Aprendizagem, auto-avaliação e feedback nos novos sistemas de autoria disponíveis na web 2.0
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I JELT - Jornada de Ensino de Língua e Tecnologia, Centro de Ensino de Línguas, UNICAMP, 28 de setembro de 2012
APRENDIZAGEM, AUTO-AVALIAÇÃO E FEEDBACK NOS NOVOS SISTEMAS DE AUTORIA DISPONÍVEIS NA WEB 2.0
Gonzalo Abio (UFAL), [email protected]
Introdução
Numerosas evidências experimentais mostram o efeito positivo da realização
frequente de avaliações curtas (Testing effect) (ROEDIGER; KARPICKE, 2006a) e da
aprendizagem expandida por ciclos de testes (Test-Enhanced Learning) (ROEDIGER;
KARPICKE, 2006b; ROEDIGER; MCDANIEL, MCDERMOTT, 2006, ROEDIGER et al., 2011).
A avaliação formativa automática está muito relacionada a esse tipo de teste e será
um fator de grande importância a qualidade do feedback que pode ser oferecido.
O feedback é parte integrante dos modelos cognitivos de aquisição de segundas
línguas e também está presente na interação dialógica dos modelos socioculturais. De
fato, foi incorporado em muitas tecnologias educacionais que prometiam uma rápida
aprendizagem, começando pela máquina de ensinar de Skinner [1] e mais tarde nos
CD-Roms multimídia que depois incorporaram as tecnologias de reconhecimento de
fala, mas que ainda inspirados no audiolingualismo terminaram por provocar rejeição
na maioria dos aprendizes devido à repetição e poucas possibilidades que ofereciam.
As Ferramentas de autoria para o Professor (FAP), conforme a denominação de Leffa
(2006) específicas para o CALL (Aprendizagem de Línguas Assistida - ou mediada- por
Computadores), mudaram ao longo do tempo as possibilidades de configuração das
atividades que podiam ser preparadas pelos professores autores para seus alunos.
Depois dos scripts de Java que ofereciam um feedback muito limitado e fechado
(Figura 1), surgiram sistemas com fornecimento de feedback um pouco mais
complexo, como Hot Potatoes [2] (Figura 2) , Clic (ou sua versão posterior JClic) (3) e
muitos outros, sendo o software de autoria ELO, criado no Brasil [3], o que pode
oferecer um feedback mais sofisticado na versão de perguntas abertas dialógicas (4)
(Figura 3). O ELO tem muitas outras vantagens que o fazem ser preferido pelos
professores de línguas no país (FONTANA; FIALHO, no prelo). Na prática, as FAPs,
embora possam ser muito uteis, não tem ampla aceitação nem são usadas
frequentemente pelos professores autores pela sua complexidade, o tempo gasto na
preparação e ajuste das atividades, a necessidade de instalação de programas e
também por ser necessário um espaço disponível na web para sua colocação e
divulgação fora das intranets das escolas.
Figura 1. Página web utilizada pelo autor entre 200 e 2004 com script de Java embutido. A resposta tinha que ser escrita de forma exata para ser reconhecida como correta
Figura 2. Hot Potatoes com feedback em Figura 3. Pergunta dialógica em software pergunta de múltipla escolha (JQuiz). ELO com grau de abertura configurável
Quizlet , Lyricsgap e os testes de Bab.la são
exemplos de alguns serviços existentes na web 2.0 que possuem algumas vantagens
como: uma maior disponibilidade (na nuvem), facilidade para uso e configuração,
além da crescente contribuição de uma comunidade de professores interessada em
seu desenvolvimento e enriquecimento.
A experiência realizada
Em um curso de Introdução à Tradução em Língua Espanhola ministrado na
Universidade Federal de Alagoas com alunos de turmas diversas, depois de traduzir e
discutir traduções de diversos textos técnicos e literários, observamos que havia
algumas dificuldades na tradução de frases culturalmente marcadas. Foi pedido que os
alunos realizassem uma atividade de autoavaliação formativa no site Bab.la com três
testes diferentes (frases idiomáticas, expressões populares, e provérbios e ditados em
espanhol). Os alunos também opinaram sobre as atividades no fórum do Moodle do
curso e na semana seguinte realizaram de forma colaborativa em pequenos grupos a
recordação e escrita das frases estudadas.
Resultados
Algumas das opiniões coletadas (sem traduzir):
Pienso que lo más difícil fue la comparación, la asimilación que hacemos de la
frase o expresión o proverbio con nuestra lengua materna. Algunas tenían
imágenes que daban una pista o truco para llegar hacia la respuesta, una
deducción. Queremos hacer al pie de la letra como conocemos, pero fue muy
divertido y enriquecedor a nosotros brasileños, pues, al conocernos las
expresiones, podemos nos expresar mejor en la lengua estudiada.
Tuve algunas dificultades por existir más de una expresión para los mismos
significados. Ejemplo: Yo tenía aprendido que cuando una persona está de mal
humor ella estaba de “mala leche”, pero he encontrado una expresión
diferente. Otras son parecidas con las expresiones en portugués.
Os conhecimentos culturais foram praticados desde uma perspectiva de autoavaliação
formativa. As atividades realizadas em Bab.la foram bem recebidas pelos alunos. Eles
passaram a frequentar o site, depois das atividades obrigatórias, para praticar mais
vezes e fazer outras atividades. Dessa forma, conheceram uma ferramenta web 2.0 que
pode ser útil na prática e aprendizagem da língua e também para criar outras atividades
que sejam necessárias.
Estimamos que o feedback de resultado em paralelo que oferecem estes sistemas e
que é algo não muito comum nos FAPs anteriores, embora não seja complexo ou
altamente configurável, favorece a prática e aprendizagem, pois mostra ao mesmo
tempo a pergunta, a opção selecionada e a resposta correta, favorecendo a
confirmação das hipóteses prévias ou correção e análise do erro (ver Figuras 4a, 4b e
4c).
Figuras 4a, 4b e 4c. Exemplo de pergunta de múltipla escolha sobre frases idiomáticas(4a) e feedback de resultado em paralelo, positivo (4b) ou negativo (4c), segundo aopção selecionada mas sempre mostrando na resposta a opção correta.
ReferênciasABIO, G.; BARANDELA, A.M. Algunas reflexiones sobre aprendizaje, evaluación formativa y
mediación tecnológica. MarcoELE, 15, 2012.
FONTANA, M.V.L.; FIALHO, V.R. Ferramentas de Autoria para Professores (FAP): entre batatas
quentes e outras delícias (no prelo)
HEIFT, T. Corrective feedback and learner uptake in CALL. ReCALL, v. 16, issue, 2, p. 416-431,
November 2004.
LAURILLARD, D. Rethinking University Teaching. London: Routledge, 1993.
LEFFA, V. J. Uma ferramenta de autoria para o professor: o que é e o que faz. Letras de Hoje, v. 41,
n. 144, p. 189-214, 2006.
LEFFA, V.J. Análise Automática da resposta do aluno em ambiente virtual. RBLA, v. 3, n. 2, p. 25 - 40,
2003.
ROEDIGER, H.L et al. Test-Enhanced Learning in the Classroom:Long-Term Improvements From
Quizzing. Journal of Experimental Psychology: Applied, v. 17, n. 4, p. 382-395, 2011.
ROEDIGER, H.L.; KARPICKE, J.D. The power of testing memory: Basic research and implications for
educational practice. Perspectives on Psychological Science, V. 1, p. 181–210, 2006a.
ROEDIGER, H.L.; KARPICKE, J.D. Test-enhanced learning: Taking memory tests improves long-term
retention. Psychological Science, 17, p. 249–255, 2006b.
ROEDIGER, H.L.; MCDANIEL, M.; MCDERMOTT, K. Test Enhanced Learning, Observer, v. 19, n. 3,
March, 2006.
SHUTE, V.J. Focus on formative feedback. ETS Research & Development. Princeton, NJ, March 2007.
Notas[1] Video “Skinner and teaching machine.” http://www.youtube.com/watch?v=EXR9Ft8rzhk
[2] Hot Potatoes (criado em 1998) http://hotpot.uvic.ca
[3] Clic (surgido em 1992) http://clic.xtec.cat
[4] ELO (surgido em 2003) http://www.leffa.pro.br/elo
"Uma ação sem feedback é completamente
improdutiva para o aluno" (LAURILLARD, 1993).
4a
4b
4c