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APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA SELEÇÃO COMPETITIVA INTERNA 2014 AGENTE DE TRANSPORTE E TRANSITO Abril de 2015

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APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGUESA

SELEÇÃO COMPETITIVA INTERNA 2014

AGENTE DE TRANSPORTE E TRANSITO

Abril de 2015

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Dicas de interpretação de textos

01. Ler todo o texto; 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura; 03. Ler o texto pelo menos umas três vezes; 04. Ler com perspicácia, sutileza; 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; 06. Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor; 07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão; 08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente; 09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; 10. Marcar a resposta correta apenas quando for entregar a avaliação Texto 1

Uma questão de interpretação Havia certa vez, em certo reino, um mosteiro habitado por monges jovens e idosos, que passavam o dia em preces, contemplações e estudos. Um dia, um novo rei subiu ao trono e quis conhecer melhor seus domínios. Ao passar pelo mosteiro, ficou maravilhado com os jardins e a paisagem do lugar. Imediatamente cobiçou o mosteiro para si, já pensando em transformá-lo em residência de veraneio. No entanto, não podia expulsar assim, sumariamente, os religiosos. Isso o indisporia com seus súditos e ministros. Resolveu, então, conseguir o que queria de modo mais sutil. Proclamou que desconfiava de que aqueles monges não tivessem, ali, a austeridade e a vida dura necessárias para ampliar seus conhecimentos. Assim, seria melhor saírem de lá e mendigarem pelas aldeias. Para comprovar que os monges eram ignorantes, promoveria um debate. Os monges poderiam escolher um dentre eles para debater com o sumo sacerdote da corte. Se o sacerdote ganhasse o debate, ficariam comprovadas as desconfianças do rei, e os monges seriam expulsos. Mas se, porventura, o sacerdote viesse a reconhecer sua derrota, então os monges ganhariam o direito de habitar o monastério para sempre. Os monges tremeram ao saber da resolução do rei. O sumo sacerdote era famoso por seus conhecimentos, sendo especialista em filosofia, teologia e todas as outras ciências da época. Convocaram uma reunião e tentaram decidir quem seria o debatedor. Porém, nenhum dos monges se propunha a tão difícil tarefa. A reunião estava num momento de impasse, quando o jardineiro do convento, um homem muito simples, apresentou-se como voluntário. Houve um murmúrio de desaprovação, mas o monge superior foi prático: – Não temos voluntário algum. Isso quer dizer que, se não há outra saída, esta é a única saída. E no dia marcado para o debate, o jardineiro, acompanhado por alguns monges, apresentou-se no palácio, onde já o esperavam o rei, o sacerdote e todos os homens doutos e poderosos da corte. Teve início o debate. O sacerdote prometera a si mesmo que derrotaria o adversário sem nem sequer pronunciar uma palavra. Depois de olhá-lo com desprezo, apontou o dedo para cima. O jardineiro, sem se perturbar, apontou o dedo para o chão. O sacerdote pareceu ficar desconcertado. Mostrou-lhe então um dedo, diante de seu nariz. O jardineiro não teve dúvidas: mostrou-lhe os cinco dedos, com a mão toda aberta. O sacerdote titubeou. Com uma expressão de raiva e desespero, tirou do bolso uma laranja. O jardineiro, muito tranquilo, tirou do bolso um pãozinho. O sacerdote empalideceu e pediu ao rei que encerrasse o debate. Ele reconhecia a derrota e declarava que nunca encontrara um oponente tão sábio. O rei foi obrigado a cumprir sua palavra, e assinou o compromisso de que os monges conservariam o monastério para sempre. Assim que os vencedores deixaram o palácio, todos se reuniram com o sacerdote, querendo que ele explicasse, o que, afinal, tinha sido discutido. – Quando apontei o dedo para cima – disse o sacerdote –, quis declarar que só a sabedoria dos céus é o que conta neste mundo. Mas ele, apontando para a terra, rebateu dizendo que, embora não possamos deixar de considerar os céus, somos homens e vivemos na terra. Então, mostrando-lhe um único dedo, argumentei que somos frágeis, pois estamos sozinhos. E ele sabiamente me fez pensar

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que não, que estamos cercados por outros homens, nossos irmãos. Finalmente, ao mostrar a laranja, rebati suas ideias, lembrando-o de que a natureza é mais forte do que o homem, pois sabe criar coisas que ele jamais criaria. Foi aí que ele me deu o golpe de misericórdia: ao mostrar-me o pão, lembrou-me de que o homem é capaz de conhecer e modificar a natureza, criando obras que, sozinha, ela não pode fazer. Todos ficaram estupefatos com a sabedoria revelada pelos monges. Enquanto isso, no monastério, os monges se reuniam ao redor do jardineiro, que explicava: – Foi muito simples. Quando ele apontou para cima, mostrando que ia chover, eu mostrei-lhe o chão, dizendo que seria bom, pois a terra necessita de chuva. Depois ele me pareceu aborrecido e me mostrou um calo no seu dedo. Querendo ser gentil, mostrei-lhe minha mão toda, para que ele visse que isso não tem importância: eu tenho calos em todos os dedos! E quando ele tirou a laranja do bolso, pensei que fosse hora do lanche e peguei meu pão. PAMPLONA, Rosane. O homem que contava histórias. São Paulo: Brinque-Book, 2005. p.28-31.

1 –“Proclamou que desconfiava de que aqueles monges não tivessem, ali, a austeridade e a vida dura necessárias para ampliar seus conhecimentos”. A palavra abaixo que substitui a palavra destacada sem alterar o sentido do texto e a. Felicidade b. Gratidão c. Seriedade d. Humildade

2 - “Houve um momento de desaprovação mas o monge superior foi prático:” O uso dos dois pontos na frase acima pretende: a. Introduzir uma explicação b. Sintetizar o que foi dito c. Introduzir a fala de uma personagem d. Citar uma enumeração

3 - “ Os monges tremeram ao saber da resolução do rei.” Todas as alternativas abaixo estão corretas, de acordo com o texto, exceto: a. Porque o sacerdote era famoso pela sabedoria. b. Porque não tinham um representante à altura. c. Porque julgavam que o jardineiro perderia o debate. d. Porque o sumo sacerdote sabotaria o debate.

4 - O que fez o sumo sacerdote perder o debate foi: a. Sua inteligência b. Sua perspicácia c. Seu desprezo pelo adversário d. Sua paciência

5 - O jardineiro venceu seu adversário: a. Pela simplicidade b. Pela arrogância[ c. Pelo desprezo d. Pela inteligência

Texto 2

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Consumismo

               Tudo parece mágico, grande e alegremente anárquico. Há música em todos os locais. As vitrines estão muito bem decoradas. O ambiente está propício para um passeio gratificante. Estamos, quase sem perceber, em uma selva de consumo onde, inevitavelmente, cairemos em algumas das “armadilhas” que equipes formadas por psicossociólogos, arquitetos, decoradores, iluminadores e especialistas em marketing prepararam para os consumidores potenciais.                    O ritmo musical que ouvimos, suave e quase imperceptível, tem suas razões de ser, assim como a disposição dos produtos em lugares determinados, a largura dos corredores e tudo o mais que nos impressiona em alguns SUPERMERCADOS  ou shopping centers que incentivam a febre do consumo. Esses fatores são tão importantes que existem, em alguns países, laboratórios para testá-los.  Na França, por exemplo, funciona, desde 1989, um supermercado-laboratório, onde o comportamento do consumidor é observado e analisado em detalhes. Esse falso supermercado, onde as cobaias são os clientes, é o menor do mundo – possui apenas 200 m2, com música ambiente. Os visitantes são selecionados em supermercados verdadeiros e recebem, ao entrar, uma lista de compras. Eles devem escolher as marcas e depois dizer por que preferem esta ou aquela. Na verdade, seus movimentos estão sendo estudados por especialistas escondidos atrás de vidros espelhados. Cada passo dado pelo cliente, cada expressão facial ficarão gravados em uma fita que será utilizada para estudo posterior. Hoje em dia, qualquer lançamento só é feito depois de o produto ter passado por esses tubos de ensaio. Os fabricantes sabem muito bem que é ali que se decide a sorte de seu produto.                      Para planejar melhor suas vendas – e fazer com que as pessoas consumam mais –, os supermercadistas já dispõem de algumas informações. Em primeiro lugar, sabem que o consumidor permanece durante uma média de 40 minutos dentro do supermercado, onde são apresentados de 4 a 6 mil produtos. Dessa forma, o consumidor só conta com alguns segundos para registrar tudo o que vê e decidir o que comprar. Por outro lado, sabe-se também que 50% dos produtos vendidos em supermercados são comprados por impulso. Isso significa que entre as mercadorias de compra planejada – como o leite e o açúcar, entre outros – devem ser colocadas outras mercadorias, não programadas, que atraiam a atenção do consumidor.                       Outro recurso bastante utilizado é ter o preço de um produto anunciado em um grande cartaz, o que pode dar a sensação de que esse produto está em promoção, mesmo quando o preço não foi alterado. É frequente ver que, com técnicas semelhantes, uma determinada marca de café para citar um exemplo – pode incrementar seu volume de venda.                     Um outro segredo se encontra nas prateleiras, que são geralmente dispostas em cinco de cada lado da gôndola. A prateleira de cima é a que mais se vê, embora fique um pouco fora do alcance da mão. A segunda e a terceira são as melhores, porque ficam à altura da vista e ao alcance das mãos. A quarta e a quinta são as menos valorizadas, por serem mais desconfortáveis de ver e alcançar. O objetivo, segundo especialistas, é chegar a um equilíbrio e evitar pontos frios” dentro do supermercado. Para isso, colocam-se os setores de maior afluência de público – como os lácteos, por exemplo – perto de outros locais difíceis, cujos produtos têm, na maioria das vezes, uma rentabilidade maior. O objetivo final é que o cliente encontre a maior quantidade possível de produtos e aumente seu consumo.                      Os shopping centers também baseiam seu sucesso na exposição tentadora, mas acrescentam outros elementos – como a sensação de onipotência proporcionada pela arquitetura e a sensação de pertencer e possuir de que são tomados os clientes assim que entram no local. Segundo alguns psicólogos, outra característica inconsciente, certamente, mas muito forte, é a sensação de segurança e proteção que esses locais proporcionam. Além disso, são como grandes cenários onde as pessoas podem olhar, mexer, espiar, ver de tudo, ficar a par de tudo, satisfazer todas as inquietudes, ser espectadoras, protagonistas, desejosas de tudo o que está exposto, mas, também, capazes de obter o que veem. É assim que se criam uma tentação e uma excitação dos sentidos que põem em movimento a pulsação possessiva das pessoas, por meio de estímulos visuais, olfativos, auditivos, racionais e também impulsivos e compulsivos.                                  

    Isto é Tudo – O livro do conhecimento. São Paulo: Três, s.d. p. 174-177.

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1 – Relacione as colunas e descubra o significado de algumas palavras do texto: a. Anárquico ( ) pessoa com poder de compra b. Psicossociólogo ( ) confuso, desordenado c. Onipotência ( ) poder absoluto d. Consumidor potencial ( ) pessoa que desenvolve estratégias e ações para o e. Especialista em marketing desenvolvimento, lançamento e sustentação de um produto ou serviço no mercado consumidor

( ) profissional que estuda a influência e a importância da sociedade nas questões e nos fenômenos da mente humana.

2 - Complete a frase com uma das alternativas abaixo: “ Os especialistas descobrem os meios eficazes para influenciar as compras dos consumidores... a. Observando o comportamento dos consumidores nos supermercados em geral. b. Conversando com os consumidores nos shopping centers. c. Analisando o comportamento de consumidores em supermercados-laboratório. d. Perguntando diretamente aos consumidores nas ruas. 3 - Qual das alternativas abaixo deixa transparecer a opinião do autor sobre o assunto? a. “Os visitantes são selecionados em supermercados verdadeiros e recebem, ao entrar, uma lista

de compras.” b.  ” Para planejar melhor suas vendas – e fazer com que as pessoas consumam mais –, os

supermercadistas já dispõem de algumas informações.” c. “Estamos, quase sem perceber, em uma selva de consumo onde, inevitavelmente, cairemos em

algumas das “armadilhas” que equipes formadas por psicossociólogos, arquitetos, decoradores, iluminadores e especialistas em marketing prepararam para os consumidores potenciais.”

d. “Segundo alguns psicólogos, outra característica inconsciente, certamente, mas muito forte, é a sensação de segurança e proteção que esses locais proporcionam.”         

Texto 3

O HOMEM E A GALINHA

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras. Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher: – Olha o ovo que a galinha botou. A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos! E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: – Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló… Muito menos tomar sorvete! – É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro! O marido não quis conversa: – Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo. Aí a mulher disse: – E se ela não botar mais ovos de ouro? – Bota sim – o marido respondeu. A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: – Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho. – E se ela não botar mais ovos de ouro? – Bota sim – o marido respondeu. Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:

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– Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o de-comer no quintal! – E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou. – Bota sim – o marido falou. E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Uma dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais. Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló. (Ruth Rocha) 1. Qual das afirmativas a seguir não é correta em relação ao homem da fábula? a) É um personagem preocupado com o corte de gastos. b) Mostra ingratidão em relação à galinha. c) Demonstra não ouvir as opiniões dos outros. d) Identifica-se como autoritário em relação à mulher e) Revela sua maldade nos maus-tratos em relação à galinha. 2. Qual das características a seguir pode ser atribuída à galinha? a) avareza b) conformismo c) ingratidão d) revolta e) hipocrisia 3. Era uma vez um homem que tinha uma  galinha. De que outro modo poderia ser dita a frase destacada? a) Era uma vez uma galinha, que vivia com um homem. b) Era uma vez um homem criador de galinhas. c) Era uma vez um proprietário de uma galinha. d) Era uma vez uma galinha que tinha uma propriedade. e) Certa vez um homem criava uma galinha. 4. Era uma vez é uma expressão que indica tempo: a) bem localizado b) determinado c) preciso d) indefinido e) bem antigo 5. A segunda frase do texto diz ao leitor que a galinha era uma galinha como as outras. Qual o significado dessa frase? a) A frase tenta enganar o leitor, dizendo algo que não é verdadeiro. b) A frase mostra que era normal que as galinhas botassem ovos de ouro. c) A frase indica que ela ainda não havia colocado ovos de ouro. d) A frase mostra que essa história é de conteúdo fantástico. e) A frase demonstra que o narrador nada conhecia de galinha. 6. O que faz a galinha ser diferente das demais? a) Botar ovos todos os dias independentemente do que confia. b) Oferecer diariamente ovos a seu patrão avarento. c) Pôr ovos de ouro antes da época própria. d) Botar ovos de ouro a partir de um dia determinado. e) Ser bondosa, apesar de sofrer injustiças.

7. O homem ficou contente. O conteúdo dessa frase indica um (a): a) causa

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b) modo c) explicação d) consequência e) comparação 8. A presença de travessões no texto indica: a) a admiração da mulher b) a surpresa do homem c) a fala dos personagens d) a autoridade do homem e) a fala do narrador da história

9. Que elementos demonstram que a galinha passou  a receber um bom tratamento, após botar o primeiro ovo de ouro? a) pão-de-ló / mingau / sorvete b) milho / farelo / sorvete c) mingau / sorvete / milho d) sorvete / farelo / pão-de-ló e) farelo / mingau / sorvete 10. Dizem, eu não sei… Quem é o responsável por essas palavras? a) o homem b) a galinha c) o narrador d) a mulher e) o ovo Texto 4

O velho e o sítio

Encontrar aberta a cancela do sítio me perturba... Penso nos portões dos condomínios, e por um instante aquela cancela escancarada é mais impenetrável. Sinto que, ao cruzar a cancela, não estarei entrando em algum lugar, mas saindo de todos os outros. Dali avisto todo o vale e seus limites, mas ainda assim é como se o vale cercasse o mundo e eu agora entrasse num lado de fora. Após a besta hesitação, percebo que é esse mesmo o meu desejo. Piso o chão do sítio e caio fora. Piso o chão do sítio, e para me garantir decido fechar a cancela atrás de mim. Só que ela está agarrada ao chão, incrustada e integrada ao barro seco. Quando deixei o sítio pela última vez, há cinco anos, devo ter largado a cancela aberta e nunca mais ninguém a veio fechar.

(...) o velho sentado no tamborete faz um grande esforço para erguer a cabeça, e é o tempo que necessitava para reconhecer nosso antigo caseiro. Deixou crescer os cabelos que, à parte as raízes brancas, parecem ter mergulhado num balde de asfalto. A pele do seu rosto resultou mais pálida e murcha do que já era, e ele me fita com um ar interrogativo que não consigo interpretar; talvez se pergunte quem sou eu. Penso em lhe dar um tapa nas costas e dizer “há quantos anos, meu tio”, mas a intimidade soaria falsa. Meu pai entraria soltando uma gargalhada na cara do velho, passaria a mão naquele cabelo gorduroso, talvez chutasse o tamborete e dissesse “levanta daí, sacana!”. Meu pai tinha talento para gritar com os empregados; xingava, botava na rua, chamava de volta, despedia de novo, e no seu enterro estavam todos lá. Eu, se disser “há quantos anos, meu tio”, pode ser que o ofenda, porque é outro idioma.

Sem aviso, o velho dá um pulo de sapo e vai para o centro da cozinha, apontando para mim. Usa o calção amarrado com barbante abaixo da cintura, e suas pernas cinzentas ainda são musculosas, as canelas finas; é como se ele fosse de uma raça mista, que não envelhecesse por igual. Aproxima-se com molejo de jogador, mas com o tórax cavado e os braços caídos, papeira, a boca de lábios grossos aberta com três dentes, os olhos azuis já encharcados. E abraça-me, beija-me, recua um passo, fica me olhando como um cego olha, não nos olhos, mas em torno do meu rosto, como

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que procurando minha aura. “Deus lhe abençoe, Deus lhe abençoe”, diz. Depois pergunta “que é de Osbênio?, Que é de Clair?” e entendo que ele esperava outra pessoa, algum parente, quem sabe.

Um cacho de bananas verdes no chão da cozinha lembra-me que passei o dia a chá e bolacha. Na geladeira, que é um móvel atarracado de abrir por cima, encontro um jarro d’água, uma panela com arroz e uma tigela de goiaba em calda. Instalo-me com a tigela à mesa, onde antigamente os empregados comiam. O velho adivinha que pretendo passar uns tempos no sítio, e emociona-se novamente. Cai sentado na cadeira ao lado, e seus olhos voltam a se encharcar, desta vez com lágrimas azedas. Conta o velho que a mulher morreu há dois anos, que ele mesmo está muito doente, que os filhos sumiram no mundo. Tapa uma narina para assuar a outra, e conta que com ele só restaram as crianças. Que os outros, os de fora, foram chegando e dominando tudo, o celeiro, a casa de caseiro, a casa dos hóspedes, e contrataram gente estranha, e derrubaram a estrebaria e comeram os cavalos. E que os outros, os de fora, só estão esperando ele morrer para tomar posse da casa, por isso que ele dorme ali na despensa, e os netos espalhados na sala e pelos quartos. Conta que os patrões nunca aparecem, mas, quando aparecerem, vão ter um bom dum aborrecimento.

(BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p 24-27) 1. Qual das alternativas abaixo apresenta um objeto não escrito no texto? a) tigela            b) geladeira              c) panela          d) mesa           e) fogão 2. Assinala a alternativa correta, que corresponde ao primeiro parágrafo do texto: a) A cancela que se encontra aberta, está agarrada no chão, incrustada e integrada ao barro seco... b) A cancela do sítio perturba o narrador, porque ela representa o limite entre o que está dentro e o que está fora do mundo. c) A cancela escancarada ficou assim por menos de cinco anos. d) Cancela e portões de condomínio são similares, isto é, custam a fechar. e) A cancela aberta é impenetrável, conforme desejo expresso do narrador. 3. Assinala a alternativa correta, que corresponde à descrição física do velho: a) Seus cabelos têm cor igual à cor dos olhos. b) Suas pernas, que já foram musculosas, agora são finas. c) O seu tórax é cavado, tem papeira, e a sua boca de lábios grossos permitem ver três dentes. d) Usa barbante para amarrar seus cabelos brancos. e) A pele de seu rosto é morena, e os braços estão caídos. 4. Com relação ao vocabulário empregado no texto, assinala a alternativa correta: a) A palavra incrustada significa fragmentada. b) O adjetivo atarracado equivale a encurvado. c) O emprego da palavra velho tem sentido conotativo, figurado. d) A expressão pulo de sapo equivale à expressão pulo de gato. e) Na frase: ...por isso ele dorme ali na despensa, o termo destacado significa repartimento da casa onde se guardam mantimentos. 5. Com relação ao último parágrafo, assinala a alternativa que demonstra a apreensão do antigo caseiro com o futuro do sítio: a) “Na geladeira, que é um móvel atarracado de abrir por cima, encontro um jarro d’água, uma panela com arroz e uma tigela de goiaba em calda.” b) “O velho adivinha que pretendo passar uns tempos no sítio...” c) “Cai sentado na cadeira ao lado, e seus olhos voltam a se encharcar, desta vez com lágrimas azedas.” d) “...e conta que com ele só restaram as crianças.” e) “Conta que os patrões nunca aparecem, mas, quando aparecerem, vão ter um bom dum aborrecimento.”

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REDAÇÃO OFICIAL – QUALIDADES BÁSICAS (segundo o Manual de Redação Oficial da Presidência da República)

I - Impessoalidade - Percebe-se que o tratamento impessoal dado aos assuntos nas comunicações oficiais decorre:

a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;

b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário de forma homogênea e impessoal;

c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.

II - Concisão - A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com qualidade, é fundamental que se tenha, além do conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias. Não se deve de forma alguma entendê-la, a concisão, como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentam ao que já foi dito.

III - Clareza - A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não é algo que se atinja por si só, ela depende estritamente das demais características da redação oficial. Para ela concorrem: a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento dado ao texto;

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avessa a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;

c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos;

d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam; é o chamado “texto enxuto”.

Antes de começar a redigir seu texto, observe algumas características que podem auxiliá-lo: - vocabulário adequado ao leitor e ao documento; - frases curtas de preferência na ordem direta (sujeito-verbo-complemento); - procure abordar um assunto em cada parágrafo; - escreva de forma elegante, seja claro e objetivo nas ideias; - consulte um bom dicionário ou gramática caso tenha dúvidas.

Coerência X coesão Embora muito relacionadas, geralmente confunde-se coerência com coesão. A coerência é o

cuidado com o texto como um todo, é a organização do pensamento lógico, enquanto que a coesão analisa a relação entre termos e ideias fazendo com que o leitor entenda mais facilmente a mensagem.

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Produção de Texto

A - Relatório

Veja abaixo o passo a passo de como fazer um relatório Todos os relatórios precisam de uma base de conhecimento, então, enquanto estiver realizando a tarefa, vá anotando todos os pontos principais e, se necessário, faça uma pesquisa para se aprofundar no assunto.   Assim como em todas as tarefas acadêmicas ou profissionais é necessário conter no relatório introdução, desenvolvimento e conclusão. Para o título, faça uma escolha simples seguido de identificação (nome, setor, turma, etc). Na introdução, faça um resumo do conteúdo, com os objetivos e a metodologia utilizada. No desenvolvimento deve constar todas as informações, tais como, dados, gráficos e tabelas, o necessário para dar consistência a informação do relatório. A conclusão é o desfecho de todas as informações apresentadas.  Use linguagem formal e técnica quando necessária, mas acima de tudo seja claro e objetivo. B - Memorando

Um memorando tem por objetivo informar um grupo de pessoas sobre um assunto, como um evento, uma diretriz ou um recurso, e incentivá-lo a agir. A palavra “memorandum” significa algo a ser lembrado. [1]

 Veja a seguir um guia para redigir memorandos legíveis e eficientes. 1 Redija o segmento do cabeçalho. Especifique a quem se dirige o memorando e quem o enviou. O segmento do cabeçalho também deve incluir a data exata e completa em que o memorando foi redigido e o assunto (sobre o que é o memorando). Um exemplo de cabeçalho tem esta forma: Para: nome e cargo do destinatário De: seu nome e cargo Data: data completa em que o memorando foi redigido Assunto: (ou RE:) sobre o que é o memorando (destacado de alguma forma) Sempre se dirija aos leitores pelo nome correto, não use apelidos. Ao criar o cabeçalho, use espaço duplo entre as seções e alinhe o texto. 2 Considere o público a ser atingido. Para que as pessoas leiam e respondam ao memorando, é importante adequar seu tom, tamanho e nível de formalidade ao público que o lerá. Para fazer isso, você precisa ter um bom conhecimento daqueles a quem o memorando se dirige. Pense nas preocupações e prioridades dos destinatários e tente imaginar por que as informações que você está apresentando são importantes para eles. Tente prever possíveis perguntas dos leitores. Avalie o conteúdo do memorando, como exemplos, evidências ou outras informações que ajudarão a persuadi-los. Considerar o público também ajuda a ser sensível à inclusão de informações ou expressão de sentimentos inadequados aos leitores. 3 Apresente o problema ou a questão aos leitores no segmento de abertura. Defina em poucas linhas o contexto da medida que você deseja tomar. Isso é, de certa forma, como a declaração de uma tese, que apresenta o tópico e declara por que ele é importante. Inclua somente as informações necessárias, mas seja convincente quanto à existência de um problema real. Como regra geral, a abertura deve ocupar cerca de ¼ do tamanho total do memorando.[2] 4 Sugira formas de abordar a questão no segmento de resumo. O que você resume nesse segmento são as principais medidas que os leitores devem tomar. Aí também estão incluídas algumas evidências que apoiam as recomendações. Em um memorando bem curto, talvez não seja necessário incluir um segmento de resumo à parte. Ele pode ser integrado ao próximo segmento, o segmento de argumentação. [3] 5

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Sustente a medida a ser tomada no segmento de argumentação. Seja persuasivo. Informe como os leitores se beneficiarão ao tomar a medida recomendada ou como estarão em desvantagem caso não tomem nenhuma medida. Forneça evidências e motivos lógicos para as soluções propostas. Sinta-se à vontade para incluir gráficos, listas ou mapas, especialmente em memorandos mais longos. Apenas certifique-se de que eles sejam realmente relevantes e persuasivos.[4] Comece com as informações mais importantes e então passe para os fatos específicos ou auxiliares. A regra geral de tamanho dita que os segmentos de resumo e argumentação combinados devem consistir em cerca da metade do memorando. 6 Encerre o memorando com um final amigável que reafirme quais medidas o leitor deve tomar. Você talvez queira incluir uma declaração como: "Coloco-me à disposição para debater essas recomendações posteriormente e acompanhar as decisões tomadas." Transmita ao leitor um senso de solidariedade e otimismo se possível. Enfatize uma medida específica que ele possa tomar a seguir. Este segmento costumar ocupar cerca de ⅛ do total do memorando. 7 Revise e edite o memorando para ter certeza de que ele é claro, conciso, persuasivo e não contém erros. Verifique se você é consistente no tipo de linguagem que usa e elimine palavras muito formais desnecessárias ou jargão técnico. Faça revisão ortográfica, gramatical e de erros de conteúdo. Preste atenção especial a nomes, datas ou números. Verifique se o memorando não é excessivamente longo e corte qualquer material irrelevante.

REFORMA ORTOGRÁFICA / 2009 LINGUA PORTUGUESA EM PERSPECTIVA DE UM IDIOMA UNIFICADO

De projeto de Lei, a nova Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa passou a ser lei a partir de primeiro de janeiro de 2009. Tema de discussões profundas ficou a reforma ortográfica adormecida por muitos anos em uma pasta no Congresso Nacional. Agora ela entrou em vigor e todos brasileiros e portugueses devem aceitá-la como uma visão moderna com o objetivo de unificar a nossa língua em demais países que falam o idioma Português. Entre renomados gramáticos há divergências de opinião. Alguns especialistas não concordam com os acentos das proparoxítonas. Extremamente desnecessários, alegam tornar as palavras pesadas, deselegantes. Principalmente as proparoxítonas de nomes próprios que são grafadas de uma maneira marcante.

Observe os vocábulos: Álvaro - Ângela - Ítalo - Rosângela - pêssego - lâmpada - câmara - pânico.

Para que esses acentos? Sorte dos vocábulos "borboleta", "alvorada", "passarada" que por serem paroxítonas continuam leves, soltos como uma pluma, sem uma marca. Alguns são a favor de que todos os acentos, de modo geral, fossem abolidos garantindo a pronúncia pela serenidade com que as sílabas se encaixam, dando harmonia aos vocábulos. Eis que a escrita ficaria uniforme e mais leve. A Língua Portuguesa tornaria mais acessível aos outros povos e globalizada. Até que mais meio século se passe, para que a queda de mais acentos ortográficos aconteça, pois a ultima Reforma se deu em 1971, apresenta-se, abaixo,a nova ortografia que se tornou mais simples, entretanto não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua. ALFABETO : De acordo com as novas regras do Acordo Ortográfico, o alfabeto passará a ter 26 letras . Serão incluídas as letras "K", "W", "Y". Exemplos:

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Kátia - Wilma - Nylcio - Nyldio km (quilômetro) - kg (quilograma) - W (watt) darwinismo - taylorista show - playboy - web

ACENTUAÇÃO GRÁFICA: No geral, as regras continuam as mesmas, com exceção de alguns casos (apresentados a seguir) e do trema. A quantidade de palavras acentuadas será reduzida, e as novas regras serão baseadas na posição da sílaba tônica.

1) Os ditongos “ei” e “oi” das sílabas tônicas das palavras paroxítonas (quando a sílaba tônica é a penúltima) não receberão mais acento, já que a pronúncia, aberta ou fechada, varia em muitos casos. Sendo assim, as palavras passam a ser grafadas da seguinte forma: alcaloide - celuloide - geleia - alcateia - claraboia - heroico - androide - colmeia - ideia - apoia - Coreia - jiboia - apoio - debiloide - joia - epopeia - odisseia - assembleia - estoico - paranoia - asteroide - estreia - boia - estreio - plateia - boleia - tramoia OBSERVAÇÃO: Continuam sendo acentuadas as oxítonas terminadas em éis, éu(s), como pastéis, troféu(s), herói(s) ou monossílabos tônicos, como dói, réu, réis.

2) As paroxítonas com vogais “i” e “u” tônicas precedidas de ditongo também não receberão mais acento. baiuca - bocaiuva - feiura - boiuna OBSERVAÇÃO: Nos outros casos de "u"/ "i" formando hiato tônico permanece o acento. Exemplos: sa-ú-de sa-í-da

3) O hiato “oo” deixa de receber acento nas palavras paroxítonas, que passam a ser escritas assim: abençoo - doo - enjoo- magoo - perdoo - ressoo - voo - zoo

4) O hiato “eem” da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou subjuntivo dos verbos dar, crer, ler, ver (e seus derivados) não será mais acentuado: creem - deem - leem - veem

5) O “u” tônico dos verbos argüir e redargüir conjugados na segunda pessoa do singular e na terceira pessoa do singular e do plural do presente do indicativo não será mais acentuado. [tu] arguis (e não "argúis") [ele] argui (e não "argúi") [eles] arguem (e nãi "argúem")

6) Os acentos diferenciais serão abolidos. Sendo assim, as palavras abaixo passam a ser grafadas sempre sem acentos: •Pára (verbo conjugado no presente do indicativo, na terceira pessoa do singular) e para (preposição); •Pélo (verbo conjugado no presente do indicativo, na primeira pessoa do singular), pêlo (substantivo) e pelo (preposição); •Pólo (substantivos = extremidades do eixo da terra e um tipo de esporte) e pólo (combinação antiga de “por” e “lo”). •Péra (substantivo antigo para denominar “pedra”), pêra (preposição arcaica igual a “para”) e pêra (substantivo); •Péla (verbo “pelar” conjugado no presente do indicativo, na terceira pessoa do singular) e pala (preposição).

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OBSERVAÇÂO: - Pôr (verbo) e por (preposição) – que continuam tendo o acento circunflexo como diferencial; - Pôde (verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo, na terceira pessoa do singular) – que também continuam tendo o acento circunflexo como diferencial; - Os verbos ter e vir, assim como seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir, etc.) continuam tendo o acento para diferenciar o plural do singular: tem (verbo no plural) e tem (verbo no singular), vêm (verbo no plural) e vem (verbo no singular), mantêm (verbo no plural) e mantém (verbo no singular). Duas formas facultativas: - fôrma (substantivo) e forma (substantivo; verbo conjugado na terceira pessoa do singular do imperativo); - dêmos (verbo conjugado no presente do subjuntivo, na primeira pessoa do plural) e demos (verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo, na primeira pessoa do plural).

7) Trema: não existirá mais, com exceções de palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros (Hübneriano, de Hübner; mülleriano, de Müller). Os vocábulos passam a ser grafados desta forma: aguentar - ambiguidade - arguir - bilíngue - cinquenta - delinquente - frequentar - inconsequente -linguiça pinguim - quinquagésimo - quinquênio - sequência - sequestro - tranquilo

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HÍFEN:

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Exercício: Avalie se as palavras em destaque nas sentenças abaixo estão corretas ou incorretas, segundo as novas regras ortográficas. 1. A crise financeira dos EUA pode trazer conseqüências para o Brasil. ( ) certo ( ) errado 2. Quando ele para para pensar, desiste. ( ) certo ( ) errado 3. Livro de auto-ajuda permanece no topo da lista dos mais vendidos. ( ) certo ( ) errado 4. A sonda Phoenix realizou um pouso histórico no pólo Norte de Marte. ( ) certo ( ) errado 5. O consumo frequente de álcool durante a juventude causa danos ao cérebro. ( ) certo ( ) errado 6. A idéia do presidente é que todos os países se unam contra o aquecimento. ( ) certo ( ) errado 7. O empresário deve cumprir pena por roubo em regime semiaberto. ( ) certo ( ) errado 8. Avião permitirá que passageiros fumem durante o vôo. ( ) certo ( ) errado 9. O síndico marcou uma assembleia para decidir sobre a reforma do prédio. ( ) certo ( ) errado 10. Pesquisa revela que 97% dos brasileiros crêem em Deus. ( ) certo ( ) errado 11. A estréia de Katie Holmes foi marcada por protestos. ( ) certo ( ) errado 12. O coautor do estudo explicou que a descoberta ajuda no tratamento do câncer. ( ) certo ( ) errado 13. Os homens mais vaidosos já encontram no mercado tipos de creme antirrugas. ( ) certo ( ) errado 14. Ela perdeu tudo que estava dentro da caixa de joias. ( ) certo ( ) errado 15. Cerca de 5% da população mundial têm comportamento anti-social. ( ) certo ( ) errado 16. O ex-vereador participou da reunião extraoficial durante a madrugada. ( ) certo ( ) errado 17. No momento decisivo, ele recuou e desistiu de saltar de pára-quedas. ( ) certo ( ) errado

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18. Eu apoio qualquer acordo entre os países. ( ) certo ( ) errado 19. Ele achou a nova estátua uma feiura. ( ) certo ( ) errado 20. O pêlo do gato pode causar danos à saúde. ( ) certo ( ) errado CONCORDÂNCIA:

De acordo com Mattoso Câmara “dá-se em gramática o nome de concordância à

circunstância de um adjetivo variar em gênero e número de acordo com o substantivo a

que se refere (concordância nominal) e à de um verbo variar em número e pessoa de

acordo com o seu sujeito (concordância verbal). Há, não obstante, casos especiais que se

prestam a dúvidas”.

Então, observamos e podemos definir da seguinte forma: concordância vem do verbo

concordar, ou seja, é um acordo estabelecido entre termos.

O caso da concordância verbal diz respeito ao verbo em relação ao sujeito, o primeiro

deve concordar em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª) com o segundo.

Ex.: Muitos deputados participarão de debates na próxima semana. Eles já se

predispuseram a marcar a data.

Já a concordância nominal diz respeito ao substantivo e seus termos referentes:

adjetivo, numeral, pronome, artigo. Essa concordância é feita em gênero (masculino ou

feminino) e pessoa.

Ex.: Minhas duas queridas alunas chegarão do exterior amanhã.

Como vimos acima, na definição de Mattoso Câmara, existem regras gerais e alguns

casos especiais que devem ser estudados particularmente, pois geram dúvidas quanto ao

uso. Há muitos casos que a norma não é definida e há resoluções diferentes por parte dos

autores, escritores ou estudantes da concordância.

Exercício:

Assinale C (certo) ou E (errado) para cada frase a seguir: 1) ( ) Falou o Ministro e todos os seus assessores. 2) ( ) Saiu agora mesmo daqui seu tio e suas primas. 3) ( ) Não só os alunos, como também o diretor faltou às aulas. 4) ( ) Fumar e beber faz muito mal à saúde. 5) ( ) O comer e o dormir engordam. 6) ( ) Não só eu, mas também meus filhos estão com gripe. 7) ( ) Bebida, festas, dinheiro, mulheres, nada o tornava alegre. 8) ( ) Céu, mar, terra, rios, sol planetas, animais tudo se constituem dos mesmos elementos.

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9) ( ) Tanto o marido como a mulher mentiu. 10) ( ) Deverá viajar conosco Ademir e Adriana. 11) ( ) Deus e demônio, brancos e negros, crentes e ateus, mulheres e homens, ninguém o igualava em tragédias ou em comédias. 12) ( ) Tanto você quanto eu estou na mesma situação. 13) ( ) O burro, o asno e o preguiçoso, sem pancadas, nenhum se mexe. 14) ( ) Veio ao aeroporto Giovanna, Lucas, Gabriel e os primos. 15) ( ) Giovanni ou Otaviano dirigirão o automóvel. 16) ( ) Chegou uma carta e um telegrama para Vossa Excelência. 17) ( ) Perder e ganhar é do esporte. 18) ( ) Os Sertões foram publicados em 1902 e são de autoria de Euclides da Cunha. 19) ( ) Luís, bem como seus irmãos, virá comigo. 20) ( ) As estrelas parecem brilhar mais intensamente hoje 21) ( ) As estrelas parece brilharem mais intensamente hoje 22) ( ) As crianças parece estarem com fome. 23) ( ) Vossa Santidade estejais em paz, que cuidaremos da sua segurança. 24) ( ) Tudo parecem rosas na vida. 25) ( ) Aquilo parecem fogos de artifício. REGÊNCIA:

Por regência verbal devemos entender a relação que, em certa acepção, o verbo estabelece com seu complemento. Dependendo da relação estabelecida (preposicionada ou não), o verbo pode apresentar diferença de significado. Essa análise pode ser feita somente na construção do enunciado, pois um mesmo verbo pode requerer complementos diferentes de acordo com o significado que venha a apresentar na oração. Veja alguns verbos e exemplos:

1) AGRADAR: (VTD - fazer carinho) Gosto de agradar meus filhos. (VTI - satisfazer) O novo síndico não agradou aos moradores.

2) AGRADECER: (VTD/VTI) Quero agradecê-lo./Quero agradecer-lhe.

3) ASPIRAR: (VTD - cheirar) Quem mora no campo aspira o delicioso perfume das flores. (VTI - desejar) Ela estuda muito porque aspira a uma vida melhor.

4) ASSISTIR: (VTI - ver) Ontem nós assistimos a um filme. (VTD/VTI - cuidar) O enfermeiro assiste os pacientes./ O enfermeiro assiste aos pacientes.

5) ESQUECER/ESQUECER-SE: (VTD) Esqueço os maus momentos da vida. (VTI) Esqueço-me dos maus momentos da vida.

6) IMPLICAR: (VTI - demonstrar antipatia) Meu filho mais novo implica com os colegas. (VTD - acarretar, exigir) O desrespeito às leis implica sérias consequências.

7) INFORMAR: (VTDI - admite duas construções) O professor não informou os resultados aos alunos.

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O professor não informou os alunos dos resultados.

8) LEMBRAR/LEMBRAR-SE: (VTD) Lembro os bons momentos da vida. (VTI) Lembro-me dos bons momentos da vida.

9) NAMORAR: (VTD) Mário namora Beatriz. Mário namorava os doces da vitrine.

10) PISAR: (VTD) Não pise o gramado.

11) OBEDECER/DESOBEDECER: (VTI) Crianças que hoje desobedecem aos pais no futuro serão aqueles que não obedecerão às leis.

12) PAGAR/PERDOAR: (VTD - o objeto refere-se à coisa) Generosamente o patrão pagou o salário de outubro. Deus perdoa os pecados dos homens. (VTI - o objeto refere-se à pessoa) Generosamente o patrão pagou aos funcionários. Deus perdoa aos pecadores.

13) PREFERIR: (VTDI) Prefiro a agitação da cidade à tranquilidade do campo.

14) PROCEDER: (VTI - iniciar, executar alguma coisa) O juiz procedeu ao julgamento. (VI - originar - se) Aquele avião procedia de São Paulo. (VI - ter fundamento) Sua denúncia não procede.

15) QUERER : (VTD -ter intenção de, desejar) Queremos fazer uma homenagem ao nosso professor. (VTI- ter afeição a alguém ou a alguma coisa) A mãe queria especialmente ao filho caçula.

16) SIMPATIZAR: (VTI) Todos os meus amigos simpatizam com você.

17) VISAR: (VTD - mirar, fazer pontaria, pôr visto em, assinar) Ele visa o alvo. Ana não visou o cheque ao fazer aquela compra.

(VTI- pretender, almejar) Aquele funcionário visava ao cargo de chefia. Exercício:

Rasure a alternativa incorreta em cada frase. Observe o modelo:

• O caçador visou [o / ao] alvo.

1) [Esqueci / Esqueci-me] todo o dinheiro em casa.

2) [Esqueci-me / Esqueci] de todo o dinheiro em casa.

3) O cargo está vago, mas não [lhe aspiro / aspiro a ele].

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4) Todos em casa assistem [telenovelas / a telenovelas].

5) Trata-se de um direito que assiste [o / ao] presidente.

6) Ópera é gratuita, mas ninguém quis [assisti-la / assistir a ela].

7) A empregada aspirou [o pó / ao pó] do tapete.

8) Você já pagou [o / ao] dentista e [o / ao] médico.

9) O pai ainda não perdoou [a / à] filha.

10) O Estado paga muito mal [os / aos] professores.

11) Você [se lembra / lembra] de mim.

12) Nunca namorei [com essa / essa] garota.

13) Prefiro ser prejudicado [do que / a] prejudicar os outros.

14) Prefiro a companhia de Paulo [que a / a] de Joaquim.

15) Ainda [lembro / me lembro] da casa que morávamos.

16) Deus perdoe [aos /os] nossos pecados.

17) Pagou [à /a] dívida.

18) Sempre simpatizei [com todos / a todos].

19) Eles obedeciam [os / aos] estatutos?

20) [Lembrou / Lembrou-se] de que era feriado.

21) Por que não [simpatizas / simpatizas com] o diretor?

22) Obedeça [o / ao] regulamento.

23) Aspire [o / ao] ar da manhã.

24) Ele aspira [o / ao] sucesso.

25) O médico assiste [o / ao] ferido.

26) O ataque visava [o / ao] quartel general.

27) O padre perdoou [o / ao] rapaz, mas não perdoou [a / à] garota.

28) O cônsul já visou [o / ao] passaporte.

29) Paguei [a / à] conta.

30) Perdoei [ao / o] inimigo.

31) Prefere [mais sair / sair] [do que ficar / a ficar].

CRASE:

Crase é a junção da preposição “a” com o artigo definido “a(s)”, ou ainda da preposição “a” com as iniciais dos pronomes demonstrativos aquela(s), aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a qual (as quais). Graficamente, a fusão das vogais “a” é representada por um acento grave, assinalado no sentido contrário ao acento agudo: à.

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Veja alguns exemplos: Fui à farmácia, substituindo o “à” por “ao” ficaria Fui ao supermercado. Logo, o uso da crase está correto. Assisti à peça que está em cartaz, substituindo o “à” por “ao” ficaria Assisti ao jogo de vôlei da seleção brasileira.

É importante lembrar dos casos em que a crase é empregada, obrigatoriamente: nas expressões que indicam horas ou nas locuções à medida que, às vezes, à noite, dentre outras, e ainda na expressão “à moda”. Veja: Exemplos: Sairei às duas horas da tarde. À medida que o tempo passa, fico mais feliz por você estar no Brasil. Quero uma pizza à moda italiana.

Importante: A crase não ocorre: antes de palavras masculinas; antes de verbos, de pronomes pessoais, de nomes de cidade que não utilizam o artigo feminino, da palavra casa quando tem significado do próprio lar, da palavra terra quando tem sentido de solo e de expressões com palavras repetidas (dia a dia).

Exemplos: Gosto de passear a cavalo. Todos começaram a correr. O tanque se encheu gota a gota. Todos se dirigiram a ele. Vamos a Curitiba.

Exercício: Use a crase quando necessário:

1) Ele foi a pé para casa. 2) A torcida começou a gritar. 3) Ficamos cara a cara. 4) Nós vamos a igreja. 5) Ele chegou a noite. 6) O jogo começará as oito horas. 7) Fiz referência a filmes antigos. 8) O tempo esfria a medida que escurece. 9) Comprava móveis a moda de Luís XV. 10) Sentamos lado a lado. 11) Gostamos de ir a Fortaleza. 12) Gostamos de ir a ensolarada Fortaleza.

DÚVIDAS FREQUENTES:

Verbo haver

O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso quer dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito.

A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora de falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto fosse seu sujeito. É possível que a origem do erro esteja na analogia com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as flexões de número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:

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Ocorrerão mudanças.

Existirão mudanças.

Com o verbo “haver”, a história é outra:

Haverá mudanças.

É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:

Deverão ocorrer mudanças.

Deverão existir mudanças.

Deverá haver mudanças.

Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o plural, pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar (sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode ir para o plural. Assim:

Eles haviam chegado cedo.

Eles tinham chegado cedo.

Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:

Houveram do juiz a comutação da pena.

Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:

Nós o havemos por honesto.

O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepção de “comportar-se”:

Eles se houveram com elegância diante das críticas.

O plural também pode aparecer quando usado com o sentido de “lidar”. Assim:

Os alunos houveram-se muito bem nos exames.

Por que, por quê, porque, porquê

Estas quatro formas existem na língua portuguesa e estão corretas, mas devem ser utilizadas em situações diferentes. A palavra porquê é sinônimo de motivo, causa e razão. A palavra porque significa pois, uma vez que, visto que. As formas por que e por quê significam por qual motivo, por qual razão. Porquê é um substantivo comum masculino, devendo ser escrito sempre acompanhado de um artigo definido ou indefinido, de um pronome como este, aquele, meu, meus,… ou de um numeral. Significa motivo, razão, causa. Exemplos:

• Gostaria de saber o porquê de sua mudança de opinião.

• Dê-me um porquê para eu não me ir embora agora.

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Por quê é a junção da preposição por com o pronome interrogativo quê. Deverá ser utilizado sempre que o pronome interrogativo quê for tônico e estiver no final da oração, seguido de um sinal de pontuação. Significa por qual motivo, por qual razão. O pronome quê também é tônico e acentuado nas expressões de quê e para quê. Exemplos:

• Você já saiu da escola? Por quê?

• Aquele funcionário faltou ao trabalho e nem disse por quê. Por que pode ser a junção da preposição por com o pronome relativo que ou com o pronome interrogativo que, assumindo assim dois empregos diferentes. Com o pronome interrogativo significa por qual motivo, por qual razão. Com o pronome relativo significa por qual ou pelo qual. Utiliza-se no meio das frases. Exemplos:

• Por que não veio falar comigo? (pronome interrogativo)

• As razões por que tive aquela atitude não lhe dizem respeito. (pronome relativo) Porque é uma conjunção subordinativa causal ou explicativa que une duas orações. É muito utilizada em respostas e significa pois, uma vez que, visto que. Exemplos:

• Eu não fui trabalhar porque perdi o ônibus.

• Comprei este produto porque era o mais barato.

Mal/mau

Mal é substantivo ou advérbio. Seu antônimo é bem: Exemplos:

• É impossível evitar o mal. (S) • Como você escreve mal! (A)

Mau é adjetivo. Seu antônimo é bom: Exemplos:

• De manhã, seu mau humor é insuportável! • Não seja mau, seja bom!

Senão /se não

Senão equivale a 'a não ser' ou 'caso contrário': Exemplos:

• Não faz coisa alguma, senão chorar. • Tome uma atitude, senão tudo estará terminado!

Acerca de /há cerca de

Acerca de equivale a 'a respeito de': Exemplo: Discutiram acerca das possibilidades do negócio.

Há cerca de indica tempo passado:

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Exemplo: Discutiram o negócio há cerca de duas semanas.

Aonde /onde

Aonde é usado com verbos que sugerem movimento ou que regem a preposição a: Exemplo:Aonde ela vai? Não sei onde chegará.

Onde é usado com verbos que sugerem permanência: Exemplo:Onde ela está? Não sei onde ficará.

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