APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA SELEÇÃO … · Diego pelo apoio, carinho e paciência durante...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CAMPOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL CURSO DE MESTRADO EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL
Rondinelli de Carvalho Ladeira
APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA SELEÇÃO FARMACOECONÔMICA DE MEDICAMENTOS ANTI-HIPERTENSIVOS
POR GESTORES DA ÁREA DE SAÚDE
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ Março de 2014
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – CAMPOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL CURSO DE MESTRADO EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL
Rondinelli de Carvalho Ladeira
APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA SELEÇÃO FARMACOECONÔMICA DE MEDICAMENTOS ANTI-HIPERTENSIVOS
POR GESTORES DA ÁREA DE SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional, da Universidade Candido Mendes – Campos/RJ, para obtenção do grau de MESTRE EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL.
Orientador: Prof. Milton Erthal Júnior, D.Sc.
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ Março de 2014
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RONDINELLI DE CARVALHO LADEIRA
APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA SELEÇÃO FARMACOECONÔMICA DE MEDICAMENTOS ANTI-HIPERTENSIVOS
POR GESTORES DA ÁREA DE SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional, da Universidade Candido Mendes – Campos/RJ, para obtenção do grau de MESTRE EM PESQUISA OPERACIONAL E INTELIGÊNCIA COMPUTACIONAL.
Aprovada em __________ de 2014.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Milton Erthal Júnior, D.Sc. UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Prof. Aldo Shimoya, D.Sc UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Prof. Wendel de Matos Pompilho, D.Sc. UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ Março de 2014
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Professor Milton Erthal Júnior pelo voto de confiança, pela amizade e os conhecimentos adquiridos durante nosso tempo de convívio. A minha amada esposa Sabryne e filhos João Pedro, Letícia e Diego pelo apoio, carinho e paciência durante a jornada deste trabalho. Aos meus amigos Cristiano Oliveira e Sérgio Machado pelo auxílio na execução desse trabalho e de toda a jornada que passamos durante o curso.
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RESUMO
APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA SELEÇÃO FARMACOECONÔMICA DE MEDICAMENTOS ANTI-HIPERTENSIVOS
POR GESTORES DA ÁREA DE SAÚDE
Um problema enfrentado pelos gestores de saúde é a aquisição de medicamentos que, para o abastecimento do SUS, deve-se levar em consideração a efetividade, os custos e a segurança dos mesmos. A análise farmacoeconômica pode ser vista como a descrição e a análise dos custos da terapia farmacêutica para os sistemas de assistência à saúde e para a sociedade. O presente trabalho faz a análise de custo-efetividade de cinco betabloqueadores adrenérgicos usados no tratamento de hipertensão arterial (atenolol, carvedilol, metoprolol, propranolol e sotalol) através de auxílio multicritério à decisão. Tendo em vista gestores de saúde como agentes da decisão, foram testados os métodos de Borda para definição dos pesos dos critérios por especialistas e AHP para escolha do medicamento através do software IPE 1.0. Questionários foram aplicados a sete profissionais médicos especialistas em cardiologia para a comparação dos critérios (efetividade, custo, experiência com o fármaco e segurança), sub-critérios (agravamento da insuficiência cardíaca congestiva, agravamento da doença arterial periférica, broncoespasmo, bradicardia e alterações metabólicas, relativos ao critério segurança) e alternativas à luz dos critérios estudados. O betabloqueador que se apresentou como melhor escolha foi o atenolol (32,38%). O método AHP mostra-se como uma opção para o apoio a tomada de decisão para que gestores de órgãos públicos e hospitais possam adquirir fármacos utilizando análises complexas.
PALAVRAS-CHAVE: Teoria da Decisão; Processo de Análise Hierárquica; Método de Borda; Saúde Pública, Betabloqueadores Adrenérgicos.
7
ABSTRACT
APPLICATION OF A METHODOLOGY FOR PHARMACOECONOMIC SELECTION
ANTIHYPERTENSIVE MEDICATIONS BY HEALTHCARE MANAGERS
A problem faced by health managers is purchasing medicines, to supply the SUS, should take into account the effectiveness, cost and safety. A pharmacoeconomic analysis can be seen as the description and analysis of the costs of drug therapy to health care systems and society. This paper makes the cost-effectiveness of five adrenergic blockers used to treat hypertension (atenolol, carvedilol, metoprolol, propranolol and sotalol) through multicriteria decision aid. Considering health managers as agents of the decision, were tested methods for defining the edge weights of the criteria by experts and AHP for choice of medication through the IPE 1.0 software. Questionnaires were administered to seven professional specialists in cardiology for comparison of criteria (effectiveness, cost, experience with the drug and safety), sub-criteria (worsening of congestive heart failure, worsening of peripheral arterial disease, bronchospasm, bradycardia and metabolic changes relating to criterion security), and alternatives in the light of the criteria studied. The beta-adrenergic blocker who introduced himself as best choice was atenolol (32.38%). The AHP shows up as an option to support decision making for managers of public agencies and hospitals can purchase drugs using complex analysis.
KEYWORDS: Decision Theory, Analytic Hierarchy Process, Method of Borda; Public Health, Adrenergic Betablockers.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Equação farmacoeconômica básica......................................... 17
Figura 2 Macrofluxo do processo decisório............................................. 29
Figura 3 Decisão hierárquica.................................................................. 33
Figura 4 Estrutura hierárquica usada na tomada de decisão para aquisição de betabloqueadores adrenérgicos.......................... 40
Figura 5 Índice de importância relativa aos critérios............................... 48
Figura 6 Resultado final do problema proposto...................................... 48
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Artigos da área médica publicados por categoria utilizando AHP nas bases PubMed, CINAL e PsycINFO....................................... 16
Tabela 2 Critérios usados na seleção e forma de obtenção dos dados............................................................................................. 41
Tabela 3 Preços mínimos, máximos e médios dos medicamentos e estados brasileiros onde são adquiridos....................................... 43
Tabela 4 Efetividade dos fármacos quanto ao efeito anti-hipertensivo................................................................................... 44
Tabela 5 Número e percentual de publicações sobre betabloqueadores localizados no sítio do Pubmed entre outubro de 2001 e setembro de 2011.......................................................................... 44
Tabela 6 Notas e ranking dos efeitos colaterais causados pelo uso de betabloqueadores.......................................................................... 45
Tabela 7 Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de ICC................................................................................................ 45
Tabela 8 Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de alterações metabólicas.................................................................. 45
Tabela 9 Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de bradicardia..................................................................................... 46
Tabela 10 Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de episódios de broncoespasmos...................................................................... 46
Tabela 11 Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de agravamento da DAP.................................................................... 47
Tabela 12 Razão de consistência (RC) dos julgamentos obtidos pelo IPÊ 1.0.................................................................................................. 47
Tabela 13 Matriz de comparação paritária entre os critérios......................... 47
Tabela 14 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério efetividade......................................................................... 60
Tabela 15 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério custo.................................................................................. 60
Tabela 16 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério experiência com o fármaco................................................ 60
10
Tabela 17 Matriz de comparação paritária entre os subcritérios de segurança...................................................................................... 60
Tabela 18 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério agravamento da ICC.................................................... 61
Tabela 19 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério broncoespasmo........................................................... 61
Tabela 20 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério bradicardia................................................................... 61
Tabela 21 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério alterações metabólicas................................................ 61
Tabela 22 Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério agravamento da DAP................................................... 61
Tabela 23 Resultado do cálculo das prioridades dos critérios....................... 62
Tabela 24 Resultado do cálculo das prioridades para o critério efetividade.. 62
Tabela 25 Resultado do cálculo das prioridades para o critério do custo...... 62
Tabela 26 Resultado do cálculo das prioridades para o critério experiência com o fármaco............................................................................... 62
Tabela 27 Resultado do cálculo das prioridades para o subcritério segurança...................................................................................... 62
Tabela 28 Resultado do cálculo das prioridades para as alternativas dos subcritérios.................................................................................... 62
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificação da pressão sanguínea........................................ 23
Quadro 2 Ações específicas dos receptores β......................................... 25
Quadro 3 Classificação dos fármacos antagonsitas β-adrenoreceptores conforme a cardioseletividade.................................................. 25
Quadro 4 Métodos família ELECTRE....................................................... 31
Quadro 5 Escala de julgamentos do método AHP.................................... 34
Quadro 6 Valores de índice de consistência aleatório.............................. 36
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACI – Índice de consistência aleatório
AHP - Analytic Hierarchy Process
AMD – Auxílio Multicritério à Decisão
BPS – Banco de Preços em Saúde
RC – Taxa de consistência
DAP – Doença arterial periférica
ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção
HAS – Hipetensão arterial sistêmica
IC – Índice de consistência
ICC – Insuficiência cardíaca congestiva
MAUT – Teoria da Utilidade Multi-atributo
OMS – Organização Mundial da Saúde
OPAS – Organização Panamericana de Saúde
PIB – Produto Interno Bruto
PNM – Política Nacional de Medicamentos
RENAME – Relação Nacional de Medicamentos
SUS – Sistema Único de Saúde
β – beta
13
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 Formação das matrizes de decisão.................................. 35
Equação 2 Cálculo do auto-vetor........................................................ 35
Equação 3 Cálculo de normalização do auto-vetor............................ 35
Equação 4 Índice que relaciona os critérios da matriz de consistência e pesos dos critérios.................................... 35
Equação 5 Índice de consistência...................................................... 36
Equação 6 Razão de consistência...................................................... 36
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................... 15
1. OBJETIVOS.......................................................................................... 20
1.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 20
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................. 20
2. JUSTIFICATIVA.................................................................................... 21
3. REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 23
3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL E BETABLOQUEADORES...................... 23
3.2 MÉTODO DECISÓRIO.......................................................................... 27
4.2.1 Escola Francesa................................................................................ 30
4.2.2 Escola Americana............................................................................. 31
4.2.2.1Multi-Attribute Utility Theory (MAUT)…………………………………. 32
4.2.2.2 Processo de Análise Hierárquica (AHP).......................................... 32
4.3 MÉTODO BORDA................................................................................. 36
4. METODOLOGIA................................................................................... 38
5. RESULTADOS..................................................................................... 43
6. DISCUSSÃO........................................................................................ 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 53
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SOBRE -BLOQUEADORES
ADRENÉRGICO PARA USO COMO ANTI-HIPERTENSIVO............ 59
APÊNDICE B – MATRIZES DE COMPARAÇÃO PARITÁRIA.......... 60
APÊNDICE C – VALORES DOS CÁLCULOS DAS PRIORIDADES.. 62
15
INTRODUÇÃO
Shimizu (2010) afirma que nem sempre é possível tomar uma decisão
acertada em uma organização. Com exceção de problemas rotineiros, bem
conhecidos e com estrutura de opções bem definida, os demais problemas de
decisão não estão estruturados, sem alternativas de ação e critérios claros sendo
que a escolha da melhor opção quase sempre é caótica e complexa. Isso ocorre,
pois os indivíduos e as organizações não possuem visão clara e completa dos
objetivos e dos meios que definem o problema de decisão. Incertezas, a falta de
estruturação e do tamanho do problema podem inviabilizar a aplicação sistemática
das metodologias de decisão, principalmente daquelas que utilizam julgamentos
subjetivos.
O auxílio multicritério à decisão possui uma abordagem essencialmente
interdisciplinar. Não apenas nos recursos que utiliza, mas no universo de problemas
que se dispõe a ajudar a resolver. Esta metodologia é útil a homens de negócios,
gestores públicos, engenheiros e profissionais de áreas afins, dentro e fora da
academia. Seu enfoque analítico é pertinente na atual conjuntura de complexidade
crescente, de informação abundante e de maior abertura a temas que eram
distantes das corporações privadas (GOMES, 2012).
Vários autores têm discutido a utilização de ferramentas de AMD em uma
ampla variedade de aplicações. As áreas de engenharia e ciências da computação
são as mais estudadas, enquanto que a área médica apresenta menos de 5% do
total das publicações (MENDES; ERTHAL, 2013). Um levantamento bibliográfico
feito por Liberatore e Nydick e publicado na European Journal of Operational
16
Research em 2008, analisaram 50 artigos específicos sobre AHP na área de saúde
e a tabela 1 classifica-os por categoria.
Tabela 1 – Artigos da área médica publicados por categoria utilizando AHP nas bases Pub Med, CINAL e PsycINFO.
CATEGORIA DA SAÚDE TOTAL DE ARTIGOS
Diagnóstico 04
Participação do paciente 08
Terapia/Tratamento 08
Transplante de órgãos 04
Projeto e tecnologia de avaliação e seleção 14
Planejamento de recursos humanos 03
Avaliação de saúde e política 09
Fonte: Liberatore e Nydick (2008) modificado
A Lei n° 8080/90, regulamentada pelo decreto n° 7.508 de 28 de junho de
2011, estabelece que estejam incluídas no campo de atuação do SUS a assistência
terapêutica integral, inclusive a farmacêutica. Para cumprir esta exigência legal o
Estado Brasileiro tem elevado os gastos com saúde ano após ano. O maior número
de idosos e o aumento das doenças crônico-degenerativas foram responsáveis pelo
aumento nos gastos públicos com saúde, que representaram 7% do PIB, dos quais
mais da metade se referem ao setor privado (PIOLA et al., 2009).
Com o intuito de aumentar e qualificar o acesso da população brasileira aos
medicamentos, o Ministério da Saúde criou em 1998 a Política Nacional de
Medicamentos (PNM), que é um elemento fundamental para implementar ações que
promovam a melhoria das condições da assistência à saúde. Uma das diretrizes do
PNM é a adoção da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME) que comtempla
os medicamentos essenciais cuja lista segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS, 1977). Medicamentos essenciais “são os que satisfazem às necessidades
prioritárias de saúde da população. São selecionados por critério de relevância na
saúde pública, pela segurança, eficácia e sua relação custo efetividade” (OPAS,
2007).
Os gestores, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, precisam adquirir
fármacos essenciais à população. A compra destes fármacos deve cumprir a lei de
licitação pública (BRASIL, 1993), que segue o princípio do menor preço para
17
aquisição do fármaco, dentre eles os betabloqueadores, usados para regular a
pressão arterial.
Porém alguns autores vêm trazendo uma nova visão sobre a aquisição de
insumos de saúde, levando-se em consideração outros aspectos além do menor
preço.
Cordeiro (2008) e Rascati (2010), a análise farmacoeconômica é a descrição
e análise dos custos da terapia farmacêutica para os sistemas de assistência à
saúde e para a sociedade. Quanto às intervenções farmacêuticas, a
farmacoeconomia tenta medir se o benefício adicionado por uma intervenção
compensa o custo adicionado por essa intervenção. A Figura 1 descreve uma
equação farmacoeconômica básica, onde se comparam os custos da adição de um
produto ou serviço farmacêutico (RX) aos desfechos.
Figura 1: Equação farmacoeconômica básica (RASCATI, 2010)
Existem quatro tipos básicos de estudos farmacoeconômicos: análise de
minimização de custos; análise de custo-efetividade; análise de custo-utilidade; e
análise de custo-benefício (SECOLI, 2005; TONON et al, 2008; RASCATI, 2010).
Todas as análises avaliam custos, mas diferem quanto aos resultados na saúde da
população. A análise de custo-efetividade é a mais utilizada por ser semelhante à
prática cotidiana e utilizar as mesmas unidades dos ensaios clínicos (SECOLI, 2005);
(RASCATI, 2010).
O presente estudo aplica uma metodologia para aquisição de um
betabloqueador como anti-hipertensivo.
Os betabloqueadores se diferenciam de acordo com o princípio ativo e podem
causar efeitos colaterais diversos, além de ação sinérgica com outros medicamentos.
Muitas vezes, os betabloqueadores de baixo custo causam efeitos colaterais que
provocam o retorno dos pacientes aos postos de saúde, colaborando com a
superlotação das clinicas e hospitais públicos, e elevando os gastos totais no
tratamento dos pacientes afetados. Desta forma, faz-se necessário o uso de
CUSTOS
($)
RX DESFECHOS
18
técnicas e pesquisas específicas para avaliar a classe de medicamentos mais
efetiva e de baixo custo para a população.
Segundo dados do Ministério da Saúde foram gastos, em 2008, R$ 6 bilhões
com internações, exceto partos, sendo que deste montante 58% (R$ 3,5 bilhões)
foram exclusivos para atendimento de doenças crônicas, principalmente as doenças
cardiovasculares (R$ 770 milhões) (SILVA; FERREIRA, 2011). A American Heart
Association ressalta que embora se tenha conseguido enorme progresso na luta
contra as doenças cardiovasculares, desde 1900, essas doenças têm sido a
principal causa de morte entre norte-americanos (SILVA; FERREIRA, 2011).
Segundo Vargas, Guilherme (2009), o crescimento da população de idosos,
os maus hábitos alimentares e a falta de exercícios físicos aumentarão, nas
próximas décadas, o número de doenças crônicas degenerativas do coração.
Consequentemente, espera-se elevação dos gastos com tratamentos intra-
hospitalares, ambulatoriais e seguros sociais por conta destas doenças.
Nos últimos tempos ocorreram grandes avanços na área de tratamento de
doenças coronarianas, inclusive entre os betabloqueadores, que aumentaram a
sobrevida de pacientes hipertensivos (VANZELLI et al., 2010). Segundo a Sociedade
Brasileira de Hipertensão (2012), a hipertensão atinge cerca de 25% da população
brasileira adulta, chegando a 50% após os 60 anos, sendo responsável por 40% dos
infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. Porém,
tais consequências podem ser evitadas com o tratamento adequado.
Apesar de ser conhecida a importância do acesso da população aos
medicamentos essenciais, pesquisas têm demonstrado que o SUS tem falhado na
garantia de direito ao acesso gratuito aos medicamentos padronizados para o
tratamento de hipertensão arterial e diabetes (VOSGERAU; CABRERA 2011). Os
mesmos autores observaram ainda que a aquisição desses medicamentos em
unidades básicas de saúde foi relativamente baixa (54,7%) comparada a de outros
estudos que identificaram taxa de 63,1% em Porto Alegre (2009) e 93,9% em
Maringá (1999).
A seleção adequada e racional de fármacos são necessárias tanto no âmbito
hospitalar quanto na gestão do SUS, devido às inúmeras opções existentes no
mercado, cerca de 3.500 princípios ativos e até 23.000 apresentações comerciais
diferentes, e a uma necessidade de reduzir a um número apropriado dos
medicamentos disponíveis para aquisição. Sendo então, necessário a utilização de
19
métodos que minimizem a subjetividade e permitam tomadas de decisões de
máxima eficiência, disponibilizando uma farmacoterapia de maior qualidade com
menor custo (AMARAL; PROVIN, 2010).
20
1. OBJETIVOS
1.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a melhor opção de compra de medicamentos betabloqueadores
adrenérgicos para uso como anti-hipertensivos utilizando métodos de auxílio à
decisão.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a melhor opção de compra de betabloqueadores, medicamento usado
para tratamento de hipertensão arterial, pelos gestores da área de saúde.
Avaliar, junto a especialistas médicos cardiologistas, as características acerca da
efetividade e segurança dos medicamentos betabloqueadores adrenérgicos
utilizados no controle da hipertensão arterial.
Fazer a análise de custo-efetividade de betabloqueadores para tratamento de
hipertensão arterial, à luz de quatro critérios distintos e conflitantes entre si.
Aplicar ferramentas de auxílio multicritério à decisão, os métodos de Borda e
Processo de Análise Hierárquica (AHP), para definir critérios e selecionar um
betabloqueador.
21
2. JUSTIFICATIVA
O crescente aumento da expectativa de vida da população, mudanças nos
hábitos alimentares e de vida, o estresse fazem com que haja um aumento do
número de doenças crônico-degenerativas, incluindo as doenças cardiovasculares,
como a hipertensão.
Os gastos com saúde no Brasil equivalem aos do Japão, Reino Unido e são
menores que França, Alemanha e Dinamarca (10%) e Estados Unidos (15%), porém
maiores gastos em saúde não se refletem, automaticamente, em melhores
indicadores de desempenho, o Japão gasta um percentual menor que o dos Estados
Unidos, mas apresenta melhores indicadores de expectativa de vida ao nascer e
mortalidade infantil (PEDROSO, MALIK, 2011).
Nos anos 1980, iniciou-se uma nova configuração para a saúde pública. O
movimento da reforma sanitária proposto por grupos de profissionais ligados à área
da saúde, sugeria mudanças e transformações nesse campo, baseando-se na
Constituição Federal que afirma que a saúde constitui um direito do ser humano,
sendo papel do Estado sua garantia, bem como o acesso universal aos bens e
serviços de saúde (PAULA, 2009).
Com a criação da Política Nacional de Medicamentos em 1998, ampliou-se a
oferta de medicamentos oferecidos à população pelo SUS. Por outro lado, a
aquisição desses medicamentos tornou-se motivo de preocupação pela evolução
dos gastos. Dados do Ministério da Saúde mostram que enquanto os gastos com
saúde aumentaram 9,6%, os gastos com medicamentos aumentaram 123,9% no
período entre 2002 a 2006 (VIEIRA, 2009).
22
O presente trabalho justifica-se devido a grande quantidade de opções de
betabloqueadores no mercado, sendo que cada um apresenta um princípio ativo
diferente, que geram efeitos colaterais diferenciados, o que torna difícil para os
gestores da área de saúde tomarem uma decisão acertada durante o processo de
escolha na aquisição deste tipo de medicamento.
Ferramentas de auxílio à decisão minimizam a subjetividade na escolha,
permitindo aos decisores escolhas mais acertadas, disponibilizando fármacos de
maior efetividade e segurança a custos mais baratos.
23
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL E BETABLOQUEADORES
O coração é o responsável por fazer o sangue circular por todo o corpo. A
força exercida por ele durante o bombeamento do sangue pelos vasos é chamada
pressão arterial que é considerada normal, em média, para valores iguais ou
inferiores a 120 mmHg para pressão sistólica1 e 80 mmHg para pressão diastólica 2
(PAGE, 2004; BRASIL, 2012). O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012) considera que
a hipertensão arterial ocorre quando a medida da pressão se mantém
frequentemente acima de 140 por 90 mmHg. O quadro 1 traz a classificação da
pressão sanguínea:
Categoria Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
Normal <130 <85
Normal elevada 130-139 85-89
Hipertensão
Estadiamento 1 (brando) 140-159 90-99
Estadiamento 2 (moderado) 160-179 100-109
Estadiamento 3 (grave) 180-209 110-119
Estadiamento 4 (muito grave) ≥210 ≥120
Quadro 1: Classificação da pressão sanguínea. Fonte: Page (2004)
1 Pressão sistólica: representa a maior pressão no interior da artéria e corresponde à sístole ventricular cardíaca. 2 Pressão diastólica: representa o relaxamento ventricular (diástole) a PA diminui.
24
A Sociedade Brasileira de Cardiologia durante a VI Diretrizes de Hipertensão
(2010) ressalta que a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um fator importante na
morbimortalidade gerando risco de várias doenças. Por ser uma doença
assintomática, os custos do tratamento e a falta de entendimento da patologia por
muitos dos pacientes fazem com que eles procurem terapias não farmacológicas,
como alívio do estresse e remédios caseiros (PUCCI, 2012).
Azambuja (2008) afirma que os custos diretos anuais da sociedade brasileira
em 2004 atribuídos a casos de doenças cardiovasculares graves superam os R$
11,2 bilhões, distribuídos entre os setores público (47,3%), saúde suplementar
(18,8%) e desembolso direto (33,9%).
Para Page (2004), na maioria dos pacientes com hipertensão, a pressão
sanguínea se eleva progressivamente ao longo do tempo. O tratamento passa a ser
necessário para o resto da vida para se reduzir os riscos cardiovasculares ao longo
de muitos anos.
Rang (2007) afirmam que o tratamento envolve medidas não-farmacológicas,
como a prática de exercícios físicos, redução no consumo de sal, de gorduras
saturadas, de álcool, substituindo por frutas e fibras e a redução do peso corporal,
seguidas pela introdução de fármacos, de forma gradativa. O início do tratamento
com fármacos que tenham benefício comprovado e com menor probabilidade de
gerar efeitos colaterais.
Quanto ao tratamento medicamentoso, os betabloqueadores adrenérgicos
também chamados de antagonistas dos receptores β-adrenérgicos são
recomendados como medicamentos de primeira escolha em hipertensão arterial.
Este medicamento age reduzindo o débito cardíaco (WANNMACHER, 2007). Esta
classe de fármaco tem recebido especial atenção clínica devido à sua eficácia no
tratamento da hipertensão. Suas propriedades farmacológicas podem ser explicadas
a partir das respostas produzidas por vários tecidos e pela atividade dos nervos
simpáticos desses tecidos (GOODMAN; GILMAN, 2010).
Apesar do seu mecanismo de ação não estar totalmente elucidado (PAGE,
2004), atuam sobre os receptores β-adrenérgicos que se localizam
predominantemente no coração, nas artérias e arteríolas do músculo esquelético e
nos brônquios, bloqueando o estímulo cardíaco causando vasodilatação e
broncoconstrição (KOROLKOVAS, 2009).
25
Os betabloqueadores adrenérgicos inibem as resposta cronotrópicas,
inotrópicas e vaso constritoras geradas pelas catecolaminas nos receptores beta-
adrenérgicos, que são em número de três (β1, β2 e β3), todos ligados às proteínas G
(HELFAND, 2007) .
Bortolotto e Colombo (2009) descrevem as ações dos receptores β dependem
da localização do tecido-alvo, sendo que os receptores demonstrados no quadro 2.
Korolkovas (2009) classifica esses fármacos conforme sua
cardiosseletividade e atividade agonista parcial, o quadro 3 demonstrada essa
classificação.
Ações específicas dos β receptores
Receptores β1 Receptores β2 Receptores β3
Aumento do débito cardíaco, por aumento da frequência cardíaca e do volume ejetado em cada batimento.
Liberação de renina nas células justaglomerulares.
Lipólise do tecido adiposo.
Relaxamento da musculatura lisa (como nos brônquios, sistema gastro-intestinal, urinário e útero gravídico).
Liberação de renina nos rins.
Dilatação das artérias do músculo esquelético.
Lipólise do tecido adiposo.
Glicogenólise e gliconeogênese.
Inibição da liberação de histamina nos mastócitos.
Predominantemente efeitos metabólicos como a estimulação da lipólise do tecido adiposo.
Quadro 2: Ações específicas dos receptores β.
Antagonistas β-adrenoreceptores
Cardiosseletivos Não seletivos Drogas com atividade α1
antagonista adicional
Acebutolol* Atenolol Betaxolol
Bevantolol Bisoprolol Celiprolol Esmolol
Metoprolol Practolol*
Alprenolol* Carteolol* Nadolol
Oxprenolol* Penbutolol*
Pindolol* Propranolol
Sotalol Timolol
Bucindolol Carvedilol Labetalol
*possuem atividade β1-agonista parcial
Quadro 3: Classificação dos fármacos antagonistas β-adrenoreceptores conforme a cardiosseletividade. Fonte: Page (2004)
Em relação à segurança dessa classe farmacológica, os principais efeitos
adversos relatados surgem devido ao bloqueio dos receptores β; os efeitos adversos
graves não-relacionados com o bloqueio são raros (GOODMAN; GILMAN, 2010).
26
Diversos autores, como Page (2004), Korolkovas (2009), Goodman ; Gilman,
(2010), descrevem que os principais efeitos adversos relacionados ao uso de
betabloqueadores são:
Agravamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC);
Agravamento da doença arterial periférica (DAP)
Bradicardia;
Broncoespasmo;
Alterações metabólicas.
A ICC pode ser induzida uma vez que o sistema nervoso simpático auxilia o
desempenho cardíaco em pacientes com comprometimento da função do miocárdio,
assim sendo, o bloqueio β-adrenérgico pode causar insuficiência cardíaca ou
exacerbá-la em pacientes com insuficiência cardíaca compensada, com infarto
agudo do miocárdio ou cardiomegalia (GOODMAN; GILMAN, 2010).
Segundo Goodman; Gilman (2010), a farmacoterapia com betabloqueadores
não deve ser mantida em pacientes que se queixam de extremidades frias durante o
tratamento devido ao desenvolvimento do chamado fenômeno Raynaud. Este
problema é um tipo de doença arterial periférica (DAP) que foi caracterizada por
Rang (2007) como sendo uma palidez dos dedos durante vasoconstrição, seguida
por cianose pela desoxigenação do sangue em estase e vermelhidão por hiperemia
reativa após o retorno do fluxo sanguíneo. A vasoconstrição de pequenas artérias e
arteríolas, que pode ser leve a intensa, causa ulcerações e gangrena nos dedos.
Katzung (2007) reitera que os betabloqueadores exercem efeitos importantes
sobre o coração, porém os efeitos negativos inotrópicos e cronotrópicos são
previsíveis. Goodman; Gilman (2010) esclarecem que em pacientes com erros na
condução átrio-ventricular, os antagonistas β-adrenérgicos podem causar
bradiarritmias fatais, principalmente em pacientes que fazem uso concomitante de
outros agentes antiarrítmicos, passíveis de afetar a função do nodo sinusal ou a
condução átrio-ventricular.
Os antagonistas β-adrenérgicos bloqueiam receptores β2 na musculatura lisa
dos brônquios que são responsáveis pela broncodilatação, portanto, tais
medicamentos devem ser evitados em pacientes com asma. Antagonistas β1-
receptores possuem alguma vantagem, porém nenhum mostrou-se suficientemente
27
específico para evitar completamente interações com adrenorreceptores β2 (PAGE,
2004; KATZUNG, 2007; GOODMAN E GILMAN, 2010)
Reck (2011) afirma que como os diuréticos, o uso de betabloqueadores está
relacionado à piora do controle glicêmico e aumento na incidência de diabetes
melitos, devido à diminuição da captação muscular de glicose e aumento da
resistência insulínica causada pela vasoconstrição periférica dos betabloqueadores.
Nenhum fármaco atende a todas as necessidades de ser o mais efetivo, o
mais seguro e com menor custo. Para se escolher a melhor opção é preciso se levar
em consideração todos esses critérios, apesar deles poderem ser conflitantes, faz-
se necessário a utilização de métodos decisórios para escolher imparcialmente a
melhor opção.
4.2 MÉTODO DECISÓRIO
Dentre vários significados, o dicionário Houaiss (2012) define a palavra
“decisão” como sendo uma resolução tomada após julgamento; ou fato que
determina os rumos de um acontecimento ou resultado final de um conflito.
Figueira (2005) cita grandes filósofos, como Aristóteles, Platão e Tomás de
Aquino, que afirmavam que o que diferencia os humanos dos animais é a sua
capacidade de tomar decisões de acordo com vários pontos de vista.
Costa (2006) destaca os principais elementos da teoria da decisão:
Decisor: responsável pela tomada de decisão. Pode ser composta por um
individuo ou um grupo deles.
Analista: elemento consultivo que tem a função de estruturar e analisar o
problema, apresentando orientações e argumentos que auxiliem o decisor em as
tomada de decisão.
Alternativa viável: estratégia ou curso de ação que pode ser adotado pelo
decisor.
Critério: propriedade ou variável à luz da qual a alternativa é avaliada.
Tabela de pagamentos: tabela com os valores a serem retomados pelas
alternativas.
Cenário: “estado da natureza” projetado para o futuro.
28
Uma decisão deve ser tomada quando se tem um problema que possui mais
de uma alternativa para sua solução. Mesmo quando se tem apenas uma única ação
a tomar, há as alternativas de se tomar a decisão ou não.
Nunes Júnior (2006) ressalta que a teoria da decisão possui duas vertentes: a
descritiva e a prescritiva. A vertente descritiva trata das chamadas armadilhas
cognitivas, que podem afastar os atores da decisão correta e sensata, devido à
preferência por uma solução específica do tomador da decisão. Enquanto que, a
vertente prescritiva, trata dos métodos científicos e técnicas existentes para apoiar o
decisor no processo.
O decisor pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas a quem o processo
decisório destina-se, e que tem o poder e a responsabilidade de ratificar uma
decisão e assumir suas consequências (GOMES, 2012). O mesmo autor afirma
ainda que o decisor faz suas atribuições de pesos para os critérios influenciado por
seus valores pessoais.
Nunes Júnior (2006) apud Wiseman (2003, p. 109) explicando que parte das
decisões humanas são influenciadas pelo subconsciente, através de vontades,
desejos e intuições. O tomador de decisões deve ser criterioso para que as suas
subjetividades não o impeçam de enxergar as incompatibilidades de seus desejos
com seus objetivos.
Fiuza (2012) esclarece que em relação às metodologias tradicionais, a AMD
aceita um maior grau de opiniões pessoais dos decisores, tanto sobre avaliações
racionais quanto percepções subjetivas, que não se traduzem no plano da razão.
Jannuzzi et al. (2009) consideram a análise multicritério uma técnica quali-
quantitativa, situada entre as abordagens puramente exploratórias e pouco
estruturadas, e os modelos quantitativos de estruturação rígida voltados para a
otimização de funções-objetivo, sujeitas a uma série de restrições. As técnicas de
AMD não buscam uma solução estritamente ótima, mas uma solução de consenso,
negociada frente aos diversos objetivos que pretende atender.
Para Gomes (2012), as decisões classificam-se em simples ou complexas;
específicas ou estratégicas. E as consequências dessas decisões podem ser
imediatas; a curto prazo; a longo prazo; ou multidimensional, que seria uma
combinação das formas anteriores.
29
Gutierrez (2002) e Costa (2010) afirmam que na análise do processo
decisório, existem quatro fases essenciais:
1º) Análise e definição do problema definindo seus objetivos;
2º) Seleção de alternativas;
3º) Estruturação onde se procura alternativas de solução, avaliando e comparando-
as;
4º) Escolha e implementação de uma das ações.
Os Métodos Decisórios consistem em um conjunto de técnicas para auxiliar
um agente decisor a fazer escolhas acerca de um problema complexo, avaliando e
escolhendo alternativas para solucioná-los. Esses métodos auxiliam pessoas e
organizações em situações nas quais é necessário identificar prioridades,
considerando critérios distintos e conflitantes (JANUZZI, 2009).
Costa (2006) propõe as seguintes etapas do macrofluxo do processo
decisório que a partir dos dados presentes em uma bases de dados, submete-se a
mesma a um sistema de informações, obtendo-se uma base de informações, que
são processadas, obtendo-se a decisão ou a escolha do curso de ação. Após
executada a ação, a mesma age e interfere sobre a base de dados,
retroalimentando a base de dados. Este macrofluxo pode ser visualizado na figura 2.
Figura 2: Macrofluxo do processo decisório (COSTA, 2006)
30
Os métodos de auxílio à decisão apresentam axiomas como o postulado por
Arrow (1951), citado por Barba-Romero e Pomerol (1997): não existe escolha justa,
ou seja, não existe método multicritério, ou multidecisor perfeito. Segundo Gomes
Júnior, Mello (2007), os métodos multicritério devem obedecer os seguintes
axiomas: universalidade, unanimidade, independência em relação às alternativas
irrelevantes, transitividade e totalidade. O teorema de Arrow garante que, com
exceção de métodos de ditador, nenhum método de escolha atende
simultaneamente a esses axiomas.
O axioma da independência afirma que a ordem de preferência entre duas
alternativas não deve depender das suas preferências em relação a uma terceira
alternativa. O axioma da transitividade afirma que se uma alternativa é preferível a
uma segunda, e esta a uma terceira, então a primeira deve ser preferível à terceira.
Já o axioma da universalidade exige que o método funcione, respeitando todos os
outros axiomas, para qualquer conjunto de preferências dos decisores. Assim, um
método que respeite os axiomas em alguns casos particulares, não respeita a
universalidade (MELLO; GOMES; MELLO, 2002).
Diversas escolas ou famílias de métodos multicriteriais originaram-se em
virtude do processo de seleção das melhores alternativas em problemas decisórios
com múltiplos critérios. Gomes (2012) classifica-as quanto à teoria principal em cinco
possibilidades:
Escola Americana;
Escola Francesa;
Métodos interativos;
Classificação híbrida;
Métodos em outras Escolas.
Nunes Júnior (2006) destaca a Escola Francesa ou Europeia e a Escola
Americana como as mais usadas no mundo atualmente.
4.2.1 Escola Francesa
Proposta por Bernard Roy em 1968, o primeiro método de decisão
desenvolvido foi o ELECTRE (ACOLET, 2008). Os métodos desenvolvidos na
Europa são, em seu conjunto, denominados de Escola Francesa de Apoio à Decisão
31
com Múltiplos Critérios. Esses métodos permitem a eleboração de modelos mais
flexíveis dos problemas, não sendo obrigatória a comparação entre as alternativas,
não obrigando o decisor a criar uma estrutura hierárquica dos critérios. Esses
métodos não consideram a intensidade da preferência, mas sim, a atratividade ou a
indiferença, criando um ranking de classes de conjuntos de componentes da decisão
(NUNES, 2006).
Os métodos associados à escola francesa, denominados métodos não
compensatórios, têm como objetivo construir uma relação de ordenação que permita
a relação de incompatibilidade entre as ações de decisão. O processo de
estabelecimento das relações de ordenação permite o suporte ao decisor ou
decisores para concluir se uma decisão é viável ou não (LIEGGIO, 2012).
Os métodos mais conhecidos são os da família ELECTRE – Eliminasio et
Choix Traduisant la Réalité (I, II, III, IV, IS e TRI), o PROMETHEE – Preference
Ranking Organization Method for Enrichment Evaluations e o método GAIA –
Geometrical Analysis for Interactive Assistance.
VERSÃO AUTOR ANO TIPO DE
PROBLEMA TIPO DE
CRITÉRIO UTILIZA PESO
I Roy 1968 Seleção Simples Sim
II Roy e Bertier 1973 Ordenação Simples Sim
III Roy 1978 Ordenação Pseudo Sim
IV Roy e Hugonnard 1982 Ordenação Pseudo Não
IS Roy e Shalka 1985 Seleção Pseudo Sim
TRI Yu e Wei 1992 Classificação Pseudo Sim Quadro 4: Métodos família ELECTRE. Fonte: Gomes (2004)
O método MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based
Evaluation Technique – Medição da Atratividade por Categoria Baseado em Técnica
de Avaliação) é um método europeu, porém mescla características das duas escolas.
Nunes Júnior (2004) afirma que, neste método, os modelos de programação linear
são obtidos através do software MACBETH, permitindo pouco domínio tecnológico
por parte do usuário se comparado ao método AHP principalmente.
4.2.2 Escola Americana
A Escola Americana foi inspirada no trabalho de Keeney e Raiffa publicado
em 1976, que se referia a funções de valores multiatributos e à Teoria da Utilidade
32
Multiatributo. Vários métodos de AMD surgiram a partir dessas correntes de
pensamento (REIS, 2012). Uma delas é a AHP proposta por Saaty em 1977.
Em geral, essa Escola tem como objetivo principal agregar valor às
preferências dos decisores em cada critério, suportando, de uma forma quantitativa,
a decisão final do decisor, baseada nos seguintes levantamentos: existência de uma
função U, aditividade, relação de preferência transitiva e completa (LIEGGIO;
GRANEMANN, 2012).
Gomes (2012) ratifica que essa teoria permite a definição de uma função que
busca agregar os valores de cada alternativa sujeita em cada critério. A importância
relativa de cada critério gera o conceito de “taxa de substituição”, onde o decisor
depara-se como o problema de identificação da taxa de substituição de um critério
em relação a outro. Essa teoria assume que todos os estados são comparáveis (não
existe incomparabilidade), existe transitividade na relação de preferências e nas
relações de indiferença.
As principais metodologias baseadas na Escola Americana são:
4.2.2.1 Multi-Attribute Utility Theory (MAUT)
Nunes Júnior (2006) considera que a MAUT possui uma solidez teórica,
sendo o único a utilizar a Utilidade Agregada.
Acolet (2008) afirma que a MAUT apoia-se na teoria de que um indivíduo
maximiza a utilidade das funções, sendo possível definir um valor para cada
alternativa que são avaliadas hierarquicamente por meio de uma função matemática
que considera os atributos envolvidos no problema, onde o conjunto de alternativas
deve ter o seu valor maximizado.
4.2.2.2 Processo de Análise Hierárquica – Analytic Hierarchy Process (AHP)
O método AHP contrapõe-se ao MAUT por ter uma maior simplicidade no
processo de modelagem da decisão, permitindo que o decisor tenha uma maior
compreensão de seu processo e sua participação na estruturação do problema
(NUNES JÚNIOR, 2006).
33
Analytic Hierarchy Process ou Processo de Análise Hierárquica - AHP - é uma
técnica versátil e comprovada para auxiliar a tomada de decisão. Segundo Salomon
(2002), o AHP é executado através de três fases: primeiro a estruturação do modelo
numa forma hierárquica; segundo a realização dos julgamentos, cujo desempenho
global de cada alternativa é obtido ponderando-se o desempenho da alternativa em
cada critério; por fim, a síntese dos resultados obtidos.
O método AHP permite que ao tomador de decisão modelar um problema
complexo em uma estrutura hierárquica, mostrando suas relações com o objetivo. A
Figura 3 demonstra a estrutura da decisão hierárquica (FORMAN; SELLY, 2001).
Figura 3: Decisão Hierárquica. (FORMAN; SELLY, 2001) modificado.
Originalmente, o AHP foi proposto com objetivo de resolver a alocação de
recursos escassos e necessidades de planejamento para os militares (SAATY,
2000). Este método tem sido aplicado para resolver problemas em diferentes áreas,
tais como: política, econômica, social e da Pesquisa Operacional (SAATY;
ÖZDEMIR, 2005); (SHIMIZU, 2010). O fundamento do AHP é decompor e sintetizar
as relações entre critérios até que se chegue a uma priorização dos seus
indicadores ou alternativas, buscando uma medição única de desempenho (SAATY,
2000). A principal vantagem do AHP é permitir ao usuário a atribuição de pesos
relativos para múltiplos critérios e para as alternativas a luz de cada critério, que são
comparadas par a par (SAATY, 1991).
OBJETIVO
CRITÉRIO
SUBCRITÉRIO
ALTERNATIVA 1
ALTERNATIVA 2
ALTERNATIVA 3
CRITÉRIO
SUBCRITÉRIO
ALTERNATIVA 1
ALTERNATIVA 2
ALTERNATIVA 3
CRITÉRIO
SUBCRITÉRIO
ALTERNATIVA 1
ALTERNATIVA 2
ALTERNATIVA 3
SUBCRITÉRIO
ALTERNATIVA 1
ALTERNATIVA 2
ALTERNATIVA 3
34
Segundo Petter (2012), o método AHP é composto por quatro etapas de
execução:
1ª) Estruturação de forma hierárquica do problema;
2ª) Execução dos julgamentos par a par dos fatores em cada nível hierárquico;
3ª) Priorização dos fatores;
4ª) Sintetização dos fatores.
A estruturação do problema começa com a definição de um objetivo global
desejado. A partir deste objetivo, definem-se os subobjetivos ou critérios numa
estrutura de árvore, sendo o objetivo global a raiz. À medida que se afasta da raiz,
tem-se fatores mais específicos e os extremos (considerados como “folhas”)
representam os fatores ou critérios de avaliação. Para cada grupo de critérios
semelhantes, que possuem o mesmo “pai”, preenche-se uma matriz de
comparações paritárias, contendo os níveis de preferência obtidos por comparação
de um fator com o outro (SHIMIZU, 2010).
Saaty (1990) propôs uma escala de valores para comparações paritárias.
DEFINIÇÃO ESCALA
NÚMERICA ESCALA QUALITATIVA
Não existe diferença de contribuição entre os elementos comparados, ao elemento do nível superior adjacente.
1 Elementos iguais.
A contribuição de um dos elementos é levemente superior a do outro.
3 ou 1/3 Fraca importância de um sobre o
outro.
Um elemento é fortemente dominado pelo outro.
5 ou 1/5 Importância forte de um elemento
sobre o outro.
É notória a preferência de um elemento sobre o outro.
7 ou 1/7 Importância muito forte de um
elemento sobre o outro.
A contribuição de um elemento domina em absoluto.
9 ou 1/9 Importância absoluta de um
elemento sobre o outro.
Servem para se obter uma maior precisão nos julgamentos.
2 (1/2), 4 (1/4), 6 (1/6), 8 (1/8)
Valores intermediários.
Quadro 5: Escala de julgamentos do método AHP. Fonte: SAATY, 1990.
Os elementos de um julgamento são representados em uma matriz quadrada
e cada um dos julgamentos representa o quanto um elemento da coluna à esquerda
é mais importante que o elemento da linha.
A tomada de decisão deve ser capaz de fazer comparações e manifestar a
força de sua preferência. A intensidade dessa interferência deve satisfazer a
35
condição de reciprocidade. Assim, se A é α vezes mais preferível que B, então B é
1/α mais preferível que A.
A equação [1] demonstra como é feita a construção da matriz de pesos.
A partir da matriz de pesos retira-se a matriz de autovetor que deve ser
normalizada dividindo-se os valores de cada elemento pela soma da coluna a que
pertence, equação 3, em seguida, obtém-se os autovalores que equivalem ao vetor
peso. O autovetor ordena as prioridades ou hierarquias das características
estudadas (ωi) (SHIMIZU, 2010). Para o cálculo do autovetor usa-se a seguinte
expressão:
n/1
ij
n
1ji a
onde,
ω1 = (a11 X a12 X a13 X ... a1n )1/n
ω2 = (a21 X a22 X a23 X ... a2n )1/n
ωn = (an1 X an2 X an3 X ... ann )1/n
m
1iij
ijj
C
CC
T =|
∑ ; . . . ;
∑
|
Para se testar a consistência dos pesos, é necessário determinar o vetor dos
pesos para se determinar o vetor de consistência, que é obtido dividindo-se cada
peso pala respectiva prioridade relativa (SHIMIZU, 2010).
A estimativa do maior autovalor λmax da matriz paritária é obtida através da
média aritmética dos elementos do vetor de consistência:
λmax = T x ω [4]
sendo ω = somatório das colunas.
De posse do valor do λmax, calcula-se o índice de consistência, equação 5:
[1]
[3]
[2]
36
IC =
[5]
sendo n = número de critérios considerados.
Como o valor do índice de consistência (IC), calcula-se a razão de
consistência (RC), através da equação:
RC =
[6]
onde IC é o índice de consistência referente ao número de comparações paritárias
efetuadas. E ACI é o índice de consistência aleatório, que depende do número de
critérios de decisão e é fornecido pelo quadro 6:
n 3 4 5 6 7 8 9 10
ACI 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49
Quadro 6: Valores de ACI. Fonte: SHIMIZU, 2010 (modificado).
Como só pode haver incoerência em uma matriz, se houver comparação de
mais de dois critérios, o valor de n inicia-se em 3 (NUNES JÚNIOR, 2006)
Uma taxa de consistência de 0,10 ou menos é considerada aceitável. Sendo
assim, os valores das prioridades relativas estão consistentes. Caso o valor de RC
seja superior a 0,10, a matriz de comparação paritária original deve ser reavaliada
(SHIMIZU, 2010).
4.3 Método Borda
Na literatura são encontradas referências a três métodos multicritério ordinais:
métodos de Borda, Condorcet e Copeland. O método de Borda é, em sua essência,
uma soma de pontos e tem a grande vantagem da simplicidade (SILVA FILHO et al.,
2009).
Este método Borda foi proposto por Jean-Charles Borda em 1781 na França
como método no auxilio a decisão, classificando rankings individuais em um ranking
global (COSTA, 2006). No processo decisório as melhores alternativas recebem a
maior nota ou valor. Após a coleta dos dados as notas são agrupadas e somadas e
vence a alternativa que apresentar o maior valor numérico (VALLADARES et al.,
2008).
37
Lieggio Júnior; Graneman (2012) definem o método Borda como um método
da soma das classificações, sendo um método aditivo cuja análise global das
alternativas é realizada por meio de pesos, de forma aditiva e sua evolução por meio
do critério. Dentro de um conjunto de alternativa, são escolhidas as melhores. É
necessária a criação de relações de preferência e atribuição de pesos por parte do
decisor.
Mello (2002) relatam que, apesar de pouco conhecido, o método Borda e
seus variantes são usados em tribunais, na indústria petrolífera para seleção de
fornecedores e em determinadas áreas esportivas.
Nesta ferramenta são atribuídos valores de acordo com os números de
alternativas, candidatos ou opções. Por exemplo, num espaço amostral de cinco
alternativas teríamos notas de 0, 1, 2, 3 e 4, sendo que os maiores valores seriam
atribuídos para as alternativas com maior preferência pelo especialista ou eleitor.
Para o uso do método de Borda, o decisor deve ordenar as alternativas de acordo
com as suas preferências; a alternativa mais preferida recebe um ponto, a segunda,
dois pontos, e assim sucessivamente (VALLADARES et al, 2008).
Apesar de sua simplicidade e amplo uso de suas variações, o método de
Borda não respeita um dos axiomas de Arrow: a classificação final de duas
alternativas não é independente em relação às suas classificações em relação a
alternativas irrelevantes. Tal fato pode gerar situações indesejáveis, como numa
votação em que o último votante sabe as preferências dos anteriores e altera as
suas preferências de modo a dar mais chances à sua alternativa preferida (MELLO;
GOMES; MELLO, 2011).
38
4. METODOLOGIA
A metodologia proposta no presente trabalho visa criar um procedimento para
auxiliar na escolha de medicamentos dentro de uma mesma classe terapêutica para
aquisição dos mesmos por gestores da área da saúde. Como método decisório
foram utilizados o método de Borda e o AHP.
Para a seleção de atributos foram adotadas estratégias usadas por demais
autores correlacionando a classe farmacêutica aos atributos apropriados como no
estudo realizado por Cano; Fujita (1988), que selecionaram atributos como espectro
de ação, farmacocinética, reações adversas, estabilidade e custo diário de
tratamento. Em estudo realizado para seleção de heparinas no hospital público
Amaral; Provin (2010) utilizaram os atributos: efetividade, segurança, experiência
com o fármaco, comodidade do fármaco e custo.
Para a aplicação do método AHP foi definido o objetivo: escolher o melhor
fármaco betabloqueador para tratamento de hipertensão. Decompôs-se o problema
em hierarquias sistemáticas, optou-se pela seleção de uma alternativa à luz dos
critérios:
efetividade,
custo,
experiência com o fármaco,
segurança.
Para o critério segurança foram estabelecidos subcritérios relacionados aos
efeitos colaterais dos betabloqueadores:
agravamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC),
39
alterações metabólicas,
bradicardia,
brocoespasmo,
agravamento da doença arterial periférica (DAP).
As alternativas possíveis foram selecionados cinco fármacos
betabloqueadores mais utilizados em hipertensão arterial, segundo entrevista prévia
com especialistas (Apêndice A):
atenolol,
carvedilol,
metropolol,
propranolol,
sotalol.
Os pesos conferidos aos critérios de seleção foram definidos junto a
comunidade médica através da aplicação de um questionário a sete profissionais
especialistas em cardiologia no município de Itaperuna-RJ, entre os meses de
agosto e setembro de 2011. O critério efetividade foi considerado o mais importante,
seguido do critério segurança, custo e experiência com o fármaco. No critério
segurança, o sub-critério bronco-espasmo foi considerado o mais grave seguido do
agravamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Agravamento da doença
arterial periférica (DAP) e alterações metabólicas foram consideradas menos graves
(Figura 4).
40
Figura 4 – Estrutura hierárquica usada na tomada de decisão para aquisição de betabloqueadores adrenérgicos. A caixa superior (em azul escuro) mostra o objetivo da proposta, em segundo nível são apresentados os critérios e subcritérios e no último nível as alternativas. Os símbolos + indicam o peso dos critérios e subcritérios usados à luz das alternativas propostas.
Construiu-se uma matriz de comparação paritária entre os elementos do nível
inferior e os do nível imediatamente acima. Foram feitos os julgamentos
completando a matriz (Tabela 12). Calculou-se a razão de consistência (R.C.) para
os julgamentos feitos, os mesmos estão descritos na tabela 11. Segundo Saaty
(1991) e Costa (2006), como regra geral, se o razão de consistência for menor que
0,10, há consistência para prosseguir os cálculos do AHP.
Para estabelecer as comparações das alternativas, par a par, à luz dos
critérios e sub-critérios foram realizados levantamentos bibliográfico sobre a
efetividade dos fármacos estudados, o custo dos mesmos junto ao balcão de preços
em saúde e aplicação de um questionário estruturado aplicado a um grupo de
cardiologistas (Tabela 2).
Escolha de betabloqueador como antihipertensivo
Efetividade
+ + + + +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Custo
+ + +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Experiência com o
fármaco
+ +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Segurança
+ + + +
Agravamento da ICC
+ + + +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Agravamento da DAP
+
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Bronco-espasmo
+ + + + +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Bradicardia
+ + +
Atenolol
Carvedilol
Metoprolol
Propranolol
Sotalol
Alterações metabólicas
+ +
Atenolol
Carvedilol
Metroprolol
Propranolol
Sotalol
41
Tabela 2 – Critérios usados na seleção e forma de obtenção dos dados
CRITÉRIOS FONTE DAS INFORMAÇÕES
Efetividade Questionários aplicados aos especialistas (cardiologistas)
Custo Banco de Preços em Saúde
Experiência com o fármaco Número de publicações com o fármaco nos últimos 10
anos, no portal Pubmed
Segurança
Serão avaliados os sub-critérios como efeitos adversos: broncoespasmo, agravamento de ICC, agravamento da doença arterial periférica (DAP), bradicardia e alterações
metabólicas
Na análise de custo, os fármacos foram submetidos à pesquisa de preços
através do Banco de Preços em Saúde (BPS), um sistema informatizado que
registra, armazena e disponibiliza, por meio da internet, os preços de medicamentos
e produtos para a saúde, que são adquiridos por instituições públicas e privadas
cadastradas no sistema (BRASIL, 2011). Os preços são inseridos pelas próprias
instituições e representam os valores pagos no momento da compra daqueles bens.
Além de tornar públicas as informações sobre os preços, o sistema proporciona a
visualização de relatórios gerenciais, visando auxiliar a instituição na gestão de seus
recursos financeiros.
Para o parâmetro experiência com o fármaco foi considerada a variável
quantidade de publicações citadas no Pubmed.gov, que os cinco anti-hipertensivos
analisados obtiveram nos últimos 10 anos (outubro/2001 a setembro/2011). Para
tanto, selecionou-se todos aqueles artigos que apareceram, em qualquer campo, o
nome genérico dos agentes medicamentos analisados (Tabela 4).
Para a avaliação dos sub-critérios no atributo segurança os efeitos adversos
considerados mais graves são avaliados de acordo com a bibliografia, além da
experiência de sete especialistas em cardiologia, que tiveram suas opiniões obtidas
através de um questionário fechado de caráter descritivo (apêndice A), no qual
especialistas ranqueiam, pelo método Borda, com notas de 0, 1, 2, 3 e 4 de acordo
com sua observação pessoal para os efeitos de broncoespasmo, bradicardia,
alterações metabólicas, agravamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e
agravamento da doença arterial periférica (DAP) para cada fármaco estipulado como
alternativas, onde a melhor opção, com menos efeitos colaterais recebeu as maiores
42
notas. Da mesma forma esses efeitos foram ranqueados segundo seu grau de
importância, os mais significativos, que apresentam maiores problemas ao paciente.
Para o critério efetividade as maiores notas do método Borda foram dadas aos
fármacos mais efetivos, por exemplo, o especialista dá a nota máxima àquela que
considera a melhor opção, e notas menores em ordem decrescente às outras
opções de acordo com o seu critério de escolha. Após todos os especialistas
estabelecerem suas notas elas são somadas e a opção que obteve maior nota é
considerada a melhor opção.
Para os subcritérios as preferência foram invertidas. Onde se lê preferência por
atenolol em relaçao ao carvedilol, lê-se preferência por carvedilol, sem alterar os
julgamentos. Os resultados obtidos foram os mesmos.
43
5. RESULTADOS
Os preços dos fármacos e os estados brasileiros que os compraram estão
relacionados na Tabela 3. Pode-se observar que o Atenolol e o Propanolol são os
fármacos de menor custo e adquiridos na maioria dos estados brasileiros. Metoprolol
succinato e Sotalol cloridrato apresentam maior custo e adquiridos em poucos
estados da federação.
Tabela 3 – Preços mínimos, máximos e médios dos medicamentos e estados brasileiros onde são adquiridos. (Fonte: BPS, 2011)
Medicamento Preço
máximo Preço
mínimo Preço médio
Itens comprados em
Atenolol 50mg genérico
0,1100 0,0097 0,0139 AL/CE/MG/MT/PI/PR/RJ/
RS/SE/SP
Carvedilol 3,125mg genérico
0,2600 0,0385 0,0585 AC/AL/MG/MT/PE/PI/PR/RJ/
SE/SP/TO
Metoprolol succinato 50mg
1,1000 0,7700 0,8322 CE/ES/MG/PI/PR/RJ/SP
Propranolol cloridrato 40mg genérico
0,0700 0,0090 0,0112 AL/BA/CE/DF/MG/PR/RJ/
RS/SE/SP/TO
Sotalol cloridrato 120mg
0,9700 0,8450 0,9064 RJ
Para a análise de efetividade foram analisados os fármacos comparados em
relação a estudos com a redução de hipertensão arterial, tais observações são
descritas na Tabela 4. O Atenolol foi considerado o fármaco mais efetivo, média das
44
notas 3,7, enquanto que o Sotalol foi considerado o menos efetivo, 1,0, onde a nota
máxima seria 4,0.
Tabela 4 – Efetividade dos fármacos quanto ao efeito anti-hipertensivo
Fármaco Borda Média das notas Ranking
Atenolol 26 3,7 1º
Carvedilol 12 1,7 3º
Metropolol 15 2,1 2º
Propanolol 10 1,4 4º
Sotalol 7 1,0 5º
Na Tabela 5 observa-se os resultados obtidos relativos à experiência com os
fármacos estudados. O Propanolol é o fármaco mais estudado, com mais de 40%
das publicações encontradas. Os fármacos Atenolol e Metoprolol têm, cada um,
cerca de 20% das publicações, enquanto que o Sotalol é o menos estudado.
Tabela 5 – Número e percentual de publicações sobre betabloqueadores localizados no sítio do Pubmed entre outubro de 2001 e setembro de 2011.
Medicamento Número de publicações Proporção
Atenolol 2.021 19,01%
Carvedilol 1.531 14,40%
Metoprolol 1.949 18,34%
Propranolol 4.413 41,51%
Sotalol 716 6,74%
TOTAL 10.674 100,0%
No atributo segurança, a Tabela 6 mostra os resultados obtidos pelo método
Borda e as médias das notas atribuídas nos questionários. Segundo os
cardiologistas entrevistados o broncoespasmo é o efeito colateral mais comum e
perigoso à saúde dos pacientes (3,3). O Agravamento da ICC (2,9) e bradicardia são
45
sintomas colaterais preocupantes (2,1), enquanto que as alterações metabólicas
(1,0) e o agravamento da DAP (0,7) foram considerados menos graves.
Tabela 6 – Notas e ranking dos efeitos colaterais causados pelo uso de betabloqueadores
Sub-atributo Borda Média Ranking
Agravamento da ICC 20 2,9 2º
Alterações metabólicas 7 1,0 4º
Bradicardia 15 2,1 3º
Broncoespasmo 23 3,3 1º
Agravamento da DAP 5 0,7 5º
Nas Tabelas 7, 8 e 9 pode-se observar que o Atenolol e o Propanolol são os
fármacos mais preocupantes no agravamento da insuficiência cardíaca congestiva,
nas alterações metabólicas e bradicardia. Estes mesmos sintomas são pouco
evidentes nos pacientes tratados com Carvedilol, considerado o fármaco mais
seguro para estes efeitos colaterais.
Tabela 7 – Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de agravamento da insuficiência cardíacacongestiva (ICC)
Medicamento Borda Média Ranking
Atenolol 19 2,7 2º
Carvedilol 4 0,6 5º
Metoprolol 10 1,4 4º
Propranolol 21 3,0 1º
Sotalol 16 2,3 3º
Tabela 8 – Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de surgimento de alterações metabólicas
Medicamento Borda Média Ranking
Atenolol 19 2,7 2º
Carvedilol 7 1,0 5º
Metoprolol 13 1,9 3º
Propranolol 20 2,9 1º
Sotalol 11 1,6 4º
46
Tabela 9 – Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de bradicardia
Medicamento Borda Média Ranking
Atenolol 20 2,9 1º
Carvedilol 4 0,6 5º
Metoprolol 14 2,0 3º
Propranolol 18 2,6 2º
Sotalol 14 2,0 3º
O Carvedilol também é seguro para prevenir broncoespasmo e agravamento da
pressão arterial periférica (DAP) (Tabela 10 e 11). O Propanolol e Atenolol apresentam
riscos para estes efeitos colaterais.
Tabela 10 – Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de episódios de broncoespasmos
Medicamento Borda Média Ranking
Atenolol 13 1,9 3º
Carvedilol 4 0,6 5º
Metoprolol 16 2,3 2º
Propranolol 24 3,4 1º
Sotalol 13 1,9 3º
Tabela 11 – Subcritério de segurança, fármaco com maior risco de agravamento da doença arterial periférica (DAP)
Medicamento Borda Média Ranking
Atenolol 18 2,6 2º
Carvedilol 7 1,0 4º
Metoprolol 13 1,9 3º
Propranolol 24 3,4 1º
Sotalol 8 1,1 5º
Saaty (1991) descreve que se o índice de consistência (IC) deve ser menor
que 0,1 para ser considerado satisfatório. A tabela 12 mostra os IC obtidos nos
julgamentos dos critérios e subcritérios.
47
Tabela 12 – Razão de consistência (RC) dos julgamentos obtidos pelo IPÊ 1.0
Critério Subcritério RC
Bloqueadores para hipertensão
- 0,086
Efetividade - 0,085
Custo - 0,089
Experiência com o fármaco - 0,051
Segurança - 0,054
Segurança
Agravamento da ICC 0,074
Broncoespasmo 0,062
Bradicardia 0,034
Alterações metabólicas 0,038
Agravamento da DAP 0,058
Para avaliação dos resultados encontrados com o método proposto foi
realizada uma primeira estimativa dos valores da importância correspondente aos
critérios escolhidos. A Tabela 13 mostra a matriz de comparação paritária para a
determinação da importância relativa atribuída aos critérios, seguindo-se da Figura 5
que apresenta os índices relativos à importância dos mesmos.
Tabela 13 – Matriz de comparação paritária entre os critérios.
Efetividade Custo Experiência com
o fármaco Segurança
Efetividade 1 3 5 2
Custo 1/3 1 4 1/4
Experiência com o fármaco
1/5 1/4 1 1/5
Segurança 1/2 4 5 1
48
Figura 5 – Índice de importância relativa aos critérios
Figura 6 apresenta o resultado final pelo método AHP, que sugere a aquisição
do Atenolol pelo poder público.
Figura 6 – Resultado final do problema proposto. O maior percentual indica o resultado
sugerido pelo método AHP.
0,338
0,063
0,156
0,442
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
segurança esperiencia com ofármaco
custo efetividade
Índ
ice
de
imp
ort
ánci
a
rela
tiva
do
s cr
itér
ios
Critérios
Betabloqueadores para hipertensão
atenolol 32,38%
carvedilol 11,71%
metoprolol 16,53%
propranolol 30,11%
sotalol 9,27%
49
6. DISCUSSÃO
A fase de avaliação do problema está dividida, segundo o método AHP, na
determinação da importância relativa dos critérios, na determinação do nível de
preferência das alternativas e valoração global das alternativas (ABREU et al, 2000).
Utilizando-se a metodologia de decisão multicritério do software IPE 1.0, o
betabloqueador que se apresentou como melhor escolha foi o atenolol (32,38%),
figura 3, em consonância com a escolha dos especialistas entrevistados e resultado
obtido pelo método Borda.
O propranolol apresenta um maior número de trabalhos publicados (41,51%)
por ser o fármaco protótipo, lançado na Europa em 1965, após pesquisas realizadas
pelo britânico Sir James Whyte Black na década de 50 (TUOTO, 2008). Os demais
fármacos foram desenvolvidos através de modificações na molécula de propranolol,
com o intuito de fazer um melhoreamento molecular (BARREIRO; MANSSOUR,
2008).
Em relação ao custo dos medicamentos o propranolol seria a melhor escolha,
pois seu preço médio (R$ 0,0112/unidade) é 19,42% mais barato que o atenolol
(R$ 0,0139), enquanto que a diferença para o sotalol que é cerca de 800% mais
caro. O propranolol, o atenolol e o carvedilol possuem preços baixos, devido ao fato
de estarem no mercado a mais tempo e suas patentes já estarem expiradas faz com
50
que a livre concorrência para a produção e comercialização dos produtos torne-os
mais acessíveis.
No critério segurança, dos cinco subcritérios relacionados, broncoespasmo foi
considerado pelos profissionais médicos entrevistados como sendo o mais relevante
(média 3,3), pois se mostra como um fator de risco muito alto para pacientes que
possuam alguma co-morbidade pulmonar, além da diminuição da adesão à terapia
devido às recorrentes crises de tosse seca. quando se leva em consideração a
segurança do fármaco, o carvedilol seria o que apresentaria menos efeitos
colaterais, seguindo-se pelo sotalol, metoprolol, atenolol e propranolol, este
apresenta maiores riscos no seu uso em quatro dos cinco sub-critérios analisados
pelos especialistas.
Em relação aos outros subcritérios, o medicamento atenolol não é
considerado um dos mais seguros, sendo o que causa incidência de bradicardia e
estando em segundo no restante dos subcritérios, agravamento da ICC e da DAP e
alterações metabólicas. Porém esses subcritérios têm menor peso em relação ao
broncoespasmo, como mostrado na tabela 28, no Apêndice C.
O atenolol é o fármaco com maior efetividade para o tratamento de
hipertensão, segundo as respostas dos especialistas (3,7), seguindo-se pelo
metoprolol (2,1), Page (2004) afirma que estes dois medicamentos
betabloqueadores que apresentam maior seletividade por seus receptores.
51
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estrutura da matriz de decisão proposta permitiu a resolução do problema e
pode ser utilizada por gestores da área da saúde em futuras decisões. A estrutura
proposta buscou uma solução com base no custo-efetividade, para escolher um anti-
hipertensivo que apresente poucos efeitos colaterais, o que resultaria, por parte do
paciente, baixa qualidade de vida e retorno aos centros de saúde e uso de outros
medicamentos no combate aos efeitos colaterais, o que resultaria em outros custos.
Executando-se esse processo, o decisor analisa o problema, identifica o problema
de decisão correto que precisa ser solucionado.
Todas as drogas para tratamento de hipertensão possuem efeitos colaterais.
A escolha das drogas é influenciada pela demonstração dos efeitos benéficos,
custos, tolerabilidade em pacientes e distúrbios concomitantes (PAGE, 2004).
Pelo método de Borda, os especialistas consideraram o atenolol como o
fármaco mais efetivo (26 pontos). Quanto ao critério de segurança, os especialistas
elegeram o broncoespasmo (23 pontos) como sendo o item o efeito colateral mais
relevante na hora de prescrever o medicamento, sendo o propranolol o que
apresenta a maior incidência desse efeito.
O propranolol mostrou-se o fármaco com menor custo (R$ 0,0112) e também
o com maior número de publicações no banco de dados da Pubmed.com (4.413
publicações).
O atenolol se mostrou como a melhor opção (32,38%) levando-se em
consideração os critérios estabelecidos. Confirmando os dados obtidos com os
especialistas que o consideram mais efetivo e baixo problemas quanto à sua
segurança através do método Borda.
52
O método AHP mostrou-se como uma opção para o apoio a tomada de
decisão para principalmente onde há padronização de determinados medicamentos
dentro de uma classe medicamentosa como hospitais e secretarias de saúde de
municípios e estados, para que possam adquirir fármacos utilizando análises
complexas.
53
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APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO SOBRE -BLOQUEADORES ADRENÉRGICO PARA
USO COMO ANTI-HIPERTENSIVO
Ordene os fármacos abaixo, de 0 a 4*, segundo os critérios solicitados: * atribua as notas segundo as opções: 4 melhor opção 3 segunda melhor opção 2 terceira melhor opção 1 quarta melhor opção 0 pior opção 1. Ordene os fármacos abaixo segundo a sua EFETIVIDADE em relação ao efeito
anti-hipertensivo: ( ) atenolol ( ) carvedilol ( ) metoprolol ( ) propranolol ( ) sotalol 2. Dentre os efeitos adversos abaixo, ordene-os segundo sua importância em
relação a segurança do fármaco: ( ) agravamento da insuficiência cardíaca congestiva ( ) alterações metabólicas ( ) bradicardia ( ) broncoespasmo 3. Ordene os fármacos abaixo segundo os critérios de segurança abaixo: 3.1 Agravamento da cardíaca
congestiva:
( ) atenolol ( ) carvedilol ( ) metoprolol ( ) propranolol ( ) sotalol 3.2 Alterações metabólicas: ( ) atenolol ( ) carvedilol ( ) metoprolol ( ) propranolol ( ) sotalol
3.3 Bradicardia
( ) atenolol ( ) carvedilol ( ) metoprolol ( ) propranolol ( ) sotalol 3.4 Broncoespasmo ( ) atenolol ( ) carvedilol ( ) metoprolol ( ) propranolol ( ) sotalol
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APÊNDICE B: MATRIZES DE COMPARAÇÃO PARITÁRIA
Tabela13: Matriz de comparação paritária entre os critérios Efetividade Custo Experiência com
o fármaco Segurança
Efetividade 1 3 5 2 Custo 1/3 1 4 1/4 Experiência com o fármaco 1/5 1/4 1 1/5 Segurança 1/2 4 5 1 Tabela 14: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério efetividade: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 4 3 3 3 Carvedilol 1/4 1 1/3 2 3 Metoprolol 1/3 3 1 2 2 Propranolol 1/3 1/2 1/2 1 2 Sotalol 1/3 1/3 1/2 1/2 1 Tabela 15: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério custo: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 4 7 1/2 6 Carvedilol 1/4 1 4 1/4 6 Metoprolol 1/7 1/4 1 1/7 3 Propranolol 2 4 7 1 7 Sotalol 1/6 1/6 1/3 1/7 1 Tabela 16: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do critério experiência com o fármaco: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 2 1 1/5 3 Carvedilol 1/2 1 1/2 1/5 3 Metoprolol 1 2 1 1/5 5 Propranolol 5 5 5 1 6 Sotalol 1/3 1/3 1/5 1/6 1 Tabela 17: Matriz de comparação paritária entre subcritérios de segurança: Agravamento
da ICC Alterações
metabólicas Bradicardia Broncoespasmo Agravamento
da DAP Agravamento da ICC
1 1/2 3 4 5
Alterações metabólicas
2 1 3 5 5
Bradicardia 1/3 1/3 1 4 4 Broncoespasmo 1/4 1/5 1/4 1 2 Agravamento da DAP
1/5 1/5 1/4 1/2 1
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Tabela 18: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério agravamento da ICC: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 6 4 1/2 3 Carvedilol 1/6 1 1/3 1/6 1/5 Metoprolol 1/4 3 1 1/5 1/4 Propranolol 2 6 5 1 4 Sotalol 1/3 5 4 1/4 1
Tabela 19: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério broncoespasmo: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 4 1/2 1/5 1 Carvedilol 1/4 1 1/4 1/5 1/4 Metoprolol 2 4 1 1/4 2 Propranolol 5 5 4 1 5 Sotalol 1 4 1/2 1/5 1
Tabela 20: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério bradicardia: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 6 3 2 3 Carvedilol 1 1 1/4 1/5 1/4 Metoprolol 1/3 4 1 1/3 1 Propranolol 1/2 5 3 1 3 Sotalol 1/3 4 1 1/3 1
Tabela 21: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério alterações metabólicas: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 5 3 1/2 4 Carvedilol 1/5 1 1/3 1/6 1/3 Metoprolol 1/3 3 1 1/4 2 Propranolol 2 6 4 1 4 Sotalol 1/4 3 1/2 4 1
Tabela 22: Matriz de comparação paritária entre as alternativas à luz do subcritério agravamento da DAP: Atenolol Carvedilol Metoprolol Propranolol Sotalol Atenolol 1 5 3 1/3 4 Carvedilol 1/5 1 1/4 1/5 1 Metoprolol 1/3 4 1 1/4 3 Propranolol 3 5 4 1 5 Sotalol 1/4 1 1/3 1/5 1
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APÊNDICE C: VALORES DOS CÁLCULOS DAS PRIORIDADES Tabela 23: Resultado do cálculo das prioridades dos critérios
Critério Peso na escolha
Efetividade 0,442 Custo 0,156 Experiência com o fármaco 0,063 Segurança 0,338
Tabela 24: Resultado do cálculo das prioridades para o critério efetividade
Alternativa Peso na escolha
Atenolol 0,417 Carvedilol 0,159 Metoprolol 0,218 Propranolol 0,120 Sotalol 0,086
Tabela 25: Resultado do cálculo das prioridades para o critério custo
Alternativa Peso na escolha
Atenolol 0,315 Carvedilol 0,153 Metoprolol 0,064 Propranolol 0,429 Sotalol 0,039
Tabela 26: Resultado do cálculo das prioridades para o critério experiência com o fármaco
Alternativa Peso na escolha
Atenolol 0,146 Carvedilol 0,101 Metoprolol 0,168 Propranolol 0,534 Sotalol 0,050 Tabela 27: Resultado do cálculo das prioridades para o subcritério segurança
Alternativa Peso na escolha
Agravamento da ICC 0,292 Broncoespasmo 0,403 Bradicardia 0,176 Alterações metabólicas 0,075 Agravamento da DAP 0,054
Tabela 28: Resultado do cálculo das prioridades para os subcritérios
Subcritério Alternativa
Agravamento da ICC
Bronco-espasmo
Bradicardia Alterações
Metabólicas Agravamento
da DAP
Atenolol 0,285 0,125 0,395 0,293 0,265 Carvedilol 0,044 0,052 0,047 0,050 0,061 Metoprolol 0,081 0,190 0,134 0,132 0,155 Propranolol 0,423 0,508 0,290 0,426 0,453 Sotalol 0,169 0,125 0,134 0,099 0,065