Apostila de Analise de Viabilidade Economica e Financeira Vol I

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Apostila: Elementos de Analise de Viabilidade Econmica Financeira

Parte IA NATUREZA DO PROBLEMA ECONMICO.

m.s. Leonam Bueno Pereira

2011

Apostila: Elementos de Analise de Viabilidade Econmica e Financeira

Prof. Ms. Leonam Bueno Pereira.

INTRODUO Parte I. A NATUREZA DO PROBLEMA ECONMICO.

1. OS FATORES DE PRODUO

Os fatores de produo so aqueles elementos indispensveis ao processo de produo. So os elementos mobilizados, ou ainda, dito de outra forma, empregados, no processo produtivo sem os quais no haveria a produo de bens e servios para satisfazerem as necessidades humanas.

Para a maioria dos autores, os fatores de produo so classificados em: Terra, Trabalho e Capital.

a)

Terra: compreende a natureza, o solo, o subsolo e os recursos naturais. A Terra considerada a fonte originria, de grande importncia porque ela que supre o homem de bens e servios necessrios para a sua sobrevivncia. (P.ex: as matrias-primas). A condio de terra tornar-se um fator de produo na situao de uma economia de mercado reside no fato de a terra ter-se tornado propriedade privada e, assim, tornadose tambm uma mercadoria. Existem ainda consideraes a serem feitas quanto ao Meio Geogrfico, como uma gama de possibilidades que esse meio oferece ao ser humano e que so mais ou menos limitadas. Por exemplo, a localizao, o acesso, a fertilidade etc., so elementos que permitem ou facilitam a instalao de um empreendimento econmico.

b)

Trabalho: compreende a capacidade de realizar trabalho de uma pessoa. Compreende tambm a capacidade de realizar trabalho contida em determinada populao existente em um pas. Dentre os elementos a destacar cabem: i) A Densidade, isto , a quantidade relativa dessa populao em um meio geogrfico, em um espao. Essa varivel apresentada como

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um clculo em que seu resultado o nmero de habitantes por Km2. ii) O Volume: entendido como a quantidade de pessoas existentes em uma dada regio ou pas; iii) A Idade: elemento fundamental para a compreenso da capacidade de realizar trabalho de uma populao, uma vez que implica identificar, dentro da populao, a sua distribuio por idade, identificando assim a Populao em Idade Ativa PIA, aquela que esta em condies de realizar trabalho e, a Populao

Economicamente Ativa PEA, aquela populao que alm de estar em idade ativa, j realiza trabalho e recebe rendimentos por isso. iv) O Movimento: ou seja, seu crescimento vegetativo que leva em considerao o saldo dos nascimentos e da mortalidade e, a migrao, segundo a qual e muitas vezes essa uma situao de fato na maioria dos paises, a populao se movimenta de uma regio (at mesmo de paises) para outra a procura de emprego. Desse raciocnio pode-se perceber que existe uma profunda relao entre a capacidade de realizar trabalho de uma populao com as condies de sua sade e educao. Em determinadas circunstncias, esses fatores (sade e educao) podem comprometer a capacidade de resposta de uma sociedade para o desenvolvimento. Uma outra relao tambm existente com a populao est relacionada com a dimenso do mercado em uma determinada regio ou pas. Isto porque, so as pessoas, em ltima instncia, que constituem o mercado de consumo de uma sociedade. Embora essa dimenso seja relativizada, ou ainda ponderada, pela distribuio de renda existente.

c)

Capital: constituem nos fatores que auxiliam o trabalho humano para retirar da natureza os bens e servios de que necessita. Podemos dividir o fator de produo Capital em trs categorias, a saber: i) Capital Fsico (ou fixo): consiste nos bens de capital, aqueles que so empregados no processo produtivo, direta ou indiretamente na gerao de outros bens. Por exemplo: mquinas e equipamentos.

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ii)

Capital Financeiro: aquele capital necessrio para a aquisio do capital fsico ou fixo e tambm do capital de giro de um negcio, que permite a aquisio de matrias primas, contratar trabalhadores e adquirir outros insumos necessrios produo. Pode ser obtido a partir de diferentes fontes de financiamento. Geralmente as mquinas e equipamentos se desgastam no processo produtivo e, portanto, necessrio repor. O sistema econmico tem uma capacidade de produzir para alm do que necessrio para repor o que foi desgastado. Esse excedente acumulado de alguma forma e pode voltar ao sistema na forma de capital financeiro, financiando o processo em um novo ciclo de produo. Pode ser prprio ou de terceiros.

iii)

Tecnologia ou Tcnica: a tcnica filha do progresso cientfico. Uns dos principais objetivos da aplicao da tcnica no processo produtivo o aumento da produtividade ou do rendimento do trabalho. Essa medida de poupar esforos mira no somente o aumento da produo, mas tambm a reduo dos custos de produo. Alm disso, a tcnica tambm exerce o papel de criar outros e novos bens e servios teis e tambm de melhorar a qualidade dos bens e servios j existentes.

Alguns autores consideram um quarto fator de produo como sendo a capacidade empresarial (ou empreendedorismo), algo relacionado com o empresrio e sua capacidade reunir os recursos necessrios para produzir, as funes que exerce no processo de produo e os riscos que est submetido nesse processo.

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2. OS FLUXOS FUNDAMENTAIS

O sistema econmico pode ser definido como uma reunio dos diversos elementos participantes da produo e do consumo de bens e servios que satisfazem s necessidades da sociedade, organizados no apenas do ponto de vista econmico, mas tambm social, jurdico, poltico e institucional.

No sistema econmico encontramos uma grande quantidade de empresas cada qual organizando os recursos de produo para produzirem determinados produtos ou servios.

Nesse sentido, podemos imaginar que a atividade do sistema se resuma na existncia de duas entidades bsicas 1: as empresas e as famlias.

As empresas representam os setores organizados da produo social que para o nosso exemplo produzem os bens e servios de que a sociedade necessita e para isso precisam contratar os recursos de produo necessrios para essa produo.

As famlias representam um conjunto de pessoas que necessitam e se utilizam dos bens e servios produzidos pelas empresas e que so proprietrias dos recursos de produo de que fazem uso as empresas.

Assim, a atividade econmica se resume a um fluxo de recursos de mo dupla, de diferente natureza, entre esses dois componentes bsicos.

Ento temos de um lado um Fluxo de Produtos ou Real (produtos e servios que so colocados disposio das famlias) e, de outro, um Fluxo Monetrio ou Financeiro (a remunerao que as famlias recebem pela propriedade dos fatores de produo).

O Fluxo de Produto ou Real o lado da Oferta da economia, ou seja, aquilo que tiver sido produzido e estiver disposio dos consumidores.

No estamos considerando a existncia de outras entidades como o Governo e o Setor Externo (outras economias nacionais) para simplificar a demonstrao.

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O Fluxo Monetrio ou Financeiro, formado pelo total da remunerao dos fatores produtivos (salrio da mo de obra, juros, aluguel, lucro) representa a demanda ou a procura da economia.

A oferta e a procura so duas funes mais importantes de um sistema econmico. Essas duas funes formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. Formam tambm a Lei mais bsica da atividade econmica: a Lei da Oferta e Demanda.

Esquema estilizado do fluxo da economia:

Receitas dos Negcios

Dinheiro

Custo de vida das Famlias

Bens e ServiosFatores de produo : Terra, Trabalho e Capital

Empresas

Famlias

Custos de Produo

Fatores de Produo

Renda das Famlias

Dinheiro

= Fluxo Real = Fluxo Financeiro (monetrio)

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O funcionamento de uma economia de mercado est baseada em um conjunto de regras. O fato que as empresas ao produzirem seus produtos remuneram os fatores de produo por elas empregados: pagam salrios aos seus funcionrios, aluguis pelas instalaes que ocupam juros pelos financiamentos obtidos, distribuem lucros aos proprietrios. O pagamento ou remunerao garantem aos seus proprietrios, seja ele trabalhador ou capitalista, banqueiro etc., adquirir os bens e os servios de que necessitam.

3. AS QUESTES CENTRAIS DA ECONOMIA

Para que o sistema econmico funcione e diante a impossibilidade do atendimento pleno ou total de todas as necessidades humanas, principalmente em virtude da escassez de recursos, qualquer sistema econmico deve responder a trs questes bsicas:

a) b) c)

O que produzir? Como Produzir? Como distribuir?

A experincia nos mostra que temos trs tipos de sociedade que respondem cada qual a sua maneira as essas trs questes levantadas acima.

As sociedades que nos referimos podem assim diferenciadas:

a)

Economia de Mercado propriamente dita onde predomina o livre jogo

das foras de produo e onde todas as decises so tomadas em funo do sistema de preos;

b)

Economia planificada onde predomina a atuao do Estado na tomada

de decises quanto s questes acima levantadas. c) Economia mista em que existe a presena do Estado decidindo

algumas questes relacionadas produo de bens e servios e tambm existe o mercado que decide mediante o sistema de preos.

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ORGANIZAO SOCIAL

ECONOMIA DE MERCADO COMO COMO O QUE DISTRIBUIR ? PRODUZIR ? PRODUZIR ? Indivduos e famlias atravs de suas rendas sinalizam pelo sistema de preos a sua disposio a pagar por bens e servios (mercado) Pela competio entre os produtores e dada a estrutura de preos e custos, os produtores maximizam os lucros e minimizam os custos A cada qual segundo a sua renda. A estrutura de Preos e a Renda determinam a quem e o qu e quanto ser distribudo

P R O B L E M A S

ECONOMIA PLANIFICADA O Estado atravs do planejamento verifica as necessidades e determina a alocao dos recursos O Estado atravs da tcnica e da pesquisa disponvel no momento orientam a tomada de deciso O Estado ao determinar a estrutura de distribuio de Renda possibilita distribuir mais coerente com a estrutura existente. (A cada qual segundo sua necessidade)

ECONOMIA MISTA Empresrios, atravs do Estado atravs de normas mercado e atravs das legais, tributao, crdito orientaes do Estado e financiamento e o seu prprio consumo Empresrios, atravs do O Estado atravs da mercado e atravs das pesquisa cientfica oficial orientaes do Estado e a produo de Empresas Estatais (p.ex.) Pelo Sistema de Preos. Embora caibam ao Estado funes de promover o consumo de bens e servios populao de baixa renda (p.ex.: renda mnima), e ainda legislando ou prestando ele prprio os servios. (p.ex. sade e educao)

Como os fatores produtivos so escassos e as necessidades humanas ilimitadas, os agentes econmicos precisam decidir onde aplicar preferencialmente os recursos disponveis. Por exemplo, a sociedade pode escolher entre produzir mais canhes e menos alimentos, ou mais escolas e menos estradas. No dia a dia, os consumidores fazem escolhas desse tipo no supermercado.2

E os consumidores fazem essas escolhas utilizando como referencial o sistema de preos e a disponibilidade de sua renda.

O Governo seja ele federal, estadual ou municipal, quando envia ao poder legislativo a pea oramentria anual, o oramento anual, tambm est realizando as mesmas escolhas. Isto , est indicando onde deseja gastar os recursos de que dispe.

No entanto, o governo ao formular a poltica econmica pode orientar e induzir o sistema econmico a produzir mais de um ou de outro bem. Pode tambm, orientar quanto ao abastecimento do mercado interno ou a prioridade para a produo de exportao, ou seja, ao aumentar as exportaes dever existir uma reduo da oferta interna. Essas escolhas referem-se s possibilidades de produo da economia.2

SOUZA, Nali de Jesus de Curso de Economia So Paulo, Atlas, 2000. pg. 21.

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4 - CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO E O CUSTO OPORTUNIDADE

A curva de possibilidade de produo revela o que uma economia capaz de produzir, ou uma indstria, ou mesmo a capacidade do consumidor utilizar toda a sua renda. Reflete a produo mxima possvel de dois bens.

Para o seu entendimento alguns pressupostos devem estar colocados. Em primeiro lugar o pressuposto bsico que existe Pleno Emprego, ou seja, no existe capacidade ociosa ou, dito de outra forma, desemprego de fatores de produo. Isto significa que todos os fatores de produo esto sendo utilizados, no existindo trabalhadores desempregados, terras ociosas e capital no utilizado.

No grfico abaixo se tem a produo de roupas no eixo das ordenadas (eixo do Y) e a produo de alimentos no eixo das abscissas (eixo do X).

a) A linha que vai de 8000 unidades do produto B (por exemplo, roupas) a 5000 unidades do produto A (por exemplo: alimentos), denomina-se Curva de Possibilidade de Produo (linha azul cheia); b) Em cada um dos pontos dessa linha existe uma possibilidade de combinar a produo do produto B e do produto A; c) O espao interno curva de possibilidade de produo um espao onde existe capacidade ociosa; d) A linha tracejada (em verde) mostra uma produo que s ser possvel se houver um aumento da capacidade produtiva. Isto significa que dever existir a incorporao de algum tipo de alterao na composio dos fatores at ento utilizados.

As fontes principais para a incorporao do crescimento da produo so trs:

i) ii) iii)

Avano tecnolgico, incorporao de progresso tcnico; Um aumento na quantidade de capital; Um aumento na fora de trabalho.

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Portanto, a CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO (CPP) representa as opes abertas sociedade dentro de certos limites, pois a curva o limite ou fronteira de produo ou pleno emprego de todos os fatores de produo (recursos naturais terra, capital e fora de trabalho)

Pode-se escolher um ponto na fronteira se a economia for bem administrada e for mantido um nvel de alto de emprego. Se for mal administrada e houver uma recesso, pode-se acabar em um ponto dentro da curva, isto , no espao interno (abaixo da curva) onde haver desemprego de fatores, portanto haver capacidade ociosa.

Em resumo, a curva de possibilidade de produo ilustra trs importantes conceitos: escassez, escolha e custo de oportunidade.

a) A escassez mostrada pelo fato de que combinaes fora da curva no podem ser atingidas, a no ser que se alterem os pressupostos que esto dados (principalmente a quantidade dos fatores de produo); b) Decorrncia do anterior, como no se pode atingir o ponto fora da curva, deve-se fazer a escolha por uma das combinaes possveis delimitadas ao longo da curva de possibilidade de produo. c) O custo de oportunidade ilustrado pela inclinao da curva de possibilidade de produo Quando se coloca os recursos disponveis para produzir mais de um bem, produz-se menos do outro.

4.1 - CUSTO DE OPORTUNIDADE

Situaes mais razoveis so aquelas em que produzimos um pouco de ambos os bens. No ponto (0;8000), nada se produz, com exceo de roupas. Para comear a produzir alimentos, plantaramos algodo naqueles solos mais adequados para o cultivo de algodo e os demais recursos, trabalho e capitais, seriam direcionados para a produo de alimentos.

Neste solo que se cultivaria algodo haveria um sacrifcio do cultivo de alimentos. Esta escolha est representada pelo ponto (1000;7500), onde unidades de roupas so

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sacrificadas para obtermos unidades de alimentos. Para obtermos mais unidades de alimentos precisaramos sacrificar mais unidades de roupas, assim sucessivamente at chegarmos a uma situao onde no haveria nenhuma produo de roupas e somente a produo de alimentos. Esta uma situao limite, representada pelo ponto (0;5000).

Ento o custo de oportunidade da produo de um produto a alternativa que tem de ser sacrificada a fim de obter este produto. (No nosso exemplo, o custo oportunidade de se produzir alimentos o sacrifcio de unidades de roupas, no caso, os valores 500; 1000; 1500; 2000; 3000.)

Em resumo o CUSTO OPORTUNIDADE um custo implcito, que no envolve desembolso. Para o setor privado so os valores dos insumos que pertencem empresa e so usados no processo produtivo. Esses valores so estimados a partir do que poderia ser ganho, no melhor uso alternativo (por isso tambm so chamados de custos alternativos). Diferem dos custos contbeis que envolvem dispndios monetrios e so custos explcitos. Exemplos: a) capital em caixa na empresa: o custo oportunidade o que a empresa poderia estar ganhando, aplicando, por exemplo, no mercado financeiro; b) quando a empresa tem prdio prprio, ela deve imputar um custo de oportunidade, correspondente ao que ela receberia se alugasse o prdio.

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A CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUO E O CUSTO DE OPORTUNIDADE (O Papel do Progresso Tcnico)

Quando existe Capacidade Ociosa A (alimentos) B (roupas) Custo de Oportunidade

a expresso do que sacrificado de um bem para a produo de outro (tambm pode ser entendida como o custo de aplicao do capital em determinado ramo 3000 em detrimento da aplicao em outro. Um valor de comparao (p.ex.: TIR)) 6000

0 1000 2000 3000 4000 5000

8000 7500 6500 5000 3000 0 500 1000 1500 2000 3000

Hiptese:

1. Existe Pleno Emprego, ou seja, no existe capacidade ociosa. Existe eficincia quando se caminha na linha BA, porque a reduo de um bem implicar no aumento do outro. (linha azul)

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Outros exemplos de clculo de custo de oportunidade:

Exemplo 1: Uma companhia A possui instalaes avaliada em R$100 milhes. Seu lucro lquido aps os impostos foi de R$ 12 milhes - tal como determinado pelas tcnicas contbeis. Presumindo que a taxa normal de retorno sobre o capital de firmas equivalentes de 8%, o lucro normal da companhia em considerao de R$ 8 milhes. O lucro econmico da companhia A foi, portanto, de R$ 4 milhes (R$ 12 milhes - R$ 8 milhes). Esses R$ 4 milhes representam a parcela do retorno total dos proprietrios (acionistas) acima do que pode ser obtido em negcios similares.

Exemplo 2: Uma companhia X fez um investimento de R$ 50 milhes em instalaes para produzir mquinas de fotocpias de alta velocidade. Com base nas tcnicas convencionais de contabilidade, seus ganhos aps a deduo de impostos foram de R$ 5 milhes ou 10 % do investimento realizado. Contudo, uma avaliao das alternativas disponveis indicou que ela poderia obter ganhos de R$ 6 milhes aps os impostos se dedicasse suas energias produo de processadores de texto e no de mquinas de fotocpias. Portanto, muito embora a companhia X obtivesse uma taxa de retorno de 10 % sobre o seu investimento, ela perdeu uma oportunidade de ganhar 12 % sobre o seu capital, resultando, portanto, num custo oportunidade de 2 %.

Para entendermos de outra forma o conceito do custo oportunidade, podemos aborda-lo pelo lado do lucro.

O lucro tipicamente definido como a diferena entre a receita e os custos totais. Essa definio de lucro, embora amplamente aceita e aparentemente intuitiva, , no entanto, ambgua. Para o contador, o lucro geralmente significa a receita total menos o custo incorrido; logo o lucro contbil um conceito "ex-post", isto , baseado nas transaes passadas e nos fatos histricos.

Para o economista o lucro, tambm significa a receita total menos todos os custos, mas no s as despesas efetivas incorridas pela firma, mas tambm uma previso para um retorno normal sobre o capital do proprietrio. Essas diversas abordagens de como se

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constitui o custo e o lucro e de como ele deve ser medido do origem aos conceitos de lucro contbil, lucro normal e lucro econmico.

O elemento mais significativo da divergncia entre os conceitos de lucro contbil e lucro econmico relaciona-se com o tratamento dado ao investimento de capital dos acionistas na empresa.

Os economistas afirmam que, em uma economia de mercado, os proprietrios de uma empresa precisam, mesmo a longo prazo, receber um retorno sobre o seu investimento de magnitude suficiente para induzir a empresa a continuar operando.

Sempre que a lucratividade da empresa estiver persistentemente abaixo do que pode ser obtido por outras empresas que operam em setores similares quanto ao nvel de risco, os acionistas tentaro obter um retorno maior para seus fundos de investimentos.

Como os recursos e o capital tendem a ser retirados de uma empresa se e quando ela realiza lucros contbeis menores do que os nveis minimamente aceitveis por longos perodos apropriado definir essa lucratividade mnima como um custo.

Ela um custo no sentido de que, a menos que as receitas da firma sejam suficientes para proporcionar aos acionistas um retorno aceitvel, os fundos de investimento necessrios para manter as operaes da firma acabaro e ela encolher e deixar de existir. Em outras palavras, a longo prazo, um volume mnimo de lucro um condio necessria para a sobrevivncia da firma.

4.2 - CUSTO DE OPORTUNIDADE, A TAXA MNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) E O RISCO.

Dado ento, que existe uma curva de possibilidade de produo onde a empresa ou o empresrio pode exercer a sua opo de decidir entre investir em diferentes projetos (no nosso caso, entre roupas e alimentos), deve existir uma taxa de atratividade, uma taxa de referncia mnima que possibilite situar essa deciso no cenrio de comparao de valores e de tempo.

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Na anlise de projetos existe a necessidade de se estabelecer parmetros mnimos de comparabilidade. Nesse sentido, a Taxa Mnima de Atratividade (TMA) representa uma taxa de juros que identifica o mnimo que um investidor est disposto a ganhar quando faz uma aplicao (um investimento), ou ainda, a taxa de juros mxima que um tomador de financiamento (tomador de crdito) estar disposto a pagar quando faz um financiamento.

No h nesse clculo uma frmula que a identifique plenamente, no entanto, a taxa mnima de atratividade formada pela conjuno de trs fatores presentes no clculo econmico financeiro, ou seja: o custo de oportunidade, o risco do negcio e sua liquidez.

Ela, a TMA, composta pelo custo de oportunidade, representando se ponto de partida e as alternativas que esto embutidas na anlise de viabilidade de escolhas de diferentes projetos, assim como tambm composta por um risco do negcio, uma espcie de proteo contra a incerteza que caracteriza toda tomada de ao nova. Dessa forma, o risco como componente da TMA assume uma remunerao, um prmio pela adoo daquela ao. Por fim, a liquidez representa a facilidade, a velocidade com que podemos alterar nossa posio no mercado e tomar outra posio como mais vantajosa.

Por exemplo, o rendimento das cadernetas de poupana no Brasil considerado, em muitas circunstncias, como um parmetro mnimo de taxa de atratividade tendo em vista seu baixo risco. Para pessoas fsicas, por exemplo, esse recurso de comparao muito recorrente. Para pessoas jurdicas, ou para investidores mais aquinhoados, essa determinao de uma taxa mnima mais complexa e exige maior conhecimento do mercado para encontra-la.

Como aponta KASSAI et ali (2000:pg. 59), esse mnimo necessrio deve, alm de remunerar satisfatoriamente os investidores, garantir a continuidade das empresas. Uma empresa de produtos com ciclos de vida muito curtos, por exemplo, necessita de taxas de retorno maiores, de prazos de recuperao menores etc.

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5. - ESTRUTURAS DE MERCADO E ASPECTOS DA OFERTA E DEMANDA.

5.1 Estruturas de Mercado, Conceitos e Tipologias.

Em geral a atividade econmica ocorre em locus, ou lugar em que as pessoas denominam mercado. No necessariamente deve ou pode ser um espao fsico, geogrfico, mas deve corresponder a um mbito de relaes que venham a se materializar, em ltima instncia, no confronto entre compradores e vendedores.

Nesse sentido, o conceito de mercado, sua tipologia objeto de estudo da cincia econmica. Existem vrios conceitos de mercado, de acordo com os pesquisadores e seus pontos de vista, no entanto, o que o caracteriza so essas relaes de procura ou demanda e de oferta.

Assim, o mercado se define pela existncia da oferta e da procura por bens e servios, sejam eles de qualquer natureza. Quando ambas se encontram definem um mercado, seja de trabalho (oferta e procura por trabalhadores para a indstria por exemplo), seja de crdito (oferta e demanda por recursos financeiros disponibilizados pelos bancos e agncias financiadoras), enfim quando os recursos humanos , financeiros e de capital so ofertados e procurados pode-se dizer que h um mercado de recursos, ou mercado de trabalho, mercado financeiro, mercado de divisas, mercado de capitais, mercado de produtos, etc.

H ainda outras qualificaes relacionadas a mercados. Quando se diz que um mercado est em expanso, porque nele esto correndo simultaneamente deslocamentos para mais na procura e na oferta. Se um mercado est em contrao, perdendo expresso econmica, porque a procura e a oferta esto se contraindo.

H mercados definidos ainda pelo ciclo de vida do produto e que est relacionado com a expanso ou retrao de seus mercados e com o avano tecnolgico em seus setores. As fases iniciais de lanamento de um produto no mercado, quando este bem sucedido, caracterizam-se pela expanso, depois, vem a fase de estabilizao e por fim maturidade e declnio. A Figura 1 abaixo ilustra o ciclo de vida do produto ou servio.

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FIGURA 1

CICLO DE VIDA DO PRODUTO / SERVIO

Quantidade

Maturidade

Crescimento

Declnio IntroduoTempo

Estgio Introduo Crescimento Maturidade

Investimentos altos moderados baixos

Vendas baixas (fracas) crescentes altas

Preos altos altos menores (baixam) baixos (no cobrem custos)

Retorno negativo crescente elevado

DeclnioFonte: ASSEF,1997

baixo ou nenhum

queda

mnimo

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Em geral, o preo e a quantidade de produtos que so comercializados nos mercados so resultados da ao e da interao da oferta e da demanda. No entanto, caractersticas distintivas dos mercados de produtos e servios, como por exemplo: o prprio produto, as condies tecnolgicas, acesso, informaes, tributao,

regulamentao, participantes, localizao etc., acabam tornando-o especfico e nico. Apesar dessas caractersticas, podemos identificar algumas caractersticas comuns que permitem classificar as diferentes estruturas de mercado. Por exemplo:

a) o nmero dos agentes envolvidos; b) As formas de comportamento desses agentes; c) A natureza dos fatores de produo empregados no produto d) e da prpria natureza do produto.

Assim, resumindo uma tipologia das estruturas de mercado podemos apontar quatro estruturas bsicas, ou seja, estruturas onde predominam a concorrncia perfeita; estruturas onde predominam o monoplio; estruturas onde predominam os oligoplios e estruturas onde encontramos a concorrncia monopolstica.

Outros elementos diferenciadores sero incorporados na classificao alm do nmero dos agentes, tais como: controle dos preos, concorrncia extra-preo, barreiras de entrada de novos concorrentes, caractersticas dos produtos transacionados.

A Figura 2 abaixo ilustra as caractersticas de cada uma das quatro estruturas de referncia:

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FIGURA 2

CARACTERSTICAS DOS TIPOS DE MERCADOS

Descritores N. de Empresas Negcios

MONOPLIO Uma Estatais / Controlados Fixados Politicamente

OLIGOPLIO Poucas Capital Intensivo

CONCORRENCIAL Muitas Comrcio/Indstria/Servi os Mercado

Preos

Cartelizados (definidos pelas empresas a partir do Mark-up) 3 Existem Barreiras Ampla/Global

Novas Empresas Atuao

Existem Barreiras Ampla/Global

No Existem Barreiras Local/Regional

Produto/Servio

Diferenciado, sem Diferenciados por com substitutos prximos. marca ou quali- Homogneos, 4 dade. Tambm substitutos prximos podem ser Homogneos Refino de Petrleo Transporte Pblico Telefonia fixa Eletricidade Xerox (antigo) Lmina Barbear (antigas) Cimento Comrcio Varejista em Cia. Areas geral (p.ex. vesturio) Grandes Redes Bares e Restaurantes Hotis (Fast food) Montadoras Ve- Servios de Manuteno culos e Reparo Bebidas

Exemplos

3

Mark-up = Receita de Vendas - Custos Diretos. As empresas oligopolsticas buscam maximizar o markup, definido como uma margem sobre os custos diretos. Podendo dessa forma, concorrerem via preos.4

Para o caso dos servios de turismo, p.ex., (hotelaria), o mercado se caracteriza pela concorrncia monopolstica, onde o principal elemento a diferenciao do produto, mantendo o livre acesso de empresas e com inmeras empresas atuando.

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Explicitando as diferentes tipologias de estruturas de mercado:

CONCORRNCIA PERFEITA Quando se refere concorrncia perfeita trs elementos so necessrios: a) um grande nmero de participantes. Um mercado competitivo quando h tantas firmas que nenhuma firma individual pode afetar os preos que so praticados nesse mercado, tanto para pagamento dos fatores de produo como os recebidos pelos produtos gerados. Exemplos disso so os estabelecimentos agrcolas, as pequenas empresas industriais e comerciais. b) fcil ingresso e sada do mercado e c) os produtos das firmas competitivas no so diferenciados, isto so homogneos.

Consequentemente, a concorrncia entre as empresas se faz unicamente via preos. No h outra forma de atrair compradores para determinado produto que no seja atravs do preo. Os participantes desses mercados so chamados de tomadores de preos.

MONOPLIO Esse mercado se caracteriza pelas condies opostas s da concorrncia. Neste existe um nico vendedor para muitos compradores, dominando inteiramente a oferta.

Nesta estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa a prpria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusivo no mercado, a empresa no estar sujeita aos preos vigentes. Mas isso no significa que poder aumentar os preos infinitamente. Posto que a partir de determinado ponto sua receita decresce.

OLIGOPLIOS A maioria das grandes empresas opera numa estrutura de mercado de oligoplio. Nessa situao, alguns poucos vendedores dividem o grosso do mercado. Ao agirem de forma independente, torna-se possvel determinar a curva de demanda. Neste caso a posio da curva ir depender do que faro seus concorrentes. Por exemplo, se uma empresa oligopolista baixar seus preos objetivando ampliar sua fatia no mercado provocaria idntica poltica em suas rivais o que neutralizaria suas

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intenes. Vale dizer, haveria um desencadeamento de uma guerra de preos, cujos resultados seriam nefastos para todas as empresas.

CONCORRNCIA MONOPOLSTICA A expresso concorrncia monopolstica foi cunhada por Chamnberlaein na dcada de 30. Ela identifica um elevado nmero de situaes de mercado verificadas na realidade prtica e situadas entre os extremos da concorrncia perfeita e do monoplio, mas sem as caractersticas resultantes do pequeno nmero de empresas que marcam o oligoplio.

Trata-se, assim, de uma estrutura de mercado em que h um grande nmero de empresas concorrentes e em que as condies de ingresso so relativamente fceis; todavia, cada uma das empresas concorrentes possui suas prprias patentes ou, ento, capaz de diferenciar o seu produto de tal forma que passa a criar um segmento prprio de mercado, que dominar e procurar manter.

O consumidor, todavia, encontrar outros substitutos, no ocorrendo, dessa forma, a caracterizao essencial do monoplio puro. Determinada patente ou determinado elemento de diferenciao pode significar uma espcie de monopolizao. Mas, havendo outros concorrentes com bens ou servios similares e substitutos, haver tambm concorrncia. Combinando-se, dessa forma, o elemento de monopolizao com as possveis foras concorrenciais, define-se uma estrutura especial de mercado, conhecida como concorrncia monopolstica.

Exemplos: lojas de roupas feitas, restaurantes, Suas principais caractersticas so: a) um elevado nmero de empresas relativamente iguais; b) acentuada diferenciao dos produtos; c) aprecivel, porm no muito ampla capacidade de controle dos preos; d) relativa facilidade de ingresso de novas empresas no mercado, mas o ingresso bem mais fcil do que nas estruturas de mercados oligopolsticas e mais difcil do que na concorrncia perfeita.

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PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DAS QUATRO ESTRUTURAS DE MERCADO

CARACTERSTICAS NMERO DE CONCORRENTES

PRODUTO OU FATOR

CONCORRNCIA PERFEITA MUITO GRANDE /MERCADO PERFEITAMENTE ATOMIZADO PADRONIZAD NO H QUAISQUER DIFERENAS ENTRE OS OFERTADOS

MONOPLIO APENAS UM PREVALECE A UNICIDADE NO TEM SUBSTITUTOS SATISFATRIOS OU PRXIMOS

OLIGOPLIO GERALMENTE PEQUENO

CONCORRNCIA MONOPOLISTICA GRANDE PREVALECE A COMPETITIVIDADE

PODE SER PADRONIZADO OU DIFERENCIADO DIFICULTADO PELA INTERDEPNCIA DAS CONCORRENTES RIVAIS. AMPLIA-SE QUANDO OCORREM CONLUIOS

DIFERENCIADO A DIFERENCIAO FATOR-CHAVE

CONTROLE SOBRE PREOS OU REMUNERAES

NO H QUALQUER POSSIBILIDADE

MUITO ALTO, SOBRETUDO QUANDO NO H INTERVENES CORRETIVAS.

H POSSIBILIDADE MAS SO LIMITADAS PELA SUBSTITUIO. DIFERENCIAO POSSIBILITA PREOSPRMIO DECORRENTE DA DIFERENCIAO. RESULTA DE FATORES COMO MARCA, IMAGEM, LOCALIZAO E SERVIOS COMPLEMENTARES

CONCORRNCIA EXTRAPREO

NO POSSVEL NEM EFICAZ

ADMISSVEL PARA OBJETIVOS INSTITUCIONAIS

VITAL SOBRETUDO NOS CASOS DE PRODUTOS DIFERENCIADOS

CONDIES DE INGRESSO

NO H QUAISQUER TIPOS DE OBSTCULOS

IMPOSSVEL A ENTRADA DE CONCORRENTES IMPLICA O DESAPARECIMENTO DO MONOPLIO

INFORMAES

TOTAL TRANSPARNCIA

OPACIDADE

H CONSIDERVEIS OBSTCULOS GERALMENTE DERIVADOS DE ESCALAS E DE TECNOLOGIAS DE PRODUO H VISIBILIDADE EMBORA LIMITADA PELA RIVALIDADE

SO RELATIVAMENTE FCEIS

GERALMENTE AMPLAS

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5.2. A Oferta e Demanda

A lei da oferta e da demanda descreve que a quantidade demandada, assim como a quantidade ofertada, ambas variam em funo de vrios fatores, sendo o principal, o preo das mercadorias. Esta Lei bsica para a estruturao do nosso conhecimento do funcionamento de uma economia de mercado e tem, sob determinados aspectos, papel principal na formulao e na implementao de projetos de investimentos. Isto por que atravs da oferta e da demanda que conseguimos dimensionar o mercado do projeto onde pretendemos atuar. E este um ponto fundamental: Dimensionar a demanda.

Dessa forma, a definio precisa da demanda pode ser assim explicitada: A demanda de uma mercadoria ir variar em funo dos seguintes fatores: a) preos dos bens e servios; b) renda do consumidor; c) gosto do consumidor; d) preos de bens substitutos e, e) preo dos bens complementares.

Assim, a quantidade demandada de determinado bem ou servio varia na razo inversa da variao dos preos. Sendo que, a quantidade ofertada varia na razo direta da variao dos preos.

O Grfico abaixo resume o processo de interao entre a oferta e a demanda:

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DADA A TABELA : PREO 50 40 30 20 10 DEMANDA 6 12 18 24 30 OFERTA 30 24 18 12 6

Excesso de Oferta

Excesso de Demanda

O Grfico acima o desenho estilizado da interao entre a oferta e a demanda. Nesse sentido, deve existir um preo de equilbrio em que a quantidade demandada se iguala quantidade ofertada, de forma que esses valores podem ser identificados como sendo o preo e a quantidade de equilbrio. No caso do exemplo apresentado, a interseco das duas curvas (oferta e demanda) mostra o preo de equilbrio igual a 30 e as quantidades ofertadas e demandadas de equilbrio igual a 18. Evidentemente, essa situao idealizada e nem sempre se apresenta no mercado dessa forma, mais comum encontrarmos situaes definidas conforme as linhas tracejadas identificam os excessos, no caso da linha azul, na parte de cima do grfico, identifica o excesso de oferta e a linha tracejada abaixo do grfico, na cor vermelha, identifica o excesso de demanda.

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Essa situao, equilbrio, uma situao ideal como j dissemos. No necessariamente corresponde situao efetivamente encontrada nos mercados. Estes, quando possvel se aproximam dessa situao com variaes. E encontrar essa situao ou identifica-lo no mercado que consiste um estudo de mercado para saber como se comporta a demanda do produto em estudo.

5.3. Determinao da Demanda (Modelos Econmicos)

Modelos econmicos so equaes matemticas que procuram representar, de maneira simplificada, o comportamento dos agentes econmicos, isto , os consumidores, as empresas e o governo. Por exemplo, pelo lado da oferta os produtores de um determinado bem iro produzi-lo mais medida que o preo do mesmo aumentar. Os consumidores, por outro lado, vo aumentar o consumo do mesmo produto medida que o preo se reduzir e/ou que sua renda aumentar. Neste caso, a equao matemtica pode ser do tipo:

QD = -b1P + b2R

Onde: QD a quantidade demandada; P o preo do produto e R representa a renda da populao analisada. A quantificao das respostas dos agentes a essas variaes depende de parmetros, escolhidos ou estimados, chamados de elasticidades do modelo. No caso da equao acima as variaes dos agentes, ou seja, as elasticidades de cada comportamento so calculadas a partir dos parmetros b1 e b2. A partir da modelagem destes comportamentos podem ser realizadas simulaes de mudana nas variveis exgenas (que geralmente a renda) e assim identificar o impacto nas variveis endgenas (que podem ser os preos e as quantidades) do modelo.

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Os modelos so geralmente descritos para uma economia em equilbrio, ou seja, com oferta igual demanda.

Exemplo:

Com base no texto acima, identifique:

a) Dada a Renda R = 1000 e os parmetros: elasticidade da demanda = -0,8 e elasticidade da Renda = 1,2 considerando que o preo do produto varie de 10 para 20, qual a quantidade demandada ao preo de 20 ? Soluo:

QD10 = -0,8 x 10 + 1,2 x 1000 // -8 + 1200 = 1192 QD20 = -0,8 x 20 + 1,2 x 1000 // -16 + 1200 = 1184 Ou seja, dada a variao no preo de 10 para 20, a quantidade demandada tambm variou, s que em sentido contrario, reduzindo a quantidade demandada em 8 unidades do produto.

b) Ocorrendo uma variao na Renda R de 1000 para 1500 e ocorrendo uma reduo nos preos de 20 para 15, qual ser a nova quantidade demandada? Soluo:

QD15 = -0,8 x 15 + 1,2 x 1500 // -12 + 1800 = 1788 Ou seja, dada a variao no preo, com a reduo de 25% e com o aumenta na renda do consumidor de 50%, a quantidade demandada aumentou em 51%.

c) Considerando os resultados encontrados nos exerccios acima, a que concluses voc pode chegar sobre: (Complete o exerccio) i. ii. iii. O bem ou produto consumido; O papel da renda no comportamento do consumidor frente a esse produto; A caracterstica do bem ou produto consumido.

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Referncias Bibliogrficas: Bsica: ASSAF, Alexandre Neto Estrutura e Anlise de Balanos: um enfoque econmico financeiro. So Paulo, Atlas, 1987. ASSEF, Roberto: Guia prtico de formao de preos: aspectos mercadolgicos, tributrios e financeiros para pequenas e mdias empresas. Rio de Janeiro, Campus, 1997. PASSOS, Carlos Roberto M. & NOGAMI, Otto Princpios de Economia. So Paulo: Pioneira, 1998. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro. So Paulo: Atlas, 2001.I MONTORO FILHO, Andr Franco. (et ali) Manual de Economia. Organizadores: Diva Benevides Pinho, Marco Antonio Sandoval Vasconcelos. 3 ed. So Paulo: Saraiva, 1998. Complementar: ARAJO, Carlos Roberto Vieira Arajo. Histria do pensamento econmico. So Paulo, Ed Atlas, 1988. HEILBRONER, Robert A Histria do Pensamento Econmico So Paulo, Ed. Nova Cultural 1996.

PINTO, Anbal e FREDES, Carlos Curso de Economia Entrelivros Cultural Rio de Janeiro, 1978. SOUZA, Nali de Jesus de Curso de Economia, So Paulo, Atlas, 2000.

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