Apostila Meios de Contraste

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Centro De Formação Técnica El Shadai Curso Técnico Em Radiologia Disciplina – Farmacologia Profª Larissa Damasceno CONTRASTE IODADO HISTÓRIA Início em meados de1900 com a descoberta de que o iodeto de sódio IV era excretado pela urina. O iodo puro é muito tóxico, mas descobriu-se que ligando-o a um anel de piridina, sua toxicidade diminuía muito. Em 1929 surgiu o Uroselectan, um meio de contraste iodado hidrossolúvel, obtendo-se o primeiro urograma bem sucedido. Em 1931 ligou-se o iodo a piridina, criando dois novos meios de contraste melhorados (Dione e Neoiopax, com dois átomos de iodo na molécula e mais solúveis em água, pois acrescentou-se cadeias laterais ao anel central). Após anos, substituiu-se o anel de piridina por um anel de benzeno, criando meios de contraste que serviram como base para os atuais. CARACTERÍSTICAS Os meios de contraste iodados são substâncias radiodensas capazes de melhorar a especificidade das imagens obtidas em exames radiológicos, pois permitem a diferenciação de estruturas e patologias vascularizadas das demais, contrastando- as ou causando defeito de enchimento. A estrutura básica dos meios de contraste iodados atuais é formada por um anel benzênico ao qual foram agregados átomos de iodo e grupamentos complementares, onde estão ácidos e substitutos orgânicos, que influenciam diretamente na sua toxicidade e excreção. PROPRIEDADES Hidrofílicos, pouco lipossolúveis, não possuem ação farmacológica importante, não tem muita afinidade com proteínas e receptores celulares, podem ser administrados por várias vias. CONCENTRAÇÃO DO MEIO DE CONTRASTE Indica a quantidade de iodo no produto. Solução de meio de contraste a 60% contém 60g de sal tri-iodado em 100ml de solução. DENSIDADE Nº de átomos de iodo por mililitro de solução. Meio de contraste mais denso tem mais iodo e contrasta mais. O iodo é a parte contrastante do meio de contraste. Contraste com 282mg/ml tem em cada ml de solução 282mg de iodo. VISCOSIDADE Relativa à fluidez do líquido. Maior concentração de iodo (densidade) leva a maior viscosidade. Quanto mais viscoso, maior é a força necessária para injetar a substância através da agulha (menos viscoso pode usar agulha mais fina) e menor a velocidade de diluição pelo sangue (nos maiores vasos é melhor ser mais viscoso, para demorar mais para diluir no sangue, e nos vasos menores, é melhor um menos viscoso para fluir melhor).

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Centro De Formação Técnica El Shadai Curso Técnico Em Radiologia Disciplina – Farmacologia Profª Larissa Damasceno

CONTRASTE IODADO

HISTÓRIA

Início em meados de1900 com a descoberta de que o iodeto de sódio IV era excretado pela urina. O iodo puro é muito tóxico, mas descobriu-se que ligando-o a um anel de piridina, sua toxicidade diminuía muito.

Em 1929 surgiu o Uroselectan, um meio de contraste iodado hidrossolúvel, obtendo-se o primeiro urograma bem sucedido.

Em 1931 ligou-se o iodo a piridina, criando dois novos meios de contraste melhorados (Dione e Neoiopax, com dois átomos de iodo na molécula e mais solúveis em água, pois acrescentou-se cadeias laterais ao anel central).

Após anos, substituiu-se o anel de piridina por um anel de benzeno, criando meios de contraste que serviram como base para os atuais.

CARACTERÍSTICASOs meios de contraste iodados são substâncias radiodensas capazes de melhorar a especificidade das

imagens obtidas em exames radiológicos, pois permitem a diferenciação de estruturas e patologias vascularizadas das demais, contrastando-as ou causando defeito de enchimento.

A estrutura básica dos meios de contraste iodados atuais é formada por um anel benzênico ao qual foram agregados átomos de iodo e grupamentos complementares, onde estão ácidos e substitutos orgânicos, que influenciam diretamente na sua toxicidade e excreção.

PROPRIEDADESHidrofílicos, pouco lipossolúveis, não possuem ação farmacológica importante, não tem muita afinidade

com proteínas e receptores celulares, podem ser administrados por várias vias.

CONCENTRAÇÃO DO MEIO DE CONTRASTEIndica a quantidade de iodo no produto. Solução de meio de contraste a 60% contém 60g de sal tri-iodado

em 100ml de solução.

DENSIDADENº de átomos de iodo por mililitro de solução. Meio de contraste mais denso tem mais iodo e contrasta

mais.O iodo é a parte contrastante do meio de contraste. Contraste com 282mg/ml tem em cada ml de solução

282mg de iodo.

VISCOSIDADERelativa à fluidez do líquido. Maior concentração de iodo (densidade) leva a maior viscosidade. Quanto mais viscoso, maior é a força

necessária para injetar a substância através da agulha (menos viscoso pode usar agulha mais fina) e menor a velocidade de diluição pelo sangue (nos maiores vasos é melhor ser mais viscoso, para demorar mais para diluir no sangue, e nos vasos menores, é melhor um menos viscoso para fluir melhor).

A viscosidade é menor quanto maior for a temperatura (por isso que se deve aquecer gradativamente os meios de contraste não iônicos à temperatura corporal antes de sua administração: 37°C).

Sais de meglumina são mais viscosos que o de sódio. Sais de sódio muito concentrados são agressivos, mas os de meglumina muito concentrados são muito viscosos (a solução foi misturar para criar meio de contraste com altas concentrações de iodo e viscosidade aceitáveis).

OSMOLALIDADEOsmolalidade: concentração molecular de todas as partículas sólidas por quilo de água.Osmolaridade: concentração de partículas dissolvidas por litro de solução.

Meios de contraste de alta osmolalidade: Iônicos (dissociam-se em íons, aumentando a osmolalidade do plasma).

Meios de contraste de baixa osmolalidade: Iônicos novos e Não iônicos (não dissociam-se em íons, logo não aumentam a osmolaridade do plasma, por isso são mais seguros em relação às reações alérgicas).

O número de partículas em solução (concentração) no líquido intracelular e no extracelular deve ser igual. Se houver desequilíbrio, como quando o meio de contraste é injetado e aumenta a concentração do líquido

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extracelular, há uma pressão osmótica que força a passagem de água intracelular para o extracelular, para restabelecer o equilíbrio. Pressão osmótica normal nos líquidos intra e extra-celular é 300mOsm/l.

CONCLUSÃOUma solução isotônica em relação ao plasma tem osmolalidade (concentração) igual a 300mOsm/l. Uma

solução hipotônica em relação ao plasma tem osmolalidade (concentração) menor que 300mOsm/l. Uma solução hipertônica em relação ao plasma tem osmolalidade (concentração) maior que 300mOsm/l.

MEIOS DE CONTRASTE IODADOS IÔNICOS DE ALTA OSMOLALIDADESão sais tri-iodados, resultantes da reação entre um ácido com anel benzênico e uma base que pode

conter sódio ou meglumina. São compostos muito solúveis em água que podem ser utilizados via IV. Estes sais têm caráter iônico, sendo constituídos uma parte eletricamente negativa (ânion – anel benzênico tri-iodado) e outra eletricamente positiva (cátion – sódio ou meglumina). Quando dissolvidos em água, separam-se os íons negativos e positivos.

Os sais com sódio foram os primeiros, opacificando muito bem o sistema urinário, mas são muito agressivos. Foi substituído o sódio pela meglumina para dar mais conforto ao paciente em exames mais dolorosos e seguros.

COMPOSIÇÃO DOS MEIOS DE CONTRASTE IÔNICOS DE ALTA OSMOLALIDADESal de sódio (alta concentração de iodo)Sal de meglumina (conforto)Ambos os sais (alta concentração de iodo com conforto)

MEIOS DE CONTRASTE IÔNICOS E NÃO IÔNICOS DE BAIXA OSMOLALIDADESão mais seguros e mais caros.Quando um agente aumenta a osmolalidade dos fluidos do corpo humano (300mOsm), aumenta a

possibilidade de reações adversas, pois leva a água a se deslocar através das membranas celulares de dentro para fora das células para restabelecer o equilíbrio.

Quanto maior a diferença de osmolalidade, maior será a pressão, portanto, quanto mais próxima a osmolalidade de um meio de contraste estiver do plasma, menor será a pressão osmótica resultante e mais seguro será o meio de contraste.

Os meios de contraste iônicos podem ser de alta ou baixa osmolalidade, e os não iônicos são todos de baixa osmolalidade.

MEIOS DE CONTRASTE NÃO IÔNICOSEm 1970 foi introduzida no meio de contraste iodado uma molécula não iônica, a metrizamida. Também

foram desenvolvidos meios de contraste com dois anéis de benzeno.Os meios de contraste não iônicos não se dissociam em íons quando dissolvidos em água.

RESUMOMeios de contraste de alta osmolalidade tem maior número de partículas em solução e os de baixa

osmolalidade tem menor.

CONSIDERAÇÕESÉ importante lembrar que qualquer contraste é uma substância química, podendo causar complicações.

95% ou mais do meio de contraste iodado injetado é eliminado pela urina, devendo haver uma excelente função renal.

O contraste também é nefrotóxico (nefropatia auto-limitada em até 2 semanas e permanente em 0,15%). Diabetes, mieloma múltiplo, desidratação e creatinina >1,5mg/dl são fatores de risco.

Não é administrado se a creatinina for maior que 1,5, salvo casos especiais (diálise) e urgências.Em casos de insufciência renal, sem falência declarada, utilizar Mucomyst 600mg VO 24h antes do exame

até 72h depois e grande hidratação, para proteção renal.O contraste endovenoso pode ser administrado em bolo (grandes doses em tempo curto) ou infusão por

gotejamento.Podem ser administrados por via oral, retal, endovenosa e intratecal, salvo alergias.

CUIDADOSIdentificar os fatores de risco e benefício potencial de seu uso;Avaliar as alternativas de métodos de imagem que possam oferecer o mesmo diagnóstico ou ainda sejam

superiores;Certificar-se da indicação precisa do meio de contraste;Estabelecer procedimentos de informação do paciente;

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Ter previamente determinada a política no caso de complicações.

VIAS DE ADMINISTRAÇÃOUro-angiográficos, transhepática percutânea, cirúrgica, endoscópica retrógrada: acetrizoato, diatrizoato,

iotalamato, metrizoato, ioxitalamato, ametriodinato.Via IV: ioglicamato de meglumina e Iodipamida de meglumina.Via oral: ácidos iocetâmico, ipodóico, tiropanóico e iopanóico.

CONTRASTE BARITADO

INTRODUÇÃOUtilizado para tornar o TGI visível radiologicamente. É o metal mais utilizado como meio de contraste no

TGI. É inerte, de baixo custo e de elevada radiopacidade. Excelente para evidenciar grandes massas, estenoses, fístulas, etc. Lesões mucosas pequenas é melhor duplo contraste.

É um sal de bário: sulfato de bário ou simplesmente bário (BaSO4). É um pó semelhante ao gesso, misturado em água. É insolúvel em água (não forma uma solução), suas moléculas ficam em suspensão na água (as moléculas de bário precipitam-se em repouso – agitar antes de administrar). Todos os outros sais de bário são tóxicos, menos ele, graças a essa insolubilidade.

Por ser insolúvel em água, o corpo não consegue absorver para eliminá-lo, logo pode ser administrado penas por via oral ou retal.

Sabores: chocolate, lima, baunilha, limão e morango.

TIPOSBário ralo – uma parte de BaSO4 para uma de água.Bário denso – três a quatro partes de BaSO4 para uma de água (esôfago).

CONTRA-INDICAÇÕESNão deve se usado se houver chance de escapar para a cavidade peritoneal ou mediastinal, pois causa

peritonite e mediastinite, respectivamente (víscera perfurada ou cirurgia pós-exame), obstrução intestinal.Utilizar contraste iodado solúvel em água que é reabsorvido pelo organismo, salvo alergia a iodo.Se aspirado é inerte e não prejudica o parênquima pulmonar.Alergia ao contraste baritado – rara.Alimentação ou demora no exame – floculação do meios de contraste.

ELIMINAÇÃO INTESTINAL DO BÁRIO - DEFECAÇÃOO contraste pode endurecer no intestino grosso pela absorção de água (floculação). Utilizar laxantes, maior ingestão de líquidos ou óleo mineral.

GASTROGRAFINAAmidotrizoato de meglumina + Amidotrizoato de sódio. Via oral ou retal. Contraste hidrossolúvel utilizado

quando não se pode usar bário (não causa mediastinite nem peritonite). Causa pneumonite se aspirado. Contrasta menos que o bário; fica diluída por ser hipertônica. Usada também caso o paciente vá fazer TC após o exame contrastado, pois o bário é muito denso e causa artefatos neste exame.