apostila2.pdf

23
INTRODUÇÃO À QUÍMICA QUÂNTICA E COMPUTACIONAL: Métodos Pós-Hartree-Fock Minicurso ministrado durante o XXIX ENEQui (Encontro Nacional de Estudantes de Química) 24-27 de Janeiro de 2011 Palestrante: Joaquim Delphino Da Motta Neto Departamento de Química da UFPR e-mail: [email protected]

Transcript of apostila2.pdf

  • INTRODUO

    QUMICA QUNTICA

    E COMPUTACIONAL:

    Mtodos Ps-Hartree-Fock

    Minicurso ministrado durante o XXIX ENEQui

    (Encontro Nacional de Estudantes de Qumica)

    24-27 de Janeiro de 2011

    Palestrante: Joaquim Delphino Da Motta Neto

    Departamento de Qumica da UFPR

    e-mail: [email protected]

  • PARTE II O PROBLEMA DA CORRELAO MTODOS CI

    O problema da correlao eletrnica: Desde as primeiras aulas de um curso de Qumica Quntica somos informados de que a aproximao da funo de onda por um determinante de

    Slater simples suficiente para resolver 99% dos problemas de interesse qumico. Isso reflete a

    simplicidade inerente da Natureza. No entanto, s vezes um nico determinante no chega.

    Existem alguns problemas que so seriamente afetados por correlao eletrnica, ou devido a

    aspectos inerentes ao problema ou devido a alguma sutileza dentro do problema estudado.

    O problema da correlao se refere interao entre

    dois eltrons, um deles ocupando um orbital a e o

    outro ocupando um orbital b. Alm da repulso eletrosttica, existe tambm uma interao referente

    simetria permutacional o problema do spin.

    Vejamos a expresso da energia Hartree-Fock: para

    um sistema de camada fechada com N eltrons, e com

    os ndices a e b correndo ao longo dois orbitais

    ocupados,

    2/ 2/ 2/

    0 22N

    a

    N

    a

    N

    b

    ababaa KJhE

    O uso de um determinante simples d conta de apenas parte da interao: dois eltrons no

    podem ter os quatro nmeros qunticos iguais (o tal buraco de Fermi), mas um eltron pode

    ocupar as mesmas coordenadas espaciais de um eltron . Por isso esse pedao da energia de interao (que chamaremos a partir de agora de correlao) tem de ser recuperado de alguma maneira. Para isso, existem vrios mtodos chamados de ps-Hartree-Fock cujo objetivo montar a funo de onda de modo mais rigoroso, e assim calcular as propriedades desejadas com

    maior acurcia. At a dcada de 90, esta classe de mtodos s podia ser usada no contexto de

    mainframes dentro de Universidades e indstrias. Atualmente, os computadores pessoais

    disponveis no comrcio so to poderosos que possvel executar clculos mais sofisticados de

    Mecnica Quntica num computador domstico.

    Interao de configuraes (configuration interaction, CI): conceitualmente o mais simples dos mtodos ps-Hartree-Fock, e por isso foi o primeiro a ser estudado em detalhe. Na

    conferncia de Shelter Island (1951), discutiu-se as possibilidades de usar mais de uma

    configurao para aproximar a soluo da equao de Schrdinger. O mtodo envolve apenas (i)

    escolher um conjunto de base de spin-orbitais ortonormais, (ii) tomar todos os determinantes de

    Slater que podem ser formados, (iii) usar as regras de Slater para obter os elementos de matriz e

    (iv) resolver as equaes seculares para encontrar os nveis de energia e coeficientes da

    expanso. Infelizmente, a convergncia lenta e pode ser necessrio incluir milhes de termos

    para atingir acurcia qumica ( 1,0 kcal.mol-1 ).

    Vejamos em detalhe o procedimento: dado um conjunto de K funes de base espaciais, pode-se

    formar uma base de 2K spin-orbitais, e para um sistema de N eltrons pode ser formado um total

    de...

    ! 2 ! ! )2(2

    NKN

    K

    N

    K

    determinantes de Slater.

  • Mesmo para molculas pequenas, este nmero enorme, pois a funo fatorial explode muito

    rapidamente. Por isso, geralmente no se usam todos os determinantes possveis. Assim, bem

    conveniente descrever cada determinante em como ele difere do determinante de referncia

    obtido pelo mtodo Hartree-Fock. Assim, a funo de onda variacional pode ser escrita como

    ...1

    2

    1 1 1

    2

    1

    2

    1

    000

    N

    a

    K

    Nr

    N

    a

    N

    b

    K

    Nr

    K

    Ns

    rs

    ab

    rs

    abrsab

    r

    a

    r

    a ccc

    onde as configuraes ......rs

    ab so construdas utilizando o conjunto de spin-orbitais obtidos pelo

    mtodo Hartree-Fock e os coeficientes ......rs

    abc so os parmetros variacionais determinados

    considerando-se o funcional ~ HE com a condio 1 .

    bom observar que existem

    !2!!

    !2!

    !2!

    !2

    !!

    !22

    nKnNn

    NKN

    nKn

    NK

    nNn

    N

    n

    NK

    n

    N

    excitaes de n eltrons (Faa dois ou trs exerccios para treinar).

    Estrutura da matriz full CI: usando as regras para elementos de matriz entre determinantes vistas em Quntica I da ps-graduao, fcil ver que a matriz CI completa tem a forma

    H =

    ...00

    ...0

    ...

    ...00

    ...000

    0

    000

    QHQTHQDHQ

    QHTTHTDHTSHT

    QHDTHDDHDSHDHD

    THSDHSSHS

    DHH

    O problema que, devido funo fatorial explodir muito rapidamente, impossvel montar a

    matriz completa exceto para sistemas muito pequenos. Assim, foram examinadas alternativas de

    simplificaes. O britnico Samuel F. Boys foi o primeiro a concluir com sucesso clculos CI em

    sistemas pequenos. R.K. Nesbet chegou a uma estimativa da energia de correlao do sistema

    ijabcEa b i j

    ij

    abcorr .

    Ateno! Esta expresso no significa que s precisamos de um clculo CISD para chegar

    energia de correlao. Os coeficientes das duplas que aparecem na equao so aqueles obtidos

    por um clculo full CI com a base desejada. Assim, esta apenas uma estimativa!

    A tabela abaixo mostra a contribuio dos diferentes nveis de excitao para a energia de

    correlao de BeH2 . Note que a maior contribuio das duplas.

    Nvel de excitao Base mnima Base double-

    1+2 0,030513 0,074033

    3 0,000329 0,000428

    4 0,000340 0,001439

    5 0,000001 0,000011

    6 0,0000002 0,000006

    total 0,031182 0,075917

  • Em 1955 P.O. Lwdin definiu a energia de correlao Ecorr como

    a diferena entre a energia EHF do limite Hartree-Fock (energia

    obtida usando-se apenas um determinante de Slater) e a energia

    total no-relativstica E

    Ecorr. = E EHF, ou E = EHF + Ecorr.

    Como j vimos, o problema de se estimar esta energia de correlao que ela definida em termos de full CI, ou seja, a expanso deve envolver todas as possveis excitaes de todos os

    eltrons do sistema. Claramente este tipo de conta ainda inatingvel na prtica. Por isso,

    gostaramos de ter um mtodo que nos fornecesse informaes qualitativamente corretas.

    PARTE III MTODOS MULTICONFIGURACIONAIS

    Mtodo multiconfiguracional de campo auto-consistente (MCSCF): sabemos que num clculo SCF otimizamos apenas os coeficientes dos orbitais moleculares para um determinante

    simples. Por outro lado, em mtodos de interao de configuraes os coeficientes dos orbitais

    moleculares so constantes, e otimizamos os coeficientes de cada determinante dentro da

    expanso. Uma alternativa interessante (e um formidvel problema computacional) otimizar

    simultaneamente os orbitais e os coeficientes da expanso CI. Esta alternativa tem a vantagem de

    que os orbitais moleculares obtidos so bons para descrever no apenas o estado fundamental do

    sistema, mas vrios estados. A funo de onda obtida portanto a mais geral. Este formidvel

    problema computacional foi resolvido na dcada de 80 por M.W. Schmidt e M.S. Gordon, e

    posteriormente otimizado por Bjorn O. Roos.

    Considere o estado como sendo descrito por uma

    funo de onda geral da forma N

    I

    II

    cuja energia dada em termos dos elementos nicos

    das matrizes densidade de uma e duas partculas:

    lkji

    ji lk

    ijklj

    ji

    iij gDhDE ~

    ~

    Variando os orbitais moleculares e os coeficientes do vetor CI na equao acima,

    procuramos um ponto estacionrio na hipersuperfcie de energia. Os parmetros variacionais so

    os elementos nicos dos geradores da transformao unitria exponencial

  • UORB = e I + + 2 e UCI = e

    I + + 2

    Estes geradores e so anti-simtricos, ou seja, = e = . Eles contm apenas aquelas rotaes que alteram a energia da funo de onda.

    Espao ativo completo (complete active space, CAS-SCF): o meio mais eficiente de obter um conjunto de orbitais flexvel considerar a priori quais funes de base ou configuraes

    tero maior peso na descrio do problema. Isto , deseja-se definir um espao ativo que seja completo o suficiente para uma correta descrio do problema. Este problema foi resolvido por Bjorn Roos e colaboradores na dcada de 90. Funes de onda CAS-SCF so apropriadas para

    descrever problemas em que h mais de uma configurao impondo as propriedades do sistema.

    Como este mtodo tem sido muito usado para estudar quebra de ligaes em reaes qumicas,

    s vezes ele chamado de mtodo do espao de reao completamente otimizado (fully optimized reaction space, FORS). Na dcada de 80, clculos CAS-SCF foram muito usados para

    descrever molculas diatmicas de metais de transio.

    Aplicao: HNO, dois estados singletes excitados (11A e 21A ). Este sistema interessante por ser instvel em nvel Hartree-Fock. A tabela abaixo mostra a evoluo no tempo de um

    clculo CASSCF(12,9) com base Gaussiana (11s6p,5s / 6s3p, 3s).

    Iterao energia, a.u. Mx. Deriv. Tempo CI Hessiana total

    1 129,957582 0,0540 156 64 686

    2 129,960012 0,0043 94 0 183

    3 129,960030 0,0014 94 183

    4 129,960032 0,00034 65 154

    5 129,960032 0,00017 65 154

    6 129,960032 0,00001 50 139

    Observe como o clculo CASSCF converge rapidamente (na quarta iterao j convergiu!). Se

    voc se interessa pelos detalhes, o artigo de Siegbahn & Roos traz um apndice bastante

    completo com as equaes do mtodo.

    Aplicao: molculas diatmicas contendo metais de transio. Em Astrofsica, a principal fonte de informao so os espectros de microondas e milmetro-onda tirados de estrelas e

    galxias. Os astrofsicos tm um monte de espectros que no conseguem analisar por que no

    existe referncia, experimental ou terica, para comparar. Assim, existem diversos grupos que se

    dedicam a examinar estes sistemas usando mtodos de mecnica quntica.

  • Nosso grupo recentemente publicou um estudo sobre mononitreto de ferro (FeN) com uma base

    prxima do limite HF (aug-cc-pVQZ). Neste trabalho usamos clculos CAS-SCF para obter a

    funo de ordem zero, e os orbitais resultantes foram usados em clculos MR-SDCI que

    abrangeram milhes de configuraes. Os estados mais baixos achados foram

    2 0.79 | (3)4 (1)3 (9)2 (4)0 + 0.19 | (3)2 (1)3 (9)2 (4)2 + ...

    4 0.76 | (3)3 (1)4 (9)2 (4)0 + 0.21 | (3)2 (1)2 (9)2 (4)3 + ...

    6+ 0.80 | (3)2 (1)4 (9)1 (4)2 + 0.18 | (3)3 (1)2 (9)1 (4)3 + ...

    dentre os quais o 2 o estado fundamental, com o 4 apenas 0,078 eV acima. Os orbitais

    moleculares otimizados na etapa CAS-SCF so mostrados a seguir:

    Orbital 3 Orbital 1

    Orbital 9 Orbital 4

    Nossos resultados se comparam favoravelmente com o espectro observado e com trabalhos

    tericos anteriores. Neste momento estamos estudando outras molculas diatmicas como MnN,

    NiN, VH e NCl.

    Bibliografia James F. Harrison, Chem. Reviews 2000, 100(2), 679-716.

    A. J. Merer, Spectroscopy of diatomic 3d oxides, Ann. Rev. Phys. Chem. 1998, 40, 407-438.

    "The Construction and Interpretation of MCSCF wavefunctions" M.W.Schmidt and

    M.S.Gordon, Ann. Rev. Phys. Chem. 1998, 49, 233-266.

    "The Multiconfiguration SCF Method" B.O.Roos, in "Methods in Computational Molecular

    Physics", edited by G.H.F.Diercksen and S.Wilson, D.Reidel Publishing, Dordrecht,

    Netherlands, 1983, pp 161-187.

    "The Multiconfiguration SCF Method", B.O.Roos, in "Lecture Notes in Quantum Chemistry",

    edited by B.O.Roos, Lecture Notes in Chemistry v58, Springer-Verlag, Berlin, 1994, pp 177-254.

    P.E.M. Siegbahn, J. Almlf, A. Heiberg e B.O. Roos, J. Chem. Phys. 1981, 74(4), 2384-96.

    M.H. Oliveira, H.P. Martins Filho e J.D. Da Motta Neto, Int. J. Quantum Chem. 2010. Published

    online June 28th, 2010. DOI 10.1002/qua.22685.

  • PARTE IV TEORIA DE PERTURBAO

    Teoria de perturbao de muitos corpos (many body perturbation theory, MBPT): mtodos variacionais tais como quaisquer formas de CI truncados tm a desvantagem de convergir muito

    devagar. A Matemtica nos oferece uma alternativa interessante: em vez de tentarmos otimizar a

    funo de onda, podemos fixar uma funo de ordem zero apropriada, e calcular as correes da

    energia em segunda, terceira ordem etc. Vamos comear revendo alguns conceitos fundamentais,

    e problemas clssicos vistos em disciplinas de graduao.

    Suponha um problema fsico cuja equao de Schrdinger

    0000~nnn EH foi

    resolvida, ou seja, foi obtido um conjunto completo de autofunes ortonormais tais que

    nmmn 00

    . Se perturbamos o potencial levemente, provavelmente (alis, quase

    certamente) o Hamiltoniano resultante no tem soluo exata. Teoria de Perturbaes um

    procedimento sistemtico para obter solues aproximadas para este novo Hamiltoniano.

    Se o Hamiltoniano completo pode ser desmembrado em uma parte no-perturbada 0~H e uma

    perturbao V~

    pequena em comparao com 0~H , e se conhecemos a soluo exata

    0

    n da

    parte no-perturbada

    0000~nnn EH , ento podemos imaginar que a perturbao

    aplicada de modo a variar continuamente: VHH~~~ 0 onde o parmetro varia de 0

    (perturbao desligada) at 1 (perturbao ligada). A funo de onda de qualquer nvel n pode

    ser expandida em uma srie de Taylor

    ...2210 nnnn assim como a energia do nvel tambm:

    ...

    332210 nnnnn EEEEE

    Substituindo estas expresses na equao de Schrdinger, vem

    .........

    ~~

    2210332210

    443322100

    nnnnnnn

    nnnn

    EEEE

    VH

    Agrupando os termos de mesma potncia de , vem

    0...~~...

    ...~~~

    02112001202

    100010000

    nnnnnnnnn

    nnnnnnn

    EEEVVH

    EHEVEH

    Se esta srie for convergente, ento os coeficientes de cada potncia de devem ser nulos.

    As correes para energia e funo de onda em primeira ordem

    O coeficiente de d a equao 0011010 ~~

    nnnnnn VEEH . Para resolv-la

    usamos o teorema da expanso: consideramos que as funes desconhecidas 1

    n podem ser

    expandidas em termos das funes do Hamiltoniano de ordem zero, logo

    k

    kkn a01

    .

  • Usando isto, obtemos o resultado

    k

    kkk

    k

    kkn EaHaH000010 ~~ e a equao do

    coeficiente toma ento a forma 01000 ~ nnk

    knkk VEEEa .

    Multiplicando esquerda por 0

    n e integrando ao longo do espao de configuraes, a

    expresso esquerda desaparece, pois as autofunes no-perturbadas so ortonormais. Aps

    alguma lgebra, chegamos correo de primeira ordem da energia,

    dVVE nnnnn

    0*0001 ~~

    ou seja, apenas o valor mdio da perturbao (V~

    ) ao longo do estado no-perturbado !

    interessante ver tambm a correo da funo de onda: para mn,

    nmdVEEa nmnmm ,~ 0*000 . Por hiptese, o nvel En no-degenerado, logo

    00nm EE para mn; podemos dividir por

    00nm EE , assim

    00

    00 ~

    mn

    nm

    mEE

    Va

    e a

    correo de primeira ordem para a funo de onda

    m

    mmn a01

    . A funo de onda

    perturbada em primeira ordem ento

    0

    00

    00

    0

    ~

    m

    nm mn

    nm

    nnEE

    V

    A correo em segunda ordem para a energia

    O prximo termo da expanso o de segunda ordem. Do coeficiente de 2 tiramos a

    correo

    nk kn

    nk

    nEE

    VE

    00

    200

    2

    ~

    , e a energia fica ento 210 nnnn EEEE .

    Outras correes seguem o mesmo padro (veja em qualquer livro-texto de Mecnica Quntica).

    interessante observar que a expanso perturbativa converge rapidamente se i) a perturbao for

    muito pequena em comparao com o Hamiltoniano de ordem zero e ii) o chute for bom, ou seja,

    se a funo de ordem zero for prxima da real. Por isso interessante conhecer bem os modelos!

    Os exemplos abaixo e os exerccios deixaro mais claros os detalhes do procedimento.

    Aplicao elementar: oscilador harmnico perturbado: suponha que queremos obter nveis de energia aproximados para um sistema cuja equao

    02

    8 432

    2

    2

    2

    2

    nn

    n bxaxkx

    Eh

    m

    dx

    d

    fcil reconhecer que, se a e b fossem zero, esta seria a equao do oscilador harmnico, cujas

    solues j conhecemos. Se a e b so pequenos, podemos tratar estes termos como perturbaes,

    ou seja, 43~

    bxaxV . Precisamos ento calcular as integrais

    dxxbdxxaV nnnnnn

    04*003

    *0

    A primeira integral zero (por que?). A segunda integral calculada usando-se como funes de

    ordem zero as solues do oscilador harmnico no-perturbado,

  • nnn HeNx 2/2 , onde x .

    Da j conhecida frmula de recorrncia 022 11 nnn nHHH fcil reconhecer

    que 112

    1 nnn nHHH . Aplicando-se esta relao a 1nH e 1nH e somando-se

    termos semelhantes, vem 222 1

    2

    1

    4

    1

    nnnn HnnHnHH . Elevando-se

    ao quadrado esta expresso, a integral vira uma soma de integrais da forma

    nmsen

    nmsedHHe

    nmn

    !2

    02

    Finalmente, achamos

    !221!22

    1!2

    16

    2 22222

    nnnnnnN

    I nnn

    Ou simplificando 1224

    3 22

    nnI

    e portanto a correo 1224

    3 22

    1 nnb

    En

    .

    Aplicao: tomos com dois eltrons: H, He, Li+, Be++, B+++, C+++++ etc.

    O operador Hamiltoniano para um sistema deste tipo

    rr 21210

    22

    2

    2

    1

    2 1

    42

    ~~~

    r

    Z

    r

    Ze

    mVTH

    o qual pode ser reescrito como rr 210

    2

    20

    22

    2

    2

    10

    22

    1

    2 1

    44242

    ~

    e

    r

    Ze

    mr

    Ze

    mH

    Ou seja, VHVHHH ee~~~~~~ 0

    21 . Aqui A.O. Unsold sugeriu usar como funo de ordem

    zero (no-perturbada) apenas a superposio de duas funes de onda hidrogenides,

    021 /3

    0

    3

    21001100210

    8,

    arrZe

    a

    Z

    rrrr

    e a energia no-perturbada ... eVEEEEZZ HHH 8,1088444202

    o que est bem longe do resultado experimental, -79,0 eV. Um exerccio popular de Qumica

    Quntica envolve calcular a correo de primeira ordem, a qual apenas o valor mdio da

    repulso entre os eltrons, 2

    344

    5

    48

    5~

    0

    2

    0

    ZeVE

    Ze

    a

    ZV H

    e a energia total em primeira ordem eVeVeVEEE 8,74348,10810 .

    Egil Hylleraas mostrou que possvel obter correes de ordem superior combinando os

    mtodos variacional e perturbativo. At terceira ordem,

  • eVeVeVeVeVEEEEE 0,791,03,4348,1083210

    Neste exemplo fcil observar que em teoria de perturbao cada termo geralmente muito

    menor que o anterior, e os sinais vo trocando. Esta uma das razes pelas quais clculos de

    teoria de perturbao converge muito mais rapidamente que interao de configuraes (CI).

    Aplicao: tomos com trs eltrons: H=, He, Li, Be+, B++ etc. Considere um tomo de ltio, consistindo de trs eltrons orbitando um ncleo com trs prtons mais alguns nutrons. O

    operador Hamiltoniano completo para este sistema

    rr rr rr 3231213210

    22

    3

    2

    2

    2

    1

    20 111

    42

    ~~~

    r

    Z

    r

    Z

    r

    Ze

    mVHH

    o qual pode ser reescrito como

    rr rr rr 3231210

    2

    30

    22

    3

    2

    20

    22

    2

    2

    10

    22

    1

    2

    111

    4...

    ...424242

    ~

    e

    r

    Ze

    mr

    Ze

    mr

    Ze

    mH

    Ou seja, VHVHHHH~~~~~~~ 0

    321 . O Hamiltoniano total ento a soma de dois

    termos, um Hamiltoniano de ordem zero ou no-perturbado (trs tomos hidrogenides independentes ou no-interagentes, um em cima dos outros) mais uma perturbao

    rr rr rr 3231210

    2 111

    4

    ~

    eV .

    De novo, este o termo que torna o problema impossvel de resolver analiticamente. Se

    ignorarmos este termo, o Hamiltoniano se reduz ao de trs tomos hidrogenides (cada um com

    Z=3 no caso do ltio). No estado fundamental (2S1/2) do ltio temos dois eltrons ocupando um

    orbital 1s, mais um eltron ocupando um orbital 2s. Assim, as funes so

    0/

    2/3

    0

    100

    10,0,1

    aZre

    a

    Zmn

    mas com as funes de spin

    02/

    0

    2/3

    0

    200 224

    10,0,2

    aZre

    a

    Zr

    a

    Zmn

    Se a soluo fosse apenas a superposio de trs funes de onda hidrogenides, ou seja o

    produto de Hartree

    0

    321 /

    2

    0

    3

    2/9

    0

    2/9

    320021001100321

    0 22

    ,,a

    rrrZ

    ea

    Zr

    a

    Z

    rrrrrr

    a energia seria dada por eVEEEEEZZ HHHH 5,2754

    81

    4

    99993 02

    o que est bem longe do resultado experimental, -203,5 eV. Como melhorar esta estimativa?...

  • Usando como chute o determinante de Slater

    332331331

    222221221

    112111111

    6

    10

    sss

    sss

    sss

    pode-se demonstrar, usando argumentos de ortogonalidade das funes de spin, que a correo

    de primeira ordem ssssss KJJE 2111211 2 onde as integrais de dois eltrons so

    0

    2

    118

    5

    a

    ZeJ ss ,

    0

    2

    2181

    17

    a

    ZeJ ss e

    0

    2

    21729

    16

    a

    ZeK ss e portanto

    eVa

    eE 5,83

    2972

    5965

    0

    21

    logo a energia at primeira ordem eVeVeVEEE nnn 0,1925,835,27510

    Para melhorar este resultado, necessrio calcular correes de segunda e terceira ordem.

    Quando aplicada a molculas, teoria de perturbao tambm chamada de teoria de Moller &

    Plesset de n-sima ordem (MPn). Uma das vantagens de teoria que cada termo da correo

    pode ser representado por diagramas.

    Representao diagramtica de Teoria de Perturbao. Mesmo para o caso simples de um sistema com dois estados, as

    frmulas das correes da energia em ordem superior so

    bastante complicadas. Portanto, seria interessante se houvesse

    uma maneira simples de representar e classificar os vrios

    termos que aparecem em diferentes ordens de perturbao. Na

    dcada de 50, esta representao diagramtica foi inventada por Richard Feynman para ser usada no recm-criado campo

    de Eletrodinmica Quntica. Mais tarde, outros pesquisadores

    usaram a tcnica para estudar outros problemas.

    A conveno adotada para representao destes diagramas tem diversas formas, mas aqui

    veremos apenas os diagramas de Goldstone. Para sistemas de dois estados, a perturbao ( V )

    representada por um ponto, e os dois estados de ordem zero 1 e 2 so representados por

    linhas apontando para baixo e para cima, respectivamente. Uma linha com uma flecha apontando

    para baixo chamada linha buraco, e uma linha com uma flecha apontando para cima chamada linha partcula (Estes nomes tero sentido mais tarde). Estas definies sugerem

    representaes pictricas simples dos elementos de matriz de V :

    Cada ponto tem uma linha entrando e uma linha saindo, e o elemento de matriz correspondente

    < label da linha que entra | V | label da linha que sai >

    As expresses matemticas de cada termo na energia de n-sima ordem contem um produto de n

    elementos de matriz de V no numerador. possvel representar as expresses algbricas por

    desenhos de diagramas contendo n pontos conectados de certas maneiras. As regras para

    desenhar tais diagramas so as seguintes:

  • 1) desenhar n pontos verticalmente ordenados.

    2) conectar todos os pontos com uma linha contnua, de modo que cada ponto tenha uma linha

    passando por ele.

    3) fazer isso de todas as maneiras possveis. Dois diagramas so equivalentes (i.. o mesmo) se

    todo e cada ponto conectado a um par idntico de pontos nos dois diagramas.

    A segunda regra nos fora a desenhar apenas diagramas

    que sejam completamente conectados ou fechados

    (linked ). Diagramas de quarta ordem no-ligados

    (unlinked ) tais como os mostrados ao lado no so

    permitidos.

    Por outro lado, a terceira regra nos diz que os

    diagramas mostrados abaixo

    so o mesmo por que eles esto

    conectados da mesma maneira.

    Confira por inspeo!

    Usando estas regras, podemos desenhar os

    seguintes diagramas at quarta ordem ou mais:

    Observa-se que, para primeira ordem ( n=1 ) aparece uma ambigidade porque a linha circular.

    Resolvemos isto definindo linhas circulares como linhas buraco. fcil mostrar que os diagramas que podem ser gerados desta maneira so

    1a ordem 2

    a ordem 3

    a ordem etc...

  • Finalmente, agora postulamos que existe uma correspondncia biunvoca entre os desenhos

    acima com n pontos e os termos que contribuem para a energia de n-sima ordem. notvel

    observarmos que tal correspondncia existe! A seguir, precisamos definir as regras que

    transformam cada diagrama numa expresso algbrica. As regras so as seguintes:

    1) cada ponto contribui com um fator < label da linha que entra | V | label da linha que sai >

    dentro do numerador.

    2) cada par de pontos adjacentes contribui com o fator 00 partculaburaco EE no denominador 3) o sinal da expresso (-1)

    h+l , onde h o nmero de linhas buraco e l o nmero de loops

    fechados no diagrama.

    fcil usar estas regras e escrever as expresses algbricas.

    Por exemplo, o nico diagrama de primeira ordem que

    aparece fechado, e o relativo frmula

    ji

    N

    i

    N

    j

    jiE

    1

    )1(

    02

    1

    Somando esta correo energia de ordem zero temos a energia Hartree-Fock. Portanto, o

    mtodo Hartree-Fock correto em primeira ordem.

    Em segunda ordem, s h um diagrama que corresponde frmula

    . . . .. . . .

    2

    02

    1

    2

    1 oc

    a

    oc

    b

    virt

    r

    virt

    s srba

    oc

    a

    oc

    b

    virt

    r

    virt

    s srba

    abrssrababrsrsabE

    Observe que as integrais de dois eltrons necessrias j esto disponveis do clculo Hartree-

    Fock, por isso MP2 um clculo muito rpido e fcil.

    Em ordens superiores, o nmero de diagramas aumenta bastante. Para desenh-los basta seguir

    as regras aqui listadas... e praticar!

    fcil verificar que em mtodos variacionais como CISD ou MCSCF aparece um monte de

    diagramas no-ligados. A incluso de milhes de configuraes necessria exatamente para se

    livrar da contribuio destes diagramas no-ligados. Esta uma das razes para os mtodos

    variacionais convergirem to devagar em comparao com os perturbativos.

    Energia de correlao de H2 na distncia de 1,4 u.a.: este um exemplo bem simples que ilustra as potencialidades do mtodo. Vamos examinar a tabela abaixo:

    Base )2(0E (MP2) Frao de FCI

    )3(

    0

    )2(

    0 EE Frao de full CI Full CI

    STO-3G 0,0132 64 0,0180 87 0,0206

    4-31G 0,0174 70 0,0226 91 0,0249

    6-31G** 0,0263 78 0,0319 94 0,0339

    (10s, 5p, 1d) 0,0321 81 0,0376 95 0,0397

  • Est claro que o mtodo mais eficiente com bases grandes do que com bases elementares. Hoje

    em dia isso no problema, pois j so disponveis bases QZV ou QZP ou 5ZV ou 5ZP, at com

    adio de difusas. O outro ponto o enorme progresso ao se passar de segunda para terceira

    ordem. J deveramos esperar isso pela rapidez da convergncia de mtodos perturbativos.

    Aplicao: espectroscopia. Sabe-se que a obteno de geometrias de molculas geralmente precisa incluir correlao. Assim como com tomos, pode-se obter aproximaes de ordens

    superiores para molculas poliatmicas. Na dcada de 1980, vrios estudos de erro de

    superposio de base (BSSE) usaram clculos em nvel MP2 ou MP4. Veja, por exemplo, o

    resultado de clculos na molcula CF2 com uma base ainda longe do limite HF:

    SCF / DZP MP2 / DZP experimental

    R(CF), 1,281 1,309 1,591

    , 104,8 104,6 101,0

    ( a1 ), cm-1

    (stretch) 1379 1262 1222

    ( b2 ), cm-1

    (stretch) 1289 1153 1102

    ( a1 ), cm-1

    (bend) 738 676 667

    Hoje em dia j corriqueiro encontrarmos na literatura resultados de clculos MBPT em at

    quinta ou sexta ordem. Como em Qumica geralmente s trabalhamos com valores at a terceira

    ou quarta casa, qualquer clculo em nvel maior s de interesse acadmico.

    Bibliografia Attila Szabo & N.S. Ostlund, Modern Quantum Chemistry, Dover, pg. 327-338.

    J.D.M. Vianna, A. Fazzio & S. Canuto, Teoria Quntica de Molculas e Slidos, Livraria da Fsica, SP, 2004. Captulo 5, pginas 182-186.

    Roy McWeeny, Methods of Molecular Quantum Mechanics, 2a edio, Academic Press, London, 1989. Captulo 9, pginas 285-326.

    R.D. Mattuck, A Guide to Feynman Diagrams in the Many-Body Problem, 2nd ed., Dover.

    S. Gasiorowicz, captulo 16, pgs. 243-256. Bem completo. Inclui discusso do efeito Stark.

    I.N. Levine, captulo 9, pginas 193-205 e captulo 10, pgs. 250-255. Bem completo.

    PARTE V O MTODO COUPLED CLUSTER

    Histrico: Uma alternativa interessante , em vez de calcular todos os diagramas at uma certa ordem, usar operadores de shift e calcular apenas os diagramas ligados at ordem infinita. Isso d

    conta da extensividade de tamanho j na montagem do problema. Fritz Coester & Hermann

    Kmmell (1950) sugeriram o Ansatz exponencial para estudar Fsica Nuclear. Por sua vez, Jii ek & Josef Paldus (1960) popularizaram o mtodo quando o modificaram para incluir correlao eletrnica em clculos de orbitais moleculares.

    Racional do mtodo coupled cluster (CC): a idia bsica envolve tratar um sistema de muitos eltrons separando-o em vrios aglomerados ( clusters ) de poucos eltrons. Calcula-se as

    interaes entre os eltrons do mesmo aglomerado, e depois as interaes entre eltrons de

    diferentes aglomerados. Basicamente usamos a tcnica da soma. A funo de onda CC escrita

    impondo-se o Ansatz exponencial:

    00 exp TCC ,

  • onde o operador de cluster definido como jibatnT abijn ...! ......2

    com as amplitudes de

    cluster tijab

    e os operadores de excitao. Assim, para excitaes de dois eltrons

    ab

    ij

    i j a b

    ab

    ij

    ab

    ij

    i j a b

    ab

    ij ttT 4

    102

    O coeficiente de cada excitao qudrupla um produto de coeficientes de excitaes duplas

    i j a b k l c d

    abcd

    ijkl

    cd

    kl

    ab

    ij ttT 02

    2

    A vantagem em relao a formas de CI truncado que apenas diagramas ligados permanecem

    em exp(T) | 0 , o que garante a extensividade de tamanho. As amplitudes de cluster devem ser obtidas de forma que a funo seja uma soluo da equao de Schrdinger:

    00

    ~ TT eEeH

    Multiplicando esta equao esquerda por e-T

    , obtemos 00~

    EeHe TT

    que pode ser reescrita na forma da conhecida expanso de Baker-Campbell-Hausdorf:

    00 , , , ,~

    24

    1, , ,

    ~

    6

    1 , ,

    ~

    2

    1,

    ~~

    ETTTTHTTTHTTHTHH

    Esta expanso se encerra no termo de quatro comutadores, devido ao Hamiltoniano conter no

    mximo operadores de dois eltrons. Como no se pode incluir operadores de cluster de todas as

    ordens possveis, o que se faz truncar o operador de cluster em algum Tn , com n pequeno.

    Aproximao CCD (Bartlett & Purvis, 1978): o teorema de Brillouin mostra que apenas as

    excitaes duplas interagem diretamente com o

    determinante de referncia. Isto sugere que

    tambm no esquema CC as duplas so as mais

    importantes. A funo CCD escrita como:

    03

    2

    2

    2202

    2

    ...62

    1exp

    4

    1

    TTTT

    jibatTT

    CCD

    i j a b

    ab

    ij

    com o operador de cluster definido acima. Os coeficientes (amplitudes dos operadores) so

    diferentes dos coeficientes CI por que a funo CC inclui excitaes qudruplas, hxtuplas etc.

    introduzidas na funo de onda via os termos desconexos at que ! 2 nTn desaparece para n /2

    eltrons.

  • As equaes CC so obtidas inserindo-se a funo CC na equao de Schrdinger, projetada na

    funo de referncia mais excitaes simples, duplas etc. Usando o operador Hamiltoniano na

    ordem normal

    00

    ~~~ HHH N

    para CCD temos ETH N 00 exp~

    e 00exp~

    TabijNab

    ij eETH

    onde E a energia de correlao. As equaes projetadas fornecem equaes para as amplitudes de cluster, que podem ser resolvidas algebricamente. Com o passar dos anos, alguns

    grupos estudaram a incluso progressiva de clusters de excitao. Isto levou ao desenvolvimento

    de mtodos cada vez mais sofisticados.

    Aproximao CCSD (Bartlett & Purvis, 1982): este provavelmente o mais conhecido e mais comum dentre os mtodos CC. Incluindo clusters de excitaes simples e duplas, temos:

    02

    2

    2

    12102121

    221 exp

    TTTTTTTTT CCSD

    A projeo leva a equaes qurticas nas amplitudes de cluster. Veja a comparao com um

    mtodo multi-referncia: constantes espectroscpicas de N2 usando base [5s4p3d2f1g]:

    Re , e , cm-1 De , eV

    CCSD 1,093 2432 213,7

    MRCI+Q 1,101 2353 224,1

    experimental 1,098 2359 228,4

    Bom, mas no excelente, especialmente para a energia de dissociao. Tpico de sistemas de

    camada fechada que so dominados por uma configurao. Isto ocorre por que CCD serve

    principalmente para recuperar correlao dinmica. Na molcula de N2 , temos principalmente

    correlao no-dinmica e relaxao orbital (que aparece principalmente em T1 e no T2 ).

    Aproximao CCSDT (Kucharski & Bartlett, 1986; Noga & Bartlett, 1987): incluindo clusters de triplas no mtodo CCSD leva a:

    0221332221213210321 ...1exp TTTTTTTTTTTTTCCSDT

    Na prtica, este deve ser o mais acurado nmero que se pode alcanar. No entanto, como o

    nmero de diagramas explode rapidamente, o alto custo computacional torna estes clculos

    viveis apenas para sistemas muito pequenos. Um exemplo do desempenho do mtodo

    mostrado pelo clculo da energia de correlao de BH com base DZP em vrias distncias:

    Re = 2,329 a0 1,5 Re 2,0 Re E(SCF) -25,125260 -25,062213 -24,988201

    MBPT(4) -0,097306 -0,106532 -0,125804

    MBPT(5) -0,099841 -0,110453 -0,133078

    CCSD -0,100574 -0,111119 -0,134097

    CCSDT -0,102299 -0,113742 -0,139112

    Full CI -0,102355 -0,113763 -0,139132

  • Desta tabela est claro que o mtodo CC (incluindo os diagramas que aparecem at excitaes

    triplas) recupera mais de 95% da energia de correlao. Por isso, ele muito usado para clculo

    de propriedades que se referem a termos muito pequenos do Hamiltoniano, como NMR ou ESR.

    O mtodo tambm bem-sucedido no clculo de espectros eletrnicos, especialmente no

    contexto da teoria EOM-CC.

    Comparao com CI Quadrtico: interessante comparar estas aproximaes: a funo de onda full CI definida por

    0321 ~

    ...~~~

    1 nFCI CCCC

    e a funo de onda CC definida por 0321 ~

    ...~~~

    exp nCC TTTT

    logo por comparao das duas expresses fcil verificar a equivalncia dos operadores de

    excitao CI e dos operadores de cluster:

    11

    ~~TC 2122

    ~

    2

    1~~TTC

    3

    12133

    ~

    6

    1~~~~TTTTC 41312

    2

    1

    2

    244

    ~

    24

    1~~~~

    2

    1~

    2

    1~~TTTTTTTC etc.

    A incluso de 2~ 2

    2T no modelo CCD explica porque usualmente CCD melhor que CIS, CISD

    ou mesmo CISDT. Veja, por exemplo, o clculo das freqncias vibracionais da gua:

    freqncia SCF erro CISD erro CCSD erro CCSDT erro Exptl.

    1 4132 +300 3931 +99 3867 +35 3831 1 3832

    2 1772 +124 1703 +55 1689 +41 1677 +29 1648

    3 4238 +296 4036 +94 3976 +34 3940 1 3942

    Desta tabela fica claro que CCSDT quase crava o experimental. De fato, experincia com outros

    sistemas tem demonstrado que o uso de CCSDTQ, apesar de factvel, raramente vale a pena. De

    qualquer modo, o custo computacional de um clculo CCSDT ainda muito alto.

    Bibliografia Attila Szabo & N.S. Ostlund, Modern Quantum Chemistry, Dover, pgs. 287-290.

    J.D. Vianna, A. Fazzio & S. Canuto, Teoria Quntica de Molculas e Slidos, Edit. Livraria da Fsica, So Paulo, 2004. Pginas 193-200.

    R.J. Bartlett & J.F. Stanton em Reviews in Computational Chemistry, vol. V (1994).

    J. Noga e R.J. Bartlett, J. Chem. Phys. 1987, 86(12), 7041-7050.

    S.A. Kucharski, M. Wloch, M. Musial e R.J. Bartlett, J. Chem. Phys. 2001, 115(18), 8263-66.

    T.A. Ruden, T. Helgaker, P. Jorgensen e J. Olsen, J. Chem. Phys. 2004, 121(12), 5874-84.

    A. Osted, J. Kongsted e O. Christensen, J. Phys. Chem. A 2005, 109(7), 1430-1440.

    O grande problema dos mtodos de muitas variveis que vimos antes o nmero de variveis

    envolvidas. Por exemplo, para o mtodo SCF sabe-se que o esforo computacional cresce com a

    quarta potncia do nmero de funes de base (por causa das matrizes que devem ser calculadas

    e combinadas). Este custo computacional muito mais severo em mtodos ps-Hartree-Fock

    (por exemplo, CCSD facilmente alcana a oitava potncia do nmero de funes de base). Por

    outro lado, desde os primeiros tempos da Mecnica Quntica foi examinada a possibilidade de se

    considerar a energia do sistema como funo da densidade eletrnica (que funo apenas de x,

    y e z) em vez dos coeficientes da funo de onda.

  • PARTE VI TEORIA DE FUNCIONAL DENSIDADE

    Racional: Como usual em clculos de estrutura eletrnica, os ncleos so fixos (aproximao de Born & Oppenheimer ), gerando um potencial externo esttico V no qual os

    eltrons se movem. Um estado eletrnico estacionrio ento descrito por uma funo de onda

    Nrrr

    ..., 21 que satisfaz a equao de Schrdinger multi-eletrnica,

    onde H o Hamiltoniano molecular eletrnico, N o nmero de eltrons e U a interao

    eltron-eltron. Os operadores T e U so chamados universais por que eles so os mesmos para qualquer sistema, enquanto V dependente de sistema ou no-universal. Como se pode ver, a

    diferena real entre o problema de uma partcula e o complicadssimo problema de muitas

    partculas est estreitamente relacionada com o termo de interao U. Como vimos

    anteriormente, existem muitos mtodos sofisticados para resolver a equao de Schrdinger. O

    problema com tais mtodos o enorme custo computacional, que torna virtualmente impossvel

    aplicar tais mtodos a sistemas mais complexos tais como protenas.

    DFT oferece uma alternativa bem atraente, sendo muito mais verstil por que oferece uma

    maneira de mapear sistematicamente o problema de muitos corpos (com U) em um problema de

    um corpo (sem U). A varivel essencial a densidade dada por

    P. Hohenberg e W. Kohn provaram em 1964 [1] que a relao acima pode ser revertida, ou seja,

    para uma densidade de estado fundamental n0 possvel calcular a funo de onda Nrrr

    ..., 210

    correspondente. Em outras palavras, 0 um funcional unvoco de n0.

    e consequentemente todos os outros observveis O so tambm funcionais de n0 .

    Da segue, em particular, que a energia do estado fundamental tambm um funcional de n0 .

    ,

    onde a contribuio do potencial externo pode ser escrita

    explicitamente em termos da densidade

    Os funcionais T[n] e U[n] so chamados universais enquanto V[n] obviamente no-universal, pois ele depende do sistema. Uma vez que V conhecido, deve-se minimizar o funcional

  • com respeito densidade rn

    , assumindo-se que tenhamos expresses confiveis para T[n] e

    U[n]. Uma minimizao do funcional de energia bem-sucedida deve levar densidade do estado

    fundamental n0 e a todos os outros observveis.

    modelo do gs de eltrons: L.H. Thomas e E. Fermi postularam independentemente que os eltrons esto distribudos uniformemente no espao de fase, com dois eltrons para cada

    elemento h3 de volume. Assim, para cada elemento d

    3r podemos encher uma esfera do espao de

    momento at o momento de Fermi pf , totalizando 3

    3

    4rp

    .

    Igualando o nmero de eltrons no espao de coordenadas ao nmero de eltrons no espao de

    fase, fica

    333

    8rp

    hrn

    Resolvendo para o momento de Fermi e substituindo, a energia cintica do gs de eltrons se

    torna um funcional da densidade:

    rdnCnT FF33/5 onde

    3/22

    8

    3

    10

    3

    m

    hCF

    O uso do gs de eltrons restrito.

    Teoremas de Hohenberg & Kohn: estes teoremas de 1964 so a base dos mtodos DFT.

    1) O potencial externo sentido pelos eltrons um funcional nico da densidade eletrnica.

    2) A energia do estado fundamental E0 [] mnima para a densidade exata,

    Como as interaes de Coulomb so de longo alcance, o funcional F[] pode ser separado:

    GrdrdF ' '

    '

    2

    1][ 33

    rr

    rr

    de forma que a energia eletrnica assume a forma

  • GrdrdrdvE '

    '

    '

    2

    1 ][ 333

    rr

    rrrr

    O funcional G[] pode ser escrito como a soma da energia cintica e uma energia de troca

    equaes de Kohn-Sham (1965): o problema variacional de minimizar o funcional de energia E[n] pode ser resolvido aplicando-se o mtodo dos multiplicadores indeterminados de Lagrange,

    o que foi feito por Kohn & Sham em 1965 [2]. Usa-se o fato de que o funcional na equao

    acima pode ser escrito como um funcional de uma densidade hipottica de um sistema no-

    interagente.

    Onde Ts denota a energia cintica no-interagente e Vs um potencial efetivo externo no qual as

    partculas se movem. Obviamente,

    se Vs for escolhido como sendo

    Logo, pode-se resolver as equaes de Kohn-Sham deste sistema no-interagente auxiliar

    e determinar os orbitais i que reproduzem a densidade do sistema original.

    O potencial de uma particular efetivo Vs pode ser escrito em mais detalhe como

    O maior problema com DFT que os funcionais exatos de troca e correlao no so

    conhecidos, exceto para o gs de eltrons. Entretanto, existem aproximaes que permitem o

    clculo de certas quantidades fsicas com bastante acurcia.

    Aproximaes: Em Fsica a aproximao mais usada a aproximao da densidade local (local density approximation, LDA), na qual o funcional depende apenas da densidade na

    coordenada onde o funcional avaliado.

  • Por sua vez, a aproximao da densidade de spin local ( local spin-density approximation,

    LSDA) uma generalizao da LDA para incluir o spin eletrnico:

    Nas ltimas dcadas, frmulas altamente acuradas para a energia de troca-correlao

    foram construdas a partir de simulaes do gs de eltrons livres.

    A aproximao de gradiente generalizado (Generalized gradient approximation, GGA) tambm

    local, mas leva em conta o gradiente da densidade na mesma coordenada:

    Muito bons resultados para geometrias moleculares e energias de estado fundamental so obtidos

    usando funcionais dentro de GGA. Vrios melhoramentos tm sido alcanados, desenvolvendo

    melhores representaes dos funcionais.

    B3LYP: Em 1993 Axel Becke props um funcional misto de trs parmetros baseado no funcional de Lee, Yang e Parr [4]. Este funcional escrito como

    LDACGGACCLDAXGGAXXLDAXHFXLDAXCLYPBXC EEaEEaEEaEE 03

    Com os parmetros

    a0 = 0,20 aX = 0,72 aC = 0,81

    e tem desfrutado de enorme popularidade nas ltimas dcadas.

    Aplicaes: o grande interesse em clculos DFT vem do fato que ele torna possvel alcanar otimizaes de geometria para sistemas maiores que 50 tomos. Todos os programas comerciais

    de uso geral (Gaussian, GAMESS, C4 etc.) tm a opo de otimizar geometrias com bases

    Gaussianas de qualidade double- ou superior. Consequentemente, muitas aplicaes em biologia tm usado este protocolo.

    O mtodo TD-DFT: Um dos problemas do mtodo DFT que ele no pode ser usado para clculo de espectros, pois a densidade dos estados excitados colapsa para a densidade do estado

    mais baixo da multiplicidade procurada. Isto em parte contornado com o mtodo TD-DFT.

    Bibliografia P. Hohenberg and W. Kohn, Phys. Rev. 1964, 136, B864

    W. Kohn and L. J. Sham, Phys. Rev. 1965, 140, A1133

    A. D. Becke, J. Chem. Phys. 98 (1993) 5648

    C. Lee, W. Yang, and R. G. Parr, Phys. Rev. B 1988, 37, 785

  • PARTE VII MTODOS SEMI-EMPRICOS

    Motivao: os problemas interessantes envolvem um nmero muito grande de tomos. Como no podemos usar mtodos ab initio, uma alternativa jogar fora um monte de integrais, e

    parametrizar o restante usando o experimento. Esta a essncia dos mtodos semi-empricos.

    Ortogonalizao de base: os conjuntos de base usados em clculos moleculares no so conjuntos ortogonais. Isto d origem matriz de overlap (recobrimento) S nas equaes de

    Roothaan. Aqui observamos as definies formais das matrizes mtrica () e de overlap ( S ):

    = I + S =

    ............

    ...1

    ...1

    ...1

    ............

    ...0

    ...0

    ...0

    ............

    ...100

    ...010

    ..001

    2313

    2312

    1312

    3231

    2321

    1312

    SS

    SS

    SS

    SS

    SS

    SS

    Logo, para uma base de K orbitais atmicos, preciso calcular apenas os K(K-1) / 2 elementos

    da matriz triangular superior, pois Sij = Sji .

    Se temos um conjunto de funes no-ortonormal, sempre possvel achar uma transformao

    (no-unitria) X tal que o conjunto de funes seja ortonormal. Ou seja,

    K K

    XSXd

    *'*

    rrr

    Esta ltima equao pode ser escrita em forma matricial como X S X = I

    A matriz X deve ser no-singular, i.., sua inversa X-1

    deve existir. Como S Hermitiana, ela

    pode ser diagonalizada por uma matriz unitria U: U s U =

    Ortogonalizao simtrica (P.O. Lwdin, 1947):

    X S-1/2 = U -1/2 U

    S-1/2

    SS-1/2

    = S-1/2

    S1/2

    = S0 = I

    No caso de overlap pequeno (ex.: haletos de metais alcalinos),

    pode-se usar a expresso

    -1/2 = ( 1 + S )-1/2 = 1 S + S 2 ...

    a qual convergente quando todos os autovalores da matriz de overlap ( ) esto situados entre

    1 e +1. Como os autovalores de so todos positivos, no h dificuldades em tirar as razes quadradas. Entretanto, se houver dependncia linear (ou quase), alguns dos autovalores so

    muito pequenos diviso por quantidades muito prximas de zero problemas de preciso numrica.

    Este esquema de ortogonalizao a base da aproximao ZDO e portanto fundamental para

    todos os mtodos semi-empricos (CNDO, INDO, MNDO, AM1, PM3 etc.).

  • Justificativa terica para o uso de mtodos semi-empricos: na teoria de Hamiltonianos efetivos de valncia, podemos usar a tcnica de particionamento de P.O. Lwdin

    Q

    P

    Q

    P

    QQQP

    PQPPE

    C

    C

    C

    C

    HH

    HH que resulta QPQQPQPPv E HHIHHH

    1

    mostrando que existe um Hamiltoniano efetivo que atua apenas sobre o espao de valncia e

    produz os mesmos autovalores do problema original. este Hamiltoniano efetivo que os

    mtodos semi-empricos tentam reproduzir.

    Interao de Configuraes Limitada (LCI, 1951-53): R. Pariser, R.G. Parr e J.A. Pople formularam as equaes que descreviam o espectro eletrnico usando apenas o estado funda-

    mental e um nmero pequeno de excitaes simples. Se definirmos o espao CI como desde o

    HOMO-1 at o LUMO+1, os estados gerados so descritos pela frmula

    HOMO

    HOMOi

    LUMO

    LUMOj

    j

    i

    j

    icc1

    1

    00

    E a matriz CI resultante tem dimenses 55 (os estados includos so o

    estado de referncia, mais as excitaes simples HOMO-1LUMO,

    HOMOLUMO, HOMO-1LUMO+1 e HOMOLUMO+1) e as diferenas entre os autovalores devem servir como aproximao para

    quatro bandas de baixa energia do espectro de absoro (UV-visvel).

    Mtodo INDO/S: M.C. Zerner aperfeioou o mtodo INDO/1 de Pople para espectroscopia. A tcnica INDO/S consiste de 1) fazer um clculo SCF na aproximao INDO/1 de Pople, e 2) usar

    os orbitais moleculares resultantes num clculo CI incluindo apenas umas poucas excitaes

    simples. A expresso da energia dos estados singlete e triplete referentes a uma excitao de um

    orbital ocupado i para um orbital virtual a apenas

    iaiaiaai KJE 0

    2 3,1

    Mtodos NDDO: Michael J.S. Dewar obteve um Hamiltoniano bem slido no MNDO. No entanto, as ligaes hidrognio e ligaes N-O, O-O e O-F eram muito curtas. Numa tentativa de

    corrigir isso, foi proposto que a repulso caroo-caroo inclusse um termo Gaussiano (que no

    tem correspondente fsico). Este o truque dos mtodos AM1 e PM3 (e tambm PM5 e PM6),

    que conseguem bons resultados ( para geometrias e termoqumica ) apesar da eletrosttica.

    Situao atual: o grupo do Departamento de Qumica Fundamental da UFPE (Recife) estabeleceu uma parceria com J.J.P. Stewart, e desde ento tem procedido com uma extensa

    reparametrizao do PM3, que resultou no mtodo RM1.

    Bibliografia R. Pariser e R.G. Parr, J. Chem. Phys. 1953, 21, 466

    J.E. Ridley and M.C. Zerner, Theoret. Chim. Acta 1973, 32, 111-134.

    M.J.S. Dewar and W. Thiel, J. Am. Chem. Soc. 1977, 99, 4907.

    M.C. Zerner, G. Loew, R. Kirchner and U. Mueller-Westerhoff, J. Am. Chem. Soc. 1980, 102, 589.

    M.J.S. Dewar, E.G. Zoebisch, E.F. Healy, J. Am. Chem. Soc. 1985, 107, 3902-9.

    J.J.P. Stewart, J. Mol. Modeling 2007, 13, 1173-1213.

    J.D. Da Motta Neto and M.C. Zerner, Int. J. Quantum Chem. 2001, 81, 187-201.