“Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco) · Minha filha menor não podia...

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Ano IX - Número 108 - Janeiro de 2016 “Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco) WWW.PAROQUIASANTATERESINHA.COM.BR em ação Alegria Uma pequena travessa 3 Tchau Tchau Nem a despedida é para sempre 14 Jovem Você pode ser um EntreTantos 13 Reciprocidade A Misericórdia é para todos 16

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Ano IX - Número 108 - Janeiro de 2016

“Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco)

WWW.PAROQUIASANTATERESINHA.COM.BR

em ação

Alegria

Uma pequena travessa

3

Tchau Tchau

Nem a despedida é para sempre

14

Jovem

Você pode ser um EntreTantos

13

Reciprocidade

A Misericórdia é para todos

16

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EDITORIAL CHUVA DE ROSAS

Está aberto o Ano Novo

“O Domingo”, a publicação distribuída nas missas, se refere, na edição do dia 27 de dezembro de 2015, à Sagra-

da Família:“Celebramos a festa de hoje em comunhão

com todas as famílias.. contemplemos a Sagra-da Família, modelo de amor e cuidado mútuos e de obediência à vontade de Deus.. a forma-ção e a orientação dos filhos já não ocorrerão à base de sermões, preceitos e imposições, e sim de exemplos e testemunho.”

Destacamos o testemunho de Magali Julia Gomes, de amor pleno à família e aos filhos e como recebeu a intercessão de Santa Teresinha.

“Sou funcionária do Colégio Salesiano San-ta Teresinha para onde vim pelas mãos de Nos-sa Senhora.

Eu morava no bairro do Butantã na Zona Oeste. Meus filhos estudam no Colégio Salesia-no, então eu e eles saíamos do Butantã, utilizá-vamos dois ônibus e metrô para chegarmos em Santana.

Minha filha menor não podia voltar para casa com o meu outro filho por conta da idade. Eu tinha muito medo de deixar os dois sozinhos em casa, por isso ela ficava na casa de uma se-nhora no período da tarde.

Foram quase dois anos de conduções lota-das, chuva, isso era muito cansativo para nós. Meu marido não gostaria de sair do Butantã pois não queria deixar nossa casa para morar de aluguel aqui em Santana.

Já havia pedido para os amigos me ajuda-rem na procura de um imóvel próximo que coubesse no meu bolso. Procurava via internet e nada.. era um sonho muito distante da minha realidade.

Mas em maio, mês mais que especial, houve a queima das cartinhas no colégio tanto para os alunos quanto para os funcionários. Então di-recionei meu pedido à Santa Teresinha que me ajudasse a encontrar um imóvel e além de tudo que meu marido aceitasse a mudança.

E alcancei a graça!! Consegui uma casa e nós mudamos em julho. As crianças estão muito mais felizes pois almoçam em casa, conseguem ver os amigos da escola nos finais de semana, eu estou bem mais tranquila pois consigo partici-par mais da vida escolar e dos eventos da escola. Meu marido está adorando o bairro e detalhe.. já consegui alugar a minha casa do Butantã e o va-lor do aluguel de lá consigo pagar o daqui. Muito obrigada, Santa Teresinha por interceder pelos meus pedidos junto à Jesus. Amém!”

A família que veio de longe

Apoiaram esta edição:Recolast Ambiental 3437-7450Bolos da Guria 2978-8581e outros 6 apoiadores

Horários das MissasSegundas-feiras, às 16h30 e 19h30De terça a sexta, às 8h e 19h30Aos sábados, às 8h e às 16hAos domingos, às 7h30, 9h30, 11h, 18h e 19h30

Adoração: todas as quintas, 8h e 19h30 e, nas primeiras sextas do mês, às 7h30

Horário da secretaria:De segunda à sexta, das 8h às 12h e das 13h às 19h30

Aos sábados, das 8h ao 12h e das 13h às 18hTel. (11) 2979-8161

2 • Santa Teresinha em Ação

EXPEDIENTE em ação

O Jornal Santa Teresinha Em Ação reserva-se o direito de condensar/editar as matérias enviadas como colaboração. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.

Capa: Dom Sérgio se ajoelha após abrir a Porta Santa em Santana

Santa Teresinha Em Ação Publicação da Paróquia Santa Teresinha – Arquidiocese de São Paulo – Região Episcopal SantanaDistribuição interna, sem fins lucrativos.

Paróquia: Praça Domingos Correia da Cruz, 140,Santa Terezinha - Cep.: 02405-06 0 - São Paulo - SPTel.: (11) 2979-8161Site: www.paroquiasantateresinha.com.brDiretor: Pe. Camilo Profiro da Silva, SDBJornalista responsável: Daya Lima - MTb 48.108Egom Editora e Comunicação (11) 3263-1124Arte e diagramação: Toy Box Ideas

Pesquisa: PASCOMRevisão: PASCOMFotos: PASCOM e Banco de ImagensImpressão: Gráfica AtlânticaTel. (11) 4615-4680Tiragem: 3.000 exemplaresemail:[email protected]

e também estão abertas as Portas Santas em todo o mundo. Pudemos acompanhar pela grande imprensa a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vatica-no pelo Papa Francisco, que mais uma vez, quebrou o protocolo abrin-do uma outra Porta Santa em outro local antes mesmo da do Vaticano. Se você não sabia disso, vai ficar sabendo lendo nossas páginas centrais que trazem a Porta Santa e o Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tema. E a Misericórdia está presente como tema em várias outras pági-nas desta nossa edição, como por exemplo, a excelente entrevista com Ir. Mary de Calcutá, uma das fundadoras da Aliança da Misericórdia, que você lê na última página e a citação de uma das obras de Misericórdia, “Dar de comer aos famintos” lembrada por Renata Habiro em sua Experi-ência Vicentina, na página 10, e a relação entre o silêncio e a misericórdia, tema da coluna de nosso mais antigo colunista, o Paulinho, na página 5. Falando em colunista antigo, é com muita dor no coração que nos des-pedimos de Raquel Raimondo que fez uma coluna realmente “animal” como dizem os jovens por quase 5 anos e agora nos deixa, despedindo-se na página 14. A dor só não é maior porque ela mesma diz que a ausência vai ser breve. Outra despedida também dolorida como todas são é de Ir. Adair, responsável pela coluna sobre a Estreia do Reitor Mor Salesiano, cuja última colaboração está na página 5. Ir. Adair, para a Estreia 2016 será substituída pelo nosso grande amigo, recém ordenado sacerdote salesia-no, Pe. Alexandro Santana, que entra para nosso time escrevendo a partir da próxima edição. E você sabia que nossa querida padroeira também já escrevia desde cedo? Conheça um trecho do teor de uma carta escrita por Santa Teresinha e veja a reflexão que faz nosso pároco Pe. Camilo, a respeito disso na página 3. Se fosse nos tempos de hoje, ela talvez en-viasse um e-mail, ou um WhatsApp tomando muito cuidado com o que escreveria, porque o anonimato do que se escreve na Internet não é tão anônimo assim, como nos demonstra nosso advogado de plantão, o Aloí-sio, na página 12. Enfim, seja aqui no papel, ou na internet por download, você aproveita cada linha deste nosso jornal e já fica imaginando o que vem por aí nas próximas edições, porque já estamos em 2016, como nos alerta o amigo Evanio na página 10, e este ano não vai acabar em pizza, se bem que se for com uma pizza da Concy, descrita pela nossa “chef” Ro-sângela na página 12, sempre valerá a pena. Enfim, é muita coisa para ler e todas elas valem a pena, como sempre vale a leitura deste nosso jornal. Aproveite esta edição e até o mês que vem!

SC Carlos R. Minozzi

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PALAVRA DO PASTOR

A bênção

PALAVRA DO PÁROCO

Minha querida Luisinha“Minha querida Luisinha,

Eu não vos conheço, mas mesmo assim amo--vos muito. Paulina me disse para vos escrever.

Estou no seu colo, porque não sei sequer segurar uma ca-neta. Ela quer que eu vos diga que sou uma preguiçozinha, mas isso não é verdade, pois trabalho o dia inteiro fazendo artes às minhas pobres irmãzinhas. Enfim, sou uma peque-na travessa que sempre ri”.

Este é o começo da primeira carta que temos de santa Tere-sinha. Nela já encontramos alguns traços da sua personalida-de, como, por exemplo, a sua natureza afetuosa. Mais do que força de expressão, dizer que ama muito a quem não conhece, é uma característica toda sua, que aparecerá ao longo de seus escritos e que manifesta igualmente o seu modo de agir.

É também obediente. Mesmo não sabendo ‘sequer se-gurar uma caneta’, obedece ao pedido de Celina, e escreve este pequeno bilhete para a amiga da irmã. Obedece por-que é capaz de ouvir e entender o que lhe é dito, obedece porque está em sintonia com aqueles que convivem com ela. Capacidade de ouvir, de entender, de corresponder – obediência, enfim – que vai se manifestar plenamente na escuta da vontade de Deus, à qual ela aderirá com cada vez maior generosidade.

Junto com tudo isso, o bom humor da ‘pequena travessa que sempre ri’. Uma disposição de criança que sabe tomar

o lado leve da vida, sem com isso tornar-se leviana. Embo-ra seja séria na execução de suas tarefas, e as realize com bastante precisão, nem por isso deixa de ter uma alegria espontânea que a leva a apresentar coisas e pessoas de um modo simpático e agradável.

Último, mas não menos importante, o sentido de famí-lia. ‘Estou no colo (de Paulina)’, ela escreve a Luísa; e assim a vemos, sempre, em estreita ligação, primeiro com os seus familiares, depois com o Carmelo, família que abraçou por opção, e, muito mais, com a Igreja, que ela tem como Mãe (‘no coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor’).

Santa Teresinha escreve uma carta para a amiga de sua irmã Paulina, e, ao mesmo tempo, nos escreve. Abre o seu coração de menina, e já deixa entrever o que será o futuro; estão ali presentes, em germe, as características da mu-lher toda de Deus. Com a nossa querida padroeira, abra-mos o coração a Deus, e permitamos que Ele nos conduza pelos caminhos do amor.

Um abraço carinhoso a todos

Pe. Camilo P. da Silva, sdb

Pároco

www.facebook.com/cpsdb

‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te seja benigno! O Senhor mostre para ti a sua face e te conceda a paz!’ (Nm 6,23-26)

É muito bonito este texto do li-vro dos Números. Deus ensina a Moisés que seu ministério é

um ministério de benção, ele e os sa-cerdotes deverão abençoar o povo.

Mas para o Pai eterno não foi sufi-ciente ensinar a abençoar, Ele, movi-do pelo amor, nos enviou a sua maior benção: seu Filho. ‘Ele é pessoalmente a Bênção. Doando-nos Jesus, Deus ofe-receu-nos tudo: o seu amor, a sua vida, a luz da verdade, o perdão dos peca-dos; ofereceu-nos a paz. Sim, Jesus Cristo é a nossa paz (cf. Ef 2, 14). Ele trouxe ao mundo a semente do amor

e da paz, mais forte que a semente do ódio e da violência; mais forte porque o Nome de Jesus é superior a qualquer outro nome, contém todo o senhorio de Deus, como anunciara o profeta Miquéias: Mas tu, Bet-Ephrata,... é de ti que me há de sair aquele que gover-nará... Ele permanecerá e apascentará o seu rebanho com a força do Senhor, e com a majestade do nome do Senhor, seu Deus... Ele próprio será a paz!’ (cf. 5, 1-4). (Bento XVI. 01.01.2011).

A Igreja está no mundo a serviço deste “mistério” de bênção em favor de toda a humanidade: ‘sobre ti levantar--se-á o Senhor, a sua glória te ilumina-rá’ (Is 60, 2). ‘Isto implica ser o fermen-to de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que mui-tas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, deem

esperança e novo vigor para o cami-nho.’ (Papa Francisco. Evangelii Gau-dium, 114).

Com a Igreja somos abençoados por Deus, mas Ele quer que partilhe-mos a benção; o Pai eterno, em Jesus, envia-nos como uma benção para nos-sos familiares, amigos, pessoas com quem convivemos e encontramos. Vamos abençoar e jamais amaldiçoar. Nossa palavra de benção é capaz de mudar as coisas, de trazer esperança, encorajar, fortalecer os mais frágeis, se a fazemos portadora da benção de Deus. Se assim abençoamos... assim Deus abençoa.

Neste ano imitemos Jesus: sejamos uma benção para nossos irmãos.

Dom Sergio de Deus Borges

Vigário Episcopal para a Região Santana

facebook.com/sergio.borges.56211

A Igreja está no mundo a serviço deste “mistério”

de bênção em favor de toda a humanidade:

‘sobre ti levantar-se-á o Senhor, a sua glória te

iluminará’(Is 60, 2)

Santa Teresinha em Ação • 3

Celina e Teresinha

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Quinto Mandamento: os escândalos, a saúdeO quinto mandamento se opõe tam-

bém aos escândalos. Trata-se de uma falta de respeito à alma das

pessoas. O escândalo consiste em tentar o próximo, opor-se à retidão da pessoa, ar-rastar o irmão à morte espiritual. O escân-dalo é pecado grave se, por ação ou omis-são, conduzir deliberadamente alguém a uma falta grave.

Como qualquer falta, também o es-cândalo tem suas graduações. É tanto mais desastroso quanto maior for a au-toridade de quem o pratica ou a fraque-za de alma dos que são envolvidos neles. “Quem escandalizar um só destes peque-nos que creem em mim, melhor seria que lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos. É inevitável, sem dúvida, que eles ocorram, mas ai daquele que os provoca” (Mateus 18,6-7).

Há várias maneiras de escandalizar. O escândalo é mais grave quando é dado

por pessoas que, por natureza ou função, devem ensinar e educar os outros. O es-cândalo pode ser provocado também por leis, instituições, pela moda, pela opi-nião... Tudo o que leva à degradação dos costumes, corrompe a vida religiosa das pessoas, prejudica o ambiente social de tal modo que torna difícil cumprir os Dez Mandamentos e viver segundo o Evange-lho, tudo isso provoca escândalo.

Igualmente provocam escândalo che-fes de empresas que em seus regulamen-tos incitam à fraude, professores que exas-peram os alunos, os manipuladores da opinião pública. Todas essas atitudes são ocasiões de pecado para os mais fracos e, portanto, são ocasiões de escândalo.

O quinto Mandamento engloba tam-bém o cuidado pela saúde. Sim, porque a vida e a saúde são dons de Deus a fim de podermos cumprir nossa missão neste mundo. Precisamos cuidar delas equili-bradamente, tendo em mente também as necessidades dos outros e o bem comum.

Também faz parte da saúde o cuidado com o corpo, não, porém, de forma exage-rada a ponto de fazer dele um ídolo.

Em questões de saúde e de cuidado com o corpo, é preciso evitar toda espécie de excesso, na comida, na bebida e em tudo o mais. Cabe à virtude da tempe-rança manter sob controle tudo o que fa-zemos. Não falemos do uso da droga que causa gravíssimos danos à saúde e leva outras pessoas ao mal, com consequên-cias enormes para as famílias, a sociedade e a própria pessoa que as consome. Quem as comercializa é responsável por gravíssi-mos danos morais.

A pesquisa científica também pode resultar em dano para a pessoa. De fato, trata-se de faca de dois gumes: experiên-cias científicas, médicas ou psicológicas podem prestar enorme ajuda à saúde das pessoas. Lembre-se, porém, que experi-ências em seres humanos sempre exigem o consentimento do interessado ou de seus representantes legais. Por outro lado,

elas não podem legitimar atos em si mes-mos contrários à dignidade das pessoas. Nem o consentimento da pessoa envolvi-da no caso legitima tais tomadas de posi-ção. Essas experiências não são lícitas, se puserem em perigo a vida, a integridade física e psíquica da pessoa ou as levarem a correr riscos desproporcionais ou evitá-veis por outras intervenções.

Quanto ao transplante de órgãos, é moralmente legítimo na medida em que os riscos a que se submete o doador não representem para ele grave prejuízo e, ao mesmo tempo, que haja probabili-dade concreta de bom êxito em favor do destinatário. Sempre, porém, se exige o consentimento do doador ou de seus re-presentantes legais. Doar órgãos após a morte é louvável. Mutilar a si mesmo é sempre moralmente inadmissível.

Dom Hilário Moser, SDB

Bispo Emérito de Tubarão - SC

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OS 10 MANDAMENTOS

4 • Santa Teresinha em Ação

Doar órgãos também é um ato de misericórdiaO Brasil é referência tanto em quantidade de doadores, quanto em excelência em procedimento. Para doar, nada é burocrático, basta manifestar o desejo aos familiares mais próximos

Não é mais apenas um jargão. Ser um doador de órgãos é sim um ato de amor e de solidariedade, e porque não dizer, um ato de misericórdia? E é bem mais simples do que se imagina.

No Brasil, por exemplo, onde a doação de órgãos da pessoa morta já é regulamentada, não existe buro-cracia. Basta manifestar o desejo de ser doador de ór-gãos, comunicar aos familiares responsáveis, e pedir que esse seja o último ato de caridade. Não é preciso deixar nada por escrito.

Para se ter uma ideia, o Brasil está na lista dos paí-ses mais conceituados quando o assunto é transplan-te. É o segundo maior em número de cirurgias, depois dos Estados Unidos, e é também o primeiro na lista de programas de transplante de órgãos subsidiados pelo governo. Atualmente, 95% das cirurgias realizadas no país são financiadas pelo governo, por meio do Siste-

ma Único de Saúde (SUS). Na maioria dos casos, as técnicas utilizadas são de alta complexidade e estão entre as melhores do mundo.

O que muita gente não sabe é que uma única pes-soa pode beneficiar até 25 outras. No país, para se ter uma ideia, cerca de 60 mil pessoas aguardam na fila pelo transplante, desde adultos e crianças. Aliás, vale ressaltar, que no caso das crianças a espera é ainda mais demorada, já que a decorrência de morte infan-til e, claro, o desejo de doar os órgãos por parte dos familiares, não tem tanta adesão assim.

Os órgãos mais comuns doados são o coração, o pulmão, os rins, pâncreas, o fígado. Mas também é possível ser doador de ossos e cartilagens, córneas, medula (ainda em vida!), pele e vasos sanguíneos.

O que os especialistas dizem que a falta de adesão tanto da pessoa, quanto dos familiares em aceitar a doação são os inúmeros mitos que existem ao redor do assunto. Um clássico é que se os médicos da emer-gência souberem que a pessoa é doadora de órgãos não vão se esforçar para salvá-lo. Outro, também muito comum, é que a doação de órgãos desfigura o corpo e altera sua aparência no caixão, por exemplo.

É importante esclarecer também que a pessoa só pode ter seus órgãos doados quando for considerada morte encefálica, ou seja, quando não mais houver fluxo sanguíneo agindo no cérebro. E isso só pode ser atestado por um médico, com o seu registro do Con-selho Regional de Medicina (CRM).

Então, não perca tempo! Se o desejo for doar, co-munique seus familiares mais próximos e insista para que este seja seu último pedido atendido.

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ESTREIA 2015

O valor da Estreia e a presença de Maria na vida salesianaCaros leitores, neste ano refletimos

sobre a Estreia do Reitor-Mor Pe. Ángel Fernández Artime, que tra-

tou do tema “Como Dom Bosco, com os Jovens, para os jovens”, o qual muito nos informou e orientou sobre a vivência do carisma salesiano.

A Estreia é uma carta pastoral que apresenta um programa formativo e evangelizador para o ano todo. Tem um estilo aberto, democrático e dá autono-mia para que cada “ramo” da família sa-lesiana descubra o melhor modo de con-cretizá-lo na missão. Contudo, a intenção principal dessa carta é a de promover e cultivar a unidade e a comunhão ao in-terno da Família Salesiana.

Com essa compreensão, ao longo desta coluna procuramos ressaltar os elementos significativos da Estreia, con-tribuindo no aprofundando e sentido de suas propostas e abordagens pedagógi-co-pastoral-carismática. A intenção que estava subjacente era aquele de não dei-xar passar despercebido um instrumento de formação, que ao mesmo tempo que é

simples é muito poderoso, por atingir to-dos os membros da família salesiana es-pelhados pelos quatro cantos do mundo.

Por isso, consideramos imprescindí-vel manter sempre esta coluna no jornal, que a cada ano tem um colunista dife-rente para dar visibilidade às palavras do Reitor-Mor. Sendo ele o Pai da Família Sa-lesiana, tem por direito interpretar aquilo que considera necessário, importante e atual para que seus “filhos e filhas” se em-penhem no seguimento e fidelidade aos princípios do Sistema Preventivo.

Finalizamos a abordagem da Estreia de 2015, assim como a contribuição de colunista, ressaltando a presença de Ma-ria na vida salesiana. Ela, como afirma o S. João Paulo II numa carta dirigida aos salesianos, é a “mais insigne colabora-dora do Espírito Santo” e completa: “A Ela vos confio e, juntamente convosco, confio todo o mundo dos jovens, a fim de que eles, por ela atraídos, animados e guiados, possam conseguir, com a media-ção da vossa obra educativa, a estatura de homens novos [mulheres novas] para um

mundo novo: o mundo de Cristo, Mestre e Senhor”. Neste clima de amor filial, in-voquemos, com confiança, a intercessão de Nossa Senhora por tantos jovens e fa-mílias que no mundo todo estão sofrendo e sigamos os conselhos dados por Dom Bosco:

“Eu vos recomendo quanto sei e peço que mantenhais sempre firme na mente e no coração, e que invoqueis sempre o nome de Maria, deste modo: Maria Au-xilium Christianorum, ora pro me. É uma oração não tanto longa, mas que se sabe ser muito eficaz. Portanto, quando qui-serdes obter alguma graça espiritual, e por graça espiritual podem-se entender a libertação de tentações, de aflições do espírito, de falta de fervor, etc., se alguém dentre vós quiser ver-se livre de alguma tentação ou quiser adquirir alguma gran-de virtude, não precisa fazer outra coisa senão invocar Maria. Estas e outras gra-ças são as que se obtêm em maior quanti-dade e são aquelas que não se conhecem e que contribuem com maior bem para as almas. A maior parte de vós que es-

tais aqui, sem que eu diga os nomes, me confessaram que, se conseguiram livrar--se de alguma tentação, foi por graça de Maria Auxiliadora. Muitos, a quem eu ti-nha recomendado esta jaculatória, Maria Auxilium Christianorum, ora pro nobis, me confessaram que tinham sentido os bons efeitos. E daquelas centenas e mi-lhares de pessoas que estão aqui ou que aqui estiveram, às quais pedi que se não fossem atendidos com essa oração, me dissessem, até agora não houve alguém que veio dizer-me que não foi atendido. Na verdade, houve alguém que veio di-zer-me que não foi atendido, mas depois, tendo-lhe perguntado, me confessou que tivera a intenção de rezar, mas que não o tinha feito. Então não é a Santa Virgem que não atende, mas é ele que não quer ser atendido. Porque a oração deve ser feita com insistência, com perseveran-ça, com fé, com a intenção de ser de fato atendido.”

Ir. Adair Aparecida Sberga - FMA

facebook.com/asberga

Santa Teresinha em Ação • 5

CAMINHO DE EMAÚS

Toda a Sagrada Escritura é um hino à misericórdia de Deus e o salmis-ta resume todo o louvor procla-

mando: “Louvai ao Senhor porque ele é bom, porque eterna é sua misericórdia” (Sl 136,1)

Um dia uma mulher flagrada em adul-tério foi apresentada diante de Jesus. A lei mandava que a mulher pega em adultério fosse apedrejada até a morte. Unindo a sabedoria e a misericórdia Jesus começa a escrever algo no chão e fica em silêncio. Os que estão presentes também ficam em silêncio, sem nenhuma reação.

O silêncio é um instrumento valioso quando se quer ouvir o que o nosso co-ração esta desejando e o que o Espírito

está nos comunicando. Não é um silêncio na escuridão, é um silêncio de atenção de alerta. É um silêncio que por parado-xal que seja grita dentro de nós e nos traz o arrependimento de nossos pecados. Aquele silêncio provocado por Jesus fez com que cada um dos presentes se voltas-se para si mesmo. O que eles estavam fa-zendo? Condenando a morte uma peca-dora, mas e quanto aos próprios pecados como reagir? O espírito tocava o coração de cada um como toca o nosso quando pretendemos julgar e condenar. Jesus sabe o momento exato em que deve que-brar o silêncio aos que já estavam sendo atingidos pelo Espírito: ”Aquele que não tiver pecado que seja o primeiro a atirar

uma pedra”. Um a um foram se retirando. Jesus nos ensina a silenciar o coração

antes de um julgamento, de decidir sobre uma ação e para um sincero exame de consciência. Enquanto estivermos nesse silêncio o Espírito age em nosso próprio espírito e o julgamento ou arrependimen-to virá com sobriedade e sinceridade.

A graça do perdão de Deus, a graça da misericórdia de Deus, perdoa qualquer pecado por mais duro e por maior que ele seja! Porque a Misericórdia de Deus é superior ao nosso pecado e até mesmo a nossa capacidade de pecar. A mesma gra-ça da misericórdia de Deus nos chama a não nos enveredarmos novamente pelos caminhos do pecado e do erro para que

não nos aconteça coisa pior. Àquela mulher Jesus perguntou:

“Onde estão os que te acusavam? Eu tam-bém não te condeno, vai em paz e não peques mais!”

Como discípulos de Jesus nos deve-mos seguir o Seu exemplo e usar de mi-sericórdia para com o irmão. Não deve-mos atirar pedras porque também somos pecadores. Se não fizermos isso estamos sendo falsos.

Paulo Henriques

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O Silêncio e a Misericórdia

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CF 2015

O Natal do Senhor Jesus nos aqueceHoje, convido aos leitores a fazer comigo a releitura da CF 2015 a partir do Natal do Senhor. O tema deste ano é Fraternidade, Igreja e Sociedade na ótica do Eu Vim para Servir (Mc 10,45).

O Natal do Senhor é um grande mo-mento de se encontrar com o pró-ximo. Local de exercer o serviço.

Podemos ter como exemplo de encontro: Maria e sua prima Isabel. Maria saiu de seu comodismo, também grávida, mas sendo jovem foi dar o seu apoio a sua prima. Cedeu o seu trabalho e fez-se pre-sença de Deus na vida de sua prima que

estava grávida na velhice. Outro encontro significativo é de José e Jesus. Ele se faz presente na vida de Jesus e lhe ensina sua profissão. E do mesmo modo que se faz presente, desaparece quando cumpre o seu serviço como pedido pelo anjo.

A CF 2015 com base nestes encontros leva-nos a mudar nossa conduta e nos tornarmos pessoas totalmente respon-sáveis pelos outros. A exemplo de Maria somos convocados a exercer nossa fra-ternidade de um modo livre na vida dos irmãos. Não podemos nos enganar que apenas cumprindo ritos iremos ganhar nosso lugar no reino dos céus. Temos que buscar o Cristo presente no próximo, seja

ele doente, mendigo, pobre, prisioneiro, da alta sociedade, entre outros.

Logo, o Natal não é apenas o local de nos emocionarmos de um modo saudo-sista, mas torna-se o local de serviço, por excelência. De fazer o bem que resulta na mudança da sociedade em que vivemos e buscar a igualdade entre todos. De pro-curar realizar mais encontros frutuosos que nos levam exercer a dignidade nas pessoas. Que possamos todos nós tornar responsáveis pelo cuidado da nossa casa comum.

Pe. Vinicius Ricardo de Paula, SDB

[email protected]

6 • Santa Teresinha em Ação

EU VIM PARA SERVIR

Não podemos nos enganar que

apenas cumprindo ritos iremos ganharnosso lugar no reino

dos céus

Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo: uma vida dedicada a misericórdia

Se é para falarmos de misericórdia e de servir não podemos ignorar as Filhas da Caridade de São Vi-

cente de Paulo. Atuando no Brasil há mais de 110 anos, elas são reconheci-das pelo trabalho caridoso que pres-tam para os mais pobres e necessita-dos. De fato, seguem exatamente os preceitos que Papa Francisco pede em relação a misericórdia e de como deve-mos ser perante aos mais necessitados.

Para quem não conhece, a Com-panhia das Filhas da Caridade é uma Sociedade de Vida Apostólica em co-munidade, que assume os Conselhos Evangélicos de castidade, pobreza e obediência, conforme suas constitui-ções e estatutos, para servir corporal e espiritualmente os pobres, vendo neles a pessoa de Jesus Cristo Crucificado.

Também pudera, as Filhas da Ca-ridade são um sonho e projeto de São Vicente de Paulo, um visionário que sempre pensou em ser rico e impor-tante, mas quando entendeu e aceitou a misericórdia, mudou de planos. Para se ter uma ideia, após ser padre du-

rante 12 anos, Vicente empreende em várias fundações, dentre elas, as Filhas da Caridade, que teve início em 29 de novembro de 1633.

O carisma das Filhas da Caridade passa pelo serviço aos pobres. Sob o lema “Doadas a Deus, em comunida-de, para o Serviço dos Pobres. A regra das Filhas da Caridade é Cristo”. Uma vez “doadas a Cristo”, passam a viver em comunidade e se doam 100% aos trabalhos. Atuam em escolas, paró-quias, comunidades carentes, orató-rios, etc.

Luísa de Marillac fundou as Filhas da Caridade junto com Vicente. Ela, que o teve como diretor espiritual, também encontrou na caridade a salvação para uma depressão profunda que a asso-lava. Luísa é conhecida por ter grande amor pelos pobres e ensina as Irmãs a amá-los e tratá-los com ternura e com-paixão. Faleceu em 15 de março de 1660. Foi canonizada em 1934. Procla-mada pelo Papa João XXIII, patrona de todas as Obras Sociais.

Na Paróquia Santa Teresinha há

uma grande atuação dos Vicentinos, também fundados por São Vicente de Paulo (veja página 10), com eventos que promulgam a inclusão social.

Para saber mais do trabalho desen-volvido pelas Filhas da Caridade, visite o site filhasdacaridade.com.br.

As Filhas da Caridade têm a misericórdia

na essência

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Santa Teresinha em Ação • 7

E AGORA?

E A FAMÍLIA, COMO VAI?

“Viajando” na viagem

Ano finalizando, conclusão de curso e formatura se desenhan-do, e nesse pacote, vem o convi-

te para a tão sonhada “viagem de for-matura”!

Os filhos querem ir, curtir com os amigos, mas os pais ficam com receio...

E ouvimos muitas estórias do tipo, “Meu filho/a foi à viagem de formatura e não gostei do resultado”...

S. 17 anos, planejou com seu grupo animadamente sua viagem de forma-tura a Porto Seguro, tudo pago, tudo pronto, muita festa, e lá foram os jo-vens aos “cuidados” dos monitores!

Uma semana depois, a volta! Cheia

de lágrimas de saudades e reencon-tros! Festa novamente!

E após dois meses, o resultado... S. estava grávida! E quem seria o pai? Um monitor da excursão, de 27 anos de idade.

Essa estória real, subitamente de-sestruturou a dinâmica familiar, que agora caminha na adaptação de sua nova condição.

Bebidas oferecidas pelos monitores aos jovens, falta de controle dos quar-tos, e outras coisinhas inapropriadas ao momento de vida da garotada são relatados.

Em toda viagem de formatura “rola”

esse tipo de coisa¿ Claro que não! Em muitas há sim alegria e bagunça, mas tudo dentro da proposta de alegria, festa, confraternização e despedida da garotada! Que não precisa da bebida e outros estimulantes para acontecer! Basta deixarem a alegria entrar, atra-vés dos abraços amigos, das conversas e lembranças animadas, das estórias divertidas da sala de aula, olharem a beleza do lugar onde estão, e também vale o espírito de gratidão aos pais por terem lhes proporcionado esse mo-mento, muitas vezes bem caro, porém com o sentido de presente de formatu-ra!

Que o jovem saiba retribuir aos pais esse presente!

Aos que irão viajar, curtam tudo com consciência e lembrem-se sempre das orientações e valores familiares, informações valiosas em todas as si-tuações!

Boa viagem!

Rose Meire de Oliveira

Psicóloga

[email protected]

facebook.com/Rose.rsgo

Crianças com deficiência são fardos muito pesados. Três mulheres são exemplo de amor cristão, feito de sacrifício, muito desgaste físico e emocional, doação e entrega. Têm a alegria como marca comum, uma alegria contagiante, mesmo diante do desafio a elas imposto.

Quando casamos, fomos morar em um apartamento na Vila Santa Catarina. Vi-zinhos de porta, a família formada por

Gilson, Abigail e seus filhos, Hugo e Ricardo. Ricardo era o mais velho, tinha doze anos e era portador de uma paralisia cerebral grave, com sequelas profundas na motricidade. Abigail era franzina e sempre nos deixava espantados sua agilidade ao carregar o filho pela casa e como o atendia em suas necessidades, pois Ricardo era incapaz de fazer qualquer coisa por si.

Na catequese familiar da Eugenia, nossa fi-lha do meio, conhecemos Wilton e Gabi e seus três filhos, William, Taís e Paty. Paty é portadora de sequelas de paralisia cerebral, com severas limitações motoras, mas teve sua capacidade intelectual intacta. Hoje é advogada formada e trabalha na Procuradoria Federal. Seu sonho é ser promotora e estuda para isso. Gabi, sempre alegre e bem disposta, até hoje acompanha a fi-

lha em seu trabalho, pois ela depende de ajuda para muitas tarefas corriqueiras do dia a dia.

Não conhecemos Margarita, pois ela mora no México. Ela é avó de Othon, que dela de-pende para tudo e foi abandonado pela mãe. É emocionante ver os desafios que enfrenta e inacreditável como uma senhora idosa pode ter tanta força para carregar o neto incapacita-do. Veja seu vídeo em http://bit.ly/avodefibra.

Estas três histórias mostram a importân-cia social da família. Não fossem as mães e a avó, a sociedade teria que arcar com os custos de sustentar e atender as necessidades desses deficientes. E eles não teriam a dedicação e o amor com que foram criados, por melhor in-tencionados que fossem seus cuidadores. O re-latório final do Sínodo dos Bispos sobre a famí-lia ressalta, no parágrafo 21: “Merecem grande admiração as famílias que aceitam com amor a difícil provação de um filho deficiente. Elas dão à Igreja e à sociedade um testemunho precioso de fidelidade ao dom da vida. ”

Luiz Fernando e Ana Filomena

[email protected]

facebook.com/anafilomenag

facebook.com/lzgarcialz

Abigail, Gabi, Margarita

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DESTAQUE

8 • Santa Teresinha em Ação Santa Teresinha em Ação • 9

Um ano dedicado a Misericórdia. Um ano no qual nos é pedido coragem para vivê-la com grandeza e verdade. Se ainda não fizemos as

promessas comuns de ano novo, que tal colocarmos essa na lista? Misericórdia para com tudo, esperança para com tudo. Vida para com tudo. Papa Francisco, ainda em novembro do ano passado, dedicou uma reflexão para entender o que representa a Porta San-ta e porque devemos cruzá-la.

“Diante de nós está a porta, mas não somente a Porta Santa, outra: a grande porta da Misericórdia de Deus – e essa é uma porta bela! –, que acolhe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, é preciso um pouco de coragem da nossa parte para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos somos pecadores! Aproveitemos esse momento que vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a nós. Coragem! Entremos por essa porta!”

Então, a pergunta é: Estás disposto a cruzá-la? Não é tão difícil quanto parece. Em entrevista ao Jornal Santa Teresinha em Ação, Ir. Mary de Calcu-tá, fundadora da Aliança da Misericórdia, diz que uma simples ação de ouvir já é um cruzar de portas (veja mais na página 16). Francisco também diz que “o imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz. Portanto, para ser capazes de misericór-dia, devemos primeiro por-nos à escuta da Palavra de Deus. Isso significa recuperar o valor do silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida”.

Ainda em sua Bula de Proclamação, Papa Fran-cisco justifica o lançamento extraordinário deste Jubileu. “Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes.”

Francisco diz ainda que “precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia em nossas

Um ano para viver a Misericórdia de CristoSe precisamos de esperança para encarar um novo ano, é na misericórdia que a encontraremos. Vamos conhecer um pouco o que pede Papa Francisco em seu Jubileu Extraordinário; veja também como foi a abertura da Porta Santa na Região Santana

vidas”. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Mise-ricórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sin-ceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos ama-dos para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.”

Surpresa boa de Francisco“Hoje, Bangui se transforma na capi-

tal espiritual do mundo. O ano da miseri-córdia fica proclamado antecipadamente em Bangui. Está aqui para esta terra que sofre com a falta de paz e para todos que, em todo o mundo, sofrem com a guerra”. Papa Francisco

Desde quando papa Francisco assu-miu o trono de Pedro, ele não cansa de surpreender os fiéis com atos de amor e pura humildade. Dessa vez, o gesto mais cheio de significado foi a abertura da Por-ta Santa na Catedral de Bangui, no Centro da África, no dia 29 de novembro, nove dias antes de sua abertura oficial, no dia 8 de dezembro, na Basílica de São Pedro, em Roma.

“Abra-nos a porta da Tua misericór-dia”, rezou Francisco, antes de abrir a por-ta ornada com flores. “Pedimos paz, mi-

sericórdia, reconciliação, perdão e amor”, acrescentou, em tom solene, na entrada da catedral da Imaculada Conceição. “Pedimos paz para a República Centro-A-fricana e para todos os povos que sofrem a guerra”, disse o papa, antes de realizar o gesto excepcional, que permite aos fiéis e penitentes passar pela porta para receber o perdão de seus pecados.

Em sua linda homilia em Bangui, Francisco fez vários apelos por misericór-dia. “Mesmo quando se deflagram as for-ças do mal, os cristão devem responder ‘presente’, com a cabeça em riste, prontos para receber os golpes nesta batalha onde Deus terá a última palavra. E esta palavra será o amor”, declarou, referindo-se à onda de violência resultante dos confron-tos inter-religiosos no país desde 2013.

“A todos aqueles que utilizam, injus-tamente, as armas no mundo, eu lhes faço um apelo: deixem esses instrumen-

tos da morte”, insistiu. Para finalizar, papa Francisco também recomendou “amor aos inimigos, que protege contra a tenta-ção da vingança e contra a espiral de re-presálias sem fim”.

Na Região SantanaA exemplo do mundo, a região Santa-

na, no dia 13 de dezembro, também fez o ato solene de abertura da Porta Santa, a porta da misericórdia que papa Francisco pede para todos. Mais de duas mil pesso-as participaram da missa presidida por Dom Sérgio de Deus, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo para a região Santana.

Sob forte sol, uma procissão se ini-ciou no Colégio Luísa de Marillac, onde os fiéis cantavam o hino do Jubileu, pro-clamando o evangelho. A procissão se iniciou, às 15h, pela rua Heróis da FEB, passando pela avenida Braz Leme, pelas

ruas Salete e Padre Clemente Moussier, chegando até à rua Voluntários da Pá-tria, 2060, onde está situada a igreja. To-das as paróquias da região participaram da solenidade motivados por Pe. Jorge da Silva, da paróquia de São Francisco Xavier, que estava em cima de um “trio elétrico”. Mesmo os que não estavam an-dando, participavam das varandas dos apartamentos e casas.

Quando a procissão chegou na Igre-ja, o pátio já estava lotado e Dom Sérgio abriu a porta fazendo a alusão ao mes-mo gesto que Papa Francisco fez em Bangui, na África, e na Basílica de São Pedro, em Roma.

Dom Sérgio, em sua homilia, também pediu um agir misericordioso, uma refle-xão sobre a verdadeira compaixão. “Tal como o Pai é, precisamos ser misericor-diosos nas nossas ações, no nosso olhar para os mais necessitados”.

“Diante de nós está a porta, mas não somente a Porta

Santa, outra: a grande porta da

Misericórdia de Deus”

CuriosidadeA primeira Porta Santa foi aberta em 1423, pelo então Papa Martinho V. Ele

marcava o Ano Santo com esse novo gesto, que vem sendo seguido até agora por seus sucessores. Pela tradição, o tempo de um Ano Santo para o outro dura 25 anos, mas já foi de 100 anos, depois mudou para 33 (alusão a idade de Cristo) e também aconteceu, tal como este que Francisco acaba de lançar, Jubileus ex-traordinários, ou seja, Anos Santos proclamados antes do tempo previsto. Isso acontece devido ao desejo que o papa tem de firmar uma posição sobre determi-nada necessidade atual da sociedade. Neste, em especial, papa Francisco sente que a sociedade, em geral, precisa exercitar a misericórdia.

Dom Sérgio abre a Porta Santa em Santana

Papa Francisco abre a Porta Santa em Bangui, África

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FAMÍLIA SALESIANA

EXPERIÊNCIA VICENTINA

Chegamos em 2016!No final e início do ano muitos costumam realizar planos e estabelecer metas. Talvez você já tenha feito isso, porém se ainda não as realizou, convido você a fazer um plano de vida para 2016

Você pode iniciar refletindo onde e como você está hoje e onde e como você deseja estar em dezembro de

2016. Pense em todas as áreas da sua vida: relação conjugal, relação com os filhos, onde você investe o seu tempo, como está a sua dedicação aos estudos e trabalho, qualidade de vida, saúde física, mental, fi-nanceira e espiritual, sua vida emocional e sua dedicação para amigos, familiares e comunidade.

Defina onde e como você deseja estar em dezembro de 2016, será muito impor-tante você anotar o seu plano em um ca-derno ou agenda.

E para que você chegue em dezembro de 2016 no estado desejado, é importan-

te que você estabeleça metas mensais e transforme essas em metas semanais. Uma ajuda no cumprimento do plano é deixar a sua anotação em um local visível (geladeira, espelho, porta do guarda-rou-pa, em sua agenda...), compartilhar com um amigo ou familiar, isso ajudará você a manter o foco em seus objetivos. Se você compartilhou o seu “plano de vida” com alguém, combine com ele encontros para falar sobre a evolução do seu processo. Revise mensalmente o seu plano e em cada conquista e avanço, comemore!

E como parte do projeto de vida, a família Salesiana anualmente recebe a Estreia (um projeto iniciado por Dom Bosco e nos dias atuais realizado pelo Reitor-Mor sucessor de Dom Bosco) com um tema que deve direcionar e motivar a nossa vida e pastoral durante todo o ano.

Para 2016 o tema da estreia é “Com Jesus, percorramos juntos a aventura do Espírito! ”, nesta estreia a reflexão está na ação do Espírito Santo que age com liber-

dade e bate à porta de todo o ser humano e a experiência que todos nós temos do “caminho”, do percurso que fazemos ano após ano.

A Estreia 2016, nos faz um convite: viva a aventura de cada dia, e a viva à ní-vel interior na superação dos seus limites e aumento à cada dia, da sua capacidade de amar, doar e perdoar, pois quanto ao futuro não há certezas, mas vamos avan-çar e tenha certeza que o Espírito Santo há de nos surpreender, superando as nossas próprias expectativas.

Nesta aventura de 2016, Jesus Cristo será o nosso verdadeiro guia e nossos mo-delos são a Mãe de Jesus, “que viveu uma aventura do Espírito confiando em Deus sem saber qual seria o desfecho” e Dom Bosco, que “viveu toda sua vida, aberto ao Espírito, porque o seu desejo era res-ponder a quanto Deus lhe pedia, a si e aos seus meninos”.

Nesta aventura, vamos viver o cami-nho interior de nossa espiritualidade,

conduzidos pelo Espírito Santo que se ex-prime “numa profunda experiência de fé, no cultivo da dimensão comunitária des-sa mesma fé, crescendo na misericórdia e na dimensão fraterna da vida”.

Finalizando a estreia, Padre Artime faz um convite: “Desejamos pedir-vos a vós, caros jovens, que nos permitais percorrer juntos esse caminho! Percorramos juntos esse caminho! Aprendamos juntos, faça-mos experiência juntos: porque isto fará muito bem a todos”.

E como família salesiana em 2016, va-mos caminhar juntos. Caminhe mais jun-to da sua pastoral, caminhe mais junto da sua comunidade, caminhe mais junto da sua família... e caminhando juntos, sere-mos felizes. Feliz 2016 !

SC Evanio Santinon

facebook.com/evaniosantinon

“Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não tem as obras? (...) Se então algum de vós disser a eles: ‘Ide em paz, aquecei-vos’ e ‘Comei à vontade’, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adianta isso? Assim também a fé: se não se traduz em ações, por si só está morta” (Tg 2, 14.16-17)

A nossa comunidade entendeu e colocou em prática essas pala-vras. Na missa da véspera de Na-

tal, 120 famílias carentes, assistidas pe-los vicentinos e pelo SAS, retornaram às suas casas com a ceia de Natal, refeição partilhada pelos paroquianos. Todos os anos recebemos muitas doações, mas neste a comunidade se superou e abriu ainda mais o coração. Obrigada pela ge-nerosidade, Deus lhe pague!

Cada um que ajudou realizou tam-bém uma obra de misericórdia proposta pelo Papa Francisco para o Ano Santo (bula Misericordiae Vultus). E quais são as demais obras de misericórdia além de dar de comer e de beber? Vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência

aos doentes, visitar os presos, enterrar os mortos, aconselhar os indecisos, en-sinar, admoestar os pecadores, consolar, perdoar, ter paciência com as pessoas chatas, rezar pelos vivos e mortos.

No nosso dia-a-dia temos que lem-brar de praticá-las. Porém, fazer em

conjunto é mais fácil. Acredito que o Ano da Misericórdia é uma grande oportunidade para conhecer e partici-par de alguma pastoral da Igreja. Que tal incluir na sua lista a Sociedade de São Vicente de Paulo (os vicentinos)?

A reunião da nossa conferência, Santa Margarida Maria Alacoque, é na segunda-feira, às 20h. As visitas às famí-lias assistidas ocorrem aos sábados pela manhã; e a entrega da cesta de alimen-tos no último sábado do mês, dia em que preparamos um café, seguido de um momento de oração e palestra.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!

Renata Sayuri Habiro

Consócia Vicentina

facebook.com/renata.habiro

Uma das obras de misericórdia

10 • Santa Teresinha em Ação

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Santa Teresinha em Ação • 11

AMAR É...

Amar é orar cantandoAmar é orar cantando. Mais que

simplesmente cantar ou tocar, a música deve ser para glorificar a

Deus e colaborar na santificação de toda comunidade. Seja na Missa, nos grupos de oração, encontros e retiros. É a músi-ca que anima e nos faz chegar mais perto de Deus. A música tem a capacidade de abrir os corações para celebrar, agradecer e curar.

Na própria Bíblia, po-demos acompanhar a importância da música, e vários exemplos em que o canto era sinal de alegria e júbilo pela vitória do povo de Deus, sinal de oração a Deus, sinal de cura como em 1 Sa-muel 16,23: “E sempre que o espírito mau, permitido por Deus acometia o rei Saul, Davi tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau o deixava”.

Como estamos numa paróquia sa-lesiana é importan-te ressaltar que para Dom Bosco a músi-ca é essencial ao seu projeto pedagógico, dizendo sempre que

Como se preparam?Os grupos de Missa estão intimamente ligados a liturgia, portanto seguem a orientação da coordenação geral

de liturgia. Portanto, veem qual é o tempo litúrgico e escolhem as músicas de acordo.Todas os grupos têm ensaios em horários específicos. Por isto, quem se interessar deve procurar um dos mú-

sicos na Missa que frequenta para ver qual a afinidade e disponibilidade para ensaio, pois cada grupo tem cro-nograma próprio.

Quais são os grupos da Música da Paróquia Santa Teresinha?

Um grande número de músicos está sempre a postos para animar as celebrações. Como são muitos, citamos aqui apenas os “band-leaders”, ou seja, os co-ordenadores de cada grupo musical, a saber:

Sábado16h – Jota, Carol e Kiu

Domingo7h30 – Grupo Dom Bosco - Meridalva Spera 9h30 – Ricardo Balestra e Cristina11h – Henrique Elias e Daniel Ferreira Zanchetta18h – Jefferson Guabiraba19h30 – Grupo Carisma – Wilson Roberto Rodrigues

Grupo de Oração: Washington Divino de Carvalho

Coral Santa Teresinha: Maestro Sandro Ribeiro

Quem pode participar?Como diz o coordenador do Grupo Carisma, Wilson, qualquer paroquiano pode participar do grupo. Basta

ter boa vontade, dom para música, que toque algum instrumento ou que cante sem muitos “desafinos”. Procure um dos coordenadores ou no caso do coral, procure Conceição.

“uma casa salesiana sem música é como um corpo sem alma” e certa vez respondendo a uma crítica de um abade disse: “a música dos jo-vens não se ouve com os ouvidos,

mas com o coração”.O Ministério de

Música é importante em todas as atividades da Igreja, mas na Missa tem específica função e a Igreja nos orienta em relação ao canto litúrgi-

co: “O canto e a música desempenham a sua fun-ção de sinais, dum modo tanto mais significativo,

quanto «mais intimamente estiverem unidos à ação litúrgica» (27), segundo três critérios principais: a beleza ex-pressiva da oração, a participação unâ-nime da assembleia nos momentos previstos e o carácter solene da cele-bração. Participam, assim, na finalida-

de das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis. ” (CIC, 1157) ou no Missal Romano em que “ O Apóstolo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembleia para aguardar a vinda do Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Cl 3, 16), pois o canto constitui um si-

nal de alegria do coração (cf. At 2, 46). Por isso, dizia com razão Santo Agostinho: “Cantar é próprio de quem ama”, e há um provérbio antigo que afirma: “Quem canta bem, reza duas vezes”. Sendo importante ressaltar que para os cantos do ordinário da Missa as músicas devem ser com o texto que já vem proposto no Missal, ficando a possibilidade de composição da letra somente para os cantos de entrada, procissão das ofertas e comunhão. Outro ponto fundamental a ser ressaltado é que o canto litúrgico é generoso, pois ao partilhar seu dom, o ministério de música, incentiva toda comunidade a participar dos cantos.

Felizmente, na Paróquia Santa Teresinha, temos vários grupos no ministério de música que não só ani-mam as Missas, mas também, acompanham genero-samente outras atividades da paróquia como: Festa e Novena de Santa Teresinha, Semana Santa, Prepara-ção de noivos, Grupo de Oração, Semana da Família, Encontros para Casais, e tantas outras atividades. E claro, não podemos deixar de lembrar do Coral Santa Teresinha que também canta e encanta nossas cele-brações festivas, em especial Missa da Semana da Fa-mília e as Missas de Primeira Eucaristia.

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QUE DELÍCIA!

CIDADANIA

E tudo acaba em pizza!

Senhor fazei-me instrumento da vossa paz. Seja no mundo real ou no mundo virtual.

Onde houver ódio, que eu leve o amor, não fazendo nem repassando manifestações de ódio racial, ou de gé-nero nas redes sociais.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão, não usando as redes sociais para denegrir ou ofender as pessoas;

Onde houver discórdia, que eu leve a união, não fomentando as discussões no ambiente virtual somente para acir-rar os ânimos.

Onde houver dúvida, que eu leve a fé, sobretudo na possibilidade do ser humano se regenerar.

Onde houver erro, que eu leve a verdade, não repassando informações

sem ter certeza quanto à veracidade destas.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança, não alardeando ou repassando informações que não con-tribuam para a melhoria da humanida-de.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; em especial pela não propaga-ção de informações alarmistas.

Onde houver trevas, que eu leve a luz, sobretudo pelo exemplo de fazer o que é certo.

Como podemos ver São Francisco de Assis tem muito a nos ensinar sobre como devemos atuar no ambiente vir-tual.

Muitas pessoas acham que a inter-

net é uma “terra sem lei”, onde podem fazer tudo aquilo que não fariam no ambiente social. Acham-se protegidas pelo manto do anonimato, praticando crimes das mais variadas espécies.

Na verdade toda e qualquer ação efetuada no ambiente virtual pode ser rastreada, sendo apenas uma questão de quantos e quais os recursos utiliza-dos no rastreamento do(s) autor (es) de determinado ato.

Nos últimos anos os recursos à dis-posição das autoridades para rastrear crimes perpetrados por meios virtuais vêm se tornando cada vez maiores, indo de pessoal especializado a legis-lação especifica.

Muitos Estados, por exemplo, pos-suem delegacias especializadas em

investigação de crimes praticados por meio eletrônico, nas quais podem ser feitas denúncias de crimes de cunho patrimonial e contra a pessoa.

Além disso, foram aprovados na le-gislação brasileira alguns dispositivos para coibir crimes específicos como a “vingança virtual”.

Portanto se você tomar conheci-mento, ou for vítima de um crime per-petrado pela internet, denuncie, pro-curando as autoridades.

Aloísio Oliveira

Advogado

facebook.com/aloisio.oliveira.54

São Francisco e os crimes virtuais

Pizza Especial da ConcyIngredientes secos:

2 xícaras( chá) de farinha de trigo

1 xícara (chá) de amido de milho (“Maizena”)

1 xícara de queijo parmesão ralado

1 colher( sobremesa) de fermento em pó Royal

1 colherinha (café) de sal

Misture-os bem, faça uma covinha no meio e acrescente os ingredientes úmidos:

3 ovos

1 xícara de azeite de oliva

1 xícara de leite

Misture tudo com uma colher grande ou batedor. A massa ficará aerada, fofa, soltando da tigela.

Espalhe em forma untada e enfarinhada. Asse em forno (que já está pré-aquecido a 180°), por uns dez (10) minutos, ou até que a massa

fique solta nas laterais da forma! Retire do forno, espete a massa com um garfo, acrescente espalhando bem, o molho de tomate( da sua preferência); salpique orégano, ponha o recheio.

Sugestão da Concy: 300 g de peito de peru fatiado e bem picadinho, cubra com 500 g de muçarela ralada (em ralo grosso), decore com azeitonas recheadas e fatiadas. Leve de volta ao forno, até que derreta o queijo. Enfeite como preferir.

A Concy trouxe esta prepa-ração para nossa reunião de final de ano dos ME-

SAC (Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão) e todos amaram!

Logo fui pedindo a receita para publicar aqui e ela me con-tou que é uma receita de Natal, de Ano Novo, de aniversário, de visi-tas inesperadas, e por aí vai.

Pensei em fazer como um lanche prático agora nas férias. E como dá para inventar as coberturas, sempre podemos usar as tão famosas sobras: do chester da ceia, da carne assada de panela, do frango assado...enfim, use a imaginação e faça a festa em mais ou menos meia hora! A galera vai adorar.

Fiz para o lanche pós Natal e ficou super gostosa. Usei pei-to de peru, queijo prato, cebola fatiada e tomates para a cober-tura. A receita serviu bem seis pessoas.

Ao retirar do forno, faça um charme na decoração usando galhos verdes de alecrim e algumas cerejas, para dar um “ar festivo”, se for o caso!

Gente, é rapidinho, fácil de fazer e é uma delícia!

Rosângela Melatto, chef de cozinha

[email protected]

facebook.com/rosangela.melatto

12 • Santa Teresinha em Ação

Page 12: “Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco) · Minha filha menor não podia voltar para casa com o meu outro filho por conta da idade. Eu tinha muito medo de

JUVENTUDE

O grupo de jovens da paróquia foi no domingo, 06 de dezembro, até a Ba-sílica de Nossa Senhora Aparecida.

O objetivo foi um só... agradecer.Os motivos para gratidão são vários,

afinal estes jovens assumiram, em 2015, uma missão de peso ao representar a pa-róquia perante a juventude católica. Isso significa comprometer-se com muitas ati-vidades, além da já conhecida equação: estudo + trabalho + vida social.

Durante o segundo semestre de 2015, o grupo desenvolveu diversos encontros e ações, claro que o aprendizado foi cons-tante, mas o recado já está claro: os jovens vieram para somar.

Para eles, o ano que ficou para trás foi muito produtivo, entre as ações, recebe-ram um palestrante que falou sobre o jo-vem na igreja, participaram de encontros com jovens de outras paróquias, ajudaram em ações na igreja, como a Festa de Santa Teresinha, em que foram eleitos os res-ponsáveis pela barraca mais bonita. Sem falar dos churrascos e jantares, afinal, nin-guém vive apenas de trabalho.

Além disso, o grupo passou a ter uma identificação, afinal, Deus nos chama pelo nome. A partir de agora, eles passam a ser conhecidos como EntreTantos. A ideia é de que o jovem tem a missão de ser san-to onde quer que esteja, independente de sua companhia. A marca do EntreTantos é justamente ser e fazer a diferença, viver no mundo sem pertencer a ele.

Por fim, encerraram o ano indo à casa de nossa padroeira, para agradecer o pri-meiro ano de uma história que vem já

sendo escrita, e que promete ser longa e produtiva.

Ano novo, planos novosAgora os objetivos são outros, além de

receber mais jovens que desejam ter par-ticipação ativa na paróquia, o grupo pas-sará a desenvolver atividades sociais, pois como o próprio Papa diz, é preciso que o jovem vá às ruas e dê o seu melhor para ajudar a construir uma sociedade mais justa, e melhor de se viver.

Para aqueles que desejam integrar este grupo, composto hoje por 20 jovens, com idades que vão de 18 a 35 anos, é fácil, bas-ta aparecer na igreja aos domingos, a partir das 9hs. O primeiro encontro de 2016 será no dia 14 de fevereiro, assim não tem des-culpas de férias ou carnaval.

“Precisamos ser a mudança que quere-mos ver no mundo”. A frase pode ser clichê, mas ainda não é desenvolvida pela socie-dade. Por isso, os jovens se unem e con-vidam novos integrantes, para que juntos possam vencer as dificuldades do mundo, compartilhando dúvidas e angústias, ca-minhando para um crescimento pessoal, que terá reflexo em todos os meios e, con-sequentemente, na sociedade.

Se você acha que o grupo não é para você, ou que você tem muitos compro-missos, fica aí um segredo do EntreTantos: todos têm diversos compromissos e ativi-dades, porém eles compreenderam que é vital ter tempo para Deus, e mais do que isso, é imprescindível colocar em prática Seus ensinamentos.

E aí, vai ficar fora dessa?

EntreTantos, somos únicos!

Santa Teresinha em Ação • 13

O grupo de jovens, EntreTantos, vai à Basílica de Nossa Senhora Aparecida e se prepara para 2016

Por Jéssica Guimarães

Thais Forghieri: formada em Química,

pós-graduada em

Análise Instrumental

Avançada. Atua, dentro

da paróquia, no grupo

EntreTantos, além de

ser leitora na missa

das 11hs. Seus hobbies

são sair com amigos,

praticar exercícios e ir

ao cinema.

Débora Guimarães: graduada

em Nutrição, com pós-graduação

em Vigilância Sanitária. Frequenta

a paróquia desde 2007, quando fez

crisma. É leitora da missa das 11hs,

além de participar do grupo de

jovens. Tem como hobbies sair com

amigos e ouvir música.

Danielle Villas Boas: é professora, além de ser graduada

em Jornalismo. Cuida da página do grupo EntreTantos, no

facebook, e faz leitura na missa das 11hs. Seus hobbies são

viajar e cozinhar.

Augusto César: estudante de

Química. Participa da paróquia há

15 anos. Além de sua atuação no

grupo de jovens é coordenador dos

coroinhas. Seus hobbies são sair

com amigos e ficar com a família.

Jéssica Guimarães: graduada em

Jornalismo, cursa Letras. Participa

da Santa Teresinha há 8 anos. Além

da atuação no grupo de jovens, é

Ministra da Sagrada Eucaristia e faz

leituras na missa das 11hs. Tem como

hobbies ler e sair com amigos.

Daniel Zanchetta: formado em Sistemas de Informação,

pós-graduado em Tecnologia de Informação Bancária. Faz

parte do ministério da música, tocando com os jovens na

missa das 11hs. Seus hobbies são tocar violão e Crossfit.

Conheça alguns integrantes do grupo

Rafael Souza: formado em Artes

Visuais, é contrabaixista e dá aulas

de arte e musicalização infantil.

Participa do EntreTantos, e também

do ministério de música tocando na missa das

11hs. Seus hobbies são cozinhar e praticar judô.

Page 13: “Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco) · Minha filha menor não podia voltar para casa com o meu outro filho por conta da idade. Eu tinha muito medo de

ESPECIAL

ANIMAL!

Casos de microcefalia avançam no Nordeste; entenda o que é a doença

O assunto é microcefalia é não é para menos. O país nunca regis-trou tantos casos e a maior in-

cidência, no Nordeste, tem assustado tanto as já grávidas, quanto aquelas que estavam programadas para engravidar. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a ordem é não engravidar até que o núme-ro de casos diminua e a causa seja, de fato, confirmada e controlada.

Os últimos dados divulgados pelo MS, no dia 5 deste mês, mostram que o maior número de casos de microcefalia conti-nua a ser apresentado por Pernambuco: 1.185, o equivalente a 37,33% do total.

Ainda no nordeste, vem seguido pela Paraíba (504), Bahia (312), Rio Gran-de do Norte (169), Sergipe (146), Ceará (134), Alagoas (139). Em outras regiões se espalham pelo Mato Grosso (123) e Rio de Janeiro (118). Em SãoPaulo, se-gundo a Secretaria Estadual de Saúde, há 8 casos sendo investigados. Nesta se-

mana, um caso suspeito de microcefalia foi identificado também no Amazonas, o primeiro desde que o acompanhamento começou a ser feito por autoridades sa-nitárias.

Para tentar combater os casos, o go-verno federal formou uma força-tarefa, integrada por 19 ministérios para comba-ter o Aedes aegypti, vetor da doença. Em dezembro, o Ministério da Saúde enviou 17,9 toneladas de larvicida para os Esta-dos do Nordeste e Sudeste, totalizando 114,4 toneladas para todo o país.

Mas afinal, o que é microcefalia?A microcefalia é uma doença em que a

cabeça e o cérebro das crianças são meno-res que o normal para a sua idade, influen-ciando o seu desenvolvimento mental.

Geralmente, a microcefalia está pre-sente quando o tamanho da cabeça de uma criança com um ano e três meses é menor que 42 centímetros. Isto ocorre

porque os ossos da cabeça, que ao nasci-mento estão separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça normalmente.

A microcefalia é uma doença grave, que não tem cura, e a criança que a possui pode precisar de cuidados por toda a vida, sendo dependente para comer, se mover e fazer suas necessidades, dependendo da gravidade da microcefalia que possui e se ela possui outras síndromes além da microcefalia.

A vida da criança que nasce com mi-crocefalia em geral, apresenta atraso mental, alterações físicas como dificul-dade para andar, problemas de fala e hi-peratividade ou convulsões, por exemplo. Além disso, a criança tem uma cabeça menor do que o normal, podendo preci-sar de ajuda para comer, tomar banho ou andar, por exemplo.

Porém, estas consequências da do-ença não surgem em todos os casos e,

algumas crianças podem se desenvolver normalmente e ter uma inteligência nor-mal porque isso depende da gravidade da sua microcefalia. Assim, as crianças que foram diagnosticadas ainda na gestação geralmente são as que tem mais limita-ções, enquanto que as crianças que foram diagnosticadas com microcefalia após o nascimento tem maiores possibilidades de se desenvolverem melhor.

A microcefalia não tem cura e o trata-mento inclui sessões de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional pelo menos 3 vezes por semana para estimu-lar a criança, diminuir o retardo mental e também o atraso do desenvolvimento crescimento.

Animais de estimação dão muito trabalho. Exigem cuidados, ca-rinho, dedicação e tempo. Mas,

todo esse trabalho é recompensado pelo amor envolvido. Exercer trabalho pastoral escrevendo uma coluna para o Jornal pa-roquial também dá muito trabalho. Exige dedicação e tempo e da mesma maneira se é recompensado pelo amor envolvido.

Foram quase 5 anos e 58 colunas escritas. Abordamos os principais cui-dados que devemos ter com nossos ani-mais, algumas doenças que os acome-tem. Falamos de pets não muito comuns e de algumas curiosidades. Nesse ano que terminou tive o prazer de escrever a história de algumas famílias paroquia-nas e seus pets. E apesar da distância física que me separava dessas famílias e das diferentes características e histórias de cada uma pude sentir o amor comum que todas têm pelos seus pets e me di-

verti muito escrevendo. Cada coluna foi muito trabalhosa, exigindo tempo e de-dicação para responderem as exigências do Conselho Editorial do STA afinal trata--se de um Jornal de excelente qualidade. Todo esse trabalho foi recompensado a cada edição pronta que chegava ao meu e-mail e que me deixava orgulhosa de fa-zer parte de tudo isso.

A coluna fez parte de mudanças pro-fissionais na minha carreira de Veteriná-ria. Durante esses anos, por conta da car-reira acadêmica que escolhi, mudei para o Paraná e depois para o Rio Grande do Sul, residência atual, e, mesmo de longe segui escrevendo. A coluna me permitiu conti-nuar perto da paróquia e seguir a serviço da comunidade. Com o auxílio do Con-selho Editorial aprendi a escrever nesse formato, uma linguagem acessível em um texto curto. As reuniões de pauta, ao vivo ou online, e a troca de informações pelas

redes sociais com o conselho editorial foi sempre um divertido aprendizado.

Hoje, escrevendo essa última coluna (dessa temporada) tenho dois sentimen-tos: Gratidão a toda equipe do STA, pelo aprendizado, paciência com alguns atra-sos e principalmente pela confiança em mim depositada. E de Missão cumprida, por escrever com amor e carinho cada uma das colunas.

Deixo o meu Até Breve!! (não quero dizer um adeus definitivo) E quem sabe desperto em algum leitor a vontade de fa-zer parte de tudo isso. Afinal, aprendi que a vontade de servir à Deus e a comunida-de ultrapassa à distância e a falta de tem-po e principalmente que o resultado final vale a pena.

Raquel Raimondo

Médica veterinária

facebook.com/raquel.raimondo

Até breve!

14 • Santa Teresinha em Ação

A Pascom Santa Teresinha agradece a Raquel Raimondo

toda a dedicação ao jornal e ao

Facebook/pascomst e deseja a ela um

2016 de muito sucesso profissional.

Até breve e volte logo!

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ACONTECE

Confraternização dos Agentes de Pastoral: http://bit.ly/imaculada2015

Santa Teresinha em Ação • 15

Dom Sérgio abre a Porta Santa: http://bit.ly/portasantana

Um Natal de gratidão: http://bit.ly/natalgrato

Misericórdia e oração: http://bit.ly/grato2015

Abertas as inscrições para Primeira Eucaristia

Para crianças de 9 a 12 anos ou que

já saibam ler e escrever

Retire sua Ficha de Matrícula na secretaria ou

faça o download em http://bit.ly/catequese2016

Catequese de adultos Batismo, Primeira Eucaristia ou Crisma

Início dia 21 de janeiro de 2016 às 20h

Chegar 15 minutos antes e procurar

Ayrton, Reginaldo ou Sérgio (Tio)

Page 15: “Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco) · Minha filha menor não podia voltar para casa com o meu outro filho por conta da idade. Eu tinha muito medo de

Uma misericórdia recíprocaPor Daya Lima

ENTREVISTA

16 • Santa Teresinha em Ação

Leiga consagrada, fundadora da Aliança da Misericórdia, Ir. Mary de Calcutá nos convida a viver o Ano da Misericórdia; não é preciso muito, basta ser ouvinte

O papa nos pede mais misericórdia. Nos pede um olhar diferenciado e uma ação verdadeira para os mais necessitados. Nos pede uma mudança de

postura. E é nessa linha que trabalha, há 16 anos, a Alian-ça da Misericórdia, uma comunidade que surgiu com o intuito de ajudar, de estar perto, literalmente, de quem mais precisa. Para entendermos um pouco mais sobre o trabalho da Aliança, conversamos com a Ir. Mary de Cal-cutá, uma das fundadoras do movimento.

Santa Teresinha em Ação – Ir. Mary, o que faz a Aliança da Misericórdia?Ir. Mary de Calcutá – A Aliança tem várias frentes, mas todas têm o trabalho voltado para os mais necessitados. Trabalhamos com as famílias em situação de rua, nos presídios, acolhemos crianças e idosos, temos uma casa das mães solteiras (de rua), atuamos na Cracolândia, evangelizamos, etc.

STA – O Ano da Misericórdia proposto por papa Francisco muda alguma coisa no trabalho de vocês?Ir. Mary – Francisco é um santo padre. É uma felicidade poder contar com um aliado tão forte em prol dos neces-sitados. No nosso dia a dia não muda nada. Na verdade, a gente fala aqui que o Ano da Misericórdia, para nós, é todo ano. Mas é claro que muda o entender das pessoas. Mais gente se propõe a ajudar. Mais gente se “converte”. É muito bom mesmo tudo o que está acontecendo em rela-ção aos pobres depois de Francisco. A Igreja vem reforçar o olhar para a compaixão. Aquela compaixão verdadeira.

STA – E o que a senhora chama de compaixão verdadeira?Ir. Mary – Muita gente diz ter compaixão. É normal sen-tirmos isso. Mas quando falo de compaixão verdadeira é aquela que não fica apenas no âmbito do sentimento, é preciso ter uma ação. Se eu me solidarizo com alguém, de nada vale se eu não fizer nada para mudar aquele si-tuação. Não adianta só olhar, preciso dar uma resposta.

STA – A senhora está há 16 anos na Aliança, aliás, é uma das fundadoras, já deve ter visto e vivido situações bem marcantes. Alguma que possa nos falar que ilustre bem a misericórdia?Ir. Mary – Eu morei na rua durante um ano, no Rio de Ja-neiro. Antes dessa experiência eu tinha dormido na rua com algumas pessoas em situação de rua em São Paulo. Também já tinha ido para Belo Horizonte (MG) e fiquei 10 dias “morando na rua” com outros. Todas foram mar-cantes. O que a gente acha é que eles ganharam muito

com nossa presença. Em BH, por exemplo, éramos em três missionários e sempre nos apresentamos. Eles sa-bem o nosso trabalho e sabem que não somos “de rua”. Mas vivemos como eles, participamos das mesmas difi-culdades. Temos os mesmos problemas “de rua”. Quem ganha somos nós. Toda vez que passo uma noite dormin-do na rua agradeço a Deus pela oportunidade de viver sua misericórdia literalmente.

STA – Imagino que viver um ano, no Rio de Janeiro, sendo moradora de rua não deve ter sido fácil. Teve medo? E a violência?Ir. Mary – E seu eu te falar que eu tive mais medo da indi-ferença das pessoas, você acreditaria? A partir do primei-ro momento que conversa com uma pessoa que está na rua você já o reconhece como um irmão. É que nem você. Tem sonhos, sentimentos, é caridoso, em nada é diferen-te. Agora, as pessoas, os transeuntes, são tão indiferentes para com seu irmão que é algo que dá medo, de verdade. Era o meu único medo. É uma indiferença que dói, de verdade. Eu também sei que é mais do que normal sentir medo. O país é violento e é fácil se sentir vulnerável quan-do uma pessoa mal vestida, muitas vezes suja, chega per-to e pede algo. Mas basta olhar nos seus olhos, sentar com uma para conversar que vai perceber que somos iguais. É só a situação que é diferente, nada mais.

STA – Acredito que essa experiência tenha sido um divisor de águas na vida da senhora, estou certa?Ir. Mary – Muito certa! Com o trabalho na Aliança, já morei em favelas, convivo com pessoas em estrema desordem de vida, durmo na rua com as pessoas, mas essa experi-ência, tal como os 10 dias que passei em Belo Horizonte, foram muito marcantes. Foi eu que ganhei com eles. Eles têm tanta misericórdia para dar. Foi com os pobres que aprendi a partilhar. É uma misericórdia recíproca.

STA – E como, irmã, mesmo com todos esses preconceitos, é possível viver a misericórdia verdadeira?Ir. Mary – É tão mais simples do que se imagina. A gente pode pensar que precisa fazer várias coisas, comprar tan-tas outras, ter tempo de sobra. Não é nada disso. Como disse no início, é só ter compaixão de verdade e ela não significa dar coisas. Parar e conversar com uma pessoa em situação de rua, por exemplo, já é tanto. Eles preci-sam ser ouvidos, precisam falar. Eles têm sonhos, desejos, medos e gostam quando os escutam. Claro que gostam! São que nem qualquer outra pessoa. Adoramos que nos ouçam. Eles também. Isso já é um bom começo.

STA – E foi assim que a senhora começou?Ir. Mary – Mais ou menos assim. Tenho 47 anos e aos 13 eu sabia que queria ser freira. Minha mãe achou uma loucura e eu não, claro. Me engajei na Igreja e comecei a

trabalhar nas obras. Sou de Minas e aos 18 resolvi vir para São Paulo para trabalhar. Foi quando me perdi. Bebia muito e vivia uma vida inteira de pecado. Me reconciliei com Deus e quis ajudar àqueles que, igual a mim, viviam de uma forma devassa, se posso assim dizer. Foi assim que comecei. Em 1999, um padre querido que me ajudou muito na caminhada soube de poucas pessoas que que-riam formar uma comunidade para ajudar os mais neces-sitados. Ele sabia que era para mim. E foi dessa reunião que fizemos a Aliança de Misericórdia. Muita gratidão e muito amor por tudo isso.

STA – Deixe uma mensagem para os paroquianos de Santa Teresinha.Ir. Mary – E se a gente se propor, mesmo, viver o Ano da Misericórdia como pede nosso querido papa? É fácil, não é difícil, e você só tem a ganhar. Sabe aquele lugar que você passa sempre e se depara com várias pessoas mo-rando nas ruas? Pare um dia. Converse com uma delas. Ouça-as. O papa pede um olhar especial para os neces-sitados, mas os necessitados somos todos nós. É uma misericórdia recíproca. Você dá o que ele precisa e ele te dá muito mais. Todos ganham e vale muito a pena. Pense que só com esse gesto você pode salvar uma vida. Fiquem com Deus.