Apostila Economia e Mercado 2010
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UNIVERSIDADE PAULISTACURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA
ANCHIETA CHÁCARA MARQUÊS PINHEIROS
ECONOMIA E MERCADO
Prof. Rodrigo Marchesin
(Organizador)
www.rodrigomarchesin.spaces.live.com
São Paulo2010
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Agenda do Estudante
Esta agenda tem como objetivo auxiliar o aluno na construção dos alicerces para a
aprovação acadêmica na disciplina Economia e Mercado, através da organização e do
planejamento dos estudos durante o primeiro semestre letivo de 2010. Na agenda, estão
apresentadas as distintas fases das atividades previstas no Plano de Aulas, e os prazos de
entrega das Atividades Complementares – AC (ver Calendário de Aulas e Anexo 1).
FASES DAS ATIVIDADES INÍCIO FIM
1 Apresentação da Disciplina; Direcionamento Metodológico* 02.02.10 05.03.10
2 Consolidação dos Conceitos Básicos da Disciplina; Entrega AC 08.03.10 09.04.10
3 Avaliação NP1; Resultados; Entrega AC 12.04.10 23.04.10
4 Consolidação dos Conceitos Avançados da Disciplina; Entrega AC 26.04.10 04.06.10
5 Avaliação NP2, Apresentação do PIM; Substitutivas 07.06.10 25.06.10
6 Resultados Finais; Encerramento do Semestre 28.06.10 01.07.10
* As turmas calouras tem o início das aulas previsto para 18/02/2010.
CALENDÁRIO 2010 –
1º SEMESTRE**
FEVEREIRO MARÇO ABRIL
D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S
1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3
7 8 9 10 11 12 13 7 8 9 10 11 12 13 4 5 6 7 8 9 10
14 15 16 17 18 19 20 14 15 16 17 18 19 20 11 12 13 14 15 16 17
21 22 23 24 25 26 27 21 22 23 24 25 26 27 18 19 20 21 22 23 24
28 28 29 30 31 25 26 27 28 29 30
02 Início das Aulas Veteranos16 Carnaval18 Início das Aulas Calouros
22 a 26 Atividades Complementares (AC1) 02 Paixão de Cristo21 Tiradentes14, 19 a 23 Atividades Complementares (AC2)
MAIO JUNHO JULHO
D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S1 1 2 3 4 5 1 2 3
2 3 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 11 12 4 5 6 7 8 9 10
9 10 11 12 13 14 15 13 14 15 16 17 18 19 11 12 13 14 15 16 17
16 17 18 19 20 21 22 20 21 22 23 24 25 26 18 19 20 21 22 23 24
23 24 25 26 27 28 29 27 28 29 30 25 26 27 28 29 30 3130 3101 Dia do Trabalho
03 a 07 Atividades Complementares (AC3)17 a 21 Atividades Complementares (AC4)
03 Corpus Christi 02 a 31 Férias
** A relação, com indicações de Atividades Complementares, encontra-se no Anexo 1 desta Apostila.
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PLANO DE AULAS – 1º SEMESTRE/2010
Economia e Mercado (ECM)
TEMA CONTEÚDO*** LEITURA PRÉVIA ATIVIDADE
01 Conceito de Economia (2)Apostila – Cap. 2
(pág. 13 a 19)Estudo de Caso
02 História do Pensamento Econômico (1)Apostila – Cap. 3
(pág. 20 a 31)---
03 Introdução à Microeconomia (2)Apostila – Cap. 4
(pág. 32 a 40)Estudo de Caso
04 Estruturas de Mercado (2)Apostila – Cap. 5
(pág. 41 a 45)Estudo de Caso
05 O Setor Público (1)Apostila – Cap. 6
(pág. 46 a 48)Estudo de Caso
06 Sistema Monetário Nacional (2)Apostila – Cap. 7
(pág. 49 a 69)Estudo de Caso
07 Relações Econômicas Internacionais (2)Apostila – Cap. 8
(pág. 70 a 77)Estudo de Caso
08 Crescimento Econômico (2)Apostila – Cap. 9
(pág. 78 a 87)Estudo de Caso
*** Os números entre parênteses indicam o número de aulas referentes àquele tema, porém a distribuição das
aulas pode sofrer alterações para atendimento do Calendário Acadêmico.
ORIENTAÇÕES:
O Plano de Aulas tem por objetivo apresentar, detalhadamente, todas as
temáticas a serem trabalhadas ao longo da disciplina, de acordo com a
ementa prevista pela universidade. Desse modo, para cada etapa do
conteúdo programático e adequado desenvolvimento discente, é
importante que o estudante tome ciência da matéria a ser ministrada,
preparando-se antecipadamente, através da leitura preliminar do
capítulo programado para aquela data.
Para acompanhar os TEMAS e suas respectivas datas, o aluno deve utilizar
o Cronograma de Aulas, apresentado na página seguinte, atentando-se
para a identificação (legenda) de sua turma e dia da semana, no qual os
encontros (aulas) serão realizados.
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CRONOGRAMA DE AULAS – 1º SEMESTRE/2010****
DIA FEVEREIRO DIA MARÇO DIA ABRIL DIA MAIO DIA JUNHO
01 01TEMA 2 TURMA AAPRES TURMA B
01 RECESSO sáb TRABALHO 01 TEMA 8 TURMA C
02 APRES TURMA C 02 TEMA 1 TURMA C 02 PAIXÃO dom 02 TEMA 8 TURMA DTEMA 8 TURMA E
03 03TEMA 1 TURMA DTEMA 1 TURMA E
sáb 03TEMA 6 TURMA ATEMA 5 TURMA B
03 CORPUS CHRISTI
04 APRES TURMA G 04TEMA 1 TURMA FTEMA 3 TURMA G
dom 04 TEMA 4 TURMA C 04 RECESSO
05 05 TEMA 1 TURMA H 05TEMA 5 TURMA ATEMA 3 TURMA B
05TEMA 6 TURMA DTEMA 6 TURMA E
sáb
sáb sáb 06 TEMA 2 TURMA C 06TEMA 6 TURMA FTEMA 7 TURMA G
dom
dom dom 07TEMA 4 TURMA DTEMA 4 TURMA E
07 TEMA 6 TURMA H 07PROVA 2 TURMA APROVA 2 TURMA B
08 APRES TURMA A 08TEMA 3 TURMA ATEMA 1 TURMA B
08TEMA 4 TURMA FTEMA 5 TURMA G
sáb 08 PROVA 2 TURMA C
09 TEMA 1 TURMA C 09 TEMA 1 TURMA C 09 TEMA 4 TURMA H dom 09PROVA 2 TURMA DPROVA 2 TURMA E
10 10 TEMA 1 TURMA DTEMA 1 TURMA E
sáb 10 TEMA 7 TURMA ATEMA 6 TURMA B
10 PROVA 2 TURMA FPROVA 2 TURMA G
11 TEMA 1 TURMA G 11TEMA 1 TURMA FTEMA 3 TURMA G
dom 11 TEMA 5 TURMA C 11 PROVA 2 TURMA H
12 12 TEMA 2 TURMA H 12PROVA 1 TURMA APROVA 1 TURMA B
12TEMA 6 TURMA DTEMA 6 TURMA E
sáb
sáb sáb 13 PROVA 1 TURMA C 13TEMA 7 TURMA FTEMA 7 TURMA G
dom
dom dom 14PROVA 1 TURMA DPROVA 1 TURMA E
14 TEMA 7 TURMA H 14
PIM15 RECESSO 15
TEMA 4 TURMA ATEMA 2 TURMA B
15PROVA 1 TURMA FPROVA 1 TURMA G
sáb 15
16 CARNAVAL 16 TEMA 1 TURMA C 16 PROVA 1 TURMA H dom 16
17 CINZAS 17TEMA 2 TURMA DTEMA 2 TURMA E
sáb 17TEMA 8 TURMA ATEMA 6 TURMA B
17
18 TEMA 1 TURMA G 18 TEMA 2 TURMA FTEMA 4 TURMA G
dom 18 TEMA 6 TURMA C 18
19 APRES TURMA H 19 TEMA 3 TURMA H 19TEMA 5 TURMA ATEMA 4 TURMA B
19TEMA 7 TURMA DTEMA 7 TURMA E
sáb
sáb sáb 20 TEMA 3 TURMA C 20TEMA 7 TURMA FTEMA 8 TURMA G
dom
dom dom 21 TIRADENTES 21 TEMA 7 TURMA H 21SUB TURMA ASUB TURMA B
22 TEMA 1 TURMA A 22TEMA 4 TURMA ATEMA 2 TURMA B
22TEMA 5 TURMA FTEMA 6 TURMA G
sáb 22 SUB TURMA C
23 TEMA 1 TURMA C 23 TEMA 1 TURMA C 23 TEMA 5 TURMA H dom 23SUB TURMA DSUB TURMA E
24APRES TURMA DAPRES TURMA E
24TEMA 3 TURMA DTEMA 3 TURMA E
sáb 24TEMA 9 TURMA ATEMA 7 TURMA B
24SUB TURMA FSUB TURMA G
25APRES TURMA F
TEMA 2 TURMA G25
TEMA 3 TURMA FTEMA 4 TURMA G
dom 25 TEMA 7 TURMA C 25 SUB TURMA H
26 TEMA 1 TURMA H 26 TEMA 3 TURMA H 26TEMA 6 TURMA ATEMA 5 TURMA B
26TEMA 8 TURMA DTEMA 8 TURMA E
sáb
sáb sáb 27 TEMA 4 TURMA C 27TEMA 8 TURMA FTEMA 8 TURMA G
dom
dom dom 28TEMA 5 TURMA DTEMA 5 TURMA E
28 TEMA 8 TURMA H 28
RESULTADOSFINAIS
29TEMA 4 TURMA ATEMA 3 TURMA B
29TEMA 6 TURMA FTEMA 6 TURMA G
sáb 29
30 TEMA 2 TURMA C 30 TEMA 6 TURMA H dom 30
31TEMA 3 TURMA DTEMA 3 TURMA E
31TEMA 10 TURMA ATEMA 8 TURMA B
01 ENCERRAMENTO
**** Os campos preenchidos na cor verde correspondem às semanas de entrega das Atividades Complementares.
Legenda / Turmas:
MAT A = Paraíso / ACG D = Marquês / ECM F = Marquês / ECM
NOT B = Chácara / RMP C = Marquês / FF E = Anchieta / ECM G = Pinheiros / ECM H = Chácara / ECM
SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA
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Apresentação1
Até o ano de 1615, o conjunto de conhecimentos dessa ciência era denominado
simplesmente Economia, nome ainda preferido, conforme veremos mais adiante. Nesse
mesmo ano, pela primeira vez, usou-se um nome mais extenso: Economia Política. Foi o autor
francês Antoine de Montchrétien (1575-1621) quem acrescentou a palavra política à expressão
economia, em seu célebre livro Traité de l’économie politique , o qual afirmou: “A ciência da
aquisição da riqueza é comum ao Estado e à família”.
Em seu entender, não era conveniente, em nenhum caso, a separação do adjetivo
política do substantivo economia, na designação dessa disciplina.
Como a denominação economia política tem sido criticada, propuseram-lhe outros
nomes em substituição, uns mais antigos, como, por exemplo, crematística (do grego Khrema
– ‘ r iqueza’ – ciência da riqueza), plutologia (do grego PLOUTOS = riqueza, ciência da riqueza),
catalactica (do grego Katallactein – ciência das trocas) e outros mais recentes, como economia
nacional, economia social, econômica (com a desinência empregada na denominação de
outras disciplinas – Física, Botânica, Química) e economia (excluindo o adjetivo política, que
implica estudo dos fatos pertencentes à ciência do governo de um país) etc.
Ao examinarmos a expressão tradicional economia política, vamos verificar,
primeiramente, que temos nela um substantivo e um adjetivo qualificativo. A expressão
economia tem origem na palavra grega oikos , que significa casa, fortuna, riqueza, e na palavra
nomos (também grega), que quer dizer lei, regra ou administração.
Não é por outra razão que um dos maiores gênios da Idade Média e o maior filósofo
da Igreja dizia que “ecônomos” eram aqueles que administravam os bens, as rendas e as
despesas da casa ou do lar. Ainda hoje, encontramos as pessoas encarregadas da
1 Texto retirado de uma apostila de Economia do Centro Universitário Monte Serrat, s.d.
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administração de certos estabelecimentos da Igreja, isto é, os ecônomos das casas, dos
colégios e conventos religiosos.
O adjetivo política vem do latim, representado pela palavra politicus (remotamente
do grego polis ), que significa cidade, país ou nação (Estado). A palavra grega polis também
tem o significado de cidade, pois é muito usada, ainda hoje, na terminação do nome de
algumas cidades brasileiras, como, por exemplo: Florianópolis, Teresópolis, Martinópolis etc.
Portanto, política significa cidade, país ou “ação” (Estado). Ou, por outras pal avras, a arte de
governar a cidade, o país ou nação (Estado).
Caso adotássemos a opinião de acordo com a origem das palavras, teríamos um
objeto falso da Economia Política, porque então ela seria as leis, as regras ou a administração
de uma casa, e, por extensão, as leis ou as regras de uma cidade, sociedade ou país. Sabemos
que isto não é verdade, pois compete a outras ciências o estudo das leis ou regras de uma
cidade ou país, não à Economia.
Não devemos abandonar o nome economia, como propõem muitos autores, porque,se examinarmos as outras denominações, nelas vamos encontrar os mesmos defeitos.
Podemos manter a expressão mais extensa economia política, ou então usar a última
denominação proposta – economia – o que será preferível, porque, além de tradicional, é de
uso geral e adotada pela maioria dos economistas, apesar de sua origem etimológica significar
a administração da casa.
Assim como outras ciências são denominadas por uma única palavra (este é o
argumento de alguns autores), usa-se apenas o termo economia, que tem a vantagem de ser
uma expressão breve. Uma vez conhecidas as razões do nome desse ramo do conhecimento
humano, passaremos ao estudo de sua definição e de seu objeto.
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Sumário
1 PROGRAMA DA DISCIPLINA 9
1.1 UNIDADE CURRICULAR 9
1.2 PERÍODO LETIVO 9
1.3 EMENTA 9
1.4 CARGA HORÁRIA TOTAL 9
1.5 OBJETIVOS 9
1.6 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 10
1.7 METODOLOGIA 10
1.8 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 11
1.9 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 12
2 O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO 13
2.1 CONCEITO 13
2.2 SISTEMAS ECONÔMICOS 13
2.3 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS 14
2.4 CUSTO DE OPORTUNIDADE 16
2.5 FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO 16
2.6 BENS E FATORES DE PRODUÇÃO 18
3 HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 20
3.1 INTRODUÇÃO 20
3.2 PRECURSORES 21
3.3 PENSAMENTO MARXISTA 27
3.4 A TEORIA NEOCLÁSSICA (FINS DO SÉC. XIX AO INÍCIO DO SÉC. XX) 28
3.5 O KEYNESIANISMO (DÉCADA DE 1930) 29
4 DINÂMICA DOS MERCADOS 32
4.1 MICROECONOMIA 32
4.2 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 34
4.3 INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO 39
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5 ESTRUTURAS DE MERCADO 41
5.1 INTRODUÇÃO 41
5.2 E
STRUTURAS DOM
ERCADO DEB
ENS ES
ERVIÇOS 41
5.3 ESTRUTURAS DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO 44
6 O SETOR PÚBLICO 46
6.1 FORMAS DE AÇÃO ECONÔMICA 46
6.2 RAZÕES DA EXPANSÃO DAS ATIVIDADES PÚBLICAS 47
6.3 FINANCIAMENTO DAS ATIVIDADES PÚBLICAS 48
7 O SISTEMA MONETÁRIO NACIONAL 49
7.1 HISTÓRIA DA MOEDA 49
7.2 FUNÇÕES DA MOEDA 53
7.3 A OFERTA DE MOEDA 53
7.4 O BANCO CENTRAL 58
7.5 A DEMANDA DE MOEDA 63
7.6 RELAÇÃO ENTRE MOEDA E INFLAÇÃO 68
8 AS RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS 70
8.1 TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS 70
8.2 DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO 71
8.3 A INFLAÇÃO INTERNA E SEUS EFEITOS SOBRE A TAXA DE CÂMBIO 73
8.4 A ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL NO MERCADO DE DIVISAS 73
8.5 A ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS 73
8.6 ORGANISMOS INTERNACIONAIS 75
8.7 O BALANÇO DE PAGAMENTOS NO BRASIL 76
9 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOS 78
9.1 NOÇÕES DE CRESCIMENTO ECONÔMICO 78
9.2 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 78
9.3 FATORES DE CRESCIMENTO 79
9.4 CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL 80
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REFERÊNCIAS 88
BIBLIOGRÁFICAS 88
ELETRÔNICAS
88
ANEXOS 89
ANEXO 1: ATIVIDADES COMPLEMENTARES 90
ANEXO 2: CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DETALHADO 92
ANEXO 3: A IMPORTÂNCIA DA IGNORÂNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA 95
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9
1 Programa da Disciplina
1.1 Unidade Curricular
Economia e Mercado.
1.2 Período Letivo
1º Semestre.
1.3 Ementa
O problema econômico. A dinâmica dos mercados e seus impactos nas
organizações. A importância da moeda. Estudo das variáveis macroeconômicas, suas
interdependências e impactos nas organizações. Mudanças de salários, lucros, impostos,
juros, câmbio e oferta de moeda e seus impactos no nível de preços e produção.
Crescimento e desenvolvimento econômico. Nova economia mundial.
1.4 Carga Horária Total
60 horas.
1.5 Objetivos
Identificar e compreender as formas de organização que prevaleceram no País até a
data atual. Analisar os fatores responsáveis pela diversidade dos aspectos físicos e humanos
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10
do território brasileiro. Identificar e compreender a dinâmica das relações inter e intra-
regionais do território brasileiro. Compreender a teoria, os objetivos e os métodos da
abordagem microeconômica e o modelo de desenvolvimento econômico. Compreender as
interdependências e impactos das variáveis macroeconômicas nas organizações.
1.6 Conteúdo Programático2
1.6.1 Funcionamento do Sistema Econômico
O Problema Econômico
Fatores de Decisão Econômica
Evolução do Pensamento Econômico
1.6.2 Impacto Econômico nas Organizações
Introdução à Microeconomia
Equilíbrio de Mercado
Estruturas de Mercado
1.6.3 Políticas Macroeconômicas
O Setor Público
Sistema Monetário Nacional
Relações Econômicas Internacionais
Planos Econômicos
1.7 Metodologia3
Para o desenvolvimento do conteúdo proposto, serão utilizadas as seguintes
técnicas:
2 O detalhamento do Conteúdo Programático encontra-se no Anexo 2 desta apostila.3 Ver Agenda do Estudante: Cronograma de Aulas.
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11
Aulas expositivas dialogadas;
Estudos dirigidos;
Resenhas;
Estudos de casos;
Exibição de vídeos-documentários.
As atividades contidas no Cronograma de Aulas poderão ser alteradas conforme
necessidade ou mudança do Calendário Acadêmico do Curso.
1.8 Critérios de Avaliação4
O processo de avaliação será contínuo, através de provas escritas, estudos dirigidos
(individuais e/ou em grupo) e participação ativa nas atividades desenvolvidas durante o
andamento da disciplina.
Todas as atividades previstas serão medidas, através de uma escala de 0 (zero)
ponto até 10,0 (dez) pontos, e terão pesos proporcionais ao seu grau de importância e
dificuldade, de acordo com o quadro a seguir:
Etapas de Avaliação Peso
Atividades Programadas 20%
Avaliação Bimestral 80%
As Atividades Programadas referem-se aos estudos de caso, interpretação e análise
de textos ou planilhas de cálculos. A Avaliação Bimestral é o instrumento final de
4 A Média Semestral (MS) é composta do somatório das notas NP1 e NP2 (peso 4) e PIM (peso 2), divididos por10, de acordo com a fórmula abaixo e disposta no Manual de Informações Acadêmicas/UNIP 2010:
MS =
NP1 x 4 + PIM x 2 + NP2 x 4
10
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12
acompanhamento do(a) aluno(a) para classificação do nível de domínio da matéria
lecionada e será aplicada individualmente, sem consulta a qualquer fonte bibliográfica,
anotações ou outros meios classificados como material de apoio à aprendizagem.
O(A) aluno(a) será considerado(a) aprovado(a) se alcançar média semestral (MS)
igual ou superior a 5,0 (cinco) pontos no conjunto das habilidades que compõem a disciplina
cursada e obtiver freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento).
O(A) aluno(a) que não comparecer à prova (NP1 ou NP2) na data marcada, deverá
abrir pedido junto a Secretaria Acadêmica, solicitando oportunidade para realizar Prova
Substitutiva, conforme orientação da Coordenação Geral e previsto no Manual do Aluno.
1.9 Bibliografia Recomendada
FERREIRA, Vera. Decisões Econômicas. São Paulo: Saraiva, 2007.
GONÇALVES, Carlos e GUIMARÃES, Bernardo. Economia Sem Truques. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008.
GONÇALVES, Carlos e RODRIGUES, Mauro. Sob a Lupa do Economista. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
JORGE, F. e MOREIRA, J. Economia: Notas Introdutórias. São Paulo: Atlas, 1990.
MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio
de Janeiro: Campus, 2001.
PRAHALAD, C. K. A Riqueza na Base da Pirâmide – Erradicando a Pobreza com Lucro.
Porto Alegre: Bookman, 2010.
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13
2 O Funcionamento do Sistema Econômico
2.1 Conceito
É uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar
recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre
as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos; contudo
as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a
escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade
produtiva aos vários grupos da sociedade.
2.2 Sistemas Econômicos
Pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está
organizada uma sociedade.
Os elementos básicos de um sistema econômico são:
Estoques de Recursos Produtivos ou Fatores de Produção: recursos humanos
(trabalho e capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a
tecnologia.
Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas.
Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são à base
da organização da sociedade.
Os sistemas econômicos podem ser classificados em:
Sistema capitalista, ou economia de mercado, é aquele regido pelas forças de
mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de
produção;
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14
Sistema socialista ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, é
aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um
órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos
fatores de produção.
2.3 Os Problemas Econômicos Fundamentais
Da escassez dos recursos ou dos fatores de produção, associa-se às necessidades
ilimitadas do homem, originando problemas econômicos fundamentais: O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade
terá de escolher, quais produtos serão produzidos e em que quantidades.
Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico
existente.
Para quem produzir: a sociedade terá também que decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção (demanda, oferta,
determinação de salários, das rendas das terras, dos juros etc.).
Em economias de mercado, esses problemas são resolvidos pelos mecanismos de
preços atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas
questões são decididas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento
dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país, e não pela oferta e
demanda no mercado.
2.3.1 Curva de Possibilidades de Produção
É um conceito teórico com o qual se ilustra, como a questão da escassez impõe um
limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá que fazer escolhas entre
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alternativas de produção. Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem
um limite máximo, onde todos os recursos disponíveis estão empregados.
Suponhamos uma economia que só produza máquinas (Bens de Capital) e
alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de produção de ambos sejam as
seguintes:
Alternativas de
Produção
Máquinas
(milhares)
Alimentos
(toneladas)
A 25 0
B 20 30
C 15 45
D 10 60
E 0 70
Quadro 1 – Curva de Possibilidades de Produção
Na primeira alternativa (A) todos os fatores de produção seriam alocados para a
produção de máquinas; na última (E) seriam alocados somente para a produção de
alimentos; e nas alternativas intermediárias (B, C e D) os fatores de produção seriam
distribuídos na produção de um ou de outro bem.
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2.4 Custo de Oportunidade
A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B
implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do
bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da
produção alternativa sacrificada, reflete em um custo implícito.
2.5 Funcionamento de Uma Economia de Mercado
Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma
economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha transações com
exterior (economia fechada). Os agentes econômicos são as famílias e as empresas. As
famílias são proprietárias de fatores de produção e os fornecem às empresas, através do
mercado dos fatores de produção. As empresas, através da combinação dos fatores de
produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias por meio do mercado de
bens e serviços:
MERCADO DE BENS E
SERVIÇOS
DEMANDA OFERTA
FAMÍLIAS EMPRESAS
OFERTA DEMANDA
MERCADO DE FATORES DE
PRODUÇÃO
Quadro 2 – Fluxo Real
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No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da
moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos
bens e serviços. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da
economia:
PAGAMENTO DOS BENS E
SERVIÇOS
FAMÍLIAS EMPRESAS
REMUNERAÇÃO DOS FATORES DE
PRODUÇÃO
Quadro 3 – Fluxo Monetário
Unindo os fluxos real e monetário, temos o chamado Fluxo Circular de Renda:
MERCADO DE BENS E SERVIÇOS DEMANDA DE
BENS E
SERVIÇOS
OFERTA DE
BENS E
SERVIÇOS O QUE E QUANTO PRODUZIR
FAMÍLIAS COMO PRODUZIR EMPRESAS
OFERTA DE
SERVIÇOS DOS
FATORES DE
PRODUÇÃO
PARA QUEM
PRODUZIR DEMANDA DE
SERVIÇOS DOS
FATORES DE
PRODUÇÃO
MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO
Fluxo Monetário Fluxo Real (Bens e Serviços)
Quadro 4 – Fluxo Circular
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2.6 Bens e Fatores de Produção
2.6.1 Bens de Capital
São aqueles utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam
totalmente no processo produtivo. Exemplo: Máquinas, Equipamentos e Instalações.
2.6.2 Bens de Consumo
Destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo
com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis (geladeiras, fogões,
automóveis) ou como não –duráveis (alimentos, produtos de limpeza).
2.6.3 Bens Intermediários
São aqueles que são transformados ou agregados na produção de outros bens e
que são consumidos totalmente no processo de produtivo (insumos, matérias-primas e
componentes).
2.6.4 Fatores de Produção
Elementos indispensáveis ao processo produtivo de bens materiais. De modo geral,
os fatores de produção são limitados e, por isso, eles se combinam de forma diferente
conforme o local e a situação histórica. A forma como estão distribuídos os fatores de
produção tem particular importância na teoria dos preços dos fatores e na teoria dos custos
de produção, sendo portanto fundamental na produtividade e rentabilidade da empresa.
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São constituídos, basicamente, pelos recursos humanos (trabalho e capacidade
empresarial), terra, capital e tecnologia.
Cada fator de produção corresponde a uma remuneração, a saber:
Fator de Produção Tipo de Remuneração
Trabalho Salário
Capital Juro
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty
Capacidade empresarial Lucro
Tabela 1 – Fatores de Produção
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3 História do Pensamento Econômico
3.1 Introdução
O pensamento econômico passou por diversas fases, que se diferenciam
amplamente, com muitas discrepâncias e oposições. No entanto, a evolução deste
pensamento pode ser dividida em dois grandes períodos: Fase Pré- Científica e Fase
Científica Econômica.
A fase pré-científica é composta por três subperíodos. A Antigüidade Grega, que se
caracteriza por um forte desenvolvimento nos estudos político- filosóficos. A Idade Média
ou Pensamento Escolástico, repleta de doutrinas teológico- filosóficas e tentativas de
moralização das atividades econômicas. E, o Mercantilismo, onde houve uma expansão dos
mercados consumidores e, conseqüentemente, do comércio. Como iremos tratar de um
pensamento econômico que nos influencia até hoje só trataremos da fase científica.
A fase científica pode ser dividida em Fisiocracia, Escola Clássica e Pensamento
Marxista. Esta primeira pregava a existência de uma "ordem natural", onde o Estado não
deveria intervir (laissez-faire, laissez-passer ) nas relações econômicas. Os doutrinadores
clássicos acreditavam que o Estado não deveria intervir para equilibrar o mercado (oferta e
demanda), através do ajuste de preços ("mão- invisível"). Já o marxismo criticava a "ordem
natural" e a "harmonia de interesses" (defendida pelos clássicos), afirmando que tanto um
como outro resultava na concentração de renda e na exploração do trabalho.
Apesar de fazer parte da fase científica, convém ressaltar que a Escola Neoclássica
e o Keynesianismo, diferenciam-se dos outros períodos por elaborar princípios teóricos
fundamentais e revolucionar o pensamento econômico, merecendo, portanto, destaque. É
na Escola Neoclássica que o pensamento liberal se consolida e surge a teoria subjetiva do
valor. Na Teoria Keynesiana, procura-se explicar as flutuações de mercado e o desemprego
(suas causas, sua cura e seu funcionamento).
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3.2 Precursores
3.2.1 Fisiocracia (Séc. XVIII)
Doutrina de ordem natural: O Universo é regido por leis naturais, absolutas e
imutáveis e universais, desejadas pela Providência divina para a felicidade dos homens.
A palavra fisiocracia significa governo da natureza. Isto é, de acordo com o
pensamento fisiocrata as atividades econômicas não deveriam ser reguladas de modo
excessivo e nem guiadas por forças "antinaturais". Deveria-se conceder uma maior
liberdade a essas atividades, afinal "uma ordem imposta pela natureza e regida pelas leis
naturais" governaria o mercado e tudo se acomodaria como tivesse que ser.
Na fisiocracia a base econômica é a produção agrícola, ou seja, um liberalismo
agrário, onde a sociedade estava dividida em três classes:
a classe produtiva, formada pelos agricultores.
a classe estéril, que engloba todos os que trabalham fora da agricultura
(indústria, comércio e profissões liberais);
a classe dos proprietários de terra, que estava ao soberano e aos recebedores
de dízimos (clero).
A classe produtiva garante a produção de meios de subsistência e matérias primas.
Com o dinheiro obtido, ela paga o arrendamento da terra aos proprietários rurais, impostos
ao Estado e os dízimos; e compra produtos da classe estéril - os industriais. No final, esse
dinheiro volta à classe produtiva, pois as outras classes têm necessidade de comprar meios
de subsistência - matérias primas. Dessa maneira, ao final, o dinheiro retorna ao seu ponto
de partida, e o produto se dividiu entre todas as classes, de modo que assegurou o consumo
de todos.
Para os fisiocratas, a classe dos lavradores era a classe produtiva, porque o trabalhoagrícola era o único que produzia um excedente, isto é, produzia além das suas
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necessidades. Este excedente era comercializado, o que garantia uma renda para toda a
sociedade. A indústria não garantia uma renda para a sociedade, visto que o valor produzido
por ela era gasto pelos operários e industriais, não criando, portanto, um excedente e,
conseqüentemente, não criando uma renda para a sociedade.
O papel do Estado se limitava a ser o guardião da propriedade e garantidor de
liberdade econômica, não deveria intervir no mercado ("laissez-faire, laissez-passer" que
quer dizer deixe-se fazer, deixe-se passar.), pois existia uma "ordem natural" que regia as
atividades econômicas.
3.2.1.1 François Quesnay
O fundador da escola fisiocrata, e da primeira fase científica da economia, foi
François Quesnay (1694-1774), autor de livros que até hoje são inspiração para economistas
atuais, como por exemplo Tableau Économique. Não se pode falar em fisiocracia, sem citar
seu nome. Quesnay foi autor de alguns princípios, como o da filosofia social utilitarista, em
que deveria se obter a máxima satisfação com um mínimo de esforço; o do harmonismo,
não obstante a existência do antagonismo das classes sociais, acreditava-se na
compatibilidade ou complementaridade dos interesses pessoais numa sociedade
competitiva; e, por fim, a teoria do capital, onde os empresários só poderiam começar o seu
empreendimento com um certo capital já acumulado, com os devidos equipamentos.
Em seu livro Tableau Économique foi representado um esquema de fluxo de bens e
despesas entre as diferentes classes sociais. Além de evidenciar a interdependência entre as
atividades econômicas e mostrou como a agricultura fornece um "produto líquido" que é
repartido na sociedade.
Com o advento da fisiocracia surgiram duas grandes idéias de alta relevância para o
desenvolvimento do pensamento econômico. A primeira diz que há uma ordem natural que
rege todas as atividades econômicas, sendo inútil criar leis à organização econômica. A
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segunda se refere a maior importância da agricultura sobre o comércio e a indústria, ou
seja, a terra é a fonte de todas as riquezas que mais tarde farão parte destes dois campos
econômicos.
3.2.2 A Escola Clássica (Fins do Séc. XVIII e início do séc. XIX)
A base do pensamento da Escola Clássica é o liberalismo econômico, ora defendido
pelos fisiocratas. Seu principal membro é Adam Smith, que não acreditava na forma
mercantilista de desenvolvimento econômico e sim na concorrência que impulsiona omercado e conseqüentemente faz girar a economia.
A teoria clássica surgiu do estudo dos meios de manter a ordem econômica através
do liberalismo e da interpretação das inovações tecnológicas provenientes da Revolução
Industrial. Todo o contexto da Escola Clássica está sendo influenciado pela Revolução
Industrial. É caracterizada pela busca no equilíbrio do mercado (oferta e demanda) via
ajuste de preços, pela não- intervenção estatal na atividade econômica, prevalecendo a
atuação da "ordem natural" e pela satisfação das necessidades humanas através da divisão
do trabalho, que por sua vez aloca a força de trabalho em várias linhas de emprego.
De acordo com o pensamento de Adam Smith, a economia não deveria se limitar ao
estoque de metais preciosos e ao enriquecimento da nação, pois, segundo o mercantilismo,
desta nação fazia parte apenas a nobreza, e o restante da população estaria excluída dos
benefícios provenientes das atividades econômicas. Sua preocupação fundamental era a de
elevar o nível de vida de todo o povo.
Em sua obra Wealth of Nations (Riqueza das Nações), Adam Smith estabelece
princípios para análise do valor, dos lucros, dos juros, da divisão do trabalho e das rendas da
terra. Além de desenvolver teorias sobre o crescimento econômico, ou seja, sobre a causa
da riqueza das nações, a intervenção estatal, a distribuição de renda, a formação e a
aplicação do capital.
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Alguns críticos de Smith afirmam que ele não foi original em suas obras, devido ao
seu método, que se caracteriza por percorrer caminhos já trilhados, buscando, assim,
segurança, utilizar elementos já existentes. No entanto, sabe-se que suas obras foram
grandiosas para o desenvolvimento do pensamento econômico, devido a sua clareza e ao
espírito equilibrado.
3.2.2.1 Adam Smith (1723-1790)
Filósofo, teórico e economista, nascido na Escócia em 1723, dedicou-se quase queexclusivamente ao magistério. É considerado o pai da Economia Política Clássica Liberal. Seu
pensamento filosófico e econômico encontra-se, basicamente, em a “Teoria dos
Sentimentos Morais” (1759) e em a “Riqueza das Nações” (1776), respectivamente. Os
críticos a essas duas importantes obras de Smith, afirmam haver um paradoxo entre ambas:
Na “Teoria”, Smith teria como sustentação de sua concepção ética o lado simpático da
natureza humana; enquanto na “Riqueza das Nações” realça a idéia do homem movido pelo
egoísmo, constituindo-se este, na força motriz do comportamento humano. Crítica essa
repudiada e apontada como um falso problema, não havendo descontinuidade de uma obra
para outra.
As idéias liberais de Adam Smith, em a Riqueza das Nações aparecem, entre outras,
na sua defesa a liberdade irrestrita do comércio, que deve, não só ser mantida como
incentivada, por suas inegáveis vantagens para a prosperidade nacional. Ao Estado caberá
manter uma relação de subordinação entre os homens e, por essa via, garantir o direito da
propriedade.
Para Adam Smith as classes se constituem em: classe dos proprietários; classe dos
trabalhadores, que vivem de salários e a classe dos patrões, que vivem do lucro sobre o
capital. A subordinação, na sociedade, se deve a quatro fatores: qualificações pessoais,
idade, fortuna e berço. Este último pressupõe fortuna antiga da família, dando a seus
detentores mais prestígio e a autoridade da riqueza aos mesmos.
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Smith afirmava que a livre concorrência levaria a sociedade à perfeição uma vez
que a busca do lucro máximo promove o bem-estar da comunidade. Smith defendia a não
intervenção do Estado na economia, ou seja o liberalismo econômico.
3.2.2.2 Thomas Malthus (1766 – 1834)
Tentou colocar a economia em sólidas bases empíricas. Para ele, o excesso
populacional era a causa de todos os males da sociedade (população cresce em progressão
geométrica e alimentos crescem em progressão aritmética). Malthus subestimou o ritmo e oimpacto do progresso tecnológico.
3.2.2.3 David Ricardo (1772 – 1823)
Mudou, de modo sutil, a análise clássica do problema do valor: “Então, a razão,
pela qual o produto bruto se eleva em valor comparativo é porque mais trabalho é
empregado na produção da última porção obtida, e não porque se paga renda ao
proprietário da terra. O valor dos cereais é regulado pela quantidade de trabalho
empregada em sua produção naquela qualidade de terra, ou com aquela porção de capital,
que não paga aluguel”. Ricardo mostrou as interligações entre expansão econômica e
distribuição de renda. Tratou dos problemas do comércio internacional e defendeu o livre-
cambismo.
3.2.2.4 John Stuart Mill (1806 – 1873)
Introduziu na economia preocupações de “justiça social”. Suas idéias refletem
diversas influências de outros pensadores contemporâneos, apresentando em sua evolução
uma série de contradições, a ponto de ser considerado um integrante do liberalismo clássicopor alguns autores e um pré-socialista por outros. Ele próprio chegou a se autodefinir um
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socialista. Nessa tentativa de conciliação de idéias socialistas com seus fundamentos
utilitaristas ele fez uso de uma relação entre a religião e a moral, na qual admitiu que o
aperfeiçoamento intelectual do homem serve de base ao desenvolvimento social. Daí a
principal crítica de Marx a esse tipo de ecletismo do qual Mill é o melhor intérprete. Para
Marx, isto é prova inconteste de ingenuidade ou uma tentativa de conciliação dos
inconciliáveis.
3.2.2.5 Jean Baptist Say (1768 – 1832)
Deu atenção especial ao empresário e ao lucro; subordinou o problema das trocas
diretamente à produção, tornando-se conhecida sua concepção de que a oferta cria a
procura equivalente”, ou seja, o aumento da produção transformar-se em renda dos
trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços.
Lei de Say “É a lei dos mercados”. A oferta cria sua própria procura.
Partindo do pressuposto de que o mecanismo da economia funcione de modo
perfeito e harmônico que tudo se governa de modo eficiente e sutil, o todo não é problema
e apenas as partes mereciam estudo e atenção.
Foi o economista francês Jean Baptist Say que deu formulação definitiva a esta
corrente de idéias em sua célebre “Lei dos Mercados”, a qual depois se transformou em
dogma indiscutível e aceito sem restrições.
De acordo com ela, a superprodução é impossível, pois as forças do mercado
operam de maneira tal que a produção cria sua própria demanda.
Nestas condições os rendimentos criados pelo processo produtivo serão
fortemente gastos na compra desta mesma produção. Tal opinião arraigou-se
profundamente no século atrasado.
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3.3 Pensamento Marxista
A principal reação política e ideológica ao classicismo foi feita pelos socialistas, mais
precisamente por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels. Criticavam a "ordem natural" e a
"harmonia de interesses", pois há concentração de renda e exploração do trabalho.
O pensamento de Marx não se restringe unicamente ao campo da economia, mas
abrange, também, a filosofia, a sociologia e a história. Preconizava a derrubada da ordem
capitalista e a inserção do socialismo. Convém esclarecer que Marx não foi o fundador do
socialismo, pois este já vinha se formando durante os períodos ora citados, tendo por inícioa obra "A República", onde Platão demonstra sinais de ideologia socialista. No entanto, as
obras anteriores ao Karl Marx, estiveram destituídas de sentido prático e nada mais fizeram
do que contrapor-se às práticas comerciais realizadas à época.
Em contraposição aos clássicos, Marx afirmava que erraram ao afirmar que a
estabilidade e o crescimento econômico seria efeito da atuação da ordem natural. E explica,
dizendo que "as forças que criaram essa ordem procuram estabilizá-la, sufocando o
crescimento de novas forças que ameaçam solapá-la, até que essas novas forças finalmente
se afirmem e realizem suas aspirações".
Ao afirmar que "o valor da força de trabalho é determinado, como no caso de
qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho à produção, e conseqüentemente à
reprodução, desse artigo em especial", Marx modificou a análise do valor-trabalho (teoria
objetiva do valor). Desenvolveu, também, a teoria da mais- valia (exploração do trabalho),
que é a origem do lucro capitalista, de acordo com o pensamento marxista. Analisou as
crises econômicas, a distribuição de renda e a acumulação de capital.
No decorrer da evolução do pensamento econômico, Marx exerceu grande impacto
e provocou importantes transformações com a publicação de duas conhecidas obras:
Manifesto Comunista e O Capital. Segundo sua doutrina, a industrialização vinha
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acompanhada de efeitos danosos ao proletariado, tais como, baixo padrão de vida, longa
jornada de trabalho, reduzidos salários e ausência de legislação trabalhista.
3.4 A Teoria Neoclássica (Fins do séc. XIX ao início do séc. XX)
A partir de 1870, o pensamento econômico passava por um período de incertezas
diante de teorias contrastantes (marxista, clássica e fisiocrata). Esse período conturbado só
teve fim com o advento da Teoria Neoclássica, em que se modificaram os métodos de
estudo econômicos. Através destes buscou-se a racionalização e otimização dos recursosescassos.
Conforme a Teoria Neoclássica, o homem saberia racionalizar e, portanto,
equilibraria seus ganhos e seus gastos. É nela que se dá a consolidação do pensamento
liberal. Doutrinava um sistema econômico competitivo tendendo automaticamente para o
equilíbrio, a um nível pleno de emprego dos fatores de produção.
A principal preocupação dos neoclássicos era o funcionamento de mercado e como
se chegar ao pleno emprego dos fatores de produção, baseada no pensamento liberal.
3.4.1 Alfred Marshall (1842-1924)
Alfred Marshall, um dos grandes fundadores da teoria Neoclássica no séc. XIX, no
processo de sua construção, procurou apoiar-se em dois paradigmas de ciência que não se
combinam confortavelmente: o mecânico e o evolucionário.
Conforme o primeiro, a economia real é entendida como um sistema de elementos
(basicamente, consumidores e firmas) que permanecem idênticos a si mesmos exteriores
uns aos outros, e que estabelecem relações de trocas orientados unicamente pelos preços.Estes últimos tem a função de equilibrar as ofertas e demandas que constituem os
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mercados. Na economia como um sistema mecânico é preciso notar, todo movimento é
reversível e nenhum envolve qualquer mudança qualitativa.
Conforme o segundo, a economia real é compreendida como um sistema m
permanente processo de auto- organização que apresenta propriedades emergentes. Os
elementos do sistema evolucionário podem se transformar no tempo. Influenciando-se uns
aos outros, relacionando-se entre si de várias formas, as quais também podem mudar. Ao
contrário do que ocorre no sistema mecânico, neste último o movimento acompanha a
flecha do tempo e aos acontecimentos são irrevogáveis.
Para Marshall é preciso tomar um caminho evolucionário e este caminho hoje está
aberto mesmo o plano do formalismo já que a era do computador permite o
desenvolvimento de modelos com base em dinâmicas complexas.
3.5 O Keynesianismo (Década de 1930)
Quando a doutrina clássica não se mostrava suficiente diante de novos fatos
econômicos, surgiu o economista inglês John Maynard Keynes que, com suas obras,
promoveu uma revolução na doutrina econômica, opondo-se, principalmente, ao marxismo
e ao classicismo. Substituindo os estudos clássicos por uma nova maneira da raciocinar na
economia, além de fazer uma análise econômica reestabelecedora do contato com a
realidade.
Seus objetivos eram de, principalmente, explicar as flutuações econômicas ou
flutuações de mercado e o desemprego generalizado, ou seja, o estudo do desemprego em
uma economia de mercado, sua causa e sua cura.
Opondo-se ao pensamento marxista, Keynes acreditava que o capitalismo poderia
ser mantido, desde que fossem feitas reformas significativas, já que o capitalismo houvera
se mostrado incompatível com a manutenção do pleno emprego e da estabilidade
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econômica. Recebendo, portanto, muitas críticas dos socialistas no que se refere ao
aumento da inflação, ao estabelecimento da uma lei única de consumo, ignorando as
diferenças de classes. E, por outro lado, algumas de suas idéias foram agregadas ao
pensamento socialista, como por exemplo, a política do pleno emprego e a do
direcionamento dos investimentos.
Keynes defendia a intervenção moderada do Estado. Afirmava que não havia razão
para o socialismo do Estado, pois não seria a posse dos meios de produção que resolveria os
problemas sociais, ao Estado compete incentivar o aumento dos meios de produção e a boa
remuneração de seus detentores.
Roy Harrod acreditava que Keynes tinha três talentos que poucos economistas
possuem. Primeiramente a lógica, para assim poder ter se transformado num grande
especialista na teoria pura da Economia. Dominar a técnica de escrever lúcida e
convincentemente. E, por fim, possuir um senso realista de como as coisas se realizarão na
prática.
Suas obras estimularam o desenvolvimento de estudos não só no campo
econômico, mas também nas áreas da contabilidade e da estatística. Na evolução do
pensamento econômico, até agora, não houve nenhuma obra que provocasse tanto impacto
quanto a Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda de Keynes.
O pensamento Keynesiano deixou algumas tendências que prevalecem até hoje no
nosso atual sistema econômico. Dentre as principais, os grandes modelos
macroeconômicos, o intervencionismo estatal moderado, a revolução matematizante da
ciência econômica...
Os Keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle
da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por
aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento
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de salários e preços. Mas a partir da década de 60os índices de inflação foram acelerados de
forma alarmante.
A partir do final da década de 70, os economistas tem adotado argumentos
monetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina Keynesiana; mas as
recessões em escala mundial, das décadas de 80 e 90 refletem os postulados da política
econômica de Jonh Maynard Keynes.
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4 Dinâmica dos Mercados
4.1 Microeconomia
A Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preços, analisa a formação de preços no
mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a
quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos. A microeconomia
estuda o funcionamento da oferta e da procura na formação do preço no mercado, isto é, o
preço sendo obtido pela interação do conjunto dos consumidores com o conjunto de
empresas que fabricam um dado bem ou serviço.
4.1.1 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica
A hipótese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): o foco de estudo é
dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele
exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de
maneira absoluta.
4.1.1.1 Papel dos Preços Relativos
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, ospreços dos bens em relação aos demais, do que os preços absolutos ( isolados) das
mercadorias. Exemplo: se o preço do guaraná cair 10%, mas também o preço da soda cair
em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preço do
guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na
quantidade procurada de guaraná e uma queda na soda. Embora não tenha havido
alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com
o guaraná.
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4.1.1.2 Princípio da Racionalidade
Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados
pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação no consumo
de bens e serviços ( limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias).
4.1.2 Aplicações da Análise Microeconômica
A teoria microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões
do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para esclarecer políticas e
estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em nível de empresas quanto
de nível de política econômica.
Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões:
políticas de preços da empresa;
previsão de demanda e faturamento;
previsão de custos de produção;
decisões ótimas de produção (melhor combinação dos custos de produção);
avaliação/elaboração de projetos de investimentos (análise custo/benefício);
política de propaganda e publicidade;
localização da empresa.
Em relação da política econômica, pode contribuir na análise e tomada de decisões
das seguintes questões:
efeitos de impostos sobre mercados específicos;
política de subsídios;
fixação de preços mínimos na agricultura;
controle de preços;
política salarial;
políticas de tarifas públicas. (água, luz, etc.).
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4.2 Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito
subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores
atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Como está baseada em
aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor
(uns preferem uísque, outros preferem cerveja etc.).
4.2.1 Demanda de Mercado
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado
bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São
elas: o preço do bem e serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto
ou preferência do indivíduo.
Para estudar-se a influência dessas variáveis, utiliza-se a hipótese do coeteris
paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as
decisões do consumidor.
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço
do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda.
Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva
de procura ou função demanda.
A relação preço/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de
procura, conforme apresentada a seguir:
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Alternativa de preço ($) Quantidade Demandada
2,00 32.000
5,00 16.00010,00 8.000
16,00 4.000
20,00 3.000
Tabela 2 – Relação Preço/Quantidade
O gráfico, a seguir, correspondente à Tabela 02, representa a Lei Geral da
Demanda:
Gráfico 1 – Lei Geral da Demanda
Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda será provocada
por esses dois efeitos somados:
Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar
que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor
passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo:
Fósforo.
Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, o consumidor perde o poder
aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui.
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4.2.1.1 Elasticidade
Cada produto tem sua própria sensibilidade com relação às variações dos preços e
da renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida através da elasticidade.
Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação de uma variável quando ocorrem
alterações em outra variável, coeteris paribus.
4.2.1.1.1 Elasticidade-preço da Demanda
É a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações de seu
preço. Pode ser:
Demanda elástica: os consumidores de um determinado produto têm grande
reação ou resposta nas quantidades a eventuais variações de preços.
Demanda inelástica: os consumidores tendem a reagir em menor escala às
variações de preços.
Fatores que influenciam o grau de elasticidade da demanda:
Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um
bem, mais elástica será sua demanda;
Essencialidade do bem: se o bem é essencial, será pouco sensível à variação do
preço;
Importância do bem, quanto ao gasto no orçamento do consumidor: quanto
mais importante o gasto referente a um determinado bem, em relação ao
orçamento, mais sensível torna-se o consumidor a alterações de seu preço, ou
seja, a demanda é mais elástica.
Comparativamente, por exemplo, a carne tende a ter a elasticidade-preço da
demanda mais elevada que o fósforo, em função da relação do preço da carne junto ao
orçamento doméstico.
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4.2.2 Oferta de Mercado
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam
oferecer ao mercado em determinado período de tempo.
Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre
eles:
de seu próprio preço;
dos demais preços;
dos preços dos fatores de produção; das preferências do empresário; e
da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação
direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de
preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:
Alternativas de Preço ( $ ) Quantidade Ofertada
2,00 4.000
5,00 12.000
10,00 23.000
16,00 32.000
20,00 36.000
Tabela 3 – Relação Preço/Quantidade
O gráfico, a seguir, correspondente à Tabela 03, representa a Lei Geral da Oferta:
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Gráfico 2 – Lei Geral da Oferta
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem
deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as
empresas a produzirem mais, aumentando sua receita.
4.2.3 Equilíbrio de Mercado
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade
de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado.
Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X:
QuantidadePreço ($) Procurada Ofertada Situação de Mercado
1,00 11 1 Excesso de procura (escassez de oferta)
3,00 9 3 Excesso de procura (escassez de oferta)
6,00 6 6 Equilíbrio entre oferta e procura
8,00 4 8 Excesso de oferta (escassez de procura)
10,00 2 10 Excesso de oferta (escassez de procura)
Tabela 4 – Relação entre quantidades ofertadas e demandas
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Como se observa na tabela, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X,
quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias.
4.3 Interferência do Governo no equilíbrio de mercado
O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível microeconômico ,
e quando fixa impostos e subsídios, estabelecem critérios de reajustes do salário mínimo,
fixa preços mínimos para produtos agrícolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento
de preços e salários.
4.3.1 Estabelecimento de Impostos
É sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer
dizer que é ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o
ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados.
Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuições de melhoria. O impostos
dividem-se em:
Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas.
Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI).
Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de
Renda.
4.3.2 Política de preços mínimos na agricultura
Trata-se de uma política que visa dar garantia de preços ao produtor agrícola, compropósito de protegê-lo das flutuações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de
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uma possível queda acentuada de preços e conseqüentemente da renda agrícola. O
governo, antes do início do plantio, garante um preço que ele pagará após a colheita do
produto.
4.3.3 Tabelamento
Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando
coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade
ou então refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado,Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preços e salários.
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5 Estruturas de Mercado
5.1 Introdução
Nas aulas anteriores vimos, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e
serviços, e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o mercado
automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma
estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.
As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de três
características:
número de empresas que compõe esse mercado;
tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas maximizam o
lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos
que existe uma teoria alternativa, que pressupõe que a empresa maximiza o mark-up, que é
margem entre a receita e os custos diretos (ou variáveis) de produção.
5.2 Estruturas do Mercado de Bens e Serviços
5.2.1 Concorrência Pura ou Perfeita
É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores ( empresas ),
de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta
do mercado e, conseqüentemente, o preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:
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produtos homogêneos: não existe diferenciação entre os produtos ofertados
pelas empresas concorrentes;
não existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado;
transparência do mercado: todas as informações sobre lucros, preços etc. são
conhecidas por todos os participantes do mercado.
5.2.2 Monopólio
O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições diametralmenteopostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário
(empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. Não há,
portanto concorrência, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os
consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simplesmente
deixaram de consumir o produto.
Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa é a própria curva de
demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará
sujeita aos preços vigentes. Mas isso não significa que poderá aumentar os preços
indefinidamente.
Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a
entrada de novas firmas no mercado.
Essas barreiras podem advir das seguintes condições: Monopólio puro, elevado
volume de capital, patente e controle de matérias-primas básicas. Existem, ainda, os
monopólios institucionais ou estatais em setores considerados estratégicos ou de segurança
nacional (petróleo, energia, comunicação).
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5.2.3 Oligopólio
É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de
empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em
que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou então onde
há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de
bebidas.
O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar
inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel,indústria farmacêutica etc.
Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre
as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de
produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas
que a ele pertencem.
Podemos caracterizar também tanto oligopólios com produtos diferenciados (como
a indústria automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos (alumínio).
5.2.4 Concorrência Monopolista
Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita
e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes características:
número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial,
porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por
características físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares
(pós-venda).
margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez queexistem produtos substitutos no mercado.
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Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço
de seu produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência
monopolista).
5.3 Estruturas do Mercado de Fatores de Produção
Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de
fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também apresenta
diferentes estruturas.
5.3.1 Concorrência Perfeita no Mercado de Fatores
É um mercado onde existe oferta abundante do fator de produção, por exemplo,
mão de obra não especializada, o que torna o preço desse fator constante.
Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições
de obter preços mais elevados por seus serviços.
5.3.2 Monopsônio
Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos
vendedores dos serviços dos insumos.
É o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por
ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas,
tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.
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5.3.3 Oligopsônio
É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado
para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou
três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A
indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é
oligopsonista na compra de autopeças.
5.3.4 Monopólio Bilateral
O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de
produção, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, só a
empresa A compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A empresa A
é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista,
porque só ela vende este tipo de aço.
Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores
econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preço
mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista tentando vender por
um preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor).
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6 O Setor Público
O Governo, um dos três elementos que entram na formação do Estado, ao lado da
população e do território, incorpora a autoridade capaz de organizar a sociedade e dirigi-la.
Em sentido amplo, O Governo compreende um conjunto de órgãos e funções por meio do
qual a autoridade dirige e regula, através de normas, as atividades dos cidadãos. A presença
do Governo no processo econômico vem modificando-se ao longo do tempo. Assim, há
algumas décadas, seu papel limitava-se às atividades fundamentais, voltadas para a
segurança e defesa dos cidadãos e de seu direito de propriedade.
Entretanto, com a publicação da obra Teoria Geral da Moeda, do Juro e do
Emprego, de John Maynard Keynes, o desequilíbrio intrínseco do sistema capitalista fica
evidenciado e sujeito a crises profundas. A solução para a minimização destas distorções é a
intervenção do Estado na economia. Desse modo, caberia ao Estado controlar o fluxo de
investimentos e de consumo, para evitar as crises e a inflação.
A política econômica ditada pelo Estado é que irá determinar o nível de
investimentos, do qual resultarão a taxa de poupança e o volume de lucros gerados pelo
sistema econômico. Ocorre, assim, a transformação do papel do Estado na economia: passa
a ser o Estado Regulador, que entra em ação na esfera econômica a fim de resolver os
problemas criados pelo desenvolvimento do capitalismo.
6.1 Formas de Ação Econômica
A participação do Estado enquanto ente regulador da atividade econômica é
exercida através de ações como: os seus gastos, as suas fontes de receita, os controles e a
produção de bens e serviços. O dispêndio governamental, quer seja para consumo ou
investimento, tem a característica de promover a atividade econômica: quando o Governo
está consumindo ou investindo em formação bruta de capital fixo, alguém está fornecendo-lhe bens e serviços. Os impostos, ou fontes de receita, servem para cobrir as despesas
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governamentais e também estabelecer ou modificar o perfil do consumo de determinados
bens, além de servirem de ferramental para a distribuição de renda.
A participação do governo na condução da atividade econômica significa o próprio
controle operacional do setor privado.
Esta responsabilidade e influência cresce e se revigora à medida que o Governo
toma para si as preocupações com:
manutenção do pleno emprego e estabilidade de preços;
motivação de investimentos em áreas consideradas prioritárias do ponto devista da política e estratégia econômica;
modificação da distribuição “natural” de renda do setor privado, por meio de
impostos, distribuição indireta de renda e fornecimento de bens e serviços às
camadas da população de baixa renda;
suprimento de bens e serviços que não seriam fornecidos pelo setor privado,
como defesa e manutenção da escritura institucional do Estado.
6.2 Razões da Expansão das Atividades Públicas
São diversos os fatores que levam à expansão das atividades públicas:
condição de protetor da propriedade privada em períodos de conflitos armados;
regulador da estrutura econômica nos momentos de crises e recessões
mundiais;
avanços da legislação social, responsabilizando o Estado por um seguro social
cada vez mais abrangente;
necessidade de investimentos em infra-estrutura e modernização dos meios de
transporte;
ampliação e manutenção de serviços urbanos.
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6.3 Financiamento das Atividades Públicas
Para fazer frente aos seus gastos e investimentos, o Setor Público lança mão de
várias fontes: vendas de bens e serviços das diversas empresas públicas, imposição de
tributos e empréstimos compulsórios, operações de crédito público e emissão monetária.
A venda de bens e serviços de empresas públicas consiste na comercialização de
passagens ferroviárias, selos postais, taxas de expediente, taxas de utilização de portos e
aeroportos etc.
Os tributos constituem o mais importante item da receita e compreendem os
impostos, as taxas e as contribuições de melhorias. Classificam-se em diretos e indiretos. Os
impostos diretos incidem sobre a renda dos indivíduos, rendas da propriedade. Estes
tributos são recolhidos diretamente ao Estado. Os impostos indiretos incidem sobre o
dispêndio, e são embutidos nos preços dos bens que são adquiridos e são recolhidos aos
cofres públicos pelo vendedor.
As operações de crédito público são os empréstimos a que o Governo recorre tanto
interna como externamente. Em troca, o Governo emite um bônus ou título, pagando juros.
A emissão monetária compreende a emissão de dinheiro novo, um recurso
extremado de que dispõe Governo para cobrir suas necessidades de caixa, porque ao
ampliar o volume de moeda existente na economia, sem uma contrapartida no aumento
dos bens transacionados, ocorrerá elevação do nível de preços.
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7 O Sistema Monetário Nacional
7.1 História da Moeda
7.1.1 Origem da Moeda: o Escambo
Os primeiros grupos humanos, em geral nômades, não conheciam a moeda e
recorriam às trocas diretas de objetos (chamada de escambo) quando desejavam algo que
não possuíam. Esses grupos, basicamente, praticavam uma exploração primitiva da natureza
e se alimentavam por meio da pesca, caça e coleta de frutos. Num ambiente de pouca
diversidade de produtos, o escambo era viável.
O escambo apresenta alguns problemas no que se refere ao desenvolvimento das
atividades econômicas de uma maneira geral. Ele exige uma dupla coincidência de desejos,
porque quem pescasse e quisesse, por exemplo, um machado, teria que achar uma outra
pessoas que fabricasse machados e quisesse, exatamente, peixes. Outro problema diz
respeito à indivisibilidade dos objetos nas trocas diretas. Montoro Filho (1992) exemplifica
esse problema salientando a dificuldade que um fabricante de canoas teria se quisesse
tomar um cafezinho.
A primeira revolução agrícola foi modificando o sistema baseado no escambo. A
vida nômade foi gradativamente cedendo lugar para sedentária e a produção passou a
diversificar-se com a introdução de utensílios de trabalho. A divisão social do trabalho
começa a se manifestar e os integrantes do grupo ganham funções específicas como
guerreiros, agricultores, pastores, artesãos e sacerdotes Dessa maneira, a divisão do
trabalho provocou sensíveis mudanças na vida social.
A atividade econômica tornou-se mais complexa; o numero de bens e serviços
exigidos para satisfação das necessidades do grupo aumentou, por conseqüência, a "dupla
coincidência de desejos" torna-se mais difícil; a troca torna-se fundamental para asobrevivência do grupo social
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A partir de então, alguns bens de aceitação são eleitos como intermediários de
trocas, exercendo, portanto, função de moeda.
A moeda pode ser conceituada como um intermediário de trocas:
"que serve como medida de valor e que tem aceitação geral.(...) esta aceitação geral é um fenômeno essencialmente social. Alémdisso, como a moeda representa um poder de aquisição, desde omomento em que é recebida até o momento em que é dada empagamento de outra transação, ela também se caracteriza como umareserva de valor" (LOPES e ROSSETTI, 1991: 18).
7.1.2 Evolução Histórica da Moeda
As primeiras moedas foram mercadorias e deveriam ser suficientemente raras,
para que tivessem valor, e, como já foi dito, ter aceitação comum e geral. Elas tinham,
então, essencialmente valor de uso; e como esse valor de uso era comum e geral elas
tinham, conseqüentemente, valor de troca). O abandono da exigência do valor de uso dos
bens, em detrimento do valor de troca, foi gradativo.
Entre os bens usados como moeda estão o gado, que tinha a vantagem, de
multiplicar-se entre uma troca e outra — mas, por outro lado, o sal na Roma Antiga; o
dinheiro de bambu na China; o dinheiro em fios na Arábia.
"As moedas-mercadorias variaram amplamente de comunidade para comunidade e
de época para época, sob marcante influência dos usos e costumes dos grupos sociais em
que circulavam".
Assim, por exemplo, na Babilônia e Assíria antigas utilizava-se o cobre, a prata e a
cevada como moedas; na Alemanha medieval, utilizavam-se gado, cereais e moedas
cunhadas de ouro e prata; na Austrália moderna fizeram a vez de moeda o rum, o trigo e até
a carne.
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Com o tempo, as moedas-mercadorias foram sendo descartadas. As principais
razões para isso foram:
elas não cumpriam satisfatoriamente a característica de aceitação geral exigida
nos instrumentos monetários. Além disso, perdia-se a confiança em mercadorias
não homogêneas, sujeitas à ação do tempo (como no caso dos gados citado
acima), de difícil transporte, divisão ou manuseio;
a característica valor de uso e valor de troca tornava o novo sistema muito
semelhante ao escambo e suas limitações intrínsecas.
Os metais preciosos passaram a sobressair por terem uma aceitação mais geral euma oferta mais limitada, o que lhes garantia um preço estável e alto. Além disso, não se
desgastavam, facilmente reconhecidos, divisíveis e leves. Entretanto, havia o problema da
pesagem.
Em cada transação, os metais preciosos deveriam ser pesados para se determinar
seu valor. Esse problema foi resolvido com a cunhagem, quando era impresso na moeda o
seu valor. Muitas vezes, entretanto, um soberano recontava as moedas para financiar o
tesouro real. Ele recolhia as moedas em circulação e as redividia em um número maior,
apoderando-se do excedente. Esse processo gerava o que conhecemos como inflação, uma
vez que existia um maior número de moedas para uma mesma quantidade de bens
existentes
Os primeiros metais utilizados como moeda foram o cobre, o bronze e,
notadamente, o ferro. Por serem, ainda, muito abundantes, não conseguiam cumprir uma
função essencial da moeda que é servir como reserva de valor. Dessa maneira, os metais
não nobres foram sendo substituídos pelo ouro e pela prata, metais raros e de aceitação
histórica e mundial.
O desenvolvimento de sistemas monetários demandaram o surgimento de um
novo tipo de moeda: a moeda-papel. A moeda-papel veio para contornar os inconvenientes
da moeda metálica (peso, risco de roubo), embora valessem com lastro nela. Assim surgem
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os certificados de depósito, emitidos por casas de custódia em troca do metal precioso nela
depositado. Por ser lastreada, essa moeda representativa poderia ser convertida em metal
precioso a qualquer momento, e sem aviso prévio, nas casas de custódia A moeda-papel
abre espaço para o surgimento da moeda fiduciária, ou papel-moeda, modalidade de moeda
não lastreada totalmente. O lastro metálico integral mostrou-se desnecessário quando foi
constatado que a reconversão da moeda-papel em metais preciosos não era solicitada por
todos os seus detentores ao mesmo tempo e ainda quando uns a solicitavam, outros
pediam novas emissões.
A passagem da moeda-papel para o papel-moeda é tida como uma das mais
importantes e revolucionárias etapas da evolução histórica da moeda A falência do sistema
privado de emissões (quando, em diversos momentos da História, todos resolviam
reconverter seus papéis-moeda em metais preciosos) levou o Estado a controlar o
mecanismo das emissões e a exercer seu monopólio.
Após o uso de diversos sistemas de conversão que se mostraram fracassados, os
sistemas monetários de quase todos os países, depois da Grande Depressão gerada pelacrise de 1929-33, com a exceção dos Estados Unidos — que mantiveram o lastro metálico
proporcional até 1971 —, adotaram o sistema fiduciário.
Hoje, esses sistemas apresentam inexistência de lastro metálico, inconversiblidade
absoluta e monopólio estatal das emissões Desenvolve-se, juntamente com a moeda
fiduciária, a chamada moeda bancária, escritural (porque corresponde a lançamentos a
débito e crédito) ou invisível (por não ter existência física). O seu desenvolvimento foi
acidental (LOPES e ROSSETTI, 1991), uma vez que não houve uma conscientização de que os
depósitos bancários, movimentados por cheques, eram uma forma de moeda. Eles
ajudaram a expandir os meios de pagamento através da multiplicação de seu uso. Hoje em
dia, a moeda bancária representa a maior parcela dos meios de pagamento existentes.
Criada pelos bancos comerciais, essa moeda corresponde à totalidade dos
depósitos à vista e a curto prazo e sua movimentação é feita por cheques ou por ordens de
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pagamento — instrumentos utilizados para sua transferência e movimentação. Atualmente,
as duas formas de moeda utilizadas são a fiduciária e a bancária, que têm apenas valor de
troca.
7.2 Funções da Moeda
Para aprofundar as utilizações da moeda descritas acima, quando foi feita a sua
conceituação, estão, a seguir, as principais funções da moeda relacionadas por Cavalcanti e
Rudge:a) Intermediária de trocas: Superação do escambo, operação de economia
monetária, melhor especialização e divisão social do trabalho, transações com
menor tempo e esforço, melhor planejamento de bens e serviços;
b) Medida de valor: Unidade padronizada de medida de valor, denominador
comum de valores, racionaliza informações econômicas constrói sistema
agregado de contabilidade social, produção, investimento, consumo, poupança;
c) Reserva de valor: Alternativa de acumular riqueza, liquidez por excelência,
pronta aceitação consensual;
d) Função liberatória: Liquida débitos e salda dívidas, poder garantido pelo Estado;
e) Padrão de pagamentos: Permite realizar pagamentos ao longo do tempo,
permite crédito e adiantamento, viabiliza fluxos de produção e de renda;
f) Instrumento de poder: Instrumento de poder econômico, conduz ao poder
político, permite manipulação na relação Estado-Sociedade.
7.3 A Oferta de Moeda
Vamos nos concentrar agora nos fatores que determinam a oferta de moeda.
Vimos que a oferta de moeda é realizada tanto pelas autoridades monetárias, por meio da
emissão de notas e moedas metálicas, quanto pelos bancos comerciais que, apesar de nãopoderem emitir, podem, no entanto, criar ou destruir moeda.
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Iremos inicialmente estudar a oferta de moeda dos bancos comerciais e
posteriormente analisar os instrumentos disponíveis pelas autoridades para controlarem a
oferta total de moeda.
7.3.1 O Sistema Bancário: Criação e Destruição de Moeda
De início, convém definir o que venha a ser criação ou destruição de moeda. Na
seção anterior definimos moeda como sendo a soma do papel-moeda em poder do público
(inclusive moedas metálicas) e dos depósitos à vista nos bancos comerciais. A primeiraparcela é chamada moeda manual ou moeda corrente, e, a segunda, moeda escritural ou
bancária. Haverá criação de moeda quando houver um aumento desta soma, ou seja, um
aumento do volume da soma de moeda corrente e de moeda escritural. De outra parte
haverá destruição de moeda quando se reduzir o volume de meios de pagamento.
Alguns exemplos esclarecem estes aspectos:
um indivíduo efetua um depósito à vista. Não há criação nem destruição de
moeda e, sim, uma transferência entre moeda manual e moeda escritural;
um indivíduo efetua um depósito a prazo. Existe destruição de meios de
pagamento, pois depósitos a prazo não são considerados meios de pagamento;
um banco compra títulos da dívida pública possuídos pelo público, pagando em
moeda corrente: há criação de meios de pagamento, pois aumenta o volume de
moeda manual em poder do público (estas operações são chamadas Mercado
Aberto ou Open Market ).
A criação (ou destruição) de moeda manual corresponde, assim, a um aumento (ou
diminuição) do papel-moeda em poder do público, enquanto para a moeda escritural a sua
criação (ou destruição) se dá quando há um acréscimo (ou decréscimo) dos depósitos à vista
ou a curto Prazo nos bancos comerciais. Portanto nossa preocupação, no momento, é
verificar como os bancos podem aumentar ou diminuir os depósitos à vista.
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Nestas condições vamos analisar o que ocorre quando é feito um novo depósito de
$ 100,00, em moeda, neste nosso banco monopolista.
A tabela a seguir mostra como esta transação será transcrita nos livros do banco:
Ativo Passivo
Encaixe 100 Depósitos 100
Tabela 5 – Encaixes Bancários
Nesta primeira etapa não houve criação de moeda e, sim, uma transferência demoeda manual para moeda escritural. Ocorre, entretanto, que o banco não precisa
conservar 100% de reservas para garantir seus depósitos. A experiência mostra que uma
parcela, pequena, é suficiente, vamos supor 10%.
Com $ 100,00 de reservas o banco pode prometer pagar $ 1.000,00 (de depósitos).
Assim ele poderá, por exemplo, emprestar $ 500,00 para a empresa X, e emprestar $ 400,00
ao indivíduo A, cobrando juros em ambas; as operações. Em contrapartida o banco permite
ao indivíduo A preencher cheques até o montante do empréstimo e abre um crédito na
conta da empresa X no valor de $ 500,00. A tabela, a seguir, mostra como estas transações
aparecerão nos livros do banco:
Ativo Passivo
Encaixe 100
Empréstimo para X 500
Empréstimo para A 400
Depósitos 1.000
1.000 1.000
Tabela 6 – Transações Bancárias
O ativo do banco agora inclui os $ 100,00 do depósito inicial, e os $ 900,00 de
empréstimos efetuados. O passivo, por sua vez, aumentou para $ 1.000,00, sendo $ 100,00
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dos depósitos iniciais, $ 500,00 de depósitos criados para a empresa X e $ 400,00 criados
para o indivíduo A.
Note-se que por simples lançamentos contábeis o banco criou $ 900,00 de novos
depósitos, ou seja, moeda escritural. Seus encaixes agora representam 10% de suas
obrigações (depósitos).
É de se esperar que tanto a empresa X como o indivíduo A gastem o seu dinheiro.
Na maioria dos casos eles o farão por meio de cheques. Como estamos supondo que exista
um único banco e que o público não deseje conservar quantias adicionais de moeda em
forma de moeda manual, os indivíduos, ou empresas, que receberem os cheques, irão
depositá-los no nosso banco. O banco, então, reduzirá a conta corrente de quem preencheu
o cheque e aumentará a conta de quem o recebeu. Não haverá, assim, qualquer alteração
no total dos seus depósitos, e a situação permanece a mesma que foi descrita pela Tabela 6,
com modificações apenas na composição interna dos depósitos.
7.3.2.2 Vários Bancos Comerciais
No raciocínio exposto acima, fizemos duas hipóteses simplificadoras. Vamos agora
alterar o raciocínio, eliminando-as. Em primeiro lugar, vamos supor a existência de muitos
bancos, hipótese esta que corresponde à realidade brasileira.
Neste caso, cada banco, isoladamente, não pode esperar que os cheques lançados
por seus clientes sejam recebidos por outros seus clientes e novamente depositados no
banco. É de se esperar que estes cheques sejam depositados em outros bancos, ao menos a
maioria. Assim, cada banco individualmente não poderá se comportar da forma que foi
exposta no caso de um único banco.
Podemos, entretanto, pensar no sistema em conjunto, ou seja, raciocinarmos com
todos os bancos agregadamente.
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Nestas condições, o raciocínio é o mesmo. De fato, para o sistema como um todo,
vale a hipótese feita de que todos os cheques serão novamente depósitos no sistema. E,
assim, o mecanismo de expansão é exatamente igual ao apresentado. O sistema bancário
pode criar depósitos num valor múltiplo dos depósitos iniciais.
7.4 O Banco Central
Os bancos que acabamos de analisar são bancos comerciais, ou seja, bancos
privados, cujo comportamento é ditado pela regra de maximizar os lucros, ou motivados emseu funcionamento pelos lucros a serem alcançados.
Além destes bancos, encontramos, em quase todos os países, Bancos Centrais, cuja
função primordial é regular o fluxo da moeda e do crédito na economia. O Banco Central é
uma agência das autoridades monetárias por meio da qual é realizada a política monetária.
Em outras palavras, o Banco Central é o instrumento pelo qual o governo realiza sua política
monetária.
A estrutura administrativa e jurídica dos diversos Bancos Centrais varia largamente
entre países. No Reino Unido, o Banco Central é o Banco da Inglaterra. Nos Estados Unidos,
encontramos o Sistema Federal de Reserva. No Brasil, as funções do Banco Central são
desempenhadas pelo Banco Central do Brasil e pelo Banco do Brasil. Entretanto, em que
pese as diferenças institucionais, as funções dos diversos bancos centrais são as mesmas.
Neste sentido, vamos nos concentrar no estudo das funções gerais de um banco central.
7.4.1 Banco dos Bancos
Os bancos comerciais podem querer depositar seus fundos em algum lugar e
necessitam de um mecanismo para transferir fundos de um banco para outro. O BancoCentral cumpre este papel. Recebe depósitos dos bancos comerciais e transfere fundos de
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um para outro banco. Esta última função é desempenhada pela Câmara de Compensação de
Cheques.
O funcionamento da compensação é simples. A Câmara se reúne, normalmente,
uma única vez por dia. Cada banco comercial apresenta os cheques de outros bancos,
recebidos em suas agências, e ao mesmo tempo lhe são cobrados cheques de seus clientes
depositados em outros bancos. São somados os débitos e créditos de cada banco. Os saldos
líquidos são a seguir transferidos. Os bancos que tenham saldos positivos recebem fundos
dos que tenham saldos negativos. Este mecanismo é controlado no Brasil pelo Banco do
Brasil.
Os bancos comerciais precisam também de fundos líquidos. Uma das formas de
consegui-los é pedir emprestado ao Banco Central. A taxa de juros que os bancos comerciais
pagam é conhecida como taxa de redesconto.
O Banco Central deve ser um banco austero. Recusar novos empréstimos quando
achar necessário e cobrar os empréstimos atrasados. O Banco Central deve ser "umemprestador de última instância-. Sua função deve ser a de socorrer os bancos em suas
dificuldades, mas somente nestas ocasiões.
De outra parte, o Banco Central pode usar, e realmente usa, este poder de
emprestar para controlar e regular as atividades dos bancos comerciais.
7.4.2 Banco do Governo
Grande parte dos fundos do governo são depositados no Banco Central. De outra
parte, quando o governo necessita de recursos, ele normalmente emite títulos (obrigações)
e os vende ou ao público ou ao Banco Central, obtendo, assim, os fundos necessários.
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Mesmo quando o governo vende títulos ao público, ele o faz por meio do Banco
Central. Este é, por estas razões, o agente financeiro do governo, ou melhor, o banco do
governo.
No Brasil, por causa da estrutura híbrida do Banco Central, uma parte das funções é
desempenhada pelo Banco do Brasil. O Banco Central do Brasil não recebe depósitos do
governo. Quem o faz é o Banco do Brasil.
7.4.2.1 Controle e Regulamentação da Oferta de Moeda
A principal função do Banco Central é controlar a oferta de moeda. Para tal fim, ele
pode utilizar vários instrumentos. Os principais são as emissões de papel-moeda, as reservas
obrigatórias dos bancos comerciais e as operações de mercado aberto ( open market ). A
seguir, examinaremos cada uni destes instrumentos e como por meio deles as autoridades
monetárias podem fornecer ao sistema econômico uma oferta de moeda suficiente para o
desenvolvimento das atividades econômicas, mas que, por outro lado, não seja excessiva a
ponto de se tornar uma fonte de inflação:
a) Monopólio das Emissões:
Em quase todos os países do mundo, o Banco Central controla, por força de lei, o
volume de papel-moeda emitido. Em outras palavras, o Banco Central tem o monopólio das
emissões.
Em geral, não se recomenda que o Banco Central use este seu poder para controlar
a oferta de moeda, mas que coloque em circulação o volume de notas e moedas metálicas
necessárias ao bom desempenho da economia. O controle da oferta de meios de
pagamento deve ser realizado pela utilização dos outros instrumentos.
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b) Reservas Obrigatórias
Como já foi discutido, os bancos comerciais guardam uma parcela dos depósitos
como reservas e com a finalidade de atender ao movimento de caixa.
Em geral, os bancos centrais forçam os bancos comerciais a guardar reservas
superiores às que seriam indicadas pela experiência e prudência destes estabelecimentos.
No Brasil, estas reservas obrigatórias ou compulsórias são em média pouco superiores a
35% dos depósitos à vista; nos Estados Unidos, esta taxa é pouco inferior a 20%; e na
Inglaterra, aproximadamente 8 % do total dos depósitos.
Além destes instrumentos, o Banco Central usa também seu poder de ser o banco
dos bancos, especialmente por meio da política de redesconto.
Como pôde ser visto, nas fórmulas apresentadas acima, a relação encaixe-depósitos
é uma das determinantes do mecanismo de expansão dos meios de pagamento. Assim, a
variação das taxas de reservas obrigatórias acarreta alterações substanciais na criação de
moeda por parte dos bancos comerciais.
De outra parte, não só a expansão dos meios de pagamento é afetada pela
modificação nas reservas, mas o próprio volume de moeda escritural é alterado e, portanto,
a oferta de meios de pagamento. De fato, para um volume de $ 1.000.000,00 de reservas e
com uma relação encaixe-depósitos igual a 0,20%, o total de moeda escritural será $
5.000.000,00. Caso o Banco Central altere a relação para 0,25%, o sistema bancário será
obrigado a reduzir o volume de moeda escritural para $ 4.000.000,00, mesmo que suas
reservas permaneçam iguais a $ 1.000.000,00, pois agora ele será obrigado a ter como
reservas 25% dos depósitos. Calculando 25% de 4 milhões, dará 1 milhão. Seria interessante
que o leitor estudasse o que ocorreria caso o Banco Central reduzisse a relação encaixe-
depósitos para 0,10%.
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c) Operações de Mercado Aberto ("Open Market")
Outro instrumento importante para o controle da oferta de moeda são as
operações de mercado aberto. Em muitos países, Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo,
este instrumento é o mais utilizado pelas autoridades monetárias.
No Brasil, sua utilização data do início da década de 70. Em essência, estas
operações consistem em vendas ou compras, por parte do Banco Central, de títulos
governamentais no mercado de capitais. Qual o efeito destas compras e vendas sobre a
oferta de moeda?
Para entendermos esta repercussão, vamos analisar o que ocorre quando estas
operações são realizadas.
Vamos supor que o Banco Central compre obrigações governamentais possuídas
pelo público. Como pagamento desta compra, o Banco Central entrega ao antigo possuidor
um cheque no valor da importância devida. Por sua parte o indivíduo que vendeu os títulos
deposita o cheque num banco comercial no qual seja correntista. Ora, o Banco Central,
quando realiza estas operações, compra títulos de inúmeros indivíduos, os quais vão seguir
o mesmo procedimento, ou seja, depositar os cheques recebidos nos seus bancos
comerciais. Já estudamos a repercussão do aumento dos depósitos no sistema bancário.
Como uma só parte dos depósitos precisa ser guardada como reserva ou encaixe, os bancos
vão agora se defrontar com encaixes excedentes. Estes encaixes são a condição necessária,
e de acordo com a hipótese formulada, suficiente para que se dê a expansão múltipla dos
meios de pagamento. Caso o leitor não esteja seguro desta repercussão, seria interessante
reler a parte anterior referente ao mecanismo de expansão dos meios de pagamento.
Em resumo, a compra de títulos governamentais, por parte do Banco Central,
acarretou uni aumento nos depósitos junto aos bancos comerciais. Este aumento, por sua
vez, gerou encaixes excedentes, e estes foram o ponto de partida para uma expansão
múltipla dos meios de pagamento e, portanto, para um aumento na oferta de moeda.
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O oposto se verificaria caso o Banco Central vendesse títulos. Os indivíduos que
comprassem os títulos os pagariam com cheques. Quando o Banco Central descontasse
estes cheques, ele reduziria as reservas dos bancos que, por sua vez, seriam obrigados a
contrair a oferta de meios de pagamento, ou seja, reduzir a oferta de moeda.
d) Política de Redesconto
Uma outra forma, bastante importante, de se controlar a oferta de moeda e a
política de redesconto. Esta é, inclusive, uma das mais usadas nas economias modernas. Já
vimos que o Banco Central é o banco dos bancos, e que ele empresta fundos líquidos aosoutros estabelecimentos bancários, seja por meio de empréstimos diretos ou por meio do
redesconto de títulos. Na medida em que adota uma política liberal de crédito, oferecendo
empréstimos abundantes e a juros (taxa de redesconto) baixos, o Banco Central fornece aos
bancos comerciais uma fonte acessível de empréstimos, e, portanto, estes podem também
adotar uma política liberal de crédito para seus clientes. Caso o Banco Central limite
quantitativamente os redescontos ou eleve suas taxas, os bancos comerciais serão
obrigados a reduzir seus empréstimos e elevar as taxas de juros. Desta forma, o crédito
bancário se torna difícil e dispendioso.
7.5 A Demanda de Moeda
Por qual razão indivíduos e empresas guardam moeda consigo ou nos bancos? Não
seria mais interessante comprar títulos e, portanto, ganhar juros? Ou fazer outras aplicações
e receber rendimentos? Se existem estas possibilidades, porque se guarda moeda que não
rende nada? Em outras palavras, podemos dizer que existe um custo ao se guardar moeda.
Este custo, de oportunidade, é exatamente o que se deixa de ganhar ao se manter a moeda
inativa. Se quisermos responder às perguntas acima, devemos desenvolver uma teoria da
demanda de moeda. É o que faremos a seguir.
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7.5.1 Razões para manter Encaixes Monetários
7.5.1.1 Pagamentos e Recebimentos não são Sincronizados
Todas as transações, ou praticamente todas, são realizadas com o pagamento em
moeda. A moeda passa dos indivíduos para as empresas, destas para outras empresas, ou
novamente para os indivíduos, e assim sucessivamente. Desta forma, tanto as empresas
como os indivíduos precisam guardar certa quantidade de moeda para os pagamentos que
têm que fazer. O economista inglês Lord Keynes designou esta procura de procura de
moeda para transações. Podemos explicar melhor de onde surge esta procura, analisando
primeiramente o comportamento dos assalariados e depois o das empresas.
7.5.1.2 Assalariados
Normalmente recebem-se os salários no início do mês e gastam-se ao longo do
mês. Até o dia que antecede o novo pagamento os indivíduos têm certa despesa, como
condução, alimentação, cigarros, cafezinho etc. Assim, é necessário que se guarde até este
dia uma certa quantia de moeda.
Vamos supor um indivíduo que receba $ 12.000,00 por mês e decida gastá-lo em
parcelas diárias iguais a $ 400,00. No início do primeiro dia ele tem, na carteira ou no banco,
os $ 12.000,00 e gasta $ 400,00 durante este dia. No dia seguinte, ele começa com $
11.600,00 e termina com $ 11.200,00, e assim por diante. No fim do último dia do mês ele
estará absolutamente na lona, mas isto não o preocupa, pois sabe que no dia seguinte
receberá seu ordenado.
Qual é, nestas condições, a quantidade média de moeda retida, também chamada
de encaixe monetário médio? É fácil verificar que este encaixe é igual a $ 6.000,00, ou seja,
exatamente igual à metade de seu salário mensal ou de sua renda anual. É preciso lembrarque o comportamento de gastos apresentados não corresponde necessariamente ao
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comportamento normal. Pelo contrário. Em geral, nos primeiros dias do mês há um acúmulo
de despesas.
7.5.1.3 Empresas
No início de cada mês, a caixa das empresas ficaria a zero. No decorrer do mês, iria
aumentando e, no fim do mês, atingiria uni máximo, e com o pagamento dos empregados
cairia abruptamente para zero.
É bom notar que esta apresentação é bastante simplificada. É uma abstração darealidade visando apenas o entendimento do fenômeno. Na prática, o comportamento das
empresas e indivíduos é diferente porque existem outros fatores atuando. Vamos analisá-
los.
7.5.1.4 Incertezas quanto às Datas e Montantes dos Recebimentos
A segunda razão para empresas e indivíduos reterem moeda é a incerteza quanto
às datas e montantes dos recebimentos. O comportamento indicado nos gráficos anteriores
é bastante arriscado.
Vamos supor que os assalariados recebam seu ordenado no dia 3 ao invés do dia
12. Se eles tiverem gasto o seu último centavo na noite do dia 31, eles passariam os três
primeiros dias do novo mês sem dinheiro, nem para o cafezinho, nem para a condução. Para
evitar estes problemas, e devido ao fato de não ser possível prever exatamente o que
ocorrerá no futuro, os indivíduos e empresas, quando isto é possível, mantêm, mesmo no
fim do mês, uma certa quantia de moeda - encaixe de segurança - seja na carteira, seja nos
bancos. Este é o chamado motivo de precaução, ou a demanda de moeda para precaução,
de acordo com a terminologia keynesiana.
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A existência de encaixes para precaução aumenta o encaixe médio retido por
empresas e indivíduos, e, desta forma, a velocidade-renda da moeda se reduz.
É fácil verificar que estes encaixes de segurança ou precaução devem depender da
renda do indivíduo ou da empresa. Quanto maior for a empresa, maiores serão seus
encaixes necessários.
É por esta razão aceito que este encaixe seja uma proporção da renda dos
assalariados ou das empresas. Desta forma, nós podemos representar a demanda de moeda
para fins de transação e precaução como uma função proporcional da renda monetária.
Estas idéias deram origem à chamada Teoria Quantitativa do Valor da Moeda, que
iremos analisar logo após estudarmos a terceira razão para a manutenção de encaixes de
moeda.
7.5.1.5 A Moeda é uma Forma de Patrimônio
Um raciocínio simplista levaria à conclusão de que, como a moeda não rende juros
e não tem, a não ser para indivíduos extremamente avarentos, uma utilidade em si, os
indivíduos nunca guardariam moeda, a não ser o estritamente necessário para as transações
e para a segurança destas. Caso eles tivessem excedentes monetários, eles comprariam
títulos, que têm rendimentos, enquanto a moeda não os tem.
A falha deste raciocínio é esquecer que a moeda desempenha, além de outras, a
função de reserva de valor, ou seja, pode representar uma forma de riqueza ou patrimônio.
Vamos apresentar três casos onde, ao menos a curto prazo, torna-se racional guardar
moeda ao invés de títulos:
quando se pretende comprar certo bem patrimonial indivisível - é o caso de
indivíduos que aumentam suas contas bancárias durante alguns meses para dar
a entrada na compra de uma casa, ou de um automóvel;
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a moeda não apresenta rendimentos, mas tem a vantagem de não apresentar
riscos, especialmente quando não há inflação. A desvantagem de não gerar juros
pode ser compensada pela vantagem de ausência de riscos. O indivíduo, para
reduzir os riscos, diversifica seu patrimônio em vários títulos e aplicações,
inclusive guardando certa quantidade de moeda;
quando se espera a baixa no preço de bens patrimoniais, é uma boa política
guardar moeda como reserva de valor. Por exemplo, quando se vai comprar um
terreno e espera-se que o preço do terreno diminua. O indivíduo, mesmo tendo
os recursos necessários para a compra, espera os preços diminuírem para
efetuar a transação.No caso da queda de preços esperada ser no preço dos títulos, esta razão
corresponde à procura especulativa de moeda, de Keynes. Exemplifiquemos.
Caso os preços dos títulos estejam muito altos e, portanto, a taxa de juros baixa, os
indivíduos não desejarão adquirir os títulos, pois não é provável que ganhem bons
rendimentos. O comportamento racional do aplicador será guardar a moeda e esperar a
queda no preço do título e, portanto, a alta na taxa de juros.
Isto corresponde à prática de comprar na baixa e vender na alta, e assim ganhar
grandes somas nestas transações.
Estas idéias nos levam a colocar esta demanda de moeda como dependente da taxa
de juros. Quando a taxa de juros for baixa, os indivíduos não desejam comprar títulos e
guardam todos os seus excedentes monetários, ou seja, a quantidade demandada de moeda
aumenta. De outra parte, quando a taxa de juros aumentar, os indivíduos passam a desejar
comprar títulos, e assim a quantidade demandada de moeda se reduz. Em outras palavras,
existe uma relação inversa entre a quantidade demandada de moeda e a taxa de juros.
Podemos apresentar este raciocínio de outra forma. A taxa de juros sendo o que se
pode ganhar nos títulos, é exatamente aquilo que se deixa de ganhar ao guardar moeda e,
portanto, representa um custo de oportunidade. É o preço de manter os estoques
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monetários. Assim, quanto maior o preço (taxa de juros menor a quantidade demandada de
moeda e vice-versa. A curva de demanda é decrescente, como é apresentada no gráfico
acima.
Pode-se também argumentar que mesmo a demanda de moeda para transação e
precaução é função da taxa de juros pois, se, por exemplo, os juros forem muito altos, vale a
pena reduzir o estoque de moeda para precaução e/ou usar parte da moeda retida para
transação posterior e, portanto, inativa durante alguns dias, para comprar títulos,
especialmente os de grande liquidez. Quando se necessitar de moeda de novo vende-se o
título, ficando, como saldo, com os juros recebidos.
7.6 Relação entre Moeda e Inflação
No mundo moderno, a moeda perde o seu poder aquisitivo, isto é, ela é depreciada
no tempo, em função da elevação contínua, generalizada e persistente dos preços. Em
função, portanto, da inflação.
O exame do comportamento dos preços nas economias ocidentais permite
identificar uma inflação do tipo rastejante, isto é, em que a alta dos preços se processa de
forma leve, quase imperceptível. Quando se trata de expansão do nível de preços em ritmo
e intensidade que supere o nível de 5% ao ano, diz-se que há inflação galopante ou
hiperinflação.
Existem dois motivos que provocam elevação do nível de preços praticados numa
economia:
elevação dos custos;
aceleração da demanda agregada5 a níveis superiores aos da oferta.
5 Demanda Agregada: ou Demanda de Mercado ou Demanda Global, quantidade de bens ou serviços que atotalidade dos consumidores deseja ou está disposta em adquirir em determinado período de tempo e pordeterminado preço.
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No caso de inflação tipicamente de demanda, isto é, provocada por aquecimento
da demanda, o tratamento adotado consiste em:
reduzir o crédito;
controlar de forma decisiva os gastos do governo;
reduzir a moeda disponível;
ampliar a carga tributária sobre as empresas e os indivíduos.
Evidenciam-se, portanto, medidas de cunho fiscal e outras de ordem monetária.
Sob outra hipótese, a de inflação de custos, existem pressões altistas sobre osinsumos utilizados, inclusive mão-de-obra, o que acaba por provocar um repasse aos preços
dos bens e serviços.
No caso de oferta monopolista, esta inflação pode ser identificada como inflação de
lucros. Como se pode deduzir, trata-se de inflação provocada pela alta de preços dos bens e
serviços unicamente com o objetivo de ampliar as margens de lucro do ofertante.
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8 As Relações Econômicas Internacionais
8.1 Teoria das Vantagens Comparativas
O que leva muitos países a comercializarem entre si? Esta é uma questão básica a
ser respondida. Os economistas clássicos fornecem a explicação teórica básica para o
comércio internacional através do chamado Princípio das Vantagens Comparativas.
O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se especializar
na produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um
custo relativamente menor). Esta será, portanto a mercadoria exportada, por outro lado
este país deverá importar aqueles bens cuja produção implicar um custo relativamente
maior.
A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em 1817. No
exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois
produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de obra):
Qtde. de homens/horapara a produção de uma unidade de mercadoria
Tecidos Vinho
Inglaterra
Portugal
100
90
120
80
Tabela 7 – Comparativo de Produção
Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo na produção de ambas as
mercadorias. Mas em termos relativos, o custo da produção de tecidos em Portugal é maior
do que o da produção de vinho, e na Inglaterra, o custo da produção de vinho é maior que
o da produção de tecidos. Comparativamente, Portugal tem a vantagem relativa na
produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos. Segundo Ricardo, os dois países
obterão benefícios ao especializarem-se na produção da mercadoria em que possuem
vantagem comparativa, exportando-a, e importando outro bem. Não importa aqui, o fato de
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que um país possa ter vantagem absoluta em ambas as linhas de produção, como é o caso
de Portugal, no exemplo acima.
A teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicação para os movimentos de
mercadorias no comércio internacional, a partir da oferta ou dos custos de produção
existentes nesses países. Logo, os países exportarão e se especializarão na produção dos
bens cujo custo for comparativamente menor em relação àqueles existentes, para os
mesmos bens, nos demais países exportadores.
Segundo a corrente estruturalista, os produtos manufaturados apresentam
elasticidade - renda da demanda maior que um, e os produtos primários, menor que um,
significando que o crescimento da renda mundial provocaria um aumento relativamente
maior no comércio de manufaturados, acarretando uma tendência crônica ao déficit no
balanço de pagamentos dos países exportadores de produtos básicos ou primários.
8.2 Determinação da Taxa de Câmbio
Quando dois países mantêm relações econômicas entre si, entram
necessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relação de troca entre ambas.
A taxa de câmbio é a medida de conversão da moeda nacional em moeda de outros países.
Exemplo: dólar pode custar 0,97 de real, 1 libra pode custar 1,27 real etc.
A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos:
institucionalmente, através de decisão de autoridades econômicas com fixação periódica
das taxas (taxas fixas de câmbio), ou através do funcionamento do mercado, onde as taxas
flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de oferta e demanda por divisas
estrangeiras (taxas flutuantes).
A oferta de divisas é realizada tanto pelo os exportadores, que recebem moeda
estrangeira em contrapartida de suas vendas, como através da entrada de capitais
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financeiros internacionais. Como as divisas não podem ser utilizadas internamente, precisa
ser convertida em moeda nacional. Isso é feito pelo Banco Central da seguinte forma:
recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas – dólar, por exemplo, retendo-as
em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em moeda nacional, em reais, a importância
correspondente.
Uma taxa elevada de câmbio significa que o preço da divisa estrangeira está alto,
ou que a moeda nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial
indica que houve um aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade de
moeda estrangeira. Por sua vez, valorização cambial significa moeda nacional mais forte,
isto é, paga-se menos reais por dólar, por exemplo, tem – se uma queda na taxa de câmbio.
As taxas de câmbio estão intimamente relacionadas com os preços dos produtos
exportados e importadas e conseqüentemente, com o resultado da balança comercial do
país.
Se a taxa de câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará asexportações, pois os exportadores passaram a receber mais reais pela mesma quantidade
de divisas derivadas da exportação; em conseqüência haverá maior oferta de divisas. Por
exemplo: Suponhamos uma taxa de câmbio de 0,90 real por dólar, e que o exportador
vendia 1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada.
Seu faturamento era de 50.000 dólares ou 45.000 reais. Se o câmbio for
desvalorizado em 10% , a taxa de câmbio subirá para 0,99 real por dólar e, vendendo as
mesmas 1.000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que valendo agora 49.500
reais. Isso estimulará o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas.
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se o preço dos produtos
importados se elevam, em moeda nacional, haverá um desestímulo às importações e,
conseqüentemente, uma queda na demanda de divisas.
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8.3 A Inflação Interna e seus Efeitos sobre a Taxa de Câmbio
Até aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da inflação.
No entanto, o aumento do nível de preços internos – ocorrência da inflação – provoca uma
redução da taxa real de câmbio, ou seja, com a inflação gera-se, internamente, uma queda
no poder aquisitivo da moeda. Os efeitos da perda do poder aquisitivo são: um desestímulo
às exportações, uma vez que o preço do produto exportado não sofre correlação
equivalente à inflação; e um estímulo às importações, já que os bens importados, ao não
serem corrigidos, ficam mais baratos.
8.4 A Atuação Governamental no Mercado de Divisas
O governo pode atuar através da política cambial ou da política comercial. A
política cambial diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política comercial
constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços.
As políticas cambiais mais freqüentes são:
Regime de taxas fixas de câmbio;
Regime de taxas flutuantes ou flexíveis de câmbio;
Regime de Bandas cambiais.
Dentre as políticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes:
Alterações das tarifas sobre importações;
Regulamentação do comércio exterior.
8.5 A Estrutura do Balanço de Pagamentos
O balanço de pagamentos é o registro estatístico – contábil de todas as transações
econômicas realizadas entre os residentes do país com os residentes dos demais países.
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Desse modo, estão registrados no balanço de pagamentos, por exemplo, todas as
exportações e importações do período considerado: os fretes, os seguros, os empréstimos
obtidos no exterior etc. Ou seja, todas as transações com mercadorias, serviços e capitais
físicos e financeiros entre o país e o resto do mundo.
O balanço de pagamentos apresenta as seguintes subdivisões:
Balança Comercial: Essa conta compreende basicamente o comércio de
mercadorias. Se as exportações FOB excedem as importações FOB, temos um
superávit no balanço de comércio; caso contrário temos um déficit.
Balanço de Serviços: Registram-se todos os serviços pagos/ recebidos peloBrasil, tais como fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistência técnica,
viagens internacionais.
Transferências Unilaterais: Também conhecidas como conta donativos,
registram as doações interpaíses. Estes donativos podem ser em divisas como
em mercadorias.
Balanço de Transações Correntes: O somatório dos balanços comercial, de
serviços e de transferências unilaterais resulta no saldo em conta corrente ou
balanço de transações correntes. Se o saldo do balanço de transações correntes
for negativo, temos uma poupança externa positiva, pois indica que o país
aumentou seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu
bens e serviços em termos reais no exterior.
Movimento de Capitais ou Balanço de Capitais: Na conta de capital aparecem
as transações que produzem variações no ativo e no passivo externos do país e
que, portanto, modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do
mundo.
A conta de Capital subdivide-se em duas:
a) Movimento autônomo de capital, na forma de investimentos diretos de
empresas multinacionais, de empréstimos e financiamentos para projetos de
desenvolvimento do país e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no
mercado financeiro nacional.
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b) Movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do balanço de
pagamentos. Inclui as contas Atrasadas Comerciais (quando o país não paga suas
obrigações na data do vencimento) e Empréstimos de Regulamentação do FMI
(quando o país tem problemas de liquidez internacional).
Cabe uma observação sobre a rubrica Erros e Omissões. É a diferença entre o saldo
do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado que surge quando se tenta
compatibilizar transações físicas e financeiras.
A regra internacional é admitir para Erros e Omissões um valor de, no máximo, 5%
da soma das exportações com as importações.
8.6 Organismos Internacionais
As grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande
Depressão, que culminaram com a crise dos anos 30, provocaram enormes perturbações na
economia de praticamente todos os países, e por seguinte nas (relações econômicas
internacionais). Já ao final da Segunda Guerra Mundial evidenciava-se a necessidade de
mudanças no sistema de pagamentos internacionais.
Tais eram as preocupações reinantes nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial,
quando se via no comércio mundial um importante instrumento para potencializar o
desenvolvimento do mundo capitalista.
Dentro desse contexto foram criados os três principais organismos econômicos
internacionais do pós-guerra:
Fundo Monetário Internacional (FMI): Um dos objetivos principais do FMI é
socorrer os países a ele associados quando da ocorrência de desequilíbrios
transitórios em seus balanços de pagamentos.
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Banco Mundial: Também conhecido por BIRD, foi criado com intuito de auxiliar a
reconstrução dos países devastados pela guerra e, posteriormente, para
promover o crescimento dos países em vias de desenvolvimento.
Organização Mundial do Comércio (OMC): Foi criada com objetivo básico de
reduzir as restrições ao comércio internacional e a liberalização do comércio
multilateral. Através do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), procurava-
se estruturar um conjunto de regras e instituições que regulassem o comércio
internacional e encaminhassem a resolução de conflitos entre os países. Nesse
sentido, o GATT estabeleceu como princípios básicos: redução das barreiras
comerciais, a não - discriminação comercial entre os países, a compensação dospaíses prejudicados por aumentos de tarifas alfandegárias e a arbitragem de
conflitos comerciais.
8.7 O Balanço de Pagamentos no Brasil
O início da contabilização do balanço de pagamentos no Brasil data de 1947,
quando os levantamentos eram feitos pelo Banco do Brasil e pela Fundação Getúlio Vargas.
Atualmente, essa tarefa é atribuição do Banco Central do Brasil. Desde o início, o saldo do
balanço de pagamentos em transações correntes tem sido predominantemente deficitário,
o que é considerado natural para economias pobres, que dependem de poupança externa
para se desenvolver. Na maior parte do período, os déficits foram decorrência de saldo
negativo na conta serviços, pois a balança comercial mostrou predomínio de resultados
positivos. A década de 70 constitui a exceção mais expressiva, pois nesse período o país
acumulou déficits nos balanços comercial e de serviços. A maior parte das dificuldades na
balança comercial dessa época resultou do brusco aumento dos gastos com importação em
razão do choque do petróleo ocorrido em 1973.
A crise da dívida externa dos anos 80 fez ressurgirem os superávits comerciais. Essa
crise se caracterizou pelo corte abrupto nos fluxos de capitais das nações industrializadas
para as menos desenvolvidas. Além disso, os países devedores, em particular os da América
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Latina, foram submetidos a fortes pressões para pronto pagamento dos créditos tomados
no passado. Com isso, foram forçados a adotar programas de ajustamento que tinham como
meta obter rápido incremento de divisas para honrar os compromissos externos.
Entre 1990 e 1991, houve uma drástica redução dos investimentos diretos no país,
bem como dos empréstimos e financiamentos a longo prazo, reflexo da insegurança dos
investidores internacionais quanto às atitudes do governo Collor. De 1992 em diante, a crise
de confiança em nosso governo foi superada e o país voltou a captar recursos internacionais
em volumes crescentes.
Em julho de 1994, o Plano Real foi implantado. Dentre suas conseqüências,
destaca-se a valorização da moeda nacional, que estimulou importações e reduziu
exportações. Esse fato contribuiu para nova transformação nas relações econômicas
brasileiras com o resto do mundo, deixando o país numa situação muito vulnerável aos
movimentos especulativos internacionais.
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9 Crescimento e Desenvolvimento Econômicos
9.1 Noções de Crescimento Econômico
O estudo do desenvolvimento – ou, como é mais conhecido, do crescimento –
econômico tem-se concentrado na abordagem da dinâmica dos sistemas industriais. Em
outras palavras, a teoria do desenvolvimento tem-se preocupado com a dinâmica das
economias desenvolvidas. O que for considerado válido para a explicação do fenômeno do
crescimento nos países avançados o será também para os países atrasados.
9.2 Crescimento e Desenvolvimento
Desenvolvimento e crescimento econômico apresentam-se intimamente
relacionados na análise econômica.
Uma diferenciação entre os dois conceitos pode ser assim formulada: crescimento
econômico implica alteração na taxa de crescimento ou na estrutura da economia, ou
ambas. O desenvolvimento econômico significa aumento de produtividade – com
repercussões sobre a distribuição e utilização da renda – decorrente de fenômenos de
crescimento em setores particulares da economia.
Se, por uma lado, o crescimento econômico implica melhor eficiência do sistema
produtivo, o processo de desenvolvimento econômico, por sua vez, consiste na observação
de uma diminuição dos níveis de pobreza, de desemprego e de desigualdade de
rendimentos, conjugada a uma elevação das condições de saúde, de nutrição, de educação,
de habitação e de outros requisitos básicos da população.
Dessa forma, o desenvolvimento é ao mesmo tempo um problema de acumulação
e progresso técnico – traduzidos pelo aumento da produtividade – e um problema deexpressão dos valores de uma coletividade – advindos da distribuição e utilização da renda.
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9.3 Fatores de Crescimento
Do ponto de vista técnico, o crescimento econômico está relacionado a três
variáveis principais: crescimento da população, acumulação de capital e progresso
tecnológico.
9.3.1 Crescimento da População
Sendo a mão-de-obra um dos fatores de produção, um aumento da população será
acompanhado de um deslocamento positivo da curva de possibilidade de produção da
sociedade. Acontece, no entanto, que crescimento econômico envolve aumento do Produto
Nacional per capita, dado pela relação entre Produto Nacional e o total da população. Se o
aumento do Produto Nacional for maior que o aumento da população, em termos
proporcionais, ter-se à um aumento de Produto per capita.
9.3.2 Acumulação de Capital
A acumulação de capital é também conhecida pela geração e acumulação de
excedentes, isto é, a produção de um volume de bens e serviços em níveis superiores àquele
necessário à sobrevivência dos membros da coletividade humana produtora destes bens e
serviços. Se tais excedentes forem direcionados para o consumo e absorvidos por toda a
população, certamente, melhorariam suas condições de vida, momentaneamente, sem que
nenhuma alteração se processasse na capacidade produtiva.
9.3.3 Progresso Tecnológico
Implica mudanças na qualidade e na utilização dos fatores básicos de produção.
Assim, são incorporados no processo produtivo novos métodos, novos materiais, novas
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aptidões etc., justificando a conclusão de que o progresso tecnológico vem sendo fator
propulsor do desenvolvimento nas economias modernas.
É importante considerar, neste sentido, que o progresso tecnológico é o resultado
de uma série de outros fatores que denotam o estágio de desenvolvimento de uma
coletividade, tais como a educação e a pesquisa, a aquisição de novas aptidões, as letras em
geral, o treinamento no trabalho e outras maneiras pelas quais uma sociedade prepara seus
membros para que descubram, desenvolvam e apliquem novos conhecimentos.
9.4 Crescimento Econômico no Brasil
Os desafios da estrutura econômica brasileira, impostos por uma estrutura
francamente exógena, ou seja, voltada para a exportação de produtos primários e uma
contrapartida desvantajosa, com a importação de produtos de valor agregado maior e mais
desenvolvidos tecnologicamente, traduzem-se na elaboração de sucessivos planos,
balizados pela busca da superação das desigualdades e redução da larga depressão entre
ricos e pobres.
A seguir, poderemos observar algumas dessas práticas, da história econômica
recente brasileira.
9.4.1 Plano Cruzado
O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômico-institucionais descrito
pelo Decreto-Lei nº 2.283/86, cujas principais medidas foram:
substituição do cruzeiro pelo cruzado como nova moeda do sistema monetário
brasileiro, 1 cruzado equivalendo a 1.000 cruzeiros;
conversão geral, por prazo indefinido, dos preços finais dos produtos, ao nívelvigente em 27 de fevereiro (exceto as tarifas industriais de energia elétrica);
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conversão dos salários com base na média do seu poder de compra nos seis
meses anteriores, e mais um acréscimo de 8% para os salários em geral e de 16%
para o mínimo;
aluguéis e hipotecas seriam convertidos seguindo-se a mesma fórmula aplicada
aos salários, mas sem o aumento de 8%;
introdução da escala móvel de salários (gatilho), a qual garantia um reajuste
salarial automático a cada vez que o aumento acumulado no nível de preços ao
consumidor atingisse 20%;
proibição da indexação em contratos com prazo inferior a um ano;
conversão dos contratos previamente estabelecidos em cruzeiros para cruzados,de acordo com uma tabela em que o cruzeiro era desvalorizado a uma taxa
mensal de 14% (taxa de inflação mensal esperada contida nos contratos) em
face da nova moeda;
o regime cambial foi congelado na paridade de 13,84 cruzados por dólar.
Nos primeiros meses, o plano teve aparente sucesso, com controle da inflação e
crescimento econômico. O grande apoio da população deu origem aos “fiscais do Sarney”. O
congelamento transformou-se assim no elemento do Plano Cruzado de maior apelo popular,
o que levaria o governo a sustentá-lo ao máximo, a qualquer custo, sobretudo por se tratar
de ano eleitoral.
Houve uma explosão de consumo, reprimido durante os anos anteriores,
provocada pelo aumento do poder de compra dos salários, além de uma grande
“despoupança”.
9.4.2 Plano Bresser
No mês de junho de 87, o novo ministro lançou o Plano de Estabilização Econômica,
mais conhecido como Plano Bresser, um pacote híbrido, com elementos ortodoxos e
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heterodoxos, assemelhando-se ao Cruzado em alguns aspectos, mas procurando evitar os
erros já cometidos.
A meta principal do plano era controlar a inflação e evitar uma hiperinflação. Para
tanto o governo tomou as seguintes medidas:
o gatilho foi extinto, reduziu-se os gastos do governo e as taxas de juros reais
foram mantidas elevadas;
preços e salários foram congelados por três meses;
política cambial de desvalorizações diárias para evitar desequilíbrios externos;
política fiscal e monetária rigorosas.
No início, o plano atingiu alguns de seus objetivos, baixando a inflação e o déficit
público e expandindo os saldos comerciais, o que possibilitou o fim da moratória da dívida
externa.
Com o passar do tempo, outros problemas começaram a surgir: o plano perdeu
credibilidade junto à opinião pública, os desequilíbrios dos preços relativos e superávits
comerciais causaram pressões inflacionárias, os juros altos inibiram o investimento e a
reforma tributária que fazia parte do plano foi barrada por restrições de ordem política.
9.4.3 Maílson da Nóbrega e o Plano Verão
Seu objetivo era cortar o déficit operacional de 8% para 4% e reter a inflação ao
redor dos 15% ao mês. Dentre as medidas tomadas destacam-se a suspensão temporária
dos reajustes do funcionalismo público e o adiantamento dos aumentos de preços
administrados.
Tal política foi malsucedida e, em julho de 1988, a inflação já ultrapassava 24% e os
preços públicos foram reajustados. Emitia-se moeda para cobrir os superávits da balança
comercial e a nova constituição dificultava a pretendida redução dos gastos públicos.
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Em novembro de 1988, celebrou-se entre governo, empresários e trabalhadores o
chamado pacto social, que estabelecia limites para aumentos de preços e propunha uma
revisão da metodologia de reajustes salariais e um plano para equilibrar as contas públicas.
O fracasso dessa nova tentativa levou o governo a decretar um novo plano
econômico: o Plano Verão. Em 15 de janeiro de 1989, foi anunciado o Plano Verão, outro
plano misto. Foi introduzida uma nova moeda (Cruzado Novo), equivalente a mil cruzados e
o dólar foi cotado a NCz$ 1,00 após uma desvalorização da moeda nacional.
Principais medidas:
taxas de juros elevadas, desindexação e a promessa de ajuste fiscal;
os preços foram congelados por tempo indeterminado;
os salários foram convertidos pelo poder de compra médio dos doze meses
anteriores e reajustados em 26,1%, sendo extinto o indexador dos salários;
Em setembro de 1989 o governo suspendeu o pagamento dos juros da dívida
externa, em razão da deterioração do saldo comercial.
9.4.4 Plano Collor
Seus objetivos centrais eram combater a inflação e reduzir o déficit público,
criando, segundo seus mentores, as condições para o Brasil ingressar no chamado Primeiro
Mundo.
As principais medidas adotadas foram:
a extinção de 24 empresas estatais, com a demissão dos respectivos
funcionários que não estivessem protegidos pelas regras da estabilidade;
a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
o aumento da taxação sobre os lucros do setor agrícola e o fim dos subsídios àexportação não garantidos no texto constitucional;
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a reintrodução do Cruzeiro como moeda nacional, em substituição ao cruzado
novo, criado no governo anterior;
o congelamento de preços e salários, que passariam a ser reajustados conforme
índices de inflação prefixados;
o fim dos títulos ao portador e dos cheques ao portador de valores acima de um
teto determinado;
a flutuação do câmbio segundo as tendências do mercado;
a redução da presença do Estado na economia, por meio da privatização de
empresas estatais;
e a abertura econômica para o exterior, com a redução progressiva das alíquotasde importação.
Os objetivos estratégicos do Plano Collor estavam sintonizados com as
recomendações do Consenso de Washington, denominação dada às conclusões do
seminário que, em novembro de 1989, reuniu técnicos do governo dos Estados Unidos, do
FMI, do Banco Mundial e do BID, além de economistas de países latino-americanos, para
avaliar as reformas econômicas em curso no continente.
O seminário concluiu pela aprovação dos programas de ajuste então levados a cabo
na maioria dos países da região - dos quais Peru e Brasil eram as principais exceções -,
inspirados nas medidas que o governo norte-americano recomendava como requisitos para
o estabelecimento de laços de cooperação financeira.
Tais medidas giravam em torno de três eixos principais:
a retirada do Estado das atividades econômicas;
a liberalização dos mercados nacionais à importação de bens e serviços e à
entrada de capitais de risco;
a obtenção da estabilidade monetária, por meio do combate intransigente à
inflação, ainda que à custa de recessão.
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9.4.5 Plano Real
De acordo com a escola novo-clássica de Economia, a desaceleração da inflação no
longo prazo está associada a uma redução da produção de bens e serviços por um certo
período, até que os agentes econômicos adaptem-se à nova realidade de formação de
preços e reestruturem suas expectativas quanto à Economia. Esta redução temporária da
produção é denominada Taxa de Sacrifício, noção proposta inicialmente por Robert Lucas. O
custo social dessa política é a elevação da taxa de desemprego.
O plano foi composto por três principais frentes de ações: Ajuste Fiscal: Combinando aumento de impostos e cortes nos gastos públicos, o
governo procurou reduzir o desequilíbrio entre a arrecadação e os gastos
públicos.
Desindexação da Economia: após anos de inflação recorrente, os agentes
econômicos passaram a indexar preços a índices de inflação, criando um círculo
vicioso de aumento de preços. A principal ação para reverter este quadro foi a
adoção da URV (Unidade Real de Valor), como forma de eliminar a memória
inflacionária. A URV era definida diariamente através de um cálculo usando
como base uma média diária de inflação através de uma cesta de índices
inflacionários.
Política Monetária Restritiva: o governo tomou diversas medidas para restringir
a atividade econômica interna, como aumento da taxa básica de juros e
aumento dos depósitos compulsórios.
9.4.6 Resumo dos Planos Econômicos e seus Resultados
A seguir, apresentaremos um quadro6 com as principais características dos planos
implementados na história econômica recente brasileira, e os resultados destas políticas:
6 Revista Conjuntura Econômica. Edição Especial. Novembro, 1997.
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Plano Principais Medidas Resultados
Cruzado
Fevereiro de 1986
Congelamento geral de preços e salários;
Desindexação da economia;
Ausência de controle monetário e fiscal; Criação de nova moeda, com corte de 3
zeros: cruzado.
Preços, salários e taxa de câmbio
estáveis por 6 meses;
Crescimento momentâneo do PIB; Crise no Balanço de Pagamentos;
Deterioração das expectativas dos
agentes acerca de novas medidas.
Bresser
Junho de 1987
Congelamento geral de preços e salários;
Tentativa de ajuste fiscal;
Tentativa de redução da dívida externa.
Preços e salários ficaram estáveis por
3 meses;
Fracasso no ajuste fiscal;
Fracasso na negociação da dívida
externa;
Política monetária descontrolada; Recessão;
Superávit comercial.
Verão
Janeiro de 1989
Congelamento geral de preços, salários e
câmbio;
Taxas de juros altas;
Nova tentativa de ajuste fiscal;
Desindexação parcial;
Criação de uma nova moeda, com corte
de 3 zeros: cruzado novo.
Preços e salários ficaram estáveis por
2 meses;
Política monetária entra em
descontrole;
Novo fracasso na tentativa de
controle fiscal;
Diminuição do superávit comercial;
Calote da dívida externa;
Introdução de uma indexação diária;
Hiperinflação.
Collor I
Março de 1990
Novo controle de preços e salários;
Confisco de contas bancárias;
Taxa de câmbio apreciada;
Ajuste fiscal;
Reintrodução do cruzeiro;
Suspensão dos pagamentos da dívidaexterna;
Desindexação dos salários.
Preços e salários ficaram estáveis por
2 meses;
Política monetária expansionista;
Ajuste fiscal curto e ineficiente;
Fraca performance na Balança
Comercial; Recessão;
Nova crise de incerteza com
deterioração das expectativas acerca
da estabilização monetária.
Collor II
Fevereiro de 1991
Controle de preços e salários;
Desindexação;
Ajuste das tarifas públicas;
Redução das alíquotas de importação.
Preços e salários estáveis por 3
meses;
Criação de uma taxa de indexação
usada na maioria dos contratos;
Deterioração, em termos reais, das
tarifas públicas.
continua na página seguinte...
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Plano Principais Medidas Resultados
Real
Março de 1994
Renegociação da Dívida Externa;
Criação de um indexador diário: URV;
Conversão do cruzeiro novo em Real; Preços e salários livres;
Salário mínimo passa a ser reajustado
uma vez por ano;
Política cambial passa para o sistema de
bandas;
Abertura comercial ampla;
Acelerado processo de privatização;
Reservas internacionais com lastro para a
nova moeda;
Implantado o sistema de metas
monetárias;
Proibição de indexação de contratos com
prazo inferior a um ano.
Forte queda da inflação;
Inserção das classe C e D no mercado
consumidor; Remonetização e aquecimento da
economia;
Forte deterioração da Balança
Comercial;
Aumento dos gastos públicos;
Fim do imposto inflacionário;
Fragilização do sistema bancário;
Aumento da confiança dos agentes
externos;
Forte influxo de capitais externos.
Quadro 5 – Resumo dos Planos Econômicos Brasileiros (1986 – 1994)
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Referências
Bibliográficas
CASTRO, A. e LESSA, C. Introdução à Economia: Uma Abordagem Estruturalista. 31ª
ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1988.
JORGE, F. e MOREIRA, J. Economia: Notas Introdutórias. São Paulo: Atlas, 1995.
SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. 4ª ed. São Paulo: Best Seller,
1994.
SINGER, Paul. Aprender Economia. São Paulo: Contexto, 2002.
VASCONCELLOS, M. e GARCIA, M. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva,
2003.
Eletrônicas
CORECON, Conselho Regional de Economia de São Paulo. Planos Econômicos no
Brasil . Disponível em: http://www.coreconsp.org.br/indicadores/dip/planos
_economicos.html Acesso em: 17/02/10.
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ANEXOS
Anexos
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Anexo 1: Atividades Complementares
A1.1 Apresentação
As Atividades Complementares – AC são componentes curriculares obrigatórios dos
Projetos Pedagógicos dos Cursos Superiores de Tecnologia da UNIP, em consonância com as
respectivas Diretrizes Curriculares Nacionais. As AC possibilitam o reconhecimento, por
avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, incluindo a prática de
estudos e atividades independentes, transversais, opcionais e de caráter interdisciplinar,
especialmente nas relações com o mundo do trabalho, nas ações de extensão junto à
comunidade e no envolvimento inicial com a pesquisa acadêmica.
A1.2 Orientações
As indicações de AC estão distribuídas por categorias e em cada atividade proposta
constam os conceitos-chave da matéria correlata, as horas a serem validadas e os
respectivos prazos de entrega.
Os relatórios deverão ser, obrigatoriamente, de AUTORIA DO ALUNO e
MANUSCRITOS, com no mínimo 20 linhas e no máximo 2 páginas, e comprovantes em
anexo.
Estes comprovantes deverão ser, preferencialmente, os originais da atividade
realizada. Nos casos de artigos e/ou reportagens, uma cópia do mesmo deverá ser anexada.
Somente serão validadas, como cumprimento de horas de AC do semestre, as atividades
realizadas no próprio semestre.
Os alunos devem observar as datas previstas para entrega dos relatórios das AC.
Em hipótese alguma, serão aceitas atividades entregues fora do prazo!!
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A1.3 Indicações7/8
a) Atividade Complementar 1:
Descrição: FERREIRA, Vera Rita de Mello. Anatomia das Decisões Econômicas. In:Decisões Econômicas: Você Já Parou Para Pensar? São Paulo: Saraiva,2007, p. 95-107.
Gênero: Capítulo (6) de Livro.
Conceitos-Chave: Racionalidade; Comportamento do Consumidor; Finanças.
Validação (horas): Até 06 horas.
Data de Entrega: De 22 a 26.03.2010
b) Atividade Complementar 2:
Descrição: O GÂNGSTER ( American Gangster ). Direção: Ridley Scott. Roteiro:Steven Zaillian, baseado em artigo de Mark Jacobson. EUA, 2007. 157min. Legendado.
Gênero: Filme.
Conceitos-Chave: Oferta e Demanda; Estruturas de Mercado; Concorrência.
Validação (horas): Até 04 horas.
Data de Entrega: De 12 a 23.04.2010
c) Atividade Complementar 3:
Descrição: GONÇALVES, C. e GUIMARÃES, B. E eu vos declaro marido e mulheres.In: Economia Sem Truques. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 43-47.
Gênero: Capítulo (6) de Livro.
Conceitos-Chave: Problema Econômico Fundamental; Ética; Fatores de Produção.
Validação (horas): Até 06 horas.
Data de Entrega: De 03 a 07.05.2010
d) Atividade Complementar 4:
Descrição: Atividade Livre.
Gênero: Artigo Científico; Congresso; Feira; Palestra; Reportagem; Seminário.
Conceitos-Chave: Economia; Mercado; Finanças Pessoais.
Validação (horas): Até 10 horas.
Data de Entrega: De 17 a 21.05.2010
7 Os alunos devem estar atentos às datas de entrega, conforme o dia da semana que têm aula da disciplina.8 As horas a serem atribuídas dependem do teor da matéria, podendo chegar às horas previstas.
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Anexo 2: Conteúdo Programático Detalhado
Unidade Curricular: Economia e Mercado
Período Letivo: 1º Semestre
Carga Horária: 60 horas
ObjetivosIdentificar e compreender as formas de organização que prevaleceram no País até a dataatual. Analisar os fatores responsáveis pela diversidade dos aspectos físicos e humanos doterritório brasileiro. Identificar e compreender a dinâmica das relações inter e intra-regionaisdo território brasileiro. Entender a teoria, os objetivos e os métodos da abordagemmicroeconômica e o modelo de desenvolvimento econômico. Entender as interdependênciase impactos das variáveis macroeconômicas nas organizações.
EmentasPanorama econômico/financeiro do Brasil. Socioeconomia: dimensões, desigualdades eindicadores. Políticas macroeconômicas e seu impacto. Abordagem histórica da economia.Desenvolvimento regional. O problema econômico. A dinâmica dos mercados e seusimpactos nas organizações. A importância da moeda. As contas nacionais como quadro dereferência para análise de variáveis macroeconômicas. Estudo das variáveis
macroeconômicas, suas interdependências e impactos nas organizações. Mudanças desalários, lucros, impostos, juros, câmbio e oferta de moeda e seus impactos no nível depreços e produção. Crescimento e desenvolvimento econômico. Nova economia mundial.
Conteúdo Programático
1. Panorama econômico/financeiro do Brasil Dimensões e desigualdades sócio-econômicas Abordagem histórica da economia brasileira Desenvolvimento regional e impacto financeiro
2. O problema econômico A razão de ser da economia política. A escassez e importância dos fatores de
produção no processo econômico O aproveitamento dos recursos para a maximização da produção global da economia:
a curva de possibilidades de produção e a lei dos rendimentos decrescentes As questões centrais da economia e a inserção das organizações nos ambientes
econômicos
3. O funcionamento do sistema econômico Diferenciando regime, estrutura e sistema econômico, para a compreensão das formas
de organização da atividade econômica
Os fluxos fundamentais e a inserção dos agentes na atividade econômica
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4. A dinâmica dos mercados e seus impactos nas organizações Determinação de preços e quantidades em mercados concentrados e não
concentrados Ameaças e oportunidades para as organizações, dos mercados concentrados e não
concentrados e estratégias de sobrevivência relacionadas5. O Setor Público Formas de ação econômica e razões da expansão das atividades públicas O papel regulador do Estado na atividade econômica e seus impactos sobre as
organizações
6. O Mercado monetário Conceito e história da moeda A demanda de moeda A oferta de moeda Criação e destruição de moeda Os meios de pagamento, base monetária, o efeito multiplicador da moeda bancária e
seus impactos sobre as organizações e sobre o nível de preços da economia
7. O Mercado de divisas internacionais As vantagens comparativas entre as nações, as razões de um intercâmbio comercial
com o exterior e as ameaças e oportunidades para as organizações deste intercâmbio Taxa de câmbio: conceito e formas de estabelecimento da taxa de câmbio de
equilíbrio O balanço de pagamentos e a inserção das organizações na política cambial
8. Desenvolvimento e crescimento econômicos
Análise dos planos econômicos recentes e seus impactos nas organizações.
Bibliografia
Bibliografia Básica (títulos , periódicos, etc.) Título/Periódico Autor Edição Local Editora Ano
Economia brasileiracontemporânea
GREMAUD, A. P.;VASCONCELLOS,M.A.S.
4ª. São Paulo Atlas 1999/2004
Introdução àeconomia: princípios
de micro emacroeconomia
MANKIW, N. G. -
Rio de
Janeiro Campus 1999/2001
Bibliografia Complementar (títulos , periódicos, etc.) Título/Periódico Autor Edição Local Editora Ano
Economia: notasintrodutórias
JORGE, F. T.;MOREIRA, JoséOctávio C.
- São Paulo Atlas 1990
Introdução aodesenvolvimento: umaabordagem histórico-
estruturalista
FURTADO, C. - São Paulo Ed. Paz eTerra
2000
Economia aplicada àadministração
JORGE, F. T.;SILVA, F. Gomes
3ª. São Paulo Futura 2001/2002
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Economia industrial KON, Anita - São Paulo Nobel 1994Introdução à economia ROSSETTI, J. P. 18ª. São Paulo Atlas 2000Câmbio, ouro e dívidaexterna
GAROFALO FILHO,E.
- São Paulo Saraiva 2003
Introdução à economia TROSTER, RobertoLuís; MOCHÓN,Francisco M.
- São Paulo MakronBooks
2000
Empresas feitas paravencer
COLLINS, Jim -Rio deJaneiro
Campus 2002
Empresas feitas paradurar
COLLINS, Jim -Rio deJaneiro
Campus 2000
Outros
Estratégias de EnsinoO curso contará com equilíbrio teórico – prático por meio de exposições e discussão de
casos práticos, utilizando: Aulas expositivas Aulas reflexivas com análise de casos Dinâmica de grupos Seminários Vídeos Debates
Será sempre indicada a bibliografia básica e específica necessária ao acompanhamento docurso e orientação do aluno na vida acadêmica e profissional.
A exposição será feita por meio de colocação dos pontos a serem discutidos de formaesquemática, seguida de apresentação por parte do professor. Para todas as exposições epara todos os pontos deverão ser utilizadas apresentações de casos práticos.
Estratégias de AvaliaçãoDuas provas teóricas/práticas bimestrais e trabalhos individuais ou em grupo, mais o projetoPIM, sempre envolvendo os assuntos voltados à gestão das organizações, sendo que amédia do semestre será constituída por 40% da nota da P1, 40% da nota da P2 e 20 % danota do PIM.
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Anexo 3: A Importância da Ignorância na Pesquisa Científica9
Reencontrei recentemente uma velha amiga que não via há anos. Éramos alunos de
doutorado na mesma época, ambos estudando ciência mas em diferentes áreas. Ela deixou
a área e foi para faculdade de direito em Havard e agora é advogada sênior de uma grande
organização ambiental. Num determinado momento a conversa pendeu para o porquê de
ela ter largado a academia. Para meu total espanto ela disse que saíra porque se cansou de
se sentir estúpida. Após alguns anos se sentindo estúpida todos os dias ela percebeu que
estava pronta para fazer outras coisas.
Para mim ela era uma das pessoas mais brilhantes que eu conheci, e a sua carreira
posterior prova esta constatação. O que ela disse me incomodou. Eu continuei pensando
naquilo, até que no dia seguinte caiu a ficha. A ciência me faz sentir idiota também. O que
acontece é que eu me acostumei com isso. Tanto me acostumei a isto que persigo
ativamente novas oportunidades de me sentir estúpido. Não sei o que eu faria sem este
sentimento, e até acho que é assim que deve ser. Deixe-me explicar.
Para a maioria de nós, uma das razões para gostarmos de ciências na escola era que
nós éramos bons nisto. Mas esta não pode ser a única razão – fascínio por entender o
mundo físico e uma necessidade emocional de descobrir novas coisas devem existir
também. Mas para a escola e a faculdade, a ciência consiste em fazer aulas, e ir bem nas
aulas significa dar as respostas certas nas provas. Se você souber as respostas você passa
bem e se sente esperto.
No doutorado, onde você tem um projeto de pesquisa, a coisa é bem diferente.
Para mim foi uma tarefa amedrontadora. Como eu poderia formular a pergunta que me
levaria a uma descoberta significativa; desenhar e interpretar um experimento para que as
conclusões fossem absolutamente convincentes; prever obstáculos e achar maneiras de
circundá-los, ou, caso falhasse nisso, resolvê-los quando aparecessem? Meu projeto de
doutorado era interdisciplinar e, por um tempo, sempre que tive um problema eu podia
9 Originalmente publicado no Journal of Cell Science e traduzido por Rafael Soares.
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importunar alguém em meu departamento, que tinha especialistas em várias disciplinas de
meu interesse. Eu me lembro de um dia em que Henry Taube (que ganhou o prêmio Nobel
dois anos depois) me disse que não sabia como resolver um problema que eu estava tendo,
mesmo se tratando de sua área.
Percebi que eu era apenas um aluno de trinta anos e que Taube deveria, por baixo,
saber mil vezes mais do que eu. Se ele não tinha a resposta, então ninguém tinha.
Foi aí que entendi: ninguém sabe. Por isso mesmo que é um problema em
pesquisa. E sendo a MINHA pesquisa, era minha responsabilidade resolvê-lo. Ao encarar
este fato resolvi o problema em poucos dias. (E não era realmente muito difícil; apenas tive
que testar algumas poucas coisas.) A moral da história é que a área das coisas que eu não
sabia não era apenas vasta; era, na prática, infinita. Ao invés desta constatação ser
desencorajadora, ela era libertadora. Se a ignorância é infinita, a única atitude que nos
sobra é dar o melhor de nós.
Eu gostaria de dizer que os programas de pós-graduação geralmente fazem umdesserviço para a formação do estudante de duas formas. Primeiro, porque os estudantes
não percebem o quão difícil é fazer pesquisa. Mais difícil ainda pesquisa de grande
importância. É muito mais difícil que ir bem nas aulas, mesmo nas mais exigentes. O que
torna a pesquisa difícil é o mergulho no desconhecido. Nós simplesmente não sabemos o
que estamos fazendo. Até termos um resultado, nós nem ao menos estamos certos se
estamos fazendo as perguntas certas ou os experimentos adequados. Para atrapalhar, ainda
temos a competição por financiamento e visibilidade em revistas de prestígio. Mas fora isto,
fazer pesquisa relevante é intrinsecamente difícil, por isso qualquer mudança nos cursos,
departamentos ou instituições não vão diminuir esta dificuldade intrínseca.
Segundo, nós não ensinamos nossos alunos a serem ignorantes produtivos – ou
seja, se eu não me sinto estúpido, significa que eu não estou realmente me esforçando. Não
estou falando de ´ignorância relativa´, como quando os outros alunos na turma lêem as
lições, estudam, passam na prova, e você não. Também não estou falando de pessoas
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brilhantes que estejam em áreas que não aproveitam seus talentos. Ciência envolve
confronto com a ´ignorância absoluta'. Aquela que é um fato existencial inerente a nosso
esforço de adentrar no desconhecido. Exames de admissão e bancas de defesa atingem seus
objetivos quando forçam o aluno até começar a dar respostas erradas ou desistir e dizer,
´não sei´. O objetivo do exame não é avaliar se o aluno responde todas as perguntas. Se ele
responder, quem falhou no teste foi a banca. O objetivo real é identificar as fraquezas do
aluno, primeiro para ver onde ele deve se esforçar mais, e segundo para saber se o
conhecimento dele estaciona no nível alto o suficiente para tocar um projeto de pesquisa.
Estupidez produtiva significa ser ignorante por escolha. Focar em uma questão
importante nos coloca numa posição de ignorância. Uma coisa boa em ciência é que ela nos
permite tropeçar por aí, errar de vez em quando, e mesmo assim nos sentirmos bem,
contanto que aprendamos algo com isso tudo. Claro que isto é muito difícil para alunos que
estão acostumados a ter a resposta certa. Claro que um bom nível de confiança e equilíbrio
emocional ajudam, mas eu acho que educação científica deve fazer mais para atenuar esta
grande transição: de aprender as descobertas de outras pessoas para começar a fazer as
suas próprias. Quanto mais confortáveis estivermos sendo ignorantes, mais profundamentepoderemos penetrar no desconhecido para fazer grandes descobertas.
Referência10
SCHWARTZ, Martin. The importance of stupidity in scientific research. Virginia: Department