Anotações ao vento

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escritos ao acaso anotações ao vento Paulo Sutto

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Poemas e escritos ao acaso. Impressões de um dia a dia. Cotidianos enfim. Não é um livro feliz, portanto se é isso que está procurando, aconselho você a nem começar a ler. Ainda há tempo.

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escritos ao acasoanotações ao vento

Paulo Sutto

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escritos ao acasoanotações ao vento

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A princípio eram só palavrasagrupadas em uma folha

lá pelos anos oitenta.Depois outra palavras,

outras folhas.outros desabafos.

Outros dias.

Depois a ideia de se transformar em livro.E por fim a decisão de se publicar

somente digitalmente.Pelo menos por enquanto.

Espero que agrade a você !!

Afinal não é por acasoque essa anotações voaram pelo vento

e foram para na tela de seu dispositivo !!

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Quem me dera . . .

Quem me dera ser escritore encantar leitorescom minhas histórias.Quem me dera ser...Mas sou tão escritorquanto você que agora me lê.Apenas escrevo anotações ao vento...escritos ao acaso,que vagam no espaço e tempo,perdidos pelas gavetas.Mas...se algum texto por mim escritodespertar em sua mentee fizer você pensar,e a vida questionar;então saberei que nem todo meu trabalhose perdeu com o vento que soprou.Alguma coisa foi útil,Pois uma semente que planteiEm sua mente germinou.

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Mundos

Quantos mundos existem? Um? Dois? Muitos? Muitos mundos Mundo real, Mundo ficção Mundo que criamos Mundo virtual, mundo que vemos Mundos que não conhecemos.

Mundos imundos Mundos puros

Mundos... Quantos são?? São quantos queremos que sejam Mesmo que nem todos os vejam Quantos temos ? Muitos mundos Cada mundo com seu mundo Em cada mundo Sou um eu no mundo ...

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insônia

bicicletas sem as pernas e os barcos sem suas rodas subindo escada abaixo sob o sol de um luar

o amor e ódio passando de mãos dadas se escondem atrás de um vidro transparente

políticos honestos conversavam inteligentemente sobre assuntos relevantes

dali e tarsila findavam uma obra juntos ouvindo ac/dc

abro os olhos, estou dormindo e sonhando essa ilusão fecho os olhos, então acordo preferindo estar assim ...!!!!!

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me procuro.

A busca eterna

Há muito tempo

Ás vezes chego pertode me encontrar. Mas num relance,tudo se perde novamente. Quem eu sou ?Porque exatamente estou aqui ? Afinal, onde exatamente é aqui ? Muitas vezes me encontroe me deixo fugir..... A vida é isso, busca, fuga,encontro, partidas ? Sofrimento, dor,paixão, ódio ? A busca é eterna...sem fim...sem começo ! Nós não encontramos. A busca é que nos encontra E nos leva. Porque é elaque nos busca.

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São Paulo

Terra da garoa e de gente boaSão Paulo mãe amadade braços abertosrecebe o Brasil

São Paulo capital capital da esperançade um povo que sofrecapital do trabalhoSão Paulo braço forte

São Pauloem teu seio há liberdadeem teu seio há trabalhoSão Paulo capital

Recebeu italianosjaponeses e judeusportugueses e africanosrecebeu nordestinosgaúchos e mineirosrecebeu a todoscom amor

São Paulo estadualdo Brasil é capitalse agiganta a cada diaSão Paulo de todos as raçasde todas as cores e saboresde todos estilos e todos os sonstem o samba e tem baladatem pagode e tem violatem o rap e mpbtem o rock e o bregae até hip hop.

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Escuridão

E de repentevocê está sozinho.No meio da noitesó a escuridãoe mais nada.E você descobreque seus maioresmedos estão lá fora.Ou estariamdentro de você?Você descobre quese olhar para a escuridão,ela vai olhar para você.E ela entra dentro de você.E você se assusta,se apavora e desejaque o dia chegue logo.Mas só existevocê e a escuridão.Fora e dentro de você.E você tem medo,muito medo.E chora baixinhopara não despertarninguém...nem mesmo a escuridão.

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Dor...

O dia cinza apertava o coração,como se quisesse sufocá-lo.

Na boca o gosto amargo de fel.As horas a se arrastar,

minutos e segundos.

A falta do ar para respirar.Os olhos embaçados.

O sangue a se arrastar pelas veias.A dor. O calor.

O amor.

O telefone que não toca.A esperança se esvaindo.

A cabeça que gira.Maus pensamentos a rodar,

insistem em martelar.

Coisas que não dão para mudar.Sofrer. Chorar e suportar.Suportar. Sofrer e chorar.

Não mudar. Não.

A vida a nos maltratar.Injusta. Ingrata. Cruel.

E o ser humano a se enganar.O ser humano não muda nada.Não consegue. Não conseguiu.

Nunca conseguiu.

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Eus

quantos eus cabem num eu?quantos eus eu sou?às vezes eu te amoàs vezes eu não amoàs vezes não me achoàs vezes eu me chamo....

quantos eus cabem num eu?sou eu sériosou eu palhaçosou eu downsou eu que não quero ser seu

quantos eus cabem num eu?sou eu?sou eu !mas qual eu?meus eus se perdem em meu eu...

mas sou eu ...

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Anjos

anjos não tem rostoanjos não tem moradaandam ao seu ladote abraçam com cuidadovocê pode senti-losmas não pode vê-losanjos não tem problemasanjos te amamanjos são seussão eussão todosanjos...

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Estranha caminhada

Toda nossa vida nos procuramos

procuramos a coisa certa

os bons amigos, os lugares certos

nos preocupamos com as pessoas

com o que falam de nós

todo dia nos achamos em cada rosto

no ontem que se foi

na flor que nem ouvimos

cada dia se vai e vem outro

novo, branco, imaculado

todo fim do dia ele se vai

amassado, rabiscado, sujo

para o lixo que produzimos

lixo reciclável

pode ser recuperado

a busca nunca cessa

até quando quem nos busca

nos encontra e nos leva

pobres, ricos, brancos, negros

felizes e miseráveis

inteligentes ou imbecis

é nessa hora que nos encontramos

é só no fim que começamos

e de novo a procura

a busca, o eterno

a vida que se esvai

e vai...

cada dia não é mais um

e sim menos um

na estranha caminhada.

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Talvez

talvez seu caminho mais longoseja aquele que você tenha de fazer sozinho

talvez sua dor mais crucialseja aquela que tenha de sofrer escondido

sua pior fome talvez seja aquelaque não nunca se sacia

seu pior pesadelo seja aqueleem que você nunca acorde

sua maior alegria seja aquelaque você ainda não sentiu

talvez sua alma gêmeajá tenha morrido do outro

lado do mundocansada por te procurar

talvez aquele rosto que tanto procuravocê não vá encontrar

talvez aquela rua por onde vocêpassou hoje, você nunca mais vá passar

talvez aquela lágrima que vocêdeixou escorrer nunca sequetalvez você leia essas linhas

apenas uma veztalvez você ache que é feliz

apenas talveztalvez....

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Caminhar

Caminhava eu sobre as nuvensnuvens negrascomo um campo de algodãoalgodão doce como o sal da terraterra molhada com o sol escaldante

Sol escaldante e úmidocom as águas de marçocontinuo caminhandoOlho para frente e vejopor onde já passei

Olho para trás e vejomeu futuro caminharolho com meu olho cegocego para a maldadevejo o belo horizonte

As nuvens de algodãoagora mudam de corficam verdes de esperançaamarelas de desesperoe vermelhas de vergonha.

Vejo as águas correndo rio acimapedras rolando pra não criar limbovejo tudo mas não ouço nadao silêncio é totalde um barulho ensurdecedorvejo o céu daqui do infernoe não é celestial

Minha cabeça dóientão acordovisto meu pijamae vou pra ruacaminhar por sobre as nuvens

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A chuva

Caí a chuvacomo lágrimas do céuleva junto as tristezas,

dores e cicatrizes.

Lava as ruasa as almas.

Lava o sanguee o sofrimento.

Caí a chuvaFina e forte;

leve e pesada.

Ela é livre...nada a controla

vem quando quere se vai como veio.

Chuva do céu abençoada;traz a vida e também leva.

Abençoa a terramas às vezes a desgraça.

Caí a chuvacai do céu.

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Quem roubou meu sorriso?

Quem roubou meu sorriso?Teria sido a sensação de fracasso?Ou as batalhas perdidas?A dor que não se vê?

Teria sido a busca incansávelde algo que eu nunca soube o que era?Ou os dias que passaram rápidos demais?

Quem roubou meu sorriso?A vida? A morte?Ou será que nunca o tive?

Os dias são cinzas mesmoquando o sol brilha.As flores não tem brilhoAs cores não tem cheiro.

Torço para o tempo voar.Para da morte me aproximar.Minutos, horas, dias a passar.

Sem sorriso, sem alegria...Quem me roubou??

Dias a passar....Só o nada a rondar.Só o nada...Só.....

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Viajante do tempo

Saio só pela cidadedevagar , não tenho pressavejo o bem e a maldadeem cada canto, cada becovejo amor e vejo ódiovejo jovens e idososbelos e feiosaltos e baixosvejo sonhospesadelosvejo o tempopassando ligeirovejo o sol nascendoe se pondo....

Vejo tudo, olho nadauns passam e se vãooutros vem nascendooutros e outros...

Como a água do riosempre a corrersempre em frenterápido, arisco,assustado

A cidade é minha vidae os seres meus irmãosvem, vão...deixam algolevam algo

Sempre saionunca voltoviajo nas asas do ventonas águas dos riossou vento, sou solsou louco e sábioSou euviajante do tempo....

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Dores da alma

Dores da alma.Quem não as tem.

Incomodam como calos eardem como feridas abertas.

Se escondem atrás de nossos sorrisos.

Dores da alma.Sempre nos pegam sozinhos

no meio da madrugadae nos fazem molhar o travesseiro.

Dores da alma.Que nem o passar do tempo

as cicatriza.Apenas ameniza.

Dores da alma.Quem não as tem ?

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Felicidade

Felicidade...Onde andas?Por que se encondes?Ou será que nem existe?

Andarás pelas montanhas?A olhar a humanidade errante?A se matar nas batalhas?A viver sob os escombros?

Felicidade?Existes? Ou te criamos?Baseamos nossa existência em você?Sem nunca te conhecer?

Às vezes duvido que existas,quando vejo tantas mortesnas enchetes, terremotos,violências e assassinatos.Tanto pranto derramadotodo dia, toda hora.....Rios de lágrimas e dor.Tanto medo e pavor.Desespero e horror.

Felicidade por que fogese se escondes.Se existe apareças.Mostra tua caraa esse povo miserável.

Felicidade, ó infelizilusão do ser humano.........

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Palavras

pensamentos doentes

corpos insanos

olhos atentos

mentes vagando

palavras que calam

ouvidos surdos

dores a gritar

gemem o mal

exprimem a dor

dor do saber

dor do sentir

dor do querer

dor do fazer

palavras ao vento

elas vem

elas vão

insanas

profanas

palavras faladas

caladas

na calada da noite

na noite que cai

pensamentos doentes

a dançar na mente

dia...noite...fria

ódio..amor..

quem? alguém?

além....

palavras que

não saem

caem...

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A fuga

me escondo nos meus livros me escondo nas minhas músicas

me escondo de você... fujo de tudo

fujo de mim, de você... a cicatriz nunca se fecha

a ferida ainda dói se abre

e às vezes arde crio o meu mundo

para nele me esconder esconder.....de mim?

ou de você ?? crio o meu mundo

para me esconder do mundo é escuro é fundo

a cicatriz nunca se fecha a ferida arde

fujo desse mundo fujo pro meu mundo

fujo...??? mas ele sempre me alcança

sempre...

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Real

Real?? O que é real? A realidade é real? Ou uma ficção disfarçada de realidade? No cérebro tudo é real, é louco, é igual. Sou real ou ficção? Existimos? Ou somos uma imaginação? Uma criação? Real?, ...Sou? Somos? E o todo? E o tudo? Vivemos? No real? Ou dentro de um sonho de alguém, alguém que pode até ser Real... ??????

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Equilíbrio?

As luzes ficam acesas Cômodos vazios Deito bem tarde Pra conseguir dormir Uma musica ao fundo Solidão O medo de ficar só Medo não... Desconforto A eterna procura Os livros que já li Os filmes que já vi Os caminhos que andei As pessoas que conheci As estórias que ouvi Os lugares por onde andei Sem nunca ter estado lá A dor, o aperto no peito A lágrima que cai O sorriso que não vem... A sensação de sentir Quase não faz sentido... Equilíbrio??

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Querer

Eu quero alguém

Que me chame: meu bem!

Alguém com quem eu possa viver,

E um dia morrer.

Matar minha sede em tua boca,

Matar minha fome em tua carne.

Chorar com teus olhos, tuas lágrimas.

Alguém que me leve pra passear,

Me dê de mamar...

Alguém que me ame,

Me queira, me chame:

Meu bem, meu bem!

Quero viver minha vida em sua vida.

Sofrer com os teus sofrimentos

Sorrir com tua alegria,

Viver uma vida a dois.

Sem pensar no depois

Esquecer o presente, o passado,

E viver no futuro.

Querendo alguém que me chame:

Meu bem, meu bem, meu bem...

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O vento

O vento é leve.O vento leva.O vento traz.Leva asesperanças,traz as ilusões.O vento é solto,é livre, é forte;é sul, é norte.O vento faz voarnossas imaginaçõesnossas criações...O vento...é rápido, é lento.O vento é ar, é mar,faz bem, faz mal.O vento levapara o sol,para o sal,para o bem, para o mau.O vento venta...O vento...

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Outros sonhos

De sonhos nos vestimos e para as ruas saímos Ruas da vida com suas chagas e feridas. Nossos sonhos alimentam nossa vontade de viver. Sonhos são reais. Fantasias fantasiadas... de realidade,

Sonhos de criança se apagam quando cresce?

Sonhos de adultos, assustam as crianças?

Quem não sonha, é porque não dorme?

Todo sonho tem um preço. Todo sonho tem um custo. Sonhar é bom, mas pagar seu preço nem sempre nós queremos

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Ouviram do Ipiranga mas não ouvem

os gritos dos miseráveis das vítimas inocentes

da inocência violentada

das mães desesperadas pelo seu filho drogado

dos pais agoniados pelos empregos

que se foram

Brasil Brasil que a ditadura me iludiu

me fez cantar com emoção e a mão no coração

onde andas, ou sumiu? ou nunca exisitiu?

Brasil, pátria que me pariu.

Brasilpátria amada idolatrada salve salve

salve-nos ó mãe gentil dos políticos imorais com aparências de legais

salve-nos da insegurança e da ganância

dos donos de castelos dos cartões corporativos dos Lalaus e Jefersons dos Colors e Malufs

pátria que nos pariu berço esplêndido

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Solidão

A solidão me assusta Ao mesmo tempo que me atrai Quando estou só, sinto medo. Medo da solidão Meus pensamentos me arrastam Pra onde, não sei Pessoas me visitam Amigos, conhecidos... Todos povoam minha mente Onde estão agora?

A solidão me assusta Tenho medo de ficar só Não quero, não posso. É estranho essa sensação De nada, de ninguém, De silêncio, de ausência, Porque é tão difícil Difícil ser feliz, Difícil me encontrar

A solidão sempre me encontra... Sempre me encontra.

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Sonhos

De sonhos me vesti E para a rua sai A procura de um sol... De um sol que brilhasse. Mas veio a noite E a lua não apareceu As estrelas se apagaram E o céu se escureceu. Os meus sonhos se desmancharam; Em pesadelos se tornaram... Hoje passo as noites A vagar pelas ruas Esperando amanhecer Esperando o sol nascer... Hoje vago pelas ruas A procura de meus sonhos A procura de uma luz Hoje vago pelas ruas Procurando pelos meus sonhos Que o tempo os desfez...

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Seres (asquerosos) humanos

Já reparou nos seres humanos??? Seres estranhos ao extremo São feios, quando se acham lindos. São imbecis, quando se julgam espertos. São maldosos, quando tentam ser bons. Irracionais, usam drogas sabendo que mata. Se encharcam de álcool, sabendo fazer mal. Matam seus semelhantes, se dizendo irmãos. Cristãos, mas não toleram outra opinião. Amam uns animais, e comem outros. Quando morrem, apodrecem logo. Quando vivos se acham melhores. Vivem acumulando riquezas, achando que caixões tem gavetas. Quando lideram, mandam, desmandam, Ordenam, trucidam, maltratam. Quando são povo, se dizem humildes, Se vitimam, se justificam. Seres humanos... se matam entre si, Independe se são do mesmo sangue. Animais humanos que se dizem racionais , inteligentes, espertos... Animais no real sentido da palavra Sem escrúpulos, sem moral, Sem noção, sem sentimentos, Criam as guerras, criam as doenças, Criam a maldade, criam as dores.... E depois oferecem a cura Se faz de herói.... Seres humanos... Sou ser humano... O mal e o bem vivem dentro da gente....

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Dias

Ás vezes perco o chão

sem noção...

sem rumo

perco o prumo.

Ás vezes não me acho

me perco rio abaixo

outras vezes...

outras vezes inflo o ego

e me pego

sentindo o poderoso

faço contato com universos

sinto cores

ouço flores

faço versos.

Alguns dias estão cinzas

outros coloridos

dias sem controle

noutros eu controlo

Assim a vida passa

e ás vezes ela me acha

e se encaixa

mesmo quando eu não me acho.

Ás vezes em minhas buscas e procuras

acabo me achando

me achando menos ainda....

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Que fiz eu ?

Quero ser normalter minha idade real.Quero ser apenas umou talvez nenhum.Falar de tudo para todos.Quero me encontrarnos eus que eu criei.Juntos todos em um só.Falar de todos para todos.Me fiz anjo,me fiz demônio,me fiz a curae a doença.A alegria e a tristeza,o sorriso e o choro,o erro e o perdão.O desespero e a esperança.Me fiz céu e fui ao inferno.Criei o doce para sentir o amargo.Hoje vivo a vagarpelas almas que criei,tentando encontraralguém que já matei

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Page 41: Anotações ao vento

LÁGRIMAS SECAS

Quantas lágrimas deixamos secarantes de sair de nossos olhos?Quantas vezes rimos com os lábios,mas nosso olhar chora copiosamente?

Às vezes rir é o melhor remédiomas a lágrima insiste em rolar.Fazemos outros rirem, se alegraremmas nosso interior chora.

Muitas vezes nossa vida muda tudotroca tudo de lugar, deixa de ponta cabeça.Outras vezes nós é que mudamosreviramos nossa vida.

Cada dia um leão para matarum caça para caçar.Cada dia uma lutauma guerra a travar.

Cada dia um dia a menosa menos pra lutar.Um dia a mais,mais da morteaproximar.

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Page 42: Anotações ao vento

Cada dia . . .

Cada dia é único,Cada minuto e segundo são únicos.Os sentimentos mudam a cada momento.Nem sempre tenho as mesmas emoções.Às vezes to centrado, outras avoado.Outras penso que posso mudar o mundoou que sou o centro dele.Às vezes a solidão me pegamesmo com pessoas ao redor.Tento me encontrar e me perco mais.O humor se altera ao sabor do vento.O sorriso às vezes dói.Pensamento nunca para.Agita, se move, voa, grita e quer sair.Viaja e volta ao ninho.Se aquieta e vai dormir.Olhos. Mãos. Corpo.Cada dia é diferente.Todo dia é novo.Ouço as cores das imagens,sinto o aroma dos sonse vejo o sabor das flores.Desconexo. Complexo.Vivo cada dia.Amanhã não sei se existirá.E o ontem já passou.Cada dia...até um dia em que não haverá mais,não haverá mais um dia.E fim.

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Page 43: Anotações ao vento

Dias a passar

alguns dias passam ligeiros

outros nem tantos

uns queríamos que fossem mais rápidos

mais um dia se foi?

ou seria menos um dia?

menos um dia de nossa existência

menos um dia para se desculpar

para dizer a alguém que a amamos

menos um dia para viver

mais um dia que vivemos

mais um dia que se foi

amanhã é um novo dia

mais um dia

amanhã podemos acertar

fazer o deixamos de fazer hoje

sermos melhores

ontem se foi, não dá para voltar

amanhã nem sabemos se chegará

nos resta o hoje, o agora

essa é a nossa certeza

somente o hoje nos pertence

somente o agora

e só.

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Page 44: Anotações ao vento

Lembranças

me lembro do longo caminhoque tinha de percorrer para chegar até a escolada casa onde moravado rádio ligado com som de violasnos fins de tarde, e o por do sol triste de meu pai sentado normalmente caladoa meditar passando a mão pelos cabelos dos meus amigos imaginários(alguns vivem até hoje) me lembro das colheitas de feijão e arroz da kombi que vendia sorvetese que só passava aos domingos da minha primeira professora,que encontrei há poucos anos enão tive coragem de falar com ela lembranças nos acompanhame nos pegam de surpresa quando menos esperamos lembranças podem doer,nos fazem chorar mas as lembranças somos nós sem elas não existimos.

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Page 45: Anotações ao vento

Tristeza

Dias de chuva sempre me deprimem.Me deixam down.É estranho como cada dia é diferente do outro.É estranho como a tristeza vem e se instala.È uma dor que consome o nosso ser.Uma sensação de agonia.Um sensação de cair.De fazer muitas coisas e ao mesmo tempo fazer nada.Ela vai, mas sempre volta.E fica. E atormenta.Mesmo que por horas.É o sentimento que não se vê.Mas está lá.Sempre está.É uma imagem cinza.Como o olhar de uma criança faminta.Uma vontade de sair e andar sem rumo.De fugir, mesmo sabendo que ela irá junto.É como um dia que não tem sol.Névoa. Neblina.A morte ao lado.Tem dias que são assim.Muitos dias são assim.Sempre serão.

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Page 46: Anotações ao vento

Apenas eu

apenas eu,

mas quem sou exatamente?

me procuro e nunca me encontro.

tenho meus medos, minhas frustrações.

medo de envelhecer, medo da ignorância.

medo de solidão, ao mesmo tempo que a procuro.

choro às vezes, mesmo sem saber o porque.

minha maior dificuldade:

disfarçar minha insanidade

meu maior defeito:

sinceridade

o que menos gosto:

o ser humano

o que mais gosto:

o ser humano

uma paixão:

música

uma razão de viver:

a própria vida,

tão simples e complicada.

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Page 47: Anotações ao vento

Ver . . .

Feche os olhos.Isso. Assim mesmo.Abra e sinta a luz veja as coisasao seu redor.De novo.Feche.Mais tempo agora.Incomoda?Desagradável?Vamos de novo.Agora mais tempo.De olhos fechadostente fazer algo,algo simples.Difícil ?Então, abra os olhosolhe à sua volta.Veja a beleza de tudoe seja grato !!Simplesmentepor tudo .

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Page 48: Anotações ao vento

Desequilibrio

É tudo muito estranho.

A Sensação, os sentimentos,

a impressão de que se está em um sonho.

Um sonho ruim que vai acabar e que você vai acordar.

A sensação de vazio, de perda de razão, a vontade de ficar sozinho.

As caminhadas longas sem nenhum sentido,

a vontade de ir caminhando até onde suas pernas aguentarem

e para onde te levarem. Sem rumo certo, sem destino……

O medo da loucura que se instala aos poucos.

A cada dia, que passa rápido, ás vezes sem pressa. A dor invisível.

O aperto no peito, a incompreensão. A traição.

Os sentimentos negativos que vão e vem.

Raiva, decepção, ódio, desgosto, todos eles misturados em um só.

A dúvida e a incerteza de que se tudo poderia ter sido diferente.

Tudo poderia estar mudado. A incapacidade de mudar.

A necessidade de aceitar o inaceitável.

Os pensamentos em total desequilibrio, a fuga, o disfarce,

a máscara e o teatro.

Cada cabeça uma sentença, sim,

cada um com seu modo de pensar e de ver as coisas.

Meu modo de ver as coisas não me ajuda em nada, só me sufocam.

Queria ir embora, ou melhor, nem ter vindo.

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Page 49: Anotações ao vento

Dúvidas

Talvez seja mais fácil

fugir dos problemas.

Mas eles sempre

nos encontrarão.

Talvez seja mais simples

jogar a culpa no destino.

Mas somos nós que o fazemos.

Então a culpa é sempre nossa.

Talvez seja tudo uma ilusão.

Mas uma ilusão real.

Enfim, talvez seja

melhor viver.

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Page 50: Anotações ao vento

Talvez, outra vez . . .

talvez seu caminho mais longoseja aquele que você tenha de fazer sozinho

talvez sua dor mais crucialseja aquela que tenha de sofrer escondido

sua pior fome talvez seja aquelaque não nunca se sacia

seu pior pesadelo seja aqueleem que você nunca acorde

sua maior alegria seja aquelaque você ainda não sentiu

talvez sua alma gêmeajá tenha morrido do outro

lado do mundocansada por te procurar

talvez aquele rosto que tanto procuravocê não vá encontrar

talvez aquela rua por onde vocêpassou hoje, você nunca mais vá passar

talvez aquela lágrima que vocêdeixou escorrer nunca sequetalvez você leia essas linhas

apenas uma veztalvez você ache que é feliz

apenas talveztalvez……

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Page 51: Anotações ao vento

Escola

Ínicio de 1973.Primeiro dia de aula.Ansiedade. Tensão.Palavras que eu nunca tinha ouvido.Mas era o que sentia.Sempre sozinho.Vida rural é assim.Escola. Pessoas. Tudo era novo.O lanche: pão caseiro com goiabada.Goiabada caseira.Minha mãe que fez.Carteiras duplas. Interessante.Só conhecia uma pessoa.Uma menina que morava perto de casa.Éramos amigos.Eu, ela, seus irmãos e outros de perto.Estudava após o almoço.Hora do recreio.Intervalo.Lá vou eu procurar minha amiga.Acho que para diminuir a tensão.E vem um senhor com cara bem séria.Me diz: meninos ficam do outro lado.Separados.Primeiro dia de aula.Ínicio de 1973.

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Page 52: Anotações ao vento

Leite com polenta

Existem certas lembranças que não nos abandonam,independente do tempo que passe.Ontem comi polenta com repolho.E me lembrei de uma cena de minha infância.Meu pai comendo leite com polenta.Parece estranho, mas a lembrança foi boa.Me lembrei da caneca com leite quente com cafée polenta picada acrescentada.Consegui sentir o sabor, o aroma..A cena toda me veio à mente.Hoje de manhã comi leite com polentacom cevada, pois não tomo café.Ficou bom.Mas a lembrança ainda foi maior.Me lembrei de outra cena.Me pai, lavrador, homem do campo.Corpo atlético pelo trabalho.Me lembrei quando ele voltava pro café da tarde.Se alimentava com café e pão caseiroe se deitava no chão para o descansoe sempre acabava dormindo.Não sei porque mas tinha medo que ele morressee sempre fica por perto vendo a respiraçãoe me tranquilizava.São cenas que nunca comentei com elealiás, com ninguém.Interessante como certas lembranças não se vão.Nunca se vão…

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Page 53: Anotações ao vento

Perdas

É incrível como as perdas fazem parte de nossa vida mas nunca nos acostumamos com elas.Me lembro de quando eu era garoto, encontrei umpedaço de ladrilho e achei muito bonito.Sua cor, textura, achava meio mágico.Pode parecer insano, mas sentia isso.Um belo dia, meu irmão acabou sem querer derrubando-oe ele virou cacos.Não sei expressar em palavras os sentimentos da época,mas só posso dizer que doeu muito, chorei muito,derramei todas as lágrimas que podia.Eu sabia que jamais teria meu ladrilho inteiro novamente, e ninguém, absolutamente ninguém poderia me trazer de volta.Não podia voltar o tempo, era impossível.Não sei por quantos dias fiquei triste com isso, talvez até hoje essa passagem tenha reflexos em mim.Só sei que aprendi que a vida nos leva certas coisas que gostamos sem nos consultar, sem querer saber se vamos sofrer ou não.Sei que pode parecer estranho usar a perda de uma coisa insignificante como um ladrilho, mas na vida de criança era importante, havia me apegado à ele.Todos vamos perder algo um dia.Todos perdemos. Faz parte da vida. Não dá para mudar.Aprendemos a conviver com as perdas, mas não as aceitamos.Simplesmente não temos outra escolha, outra opção.Simplesmente perdemos .

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Page 54: Anotações ao vento

O leitor

E de repente ele percebeu que não mais vivia uma vida comum...Seus dias passaram a ser vividosdentro dos livros e todos os personagens que ele havia lido,passaram a conviver com ele.Sua vida passou a ser sua histórias,ficção se misturou com realidade.A maldade e a pureza, o belo e o feio,o sagrado e o profano.E de repente ele não vivia mais umasó vida, mas muitas vidas...Ele então percebeu que magiase ocultava por trás da capa de cada livro.E isso o fazia feliz....

Ler o fazia feliz..

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Page 55: Anotações ao vento

tardes de verão

Nas frias tardes de verão

Quando borboletas voavam

Como libélulas insanas

Drogadas de aerosol

Assim eram meus dias

Incertos, inseguros

Inúteis, perdidos

Como noites quentes

De um inverno inclemente

Onde nada nos aquecia

Nem o ódio

Nem uma prece

Assim se passavam minhas noites

Longas e tristes

Escuras e distantes

Assim foram meus dias

Minha vida

E minha busca

Uma busca vã

Sem encontrar nada

Assim foram se os dias

Isso há muito tempo

Hoje nada busco

Hoje nada mais há

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Page 56: Anotações ao vento

Um dia

E um dia

O menino

Aprendeu a andar;

E ele correu.

Aprendeu a falar;

E cantou.

Aprendeu a ver;

E enxergou a vida.

Aprendeu a ler e escrever.

E nesse dia

Aprendeu a viver.

Viver vidas.

Não uma só.

Mas muitas vidas...

E viveu !

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Page 57: Anotações ao vento

O tempo

Quanto tempo já perdi

olhando o tempo passar

e junto levou minha vida

tempo e vida não voltam mais.

Olhando o tempo que se foi

hoje me dei conta

que ele mais

da minha metade levou,

a vida eu eu tinha

pela frente hoje não tenho mais

foi levada pelo vento

pelo vento do tempo

ó tempo, tempo

inimigo cruel

que nos mata devagar.

Quanto mais tempo perdemos,

mais ele nos roubará.

Se dermos tempo ao tempo

ele nada nos dará !!

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Page 58: Anotações ao vento

Estradas

Nas estradas por onde andei

muitas vidas encontrei

com a morte ja cruzei.

Gente boa, gente má,

sol quente e chuva fria.

Nas estradas caminhei

lado a lado com a sorte

e algumas vezes

com a morte,

para o sul e para o norte.

Indo, vindo, voltando,

subindo, descendo.

Pessoas encontrei

outras se foram.

Saudades.

Estradas.

Estradas da vida.

Vida sofrida . . .

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Page 59: Anotações ao vento

O mendigo

Parado em frente ao barsua roupa surradatanto quanto sua vida.O cheiro do pingado quenteinvade o seu ser.A fome de três dias.A dor sufoca o peito,o viver sem ter porque.A vida perdidae nunca reencontrada.A família e os amoresdo outro lado da rua, ou do país.O ônibus que já partiue ele na plataforma ficou.Agora parado ali na esquinana porta do barsentindo o cheiro da fomee a dor da vida.Ele fica o olhando o tempoe sua passar.

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Page 60: Anotações ao vento

Vidas Paralelas

Estou aqui,quando queria estar lá.Uso isso,quando queria usaraquilo.

Faço assim,mas queria fazerassado.

Se me mandamparar,quero seguir.

Quando chovepenso no sol.Em dia ensolaradome lembrodos dias cinzentos.

Assim, tem diasque são assim.

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Page 61: Anotações ao vento

As palavras que não falamos

Muitas vezes temos tanto para dizer,mas engolimos as palavras.só falamos o superficial, o nada a ver.E os sentimentos ficam enroscadosem nossa garganta.Talvez o medo, talvez a falta de comunicação.Ou a escuridão.Palavras só servem quando expressas.

Se não falamos, elas não existem.Se não existem palavras,o que é resta é um abismo.Um enorme e negro abismoque traga sentimentos,os relacionamentose vidas afora.

Quanto nos custavomitar as palavras.Por pra fora o que se sente,esclarecer, escurecer se necessário.Ah, palavras que não falamos, sentimentos que não expressamos.São como pequenas pedras do caminhoque insistimos em guardar nos nossos bolsoscarregando um peso que de nada nos serve.

Vamos esvaziar os bolsos,jogar fora o que não nos serve,vamos falar as palavras que não falamos.

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Page 62: Anotações ao vento

a escuridão no claro dia

escuridão noites diaseterno pesara dor como chumbono peito

pensamentos vagando incertos insanosdúvidasrazãoemoçãoverdades

só a escuridãoe a dor !!!

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Page 63: Anotações ao vento

Vazio

A sensação fria de não estar de não ser de não sentir

O desejo de sair,fugir, sumir epartir...Para onde ?

A necessidade de se encontrar, de se achar... Ou não.

O viversem quererO estarsem estar.O sentirsem sentido.

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Page 64: Anotações ao vento

A peça do quebra-cabeça

Viver num mundo estranho... Diferente. Uma vida nova Onde o sexo supera o amor, O egoísmo supera a amizade, O pior supera o bom. Viver numa época nova, Onde falam mais e amam menos. Matam mais e vivem menos Querem mais e menos tem. Fazer parte de um quebra cabeça completo, Onde você é uma peça solta, Uma peça que não se encaixa, Não vive, ama sem ser amado. Pensa muito e pouco fala. Olha tudo e nada demonstra. Diz o que não deve, e oculta na mente... Aquilo que devia dizer. Vive, sem viver Vive... vivendo por viver. Sem encaixar-se no quebra cabeça maior No quebra cabeça principal: A vida.

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Page 65: Anotações ao vento

Borboletas

O doce sabor da vida

que se escorreu

por entre meus dedos.

O voar da borboleta

por sobre a bela flor

numa tarde quente de verão.

Calor que já se foi

com a última luz do sol.

Hoje não tem mais

flor e nem borboletas.

Nem o sol aparece mais,

hoje tudo é cinza.

Cinza e vazio

como a vida a passar

como a areia escorrendo

na ampulheta.

Como a vida

de um solitário errante

a vagar pelas estradas

de um mundo

de um mundo que

não existe mais.

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Page 66: Anotações ao vento

O EspelhoUm velho é o que vejorefletido no espelho.Olhos friostristes e cansados.Cabelos brancos,a pele flácida,a barba por fazer,os lábios quehá muito não sorriem.O semblante triste.As lembranças que se foram.

A juventude que perdi.Não vejo maiso antigo euque há tempos morreu...

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Page 67: Anotações ao vento

Peras e maçãs

Estranho, não sei porque mas sempre achei que peras e maças eram opostos, rivais, inimigas.... Como Tom e Jerry, Frajola e Piu Piu...

O tempo passa e se percebe muita coisa O opinião formada de antes pode não ser a certeza de hoje... que pode ser a incógnita de amanhã. O amanhã que nem nos pertence, assim como o passado que já foi nosso presente e hoje é lembrança. Não nos pertence mais. Só o hoje é nosso.

Peras ou maças ? Peras e maças.....

Opostos? Rivais? Não, apenas diferentes apenas frutos com formatos, sabores, cores e odores diferentes.

E talvez, aprender a conviver com as diferenças seja o grande barato da vida.

Aprender com o que cada ser humano tem de bom. Compartilharmos o nosso bom.

Não somos rivias, inimigos.... Apenas diferentes. Apenas humanos únicos

Apenas peras e maçãs.

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Page 68: Anotações ao vento

Dia do trabalho

Trabalho...? que trabalho ?

Trabalho de andar o dia todo em busca de um trabalho? sim, trabalho duro. Duro como sentir o choro do filho com fome sentir a esperança que finda.

Trabalho de pensar no comer do amanhã; se é que vai ter.

Trabalho de sair cedo, currículos na mão, esperança no coração, e voltar à tarde, mais um dia foi em vão Trabalho....

E o povo? não trabalha não tem trabalho

Comemorar 1 de maio? o trabalhador? sem trabalho? ou os que tem “trabalho” e não trabalham?

Agradeça se tem um e ore por quem não tem !

Mas outros tem sim trabalho...

trabalho de “pagar” viagens

organizar festas e

arquitetar mentiras.

Trabalho de pagar com o

cartão corporativo.

Trabalho das muitas reuniões,

trocando sorrisos,

tapinhas nas costas.

Muito trabalho tentando

calcular e aprovar

o aumento de seu salário.

Trabalho pra se disfarçar

de bom homem,

enganando os homens

os homens sem trabalho

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Page 69: Anotações ao vento

O sono da morte

E na madrugadamesmo o sono não vindoele foi se deitar.No quarto escuroseu leito frio e sombriomais lembrava uma tumba.Pensava na vida,no seu dia-a-diano tempo que passava,na felicidade tão efêmera.Nas frutas que nunca comeu,nos livros que não leu,nos sorrisos que escondeu,nas lágrimas que não deixou escorrer.Pensou na maldade dos homens,na bondade das avós,na beleza dos jovense na animosidadedos adolescentes.Mas o sono não vinha,lembrou-se de Goethe,dizendo que morrerera só não ser visto.E desejou isso.Por fim adormeceupara não mais ser visto,não mais. . .

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Page 70: Anotações ao vento

Morte vida

A cada dia nascemose toda noite morremos.Cada dia uma luta,uma guerra a travar.Dias cinzasde céu claro.Noites de luarcom nuvens negras.Na saúde do doente,na sanidade de louco,na sobriedade do ébrio,no fiel que não tem fé.Toda certezatem sua dúvida,toda dúvida.uma certeza.Toda vidatraz a morte.Toda morteleva a vida. 67

Page 71: Anotações ao vento

Vida se esvaindo

Tem diasque achamos que podemos mudar o mundo.Tem diasque achamos queo mundo vai acabar conosco.Em dias somos bonitosem outros, feios !Uns dias chove,outros diasfazem sol!E a nossa vidavai indo,se esvaindoseria o termomais correto.Mais um dia,menos um dia.É uma cicatriz que não se fecha,uma ferida que não se cura.A felicidade como orvalhoque se derreteao nascer do solE a vida se esvaindo...devagar...

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Page 72: Anotações ao vento

E um dia...

E um dia;um belo dia,ou uma noitenão sabemos;você não estará mais aqui.Apenas um corpo inerteadornado de flores,um cheiro de crisântemos amarelose algumas pessoas chorando.Na maioria serãoamigos, parentes, conhecidos...Enfim, será seu corpo,seu velório.Parece assustador?Mas é assim que é.Não tem como escapar.Sabe essa sua vidaque você leva agora?Pois é, sinto lhe dizer,mas você não sairá vivo dela !!Sim, sim.Então meu carodeixe de arrogância,deixe de maldade,de rancor, de falar mal,deixe de ser miserável,mesquinho, fútil,pecaminoso...Ainda há tempo...No final só será vocêe um acerto de contas.

Duvida disso?

Então espere !!

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Page 73: Anotações ao vento

Para um amigo que se foi

E de repente

seu amigo está doente.

Mas ele ficou bom

e você nem foi vê-lo.

O tempo passa

a vida continua

andando nos trilhos

como sempre fez.

Dias, semanas, meses e anos.

Ás vezes você vê

seu amigo

quando os caminhos

de suas vidas

se cruzam.

Ele está bem.

Você está bem.

Dias, semanas, meses e anos.

Você está bem;

seu amigo não está.

“Preciso vê-lo”

Você diz.

Os dia passam.

Seu amigo piora,

você fica sabendo.

“Vou visitá-lo”

Você diz.

Telefone para você.

Seu amigo faleceu.

O silêncio. A dor.

O remorso.

Você não foi vê-lo.

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Page 74: Anotações ao vento

Caminhos

Olho para a frentenão vejo o fim da estrada,muita genteme vê e não diz nada.Muitas árvores ao meu lado,e eu sem ninguém ao lado,vou seguindo meu caminhovou com Deus, vou sozinho.Olho para trásMuita coisa ficou lá;muita coisa já passou;mas muito está por vir.Olho no rosto das pessoasQue me olham nos olhossem nada dizercomo se eu fosse um monstro.Não, não sou.Só estou cansado e desanimado,só estou frustrado.Se ando por esses caminhos,É porque procuro algoque ainda não encontrei..A tal felicidade !

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Page 75: Anotações ao vento

Para onde ?

Em que pontoas linhas paralelasse cruzam ?

Qual sabor dafruta que aindanão provei ?

Qual cor do sanguede quem tem“sangue azul” ?

Quantos anosainda vamos viver ?

Para onde os rioscorrem ?

Para ondevão os anosquando elesse acabam?

Para onde ?Onde para ?Para onde ?

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Page 76: Anotações ao vento

Vida

A cabeça girameu corpo transpirae me inspira...Minha vida sussurae me empurrae me surra...Minha cabeça rodae me poda.Poda minha ilusões,minhas imaginações,minhas criações...Minha cabeça se agita,grita e suplica,pede e impede...O mundo não me explica,só complica.O mundo não me ajuda,não me acode.O mundo me explode...Em meu coração só um clama:Senhor, me chama...

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Page 77: Anotações ao vento

Epílogo

Hoje amanheceu escuro,

sem sol, como se tudo estivesse

atrás de um muro.

Hoje morderemos o anzol,

beliscaremos a isca, cairemos na rede

e mesmo no oceano passaremos sede.

Hoje ela virá nos buscar,

mesmo sem avisar, mas virá...

Virá e nos levará.

Nos levará pela escuridão,

mais escuro que hoje, que amanhã;

nos levará para a imensidão;

para o fundo, para debaixo do chão.

Mas...não tenha medo não !

Amanhã será amanhã,

Será outro dia, novo dia.

O sol voltará a brilhar

e tudo será como deveria estar...

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Page 78: Anotações ao vento

Neblina

Na madrugada friana rua nada se via,só a neblina caia...Escura e forte.Apenas um vulto,apenas a morte..a sorte...Caminhando rumo norte,procurando pela morteou pela sorte...Na rua escura e frianada de viaapenas uma neblinae um vulto que ia,que ia e ia...

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Page 79: Anotações ao vento

Nosso tempo

Tenho certezaque no tempoem que me encontronão é o tempo do meu tempo.

Pelo tempo que eu vivonão tenho tempo para pensarse há tempo a perder.

Vejo você nesse temponosso tempo perdidonossos entes queridosnossos quereres banidos.

Não há tempo a perdereu só quero querereu só quero vivernão há tempo a perdernão há tempo a perdernesse temponosso tempotempo...

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Page 80: Anotações ao vento

Lutas

Quando cai a tardee o dia se vaivão-se as ilusõesvão-se os sonhos.Vem à tona a dura realidade,a dor da verdade,a verdade da pobreza,a necessidade de vivere de se fazer viver.A verdade triste e cruel,amarga como fel.Negra como um véu de luto,como um ladrão oculto,oculto atrás do muro,nas trevas, no escuro,e vem para a claridade,perturbar nesta cidadepessoas de toda idade..Quando a noite passae o novo dia nascenascem tambémas novas esperançasde vencermos nossas lutasnossas guerras e labutas...

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Page 81: Anotações ao vento

Outros caminhos

Olho para a frentenão vejo o fim da estrada.Muita gente me vêe não diz nada.Muitas árvores ao meu ladoe eu sem ninguém ao lado.Vou seguindo meu caminhoacompanhado ou sozinho.Olho para trásmuita coisa já ficou lá,muita coisa já passou,mas muito está por vir.Olho no rosto das pessoasque me olham nos olhossem nada dizercomo se eu fosse um monstroNão, não sou;só estou cansado e desanimadosó estou frustrado.Se ando por esses caminhosé porque procuro algo que ainda não encontrei...Felicidade.

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Page 82: Anotações ao vento

Obrigadopor deixar as janelas abertas

para o vento levarminhas anotações

para dentro de sua mente e de sua vida...

O vento nunca deixará de existir...e sempre haverá

anotaçõesvoando por aí ...

Page 83: Anotações ao vento
Page 84: Anotações ao vento

anotações ao ventoescritas ao acasopalavras jogadasvoando pelo arpra dentro das cabeçasideias que germinamplantas que não crescem...

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