Apresentacao tic surdez
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Transcript of Apresentacao tic surdez
Uso das tecnologias digitais pelas pessoas surdas como um meio de cidadania
Claudia Regina Vieira
Mary Grace Pereira Andrioli
Sandra Regina Leite de Campos
Profa. Jutta Gutberlet
Síntese da pesquisa
Esta pesquisa, de natureza qualitativa investigou o uso das Tecnologias Digitais pelas pessoas surdas como um meio de ampliação de sua cidadania a partir da percepção de três líderes sociais.A metodologia aqui proposta, de abordagem qualitativa, foi realizada por meio de vídeo, presencialmente, a partir de roteiro semi-estruturado. Espera-se que os resultados contribuam favorecendo o entendimento a respeito do uso das tecnologias por esta população e até que ponto podem contribuir ou não em suas ações com foco na cidadania.
Cidadania
Participação política
Direitos
Deveres
• Experiência das três pesquisadoras: duas atuam com alunos surdos e uma já realizou pesquisas com alunos surdos em escolas utilizando tecnologias digitais.
A escolha do tema
Articulação: surdez e tecnologias
- Observação na Internet sobre a atuação forte da comunidade surda em diferentes espaços (Plano Municipal de Educação, Movimentos Sociais) e na própria Web.
Metodologia
Cidadania
TICSurdez
Documental
Entrevista
Análise de dados
Entrevista - perspectiva dos entrevistados
Seleção dos entrevistado
s
Disponibilidade
Realização e gravação
Transcrição e análise
Definição do roteiro semi-estruturado
• Atmosfera de confiança (Goldenberg, 1997);
• Captação imediata;• Possibilidade de falar
na mesma língua dos entrevistados (no caso língua brasileira de sinais) – Bourdieu (1998);
• Obter dados subjetivos;• Possibilidade de
esclarecimentos/ adaptações.
Questões norteadoras
Os surdos utilizam as TD como meio de
ampliar a cidadania?
Qual o conceito de cidadania?
Como usam as TD?
Como os recursos
tecnológicos mudaram sua atuação como
cidadão?
Perfil dos entrevistados
Ricardo36 anos
Presidente da Associação dos
surdosAnalista de Sistemas
(Graduação tecnológica)
Tiago30 anos
Professor de Lingua de Sinais como L1 e L2 (para Surdos e Ouvintes) em dois
colégiosCom graduação
(Pedagogia e Letras Libras) e pós-
graduação
Fábio28 anos
Professor de Libras em escola para
surdosProfessor
Universitário de Libras
Com graduação em Letras Libras)
Conceito de cidadania
Cidadania: significa a qualidade da pessoa, ser “gente” . A maneira de ser, é uma construção. (Ricardo)
"Cidadania é quando a pessoa é. Ela nasce em um lugar, tem direitos, deveres participa da vida da comunidade, tem informação, circula essa informação, trabalha, mantém contato com os outros, tem opinião própria, identidade, participar ativamente, acho que isso significa cidadania. É isso!Agora cidadania pode, principalmente pensando no surdo, por exemplo, significar os direitos, a lei, o movimento surdo. Surdo é cidadão igual os outros, ter os mesmos direitos, a luta da comunidade pela igualdade, toda sociedade. A luta da comunidade pelos direitos o viver em sociedade, isto tudo deu essa igualdade para o surdo “inclusão”. (Tiago)
[Trecho final exemplificando o que é cidadania para ele]
Depois eu cresci, começaram as discussões, palestras, fui a discussões na Prefeitura sobre o fechamento das escolas de surdos, coisa antiga, eu entrei, fui percebendo, falando de decreto, direito, conquista. Eu comecei a entender, o que significa cidadania, me entender. Entendi. - Eu sou surdo de verdade! Isso mostra que surdo tem direito, identidade, várias coisas, eu senti[...] Eu sei o que significa ser surdo, como eu vivo, minha capacidade. Antes eu estava sempre com a minha mãe, sempre eu e ela. (Fábio)
Tecnologia e atuação cidadã
Isso! Por exemplo, dois surdos conversando. Tem as câmeras... Antes precisava de um intérprete para pedir uma pizza, ir ao médico, agora sinalizo pela câmera para o intérprete e a informação vai e volta, é legal! É tecnologia. É bom! (Fábio)
Eu ia ao médico, nós dois e ela [a mãe] que resolvia, e eu ali sem saber de nada, parecia que eu não estava ali, o que significava que eu não existia . Ela resolvia, resolvia, resolvia, tudo ela.Hoje não, quem resolve sou eu, o problema é meu. Fala para mim que eu resolvo. (Fábio)
Eu sempre andava junto com a minha mãe e quando ela morrer? Como será? Com autonomia eu tenho que fazer por mim mesmo, e assim fui trabalhando , comecei a faculdade...eu mesmo escolhi, sem interferência da minha mãe, de ninguém . Eu fiz o caminho. Cidadania significa: Eu sou surdo! Tenho uma vida dentro de mim, dois significados; tenho uma cultura, respeito à cada uma das pessoas, também respeito a minha própria cultura. É isso! Comecei com 18/19 anos, comecei a me perceber e também as discussões, direitos, direitos e eu ignorando, percebi em duas situações, na situação do ônibus a questão do dinheiro, responsabilidade minha, e outra o curso, me formei. Importante, o mais importante! Eu sou surdo!
Tecnologia e atuação cidadã
Quando a Internet começou usava o ICQ e depois MSN para conversar com outros surdos, isso facilitou para os surdos porque as reuniões e festas da associação podiam ser marcadas mais rápido, com o correio demorava um mês, com o fax 15 dias, mas com o computador uma semana. Ficou melhor e mais rápido. Dava pra se encontrar mais.Hoje nossa!!! Muito melhor, (pega o próprio celular) os celulares tem câmera, muito melhor para os surdos nossa! Tem Internet é um computador pequeno da pra se comunicar via web. Antes nossa o surdo sofria muito, agora o sofrimento sumiu. Sumiu. (Ricardo)
A tecnologia ajudou o trabalho da associação porque antes demorava muito, agora é só mandar mensagem via celular e todos tem acesso, usamos também e-mail como forma de comunicação, também usamos outros recursos como: facebook, twitter, Skype, mas tudo isso é muito mais rápido e o surdo pode usar sozinho, não perde tempo, diferente de antes.Então na minha opinião é melhor agora, antes o surdo sofria vivia fechado, protegido demais, longe, parece que tinha uma parede na frente que não deixava ver muita coisa. Agora essa parede abriu e dá pra ver as coisas, ficou muito mais fácil.(Ricardo).
Tecnologia e atuação cidadã
Antes na Associação chegavam informações, mas o surdo precisava ir à associação receber a informação e depois passar para os outros que não tinham ido, demorava muito. A mesma coisa acontecia com a escola. Quando tinha um campeonato de futebol, por exemplo, só ficava sabendo quem pertencia àqueles espaços, não dava nem pra trocar, um não frequentava o outro eram sempre as mesmas pessoas, ficava tudo fechado, cada um no seu espaço isolado. Com o avanço tecnológico isso mudou, não existe mais este isolamento, existe circulação. (Tiago)
Como os surdos estão utilizando as Tecnologias
Por exemplo eu uso muitos aparelhos tecnológicos, exemplo tenho celular meu celular é completo tem tudo, mensagens, Whats up, Skype que pode mandar mensagem escrita ou de vídeo, eu uso todos estes, a minha família não tem chamada de vídeo então uso com eles mensagem de texto, as vezes tenho problemas para escrever mas eles entendem da pra nos comunicarmos, com outros surdos mensagens de texto é mais difícil então conversamos por vídeo é mais fácil e bem melhor, é mais claro a comunicação flui bem. As vezes uso conversas por vídeo ou webcam quando converso com surdos de longe como do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, por exemplo. A conversa pode ser sobre vários temas como: família, lazer, palestras e outras informações. Isso facilita muito antes tudo isto era via carta e demorava muito,. O contato é mais rápido e melhor. (Tiago)
Como os surdos estão utilizando as Tecnologias
• Principalmente via celular - múltiplos recursos. vídeos, câmeras, bate-papo, etc.
• Redes sociais (youtube e facebook) para reuniões, festas e discussões políticas.
• Conhecem muitos recursos e aplicativos.• Esses aplicativos auxiliam na comunicação
dando independência e autonomia aos Surdos.
• Acreditam que a evolução das tecnologias contribuiu bastante com o desenvolvimento da autonomia e participação social dos surdos por meio de celulares e recursos de webconferência e mensagens de texto (principalmente)
“[…] Sabe-se que os direitos sociais são difíceis de se materializar em compromissos entre o Estado e a sociedade, e não garantem sua imediata implementação. Assim, a cidadania enfrenta tensões paradoxais, necessitando mecanismos da sociedade para fazer valer tais direitos e romper com certos preconceitos ligados a este grupo populacional.
Neste sentido, famílias com pessoas surdas buscam superar as barreiras impostas pela deficiência auditiva, valendo-se de recursos variados e com maior ou menor sucesso na empreitada. Para os profissionais que trabalham com essas famílias, torna-se necessário conhecer como os pais e demais familiares são afetados e como lidam com as repercussões e demandas ligadas à situação da perda auditiva. Pensar esta questão remete à proteção social, seja ela relacionada ao Estado ou à sociedade civil.
(Bittencourt e outros, 2011, online)
Referências
Boni, V. & Quaresma, S. J. 2005, Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, 2, 1 (3): 68-80. √ Fantini Nogueira, M. C. & Cláudia Maria Bógus, C. M. 2004, Considerações sobre a metodologia qualitative como recurso para o estudo das ações de humanização em saúde. Saúde e Sociedade, 13 (3): 44-57. √
ONU. http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Minorities/Booklet_Minorities_English.pdf, 1994 acessado em 30/05/13
SKUTNABB - KANGAS, T. Linguistic Human Rights. A Prerequisite for Bilingualism, in Bilingualism in Deaf Education, Inger A. & Kenneth H(eds.), Signum-Vert. Germany, 1994.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 13ª ed. São Paulo: Hucitec, 2009.
PEIXOTO, R. C. Algumas considerações sobre a interface entre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a Língua Portuguesa na construção inicial da escrita pela criança surda. Caderno Cedes, Campinas, vol. 26, nº 69, 2006, p.205-229.
BRASIL. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
BRASIL. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
SKLIAR, C. Uma perspectiva sócio-histórica sobre a psicologia e a educação dos surdos, in Educação e Exclusão- Abordagens Sócio-antropológicas em Educação Especial, Editora Mediação, Porto Alegre, 1999. C MARA NETO, Isnard de Albuquerque; REZENDE FILHO, Cyro de Barros. A evolução do conceito de cidadania. Disponível em: <http://www.unitau.br>. Acesso em: 20.04.2013.