APRESENTAÇÃOde ser um país pequeno, tem tanto a nos mostrar e a ensinar. Pensando nisso, eu...

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A P R E S E N T A Ç Ã O

É impossível fazer uma viagem a Cuba e voltar o mesmo. Por mais clichê que isso pareça, visitar a terra de Fidel Castro foi uma das viagens que mais me fez pensar sobre questões sociais, políticas e, princi-palmente, na ideologia de um povo que resolveu - ou pelo menos tentou - mudar o rumo de sua história.

Sentados em nossas poltronas, fica fácil julgar e comparar a realidade dos cubanos com aquela que estamos acostumados. Ir de encontro a esse cotiano nos prova que, nem sempre, nossas convicções são as me-

lhores. Às vezes - é verdade - é preciso ir simplesmente para consolidar aquilo em que escolhemos acreditar.

Independentemente de sua tendência po-lítico-ideológica, o fato é que, se você de-cidiu conhecer Cuba, certamente vai ser impulsionado a tirar conclusões do que verá.

Esmagado por um ditador arrogante e, depois, comandado por um partido úni-co que não permite que adversários con-corram às eleições com igualdade, Cuba

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ainda está longe de ser uma democracia plena. Um claro exemplo disso é a falta de liberdade de imprensa e de religião: após a Revolução de 1959, Cuba se tornou, ofi-cialmente, um Estado ateu e a prática re-ligiosa é restrita e controlada.

Se a política cubana é algo complexo, o povo que vive aqui é simples e fácil de ser entendido. Bem-educados - todos os cuba-nos frequentam ou frequentaram uma es-cola -, politizados e alegres, eles fazem os nossos dias mais leves e coloridos.

Banhadas pelo glorioso mar do Caribe, as quase 1.600 ilhas cubanas têm o mar mais lindo que já vi. Praias de areia clara, mar azul celeste e água quentinha formam o paraíso que se concretiza quando você vê, ainda do avião, o que lhe espera.

Na parte histórica, construções seculares, como as fortalezas que margeiam a Baía de Havana, e as igrejas de Habana Vieja, vão lhe contar um pouco da colonização dessa terra. Mas há muito mais o que ver e compreender sobre o dia a dia dos cuba-nos, simplesmente caminhando pela ruas: entre em uma padaria ou em uma farmá-cia para ter sua própria experiência.

Cuba ainda acrescenta a esta receita pecu-liar de felicidade uma culinária típica que lembra a nossa casa: o arroz com feijão

também é a base da comida e esta na mesa dos cubanos todos os dias.

O mojito, drinque nacional que nasceu nas ruas de Habana Vieja, e o daiquiri, a bebida favorita dos piratas caribenhos - ambos feitos com rum -, serão suas companhias nos dias sempre ensolarados.

Talvez, o tempo que você tem para fa-zer essa viagem não seja suficiente, talvez nem todo o tempo do mundo seja sufi-ciente para conhecer Cuba, que, apesar de ser um país pequeno, tem tanto a nos mostrar e a ensinar.

Pensando nisso, eu escrevi este guia com dicas de brasileiro para brasileiros. Nele, estão as informações essenciais para você planejar seu roteiro, escolher o melhor modelo de hospedagem, estabelecer um orçamento possível, se informar sobre saúde e segurança e desenhar no seu ima-ginário tudo o que deseja ver e viver nesta terra.

Se no final da viagem, você já sentir uma pitada de saudade, não se preocupe, por-que Cuba sempre será um lugar para onde desejaremos voltar.

Altier Moulin

Jornalista e blogueiro

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Talvez, você já tenha percebido que não é fácil encontrar informações atualizadas sobre Cubas. Justamente por isso, progra-mar sua viagem exigirá pesquisa e dedica-ção. Uma boa dica é começar a entender melhor como as coisas funcionam por aqui.

Os espanhóis aportaram em Cuba em 1492 e, desde então, a ilha nunca mais foi a mesma. Centro de uma disputa en-tre Estados Unidos e Espanha, o país viu sua economia se esvaziar. Principalmen-te depois da crise da cana-de-açúcar, da ditadura e da revolução, que fechou suas portas para o mercado norte-americano.

Mesmo depois de tanto tempo, Cuba ain-da é um país que intriga muita gente: ele é um dos poucos remanescentes do socia-lismo, ideologia que se fortaleceu com a Segunda Guerra Mundial.

Ao caminhar pelas ruas da capital, Hava-na, você talvez consiga entender melhor o estilo de vida dos cubanos. Mas, são nos cayos – as quase 1.600 pequenas ilhas do país – que as belas praias lhe farão enten-der que fazer uma viagem a Cuba pode ser ainda mais atraente.

BREVE HISTÓRICOCompreender a vida em Cuba não será tão fácil quanto você imagina. O país, que viveu sob o domínio espanhol durante sé-culos, foi um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo.

Em sua maioria, o trabalho era desenvol-vido por escravos, que chegavam sem pa-rar aos portos do país: para você ter uma ideia, em 1840, já existiam mais de 400 mil africanos em Cuba.

Essencial

EssencialI N F O R M A Ç Õ E S G E R A I S

Área:110.861 km²Capital: Havana

População: 11,3 milhões de habitantesMoedas: peso cubano e peso convertível

Nome Oficial: República de CubaNacionalidade: cubana

Data Nacional: 1º de janeiro - Revolução CubanaGoverno: república socialista

Idioma: espanhol Religião: cristianismo 41,9% (católicos 39,5%, protestantes 2,4%),

sem filiação 57,9%, outras 0,2%

G E O G R A F I A

Localização: ilhas do Caribe - norte da América CentralCidade Principais: Havana, Santiago de Cuba, Las Tunas,

Camagüey e HolguínFuso Horário: - 1h

Clima: tropical

D E S E N V O L V I M E N T O

Renda per capita: US$ 5.351 PIB: US$ 77,1 bilhões

IDH: 0,775 (Pnud 2015) Composição da População: afro-cubanos 51%, europeus ibéricos 37%,

afro-americanos 11%, chineses 1%

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Os conflitos envolvendo Cuba e Estados Unidos não são recentes. O açúcar cuba-no era tão valorizado que os norte-ameri-canos tentaram, por duas vezes, comprar a ilha da Espanha. Mais tarde, depois da Guerra pela Independência, que começou em 1868 e durou dez anos, começaram as manifestações cubanas para que a ilha fosse anexada aos Estados Unidos.

Entretanto, José Martí, o líder da inde-pendência, depois de viver por 15 anos em Nova Iorque, estava convicto de que essa não seria a melhor saída para Cuba. Então, com outros companheiros, iniciou os embates que resultaram na libertação do país em 20 de maio de 1902.

Em 1900, quando era governada por um interventor norte-americano, como pre-

via o tratado de Paris, assinado por Es-tados Unidos e Espanha, Cuba escreveu sua primeira constituição.

Na verdade, não foi bem assim. Naque-la época, as tropas americanas ocupavam várias cidades cubanas. Ou seja, o gover-no estadunidense tinha grande influência sobre a ilha. Foi assim que eles incluíram na Carta Magna uma cláusula que garantia aos Estados Unidos o direito de intervir militarmente em Cuba.

Sem muita escolha, Cuba aceitou as novas regras. Logo depois, em 1903, os Estados Unidos tomaram a base naval de Guantá-namo. Onde, ainda hoje, mantém uma ca-deia para presos acusados de terrorismo.

Desde sua abertura, já passaram pela po-lêmica prisão de Guantánamo mais de 750 prisioneiros. A maioria sem acusação formal, sem processo constituído e, por-tanto, sem direito de defesa e julgamento justos.

Depois que se tornou independente, Cuba passou a ser governada por uma série de presidentes envolvidos em casos de cor-rupção. Com uma ou outra exceção, todos esses governos foram muito prejudiciais para o país. Com isso, aos poucos, come-çou a crescer em sua população o desejo por mudança.

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