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    U N E S P A R - CAMPUS F E C E A

    CURSO DETURISMO

    DISCIPLINA DE

    ECONOMIADO TURISMO

    PROF. ACIR BACN

    MATERIAL DE APOIO

    Av. Guedner, 1610, (44) 3027-636087.050-390 Maring PR - www.cesumar.br

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    DISCIPLINA DE ECONOMIA APLICADA AO TURISMOProf. Acir Bacn

    CURSO TURISMO E HOTELARIAORGANIZAO DA ATIVIDADE ECONMICA

    As questes fundamentais do problema econmico (O que e quanto Produzir?Como Produzir? E Para Quem Produzir?) sempre motivaram povos no mundo todoa se lanarem na busca de uma estruturao econmica que pudesse responderde forma mais eficaz essas questes.

    As solues para os problemas centrais de uma sociedade iro depender,fundamentalmente, do tipo da sua estruturao econmica. De maneira geral,pode-se dizer que so trs as formas pelas quais a sociedade organiza suaeconomia, a fim de resolver os problemas de o que e quanto, como e para quemproduzir: Sistema Econmico Capitalista, tambm conhecido como economia de

    mercado (ou de livre empresa), ou descentralizado; Sistema Econmico Socialista,tambm conhecido como economia planificada ou centralizada e SistemaEconmico Capitalista Misto, tambm conhecido como economia mista.

    1. ORGANIZAO ECONMICA CAPITALISTA - Economia de Mercado -O Sistema Econmico Capitalista ou de Economia de Mercadotm, como

    caracterstica bsica, a propriedade privada dos meios de produo, tais como:fbricas e terras, e sua operao tendo por objetivo a obteno de lucro, querepresenta um fator propulsor do desenvolvimento econmico e as empresasestariam dispostas a oferecer seus produtos medida que existam possibilidadesefetivas de obteno de lucros sob condies em que predomine a concorrncia.

    Destaca-se ainda nesta forma de organizao econmica: a) A existncia de 2(duas) classes a operria e a empregadora que conduzem e animam aatividade produtiva de bens e servios; b) A liberdade de iniciativa que confereao indivduo a possibilidade e iniciar qualquer atividade produtiva, desde que, sejalcita; c) O mercado de livre concorrncia - que possibilita a competio e aconcorrncia entre os agentes econmicos.

    Em uma economia baseada na propriedade privada e na livre iniciativa, osagentes econmicos (indivduos e empresas) preocupam-se em resolver isola-damente seus prprios problemas tentando sobreviver na concorrncia impostapelos mercados.

    Nesse tipo de sistema econmico, os consumidores e empresas, agindo

    individualmente, interagem atravs dos mercados acabando por determinar o quee quanto, como e para quem produzir.

    1.1. O Sistema de Preos na Economia de MercadoEm uma Economia de Mercado a ao conjunta de indivduos e empresas

    permite que milhares de mercadorias sejam produzidos de maneira espontnea,sem que haja uma coordenao central das atividades econmicas. Na verdade,existe um mecanismo de preos automtico e inconsciente que trabalha, garan-tindo o funcionamento do sistema econmico, dando a ele uma certa ordenao,de maneira tal que tudo realizado sem coao ou direo central de qualquerorganismo consciente.

    Para se ter uma idia, tomemos como exemplo a cidade de So Paulo:milhares de mercadorias abastecem a cidade diariamente, sem que para issoexista o comando de qualquer organismo consciente.

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    A esse mecanismo de preos automtico e inconsciente que se d o nome deSistema de Preos.

    E como funciona o sistema de preos?Como j estudado anteriormente, todos os bens econmicos tm seu preo.

    Em um mercado livre, presenciado por uma pluralidade de compradores evendedores, os preos refletem as quantidades que os vendedores desejamoferecer e as quantidades que os compradores desejam comprar de cada bem.

    Para exemplificar; suponhamos que por um motivo qualquer as pessoaspassem a desejar uma quantidade maior de calados. Se a quantidade disponvelde calados for menor que a quantidade procurada, ento haver uma disputaentre os compradores para garantir a aquisio desse bem. Isso far com que opreo do calado acabe se elevando, em parte porque as pessoas se dispem apagar mais pelo produto, em parte porque os produtores, percebendo o grandeinteresse pela sua mercadoria, acabam por elevar-lhe o preo. A elevao depreo acabar por excluir os que no dispem de recursos para pagar preos maisaltos. Com a alta do preo, os produtores de calados sero estimulados a

    aumentar a produo. Se esse aumento na produo for muito grande, poderhaver um excesso de calados no mercado, alm da quantidade procurada. Comoconseqncia haver uma concorrncia entre os produtores a fim de desovar oexcesso de mercadoria. Essa concorrncia provocar uma diminuio no preo.Um preo mais baixo estimular o consumo de calados e os produtoresprocuraro ajustar a produo quantidade adequada.

    Em uma Economia de Mercado, tanto os bens e servios quantos os recursosprodutivos tm seus preos e quantidades determinados pelo livre jogo da oferta eda procura, ou seja, pela livre competio. Do confronto entre oferta e procuraresulta um preo, e esse preo que exerce uma funo econmica bsica. ele,que por suas variaes, orienta a produo e o consumo.

    O mecanismo de preos , portanto, um vasto sistema de tentativas e erros,de aproximaes sucessivas, para alcanar o equilbrio entre oferta e procura. Odesejo das pessoas determinar a dimenso da procura, enquanto que a produodas empresas determinar a dimenso da oferta. O equilbrio entre a oferta e aprocura ser atingido pela flutuao do preo.

    O que verdade para mercados de bens e servios, tambm o paramercados de recursos produtivos (Terra, Trabalho, Capital e CapacidadeEmpresarial). Assim se houver maior necessidade de engenheiros do que deadvogados, as oportunidades de emprego sero mais favorveis aos primeiros. Osalrio dos engenheiros tender a aumentar e o dos advogados, a diminuir.

    Em uma economia complexa e interdependente, as pessoas no conseguemdizer diretamente aos produtores o que desejam consumir. O mecanismo demercado fornece, atravs dos preos, uma forma de comunicao indireta entreconsumidores e produtores, possibilitando uma adaptao da produo snecessidades de consumo; possibilita, ao mesmo tempo, uma adaptao doconsumo escassez relativa dos diferentes tipos de bens e servios.

    1.2. Como uma Economia de Mercado Resolve os ProblemasO Que e Quanto, Como e Para Quem Produzir ?

    Em uma economia de mercado o Estado no deve intervir em nenhum aspectoda atividade produtiva, devendo ficar sua ao restrita ao atendimento dasnecessidades coletivas, tais como a justia, a educao etc. Cabe ainda ao Estadoo estabelecimento de regras visando proteger a liberdade econmica, zelando,

    assim, pelo livre jogo da oferta e procura. Uma economia de mercado resolve ostrs problemas econmicos fundamentais simultaneamente, conciliando oferta eprocura em cada mercado especfico. Vejamos como isso ocorre:

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    1.2.1. - OQue e Quanto Produzir?Em um sistema econmico baseado nas aes apenas das famlias e das

    empresas, as prprias unidades familiares determinam o valor de cada bem ou

    servio atravs do mercado. Quanto mais as pessoas desejarem um produto,atribuiro a ele um valor cada vez maior. Como nesse tipo de economia o valor decada bem medido pelo seu preo, quanto maior for a disposio das pessoas emapoiar seus desejos com dinheiro, mais elevado dever ser o preo desse bem.Assim, a maneira pela qual as unidades familiares gastam as suas rendas entre osdiversos bens e servios, estabelece um sistema de avaliao entre os mesmos,ou seja, fornece uma estrutura de preos dentro do sistema econmico quepossibilita s empresas, que perseguem o lucro, produzir aquilo que as pessoasmais desejam.

    1.2.2. - Como Produzir?O como produzir? ser determinado pela competio entre os diversos

    fabricantes. Em funo da concorrncia de preos resta ao produtor, na tentativade maximizar seu lucro, optar pelo mtodo de produo mais barato quantopossvel, o que envolve, naturalmente, consideraes a respeito dos preos dosfatores de produo a serem utilizados. Assim, se o fator capital caro e o fatortrabalho barato, as empresas procuraro utilizar tcnicas que usem o fatortrabalho mais intensivamente. Verifica-se, novamente, a existncia de ummecanismo de preos orientando as decises dos empresrios quanto aos mtodosprodutivos a serem utilizados.

    1.2.3. Para Quem Produzir?Em uma economia de mercado, a oferta e a procura de fatores de produo

    (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial) determina as taxas salariais, osaluguis, as taxas de juros e os lucros que iro se constituir na renda das unidadesfamiliares. A renda de cada famlia ir depender da quantidade dos diferentesrecursos produtivos que ela pode oferecer no mercado de fatores e do preo queas empresas esto dispostas a pagar pela utilizao dos mesmos. Se um indivduodispuser somente de sua fora de trabalho para oferecer no mercado de fatores,sua renda mensal ser determinada pelo salrio/hora vezes o nmero de horastrabalhadas por ms, como se verifica pelo exemplo dado a seguir:

    Renda do TrabalhoUnidade

    familiar

    Fator deproduo Preo (P)

    Quantidade(Q)

    RendaMensal

    1 indivduo Trabalho$ 5,00 p/

    hora220 horas /

    ms$ 1.100,00

    Total da Renda Mensal $ 1.100,00

    Se o mesmo indivduo, afortunadamente, for proprietrio de terras e arrend-las, sua renda mensal ser acrescida pelo aluguel da terra, dado peloarrendamento mensal por unidade de rea multiplicada pela quantidade de terraarrendada. Nesse caso, o exemplo ficaria da seguinte forma:

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    Renda do Trabalho e da TerraUnidade

    familiar

    Fator deproduo

    Preo (P)Quantidade(Q)

    RendaMensal

    1 indivduo Trabalho $ 5,00 p/hora 220 horas /ms $ 1.100,00

    1 indivduo Terra$1.000,00/ha

    10 hectares $ 10.000,00

    Total da Renda Mensal $ 11.000,00

    Esse exemplo poder ser estendido em funo do nmero de recursos pos-sudos por cada unidade familiar. Note-se que a quantidade de fatores pertencen-tes a cada unidade familiar juntamente com o preo pago pela utilizao dosmesmos ir determinar a distribuio de renda nesse tipo de economia. Uma vezque a quantidade de bens e servios apropriados por cada famlia est limitada porseus rendimentos, tanto maior ser a participao de cada unidade familiar nadeterminao de o que produzir? quanto maior for sua renda.

    Como crticas a esta forma de organizao econmica, podemos citar : a)Dada a dificuldade de se fazer uma eficiente repartio de renda, instala-se eseguem lado a lado a riqueza e a pobreza; b) Trata-se de uma simplificao darealidade, haja vista, no haver no mundo atual um s pas organizado puramentenesta forma; d) O domnio de uma classe sobre a outra, ou seja, o patro sempreditando as normas e as condies de contratao e de vinculao dostrabalhadores; e) O trabalho humano visto no mercado como uma simples

    mercadoria, sujeita a lei da oferta e da procura; f) Os preos nem sempre flutuamlivremente ao sabor do mercado, devido a fora dos sindicatos sobre a formaodos salrios, pelo poder dos monoplios e oligoplios sobre a formao dos preosno mercado, no permitindo queda dos preos de seus produtos e ainda pelainterveno do governo, via fixao de salrio mnimo, fixao de preos mnimos,congelamentos e tabelamentos de preos.

    1. O capitalismo descrito como sendo um sistema de mercados livres,operando sob condies de concorrncia: ou seja, concorrncia entre vendedoresde bens similares, para atrair clientes; concorrncia entre compradores, paragarantir os bens que desejam; concorrncia entre trabalhadores, para obter

    empregos; concorrncia entre empregadores, para conseguir trabalhadores.

    2. ORGANIZAO ECONMICA SOCIALISTA - Economia de PlanificaoCentral

    Esse tipo de organizao econmico tpico dos pases socialistas, em queprevalece a propriedade estatal dos meios de produo. Nesse tipo de sistema asquestes de o que e quanto?, como? e para quem? produzir no soresolvidas de maneira descentralizada, via mercados e preos, mas peloplanejamento central, em que a maior parte das decises de natureza econmicaso tomadas pelo Estado.

    Assim com relao a atividade produtiva de bens e servios podemos destacaralgumas caractersticas bsicas, a saber :

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    serve como elemento sinalizador do comportamento tanto de consumidoresquanto de empresrios, em uma economia centralizada a expanso e a contraoindustrial determinada pelo Estado, e no pelo mecanismo de preos. Assimsendo, se o Governo desejar estimular determinada indstria, ele pode faz-lo,

    mesmo que essa indstria seja ineficiente e apresente prejuzos.Alternativamente, pode o Governo decretar o fechamento de uma indstriaeficiente, mesmo que ela venha obtendo lucros.

    Em uma economia centralizada, os preos so utilizados para auxiliar adistribuio de diversos produtos. Nesse tipo de sistema o prprio governo quedetermina os diversos preos dos bens de consumo evitando, assim, que ele sejaobrigado a lanar mo de mecanismos de racionamento. Pode, ento, haverdiferena entre o custo de produo de um produto e seu preo de venda.Exemplificando, suponhamos que o custo de um aparelho de televiso seja de R$500. Se houver uma procura muito grande por esse tipo de bem o governo podeestabelecer seu preo em R$ 800. Desta forma o equilbrio entre oferta e demandapoderia ser restabelecido, evitando-se, ento, o mecanismo de racionamento.

    As principais crticas a esse sistema so:

    a) Supresso total ou parcial das liberdades individuais o homem no temliberdade para executar por sua prpria conta, qualquer atividade produtiva;

    b) Despersonalizao do indivduo que se converte numa simples engrenagemda mquina produtiva ao qual compete unicamente cumprir a meta que lhe forestabelecida;

    c) O Estado mau administrador pois, para organizar e administrar a atividadeprodutiva sob sua responsabilidade precisa contar com uma estruturaadministrativa muito grande, o que torna a produo onerosa, a um custo

    muito alto, o que perturba o progresso econmico;

    3.4 Economia Mista

    Na realidade, as organizaes econmicas descritas anteriormente (Economiade Mercado e Sistema de Planejamento Central) nunca existiram em sua formamais pura. O que se observa nos diversos pases uma mescla desses doissistemas que ora se aproxima de um tipo de organizao, ora de outro, conforme

    o grau da participao do Estado na economia.Nos sistemas de economia mista, uma parte dos meios de produo pertenceao Estado (empresas pblicas) e a outra parte pertence ao setor privado(empresas privadas).

    Nesse tipo de sistema cabe ao Estado a orientao e controle de muitosaspectos da economia. Para tanto, ele utiliza as empresas pblicas e outrosinstrumentos a sua disposio, tais como: a legislao, a tributao etc. Vejamosento como um Sistema de Economia Mista resolve seus problemas bsicos:

    3.4.1 O Que e quanto Produzir?

    Em um sistema de economia mista, em que existe propriedade privada dosmeios de produo o Estado no pode determinar ao empresrio o que produzir. O

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    Estado no pode, por exemplo, determinar a um agricultor que plante arroz emvez de milho, ou a um industrial que produza tecidos em vez de calados. Pode,entretanto, influir indiretamente para resolver a questo o que e quantoproduzir?.

    Ele pode, por exemplo, atravs das leis, proibir a produo de drogas; aofaz-lo, estar diretamente dizendo o que no deve ser produzido e, indireta-mente, aquilo que se pode produzir. A tributao tambm pode ser utilizada parasinalizar aos produtores aquilo que deve ser produzido. E o caso da reduo (ealgumas vezes, iseno) de impostos em alguns setores (indstria automobilstica,por exemplo) e a concesso de incentivos fiscais em outros. Outro instrumento deque dispe o Estado para operar com a mesma finalidade o controle de crditos.Nesse caso, a concesso de crdito subsidiado a determinadas atividades umindicador de que o Estado deseja estimul-las Outra maneira de o Estado intervirna questo o que e quanto produzir? atravs das suas Empresas Pblicas, quese destinam a garantir a produo de bens servios necessrios ao bem-estarcoletivo (saneamento bsico, transporte, combustvel, energia eltrica etc.) e que

    o setor privado no se interessa ou no tem condies de explorar uma vez queexigem investimentos elevados e apresentam retornos lentos. No se podedesconsiderar, tambm, o papel do Estado no tocante s suas despesas, uma vezque ele o maior comprador de bens e servios do sistema econmico. Destaforma, quando o Estado executa obras, tais como: a construo de estradas epontes ele est automaticamente dizendo ao setor privado que deseja que sejamproduzidos os materiais necessrios execuo de tais obras (cimento, ao etc.).

    No obstante a interveno do Estado no sistema, os produtores numaeconomia mista, ao decidirem o que e quanto produzir? seguem, geralmente, asindicaes fornecidas pelo sistema de preos.

    3.4.2 Como Produzir?

    A questo como produzir? em um sistema misto solucionadadistintamente, conforme se enfoque o setor pblico ou o setor privado daeconomia. Ao nvel do setor pblico, essa questo resolvida de acordo com oplanejamento governamental em que o fundamental no a obteno de lucros,mas o atendimento adequado das necessidades da coletividade. No mbito dosetor privado, a questo solucionada de acordo com a concorrncia.

    3.4.3 Para Quem Produzir?

    Nos sistemas de economia mista a questo distributiva resolvida, em geral,pelo sistema de preos.

    Entretanto, aos detentores de renda mais baixa o Estado oferece ensinogratuito, assistncia mdica, assistncia jurdica, alm de outros servios a queessa camada da populao, em funo do seu baixo poder aquisitivo, no temacesso.

    Alm disso, o Estado procura criar mecanismos que garantam s pessoas orecebimento de uma renda que lhes permita satisfazer suas necessidades bsicas.A criao do seguro desemprego e o estabelecimento de nveis salariais mnimosso exemplos da ao do Estado nesse sentido.

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    OS FATORES DE PRODUOPara desenvolverem atividades de produo, os sistemas econmicos

    precisam contar com os Fatores de Produo que representam os grandesfornecedores de recursos produtivos; so trs os Fatores Produtivos, a saber:

    NATUREZA;IMPLEMENTOS TECNOLGICOS ePOPULAO .

    NATUREZA o primeiro fator da produo, no por ser o mais importante; mas por

    duas razes: uma histrica, outra expositiva. Quando o ser humano surge na

    histria, j encontra a natureza: historicamente, a natureza vem primeiro. Poroutro lado, a atividade econmica se exerce sobre os elementos que a naturezaoferece ao homem, tais elementos so conhecidos como Recursos Naturais.

    Recursos Naturais seriam portanto, todos os elementos oferecidos pelanatureza ao homem e, pelo seu esforo e seu engenho, podem proporcionar frutosque satisfaam as suas necessidades.

    Os principais Recursos Naturais so :I - Solo - Principal fornecedor de alimentos e matrias-primas de origem

    vegetal e animal. Pela natureza de sua explorao o solo considerado como umfator de fixao do homem no campo.

    II - Subsolo - fornecedor de riquezas de origem mineral que so defundamental valor para o desenvolvimento das economias, ou seja, uma economiadesenvolvida usa cerca de 300 tipos de minerais, como matrias-primas. Dezdeles so fundamentais: ferro e cobre (metais); petrleo, gs natural, carvo,urnio e trio (minerais energticos); calcrio, enxofre, fertilizantes azotados epotssicos (minerais no-metlicos). O pas que os tem, ou que os pode adquirir, dito nao imperial, economicamente autodeterminada: pode ser uma entre asgrandes naes. Pela natureza de sua explorao o subsolo tido como um fatorde concentrao urbana e tambm, pela sua importncia para as economias, tido como causa de conflitos entre naes.

    III - Sistema Hidrogrfico - compreende os lagos, as represas, os riachos,os rios que fluem sobre o territrio de uma economia, e fundamental para aexplorao da caa, pesca, transportes, comunicaes, saneamento bsico para ascomunidades, irrigao dos solos e ainda como potencial de reservas hidreltricas.

    IV - Mar Territorial - prolongamento do territrio de uma economia. Nopassado, a contribuio econmica oferecida pelo mar limitava-se pesca, ao sale navegao. Contemporaneamente, sabe-se que uma milha quadrada doOceano Pacfico, no Peru equivale, do ponto de vista alimentar, a dez milhas damelhor terra fertilizada. Mas , sobretudo, a necessidade de achar novas fontes deminerais que tem levado certos pases explorao sistemtica do mar, a comearpela plataforma continental. Do subsolo martimo, tira-se petrleo, enxofre, gs

    natural, sal-gema, mangans, carvo, estanho, ferro, diamante; da gua do

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    mar, tiram-se magnsio, gesso, bromo, potssio, sal; as conchas servem para afabricao de cal e cimento.

    V - Meio Climtico - compreende as chuvas, os ventos, as geadas, as secase outros fatores climticos que condicionam o tipo de plantao agrcola a ser

    explorado em determinada regio, alm de ser explorada a fora motriz dosventos, o calor e a luz solar.

    P O P U L A OA populao Total (N) de um pas, representa o somatrio das pessoas

    consideradas residentes desse pais. Evidentemente nem toda a populao do pasconstitui sua fora de trabalho. Assim sendo, vamos determinar qual a parte dapopulao total (N), que realmente compe esse fator de produo.Vista em um determinado momento, podemos dividir a populao total em duasgrandes partes: uma formada pelas pessoas em idade economicamente no ativa(Nn), ou simplesmente populao inativa, que estariam situadas nas faixas etriasde 0 a 16 anos e aqueles acima dos 65 anos; outra, das pessoas em idadeeconomicamente ativa (Nt), ou populao ativa, formada pelas pessoas na faixados l6 a 65 anos, o que pode ser representado da seguinte maneira .( 1 ) N = Nn + Nt

    Por sua vez, a "populao em idade economicamente ativa" (Nt) pode serdecomposta em trs outros grupos, a saber: o primeiro formado pelas pessoasque no trabalham nem procuram ocupao (Nc) portanto voluntariamentedesocupadas, como as donas de casa que no trabalham fora, os alunos que s

    estudam, os presidirios detidos em locais que no propiciam a execuo detrabalhos artesanais ou manuais; o segundo constitudo das pessoas que estotrabalhando vinculados a uma empresa (Na) e o terceiro representado por aquelesque executam atividades por conta e risco prprio (Ne) os empresrios.( 2 ) Nt = Na + Ne + Nc

    Se substituirmos na equao (1), o Nt pelos elementos da equao (2),teremos:

    ( 3 ) N = Nn + Nc + Na + Ne

    A igualdade acima permite visualizar a varivel demogrfica atravs dosseus principais componentes econmicos.Podemos ainda considerar o conceito de Populao Econo micamente Ativa

    (PEA), como sendo a parcela da populao total (Na e Nc) que se encontraefetivamente voltada para o mercado de Trabalho .

    Trabalho - representa o esforo fsico e mental do homem aplicado noprocesso produtivo de bens e servios, e o trabalho subdivide-se em.

    a) Trabalho Qualificado aquele cujo desenvolvimento requer dotrabalhador um maior esforo mental; e

    b) Trabalho no Qualificado - aquele que exige do trabalhador um

    maior empenho fsico.

    Diviso Social do Trabalho

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    Consiste na especializao do indivduo para poder melhor executar umatarefa produtiva, ou, numa acepo mais geral, representa a repartio dastarefas do trabalho entre os homens, de modo a obter uma maior produtividade.

    Numa Comunidade Agropastoril o homem, para obter a satisfao de todas

    as suas necessidades, tinha de executar todas as tarefas inerentes, de modo que;para satisfazer sua fome e de sua famlia, deveria trabalhar, ou na caa, na pesca,na agricultura para produzir alimentos. Evidentemente que ao praticar atividadesprodutivas, o homem, de acordo com o seu gosto, aptido, afinidade ou jeito, sesobressaia melhor em determinada atividade, produzindo assim, alm de suasnecessidades, resultando assim um excesso de produo o qual seria trocado como excesso de produo de outro trabalhador, surgindo, a troca direta dessasmercadorias, cujo processo se denomina "ESCAMBO", que a pratica das trocasdiretas de mercadorias sem o envolvimento de dinheiro.

    Na Comunidade Contempornea o homem,. especialista, executa apenas

    uma tarefa, visando a satisfao de todos os seus desejos, trabalhando numa dastrs grandes divises . Agropecuria, Indstria e Comrcio/Servios.

    IMPLEMENTOS TECNOLGICOSO trabalho humano se exerce num contexto econmico que rene fbricas,

    estradas, mquinas, equipamentos, instrumentos, veculos e uma infinidade deoutros elementos,, resultados do prprio esforo do homem, empreendido empocas passadas. Tais elementos constituem, em sua totalidade, nos ImplementosTecnolgicos de que dotado um sistema econmico, em determinado momento.

    O homem primitivo viveu grande parte de sua vida numa economia coletora,

    isto , apenas colhia as coisas que a natureza lhe oferecia. Porm, premido pelasnecessidades fsicas que iam crescendo medida que cresciam as comunidadesprimitivas, e sendo dotado de inteligncia e imaginao criativa, comea a fazeralguns pequenos instrumentos que o possibilitava obter melhor resultado do seutrabalho, com o conseqente aumento das quantidades produzidas. Lanas,arpes, machado de pedra, arco e flecha, facas (lascas de pedra de grandedureza, o slex), constituram o primeiro conjunto de ferramentas de trabalho, aque se deu o nome de bens de capital.

    Assim podemos conceituar capital como sendo o bem criado pelo homem eque se destina a produo de novos bens e servios e que a acumulao desses

    bens de capital formam os implementos tecnolgicos de uma economia.

    A T I V I D A D E E C O N M I C AA Atividade Econmica representa o esforo produtivo na gerao de bens e

    servios que se destinam satisfao das necessidades humanas.

    Em termos simples, a Atividade Econmica pode ser considerada com um processode globalizao de Procura e Oferta efetivas, podendo ser mais ou menos intensa,dependendo das variveis (Y) Renda e (P) preo.

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    Outro conceito de Atividade Econmica aquele determinado pela existncia deuma dupla corrente circular que gira em torno de duas unidades existentes naeconomia: Unidades de Produo (UP), representadas por todas as empresasjuridicamente lotadas num sistema econmico e Unidades de Utilizao (UU),

    representadas pelas famlias e indivduos, cuja corrente circular constituda pormovimentaes monetrias e movimentaes de quantidades fsicas .

    As movimentaes monetrias esto representadas pelos:a) Fluxo Monetrio de Remunerao dos Fatores Produtivos; b) Fluxo

    Monetrio de Demanda Efetiva.

    As movimentaes de quantidades fsicas esto representadas pelos:a) Fluxo Fsico de Fatores de Produo; b) Fluxo Fsico de Bens e Servios.

    O Fluxo Monetrio de Remunerao dos Fatores Produtivos representa a

    Demanda que as unidades de Produo realiza junto s Unidades Utilizadoras embusca de Fatores Produtivos que estas possuem. constitudo por uma correntede dinheiro equivalente ao produto das quantidades fsicas dos diferentes FatoresProdutivos utilizados, por seus respectivos preos no perodo a que se refere,sendo medido atravs de salrios, juros, dividendos, lucros, comisses,gratificaes e uma srie de outras rendas que formam o Valor Agregado.

    O Fluxo Monetrio de Demanda Efetiva representa a demanda realizadapelas Unidades de Utilizao em busca dos bens e servios necessrios satisfao dos desejos. , portanto, representado pela quantidade de dinheiro que

    as Unidades Utilizadoras entregam s de Produo pela apropriao dos bens eservios que estas produzem.

    O Fluxo Fsico de Fatores Produtivos constitudo pela quantidade fsica defatores produtivos (horas, dias, meses e anos de utilizao do capital,empresrios, recursos naturais e empregados), que as Unidades de Utilizaocolocam disposio das Unidades Produtoras.

    O Fluxo Fsico de Bens e Servios caracterizado pela quantidade fsica deBens e Servios que as Unidades Produtoras entregam as Unidades Utilizadoras,

    tais como: alimentos, habitao, vesturio, transporte, educao, e outros.Assim pode-se visualizar que todo Fluxo Fsico, forma a oferta de bens ou

    servios, e a oferta de fatores produtivos, e que todo Fluxo Monetrio forma aDemanda por bens e servios e a Demanda por Fatores Produtivos.

    Em termos amplos poder-se-ia, portanto, conceituar a Atividade Econmicacomo sendo um processo permanente de transformao dos Fatores Produtivosem bens e servios finais que se destinam a satisfao das ilimitadas necessidadeshumanas, e, cujo processo permanente de transformao executado pelasunidades produtoras operantes no quadro de uma nao.

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    Fluxo monetrio de demanda efetiva

    Fluxo fsico de bens e servios

    Fluxo fsico de fatores de Produo

    Fluxo monetrio de remunerao dos Fatores Produtivos

    OS NVEIS DA ATIVIDADE ECONMICAA Atividade Econmica estudada pela economia sob trs nveis; a saber:O Nvel Microeconmico que pode ser entendido como um ramo da

    Cincia Econmica que estuda o comportamento dos indivduos consumidores e,por outro lado, certos aspectos relacionados ao funcionamento das empresas, notocante aos problemas de custos, receitas, lucros, tendo em vista ocomportamento do mercado em relao aos bens e servios produzidos.

    A rea de abordagem da Microeconomia diz respeito s formas pelas quais asunidades individuais interagem, visando a satisfao das necessidades humanas.

    O Nvel Setorial- a anlise econmica realizada a nvel intermedirio ousetorial, quando focaliza ou estuda a atividade econmica dos diferentes setoresde produo.

    O Nvel Macroeconmico - ou Nvel Global quando se emprega umenfoque de conjunto, no qual a economia considerada como um todo e asmagnitudes estudadas so as mais agregadas do sistema econmico. Representaa anlise da economia de um pas, estudando os agregados Macroeconmicos, taiscomo, o Produto Interno Bruto (PIB), o Consumo Total (C), o Investimento Total(I), a Exportao (E), a Importao (M), a Populao Total (N),~a Fora deTrabalho (Na e Ne), o Capital (K), os Recursos Naturais (RN) e outras grandezasMacroeconmicas.

    SETORES DA ATIVIDADE ECONMICA

    0 campo de estudo da economia setorial est caracterizada pelo estudo. daatividade econmica de todos os grupos de empresas que tenham caractersticassemelhantes, ou cujas principais variveis de financionamento tenham o mesmocomportamento econmico. Portanto, o setor de produo se constitui no objetode estudo da economia setorial e representa de maneira geral, o conjunto deEmpresas de elevado grau de semelhana na sua estrutura produtiva, cujaatividade econmica se expressa na produo de bens e servios que vosatisfazer necessidades especficas da populao.

    As unidades produtoras que realizam suas operaes no quadro de umaeconomia esto, de acordo com a semelhana dos recursos e atividades quedesenvolvem, vinculadas aos Setores de Atividade Econmica existentes naeconomia que so:

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    UNIDADES

    PRODUTORAS

    UNIDADES

    UTILIZADORAS

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    Primrio - aqueles cujas unidades produtoras desenvolvem suas atividadesjunto s bases dos Recursos Naturais, prima-se por ser um setor fornecedor dematrias-primas de origem vegetal, animal e mineral. Demanda uma grandequantidade de mo de obra no qualificada.

    Secundrio - setor ao qual esto vinculadas as unidades produtoras queexecutam a transformao das matrias-primas, advindas das empresas do setorprimrio, em bens e servios intermedirios ou finais. o setor cujas empresasdemandam grandemente os bens de capital fixo.

    Tercirio - Setor que agrega as empresas prestadoras de servios diversose se identificam principalmente pela carncia de trabalho qualificado.

    O Esquema que se segue, demonstra que as atividades desenvolvidas portodas as unidades produtoras dos trs setores, geram duas variveis para osistema econmico, a saber: a) de um lado, no intuito de atingir o objetivo peloqual foram institudas, as unidades produtoras produzem bens e servios

    (produto), que os colocam, atravs de uma movimentao de quantidades fsicas, disposio da sociedade, num determinado local chamado de Mercado; b) poroutro lado, para alcanar as finalidades de suas operaes, as unidades produtorasgeram rendimentos para o capital e para o trabalho (renda) alocado no processoprodutivo, que possibilitar comunidade a procura pelos bens e serviosnecessrios, num determinado local chamado Mercado.

    PRIMRIO

    SECUNDRIO

    TERCIRIO

    Assim, o Mercado se constitui num local qualquer, sem definio geogrfica,no qual comparecem compradores e vendedores para entabularem negociaes, eno caso do esquema acima, esse mercado se denomina de mercado de bens eservios, como tambm existe o mercado dos fatores de produo, quando hpessoas dispostas a trabalhar e existe procura por trabalhadores, ou ento quandoh pessoas aplicando e outras procurando por emprstimos nos bancos, quandoempresas emitem aes e pessoas procuram por esses ttulos, etc.

    Em sua acepo primitiva, a palavra mercado dizia respeito a um lugardeterminado onde os agentes econmicos realizavam suas transaes. Os textosde histria econmica citam os grandes mercados da Antigidade, como o de

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    BENSMveis, alimentos, remdios, m-quinas, equipamentos, roupas,perfumes, apartamentos, etc.;SERVIOSDe segurana, sade, comunica-coes, transportes, educao, etc.

    REMUNERAO DO CAPITALLucros, juros, alugueres, royalties, divi-dendos, bonificaes, arrendamentos,

    REMUNERAO DO TRABALHOSalrios, horas extras, comisses, frias,13 salrio, ajudas de custo, adicional depericulosidade, noturno, de insalubricade

    MercadoDe

    BensE

    Servios

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    Marselha, no Mediterrneo, de Bizncio e de Calcednia, na sia, de Nucratis, noEgito, de Veneza e de Gnova, na Itlia medieval, e tambm na Alta Idade Mdiaos senhores feudais estabeleciam mercados em seus territrios, concedendo oprivilgio de sua explorao, como forma de atender s necessidades de

    suprimentos em seus domnios e de facilitar, pela centralizao das transaes acobrana de tributos.

    Por tradio histrica, este conceito chegou at os dias atuais. Cidadesinterioranas tradicionais que tm, pelo menos, porte mdio, ostentam a igreja, apraa pblica, o coreto, a prefeitura e o mercado: a esto os elementos essenciaisda vida em sociedade. O mercado permanece, por tradio, como um lugardefinido, especialmente edificado, para o encontro de produtores e consumidores.Nesses mercados locais, geralmente o que mais se vende so produtos, tambmlocais, destinados a suprimentos bsicos.

    Mas o conceito de mercado, em sua acepo econmica mais ampla, est

    bem distante dessa tradio. Tornou-se uma simples abstrao, pois j no existemais a conotao geogrfica, e quando se mencionam as dificuldades do mercado,esto se referindo a nenhum lugar, mas a uma abstrao econmica.

    Existem diferentes estruturas de mercado, definidos a partir de um conjuntode elementos diferenciadores que so:

    O nmero de agentes envolvidos. As formas de comportamento dos agentes; A natureza do fator de produo ou do produto;

    As classificaes mais simples de estruturas de mercado, segundoSTAKEILBERG, fundamentam-se apenas no nmero de agentes envolvidos emcada um dos dois lados o da oferta e o da procura, conforme pode ser observadono quadro que se segue:

    ESTRUTURA DE MERCADO SEGUNDO O NMERO DE AGENTESENVOLVIDOS

    OFER

    TAPROCURA

    Um svendedor

    Pequeno

    Nmero devendedores

    Grande

    Nmero devendedores

    Um sComprador

    Monopliobilateral

    QuaseMonopsnio

    Monopsnio

    PequenoNmero de

    Compradores

    QuaseMonoplio

    OligoplioBilateral

    Oligopsnio

    GrandeNmero de

    compradores

    Monoplio OligoplioConcorrncia

    Perfeita

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    A simplicidade do quadro acima, idealizado por STACKELBERG, resulta de sereduzir o princpio da diferenciao a apenas um elemento: o nmero dos queintervm no mercado tanto no lado da oferta (vendedores) como pelo lado aprocura (compradores). Embora excessivamente simples esta classificao tornou-

    se clssica. Mesmo no considerando outros elementos importantes dediferenciao, foi um instrumento de referncia para desenvolvimentos tericos,pois fica claro que as estruturas de mercado no se limitam apenas s hiptesesda concorrncia perfeita e do monoplio, entre esses dois extremos, h vriaspossibilidades intermedirias, que se podem definir pelo nmero dos que seencontram em cada um dos dois lados, em diferentes situaes de mercado.

    Considerando-se unicamente o nmero de compradores e vendedores, omercado de concorrncia perfeita seria caracterizado pelo grande nmero dosparticipantes nos dois lados considerados. Em contraste, na hiptese de haver umgrande nmero de compradores defrontando com apenas um vendedor, estaria

    caracterizada uma situao tpica de mercado de monoplio; invertendo-se asposies, com grande nmero de vendedores, mas com apenas um comprador,estaria configurada uma situao de mercado de monopsnio. E,diametralmente oposto situao da concorrncia perfeita, poderia ainda sercaracterizada outra situao extrema, definida pelo monoplio bilateralem quese defrontariam no mercado apenas um vendedor e apenas um comprador. Almdessas, existiriam tambm as situaes definidas como quase-monoplio equase-monopsnio. Trata-se de situaes em que o nico vendedor, ou o nicocomprador se defronta, respectivamente, com um nmero pequeno decompradores e de vendedores.

    Entre essas estruturas, outras situaes intermedirias seriam as que maisse encontram no mundo real. Na realidade, raramente se observam as situaes-=limite no monoplio puro e da perfeio concorrencial. Na moderna realidadeindustrial, em que os mercados so geralmente dominados por grandescorporaes empresariais,,prevalece, na maior parte dos setores, situaes tpicasde dominao, exercidas por um pequeno nmero de grandes firmas. a essasituao que se atribuem as denominaes genricas de oligoplio (pequenonmero de vendedores e grande nmero de compradores) e de oligopsnio(pequeno nmero de compradores e grande nmero de vendedores). Ooligoplio bilateral seria caracterizado por um nmero pequeno, tanto de

    vendedores quanto de compradores.Da mesma forma J. MARCHAL considera que o nmero dos que intervm nomercado tambm o principal elemento diferenciador considerado.

    Adotando uma terminologia prpria, MARCHAL prope que a oferta e aprocura podem apresentar-se sob trs formas: atomizadas, moleculares emonolticas, conforme a estrutura de mercado configurada. As estruturas em quea oferta e a procura se apresentam perfeitamente atomizadas pressupe umnmero elevado de produtores e de consumidores, de tal sorte que nenhum delestenha condies para influenciar o equilbrio do mercado. Situaes deste tipoocorreriam em raros mercados. Na maior parte dos casos, as estruturasapresentam-se moleculares (a oferta e a procura exercida por poucos) oumonolticas (quando a oferta e ou a procura exercida por apenas um).

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    Assim no mercado perfeito, ou na concorrncia perfeita, preciso que aoferta e a procura sejam atomizadas, ou seja, preciso que delas participem umapluralidade de vendedores e de compradores. Em todos os outros casos, quandono so atomizadas, estabelecem-se formas de mercado imperfeito ou

    concorrncia imperfeita. Certas hipteses so clssicas e recebemdenominaes particulares, tais como, quando a oferta monoltica e a procuraatomizada, dizemos tratar-se de monoplio. Quando a primeira molecular e asegunda atomizada, teremos oligoplio, sendo que para o inverso, (procuramolecular e oferta atomizada) teremos oligopsnio e quando a oferta e a procuraso monolticas temos o monoplio bilateral.

    Os elementos das classificaes de STACKELBERG e de MARCHAL sobsicos para a diferenciao conceitual das estruturas de mercado, a saber:

    ESTRUTURAS DE REFERNCIA

    CONCORRNCIA PERFEITA. MONOPLIO. OLIGOPLIOS. CONCORRNCIA MONOPOLSTICA.

    CONCORRNCIA PERFEITAPara se caracterizar uma concorrncia perfeita ou mercado perfeito

    devem ser preenchidas todas as seguintes condies: Atomizao. Deve existir uma pluralidade de vendedores e de

    compradores de tal sorte que nenhum deles, por suas aes,pode influenciar o mercado.

    Homogeneidade. O bem ou servio, no mercado de produtos,ou o fator de produo no mercado de fatores, perfeitamentehomogneo. Nenhuma empresa pode diferenciar o produto queoferece e para cada categoria de fator a oferta caracterizadatambm por perfeita homogeneidade. O produto vindo dequalquer produtor substituto perfeito do produto ofertado porquaisquer outros produtores.

    Mobilidade. Cada agente comprador ou vendedor atua de forma

    independente e se movimentam livremente, sem quaisqueracordo entre eles e sem quaisquer restries governamentais.

    Permeabilidade. No existem barreiras para a participao dosagentes no mercado, podendo ingressar e deixa-lo livremente.

    Preo Limite. Estabelecido pelas foras de atuao da oferta eda demanda, sendo que nenhum vendedor pode praticar umpreo acima daquele estabelecido pelo mercado e nenhumcomprador pode impor um preo abaixo do de equilbrio.

    Transparncia. Todos os participantes tm acesso a todas asinformaes e todos pactuam igualdade de condies.

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    MONOPLIO

    Para se caracterizar um monoplio devem ser preenchidas todas asseguintes condies:

    Unicidade.H apenas um vendedor, dominando inteiramente aoferta. Constituda por uma nica firma ou empresa, detm totalpoder para influenciar o mercado que est em suas mos.

    Insusbistitutibilidade. O produto da empresa monopolista notem substitutos prximos, ficando os compradorescompletamente sem opo para buscar no mercado outro bemque venha lhe proporcionar a satisfao de sua necessidade pelobem do monopolista.

    Barreiras. Existem barreiras rigorosamente proibitivas aoacesso de concorrentes no mercado decorrentes de disposieslegais (leis que protegem patentes de produtos nosubstituveis), de direito de explorao outorgados pelo poderpblico a uma nica empresa, do domnio de tecnologias deproduo e, em outros casos, de condies operacionais exigidaspela prpria atividade. Independentemente da razo da barreira,sua manuteno condio fundamental para a permanncia dadominao monopolista vigente, pois o surgimento de umconcorrente direto ou indireto implica o desaparecimento dasituao monopolstica.

    Poder. A expresso poder de monoplio empregada para

    caracterizar a situao privilegiada em que se encontra omonopolista, quanto a duas importantes variveis do mercado:preo e quantidade. O poder exercido sobre ambos, comobjetivos diversos: manter a situao de monoplio, praticandopreos ou escalas de produo que desestimulem o ingresso deconcorrentes, maximizar os lucros, ou at controlar reaespblicas situao monopolista.

    Opacidade. Os monoplios so,por definio, opacos, Os maisdiferentes aspectos que envolvem suas operaes e transaesso mantidos dentro de caixas pretas. O acesso a informaes

    sobre fontes supridoras, processos de produo, nveis de ofertae resultados alcanados dificilmente so abertos e transparentes.A empresa monopolista caracteriza-se por ser impenetrvel, Oopacidade tambm usada como barreira de entrada, fechandoo circulo das caracterstica ptreas de autoproteo.

    OLIGOPLIOS

    Para se caracterizar oligoplios (palavra no plural porque existem variadasformas de oligoplio) devem ser preenchidas todas as seguintes condies:

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    Nmero de concorrentes. Geralmente pequeno mas comogeralmente difcil de se estabelecer limites, podem existir oligopliocom um nmero bastante grande de concorrentes, o que acontece, porexemplo, em setores como os de alimentos, produtos de matrias

    plsticas e txteis; neste caso, o oligoplio resulta das altas taxas departicipao no mercado de que desfrutam os competidores de maiorporte. Os casos tpicos, porm, so de estruturas em que o nmero deconcorrentes realmente pequeno: as indstrias automobilsticas,qumica de base, siderrgica e de celulose e papel so exemplo deoligoplios constitudos por um nmero efetivamente reduzido deprodutores. Mas so tambm oligoplios os servios bancrios e osetor industrial de eletrodomsticos, no obstante o nmero deconcorrentes seja bem maior. Em todos esses casos, porm, acaracterstica comum a existncia de um pequeno grupo de

    empresas lderes e co-lderes, que dividem entre si uma grande fatiado mercado como um todo. Diferenciao. Outra caracterstica de alta variabilidade a que se

    refere a fatores como homogeneidade, substitutibilidade epadronizao dos produtos. Isto porque tanto podem ocorreroligoplios de produtos diferenciados, como de produtos nodiferenciveis. A atividade de um setor sob oligoplio tanto pode ser aminerao de materiais metlicos e no metlicos, em que os produtosso praticamente padronizados, apesar dos diferentes teores depureza com que possam ser apresentados, quanto as indstrias de

    cosmticos, automobilstica ou de produtos de limpeza, em que osprodutos so levados ao mercado sob diferentes elementos dediferenciao. Obviamente, as caractersticas concorrenciais tornam-sediferentes, sob cada uma dessas duas hipteses, mas no se podedestacar uma delas como caracterizadora perfeita de um oligoplio e,outra, como imperfeita. A existncia ou no de oligoplios independedo grau em que os produtos se diferenciam. E mais: a concorrnciaentre oligopolistas pode chegar a tal ponto de rivalizao que todos seesforam para diferenciar at produtos em princpio nodiferenciveis: no mercado de produtos siderrgicos trefilados para a

    construo civil, um concorrente pode valorizar sua marca e imagem,no obstante as caractersticas intrnsecas das barras de ferro sejamrigorosamente iguais e definidas por padres tcnicos rigorosos. Omesmo pode acontecer com o cimento e o concreto usinado.

    Rivalizao. Tipicamente, os concorrentes que atuam sob condiesde oligoplio so fortes rivais entre si. H casos at de rivalizaes quetransparecem em campanhas publicitrias e em prticas comerciaisdesviadas de padres de tica e lealdade. Mas, no outro extremo,encontram-se tambm situaes de oligoplio em que os concorrentesse unem em acordo setoriais, todos respeitando rigorosamente asregras negociadas e definidas. Isto significa que os oligoplios tantopodem caracterizar-se pela alta rivalidade entre empresas lderes,como pelo conluio.

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    Barreiras. Outra caracterstica que se apresenta sob variadas formas a referente a barreiras de entrada. Tipicamente, o ingresso de novosconcorrentes nas estruturas oligopolistas difcil. H altos obstculos,em grande parte derivados da dominao exercida pelas empresas

    lderes e de grande porte, que detm parcelas substantivas domercado. As barreiras, no caso, so geralmente ligadas a escalas deproduo e s altas exigncias de capital para o estabelecimento denovos concorrentes. Domnio de tecnologia de processos pode atuarcomo barreira. Marcas e imagem tambm. Mas isto no significa quenovas empresas no possam surgir. H casos em que as estruturasdefinidas so surpreendidas por concorrentes novos que entram nomercado com unidades pequenas para atenderem nichos regionais.Mas rompem passo a passo barreiras estabelecidas e, com o tempo,passam a participar do pequeno grupamento de lderes. A competncia

    empresarial, nas estruturas oligopolsticas, pode romper barreiras: namaior parte dos setores, ela pode superar os mais altos obstculosinterpostos por concorrentes tradicionais.

    Preo, extrapreo e poder. Devido ao pequeno nmero deconcorrentes dominantes, o controle sobre o preo geralmente grande nos oligoplios. H espaos para a prtica de acordos econluios ou de outras formas de conspirao contra o interessepblico. Mas, em contrapartida, a rivalizao pode estabelecer-se detal forma que o poder de cada concorrente minado por uma guerrade preos ou de formas extrapreos de concorrncia, a ponto de

    todos se prejudicarem mutuamente, pelo menos durante algumtempo. Nos oligoplios, no h guerras impossveis de ocorrer. Nemguerras que nunca terminem. Conseqentemente, ainda que porperodos de tempo definidos, a busca pelo poder pode levar guerra.Rivalizao e capacidade de negociao para atuaes acordadascolocam-se assim, o tempo todo, como alternativas. E, pelos estragosque a rivalizao extremada pode provocar, quase sempre prevalecemos acordo ou, ento o respeito a regras convencionais de convivncia.

    Visibilidade. Algo entre a opacidade dos monoplios e a perfeitatransparncia exigida da concorrncia perfeita: os oligoplios so

    geralmente caracterizados pela alta visibilidade de suas estratgiasempresariais. Em alguns casos, admite-se at a informao abertacomo diretriz para inibir concorrentes ou promover a imagempblica.Nos casos em que a diferenciao do produto uma armaestratgica para reforar vantagens competitivas, a visibilidade seamplia, abrangendo caractersticas do processo produtivo e doproduto. Mais ainda: a ampla divulgao de prticas comerciais podeser tambm um instrumento de reforo competitivo, tudo convergindopara visibilidade alta.

    CONCORRNCIA MONOPOLSTICAEsta estrutura contm caractersticas que se encontram nas definiesusuais de mercados perfeitamente competitivos e monopolizados. Ela

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    identifica uma vasta variedade de casos, situados entre os dois extremosconceituais, fugindo, porm, de algumas das caractersticas de algunstipos de oligoplio, entre as quais o pequeno nmero de concorrentes e ano-diferenciao dos produtos. Na concorrncia monopolstica, o nmero

    de concorrentes grande. Todavia, cada concorrentes possui suasprprias patentes ou, ento, diferencia de tal forma seus produtos quepassa a criar um segmento prprio de mercado, que ento dominar eprocurar manter. O consumidor, todavia encontra facilmente substitutos,no correndo dessa forma a caracterizao essencial do monoplio puro.Determinada patente ou determinado elemento de diferenciao podesignificar, como de fato significa, certa monopolizao. Mas, havendooutros concorrentes, com bens ou servios similares e substitutos, havertambm concorrncia. Em sntese, as caractersticas principais destaestrutura de mercado so:

    Competitividade. So muitos concorrentes, com capacidades decompetio relativamente prximas. Esse nmero de concorrentesse situa numa posio intermediria entre a atomizao daconcorrncia perfeita e a estrutura molecular do oligoplio. As fatiasde mercado dominada por cada um so geralmente pequenas eameaadas pelos concorrentes mais prximos.

    Diferenciao. Esta a mais significativa peculiaridade daconcorrncia monopolstica. A adjetivao monopolsitica decorredela. O produto de cada concorrente apresenta particularidadescapazes de distingui-lo dos demais e de criar um mercado prprio

    para ele. A diferenciao no envolve necessariamente atributosintrnsecos, mais servios que se associam ao produto, forma deatendimento, localizao do concorrente, condi3s, marcas eimagem. Quanto mais um concorrente conseguir diferenciar seuproduto, mais monopolizar o segmento de mercado em que atuae, ao mesmo tempo, mais competitivo se tornar. Nesta estruturade mercado, a concorrncia se estabelece pelos diferenciaispercebidos. Quanto mais fortes e marcantes, maior a capacidadecompetitiva do concorrente.

    Substitutibilidade. Trata-se de um atributo que fica exatamente

    entre a insubstitutibilidade do monoplio puro e a plenahomogeneidade da concorrncia perfeita. Embora cada concorrentetenha um produto diferenciado, definindo-se at, em alguns casos,situaes de quase-monoplio, os produtos de todos osconcorrentes substituem-se entre si. Obviamente, a substituiono perfeita caso em que ocorreria perfeita homogeneidade mas possvel, conhecida e de fcil acesso.Um exemplo de situaodesse tipo encontra-se no mercado de smen. A inseminaoartificial de uma matriz pode ser feita por uma grande variedade desemens concorrentes, todos de reprodutores de alto valor genticoe de alta linhagem. Cada um, porm, possui caractersticas prpriase diferenciadores e , de certa forma, monopolizado peloconcorrente.

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    os ofertados. prximos.

    CONTROLE

    SOBRE PREOS

    OU

    REMUNERAES

    No h qualquer

    possibilidade.

    Muito alto,

    sobretudo

    quando no hintervenes

    corretivas.

    Dificultado pela

    interdependncia

    das concorrentes

    rivais. Amplia-se

    quando ocorrem

    conluios

    H possibilidades

    mas so limitadas

    pela substituio.

    Diferenciao

    possibilita preos-

    prmio.

    CONCORRNCIA

    EXTRAPREO

    No possvel,

    nem seria eficaz.

    Admissvel para

    objetivos

    institucionais.

    Vital, sobretudo

    nos casos de

    produtos

    diferenciados.

    Decorrente da

    diferenciao.

    Resulta de fatores

    como marca,

    imagem,

    localizao eservios

    complementares

    CONDIES DE

    INGRESSO

    No h qualquer

    tipo de

    obstculos

    Impossvel. A

    entrada de

    concorrentes

    implica o

    desaparecimento

    do monoplio.

    H considerveis

    obstculos,

    geralmente

    derivados de

    escalas e de

    tecnologias de

    produo.

    So relativamente

    fceis.

    INFORMAESTotal

    transparncia.Opacidade.

    H visibilidade,

    embora limitada

    pela rivalidade.

    Geralmente

    amplas.

    ATENOMATERIAL DE APOIO PREPARADO E EXTRADO APENAS PARA ESTUDO EM SALA

    DE AULA, SENDO QUE A BIBLIOGRAFIA BSICA DEVE SER CONSULTADA PARA UMAPROFUNDAMENTO MAIOR DO CONTEDO E/OU PARA EVENTUAISESCLARECIMENTOS DE DVIDAS.Referncia:Rossetti, Jos Paschoal Introduo economia Editora Atlas S/A 20 Edio.Gastaldi, Jos Petrelli Elementos de Economia Poltica Editora Saraiva 19Edio.