Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

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Universidade Federal do Pará Instituto de Geociências Programa de Cursos Lato Sensu a Distância Curso de Especialização em Rochagem e Remineralização de Solos Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros (SiBCS) Professor: Anderson Martins de Souza Braz Universidade Federal Rural da Amazônia Belém-PA 2020

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Universidade Federal do Pará

Instituto de Geociências

Programa de Cursos Lato Sensu a Distância

Curso de Especialização em Rochagem e Remineralização de Solos

Apostila: Anotações e perguntas sobre solos

brasileiros (SiBCS)

Professor: Anderson Martins de Souza Braz

Universidade Federal Rural da Amazônia

Belém-PA

2020

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CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

1. Introdução

A ciência da classificação parece ter se

iniciado na antiga Grécia. Entretanto, o ato de

classificar, ou seja, de reconhecer similaridades e

grupar objetos e organismos nelas baseados, vem

desde o homem primitivo. Aliás, mesmo antes do

homem, a capacidade de classificar (selecionar ou

adaptar-se a determinados ambientes) foi um

importante fator na evolução biológica. Um

simples ser primitivo como uma ameba, por

exemplo, não reage à determinada partícula

alimentar do mesmo modo.

A busca constante de conhecer e tentar

entender o ambiente e os fatos que o rodeiam foi

uma constante ao longo da evolução humana. A

passagem da simples atividade de caça, pesca e

coleta, para a agricultura, certamente levou o

homem a se deparar com novas e diversas

situações, exigindo sempre novas ações de

convivência e, ou de redução dos problemas. Isto,

forçosamente, o estimulou a uma maior atenção

para com vários aspectos do ambiente, tais como:

tipo de vegetação, freqüência de chuvas e de

inundações; dureza do solo para a escavação;

aspereza (textura mais, ou menos, arenosa);

adaptação das plantas cultivadas em determinado

tipo de terreno, sucesso de safras, etc.

Classificar é conhecer, organizar,

estratificar e simplificar. É ordenar ou dispor os

objetos de interesse, de acordo com suas

características e semelhanças, em classes (grupos)

definidas, que deverão ser dispostas em um sistema

hierarquizado. É um contínuo processo de seleção

e ajustes cujos erros tendem a ser corrigidos pelos,

às vezes, dolorosos equívocos.

A classe é, portanto, um grupo de indivíduo,

ou um grupo de outras classes similares em

propriedades selecionadas e distintas de outras

classes de uma mesma população. É, assim, algo

concebido pela mente humana na tentativa de

organizar uma situação específica. A população,

por sua vez, é um conjunto de todos indivíduos.

Partindo-se da premissa de que a

classificação trabalha com a diversidade de fatos e

objetos, pode afirmar que seus principais objetivos

podem ser assim resumidos:

1- buscar a ordem existente (se houver

alguma) na diversidade;

2- procurar de alguma forma descrever essa

diversidade;

3- entender os processos responsáveis pela

geração da diversidade;

4- estabelecer um sistema geral de

ordenamento da diversidade em pauta.

Por estas e outras razões, a classificação

permite relembrar e transferir o conhecimento

adquirido com facilidade. Conseqüentemente,

possibilita a economia de tempo e de memória,

numa relação benefício/custo favorável.

O termo classificação inclui: o processo de

classificar, ou seja, o estabelecimento de seus

princípios e métodos, e o produto deste processo,

isto é, o sistema de classificação. O sistema de

classificação refere-se ao conjunto hierárquico de

todas as categorias de objetos ou organismos

classificáveis, em uma estrutura ou sistema

conceitual (Figura 1). A natureza, precisão e grau

de refinamento deste grupamento vai depender, do

nível de conhecimento a respeito de cada um.

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POUCOS INDIVÍDUOS

COM MUITA COISA EM

COMUM

9 10 8

11

4 5

12 13

6

IV 14

7 III

IV

e

d f III

b c

2 3 II II

a

I I 1

MUITOS

INDIVÍDUOS

HETEROGÊNEOS

Figura 1. Esquema mostrando as classes (1 a 14), nos diferentes níveis categóricos (I a IV). A classe 1 está no

nível categórico I, classes 2 e 3 no nível II e assim por diante.

I

N

F

O

R

M

A

Ç

Ã

O

A

B

R

A

N

G

Ê

N

C

I

A

Page 4: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Classificar é uma tarefa relativamente fácil.

Trata-se apenas de enquadrar o objeto a ser

classificado nos níveis categóricos estabelecidos.

Estabelecer as características que possibilitarão a

diferenciação dos objetos nem sempre é simples.

Embora idealmente todas as propriedades

devessem ser consideradas na diferenciação entre

as classes, por exemplo, entre as classes 2 e 3

(bifurcação a na Figura 1), apenas poucas são

utilizadas. São as chamadas características

diferenciais.

As características diferenciais têm por

objetivo distinguir uma classe da outra. Sua

funcionalidade está relacionada com o grau de

covariação com outras características, chamadas

acessórias ou covariantes. Quanto maior o

número de covariantes que a característica

diferencial conseguir englobar, maior será seu

valor. Por exemplo, a CTC é uma característica

amplamente utilizada nos sistemas de classificação

de solos. Fornece boas indicações a respeito de

outras características como soma e saturação de

bases, adsorção de íons, retenção de umidade,

consistência, etc. Nem toda ou qualquer

característica, serve como diagnóstica aos

propósitos que se têm em mente.

Nos sistemas de classificações baseados na

morfologia e na gênese dos solos (sistemas morfo-

genéticos, como o SiBCS), as características

diferenciais devem ser propriedades observadas no

campo e estarem relacionadas com a gênese do

solo, pois assim terão maior número de covariantes.

É por isso que no nível categórico mais elevado

(ordem) o reconhecimento dos horizontes super e

subsuperficiais é utilizado.

A classificação é um processo que se

aperfeiçoa continuamente. Não é uma verdade que

se procura, mas sim um artifício criado pelo

homem para facilitar sua lida com a diferenciação

de objetos, organismos, ambientes etc. Para tanto,

há uma lista básica de características desejáveis na

elaboração de um sistema de classificação,

conforme cita Smith (1970), ao mencionar aqueles

que nortearam a estruturação do Sistema

Americano de Classificação de Solos (Soil

Taxonomy):

1- A definição de cada grupo, táxon, ou classe,

deve ter, quanto possível, o mesmo significado para

todo o mundo;

Dizer que um Luvissolo tem argila de

atividade alta, sem expressar o valor que define este

critério, não transmite a idéia que se quer

transmitir, de forma clara. Na quantificação, o

método utilizado deve ser indicado para que a

idéia de classe seja eficiente. Por exemplo, o valor

de CTC determinada a pH 7,0 com acetato de

cálcio é diferente daquele determinado com acetato

de amônio a este mesmo valor de pH;

2- O sistema deve ser multicategórico

Trata-se de um sistema hierárquico em que

grupos menores são agrupados dentro de grupos

maiores (série em família; família em subgrupo;

subgrupo em grande grupo; grande grupo em

subordem e subordem em ordem).

Ao referir-se aos solos de uma região como

simplesmente Latossolos, apenas se expressa um

determinado teor de informação: um grande

número de indivíduos com horizonte diagnóstico

Bw, subjascente a qualquer tipo de horizonte A (ou

seja, todos os Latossolos possíveis). Ao expressar-

se Latossolos Vermelhos, por outro lado, já permite

dizer muito mais a respeito de um número

substancialmente menor de Latossolos. Já

Latossolo Vermelho perférrico refere-se a uma

classe bem menos abrangente do que as duas

anteriores, exigindo maiores informações para sua

classificação. A ordenação hierárquica

(multicategórica), ajuda a mente relembrar

propriedades e entender as relações entre os solos,

ou aos objetos que se classificam.

3- As classes devem referir-se a solos que ocupem

áreas geográficas.

A classificação deve basear-se em

indivíduos reais. Isto é, deve-se evitar uma pré-

classificação de solos não conhecidos.

4- As características diferenciais devem ser

propriedades do solo, que podem ser observadas no

campo ou ser inferidas de outras propriedades

observadas no campo ou da combinação de dados

das várias áreas da ciência do solo e de outras

disciplinas.

Os valores de CTC corrigida que

caracterizem solos com argila de atividade alta

(Vertissolos, por exemplo) não podem ser

determinados diretamente no campo, mas que

podem ser inferidas, com relativa segurança, pela

constatação de fendilhamentos muito

pronunciados, presença de slikensidades, estrutura

paralepipédica, plasticidade e pegajosidade muito

acentuadas.

A estrutura muito pequena granular (“pó de

café”) em um Latossolo de textura argilosa ou

muito argilosa, numa superfície de aplainamento

antiga, como nos chapadões do Planalto Central,

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sugere mineralogia da fração argila mais oxídica e

solos, em sua maioria, de estrutura granular e

ácricos.

5- A taxonomia deve ser modificável para

permitir a incorporação de novos conhecimentos

com um mínimo de perturbação.

A classificação é um processo contínuo e

que reflete o conhecimento atual que se tem de um

solo. Portanto, ela deve ser flexível o suficiente

para permitir a incorporação de novos

conhecimentos. Isto pode ser feito pela adição de

uma nova classe, pela combinação ou divisão de

outras, não descartando, inclusive, a própria

eliminação de alguma classe.

As modificações não devem ser, entretanto,

constantes e sem uma base sólida de conhecimento.

Isto acarreta muita confusão para o usuário e

descrença no sistema.

6- As características diferenciais, tanto quanto

possível, devem permanecer constantes, quer para

um solo virgem quer para este mesmo solo após ser

modificado pelo uso de forma a se enquadrarem em

um mesmo táxon.

É inconveniente que a cada modificação de

características de horizontes superficiais o solo seja

classificado em uma outra classe. Esta, talvez, seja

uma das mais fortes razões das classificações

utilizarem como horizontes diagnósticos,

preferencialmente os de subsuperfície.

7- O sistema deve prover classes para todos os

solos na paisagem

Os solos formam um “continuum” na

paisagem. Este “continuum” deve ser segmentado

em um razoável número de segmentos que tenham

variações limitadas e definidas de propriedades, de

maneira que interpretações quantitativas a respeito

do solo possam ser feitas. Ou seja, a falta de

capacidade, e, ou de conhecimento, de se avaliar e

compreender a ocorrência e distribuição de um solo

na paisagem, não deve ser fator que impeça a sua

classificação.

A necessidade de se ter um sistema de

classificação de solos é essencial para os trabalhos

de levantamentos pedológicos, os quais, por

natureza, são os verdadeiros indutores da

classificação de solos. Ter um sistema taxonômico

bem elaborado é decisivo na transferência de

conhecimento adquirido com a pesquisa, ou mesmo

com a prática, uma vez que facilita a

comunicação, entre outros fatores, pelo emprego de

linguagem padronizada.

Constitui objetivo principal destas notas,

divulgar o sistema de classificação de solos em uso

no país a partir de 1999. A idéia é sensibilizar o

estudante, e o público em geral, da importância de

se ter uma nomenclatura padronizada e baseada em

conceitos bem estabelecidos, ainda que propensos

a alterações com o evoluir do conhecimento.

Pretende-se com isto, preparar o aluno para lidar e

a interpretar os termos empregados em

classificação que, em geral, apresentam veiculação

a nível mundial, certamente que necessitando

alguns ajustes para uma ou outra situação.

Não é nosso propósito desfazer o mito de

que a linguagem da classificação é complexa. É

nosso esforço, entretanto, ensinar para evitar que

nomes criados com o intuito de simplificar, muitas

vezes são indesejados, inapropriados e vazios, por

não traduzirem em maiores e mais precisas

informações a respeito do recurso de solos de uma

região, estado ou país, o que dificulta a

transferência de conhecimento e o planejamento

agrícola como um todo.

É importante destacar que o material, apesar

de sintético, tenta ser o mais abrangente e

informativo possível. É fruto de pesquisa de várias

fontes bibliográficas e, ou do conhecimento pessoal

dos autores, sendo amplamente discutido, ilustrado

e complementado nas aulas teóricas e práticas.

Assim, para seu melhor aproveitamento,

recomenda-se o seu complemento com as

anotações próprias de cada estudante, em sala de

aula.

2. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos

A classificação de solos é um trabalho

indutor de levantamentos de solos. A classificação

de solos empregada nos levantamentos de solos que

se verificaram no país, a partir dos anos cinqüenta,

foi baseada mais em uma ”legenda” relativamente

organizada, contendo classes de solos com as

devidas “fases” de relevo, vegetação,

pedregosidade e, ou rochosidade, do que em um

sistema taxonômico, propriamente dito.

Grande parte da nomenclatura das classes de

solos desta legenda, e mesmo do atual SiBCS

vigente, foi baseada no antigo sistema americano

de Baldwin et al.(1938), modificado por Thorp e

Smith (1949).

Apesar da dimensão do país e a diversidade

de solos, um fato positivo a se ressaltar é que

sempre houve uma preocupação em padronização

Page 6: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

de conceitos e de nomenclatura, de certa forma

facilitada em razão do caráter mais generalizado

dos mapeamentos que se produziram até meados da

década de oitenta. Isto facilitou a estruturação do

atual sistema (Embrapa, 1999), que ainda se

encontra em fase de ajustes.

A estruturação do Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos (SiBCS) (Embrapa, 1999)

baseia-se no Sistema Americano (Soil Taxonomy

– USDA), com as adequações pertinentes às

condições brasileiras, consonantes com aquilo que

vinha se realizando no Brasil em termos de esboço

de classificação de solos. Sua estruturação é

descendente seguindo os seguintes níveis

categóricos: ordem, subordem, grande grupo,

subgrupo, família e série (Figura 2).

O elemento de classificação é o perfil do

solo. A expressão dos fatores e processos de

formação, responsáveis pelo aparecimento de

características morfológicas identificáveis no

campo e, ou mais raramente por análises físico-

químicas são decisivas para a separação de classes

nos níveis taxonômicos mais elevados (ordem e

subordem). A medida que se busca enquadrar os

solos em níveis categóricos mais baixos, a

dependência de laboratório é cada vez maior.

Assim, a presença ou o arranjamento deste

ou daquele horizonte diagnóstico superficial e

subsuperficial, ou mesmo a ausência de arranjo

entre horizontes, juntamente com as características

(atributos) físico-químicas selecionadas para a

distinção de classes, é que constitui a base de

estruturação do sistema. Atualmente, são

reconhecidas 13 classes de solos em nível de

ordem; a dos Alissolos foi eliminada. Nenhuma

destas treze classes está completamente estruturada

em nível de família ou série. Há, ainda, muito

trabalho a ser feito.

O SiBCS está estruturado com base na

presença de horizontes e atributos diagnósticos,

conforme descritos a seguir:

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1º NÍVEL

2º NÍVEL

3º NÍVEL

ORDEM: Atuação de processos/fatores de formação expressos pela

ausência ou presença de atributos, horizontes ou propriedades passíveis de

identificação.

SUBORDEM: Atuação de processos de formação que atuaram em conjunto

com aqueles definidores do 1º nível; ausência de diferenciação de horizontes

diagnósticos; propriedades importantes para o desenvolvimento de plantas

e usos não agrícolas; atributos diferenciais que apresentam informações

importantes dentro das classes do 1º nível.

GRANDE GRUPO: Tipo e arranjamento de horizontes; atividade da argila;

eutrofia, distrofia, alicidade, sodicidade e salinidade; presença de horizontes

ou propriedades que restringem o desenvolvimento das raízes e afetam o

movimento da água no solo.

SUBGRUPO: Conceito central da classe (típico); intermediários com o 1º,

2º e 3º níveis categóricos; solos extraordinários.

4º NÍVEL

FAMÍLIA: Ainda não definidos, mas que deverão contemplar

propriedades físicas, químicas e mineralógicas de caráter pragmático para

5º NÍVEL

6º NÍVEL

fins de utilização agrícola e não agrícola dos solos.

SÉRIE: Categoria mais homogênea do sistema; características diretamente

relacionadas com o desenvolvimento das plantas.

Figura 2- Representação esquemática dos níveis categóricos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

(observe que é menor a informação e maior o número de indivíduos nas classes de níveis superiores, por

exemplo: Ordem – todos os Latossolos; por outro lado, é maior o número de informações (afirmativas) para

as classes de nível inferior, por exemplo: Série – alguns Latossolos específicos.

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3. Horizontes Diagnósticos

Uma das resultantes principais da atuação

bioclimática, sobre o material de origem, em

determinada condição de relevo, através do

tempo, é o aparecimento dos horizontes H, O, A,

E, B, C, chamados de genéticos, uma vez que são

resultantes da ação dos fatores de formação.

Embora seu reconhecimento já seja passo para a

identificação de solos, não é suficiente para a sua

classificação (enquadramento em um sistema

taxonômico hierarquizado). É preciso

estabelecer parâmetros para alguns horizontes,

particularmente aqueles de superfície (horizonte

A) e de subsuperfície (horizonte B e, mais

raramente o C). O horizonte H pode ocorrer tanto

na superfície como em subsuperfície. Ao se

estabelecerem parâmetros para estes horizontes,

criam-se os chamados horizontes diagnósticos,

que servirão de base para a classificação dos

solos.

3.1. Horizontes Diagnósticos Superficiais

3.1.1. De Constituição Mineral (Horizonte A)

3.1.1.1. Horizonte A Húmico

É um horizonte mineral superficial, com

valor e croma (cor do solo úmido) igual ou

inferior a 4 e saturação por bases (V %) inferior

a 65 %, apresentando espessura e conteúdo de

carbono orgânico (C-org) dentro de limites

específicos, conforme os seguintes critérios:

espessura mínima como a descrita para

o horizonte A chernozêmico;

teor de carbono orgânico inferior ao

limite mínimo para caracterizar o horizonte

hístico;

teor total de carbono igual ou maior ao

valor obtido pela seguinte equação:

(C-org, em g/kg, de subhorizontes A

x espessura do subhorizonte, em dm) 60 +

(0,1 x média ponderada de argila, em g/kg,

do horizonte superficial, incluindo AB ou

AC).

Assim, deve-se proceder aos seguintes

cálculos para avaliar se o horizonte pode ser

qualificado como húmico. Inicialmente,

multiplica-se o teor de carbono orgânico (g/kg)

de cada subhorizonte pela espessura do mesmo

subhorizonte, em dm (C-org (g/kg) de cada

subhorizonte A x espessura do mesmo

subhorizonte (dm)). O somatório dos produtos

dos teores de C-org pela espessura dos

subhorizontes, doravante será denominado de C-

org total do horizonte A (C-org total). A seguir,

calcula-se a média ponderada de argila do

horizonte A, a qual é obtida multiplicando-se o

teor de argila (g/kg) do subhorizonte pela

espessura do mesmo subhorizonte (dm) e

dividindo-se o resultado pela espessura total do

horizonte A, em dm (teor de argila dos

subhorizontes A em g/kg x espessura dos

mesmos subhorizontes em dm / espessura total

do horizonte A em dm).

O valor de C-org total requerido para um

horizonte qualificar-se como húmico deve ser

maior ou igual aos resultados obtidos pela

seguinte equação:

C-org total 60 + (0,1 x média

ponderada de argila do horizonte A)

Para facilitar a compreensão dos

procedimentos matemáticos é apresentado, a

seguir, um exemplo prático dos cálculos

realizados em um horizonte A, descrito e

coletado em campo (Tabela 1).

Substituindo a média ponderada de argila

na equação “C-org total 60 + (0,1 x média

ponderada de argila)”, tem-se:

C-org total 60 + (0,1 x 220,74 ) =

82,07.

O valor de C-org total existente no

horizonte A é de 99,78, portanto, maior que

82,07 (considerado como o mínimo requerido

para que o horizonte seja enquadrado como A

húmico) em função do teor médio ponderado de

argila de 220,74 g/kg. Assim, o horizonte usado

como exemplo é húmico.

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Tabela 1. Cálculos de C org e C org total realizados em horizonte A.

Sub-

Hori-

zonte

Prof.

(cm)

C-org

Argila

Cálculo da média ponderada da

argila

Cálculo do C-org total

----------------------------------g.kg-1-----------------------------

A1 0 - 31 20,6 200 200 x 3,1dm/6,8 dm=91,18 20,6x3,1dm= 63,86

A2 - 53 10,6 230 230 x 2,2 dm/6,8 dm=74,41 10,6x2,2 dm = 23,32

AB - 68 8,4 250 250 x 1,5 dm/6,8 dm=55,15 8,4x1,5 dm = 12,60

Total = 220,74 Total = 99,78

3.1.1.2. Horizonte A proeminente

Apresenta as mesmas características do

horizonte A chernozêmico, no que se refere a cor,

teor de carbono orgânico, espessura, estrutura e

consistência, diferindo, essencialmente por

apresentar saturação por bases < 65 %. Portanto,

muitas das vezes a separação destes dois

horizontes só é possível após o resultado

analítico.

A exemplo dos horizontes anteriores,

também não é um horizonte de grande expressão

geográfica no país. Tende a ocorrer em áreas de

cotas altimétricas já mais elevadas, e mesmo em

baixadas, muitas vezes associado ao horizonte

húmico, do qual difere pela menor espessura e

conteúdo de carbono orgânico.

3.1.1.3. Horizonte A chernozêmico

É um horizonte mineral escuro e

relativamente espesso, com saturação de bases ≥

65 %, em que íons bivalentes como o cálcio e o

magnésio dominam o complexo de troca.

Sua estrutura é normalmente bem

desenvolvida (moderada ou forte),

dominantemente granular e mais raramente em

blocos subangulares.

Os teores de carbono orgânico são ≥ 6 g

kg-1, e a cor, nos casos mais usuais de solos livres

ou com teores de CaCO3 ≤ 40 g/kg, avaliada em

amostra úmida e úmida amassada, apresenta

croma e valor ≤ 3. Na amostra seca, o limite para

valor pode chegar a 5. Em solos com quantidades

de CaCO3 equivalente > 40 g/kg, os requisitos de

espessura, percentagem de CO e cor são

diferentes e respectivamente: ≥18 cm; ≥ 2,5; ≤ 5

g/kg, para amostra úmida. O clareamento da cor

se dá em razão do poder pigmentante do

carbonato de cálcio.

A espessura do horizonte A

chernozêmico, mesmo quando revolvido, deve

atender a um dos seguintes requisitos:

a) ≥ 10 cm quando diretamente sobre a

rocha;

b) ≥ 18 cm e mais que um terço da

espessura do solum ou da soma dos horizontes A

+ C quando este tiver menos que 75 cm de

espessura; ou

c) ≥ 25 cm se o solum tiver espessura ≥

75 cm.

Este tipo de horizonte é comum em áreas

de materiais de origem ricos em cálcio e

magnésio, com destaque para calcários e basalto,

dentre outros. Normalmente encontram- se sob

vegetação natural graminóide (pradarias, como

na Campanha Gaúcha), não sendo raros, também,

alguns exemplos sob vegetação florestal em

território brasileiro, e nas mais diversas situações

climáticas (sul, nordeste semi-árido e até

Amazônia), ainda que mais raramente. Tendem a

ocorrer em locais com déficit hídrico mais

acentuado.

3.1.1.4. Horizonte A antrópico

É um horizonte formado ou modificado

pelo uso contínuo do solo, pelo homem, como

lugar de residência ou cultivo, por períodos

prolongados, com adições de material orgânico

em mistura ou não com material mineral,

ocorrendo, às vezes, fragmentos de cerâmicas e

restos de ossos e conchas.

O horizonte A antrópico assemelha-se aos

horizontes A chernozêmico ou A húmico, já que

a saturação por bases é variável. Difere deles por

apresentar teor de P2O5 solúvel em

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ácido cítrico mais elevado que na parte inferior

do solum.

No Brasil, o registro de solos com este tipo

de horizonte diagnóstico encontra-se na

Amamzônia e refere-se às chamadas Terras

Pretas de Ìndio.

3.1.1.5. Horizonte A fraco

É um horizonte mineral superficial

fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor

de colóides minerais ou orgânicos ou por

condições externas de clima e vegetação, como

as que ocorrem na zona semi-árida com

vegetação de caatinga.

O horizonte A fraco é identificado pelas

seguintes características:

cor do material de solo com valor 4,

quando úmido, e 6, quando seco;

estrutura em grãos simples, maciça ou

com grau fraco de desenvolvimento;

teor de carbono orgânico inferior a 6

g/kg; e

espessura menor que 5 cm, quando não

satisfizer ao estabelecido nos itens anteriores.

3.1.1.6. Horizonte A moderado

São incluídos nesta categoria horizontes

superficiais que não se enquadram no conjunto

das definições dos demais horizontes

diagnósticos superficiais.

Em geral o horizonte A moderado difere

dos horizontes A chernozêmico, proeminente e

húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo

teor de carbono orgânico e estrutura, não

apresentando ainda os requisitos para

caracterizar o horizonte hístico ou o A antrópico.

É o horizonte superficial mineral de maior

ocorrência em solos do território brasileiro.

3.1.2. De Constituição Orgânica (Horizonte

Hístico)

É um horizonte muito escuro, constituído

de material predominantemente orgânico

depositado sob condições de saturação de água

(horizonte H), por longos períodos ou todo o ano,

ou mesmo em condições de drenagem mais livre,

portanto sem estagnação de água (horizonte O),

condicionado pelo clima úmido e frio de alguns

ambientes altimontanos.

Apresenta elevados teores de carbono

orgânico (CO ≥ 80 g/kg) e uma das seguintes

espessuras:

a) ≥ 20 cm; b) ≥ 40 cm, quando 50 % (volume) ou

mais do horizonte for constituído por material

orgânico na forma de restos de ramos e de raízes

finas, cascas e galhos de árvores, excluindo as

partes vivas, ou quando a densidade do solo

úmido for ≤ 0,1 g/cm3;

c) > 10 cm, quando sobrejacente à rocha

fresca (contato lítico), ou a material grosseiro

(cascalho, calhaus e matacões) constituído de

mais de 90 % de fragmentos de rocha.

O limite superior de carbono orgânico do

horizonte A chernozêmico corresponde ao limite

inferior excludente do horizonte hístico.

Este tipo de horizonte é mais comum em

solos de drenagem deficiente, com destaque para

a classe dos Organossolos e mesmo alguns

Gleissolos. Menos freqüentemente são

observados em Cambissolos de regiões

altimontanas, sob clima frio e úmido.

3.2. Horizontes Diagnósticos Subsuperficiais

3.2.1. Horizonte B textural (Bt)

O horizonte B textural (Bt) é um horizonte

mineral, subsuperficial, de coloração

avermelhada, amarelada, e mais raramente

acinzentada, com textura franco arenosa ou mais

fina, onde houve incremento de argila (fração <

0,002 mm) decorrente, principalmente, de sua

eluviação do horizonte A com o conseqüente

acúmulo no B, e, ou de sua perda do horizonte A

por erosão diferencial. No primeiro caso, a

natureza coloidal da argila possibilita sua

mobilidade em profundidade, se a percolação

com água for relevante. No segundo, a menor

densidade da argila em relação ao silte e a areia

facilita sua retirada do sistema, particularmente

pela erosão hídrica.

O conteúdo de argila do horizonte B

textural (Bt) é maior que o do horizonte A, de

maneira que a relação textural (RT) do horizonte

B em relação ao horizonte A satisfaça a uma das

alternativas abaixo:

nos solos com mais de 400 g de

argila/kg de solo no horizonte A, a RT tem que

ser maior que 1,5; ou

nos solos com 150 a 400 g de argila/kg

de solo no horizonte A, a RT tem que ser

maior que 1,7; ou

nos solos com menos de 150 g de

argila/kg de solo no horizonte A, a RT tem que

maior que 1,8.

Page 11: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Este cálculo é feito pela divisão da média

aritmética do teor de argila total do horizonte B

(excluído o BC) pela média de argila total de A,

de conformidade com os itens que se seguem:

se o horizonte A tem menos que 15 cm

de espessura, considerar uma espessura máxima

de 30 cm a partir do topo do horizonte B

(inclusive BA) para o cálculo da média de argila

no B;

se o horizonte A tem 15 cm ou mais,

considerar uma espessura, a partir do topo do

horizonte B (inclusive BA), que seja o dobro da

espessura de A para cálculo da média de argila

no B.

Se o horizonte B tiver uma espessura

menor que as espessuras especificadas nos itens

a e b, deverá ser tomada a espessura total de B

(excluído BC) para cálculo da média. Se a

espessura determinada de acordo com os itens

anteriores englobar somente parte do

subhorizonte B, considerar até o limite inferior

do subhorizonte. Para quantificar esta relação

será usado o critério de aproximação matemática.

Por exemplo: 1,54 será equivalente a 1,5 e 1,56 a

1,6.

Em alguns casos, o conteúdo de argila do

horizonte B em relação ao horizonte A é de tal

magnitude, que chega a caracterizar uma

mudança textural abrupta. É bastante freqüente,

também, a ocorrência de Bt sobrejacente ao

horizonte E, álbico ou não.

Transportadas pela água, as argilas podem

se depositar na superfície dos agregados,

formando películas com orientação paralela às

superfícies que revestem, originando brilho

graxo que caracteriza a chamada cerosidade.

Nos solos sem macroagregados, com

organização estrutural do tipo grãos simples ou

maciça, a argila iluvial apresenta-se sob a forma

de revestimento nos grãos individuais de areia,

orientada de acordo com a superfície dos mesmos

ou formando pontes ligando os grãos. Nestes

casos a cerosidade nem sempre é bem evidente à

vista desarmada.

Na identificação do horizonte Bt no

campo, tanto a avaliação da RT como da

presença de cerosidade são importantes. Se a RT

constada satisfizer aos limites anteriormente

definidos, o solo apresentará Bt, desde que

também não se enquadre nas definições de

horizonte plíntico, espódico e glei. Satisfeitos os

limites de RT, se o solo apresentar também

cerosidade, mais uma razão para ser considerado

como Bt.

A simples ocorrência de cerosidade pode

não ser adequada para caracterizar o horizonte

B textural, pois o escoamento turbulento da água

por fendas, mesmo de uma única chuva, pode

resultar no aparecimento do aspecto brilhoso

característico da cerosidade (brilho graxo, como

a parafina que escorre de uma vela). Por esta

razão, a cerosidade num horizonte B textural

deverá estar presente em diferentes faces das

unidades estruturais e não exclusivamente nas

faces verticais.

Ainda que bem mais raro nas condições

brasileiras, o horizonte B textural pode aparecer

sob a forma de lamelas. Neste caso, além da

textura franco arenosa ou mais fina, o conjunto

das lamelas devem apresentar espessura de 15 cm

ou mais, admitindo-se que entre as mesmas possa

ocorrer material de textura arenosa.

Quanto à espessura, o horizonte Bt deve

atender aos seguintes requisitos:

ter pelo menos 10 % da soma das

espessuras dos horizontes sobrejacentes e no

mínimo 7,5 cm; ou

ter 15 cm ou mais, se os horizontes A e

B somarem mais que 150 cm; ou

ter 15 cm ou mais, se a textura do

horizonte E ou A for areia franca ou areia.

Pelas características apresentadas não

existe um critério seguro para afirmar se o Bt

apresenta este ou aquele tipo de estrutura, já que

ela é muito variável nos solos com este tipo de

horizonte diagnóstico. Boa parte dos solos

identificados como Bt no Brasil, entretanto,

tendem a apresentar neste horizonte estrutura do

tipo blocos subangulares com variado grau

desenvolvimento, dependendo do tipo de argila

envolvida na agregação.

O horizonte Bt é diagnóstico da classe dos

Argissolos e Luvissolos, podendo ser encontrado

também em algumas outras classes como a dos

Chernossolos, Gleissolos e Plintossolos.

3.2.2. Horizonte B latossólico (Bw)

O horizonte B latossólico (Bw) é um

horizonte subsuperficial, espesso, de coloração

amarela, vermelha, ou mistura das duas,

normalmente quase que sem reserva de minerais

primários de mais fácil decomposição nas

frações areia e silte, predominando caulinita e

óxidos de ferro e de alumínio na fração argila, o

que reflete as altas taxas de intemperização e de

lixiviação que experimentaram os solos com este

tipo de horizonte ao longo de sua gênese.

A presença deste horizonte diagnóstico

permite o reconhecimento e a classificação da

mais importante classe de solos no território

Page 12: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

brasileiro, a dos Latossolos, tanto pela sua

extensão como pela sua ampla e diversificada

possibilidade de utilização agrícola. Nesta classe,

a fração argila encontra-se tão floculada que

praticamente não se movimenta, ou movimenta

muito pouco, no perfil. Assim, a relação textural

dos Latossolos é baixa, (próxima ou ligeiramente

maior que a unidade) podendo, em casos menos

comuns, atingir até valores um pouco mais

elevados, porém sempre menores que 1,5,

diferindo assim dos solos com Bt.

O que se intenciona enquadrar como Bw

no SiBCS, não se encontra em locais mal

drenados, portanto não apresenta as

características diagnósticas de horizonte glei.

Quando apresentar alguma restrição de drenagem

em razão da flutuação do lençol freático, por

exemplo, pode coincidir com o horizonte plíntico

(Bwf).

O horizonte Bw pode encontrar-se

presente abaixo de qualquer horizonte

diagnóstico superficial, exceto o hístico, e tem as

seguintes características, apresentadas de forma

resumida:

espessura mínima de 50 cm;

textura franco arenosa ou mais fina,

teores baixos de silte, sendo a relação silte/argila,

até a profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o

horizonte A exceder 150 cm de espessura) na

maioria dos subhorizontes do B, inferior a 0,7

nos solos de textura média e 0,6 nos solos de

textura argilosa ou muito argilosa;

relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki),

determinada na ou correspondendo à fração

argila, igual ou inferior a 2,2;

menos de 5 % do volume que mostre

estrutura da rocha original, como estratificações

finas, ou saprólito, ou fragmentos de rocha semi

ou não intemperizada;

grande estabilidade dos agregados,

sendo o grau de floculação da argila igual ou

muito próximo de 100 % e o teor de argila

dispersa menor que 200 g/kg desde que o

horizonte tenha 4 g/kg ou menos de carbono

orgânico, e não apresente pH positivo ou nulo,

tendo comportamento atípico, horizontes com

maior teor de carbono orgânico (geralmente

horizonte BA), horizontes com cargas tendendo

para ou com saldo eletropositivo ou horizontes de

textura média, mormente próximos à classe

generalizada de textura arenosa;

menos de 4 % de minerais primários

alteráveis (menos resistentes ao intemperismo)

ou menos de 6 % de muscovita na fração areia,

porém referidos a 100 g de TFSA, podendo

conter, na fração menor que 0,05 mm (silte +

argila), não mais que traços de argilominerais do

grupo das esmectitas, e somente pequenas

quantidades de ilitas, ou de argilominerais

interestratificados.

capacidade de troca de cátions corrigida

para a fração argila (CTCr = CTC 7,0/

% argila) menor que 17 cmolc/kg de argila, sem

correção para carbono.

estrutura variável: 1) forte muito

pequena a pequena granular (estrutura “tipo pó

de café”), muitas vezes com aspecto maciço

poroso, para aqueles Latossolos mais argilosos e

oxidícos; 2) blocos subangulares fracos ou

moderados para aqueles mais cauliníticos; 3)

grãos simples para aqueles de textura tendendo

para arenosa;

cerosidade, se presente, é no máximo

pouca e fraca.

Embora se mencione com freqüência que

o horizonte Bw apresenta boas características

físicas para o desenvolvimento das plantas, pode

ocorrer situação em que ele se apresenta

naturalmente muito adensado, sobretudo na

transição do horizonte A com o horizonte B

daqueles de textura mais argilosa. Latossolos

com esta característica são chamados de coesos e

são muito comuns nas áreas dos tabuleiros

costeiros, onde são utilizados com pastagens,

cana-de-açúcar, eucalipto, café conilon, citrus,

mamão etc.

3.2.3. Horizonte B incipiente (Bi)

Trata-se de horizonte mineral

subsuperficial, em geral pouco espesso em razão

da alteração física e química em grau não muito

avançado, porém suficiente para o

desenvolvimento e manifestação de organização

de estrutura. Como se trata de horizonte pouco

desenvolvido, normalmente apresenta resquícios

de material de origem. A quantidade de material

entretanto, não deve ser mais da metade do

volume de todos subhorizontes.

O horizonte Bi é muito heterogêneo em

termos de características morfológicas e físico-

químicas, uma vez que os fatores e processos de

formação não se expressaram em sua plenitude.

Encontra-se subjacente a qualquer tipo de

horizonte A, e mesmo horizonte hístico; deve ter

no mínimo 10 cm de espessura, e apresentar as

seguintes características:

não satisfazer os requisitos

estabelecidos para caracterizar um horizonte B

textural, B nítico, B espódico, B plânico e B

latossólico, além de não apresentar também

cimentação, endurecimento ou consistência

Page 13: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

quebradiça quando úmido, características de

fragipã, duripã e horizonte petrocálcico;

não apresentar quantidade de plintita

requerida para horizonte plíntico e nem

expressiva evidência de redução característica de

horizonte glei;

apresenta dominância de cores

brunadas, amareladas e avermelhadas, com ou

sem mosqueados ou cores acinzentadas com

mosqueados, resultantes da segregação de óxidos

de ferro;

textura franco-arenosa ou mais fina;

desenvolvimento de unidades

estruturais no solo (agregados ou peds) e

ausência da estrutura da rocha original, em 50

% ou mais do seu volume;

teor de argila mais elevado ou cromas

mais fortes ou matiz mais vermelho do que o

horizonte subjacente; conteúdo de argila menor,

igual ou pouco maior que o do horizonte A, neste

último caso, não satisfazendo os requisitos de um

horizonte B textural;

decréscimo regular do conteúdo de

carbono orgânico com a profundidade,

excetuando-se o caso de material de origem

constituído de sedimentos aluviais.

O horizonte Bi é diagnóstico da classe dos

Cambissolos, podendo ser encontrado também

em alguns Chernossolos.

A espessura, CTCr, relação silte/argila e

Ki do horizonte B incipiente são bastante

variáveis. Em alguns casos, pode apresentar,

inclusive, características morfológicas

semelhantes à de um horizonte B latossólico.

Quando isto ocorrer, o horizonte Bi vai diferir do

Bw por apresentar a maioria dos seguintes

requisitos:

CTCr ≥ 17 cmolc/kg de argila ou maior;

4 % ou mais de minerais primários

alteráveis (menos resistentes ao intemperismo),

ou 6% ou mais de muscovita, determinados na

fração areia, porém referidos à TFSA;

relação molecular Ki que 2,2;

relação silte/argila ≥ 0,7 ou ≥ 0,6

quando a textura for, respectivamente, média, ou

argilosa ou muito argilosa;

espessura menor que 50 cm; e

5 % ou mais do volume do horizonte

apresenta estrutura da rocha original, como

estratificações finas, ou saprólito, ou fragmentos

de rocha semi ou não intemperizada.

Quando um mesmo horizonte satisfizer,

coincidentemente, os requisitos para ser

identificado como B incipiente e vértico, será

conferida precedência diagnóstica ao horizonte

vértico para fins taxonômicos.

3.2.4. Horizonte B espódico (Bh, Bs, Bhs)

Refere-se a horizonte mineral

subsuperficial, com espessura mínima de 2,5 cm,

que apresenta acumulação iluvial de matéria

orgânica associada a óxidos de alumínio e, ou

ferro em proporções variadas. A translocação de

material desta natureza, ao longo do perfil, é

facilitada pela textura arenosa, normalmente

observada em solos com horizonte espódico.

A sua simbologia reflete a preponderância

do material acumulado conforme as

especificações: a) Bh – cores mais escuras

indicando maior acúmulo de material orgânico;

Bhs – cores amarronzadas indicando acúmulo de

material orgânico juntamente com óxidos de

alumínio e de ferro; Bs – cores mais

avermelhadas indicando maior acúmulo de

óxidos de ferro e alumínio.

Ocorre, normalmente, sob o horizonte A

moderado, proeminente e húmino, ou sob um

horizonte E (álbico ou não) que pode ser

precedido de horizonte A ou horizonte hístico,

sendo diagnóstico para a classe dos

Espodossolos.

De modo geral, o horizonte B espódico

não apresenta organização estrutural definida,

apresentando tipos de estrutura na forma de grãos

simples ou maciça, podendo, eventualmente,

ocorrer outros tipos de estrutura com fraco grau

de desenvolvimento.

O horizonte B espódico também pode se

apresentar sob a forma consolidada (endurecida),

em razão da cimentação por complexos

organometálicos e/ou

aluminossilicatos amorfos e/ou compostos

amorfos constituídos por diversas proporções de

Al, Si e Fe. Neste caso, é denominado “ortstein”

(Bsm, Bhsm ou Bhm).

Outro horizonte que pode ocorrer

associado ou como variação do B espódico é o

Plácico (do grego plax, pedra chata, significando

um fino pã cimentado). Constitui um horizonte

fino, de cor variando do vermelho ao preto, que

é cimentado por ferro (ou ferro e manganês), com

ou sem matéria orgânica. Este horizonte constitui

um impedimento a passagem da água e ao

desenvolvimento das raízes das plantas. O

horizonte plácico deve atender aos seguintes

requisitos:

o horizonte é cimentado ou endurecido

por ferro ou ferro e manganês, com ou sem

Page 14: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

matéria orgânica, acompanhados ou não de

outros agentes cimentantes;

o horizonte é contínuo lateralmente,

exceto por fendas verticais espaçadas de, pelo

menos, 10 cm através das quais pode haver

penetração do sistema radicular; e

o horizonte tem uma espessura variável

entre 0,5 cm (mínimo) e 2,5 cm (máximo).

3.2.5. Horizonte plíntico (Bf ou Cf )

O horizonte plíntico, Bf e, ou, Cf,

caracteriza-se pela presença de plintita em

quantidade igual ou superior a 15 % (por volume)

e espessura de pelo menos 15 cm, cuja presença

é diagnóstica para a classe dos Plintossolos,

desde que atendidos os requisitos especificados a

diante.

É um horizonte mineral formado sob certa

restrição de drenagem, imposta pela flutuação do

lençol freático, que desencadeou ciclos de

reações de oxi-redução, com o conseqüente

aparecimento de formas reduzidas e oxidadas,

principalmente, de ferro e de manganês,

responsáveis pela manifestação de cores

heterogêneas, usualmente avermelhadas, bruno-

amareladas, amarelo-brunadas,

acinzentadas, esbranquiçadas e amarelo-claras,

num padrão reticulado, poligonal ou laminar.

As cores claras que podem representar a

matriz do horizonte possuem matiz e croma

conforme especificações que se seguem:

matizes 2,5 Y a 5 Y; ou

matizes 10 YR a 7,5 YR, com cromas

baixos, usualmente até 4, podendo atingir 6

quando se tratar de matiz 10 YR.

As cores avermelhadas, brunadas,

amareladas e esbranquiçadas, que normalmente

representam os mosqueados e os variegados do

horizonte, apresentam matiz e croma conforme

especificações que se seguem:

matizes 10 R a 7,5 YR com cromas

altos, usualmente acima de 4; ou

matiz 10 YR, com cromas muito altos,

normalmente maiores que 6; ou

matizes 2,5 Y a 5 Y.

Sua ocorrência é mais comum em regiões

de clima quente e úmido, com relevo plano a

suave ondulado, de áreas baixas como

depressões, baixadas, terços inferiores de

encostas etc. Como exemplo, podem ser citadas

algumas áreas da Planície Amazônica, Pantanal

Mato-grossense; Ilhas do Marajó e do Bananal,

baixada do Mearin no Maranhão, dentre outras.

Sua textura é franco arenosa ou mais fina

e, dominantemente de argila de atividade baixa.

Quando não é maciço, o horizonte apresenta

estrutura em blocos fraca ou moderadamente

desenvolvida, ocorrendo também estrutura

prismática composta de blocos, sobretudo nos

solos com argila de atividade alta.

Quando um mesmo horizonte satisfizer,

coincidentemente, os requisitos para ser

identificado como horizonte plíntico e, também,

outro qualquer de um dos seguintes horizontes: B

textural, B latossólico, B nítico, B incipiente, B

plânico (excetuando-se B plânico com caráter

sódico), ou horizonte glei, será identificado como

horizonte plíntico, sendo a ele conferida a

precedência taxonômica sobre os demais citados.

3.2.6. Horizonte concrecionário

Horizonte constituído de 50 % ou mais,

por volume, de material grosseiro com

predomínio de petroplintita (plintita endurecida

irreversivelmente; tapiocanga; canga laterítica;

concreções ferruginosas), presente em uma

matriz terrosa de textura variada ou matriz de

material mais grosseiro, identificado como

horizonte Ac, Ec, Bc ou Cc.

O horizonte concrecionário, para ser

diagnóstico, deve apresentar no mínimo 30 cm de

espessura.

Quando um mesmo horizonte satisfizer,

coincidentemente, os requisitos para horizonte

concrecionário e para qualquer um dos seguintes

horizontes: B textural, B latossólico, B nítico, B

incipiente, horizonte plânico (excetuando B

plânico de caráter sódico), horizonte glei ou

qualquer tipo de horizonte A, será a ele conferida

precedência taxonômica.

3.2.7. Horizonte litoplíntico

O horizonte litoplíntico é constituído por

petroplintita contínua ou praticamente contínua.

Este horizonte pode englobar uma seção do perfil

muito fraturada, mas em que existe predomínio

de blocos de petroplintita com tamanho mínimo

de 20 cm, ou as fendas que aparecem são poucas

e separadas umas das outras por 10 cm ou mais.

Para ser diagnóstico, o horizonte

litoplíntico deve ter uma espessura de 10 cm ou

mais.

Este horizonte constitui um sério

impedimento para penetração das raízes e da

água. Difere de um horizonte B espódico

cimentado (ortstein) por conter pouca ou

nenhuma matéria orgânica.

Page 15: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

3.2.8. Horizonte glei

É um horizonte mineral subsuperficial ou

eventualmente superficial, com espessura

mínima de 15 cm, e com cores neutras ou

próximas de neutras resultantes da redução de

ferro e sua prevalência no estado reduzido, em

razão da saturação por água (lençol freático

superficial) durante todo o ano, ou pelo menos

por um longo período durante da formação do

solo.

O horizonte glei pode ser um horizonte C,

B, E ou hístico ou A, exceto o fraco. Pode, ou

não, ser coincidente com aumento de teor de

argila no solo, mas, em qualquer caso, deve

apresentar evidências de expressiva redução,

conforme especificações apresentadas a seguir:

cores neutras (N1/ a N8/) ou mais azul

que 10 Y; ou

para matizes mais vermelhos que 5 YR

e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem

ser iguais ou menores que 1; ou

para matizes 5 YR ou mais amarelos e

valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem

ser menores ou iguais a 2, admitindo-se para

solos de matiz dominante 10 YR ou mais

amarelo, croma 3, no caso de diminuir no

horizonte subjacente; ou

para todos os matizes e quaisquer

valores, os cromas podem ser menores ou iguais

a 2, desde que ocorram mosqueados de redução.

coloração variegada com pelo menos

uma das cores de acordo com um dos itens

anteriores.

3.2.9. Horizonte E álbico

É um horizonte mineral comumente

subsuperficial, no qual a remoção ou segregação

de material coloidal e orgânico progrediu a tal

ponto que a cor do horizonte é esbranquiçada e

determinada principalmente pela cor das

partículas primárias de areia e silte e não por

revestimento nessas partículas.

O horizonte E álbico deve apresentar no

mínimo 1,0 cm de espessura e cores que atendam

a uma das seguintes exigências:

valor no solo úmido maior ou igual a 6

e croma menor ou igual a 3; ou

valor no solo seco maior ou igual a 7 e

croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou

valor no solo úmido maior ou igual a 4,

valor no solo seco maior ou igual a 5, e croma no

solo úmido úmido menor ou igual a 3; ou

valor no solo úmido maior ou igual a 3,

valor no solo seco maior ou igual a 6, e croma no

solo úmido menor ou igual a 3.

Excluem-se de E álbico horizontes cuja

cor clara seja decorrente de calcário finamente

dividido, que age como pigmento branco, bem

como camadas arenosas (horizonte C), que

satisfazem os critérios de cor, mas nas quais não

se pode caracterizar a remoção de materiais do

solo.

O horizonte álbico, usualmente, precede

um horizonte B espódico, B textural, B plânico,

horizonte plíntico, horizonte glei, fragipã ou uma

camada impermeável que restrinja a percolação

da água. Mais raramente, pode estar na superfície

por truncamento do solo.

3.2.10. Fragipã

É um horizonte mineral subsuperficial,

endurecido quando seco, contínuo ou presente

em 50 % ou mais do volume de outro horizonte,

normalmente de textura média. Pode estar

subjacente a um horizonte B espódico, B textural

ou horizonte E álbico. Tem conteúdo de matéria

orgânica muito baixo, a densidade do solo maior

que a dos horizontes sobrejacentes e é

aparentemente cimentado quando seco, tendo

então consistência dura, muito dura ou

extremamente dura.

Quando úmido, o fragipã tem uma

quebradicidade fraca a moderada e seus

elementos estruturais ou fragmentos apresentam

tendências a romperem-se subitamente, quando

sob pressão, em vez de sofrerem uma

deformação lenta. Quando imerso em água, um

fragmento seco torna-se menos resistente,

podendo desenvolver fraturas com ou sem

desprendimento de pedaços, e se esboroa em

curto espaço de tempo (aproximadamente 2

horas).

O fragipã é usualmente mosqueado e

pouco ou muito pouco permeável à água.

Normalmente apresenta partes esbranquiçadas

(ambiente de redução) em torno de poliedros ou

prismas, os quais se distanciam de 10 cm, ou

mais, no sentido horizontal, formando um

arranjamento poligonal grosseiro.

O fragipã dificulta ou impede a penetração

das raízes e da água no horizonte em que ocorre.

Sua ocorrência em solos brasileiros é pequena e

mais freqüente em áreas do semi- árido

brasileiro. Em áreas úmidas, tem sido

constatadas, ainda que em pequena escala, em

áreas de “mussunungas” onde predominam

Espodossolos no norte do Espírito Santo e sul da

Bahia.

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3.2.11. Duripã

É um horizonte mineral subsuperficial,

cimentado, contínuo ou presente em 50 % ou

mais do volume de outro horizonte com grau

friável de cimentação por sílica e podendo ainda

conter óxido de ferro e carbonato de cálcio.

Como resultado disto, os duripãs variam de

aparência, porém todos apresentam consistência,

quando úmidos, muito firme ou extremamente

firme e são sempre quebradiços, mesmo após

prolongado umedecimento.

É um horizonte no qual:

a cimentação é suficientemente forte, de

modo que fragmentos secos não se esboroam,

mesmo durante prolongado período de

umedecimento;

revestimentos de sílica, presentes em

alguns poros e em algumas faces estruturais, são

insolúveis em solução de HCl mol/L, mesmo

durante prolongado tempo de saturação, mas são

solúveis em solução concentrada e aquecida de

KOH ou diante da adição alternada de ácido e

álcali;

a cimentação não é destruída em mais da

metade de qualquer capeamento laminar que

possa estar presente, ou em algum outro

horizonte contínuo ou imbricado, quando o

material de solo é saturado com ácido, mas é

completamente destruída pela solução

concentrada e aquecida de KOH por tratamento

único ou alternado com ácido;

as raízes e a água não penetram na parte

cimentada, a não ser ao longo de fraturas

verticais que se distanciam de 10 cm ou mais.

Corresponde à parte de conceito de

“indurated pans”, segundo Estados Unidos

(1951; 1994). Apesar da pequena ocorrência no

país, têm sido constatados em solos da região

semi-árida brasileira

3.2.12. Horizonte cálcico

Horizonte cálcico é formado pela

acumulação de carbonato de cálcio. Esta

acumulação normalmente ocorre no horizonte C,

mas pode ocorrer no horizonte B ou A.

O horizonte cálcico apresenta espessura

de 15 cm ou mais. É enriquecido com carbonato

secundário e contém 150 g/kg ou mais de

carbonato de cálcio equivalente e tendo no

mínimo 50 g/kg a mais de carbonato que o

horizonte ou camada subjacente. Este último

requisito é expresso em volume, se o carbonato

secundário do horizonte cálcico ocorre como

pendentes em cascalhos, como concreções ou na

forma pulverulenta. Se tal horizonte cálcico está

sobre mármore, marga ou outros materiais

altamente calcíticos (400 g/kg ou mais de

carbonato de cálcio equivalente), a percentagem

de carbonatos não necessita decrescer em

profundidade.

3.2.13. Horizonte petrocálcico

Com o enriquecimento em carbonatos, o

horizonte cálcico tende progressivamente a se

tornar obturado com carbonatos e cimentado,

formando horizonte contínuo, endurecido,

maciço, que passa a ser reconhecido como

horizonte petrocálcico. Nos estágios iniciais do

horizonte cálcico, este tem carbonatos de

consistência macia, e disseminados na matriz do

solo, ou que se acumulam em concreções

endurecidas ou ambos. O horizonte petrocálcico

evidencia o avanço evolutivo do processo de

calcificação.

É um horizonte contínuo, resultante da

consolidação e cimentação de um horizonte

cálcico por carbonato de cálcio, ou, em alguns

locais, com carbonato de magnésio. Pode haver

presença acessória de sílica. O horizonte é

continuamente cimentado em todo o perfil, a tal

ponto que fragmentos secos imersos em água não

fraturam nem desprendem pedaços.

Quando seco, não permite a penetração da

pá ou do trado. É maciço ou de estrutura laminar,

muito duro ou extremamente duro quando seco e

muito firme a extremamente firme quando

úmido. Os poros não capilares estão obstruídos e

o horizonte não permite a penetração das raízes,

a não ser ao longo de fraturas verticais, que se

distanciam de 10 cm ou mais.

A espessura mínima é, superior a 10 cm,

exceto no caso de horizonte laminar sobre rocha

consolidada, que será considerado um horizonte

petrocálcico se tiver espessura igual ou superior

a 1,0 cm. É de pequena ocorrência no país.

3.2.14. Horizonte sulfúrico

O horizonte sulfúrico tem 15 cm ou mais

de espessura e é composto de material mineral ou

orgânico cujo valor de pH é de 3,5 ou menor

(1:2,5 por peso em água, ou com um mínimo de

água para permitir a medição) e mostra evidência

de que o baixo valor de pH é causado por ácido

sulfúrico, devido a uma ou mais das seguintes

características:

concentração de jarosita; ou de

materiais sulfídricos; ou

Page 17: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

0,05 % ou mais de sulfato solúvel em

água.

Não é especificada a cor da jarosita,

normalmente amarelada, que pode ter croma 3 ou

maior, nem requer necessariamente a sua

presença. Horizontes sulfúricos sem jarosita são

encontrados em materiais com alto teor de

matéria orgânica, ou em materiais minerais de

um tempo geológico anterior, expostos na

superfície.

Um horizonte sulfúrico forma-se pela

oxidação de materiais minerais ou orgânicos ricos

em sulfetos, como resultado da drenagem, mais

comumente artificial. Tal horizonte é altamente

tóxico para a maioria das plantas. Também pode

formar-se em locais onde materiais sulfídricos

tenham sido expostos como resultado da

mineração de superfície, construção de estradas,

dragagem ou outras operações de movimento de

terra.

3.2.15. Horizonte vértico

É um horizonte mineral subsuperficial

que, devido à expansão e contração das argilas,

dominantemente 2:1, apresenta feições

pedológicas típicas, que são as superfícies de

fricção (“slickensides”) em quantidade no

mínimo comum e/ou a presença de unidades

estruturais cuneiformes e/ou paralelepipédicas,

cujo eixo longitudinal está inclinado de 10º ou

mais em relação à horizontal, e fendas em algum

período mais seco do ano com pelo menos 1 cm

de largura.

A sua textura mais freqüente varia de

argilosa a muito argilosa, admitindo-se na faixa

de textura média um mínimo de 300 g/kg de

argila. O horizonte vértico pode coincidir com

horizonte AC, B (Bi ou Bt) ou C, e apresentar

cores escuras, acinzentadas, amareladas ou

avermelhadas. Para ser diagnóstico, este

horizonte deve apresentar uma espessura mínima

de 20 cm.

O horizonte vértico tem precedência

diagnóstica sobre os horizontes B incipiente, B

nítico e glei.

3.2.16. Horizonte B plânico

É um tipo especial de horizonte B textural,

com ou sem caráter sódico, subjacente a

horizontes A ou E, precedido normalmente por

uma mudança textural abrupta. Apresenta

estrutura em blocos angulares e subangulares

grandes ou médios. Quando muito rico em sódio

(nátrico), a estrutura chega a colunar ou

prismática. Este horizonte apresenta teores

elevados de argila dispersa em água e pode ser

responsável pela formação de lençol de água

suspenso, de existência temporária.

As cores neutras ou acinzentadas do

horizonte plânico refletem a sua baixa

permeabilidade e devem atender a pelo menos

um dos seguintes requisitos:

a) cor da matriz (com ou sem

mosqueado)

matiz 10 YR ou mais amarelo, cromas

3, ou excepcionalmente 4; ou

matizes 7,5 YR ou 5 YR, cromas 2;

b) coloração variegada com pelo menos

uma cor apresentando matiz e croma conforme

especificado no item a (Embrapa, 1975, p.241,

perfil 45); ou

c) solos com matiz 10 YR ou mais

amarelo, cromas 4, combinado com um ou mais

mosqueados, tendo cromas conforme

especificado no item a (Embrapa, 1975a, p.312,

perfil 50).

Para fins taxonômicos, o horizonte B

plânico tem precedência diagnóstica sobre o

horizonte glei, e perde em precedência para o

horizonte plíntico, exceto para B plânico com

caráter sódico.

3.2.17. Horizonte B nítico

Horizonte mineral subsuperficial, não

hidromórfico, de textura argilosa ou muito

argilosa, sem incremento de argila do horizonte

superficial para o subsuperficial ou com pequeno

incremento, porém não suficiente para

caracterizar a relação textural B/A do horizonte

B textural. Pode apresentar argila de atividade

baixa ou alta e estrutura em blocos subangulares,

angulares ou prismática de grau forte, com

superfícies reluzentes dos agregados,

característica esta descrita a campo como

cerosidade no mínimo comum e moderada.

Admite, também, estrutura moderada desde que

em combinação com cerosidade em quantidade e

grau de desenvolvimento abundante e moderada,

ou comum e forte, ou abundante e forte.

Apresentam transição gradual ou difusa entre os

subhorizontes do horizonte B.

O horizonte para ser identificado como B

nítico deve atender aos seguintes requisitos:

espessura de 30 cm ou mais, a não ser

que o solo apresente contato lítico nos primeiros

50 cm de profundidade, quando deve apresentar

15 cm ou mais de espessura; e

Page 18: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

textura argilosa ou muito argilosa (> 35

% de argila);

estrutura em blocos ou prismática de

grau forte associada a cerosidade no mínimo

comum e moderada; ou estrutura moderada

conjugada com cerosidade moderada e

abundante, ou comum e forte ou abundante

4. Atributos Diagnósticos

Destacou-se, anteriormente, que as

propriedades resultantes da gênese ou de fatores

que a afetam são amplamente utilizadas na

distinção de classes em nível categórico elevado,

pelo número de características acessórias a elas

associadas. Por outro lado, algumas outras

importantes propriedades dos solos são de

natureza química e física, normalmente obtidas

através de análises de laboratório. Várias destas

características são empregadas na subdivisão de

classes em níveis taxonômicos mais baixos, e são

selecionadas visando atender a práticas de

manejo e à previsão do comportamento dos solos

frente ao uso, sobretudo o uso agrícola.

As definições destas características são

operacionais e têm também por objetivo

padronizar linguagem. Ou seja, devem ter o

mesmo significado para todos e diferentes

usuários. Aquelas utilizadas no SiBCS e tidas

como as mais importantes na distinção de classes

em diferentes níveis categóricos são apresentadas

a seguir:

4.1. Materiais orgânico e mineral

São atributos utilizados para separar solos

de constituição predominante orgânica daqueles

de natureza mineral.

Material orgânico engloba materiais

originários de resíduos vegetais em diferentes

estágios de decomposição, substâncias húmicas,

biomassa meso e microbiana, fragmentos de

carvão finamente divididos, e outros compostos

orgânicos presentes associados ou não a material

mineral em proporções variáveis.

O conteúdo de constituintes orgânicos

impõe preponderância de suas propriedades

sobre os constituintes minerais e deve

apresentar teor de carbono orgânico maior que

80 g/kg, avaliado na TFSA, segundo o método

de Walkey & Black, conforme Embrapa (1997).

Ainda que necessite de análise para

confirmação de resultados, o material orgânico

é facilmente identificável no campo: pela cor

escura (preta ou castanha muito escura): leveza

(baixa densidade); grande quantidade de restos

vegetais, sobretudo raízes finas; locais

encharcados, não raramente constituindo-se

atoleiros (a menos que drenados artificialmente);

penetrável facilmente com o trado ou mesmo

com um pedaço de pau, vara de bambu, etc.

Popularmente, o material orgânico é

também conhecido como turfa.

Material mineral, por sua vez, é aquele

formado, predominantemente, por constituintes

inorgânicos em vários estágios de intemperismo.

O material do solo é considerado mineral quando

não satisfizer os requisitos exigidos para material

orgânico, conforme definido anteriormente.

4.2. Atividade da fração argila

Refere-se à CTC7.0 (Acetato de Cálcio)

corrigida pelo teor de argila, conforme a

expressão:

CTCr = (CTC7,0 / % arg.) 100

Quando a CTCr for igual ou maior que 27

cmolc/kg de argila, diz-se que o solo é de argila

de atividade alta (Ta). Quando menor que 27

cmolc/kg de argila, o solo é de argila de

atividade baixa (Tb).

Para a distinção de classes por este

critério, é considerada a atividade da fração

argila no horizonte B, ou no C, quando não existe

B. Este critério não se aplica para solos arenosos

enquadrados nas classes texturais areia e areia

franca.

No campo, as principais características

morfológicas que se utiliza para distinguir um

solo Ta de um Tb são:

Page 19: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Quadro 1. Características morfológicas

diferenciadoras de solos com argila de atividade

alta (Ta) e baixa (Tb).

Características Solos

Ta Tb

Fendilhamento reticulado com

estrutura em blocos, colunar ou

paralelepipédica.

Sim

Não

Presença de slikenside (alguns

casos).

Sim

Não

Solo profundo sem, ou com

apenas pequenas quantidades

de MPFI.

Não

Sim

Solo profundo com estrutura

forte muito pequena granular

(“pó de café”).

Não

Sim

4.3. Saturação por Bases

Refere-se à proporção de cátions básicos

trocáveis em relação a CTC7.0 (ou valor T),

expressa pela fórmula da saturação por bases: V

% = 100 S/T, em que T = CTC 7,0.

Quando o valor V é igual ou maior que 50

%, diz que o solo é eutrófico, quando menor é

denominado distrófico.

A distinção entre classes de solos pela

saturação por bases é feita pela observação do

resultado de V no horizonte superficial (B ou C).

Na ausência destes horizontes (Neossolos

Litólicos, por exemplo), a aplicação do critério é

definida para cada classe específica.

Este critério não é aplicado para solos com

elevados teores de sais solúveis (toxidez,

osmose) ou de sódio trocável (toxidez,

dispersão). Também não deve ser levado em

conta nos solos altamente intemperizado

(tendentes e/ou com saldo de cargas positivas).

Não existe um critério de campo seguro

para separar solos eutróficos de distróficos. Basta

lembrar que para um mesmo material de origem,

existem solos eutróficos e distróficos (Latossolos

férricos e, ou perférricos, de basalto, por

exemplo).

Existem, entretanto, alguns indícios. Solos

sob vegetação tipicamente de cerrado tendem a

ser distróficos ou álicos (definido em seguida).

Solos profundos, de boa drenagem em região de

clima quente e úmido, sob vegetação florestal,

também tendem a ser de baixa fertilidade natural.

Solos desenvolvidos de materiais ricos em

minerais ferromagnesianos

em região de clima quente e seco ou com déficit

hídrico pronunciado, tendem a ser eutróficos.

4.4. Caráter Alumínico

Empregado para distinção de algumas

classes de solos em nível categórico mais baixa,

que apresentam no horizonte B ou C, na ausência

de B, teor de Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo conjugado

com o caráter álico (m = 100Al3+/ Al3+ + S ≥ 50

%).

Não existe critério de campo que indique

teores de Al3+ desta ordem juntamente com o

caráter álico. Em razão disto é que foi eliminada

a ordem dos Alissolos, e os solos com o atributo

alumínico foram distribuídos em outras ordens

(Nitossolos, Argissolos, Latossolos,

Plintossolos, etc) em níveis categóricos mais

baixos.

4.5. Caracteres Sódico e Solódico

Utilizados para distinguir classes de solos

que apresentam saturação por sódio (PST = 100

Na+/T) igual ou maior que 15 % e entre 6 e 15

%, respectivamente.

A ocorrência da estrutura colunar ou

prismática ainda é a melhor evidência de campo

indicativa destes dois caracteres. Ela tende a ser

tanto mais expressiva quando maior os valores de

saturação de sódio.

Vale registrar que em alguns solos de

drenagem restrita, tem-se constatado valores

elevados de saturação de sódio sem a

manifestação da estrutura colunar.

4.6. Caracteres Salino e Sálico

Referem-se à presença de sais mais

solúveis em água fria que sulfato de cálcio

(gesso) em quantidades prejudiciais à maioria

das plantas cultivadas.

Um solo é considerado salino quando a

condutividade elétrica (CE) do extrato de

saturação é igual ou maior que 4 ds/m e menor

que 7 ds/m, e sálico quando este valor for maior

do que 7 ds/m, a 25 °C, em alguma época do ano.

A presença de crostas salinas na superfície

do solo ou mesmo ao longo do perfil,

particularmente em áreas de acúmulo (baixadas)

de regiões com clima muito seco

(evapotranspiração >>> precipitação) do semi-

árido brasileiro, tem sido bom indicativo de

acúmulo de sais.

Em condições de climas mais úmidos,

solos afetados por sais, em geral, encontram-se

no litoral, especialmente nos manguezais em

Page 20: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

4

razão da invasão pelas águas de acordo com as

marés.

4.7. Caracteres carbonático e calcárico

Referem-se à presença de um ou mais

tipos de carbonato no solo (CaCO3, CaSO4,

Ca(NO3)2 ) que após atacados com HCl 0,5

mol/L e o excesso de ácido titulado com NaOH

tem-se o resultado do Carbonato de Cálcio

Equivalente, parâmetro definidor destes atributos

e do horizonte cálcico.

Um solo é considerado carbonático

quando o teor de CaCO3 equivalente for igual ou

maior que 150 g/kg de solo, sob qualquer forma

de segregação, inclusive concreções (“pipocas”

carbonáticas), desde que não satisfaça os

requisitos estabelecidos para horizonte cálcico

(definido posteriormente). Quando os valores de

CaCO3 equivalente encontrarem-se entre 5 e 15

g/kg, o solo é tido como calcárico.

No campo, além da presença local de

rochas calcárias ou com lentes de carbonato, a

efervescência do material com a aplicação de

gotas de HCl 10 % é um bom indicativo da

presença de carbonatos.

4.8. Caráter ácrico

O termo ácrico tem sua origem de akros,

do grego, que significa perto ou próximo do fim,

conotando solos extremamente evoluídos,

reflexo das intensas taxas de intemperização e de

lixiviação que solos com esta característica

experimentaram durante a sua formação.

O atributo ácrico é normalmente

empregado na distinção de Latossolos, (aqueles

mais intemperizados ou mais oxidícos), cuja

CTC efetiva (CTCe), corrigida pela percentagem

de argila é igual ou inferior a 1,5 cmolc/kg de

argila, e que contemple ainda um dos seguintes

requisitos:

a) pH em KCl (mol L-1) ≥ 5,0

b) ∆pH = pH KCl – pH H20 ≥ zero

Além da intensa lixiviação de bases, a

formação de solos com característica ácrica está

relacionada com a dessilicificação (lixiviação de

sílica do sistema) com o conseqüente acúmulo de

óxidos mais insolúveis, sobretudo os de ferro e

de alumínio. Solos com esta característica

ocorrem principalmente em paisagens mais

antigas, como nas chapadas do Brasil Central,

ainda que não exclusivamente.

Um dos aspectos mais importantes

relacionado ao reconhecimento de componentes

ácricos nos solos refere-se à sua capacidade de

alterar o sinal da carga de superfície em razão do

pH do meio (cargas dependentes de pH). Isto tem

importância marcante na adsorção, retenção e

lixiviação de cátions e ânions relacionados à

nutrição de plantas e poluição ambiental. Como

exemplo clássico, cita-se a adsorção específica

de íons como HPO42- e HPO4

-, na superfície de

óxidos de ferro e de alumínio da fração argila de

alguns Latossolos brasileiros.

4.9. Materiais sulfídricos

Refere-se a materiais ricos em enxofre

acumulado, sob a influência marinha, em solos

de ambientes pantanosos da costa litorânea. Em

condições naturais, estes solos apresentam pH

acima de 4,0. Quando artificialmente drenados,

tornam-se muito ácidos, com valores de pH

menores que 3,5, não raramente atingindo

valores de 2,0 ou mesmo ligeiramente inferiores.

Para que expresse as características típicas

de materiais sulfídricos (acúmulo de sulfetos e

redução do pH, do meio) o solo tem que ser

drenado. Em razão dos teores de enxofre e da

acidez muita elevada que se verifica quando a

área é drenada, os solos desenvolvidos nestas

condições são genericamente denominados de

solos ácidos sulfatados ou solos tiomórficos.

A principal fonte de enxofre, no caso em

questão, são os íons SO 2-, da água do mar. Pelo

efeito das marés estes íons entram em contato

com sedimentos alagados, já no contato com o

continente, e são reduzidos anaerobicamente por

bactérias do gênero Desulfovibrio (D.

desulfuricans), que utilizam matéria orgânica

como fonte de elétrons e de energia. A reação

envolvida pode ser assim exemplificada:

CH3–CHOH–COOH + SO42- → 2CH3COOH

+ HCO3- + CO2 + HS- + H2O

Neste ambiente redutor, a flutuação da

maré favorece a retirada do HCO3- do sistema,

tornando o meio menos ácido, e o HS- combina

com o ferro reduzido, formando FeS

(macknawita), conforma reação:

Fe2+ + HS- + OH- → FeS + H2O

O FeS experimenta outras reações que

levam à formação de Fe3S4 (griegita) e FeS2

(pirita), que é a forma mais comum de compostos

sulfatados e que vai nos interessar de imediato.

A pirita pode, também, ser formada

diretamente sem passar pelos estádios de

macknawita e griegita, de acordo com a reação:

Page 21: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

4

Fe2O3 + SO 2-+ 8CH2O + 1/2O2 → 2FS2 +

8HCO - + 4H O

períodos. Nos solos é facilmente reconhecida

pelos mosqueados amarelados que apresenta, quando a área é drenada.

3 2

O processo de oxidação da pirita até a Observe que a presença de matéria

orgânica (CH2O) é determinante no

desencadeamento da reação, havendo uma

correlação positiva entre os teores de matéria

orgânica e os de sulfetos formados (quanto maior

os teores de matéria orgânica, maior a quantidade

de sulfeto formado).

O processo de acúmulo de sulfetos a partir

da oxidação de sulfatos até a formação de pirita

recebe o nome de sulfidização ou piritização.

Além da quantidade, a pirita é o principal

mineral contendo enxofre capaz de experimentar

reação muito ácida. Para tanto, ela passa por

várias etapas de oxidação, algumas das quais

catalizadas por microorganismos (Thiobacillus

ferrooxidans), conforme exemplificação

simplificada apresentada a seguir:

FeS2 + 31/2 O2 + H20 → FeSO4 + H2SO4

Ambos os produtos são solúveis e quase

que totalmente dissociados em água. Quando se

drena ou seca (oxida) o terreno, têm-se as

reações:

FeSO4 + 1/2H2SO4 +1/4 O2 → 1/2Fe2(SO4)3 +

1/2 H2O

1/2Fe2(SO4)3 + 2HOH → 1/3 HFe3(SO4)2

(OH)6

Havendo potássio no meio, forma-se a

jarosita: KFe(SO4)2 (OH)6.

Havendo sódio, tem-se a natrojarosita:

NaFe(SO4)2 (OH)6.

A jarosita é mais comum que a

natrojarosita, e apresenta maior estabilidade em

valores de pH entre 2,0 e 4,0. Uma vez formada

tende a permanecer no meio por longos

forma da jarosita, com a conseqüente

acidificação severa do meio, recebe o nome

sulforização.

Ainda que de pouca expressividade, solos

com característica sulfídrica ocorrem em

algumas áreas pantanosas da região costeira

brasileira. Seu reconhecimento é importante por

várias razões:

efeito direto da acidez (a maioria das

plantas cultivadas não se adaptam a situação de

acidez drástica como nos solos com materiais

sulfídricos - tiomórficos). A atividade

microbiana é, também, muito prejudicada. Como

exemplo citam-se: a decomposição de matéria

orgânica; a fixação de nitrogênio por Rhizobium

e mesmo a ação de microrrizas pela elevada

acidez;

em condições de pH menores do que

3,5, aumenta a solubilidade do alumínio, ferro,

manganês e hidrogênio, com conseqüente

toxidez para as plantas;

o Fe2+ normalmente também se encontra

em concentrações tóxicas;

redução da disponibilidade de fósforo,

pela interação com o ferro e o alumínio;

baixo status de saturação de bases com

conseqüente deficiência de nutrientes;

salinidade elevada, tanto por sais

solúveis da água do mar, como aqueles

provenientes da oxidação da pirita;

dificuldade de sistematização da área;

inviabilidade econômica da correção da

acidez com calcário;

corrosão de implementos de drenagem e

materiais de construção diversos, inclusive

concreto.

Page 22: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

CLASSES DE SOLOS DO BRASIL

A seguir são definidas as 13 classes de solos reconhecidas no Brasil em nível de

ordem e apresentadas suas subdivisões em subordem, grande grupos e subgrupos. Para

cada ordem ou subordem é apresentada uma descrição de perfil com a devida

caracterização físico-química do material coletado e analisado, sobre as quais são feitas

várias perguntas com objetivo do leitor recordar conceitos e familiarizar-se com a

linguagem pedológica.

Page 23: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

LATOSSOLOS

São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico imediatamente

abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o

horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura. O incremento de argila do horizonte A para o B é

pouco acentuado, de maneira que a relação textural B/A é, na grande maioria dos casos próximo à unidade,

não podendo ultrapassar a 1,5.

Trata-se da classe de solos de maior expressão geográfica do país e com ampla distribuição ao longo

do território nacional (Figura 3). Em geral, ocupam área de topografia aplainada dos chapadões do Brasil

Central, de Planaltos do Sul do país, além de áreas da região Amazônica (terra firme), sob diferentes

coberturas vegetais. Ocorrem também em áreas acidentadas ao longo da costa brasileira, no domínio dos

Mares de Morros Florestados.

Figura 3. Distribuição da classe dos Latossolos no Brasil (Embrapa, 1986).

São solos profundos, bem drenados com colorações que variam do amarelo ao vermelho-escuro. É

bom frisar que embora a intemperização e lixiviação tenham sido intensas durante a formação dos

Latossolos (processo de latolização, ou laterização, ou ferralitização), nem todos os Latossolos são

distróficos ou álicos. Têm sido constatados no Brasil alguns Latossolos eutróficos em regiões onde a

precipitação é menor que a evapotranspiração, normalmente relacionados a rochas mais ricas em nutrientes,

sobretudo basalto e calcário.

Page 24: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

A mineralogia da fração argila dos Latossolos apresenta proporções variadas de caulinita, gibbsita e

óxidos de ferro como hematita (responsável pela cor vermelha) e goethita (cor amarela). Quanto mais

intemperizado o Latossolo (mais oxidíco) maior é a tendência de apresentar estrutura granular fortemente

desenvolvida (estrutura “tipo pó de café”). Aqueles com mineralogia mais caulinítica tendem apresentar

estrutura em blocos subangulares fraca ou quando muito, moderadamente desenvolvida. Parte da subordem

dos Latossolos Brunos, mais especificamente áqueles desenvolvidos de basalto em regiões planálticas no

Sul do país, apresentam mineralogia peculiar, onde a vermiculita com hidroxi entre camadas ocupa

proporção considerável da fração argila, juntamente com a caulinita e goethita.

Grande parte dos Latossolos Vermelhos férricos e perférricos do país (desenvolvidos de basalto e

tufito principalmente) apresentam quantidades consideráveis de magnetita (fração areia) e maghemita

(argila), óxidos de ferro responsáveis pela grande atração ao magneto destes solos.

É, sem dúvida, a classe de solos de maior importância agrícola (agro-silvo-pastoril) do país, e por

uma série de razões: 1) topografia e condições físicas do solo favoráveis à mecanização (agricultura

tecnificada); 2) praticamente sem risco de salinização quando irrigados em razão de sua boa drenagem; 3)

solo profundo e sem pedregosidade; 4) boa rede viária para escoamento da produção; áreas próximas, ou

relativamente próximas a centros consumidores e exportadores, dentre outros fatores. Como fatores

negativos ao seu aproveitamento agrícola destacam-se: baixa fertilidade natural sendo, em sua maioria

ácida; grande capacidade de adsorção de fosfato, sobretudo aqueles mais argilosos e oxidícos; alta

velocidade de infiltração de água, mormente nos Latossolos de textura média e mesmo aqueles argilosos

mais oxidícos (baixo Ki).

A seguir são definidas as 4 subordens de Latossolos do Brasil, e apresentado um quadro de suas

subdivisões em nível de grande grupo e subgrupo. Observe que a nomenclatura constante nos grandes

grupos nada mais é do que a aplicação de termos definidos nos atributos diagnósticos. Assim, ao dizer que

um solo foi classificado como Latossolo Amarelo acriférrico indica que ele apresenta os atributos

diagnósticos ácrico (pHKCl ≥ pHH2O; CTCe ≤ 1,5 cmolc/kg de argila) e férrico (Fe2O3 do ataque sulfúrico

> 18 e < 36 dag/kg).

LATOSSOLOS BRUNOS

São solos com matriz 4 YR ou mais amarelado no horizonte BA ou em todo horizonte B em

concomitância com valor úmido ≤ 4, com horizonte A húmico, proeminente, ou com teores de Corg > 1

dag/kg até 70 cm ou mais de profundidade. Além da cor, uma das características responsáveis pelo

reconhecimento destes Latossolos em nível de subordem é sua alta capacidade de contração com a perda

de umidade, resultando em fendilhamento pronunciado observados em barrancos expostos ao sol ainda que

por poucos dias. É bom destacar que em Latossolos Brunos descritos em Poços de Caldas, esta característica

não é muito evidente, talvez em razão das mesmas quantidades de vermiculita com hidroxi entre camadas

que aqueles do Sul do Brasil.

LATOSSOLOS AMARELOS

São Latossolos de coloração amarela, com matiz 7,5 YR ou mais amarelo (10 YR ou 2,5 Y) na maior

parte dos primeiros 100 cm do horizonte Bw, inclusive BA.

Com esta nova especiação em termos de cor, a classe dos Latossolos Amarelos ficou mais abrangente

e passou a englobar solos anteriormente classificados como Latossolos Vermelho-Amarelos, de outros

ambientes que não aqueles do domínio das áreas do grupo Barreiras nos platôs litorâneos, ou sedimentos

correlatados na Amazônia. Incluem, atualmente, solos com caráter coeso (aqueles de tabuleiro) ou não.

LATOSSOLOS VERMELHOS

São Latossolos de coloração vermelha, com matiz 2,5 YR ou mais vermelho na maior parte dos

primeiros 100 cm do horizonte Bw, inclusive BA.

Observe que Latossolos anteriormente classificados como Vermelho-Escuros, Roxos e Ferríferos

foram agora englobados como Latossolos Vermelhos em nível de subordem. Assim um antigo Latossolo

Roxo com teor de Fe2O3 > 18 e < 36 dag/kg é reconhecido a nível de grande grupo como latossolo

Page 25: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Vermelho distroférrico ou eutroférrico, conforme apresente Bw com V < 50 % ou V ≥ 50 %,

respectivamente.

É pertinente registrar que Latossolos Roxos e Ferríferos com mais de 36 dag/kg de Fe2O3

(desenvolvidos de tufitos e itabiritos na região de Patos de Minas – MG e Quadrilátero Ferrífero,

respectivamente) não estão sendo diferenciados taxonomicamente, mesmo em nível de subgrupo.

LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS

São Latossolos de cores vermelho-amareladas e amarelo avermelhadas que não se enquadram em

nenhuma das outras subordens de latossolos referidas.

Trata-se de classe que ficou mais restrita, englobando solos apenas dentro do intervalo de matizes

entre 2,5 YR e 7,5 YR.

É apresentado a seguir a subdivisão taxonômica dos Latossolos até o quarto nível categórico, além

de exemplos de perfis da classe descritos e coletados em diferentes regiões do apis, sob diferentes materiais

de origem.

Quadro 2. Subdivisão da classe dos Latossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo e subgrupo pelo

atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Latossolos Brunos

Acriférricos rúbricos e típicos

Ácricos rúbricos e típicos

Aluminoférricos rúbricos e típicos

Alumínicos rúbricos; câmbicos e típicos

Distroférricos rúbricos e típicos

Distróficos rúbricos; câmbicos e típicos

Latossolos Amarelos

Alumínicos argissólicos; típicos

Distrocoesos antrópicos; húmicos; argissólicos; petroplínticos; plínticos; típicos

Ácriférricos húmicos; típicos

Ácricos húmicos; petroplínticos; plínticos; típicos

Distroférricos húmicos; típicos

Distróficos antrópicos; húmicos; câmbicos; argissólicos;

petroplínticos; típicos Eutróficos câmbicos; argissólicos; típicos

Latossolos Vermelhos

Perférricos húmicos; câmbicos; típicos

Aluminoférricos húmicos; câmbicos; típicos

Acriférricos húmicos; petroplínticos; típicos

Distroférricos húmicos; câmbicos; nitossólicos; plínticos; típicos

Eutroférricos câmbicos; chernossólicos; típicos

Ácricos húmicos; típicos

Distróficos húmicos; câmbicos; argissólicos; típicos

Eutróficos câmbicos; argissólicos; chernossólicos; típicos

Latossolos Vermelho-

Amarelos

Alumínicos argissólicos; típicos

Acriférricos húmicos; típicos

Ácricos húmicos; típicos

Distroférricos câmbicos; argissólicos; típicos

Distróficos húmicos; câmbicos; plínticos; nitossólicos; argissólicos; típicos

Eutróficos câmbicos; argissólicos; típicos

Page 26: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PERFIL – II RCC- 4 RJ (29.07.82)

CLASSIFICAÇÃO: LATOSSOLO AMARELO ÁLICO A moderado textura argilosa fase

floresta tropical subcaducifólia relevo suave ondulado.

LOCALIZAÇÃO: Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em direção a São Paulo, 500 metros

após o posto da Patrulha Rodoviária de Penedo. Resende, RJ. 22°28’ S

e 44°31’ W Gr.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Corte aproximadamente

5 % de declividade e sob cobertura de pastagem.

ALTITUDE: 480 metros.

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos argilo-arenosos da Bacia de Resende.

Terciário.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Cobertura detrítica argilo-arenosa revestindo os sedimentos supracitados.

PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.

ROCHOSIDADE: Não rochosa.

RELEVO LOCAL: Suave ondulado.

RELEVO REGIONAL: Suave ondulado, com vertentes retas de dezenas de metros, vales em “V”

aberto e topos aplainados.

EROSÃO: Laminar moderada.

DRENAGEM: Bem drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical subcaducifólia.

USO ATUAL: Pastagem de grama-batatais com invasoras.

CLIMA: Cwa, da classificação de Köppen.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL – II RCC- 4 RJ (29.07.82)

Ap 0-15 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido) e bruno (10 YR 5/3, seco); argila arenosa; moderada

pequena e muito pequena granular; friável, plástico e pegajoso; transição plana e gradual.

A3 15-30 cm; bruno-amarelado-escuro (10 YR 4,5/4, úmido) e bruno-amarelado (10 YR 5/4, seco);

argila arenosa; fraca pequena e média blocos subangulares e pequena e muito pequena granular;

friável, plástico e pegajoso; transição plana e gradual.

Bw1 30-45 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/5); argila arenosa; fraca pequena e média blocos

subangulares; cerosidade descontínua, pouca e fraca; friável, plástico e pegajoso; transição plana

e difusa.

Bw2 45-145 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/6); argila; fraca pequena e média blocos subangulares

Page 27: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

e fraca muito pequena granular com aspecto de maciça porosa; cerosidade descontínua, pouca

e fraca; friável e ligeiramente pegajoso; transição plana e difusa.

Bw3 145-325 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/8); argila; fraca pequena e média blocos subangulares

e fraca muito pequena granular com aspecto de maciça porosa; friável, ligeiramente plástico e

pegajoso; transição plana e gradual.

Bw3 325-355 cm; bruno-forte (7,5 YR 5/7); argila; friável, ligeiramente plástico e ligeiramente

pegajoso; transição plana e gradual.

2C1 355-405 cm; amarelo-avermelhado (5 YR 6/8); argila; ligeiramente plástico e ligeiramente

pegajoso; transição plana e gradual.

3C2 405-430 cm; vermelho-claro (3 YR 6/6); franco argilo-arenoso; não plástico e não pegajoso.

RAÍZES Raízes finas comuns no Ap, poucas no A3, raras no Bw1 e praticamente ausentes nos

horizontes inferiores.

OBS.: Ocorrência de alguns cascalhos esparsos ao longo do perfil e raras concreções ferruginosas.

Pouca atividade biológica no horizonte Ap, diminuindo até o Bw1.

Os horizontes Bw4, 2C1 e 3C2 foram coletados com trado. Perfil descrito úmido. Muitos poros muito

pequenos e pequenos e poucos médios e grandes no Ap e A3; muitos poros muito pequenos nos demais

horizontes.

PERGUNTAS

1) O que é um horizonte Ap?

2) O que é um clima Cwa?

3) Trata-se de solo coeso? (Verifique resultado de densidade aparente com aquele

constatado no perfil anterior).

4) O que significa 2C1 e 3C2?

5) Calcule relação textural deste solo? Ela é condizente com a classe dos Latossolos?

6) Verifique se o solo é álico. Qual a importância disso?

7) Qual o tipo de óxido de ferro mais condizente com a cor 10 YR 5/8?

8) Em solos desta natureza seria recomendado subsolagem para plantio de cana-de-

açúcar, por exemplo? Justifique.

9) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 28: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL – II RCC - 4 RJ (29.07.82)

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(m3/m3) Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

Ap 0-15 250 220 140 390 300 23 0,36 1,27 2,63 52

A3 15-30 220 250 100 430 140 67 0,23

Bw1 30-45 230 250 70 450 300 33 0,16

Bw2 45-145 220 220 90 470 0 100 0,19

Bw3 145-325 200 220 90 490 0 100 0,18 1,57 2,50 37

Bw4 325-355 180 210 100 510 0 100 0,20

2C1 355-405 210 190 180 420 0 100 0,43

3C2 405-430 490 150 130 230* 0 100 0,57

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila-

Page 29: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL – II RCC-4 RJ (29.07.82)

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V

(%)

P

(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

Ap 4,2 3,4 0,4 0,03 0,01 0,4 2,8 4,5 7,7 5 <1

A3 4,0 3,4 0,4 0,01 0,01 0,4 3,0 3,3 6,7 6 <0.5

Bw1 4,2 3,4 0,2 0,01 0,01 0,2 2,8 3,0 6,0 3 <0.5

Bw2 4,5 3,5 0,3 0,01 0,01 0,3 2,8 2,3 5,4 6 <0.5

Bw3 5,0 3,8 0,1 0,01 0,01 0,1 1,3 2,8 4,2 2 <0.5

Bw4 5,1 3,9 0,2 0,01 0,01 0,2 0,8 2,9 3,9 5 <0.5

2C1 5,1 3,9 0,2 0,01 0,01 0,2 0,9 2,7 3,8 5 <0.5

3C2 5,0 3,8 0,1 0,01 0,01 0,1 1,1 1,4 2,6 4 <0.5

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg) C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

Ap 1,48 0,14 11 14,7 14,5 4,1 0,87 1,72 1,46

A3 0,82 0,10 8 15,4 15,5 4,5 0,93 1,69 1,43

Bw1 0,63 0,10 6 16,3 17,0 4,8 1,03 1,63 1,38

Bw2 0,38 0,07 5 16,6 17,0 5,3 0,97 1,66 1,38

Bw3 0,21 0,06 17,3 18,0 5,2 0,99 1,63 1,38

Bw4 0,14 0,05 18,4 19,9 5,7 1,01 1,57 1,33

2C1 0,04 0,02 17,1 20,1 7,7 0,89 1,45 1,16

3C2 0,04 0,02 14,3 13,9 2,6 0,63 1,75 1,56

Page 30: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ARGISSOLOS

São solos constituídos por material mineral caracterizados pela presença do horizonte diagnóstico B

textural de argila de atividade baixa (Tb), distrófico ou eutrófico. Eventualmente, o horizonte Bt pode ser

atividade alta (Ta), neste caso, porém, necessariamente deve apresentar baixa saturação de bases (V < 50

%) ou caráter alítico (Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo associada a CTCr ≥ 20 cmolc/kg de argila e valor m ≥ 50

%).

O horizonte Bt encontra-se imediatamente a baixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto

o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos estabelecidos para serem enquadrados como Luvissolos,

Plintossolos, Planossolos e Gleissolos.

Os Argissolos foram anteriormente reconhecidos como Podzólicos e apresentam característica mais

peculiar, o aumento substancial do teor de argila do horizonte A para o horizonte B, em quantidade

suficiente para caracterizar uma mudança abrupta, ou resultar em relações texturais (RT) mais elevadas,

conforme as especificações a seguir (Quadro 3).

Quadro 3 – Valores de relações texturais B/A requeridas para caracterizar o horizonte Bt.

Quantidade de argila no horizonte A (g/kg)

RT

> 400

> 1,5

150 – 400 > 1,7

< 150 > 1,8

Esta relação textural mais elevada dos Argissolos normalmente relaciona-se com uma

descontinuidade marcante do sistema poroso com a profundidade. Assim, são mais porosos no horizonte A

(mais macroporos) que no B (Poros maiores “ocupados” por argila, com redução de macroporos) o que os

tornam muito susceptíveis à erosão mesmo em situação de pequenos declives.

Os Argissolos ocupam uma grande área do Brasil (Figura 4) nas mais diversas condições de relevo

e cobertura vegetal. Ainda que se encontrem Argissolos eutróficos (aqueles mais vermelhos tendem a ser

mais eutróficos, particularmente nas regiões de clima mais seco), a grande maioria dos solos desta classe

tendem a ser distróficos.

Page 31: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Figura 4. Distribuição da classe dos Argissolos no Brasil (Embrapa, 1981).

No atual SiBCS são reconhecidas cinco subordens de Argissolos: Bruno Acinzentados,

Acinzentados, Amarelos, Vermelhos, Vermelho-Amarelos, sucintamente definidos a seguir:

ARGISSOLOS BRUNO-ACINZENTADOS

São solos que apresentam horizonte Bt de textura argilosa (pelo menos a maioria dos perfis até aqui

descritos no Sul do Brasil) com a parte superior perceptivelmente mais escurecida em relação aos

subhorizontes inferiores, conferindo-lhe um aspecto bicrômico peculiar. Diferem de alguns Planossolos

com topo do B também escurecido pela matéria orgânica, pela melhor drenagem e pelo menor grau de

desenvolvimento da estrutura e tamanho dos peds.

ARGISSOLOS ACINZENTADOS

Dos Argissolos, são aqueles de drenagem mais restrita e apresentam cores acinzentadas na maior

parte dos primeiros 100 cm do horizonte Bt. Diferem dos Planossolos por nem sempre apresentarem

mudança textural abrupta e pelo menor grau de desenvolvimento de estrutura e tamanho de peds que

aqueles.

Page 32: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ARGISSOLOS AMARELOS

São solos cujo horizonte Bt apresenta matiz 7,5 YR ou mais amarelo nos primeiros 100 cm do

horizonte Bt, incluindo BA, quando presente.

A exemplo dos Latossolos Amarelos, a subordem dos Argissolos Amarelos, pelos novos critérios de

cor, ficou mais abrangente e, também inclui solos coesos e não coesos.

ARGISSOLOS VERMELHOS

São solos cujo horizonte Bt apresenta matiz 2,5 YR ou mais vermelho. O matiz pode chegar também

a te 5 YR desde que associado à valores e cromas ≤ 4.

É pertinente frisar que os solos com acentuado gradiente textural e coloração vermelha só foram

definidos na década de 80 como Podzólicos Vermelho-Escuros. Assim, muitos solos reconhecidos no

passado como Podzólicos Vermelho-Amarelos são, no atual SiBCS, classificados como Argissolos

Vermelhos. Ou seja, é também uma classe que parece ter ampliada sua extensão geográfica.

ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS

Outros Argissolos de cores vermelho-amareladas e amarelo-avermelhadas que não se enquadram nas

classes anteriores.

Quadro 4. Subdivisão da classe dos Argissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo e subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Argissolos Bruno- Acinzentados

Alíticos abrúpticos; úmbricos; típicos

Argissolos

Acinzentados

Distrocoesos arênicos; abrúpticos fragipânicos; abrúpticos dúricos; dúricos; abrúpticos; fragipânicos; plínticos; latossólicos; típicos

Distróficos arênicos; abrúpticos fragipânicos; abrúpticos dúricos; dúricos; abrúpticos; fragipânicos; plínticos; latossólicos; típicos

Eutróficos abrúpticos; plínticos; típicos

Argissolos Amarelos

Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos

Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos

Distrocoesos

arênicos fragipânicos; arênicos; planossólicos fragipânicos;

planossólicos; abrúpticos fragipânicos espódicos; abrúpticos

fragipânicos; abrúpticos espódicos; abrúpticos petroplínticos;

abrúpticos plínticos; abrúpticos solódicos; abrúpticos;

fragipânicos espódicos; fragipânicos plínticos; fragipânicos

plácicos; fragipânicos; epiáquicos; espódicos; plínticos; latossólicos; úmbricos; arênicos fragipânicos; típicos

Distróficos abrúpticos; plínticos; úmbricos; típicos

Eutrocoesos abrúpticos plínticos; abrúpticos; plínticos planossólicos

solódicos; fragipâncios; plínticos; lépticos; típicos Eutróficos plínticos; planossólicos; solódicos; abrúpticos; típicos

Argissolos Vermelhos Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos

Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; úmbricos; típicos

Ta Distróficos abrúpticos; epiáquicos; úmbricos; típicos

Distróficos arênicos; planossólicos; abrúpticos plínticos; abrúpticos; latossólicos; plínticos; úmbricos; típicos

Eutroférricos abrúpticos saprolíticos; abrúpticos; chernossólicos;

latossólicos; típicos

Page 33: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Eutróficos

espessarênicos; arênicos; planossólicos; abrúpticos

chernossólicos; abrúpticos plínticos solódicos; abrúpticos

plínticos; abrúpticos solódicos; abrúpticos; lépticos; latossólicos; chernossólicos; saprolíticos; típicos

Argissolos Vermelho-

Amarelos

Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos

Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; úmbricos; típicos

Ta Distróficos abrúpticos; epiáquicos; úmbricos; típicos

Distróficos espessarênicos abrúpticos; espessarênicos; arênicos

abrúpticos; arênicos; planossólicos; abrúpticos; plínticos;

latossólicos; úmbricos; típicos

Eutróficos abrúpticos planossólicos; abrúpticos lépticos; abrúpticos

plínticos; abrúpticos; planossólicos; latossólicos; típicos

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de Argissolos de diferentes regiões do

país.

PERFIL Nº PRJ 14

CLASSIFICAÇÃO: PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO ÁLICO argila de atividade

baixa abrupto A moderado textura arenosa/argilosa fase floresta tropical

subperenifólia relevo suave ondulado.

MUNICÍPIO E ESTADO: Campos, RJ.

LOCALIZAÇÃO: Estrada Campos-Macaé, distando 16 km de Campos, entrando-se 200

metros à direita (em frente ao Posto da Polícia Rodoviária).

SITUAÇÃO E DECLIVE: Trincheira situada em topo de tabuleiro, com cerca de 3 a 5 % de declive e

sob cobertura de gramíneas.

ALTITUDE: 20 metros

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos da Formação Barreiras. Terciário.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Cobertura detrítica argilo-arenosa revestindo os sedimentos supracitados.

RELEVO LOCAL: Suave ondulado.

RELEVO REGIONAL: Plano a suave e plano.

EROSÃO: Laminar ligeira

DRENAGEM: Bem drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical subperenifólia.

USO ATUAL: Cultura de cana-de-açúcar e pastagem.

Page 34: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL Nº PRJ 14

Ap 0-20 cm; bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido), bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido

amassado), cinzento (10 YR 4,5/1, seco) e bruno-acinzentado (10 YR 4,5/2, seco triturado); areia

franca;moderada a forte muito pequena a pequena granular; ligeiramente duro, muito friável,

não plástico e não pegajoso; transição plana e clara.

A2 20-35 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido), bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido

amassado), cinzento-brunado-claro (10 YR 5,5/2, seco) e bruno-claro-acinzentado (10 YR 6/3,

seco triturado); franco arenoso; maciça moderadamente coesa; duro, muito friável, ligeiramente

plástico e não pegajoso; transição plana e clara.

Bt1 35-70 cm; bruno-amarelado (10 YR 4,5/4); argila arenosa; fraca muito pequena a pequena blocos

subangulares e angulares; muito duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e

gradual.

Bt2 70-100 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/6); argila arenosa; fraca muito pequena a pequena blocos

subangulares e angulares; muito duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e difusa.

Bt3 100-135 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/7); argila; fraca muito pequena a pequena blocos

subangulares e angulares; duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e difusa.

Bt4 135-285+ cm; bruno-amarelado (10 YR 5/8); argila arenosa; muito fraca muito pequena blocos

subangulares e angulares; duro, friável, muito plástico e pegajoso.

OBS.: Trincheira com 170 cm de profundidade.

Raízes abundantes no Ap, comuns no A2, poucas no Bt1, raras no Bt2 e Bt3.

Muitos poros pequenos e médios ao longo de todo o perfil.

PERGUNTAS

1) Verifique se o solo é realmente de argila de atividade baixa?

2) Qual p critério de cor (matriz) para separar um solo Amarelo de um Vermelho-

Amarelo?

3) Calcule a relação textural (RT) deste solo?

4) O que é e qual a importância de se reconhecer um solo com mudança textural

abrupta? A informação sobre a erosão descrita no campo pode lhe ajudar na resposta.

5) Cite duas razões para este grande contraste de argila do horizonte A para o horizonte

B.

6) Diferencie mudança textural abrupta de transição abrupta.

7) Solos desta natureza são muito utilizados com cana-de-açúcar na região de Campos -

RJ (vide uso atual) e eucalipto no norte do ES e sul da Bahia, onde a subsolagem no

mínimo a 40 cm tem sido recomendada. Qual a razão disso?

8) Os valores de densidade aparente do horizonte B deste solo são muito elevados? Isto é

benéfico ou prejudicial à exploração agrícola? Comente.

9) Veja os resultados de porosidade e verifique agora o efeito de translocação da argila

do horizonte A para o horizonte B deste solo.

10) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 35: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL Nº PRJ 14

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(m3/m3)

Símbolo

Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

Ap 0-20 680 160 70 90 80 11 0,78 1,66 2,66 38

A3 20-35 640 180 50 130 100 23 0,38 1,73 2,56 32

Bt1 35-70 390 140 50 420 310 26 0,12 1,59 2,56 38

Bt2 70-100 350 120 60 470 350 26 0,13 1,65 2,66 38

Bt3 100-135 340 100 50 510 450 12 0,10 1,49 2,66 44

Bt4 135-285+ 350 130 40 480 0 100 0,08 1,44 2,59 44

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 36: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL Nº PRJ 14

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V

(%)

P

(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

Ap 5,7 4,7 1,1 0,7 0,05 0,04 1,9 0, 1,0 2,9 66 3

A3 5,4 4,2 0,8 0,3 0,02 0,04 1,2 0,2 0,9 2,3 52 < 1

Bt1 4,9 3,7 0,9 0,5 0,01 0,05 1,5 0,7 1,1 3,3 45 < 1

Bt2 4,5 3,7 0,7 0,01 0,04 0,8 1,9 1,1 3,8 21 1

Bt3 4,6 3,7 0,6 0,01 0,03 0,6 2,0 1,0 3,6 17 1

Bt4 4,4 3,7 0,4 0,01 0,03 0,4 1,6 0,6 2,6 15 1

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg) C

N

Ataque H2SO4 (cmolc/kg)

Ki

Kr

SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

Ap 0,51 0,09 6 3,6 1,9 2,5 0,44 3,23 1,19

A3 0,27 0,08 3 5,1 3,9 1,9 0,61 2,23 3,21

Bt1 0,32 0,09 4 15,3 13,5 3,5 1,03 1,93 6,05

Bt2 0,25 0,07 4 18,6 16,0 4,4 1,05 1,98 5,71

Bt3 0,21 0,06 4 20,5 19,1 3,3 1,18 1,82 9,09

Bt4 0,16 0,04 4 17,8 16,7 3,3 1,04 1,81 7,95

Page 37: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

LUVISSOLOS

São solos que também apresentam horizonte Bt porém, necessariamente, com argila de atividade alta

e V ≥ 50 %, imediatamente abaixo de horizontes A fraco ou moderado, ou proeminente (mais raro), ou

horizonte E.

Se estiverem presentes os horizontes plíntico, glei e plânico, não devem satisfazer os critérios para

serem classificados como Plintossolos, Gleissolos e Planossolos, respectivamente. Ou seja, a presença

destes horizontes não devem coincidir com a parte superficial do horizonte Bt.

A ordem dos Plintossolos engloba grande parte dos solos anteriormente reconhecidos como Brunos

não Cálcicos, no semi-árido brasileiro e, ainda, Podzólicos eutróficos com argila de atividade alta. Assim,

pode-se encontrar os atuais Luvissolos fora de regiões secas, como é o caso de áreas representativas do

Estado do Acre.

Quadro 5. Subdivisão da classe dos Luvissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Luvissolos Crômicos

Carbonáticos vérticos; planossólicos; típicos

Pálicos planossólicos; arênicos; abrúpticos plínticos; petroplínticos; abrúpticos; câmbicos; saprolíticos; típicos

Órticos líticos; vérticos; solódicos; planossólicos; vérticos solódicos; vérticos; salinos; solódicos; típicos

Luvissolos Háplicos Órticos planossólicos; típicos

Page 38: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PLANOSSOLOS

São solos minerais imperfeitamente ou mal drenados (cores acinzentadas ou neutras indicadoras de

redução) com seqüência de horizontes do tipo A ou A, E, mais arenosos, que contrastam abruptamente para

o horizonte plânico (mais arenoso) via de regra caracterizando uma mudança textural abrupta,

anteriormente definida.

É comum alguma parte do horizonte B, quando não todo ele, apresentar-se adensada, constituindo

um verdadeiro horizonte e pã (endurecido), e com altos teores de argila, sobretudo naqueles Planossolos

com teores mais elevados de sódio (nátricos). Esta feição é responsável pela restrição à percolação de água,

propiciando seu acúmulo acima do horizonte B, por algum tempo. Isto pode ser um fato positivo na

inundação de áreas para exploração com arroz, como é comum em áreas de Planossolos no Rio Grande do

Sul.

Além da maior quantidade de argila do horizonte B em relação ao A, ele apresenta estrutura com

feição cúbica de tamanho grande (forte, grande em blocos angulares), ou mesmo prismática ou colunar,

pelo menos na parte superior deste horizonte. Isto às vezes é decisivo para sua distinção de Argissolos

Cinzentos quando de mudança textural abrupta.

Os solos desta classe ocorrem dominantemente em áreas de relevo plano ou suave ondulado. No

primeiro caso, principalmente em climas mais úmidos, são solos verdadeiramente hidromórficos. No

segundo, em regiões semi-áridas e, mesmo naquelas onde o solo está sujeito apenas a um excesso de água

por período relativamente curto, não chegam a ser propriamente solos hidromórficos.

São solos muito comuns no semi-árido brasileiro, onde às vezes acumulam muito sódio, a ponto de

serem caracterizados como Planossolos Nátricos (antigos Solonetz Solodizados). Nestes casos, a restrição

ao uso agrícola é grande pelos efeitos deste íon tanto no solo (dispersão, concentração salina) como na

própria planta (toxidez).

Quadro 6. Subdivisão da classe dos Planossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Planossolos Nátricos

Carbonáticos vérticos; gleicos; típicos

Sálicos arênicos; duripânicos; flúvicos; típicos

Órticos espessarênicos; arênicos; vérticos; gleicos; plínticos;

duripânicos; salinos; flúvicos; típicos

Planossolos Háplicos

Carbonáticos solódicos; vérticos; típicos

Sálicos arênicos; solódicos; vérticos; plínticos; flúvicos; típicos

Alumínicos arênicos; típicos

Distróficos espessarênicos; arênicos, plínticos; salinos; solódicos; lépticos; flúvicos; típicos

Eutróficos espessarênicos; arênicos; solódicos; salinos; chernossólicos vérticos; vérticos; plínticos; flúvicos; lépticos; típicos

Page 39: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PERFIL 07 XXII - CBCS

CLASSIFICAÇÃO: SOLONETZ-SOLODIZADO Ta EUTRÓFICO A moderado textura

arenosa/média com cascalho fase caatinga hiperxerófila relevo suave

ondulado.

LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO E ESTADO: Rodovia Ibimirim-Floresta (PE 360) km 50, ou seja,

distando 50 km de Ibimirim. Município de Ibimirim – PE.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Superfície de

pediplanação com 2 – 3 % de declividade.

LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Granodiorito médio. Pré-Cambriano Indiviso.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto de alteração do granodiorito com influência de cobertura

pedimentar.

PEDREGOSIDADE: Poucas pedras na superfície.

ROCHOSIDADE: Alguns afloramentos esparsos na área.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano e suave ondulado.

EROSÃO: Laminar ligeira/moderada.

DRENAGEM: Imperfeitamente drenado.

VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxelófila arbustiva-arbórea aberta (pouco densa) com

favela, catingueira, pereiro, jurema-de-imbira, malva branca, pinhão

roxo, mandacaru, xique-xique e macambira.

USO ATUAL: Pecuária extensiva na caatinga.

CLIMA: BSw’h’ de Köppen.

DESCRITO E COLETADO POR: Antônio C. Cavalcanti e Antônio R. de Souza (IPA).

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL 07 XXII - CBCS

A 0-15 cm; bruno acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido) e bruno-acinzentado-escuro (10

YR 4/2, seco); areia franca; fraca pequena e média blocos subangulares; macio, muito friável,

não plástico e não pegajoso; transição clara e plana.

E1 15-38 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido) e bruno (10 YR 5,5/3, seco); areia; fraca pequena e

média blocos subangulares; macio, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição clara e

plana.

E2 38-43 cm; bruno-claro-acinzentado (10 YR 5,5/3, úmido) e bruno-muito claro-acinzentado (10

YR 7/3, seco); areia; com cascalho; grão simples; solto, muito friável; não plástico e não

pegajoso; transição abrupta e plana.

Page 40: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Btn1 43-60 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido) franco-argilo-arenoso com cascalho;

colunar média e grande blocos subangulares e angulares; extremamente duro, muito firme, muito

plástico e muito pegajoso; transição gradual e plana.

Btn2 60-90 cm; bruno-acinzentado (1,5 Y 4,5/2, úmido) franco-argilo-arenoso com cascalho;

moderada média e grande blocos angulares; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso;

transição gradual e plana.

BCn 90-110 cm; bruno-acinzentado (1,5 Y 4,5/2, úmido) mosqueado abundante, pequeno e distinto,

bruno-muito claro-acinzentado (10 YR 7/3); franco-argilo-arenoso cascalhento; fraca média e

grande blocos subangulares e angulares; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso;

transição clara e ondulada..

Crn 110-130+ cm; Não descrito.

RAÍZES Comuns finas e médias no A, comuns poucas e médias no E1 e E2 e poucas finas no Btn1 e Btn2.

OBS.: O mosqueado do horizonte BCn corresponde ao material primário (feldspato).

A cor escura do A, deve-se possivelmente a queimadas de macambira durante algum período do ano.

Slickenside pouco e fraco no Btn2.

PERGUNTAS

1) O solo encontra-se em região de clima mais seco ou mais úmido? Justifique.

2) Como explicar a presença de afloramentos de rocha de origem em área de relevo

plano e suave ondulado?

3) Justifique de forma abrangente a erosão laminar ligeira/moderada em área de

topografia suavizada e que ainda chove pouco.

4) Qual o significado de n em Btn1, Btn2, BCn e Crn?

5) Calcule a PST e verifique se o solo é sódico ou solódico?

6) Cite uma provável fonte de Na neste solo?

7) O Na+ é um íon muito ou pouco solúvel?

8) Por que o Na+ se acumulou neste solo?

9) Por que os teores de argila natural (ou argila dispersa em água) são próximos

daqueles obtidos para argila total, nos horizontes Btn1 e Btn2?

10) A argila é mais facilmente movimentada no estado disperso ou floculado?

11) O que é grau de floculação (GF)? Verifique se seus valores estão em coadunância

com suas respostas anteriores.

12) É um solo Ta ou Tb? Justifique.

13) O valor do Ki no Btn1 ou Btn2 pode dar alguma informação a respeito do tipo de

argila? Justifique.

14) Por que mesmo sendo eutrófico este solo não é aproveitado com agricultura?

15) A ponte as principais limitações ao uso agrícola deste solo.

16) Todo Planossolo é sódico? Comente sua resposta.

17) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 41: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL 07 XXII – CBCS

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/ Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

A 0-15 560 240 130 70 30 57 1,86

E1 15-38 690 180 90 40 20 50 2,25

E2 38-43 650 240 90 20 10 50 4,50

Btn1 43-60 430 140 160 270 250 7 0,59

Btn2 60-90 370 130 220 280 220 21 0,79

BCn 90-110 420 70 170 340 260 24 0,50

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/SR – Silte/argila

Page 42: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL 07 XXII – CBCS

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V

(%)

P

mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A 6,6 5,8 2,3 1,5 0,26 0,06 4,1 0,0 0,8 4,9 84 10,0

E1 6,8 5,3 0,8 0,7 0,17 0,07 1,7 0,0 0,8 2,5 68 5,0

E2 7,0 5,2 0, 7 0,04 1,14 0,9 0,0 0,0 0,9 100 2,0

Btn1 6,0 4,0 3,9 3,8 0,04 1,58 9,3 0,2 0,7 10,2 91 1,0

Btn2 7,9 5,6 6,2 5,9 0,08 2,83 15,0 0,0 0,0 15,0 100 6,0

BCn 8,5 6,3 6,3 6,4 0,11 3,48 16,3 0,0 0,0 16,3 100 4,0

Horizonte

C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

Al2O3

Fe2O3 (orgânico) (g/kg) C (g/kg)

N SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2

A 0,76 0,08 10,0

E1 0,37 0,04 9,0

E2 0,16 0,03 5,0

Btn1 0,24 0,05 5,0 12,6 7,5 2,0 0,30 2,86 2,44 5,88

Btn2 0,21 0,04 5,0 19,2 10,5 3,5 0,48 3,11 2,56 4,70

BCn 0,11 0,02 6,0 18,4 10,3 4,1 0,55 3,03 2,42 3,95

Page 43: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

NITOSSOLOS

São solos minerais de atividade argilosa ou muito argilosa (mais que 35 g/kg de argila) que apresenta

horizonte B nítico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A. Apresentam pequena relação

textural B/A, porém sempre com estrutura em blocos subangulares e angulares moderada a fortemente

desenvolvidos, em cujas faces observam-se filmes de argila brilhosos que caracterizam o que se denomina

cerosidade. É bom frisar que este brilho característico é mais nítido nos solos vermelhos que nos amarelos.

Englobam solos anteriormente classificados como Terras Roxas e Brunas Estruturadas e mesmo

alguns Podzólicos Vermelho-Escuros argilosos, Tb e com baixo gradiente textural (antigas Terras Roxas

Estrutura Similares).

Quadro 7. Subdivisão da classe dos Nitossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo

atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Nitossolos Brunos

Distroférricos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos

Distróficos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos

Aluminoférricos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos

Alumínicos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos

Nitossolos Vermelhos

Distroférricos latossólicos; típicos

Distróficos argissólicos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos

Eutroférricos chernossólicos; plínticos; latossólicos; típicos

Eutróficos lépticos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos

Nitossolos Háplicos

Ácricos latossólicos; típicos

Alumínicos latossólicos; típicos

Distróficos húmicos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos

Eutroférricos chernossólicos; lépticos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos

Eutróficos chernossólicos; câmbicos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos

Page 44: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

CHERNOSSOLOS

Trata-se de nova ordem estabelecida no SiBCS de 1999, e abrange solos minerais com alta saturação

de bases e com horizonte A chenozêmico sobrejacente a horizonte b textural ou B incipiente ambos com

argila de atividade alta. O A chernozêmico pode-se encontrar, também, sobre horizonte c carbonático ou

horizonte cálcico, ou ainda sobre a rocha calcária.

São solos normalmente escuros, ou com tonalidades pouco cormadas, podendo ser avermelhadas,

formados sob condições climáticas e materiais de origem diversos, sua formação, entretanto, depende da

conjunção de fatores, que favoreçam a persistência de um horizonte A rico em matéria orgânica e com altos

teores de cálcio e magnésio, e de argilominerais 2:1 expansivos.

Esta nova ordem inclui os solos anteriormente classificados como brunizém Evermelhado, brunizém,

Rendzinas e cambissolos eutróficos Ta com A chernozêmico, todos de eleveda fertilidade natural.

Quadro 8. Subdivisão da classe dos Chernossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Chernossolos Rêndzicos Líticos Típicos

Saprolíticos Típicos

Chernossolos Ebânicos Carbonáticos vérticos; típicos

Órticos vérticos; típicos

Chernossolos Argilúvicos

Férricos saprolíticos; típicos

Carbonáticos vérticos; abruptos; saprolíticos; típicos

Órticos lépticos; abruptos saprolíticos; saprolíticos; vérticos;

abruptos; solódicos; epiáquicos; típicos

Chernossolos Háplicos

Férricos típicos

Carbonáticos vérticos; lépticos; nitossólicos; saprolíticos; típicos

Órticos vérticos; lépticos; nitossólicos; típicos

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos Chernossolos.

PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)

CLASSIFICAÇÃO: BRUNIZÉM AVERMELHADO textura argilosa fase floreta

subcaducifólia relevo plano e suave ondulado.

LOCALIZAÇÃO: Fazenda Figueira, a 6 km da sede, próximo ao poço.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Perfil descrito e coletado

em trincheira aberta em vale intermontano e sob cobertura

vegetal de floresta subcaducifólia.

ALTITUDE: 390 metros.

Page 45: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Dolomito da Formação Bocaina – Grupo Corumbá.

Cambro-Ordoviciano.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Produtos pseudo-autóctenes da decomposição dos dolomitos

afetados por materias provenientes de outras fontes.

RELEVO: Suave ondulado (localmente plano).

EROSÃO: Laminar ligeira.

DRENAGEM: Bem drenado.

VEGETAÇÃO: Floresta subcaducifólia (área desmatada).

USO ATUAL: Pastagem de capim-colonião.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69).

A1 0-8 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila; forte pequena a média blocos

angulares e subangulares e moderada muito pequena a pequena granular; muito duro, friável,

muito plástico e muito pegajoso; transição plana e gradual.

A3 8-25 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila pesada; forte pequena a grande

blocos angulares e subangulares; muito duro, friável, muito plástico e muito pegajoso; transição

plana e clara.

Bt1 25-55 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila pesada; forte pequena a média

blocos angulares e subangulares; cerosidade forte e abundante; friável, muito plástico e muito

pegajoso; transição plana e difusa.

Bt2 55-80 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4); argila pesada; moderada muito pequena a

pequena blocos angulares e subangulares; cerosidade forte e abundante; friável, muito plástico

e muito pegajoso; transição plana e difusa.

Bt3 80-115 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3.5/4); argila pesada; friável, muito plástico e

muito pegajoso, transição plana e abrupta.

R 115+ cm

OBS.: Trincheira com 115 cm de profundidade.

Coletada amostra superficial composta para fertilidade F 525.

Raízes abundantes no A1 e comuns no A3, Bt1 e Bt2, com diâmetro variando de 1 mm a 3 mm.

O horizonte A apresenta muitos grumos, os quais precisam ser muitos trabalhos para se desfazerem.

Todos os horizontes apresentam relativa dificuldade para serem trabalhados na avaliação da textura.

O horizonte Bt3 apresenta muitas concreções do tipo “chumbo de caça”.

PERGUNTAS

1) Verifique se o solo preenche os requisitos necessários para ser enquadrado como A chernozêmico.

2) A chernozêmico pode ser muito duro e friável?

3) A definição do horizonte B esta mais condizente com textural ou nítico?

Page 46: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm)

Porosidade

(m3/m3) Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

A1 0-8 60 70 320 550 380 31 0,58

A3 8-25 50 50 240 660 530 20 0,36

Bt1 25-55 50 40 210 700 590 16 0,30

Bt2 55-80 40 40 190 730 280 62 0,26

Bt3 80-115 40 40 220 700 20 9 0,31

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 47: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)

Horizonte

pH Complexo Sortivo (meq/100g)) Valor V (%) P

mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A1 6,6 5,8 36,8 1,9 1,08 0,1 39,9 0 4,1 44,0 91 9

A3 7,0 5,5 33,5 0,9 0,19 0,11 34,7 0 0 34,7 100 <1

Bt1 7,1 5,3 27,3 0,4 0,09 0,08 27,9 0 0 27,9 100 <1

Bt2 6,5 4,9 24,8 0,1 0,07 0,07 25,0 0 5,8 30,8 81 <1

Bt3 6,1 4,5 23,4 0,9 0,07 0,07 24,4 0,02 5,5 31,1 78 2

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg)

C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

Al2O3

Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

A1 4,69 0,52 9 24,8 16,7 7,5 0,64 0,2 2,52 1,92 3,49

A3 1,94 0,23 8 27,9 19,6 8,3 0,72 0,1 2,42 1,91 3,69

Bt1 1,22 0,15 8 30,5 22,8 8,3 0,73 0,06 2,27 1,82 4,07

Bt2 0,81 0,11 7 32,7 23,5 9,1 0,74 0,05 2,37 1,90 4,04

Bt3 0,51 0,08 6 30,4 22,9 8,9 0,77 0,03 2,26 1,80 4,01

Page 48: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

CAMBISSOLOS

São solos minerais pouco evoluídos, com seqüência de horizonte A, Bi, C, em que o horizonte Bi tenha no mínimo 10 cm de espessura e textura seja mais fina que

franco-arenosa.

O horizonte Bi encontra-se subjacente a praticamente todos os tipos de horizontes superficiais exceto o horizonte hístico com 40 cm ou mais de espessura, ou

horizonte A chernozêmico, quando o Bi apresentar saturação de bases e argila de atividade alta. Neste último caso, são enquadrados como Cernossolos.

Pela própria incipiência de desenvolvimento pedogenético os Cambissolos são muito variáveis quanto à cor, espessura, testura e estrutura, atividade de argila,

relação silte/argila e Ki. Os teores de silte tendem a ser mais elevados e os de argila tendem a variar pouco em profundidade, de maneira que não se observa cerosidade,

ou se ocorrer é em geral fraca e pouca, e a relação textural B/A é próxima à unidade. Não é incomum, também, certos Cambissolos apresentarem discreto, mas perceptível

descréscimo de argila em profundidade.

Quando derivados de rochas como gnaisse, granitos, magmatitos, xistos, filitos eé comum apresentarem quantidades consideráveis de minerais primários facilmente

intemperizáveis (biotita, hornblenda, augita, algum feldspato calco-sódicos), ou de intemperização menos intensa (muscovita, feldspato potássico) na fração areia. Além

disso, são comuns a presença de fragamentos da rocha de origem (mais de 5 %) na massa do horizonte Bi.

Quando derivados de rochas que se decompõem mais facilemente (básicas e ultrbásicas) nem sempre são perceptíveis remanescentes da rocha ou quantidade

apreciáveis de minerais primários de fácil decompisição. nestes casos, o Bi deve apresentar outras características que indiquem seu estádio de evolução menos avançado,

tais como: relação silte/argila mais elevada; CTCr ≥ 17 cmolc/kg para distinhui-lo de Latossolos, dentre outros atributos conforme especificados na definição de B incipiente.

Quadro 9. Subdivisão da classe dos Cambissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Cambissolos Húmicos

Aluminoférricos líticos; lépticos; latossólicos; espódicos; organossólicos;

argissólicos; saprolíticos; típicos

Alumínicos líticos; lépticos; gleicos; sômbricos; latossólicos; argissólicos; organossólicos; espódicos; saprolíticos; típicos

Distroférricos líticos; lépticos; latossólicos; argissólicos; hísticos; saprolíticos; típicos

Distróficos organossólicos; lépticos; gleicos; argissólicos; latossólicos;

líticos; saprolíticos; típicos

Cambissolos Flúvicos Alumínicos gleicos; solódicos; típicos

Carbonáticos vérticos; solódicos; típicos

Sódicos salinos; típicos

Page 49: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Sálicos gleicos; solódicos; típicos

Ta Distróficos gleicos; planossólicos; vérticos; salinos; solódicos; típicos

Ta Eutróficos gleicos; vérticos; planossólicos vérticos; salinos; solódicos; típicos

Tb Distróficos gleicos; salinos; solódicos; típicos

Tb Eutróficos gleicos; vérticos; planossólicos vérticos; salinos; solódicos; típicos

Cambissolos Háplicos

Alumínicos organossólicos; gleicos; argissólicos; líticos; lépticos;

saprolíticos; típicos Carbonáticos saprolíticos; vérticos; líticos; lépticos; típicos

Sálicos gleicos solódicos; gleicos; solódicos; vérticos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos

Sódicos gleicos salinos; gleicos; salinos; vérticos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos

Distroférricos líticos; lépticos; saprolíticos; típicos

Eutroférricos lépticos; gleicos; solódicos; latossólicos; saprolíticos; típicos

Perférricos líticos; lépticos; latossólicos; saprolíticos; típicos

Ta Distróficos líticos; lépticos; gleicos; argissólicos; solódicos; saprolíticos;

típicos

Ta Eutróficos líticos, lépticos carbonáticos; lépticos; vérticos; argissólicos; gleicos; solódicos; saprolíticos; típicos

Page 50: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

NEOSSOLOS

São solos poucos evoluídos, onde os fatores de formação não atuaram de forma plena, de maneira

que não aparece nestes solos qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Assim, as seqüências de horizontes

constatados são: A, R; A, C, R; A, Cr, R; A, C e, mais raramente O-R ou H-R, desde que os horizontes O

e H tenham espessura menor que 20 cm.

Em razão da abrangência desta ordem no SiBCS, é difícil estabelecer generalizações quanto a

espessura do solum, fertilidade, atividade de argila, dentre outros fatores. Por este motivo, as generalizações

pertinentes serão feitas nas subordens, conforme definições a seguir.

NEOSSOLOS LITÓLICOS

São solos rasos com bastante A e mesmo horizonte hístico, ainda que, mais raramente, assente

diretamente sobre a rocha (contato litólico ou fragmentário) ou sobre um horizonte C, ou Cr, ou mesmo

sobre material com 90 % (por volume) ou mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha com

diâmetro maior que 2mm (cascalho, calhaus e matações). Às vezes, observa-se a presença de um horizonte

B em início de formação, cuja espessura não preenche os requisitos necessários para ser enquadrado em

qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.

Suas ocorrências mais comuns são em áreas de relevo mais movimentado, onde a erosão hídrica foi

normalmente mais ativa durante a gênese destes solos, como ainda é. Isso não significa que não ocorram

em locais de topografia plana, como é o caso de algumas áreas do semi-árido brasileiro.

São solos de fertilidade natural variada e, por serem rasos e pouco intemperizados, sempre guardam

alguma afinidade maior com o material de origem. Assim, se o material de origem for quimicamente rico

em elementos essenciais às plantas (maior conteúdo de minerais primários facilmente intemperizáveis –

MPFI) a tendência é do Neossolo Litólico ser eutrófico, particularmente em regiões com déficits hídricos.

A pequena espessura destes solos é, talvez, um dos maiores obstáculos ao seu aproveitamento

agrícola. Isto, associado ao relevo mais movimentado em que ocorrem mais freqüentemente, agrava mais

ainda a situação. O que não significa que não sejam utilizados agricolamente, como é o caso das pequenas

propriedades agrícolas de Neossolos Litólicos eutróficos, desenvolvidos de basalto em áreas montanhosa

do Sul do Brasil, ainda muito utilizadas com milho e feijão ainda que sua maior indicação seja para

preservação da flora e fauna; reflorestamento e, quando muito pastagens.

NEOSSOLOS FLÚVICOS

São solos minerais originados a partir de sedimentos aluviais (transportados pelos rios), com

horizonte A assente sobre horizonte C constituído de camadas estratificadas sem relação pedológica entre

si.

Assim, naturalmente são solos muito heterogêneos química, física, mineralógica e morfologicamente

e, conseqüentemente, de difícil sistematização taxonômica. Em razão da diferenciação das camadas que se

depositam é, comum apresentarem perfil irregular do conteúdo de carbono em profundidade, ao contrário

dos outros solos minerais onde este conteúdo é decrescente.

Apesar de serem solos pouco evoluídos e ocuparem áreas de acúmulo de material (várzeas), nem

sempre são eutróficos. Em alguns casos podem apresentar acúmulo de sais e sódio, sendo caracterizados,

respectivamente como sálicos e sódicos (região semi-árida).

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS

São solos minerais som seqüência de horizontes A, C, de textura areia ou areia franca, no mínimo

até a profundidade de 150 cm a partir da superfície do solo ou até a rocha de origem (contato lítico). A

fração areia (grossa e fina) é composta quase que exclusivamente por quartzo (95 % ou mais), portanto com

baixa, ou praticamente ausente, proporção de minerais primários facilmente intemperizáveis.

Os Neossolos Quartzarênicos eram reconhecidos como Areias Quartzosas. São, na sua quase

totalidade, profundos, distróficos, com capacidade de retenção de água e CTC muito baixas e com grande

Page 51: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

proporção à lixiviação (textura arenosa) e erosão (grãos simples, ou seja, sem estrutura ou agregação). Estes

são, suas principais limitações ao uso agrícola.

As características físico-químicas destes solos limitam sobremaneira sua possibilidade de

aproveitamento agrícola de forma mais intensa, mesmo em condição de relevo plano ou suave ondulado,

onde ocorrem com mais freqüência. Quando não se encontram sob vegetação natural (cerrado, floresta,

caatinga) são utilizados com pastagem e reflorestamento. Em áreas de maior precipitação pluviométrica,

têm também sido utilizados na produção de soja, principalmente no Estado do Mato Grasso do Sul.

Quadro 10. Subdivisão da classe dos Neossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo

atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande

Grupo

Subgrupo

Neossolos Litólicos

Hísticos típicos

Húmicos espódicos; típicos

Carbonáticos típicos

Psamíticos típicos

Alumínico típicos

Distróficos típicos

Eutróficos chernossólicos; típicos

Neossolos Flúvicos

Sálicos gleicos; solódicos; típicos

Sódicos vérticos; gleicos; salinos; típicos

Carbonáticos gleicos; típicos

Psamíticos gleicos; típicos

Ta Distróficos gleicos; vérticos; solódicos; salinos; calcáricos; típicos

Ta Eutróficos gleicos; solódicos; vérticos; salinos; calcáricos; típicos

Tb Distróficos gleicos; salinos; solódicos; típicos

Tb Eutróficos gleicos; salinos; solódicos; calcáricos; típicos

Neossolos Regolíticos

Psamíticos fragipânicos; lépticos; gleicos; solódicos; típicos

Alumínicos léptico; típico

Distróficos fragipânicos; húmicos; lépticos; típicos

Eutróficos fragipânicos; lépticos; solódicos; típicos

Neossolos

Quartzarênicos

Hidromóficos espódicos; hísticos; plínticos; típicos

Órticos

fragipânicos; húmicos; solódicos; êutricos; lépticos;

espódicos; plínticos; gleicos; latossólicos; argissólicos; típicos

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de Neossolos de diferentes regiões do

país.

PERFIL Nº 129 – Radam Manaus

CLASSIFICAÇÃO: SOLO ALUVIAL EUTRÓFICO argila de atividade alta A

fraco textura média.

LOCALIZAÇÃO: Margem direita do Paraná de Supiara, 6.250 m à esuqerda

do rio Solimões, município de Manacapuru, Estado do

Amazonas. Lat. 3º27’S e long. 6046’WGr. Folha AS. 20 –

Z – D.

Page 52: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

SITUAÇÃO DECLIVE E EOSÃO: Local palno com 0 a 1 % de declive e erosão laminar

ligeira.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Sedimentos recentes do Quaternário.

DRENAGEM: Moderadamente drenado.

RELEVO: Plano

COBERTURA VEGETAL: Contato Formações Pioneiras/Floresta Densa.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

A 0-10 cm; bruno escuro (10 YR 3/3), mosqueado comum médio difudo bruno-amarelado (10 YR

5/8); franco-siltoso; fraca muito pequena, pequena laminar; muito friável, plástico e pegajoso,

transição clara.

C1 10-45 cm; bruno escuro a bruno (10 YR 3,5/3), mosqueado comum médio difudo bruno-

amarelado (10 YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; muito

friável, ligeiramente plástico e não pegajoso, transição clara.

C2 45-80 cm; bruno-escuro a bruno (10 YR 4/3), mosqueado comum médio difudo bruno-

amarelado (10 YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; muito

friável, ligeiramente plástico e não pegajoso, transição clara.

2C3 80-110 cm; bruno-escuro (10 YR 3/3), mosqueado comum médio difudo bruno-amarelado (10

YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; friável, ligeiramente

plástico e ligeiramente pegajoso, transição clara.

3C4 110-125 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2), franco arenoso; maciça; muito friável,

não plástico e não pegajoso.

RAÍZES Abundantes, no A1.

Poucas na camada C1.

Raras nas demais camadas.

OBS.: O perfil foi coletado só até 125 cm devido ao lençol freátiço alto. Culturas de juta e malva na área.

Page 53: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PERGUNTAS

1) Todo solo de várzea é mal drenado? Justifique.

2) O que significa “sedimentos recentes do Quaternário”?

3) Qual o significado de 2C3 e 3C4 na seqüência de horizontes deste solo?

4) Os solos aluviais são mais homogêneos ou mais heterogêneso quanto às características físico-químicas

em profundidade?

5) Mostre duas evidências desta heterogeneidade físico-química deste perfil.

6) Por que o horizonte A, mesmo com apenas 12,3 % de argila foi descrito como plástico e pegajoso?

7) Nass várzeas é mais fácil ocorrer argilomineral 2:1 expansivos? Justifique.

8) Trata-se de um solo muito ou pouco evoluído. Justifique exemplificando sua resposta.

9) Quais as principais limitações ao uso agrícola deste solo?

10) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 54: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL Nº 129 – Radam Manaus

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(m3/m3) Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

A 0-10 1 29 598 123 64 48 4,86

C1 10-45 2 79 410 97 57 41 4,23

C2 45-80 1 71 428 99 47 53 4,32

2C3 80-110 1 39 488 182 68 63 2,68

3C4 110-125 1 106 381 61 39 36 6,24

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/G1F – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 55: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL Nº 129 – Radam Manaus

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V

(%)

P

mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A 5,4 4,9 0,15 2,78 0,29 0,34 3,56 0,06 0,33 5,98 59 7,7

C1 5,2 4,6 8,02 2,73 0,18 0,36 11,29 0,06 0,28 13,85 81 8,5

C2 5,1 4,4 8,22 2,68 0,25 0,32 11,47 0,05 0,22 14,15 81 8,9

2C3 4,9 4,3 8,42 3,09 0,58 0,46 12,55 0,06 0,28 15,73 80 6,5

3C4 4,4 3,8 4,41 2,06 0,62 0,30 7,39 0,28 0,50 10,09 73 11,8

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg)

C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

Al2O3

Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

A 7,0 1,6

C1 5,0 1,4

C2 5,0 1,4

2C3 6,0 1,6

3C4 2,0 1,1

Page 56: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PERFIL 29 – 10/09/68

CLASSIFICAÇÃO: AREIAS QUARTOSAS DISTRÓFICAS A fraco fase floresta

subperenifólia relevo suave ondulado.

LOCALIZAÇÃO: Estrada Vila Guassulândia – Barreirinho, 3,2 km após Vila

Guassulândia, lado direito, a 30 metros da estrada.

SITUAÇÃO E DECLIVE: Perfil descrito e coletado em trincheira aberta em topo de

elevação, com declives da ordem de 2 a 4 % e sob vegetação

florestal.

ALTITUDE: 480 metros.

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Arenito Caiuá. Jurássico.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da decomposição do arenito.

RELEVO: Suave ondulado.

EROSÃO: Laminar

DRENAGEM: Excessivamente drenado.

VEGETAÇÃO: Floresta subperenifólia, com espécies de cedro, marfim e

peroba.

USO ATUAL: Reserva florestal.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

A1 0-25 cm; vermelho escuro (2,5 YR 3/6, úmido), bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4, úmido

amassado), vermelho amarelado (5 YR 4/6, seco) e bruno avermelhado (2,5 YR 4/4, seco

triturado); areia franca; moderada a fraca muito pequena e grande granular e grãos simples;

macio, friável, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara.

A2 25-45 cm; vermelho escuro acinzentado (10 R 3/4, úmido), bruno avermelhado (2,5 YR 4/4,

úmido amassado), vermelho amarelado (5 YR 4/8, seco) e bruno avermelhado (2,5 YR 4/5, seco

triturado); areia franca; fraca pequena a média granular e grãos simples; macio, friável, não

plástico e não pegajoso; transição plana e gradual.

AC 45-75 cm; vermelho escuro acinzentado (10 R 3/3, úmido), bruno avermelhado (2,5 YR 4/4,

úmido amassado), vermelho escuro (2,5 YR 3/6, seco e seco triturado); franco arenoso; fraca

pequena a média granular e grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso;

transição plana e gradual.

C1 75-120 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4); franco arenoso; macia porosa não coerente

constituída por grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição plana

e difusa.

C2 120-175 cm; vermelhado escuro (2,5 YR 3/6); franco arenoso; macia porosa não coerente

constituída por grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição plana

e difusa.

C3 175-300+ cm; vermelhado escuro (2,5 YR 3/6); franco arenoso; macia porosa não coerente

Page 57: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

constituída por grãos simples; solto, muito friável, ligeiramente plástico e ligeiramente

pegajoso.

OBS.: Trincheira com 195 cm de profundidade, daí em diante usou-se trato de caneco.

Coletada amostra superficial composta para fertilidade F 471.

Coletada amostra superficial composta para experimento em pote.

Coletadas amostras dos horizontes A e C para DNER.

Coletadas amostras com anel volumétrico dos horizontes A1, A2, AC, C1 e C2.

Poros ao longo de todo perfil.

Raízes abundantes no A1, A2, muitas no AC e C1, comuns no C2, com diâmetros variando de 1mm a 2 cm.

Perfil coletado em topo aplainado.

PERGUNTAS

1) Quais as classes texturais que definem o grupamento textural “arenoso”?

2) Qual quantidade máxima de argila para um solo ser considerado “arenoso”.

3) Trata-se de solo raso ou profundo?

4) Por que a seqüência de horizonte é do tipo A, C e não A, B?

5) Qual o tipo de estrutura descrita para o horizonte A1 e explique a ocorrência de estrutura granular.

7) O que significa solto; muito friável; não plástico e não pegajoso.

8) Verifique se o solo é distrófico ou álico.

9) Por que os Neossolos Quartzarênicos tendem a ser álicos ou distróficos?

10) Expique a razão da cor 2,5 YR 3/4 no C1.

11) Por que os solos arenosos tendem a ter valores de densidade do solo mais elevados?

12) Tem sentido em ta ou Tb para um solo desta natureza? Comente.

13) O que você acha da sustentabilidade agrícola de um solo como este?

14) Quais suas principais limitações ao uso agrícola.

15) Você recomendaria a desapropriação de uma fazenda na área em que este solo é dominate, para fins

de reforma agrária? Comente.

16) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 58: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL 29 – 10/09/68

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(m3/m3) Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

A1 0-25 500 350 50 100 60 40 0,50 1,26 2,61 52

A2 25-45 450 390 60 100 90 10 0,60 1,57 2,64 41

AC 45-75 440 390 40 130 80 39 0,31 1,55 2,62 41

C1 75-120 460 360 60 120 100 17 0,50 1,64 2,63 38

C2 120-175 480 340 60 120 110 8 0,50 1,56 2,63 41

C3 175-300+ 490 330 60 120 80 33 0,50

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 59: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL 29 – 10/09/68

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V (%) P

mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A1 3,8 3,7 0,3 0,06 0,02 0,4 1,2 2,3 3,9 10 3

A2 3,7 3,6 0,2 0,02 0,02 0,2 1,0 1,5 2,7 7 1

AC 3,8 3,8 0,2 0,02 0,02 0,2 0,9 1,6 2,7 7 1

C1 3,9 3,8 0,2 0,01 0,02 0,2 0,9 1,1 2,2 9 1

C2 4,2 3,7 0,2 0,01 0,01 0,2 1,1 1,6 2,9 7 1

C3 4,2 3,7 0,2 0,06 0,02 0,3 1,0 1,1 2,4 13 1

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg)

C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

Al2O3

Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

A1 6,5 0,7 9 3,1 3,4 2,0 0,33 0,01 1,55 1,13 2,54

A2 3,8 0,3 13 3,7 3,6 2,4 0,40 0,01 1,75 1,24 2,33

AC 36 0,3 12 4,1 3,9 2,7 0,44 0,01 1,79 1,24 2,24

C1 2,7 0,2 14 4,6 4,3 2,7 0,45 0,01 1,82 1,31 2,47

C2 2,8 0,2 14 4,8 4,5 2,9 0,52 0,01 1,81 1,29 2,44

C3 2,7 0,2 14 5,3 4,9 3,2 0,53 0,01 1,84 1,29 2,40

Page 60: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISE MINERALÓGICA

A1 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de

magnetita, concreções ferruginosas, fragmentos de raiz, carvão e sementes.

A2 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de

magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.

AC – Areias – 99 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); 1 % de magnetita,

concreções ferruginosas; traços de fragmentos de carvão.

C1 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de

magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.

C2 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de

magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.

C3 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de

magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.

Page 61: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PLINTOSSOLOS

São solos minerais formados sob condições de restrição à percolação de água, sujeitoa a efeito

temporário de excesso de umidade, oque favorece à plintização expressiva responsável pelo aparaecimento

do horizonte plíntico dentro dos primeiro 40 cm superficiais, ou dentro de 200 cm da superfície, quando

imediatamente abaixo do horizonte A, ou E, ou de outro horizonte com cores pálidas ou variegadas ou com

mosqueado em quantidade abundante.

Apersentam coloração heterogênea, tipicamente mosqueada variegada onde parte avermelhadas

(plintita) se destacam de um fundo de cores amareladas, acinzentadas ou pálidas. A consistência do material

úmido é firme ou muito firme, com partes e extremamente firmes e extremamente duras quando o solo se

encontra seco, particularmente nas manchas de cores avermelhadas. A plintita é, em geral, facilmente

individualizada da massa mosqueada e não se esboroa qundo submersa em água por um espaço de tempo

de duas horas, mesmo quando submetida a suaves agitações periódicas. Após este tempo, entretanto, pode

ser quebrada ou amassada.

A maior parte dos Plintossolos ocorrem em áreas de baixada, com relevo plano ou suave ondulado.

predominantemente são solos ácidos e com baixas saturação de bases e atividade de argila. Verificam-se

também solo eutróficos, Ta, e mesmo solódicos ou sódicos.

Durante a gênese dos Plintossolo, observa-se que em alguns locais, condições climáticas mais secas

promoveram o endurecimento irreversível da plintita em petroplintita, também chamada tapiocanga, canga

laterítica, canga, concreções ferruginosas e, ainda, piçarras. Quando as quantidades de petroplintita forem

expressivas, serão caracterizados os Plintossolos Pétricos Litoplíticos (petroplintinta contínua) ou

plintossolos Pétricos Concrecionários (mais de 50 % de petroplintita no meio de massa terrosa solta).

Os plintossolos são típicos de áreas quentes e úmidas, na sua maior parte naquelas com estação seca

bem definida. Tem sido constatados com maior abubdância nos Estados do Pará, Amazonas, maranhão,

Piauí, mato Grosso e Tocantins.

Quadro 11. Subdivisão da classe dos Plintossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Plintossolos Pétricos Litoplínticos êndicos; psamíticos; típicos

Concrecionários êndicos; líticos; lépticos; gleicos; câmbicos; argissólicos;

latossólicos; típicos

Plintossolos Argilúvicos

Alumínicos arênicos; espessarênicos; abruptos; petroplínticos; gleicos; típicos

Distróficos arênicos; espessarênicos; abruptos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos

Eutróficos arênicos; espessarênicos; abruptos solódicos; abruptos;

solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos

Plintossolos Háplicos

Alumínicos gleicos; petroplínticos; típicos

Distróficos líticos; lépticos; arênicos; espessarênicos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos

Eutróficos líticos; lépticos; arênicos; espessarênicos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos

Page 62: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

VERTISSOLOS

Compreende solos minerais apresentando horizonte vértico com mais de 30 % de argila e com

pequena variação textural ao longo do perfil.

São normalmente pouco evoluídos não hidromórficos, mas com série restrita temporária à percolação

de água. Apresentam pronunciadas mudanças de volume com a variação do teor de umidade, com a

manifestação de fendas de retração largas e profundas, na época da seca ou movimentações da massa do

solo sob a forma de superfícies de fricção (slikensides) comumente observadas nas faces das unidades

estruturais inclinadas em relação ao prumo do perfil.

Apesra de serem quase que exclusivamente eutróficos, são pouco permeáveis, duros a extremente

duros quando secos e muito plásticos e muito pegajosos quando molhados, em razão do predomínio de

argilominerais 2:1 expansivos, o que traz sérias limitações ao seu aproveitamento agrícola, ou mesmo com

sérios problemas na construção civil (moradias, estradas etc).

A cor é bastante variável variando desde o cinza-claro ao preto (alguns “solos negros” da campanha

Gaúcha), passando por tonalidades brunadas, oliváceas e bruno-avermelhadas (“achocolatada” com alguns

Vertissolos no município de Serra na Paraíba).

A formação dos Vertissolos está mais relacionada a áreas de clima com estação seca pronunciada,

como em áreas do nordeste brasileiro, Pantanal matogrossense, campanha Gaúcha. Em áreas mais úmidas

como no Recôncavo Baiano e no Acre também tem sido observados. Nestes casos estão relacionados a

materiais de origem ricos, porém muito finos, onde a drenagem mais deficiente restringe a lixiviação.

Quadro 12. Subdivisão da classe dos Vertissolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Vertissolos Hidromórficos

Sódicos salinos; carbonáticos; típicos

Sálicos solódicos; típicos

Carbonáticos solódicos; típicos

Órticos chernossólicos; salinos; solódicos; típicos

Vertissolos Ebânicos

Sódicos salinos; líticos; lépticos; saprolíticos; gleicos; típicos

Carbonáticos chernossólicos; gleicos; líticos; lépticos; saprolíticos; solódicos; típicos

Órticos chernossólicos; gleicos; salinos; solódicos; líticos; lépticos;

saprolíticos; típicos

Vertissolos Cromados

Sálicos líticos; gleicos solódicos; gleicos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos

Sódicos líticos; gleicos; salinos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos

Carbonáticos líticos; chernossólicos; gleicos solódicos; gleicos; solódicos;

lépticos; saprolíticos; típicos

Órticos líticos; solódicos; gleicos; chernossólicos; salinos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos Vertissolos.

Page 63: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ESPODOSSOLOS

Quadro 13. Subdivisão da classe dos Espodossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Espodossolos

Humilúvicos

Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos

Hiperespessos típicos

Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; solódicos; espessarênicos;

arênicos; típicos

Espodossolos

Ferrilúvicos

Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos

Hiperespessos típicos

Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; carbonáticos; solódicos; êutricos; espessarênicos; arênicos; típicos

Espodossolos

Ferrihumilúvicos

Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos

Hiperespessos típicos

Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; carbonáticos; êutricos;

espessarênicos; arênicos-êutricos; arênicos; argissólicos;

típicos

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos

Espodossolos.

PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)

CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO A moderado textura arenosa fase campo de

restinga e floresta perenifólia de restinga relevo plano.

LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO E ESTADO: Estrada Guaraná-Cachoeirinha, no lado direito da estrada

e ao lado da área 284, talhão 02 – Aracruz (ES).

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Trincheira situada no

terço médio de elevação com 1% de declive e sob pastagem.

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos. Terciário (Série Barreiras).

MATERIAL ORIGINÁRIO: Sedimentos areno-argilosos

PEDREGOSIDADE: Não pedregoso.

ROCHOSIDADE: Não rochoso.

RELEVO LOCAL: Plano.

RELEVO REGIONAL: Plano.

EROSÃO: Não aparente.

DRENAGEM: Fortemente drenado.

Page 64: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

USO ATUAL: Pastagem degradada

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)

A1p 0-6 cm; cinzento muito escuro (10 YR 3/1, úmido); areia; fraca granular e grãos simples; solta,

solta, não plástica e não pegajosa; transição abrupta e ondulada

A2p 6-13 cm; bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido); areia; fraca granular e grãos

simples; solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada.

A3p 13-27 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido); areia; fraca granular e grãos simples;

solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada.

E1 27-62 cm; bruno ( 10 YR 5/3, úmido); areia; fraca granular e grãos simples; solta, solta, não

plástica e não pegajosa; transição gradual e plana.

E2 62-90 cm; bruno-amarelado-claro (10 YR 6/4, úmido); areia; fraca granular e grãos simples;

solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição gradual e plana.

E3 90-120 cm; bruno-claro-acinzentado (10 YR 6/3, úmido); areia; solta, solta, não plástica e não

pegajosa.

E4 120-135 cm; cinzento-brunado-claro (10 YR 6/2, úmido); areia; solta, solta, não plástica e não

pegajosa.

Bs 135-147 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido); franco arenosa; solta, solta, não plástica e não

pegajosa.

RAÍZES: Poucas finas e muito finas no A1p; comuns finas e muito finas no A2p; finas e médias comuns no

E1 e E2. Raízes grossas, até 2 cm de diâmetro, comuns nos horizontes A1p, A2p, A3p, E1 e E2.

É boa a distribuição das raízes nestes horizontes.

OBS: Porosidade: Poros muito pequenos, muitos no A1p, A2p e A3p; muito pequenos, pequenos e médios,

muitos no E1 e E2.

PERGUNTAS

1) O que caracteriza os processo de eluviação/iluviação?

2) O que é horizonte E?

3) Por que em solos arenosos o E tende a ser claro, às vezes muito branco (albino)? 4) Por que mesmo o horizonte B tendo muito mais argila que os horizontes A e E, não é chamado de

textural?

5) Por que a matéria orgânica, juntamente com Al e Fe, translocam-se mais facilmente em profundidade?

6) Como se chama o processo de translocação de matéria orgânica mais óxidos de Al e Fe em um perfil

de solo?

7) O que você pensa sobre o aproveitamento agrícola intensivo deste solo? Seria agricolamente

sustentável? Discuta.

8) Por que é comum a extração de areia para construção civil nas áreas litorâneas de Espodossolo. 9) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 65: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA

(%)

GF

(%)

S/R

Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

A1p 0-6 810 130 30 30 10 67 1,00

A2p 6-13 740 160 60 40 10 75 1,50

A3p 13-27 810 130 30 30 10 67 1,00

E1 27-62 750 190 40 20 10 50 2,00

E2 62-90 850 120 20 10 0 1000 2,00

E3 90-120 740 190 50 20 10 50 2,50

E4 120-135 630 220 110 40 30 25 2,75

Bs 135-147 610 180 80 130 90 31 0,62

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 66: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

Horizonte

C

(orgânico)

N

(g/kg)

Ataque H2SO4 (dag/kg)

C SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ki Kr Al2O3

Fe2O3

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V (%) P

(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A1p 4,5 3,8 2,0 0,3 0,04 0,08 2,4 0,2 3,3 5,9 41

A2p 4,7 4,2 3,8 0,6 0,05 0,09 4,5 0,2 5,7 10,4 43

A3p 4,6 4,1 2,0 0,2 0,03 0,09 2,6 0,2 3,1 5,9 44

E1 4,3 3,7 0,1 0,02 0,03 0,2 0 0,4 0,6 33

E2 4,5 4,1 0,1 0,02 0,02 0,1 0 0,4 0,5 20

E3 4,8 4,2 0,1 0,02 0,02 0,1 0 0,2 0,3 33

E4 4,4 4,0 0,1 0,08 0,17 0,4 0 0,7 1,1 36

Bs 4,2 3,8 0,1 0,02 0,05 0,1 1,8 6,7 8,7 2

(g/kg) N

A1p 8,1 0,7 12 1,0 0,1 0,33

A2p 17,2 1,6 11 1,0 0,1 0,25

A3p 8,0 0,7 10 0,6 0,1 0,31

E1 1,4 0,3 5 0,4 0,1 0,28

E2 1,4 0,3 5 0,3 0,1 0,25

E3 1,1 0,2 6 0,5 0,1 0,36

E4 1,4 0,3 5 0,5 0,3 1,19

Bs 7,3 0,6 12 3,8 2,6 0,4 1,42

Page 67: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ORGANOSSOLOS

São solos pouco evoluídos constituídos dominantemente de material orgânico, de coloração preta ou

cinzenta muito escura, resultantes da acumulação de restos vegetais em graus variados de decomposição

em condições de drenagens muito restritas, como na maioria dos Organossolos brasileiros, ou em ambinetes

úmidos de altitude elevadas, onde se mostram saturadas com água por apenas dias durante o período

chuvoso.

A difereciação de horizontes nos Organossolos (H e O) nem sempre é de fácil estabelecimento e

refere-se essencialmente ao estádio de decomposição do material orgânico ao longo do perfil. A cor nem

sempre é um bom critério de diferenciação, já que normalmente é muito escura.

Em condições naturais os Organossolos possuem sérias restrições em razão do lençol freático

encontrar-se muito na superfície do solo na maior parte do tempo. portanto, para seu aproveitamento

agrícola, tem que ser drenados. Uma vez drenados e devidamente corrigidos e adubados podem ser

utilizados, como o são no país, sobretudo na produção de hortaliças.

São solos de elvado poder tampão. Assim, nos Organossolos álicos (a maioria deles) a necessidade

de calagem para neutralizar a toxidez por Al3+ é, em geral, muito grande. recomenda-se, entretanto, não

ultrapassar o pH além de 5,5, para evitar a aceleração da mineralização da matéria orgânica, em razão do

aumento da atividade da microbiota.

Quando drenados, podem sofrer acentuada redução de espessura em razão da redução do volume do

solo com a perda de água e, ainda, pela oxidação de matéria orgânica. Este fenômeno é desenvolvido

subsisdência, que é acelerado pelo uso do solo. Portanto, o dimensionamento do sistema de drenagem tem

que ser criterioso pois, além da subsidência pode ocorrer a seca ireversível do material, passando a ser

hidrofóbico, portanto, repelindo a água e não mais se umidecendo.

Quando Tiomórficos, (regiões costeiras), além dos problemas anteriores, experimentam forte

acidificação quando drenados. Neste casos também podem apresentar concentração salina expressiva, com

valores de condutividade elétrica superiore a 7 ds/m.

O material orgânico pode apresentar estádios de decomposição variável, sendo reconhecidos os

seguintes no SiBCS:

(a) Fíbrico – material orgânico constituído de fibras (restos de partes de plantas, excluídas as partes

vivas, facilmente, identificáveis como de origem vegetal, portanto matrial pouco alterado).

(b) Hêmico – material orgânico já parcialmente alterado em estadio de decomposição entre o fíbrico

e o sáprico.

(c) Sáprico - material orgânico em estado avançado de decomposição, já com significativamente

menores quantidades de fibras, densidade mais elevada e menor capacidade de retenção de água no estado

de saturação, do que os dois materiais anteriores.

Quadro 14. Subdivisão da classe dos Organossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Organossolos Tiomórfico

Fíbricos salinos; solódicos; térricos; típicos

Hêmicos salinos; solódicos; térricos; típicos

Sápricos salinos; solódicos; térricos; típicos

Organossolos Fólicos Fíbricos líticos; típicos

Organossolos Mésicos Hêmicos

sálicos; salinos; sódicos; solódicos; carbonáticos; térricos; típicos.

Sápricos sálicos; salinos; sódicos; solódicos; carbonáticos; térricos;

típicos.

Organossolos Háplicos

Fíbricos solódicos; térricos; típicos

Hêmicos sálicos; salinos; solódicos; carbonáticos; térricos; típicos.

Sápricos sálicos; salinos; solódicos; térricos; típicos.

Page 68: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos

Organossolos.

PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)

CLASSIFICAÇÃO: SOLOS ORGÂNICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada fase

campo de várzea relevo plano.

LOCALIZAÇÃO: Estrada Naviraí – Porto Ciuá, na várzea dos rios Paraná e Laranjaí.

SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Perfil descrito e coletado

em trincheira situada na várzea, sob cobertura vegeção de

gramíneas com cerca de 80 cm de altura.

LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos. Holoceno.

MATERIAL ORIGINÁRIO: Acumulação orgânica sob depósito de natureza arenosa.

RELEVO: Plano.

EROSÃO: Nula.

DRENAGEM: Muito mal drenado.

VEGETAÇÃO: Campo de várzea.

USO ATUAL: Nenhum.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)

A1 0-11 cm; preto (N 2/); franco (orgânico); maciça com evidência de estrutura granular fraca

média; friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.

2ª camada

orgânica

11-20 cm; preto (10 YR 2/1); franco (orgânico); maciça; friável, ligeiramente plástico e

ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.

3ª camada

orgânica

20-32 cm; preto (N 2/); franco siltoso (orgânico); maciça; friável, ligeiramente plástico e

ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.

2C1 32-50 cm; preto (N 2/); franco; maciça; friável, plástico e pegajoso; transição plana e abrupta.

2C2 50-120+ cm; cinzento escuro (10 YR 4/1); areia; grãos simples; solto, não plástico e não

pegajoso.

OBS: Lençol freático a 50 cm de profundidade.

Raízes abundantes no A1 e 2ª camada orgânica e comuns na 3ª camada orgânica, apresentando diâmetro

variável entre 1 mm e 1 cm.

As camadas orgânicas são do tipo “peat” e se acham intensamente entrelaçadas por raízes vivas, mortas e

parcialmente decompostas, principalmente nas camadas superiores.

Page 69: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

PERGUNTAS

1) O que significa a cor N2/?

2) Por que, na época, chamaram de A1 um horizonte com cerca de 28 % de C orgânico?

3) No lugar de 2a e 3a camadas, e mesmo no A1, qual seria a nomenclatura de horizontes mais apropriada?

4) O que é uma textura franca, ougânica? 5) Como um solo com tanta matéria orgânica tem estrutura maciça?

6) Qual a razão de não se apresentar os resultados de análise granulométrica dos três primeiros

horizontes?

7) Os horizontes 2C1 e 2C2 são minerais ou orgânicos? Justifique.

8) Tem sentido fazer a digestão da amostra com ataque sulfúrico para solos como este?

9) Verifique se o solo é eutrpofico ou álico.

10) Então, altos teores de matéria orgânica não significa que o solo seja de boa fertilidade natural. Certo

ou errado? Justique.

11) O que é subsidência?

12) Quais são as principais limitações ao aproveitamento agrícola deste solo (o nome da classe so solo já

diz muito mas observe também o item observação).

13) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.

Page 70: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES FÍSICAS

PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)

Horizonte Granulometria

(g/kg)

ADA1/

(g/kg)

GF2/

(%)

S/R3/

Densidade

(g/cm3)

Porosidade

(m3/m3) Símbolo Prof.

(cm)

Areia Grossa

2-0,20

mm

Areia Fina

0,20-0,05

mm

Silte

0,05-0,002

mm

Argila

<0,002

mm

Aparente

Real

A1 0-11

2ª camada

orgânica

11-20

3ª camada

orgânica 20-32

2C1 32-50 180 330 300 190 140 26 1,58

2C2 50-120+ 400 500 90 10 10 0 9,0

1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila

Page 71: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISES QUÍMICAS

PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)

Horizonte

pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V

(%)

P

mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+

Valor T

A1 4,6 3,8 2,1 1,0 0,63 0,56 4,3 5,7 56,8 66.8 6 19

2ª camada

orgânica 4,5 3,8 1,1

0,4 0,23 1,7 6,2 59,7 67.6 3 3

3ª camada

orgânica 4,7 3,9 0,8

0,17 0,13 1,1 5,8 49,7 56.6 2 4

2C1 4,9 4,0 0,3 0,04 0,04 0,4 2,7 16,1 19.2 2 7

2C2 5,2 4,1 0,2 0,01 0,02 0,2 0,2 0,6 1.0 20 2

Horizonte

C

(orgânico)

(g/kg)

N

(g/kg)

C

N

Ataque H2SO4 (dag/kg)

Ki

Kr

Al2O3

Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5

A1 28,62 2,85 10

2ª camada

orgânica 27,81 3,02 9

3ª camada

orgânica 25,28 2,37 11

2C1 5,18 0,41 13 12,4 6,9 0,9 0,48 0,12 3,06 2,80 11,33

2C2 0,17 0,02 9 1,2 0,6 0,4 0,45 3,4 2,22 2,0

Page 72: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

ANÁLISE MINERALÓGICA

PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)

A1 – Areias – 100 % de concreções argilo-humosas e detritos orgânico; traços de quartzo hialino, grãos

levemente desarestados.

2ª camada orgânica – Areias – 100 % de concreções argilo-humosas em maior percentagem e detritos

orgânicos; traços de quartzo hialino, grãos levemente desarestados.

3ª camada orgânica – Areias – 100 % de concreções humosas em maior percentagem e detritos orgânicos;

traços de quartzo hialino, grãos levemente desarestados.

2C1 – Areias – 94 % de quartzo hialino, grãos levemente desarestados e bem desarestados, com leve

aderância ferruginosa; 4 % de concreções argilo-humosas e detritos orgânicos; 2 % de ilmenita; traços de

turmalina idiomorfa.

Observação: Os grãos de quartzo são brilhantes.

2C2 – Areias – 100 % de quartzo hialino, levemente desarestados e bem desarestados; traços de ilmenita,

turmalina e detritos.

Observação: Os grãos de quartzo são brilhantes e sem aderência ferruginosa.

Page 73: Apostila: Anotações e perguntas sobre solos brasileiros ...

GLEISSOLOS

São solos minerais hidromórficos que apresentam horizonte glei dentro de 150 cm da superfície do

solo imediatamente abaixo do horizonte A, ou mais raramente do E, ou mesmo de um horizonte hístico de

espessura menor que 40 cm.

Os Gleissolos encontram-se permanente ou periodicamente saturados por água, sendo naturalmente

mal ou muito mal drenados. água, sendo naturalmente mal ou muito mal drenados. Nestas condições, a

redução é intensa, sobretudo a do Fe3+ para Fe2+, o que leva à manifestação de cores naeutras (cinzentas,

azuladas, esverdeadas), características destes solos, e indicativas de severa restrição de drenagem (excesso

de água e, conseqüentemente, baixa oxigenação ou aeração).

Em condiçõpes de saturação de água freqüente, o desenvolvimento do horizonte não é muito

favorecida. Por isso a maioria dos Gleissolos descritos no país qparesentam seqüência de horizontes do tipo

A, Cg. Isso não significa que não se encontrem Gleissolos com horizontes Bg.

Quadro 15. Subdivisão da classe dos Organossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo

pelo atual SiBCS (1999).

Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo

Gleissolos Tiomórficos

Hísticos sódicos; solódicos; típicos

Húmicos sódicos; solódicos; típicos

Órticos sódicos; solódicos; antropogênicos; típicos

Gleissolos Sálicos Sódicos tiônicos; argissólicos; típicos

Órticos vérticos; solódicos; típicos

Gleissolos Melânicos

Ta Alumínicos hísticos; câmbicos; típicos

Tb Alumínicos hísticos; câmbicos; típicos

Distróficos hísticos; câmbicos; plínticos; salinos; solódicos; típicos

Carbonáticos vérticos; câmbicos; salinos; solódicos; típicos

Eutróficos lépticos; vérticos; câmbicos; calcáricos; salinos; solódicos; típicos

Gleissolos Háplicos

Aliticos

alumínicos

Tb Distróficos

Tb Eutróficos

Ta Distróficos

Carbonáticos

Ta Eutróficos

O perfil representativo de cada classe de solo está na forma de apresentação no POWER

POINT com o título: Perfis respresentativos das principais classes de Solos do Brasil