de amor provém de Deus. Esse reconhecimento está

guardado no mais recôndito da me-mória do coração do homem, como uma recordação do paraíso perdido.

Quando Adão e Eva se rebelaram contra Deus, logo descobriram que estavam nus (Gênesis 3:7). Não que estivessem sem roupas (Ver a TBC de fevereiro e outubro 2002), pois esse era um fato desde a criação. Fei-tos à imagem de Deus, eles deviam estar vestidos da verdadeira luz di-vina (1 João 1:5). Tem-se dito com razão que “somos como espelhos, cujo brilho depende completamente do sol (o Filho), que brilha através de nós”. O pecado desnudou o primeiro homem e a primeira mulher de tudo que Deus pretendia para eles como criaturas feitas à Sua gloriosa ima-gem. O reflexo de Sua glória deixou de brilhar através deles, deixando-os espiritual e moralmente despidos. Que tragédia! Hoje o homem con-tinua nu diante do seu Criador, sem a glória da qual foram revestidos os primeiros pais, pois Porque todos pe-caram e destituídos estão da glória de Deus. Romanos 3:23. O amor, que é a perfeita essência de Deus, nos fal-ta porque fomos de Deus, separados por causa do pecado. Existe no cora-ção do homem um profundo anseio que somente Deus pode preencher. Ele nos convoca a uma reconciliação com Ele: E buscar-me-eis, e me acha-reis, quando me buscardes com todo o

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vosso coração. Jeremias 29:13. A maior parte dos membros de nossa trágica raça humana se volta para tudo, me-nos para Deus, na ânsia de satisfazer o vazio que somente Ele pode pre-encher: Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me dei-xaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas. Jeremias 2:12,13.

Assim, ninguém ficará satisfeito a não ser com o  próprio Deus. Como o salmista, eles vão clamar: Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? Salmos 42:1-2. Esse tipo de sede não pode ser saciado humanamente, nem com milagres que excitam a carne. É uma sede profunda de conhecer o próprio Deus, numa relação tão ínti-ma que se transforma em tudo que Ele deseja que sejamos. Será essa a paixão do seu e do meu coração? Na oração de Cristo ao Pai, Ele expres-sa o desejo ardente de que o perfeito Amor de Deus habite e se manifeste através dos que O conhecem: E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu ne-les esteja. João 17:26. Que oração do

coração de Alguém que deseja “tra-zer muitos filhos à glória” (Hebreus 2:10), à Sua semelhança, amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. 1 João 3:2. Ouçamos a ansiosa expectação de Davi: Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar. Salmos 17:15. Isso é mais do que uma restauração do amor que Adão e Eva experimentaram no Jardim. A relação íntima que eles tinham co-nhecido com o seu Criador poderia, como aconteceu, ser perdida.

Cristo falou a uma preocupada Marta: E Maria escolheu a boa par-te, a qual não lhe será tirada. Lucas 10:42. Paulo orou pelos crentes de Éfeso , tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua voca-ção, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos. Efésios 1:18. Maravilha das maravilhas! Deus vai restaurar eternamente os pecadores desnudos através de Sua glória em Cristo Jesus: E o Deus de toda a gra-ça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. 1 Pedro 5:10.

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O novo nascimento através da fé em Cristo dá início a uma nova  vida em nós. Cristo vive em nós, mas de-vemos compartilhar diligentemente com Ele: De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim tam-bém operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,

segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12,13. E, e para isto também traba-lho, combatendo segundo a sua eficá-cia, que opera em mim poderosamente. Colossenses 1:29.

Possa cada um de nós ter o mesmo firme propósito em nossos corações, enquanto aguardamos ansiosamente a Sua Vinda!

“The Berean Call Letter”, Abril 2004

Você já observou a diferença entre o fruto do trigo e o da figueira? A Bíblia usa a figueira para representar Israel e, o trigo para descrever os cristãos. A figueira tem raízes muito profundas. O povo de Israel recebeu a bênção divina, mas toda essa bênção está relacionada com esta Terra; é como se suas raízes estivessem presas a esta Terra; a Terra é a porção deles. Mas como é a raiz do trigo? O trigo é uma planta anual; é uma planta muito frágil, a qualquer momento pode ser arrancada. Essa planta está sempre pronta para ser separada da terra.

Os descendentes celestiais de Abraão receberam as bênçãos celestiais. Eles são como a figueira. Nós, porém, nada temos além do Senhor, nós recebemos as bênçãos celestiais porque somos como o trigo. O trigo não tem raízes profundas, a qualquer momento pode ser arrebatado. O arrebatamento é o futuro do trigo. Quando o trigo será arrancado? Quando estiver maduro. Outra característica interessante sobre a vida do trigo é que ele morre da espiga para baixo. Quando está maduro, o caule e a raiz morrem. Quando o fruto está maduro, ou seja, quanto mais você amadurece diante do Senhor, mais e mais você vai se desprendendo deste mundo.

Essa é a natureza do arrebatamento. Então, não provoque desavenças com os pré-tribulacionistas nem com os pós-tribulacionistas. O importante é que fomos criados para o arrebatamento. E o trigo possui uma vida tal que faz com que mais e mais morramos para o mundo. Quanto mais mortos para o mundo, mais vivos para o céu. Quando o trigo cresce e chega à maturidade, quanto mais ele amadurece, mais ele reclina a cabeça. O joio, entretanto, é diferente. À medida que o tempo passa, o joio fica cada vez mais rijo. É por isso que o Senhor disse para deixá-los crescer juntos. O Senhor nos semeou neste mundo. O trigo cresce sob a luz intensa do sol; sol após sol. E, ao absorver a luz que vem do sol, pouco a pouco o trigo vai amadurecendo. Então, quando o fruto está maduro, imediatamente a foice vai fazer o seu trabalho. O momento da ceifa chegou, o arrebatamento vai acontecer.

Esse é o futuro da vida cristã. E, por essa razão, a Bíblia diz que a ceifa é a consumação do século. Nós, cristãos, temos uma história um futuro. Quando chegamos à última página da história deste mundo, nos deparamos com o futuro do mundo. Mas, o Senhor realmente semeou a Sua semente neste mundo e deixou o trigo crescer. E esse trigo também tem a sua própria história. Ele vai crescer junto com o joio. Quanto mais o trigo amadurece, mais ele morre para o mundo. Quanto mais os cristãos caminham para a maturidade, mais eles se tornam humildes.

-- Christian Chen - Extraído do livro Grandes Profecias da Bíblia – Edições Tesouro Aberto

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O Poder do EvangelhoPhillip Melanchthon

Há pessoas as quais a consciência tem ter-rificado através do convencimento do pe-

cado, que seriam seguramente dirigi-das ao desespero, a condição habitual dos condenados, se elas não fossem sustentadas e encorajadas pela pro-messa da graça e misericórdia de Deus, comumente chamado de evan-gelho. Se a consciência afligida acre-dita na promessa da graça em Cristo, ela é ressuscitada e estimulada pela fé, como os exemplos seguintes reve-

larão maravilhosamente. Em Gênesis, capítulo 3, o peca-

do, arrependimento e justificação de Adão são descritos. Depois de Adão e Eva haverem pecado, e estando procurando cobertas para a nudez deles – pois nós, os hipócritas, temos o hábito de aliviar nossas consciên-cias fazendo compensações – eles foram chamados para prestarem contas ao Senhor; mas a Sua voz era insuportável.

Debaixo destas condições, nem cobertas nem pretextos desculpa-

Pois nao me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de

todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.

Romanos 1:16

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ram o pecado deles. Condenados e culpados, a consciência cai prostrada quando é confrontada diretamente com o pecado pela voz de Deus. Eles fogem, e Adão explica a causa da fuga deles quando ele diz: Eu ouvi a Tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi. Gênesis 3:10. Note a confissão e o reconhecimen-to pela consciência. Enquanto isso, Adão cai em profundo pesar até que ele ouve a promessa de misericór-dia, de que, através do descendente de sua mulher, a cabeça da serpen-te seria esmagada (Gênesis 3:15). Até mesmo o fato de que o Senhor os vestiu, fortaleceu suas consciên-cias, e é inegavelmente um sinal da encarnação de Cristo, porque a Sua carne, em última análise ,é que cobre nossa nudez e destrói a confusão de consciências trêmulas sobre as quais os insultos dos acusadores tem caído (Salmos 69).

Nós recordamos como Davi foi quebrantado pela voz do profeta Natã. E ele certamente teria pereci-do se não tivesse ouvido o evangelho imediatamente: Também o Senhor te perdoou o pecado; não morrerás. II Samuel 12:13. O Espírito de Deus tem nos mostrado ricamente o modo como opera através da Sua ira e da Sua misericórdia. Que expressão mais evangélica pode ser concebida do que esta: “O Senhor te perdoou

o pecado”? Não é este a suma do evangelho ou da pregação no Novo Testamento: o pecado foi perdoado? Você pode acrescentar a estes exem-plos muitas histórias dos evangelhos. Lucas 7:37-50 conta sobre a mulher pecadora que lava os pés do Senhor; Ele a consola com estas palavras: Teus pecados estão perdoados (v. 48). E o que é mais conhecido do que a história narrada em Lucas, capítulo 15, do filho pródigo que confessa o seu pecado? Como amorosamente seu pai o recebe, abraça, e o beija! Em Lucas 5:8, Pedro, admirado pelo mi-lagre e, o que é mais importante, to-cado em seu coração, exclama: Apar-ta-Te de mim, porque sou um homem pecador, ó Senhor. Cristo o consola e o restaura dizendo: Não tenhas medo, … (v. 10). Destes exemplos, acredito que possa ser entendida a diferença existente entre a lei e o evangelho, e entre o poder do evangelho e o da lei. A lei terrifica; o evangelho consola. A lei é a voz de ira e morte; o evangelho é a voz de paz e vida, e para resumir, “a voz do noivo e a voz da noiva,” como o profeta diz ( Jeremias 7:34). E aquele que é encorajado pela voz do evangelho e confia em Deus já está justificado. Cristãos sabem bem quanta alegria e satisfação a consola-ção traz. E aqui situam-se, apropria-damente, aquelas palavras de alegria que os profetas usam para descrever

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Cristo e a Igreja. Isaías 32:18: O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos e tranqüilos. Isaías 51:3: Rego-zijo e alegria se acharão nela, ações de graça e sons de música. Jeremias 33:6: E lhes revelarei abundância de paz e se-gurança. Salmos 21:6: Pois o puseste por bênção para sempre, e o encheste de gozo com a tua presença. Salmos 97:11: A luz difunde-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.

Mas por que amontoar argu-mentos quando é óbvio, através da promulgação da lei e do advento de Cristo, o que significa o poder da lei e o do evangelho? Assim, Êxodo, capítulo 19, descreve com que horrí-vel espetáculo a lei foi dada. Assim, da mesma maneira que o Senhor terrificou a Israel naquele momen-to, as consciências individuais são atormentadas pela voz da lei, e eles exclamam junto com o Israel: Não fale Deus conosco, para que não mor-ramos. Êxodos 20:19. A lei exige o impossível, e a consciência, condena-da pelo pecado, é assaltada em todas as direções. Nesta condição, medo e confusão perturbam a consciência de tal forma, que nada, nem ninguém pode trazer-lhe alívio, a não ser que Aquele que a acusou, retire a acusa-ção. Alguns buscam consolação atra-vés de seus esforços, trabalhos, e atos de apaziguamento.

Mas estes não realizam mais do que Adão realizou com suas folhas de figo. Assim são aqueles que se ornam contra o pecado confiados no poder do seu próprio querer (arbítrio). Os fatos atuais ensinam que eles logo caem ainda mais miseravelmente. O cavalo não garante a vitória; a despeito de sua grande força, a ninguém pode livrar . Salmos 33:17.

Presta-nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem. Salmos 108:12

Por outro lado, o advento de Cris-to é descrito pelo profeta Zacarias como lemos em 9:9: Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jeru-salém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, … . Primeiro, quando o profeta dá a ordem para re-gozijar, ele ensina que a palavra des-te Rei é diferente da lei; além disso, ele expressa a alegria na consciência de um jubiloso a ouvir a palavra de graça. Em seguida, não há tumulto, mas tudo está tranqüilo, que o leva a entender que Ele é o autor da paz, não da ira. Esta é aquela característi-ca que extraímos do termo “humilde”, que o Evangelista usa, para explicar Sua mansidão. Isaías tem a mesma idéia em 42:3: Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega.

De modo similar, o apóstolo con-trasta a face de Moisés com a de Cris-

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to em II Coríntios 3:13. Moisés ame-drontou as pessoas ao olharem para o seu semblante. Pois quem poderia agüentar a majestade do julgamento divino quando até mesmo o profeta implora isto: Não entres em juízo com o teu servo (Salmos 143:2)? Quando os discípulos vêem a glória de Cristo no Monte da Transfiguração, uma alegria nova e maravilhosa inunda seus corações a tal ponto, que Pedro, esquecendo-se de si mesmo, exclama: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas. Mateus 17:4. Aqui está uma visão da graça e mise-ricórdia de Deus. Da mesma manei-ra que um olhar à serpente de bronze salvou os homens no deserto, assim também, eles são salvos se fixarem os olhos da fé na cruz de Cristo ( João. 3:14.). Aí está o porque de os após-tolos, de modo adequado, chamarem sua mensagem, cheia de alegria, de evangelho ou boas novas. Os gregos também comumente designavam de evangelho, seus anúncios e elogios públicos de atos valorosos.

Nota sobre o Autor:Philip Melanchthon foi um dos

mais importantes nomes entre a primeira geração de reformadores alemães. Este artigo, ” O Poder do Evangelho, ” é uma seção do “Loci Communes Theologici”, um dos primeiros exemplos da dogmática protestante (sistematização do pen-samento da Reforma).

Melanchthon representou um papel importante durante a Refor-ma, não só como amigo e confidente de Martinho Lutero, mas também como o representante do lado pro-testante durante Congressos e Con-versas Religiosas. Além disso, proveu o impulso decisivo para Lutero tra-duzir a Bíblia.

(SEMINÁRIO ON-LINE – DO-CUMENTOS HISTÓRICOS – Te-ologia: O Poder do Evangelho, por PHILLIP MELANCHTON – Rio de Janeiro – 2004 – Para informações sobre o texto, mande um e-mail para: [email protected] – Todos os Direitos Re-servados para www.stprj.br)

As nuvens são, Senhor, apenas a poeira dos teus pés!Ó como estás perto, no dia nublado e negro!

-- C.H.Spourgeon

Não há um monte alto sem que haja um vale fundo ao lado. Não há nascimento sem dores de parto.

-- Dan Garwford

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O Chamado DivinoR. K. Campbell

O chamado para o minis-tério do Evangelho, ou para cuidar das ove-lhas de Deus, vem do

próprio Senhor, coisa tão certa hoje como quando Ele chamou os apósto-los ou levantou outros para ministrar Sua Palavra na Igreja primitiva (Efé-sios 4:11, Romanos 12:6-8 e 1 Pedro 4:10). Mesmo os verdadeiros profe-tas do Senhor no Antigo Testamen-to foram chamados por Ele mesmo para a realização de suas tarefas. De outros profetas, aqueles que profeti-

zaram mentiras em Seu nome, disse Ele: nunca os enviei, nem lhes dei ordem ( Jerrmias 14:14). Essas palavras são certamente aplicáveis a muitos falsos mestres e pregadores hoje em dia. Porém, todo verdadeiro servo de Cristo terá plena consciência em sua própria alma do chamado divino para o serviço. O Espírito Santo ope-ra nos corações daqueles que o Se-nhor quer usar como Seus ministros. O seu chamado se realiza na alma de Seus ministros e o coração é exerci-tado e levado a desejar responder à

E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as

desprezadas, e aquelas que nao são, para reduzir a nada as que sao. I Coríntios 1:28

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chamada celestial. Muitos exemplos deste chamado divino se encontram no Antigo Testamento, os quais o leitor interessado poderá considerar proveitosamente (vide Isaías 6, Je-remias 1, Marcos 1:16-20, 3:13-14, Atos 9 e 22 como alguns exemplos).

Sem tal exercício de coração, pro-duzido pelo Espírito Santo, e sem ter consciência do chamado divino e alguma medida de dom para isto, ne-nhum cristão deveria aventurar-se no ministério público de Cristo. Porque não nos é dado o direito de escolher o nosso lugar e o tipo de serviço no Corpo de Cristo. Essa prerrogativa pertence ao Senhor somente. Nosso lugar é o de aprender a Sua vonta-de para cada um individualmente e ocupar o lugar a nós designado. Se alguém sai a pregar ou a ensinar sem ser chamado por Deus para realizar esta obra santa, não será sustentado por Deus e sucumbirá cedo ou tarde, ou falhará ao executar a obra do Se-nhor. Aqueles que o Senhor chama, Ele mesmo os capacita e qualifica para o serviço, e sem esta capacitação o ministério não pode ser realizado corretamente.

A natureza e o alcance do chama-do para o ministério público variam muito. O Senhor da seara o fará cla-ro a cada servo exercitado que tem sido chamado, exatamente onde, como e até que ponto deve servir.

Um pode ser chamado para traba-lhar localmente, outro para viajar através de sua terra natal e outro para ir a um distante país pagão. Um pode ser chamado, depois de devida pre-paração e treinamento na escola de Deus, a dar todo o seu tempo à obra do Senhor, enquanto outro pode ser chamado para continuar em sua pro-fissão diária e, por sua vez, pregar e ensinar em suas horas livres.

É uma idéia equivocada de que alguém não pode levar avante sua profissão terrena para sua subsistên-cia e ainda ser um ministro, ou que somente aqueles que dedicam todo seu tempo para o serviço do Senhor é que são seus ministros. Nas Escri-turas não há tal coisa como divisão de cristãos em duas classes: “o clero oficial” e “os laicos”, como comumente é conhecido hoje em dia ou o pen-samento de que o ministério é uma profissão honrada a ser tomada para subsistência, como é o caso das ou-tras profissões. Antes, o ministério é um santo chamado e um serviço celestial a ser exercitado como um trabalho de amor a Cristo, em de-pendência d’Ele para seu sustento nesse lugar. Embora seja verdade que o trabalhador é digno do seu salário (1 Timóteo 5:18), e que, aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho (1 Coríntios 9:18), ainda temos tam-bém, o exemplo de Paulo, o grande

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apóstolo, que trabalhou dia e noite fazendo tendas e pregando o Evan-gelho sem remuneração (Atos 18:3-4, 1 Tessalinissences 2:9).

Nesta associação devemos citar as pesadas palavras de C.H. Ma-ckintosh: “Estamos convencidos de que, por regra geral, é melhor que todo homem trabalhe com as mãos ou com seu cérebro em alguma ati-vidade como profissão, e que pregue e ensine também, se dotado para fa-zer isso. Há exceções, sem dúvidas, à regra. Existem alguns que são tão manifestamente chamados, capacita-dos, usados e sustentados por Deus, que não pode haver possível engano

quanto a sua linha de conduta. Suas mãos estão tão cheias de trabalho, o tempo deles tão absorvido com o ministério de falar, escrever, ensi-nar publicamente e visitar de casa em casa, o que lhes seria impossível para aceitarem o que é denominado trabalho secular – embora não goste-mos da frase. Todos quantos têm que seguir adiante com Deus, dependen-do d’Ele, Ele os manterá sem falta até o fim.

Extraído do livro A Igreja do Deus Vivo,

do irmão R. K. Campbell, do Depósito de Literatura Cristã.

Torna-me um cativo, Senhor, e então livre eu serei; Força-me a render a minha espada, e conquistador serei. Eu me afundo nos temores da vida quando sozinho fico; Aprisiona-me em Teus braços, e forte será minha mão.

Meu coração é fraco e pobre até que encontra o seu mestre; Não possui qualquer fonte de ação segura; ele varia com o vento.

Não pode se mover livremente até que Tu forjes seus grilhões; Escraviza-o com Teu amor inigualável, e imortal ele reinará.

Meu poder é débil e fraco, até que eu aprenda a servir; Ele carece do fogo necessário para brilhar, e da brisa para revigorar. Não pode direcionar o mundo até que ele mesmo seja direcionado;

Sua bandeira só pode ser desenrolada quando soprares do céu.

Minha vontade não é minha própria. Até que a tornes Tua; Se ela atingisse o trono de um monarca, sua coroa teria que resignar.

Em meio à conflitante luta ela só fica firme, Quando em Teu seio se apóia, e descobre sua vida em Ti.

-- George Matheson

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Pecadores nas Mãos de um Deus Irado

Jonathan Edwards

Minha é a vingança, a seu tempo quando resvalar o seu pé;

porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar.

Deuteronômio 32.35

Considere, então, mais uns aspectos dessa cólera que ameaça chegar com tão grande empenho:

l. A quem pertence essa ira? É a ira do Deus infinito Se fosse somente a ira humana, mesmo a do governante mais poderoso sobre a terra compa-rativamente, seria considerada como coisa pequena. A ira dos reis é bas-tante temida, principalmente a dos monarcas absolutos, que possuem os bens e as vidas de seus súbitos em suas mãos, para serem usados a seu

bel-prazer.Como o bramido do leão é o terror

do rei, o que lhe provoca a ira peca contra a sua própria vida. Provérbios 20:2. O súbito que enfurece esse tipo de governante totalitário, sofre os maiores tormentos que se possa con-ceber, o qual o poder humano possa aplicar pela sua fúria.

Por essa razão, os maiores prínci-pes desta terra, em toda a sua gran-deza, majestade e poder, mesmo re-vestidos de seus grandes terrores e ameaças, não são mais do que vermes

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debilitados e desprezíveis que raste-jam no pó que Deus criou, quando comparados com o grande e Todo-Poderoso Criador e Rei dos céus e de toda a terra. Mesmo quando estão irados e essa sua ira chega ao máximo do seu rubro, é muito pouco o que podem fazer se compararmos com a ira de Deus. Os reis da terra são como gafanhotos perante Deus; tão pequenos. Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei dos reis é muito acima, mais terrível do que a deles, tal como é maior a Sua majestade maior e de maior di-mensão que a deles. Digo-vos, pois, amigos meus não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais po-dem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer. Lucas 12:4-5.

2.É essa ferocidade da Sua ira a que vocês estão todos expostos Le-mos muito sobre a ira de Deus, como por exemplo em Isaías 59:18, segun-do as obras deles, assim retribuirá furor aos seus adversários. E também em Isaías 66:15: porque, eis que o Senhor voará em fogo e os seus carros como um torvelinho, para tornar toda a sua ira em furor e a sua repreensão em chamas de fogo. E assim lemos também em muitos outros lugares Bíblia. Lemos

também em Apocalipse 19:15, o la-gar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se esti-vesse escrito “a ira de Deus” apenas, isso já nos faria supor algo bastante mias terrível e aterrador. Mas está es-crito “o furor da ira de Deus”, ou seja, a fúria de Deus, o furor do Senhor! Oh, quão terrível deve ser essa fú-ria! Quem pode exprimir ou mesmo conceber o que essas palavras carre-gam de peso nelas mesmas? Contudo não é apenas isso que está escrito: é o furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Essas palavras dão a entender uma grande manifestação de Seu grande poder onipotente quando for julgar. Através dela Ele infligirá aos homens todo o furor de Sua ira contida du-rante milhares de anos. Assim como os homens costumam manifestar sua própria força através de seu furor, a onipotência de Deus irá, da mesma forma, se enfurecer e manifestar. E qual será a conseqüência de tudo isso? O que será dos pobres vermes fortes, e quem e com que coração se conseguirá suportar tanto furor duma só vez para sempre quem vier a sofrer todo esse mal? Que mãos se manterão? Que terrível, quão inex-primível, inconcebível abismo de mi-séria irá chegar toda a pobre criatura humana que seja vítima dum duro juízo como este!

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Pensem bem, vós todos aqueles que estão aqui agora e que perma-necem em vosso estado pecaminoso. O fato de Deus vir a efetivar o furor de Sua ira, torna implícito que Ele infligirá esse castigo sem compaixão. Quando Deus olhar a indescritível aflição do seu estado e vir como seus tormentos são absolutamente des-proporcionais à sua força, como vos-sas almas estão esmagadas, imersas em trevas eternas, não terá compai-xão de nenhum de vós, não irá deter a execução de Sua ira, ou, de forma alguma, tornar mais leve Sua mão Nessa hora. Deus não usará de ne-nhuma misericórdia para convosco, nem conterá mais Seu vento impe-tuoso. Ele nunca mais considerará seu bem estar e nem irá evitar que sofram de ali em diante! Na verdade, fará com que sofram na justa medida exata que toda a Sua rigorosa justiça vier a requerer. Nada será moldado só pelo fato de ser difícil de suportar por nenhum de vós. Pelo que também Eu os tratarei com furor; os meus olhos não pouparão, nem terei piedade. Ain-da que Me gritem aos ouvidos em alta voz, nem assim os ouvirei. Ezequiel 8:18. Deus está pronto; agora, usa de compaixão para convosco. Hoje é o dia da misericórdia para convosco. Vocês podem clamar neste instante e ainda ter esperanças de alcançar gra-ça e misericórdia. Mas quando o dia

de toda misericórdia passar, vosso lamento, o mais doloroso pranto, os gritos, serão completamente ignora-dos perdidos no ar e alienados dos ouvidos sensíveis Deus. O Senhor não terá mais uso para si a não ser sofrer suas misérias continuamente para servir de exemplo para quem estiver anda no céu. No que toca todo o seu bem estar, verá que Deus nunca terá outra opção senão a de entregá-lo ao sofrimento e à sua mi-séria e admitirá até que é justo nisso mesmo. E persistirá não tendo outra perspectiva de salvação, pois será um vaso de ira, preparado para a destrui-ção. Não existe outro uso para tais vasos, senão o de enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao Senhor, Ele estará tão longe de si como o sol está agora! Leia, inclusive, o que está escrito a esse respeito, que Deus irá, simplesmente, “rir e zombar” de vós (Provérbios 1:25-26, etc.).

Vejam quão terríveis são essas palavras do grande Senhor: O la-gar eu o pisei sozinho e dos povos ne-nhum homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo. Isaías 63: 3. É quase impossível de se conceber palavras que tragam em si uma manifestação maior destas três coisas: desprezo, ódio e fúria de in-dignação dum Deus onipotente. Se

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chamarem a Deus por consolo, Ele estará longe de vos querer consolar, ou de vos querer demonstrar qual-quer interesse a favor. Ao contrário, o Senhor simplesmente irá esmagá-los sob Seus pés. E apesar de saber que, ao pisá-los, nunca poderão suportar o peso de Sua onipotência, ainda as-sim Ele não se importará com isso e irá esmagá-los debaixo de Seus pés, sem piedade, espremendo o vosso sangue e fazendo com que o mesmo espirre, manchando Suas vestes, ma-culando Seus trajes resplandecentes. Ele não só irá odiá-los, como dedica-rá a todos vós aqui, o maior despre-zo. Lugar algum será considerado próprio para si, a não ser debaixo de Seus pés, para serem pisados como se pisa a lama das ruas.

3. A miséria a que estarão dota-dos é aquela que Deus mesmo infli-girá, a fim de demonstrar a força da Sua ira duma só forma. Deus tem em Seu coração a intenção de mos-trar aos anjos e aos homens, não só a excelência do Seu amor, como a severidade de Seu furor. Às vezes os governantes da terra resolvem mostrar a força da sua ira através de castigos extremos que aplicam sobre aqueles que os enfurecem. Nabuco-donosor, o poderoso e arrogante rei do império dos caldeus, demonstrou seu furor quando, ao se irritar com Sádraque que, Mesadaque e Abed-

nego, ordenou que se acendesse a fornalha de fogo ardente sete vezes mais do que costumava fazer. Como era de se esperar, a fornalha foi aque-cida intensamente, até atingir o mais alto grau possível de temperatura. O grande Deus também quer revelar a Sua ira e exaltar Sua tremenda ma-jestade (em tudo mais excelente que a deste rei) e grandioso poder atra-vés dos sofrimentos desmedidos de Seus inimigos. Que diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos da ira, preparados para a perdição. Romanos 9: 22.

E visto que esse é o Seu desígnio e o que Ele determinou, ou seja, mos-trar como é terrível e ilimitada a Sua ira, fúria e indignação, Ele o mostra-rá realmente. E espero que não seja a si ainda. Será realizado algo horren-do, muito terrível.

Quando o grande e furioso Deus se houver levantado e haver execu-tado Sua terrível vingança sobre o mísero pecador e desgraçado que estiver sofrendo o peso e o poder in-finito de Sua indignação, então Deus chamará o universo inteiro para contemplar a imensa majestade e o tremendo poder que n’ele existe. Os povos serão queimados como se queima a cal, como espinhos cortados arderão no fogo. Ouvi vós, os que estais longe, o

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que tenho feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu poder. Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas? Isaías 33 :12-14.

Assim, será com vós todos os que não se converterem a tempo, se per-manecerem nesse vosso estado de insensatez. O poder infinito, a ma-jestade e a grandiosidade do Deus onipotente serão exaltados em vós através da inexprimível força dos tormentos que vos sobrevirão, por certo. Vocês serão atormentados na presença dos santos anjos e na pre-sença do Cordeiro.

E quando estiverem nesse estado de sofrimento, os gloriosos habitan-tes do céu sairão para contemplar esse espetáculo horrendo vendo como é a ira e a fúria do Todo-Po-deroso para nunca mais esquecerem. E quando virem todas essas coisas prostrar-se-ão e adorarão Seu gran-de poder e majestade. E será que de uma lutava à outra, e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar pe-rante mim, diz o Senhor. Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que pre-varicaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne. Isaías 66:23-24.

É uma ira eterna. Já seria algo ter-

rível sofrer o furor e a cólera do Deus todo-poderoso por um momento. Mas vocês terão de sofrê-la por toda uma eternidade. Essa intensa e hor-renda miséria nunca mais terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à frente uma interminável eternidade, de duração infinita, que irá devorar vossos pensamentos e assombrar vossas almas. E irão entrar em deses-perar mas, em vão, com certeza, por não conseguirem nenhum livramen-to, termo, alívio ou descanso para tanta dor ao mesmo tempo. Saberão também, que terão de a sofrer até à última gota por longos séculos, por milhões e milhões de anos, lutando e pelejando contra essa vingança que nunca mais aceita qualquer clemên-cia, todo-poderosa que ela possa ser agora para si. Então, depois de passar por tudo isso, quando tanto os sécu-los vos tiverem consumido, saberão que tudo não passa apenas de uma gota de água quando comparado com o que ainda resta. Portanto, seu castigo será, com toda segurança e certeza, infinito. Oh, quem poderia exprimir o estado de uma alma em tais circunstâncias? Tudo o que pu-dermos dizer sobre o assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil visão daquela realidade. Ela é inexprimível, inconcebível, pois “Quem conhece o poder da ira de Deus?”

Quão horrendo é o estado daque-

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les que diariamente, continuamente a cada hora, os que se encontram em perigo de sofrer tamanha ira de infinita miséria! Mas esse é o caso sinistro de toda alma que ainda não nasceu de novo, por mais moral, austera, sóbria e religiosa que possa ser. Oxalá pensassem em todas essas coisas, jovens ou velhos. Há razões de sobra para acreditar que muitos daqueles que ouviram o evangelho certamente estarão expostos a esse tormento por toda a eternidade tam-bém. Não sabemos quem são eles, nem o que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos agora, escutando esta mensagem sem se perturbarem muito e que estejam até enroscando na esperança de conseguirem esca-par. Se soubéssemos que de entre os nossos conhecidos existisse uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal tormento como seria doloroso para nós encararmos essa realidade. Se conhecêssemos essa pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão seria terrível para nós. Iríamos todos le-vantar grande choro e prantear por causa dela. Mas, infelizmente, longe de ser uma pessoa só, é provável que muitos se lembrem destas exortações no inferno apenas! E inúmeras des-sas pessoas podem estar no inferno em breve, antes mesmo do ano ter-minar. E aqueles que estão agora com saúde, tranqüilos e seguros, podem

chegar lá antes do amanhecer. To-dos os que entre todos vós continu-arem persistam nesse vosso estado natural pecaminoso e que consigam ficar fora do inferno por mais algum tempo, estarão lá também em breve. Sua condenação não tardará; virá de súbito, e provavelmente para muitos de vós, de maneira repentina. Têm toda razão ao se admirarem de não estar ainda a fazer número já dentro do inferno. É o caso, por exemplo, de alguns conhecidos seus, meus, que pareciam nunca merecer o inferno mais do que qualquer um de vós e que antes aparentavam ter possibili-dade de estarem vivos tanto quanto vós estais hoje. Para o caso deles já não há esperança. Estão clamando lá em extrema penúria e perfeito deses-pero. Mas aqui estão vocês, na terra dos vivos carnais, cercados por todos os meios da graça, tendo a grande oportunidade de obter a salvação. O que não dariam aquelas pobres almas condenadas, desesperadas, lá no in-ferno por uma simples oportunidade de viver mais um só dia, como a que desfrutam vocês neste momento!

E agora vocês são os que têm uma excelente oportunidade de se salva-rem. Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da misericórdia de par em par colocando-se em pé clamando e chamando em alta voz aos pobres de espírito. Este é o dia em que mui-

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tos se estarão reunindo a Ele, apres-sando tudo para chegar ao reino de Deus. Inúmeras almas estão indo diariamente do norte, do sul, do les-te e oeste. Muitos dos que estavam até bem pouco tempo nas mesmas condições miseráveis que vocês estão felizes agora, com os corações cheios de amor por Aquele que os amou primeiro e os pôde lavar de seus pe-cados com Seu próprio sangue, rego-zijando-se na e banqueteando-se por estarem a ver a glória de Deus para sempre. Como é terrível ser deixa-do para trás num dia destes! Ver os outros a banquetearem-se, enquanto vocês estão penando e definhando sem qualquer esperança de lá pode-rem sair! Ver os outros em perfeito regozijo e alegria, cantando com todo coração, enquanto vocês só terão mo-tivos para prantear pelo sofrimento em vossas almas e corações, de se la-mentarem por causa das aflições de vossas almas! Como podem vocês descansar por um momento sequer em tal estado? Será, que vossas almas não são tão preciosas assim, como as almas daqueles que, dia a dia, se esta-rão ajuntando ao rebanho de Cristo?

Não existem, porventura, muitos que, apesar de haverem estado já longo tempo neste mundo, mesmo assim ainda não nasceram de novo e por essa razão sejam estranhos à comunidade de Israel e nada tenham

feito durante toda a sua vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do castigo? Oh senhores, o vosso caso, é sem dúvida, extremamente pernicioso. Toda a dureza de vossos corações e vossa culpa são imensurá-veis. Acaso não vêem como as pesso-as de vossa idade são deixadas para trás na dispensação da misericórdia de Deus? Necessitam refletir e des-pertar de vosso sono, pois jamais poderão suportar a fúria e a ira dum Deus infinito.

E todos vós que ainda são rapazes e moças, irão negligenciar este tem-po precioso que ainda desfrutam, quando tantos outros jovens da vos-sa idade já estão renunciando às fu-tilidades da sua juventude acorrendo céleres até Cristo? Vocês têm neste momento uma oportunidade única, mas se a desprezarem, sucederá o mesmo que agora está acontecendo com todos aqueles que gastaram os dias preciosos de sua mocidade em pecado, chegando a uma terrível si-tuação de cegueira e insensibilidade natural.

E vós crianças, que não foram convertidas ainda, não sabem que es-tão perto do inferno onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que está encolerizado contra vós também noi-te e dia? Será que ficarão felizes por ser filhos do diabo apenas, quando tantas outras já foram convertidas e

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se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos reis?

Oxalá todos aqueles que ainda estão fora de Cristo, pendendo so-bre o abismo do inferno, quer sejam senhoras e senhores idosos, pessoas de meia idade, jovens ou crianças, possam dar-me ouvidos, também ao clamor dos chamamentos da Palavra e da providência de Deus. Este é o ano aceitável do Senhor, um dia de grandes misericórdias para alguns, sem dúvida será um dia de extremo castigo para outros também. Quan-do negligenciam vossas almas a esse ponto, os corações dos vós homens se endurecem e vossa culpa aumenta vertiginosamente. Podem estar cer-tos, porém, que agora será como foi nos dias de João Batista. O machado está posto à raiz das árvores; e toda árvore que não produzir fruto, será cortada e lançada no fogo eterno.

Portanto, todo aquele que está fora de Cristo, desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus Todo-Poderoso paira agora sobre todos os pecadores. Que cada um fuja de sua Sodoma: Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças.

E assim, conhecendo o temor do Se-nhor, persuadimos aos homens. De sor-te que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por

nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus; 2 Coríntios 5.11-20; 6.2. Bus-cai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Se-nhor, que se compadecerá dele e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. Isaías 55:6,7. Amém.

Biografia:

Jonathan EdwardsGrande pregador dos EUA, in-

gressou no ministério em 1726. Seu primeiro pastorado foi em Nor-thampton, Massachusetts, onde ser-viu até 1750. Foi contemporâneo e atuante num grande despertamento espiritual e tido por alguns como o maior teólogo da América do Norte. Era pregador excelente, com célebres sermões publicados: Deus Glorifi-cado na Dependência do Homem (1731), Uma Luz Divina e Sobrena-tural (1733) e o mais famoso, Peca-dores nas Mãos de um Deus Irado (1741).

Sobre o sermão mais famoso, baseou-se em Deuteronômio 32:35. Depois de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava que os pecadores caíssem no inferno, a não ser a própria vontade de Deus. Afir-mou que Deus estava mais encoleri-

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Deus jamais encontrará em nós algo digno de seu amor, senão que Ele nos ama porque é bondoso e misericordioso.

-- João Calvino

Vivamos de maneira que nosso propósito seja firme para com Deus e percebamos que tudo façamos, até mesmo as coisas comuns, para Seu prazer, conforme Sua vontade e para Sua glória,

e que o amor de Deus nos constranja em todas as nossas ações.-- Richard Baxter

Os grandes mestres da doutrina cristã tem encontrado sempre na oração a fonte mais elevada de iluminação. Para não passar dos limites da Igreja Anglicana, diz-se do Bispo Andrews que

passava cinco horas diárias sobre os joelhos. Tem-se chegado às maiores resoluções práticas que têm enriquecido e aformoseado a vida humana nos tempos cristãos por meio da oração.

-- Cannon Liddon

zado com alguns dos ouvintes do que com muitas pessoas que já estavam no inferno. Disse que o pecado era como um fogo encerrado dentro do pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se em forna-lhas de fogo e enxofre, e que somen-te a vontade de Deus indignado os guardava da morte instantânea.

Continuou, então, aplicando ao texto ao auditório: Aí está o inferno com a boca aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar… há, atualmente, nuvens negras da ira de Deus pairan-do sobre vossas cabeças, predizendo tempestades espantosas, com gran-des trovões. Se não existisse a vonta-de soberana de Deus, que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento

até agora, seríeis destruídos e vos tornaríeis como a palha da eira… O Deus que vos segura na mão, sobre o abismo do inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outro inseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixá-lo cair depois, está sendo provocado ao extremo… Não há que admirar, se alguns de vós com saúde e calma-mente sentados aí nos bancos, passa-rem para lá antes de amanhã…

O sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos das mulheres; quase todos ficaram de pé ou caídos no chão. Durante a noite inteira a cidade de Enfield ficou como uma fortaleza sitiada. Teve início um dos maiores avivamentos dos tempos modernos na Nova Inglaterra.

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Desde BetâniaWatchman Nee

Este hino foi composto por Watchman Nee depois da invasão comunista na Chi-na, a qual resultaria em sua

prisão em 1952. Ela expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso,

real, desesperado anelo pela volta do Senhor. A melodia usada é Danny Boy. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento…

A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que

guardam pela manhã. Salmos 130:6

Desde Betânia

Desde Betânia, quando nos deixaste, Saudade imensa inundou meu ser. Não tenho mais tocado a minha harpa – Como tocar, se a Ti não posso ver? Na solidão da noite tão profunda,

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Fico em silêncio e calmo a meditar Nessa distância, pois de mim tão longe estás E há quanto tempo prometeste regressar!

Sem lar, recordo Tua manjedoura, Olhando a cruz não posso me alegrar. E Tu me lembras o meu lar futuro, Mas é a Ti quem mais quero encontrar. Sem Ti não tem sabor minha alegria; Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar, Vazios são meus dias, pois aqui não estás. Senhor, Te peço, não demores a voltar.

Embora aqui Tua presença eu goze, De Ti saudade estou sempre a sentir. Mesmo gozando o Teu amor imenso, Anseio pelo dia em que hás de vir. Mesmo na paz me sinto tão sozinho; Por Ti suspiro em meio do prazer. Jamais minha alma tem satisfação total, Pois o Teu rosto amado não consigo ver.

Com sua terra sonha o peregrino, Com sua pátria, o exilado, além. Distante, o noivo pensa em sua amada. De amados pais, saudade os filhos têm. Assim também anelo ver Teu rosto, Ó meu querido e amado Salvador. Ah! Se eu pudesse, agora, a Tua face ver! Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?

Tu lembras que buscar-me prometeste, E junto a Ti em breve me levar? Mas tantos dias e anos já passaram, Cansado estou e peço-Te lembrar. Tuas pegadas vejo tão distantes,

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E quanto tempo ainda vai passar? Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador: Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.

O dia nasce e morre, e assim as noites. E quantos santos já não estão aqui Tanto esperaram pela Tua volta, E há muito tempo estão dormindo em Ti. Ó meu Senhor, por que não Te manifestas? Espesso véu está a Te ocultar – Quantos remidos Teus estão a Te esperar! Será que a nossa espera não vai mais findar?

Sei que também anseias por voltares E arrebatar os redimidos Teus. Por isso peço não mais demorares; Depressa vem levar-nos para Deus. Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama; Não ouves Tua Noiva a Te chamar? Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar: Amado Noivo, não demores a voltar!

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O sofrimento do Filho

“O caminho que trilhava na terra era escabroso. Como poderia ser de outra maneira num mundo onde tudo estava em oposição direta à Sua natureza santa e pura? Ele teve de suportar a contradição dos pecadores contra Si mesmo. Teve de suportar a afronta dos que se opunham a Deus. O que não teve Ele de suportar? Foi mal compreendido, mal interpretado, injuriado, difamado, acusado de estar fora de Si e de ter demônio. Foi traído, negado, abandonado, escarnecido, esbofeteado, cuspido, coroado de espinhos, expulso, condenado e cravado entre dois malfeitores. Todas estas coisas Ele sofreu às mãos dos homens juntamente com os terrores indizíveis com que Satanás atormentou o Seu espírito; mas, deixai-me repetir mais uma vez e com ênfase, depois de os homens e Satanás terem esgotado o seu poder e inimizade o nosso bendito Senhor e Salvador tinha de suportar alguma coisa comparada com a qual tudo o mais era como nada, e isto era a ocultação da face de Deus – as três horas de trevas e terrível escuridão, durante as quais sofreu aquilo que ninguém senão Deus pode conhecer”.

-- Mackintosh

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Associação Betel

A Associação Betel é uma entidade juridicamente organizada, sem quaisquer vínculos denomina-cionais ou fins lucrativos, mantida por recursos advindos de colaboração espontânea de pessoas

que apóiam seus objetivos, cujo fim é viabilizar a pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

Os objetivos da Associação Betel:a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confirmados

em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação do Evangelho de Cristo;

b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos, como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísti-cos, Bíblias, fitas de áudio e afins;

c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo, pois “a fé sem obras é morta em si mesma”.

A Associação Betel é mantida por colaborações espontâne-as de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos.

São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes mui-tas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pre-gação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança.

São aqueles que compreendem com amor e dedicação as Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”.

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CNPJ 72219207/0001-62REVISTA BETEL é uma publicação trimestral que visa a edifi-cação dos cristãos. Contém artigos e estudos bíblicos centrados na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publicação é sustentada por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos leitores gratuitamente.

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