Apresentação livro matriz 10 09 2pdf
-
Upload
seta-regional -
Category
Documents
-
view
227 -
download
8
description
Transcript of Apresentação livro matriz 10 09 2pdf
Francisco de Toledo
1ª Edição
2014Sumaré - SP
Editora Seta Regional
Paróquia de Santana, 2014, Sumaré - SP
Apresentação ................................................................................ 00
Prefácio .......................................................................................... 00
Dedicatória .................................................................................... 00
A igreja de Sant´Ana – origens ..................................................... 00
A vida religiosa em Rebouças antes de 1914 ................................. 00
Criação da Paróquia ...................................................................... 00
Os primeiros tempos da Paróquia ................................................. 00
As Associações Religiosas e a festa da padroeira ........................ 00
Os novos vigários a partir de 1920 ................................................ 00
Nova fase da vida da Paróquia ...................................................... 00
Padre José Giordano ..................................................................... 00
Padre Carlos Augusto Malho ......................................................... 00
As mudanças trazidas pelo Vaticano II ........................................ 00
Padre Constantino Gardinalli ........................................................ 00
Padre Pedro Tomazini .................................................................... 00
Padre Angelo Marighetto .............................................................. 00
Sumário
Padre Luis Antonio Guedes ........................................................... 00
Padre Mansur Rodrigues Mansur .................................................. 00
Padre Cláudio Zacarias Menegazzi. ............................................... 00
Padre Paulo Crozera ...................................................................... 00
Padre Carlos José Nascimento ...................................................... 00
Padre Elisiário César Cabral .......................................................... 00
Histórico das Comunidades ........................................................... 00
Sant´Ana: Vida e Culto ................................................................. 00
Dom Joaquim Mamede, o bispo que nasceu em Sumaré............... 00
As capelas antigas da Paróquia de Sant´Ana ............................... 00
A pedra fundamental da Igreja Matriz ........................................... 00
Lista dos párocos de Sant´Ana ..................................................... 00
Bibliografia .................................................................................... 00
Anexos
ApresentaçãoCom grande alegria faço a apresentação do livro PARÓQUIA DE SANT´ANA – 100 ANOS
do professor Francisco, carinhosamente conhecido por nós como professor Chico. Ele vem fazer
o coroamento das festividades do Centenário de nossa Paróquia de Sant’Ana em Sumaré. Trata-
se de uma obra histórica, seja pelo seu conteúdo, seja igualmente por marcar este momento da
história dos paroquianos de Sant’Ana que comemoram: “Cem anos celebrando a vida”.
Desde a festa da nossa padroeira no ano passado, quando fizemos a abertura do “Ano
do Centenário”, o lema: “Recordem as Maravilhas que Ele fez” dirigiu e inspirou as nossas
atividades e celebrações, que foram tantas e belas. Esse livro vem, portanto, enriquecer e dar
maior vigor à nossa história, pois reconhecemos que Deus fez maravilhas em nosso meio. Quem
busca conhecer a história, aprende a respeitar e admirar suas origens. Sabe ainda analisar e
compreender melhor o seu presente, que não representa apenas um tempo cronológico, mas é
presente-dádiva, uma graça que recebemos dos outros, que deixaram experiências através do
tempo como heranças para nós. Enfim, conhecer a história ajuda-nos a planejar melhor o futuro,
pois não construímos nada de exclusivamente novo. Construímos juntos. Na fé, isso é o dom da
partilha que eu venho aprendendo, dia após dia, a construir com esta comunidade paroquial e
seus agentes.
Parabenizo todos os paroquianos de Sant’Ana pela beleza de sua história e da qual
Deus concedeu-me a graça de participar. Se na beleza contemplada, eventualmente pudermos
identificar alguma fraqueza humana, vejo também que as virtudes para superá-las são o maior
exemplo deixado como tesouro e testemunho nessa história. Agradeço ao professor Chico
pelo seu trabalho cuidadoso e pelo presente que nos deixou. Agradeço também à equipe de
editoração, que igualmente ao autor do livro, ofereceu gratuitamente seu importante trabalho
de diagramação e arte final. Agradeço ainda ao Pró-Memória por nos autorizar acesso ao seu
arquivo de fotos e informações. Finalmente, desejo a todos uma boa leitura e que se inspirem
nos versos 78:“O que nós ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o
esconderemos a seus filhos. Nós o contaremos à geração seguinte: os louvores do Senhor e seu
poder, e as maravilhas que realizou.”
Sumaré, 9 de outubro de 2014.
Cônego Elisiário Cesar Cabral
14
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Tirar do baú coisas novas e velhas é fazer a ligação entre o novo e o
velho. O novo sentido para as coisas que aparecem todo dia só se encontra
no passado. O passado não determina o presente, mas é lá que reside
o substrato da História. Sem o passado não existe o presente e sem este
não se constrói o futuro. Cabe à Igreja anunciar a mensagem nova lendo o
passado e os sinais do tempo presente na perspectiva do futuro.
Registrar por escrito o que aconteceu nesses 100 anos da Paróquia
de Sant´Ana é tarefa da maior relevância para os paroquianos, para o
cidadão sumareense e para toda a Igreja. É missão do historiador trazer à
memória o que o tempo teima em esquecer, para que se reconheçam os erros
do passado, se valorizem os acertos e se construa um futuro melhor.
Na primeira edição deste livro, publicado em 1998, escrevi que é
“tarefa quase impossível escrever a história das cidades brasileiras sem falar
das suas igrejas. Algumas cidades nasceram mesmo a partir de uma capela,
como é o caso de Aparecida do Norte, ou de uma missão religiosa, como é o
caso de São Paulo. Outras vilas coloniais, cuja origem está ligada à pecuária,
à mineração, à defesa, aos entroncamentos de caminhos ou rotas comerciais,
também têm sua história marcada pela presença da Igreja. Ricas e espaçosas
como as do barroco mineiro do século XVIII, simples e despidas como as do
litoral no século XVI, as igrejas compõem a paisagem obrigatória da vila
colonial: câmara, cadeia e igreja”.
Desde a Colônia até hoje, a presença da Igreja Católica não foi simples
peça decorativa na paisagem urbana e rural brasileira, e também não passou
despercebida na vida social e política do Brasil desde a Colônia até hoje. Em
Sumaré, o primeiro núcleo urbano teve como centro a Estação Ferroviária, a
Capela e o Largo da Matriz; teve como padroeira da cidade o nome de uma
santa, cuja festa litúrgica marca oficialmente o aniversário do município, e
Prefácio
15
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
teve como primeiro Prefeito um sacerdote.
A presente edição, agora com aparência mais bem cuidada e bonita,
foi revisada, corrigida e atualizada. Não pretende ser obra definitiva nem
completa, mas foi elaborada com seriedade e fidelidade às fontes documentais
escritas, orais e iconográficas. A preocupação foi o rigor documental, haurido
em especial do Livro Tombo da Paróquia, dos Livros de Atas do CPP e do
EACP. Minha proposta é que o leitor se sinta participante e construtor dessa
história.
Nessa longa caminhada de cem anos, cheia de altos e baixos, a missão
da Igreja foi cumprida. Como seu fundador Jesus, ela às vezes foi pedra de
escândalo, foi sinal de contradição. Mas, serenadas as turbulências sazonais,
foi também o farol que iluminou a treva, a luz que mostrou o caminho.
Neste início do segundo milênio do nascimento de Jesus, a Paróquia
celebra seu jubileu agradecida ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou
entre nós, e se renova na alegre esperança da construção do Reino.
Agradecimentos à Secretaria Paroquial, à Associação Pró-Memória
de Sumaré, à Maria Teresa pelos momentos que lhe roubei de atenção,
e aos amigos Leandro e Andressa da Editora Seta Regional pela preciosa
colaboração presenteando a Paróquia com a diagramação deste livro.
Sumaré, outubro de 2014
Francisco Antonio de Toledo
16
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
17
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Ao papa Francisco, enviado de Deus para mostrar ao mundo moderno a face alegre da Igreja, a simplicida-de franciscana do Poverello de Assis, a ternura do bom Deus, e a esperança de dias melhores para um mundo tão difícil.
A ele dedico este livro como minha mais cordial home-nagem.
Dedicatória
18
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
19
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Paróquia de Sant´Ana
100 Anos
20
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Segunda Capela de Sant´Ana (1904) com os sinos e o rancho coberto de sapé.
(Acervo Pró-Memória)
21
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
A Igreja de Sant´Ana Origens
Diferente de muitas outras cidades brasileiras, Sumaré nasceu ao
redor da Estação, ao lado da ferrovia. Era lugar de embarque e desembarque
de mercadoria e de gente. Muito mais de mercadoria do que de gente. A
principal atividade econômica desse local era a agricultura cafeeira para
exportação. No final do século dezenove, a região de Campinas era grande
produtora de café. As fazendas de café se espalhavam por toda a região, e
com a construção da Estação, devagar foram aparecendo algumas casas nas
imediações formando o povoado. A Estação ferroviária tinha sido construída
em 1875 e se chamava Estação de Rebouças, mudando depois o nome do
povoado para Vila de Rebouças, depois Bairro de Rebouças. O nome era uma
homenagem ao engenheiro Antonio Pereira Rebouças Filho, que falecera
durante a construção da ferrovia. Passados alguns anos, os católicos
construíram sua primeira igrejinha no bairro. Foi em 1889. Até essa data,
vinha padre de Campinas ou de Montemor para as missas, casamentos e
outros serviços religiosos.
A capela do povoado de Rebouças pertencia à Paróquia de Santa Cruz,
hoje Paróquia do Carmo, em Campinas. Esta paróquia foi criada em 8 de
maio de 1870, desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de
Campinas, hoje Catedral. Até 1908 as duas paróquias pertenciam à Diocese
de São Paulo, cujo bispo era D. Duarte Leopoldo e Silva.
As primeiras referências documentais que se tem sobre a vida religiosa
em Rebouças são de 1887. No Livro Tombo da Paróquia de Santa Cruz da
cidade de Campinas pode-se ler:
22
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
“Neste ano começou-se a edificação de uma pequena capela no bairro de Rebouças, único ponto da paróquia afetado pelo protes-tantismo”.
Era vigário da Paróquia de Santa Cruz nesse ano o Padre João Batista
Nery, que escreveu as linhas acima.
O historiador campineiro Jolumá Brito também cita essa data (dezembro
de 1887) para o início da construção “de uma capela no então incipiente
bairro”1. Mas, o historiador nada diz sobre a inauguração da capela, o que foi
feito pelo Padre Nery, que assim relata, na página 7 do referido Livro Tombo:
“No mês de dezembro, de 1889, as (sic) 15, realizou-se a inaugura-ção da pequena capela de Rebouças diante de grande concurso de povo. Houve missa cantada e procissão”.
Assim, com singeleza documental, é fora de dúvida que a primeira
capela de Rebouças é de 1889. O texto não faz supor a existência de nada
anterior. “começou-se a edificação de uma pequena capela”.
O documento não diz: “de mais uma capela”, ou de “uma nova capela”.
É pouco provável a construção de alguma capela antes de 1889, pois no
Livro Tombo da Matriz de Nossa Senhora da Conceição (atual Catedral),
à qual Rebouças pertencia antes de 1870, e no Livro Tombo da Paróquia
de Santa Cruz (1870-1914) não há nenhuma referência ao fato. Se tivesse
havido a construção de alguma capela antes de 1889, ela certamente teria
sido inaugurada com a presença de um padre da Matriz e isso constaria por
escrito no Livro Tombo. Era acontecimento religioso importante a ereção de
1 Brito, Jolumá. História da cidade de Campinas, vol. XVIII, p. 178).
23
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
capelas.
Ainda mais: Numa entrevista dada ao jornal “A Gazeta de Sumaré”
em abril de 1955, Dona Mariquinha Raposeiro, que nasceu em Jacuba em
1863 e se mudou para Rebouças em 1879, diz que no seu tempo as missas
eram celebradas na casa de Antonio do Valle. Ora, se houvesse capela antes
de 1889, obviamente as missas seriam rezadas na capela e não numa casa
particular. As leis eclesiásticas eram rigorosas quanto a isso, e as missas ou
casamentos religiosos só eram celebrados fora da igreja em casos especiais
e com autorização do bispo.
A grande preocupação naquele momento era construir uma capela
porque o protestantismo estava avançando2.
Cabe lembrar que a origem de Americana se deve aos migrantes
americanos fugidos da Guerra de Secessão. Com eles vieram evangélicos
presbiterianos. Situada entre Campinas e Americana, o bairro de Rebouças
sofreu a influência deles, mesmo porque antes já havia aqui algumas famílias
de origem americana, como a de Guilherme Mills, por exemplo. Em 1870, já
havia a Igreja Presbiteriana de Campinas e o Colégio Internacional, fundados
pelo Reverendo Eduardo Lane.
Conforme depoimento de João Jacob Rowedder, antigo morador de
Sumaré, em 1904 foi construída outra capela porque a primeira era muito
pequena para atender a população. A primeira capela tinha ao lado um
2 No livro Sumaré – Edição Histórica. Editorial Focus, São Paulo, s/d, se lê que em 1886
Guilherme Miller “doou um terreno nesse ano para a construção de uma igreja presbiteriana” e
cita como fonte documental o Livro 4, Registro 1112 de 20 de março de 1886. Mas, o documento
citado não diz isso. Diz apenas que a Igreja Presbiteriana de Rebouças vende uma casa e terreno a
Luiz do Valle e Irmão. Essa casa era provavelmente onde os presbiterianos se reuniam, mas não era
uma igreja. De qualquer maneira, esse documento ajuda a entender a preocupação dos católicos
de Rebouças, que não tinham sequer uma capela. Isso fica claro nas palavras do vigário: “único
ponto da paróquia afetado pelo protestantismo”, para justificar a construção da primeira capela.
24
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Igreja de Sant´Ana, reformada em 1927, com a torre
(Acervo Pró-Memória)
Coreto da Praça da Republica - 1916
(Acervo Pró-Memória)
rancho coberto de sapé, que talvez funcionasse
como coreto e onde, na parte mais alta, estavam os
sinos. Construída a segunda capela, pouco maior
que a primeira, fez-se em cima dela o campanário
para os sinos.
A nova igreja foi reformada em 1927 e recebeu a
torre que a anterior não tinha. Conforme depoimento
de um antigo morador de Sumaré, Dr. Leandro
Franceschini, no interior dessa igreja, bem no alto,
sobre o altar, estava escrito: “Tudo no mundo passa.
Só Deus é eterno e sempre bom”. Foi demolida em
1949 dando lugar à Matriz atual.
25
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
A Vida Religiosa em Rebouças antes de 1914
A Paróquia de Sant´Ana de Rebouças foi criada em 1914.
Pouco se sabe sobre a vida religiosa em Rebouças desde a construção
da primeira capela até 1914, quando foi criada a Paróquia. Os padres de Santa
Cruz vinham para Rebouças celebrar missas, batizar, atender confissões etc.
Alguns moradores antigos de Sumaré se referem ao Padre Abel como o mais
antigo padre de Sumaré, antes mesmo de 1889. Houve pelo menos dois
padres com esse nome em Campinas nas últimas décadas do século XIX.
Um deles se chamava Padre Abel Alves Barroso que foi coadjutor do 16º
Vigário da Catedral entre 1884 e 1885. Dele quase nada sabemos. Outro
Padre Abel, muito mais conhecido que o anterior, assinava A.C. Lacerda,
isto é, Abel Camargo Lacerda. Jolumá Brito diz que Abel era seu apelido,
pois seu nome correto era Antonio Manoel. Nascido em 1819 em Campinas,
foi um personagem curioso esse Padre Abel. Depois de algumas peripécias
interessantes, foi ser padre. Encontramo-lo vigário de Monte-Mor, Santa
Bárbara e Limeira entre 1863-1869. Era muito bom latinista, boa pessoa,
alegre, amigo de todos. Conta-se que era muito rico e dono de uma fazenda
pelos lados de Salto Grande. Tinha escravos, mas os deixava soltos e não os
castigava. Faleceu em 1902, em Campinas.
Talvez tenha sido este último Padre Abel, com sua figura simpática,
que andou por Rebouças antes de 1889 e que ficou na memória dos mais
antigos moradores de Sumaré. Não se pode esquecer que Rebouças e
Monte-Mor eram muito ligadas naquele tempo, como também, Campinas e
Santa Bárbara, lugares que o Padre Abel devia conhecer e palmilhar com
certa frequência.
Os casamentos religiosos não eram feitos aqui, mas em Monte-Mor,
26
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Campinas, ou raramente em alguma capela quando
autorizados pelo Bispo. No ano de 1909, temos a
notícia de uma Irmandade de Sant´Ana, no Bairro
de Rebouças, cujo presidente era Antonio Rodrigues
dos Santos, e que não durou mais que três meses. Foi
dissolvida “não por falta de espírito religioso, mas
sim por descuido dos nossos irmãos da Diretoria”,
esclarece o presidente. Na época havia também a
Irmandade das Almas do Purgatório, da qual não se
tem notícia.
Além do Padre Nery, outro que trabalhou em
Rebouças foi o Padre Miguel Angelo Ronsini. Em
1910 ele foi nomeado capelão da Igreja de Rebouças,
por um ano, “para celebrar, pregar e confessar”,
conforme se lê no Livro de Provisões3 de 1908-1911.
Em fevereiro, março e abril de 1913 começou a
haver missa aos domingos na capela de Rebouças,
com batizados, confissões etc. pelo Monsenhor
Francisco Garófalo. Em 25, 26 e 27 de julho foram
realizadas as Missões por ocasião da Festa da
Padroeira Sant´Ana e para preparar espiritualmente
o povo para a nova Paróquia. Mas o padre deixou
escrito no livro Tombo da Paróquia de Santa Cruz
que “pouco resultado conseguiu”, e se refere à
3 Provisão é um documento que antigamente a Igreja
usava para autorizar o exercício de certas funções e exercícios
ministeriais. Ainda hoje ela usa esse documento, principalmente no
desempenho da função ministerial.
“frieza dos seus paroquianos”.
A partir de 15 de maio de 1913, o Padre
Joaquim da Fonseca foi provisionado para o uso de
ordens, passando a residir em Rebouças. O Padre
Fonseca – como era conhecido – também dava aulas
particulares. Ele morava na casa de Antonio do Valle
e aí lecionava. José Lopes, um antigo morador de
Sumaré, que foi aluno desse padre se lembra:
“Bastava esquecer qualquer lição que o Padre
puxava a orelha da gente sem dó. Mas valeu a pena”,
diz José.
Nesse mesmo ano de 1913, certamente por
sugestão do Bispo e, com a ajuda do povo, construiu-
se uma casa para o Padre e, em agosto de 1914, o
Padre Miguel Guilherme passou a residir na Casa
Paroquial “recentemente construída”. Era um passo
para a criação da Paróquia. A casa paroquial ficava
no Largo da Matriz, hoje Praça da República, ao lado
do atual Restaurante Makey (2014).
Ao fundo, Igreja de Sant´Ana. (Acervo Pró-Memória)
27
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
A Criação da ParóquiaEm 1914 Rebouças tinha 65 prédios e perto de 500 habitantes no
núcleo urbano. Na zona rural, onde havia muitos sítios e grandes fazendas,
a população era de 4 mil habitantes.Todo o território, que hoje abrange o
município de Sumaré e Hortolândia, com seus 4.500 habitantes, fazia parte
da paróquia de Sant´Ana. A economia do distrito baseava-se na produção
de café (em crise, mas ainda lucrativa), algodão, cana-de-açúcar, arroz,
milho e pecuária. Na cidade, havia armazéns de secos e molhados, açougue,
lojas de tecidos, padaria, oficina de ferreiro, máquina de beneficiar arroz,
café e algodão, serraria, pensões, pequenos hotéis e pequenas indústrias
(de macarrão, cerveja, aguardente, sabão...). Era bastante expressiva a
presença de imigrantes estrangeiros, em especial portugueses e italianos.
Rebouças tinha 3 escolas primárias, cadeia pública, Juiz de Paz, Cartório
de Registro Civil, farmácia, iluminação elétrica nas ruas, botequins, coreto,
banda musical. Em outubro de 1913 foi inaugurado o prédio da Subprefeitura
que acaba de festejar seu centenário e, é hoje, a sede da Associação Pró-
Memória.
Era bispo de Campinas Dom João Batista Correa Nery4 que conhecia
Rebouças e já trabalhara aqui. Era Vigário da Paróquia de Santa Cruz o
4 Dom Nery foi o primeiro bispo de Campinas. Foi um homem extraordinário, culto, cheio
de virtudes e de zelo apostólico. Reorganizou a vida religiosa em Campinas e deu exemplo de
extrema dedicação ao próximo quando a cidade foi assolada pela epidemia de febre amarela,
matando quase 2 mil pessoas. Campinas lhe rendeu justa homenagem com estátua em praça
pública, nome de ruas e estabelecimentos, colocando-o entre os maiores nomes de sua terra.
Sumaré ainda não pagou essa dívida.
28
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Cônego Otávio Chagas de Miranda, mais tarde bispo
de Pouso Alegre. Em Roma, acabava de falecer o
Papa Pio X (agosto), sendo logo substituído por
Bento XV. Na Europa explodia a Primeira Guerra
Mundial entre as potências européias (1914-1918).
No dia 9 de outubro de 1914 saiu o Decreto da
criação da Paróquia de Sant´Ana de Rebouças e no
dia 11, domingo, deu-se sua instalação oficial.
Vale a pena deixar a palavra ao Cônego Otávio
Chagas de Miranda, que assim escreveu:
“No dia 11 de outubro, com a presença do Ex.mo Visitador Diocesano Mons. Joa-
Bispo Dom João Batista Correa Nery
Vista de Sumaré por volta de 1920. No primeiro plano em baixo, o Ribeirão Quilombo e as lavadeiras; no centro a
Estação Ferroviária; à esquerda a Rua Sete e no alto à direita a Igreja. (Acervo Pró-Memória)
29
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
quim Mamede5, do Vigário desta Paróquia de Santa Cruz, do Pa-dre Miguel Guilherme, deu-se a instalação solene da Paróquia de Rebouças, desmembrada desta, provida de paramentos e utensí-lios mais necessários e com um patrimônio constante de excelente casa paroquial” (Livro Tombo).
O ponto alto da festa foi no domingo, dia 11. Na parte da manhã,
alvorada pela banda musical “Recreativa Reboucense”; às 8 horas, missa com
cânticos e primeira comunhão de 30 crianças. Às 10 horas, Mons. Mamede
cantou missa solene e ao Evangelho leu o decreto da criação da paróquia,
pronunciando em seguida um discurso de congratulações, ao tempo em que
dava posse ao novo vigário Padre Miguel Guilherme, que já tinha sido pároco
em Souzas.
Às 13 horas, inauguração da casa paroquial com discurso do Cônego
Otávio Chagas, que ofereceu o prédio ao bispado. Respondendo, o Senhor
Visitador teve palavras de entusiasmo e carinho para com o povo de Rebouças,
em especial, para a Comissão da Paróquia e para Antonio do Valle, que doara
o terreno para a construção da casa paroquial.
Observa “O Mensageiro” que para a construção da casa paroquial
e para a fundação da Paróquia contribuíram Antonio do Valle, Antonio
Jorge Chebabi, Albino de Souza Aranha, Antonio Joaquim de Souza, Miguel
Rodrigues dos Santos, João Francisco Ramos, Atílio Foffano, Francisco
Noveletto e Antonio Basio (sic).
Após a inauguração da casa paroquial houve nova administração
5 Dom Joaquim Mamede era natural de Rebouças. Sua biografia está em outro lugar deste
livro. Como Rebouças era um bairro de Campinas, algumas biografias dele colocam seu nascimento
em Campinas.
30
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
do crisma, depois procissão de Sant´Ana, bênção do Santíssimo e canto
solene do te-déum. As cerimônias decorreram com muita ordem e grande
participação do povo, pois tratava-se de acontecimento importante para
Rebouças. As músicas sacras ficaram por conta de um coral de Campinas, sob
a direção do maestro João Brandemburgo, que executou músicas excelentes,
contribuindo para o realce da festa.
Às 20 horas Dom Mamede e comitiva regressaram a Campinas em trem
especial, levando as melhores impressões dos festejos.
31
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Manuscrito do Decreto da Criação da Paróquia de Sant´Ana
32
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
A nova paróquia levava o nome de “Paróquia de Santa Ana de
Rebouças”, cujo titular era Nossa Senhora Sant´Ana6. Esse tratamento
honroso, comum no antigo devocionário católico, lembra que Sant´Ana é a
mãe de Maria e por isso leva, como a filha, o título de “Nossa Senhora”.
Ao mesmo tempo em que se criava a nova Paróquia, era encarregado
o Padre Miguel Guilherme, que já residia em Rebouças, de cuidar dela “até
última deliberação”. Esse sacerdote ficou como vigário aqui até 1920. Foi o
primeiro pároco de Rebouças.
6 Conta uma antiga moradora de Sumaré – Dona Mariquinha Raposeiro – que quando
se escolhia o nome de um santo para orago da capela de Rebouças, em 1889, Domingos Franklin
Teixeira, descendente dos velhos Teixeira Nogueira e proprietário de terras nesta região, sugeriu
o nome de São Domingos. Era comum os fazendeiros colocarem em suas fazendas o nome do seu
santo protetor. Mas, o Padre Nery preferiu colocar a capela sob a proteção de Sant´Ana, devoção
tradicional no Brasil. Domingos se rendeu ao argumento do Padre e mais uma igreja ganhou o
nome da mãe de Maria.
É certo que o Padre Nery foi ordenado sacerdote em 1886 e esteve em Rebouças várias
vezes, como atestam antigos moradores. Ora, é claro que o diálogo entre o padre e Domingos só
pode ter acontecido entre 1886 e 1889, numa de suas vindas a Rebouças, não antes. Este é mais
um argumento a favor da construção da capela em 1889 e não em 1868. Dom Neri nasceu em 1863,
e em 1868 tinha apenas 5 anos!
33
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Os Primeiros Tempos da Paróquia
São escassos os dados sobre os primeiros 24 anos de vida religiosa
da Paróquia de Sant´Ana. A principal fonte histórica seria o Livro Tombo
da Paróquia que, por razões desconhecidas, não se encontra no Arquivo da
Cúria Metropolitana de Campinas. Talvez tenha sido perdido ou até mesmo
destruído em algum incêndio. Resta a esperança de que um dia apareça essa
preciosa relíquia, se é que ainda existe.
Sabe-se, por outras fontes, que, em 1915, a pedido dos paroquianos do
Bairro dos Amarais e vizinhanças, foram modificados os limites da Paróquia
de Rebouças. Era muito difícil para essas pessoas frequentarem a Matriz
de Sant´Ana, estando tão perto da Matriz do Carmo. Por isso tornaram-se
paroquianos do Carmo. Mas, consta que em 1922 os antigos limites voltaram
a vigorar.
Consta ainda, que em 1919, o já, então, Cônego Miguel Guilherme
recebeu provisão para benzer uma capela da família Gazzeta, situada no
Cemitério de Rebouças e que ainda existe. Não se trata da capela atual do
cemitério, que foi construída mais tarde. No ano seguinte, consta também a
provisão para ele celebrar missa na capela de Santo Antonio, em Rebouças,
e no Núcleo Colonial Nova Veneza. Provavelmente trata-se da capela de
Nossa Senhora do Rosário, construída pela família Dall´Orto, em 1917, bem
próximo à rodovia Anhanguera.
Em 1916, a Sociedade Recreativa Musical Reboucense conseguiu da
Câmara Municipal de Campinas 300.00 (trezentos mil réis) para construir um
coreto no largo da Matriz. Logo ficou pronto e nele a banda alegrava a praça
aos sábados, domingos e nas festas da igreja. O leilão era feito no coreto.
Compulsando o Relatório publicado pela Diocese de Campinas
34
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
verifica-se que o movimento religioso de Rebouças
era bom. Em 1915, houve na Paróquia 35 batizados,
4 casamentos, 20 primeiras comunhões e havia 38
crianças no catecismo.
A título de curiosidade, vejam-se aqui os nomes
dos primeiros batizados, dos primeiros casamentos
na Paróquia e dos primeiros encomendados.
As primeiras crianças batizadas foram
(respeitada a grafia original):
Ataliba, filho de Jacob Hoffmann Filho e
Francisca de Paula Mendes. Padrinhos: João
Gonçalves Dias e Ana Barbosa.
Amelia, filha de Manoel Francisco de Camargo
e Juventina Francisco de Jesus. Padrinhos: Frederico
Argentão e Maria Gavioli.
Francisco, filho de João Pucci e Magdalena
Lopes. Padrinhos: Jozia de Souza e Ameliça Queiroça.
João, filho de José Ignácio da Silva e Gertrude
Maria da Silva, sendo padrinhos: Atilio Foffano e
Antonia Foffano.
Vitalina, filha de José Portela Dias e Roza
Navarro Dias, tendo como padrinhos Francisco Peres
e Maraia Carnaccini.
Fioravante, filho de José Mancini e Marian
Alpina, sendo padrinhos José Noveletto e Antonia
Mancini.
Eduardo, filho de Olivio Costa de Oliveira e
Durcinda Maria de Jesus e sendo padrinhos Eduardo
Galvão e Maria do Carmo Galvão.
Maria Aparecida, filha de Joaquim Antonio e
Antonia da Silva, sendo padrinhos Francico Manoel
de Souza e Maria Francisca.
João, filho de Cesar Geraldelli e Theresa
Gaviota, sendo padrinhos Alexandre Bufferá e
Josepha Geraldelli.
Todos esses batizados foram realizados pelo
Pro-Vigário Padre Miguel de Guilherme (é como ele
assinava seu nome), no mês de outubro de 1914. No
mês de dezembro foram batizadas crianças muito
conhecidas na história de Sumaré: Francisco, filho
de Manuel Miranda e Jose (sic) Miranda, tendo como
padrinhos José Maria Miranda e Maria Piedade
Miranda; Eulina, filha de Antonio do Valle Sobrinho
e Elvira Biancalana do Valle, cujos padrinhos foram
Francisco Biancalana e Thereza Buschianeli; e
o último batizado do ano, de Durvalina, filha de
Antonio Vasconcellos e Emília Vasconcellos tendo
como padrinhos Manoel de Vasconcellos e Carlota
Vasconcellos.
Os primeiros casamentos realizados na
Paróquia foram de João Baptista e Anna Maria. Ele
era filho de Pedro Baptista e Jovina Sposito e ela era
filha de Gabriel de Campos Oliveira e Maria Angelina
das Dores.Já eram casados no civil e casaram-se com
dispensa de proclamas. Seus padrinhos foram José
Mancini e Francisco Noveletto.
Mais alguns casamentos: João Costa e Cecília
Maria. Os pais dele eram João Costa e Maria Costa,
e os dela eram Benedito Reauyyal (?), não constando
o nome da mãe. Já eram também casados no civil e
foram dispensados dos proclamas. Ele com 50 anos
e ela com 45.
Joaquim e Verdulina Baptista. Ele era filho de
Manoel do Valle e Maria do Carmo Camargo e ela era
35
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
filha de Manoel Antonio de Pinho e Maria Baptista de Pinho. Os padrinhos
foram Luiz Duardo (sic) e Antonio do Valle.
João e Amélia: ele filho de José Marques e Josepha de Jesus. Ela filha
de João Fructuoso e Maria do Valle Mello, sendo padrinhos Francisco do
Valle Mello e Antonio do Valle Mello.
Carlos e Ida: ele filho de César Biondo e Maria Busado Biondo e ela filha
de Eugênio Coltro e Ana Faiella (de Monte Mor). Foram padrinhos Mariano
Frasqueti e Angelo Padula.
Os primeiros óbitos registrados na Paróquia só o foram a partir de
1921. O primeiro Vigário não registrou os nomes dos mortos encomendados
na Paróquia. Os primeiros óbitos lançados no Livro são de Maria Rita, filha
de Adolfo Caetano Andrade e Cândida Machado do Amaral; Antonio, filho
de Pedro Rodrigues dos Santos e Maria Pereira dos Santos; José filho de
Ucílio Matioli e Barbarina Bortolacci; Gabriela, filha de Felipe Cantoso e
Maria Francisca de Moraes; Marcelino, filho de pais desconhecidos; Ana
Maria, filha de Hermenegildo Gigo e Theresa Petroni(sic); Santo, filho de João
Noveletto e Angela Noveletto; Antonio, filho de João Secon e Joana Basso.
36
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
As Associações Religiosas e a festa da Padroeira
Em janeiro de 1915, o Secretário Geral do bispado pediu ao padre
Miguel Guilherme que criasse na Paróquia a Irmandade de São Benedito.
Não se sabe se ela foi criada ou não. Em novembro de 1917 o Padre Miguel
Guilherme pediu licença ao bispo para fundar na Paróquia a Irmandade das
Almas do Purgatório. O bispo auxiliar Dom Joaquim Mamede parece não ter
gostado da idéia, e respondeu: “Não permitiremos fundação de Irmandade
a não ser a do Apostolado da Oração. O Revmo Pe. Vigário trabalhará para
fundar o Apostolado da Oração e não pensará em outras irmandades, a não
ser também na Liga de São José”.
O Apostolado da Oração era uma associação que existia no Brasil
desde meados do século XIX, existe até hoje em muitas paróquias brasileiras,
e foi trazida pelos jesuítas. Tem milhões de membros em todo o mundo. O
objetivo da Irmandade é rezar, evangelizar e integrar oração e vida.
No Relatório da Diocese de Campinas, de 1921, aparecem também a
Liga de São José, a Associação da Doutrina Cristã e o Apostolado da Oração.
Dessas duas últimas associações era presidenta Cândida Rodrigues.
Na época, a Igreja incentivava a criação de associações religiosas; elas
serviam de sustentação da vida cristã na Paróquia. Cada associação tinha
um objetivo específico: uma era voltada para o culto da oração, outra para a
devoção ao Santíssimo Sacramento ou à Nossa Senhora; outra para o estudo
da Doutrina Cristã, e assim por diante. Tinham normas rígidas e exigiam dos
37
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
seus membros determinados compromissos, além
de terem uma organização regimental interna como
qualquer entidade social.
Outra associação, era a Pia União das Filhas
de Maria composta de moças, muito antiga na Igreja,
desde a Idade Média, depois incentivada por Pio
IX. As meninas eram admitidas na associação, a
partir dos 16 anos. Usavam vestido e véu brancos,
fita verde no pescoço com uma medalha de N.S. das
Graças. Depois de um certo tempo de aspirantado,
eram admitidas como efetivas e passavam a usar
fita azul no pescoço e faixa na cintura. Rezavam o
ofício de Nossa Senhora, faziam retiro espiritual,
incentivavam a devoção à Virgem e ajudavam as
crianças na Igreja. Quando se casavam, deixavam a
associação e ingressavam em outra.
38
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 | A festa da Padroeira
Não havia muitas festas antigamente em Rebouças. Mas, as poucas que havia eram
muito boas, principalmente a festa de Sant´Ana. Vinha gente de toda a redondeza, a pé,
a cavalo, de carroça, carro-de-boi, trole, cabriolé, trem... A população de Rebouças quase
dobrava. Distâncias de cinco, seis ou dez quilômetros não desanimavam ninguém de ir à missa
ou às festas religiosas. Os que vinham do sítio, a pé, tiravam os sapatos e só os calçavam ao
chegar à cidade. Lavavam os pés, em alguma casa, arrumavam-se e iam à igreja. Festa era dia
de roupa nova, chapéu novo, sapato novo.
Coreto na Praça da Matriz construído em 1916
(Acervo Pró-Memória)
Andores, Festa de Sant´Ana. (sem data)
39
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Os Novos Vigários a par tir de 1920
Em fevereiro de 1920, falecia o bispo de Campinas D. João Nery e logo,
em julho, era nomeado para substituí-lo outro campineiro, D. Francisco de
Campos Barreto, cuja posse foi em novembro. Nesse mesmo mês, o Padre
Guilherme deixava a Paróquia de Rebouças, sendo substituído pelo Padre
Antonio Maria Vieira.
No seu tempo, foram restituídos os antigos limites da Paróquia
de Sant´Ana, agregando-se, novamente, a ela os bairros do Matão e dos
Amarais. Logo que tomou posse, a 31 de dezembro de 1920, o Padre Vieira
pediu e obteve do Bispo a autorização para reformas na Matriz. Não consta
que elas tenham sido feitas, embora antigos moradores de Sumaré mencionem
reformas da igreja, em várias épocas. O padre pediu também autorização
para completar a escrituração dos livros de batizados, casamentos e Fábrica7
que seu antecessor deixara incompleto8.
Pelo Relatório da Diocese de Campinas de 1921, fica-se sabendo que
7 Livro Fábrica era onde se lançavam os bens e os rendimentos da paróquia.
8 Como o Padre Vieira não se refere ao Livro Tombo, é provável que esse livro estivesse
em dia. Se não estivesse em dia, ou se ele não o tivesse encontrado, o novo Vigário teria disso se
queixado. Parece então razoável supor que o primeiro Livro Tombo da Paróquia de Sant´Ana de
fato existiu, embora se desconheça seu paradeiro.
40
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Rebouças tinha, nessa época,
4.687 habitantes. Essa era a
população de todo o distrito,
não apenas da área central. O
certo, porém, é que a população
aumentava e o movimento
religioso também. Segundo
o Relatório citado, Rebouças
teve nesse ano 65 primeiras
comunhões e 186 batizados.
Em janeiro de 1923, tomou
posse da paróquia o Padre José
Murillo, que era coadjutor da
igreja do Carmo. O Padre Antonio
Vieira foi nomeado pároco de
Valinhos. Pouco mais de um ano
paroquiou, em Rebouças, o Padre Murillo. Criou a
Legião da Boa Imprensa, cuja primeira presidenta foi
Brasília Almeida de Carvalho.
No relatório da Diocese consta que, em 1924,
havia na Paróquia de Rebouças, quatro capelas: a
de São Luiz, no Núcleo Colonial Nova Veneza, a de
Santo Antonio (particular), a do Cemitério Municipal
(particular) e a de Nossa Senhora do Rosário, em
Nova Veneza, à margem da Via Anhanguera. A de
Santo Antonio ficava no Bairro do Cruzeiro, na
Fazenda de Laurindo Caetano. A capela do Cemitério
era da Família Gazzeta e existe até hoje.
Em maio de 1924, o Padre Murillo era nomeado
vigário de Monte-Mor. Rebouças ficou sem padre até
Padre Epiphanio Estevam.
(sem data)
setembro. Nesse período, a Paróquia de Sant´Ana
foi anexada à Paróquia de Americana. Aqui deram
assistência religiosa os Padres Miguel Andery e
Victor Randuá. Este último era vigário de Americana
e foi “encarregado” da Paróquia de Sant´Ana, não
podendo ser contado entre os seus vigários.
O quarto vigário de Rebouças foi o Padre
Epiphanio Estevam que assumiu a paróquia em
outubro de 1924 e também aqui permaneceu pouco
tempo. Um ano depois, em setembro de 1925, foi
nomeado vigário de Monte Mor. Essa frequente troca
de padres não era boa para a Paróquia, como se pode
imaginar. Os próprios relatórios da Diocese nada
publicaram de Rebouças em 1924/1925 e o número
de batizados e casamentos caiu muito. A impressão
que se tem é que a vida religiosa da paróquia caiu
bastante.
Desde setembro de 1925, o novo Vigário de
Rebouças foi o Padre Estanislau Mosciaro. Este
padre italiano ficou quase nove anos como vigário,
mas se ausentou de Rebouças por várias vezes e
longos períodos: a primeira vez, por seis meses,
a segunda, por onze e a terceira, por cinco meses.
Em sua ausência quem ajudava na paróquia eram
os padres de Campinas. De junho de 1930 a maio
de 1931, na segunda ausência do Padre Mosciaro, a
Paróquia foi anexada ao Curato da Catedral. Nesse
período quem respondeu por Rebouças foi o Cônego
João Sebastião Loschi. Ajudaram-no o Padre Manoel
41
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Assinando está o Padre
Epiphanio Estevam. (sem data)
Simões Lima e o Padre Francisco Marcondes9.
Foi no tempo do Padre Mosciaro, precisamente em 1927, que a Matriz
recebeu algumas reformas, quando o seu campanário foi substituído pela
torre, dando-lhe mais imponência. A igreja recebeu também nova pintura e
instalações elétricas mais modernas.
9 Nesse tempo, o bairro de Jacuba (atual Hortolândia) pertencia à Paróquia de Sant´Ana.
Ficou muito conhecida então a “Santinha de Jacuba”, que mereceu reportagens de vários jornais,
como Correio Popular de Campinas, Folha da Manhã, Folha da Noite, o Estado de S. Paulo e até de
um jornal carioca. Tratava-se da menina Maria Apolônia, que dizia ver Nossa Senhora e conversar
com ela. Multidões de pessoas das cidades mais distantes vinham em busca de milagres. Alegando
que essas manifestações populares eram contrárias à moral e aos bons costumes, as autoridades
policiais de Campinas, a mando do Juiz de Menores apreenderam a menina, que ficou reclusa por
seis meses no Patronato São Francisco, em Campinas. O pai da menina chegou a perder o pátrio
poder. Não se tem notícia da intervenção da Igreja nesse episódio, e nada consta nos documentos
da Paróquia de Sant´Ana, nem nos arquivos da Cúria Metropolitana.
42
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Ao centro, o coreto em frente
à Matriz e à direita barraca
construída em 1937 para
quermesse. (Acervo Pró-Memória)
De maio de 1931 a fevereiro de 1934, o Padre
Mosciaro voltou a exercer o paroquiato, mas, em
fevereiro, afastou-se novamente e a Paróquia foi
outra vez anexada à Catedral, até junho. Desta data,
até abril de 1935, Rebouças ficou sem vigário. Quem
aqui trabalhou, nesse período, foi o Padre Francisco
Marotta Schettini, que foi designado para vice-
pároco, o que não lhe confere no direito de estar
entre nos párocos de Sant´Ana.
Em 14 de Abril de 1935, tomou posse o novo
Vigário de Rebouças. Era o Padre Manoel Guinot
Bernat, o sexto Vigário na linha sucessória. Esse
sacerdote ficou apenas sete meses à frente da
Paróquia. Deixou Rebouças em novembro, quando
mais uma vez os católicos de Rebouças ficaram sob
os cuidados dos padres da Catedral.
Vale registrar que, em 1935, saiu uma Provisão
da Cúria aprovando os Estatutos da Irmandade
São Francisco de Assis, em Jacuba, que pertencia à
Paróquia de Sant´Ana. A devoção a São Francisco
fazia sentido, pois o orago da capela de Jacuba foi o
santo de Assis durante muitos anos seguidos.
Logo depois da posse do Padre Bernat foi
constituída uma Comissão para providenciar a
“reconstrução da Igreja Matriz de Rebouças”,
composta das seguintes pessoas: Sebastião Perrot
Luchini (Presidente), Ignacio de Carvalho (Vice-
Presidente), Vitório Pansan (Tesoureiro) e Libório
Pires de Almeida (Secretário). Nada mais consta nos
documentos sobre essa Comissão. O pouco tempo
à frente da Paróquia tornou impossível uma obra
desse porte. Sabe-se que a Matriz só foi reconstruída
quinze anos depois. Mas, fica o registro e a prova de
que a idéia de uma igreja maior era bem antiga.
Após três meses sem Vigário, isto é, em março
de 1936, foi nomeado para Rebouças o Padre Manoel
Soares Pinheiro. Foi o que menos tempo ficou à frente
da Paróquia: apenas cinco meses. Em julho ele se
despedia dos reboucenses.
43
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Nova Fase da História da Paróquia
A partir de julho de 1936, temos informações amplas e preciosas sobre
a vida da Paróquia. É que nessa data tomou posse o Padre Thiers Pelicce
Licio. Como vigário, ele começou o novo Livro Tombo da Paróquia, onde
assim se expressa:
“Após quase vinte e quatro anos de paróquia... agora somente ini-ciamos o novo Livro Tombo da Paróquia, onde, com clareza, par-ticularidade e precisão se vão lavrando aqueles mesmos aconteci-mentos e fatos...” 10.
As associações religiosas, como já vimos, existiam na paróquia
desde o início. Elas eram muito fortes e organizadas e duraram décadas. O
Apostolado da oração, a Congregação Mariana, as Filhas de Maria, a Cruzada
Eucarística e a Liga de São José duraram muitos anos e aos poucos foram
desaparecendo, após o Vaticano II. Em 1960, ainda havia a Pia União das
Filhas de Maria, a Congregação Mariana, a Obra das Vocações, a Cruzada
Eucarística, a Doutrina Cristã, a Legião de Maria (presidium) e os Irmãos do
Santíssimo.
10 Como já notamos, não foi encontrado o primeiro Livro Tombo da Paróquia. O que até aqui
se relatou foi tentativa de preencher essa lacuna, socorrendo-nos de outras fontes, quase sempre
isoladas e incompletas.
44
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
A “Pia União das Filhas de Maria”, para as
moças, e a “Congregação Mariana” para os moços,
eram muito fortes e organizadas nesse tempo. Os
católicos mais antigos de Sumaré ainda se lembram
delas com entusiasmo.
Havia, também, a Conferência de São Vicente,
que não era propriamente uma associação religiosa,
mas um grupo de paroquianos que cuidava,
especialmente, dos pobres, num trabalho muito
bem estruturado de visita e ajuda aos mais carentes.
Ela foi fundada em 1937, tinha dez confrades e
nove famílias assistidas. Até 1947 encontram-se
referências sobre a atividade dos vicentinos, quando
havia apenas quatro confrades. Provavelmente,
a Conferência deixou de existir, só voltando a se
organizar em 1980, no tempo do Padre Ângelo
Marighetto. E persiste até o presente.
Parece que a atividade religiosa foi intensa
no tempo do Padre Thiers. Aumentou o número
de casamentos, confissões, comunhões, tríduos,
novenas, retiros espirituais, festas, catecismo às
crianças etc.
Foi também, por volta de 1937, feita a
ampliação do pátio da Igreja e a construção de uma
barraca com telhado, por Manoel de Vasconcellos,
para leilões e “kermesses”, como se escrevia na
época. Essa barraca, durante muitos anos, fez parte
da praça da Igreja e pode ser vista em fotos antigas.
A parte interna da Matriz foi decorada pelo pintor
Antonio Dedona e suas janelas foram pintadas. O
altar de mármore de Nossa Senhora ficou pronto.
Em Jacuba foi feita a reforma da capela de São
Francisco (julho de 1937) e na Matriz de Sant´Ana foi
refeita a instalação elétrica e também uma reforma
na Casa Paroquial (outubro de 1938). Esta ficava
onde hoje é o prédio nº 236 da Praça da República.
O Padre Thiers era ativo e dinâmico, mas
depois de quase cinco anos de luta, estava cansado.
Lamentava-se da indiferença dos paroquianos
e parecia sentir o peso do trabalho à frente de
Rebouças. Prova disso é que, em abril de 1940,
passou a residir em Campinas, vindo para Sumaré
só aos sábados, domingos e dias santos, ou quando
fosse necessário. Finalmente, em janeiro de 1941, ele
foi designado para Posse de Ressaca. Escreveu no
Livro Tombo:
Padre Thiers Pelicce Licio
(Acervo Pró-Memória)
45
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
“Continuamos aquela vidinha de traba-lhos paroquiais sentindo ainda bem de perto o espírito frio e indiferente desta localidade, principalmente entre os ho-mens... nesse terreno duro de se plantar”.
O lamento do padre talvez se possa explicar:
a troca contínua de padres que o precederam. O
padre Epiphânio, por exemplo, tinha ficado só um
ano e meio à frente da paróquia, o padre Mosciaro
ficou 9 anos, mas ausentou-se três vezes por longos
períodos, o padre Bernat ficou apenas 7 meses e o
padre Manoel Soares que o precedeu ficou quatro
meses. Essas mudanças constantes com certeza
atrapalhavam a vida da paróquia e não propiciavam
o desenvolvimento de um trabalho continuado e
eficaz.
No mesmo mês de janeiro de 1941, tomou
posse o novo Vigário Padre Cristovam Porphirio de
Almeida Machado. Pouco consta dos dois anos que
ele ficou aqui. Segundo testemunho de uma antiga
moradora, Padre Cristovam era muito bravo e, às
vezes, áspero com o povo. Quando algum membro
das irmandades faltava às reuniões, missas ou rezas
várias vezes, ele convidava o povo para o enterro do
faltoso. Dizia que, se faltava tanto, é porque tinha
morrido. Por outro lado havia os que gostavam dele
e o admiravam pela sua rigidez e austeridade. Em
julho de 1942, na festa da Padroeira, só 23 crianças
fizeram a primeira comunhão. O padre registrou:
“Isso deveu-se à negligência dos pais”.
A vida paroquial continuava sustentada
pelas associações religiosas e irmandades. No seu
paroquiato faleceu D. Francisco Barreto, bispo
diocesano (22 de agosto de 1941), sendo substituído
por D. Paulo de Tarso Campos, em primeiro de março
de 1942.
Em 11 de janeiro de 1943, a Paróquia foi
novamente anexada à Freguesia de Americana, onde
era vigário o Padre Epiphanio Estevam, já conhecido
dos reboucenses. Nesse ano, Rebouças ficou sem
pároco, mas durante todo o ano de 1943 o Padre
Epiphanio deu atendimento aqui, ajudado por um
padre estigmatino de Nova Odessa e por alguns
padres de Campinas, como o Padre Loschi, o Padre
Albejante, o Padre Hilário e outros.
Padre Cristovam Porphirio
(Acervo Pró-Memória)
46
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
47
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
48
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
49
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
50
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
51
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
52
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
53
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
54
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Santinho da Festa de Sant´Ana em
1944 (Acervo Pró-Memória)
Pe.Jose Giordano e Euclides Miranda
Pe. José Giordano
discursando no
Coreto da Praça
em 1954
55
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Padre José Giordano
Na véspera de Natal de 1943, tomou posse
o novo Pároco da Freguezia de Sant´Ana: Padre
José Giordano. Esteve à frente da Paróquia por dez
anos e oito meses. Foi no seu tempo que a velha
Rebouças passou a se chamar Sumaré (01/01/1945),
em homenagem à bela orquídea, outrora comum, nas
matas da redondeza.
Segundo o Padre José, a igreja, a casa paroquial e o barracão (sede
da Congregação Mariana) se achavam em situação precária, mas o povo é
simples e bom. Durante os anos em que esteve como vigário, o movimento
religioso era muito bom e o povo “crescia pela fé e boa vontade”, escreveu
ele no Livro Tombo.
Em julho de 1947, foi feita, ainda na Matriz velha, a ereção canônica
da Via Sacra, pelo padre franciscano Frei Antonio Shaefer. Os quadros
foram doados por duas piedosas senhoras da paróquia. Vários paroquianos
estiveram presentes à Semana da Ação Católica organizada em Campinas
pela Diocese (junho de 1947) e no Congresso de Campinas (setembro de
1946).
Era papa o Cardeal Eugênio Pacelli, com o nome de Pio XII, era
presidente da República o General Eurico Gaspar Dutra, era governador do
Estado de São Paulo Adhemar de Barros, e era bispo de Campinas Dom Paulo
de Tarso Campos.
56
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Esboço arquitetônico da Igreja Matriz feito pelo arquiteto
Benedito Calixto. (Acervo Pró-Memória)
Na gestão do Padre Giordano foi criada
a paróquia de Nossa Senhora das Dores, em
Nova Odessa, (agosto de 1948) com território
desmembrado da Paróquia de Santo Antonio de
Americana e de Sant´Ana de Sumaré.
Nas realizações materiais, a ênfase foi grande
nesse período: reformou-se a casa paroquial,
compraram-se vários objetos do culto, deu-se início
à construção da nova Matriz. Em 6 de abril de 1947,
foi lançada a pedra fundamental, cuja planta era de
autoria de Benedito Calixto de Jesus Neto, o mesmo
que projetou a Basílica Nacional de Nossa Senhora
Aparecida. Em 5 de maio, do ano seguinte iniciava-
se a sua construção sob a responsabilidade do
engenheiro Dr. Eduardo Edargê Badaró. A nova igreja
foi construída na Praça Treze de maio, propriedade
de Atílio Foffano e por ele doada à Igreja com data
de 29 de abril de 1948. Em 1949 foi demolida a
antiga Matriz.
Ainda por terminar, foi inaugurada a Matriz
a 19 de março de 1950. Mas, segundo testemunho
de uma antiga moradora, a primeira missa na Matriz
nova foi em 24 de dezembro de 1949. A inauguração
oficial foi em meio a ruidosa festa, com a presença
do Prefeito Municipal de Campinas Miguel Vicente
Cury, do Bispo Diocesano D. Paulo de Tarso Campos,
de vários padres e outras autoridades. No átrio
(entrada ) da igreja foi colocada uma placa de bronze
em homenagem ao Padre Giordano.
Em 1951 prosseguiram as obras da Matriz, sendo
feita a concretagem do forro, a alvenaria da torre,
o reparo do telhado danificado por um temporal.
No ano seguinte, mês de julho, foi inaugurada a
imagem de Cristo na Praça da Igreja, no mesmo lugar
onde existia a antiga Matriz e o antigo cemitério,
desativado em 1900. Foi doação dos irmãos Cia.
Lamentável incidente ocorreu em setembro
de 1953, quando um incêndio na sacristia queimou
as alfaias e objetos de culto. Muitas pessoas
correram para apagar o fogo com baldes de água e
outras vasilhas. Nesse ano, também realizou-se o
plebiscito (novembro de 1953) quando Sumaré se
emancipou,politicamente, de Campinas.
Na campanha política para a eleição do
primeiro prefeito de Sumaré, um dos candidatos era
o Padre José Giordano. Era o ano de 1954. Sendo
difícil conciliar campanha política com trabalho
pastoral, D. Paulo achou por bem exonerar o Padre
José do cargo de Vigário, em agosto. Ele foi eleito o
primeiro prefeito de Sumaré e tomou posse no dia 1º
de janeiro de 1955.
A Paróquia ficou sem Vigário de agosto de
1954 a abril de 1955. Aos sábados e domingos
vinha de Americana o Cônego Nazareno Magi
para missas, confissões, casamentos etc. Coisas
estranhas aconteceram nesse período, segundo
depoimento do Cônego Magi: muitos membros das
57
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Santinho comemorativo da inauguração
da Matriz (Acervo Pró-Memória)
Esboço arquitetônico da Igreja Matriz feito pelo arquiteto
Benedito Calixto. (Acervo Pró-Memória)
Igreja Matriz de Sant´Ana recém-construída (1950)
(Acervo Pró-Memória)
Igreja Matriz de Sant´Ana em construção.
(Acervo Pró-Memória)
58
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
associações religiosas da Paróquia – mais de cem
– pediram demissão sem alegar motivo algum. Mas
a explicação era simples: a entrada do Padre José
na política dividira a população, que transferiu as
preferências partidárias para o âmbito religioso. Na
Câmara Municipal havia os vereadores que apoiavam
o prefeito e os da oposição. Os apoiadores do
prefeito eram chamados de “a turminha do padre”.
Essa situação era o reflexo do que acontecia na
cidade. Um jornal local escreveu:
“A cidade ficou dividida ao meio com duas correntes políticas disputando a preferência do eleitorado. Os grupos for-mavam-se aqui e ali, cada qual com seu banheiro, com seu armazém, com sua farmácia, e assim por diante. A paixão política era tão grande que até parentes chegaram ao ponto de romper relações”. 11
Por causa disso, várias famílias deixaram a
religião católica e tornaram-se evangélicas.
Padre Carlos
11 Tribuna da Cidade, 01/10/1963
Padre José Giordano e Família Maluf
59
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Augusto MalhoHouve claro recesso na vida religiosa da
comunidade católica, que não duraria muito. Em
maio de 1955, Sumaré tinha novo Vigário na pessoa
do Padre Carlos Augusto Gomes Malho. Porém, antes
mesmo de sua posse, o Padre recebia telegramas
anônimos de protesto contra sua nomeação, e
até ameaças. Algumas pessoas tentavam semear
discórdia jogando o padre Carlos contra o prefeito.
O novo pároco iniciou os trabalhos com coragem e
prudência, mas enfrentou enormes dificuldades: a Matriz inacabada, o salão
paroquial abandonado, a Casa Paroquial em situação precária. Além disso,
as associações religiosas acéfalas, as crianças sem catecismo por falta de
catequistas, a vida eucarística diminuída. Na visita pastoral realizada por D.
Paulo em abril de 1956, o Bispo deixou lavrado no livro do Tombo um elogio
ao Padre Carlos, que assumiu “os pesados encargos da paróquia em fase de
lamentável indisciplina”.
Aos poucos a Paróquia foi se reorganizando: novas diretorias das
associações foram eleitas, incentivou-se a participação de todos na Igreja,
foram dados cursos de formação religiosa para os marianos, os jovens
começaram a frequentar mais a sede paroquial, rezava-se o terço e lia-se o
Evangelho nas casas, as crianças frequentavam a Cruzada Eucarística, foram
organizadas romarias à Aparecida do Norte.
É digno de registro outro fato acontecido por essa época. No dia 13
de janeiro de 1957, na quermesse que preparava a festa de São Sebastião,
um soldado armado de revólver, atirou no Prefeito Padre José Giordano,
60
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
ferindo-o sem gravidade. Houve tumulto, corre-corre, e alguns mais exaltados
foram à cadeia para linchar o soldado, mas nada de mais grave aconteceu.
O prefeito logo voltou às atividades normais e o soldado foi, posteriormente,
julgado e absolvido.
Ainda nesse ano, foram retomadas as obras da Matriz, e em Nova
Veneza foi lançada a pedra fundamental para a construção da capela de Nossa
Senhora do Rosário, por iniciativa da Família Dall´Orto, em substituição à
antiga capelinha que ficava perto da Via Anhanguera.
Em 1958, três fatos merecem destaque na história da paróquia: a
Diocese de Campinas passou a ser Arquidiocese (julho), faleceu em Roma
o Papa Pio XII e foi eleito João XXIII (outubro). Nesse ano, inaugurou-se
também o relógio da Matriz, na véspera do Natal, às 23:45h..
Por essa época (1959-1960), são criados na Paróquia o Curso de
Noivos, que era chamado de Curso de Orientação para o Casamento e o
Curso de Preparação para o Crisma; organiza-se a Semana Bíblico-Mariana
com palestras e debates; difunde-se o costume da Entronização do Sagrado
Coração de Jesus nos lares; funda-se a Legião de Maria, realizam-se as Festas
da Juventude, muito concorridas, e as Missas dos Esportistas, que enchiam
a igreja. Foi nessa época também (1958) que se criou o Instituto Assistencial
Pio XII – a Creche - para atender as crianças de famílias necessitadas. Em
1961 foi lançada sua pedra fundamental. Os marianos celebravam todos os
anos a festa de São Luiz Gonzaga, e as Filhas de Maria a festa de Santa Maria
Goretti, com a procissão dos lírios e tríduo preparatório.
No final do de 1960, foi assentado o piso da Matriz e em abril do ano
seguinte começou a reforma da Casa Paroquial, a aquisição de bancos novos
para Matriz e os dois confessionários.
Em 8 de dezembro de 1959, foi criada a Paróquia de São Francisco de
Assis, em Nova Veneza, sendo a maior parte do seu território desmembrada da
Paróquia de Sant´Ana. A nova paróquia foi entregue aos Frades Capuchinhos
que, depois construiriam aí o Seminário, cuja pedra fundamental foi lançada
em 19 de março do ano seguinte
Anúncio da Corrida Ciclística de Sant´Ana (1957)
Inauguração Supermercado Gigo
Pe. Carlos Malho (1962).
(Acervo Pró-Memória)
61
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Igreja Matriz e Praça Manoel de Vasconcellos nos anos sessenta.
(Acervo Pró-Memória)
Padre Carlos Augusto Malho. (Acervo Pró-Memória) Anúncio da Corrida Ciclística de Sant´Ana (1957)
62
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
As Mudanças Trazidas pelo Vaticano II
Para a vida da Igreja, o Concílio Vaticano II foi o acontecimento mais
importante do século XX e dos mais importantes de sua história. Cinquenta
anos depois, ainda não se pode avaliar com justeza o que ele significou de
transformação, de revisão, de reorientação pastoral no caminhar da Igreja.
Mas, pode-se falar com certeza numa Igreja antes do Vaticano II e numa
Igreja depois dele. Serviu de marco divisório. Essas mudanças se fizeram
sentir em Sumaré.
Na Semana Santa de 1960, os católicos puderam acompanhar, pela
primeira vez, as cerimônias com um folheto na língua pátria. Logo, foram
permitidas as comunhões fora da missa. Mais tarde, pôde-se celebrar missa
em vernáculo, o que aconteceu em julho de 1964. Finalmente, em maio
de 1965, começou-se a celebrar a missa vespertina, aos sábados, para
cumprimento do preceito dominical.
Continuavam as Associações religiosas. Em março 1959, foi fundado
o Presidium da Legião de Maria e no fim de 1969 tomaram posse as diretorias
da Pia União das Filhas de Maria, da Congregação Mariana, da Obra das
Vocações, da Cruzada Eucarística e da Doutrina Cristã.
Mas outras mudanças mais significativas começaram a se processar.
O Concílio fizera a Igreja abrir-se para o mundo, organizando e valorizando
a ação pastoral, chamando os leigos para maior participação na vida das
comunidades. Foi assim que, em Sumaré, as associações religiosas da
Paróquia foram convidadas a replanejarem as atividades, foram ministrados
os cursos de “Mundo Melhor”, a catequese foi revalorizada, a liturgia
começou a ser mais estudada, promoveram-se debates e estudos sobre o
Concílio Ecumênico. Havia grande preocupação em renovar a vida paroquial.
63
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
preocupação. Pela primeira vez a Arquidiocese fala
de um “planejamento mínimo para as paróquias da
Diocese”. Em maio de 1963, saía a Encíclica Pacem
in Terris.
Foi nesse tempo que a Paróquia comprou a casa
do Padre Giordano para ser a nova casa paroquial
(agosto de 1962) ao lado da Matriz.
Mas, em junho de 1963, o Padre Carlos era
transferido para a paróquia do Bonfim, em Campinas,
alguns dias após a morte do Papa João XXIII.
Na década de 1960, Sumaré começou a
crescer rapidamente e a tomar feição de município
rico e desenvolvido. A população passava dos 10 mil
habitantes. Grandes e médias indústrias se instalam,
migrantes acorrem de todo o lado, novas famílias,
novos meios de comunicação. O padre já começa
se preocupar com o número de evangélicos que
aumentava com a vinda dos migrantes e mostrava-se
também atento com a infiltração de ideias socialistas
entre os trabalhadores. A Paróquia tinha que cuidar
de novas realidades e o Vigário deixava clara essa
Igreja Matriz de Sant´Ana, 1966. (Acervo Pró-Memória)
64
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Pe. Constantino Gardinalli Igreja Matriz dec.1970
(Acervo Pró-Memória)
Escola J.S.Francisco - Inauguração (Acervo Pró-Memória)
Inauguração da Praça Manoel de Vasconcellos
(Acervo Pró-Memória)
Solenidade Dr. Leandro Franceschini (Acervo Pró-Memória)
Inauguração da Ultrafértil. (Acervo Pró-Memória)
Inauguração da Escola
Estadual Wadih J.Maluf.
(Acervo Pró-Memória)
65
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Padre Constantino Gardinalli
Em junho de 1963, o novo vigário passou
a ser o Padre Constantino Gardinalli. A vida
paroquial prosseguia em ritmo normal, mas com
novas mudanças, especialmente na liturgia: missas
com violão, missas comentadas e com leitura em
português, missas de jovens.
Em outubro de 1964, a Paróquia fez 50 anos. Houve comemorações
durante uma semana, com a presença de vários padres e do Arcebispo de
Campinas Dom Paulo de Tarso Campos.
Com o término do Concílio, em dezembro de 1965, iniciaram-se em
todo o mundo estudos sobre os documentos conciliares. Sumaré também
organizou, estando um deles a cargo do reitor do Seminário São Francisco,
Frei Lauro Maria de São Paulo.
Como obras materiais destacou-se, nessa década, a compra feita pela
Paróquia de uma casa ao lado da Casa Paroquial (1965), a troca do telhado
da nova igreja Matriz (dezembro de 1965), a construção da nova igreja de
Hortolândia (janeiro de 1966), o início das obras da Igreja de N.S. Aparecida
na Vila Sant´Ana (janeiro de 1969), depois Centro Pastoral, e a inauguração
da nova capela do Cemitério Municipal em novembro de 1970.
Na época do Padre Constantimo desenvolveram-se vários movimentos
de Igreja, como os “Cursilhos de Cristandade”, o “Treinamento de Liderança
66
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Clovis Nogueira
(Acervo Pró-Memória)
Inauguração Escola Vila Valle
(Acervo Pró-Memória)
Inauguração Estação Rodoviária
República - (Acervo Pró-Memória)
Pe.Constantino Gardinalli - Em Solenidade
(Acervo Pró-Memória)
Recebendo hóstia estão: Antonio José Marmirolli, Antonio Pereira de Camargo Netoe Valter Pedroni.(Acervo Pró-Memória)
67
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Páscoa do Serviço Social de Sumaré, abril de 1969. (Acervo Pró-Memória)
Igreja Matriz, vista noturna 1968. (Acervo Pró-Memória)Instituto Assistencial Pio XII. (Acervo Pró-Memória)
68
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Cristã” (TLC ou TOLOCO), o “OVISA”, (Orientação
para a Vivência Sacramental), o “Fermento na Massa”
(FNM), dos quais participaram centenas de pessoas e
que marcaram época pela sua organização dinâmica
e pela sua empolgação. É nesse período (1964),
que se iniciaram as “Campanhas da Fraternidade”,
organizadas pela CNBB para todo o Brasil, que
continuam até hoje em nossa Paróquia. O tema da
primeira Campanha foi “Igreja em Renovação” e o
lema: “Lembre-se: Você também é Igreja”.
No paroquiato do Padre Constantino houve
a investidura de vários leigos como Ministros
Extraordinários da Eucaristia. Eles podiam distribuir
comunhão na igreja e levar o viático para os doentes.
Era uma novidade na época.
Depois de nove anos à frente da Paróquia, o
Padre Constantino foi transferido para Americana
(junho de 1972), sendo substituído pelo Padre Pedro
Tomazini, que vinha de Santo Antonio da Posse e
assumiu a Paróquia em outubro.
Inauguração da Biblioteca
Municipal Plinio Machado da Silva
(Acervo Pró-Memória)
Largo da Matriz no início
dos anos sessenta.
(Acervo Pró-Memória)
Praça da Republica 1967. (Acervo Pró-Memória)
69
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Câmara Municipal - Solenidade -
Thomaz Didona (Acervo Pró-Memória)
Inauguração Vila Zilda Natel - (Acervo Pró-Memória)
Largo da Matriz no início
dos anos sessenta.
(Acervo Pró-Memória)
Ronald de Souza - Em solenidade da
Prefeitura. (Acervo Pró-Memória)
70
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
1º Centenário de SumaréSolenidade na Igreja Matriz (1968) - (Acervo Pró-Memória)
Matéria do Jornal A Tribuna de 1964 com programação do Jubileude Ouro da Paróquia de Sant´Ana.
71
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Padre Pedro Tomazini
Segundo relato do Padre Pedro, ele
encontrou a Paróquia com problemas financeiros,
desorganização pastoral e povo carente de formação
básica. Enquanto esteve à frente da Paróquia,
promoveu vários encontros de jovens, reuniões
com cursilhistas, visitas freqüentes às escolas,
celebração de Missas nas fábricas, nas escolas, no
Fórum local, em residências particulares e promoveu os famosos “retirinhos”
com as crianças das escolas, antes da primeira comunhão.
Embora tenham sobrevivido algumas associações religiosas antigas,
como a dos Irmãos do Santíssimo, por exemplo, o pároco não se refere
nenhuma vez à presença delas.
Em junho de 1974, após longa preparação, realizaram-se na Paróquia as
Missões Redentoristas com a presença de 8 sacerdotes, que, por 15 dias, se
dedicaram dia e noite ao trabalho na paróquia. Todo o povo se movimentou
e participou desses dias especiais. Houve muitas confissões, comunhões,
missas, rito penitencial, vias sacras, procissões, conferências, batismo de
adultos, primeira comunhão de adultos, legitimação de casamentos, visita
aos doentes, reza de terços, palestras etc. Antes das Missões, procedeu-
se a um levantamento religioso completo da paróquia, como o número de
católicos, evangélicos e de outras religiões; número de casados, desquitados,
divorciados...
Depois das Missões, foram organizados muitos grupos de reflexão
72
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
Helena Breda Hungaro - Batismo
Thomaz Didona, Octavio Moreto, Luiz Mario de Toledo
Inauguração do Hospital
déc.1970
Pe. Pedro Tomazini
Formatura de Patrulheiros
Pe. Pedro TomaziniTroféu Comunicação (1978)
Pe. Pedro Tomaziniem solenidade
73
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
nos quarteirões. Eram as chamadas “reuniões
de quarteirão”. Era uma tentativa de achar uma
“linha nova para a renovação cristã”, como dizia
o padre. Mas, o próprio padre confessava que
essa experiência não deu tão certo, porque “os
movimentos independentes não querem aceitar a
coordenação paroquial”.
Não está claro sobre o que seriam esses
movimentos independentes. O que se sabe é que
mais de um paroquiano procurou Dom Gilberto para
se queixar da atuação do pároco e que o próprio
padre mencionou, no livro Tombo, a publicação de
artigo contra ele num jornal local.
“Hoje”, dizia o padre, “a Igreja quer a va-lorização dos leigos, proporcionado-lhes ampla participação e responsabilidade na direção das comunidades cristãs”. Nunca se deu tanta força aos cristãos. E nunca se exigiu tanto deles em formação, cultura, consciência, responsabilidade... A paróquia também vai entrar por estes caminhos novos, iniciando sua primeira Comissão Pastoral”.
Por isso, era necessário criar um grupo para
repensar a Paróquia. O Padre Pedro escolheu, então,
algumas pessoas e constituiu a Primeira Comissão
Pastoral. Porém, nem todos os escolhidos eram
pessoas totalmente comprometidas com a Igreja. No
fim do ano seguinte (dezembro de 1975), o próprio
Pe. Pedro Tomazin - Matriz Sant´Ana
Jair Malaquias, solenidade.
74
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
vigário verificava que “a Comissão Pastoral está
funcionando em estado precário”, e “seus membros
não estão plenamente treinados, mas estão tomando
consciência”.
Por ocasião da visita pastoral de outubro de
1976, Dom Gilberto escreveu no Livro Tombo:
“Insisti... para que esta Comunidade Pa-roquial continue seu bom trabalho em ordem à constituição de Comunidades de Base”.
O mês de dezembro marcou também a
nomeação de D. Gilberto Pereira Lopes como
Arcebispo Coadjutor de Campinas.
No segundo semestre de 1975 esteve como
vigário coadjutor na Paróquia o Padre Wilson Denadai,
filho da terra. No primeiro dia de 1976, ele deixou
Sumaré para ingressar na Ordem dos Capuchinhos,
em Piracicaba.
No tempo do Padre Tomazini, várias vezes,
estiveram em Sumaré o escritor Neimar de Barros e o
cantor Jean Carlo, fazendo palestras para o povo que
lotava a igreja para ouvi-los. Começava a aparecer,
Pe. Wilson Denadai
à esquerda.
Novos bairros de casas populares – década de 70 (Acervo Pró-Memória)
75
Paró
quia
de
Sant
´Ana
- 10
0 an
os |
Cap
ítulo
1 |
nessa época, o Grupo de Oração (da Renovação
Carismática Católica).
O Vigário queria elaborar um plano de
pastoral paroquial, mas encontrou dificuldades
– segundo ele - por falta de formação dos leigos.
Promoveu um Curso sobre Teologia da Libertação
e sobre Religiosidade Popular (setembro de 1976),
e escolheu quatro prioridades pastorais, porém
os resultados foram mínimos. Para ele, “não havia
corresponsabilidade do leigo”. Finalmente em 1978,
ficou decidido que os assuntos da Paróquia seriam
resolvidos pelos Ministros da Eucaristia.
Em outubro de 1976, depois de muitas reuniões
e debates, decidiu-se pela construção de um salão
comunitário na Vila Sant´Ana, aproveitando-se os
alicerces da igreja que ali tinha sido projetada.
No final do seu paroquiato, o Padre Pedro
deixou escrito:
“ Estou ciente de que não pude agradar a todos nem realizar tudo o que devia, mas convicto também de que orientei a formação de agentes e os movimentos da paróquia com muita responsabilidade pastoral” .
Junta Alistamento Militar
Solenidade
Missa ao Trabalhador - 1º Maio
Missas de Pe. Pedro Tomazini