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INICIANDO A CONVERSA
Vivemos numa sociedade em que a maioria da
populao alfabetizada. Passou pelo menos 8 anos
na escola. Apesar disso, a insegurana em produzir
um texto comum. Isso porque, por mais incrvel que
parea, as habilidades de escrita e leitura no foram vivenciadas como deveriam. Ler
e escrever, como muita gente pensa, no decifrar ou codificar um texto. As palavras
expem sentidos alm das letras impressas no papel. Ler ouvir e compreender a voz
de quem fala no texto, ir alm das palavras grafadas escutar o dito e perceber o
no-dito. Por sua vez, escrever comunicar-se, manifestar-se, perpetuar a fala. O
que se escreve fica eternizado na histria. Entender isso necessrio para que se
reflita melhor antes de se ler e escrever qualquer que seja o tipo de texto. Nossa
proposta aqui especfica abordar questes pertinentes a redao exigida pelo
Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM, porm, h de se saber que a produo de
texto, a redao, envolve significados bem mais profundos do que apenas tcnicas de
escrita.
Cnscios disso, vamos direto ao ponto:
O QUE UMA REDAO?
1. Ato ou efeito de redigir. 2. Modo deredigir. 3. Casa onde se redige um peridico. 4.
Conjunto de redatores. (Fonte: Dicionrio Aurlio).
Logo, apreendemos que Redao uma
produo textual. a escrita de um texto mais
comumente em prosa. Assim, podemos nos comunicar utilizando a escrita por meio
dos Gneros Textuais.
E O QUE SO GNEROS TEXTUAIS?
So os textos materializados que encontramos em nossa vida diria e que apresentam
caractersticas sociocomunicativas definidas por contedos, propriedades funcionais,
estilo e composio caracterstica. Por exemplo: a carta pessoal, o requerimento, o
poema, a parlenda, a Hq histria em quadrinhos, o bilhete, a propaganda, a receita,
a piada, o chat, o frum eletrnico, o Wat Sap e muitos outros. Os gneros textuais
podem ser classificados conforme a sua natureza lingustica, isto , de acordo com
caractersticas comuns de composio (aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais,relaes lgicas). Isso indicar sua tipologia textual.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
H basicamente, conforme Werlich (1973), cinco tipos de
textos, os quais so:
1.Descritivo: Descreve fatos, lugares, coisas, etc. So
cheios de adjetivos e substantivos.2.Narrativo: Narram, relatam, contam fatos,
acontecimentos. H predomnio dos verbos do pretrito.
3.Expositivo: Expem fatos, informaes, notcias.
4. Argumentativo: Apresenta uma tese e a defende por meio de argumentos,
concluindo o seu ponto de vista de modo consistente.
5. Injuntivo: D ordens, conselhos, faz pedidos, objetiva provocar uma ao no
interlocutor.
Aqui nos aprofundaremos no tipo Argumentativo, de gnero Dissertativo-Argumentativo, por ser o exigido pelo ENEM.
DISSERTAO-ARGUMENTATIVA
Embora o termo dissertao-argumentativa seja redundante, exposto desta forma
para que o dissertador no caia no erro de apenas citar fatos, esquecendo-se de emitir
um ponto de vista e argumentar coerentemente sobre eles.
Assim sendo, segundo Plato e Fiorin (2001; p. 298 e 299), o texto dissertativo
o tipo de texto que analisa e interpreta dados da realidade
por meio de conceitos abstratos. (...) Na dissertao
predominam os conceitos, isto a referncia ao mundo real por
meio de conceitos amplos, de modelos genricos, muitas vezes
abstrados do tempo e do espao. O discurso dissertativo mais
tpico o discurso da cincia e da filosofia; nele as referncias
ao mundo concreto s ocorrem como recursos de
argumentao, para ilustrar leis ou teorias.
Detendo-nos do conceito de dissertao, o qu, ento, o ENEM exige de seus
candidatos? Essa resposta encontramos no Guia do Participante Redao do ENEM
2013.
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Como voc pode perceber, a redao exigida pauta-se em critrios bem
definidos e que sero cobrados no momento da avaliao para a obteno de uma
nota que pode variar de 0 a 1000 pontos, conforme as competncias demonstradas
pelo candidato em seu texto. Essas competncias so os requisitos especficos a
serem observados pelos avaliadores do ENEM. As quais a Guia do Participante da
Redao nos apresenta, sendo estas:
Mas a que propriamente diz respeito cada uma dessas competncias?
Falaremos disso logo a frente, no momento veremos o que leva uma redao a obter a
nota zero.
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A redao receber nota 0 (zero) se apresentar uma das caractersticas a
seguir:
fuga total ao tema;
no obedincia estrutura dissertativo-argumentativa;
texto com at 7 (sete) linhas; improprios, desenhos e outras formas propositais de anulao ou parte
do texto deliberadamente desconectado do tema proposto;
desrespeito aos direitos humanos; e
folha de redao em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de
rascunho.
Agora, j sabendo o que no devemos fazer, passamos as competncias
lingusticas que precisamos dominar.
COMPETNCIA 1 DEMONSTRAR DOMNIO DA MODALIDADE ESCRITA
FORMAL DA LNGUA PORTUGUESA.
A primeira competncia a ser avaliada em seu texto o domnio da modalidade escrita
formal da lngua.
Voc j aprendeu que as pessoas no escrevem e falam do mesmo modo,
uma vez que so processos diferentes, cada qual com caractersticas prprias. Na
escrita formal, por exemplo, deve-se evitar, ao relacionar ideias, o emprego repetido
de palavras, como e, a, da, ento, prprias de um uso mais informal. Por isso,
para atender a essa exigncia, voc precisa ter conscincia da distino entre a
modalidade escrita e a oral, bem como entre registro formal e informal. Outra diferena
entre as duas modalidades diz respeito constituio das frases. No registro informal,
elas so muitas vezes fragmentadas, j que os interlocutores podem complementar as
informaes com o contexto em que a interao ocorre, mas, no registro escrito
formal, em que esse contexto no est presente, as informaes precisam estar
completas nas frases. A entoao, recurso expressivo importante da oralidade, e as
pausas, que conferem coerncia ao texto, so muitas vezes marcadas, na escrita, por
meio dos sinais de pontuao. Por isso, as regras de pontuao assumem tambm
essa funo de organizao do texto. Na redao do seu texto, voc deve procurar ser
claro, objetivo e direto, empregar um vocabulrio mais variado e preciso, diferente do
que utiliza quando fala, e seguir as regras estabelecidas pela modalidade escrita
formal da Lngua Portuguesa. Alm disso, o texto dissertativo-argumentativo escrito
exige que alguns requisitos bsicos sejam atendidos.
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COMPETNCIA 2 COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAO E APLICAR
CONCEITOS DAS VRIAS REAS DE CONHECIMENTO PARA DESENVOLVER O
TEMA, DENTRO DOS LIMITES ESTRUTURAIS DO TEXTO DISSERTATIVO
ARGUMENTATIVO EM PROSA.
O segundo aspecto a ser avaliado no seu texto a compreenso da proposta deredao esta exige que o participante escreva um texto dissertativo argumentativo,
que o tipo de texto que demonstra a verdade de uma ideia ou tese. mais do que
uma simples exposio de ideias. Nessa redao, o participante deve evitar elaborar
um texto de carter apenas expositivo. preciso apresentar um texto que expe um
aspecto relacionado ao tema, defendendo uma posio, uma tese. dessa forma que
se atende s exigncias expressas pela Competncia 2 da Matriz de Avaliao do
Enem.
O tema constitui o ncleo das ideias sobre as quais a tese se organiza. Emmbito mais abrangente, o assunto recebe uma delimitao por meio do tema, ou seja,
um assunto pode ser abordado por diferentes temas. Seguem algumas
recomendaes para essa elaborao:
a) Leia com ateno a proposta da redao e os textos motivadores, para
compreender bem o que est sendo solicitado.
b) Evite ficar preso s ideias desenvolvidas nos textos motivadores, porque foram
apresentados apenas para despertar uma reflexo sobre o tema e no para limitar sua
criatividade.
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c) No copie trechos dos textos motivadores. Lembre-se de que eles foram
apresentados apenas para despertar seus conhecimentos sobre o tema.
d) Reflita sobre o tema proposto para decidir como abord-lo, qual ser seu ponto de
vista e como defend-lo.
e) Rena todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema, procurando organiz-las emuma estrutura coerente para us-las no desenvolvimento do seu texto.
f) Desenvolva o tema de forma consistente para que o leitor possa acompanhar o seu
raciocnio facilmente, o que significa que a progresso textual fluente e articulada
com o projeto do texto.
g) Lembre-se de que cada pargrafo deve desenvolver um tpico frasal.
h) Examine, com ateno, a introduo e a concluso para ver se h coerncia entre o
incio e o fim.
i) Utilize informaes de vrias reas do conhecimento, demonstrando que voc estatualizado em relao ao que acontece no mundo.
j) Evite recorrer a reflexes previsveis, que demonstram pouca originalidade no
desenvolvimento do tema proposto.
l) Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para no se
afastar do seu foco. Esse um dos principais problemas identificados nas redaes.
Nesse caso, duas situaes podem ocorrer: fuga total ao tema ou fuga parcial ao
tema.
Como estamos falando de temtica textual, aprofundemo-nos antes do
desenvolvimento dela na dissertao, antes de seguirmos para a competncia 3.
RETORNANDO A QUESTO: O QUE UM TEXTO
DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO?
O texto dissertativo-argumentativo organizado na defesa de um
ponto de vista sobre determinado assunto. fundamentado com
argumentos, para influenciar a opinio do leitor ou ouvinte,
tentando convenc-lo de que a ideia defendida est correta. preciso, portanto, expor
e explicar ideias. Da a sua dupla natureza: argumentativo porque defende uma tese,
uma opinio, e dissertativo porque se utiliza de explicaes para justific-la.
Seu objetivo , em ltima anlise, convencer ou tentar convencer o leitor, pela
apresentao de razes e pela evidncia de provas, luz de um raciocnio coerente e
consistente. A sua redao atender s exigncias de elaborao de um texto
dissertativo argumentativo se combinar dois princpios de estruturao:
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I Apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e uma
concluso que d um fecho discusso elaborada no texto, compondo o processo
argumentativo.
TESE a ideia que voc vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao
tema e apoiada em argumentos ao longo da redao.ARGUMENTOS a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese
defendida. Cada argumento deve responder pergunta Por qu? em relao tese
defendida.
II Utilizar estratgias argumentativas para expor o problema discutido no texto e
detalhar os argumentos utilizados.
ESTRATGIAS ARGUMENTATIVAS So recursos utilizados para desenvolver os
argumentos, de modo a convencer o leitor, como: exemplos;
dados estatsticos;
pesquisas;
fatos comprovveis;
citaes ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;
aluses histricas; e
comparaes entre fatos, situaes, pocas ou lugares distintos.
COMPETNCIA 3 SELECIONAR, RELACIONAR, ORGANIZAR E INTERPRETAR
INFORMAES, FATOS, OPINIES E ARGUMENTOS EM DEFESA DE UM
PONTO DE VISTA.
O terceiro aspecto a ser avaliado no seu texto a forma como voc seleciona,
relaciona, organiza e interpreta informaes, fatos, opinies e argumentos em defesa
do ponto de vista defendido como tese. preciso que elabore um texto que apresente,
claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posioassumida por voc em relao temtica exigida pela proposta de redao.
Esta Competncia trata da inteligibilidade do texto, ou seja, da sua coerncia,
da plausibilidade entre as ideias apresentadas. A inteligibilidade da sua redao
depende, portanto, dos seguintes fatores:
relao de sentido entre as partes do texto;
preciso vocabular;
progresso temtica adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que aredao foi planejada e que as ideias desenvolvidas so pouco a pouco
apresentadas, em uma ordem lgica; e
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adequao entre o contedo do texto e o mundo real.
O QUE COERNCIA?
A coerncia se estabelece a partir das ideias apresentadas no texto e dos
conhecimentos dos interlocutores, garantindo a construo do sentido de acordo comas expectativas do leitor. Est, pois, ligada compreenso, possibilidade de
interpretao dos sentidos do texto. O leitor poder processar esse texto e refletir a
respeito das ideias nele contidas; pode, em resposta, reagir de maneiras diversas:
aceitar, recusar, questionar, at mesmo mudar seu comportamento em face das ideias
do autor, compartilhando ou no da sua opinio.
Resumindo: na organizao do texto dissertativo-argumentativo, voc deve procurar
atender s seguintes exigncias: apresentao clara da tese e seleo dos argumentos que a sustentam;
encadeamento das ideias, de modo que cada pargrafo apresente informaes
novas, coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repeties ou
saltos temticos;
congruncia entre as informaes do texto e a realidade; e
preciso vocabular.
COMPETNCIA 4 DEMONSTRAR CONHECIMENTO DOS MECANISMOS
LINGUSTICOS NECESSRIOS PARA A CONSTRUO DA ARGUMENTAO.
Os aspectos a serem avaliados nesta Competncia dizem respeito estruturao
lgica e formal entre as partes da redao. A organizao textual exige que as frases
e os pargrafos estabeleam entre si uma relao que garanta a sequenciao
coerente do texto e a interdependncia entre as ideias. Esse encadeamento pode ser
expresso por conjunes, por determinadas palavras, ou pode ser inferido a partir da
articulao dessas ideias. Preposies, conjunes, advrbios e locues adverbiais
so responsveis pela coeso do texto, porque estabelecem uma inter-relao entre
oraes, frases e pargrafos. Cada pargrafo ser composto de um ou mais perodos
tambm articulados; cada ideia nova precisa estabelecer relao com as anteriores.
Assim, na produo da sua redao, voc deve utilizar variados recursos
lingusticos que garantam as relaes de continuidade essenciais elaborao de um
texto coeso. Na avaliao desta Competncia, ser considerado o seguinte aspecto:
Encadeamento textualPara garantir a coeso textual, devem ser observados determinados princpios em
diferentes nveis:
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Estruturao dos pargrafos um pargrafo uma unidade textual formada por
uma ideia principal qual se ligam ideias secundrias. No texto dissertativo-
argumentativo, os pargrafos podem ser desenvolvidos por comparao, por causa-
consequncia, por exemplificao, por detalhamento, entre outras possibilidades.
Deve haver uma articulao entre um pargrafo e outro.Estruturao dos perodos pela prpria especificidade do texto dissertativo-
argumentativo, os perodos do texto so, normalmente, estruturados de modo
complexo, formados por duas ou mais oraes, para que se possa expressar as ideias
de causa-consequncia, contradio, temporalidade, comparao, concluso, entre
outras.
Referenciao as referncias a pessoas, coisas, lugares e fatos so introduzidas e,
depois, retomadas, medida que o texto vai progredindo. Esse processo pode ser
expresso por pronomes, advrbios, artigos ou vocbulos de base lexical,estabelecendo relaes de sinonmia, antonmia, hiponmia, hiperonmia, uso de
expresses resumitivas, expresses metafricas ou expresses meta discursivas.
RECOMENDAES
Procure utilizar as seguintes estratgias de coeso para se
referir a elementos que j apareceram no texto:
a) substituio de termos ou expresses por pronomes
pessoais, possessivos e demonstrativos, advrbios que indicam localizao, artigos;
b) substituio de termos ou expresses por sinnimos, antnimos, hipnimos,
hipernimos, expresses resumitivas ou expresses metafricas;
c) substituio de substantivos, verbos, perodos ou fragmentos do texto por
conectivos ou expresses que resumam e retomem o que j foi dito; e
d) elipse ou omisso de elementos que j tenham sido citados ou sejam facilmente
identificveis.
Resumindo: na elaborao da redao, voc deve evitar:
frases fragmentadas que comprometam a estrutura lgico-gramatical;
sequncia justaposta de ideias sem encaixamentos sintticos, reproduzindo
usos tpicos da oralidade;
frase com apenas orao subordinada, sem orao principal;
emprego equivocado do conector (preposio, conjuno, pronome relativo,
alguns advrbios e locues adverbiais) que no estabelea relao lgica
entre dois trechos do texto e prejudique a compreenso da mensagem; emprego do pronome relativo sem a preposio, quando obrigatria; e
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repetio ou substituio inadequada de palavras sem se valer dos recursos
oferecidos pela lngua (pronome, advrbio, artigo, sinnimo).
COMPETNCIA 5 ELABORAR PROPOSTA DE INTERVENO PARA O
PROBLEMA ABORDADO, RESPEITANDO OS DIREITOS HUMANOS.O quinto aspecto a ser avaliado no seu texto a apresentao de uma proposta de
interveno para o problema abordado. Por isso, a sua redao, alm de apresentar
uma tese sobre o tema, apoiada em argumentos consistentes, deve oferecer uma
proposta de interveno na vida social. Essa proposta deve considerar os pontos
abordados na argumentao, deve manter vnculo direto com a tese desenvolvida no
texto e coerncia com os argumentos utilizados, j que expressa a sua viso, como
autor, das possveis solues para a questo discutida.
A proposta de interveno precisa ser detalhada de modo a permitir ao leitor ojulgamento sobre sua exequibilidade, portanto, deve conter a exposio da
interveno sugerida e o detalhamento dos meios para realiz-la. A proposta deve,
ainda, refletir os conhecimentos de mundo de quem a redige, e a coerncia da
argumentao ser um dos aspectos decisivos no processo de avaliao.
necessrio que ela respeite os direitos humanos, que no rompa com valores como
cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural. Ao redigir seu texto, procure
evitar propostas vagas, gerais; busque propostas mais concretas, especficas,
consistentes com o desenvolvimento de suas ideias.
Antes de elaborar sua proposta, procure responder s seguintes perguntas: O
que possvel apresentar como proposta de interveno na vida social? Como
viabilizar essa proposta? O seu texto ser avaliado, portanto, com base na
combinao dos seguintes critrios:
a) presena de propostax ausncia de proposta; e
b) proposta com detalhamento dos meios para sua realizao x proposta sem o
detalhamento dos meios para sua realizao.
Diante do que vimos at aqui como garantir uma nota mxima? Examinemos
algumas redaes que foram baseadas na proposta de redao do ano de 2012.
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ANLISE DE REDAES - 1
Redao de GABRIELA ARAUJO ATTIE
Uberlndia/MG
A imigrao no BrasilDurante, principalmente, a dcada de 1980, o Brasil mostrou-
se um pas de migrao. Na chamada dcada perdida, inmeros
brasileiros deixaram o pas em busca de melhores condies de vida.
No sculo XXI, um fenmeno inverso evidente: a chegada ao Brasil
de grandes contingentes imigratrios, com indivduos de pases
subdesenvolvidos latinoamericanos. No entanto, as condies precrias
de vida dessas pessoas so desafios ao governo e sociedade brasileirapara a plena adaptao de todos os cidados nova realidade.
A ascenso do Brasil ao posto de uma das dez maiores
economias do mundo um importante fator atrativo aos
estrangeiros. Embora o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)
nacional , segundo previses, seja menor em 2012 em relao a anos
anteriores, o pas mostra um verdadeiro aquecimento nos setores
econmicos, representado, por exemplo, pelo aumento do poder deconsumo da classe C.
Esse aspecto contribui para a construo de uma imagem
positiva e promissora do Brasil no exterior, o que favorece a
imigrao. A vida dos imigrantes no pas, entretanto, exibe uma
diferente e crtica faceta: a explorao da mo-de-obra e a misria.
Portanto, para impedir a continuidade dessa situao,
imprescindvel a interveno governamental , por meio dafiscalizao de empresas que apresentem imigrantes como
funcionrios, bem como a realizao de denncias de explorao
por brasileiros ou por imigrantes. Ademais, necessrio fomentar o
respeito e a assistncia a eles, ideais que devem ser divulgados por
campanhas e por propagandas do governo ou de ONGs, alm de
garantir seu acesso saude e educao, por meio de polticas
pblicas especficas a esse grupo.
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Comentrios
O texto demonstra excelente domnio da modalidade escrita formale no apresenta
problemas lingusticos, a no ser a falta de acento em sade, sem reincidncia em
inadequaes de grafia. Demonstra tambm que a proposta de redao foi
compreendida e que o tema foi desenvolvido dentro dos limites estruturais dotexto dissertativo-argumentativo. O texto objetivo e impessoal. A redao
organiza-se em quatro pargrafos bem construdos. A tese desenvolvida a de que o
Brasil atrai muitos imigrantes devido a sua excelente situao econmica. O texto diz
que o governo deve interferir para evitar a explorao da mo de obra e assegurar os
direitos dos imigrantes sade e educao.
Na introduo, o texto alude ao fato de muitos brasileiros terem emigrado na
dcada de 1980 e afirma que agora houve uma inverso de fluxo. As ideias so
desenvolvidas esclarecendo que o Brasil est entre as dez maiores economias domundo, houve um aquecimento econmico e a classe C tem tido acesso a maior nvel
de consumo. Essa imagem positiva atrai imigrantes, mas favorece a explorao da
mo de obra.
O texto apresenta como concluso uma proposta ampla e abrangente de
interveno para o problema abordado, respeitando os direitos humanos:
interveno governamental e fiscalizao sobre empresas que empregam imigrantes.
Prope tambm campanhas para fomentar o respeito aos que vm de fora e sugere a
assistncia aos novos cidados, por meio de polticas pblicas que assegurem acesso
sade e educao. As propostas so coerentes com as ideias desenvolvidas no
texto.
A redao apresenta encadeamento de ideias e demonstra competncia em
selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos e argumentos
em defesa de um ponto de vista: o tema desenvolvido de forma coerente, os
argumentos selecionados so consistentes e a concluso relacionada ao ponto de
vista adotado. O emprego de elementos coesivos torna o texto bem articulado e
garante a sua continuidade, revelando conhecimento dos mecanismos lingusticos
necessrios construo da argumentao. O texto recorre a vrios recursos
coesivos, por exemplo: no primeiro pargrafo, a expresso Na chamada dcada
perdida retoma a dcada de 1980; o termo Esse aspecto retoma a informao
antecedente sobre a situao econmica do Brasil. So empregados ainda diversos
conectores que contribuem para a sequenciao das ideias: no entanto, Embora,
entretanto, Portanto, bem como, Ademais, alm de.
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ANLISE DE REDAO - 2
Redao de LARISSA REGHELIN COMAZZETTO
Santa Maria/RS
Imigrao no Brasil : Resolver para poder crescer
Japoneses, italianos, portugueses, aorianos ou espanhis.
Durante o sculo XIX, muitos foram os povos que, em busca de
trabalho e bem-estar social, desembarcaram no Brasil e
enriqueceram nossa cultura. Atualmente, em pleno sculo XXI, a
imigrao para o Brasil mantm-se crescente, desafiando no
somente nossa sociedade como tambm nossa economia.Assim como os antigos imigrantes, os indivduos que hoje se
instalam em territrio brasileiro anseiam por melhores e mais dignas
condies de vida. Muitos deles, devido Crise Econmica originada
em 2008, viram-se obrigados a se dirigir para outras naes, como
o Brasil . Os espanhis, por exemplo, por terem sido intensamente
atingidos pela recesso, j somam uma quantidade expressiva na
periferia de So Paulo. Diante disso, a frao da sociedade que resideem tal localidade vem enfrentando muitas dificuldades em dividir
seu espao, que, inicialmente, no era adequado sobrevivncia,
quem dir aps a chegada dos europeus. Segundo pesquisas realizadas
pelo jornal A Folha de So Paulo, no primeiro semestre de 2012,
brasileiros e espanhois dos arredores de So Paulo vivem em
constantes conflitos e a causa traduz-se, justamente, na
irregularidade habitacional que ambos compartilham.Como se no bastasse, a economia brasileira tambm tem
sofrido com a chegada dos migrantes. Existem, entre eles, tanto
trabalhadores desqualificados como profissionais graduados. O
problema reside na pouca oferta de emprego a eles destinada.
Visto que no recebem oportunidades, passam a integrar setores
informais da economia, sem direitos trabalhistas e com ausncia de
pagamento dos devidos impostos. O Estado, dessa forma, deixa de
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arrecadar capital e de aproveitar a mo-de-obra disponvel , o que
auxiliaria no andamento da economia nacional .
Assim, com a finalidade de preparar a sociedade e a economia
brasileiras para a chegada dos novos imigrantes, medidas devem ser
tomadas. O Estado deve oferecer incentivos s empresas que
empregarem os recm-chegados; essas, por sua vez, devem
preparlos para o mercado brasileiro, oferecendo treinamentos
adequados e cursos de Lngua Portuguesa e, ainda, garantir seus
direitos trabalhistas. imprescindvel que o governo procure
habitaes para os imigrantes e que ns, brasileiros, respeitemos os
povos que, seja no passado ou no presente, somente tm a nos
acrescentar.
Comentrios
O texto demonstra excelente domnio da modalidade escrita formale no apresenta
problemas lingusticos, a no ser a falta de acento em espanhis, sem reincidncia
em inadequaes de grafia. Demonstra tambm que a proposta de redao foi
compreendida e que o tema foi desenvolvido dentro dos limites estruturais do
texto dissertativo-argumentativo. O texto objetivo e impessoal. A redao
organiza-se em quatro pargrafos bem construdos.
A tese desenvolvida a de que o Brasil enfrenta um grande desafio social e
econmico ao receber tantos imigrantes na atualidade, e o governo deve interferir para
integrar esses novos cidados assegurando emprego, qualificao e cursos de Lngua
Portuguesa, bem como garantindo direitos trabalhistas e habitao. Na introduo, o
texto cita a imigrao no sculo XIX. As ideias so desenvolvidas esclarecendo que o
Brasil est recebendo muitos espanhis devido crise econmica que comeou em
2008. Aprofunda essa informao elucidando que a chegada dos espanhis em SoPaulo tem provocado conflitos na periferia. Amplia a argumentao, informando que
muitas vezes esses imigrantes so desqualificados e integram setores informais do
mercado, o que no contribui para o desenvolvimento da economia. Conclui com uma
proposta ampla e abrangente de interveno para o problema abordado,
respeitando os direitos humanos: o governo deve intervir com incentivos a
empresas que empregarem imigrantes, e essas empresas devem oferecer
treinamentos e cursos de Lngua Portuguesa e garantir os direitos trabalhistas. O
governo deve ainda lhes assegurar habitao. A proposta coerente com as ideiasdesenvolvidas no texto.
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A redao apresenta encadeamento de ideias e demonstra que a participante
soube selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos e
argumentos em defesa de seu ponto de vista: o tema desenvolvido de forma
coerente, os argumentos selecionados so consistentes e a concluso relacionada
ao ponto de vista adotado, pois sugere que o Brasil deve se preparar para receberbem os imigrantes, j que eles tm muito a nos acrescentar. Do ponto de vista da
estruturao textual, o texto recorre a vrios conectores, revelando utilizao dos
mecanismos lingusticos necessrios construo da argumentao. O texto
emprega recursos coesivos que contribuem para a boa articulao entre as ideias, por
exemplo: Assim como, Diante disso, Como se no bastasse, Muitos deles, entre
eles, dessa forma, essas. Emprega tambm conectores, tais como: no somente
... como tambm, Visto que, Assim.
ANLISE DE REDAO 3
Redao de CAROLINE LOPES DOS SANTOS
Santa Maria/RS
Olhares que buscam o Brasil
Ao despontar como potncia econmica do sculo XXI, o Brasiltem cada vez mais atrado os olhares do mundo, chamando a
ateno da mdia, de grandes empresas e de outros pases. Contudo,
outro olhar no menos importante que deveria comear a nos
sensibilizar mais: o olhar marginalizado e cheio de esperana daqueles
que no tm dinheiro, dos famintos e desempregados ao redor do
globo. So pessoas com esse perfil que majoritariamente contribuem
para o crescente volume de imigrantes no pas, e o que se v umaausncia de polticas pblicas eficientes para receber e integrar essas
pessoas sociedade.
No parece que a soluo seja simplesmente deixar que
imigrantes pouco qualificados continuem entrando no pas de forma
irregular e esperar que eles, sozinhos, encontrem um ofcio para se
sustentar. O governo ainda no percebeu que a regularizao desses
imigrantes e a insero dos mesmos no mercado de trabalho formalpoderiam servir como oportunidades para o pas arrecadar mais
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impostos e possveis futuros cidados, ou seja, novos contribuintes
para a deficitria Previdncia Social .
Visando aproveitar tais benefcios, o governo poderia comear
a implantar, nas regies por onde chegam os imigrantes, mais rgos
e agncias que oferecessem servios de regularizao do visto e da
carteira de trabalho, posto que ainda h muita deficincia de
controle nesse setor. Alm disso, nos destinos finais desses imigrantes
poderiam ser oferecidos cursos de portugus e cursos qualificantes
voltados para os mesmos. Isso facilitaria muito a insero dessas
pessoas no mercado de trabalho formal e poderia inclusive suprir a
alta demanda por mo-de-obra em setores como o da construo
civil , por exemplo.
Nesse sentido, preciso que atitudes mais energticas sejam
tomadas a fim de que o pas no deixe escapar essa oportunidade: a
de transformar o problema da imigrao crescente em uma soluo
para outros. A questo merece mais ateno do governo, portanto,
pois no deve ser a toa que o Brasil , alm de ser conhecido pela
hospitalidade, tambm o pelo modo criativo de resolver problemas.
Prestemos mais ateno aos olhares que nos cercam; deles podem vir
novas oportunidades.
Comentrios
O texto revela excelente domnio da modalidade escrita formal e do tipo
dissertativo-argumentativo e no apresenta problemas lingusticos, a no ser o uso
inadequado da palavra energticas, sem reincidncia em inadequaes lingusticas.
Trata-se de texto objetivo e impessoal. A redao organiza-se em quatro pargrafosbem construdos.
O texto desenvolve a tese de que o Brasil vive um excelente momento
econmico e o fluxo imigratrio decorrente desse fato tende a ser benfico
economicamente, desde que o pas saiba aproveitar a qualificao dos imigrantes em
seu mercado de trabalho, transformando o que poderia ser problema em uma soluo
para outras questes.
Na introduo, esclarece que o Brasil atualmente uma potncia econmica
que atrai as atenes do mundo e tambm imigrantes em busca de melhorescondies de vida, mas que as polticas pblicas nesse setor so insuficientes. Amplia
essa ideia diluindo uma proposta de interveno que respeita os direitos
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humanos no desenvolvimento do texto, ou seja, uma proposta de recepo a esses
imigrantes com vrios pontos: regularizao, integrao ao mercado de trabalho,
implantao de rgos de recepo, oferecimento de cursos de Lngua Portuguesa e
de qualificao profissional. Essa recepo aos imigrantes proporcionaria maior
arrecadao de impostos e poderia suprir reas em que h falta de mo de obra.Como concluso, retoma a ideia de que o governo deve tomar iniciativas para
transformar o possvel problema do excesso de imigrantes em soluo. Ressalta que
o Brasil, alm de ser reconhecido pela hospitalidade, tambm o pela criatividade
em resolver problemas.
A redao apresenta encadeamento de ideias e demonstra que a participante
soube selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos e
argumentos em defesa de seu ponto de vista: o tema desenvolvido de forma
coerente, os argumentos selecionados so consistentes e a concluso relacionadaao ponto de vista adotado. Como forma de estruturao das ideias, so utilizados
diversos recursos de conexo, assegurando a sequenciao e a textualidade da
redao: Contudo, Esse perfil, desses imigrantes, tais benefcios, posto que,
nesse setor, Alm disso, Isso, dessas pessoas, Nesse sentido, a fim de que,
Portanto. Assim, o texto demonstra recursos lingusticos necessrios
construo da argumentao.
Vistos alguns exemplos prticos de como proceder na hora de escrever,
aprofundemo-nos mais um pouco nas recomendaes de alguns tericos renomados,
como Plato e Fiorin.
1. NORMA LINGUSTICA E ARGUMENTAO
Falar ou escrever com correo um dos procedimentos argumentativos, isto , o uso
de certo padro de linguagem concorre para aumentar ou diminuir o poder de
persuaso daquele que fala. Essa proposio pe e, destaque duas consideraes
importantes:
a) usar a linguagem adequada a cada situao uma das qualidades do bom usurio
do idioma;
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b) no se pode afirmar que exista um padro de linguagem superior em termos
absolutos: a situao concreta de comunicao que determina a forma de linguagem
mais ou menos eficiente.
O bom usurio da lngua aquele que domina diferentes variantes do seu
idioma e sabe us-las apropriadamente. Na dissertao, j se sabe a lngua padro,norma culta, deve ser a utilizada.
Tratemos agora da Coeso Textual, a fim de esclarecermos a sua importncia na
progresso do texto e dos sentidos que os conectivos produzem no texto.
2. COESO TEXTUAL
A conexo interna entre os vrios enunciados presentes no texto d-se o nome de
coeso. Diz-se que um texto coeso quando seus vrios enunciados esto
organicamente articulados entre si, quando h concatenao entre eles.So vrias as palavras que, num texto, assumem a funo de conectivo ou
elemento de coeso:
as preposies: a, de , para, com, por, etc;
as conjunes: que, para que, quando, embora, mas, e , ou, etc;
os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que , o qual, etc;
os advrbios: aqui, a, l, assim, etc.
O uso adequado desses elementos de coeso confere unidades ao texto e
contribui consideravelmente para a expresso clara das ideias. O uso inadequado
sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensveis.
A escrita no exige que os perodos sejam longos e complexos, mas que sejam
completos e que as partes estejam absolutamente conectadas entre si.
Dessa forma, vamos refletir sobre o papel dos elementos de coeso.
2.2 O PAPEL DOS ELEMENTOS DE COESO
Consideramos como elementos de coeso todas as palavras ou expresses que
servem para estabelecer elos, para criar relaes entre segmentos do discurso tais
como: ento, portanto, j que, com efeito, porque, ora, mas, assim, da, a, dessa
forma, isto , embora e tantas outras.
Vejamos abaixo as relaes que alguns elementos de coeso estabelecem:
a) assim, desse modo: tm um valor exemplificativo e complementar. A
sequncia introduzida por eles serve normalmente para explicitar, confirmar ou
ilustrar o que se disse antes.
Ex.:
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O governador resolveu no comprometer-se com nenhuma das faces em
disputa pela liderana do partido. Assim, ele ficar vontade para negociar
com qualquer uma que venha vencer.
b) e: anuncia o desenvolvimento do discurso e no a repetio do que oi dito
antes; indica uma progresso semntica que adiciona, acrescenta algum dadonovo. Se no acrescentar nada, constitui pura repetio e deve ser evitada. Ao
dizer:
Ex.:
Este trator serve para arar a terra e para fazer colheitas.
O e introduz um segmento que acrescenta uma informao nova. Por isso seu
uso apropriado. Mas, ao dizer:
Tudo permanece imvel e fica sem se alterar.
O segmento introduzido pelo e no adiciona nenhuma informao nova. Trata-
se, portanto, de um uso inadequado.
c) ainda: serve, entre outras coisas, para introduzir mais uma argumentao a
favor de determinada concluso, ou para incluir um elemento a mais dentro de
um conjunto qualquer.
Ex.:
O nvel de vida dos brasileiros baixo porque os salrios so pequenos.
Convm lembrar ainda que os servios pblicos so extremamente deficientes.
d) alis, alm do mais, alm de tudo, alm disso: introduzem um argumento
decisivo, apresentado como acrscimo, como se fosse desnecessrio,
justamente para dar o golpe final no argumento contrtio.
Ex.:
Os salrios esto cada vez mais baixos porque o processo inflacionrio diminui
consideravelmente seu poder de compra. Alm de tudo so considerados
como renda e taxados com impostos.
e) isto , quer dizer, ou seja, em outras palavras:introduzem esclarecimentos,
retificaes ou desenvolvimentos do que foi dito anteriormente.
Ex.:
Muitos jornais fazem alarde de sua neutralidade em relao aos fatos, isto ,
de seu no comprometimento com nenhuma das foras em ao no interior da
sociedade.
f) mas, porm, contudo, e outros conectivos adversativos: marcam oposio
entre dois enunciados ou dois argumento do texto. No se podem ligar, com
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esse relatores, segmentos que no se opem. s vezes, a oposio se faz
entre significados implcitos no texto.
Ex. :
Choveu na semana passada, mas no o suficiente para se comear o plantio.
g) Embora, ainda que, mesmo que: so relatores que estabelecem ao mesmotempo uma relao de contradio e de concesso. Servem para diminuir um
dado contrrio para depois negar seu valor de argumento. Trata-se de um
expediente de argumentao muito vigoroso: sem negar as possveis objees,
afirma-se um ponto de vista contrrio.
Ex.:
Ainda que a cincia e a tcnica tenham presenteado o homem com abrigos
confortveis, ps velozes como raio, olhos de longo alcance e asas para voar,
no resolveram o problema das injustias.
Como se nota, mesmo concedendo ou admitindo as grandes vantagens da
tcnica e da cincia, afirma-se uma desvantagem maior.
O uso do embora e conectivos do mesmo sentido pressupe uma relao de
contradio, que, se no houver, deixa o enunciado descabido.
Ex.:
Embora o Brasil possua um solo frtil e imensas reas de terras plantveis,
vamos resolver o problema da fomo.
h) Certos elementos de coeso sevem para estabelecer gradao entre os
componentes de certa escala. Alguns, como mesmo, at, at mesmo, situam
alguma coisa no topo da escala; outros como ao menos, pelo menos, no
mnimo, situam-se no plano mais baixo.
Ex.:
O homem ambicioso. Quer ser dono de bens materiais, da cincia, do prprio
semelhante, at mesmo do futuro e da morte.
Ou
preciso garantir ao homem seu bem-estar: o lazer, a cultura, a liberdade, ou,
no mnimo, a moradia, o alimento e a sade.
Diante dessas consideraes, vale pena ressaltar que, s vezes, na
disposio dos elementos de coeso, cria-se o paradoxo semntico provocando
determinados efeitos de sentido. Pode-se conseguir, por exemplo, um efeito de humor
ou de ironia ou revelar preconceitos estabelecendo-se uma relao de contradio
entre dois segmentos que, usualmente, no so vistos como contraditrios.
Ex.:
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Ela mulher, mas capaz.
2.3 A RETOMADA OU A ANTECIPAO
DE TERMOS
Analisando a lead desse jornal: a polciacolocou ndios ao redor do prdio, ou havia
ndios no prdio?
Vamos entender melhor sobre como evitar
tais situaes de ambiguidade.
Observe o trecho que segue:
Jos e Renato, apesar de serem gmeos, so muitos diferentes. Por exemplo,
este calmo, aquele explosivo.
O termo este retoma o nome prprio Renato, enquanto aquele faz a mesma coisa
com a palavra Jos. Este e aquele so chamados anafricos.
Anafrico, genericamente, pode ser definido como uma palavra ou expresso
que serve para retomar um termo j expresso no texto, ou tambm que serve para
antecipar termos que viro depois. So anafricos, por exemplo, os pronomes
demonstrativos (este, esse, aquele),os pronomes relativos (que, o qual, onde, cujo),
advrbios e expresses adverbiais (ento, dessa feita, acima, atrs), etc.
Quando um elemento anafrico est empregado num dado contexto tal que
pode referir-se a dois termos antecedentes distintos, isso provoca ambiguidade e
constitui uma ruptura de coeso. Na escrita, preciso tomar cuidado para que o leitor
perceba claramente a que termo se refere o elemento anafrico.
Eis alguns exemplos de ambiguidade por causa do uso dos anafricos:
O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua proposta de
aumento de salrio.
No caso, suapode estar se referindo proposta do PT ou do PMDB. Para
desfazer a ambiguidade, apela-se para outras formas de construo da frase, como,
por exemplo:
A proposta de aumento de salrio formulada pelo PT provocou desacordo com
o PMDB.
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O uso do pronome relativo pode tambm provocar ambiguidade, como na frase
que se segue:
Via ao longe sol e a floresta, que tingia a paisagem som suasvariadas cores.
No caso, o pronome que pode estar se referindo a sol ou a floresta. H frases
das redaes escolares em que simplesmente no h coeso nenhuma. o que
ocorre nesta frase, citada pela Prof. Maria Tereza Fraga no seu livro sobre redao
no vestibular:
Encontrei apenas belas palavras o qual no duvido da sinceridade de quem as
escreveu.
Como se v o, enunciado fica desconexo porque o pronome o qual no
recupera antecedente algum.
Agora que voc j conhece de que a dissertao-
argumentativa composta e como deve ser redigida, escolha um
dos temas abaixo e elabore um texto dissertativo de no mnimo 8
linhas e de no mximo 30 linhas. D um ttulo a ele, siga a estrutura
proposio (introduo), argumentao e concluso, apontando
uma soluo plausvel para o problema abordado e, no se esquea de escrever de
acordo com a variante culta da lngua portuguesa.
POSSVEIS TEMAS PARA A REDAO DO ENEM 2014,
CONFORME A REVISTA ELETRNICA UNIVERSIA
BRASIL.
1. Papel da mulher no sculo XXI
O papel da mulher no sculo XXI um tema social que tem grande destaque na
mdia e, portanto, a aposta para tema de redao no s do Enem como tambm de
outros vestibulares. Sobre esse tema preciso discutir, por exemplo, sobre uma
soluo para a questo do assdio nos transportes pblicose outros problemas
comuns no cotidiano das mulheres.
2. Manifestaes durante o MundialO mundo parou para assistir ao Mundial, porm muitos brasileiros continuaram
tomando as ruas para protestar contra a realizao do evento. importante refletir
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/11/1100519/7x1-enem-2014-veja-7-temas-ligados-mundial-podem-cair-redaco.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/11/1100519/7x1-enem-2014-veja-7-temas-ligados-mundial-podem-cair-redaco.html -
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sobre o que querem esses manifestantes e encontrar respostas para essas
reivindicaes.
3. Os 50 anos do Golpe Militar de 64
A democracia recente no Brasil. O Enem pode tratar a sua consolidao como tema
da redao. OGolpe Militar de 1964cessou muito dos direitos humanos. O aluno
deve ter a conscincia de que a democracia instaurada aps esse perodo precisa sesolidificar.
4. tica dentro e fora do campo
Outro assunto relacionado ao Mundial a questo da tica dentro e fora do campo,
desde a mordida do jogador Surez at a compra de ingressos reservados aosdeficientes fsicos. O que podia ter sido diferente no comportamento das pessoas?
5. Os justiceiros
Este ano, observamos muitos casos de pessoas que tentaram fazer justia com as
prprias mose agiram de forma violenta, causando at mesmo o assassinato de
pessoas em prol dos seus prprios valores. At que ponto a justia brasileira falha e
onde acaba o direito de uma pessoa de tomar esse exerccio para si?
6. Diretas J
O movimento das Diretas J, consideradas uma das maiores manifestaes
populares do Pas, completa 30 anos. Novamente a questo da democracia abordada, porm desta vez na vertente da redemocratizao do Brasil. O fim do
bipartidarismo e a mobilizao popular podem ser tratados pelo Enem.
7. Patriotismo
O verde e amarelo caracterizaram ainda mais o Pas durante o Mundial, com
bandeiras penduradas nos retrovisores de carros e janelas de casas. Por isso,o patriotismo pode ser abordado no examecomo algo que s aparece durante
eventos de futebol.
8. Cobertura do Mundial pela mdia
O Mundial foi abordado sob diferentes aspectos pela mdia. interessante que o
estudante analise se a imprensa priorizou os jogos, as manifestaes ou osestrangeiros que vieram conhecer o Pas, bem como se foi adotada uma postura tica.
9. Redes sociais x Direitos Humanos
Uma discusso que poderia ser levantada na redao a questo da privacidade eos limites que englobam as redes sociais com foco nos Direitos Humanos. A
proximidade do tema com o cotidiano dos alunos faz com que pginas como o
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/03/31/1092368/infografico-golpe-militar-como-desfecho-um-processo.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/14/1100533/professor-explica-diretas-podem-cair-redaco-enem-2014.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/05/14/1096671/entenda-importancia-conhecer-direitos-humanos-redaco-enem-2014.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/05/14/1096671/entenda-importancia-conhecer-direitos-humanos-redaco-enem-2014.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/14/1100533/professor-explica-diretas-podem-cair-redaco-enem-2014.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/03/31/1092368/infografico-golpe-militar-como-desfecho-um-processo.html -
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Facebook e o Twitter sejam colocadas em debatequando falamos sobre o respeito
e a privacidade.
10. O Futebol
O tema futebol parece bvio, mas a verdade que o esporte pode ser analisado de
diversas formas, partindo da sua funo durante perodos ditatoriais e passando pelo
desrespeito que acontece nos campos.
11. Legado do Mundial
O que vai restar do Mundial? Como vai ficar a economia brasileira? A reflexo e
anlise de dados ligados aos jogos podem ser cobradas, incentivando o estudante a
fazer o balano dos seus benefcios e prejuzos.
12. Plano RealO Plano Real, estratgia adotada pelo governo em a fim de controlar a hiperinflao
econmica que o pas vivia, completa 20 anos em 2014. As origens da inflao e operodo antes do Plano podem ser colocados em destaque.
13. Racismo
O racismo na sociedade brasileira uma das grandes apostas para a redao.
Vivemos em uma democracia racial que uma grande falcia, e isso pode aparecer
com alguma aluso ao sistema de cotas. Alm disso, o racismo nos campos de futebol
pode ser apontado aps o episdio sofrido pelo jogador Daniel Alves, que foi atingidopor uma banana em uma partida.
14. Limites do humor nas redes sociais
Aps a derrota do Brasil pela Alemanha no Mundial, muitas piadas surgiram nas redes
sociais utilizando at mesmo o ditador Adolf Hitler. Esse tipo de piada pode serconsiderada ofensiva devido aos horrores acontecidos no Holocausto. Portanto, preciso discutir sobre os limites do humor nas redes sociais.
15. Escassez de gua
O Enem tambm apresenta uma forte preocupao com o meio ambiente.
A escassez de gua enfrentada pelo Pas um dos temas mais preocupantes, e o
exame pode esperar que o candidato relacione o meio ambiente com as polticaspblicas que pensem no bem estar do cidado.
16. Campanhas de Vacinao
Recentemente foram lanadas Campanhas de Vacinao para meninas de 13 anos
contra o HPV. Essas vacinas geraram problemas envolvendo o preconceito que
existe sobre as campanhas de preveno e a sexualidade em si. O candidato precisa
avaliar os dois lados da moeda e refletir sobre o que pode ser feito para prevenir os
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/01/29/1078522/holocausto-meio-da-arte-obras-feitas-no-periodo-menina-roubava-livros.htmlhttp://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/01/29/1078522/holocausto-meio-da-arte-obras-feitas-no-periodo-menina-roubava-livros.html -
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cidados e, ao mesmo tempo, conscientizar os pais sobre a importncia dessas
vacinas.
17. O Brasil diante dos estrangeiros
Como o Brasil se mostrou para os diversos estrangeiros que vieram acompanhar o
Mundial e, afinal, qual a cara do Brasil? O encontro de culturas tambm forte
candidato para aparecer na redao do Enem.
Acrescento a essa lista temas bastante atuais como: a homofobia; a violncia contra
as mulheres, a pedofilia, a legalizao das drogas no pas, a profissionalizao da
prostituio, a maioridade penal, o racismo no futebol, a violncia nas manifestaes
de rua, a regulamentao do trabalho das empregadas domsticas.
ENCERRANDO A CONVERSA
muito importante que voc esteja preparado (a) emocionalmente e com um
contedo socioculturalmente produtivo. As informaes sozinhas no enriquecem o
texto, mas ser o todo concatenado e bem articulado, redigido conforme o padro
culto da lngua que garantir a consistncia da proposio, argumentao e concluso
do seu texto. Por isso, estudo bastante para dominar os princpios que regem a
dissertao. Lembre-se que tudo vale a pena se a alma no pequena e, alm de
disso que, com Cristo voc pode tudo, porque Ele te fortalece! Deus te abenoe!
Texto Organizado Por
Gloria de Lourdes Silva de Oliveira Melo.i
iProfessora de Lngua Portuguesa, graduada em Letras Portugus e Literatura Verncula, ps-graduada
em Psicopedagogia Clnica e Institucional, ps-graduanda em Planejamento, Implementao e gesto de
Educao a Distncia pela universidade Federal Fluminense e Mestranda em Letras pela Universidade
Federal de Rondnia. Formadora de Professores do Ensino Fundamental da rede municipal de Porto
Velho e professora no Programa Salto pela SEDUC/RO. E-mail: [email protected]
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REFERNCIAS
MARCUSCHI, Luiz Antnio. Gneros Textuais: Definio e Funcionalidade,
in: BEZERRA, MACHADO, DIONISIO (org.). Gneros Textuais e Ensino. So
Paulo: Parbola Editorial, 2010, p. 19-38.
PLATO, S. Francisco; FIORIN, Jos Luiz. Para Entender o Texto: Leitura e
Redao. So Paulo: Editora tica, 2001.
Guia do Participante da Redao do ENEM 2013. Disponvel em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia
_participante_redacao_enem_2013.pdf - acesso em 23 de setembro de 2014.
Revista Universia Brasil. Possveis Temas Para a Redao do ENEM em
2014. http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/17/1100822/17-
temas-podem-cair-redaco-enem-2014.html - acesso em 28 de setembro de
2014.
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2014/07/17/1100822/17-temas-podem-cair-redaco-enem-2014.htmlhttp://www.universia.com.br/http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2013/guia_participante_redacao_enem_2013.pdfmailto:[email protected]