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Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Ação de Esquistossomicidas na Fase Inicial da Esquistossomose Experimental
por
Andréa Cássia Simões Vimieiro
Belo Horizonte
Junho/ 2009
DISSERTAÇÃO MDIP-CPqRR A.C.S. VIMIEIRO 2009
II
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Ação de Esquistossomicidas na Fase Inicial da Esquistossomose Experimental
por
Andréa Cássia Simões Vimieiro
Dissertação apresentada com vistas à
obtenção do Título de Mestre em Ciências
na área de concentração Doenças
Infecciosas e Parasitárias.
Orientação: Dr. Paulo Marcos Zech Coelho
Belo Horizonte
Junho/ 2009
III
Catalogação-na-fonte Rede de Bibliotecas da FIOCRUZ Biblioteca do CPqRR Segemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975 V764a 2009
Vimieiro, Andréa Cássia Simões Ação de esquistossomicidas na fase inicial da esquistossomose experimental/ Andréa Cássia Simões Vimieiro. – Belo Horizonte, 2009. XIX,100: il, 210 x 297 mm. Bibliografia: f. 106 – 119 Dissertação (Mestrado) – Dissertação para obtenção do título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós - Graduação do em Ciências da Saúde. Área de concentração: Doenças Infecciosas e Parasitárias. 1. Esquistossomose mansoni/quimioterapia. 2. Schistosoma mansoni/Efeitos de drogas 3. Schistosoma mansoni/crescimento & desenvolvimento 4. Esquistossomicidas/Uso terapêutico.I Título II. Coelho, Paulo Marcos Zech (Orientação).
CDD – 22. ed. – 616.963
IV
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Ação de Esquistossomicidas na fase inicial da esquistossomose experimental
por
Andréa Cássia Simões Vimieiro
Foi avaliada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr.Paulo Marcos Zech Coelho (Presidente)
Prof. Dra. Andréa Teixeira Carvalho
Prof. Dr. Edward Felix da Silva
Suplente: Prof. Dr: Stefan Michael Geiger
Dissertação defendida e aprovada em: 30/06/2009
V
Dedico este trabalho a meu filho Pedro Augusto
que me ensinou o amor mais puro e incondicional.
Meu querido esposo Douglas pelo
companheirismo, amor e compreensão.
Aos meus amados pais Álvaro Vimieiro e Sandra
e irmãos Juninho, Alysson e Amanda
pelo carinho e incentivo em todos os momentos.
VI
Agradecimentos
Agradeço a Deus por colocar sempre no meu caminho grandes oportunidades, me
ajudar vencer obstáculos que parecem intransponíveis, mas que se tornam apenas
mais um degrau na escalada da vida.
Ao meu orientador Dr. Paulo Marcos Zech Coelho pela acolhida carinhosa em seu
laboratório. Obrigada pela amizade, confiança, atenção, alem de todos os
ensinamentos que me enriquecem como profissional e como pessoa.
À Neusa Araújo que mais do que uma grande colaboradora neste trabalho, foi
amiga, conselheira, mestra. Muito obrigada pela dedicação, por seu carinho, sua
atenção e as boas horas de conversa durante as perfusões...
Ao Dr. Naftale Katz pelas sugestões que enriqueceram este trabalho.
A Cristina Toscano que logo nos primeiros experimentos me ajudou a entender o
Prisma.
A Vandinha, o Àureo, Jussara e D. Vera que sempre foram muito atenciosos e
prestativos. Obrigada pela amizade de vocês...
Aos meus amigos do Laboratório de esquistossomose, Ana Carolina, Rafaella, Ana
Karine agradeço as sugestões, as boas conversas e todo apoio de vocês.
À Tatiane, Gardênia, Suedali e Juliano pela amizade e o bom convívio.
À Flávia pelo carinho e tempo dedicado me ajudando nas perfusões.
À Fernanda companheira de mestrado, pelo carinho e amizade.
E claro sem esquecer Clarice, Liliane, Watson, Lizandra e Ludmila que chegaram a
pouco renovando a alegria do Laboratório de esquistossomose...
Obrigada a todos pelas horas agradáveis que passamos juntos!!
Ao Martin pela presteza e a grande ajuda sempre que precisei.
A Raquel e Simone, pessoas que admiro pela grande competência.
VII
Aos funcionários do biotério: Jaci, Douglas, Wanderley, Marcílio, Moisés, Vera, pela
colaboração e atenção de todos vocês.
Ao Bibliotecário Segemar pela competência e presteza sempre que foi necessário
sua colaboração.
Aos demais funcionários pelo respeito e atenção que sempre me trataram.
Aos colegas do curso de Pós-graduação do CPqRR.
Ao Centro de Pesquisas René Rachou/FIOCRUZ pelo suporte técnico-científico.
À Biblioteca do CPqRR em prover acesso gratuito local e remoto à informação
técnico-científica em saúde, custeada com recursos públicos federais, integrante do
rol de referências desta dissertação, também pela catalogação e normalização da
mesma.
A minha amiga e comadre Erica pelo carinho e incentivo, sempre.
Aos meus tios e primos pelo carinho e apoio.
A minha família sempre presente, apoiando, incentivando e sendo meu alicerce para
todos os momentos.
A Sr. Rafael e D. Maria pelo apoio e incentivo.
A Rubiane pelo cuidado e carinho com meu filho.
Obrigada por partilharem o conhecimento e a amizade. Todos que contribuíram de
forma direta ou indireta são co-autores neste projeto que agora se faz real. Sou feliz
por vocês existirem em minha vida!!!
VIII
E Alice perguntou ao gato: -Que caminho devo seguir?
O gato respondeu: -Depende de onde você quer chegar...
(Lewis Caroll)
IX
SUMÁRIO
Lista de Figuras .......................................................................................................XI
Lista de Tabelas......................................................................................................XII
Lista de Gráficos ....................................................................................................XIII
Lista de Quadros.....................................................................................................XV
Lista de Abreviaturas.............................................................................................XVI
Resumo .................................................................................................................XVIII
Abstract...................................................................................................................XIX
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................21
1.1 ESQUISTOSSOMOSE ............................................................................................................................. 21 1.2 PRAZIQUANTEL ................................................................................................................................... 27 1.3 OXAMNIQUINA.................................................................................................................................... 30 1.4 ARTESUNATO E OUTROS DERIVADOS DAS ARTEMISINA....................................................................... 32 1.5 RESISTÊNCIA À DROGAS ESQUISTOSSOMICIDAS................................................................................... 36 1.6 EFETIVIDADE DE DROGAS ESQUISTOSSOMICIDAS NO PERÍODO PRÉ-PATENTE DA ESQUISTOSSOMOSE .. 38
2 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................45
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................................... 45
3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................47
3.1 PARASITOS .......................................................................................................................................... 47 3.2 CAMUNDONGOS .................................................................................................................................. 47 3.3 INFECÇÃO............................................................................................................................................ 47 3.4 TRATAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................................................ 48 3.5 PERFUSÃO – OBTENÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS OU VERMES ADULTOS............................................. 48 3.6 SCHISTOGRAMA .................................................................................................................................. 49 3.7 OOGRAMA........................................................................................................................................... 51 3.8 AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE DO S. MANSONI À DROGAS DURANTE O PERÍODO PRÉ-PATENTE DA
ESQUISTOSSOMOSE EXPERIMENTAL................................................................................................................... 51 3.8.1 Experimentos 1 e 3: Avaliação do Schistograma e contagem de vermes adultos provenientes de camundongos tratados com OXA, ART e PZQ no 15º dia de infecção ....................................................... 52 3.8.2 Experimentos 2 e 4: Avaliação do Schistograma e contagem de vermes adultos recuperados de camundongos tratados com OXA, ART e PZQ no 23º dia de infecção ....................................................... 53 3.8.3 Experimentos 5 e 6: Avaliação do Schistograma de esquistossômulos recuperados de camundongos tratados com associação ART + PZQ no 14º ou 21º dia de infecção ................................. 55
3.9 AVALIAÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS APÓS EXPOSIÇÃO À DROGAS ESQUISTOSSOMICIDAS
NO PERÍODO PRÉ-PATENTE................................................................................................................................. 56 3.9.1 Experimentos 7 e 8 – Contagem de vermes adultos recuperados aos 100 dias de infecção, de camundongos tratados com diferentes esquemas terapêuticos no período pré-patente .............................. 56
3.10 EFEITOS DO TRATAMENTO “IN VIVO” COM OXA, ART E PZQ SOBRE O TEGUMENTO DE
ESQUISTOSSÔMULOS DE S. MANSONI .................................................................................................................. 58 3.10.1 Microscopia de Fluorescência ..................................................................................................... 58 3.10.2 Marcação dos parasitos com sonda fluorescente......................................................................... 58 3.10.3 Perfusão – Obtenção de esquistossômulos para uso nas técnicas de fluorescência .................... 59 3.10.4 Experimentos 9 e 10 – Tratamento “in vivo” com OXA, ART e PZQ e marcação com sonda Hoechst para avaliação de dano no tegumento de vermes imaturos aos 14 e 21 dias de infecção............. 60
3.11 IMAGENS FOTOGRÁFICAS .................................................................................................................... 61 3.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................................................................................... 61
4 RESULTADOS ..................................................................................................64
4.1 AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE DO S. MANSONI À DROGAS DURANTE O PERÍODO PRÉ-PATENTE DA
ESQUISTOSSOMOSE EXPERIMENTAL................................................................................................................... 64 4.1.1 Experimento 1-a ........................................................................................................................... 64 4.1.2 Experimento 1- b .......................................................................................................................... 65
X
4.1.3 Experimento 2- a .......................................................................................................................... 67 4.1.4 Experimento 2- b .......................................................................................................................... 68 4.1.5 Experimento 3- a .......................................................................................................................... 69 4.1.6 Experimento 3- b .......................................................................................................................... 71 4.1.7 Experimento 4- a .......................................................................................................................... 73 4.1.8 Experimento 4- b .......................................................................................................................... 75 4.1.9 Experimento 5 .............................................................................................................................. 77 4.1.10 Experimento 6 .............................................................................................................................. 79
4.2 AVALIAÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS APÓS EXPOSIÇÃO A DROGAS ESQUISTOSSOMICIDAS
NO PERÍODO PRÉ-PATENTE................................................................................................................................. 81 4.2.1 Experimento 7 .............................................................................................................................. 81 4.2.2 Experimento 8 .............................................................................................................................. 82
4.3 EFEITOS DO TRATAMENTO “IN VIVO” COM OXA, ART E PZQ SOBRE O TEGUMENTO DE
ESQUISTOSSÔMULOS DE S. MANSONI .................................................................................................................. 83 4.3.1 Experimento 9 – a......................................................................................................................... 83 4.3.2 Experimento 9- b .......................................................................................................................... 86
5 DISCUSSÃO......................................................................................................89
6 CONSIDERAÇÕES .........................................................................................100
7 PERSPECTIVAS .............................................................................................102
8 CONCLUSÕES................................................................................................104
9 REFERÊNCIAS ...............................................................................................106
XI
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DO CICLO EVOLUTIVO DO S. MANSONI .................................24
FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DOS
ESQUISTOSSÔMULOS. ...........................................................................................25
FIGURA 3 - ESTRUTURA QUÍMICA DO PZQ......................................................................27
FIGURA 4 - ESTRUTURA QUÍMICA DA OXA......................................................................30
FIGURA 5 - ESTRUTURA QUÍMICA DA ARTEMISINA ............................................................32
FIGURA 6 - ESTRUTURA QUÍMICA DO ART......................................................................33
FIGURA 7 - ESQUISTOSSÔMULO 1º ESTÁDIO....................................................................49
FIGURA 8 - ESQUISTOSSÔMULO 2º ESTÁDIO....................................................................50
FIGURA 9 - ESQUISTOSSÔMULO 3º ESTÁDIO....................................................................50
FIGURA 10 - ESQUISTOSSÔMULO 4º ESTÁDIO..................................................................50
FIGURA 11- ESQUISTOSSÔMULO 5º ESTÁDIO...................................................................51
FIGURA 12 - ESQUISTOSSÔMULOS DE 3º, 2º E 4º ESTÁDIO EVOLUTIVO. ..............................51
FIGURA 13 - ESTRUTURA QUÍMICA SONDA HOECHST 33258 ............................................58
FIGURA 14 - VERMES RECUPERADOS DO GRUPO TRATADO COM OXA 400 MG/KG NO 15º DPI.
...........................................................................................................................72
FIGURA 15 - VERMES RECUPERADOS DO GRUPO TRATADO COM ART 600 MG/KG NO 15º DPI.
...........................................................................................................................73
FIGURA 16 – VERMES RECUPERADOS DO GRUPO TRATADO COM PZQ 800 MG/KG NO 15º DPI
E CONTROLE NÃO TRATADO ...................................................................................73
FIGURA 17– VERMES RECUPERADOS DE GRUPOS TRATADOS COM OXA 400 MG/KG E ART
600 MG/KG...........................................................................................................76
FIGURA 18 – VERMES RECUPERADOS APÓS 100 DIAS DE INFECÇÃO.................................83
FIGURA 19 – MARCAÇÃO DOS PARASITOS COM SONDA HOECHST 33258 TRATADOS NO 14º
DPI E COLETADOS 2 HORAS APÓS TRATAMENTO. ......................................................85
FIGURA 20 - MARCAÇÃO DOS PARASITOS COM SONDA HOECHST 33258 TRATADOS 21º DPI E
COLETADOS 2 H APÓS TRATAMENTO. ......................................................................87
XII
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS NO SCHISTOGRAMA RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 200 MG/KG, ART 300 MG/KG OU PZQ 400
MG/KG. ................................................................................................................64
TABELA 2 - PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 200 MG/KG, ART 300 MG/KG OU PZQ 400
MG/KG .................................................................................................................65
TABELA 3 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS RECUPERADOS DE CAMUNDONGOS
TRATADOS COM OXA 200 MG/KG, ART 300 MG/KG OU PZQ 400 MG/KG. .................67
TABELA 4 - PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 200 MG/KG, ART 300 MG/KG OU PZQ 400
MG/KG. ................................................................................................................68
TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS RECUPERADOS DE CAMUNDONGOS
TRATADOS COM OXA 400 MG/KG, ART 600 MG/KG OU PZQ 800 MG/KG. .................69
TABELA 6 - PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 400 MG/KG, ART 600 MG/KG OU PZQ 800
MG/KG. ................................................................................................................71
TABELA 7 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS RECUPERADOS DE CAMUNDONGOS
TRATADOS COM OXA 400 MG/KG, ART 600 MG/KG OU PZQ 800 MG/KG. .................73
TABELA 8 - PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE VERMES ADULTOS RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 400 MG/KG, ART 600 MG/KG OU PZQ 800
MG/KG. ................................................................................................................75
TABELA 9 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS NO SCHISTOGRAMA RECUPERADOS DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM ART 300 OU 600 MG/KG; PZQ 400 OU 800 MG/KG;
ART 300 + PZQ 400 MG/KG; E ART 600 + PZQ 800 MG/KG...................................77
TABELA 10 - DISTRIBUIÇÃO DE ESQUISTOSSÔMULOS RECUPERADOS DE CAMUNDONGOS
TRATADOS COM ART 300 OU 600 MG/KG; PZQ 400 OU 800 MG/KG; ART 300 + PZQ
400 MG/KG; E ART 600 + PZQ 800 MG/KG. ...........................................................79
TABELA 11 - NÚMERO DE VERMES VIVOS RECUPERADOS 100 DIAS APÓS A INFECÇÃO, DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 200 MG/KG, ART 300 MG/KG E PZQ 400 MG/KG.
...........................................................................................................................81
TABELA 12 - NÚMERO DE VERMES VIVOS RECUPERADOS 100 DIAS APÓS A INFECÇÃO, DE
CAMUNDONGOS TRATADOS COM OXA 400 MG/KG, ART 600 MG/KG E PZQ 800 MG/KG.
...........................................................................................................................82
XIII
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 1- A. ............................................................................65
GRÁFICO 2 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 1- B. ............................................................................66
GRÁFICO 3 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 2- A. ............................................................................68
GRÁFICO 4 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 2- B. ............................................................................69
GRÁFICO 5 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 3- A. ............................................................................70
GRÁFICO 6 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 3- B. ............................................................................72
GRÁFICO 7 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 4- A. ............................................................................74
GRÁFICO 8 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 4. ................................................................................76
GRÁFICO 9 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 5 PARA AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ART + PZQ
ADMINISTRADA NO 15º DIA APÓS INFECÇÃO. ............................................................78
GRÁFICO 10 - GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS MÉDIAS DE VERMES IMATUROS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 6 PARA AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ART + PZQ
ADMINISTRADA NO 21º DIA APÓS INFECÇÃO. ............................................................80
XIV
GRÁFICO 11 - GRÁFICO DE BARRAS DA MÉDIA DE ESQUISTOSSÔMULOS VIVOS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 7. ................................................................................81
GRÁFICO 12 - GRÁFICO DE BARRAS DA MÉDIA DE ESQUISTOSSÔMULOS VIVOS RECUPERADOS
DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS E GRUPO CONTROLE E OS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÃO
OBTIDOS NO EXPERIMENTO 8. ................................................................................82
XV
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - ESTIMATIVA DE PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE PARA ALGUNS PAÍSES DA
AMÉRICA LATINA...................................................................................................21
QUADRO 2 - ESQUEMAS TERAPÊUTICOS DOS EXPERIMENTOS 1 E 3 ..................................52
QUADRO 3 - ESQUEMAS TERAPÊUTICOS DOS EXPERIMENTOS 2 E 4 ..................................54
QUADRO 4 - ESQUEMAS TERAPÊUTICOS DOS EXPERIMENTOS 5 E 6 ..................................55
QUADRO 5 - ESQUEMAS TERAPÊUTICOS DOS EXPERIMENTOS 7 E 8 ..................................57
QUADRO 6 - ESQUEMAS TERAPÊUTICOS DOS EXPERIMENTOS 9 E 10 ...............................60
XVI
LISTA DE ABREVIATURAS
OXA – Oxamniquina
PZQ – Praziquantel
ART – Artesunato
Dpi – days post infection - Dias após infecção
WHO – World Health Organization - Organização Mundial de Saúde
Cyt D – Cytochalasin D
XVII
Resumo
XVIII
RESUMO O tratamento da esquistossomose na fase postural da doença é bem estabelecido e
tem como drogas disponíveis o praziquantel (PZQ) e a oxamniquina (OXA), que
geralmente promovem boa resposta terapêutica. Entretanto, o S. mansoni apresenta
diferente susceptibilidade a drogas na fase pré-postural, podendo causar falhas
terapêuticas. O PZQ é pouco ativo para esquistossômulos de 2 a 4 semanas, bem
como a OXA na 3º semana de infecção. O Artesunato (ART) tem demonstrado boa
atividade contra esquistossômulos. Para elucidar estas diferenças, foram avaliados
quais estádios evolutivos são mais susceptíveis ao tratamento na fase pré-postural
da doença através do schistograma. O tratamento com ART promoveu as maiores
alterações no schistograma. Doses de 300 mg/kg ou 600 mg/kg administradas no
15º dpi diminuíram significativamente o número de vermes de 3º e 4º estádios. Dose
de 300 mg/kg no 23º dpi reduziu o número de vermes do 5º e 6º e ART 600 mg/kg
reduziu o número de vermes do 4º, 5º e 6º estádios. Tratamentos com ART 600
mg/kg resultaram em grande número de esquistossômulos com intestino degradado
impedindo sua classificação no schistograma. Estas alterações levaram a diferenças
estatísticamente significativas no número total de esquistossômulos e no percentual
de redução de vermes adultos recuperados aos 42 dpi. Vale ressaltar que parte dos
vermes recuperados com 100 dias de infecção, principalmente fêmeas, tratados com
ART 600 mg/kg apresentavam aspecto de imaturos. Doses de OXA 200 mg/kg e 400
mg/kg administrados no 15º dpi reduziram o número de esquistossômulos do 4º
estádio, enquanto o tratamento no 23º dpi de OXA 200 mg/kg reduziu o número de
vermes do 6º estádio e de 5º e 6º estádios quando a dose foi de 400 mg/kg. O
tratamento com OXA 400 mg/kg no 23º dpi causou diferenças estatísticamente
significativas no percentual de redução de vermes adultos recuperados. Muitos
vermes recuperados dos tratamentos com OXA 400 mg/kg tiveram seu
desenvolvimento comprometido e estas alterações também foram observadas nos
grupos recuperados 100 dpi. O schistograma de camundongos tratados com PZQ
400 mg/kg permaneceu inalterado. A dose de 800 mg/kg utilizada no 15º dpi reduziu
o número de esquistossômulos do 4º estádio e no 23º dpi reduziu o número de
vermes de 6º estádio. As associações ART 600 + PZQ 800 mg/kg e ART 300 + PZQ
400 mg/kg não diferiram estatísticamente do grupo tratado com ART 600 mg/kg
isoladamente. Dados sugerem maior dano no tegumento de vermes tratados com
OXA 400 mg/kg, ART 300 e 600 mg/kg e PZQ 800 mg/kg.
XIX
ABSTRACT The treatment of schistosomiasis during the postural phase is well established and
the use of praziquantel (PZQ) and oxamniquine (OXA) shows satisfactory therapeutic
efficiency. However, S. mansoni presents different susceptibility profiles to these
drugs during the pre-patent phase, causing treatment failures.
PZQ shows little activity against 2 to 4 weeks old schistosomules, as OXA does
during the 3rd week of infection. Artesunate (ART) has shown good activity against
schistosomules during this period. In order to elucidate these differences, the
susceptibility to treatment at various maturation stages during the pre-postural phase
of the disease was evaluated, registering schistogram changes of infected mice.
Treatment with ART revealed the biggest changes in the schistogram. ART doses of
300 mg/kg or 600 mg/kg administered 15 days after infection reduced significantly
the number of schistosomules at 3rd and 4th stages. A dose of 300 mg/kg on the 23rd
day reduced the number of worms at 5th and 6th stage and a dose of 600 mg/kg on
the same day showed a reduction in the number of schistosomules at 4th, 5th and 6th
stages. Treatment with ART 600 mg/kg caused gut lesions of schistosomules,
impeding the staging in the schistogram. These results show statistically significant
differences in the total number of schistosomules and in the percentage of the adult
worm reduction obtained 42 days after infection among the treated and not treated
groups. It is worth mentioning that most of the worms, especially females, examined
from the group treated with 600 mg/kg ART 100 days after infection, showed
immature aspect. OXA doses of 200 mg/kg or 400 mg/kg administered 15 days after
infection reduced the number of schistosomules at the 4th stage. A dose of 200
mg/kg on the 23rd day reduced the number of worms at the 6th stage and a dose of
400 mg/kg on the same day showed a reduction in the number of schistosomules at
the 5thand 6thstage. The treatment with OXA 400 mg/kg on the 23 rd day after
infection revealed a significant reduction of adult worms compared to the untreated
control group. Most worms of the group treated with 400 mg/kg OXA showed
abnormal development. The schistogram of mice treated with PZQ 400 mg/kg
remained unchanged. The dose of 800 mg/kg administered on the 15th day after
infection reduced the number of schistosomules at stage 4 and that on day 23
revealed activity at those of stage 6. Associations of ART 600 + PZQ 800 mg/kg and
ART 300 + PZQ 400 mg/kg did not differ to treatment with ART 600 mg/kg alone. The
data also indicate considerable damage to worm’s tegument treated with OXA 400
mg/kg, ART 300 and 600 mg/kg as well as with PZQ 800 mg/kg.
20
Introdução
21
1 Introdução
1.1 Esquistossomose
Cerca de 1 bilhão ou mais de pessoas no mundo são afetadas pelas doenças
tropicais negligenciadas. Elas são chamadas negligenciadas por que persistem
exclusivamente na pobreza e nas comunidades mais marginalizadas (WHO 2008). A
esquistossomose pertence a este grupo, sendo endêmica em 76 países e territórios
distribuídos pela África, Ásia e Américas (Engels et al. 2002).
Embora a distribuição da esquistossomose tenha mudado nos últimos 50
anos e tenha havido sucesso nos programas de controle, o número estimado de
pessoas infectadas ou com risco de infecção não reduziu. Onde o controle tem
obtido sucesso, no caso de países da Ásia e Américas, o número de infectados e o
risco de infecção são bem menores, ao contrário do que ocorre na África
Subsaariana (Engels et al. 2002). Segundo dados da Organização Mundial de
Saúde (2007), mais de 200 milhões de pessoas estão infectadas e 650 milhões
estão expostas ao risco de contrair a doença. Estima-se que 85 % do número de
pessoas infectadas estão no continente Africano (Chitsulo et al. 2000).
Dados da Organização Mundial de Saúde para o ano de 2007 confirmam o
Brasil como o país com a maior prevalência de esquistossomose na América Latina
com mais de 6 milhões de pessoas infectadas e mais de 42 milhões de pessoas
vivendo em áreas endêmicas sobre o risco de contrair a infecção (quadro 1).
Quadro 1 - estimativa de prevalência da esquistossomose para alguns países da
América Latina.
País Ano Número estimado de
pessoas infectadas
Número de pessoas vivendo
em áreas endêmicas
Número reportado de
pessoas tratadas
Brasil 2007 6.712.683 42.189.186 21.551
Republica
Dominicana 2007 287.785 975.966 -
Suriname 2007 4.133 41.328 -
Venezuela 2007 43.078 7.188.227 -
Fonte: http://www.who.int/neglected_diseases/preventive_chemotherapy/sch/db/index. O controle da esquistossomose depende medidas de saneamento. È
inquestionável a necessidade imediata de aumento de investimentos no
22
fornecimento de água potável e sistema de esgoto, associados às medidas de
educação para a saúde e tratamento clínico em larga escala,visando uma resposta
adequada para o controle da transmissão da esquistossomose (Katz, 2005).
Programas de controle baseados em quimioterapia geralmente têm obtido
tanto sucesso que todas as outras ferramentas para controle têm sido
marginalizadas. Subentende-se que educação em saúde nas áreas rurais onde não
há acesso a água segura deveria existir (Bergquist 2008).
Almejando o controle da doença em áreas endêmicas, a OMS recomenda
garantia de acesso às drogas essenciais contra a esquistossomose (e geohelmintos)
nos serviços de saúde nas zonas endêmicas (WHO, 2006).
As esquistossomoses são causadas por helmintos, pertencentes à classe
Trematoda, ao gênero Schistosoma, com a característica de possuírem dimorfismo
sexual na fase adulta.
São cinco as espécies do gênero Schistosoma que apresentam interesse
médico por serem capazes de infectar o homem, sendo elas: Schistosoma
haematobium (Bilhartz, 1852), Schistosoma japonicum (Katsurada, 1904),
Schistosoma mekongi (Voge, Brickner e Bruce, 1978), Schistosoma intercalatum
(Fischer, 1934) e Schistosoma mansoni (Sambon, 1907).
As espécies do gênero Schistosoma que afetam o homem chegaram as
Américas durante período de tráfico de escravos e com os imigrantes orientais e
asiáticos. Entretanto, apenas o S. mansoni conseguiu se fixar devido condições
ambientais propícias e a presença de bons hospedeiros intermediários (Melo &
Coelho, 2005)
O S. mansoni possui morfologia diferenciada em cada fase do seu ciclo
biológico que compreende estágio de ovo, miracídio, esporocisto, cercária,
esquistossômulo e verme adulto (macho e fêmea). Dessa forma, o parasito que
possui complexo ciclo biológico, representa uma notável interação adaptativa com
seus hospedeiros intermediários e definitivos e com o ambiente natural onde o ciclo
ocorre (Melo & Coelho, 2005).
Para manutenção do ciclo do parasito e seu desenvolvimento são necessários
a presença de hospedeiros invertebrados que são os caramujos do gênero
Biomphalaria e os hospedeiros vertebrados mamíferos, principalmente o homem. No
Brasil já foram identificadas dez espécies pertencentes ao gênero Biomphalaria,
sendo apenas B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila encontradas eliminando
cercárias na natureza (Bezerra 2005).
23
A contaminação fecal dos ambientes aquáticos dulcícolas é o principal
componente do processo de transmissão da esquistossomose, proporcionando
riscos de transmissão da infecção para pessoas que dependem diretamente dessas
águas para suas atividades diárias ou mesmo para outras que as utilizam
esporadicamente para diferentes atividades (Barbosa et al 2008).
Enk et al (2004) chamam atenção para o grande aumento do turismo rural em
áreas endêmicas como fator de risco para infecção, especialmente de indivíduos
vindos de áreas não-endêmicas para esquistossomose, que por não terem sido
expostos previamente ao parasito poderiam apresentar formas mais graves da
doença. Esquistossomose aguda é observada geralmente em pessoas que se
infectaram durante visitas a áreas endêmicas, e parece estar relacionada a infecção
intensa, podendo em alguns casos ser observada em pacientes com infecção
moderada (Hiatt et al 1979).
O ciclo da esquistossomose se inicia quando ovos de S. mansoni atingem a
água em condições favoráveis, eclodem liberando o miracídio, forma infectante para
os caramujos. Nos seus hospedeiros invertebrados o S. mansoni desenvolve seu
ciclo assexuado, que compreende complexos processos de multiplicação celular e
mecanismos adaptativos. Estas divisões celulares e modificações morfológicas
levam a formação de cercárias que são liberadas em coleções de água. Tal forma
larvar é o agente penetrante na pele ou mucosa dos hospedeiros definitivos. Após
penetração, a cercária sofre transformações bioquímicas e morfológicas que as
transformam em esquistossômulos que atravessam a epiderme, atingem a derme
quando invadem vasos preferencialmente venosos; os parasitos são carregados
passivamente para o coração, são bombeados para os pulmões, retornam ao
coração e são bombeados para circulação sistêmica. Os esquistossômulos
perfazem dois ou três ciclos sistêmicos até ficarem retidos nos sinuisóides hepáticos,
onde se desenvolvem devido aos estímulos do soro sanguíneo portal, e
amadurecem sexualmente, a partir de complexas interações moleculares entre os
sexos. No sistema porta-hepático intestinal, as fêmeas maduras passam liberar
ovos, que amadurecem nos tecidos do hospedeiro vertebrado e são eliminados nas
fezes, dando continuidade ao ciclo biológico (Lenzi et al 2008).
24
Fonte: http://bioinfo.cpqrr.fiocruz.br/files/images/cicloshisto.
Figura 1 - Representação do ciclo evolutivo do S. mansoni
Sabe-se que durante o desenvolvimento de esquistossômulo até verme
adulto, o S. mansoni passa por seis estádios evolutivos, onde há alterações
morfológicas e grande crescimento corporal. Faust et al (1934) utilizando infecção
experimental em ratos, coelhos e macacos Rhesus observou que este
desenvolvimento ocorre de forma assincrônica.
Critérios morfológicos foram criados para classificar o parasito do 1° ao 6°
estádio, a saber: Esquistossômulos de estádio 1 são recém-chegados dos pulmões
apresentam somente uma pequena mancha escura que representa o início do ceco.
Este estágio tem uma curta duração. No estádio 2 a mancha escura agora bifurca,
mas não ultrapassa o acetábulo. No estádio 3 a mancha escura bifurcada ultrapassa
o acetábulo e se religa depois dele. No estádio 4 a mancha escura na porção
reconectada começa crescer para extremidade do parasito, mas não é maior que
sua parte bifurcada. O 5º estádio possui o final ligado do ceco maior que a parte
bifurcada, mas é menor que três vezes seu tamanho final. No estádio 6 encontramos
25
adultos jovens e maduros. Seu ceco está completamente desenvolvido, sendo três
vezes maior que no 5º estádio (Barbosa et al 1978).
Fonte: Barbosa et al 1978
Figura 2 - Representação esquemática das etapas do desenvolvimento dos esquistossômulos.
A esquistossomose mansoni é basicamente uma doença que decorre da
resposta inflamatória granulomatosa que ocorre em torno dos ovos vivos do parasito
(Bogliolo 1959, Warren 1968).
A doença se apresenta no homem sob uma forma aguda e duas formas
crônicas, polares. Destas, uma forma é leve geralmente assintomática, atingindo a
maioria absoluta dos indivíduos infectados que vivem em áreas endêmicas, sendo
conhecida como forma hepatointestinal. A outra forma crônica é rara e se manifesta
com hepatoesplenomegalia e outros sinais de hipertensão porta, sendo usualmente
designada como forma avançada ou hepatoesplênica (Andrade & Azevedo 1987).
A fase aguda se caracteriza em alguns pacientes com manifestações clínicas
de febre, prostração, diarréia e eosinofilia e uma imunopatologia exacerbada com
granulomas maiores do tipo necrótico exudativo. Geralmente, surge com o início do
aparecimento de ovos nas fezes e dura até 120 dias após infecção (Diaz-Rivera et al
1956, Ferreira et al 1966 ).
A forma habitual ou leve atinge a maioria absoluta dos indivíduos infectados
que vivem em áreas endêmicas, eliminando ovos viáveis nas fezes, mas
26
assintomáticos ou com queixas vagas. Segundo Andrade (2008), a classificação de
duas formas separadas, hepática e hepatointestinal, não se justificam uma vez que
em qualquer infecção esquistossomática o fígado está sempre lesado e o intestino,
sede da eliminação dos ovos, é geralmente pouco lesado nos casos de
esquistossomose mansoni no Brasil.
Também de acordo com Andrade (2008), forma grave ou avançada da
esquistossomose é caracterizada morfologicamente pela fibrose hepática periportal.
Em muitos casos há sinal de hipertensão porta: esplenomegalia e circulação
colateral daí a designação forma hepatoesplênica.
Os métodos de diagnóstico da esquistossomose podem ser classificados
como diretos ou indiretos. Os métodos diretos detectam o parasito ou suas partes,
neste grupo incluímos exames parasitológicos de fezes e biópsia retal, pesquisa de
antígenos circulantes e PCR. Os métodos indiretos identificam evidências indiretas
da presença do parasito que podem ser através de aspectos clínicos, propedêutica
clínica, reação intradérmica e métodos sorológicos (Rabello et al 2008). O exame de
amostras de fezes para detecção de ovos de acordo com a técnica de Kato-Katz
(Katz et al 1972) é o método mais utilizado no mundo para diagnóstico da
esquistossomose intestinal (Bergquist 2008).
O tratamento específico da esquistossomose causada pelo S. mansoni é
prescrito somente quando a infecção é comprovada pela presença de ovos viáveis
de parasitas nas fezes e/ou eventualmente nos tecidos (Enk, Katz & Coelho 2008).
A Oxamniquina (Mansil ® – Pfizer S.A.) e o Praziquantel (Farmanguinhos -
Fundação Oswaldo Cruz/ FIOCRUZ) são as duas drogas atualmente disponíveis
para tratamento da esquistossomose no Brasil. Além de possuir custo mais
acessível, o Praziquantel (PZQ) é a droga recomendada pela organização mundial
de saúde para tratamento da doença (WHO, 2006).
Poucos trabalhos estão disponíveis na literatura sobre o tratamento durante a
fase inicial da doença. Alguns autores demonstram que esquistossômulos são
menos susceptíveis do que vermes adultos a drogas esquistossomicidas (Gonnert &
Andrews 1977, Sabath et al 1986, Xiao et al 1985 e 1987, Silva et al 2003, Botros et
al 2005). Este fato indica que uma falha terapêutica pode resultar quando o
tratamento é feito em hospedeiros infectados ou re-infectados recentemente, em
virtude dos mesmos apresentarem formas migrantes e imaturas do parasito, as
quais são particularmente resistentes aos esquistossomicidas (Medeiros et al 1983,
Sabah et al 1986, Utzinger et al 2000, Silva et al 2003).
27
Tendo em vista a necessidade de compreender melhor como os diferentes
estádios de maturação do S. mansoni diferem na susceptibilidade a drogas, este
trabalho se propõe a elucidar quais estádios são mais susceptíveis (ou resistentes) à
ação dos esquistossomicidas PZQ e Oxaminiquina (OXA), utilizados há muitos anos
como agentes esquistossomicidas, e ao Artesunato (ART) um derivado do grupo das
Artemisinas, um grupo de drogas promissoras no tratamento da esquistossomose.
1.2 Praziquantel
Atualmente o PZQ é a droga de escolha para o tratamento de todas as formas
clínicas da esquistossomose (Pica-Mattocia & Cioli, 2004).
Figura 3 - Estrutura química do PZQ
È comercializado no Brasil com o nome comercial de Cestox® ou Cisticide®,
sendo também produzido pela Farmanguinhos/FIOCRUZ.
A dose recomendada é de 40 mg/kg de peso para tratamento da
esquistossomose mansoni (WHO 2006).
O PZQ (2-ciclo hexylcarbonyl)-1, 2, 3, 6, 7,11b-hexahidro-2H-pyrazino[2,1-
a]isoquinolino-4-one), é um derivado sintético da pirazina isoquinolina. È um pó
branco quase cristalino, de sabor amargo, funde-se 136- 140°C. Estável em
condições normais e praticamente insolúvel em água, parcialmente solúvel em
etanol e solúvel em solventes orgânicos.
È rapidamente absorvido quando administrado por via oral, alcançando pico
de concentração plasmática de 1-2 horas (Leopold et al 1978). Possui um extenso
28
metabolismo de primeira passagem no fígado, com rápido desaparecimento da
circulação, e tempo de ½ vida geralmente de 1 a 3 horas (Pica-Mattoccia & Cioli
2004). Apresenta maior concentração plasmática quando ingerido na presença de
alimentos (Mandour et al 1990). Sua eliminação é feita através da urina e fezes,
sendo 80% eliminada após 24 horas (Steiner et al 1976).
Sua preparação comercial é uma mistura racêmica em partes iguais de “Levo”
(-) e “Dextro” (+). Apenas o enantiômero Levo possui atividade esquistossomicida
(Tanaka et al 1989, Wu et al 1991). Em estudo conduzido por Wu et al (1991)
pacientes foram tratados com 20 mg/kg de levo-PZQ ou 40 mg/kg de PZQ. Não
houve diferença estatísticamente significativa entre os percentuais de cura,
entretanto o levo-PZQ produziu menos efeitos colaterais.
A droga é igualmente eficaz contra S. mansoni, S. haematobium, S.
japonicum, S. intercalatum, e S. mattheei sendo pouco ativo contra vermes de 2 a 4
semanas, mas é efetivo contra esquistossômulos de 5 semanas ou mais (Gönnert &
Andrews, 1977), além disso, as fêmeas são mais susceptíveis a droga. Há
importante correlação entre taxa de cura e intensidade de infecção antes do
tratamento sendo que maiores taxas de cura são encontradas em infecção mais
brandas (Utzinger et al 2000). O tratamento de camundongos na dosagem de 250
mg/kg por 5, 3, 2 dias consecutivos ou 1 dia reduz o número de parasitas em 96, 89,
75 e 75% respectivamente (Gönnert & Andrews 1977).
O mecanismo molecular detalhado da ação do PZQ ainda não é bem
elucidado (Cioli 2000), embora seja usado no tratamento da esquistossomose a
mais de 20 anos (Aragon et al 2009). A primeira alteração visível provocada no
verme adulto exposto à droga consiste na paralisia da musculatura do verme,
acompanhada e, provavelmente causada, pelo rápido influxo de cálcio no parasito
(Pax et al 1978). O influxo de cálcio não é pelo transporte direto pelo PZQ, já que a
droga não atua como ionóforo (Pax et al 1978). Blair et al (1992) investigaram a
contração celular e paralisia flácida (perda de resposta a estímulo) de S. mansoni
em meio contendo elevada proporção de Mg 2+: Ca 2+ e concluíram que a ação do
PZQ, possivelmente estava relacionada à interação com sítios específicos Ca 2+
permeáveis. Estes sítios são os canais de Cálcio, complexas proteínas trans-
membrana que contribuem para propagação de impulso e regulam a entrada do íon
na célula, desempenhando importante papel na homeostase. Os canais de Ca 2+
consistem em um poro formado de subunidades α1 associadas a outras
subunidades que modulam sua atividade. As subunidades associadas com α são
29
α2/δ, β e γ. As subunidades β dos canais de cálcio modulam a subunidade α1 a fim
de manter as concentrações de Ca 2+ em equilíbrio. Segundo Kohn et al 2001, o
PZQ poderia romper a interação α1/ β culminando com a perda do efeito modulatório
da subunidade α1, pela β. Entretanto, recentemente, Pica-Mattoccia et al (2008)
realizaram estudos “in vitro”, usando cytochalasin D (cyt D) capaz de bloquear os
canais de cálcio voltagem dependente e suprimir os efeitos do PZQ, e encontraram
falta de correlação entre a indução do influxo de Ca 2+ promovida pelo PZQ e a
morte do parasito. Nestes estudos, os vermes expostos a PZQ em meio contendo
Ca 2+ radioativo apresentaram influxo de Ca 2+ duas vezes maior que o controle, e
morreram até 7º dia de incubação. Quando PZQ foi adicionado após 1hora de
incubação com cyt D, ao contrário do que se esperava, ocorreu influxo de Ca 2+
maior do que nos vermes expostos apenas ao PZQ, uma vez que a cyt D não foi
capaz de impedir influxo de Ca 2+. Apesar desta grande entrada de Ca 2+ os
parasitos sobreviveram. Nestes vermes o efluxo de Ca 2+ foi mais rápido. Os
pesquisadores também observaram grande influxo de cálcio em vermes de 28 dias
expostos ao PZQ, embora estes sejam menos sensíveis aos efeitos da droga. Com
estes achados os autores sugerem que apenas o acúmulo de cálcio não represente
a única explicação para ação esquistossomicida do PZQ.
Também se observam alterações morfológicas no tegumento de parasitos
tratados com PZQ. Há formação de bolhas na camada superficial do tegumento que
pode ser desencadeado por um processo de vacuolização do lado interno para o
externo na camada sincicial (Mehlhorn et al 1981). Estágios imaturos de
desenvolvimento do S. mansoni são mais resistentes à formação de vesículas que
as formas maduras do parasito, quando tratadas com PZQ (Xiao et al 1985), o que
talvez esteja envolvido com a pequena sensibilidade de vermes imaturos a droga.
Estas alterações morfológicas promovem um aumento da exposição de antígenos
na superfície do parasito (Harnet & kusel 1986). Células do sistema de defesa do
hospedeiro se ligam aos vacúolos no tegumento e iniciam a penetração para o
interior do parasito cerca de 4 horas após tratamento, em consequência ocorrem
lesões e eliminação do verme (Mehlhorn et al 1981). Dessa forma a imuno-
dependência da ação do PZQ parece estar relacionada ao dano induzido pela droga
na superfície do verme, que resulta na exposição de antígenos susceptíveis ao dano
por anticorpos (Doenhoff et al 1988).
Estudos revelam que o PZQ possui muito baixa toxicidade aguda em testes
realizados em ratos, camundongos, coelhos e cachorros. Não apresenta efeitos
30
teratogênicos em camundongos, coelhos e ratos além de não apresentar sinais de
potencial carcinogênico em pequenos roedores (Frohberg & Schulze 1981).
Os efeitos colaterais mais comumente relatados são dor de cabeça, náusea,
anorexia, vômito, dor abdominal, dor epigástrica, diarréia com ou sem sangue e
muco, tonteira, febre, mialgia, zumbido, insônia e mais raramente rash cutâneo com
edema (Jaoko et al 1996). A frequência e a intensidade dos efeitos colaterais têm
sido diretamente correlacionadas à intensidade da infecção (Stelma et al 1995,
Pica-Mattoccia & Cioli 2004).
1.3 Oxamniquina
A OXA pertence a uma série de derivados 2-amino-metil-
tetrahidroquinolínicos que apresentaram ação esquistossomicida marcante
(Richards & Foster 1969).
Figura 4 - Estrutura química da OXA
É uma droga de cor amarelada, pouco solúvel em água. A OXA usada na
dose de aproximadamente 15 mg/kg, possui pico de concentração plasmática entre
1 e 4 horas após ingestão e o tempo de meia-vida em torno de 2,2 horas (Kokwaro &
Taylor 1991, Daneshmend & Homeida 1987).
A droga é extensamente metabolizada por processos oxidativos gerando
metabólitos inativos. A maior parte é excretada pela urina, apenas 0,4 a 1,9 % sendo
eliminada na forma inalterada (Cioli, Pica-Mattoccia, & Acher 1995). Parâmetros
farmacocinéticos da OXA não são influenciados pela gravidade da doença
(Daneshmend & Homeida 1987).
31
Por ser um produto que necessita de uma etapa de fermentação continuam a
ser fabricadas unicamente pela Pfizer, sendo comercializada no Brasil com o nome
de Mansil®. A falta de concorrência manteve o alto preço dessa droga, o que nos
últimos anos fez com que seu uso diminuísse muito (Katz 2005).
Ao contrário do PZQ, a OXA apresenta atividade apenas contra S. mansoni.
Esse composto além da ação curativa em dose oral única apresenta também,
atividade profilática e ação contra todos os estágios imaturos em camundongos
(Foster et al. 1971). Vermes machos mostraram-se mais susceptíveis à droga do
que as fêmeas (Foster et al 1971), além disso, OXA é ativa contra todas as fases de
infecção com exceção da terceira semana (Foster 1973). È eficaz no tratamento da
esquistossomose aguda (Garcia et al 1997).
Pellegrino et al (1973) relataram que a OXA mostrou atividade acentuada na
esquistossomose mansoni em camundongos, hamsters e macacos Cebus. Dose
intramuscular única em camundongos de 100 mg/kg e em hamsters de 50 mg/kg
produziu alterações do oograma de todos animais tratados e deslocamento de
vermes para o fígado. Macacos Cebus tratados com dose única de 20-40 mg/kg
intramuscular levou ao desaparecimento progressivo dos ovos e não foram
encontrados vermes em perfusão realizada após 120 dias.
Ensaios clínicos no Brasil mostraram que a dose única oral de 15 mg/kg para
adultos e 20 mg/kg para crianças apresentou boa tolerância, poucos efeitos tóxicos
e índice de cura entre 80 e 90 % em adultos e 65 a 90 % em crianças (Silva et al
1974; Katz N 2008-b ).
O mecanismo de ação da OXA é razoavelmente bem conhecido (Utzinger et
al 2003), parece estar relacionado com a capacidade de inibição irreversível da
síntese dos ácidos nucléicos nos vermes. È aceita a seguinte hipótese: a droga é
ativada em um único passo, em que uma enzima do schistosoma converte a OXA
em um éster (provavelmente acetato, fosfato, ou sulfato). Subsequentemente, o
éster dissocia espontaneamente, enquanto o reagente eletrofílico resultante é capaz
de realizar a alquilação do DNA do schistosoma (Cioli, Pica-Mattoccia, & Acher
1995). Estudos realizados por Pica-Mattoccia et al (2006) avaliaram evidências que
sugerem que este éster ativo é um sulfato e a enzima uma sulfotransferase. Neste
estudo, substratos clássicos da sulfotransferase como beta-estradiol inibiram
competitivamente a ação da OXA. Além disso, estes substratos puderam ser
sulfonados in vitro usando extrato de schistosomas sensíveis (não resistentes).
Análise em gel mostrou que o fator de ativação eluído corresponde massa molecular
32
de 32kDa, que é o tamanho médio típico de subunidade da sulfotransferase.
Cromatografia de troca iônica e afinidade confirmaram a natureza da enzima de
sulfotransferase.
Os efeitos adversos observados após administração de OXA são geralmente
leves, e, frequentemente relacionados ao sistema nervoso central como vertigens, e
dor de cabeça (Katz et al 1977).
Conforme Katz (2005) afirma após 13 milhões de tratamentos realizados em
zonas endêmicas de esquistossomose no Brasil, a OXA é uma droga bem tolerada e
com boa atividade terapêutica, para tratamento individual ou em larga escala.
1.4 Artesunato e outros derivados das Artemisina
A Artemisina, uma lactona sesquiterpena ligada a um grupo peróxido, é o
princípio ativo obtido das folhas de Arthemisia annua que possui excelente
propriedade antimalárica.
Figura 5 - Estrutura química da artemisina
Esta planta é usada há mais de 2000 anos na medicina chinesa tradicional,
inicialmente para tratamento de hemorróidas e mais tarde também para tratamento
de febres (Xiao 2005, Utzinger et al 2003). Foram desenvolvidos vários derivados
semi-sintéticos com melhores propriedades físico-químicas e com grande atividade
antimalárica (Xiao et al 2002), entre eles destacamos o ART(dihidroartemisina-10-α-
succinato).
33
Figura 6 - Estrutura química do ART
A atividade esquistossomicida dos derivados da Artemisina foi inicialmente
estudada pelos chineses a partir da década de 80 em experimentos com S.
japonicum. Em 1983 a publicação do primeiro estudo de atividade do ART em
infecção experimental por S. japonicum (Le et al 1983). Posteriormente, sua ação
esquistossomicida também foi comprovada em S. mansoni (Araújo, Kohn & Katz
1991), S. Haematobium (Xiao et al 2002) e S. mekongi (Jiraungkoorskul et al 2006).
Estudos farmacocinéticos realizados Na-Bangchang et al (2002) com
voluntários tailandeses sadios revelaram que o ART via oral é rapidamente
biotransformado em dihidroartemisina, que é detectada na plasma em até 15
minutos após ingestão da droga. Utilizando-se a dose de 4 mg/kg de peso corporal
de ART, o pico de concentração plasmática máximo foi encontrado 0,7 horas e o
tempo de ½ vida foi de 0,74 horas. A mesma dose de dihidroartemisina (4 mg/kg
peso) atingiu pico de concentração plasmático máximo em 1,5 horas e tempo de ½
vida em 1,2 horas, sendo que a concentração plasmática máxima de ART atingida
foi maior que a obtida com dihidroartemisina, porém a exposição sistêmica foi maior
com a dihidroartemisina.
Num estudo realizado com 180 pacientes revelou que o ART é uma droga
bem tolerada, provocando efeitos adversos leves como náusea e cefaléia (DeClerq
2000). O ART é menos tóxico que Artemeter (Shaohong et al 2006).
Derivados de Artemisina demonstram maior atividade nas formas mais jovens
de schistosoma. Utzinger et al (2002) compararam a atividade esquistossomicida de
Artemeter e ART em diferentes estágios de desenvolvimento de S. mansoni.
Quando o esquema terapêutico utilizado foi Artemeter ou Artesunato, 150 ou 300
mg/kg em três doses (7º, 21º e 35º dias de infecção) obteve-se 88-97% de redução
34
de vermes com Artemeter que foi significativamente maior que 67-77% alcançada
com ART. Doses de 600 ou 800 mg/kg administradas 2 ou 4 dias consecutivos em
camundongos infectados com vermes adultos levou a redução na recuperação de
vermes de 46-51% com Artemeter contra 24-33% com ART que não diferiu
estatísticamente do controle não tratado.
Estudos realizados por Lu et al (2004) para avaliar o efeito do ART na
esquistossomose mansoni experimental revelaram a dosagem ótima de ART na
prevenção da doença como 300 mg/kg. Os parasitos mostraram-se especialmente
susceptíveis a droga na forma de esquistossômulo de 14 e 21 dias, com percentual
de redução de vermes de 84% e 93% respectivamente.
A atividade esquistossomicida dos derivados de Artemisinas ainda não é bem
conhecida, mas parece envolver vários mecanismos. A alteração bioquímica mais
notável medida em vermes adultos recuperados de camundongos tratados com
Artemeter é a redução de seu conteúdo de glicogênio (Utzinger 2001). Esta redução
nos níveis de glicogênio foi parcialmente paralela ao decréscimo ao nível de glicose,
que foi particularmente proeminente em fêmeas. Entretanto, a redução do nível de
glicose não foi acompanhada pelo decréscimo da incorporação de glicose ao
glicogênio, sugerindo que redução de glicogênio induzida pelo Artemeter foi até
certo ponto mais relacionada à inibição da glicólise que a interferência com o nível
de glicose.
Assim como ocorre com PZQ foram observadas lesões no tegumento com
vesiculação, degeneração de estruturas sensoriais, dano na musculatura
subtegumental, tecidos parênquimais, lise focal ou extensa e redução no reticulo
endoplasmático granular quando camundongos infectados com S. mansoni foram
tratados com Artemeter 400 mg/kg em dose única no 21º dia após infecção (Xiao et
al 2002a), bem como quando este mesmo tratamento foi realizado em infecção de
sete semanas (Xiao et al 2002b).
Estudos histológicos e histoquímicos mostraram que o tratamento com
Arteeter na dose de 300 mg/kg por 2 dias, em infecção experimental com S.
japonicum, leva a vesiculação do tegumento do parasito, distensão do intestino,
aparente decréscimo ou até mesmo desaparecimento do glicogênio e inibição da
atividade da fosfatase alcalina no tegumento e no tecido parênquimal, bem como
morte do ovo no granuloma (Xiao et al 1992).
A microscopia eletrônica revelou que o ART também causa dano
principalmente no tegumento de vermes, com vesiculação e formação de rugas, há
35
colapso das ventosas de machos e fêmeas, e adesão de leucócitos do hospedeiro
nos locais de dano do tegumento (Shaohong et al 2006).
O ART inibe a maturação sexual de fêmeas reduzindo sua fecundidade (Lu et
al 2004). Estudos conduzidos por Araújo, Kohn & Katz (1999) demonstraram que
camundongos infectados com S. mansoni e tratados 45 dias após, com ART 300 ou
500 mg/kg em dose oral única ou por cinco dias, causaram alterações no aparelho
reprodutor de vermes fêmeas, diminuição do volume ovariano, rarefação dos
folículos vitelínicos. Entretanto, quando os animais foram submetidos à eutanásia 60
ou 90 dias após tratamento estas alterações foram menores, mostrando que os
vermes sobreviventes ao tratamento se recuperam e iniciam postura.
El-Bassiouni et al 2007 estudaram a ação do ART na defesa antioxidante de
vermes imaturos e adultos e verificaram que a droga causa depleção dos níveis de
glutationa (GSH) tempo-concentração dependentes, alem de promover o aumento
nos níveis de peroxidação lipídica tempo-concentração dependente, ambos efeitos
são importantes nas formas jovens do parasito. Além disso, o ART induziu atividade
da superóxido dismutase em vermes adultos, e induziu atividade de glutationa
peroxidase (tGPx, nGPx) além da glutationa transferase de maneira tempo-
concentração dependentes nas formas imatura e adulta do verme. Estes fatos
indicam que o mecanismo de ação do ART envolve morte por processos de stress
oxidativo sendo que as formas mais jovens do parasito se revelaram mais
susceptíveis.
Chippaux et al (2003), questionam o uso de derivados da Artemisina em
áreas co-endêmicas para malária. Os autores alertam para os riscos do uso destas
drogas no tratamento da esquistossomose, pois os mesmos são realizados com
dosagens insuficientes para o tratamento da malária o que poderia provocar
resistência do Plasmodium.
A possibilidade do ART ser usado no tratamento da esquistossomose como
outra opção diante do surgimento de resistência ao PZQ e OXA, associado a estas
drogas ou como escolha durante o período pré-patente da doença, ou até mesmo
em casos de co-infecção com malária, tornam necessários mais estudos sobre sua
aplicação na esquistossomose.
36
1.5 Resistência à drogas esquistossomicidas
Atualmente o controle da esquistossomose é dependente principalmente do
uso de PZQ que é uma droga segura e eficaz. Até hoje são poucas as evidências
importantes de desenvolvimento de resistência, apesar de casos de baixas taxas de
cura no Senegal, e o preocupante fato dos regulares e repetidos tratamentos
administrados no Brasil, China e particularmente Egito, onde mais de 53 milhões de
doses de PZQ já foram administradas (Fenwick et al 2003).
Coles (2002) define resistência em Schistosoma como sendo quando um
isolado tem uma taxa de cura significativamente mais baixa do que a maioria dos
isolados sensíveis. O termo resistência está relacionado com a pressão seletiva. Por
outro lado, o termo tolerância deve ser usado para espécies que não respondem a
uma droga onde quer que ela seja usada, assim tolerância é ausência natural de
resposta a determinada droga. Dessa forma, o autor sugere que alteração da
resposta a drogas antiparasitárias é devido à resistência.
Os mecanismos de escape da ação de drogas mais comuns são: diminuição
na captação da droga pelo organismo, diminuição ou inativação da droga após sua
entrada, alteração da formação do complexo alvo-droga, exclusão da droga para o
exterior do organismo e maior eficiência do reparo do DNA. Os mecanismos de
ativação da droga podem ser suprimidos ou perdidos. A interação da droga com o
alvo pode ser menos efetiva devido ao aumento da competição pelo substrato ou
pela interação do alvo (Lage 2005).
O primeiro relato de um percentual de cura muito baixa após tratamento com
PZQ (apenas 18%) ocorreu num foco de intensa transmissão de S. mansoni no
norte de Senegal (Stelma et al 1995). Outros estudos realizados no local
confirmaram a cura de apenas 36-39% com dose de 40 mg/kg de PZQ, embora
redução na contagem de ovos foi de 85%, considerada significativamente alta
(Gryseels et al 1994). Tratamentos realizados nesta população com OXA 20 ou 40
mg/kg obtiveram sucesso de cura dentro do padrão esperado, sugerindo mais
estudos para confirmar esta resistência ao PZQ (Stelma et al 1997). O baixo
percentual de cura obtido com a droga foi associado à intensa carga parasitária,
rápida re-infecção, maturação de infecções pré-patentes mais longas, resposta
imune específica ainda não desenvolvida da população exposta, ou a combinação
destes fatores, e dessa forma a presença de resistência ao PZQ não foi
completamente confirmada (Gryseels et al 2001).
37
Fallon & Doenhoff (1994) demonstraram relativa resistência ao PZQ ou OXA
de schistosomas sujeitos repetidamente a pressão das drogas esquistossomicidas,
em laboratório. A resistência a esquistossomicidas é estável por longos períodos
mesmo sem continuidade de exposição às drogas (Drescher et al 1993, Ismail et al
2002).
Lage (2005) demonstrou que a pressão seletiva com PZQ altera a estrutura
genética da cepa LE de S. mansoni diminuindo a sua variabilidade genética.
No Brasil, Araújo et al (1996) estudaram dez isolados de S. mansoni
derivados de pacientes de áreas endêmicas no estado da Bahia, que haviam sido
tratados com OXA e PZQ mas que não tinham sido parasitologicamente curados. A
resposta terapêutica in vivo em alguns isolados foi estatísticamente diferente, mas
não o suficiente para caracterizar nenhum isolado como resistente. Bonesso-
Sabadini & Souza-Dias (2002) avaliaram a susceptibilidade à OXA e PZQ, da quarta
geração da cepa Ouh de S. mansoni, isolada em pacientes nunca tratados com
esquistossomicidas. Dos diferentes esquemas terapêuticos utilizados foi identificado
resistência a dose de 100 mg/kg com ambas drogas. Os autores sugerem
necessidade de uma nova dose da droga no acompanhamento dos pacientes.
Coelho et al (1997) compararam a susceptibilidade da cepa LE
conhecidamente susceptível a esquistossomicidas e a cepa R1 isolada de paciente
tratado quatro vezes com OXA e uma vez com PZQ, não curado e que informou não
ter contato com água contaminada durante o período de tratamento. O tratamento
em camundongos com PZQ 500 mg/kg no 50º dia após infecção praticamente
erradicou o parasitismo nas duas cepas. Já OXA 250 mg/kg curou todos os tratados
da cepa LE, enquanto 12 dos 17 camundongos infectados com R1 apresentaram
vermes vivos. Na dose de 200 mg/kg a cepa R1 obteve recuperação de 18,57%
contra 1,06% da cepa LE para machos, e 61,14% contra 20,58% da cepa LE para
fêmeas. Na dose de 100 mg/kg foram recuperados 29,9% de machos em R1 contra
2,26% de LE, não houve diferença estatística entre fêmeas recuperadas. Os
achados sugerem resistência da cepa R1 a OXA.
Estudos realizados por Cioli et al (1992) revelaram que a resistência à OXA é
controlada por um único gene autossômico recessivo. Posteriormente, associou-se
esta resistência a perda de uma enzima ativadora da droga – a sulfotransferase, que
está presente em S. mansoni sensíveis e ausentes em vermes resistentes.
Possivelmente, há uma inibição irreversível na síntese de DNA e RNA nos parasitos
38
susceptíveis enquanto nos resistentes esta inibição ocorra de modo reversível (Cioli
et al 1993).
Vários estudos são realizados na tentativa de entender os mecanismos de
resistência ao PZQ, porém estas investigações são dificultadas pela ausência de
uma clara compreensão dos mecanismos de ação desta droga (Redman et al 1996).
Estudos realizados por Willian et al (2001) demonstraram redução no dano ao
tegumento causado pelo PZQ em isolados de cepas menos susceptíveis a droga.
Na intenção de verificar se mutações nos genes que codificam as estruturas
dos canais dependentes de Ca2+ seriam os responsáveis por resistência de
algumas cepas de S. mansoni ao PZQ, Valle et al (2003) seqüenciaram os cDNAs
que codificam as subunidades SmCavbeta1 e SmCavbeta2 de cepas sensíveis e
resistentes mas não foram capazes de detectar diferenças significativas entre elas.
Também não foi possível detectarem diferenças quantitativas na expressão das
subunidades beta avaliando várias cepas e diferentes estágios de desenvolvimento
do parasito.
Para tratar vermes resistentes ao PZQ, a única alternativa disponível
atualmente é a OXA. Assim, pesquisa e desenvolvimento de novas drogas
esquistossomicidas é urgentemente necessário (Cioli 2000).
1.6 Efetividade de drogas esquistossomicidas no período pré-patente da
esquistossomose
A resposta do S. mansoni ao tratamento com esquistossomicidas durante os
estágios imaturos difere de acordo com a droga utilizada. Na literatura existem
poucos trabalhos sobre o tratamento da esquistossomose durante o período pré-
patente apesar de evidências demonstrarem que o tratamento poderia prevenir as
complicações da doença.
Sabe-se que o PZQ não apresenta a mesma eficácia durante o período pré-
patente da esquistossomose. Para estudar ação do PZQ nas formas juvenis de S.
mansoni, Gönnert & Andrews (1977) trataram camundongos infectados com 100-120
cercárias, com 1000 mg/kg de PZQ 4 horas antes ou após infecção obtendo o
percentual de redução de esquistossômulos de 98%. Quando a droga foi
administrada do 1º ao 7º dia de infecção, o percentual de redução de
esquistossômulos diminuiu de 78,5 para 69,4. Doses únicas de 1000 mg/kg
39
fornecidas no 14º, 21º, 28º, 35º ou 48º dias obtiveram percentual de cura de 31%,
50%, 17%, 71%e 95%, respectivamente.
Um trabalho realizado por Xiao et al (1985) sugeriu que a eficácia
antiparasitária de PZQ em diferentes estágios de desenvolvimento do S. mansoni
estaria relacionada principalmente a capacidade da droga de produzir lesão no
tegumento sendo necessário dose maior da droga para produzir dano mais grave.
Os vermes com lesões menos graves recuperavam seus movimento e migravam
novamente para veias mesentéricas.
Estudos in vitro realizados por Pica-Mattoccia & Cioli (2004) demonstraram
que esquistossômulos de S. mansoni aos 28 dias foram intensamente refratários a
altas concentrações de PZQ (80 µl ml-1 ou mais).
Grandière-Pèrez et al (2006) acompanharam um grupo de 18 turistas
infectados por Schistosoma haematobium. O grupo 1 composto de 8 pacientes
assintomáticos receberam PZQ 40 mg/kg por volta do 14º dia de infecção, o
segundo grupo com 4 pacientes também assintomáticos, receberam o mesmo
tratamento em média no 33º dia de infecção e o último grupo composto de 6
pacientes sintomáticos foram tratados em torno do 26º dia de infecção. Todos
pacientes do grupo 1 desenvolveram esquistossomose aguda semelhante a
apresentada pelo grupo sintomático, ao contrário do grupo 2 que não apresentou
sintomas agudos. Dos 18 pacientes acompanhados, 17 desenvolveram
esquistossomose crônica. Os autores concluem pela ineficácia do PZQ administrado
precocemente para prevenção da fase aguda e crônica da doença.
A OXA possui eficácia maior sobre formas juvenis de S. mansoni comparada
ao PZQ. Estudos realizados por Coelho et al (1993) revelaram eficácia da OXA
400mg/kg, em dose única oral administrada 24 horas após infecção experimental de
camundongos. A recuperação dos esquistossômulos realizada 4, 24, 48, 72 horas e
35 dias após tratamento demonstrou que a migração dos esquistossômulos da pele
aos pulmões foi prevenida, confirmando a eficácia da droga nesta fase da infecção.
Ainda Coelho et al (1998) testaram a eficácia da OXA 200 mg/kg no período
pré-patente em duas cepas (LE e R1) sendo uma delas (R1) conhecidamente
resistente na fase adulta. Tratamentos realizados em esquistossômulos de 1 e 5
dias obtiveram eficácia parcial em ambas cepas sem diferenças estatísticas entre
elas. Entretanto, quando o tratamento foi realizado no 25º dia de infecção a cepa LE
mostrou significativa redução na taxa de recuperação de vermes enquanto a cepa
R1 foi resistente ao tratamento.
40
Enk, Katz & Coelho (2008) relataram caso de duas famílias infectadas em
lagos contaminados, além de dois técnicos infectados acidentalmente em
laboratório. Todos foram tratados com OXA dose oral única de 50 mg/kg, com
exceção de uma pessoa. O tratamento preveniu o aparecimento de sinais e
sintomas patognomônicos da fase aguda, nenhum paciente teve complicações e
ninguém apresentou ovos nas fezes 50 dias após exposição. O paciente não tratado
teve a forma toxêmica da doença com febre, dor abdominal, diarréia, perda de peso
e foi então tratado com OXA 20 mg/kg.
Os derivados da Artemisina têm demonstrado boa atividade no tratamento da
esquistossomose, especialmente contra schistosomas imaturos (Cioli 1998). A
avaliação da efetividade do ART em estádios imaturos de S. mansoni foi estudada
por Shaohong et al (2006). Foi demonstrada atividade máxima alcançada nos
tratamentos realizados entre 14º-15º e 21º-22º de infecção quando o percentual de
redução de vermes foi de 93%. No estádio pulmonar (7º-8º dias após infecção)
também houve redução significativa de 41%. Em jovens adultos (35º-36º dias) o
percentual de redução de vermes encontrado foi de 46%.
Em estudos com Artemeter, Xiao et al (2004) encontraram como dose mínima
efetiva 200 mg/kg contra esquistossômulos de S. mansoni com 21 dias, resultando
num percentual de redução de vermes de 81%.
A associação entre drogas poderia ser uma alternativa na busca de uma
droga para o tratamento efetivo da fase inicial da esquistossomose. Campos et al
(1985) avaliaram os efeitos da associação OXA + PZQ no tratamento da
esquistossomose mansônica aos 23 dias de infecção. Foram testados a associação
OXA 50 mg/kg + PZQ 75 mg/kg, e as drogas OXA 50 mg/kg e PZQ 75 mg/kg
isoladamente. Em todos os grupos houve recolhimento de vermes adultos e
perfeitos, autores concluíram pela ineficácia dos tratamentos testados no período
pré-patente.
Botros et al (1989) compararam o efeito da combinação de OXA e PZQ
(ambas 1/3 da dose curativa) com a dose usual, dose reduzida e controle não
tratado, administrados 24 horas antes da infecção, 4 horas, 1, 2, 3, 4 e 5 semanas
após infecção. Animais que receberam a combinação obtiveram menores
recuperações de vermes, sendo maior eficácia quando administrada 4 horas após
infecção (96% redução vermes). Entretanto, valor similar foi encontrado com PZQ na
dose usual (94%) e mais eficaz que dose usual da OXA (89%). A recuperação de
41
vermes em camundongos que receberam a combinação foi significativamente
diferente em todos diferentes tempos de tratamento.
Silva et al (2003) estudaram o efeito terapêutico de OXA e PZQ durante
estágios imaturos do S. mansoni. Durante os 20 primeiros dias de infecção a OXA
apresentou baixo percentual de redução de vermes (28-34%). Entretanto, 30 dias
após exposição o percentual de redução de vermes foi de 86-100%. Para o PZQ a
eficácia foi de 48-52% para animais tratados até 10 dias após exposição a cercária,
reduzindo para 19% no 30º dia.
Evidências sugerem que as combinações PZQ e derivados da Artemisina são
promissoras (Utzinger et al 2003). O efeito da associação PZQ 75 mg/kg + Artemeter
150 mg/kg em camundongos infectados simultaneamente com esquistossômulos de
14 e 21 dias e vermes adultos de S. mansoni foi estudado por Utzinger et al (2001).
Os tratamentos com drogas isoladas obtiveram taxa de redução de vermes de 2%
para PZQ, 66 % para Artemeter e 77 % para associação quando as drogas foram
administradas juntas. Quando a associação foi administrada com intervalo de 6h, 1,
3 ou 7 dias a redução variou entre 68- 81% para administração iniciando com PZQ e
entre 81- 84% para administração iniciando com Artemeter. O aumento das
dosagens para 100 mg/kg de PZQ e 300 mg/kg Artemeter elevou a taxa de redução
de vermes a 36 e 76% para drogas isoladas respectivamente, e variou entre 92-
96% para administração iniciando por PZQ e entre 95- 99% quando administração
iniciou por Artemeter.
Estudos feitos por De Clercq et al (2000) mostraram que a associação PZQ
40 mg/kg (dose única) + ART 12 mg/kg (5 dias) aumentou significativamente o
número de indivíduos curados na quinta semana após tratamento quando
comparados as drogas isoladas, porém durante o acompanhamento dos pacientes,
a contagem de ovos recuperados nas fezes na décima - segunda e vigésima –
quarta semanas não diminuiu significativamente na combinação, se comparada ao
tratamento com PZQ isoladamente.
Outros schistosomas também apresentam susceptibilidade diferente durante
o periodo pré-patente. Em trabalho realizado por Botros et al (2005) utilizando
hamsters infectados com S. haematobium, cujos primeiros ovos aparecem nas
fezes em torno de 75 dias, foram tratados aos 35 dias após infecção apresentando
percentual de redução de vermes de 60,6- 68,0% para doses de 150- 250 mg/kg de
PZQ respectivamente. Porém o tratamento realizado aos 55 dias de infecção elevou
este percentual para 97,8- 99,6%, revelando-o completamente sensível. In vitro
42
vermes jovens (28-35 dias) demonstraram susceptibilidade muito menor ao PZQ,
entretanto, vermes com 49 dias ou mais a susceptibilidade não foi significativamente
diferente de vermes adultos.
Em estudos realizados com camundongos infectados com S. japonicum o
PZQ apresentou mais efetivo contra esquistossômulos tratados com dose de 400
mg/kg, 2-4 h antes da infecção com percentual de redução de vermes maior que
94%, em esquistossômulos de 28 dias e vermes adultos de 42 dias com percentuais
de redução de vermes de 47,2- 84,3 %, respectivamente. Porém, eficácia muito
pequena foi encontrada contra esquistossômulos de 3 a 21 dias (com percentuais de
redução de vermes entre 2,5- 3,7%) (Xiao et al 1987).
Com base nestas informações podemos perceber que o estudo da
susceptibilidade do parasito ao tratamento com as drogas esquistossomicidas na
fase imatura do ciclo do parasito demanda certo cuidado, uma vez que as
abordagens metodológicas utilizadas não foram padronizadas e, portanto resultaram
em conclusões às vezes conflitantes. Mas no geral, podemos observar que estudos
revelam maior resistência ao PZQ e maior susceptibilidade a OXA, principalmente no
início do período pré-patente. Verifica-se ainda boa eficácia terapêutica dos
derivados de Artemisina principalmente em esquistossômulos jovens, na maioria dos
artigos publicados.
Em nosso trabalho propomos contribuir para elucidar quais são os estádios
evolutivos dos esquistossômulos mais resistentes a ação do PZQ, OXA e ART em
dois períodos críticos na resposta a drogas esquistossomicidas, em torno do 15º e
21º dia após infecção.
Para tanto foi utilizado o schistograma que consiste em contar e classificar os
esquistossômulos recuperados com auxílio de microscópio estereoscópico,
classificando-os por critérios morfológicos baseados no desenvolvimento do intestino
sendo que as proporções de cada estádio evolutivo em todos os dias da fase pré-
patente já foram bem definidas por Barbosa et al (1978). Nosso trabalho teve o
objetivo de avaliar quais os estádios evolutivos durante a fase de esquistossômulos
são sensíveis ao tratamento específico, observando alterações nas proporções de
esquistossômulos recuperados e comparando-as com as proporções dos vermes do
controle não tratado. Foram utilizadas doses maiores que as doses efetivas usadas
na fase pós-postural uma vez que o S. mansoni é sabidamente menos susceptível
ao tratamento na fase pré-postural.
43
A carência de informações na literatura científica sobre o comportamento do
S. mansoni durante a fase pré-postural do ciclo justifica a realização de nosso
trabalho. Dessa forma, estes esclarecimentos poderiam contribuir para novas
abordagens na terapêutica experimental da esquistossomose nesta fase da
infecção, considerando que a cura nesta etapa vai abortar toda a patogenia
resultante da fase adulta do parasito que tem no ovo o elemento fundamental das
lesões, o granuloma esquistossomótico. Enk, Katz & Coelho (2008), Coelho, Enk &
Katz (inpress, 2009) enfatizam a necessidade de estudos visando estabelecer
esquemas terapêuticos para a cura da esquistossomose na fase pré-postural que
eliminaria as manifestações mais graves da fase pós-postural.
44
OBJETIVOS
45
2 Objetivo Geral
Avaliar a susceptibilidade de estádios de desenvolvimento do S. mansoni , na
fase de esquistossômulo, frente a diferentes drogas durante a fase pré-postural da
esquistossomose experimental.
2.1 Objetivos específicos
1- Verificar qual(ais) estádio(s) de maturação do parasito, durante a fase de
esquistossômulo é(são) mais ou menos susceptível(is) ao tratamento com PZQ,
OXA e ao ART através de avaliação de alterações no schistograma comparando
o perfil dos grupos tratados ao controle não tratado.
2- Verificar se o tratamento realizado no período pré-patente promove danos no
parasito interferindo no seu desenvolvimento posterior.
3- Avaliar através da marcação com sonda fluorescente, se o tratamento
realizado no período pré-patente promove danos no tegumento do parasito.
46
MATERIAIS E MÉTODOS
47
3 Materiais e Métodos
3.1 Parasitos
Foram utilizadas cercárias da cepa LE (Belo Horizonte) de S. mansoni, cujo
ciclo é mantido rotineiramente em caramujos da espécie Biomphalaria glabrata, e
camundongos albinos no Centro de Pesquisa René Rachou/ FIOCRUZ. O ciclo
evolutivo desta linhagem está sendo mantido a mais de 35 anos no Centro de
Pesquisas René Rachou.
3.2 Camundongos
Foram utilizados camundongos Mus musculus, albinos, sem linhagem
definida, fêmeas com aproximadamente dois meses de idade, pesando cerca de 20
g, nascidos e criados no Biotério de Criação do Centro de Pesquisa René Rachou/
FIOCRUZ.
Os animais utilizados em todos os experimentos foram mantidos no biotério
de experimentação, em gaiolas devidamente identificadas, alimentados com ração
comercial autoclavada e água ad libitum.
Os procedimentos realizados com os animais foram submetidos a Comissão
de Ética no Uso de Animais de Experimentação da Fundação Oswaldo Cruz
(CEUA/FIOCRUZ), e aprovados com licença de nº L-019/09.
3.3 Infecção
Os camundongos foram inoculados no dorso, individualmente, por via
subcutânea segundo Pellegrino & Katz (1968). A infecção foi realizada utilizando
uma seringa com volume ajustável sendo que a quantidade de cercárias a serem
inoculadas estava contida num volume máximo 0,5ml ou mínimo 0,2ml por
camundongo.
Para permitir a avaliação de alterações na distribuição dos esquistossômulos
nos vários estádios evolutivos, o número de cercárias inoculadas variou entre 50 ou
200 cercárias. Com intuito de minimizar a mortalidade dos camundongos foram
inoculadas cerca de 50 cercárias nos experimentos de longa duração cujos vermes
foram recuperados 100 dpi e nos outros experimentos foram inoculadas cerca de
200 cercárias.
48
3.4 Tratamento experimental
Os camundongos foram pesados individualmente e com a média de peso
obtida para cada grupo foram realizados cálculos da quantidade de droga a ser
pesada através de regras de três simples.
Os comprimidos de PZQ contendo 600 mg de substância ativa
(FIOCRUZ/Farmanguinhos lote nº 06122554 – validade 12/08) foram pesados
individualmente e uma regra de três simples foi usada para ajustar a quantidade a
ser pesada, considerando a presença dos excipientes. A seguir os comprimidos
foram triturados com grau e pistilo e a dose necessária para os tratamentos foi
pesada.
As cápsulas de OXA contendo 500 mg de substância ativa (Mansil® – Pifzer
S.A. lote nº 60442001- validade 02/2011) foram abertas para obtenção do pó e
pesadas individualmente; uma regra de três simples foi usada para ajustar a
quantidade a ser pesada considerando a presença dos excipientes.
O ART disponível já na forma de pó PA (registro 27354).
As drogas foram pesadas em balança analítica (Fabricante/ modelo: Mettler/
H10). PZQ e OXA foram diluídos em água destilada e homogeneizados em vórtex. O
ART foi diluído em solução de gelatina a 10% e homogeneizado em vórtex.
Os tratamentos foram administrados com auxílio de seringa de gavagem por
via oral, em dose única.
As drogas e dosagens utilizadas, bem como o dia de realização do tratamento
e o número de animais utilizados variou para cada experimento e está descrito
detalhadamente nos tópicos relacionados aos experimentos.
3.5 Perfusão – Obtenção de esquistossômulos ou vermes adultos
Nos experimentos de 1 a 8 foi empregada a técnica descrita por Pellegrino &
Siqueira (1956) que resumidamente consiste em: após expor o conteúdo visceral
dos camundongos que foram submetidos à eutanásia por fratura cervical; o fígado e
mesentério foram separados pela ligadura da veia renal e a veia porta foi
seccionada. Com auxílio de uma agulha, acoplada a um pipetador automático
(Brewer), injetou-se solução salina 0,85% heparinizada na aorta descendente
permitindo, assim, a perfusão do sistema porta e das veias mesentéricas,
recuperando-se os vermes presentes.
49
Para recuperar vermes adultos, o líquido coletado da perfusão foi filtrado em
tela plástica para placas de Petri e posterior contagem com auxílio de microscópio
estereoscópio.
No caso de obtenção de esquistossômulos foi utilizada a técnica de
separação descrita por Barbosa et al (1978) com adaptações. O líquido coletado da
perfusão em copos foi sedimentado por quinze minutos e então eliminado todo
sobrenadante deixando cerca de 35ml, que foram transferidos para tubos falcon de
40 ml e ficando novamente 15 minutos para sedimentação. Em seguida todo
sobrenadante foi eliminado e os 15 ml restantes transferidos para tubos tipo falcon
de 15 ml e centrifugados a 1000 rpm durante 2 minutos. Foi eliminado o
sobrenadante e aos 3 ml restantes foi adicionado solução salina a 0,85%. O
procedimento foi repetido 3 vezes e somente o sedimento ressuspenso em 3 ml foi
colocado em placa de petri para realização do schistograma.
3.6 Schistograma
O schistograma consiste em contar e classificar os esquistossômulos
recuperados com auxílio de microscópio estereoscópio. Critérios morfológicos são
usados para classificar o parasito em relação ao seu estágio, sendo estes baseados
no desenvolvimento do intestino do parasito após ingestão de sangue (Barbosa et al,
1978). O esquema representativo dos estádios evolutivos de esquistossômulos de
S. mansoni podem ser visualizados na fig. 2 pag. 22.
A classificação seguiu os critérios:
Esquistossômulos de estádio 1 são recém-chegados dos pulmões
apresentam somente uma pequena mancha escura que representa o
início do ceco. Este estágio tem uma curta duração.
Figura 7 - esquistossômulo 1º estádio
50
No estádio 2 a mancha escura agora bifurca, mas não ultrapassa o
acetábulo.
Figura 8 - esquistossômulo 2º estádio
No estádio 3 a mancha escura bifurcada ultrapassa o acetábulo e se
religa depois dele.
Figura 9 - esquistossômulo 3º estádio
No estádio 4 a mancha escura na porção reconectada começa crescer
para extremidade do parasito, mas não é maior que sua parte
bifurcada.
Figura 10 - esquistossômulo 4º estádio
O 5º estádio possui o final ligado do ceco maior que a parte bifurcada,
mas é menor que três vezes seu tamanho final.
51
Figura 11- esquistossômulo 5º estádio
No estádio 6 encontramos adultos jovens e maduros. Seu ceco está
completamente desenvolvido, sendo três vezes maior que no 5º
estádio (Barbosa et al 1978).
Figura 12 - esquistossômulos de 3º, 2º e 4º estádio evolutivo.
3.7 Oograma
A técnica consiste em remover fragmentos do intestino (íleo terminal) após a
perfusão de cada animal, lavagem dos fragmentos com salina 0,85% para retirada
das fezes. Esses fragmentos são colocados em uma lâmina de vidro e uma lamínula
de plástico. A preparação é pressionada em uma prensa de ferro. As lâminas então
são levadas ao microscópio a fim de se verificar a presença de estádios de
desenvolvimento dos ovos em cada grupo.
3.8 Avaliação da susceptibilidade do S. mansoni à drogas durante o período
pré-patente da esquistossomose experimental
Para verificar como ocorrem as diferenças na susceptibilidade do S. mansoni
as drogas durante a fase pré-postural da esquistossomose, foi executado o modelo
experimental proposto que está descrito a seguir.
52
3.8.1 Experimentos 1 e 3: Avaliação do Schistograma e contagem de
vermes adultos provenientes de camundongos tratados com OXA,
ART e PZQ no 15º dia de infecção
Em cada um destes experimentos foram infectados subcutaneamente 100
camundongos fêmeas, pesando cerca de 20 gramas, com cerca de 200 cercárias da
cepa LE.
Quinze dias após infecção os animais foram divididos em 4 grupos de 25
animais cada, devidamente identificados. Os animais receberam tratamento via oral
individualmente e em dose única. Os seguintes esquemas terapêuticos foram
administrados:
Experimento 1: 200 mg/kg de OXA; 300 mg/kg de ART e 400 mg/kg de PZQ.
Experimento 3: 400 mg/kg de OXA; 600 mg/kg de ART e 800 mg/kg de PZQ.
Em cada experimento um grupo não recebeu tratamento e foi mantido como controle
positivo de infecção.
Quadro 2 - Esquemas terapêuticos dos experimentos 1 e 3
Grupo Nº animais Dia do tratamento Tratamento
A 25 15º dpi OXA 200 mg/kg
B 25 15º dpi ART 300 mg/kg
C 25 15º dpi PZQ 400 mg/kg
Experimento 1
D 25 - Controle não tratado
A 25 15º dpi OXA 400 mg/kg
B 25 15º dpi ART 600 mg/kg
C 25 15º dpi PZQ 800 mg/kg
Experimento 3
D 25 - Controle não tratado
No vigésimo dia após infecção (quinto dia após tratamento), metade dos
camundongos de cada grupo foi submetido à eutanásia e realizada a perfusão do
sistema porta (Pellegrino & Siqueira, 1956) a fim de recuperar os esquistossômulos.
No quadragésimo segundo dia após infecção (e vigésimo sétimo dia após
tratamento), o restante dos camundongos foram perfundidos (Pellegrino & Siqueira,
1956) para recuperação de vermes adultos.
53
Os experimentos 1 e 3 acompanharam a seguinte cronologia:
1º dia 15º 20º 42º dia
(Tempo de infecção em dias)
1º dia infecção experimental
15º dpi realização dos tratamentos.
20º dpi realização de perfusão para coleta de esquistossômulos e avaliação
de schistograma.
42º dpi perfusão para recuperação de vermes adultos.
3.8.2 Experimentos 2 e 4: Avaliação do Schistograma e contagem de
vermes adultos recuperados de camundongos tratados com OXA,
ART e PZQ no 23º dia de infecção
Para cada um destes experimentos também foram infectados
subcutaneamente 100 camundongos fêmeas pesando cerca de 20 gramas, com
cerca de 200 cercárias da cepa LE.
Os procedimentos realizados nos experimentos 2 e 4 foram idênticos aos
realizados nos experimentos 1 e 3 diferenciando apenas o dia de realização do
tratamento. Os esquemas terapêuticos estão no quadro 2:
Experimento 2: 200 mg/kg de OXA; 300 mg/kg de ART e 400 mg/kg de PZQ.
Experimento 4: 400 mg/kg de OXA; 600 mg/kg de ART e 800 mg/kg de PZQ.
Em cada experimento um grupo não recebeu tratamento e foi mantido como controle
positivo de infecção.
54
Quadro 3 - Esquemas terapêuticos dos experimentos 2 e 4
Grupo Nº animais Dia do tratamento Tratamento
A 25 23º dpi OXA 200 mg/kg
B 25 23º dpi ART 300 mg/kg
C 25 23º dpi PZQ 400 mg/kg
Experimento 2
D 25 - Controle não tratado
A 25 23º dpi OXA400 mg/kg
B 25 23º dpi ART 600 mg/kg
C 25 23º dpi PZQ 800 mg/kg
Experimento 4
D 25 - Controle não tratado
No vigésimo-oitavo dia de infecção (quinto dia após tratamento), metade dos
camundongos de cada grupo experimental foi submetida à eutanásia para perfusão
do sistema porta, a fim de recuperar os esquistossômulos, em seguida foi realizada
a avaliação do schistograma.
No quadragésimo-segundo dia após infecção (décimo-nono dia após
tratamento), o restante dos camundongos foram perfundidos, para contagem de
vermes adultos recuperados.
Os experimentos 2 e 4 acompanharam a seguinte cronologia:
1º dia 23º 28º 42º dia
(Tempo de infecção em dias)
1º dia infecção experimental
23º dpi realização dos tratamentos.
28º dpi realização de perfusão para coleta de esquistossômulos e avaliação
de schistograma.
42º dpi perfusão para recuperação de vermes adultos.
55
3.8.3 Experimentos 5 e 6: Avaliação do Schistograma de
esquistossômulos recuperados de camundongos tratados com
associação ART + PZQ no 14º ou 21º dia de infecção
Em cada um destes experimentos foram infectados subcutaneamente 80
camundongos fêmeas pesando cerca de 20 gramas, com cerca de 200 cercárias da
cepa LE.
Os animais foram divididos em 7 grupos, devidamente identificados
recebendo tratamento via oral e em dose única. Os seguintes esquemas
terapêuticos foram administrados no 14º ou 21º dia após infecção:
Quadro 4 - Esquemas terapêuticos dos experimentos 5 e 6
Grupo Nº animais Dia do tratamento Tratamento
A 11 14º dpi PZQ 400 mg/kg
B 11 14º dpi PZQ 800 mg/kg
C 11 14º dpi ART 300 mg/kg
D 11 14º dpi ART 600 mg/kg
E 12 14º dpi PZQ 400 + ART 300
F 12 14º dpi PZQ 800 + ART 600
Experimento 5
G 12 - Controle não tratado
Grupo Nº animais Dia do tratamento Tratamento
A 11 21º dpi PZQ 400 mg/kg
B 11 21º dpi PZQ 800 mg/kg
C 11 21º dpi ART 300 mg/kg
D 11 21º dpi ART 600 mg/kg
E 12 21º dpi PZQ 400 + ART 300
F 12 21º dpi PZQ 800 + ART 600
Experimento 6
G 12 - Controle não tratado
Em cada experimento um grupo não recebeu tratamento e foi mantido como
controle positivo de infecção.
No quinto dia após tratamento (correspondente ao décimo-nono dia após
infecção no experimento 5 e vigésimo-sexto dia após infecção no experimento 6) foi
realizada a perfusão do sistema porta a fim de recuperar os esquistossômulos, em
seguida foi realizada a avaliação do schistograma.
56
Os experimentos 5 e 6 acompanharam a seguinte cronologia:
Experimento 5
1º dia 14º 19º
(Tempo de infecção em dias)
Experimento 6
1º dia 21º 26º
(Tempo de infecção em dias)
1º dia infecção experimental
14º ou 21º dpi realização dos tratamentos.
19º ou 26º dpi após tratamento realização de perfusão para coleta de
esquistossômulos e avaliação de schistograma.
3.9 Avaliação de vermes adultos recuperados após exposição à drogas
esquistossomicidas no período pré-patente
3.9.1 Experimentos 7 e 8 – Contagem de vermes adultos recuperados
aos 100 dias de infecção, de camundongos tratados com
diferentes esquemas terapêuticos no período pré-patente
Os procedimentos realizados nos 7º e 8º experimentos foram semelhantes,
variando a dose utilizada de cada medicamento. Para realização de cada um destes
experimentos foram infectados subcutaneamente 105 camundongos fêmeas
pesando cerca de 20 gramas, com cerca de 50 cercárias da cepa LE. Quatorze dias
após infecção foram separados 45 animais (para cada experimento) e divididos em 3
grupos de 15 animais cada, devidamente identificados. Os animais receberam
tratamento via oral individualmente e em dose única conforme os esquemas
terapêuticos:
Experimento 7: 200 mg/kg de Oxaminiquina; 300 mg/kg de Artesunato e 400 mg/kg
de Praziquantel.
57
Experimento 8: 400 mg/kg de Oxaminiquina; 600 mg/kg de Artesunato e 800 mg/kg
de Praziquantel.
Quadro 5 - Esquemas terapêuticos dos experimentos 7 e 8
Experimentos 7 e 8
Grupo Nº animais Dia do tratamento Tratamento exp. 7 Tratamento exp. 8
A 15 14º dpi OXA 200 mg/kg OXA 400 mg/kg
B 15 14º dpi ART 300 mg/kg ART 600 mg/kg
C 15 14º dpi PZQ 400mg/kg PZQ 800mg/kg
D 15 21º dpi OXA 200mg/kg OXA 400 mg/kg
E 15 21º dpi ART 300 mg/kg ART 600 mg/kg
F 15 21º dpi PZQ 400mg/kg PZQ 800mg/kg
G 15 - Controle não tratado Controle não tratado
No quadragésimo-segundo dia após infecção, os camundongos do grupo
controle foram perfundidos para contagem de vermes adultos recuperados. A
perfusão antecipada do controle não tratado foi necessária para minimizar o
sofrimento dos camundongos, que estavam infectados com cerca de 50 cercárias, e
evitar perda destes camundongos nestes experimentos de longa duração.
Os camundongos tratados foram submetidos à eutanásia por fratura cervical e
perfundidos cem dias após infecção (correspondente ao octogésimo-sexto dia após
tratamento no experimento 7 e septuagésimo-nono dia após tratamento no
experimento 8) para contagem de vermes adultos recuperados.
Os fígados dos camundongos foram esmagados entre duas placas de vidro e
observados quanto à presença de vermes mortos. Também foi realizada a técnica
do oograma.
Os experimentos 7 e 8 acompanharam a seguinte cronologia:
1º dia 14º 21º 42º 100º
(Tempo de infecção em dias)
1º dia infecção experimental
14º ou 21º dpi realização dos tratamentos.
58
42º dpi realização de perfusão dos grupos controle para coleta e contagem de
vermes adultos, avaliação de vermes mortos no fígado e realização do
oograma.
100º dpi perfusão dos grupos tratados para coleta e contagem de vermes
adultos, avaliação de vermes mortos no fígado e realização do oograma.
3.10 Efeitos do tratamento “in vivo” com OXA, ART e PZQ sobre o tegumento
de esquistossômulos de S. mansoni
3.10.1 Microscopia de Fluorescência
A fluorescência é um tipo de luminescência (emissão de luz) em que um
corpo absorve luz e após um curto intervalo de tempo re-emite essa luz.
Dependendo da fonte de energia, a luminescência pode ser do tipo
eletroluminescência, radioluminescência, quimioluminescência ou fotoluminescência,
onde a última, que é utilizada na microscopia de fluorescência, ocorre quando a
fonte de energia são fótons.
Os compostos químicos chamados fluoróforos ou sondas fluorescentes são
usados para produzir a fluorescência do material em estudo, permitindo visualização
de estruturas, compostos ou processos em curso.
3.10.2 Marcação dos parasitos com sonda fluorescente
Para avaliar se OXA, ART e PZQ promovem danos no tegumento de
esquistossômulos expostos as drogas no 14º e 21º dia de infecção, foram realizados
experimentos utilizando microscopia de fluorescência e como marcador de
fluorescência a sonda Hoechst 33258.
Hoechst 33258 É conhecido que a sonda Hoechst 33258 (fig. 13) possui a propriedade de se
ligar ao DNA.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Hoechst_33258_Structure.gif&imgrefurl
Figura 13 - Estrutura química sonda Hoechst 33258
59
Entretanto, por se tratar de uma molécula hidrofílica só é capaz de se difundir
para o interior das células na presença de lesões e portanto pode ser usada como
indicador da integridade de membrana (Oliveira 2005).
Nestes experimentos foram observados presença ou não de dano na
membrana de esquistossômulos tratados com OXA, ART ou PZQ , através da
fluorescência emitida pela sonda Hoechst 33258 quando esta foi capaz de se ligar
ao DNA. A fluorescência dos esquistossômulos submetidos à ação das drogas foi
comparada qualitativamente a observada em esquistossômulos recuperados de
grupos controle não tratados.
Hoecsht 33258 produzida por Sigma Chemical Co.St. Louis, MO, USA. Pó
diluido em água destilada para solução estoque de 10 mg/mL.
3.10.3 Perfusão – Obtenção de esquistossômulos para uso nas técnicas
de fluorescência
Foi empregada a técnica de perfusão retrógada do fígado descrita por
Smithers & Terry (1965), resumidamente: os camundongos foram submetidos à
eutanasia por “overdose” de pentobarbital sódico 3% (Hypnol®), administrado por via
intraperitoneal (± 0,3mL). Posteriormente, as vísceras abdominais e o coração foram
expostos, a veia porta foi seccionada com o auxílio de uma agulha conectada a uma
seringa de 10mL. Imediatamente, na parte inferior dos ventrículos do coração, foi
injetado meio de cultura RPMI – 1640, pH 7,4 heparinizado, obtendo-se assim, os
parasitos que foram coletados em cálices de sedimentação. Para separação dos
esquistossômulos, o líquido coletado foi sedimentado por quinze minutos, retirado o
sobrenadante e transferidos os 15 ml restantes para tubos tipo falcon. Os tubos
foram centrifugados a 1000 rpm por 1 minuto, o sobrenadante foi coletado e aos 3
ml restantes foi adicionado meio de cultura RPMI – 1640. O procedimento foi
repetido 4 vezes. A última lavagem foi realizada com meio de cultura RPMI – 1640
acrescido de 5% de soro fetal bovino (SFB).
RPMI – 1640 produzido por Sigma- Aldrich Chemical Co.St Louis, MO, USA.
Pó diluído em água destilada e pH ajustado para 7,2. Lote 026K83582.
60
3.10.4 Experimentos 9 e 10 – Tratamento “in vivo” com OXA, ART e PZQ
e marcação com sonda Hoechst para avaliação de dano no
tegumento de vermes imaturos aos 14 e 21 dias de infecção
Os procedimentos realizados nos experimentos 9 e 10 foram idênticos,
distinguindo-se apenas o dia de realização dos mesmos após infecção e por isso
serão descritos conjuntamente.
Para cada experimento foram utilizados quatorze camundongos infectados a
14 ou 21 dias, com cerca de 200 cercárias de S. mansoni e foram divididos em sete
grupos que receberam tratamento conforme quadro a seguir.
Quadro 6 - Esquemas terapêuticos dos experimentos 9 e 10
Grupo Nº de animais Dia do tratamento Droga/Dosagem
A 2 14º OXA 200 mg/kg
B 2 14º OXA 400 mg/kg
C 2 14º ART 300 mg/kg
D 2 14º ART 600 mg/kg
E 2 14º PZQ 400 mg/kg
F 2 14º PZQ 800 mg/kg
Experimento 9
G 2 -- Controle não
tratado
Grupo Nº de animais Dia do tratamento Droga/Dosagem
A 2 21º OXA 200 mg/kg
B 2 21º OXA 400 mg/kg
C 2 21º ART 300 mg/kg
D 2 21º ART 600 mg/kg
E 2 21º PZQ 400 mg/kg
F 2 21º PZQ 800 mg/kg
Experimento 10
G 2 -- Controle não
tratado
Os esquistossômulos recuperados após perfusão retrógrada foram mantidos
em 1mL de meio de cultura RPMI – 1640 acrescido de 5% de SFB onde
acrescentou-se 5μL da sonda Hoechst 33258 (solução estoque 10mg/mL) e os
vermes foram incubados por 60 minutos em estufa 37°C e 5% de CO2. Os vermes
foram lavados por cinco vezes com meio de cultura sendo mantidos por 15 minutos
para sedimentação entre cada troca de meio de cultura. Finalmente foram
61
transferidos para lâminas delimitadas com vaselina para evitar o extravasamento
dos vermes e levados para observação em microscópio de fluorescência (K- Zeiss)
utilizando-se de filtro com DAPI - excitação/emissão máxima da Hoechst 33258
352/455 nm.
3.11 Imagens fotográficas
Imagens registradas com máquina fotográfica digital Cannon Rebel modelo
EOS 300D.
3.12 Análise estatística
A princípio foi verificado se os dados eram paramétricos ou não paramétricos
através testes de normalidade em todos os resultados obtidos. Logo após esta
análise era feita a opção pelo teste estatístico mais adequado.
Quando os dados se apresentavam paramétricos, eram aplicados testes de
análise de variância- ANOVA seguida das comparações múltiplas de Tukey com o
objetivo de comparar os resultados dos grupos controles e cada um dos grupos
tratados. Também foram comparadas a eficácia dos grupos tratados entre si.
Para dados não paramétricos foram aplicados os testes de Kruskal Wallis,
seguido das comparações múltiplas de Dunn’s para comparar os resultados dos
grupos controles e cada um dos grupos tratados. Também foram comparadas a
eficácia dos grupos tratados entre si.
Todas as análises deste estudo foram realizadas com 5% de significância,
utilizando-se o programa estatístico PRISMA 4.2. Testes de normailidade foram
realizados no programa MINITAB.
62
Os resultados dos experimentos 1 a 5 serão apresentados em duas partes: A- Distribuição média de vermes no schistograma após diferentes esquemas
terapêuticos.
A avaliação do schistograma foi realizada através da observação e contagem
de esquistossômulos, seguida da média vermes recuperados em cada estádio
evolutivo para cada grupo de tratamento comparado com controle não tratado e
posteriormente entre os diferentes grupos de tratamento.
B- Total de vermes adultos recuperados e percentuais de redução de vermes
após diferentes esquemas terapêuticos.
O percentual de redução de vermes adultos recuperados foi calculado de
acordo com a fórmula:
%RV = 100 – VT x 100
VC
Onde %RV é percentual de redução de vermes, VT é o número de vermes
recuperado no grupo tratado e VC é o número de vermes recuperados no grupo
controle não tratado.
63
RESULTADOS
64
4 Resultados
4.1 Avaliação da susceptibilidade do S. mansoni à drogas durante o período
pré-patente da esquistossomose experimental
4.1.1 Experimento 1-a
Tabela 1 - Distribuição de esquistossômulos no schistograma recuperados de
camundongos tratados com OXA 200 mg/kg, ART 300 mg/kg ou PZQ 400 mg/kg.
Tratamento realizado no 15º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia no 20º dia de infecção (5 dias após tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
Tratados - Examinados
Média
de Vermes
Distribuição média de vermes por estádio evolutivo (nº absolutos) 1 2 3 4 5 6 NI.
Total
Controle 13 12 29,1 0,9(11) 2,1(25) 7,7(92) 17,2(206) 0,1(1) 0(0) 1,2(14) 349
OXA 200 mg/kg
13 13 12,5* 0,1(1) 1,5(20) 4,6(60) 6,2(81)** 0(0) 0(0) 0,1(1) 163**
ART 300 mg/kg
13 13 10* 0,4(5) 0,9(11) 1,1 (14)*** 5,8(75) ** 0,2(3) 0(0) 1,7(0) 130***
PZQ 400 mg/kg
13 13 16,5 0,2(2) 1,0(13) 4,0(52) 11,2(145) 0,2(2) 0(0) 0,1(1) 215
NI. -Esquistossômulo não identificado
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os vermes imaturos que possuíam o intestino deteriorado e não permitiram
sua classificação por estádio evolutivo foram classificados como NI, ou seja,
esquistossômulo não identificado. Neste experimento não houve diferença
estatísticamente significativa entre média de esquistossômulos NI dos grupos
tratados entre si ou em relação ao controle não tratado.
Análises estatísticas demonstraram que o grupo tratado com PZQ 400 mg/kg
não apresentou redução estatísticamente significativa na média de vermes
recuperados em comparação com o controle não tratado.
O grupo tratado com OXA 200 mg/kg apresentou redução estatísticamente
significativa no número de esquistossômulos recuperados no 4º estádio em relação
ao mesmo estádio do grupo controle. Esta redução foi suficiente para acarretar
diferença estatísticamente significativa no número total de esquistossômulos
recuperados deste grupo em comparação com o grupo controle.
Da mesma forma que OXA 200 mg/kg, o grupo tratado com ART 300 mg/kg
mostrou diferenças estatísticamente significativas entre 4º estádio e controle. Além
disso, houve redução estatísticamente significativa no número de esquistossômulos
do 3º estádio em relação ao controle não tratado.
65
Ao comparar o perfil dos tratamentos entre si, ART 300 mg/kg apresentou
redução de esquistossômulos no 3º estádio estatísticamente significativa em relação
ao tratamento com OXA 200 mg/kg e PZQ 400 mg/kg. O esquema terapêutico
proporcionou maior redução no número total de esquistossômulos em relação aos
outros esquemas utilizados (dados não foram sinalizados na tabela).
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle não tratado.
Gráfico 1 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 1- a.
4.1.2 Experimento 1- b
Tabela 2 - Percentual de redução de vermes adultos recuperados de camundongos
tratados com OXA 200 mg/kg, ART 300 mg/kg ou PZQ 400 mg/kg
Tratamento realizado no 15º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia 42 dias após infecção.
Grupos de Tratamento
Nº de animais Tratados-
Examinados
Média de vermes
Número de vermes (% de redução) Macho Fêmea Total
Percentual de vermes imaturos
Controle 13 13 58,4 386 355 759 (18) 2,4
OXA 200 mg/kg
13 12 33,7* 194 (49,7)** 191 (53,8)* 404 (46,8)* (19) 4,7
ART 300 mg/kg
13 13 22,5* 129 (66,5)** 134 (66,5)*** 293 (61,4)*** (45) 15,4*
PZQ 400 mg/kg
13 12 41,2 244 (36,8) 223 (37,2) 506 (33,3) (39) 7,7
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
* *
66
O tratamento com PZQ 400 mg/kg no 15º dia de infecção não foi capaz de
reduzir significativamente o número de vermes adultos recuperados, dado que
reforça o resultado encontrado no schistograma, quando PZQ 400 mg/kg não foi
capaz de reduzir o número de esquistossômulos recuperados.
Em contrapartida, os grupos tratados com OXA 200 mg/kg e ART 300 mg/kg
apresentaram redução de vermes estatísticamente significativas em relação ao
controle, tanto nos vermes machos quanto nas fêmeas.
O grupo tratado com ART 300 mg/kg apresentou maior percentual de vermes
imaturos, além de maior redução na carga de vermes recuperados.
controle OXA 200mg/kg ART 300mg/kg PZQ 400mg/kg05
101520253035404550556065
méd
ia d
e ve
rmes
viv
os
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 2 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 1- b.
*
*
67
4.1.3 Experimento 2- a
Tabela 3 - Distribuição de esquistossômulos recuperados de camundongos tratados
com OXA 200 mg/kg, ART 300 mg/kg ou PZQ 400 mg/kg.
Tratamento realizado no 23º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia no 28º dia de infecção (5 dias após tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
Tratados - Examinados
Média de Vermes
Distribuição média de vermes por estádio evolutivo (nº absolutos) 1 2 3 4 5 6 NI
Total
Controle 13 11 53,8 0(0) 0,2(2) 0,6(7) 4,8(53) 17,7(195) 30,5(335) 0(0) 592
OXA 200 mg/kg
13 12 37,0 0(0) 0(0) 0,3(3) 5,4(65) 14,2(170) 17,4(209)* 0(0) 444
ART 300 mg/kg
13 13 27,8* 0(0) 0,1(1) 0,1(1) 3,6(47) 8,8(114)* 15,3(198)* 0(0) 361*
PZQ 400 mg/kg
13 13 42,7 0(0) 0(0) 0,9(11) 5,8(75) 16,4(213) 19,8(257) 0(0) 556
NI. -Esquistossômulo não identificado
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os resultados demonstraram que o grupo tratado com PZQ 400 mg/kg não
promoveu redução no total de esquistossômulos recuperados, bem como na média
de vermes recuperados em nenhum dos estádios evolutivos, uma vez que não
houve diferenças significativas entre este grupo e o controle não tratado.
O grupo tratado com OXA 200 mg/kg apresentou redução significativa no
número de esquistossômulos recuperados no 6º estádio em relação ao mesmo
estádio do grupo controle. Esta redução não foi suficiente para acarretar diferença
estatísticamente significativa no número total de esquistossômulos recuperados
deste grupo e os do grupo controle.
O grupo tratado com ART 300 mg/kg mostrou diferenças significativas no 5º
estádio comparado com o controle. Também houve redução significativa no número
de esquistossômulos do 6º estádio em relação ao controle não tratado. O esquema
terapêutico proporcionou redução no total de esquistossômulos em relação ao
controle, diferentemente do resultado encontrado no tratamento com os outros
esquemas utilizados.
68
controle OXA 200 mg/kg ART 300 mg/kg PZQ 400mg/kg 05
101520253035404550556065
méd
ia d
ees
qu
isto
ssô
mu
los
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 3 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 2- a.
4.1.4 Experimento 2- b
Tabela 4 - Percentual de redução de vermes adultos recuperados de camundongos
tratados com OXA 200 mg/kg, ART 300 mg/kg ou PZQ 400 mg/kg.
Tratamento realizado no 23º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia 42 dias após infecção.
Grupos de tratamento
Nº de animais Tratados-
Examinados
Média de
Vermes
Número de vermes (% de redução) Macho Fêmea Total
Percentual de vermes
imaturos
Controle não tratado
12 12 70,6 381 450 847 (16) 1,9
OXA 200 mg/kg
12 12 52,4 228 (39,6) 273 (39,3)* 629 (25,7) (128) 20,3*
ART 300 mg/kg
12 11 43,7* 200 (47,5) 248 (44,9)* 481 (43,2)* (33) 6,9
PZQ 400 mg/kg
12 12 52,4 277 (27,3) 282 (37,8)* 629 (25,7) (70) 11,1*
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Análises estatísticas demonstraram que tanto o tratamento com PZQ 400
mg/kg quanto com OXA 200 mg/kg no 23º dia de infecção não foi capaz de reduzir
significativamente o total de vermes adultos recuperados, embora ambos tenham
causado redução significativa do número de vermes fêmeas. Estes esquemas
terapêuticos ocasionaram maior número de vermes ainda imaturos em relação ao
controle.
*
69
Em contrapartida, o tratamento com ART 300 mg/kg foi capaz de promover
uma redução de vermes estatísticamente significativa em relação ao controle,
reduzindo principalmente o número de fêmeas. Este grupo não apresentou diferença
em relação ao número de vermes imaturos comparado ao controle.
controle OXA 200 mg/kg ART 300 mg/kg PZQ 400 mg/kg0
10
20
30
40
50
60
70
80
méd
ia d
e ve
rmes
viv
os
recu
per
ado
s
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 4 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 2- b.
4.1.5 Experimento 3- a
Tabela 5 - Distribuição de esquistossômulos recuperados de camundongos tratados
com OXA 400 mg/kg, ART 600 mg/kg ou PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 15º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos a eutanásia no 20º dia de infecção (5 dias após o tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
Tratados - Examinados
Média
de Vermes
Distribuição média de vermes por estádio evolutivo (nº absolutos) 1 2 3 4 5 6 NI
Total
Controle 13 11 49,4 0,5(5) 3,6(40) 9,3(102) 34,6(381) 0,3(3) 0(0) 1,1(12) 543
OXA 400 mg/kg
13 9 33,3* 0,6(5) 3,7(33) 8,1(73) 19(171)** 0(0) 0(0) 2(18) 300*
ART 600 mg/kg
13 12 24,1*** 1,5(18) 4,6(55) 2,9(35)** 8,6(103)*** 0(0) 0(0) 6,5(78)* 289***
PZQ 800 mg/kg
13 9 28,9* 0,4(4) 4(36) 8,6(77) 15,8(142)** 0(0) 0(0) 0,1(1) 260*
NI. -Esquistossômulo não identificado
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
*
70
Em todos os grupos foi observado redução no número de vermes
estatísticamente significativas em relação ao controle. Porém OXA 400 mg/kg e PZQ
800 mg/kg atuaram reduzindo significativamente apenas o 4º estádio em relação ao
controle.
Enquanto isso, ART 600 mg/kg foi capaz de promover diferenças
significativas nos 3º e 4º estádios evolutivos, além de aumentar o número de
esquistossômulos com o intestino deteriorado sendo computados como
esquistossômulos não identificados.
Comparando os esquemas terapêuticos entre si, ART 600 mg/kg promoveu
redução significativa do 3º estádio em relação ao PZQ 800 mg/kg e ainda
apresentou diferença em relação ao número de esquistossômulos não identificados
comparado a OXA 400 mg/kg e PZQ 800 mg/kg (dados não sinalizados na tabela).
controle OXA 400mg/kg ART 600mg/kg PZQ 800mg/kg05
10152025303540455055
méd
ia d
ees
qu
isto
ssô
mu
los
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 5 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 3- a.
* *
*
71
4.1.6 Experimento 3- b
Tabela 6 - Percentual de redução de vermes adultos recuperados de camundongos
tratados com OXA 400 mg/kg, ART 600 mg/kg ou PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 15º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia 42 dias após infecção.
Grupos de tratamento
Nº de animais Tratados-
Examinados
Média de
vermes
Número de vermes (% de redução) Macho Fêmea Total
Percentual de vermes imaturos
Controle 15 14 97,5 662 682 1365 (21) 1,5
OXA 400 mg/kg
15 15 40,8*** 233(64,8)*** 270(60,4)*** 612 (55,2)*** (104) 16,8**
ART 600 mg/kg
15 15 35,1*** 241(63,6)*** 261(61,7)*** 526 (61,5)*** (24) 4,6
PZQ 800 mg/kg
15 14 53,8* 339(48,8)* 362(46,9)* 753 (44,8)* (52) 6,9
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
O aumento na dose das três drogas permitiu que todos os tratamentos
reduzissem o percentual de vermes adultos recuperados. Foram encontradas
diferenças estatísticamente significativas entre o número de vermes machos e
fêmeas dos grupos tratados em relação ao controle não tratado.
O grupo tratado com OXA 400 mg/kg apresentou percentual de vermes
imaturos significativamente maior que o controle.
72
controle OXA 400mg/kg ART 600mg/kg PZQ 800mg/kg0
102030405060708090
100110
méd
ia d
e ve
rmes
viv
os
recu
per
ado
s
* p< 0,05 *** p< 0,001 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 6 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 3- b.
Deve-se ressaltar que os vermes adultos recuperados do grupo tratado com OXA
400 mg/kg foram menores que os vermes do grupo controle, as fêmeas na sua
maioria com aspecto de imaturas, machos apresentando manchas escuras. Também
houve presença de vermes ainda nos 4º e 5º estádios evolutivos (fig.14).
(a) (b) (c)
Figura 14 - Vermes recuperados do grupo tratado com OXA 400 mg/kg no 15º dpi.
(a) fêmea visivelmente menor que recuperadas no controle. (b) Macho pequeno e com machas
escuras. (c) Macho apresentando manchas escuras ao lado de esquistossômulo no início do 5º
estádio.
Vermes recuperados de grupo tratado com ART 600 mg/kg também se
apresentaram menores que os vermes recuperados no grupo controle. As fêmeas
apresentaram aspectos de imaturas (fig. 15).
*
***
***
73
(a) (b)
Figura 15 - vermes recuperados do grupo tratado com ART 600 mg/kg no 15º dpi.
(a) fêmea pequena e com intestino claro e (b) macho pouco desenvolvido.
Os vermes recuperados dos animais tratados com PZQ 800 mg/kg
apresentaram aspecto semelhante ao controle (fig.16).
(a) (b) (c)
Figura 16 – vermes recuperados do grupo tratado com PZQ 800 mg/kg no 15º dpi e controle não
tratado
(a) fêmea aparentemente normal (b) casal recuperado grupo tratado com PZQ 800 mg/kg (c) fêmea
recuperada do grupo controle.
4.1.7 Experimento 4- a
Tabela 7 - Distribuição de esquistossômulos recuperados de camundongos tratados
com OXA 400 mg/kg, ART 600 mg/kg ou PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 23º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos a eutanásia no 28º de infecção (5 dias após tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
Tratados - Examinados
Média
de Vermes
Distribuição média de vermes por estágio evolutivo (nº absolutos) 1 2 3 4 5 6 NI
Total
Controle não 12 12 59,1 0(0) 0,1(1) 0,8(9) 6,2(74) 24,8(298) 26,7(320) 0,6(7) 709
OXA 400 mg/kg
12 12 28,9*** 0(0) 0,1(1) 1,2(14) 8(96) 12,1(145)** 3,8(45)*** 3,8(46) 347***
ART 600 mg/kg
12 12 25,8*** 0(0) 0,1(1) 0,1(1) 1,3(15)** 8,3(99)*** 6,1(73)*** 10(120)** 309***
PZQ 800 mg/kg
12 12 40,4** 0(0) 0,3(3) 0,6(7) 4,3(51) 24,8(297) 10,4(125)*** 0,2(2) 485**
NI. -Esquistossômulo não identificado
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
74
As comparações estatísticas para avaliar a eficácia do tratamento com OXA
400 mg/kg, ART 600 mg/kg e PZQ 800 mg/kg no 23º dia de infecção, foram
realizados da mesma maneira que nos experimentos anteriores.
De fato, o aumento da dose permitiu que todos os grupos promovessem
redução no número de vermes estatísticamente significativas em relação ao
controle. Porém, o perfil de atuação das três drogas foi diferente. PZQ 800 mg/kg
atuou reduzindo significativamente apenas o 6º estádio em relação ao controle.
OXA 400 mg/kg gerou diferenças entre 5º e 6º estádio em relação ao controle.
Enquanto isso, ART 600 mg/kg foi capaz de promover diferenças significativas nos
4º , 5º e 6º estádios evolutivos, além de aumentar o número de esquistossômulos
não identificados.
Na comparação entre os esquemas terapêuticos, ART 600 mg/kg apresentou
diferença significativa no 4 º estádio evolutivo em relação a OXA 400 mg/kg e ainda
diferença no 5º estádio e esquistossômulos não identificados se comparado ao PZQ
800 mg/kg kg (dados não sinalizados na tabela).
controle OXA 400mg/kg ART 600mg/kg PZQ 800mg/kg05
101520253035404550556065
méd
ia d
ees
qu
isto
ssô
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** p< 0,01 *** p< 0,001 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 7 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 4- a.
***
**
***
75
4.1.8 Experimento 4- b
Tabela 8 - Percentual de redução de vermes adultos recuperados de camundongos
tratados com OXA 400 mg/kg, ART 600 mg/kg ou PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 23º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia 42 dias após infecção.
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os tratamentos com OXA 400 mg/kg e ART 600 mg/kg administrados no 23º
dia após infecção foram capazes de reduzir significativamente o número total de
vermes recuperados, bem como o número de machos e fêmeas. Estes grupos
também revelaram maior número de vermes ainda imaturos.
No grupo tratado com PZQ 800 mg/kg não ocorreu diferença significativa no
número de vermes recuperados em relação ao controle.
Comparações entre os esquemas terapêuticos revelam diferenças
significativas entre total de vermes recuperados, totais de machos e fêmeas do
grupo tratado com OXA 400 mg/kg, comparado ao grupo tratado com PZQ 800
mg/kg. ART 600 mg/kg apresentou diferença significativa em relação ao grupo
tratado com PZQ 800 mg/kg na recuperação de vermes fêmeas (dados não
sinalizados na tabela).
Grupos de tratamento
Nº de animais Tratados-
Examinados
Média de vermes
Nº de vermes (% de redução ) Macho Fêmea Total
Percentual de vermes imaturos
Controle 14 13 83,8 577 497 1089 (15) 1,4
OXA 400 mg/kg
14 13 20,9*** 64(88,9)*** 113(77,3)*** 272(75,0)*** (95) 34,9***
ART 600 mg/kg
14 14 32,7*** 141(75,6)*** 132(73,4)*** 458(57,9)*** (185)40,4***
PZQ 800 mg/kg
14 12 56,8 329(42,9) 314(36,8) 681(37,5) (38) 5,6
76
controle OXA 400 mg/kg ART 600 mg/kg PZQ 800 mg/kg
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
méd
ia d
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rmes
recu
per
ado
s
*** p< 0,001 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 8 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 4.
O aspecto debilitado apresentado pelos vermes recuperados dos grupos
tratados no 15º dpi se repetiu quando o tratamento foi realizado no 23º dpi (fig. 17).
Vermes machos recuperados do grupo tratado com OXA 400 mg/kg apresentavam
“bolhas” escuras no tegumento. Os vermes recuperados no tratamento com ART
600 mg/kg tinham aspecto de frágeis, pequenos, fêmeas com intestino claro.
Parasitos recuperados do grupo tratado com PZQ 800 mg/kg eram semelhantes ao
controle não tratado.
(a) (b) (c)
Figura 17– vermes recuperados de grupos tratados com OXA 400 mg/kg e ART 600 mg/kg
(a) macho recuperado do grupo tratado com OXA 400 mg/kg apresentando “manchas” escuras no
seu tegumento (b) macho recuperado do grupo tratado com ART 600 mg/kg, pequeno, claro (c)
fêmeas recuperadas do grupo tratado com ART 600 mg/kg, pequenas e com intestino claro.
***
***
77
4.1.9 Experimento 5
Tabela 9 - Distribuição de esquistossômulos no schistograma recuperados de
camundongos tratados com ART 300 ou 600 mg/kg; PZQ 400 ou 800 mg/kg; ART
300 + PZQ 400 mg/kg; e ART 600 + PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 14º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos à eutanásia no 19º dia de infecção (5 dias após tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
tratados- examinados
Média de
Vermes
Distribuição média de vermes por estágio evolutivo (nº absolutos)
1 2 3 4 5 6 NI
Total
Controle 12 12 43,5 0,3(3) 1,7(20) 8,1(97) 32,4(386) 1(12) 0 0,3(4) 522
PZQ 400 mg/kg
11 10 29,3 0,1(1) 1,6(16) 8,0(80) 22,0(220) 0,1(1) 0 0,5(5) 293
PZQ 800 mg/kg
11 11 23,5 *** 0,2(1) 1,1(12) 7,3(80) 12,7(140)*** 1,6(17) 0 0,7(8) 258***
ART 300 mg/kg
11 10 17,9 *** 0,2(2) 1,5(15) 2,9(29)** 9,2(92)*** 0,1(1) 0 3,3(33) 172***
ART 600 mg/kg
11 9 7,7 *** 0,1(1) 1,6(14) 0,6(5)*** 2,7(24)*** 0,1(1) 0 2,7(24) 69***
PZQ 400+ ART300
12 12 9,8 *** 0,3(3) 1,7(20) 2,9(35)* 4,2(50)*** 0 0 0,8(10) 118***
PZQ 800 + ART 600
12 11 9,1 *** 0,1(1) 0,6(6) 1,7(19)** 5,1(56)*** 0,1(1) 0 1,6(18) 101***
NI. Esquistossômulos não identificados
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os grupos tratados com ART 300 ou 600 mg/kg e PZQ 400 ou 800 mg/kg
apresentaram o mesmo perfil relatado nos experimentos anteriores para animais
tratados aos 15 dias após infecção.
A associação de ART 300 + PZQ 400 mg/kg promoveu redução significativa
nos esquistossômulos de 3º e 4º estádios evolutivos, bem como no total de
esquistossômulos recuperados, comparada ao controle não tratado.
Associação ART 300 + PZQ 400 teve vantagem terapêutica em relação ao
PZQ 400 mg/kg isoladamente, pois apresentou redução significativa nos 3º e 4º
estádios evolutivos e no total de esquistossômulos. No entanto, a associação não
apresentou diferença estatistísticamente significativa nos resultados obtidos em
relação ao tratamento com ART 300 mg/kg isoladamente.
Os resultados obtidos com a associação ART 300 + PZQ 400 mg/kg não
demonstraram diferença significativa na redução total de esquistossômulos nem nos
estádios evolutivos se comparado ao PZQ 800 mg/kg e ao ART 600 mg/kg
isoladamente.
78
Associação ART 600 + PZQ 800 apresentou redução significativa nos 3º e 4º
estádios evolutivos e no total de esquistossômulos em relação ao grupo controle não
tratado. Entretanto a associação não apresentou diferença estatistísticamente
significativa nos resultados obtidos em relação ao tratamento com ART 600 mg/kg
ou PZQ 800 mg/kg utilizados isoladamente.
Não houve diferença estatísticamente significativa entre os dois tratamentos
com as associações. As comparações dos grupos entre si não foram sinalizadas nas
tabelas.
1 2 3 4 5 6 705
10152025303540455055
grupos de tratamento
méd
ia d
ees
qu
isto
ssô
mu
los
*** p< 0,001 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 9 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 5 para avaliação da associação ART + PZQ administrada no 15º dia
após infecção.
***
*** *** ***
***
Tratamentos: 1 – controle não tratado 2 - PZQ 400 mg/kg 3 - PZQ 800 mg/kg 4 - ART 300 mg/kg 5 - ART 600 mg/kg 6 - PZQ 300 + ART 600 7 - PZQ 800 + ART 600
79
4.1.10 Experimento 6
Tabela 10 - Distribuição de esquistossômulos recuperados de camundongos
tratados com ART 300 ou 600 mg/kg; PZQ 400 ou 800 mg/kg; ART 300 + PZQ 400
mg/kg; e ART 600 + PZQ 800 mg/kg.
Tratamento realizado no 21º dia após infecção com cerca de 200 cercárias e
submetidos a eutanásia no 26º dia de infecção (5 dias após tratamento).
Grupos de tratamento
Número de animais
tratados- examinados
Média de
Vermes
Distribuição média de vermes por estádio evolutivo (nº absolutos)
1 2 3 4 5 6 NI
Total
Controle 11 11 61 0 0,2(2) 2,0(22) 13,2(145) 23,1(254) 21,5(236) 1,1(12) 671
PZQ 400 mg/kg
11 10 57,6 0 1,0(10) 2,2(22) 20,1(201) 25,6(256) 7,9(79) 0,8( 8) 576
PZQ 800 mg/kg
11 11 36,0* 0 0,1(1) 3,5(38) 12,3(135) 16,5(181) 3,5(38)* 0,3(3) 396*
ART 300 mg/kg
11 11 26,9 ** 0 0,1(1) 0,4(4) 2,7(30) 7,9(87)* 3,9(43)** 1,9(131)** 296**
ART 600 mg/kg
12 12 20,6 *** 0 0,2(2) 0 3,2(38)*** 7,3(87)* 1,0(12)*** 9,0(108)** 247***
PZQ 400+ ART 300
12 11 29,3 ** 0 0,3(3) 1,0(11) 7,9(87) 8,1(89)* 1,4(15)** 0,6(117)** 322**
PZQ 800+ ART 600
12 11 19,2 *** 0 0,1(1) 0,8(9) 3,8(42)* 7,5(82)* 1,6(17)*** 5,5(60)* 211***
NI. Esquistossômulos não identificados
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os grupos tratados com ART 300 ou 600 mg/kg e PZQ 400 ou 800 mg/kg
apresentaram o perfil relatado nos experimentos anteriores para animais tratados no
23º dia após infecção.
A associação ART 300 + PZQ 400 mg/kg levou a redução de
esquistossômulos de 5° e 6º estádios e, consequentemente, do total de
esquistossômulos recuperados. Também foi observado aumento significativo de
esquistossômulos com intestino danificado.
Esta associação apresentou redução estatísticamente significativa no 5º
estádio e no número total de vermes em relação ao grupo tratado com PZQ 400
mg/kg. Também promoveu aumento no número de esquistossômulos não
identificados comparado aos grupos tratados com PZQ 400 mg/kg e PZQ 800 mg/kg
isoladamente.
Quando a dose na associação foi aumentada para ART 600 + PZQ 800 mg/kg
houve redução estatísticamente significativa no número total esquistossômulos
recuperados, bem como no número de vermes de 4º, 5º e 6º estádios.
80
A associação ART 600 + PZQ 800 mg/kg levou a redução estatísticamente
significativa de esquistossômulos de 4º, 5º estádio e no total recuperado em relação
aos tratados com PZQ 400 mg/kg.
As associações apresentram vantagem terapêutica apenas em relação ao
tratamento com PZQ 400 mg/kg isoladamente. Não houve diferença
estatísticamente significativa entre os outros tratamentos isolados com as
associações. As comparações dos grupos entre si não foram sinalizadas na tabela.
1 2 3 4 5 6 70
10
20
30
40
50
60
70
grupos de tratamento
méd
ia d
ees
qu
ito
ssô
mu
los
* p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 10 - Gráfico representativo das médias de vermes imaturos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 6 para avaliação da associação ART + PZQ administrada no 21º dia
após infecção.
*
** ***
**
***
Tratamentos: 1- controle não tratado 2 - PZQ 400 mg/kg 3 - PZQ 800 mg/kg 4 - ART 300 mg/kg 5 - ART 600 mg/kg 6 - PZQ 300 + ART 600 7 - PZQ 800 + ART 600
81
4.2 Avaliação de vermes adultos recuperados após exposição a drogas
esquistossomicidas no período pré-patente
4.2.1 Experimento 7
Tabela 11 - Número de vermes vivos recuperados 100 dias após a infecção, de
camundongos tratados com OXA 200 mg/kg, ART 300 mg/kg e PZQ 400 mg/kg.
Tratamentos realizados nos 14° ou 21° dia após infecção com cerca de 50 cercárias.
Droga .....mg/kg
Sacrificados ... dias após o tratamento
Tratado ....... dias
após infecção
Número de animais Tratados-Examinados
Média de
Vermes
Distribuição de vermes (%) Mesentério- Fígado
Vermes mortos
no fígado
(%)
Alteração do
oograma (%)
OXA 200 100 14 15 11 7,1* 86,2 13,8 0,0 45,5
ART 300 100 14 15 9 7,0* 94,9 5,1 0,0 11,1
PZQ 400 100 14 15 13 12,6 97,6 2,4 0,0 0,0 OXA 200 100 21 15 11 7,4* 93,6 6,4 0,0 27,3
ART 300 100 21 15 13 5,2*** 95,6 4,4 0,0 15,4
PZQ 400 100 21 15 7 9,3 82,4 17,6 0,0 28,6 Controle 42 -- 15 13 20,2 88,5 11,5 0,0 0
Diferença em relação ao controle não tratado * p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Análises estatísticas mostraram que os grupos tratados com OXA 200 mg/kg
e ART 300 mg/kg apresentaram redução na carga parasitária detectada em perfusão
100 dias após infecção, nos tratamentos realizados tanto no 14º quanto no 21º dia.
O grupo tratado com PZQ 400 mg/kg não apresentou redução da carga parasitária.
1 2 3 4 5 6 70
5
10
15
20
25
grupos de tratamento
méd
ia d
e es
qu
isto
ssô
mu
los
vivo
s re
cup
erad
os
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 11 - Gráfico de barras da média de esquistossômulos vivos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 7.
* * **
Droga / dia do tratamento 1- controle 2 - OXA 200 mg/kg (14 dpi) 3 – ART 300 mg/kg (14 dpi) 4 – PZQ 400 mg/kg (14 dpi) 5 – OXA 200 mg/kg (21 dpi) 6 – ART 300 mg/kg (21dpi) 7 – PZQ 400 mg/kg (21 dpi)
82
4.2.2 Experimento 8
Tabela 12 - Número de vermes vivos recuperados 100 dias após a infecção, de
camundongos tratados com OXA 400 mg/kg, ART 600 mg/kg e PZQ 800 mg/kg.
Tratamentos realizados nos 14° ou 21° dias após infecção com cerca de 50
cercárias.
Droga .....mg/kg
Sacrificados ... dias após o infecção
Tratado ....... dias
após infecção
Número de animais Tratados -Examinados
Média de
Vermes
Distribuição de vermes (%) Mesentério- Fígado
Vermes mortos
no fígado
(%)
Alteração do
oograma (%)
OXA 400 100 14 15 11 5,2*** 76,2 23,8 9,5 63,6 ART 600 100 14 15 13 4,5*** 81,0 19,0 0,0 15,4
PZQ 800 100 14 15 8 9,5 76,9 23,1 0,0 0,0 OXA 400 100 21 15 12 6,8* 85,2 14,8 0,0 58,6
ART 600 100 21 15 11 5,7** 87,3 12,7 0,0 27,3
PZQ 800 100 21 15 7 7,9 83,6 16,4 0,0 14,3 Controle 42 - - 15 16,2 86,1 13,9 0,0 0,0
* p<0,05 ** p<0,01 *** p<0,001
Os resultados apresentados mostram que o aumento das doses não
aumentou a eficácia dos fármacos em relação à redução da carga parasitária,
quando os tratamentos foram realizados 14º ou 21º dias após infecção.
1 2 3 4 5 6 70
5
10
15
20
grupos de tratamento
méd
ia e
squ
isto
ssô
mu
los
recu
per
ado
s
* p< 0,05 diferença estatísticamente significativa em relação ao controle.
Gráfico 12 - Gráfico de barras da média de esquistossômulos vivos recuperados dos
grupos experimentais e grupo controle e os respectivos desvios padrão obtidos no
experimento 8.
È importante ressaltar que mesmo realizando a perfusão após 100 dias de
infecção, os vermes recuperados dos grupos tratados com OXA 400 mg/kg e ART
*
** *
Droga / dia do tratamento 1- controle 2 - OXA 200 mg/kg (14 dpi) 3 – ART 300 mg/kg (14 dpi) 4 – PZQ 400 mg/kg (14 dpi) 5 – OXA 200 mg/kg (21 dpi) 6 – ART 300 mg/kg (21dpi) 7 – PZQ 400 mg/kg (21 dpi)
83
600 mg/kg mantiveram aspecto de frágeis e pequenos. Grande parte das fêmeas
estava com intestino claro, com aspecto de imaturas. No grupo tratado com ART 600
mg/kg no 21º dpi, 16 das 34 fêmeas estavam imaturas, enquanto 14 das 36 fêmeas
estavam imaturas no grupo tratado no 14º dpi. No grupo tratado com OXA 400
mg/kg no 21º dpi, 22 das 49 fêmeas estavam imaturas, enquanto 8 das 28 fêmeas
estavam imaturas no grupo tratado no 14º dpi.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
Figura 18 – Vermes recuperados após 100 dias de infecção
(a) fêmea recuperada de camundongo tratado com OXA 400 mg/kg aos 21 dpi. (b) fêmea recuperada
de camundongo tratado com OXA 400 mg/kg aos 14 dpi. (c) detalhe macho recuperado de
camundongo tratado com OXA 400 mg/kg 14 dpi.(d) fêmea recuperada de camundongo tratado com
ART 600 mg/kg 21 dpi. (e) fêmea recuperada de camundongo tratado com ART 600 mg/kg aos 14 dpi
(f) macho recuperado de camundongo tratado com ART 600 mg/kg aos 14 dpi.
4.3 Efeitos do tratamento “in vivo” com OXA, ART e PZQ sobre o tegumento
de esquistossômulos de S. mansoni
4.3.1 Experimento 9 – a
Todos os vermes coletados dos grupos experimentais apresentaram
marcação pela sonda Hoechst 33258, mas nos grupos tratados com OXA 400
mg/kg, ART 600 mg/kg e 300 mg/kg e PZQ 800 mg/kg a marcação foi lum pouco
mais intensa.
84
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
(i) (j)
85
(k) (l)
(m) (n) Figura 19 – Marcação dos parasitos com sonda Hoechst 33258 tratados no 14º dpi e coletados 2
horas após tratamento.
(a) e (B) tratamento OXA 400 mg/kg (c) e (d) tratamento OXA 200 mg/kg (e) e (f) tratamento ART 600
mg/kg (g) e (h) tratamento ART 300 mg/kg (i) e (j) tratamento PZQ 800 mg/kg (k) e (l) tratamento PZQ
400 mg/kg (m) e (n) Controle não tratado.
Por se tratar de uma análise qualitativa através da observação da
fluorescência do tegumento do verme e como não houve marcação muito intensa
semelhante à observada ao padrão de marcação de vermes adultos tratados, não é
possível afirmar que houve diferença entre os vermes recuperados dos grupos
tratados com OXA 400 mg/kg, ART 600 e 300 mg/kg e PZQ 800 mg/kg comparados
ao controle não tratados.
86
4.3.2 Experimento 9- b
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
(i) (j)
87
(k) (l)
(m) (n) Figura 20 - Marcação dos parasitos com sonda Hoechst 33258 tratados 21º dpi e coletados 2 h após
tratamento.
(a) e (B) tratamento OXA 400 mg/kg (c) e (d) tratamento OXA 200 mg/kg (e) e (f) tratamento ART 600
mg/kg (g) e (h) tratamento ART 300 mg/kg (i) e (j) tratamento PZQ 800 mg/kg (k) e (l) tratamento PZQ
400 mg/kg (m) e (n) Controle não tratado.
As marcações foram mais intensas nos vermes que sofreram a ação da droga
21 dias após infecção, principalmente naqueles que se encontravam em estádios de
desenvolvimento mais avançados.
Nos experimentos 9-a e 9-b os vermes tratados apresentavam movimentação
normal, comparável ao controle não tratado. Também foi visualizada presença de
vermes bem marcados e outros com leve marcação em todos os grupos de
tratamento dos experimentos 9-a e 9-b.
88
DISCUSSÃO
89
5 DISCUSSÃO
A esquistossomose pertence ao grupo das doenças tropicais consideradas
negligenciadas que poderiam ser controladas com medidas de baixo custo e
eficientes intervenções de saúde pública como investimento em saneamento básico,
educação e tratamento da população (WHO 2006).
Atualmente, o tratamento da esquistossomose na fase postural da doença é
bem estabelecido e tem como arsenal terapêutico disponível no mercado o
praziquantel (PZQ) e a oxamniquina (OXA). Entretanto o PZQ é o fármaco
recomendado pela OMS para o tratamento da doença, pois apresenta efetividade
contra todos os tipos de esquistossomose, é seguro e principalmente de baixo custo
(WHO 2006).
Embora a indicação médica para tratamento da esquistossomose ocorra
somente quando a infecção é comprovada pela presença de ovos viáveis de
parasitas nas fezes e/ou eventualmente nos tecidos (Enk, Katz & Coelho 2008),
alguns autores sugerem que o tratamento da esquistossomose durante a fase pré-
postural deveria ser melhor estudado, uma vez que através dele poderia se prevenir
o desenvolvimento da doença (Coelho et al 1993, Coelho et al 1998, Enk, Katz &
Coelho 2008, Coelho, Enk & Katz -inpress, 2009).
A esquistossomose mansoni é uma doença que decorre da reação
inflamatória granulomatosa em torno dos ovos vivos do parasito (Bogliolo 1959,
Warren 1968), seu abortamento na fase pré-postural seria a melhor forma de
prevenção de quase toda patogenia da doença.
Inicialmente esse trabalho teve como objetivo determinar quais seriam os
estádios evolutivos que apresentam maior ou menor susceptibilidade frente a OXA,
PZQ e ART. Para tanto utilizamos o schistograma, uma técnica desenvolvida por
Barbosa et al (1978) que estabelece com boa precisão os estádios evolutivos do S.
mansoni no hospedeiro vertebrado.
O assincronismo apresentado pelo S. mansoni pode ser observado
claramente nesse trabalho e a distribuição de esquistossômulos recuperados nos
grupos controle não tratados foi semelhante a descrita por Barbosa et al (1978) para
cada período específico do desenvolvimento. Assim é possivel avaliar alterações
nas médias de esquistossômulos de cada estádio do schistograma recuperados dos
grupos tratados em relação a média de esquistossômulos dos respectivos estádios
recuperados do grupo controle não tratado. Dessa forma pode-se determinar qual(is)
90
estádio(s) seria(m) afetado(s) pelo tratamento. No presente estudo, optou-se por
tratar em torno do 15º ou 21º dias de infecção, períodos conhecidamente críticos
para sucesso da terapêutica e com o schistograma bem diversificado de estádios
evolutivos. No 15º dpi há predomínio de 3º e 4º estádio, vermes ainda no 2º e 1º
estádios e apenas alguns esquistossômulos no 5º estádio. Em torno do 23º dia
encontra-se mais vermes entre 4º e 5º estádios.
Considerando o tratamento nesta fase inicial da esquistossomose, uma
característica importante do schistosoma que deve ser considerada é a resposta
terapêutica pouco eficiente apresentada neste período. A abordagem do presente
estudo é original com o uso do schistograma.
Das drogas utilizadas na clínica médica, o PZQ considerado a principal droga
esquistossomicida mostra-se parcialmente eficaz nos primeiros dias de infecção,
tornando-se praticamente inativo contra vermes jovens entre 7 a 28 dias (Gönnert
and Andrews 1977, Xiao et al 1985, Sabah et al 1986, Utzinger et al 2003, Pica-
Mattoccia & Cioli 2003, Ribeiro et al 2004). Os resultados aqui apresentados
também demonstraram a baixa eficácia da droga nesta fase da doença. Quando
PZQ 400 mg/kg foi administrado no 15º dpi obteve-se apenas 33% de percentual de
redução de vermes, e este percentual tornou-se ainda mais baixo quando o
tratamento foi realizado no 23º dpi sendo de apenas 26% o percentual de redução
de vermes. Para os dois esquemas terapêuticos utilizados o schistograma ficou
inalterado o que confirma a menor susceptibilidade das formas jovens ao PZQ.
Entretanto, o percentual de redução de S. mansoni no 14º dia de infecção
encontrado por Xiao, Catto & Webster (1985) foi de 63% que apesar de ser menor
que o valor normalmente encontrado para PZQ em tratamento na fase pós-postural
foi o dobro do resultado apresentado nesse trabalho. Estas diferenças podem em
parte ser justificadas por divergências na metodologia como, por exemplo, pela
carga parasitária elevada utilizada nos experimentos deste trabalho (cerca de 200
cercárias). Contudo, resultados semelhantes aos aqui apresentados foram
encontrados em estudos com S. japonicum que mostraram vermes totalmente
resistentes ao PZQ 400 mg/kg do 3º ao 21º dia de infecção, alcançando 47% de
percentual de redução de vermes aos 28 dpi (Xiao et al 1987).
Segundo Xiao, Catto & Webster (1985) a eficácia de PZQ contra diferentes
estádios de desenvolvimento está associada principalmente a capacidade da droga
promover dano no tegumento do verme sendo necessárias altas concentrações da
droga para produzir lesões graves.
91
Dessa forma, foi realizado tratamento com uma dose mais alta de PZQ (800
mg/kg) a fim de verificar se o aumento da dose mudaria essa condição de baixa
sensibilidade à droga pelo parasito. Observou-se que PZQ 800 mg/kg promoveu
redução estatísticamente significativa de vermes recuperados quando o tratamento
foi realizado aos 15 dias de infecção (45%). Neste caso o schistograma mostrou-se
alterado, com redução dos esquistossômulos do 4º estádio evolutivo e
consequentemente no total de esquistossômulos recuperados. O tratamento no 23º
dpi acarretou redução estatísticamente significativa no número de vermes do 6º
estádio evolutivo e do número total de esquistossômulos recuperados, mas, ao
contrário do que se esperava, essa redução não se manteve estatísticamente
significativa quando a perfusão foi realizada aos 42 dpi para recuperação de vermes
adultos, levando a um percentual de redução de 38%. Este fato possivelmente
ocorreu porque, embora a média de esquistossômulos recuperados do grupo tratado
com PZQ 800 mg/kg e grupo controle tenha apresentado diferença estatísticamente
significativa, esta não foi significativa quando confrontada com a média encontrada
nos outros tratamentos e em relação ao controle. Assim, com o amadurecimento dos
esquistossômulos essa pequena diferença não foi suficiente para dar resultados
estatísticamente significativos.
Segundo Doenhoff et al (1987), a ineficácia do PZQ nestas fases imaturas da
infecção parecem estar relacionadas, em parte, com a necessidade de uma resposta
imune contra o S. mansoni para sua completa eliminação. Na fase inicial da doença
o hospedeiro não previamente imunizado ainda não teve tempo de desenvolver
resposta adequada contra o parasito. Este fato pode ser ilustrado com estudos em
que há redução na carga parasitaria de camundongos infectados e re-infectados e
finalmente tratados com PZQ na fase pré-patente da re-infecção (Silva et al 2003,
Ribeiro et al 2004). Assim, possivelmente apesar das altas doses usadas em nosso
trabalho o efeito do PZQ não foi melhorado por deficiência da resposta imune
específica contra o parasito nesta fase da infecção.
A OXA mostra-se efetiva contra o parasito nas fases jovens, com exceção a
3º semana, de acordo com Foster et al (1973). Doses administradas nas fases de
pele e pulmonar revelam abortamento da infecção experimental (Coelho et al 1993 e
1998), além de promover a cura de pacientes sabidamente infectados e tratados
com OXA 50 mg/kg logo nos primeiros dias de infecção (García Goyco et al 1997,
Enk, Katz & Coelho 2008, Coelho, Enk & Katz 2009 in press). Resultados
compatíveis foram observados nesse estudo, uma vez que OXA 200 mg/kg
92
administrada no 15º dpi levou a alteração no percentual de redução de vermes que,
embora baixa, foi estatísticamente significativa (47%); entretanto, no 23º dia de
infecção este percentual de redução de vermes atingiu apenas 27%, confirmando a
baixa eficácia da droga neste período. Existem controvérsias na literatura quanto a
eficácia da droga administrada no período pré-patente da doença, como exemplo as
conclusões de Silva et al (2003). A OXA na dose de 100 mg/kg revelou percentual
de redução de vermes entre 28-34% para grupos tratados do 5º ao 20º dpi. No
presente trabalho, a alteração no schistograma para o tratamento no 15º reduziu a
média de esquistossômulos recuperados por atuar em vermes de 4º estádio
evolutivo, revelando ser essa forma evolutiva mais susceptível a ação da OXA nesta
fase da infecção. O schistograma do grupo tratado no 23º dpi apresentou redução de
esquistossômulos de 6º estádio evolutivo, mas não foi suficiente para promover
redução estatísticamente significativa no total de esquistossômulos recuperados.
O aumento da dose de OXA para 400 mg/kg melhorou o desempenho do
tratamento, elevando para 55 o percentual de redução de vermes quando os
camundongos foram tratados no 15º dia de infecção e para 75% nos que receberam
tratamento no 23º dia de infecção, ou seja o aumento da dose melhorou a ação da
OXA no período crítico da infecção que é em torno do 21º dpi. Esta melhora talvez
tenha sido possível devido ao fato de, ao contrário do PZQ, o mecanismo de ação
da OXA não ser tão marcadamente dependente da resposta imune específica do
hospedeiro (Cioli, Pica-Mattocia & Archer, 1995). Os esquistossômulos que
demonstraram maior susceptibilidade foram de 4º estádio para tratamento no 15º
dpi. A quantidade de esquistossômulos recuperados no 5º e 6º estádios foi
diminuída quando o tratamento foi no 23º dpi, ou seja, o aumento da dose de OXA
para tratamento neste período crítico tornou possível atuar em mais estádios
evolutivos sendo uma das possíveis explicações para a eficácia da OXA nesta fase
crítica para a terapêutica.
Vale ressaltar que os vermes adultos vivos recuperados dos grupos tratados
com OXA 400 mg/kg tinham aspectos de vermes frágeis, eram menores que os
vermes recuperados do grupo controle. Machos possuíam “bolhas“ escuras no
tegumento. Parte das fêmeas apresentava aspecto de imaturas, bem pequenas e
com o intestino claro. Nos dois esquemas terapêuticos avaliados o número de
vermes imaturos foi estatísticamente maior do que no grupo controle indicando que
a droga pode estar retardando o tempo de desenvolvimento dos parasitos.
93
Dentre as demais drogas testadas para tratamento da esquistossomose
destacam-se os derivados de artemisina que mostram maior atividade contra vermes
jovens, em torno do 14º ao 22º dia de infecção (Xiao et al 2002, Xiao et al 2004,
Shaolong et al 2006), entretanto alguns resultados são divergentes e sua aplicação
nesta fase da doença carece de mais investigações.
Estudos conduzidos por Utzinger et al (2002) resultaram em percentual de
redução de vermes 67-77% para esquemas terapêuticos realizados com três doses
de ART 150 ou 300 mg/kg (7, 21, e 35 dpi). Nesse trabalho doses de 300 mg/kg de
ART administradas no 15° ou 23º dias de infecção foram capazes de promover
redução no número de vermes estatísticamente significativa, sendo de 61 e 43%,
respectivamente. Estudos realizados por Shaohong et al (2006) mostraram 93% de
percentual de redução para tratamento com ART 300 mg/kg realizados entre 14º-15º
e 20º-21º dpi. Esta diferença em relação ao resultado aqui obtido pode ter ocorrido
por diferenças no esquema terapêutico uma vez que o referido trabalho optou por
tratar com ART 300 mg/kg em dois dias consecutivos (600 mg/kg no total), enquanto
no presente trabalho foi administrado ART 300 mg/kg em dose única.
O schistograma revelou-se alterado com redução estatísticamente
significativa nos 3º e 4º estádios para os grupos tratados aos 15 dpi, e 5º e 6º
estádios nos grupos que receberam tratamento aos 23 dpi. Estes achados mostram
que ART comparado a OXA e PZQ consegue atuar em mais estádios evolutivos e
em consequência promover maior redução no total de esquistossômulos
recuperados.
Com o aumento da dose de ART para 600 mg/kg obteve-se percentual de
redução de vermes de 62 e 58 nos tratamentos realizados no 15º e 23º dpi,
respectivamente. Este aumento de dose apenas acarretou em diferença terapêutica
para tratamento no 23º dia de infecção. Isso talvez possa ser explicado pelo fato de
que ART 600 mg/kg administrado no 15º dpi atuou nos mesmos estádios evolutivos
que ART 300 mg/kg ou seja, 3º e 4º estádios evolutivos. Todavia, ART 600 mg/kg
promoveu aumento no número de vermes computados como NI (não identificados)
por possuírem danos em seu intestino e sua forma, impossibilitando sua
classificação dentre os estádios evolutivos. Estes vermes NI podem ter
amadurecido, chegado a vermes adultos e talvez possam ser parte dos vermes de
estrutura comprometida exemplificados nas figuras 15 (a, b) para grupos tratados no
15º dpi e figuras 17 (b, c) para grupos tratados no 23º dpi. Dessa forma pode-se
sugerir que o aumento da dose não gerou diferença na quantidade, mas sim na
94
“qualidade” de vermes adultos recuperados. Por outro lado, ART 300 mg/kg
administrado no 23º dpi atuou apenas nos 5º e 6º estádios, enquanto ART 600
mg/kg no 23º dia atuou diminuindo os esquistossômulos de 4º, 5º e 6º estádios
evolutivos. Esta interferência em mais estádios evolutivos pode ter promovido a
diferença observada em relação ao percentual de redução de vermes recuperados.
Alem disso, no tratamento aos 23 dpi houve aumento estatísticamente significativo
no número de vermes NI e ao recuperar vermes adultos aos 42 dpi, também foi
observada presença de grande número de vermes adultos pouco desenvolvidos.
Nestes experimentos, os vermes recuperados do grupo tratado com PZQ
tinham aspecto semelhante aos parasitos recuperados do grupo controle.
As observações de que muitos esquistossômulos recuperados de animais
tratados com ART possuiam intestino degradado e ainda, que vermes expostos ao
tratamento com OXA ou com ART nos 15º ou 23º dpi e recuperados aos 42 dpi,
apresentavam-se mal desenvolvidos nos levou a realizar experimentos, cujos dias
de tratamentos foram 14º ou 21º dpi, mas a recuperação dos vermes aos 100 dias
de infecção para verificar se este dano seria reversível.
Um fato interessante foi que, vermes recuperados dos grupos tratados com
OXA e ART apesar de passados 100 dias após a infecção, mantiveram aparência de
frágeis, parte das fêmeas eram claras, pequenas com aspecto de imaturas. Machos
apresentavam “bolhas” escuras pelo tegumento. Apesar de acasalados muitos
vermes eram bem menores do que os recuperados do controle. Estas observações
nos levam a sugerir que o tratamento com estas drogas poderia interferir no
desenvolvimento normal dos vermes sobreviventes ao tratamento.
A alteração no oograma dos grupos tratados no 14º ou 21º dpi com OXA 200
mg/kg foram de 46 e 21% respectivamente, e de 63 e 59% quando foi usado OXA
400 mg/kg. Supõe-se que o tratamento com OXA interferiu na maturação sexual dos
vermes uma vez que os oogramas alterados foram provenientes de camundongos
cujas fêmeas recuperadas tinham aspecto de imaturas.
Nos animais tratados com ART foi encontrada pequena alteração no oograma
sendo que ART 300 mg/kg ocasionou 11 e 15% de alteração no oograma para
grupos tratados no 14º ou 21º dpi e com ART 600 mg/kg obteve-se 15 e 27% de
alteração, respectivamente. De acordo com Araújo, Kohn & Katz, (1999) o
tratamento na fase postural com ART é capaz de interromper a postura, mas de
forma reversível. Assim o tratamento na fase pré-postural pode não ter afetado a
95
produção de ovos ou esta interferência da droga já havia sido revertida quando foi
realizada a perfusão dos camundongos.
Os tratamentos com OXA e ART nas duas dosagens, usadas no 14º ou 21°
dpi promoveram reduções estatísticamente significativas nas médias de vermes
adultos recuperados se comparadas com o controle não tratado. Vale lembrar que
utilizamos cerca de 50 cercárias nestes experimentos de maior duração o que pode
ter contribuído para uma melhor ação da OXA 200 mg/kg no 21º dpi.
O PZQ e derivados de artemisina são eficazes em diferentes estágios de
desenvolvimento dos vermes, têm-se sugerido que sua associação seria mais eficaz
do que ambas isoladamente (Abdul-Ghani et al 2009). A associação
Arthemeter/PZQ utilizada por Xiao et al (2000) para tratamento de coelhos
infectados simultaneamente com formas jovens e adultas de S. japonicum
demonstrou maior atividade que as drogas isoladamente. Resultados promissores
também foram encontrados com a associação PZQ/Artemether em camundongos
infectados com S. mansoni e S. japonicum, infecção simultânea com vermes
imaturos e maduros (Utzinger et al 2001).
A associação PZQ 40 mg/kg / ART 4 mg/kg apresentou maior eficácia
terapêutica que as drogas administradas isoladamente no tratamento de escolares
nigerianos infectados por S. haematobium, apresentando poucos eventos adversos
e revelando ser uma associação segura (Inyang-Etoh et al 2008). Entretanto alguns
estudos não revelaram vantagem terapêutica na associação PZQ/derivados de
artemisina. A combinação PZQ/ART foi administrada por DeClercq et al (2000) em
pacientes infectados, de área endêmica para S. mansoni mas não houve benefício
comparada ao PZQ administrado isoladamente.
No presente trabalho, foram verificadas as alterações ocorridas no
schistograma pelas combinações PZQ 400 mg/kg + ART 300 mg/kg e PZQ 800
mg/kg + ART 600 mg/kg em animais com alta carga parasitária, a fim de detectar se
o efeito do ART poderia potenciar a atividade de PZQ na fase pré-patente da
infecção. Comparando a associação PZQ 400 mg/kg + ART 300 mg/kg administrada
no 15º dia de infecção com PZQ 400 isoladamente observou-se uma aparente
vantagem terapêutica, pois a droga isolada não altera o schistograma, mas a
associação alterou 3º e 4º estádios no schistograma além de reduzir o total de
esquistossômulos recuperados. Porém, o perfil apresentado pela associação é o
mesmo observado pela administração de ART 300 mg/kg isoladamente e não há
diferença estatísticamente significativa entre estes tratamentos. Do mesmo modo
96
não ocorre diferença estatísticamente significativa entre esta combinação e doses de
ART 600 mg/kg ou PZQ 800 mg/kg usados isoladamente em tratamentos.
Era esperado que a associação PZQ 800 mg/kg + ART 600 mg/kg por efeito
de sinergismo ou aditividade fosse capaz de eliminar completamente os
esquistossômulos, já que se trata de uma combinação usando o dobro da dose
usual usada para camundongos. Contudo este resultado esperado não ocorreu, e o
perfil do schistograma encontrado para associação foi semelhante ao do ART 600
mg/kg usado isoladamente. Talvez, melhor desempenho seria obtido se a
associação fosse utilizada em infecções mistas, com vermes adultos e imaturos
(Utzinger et al 2001). Aumento na dose da associação não levou a diferença
estatísticamente significativa na média de esquistossômulos recuperados.
Quando as associações foram administradas no 21º dia de infecção,
percebeu-se que o tratamento com PZQ 400 mg/kg + ART 300 mg/kg apresentou o
perfil de schistograma semelhante ao obtido com ART 300 mg/kg isoladamente,
apresentando diferença estatísticamente significativa apenas em relação ao
tratamento com PZQ.
Novamente, observou-se que a associação PZQ 800 mg/kg + ART 600 mg/kg
apresentou perfil do schistograma semelhante à administração isolada de ART 600
mg/kg, apresentando diferença estatísticamente significativa apenas em relação aos
grupos tratados com PZQ. O aumento da dose para PZQ 800 mg/kg + ART 600
mg/kg não levou a diferenças estatísticamente significativas em relação ao grupo
tratado com PZQ 400 mg/kg + ART 300 mg/kg.
Os resultados aqui apresentados permitem inferir que o melhor tratamento
testado para o 15º dia de infecção seria ART 600 mg/kg já que esta dose promoveu
maior alteração no schistograma, comparável ao efeito das associações e superior
ao das drogas isoladamente. Pelos mesmos motivos pode-se sugerir que para
grupos tratados no 23º dia de infecção, a droga e dosagem que promove maior
alteração no schistograma seria ART 600 mg/kg. Além disso, os tratamentos tanto
no 15º quanto 21º dpi não mostraram aumento na mortalidade dos camundongos se
comparado as doses menores ou controle, sugerindo que esta dose é pelo menos
em parte segura para tratamento experimental de camundongos. Também foi
observado que em todos os grupos tratados com ART houve aumento
estatísticamente significativo nos esquistossômulos classificados por NI, o que nos
sugere capacidade do ART interferir no perfeito desenvolvimento dos
esquistossômulos, como discutido anteriormente.
97
Diversos estudos demonstram que PZQ e derivados da artemisina atuam
promovendo danos no tegumento de schistosomas (Mehlhorn et al 1981, Doenhoff
et al 1988, Xiao et al 2002, Jiraungkoorskul et al 2006).
Nosse estudo foi utilizada sonda Hoechst 33258 a fim de verificar a extensão
do dano causado pelos tratamentos. Em todos os experimentos as marcações foram
pouco intensas e não seguiram o padrão de marcação observado em vermes
adultos, isso dificulta a análise dos resultados uma vez que é feita de maneira
qualitativa. Contudo, pode-se sugerir que nos tratamentos realizados aos 15 dpi os
esquistossômulos recuperados dos grupos tratados com OXA 400 mg/kg, ART 600 e
300 mg/kg e PZQ 800 mg/kg apresentavam marcação ligeiramente mais intensa que
os outros grupos.
De fato, era de se esperar que os grupos tratados com ART apresentassem
marcação mais intensa que os demais. Em todos os experimentos observou-se nos
esquistossômulos recuperados dos grupos tratados com ART a presença de vermes
com intestino deteriorado, dessa forma não se pode excluir a hipótese que havia
dano no tegumento também. Estudos de microscopia eletrônica demonstraram que
Artemether foi capaz de causar danos extensos no tegumento de esquistossômulos
de 21 dias (Xiao et al 2000), o que poderia justificar esses achados.
Apesar de diversos trabalhos mostrando que PZQ promove danos no
tegumento de schitosomas, estudos sugerem que estágios imaturos de
desenvolvimento do S. mansoni são mais resistentes à formação de vesículas que
as formas maduras do parasito, quando tratadas com PZQ (Xiao et al 1985), o que
talvez reflita a pequena sensibilidade de vermes imaturos à droga. Associado a este
fato ainda pode-se lembrar a ausência de resposta imune eficiente formada contra o
parasito que normalmente atua em sinergia com o PZQ na fase adulta (Fallon et al
1992, Ribeiro et al 2004). Isso poderia justificar o fato da marcação ligeiramente
mais intensa apenas nos vermes pertencentes aos grupos tratados com a maior
dose PZQ 800 mg/kg.
Quanto aos vermes coletados dos grupos tratados com OXA, apenas na
maior dosagem nota-se esquistossômulos marcados um pouco mais intensamente.
Esta observação está de acordo com os resultados encontrados em estudos com
vermes adultos, onde parasitos recuperados de grupos tratados com OXA 200
mg/kg foram expostos a várias sondas de marcação de dano no tegumento, sendo
marcados apenas com a sonda mais sensível, sugerindo que OXA possivelmente
promove danos menos intensos no tegumento dos parasitos (Oliveira 2005).
98
Outra observação feita foi que principalmente nos grupos tratados com OXA
400 mg/kg, ART 300 e 600 mg/kg e PZQ 800 mg/kg houve presença de vermes bem
marcados e outros com leve marcação, o que leva a sugerir por exemplo, que talvez
os vermes pouco marcados sejam os que sobrevivem quando o tratamento é feito
nesta fase da infecção ou ainda poderia ser necessário aguardar tempo maior
depois do tratamento para a perfusão, permitindo a recuperação completa e
inquestionável destes vermes.
É necessário reforçar que como dito anteriormente, a marcação fora do
padrão encontrado para vermes adultos inspira cuidados ao formular estes
comentários.
Finalmente, com todos estes resultados pretende-se contribuir para elucidar
de maneira inovadora, algumas dificuldades da terapêutica experimental na fase
pré-postural da doença, revelando os estádios mais sensíveis aos esquemas
terapêuticos testados. A observação dos vermes realizada longo período após
quimioterapia é original e mostrou que muitos vermes não conseguem atingir o
estádio de adulto. Pela sua relevância estes achados devem ser levados em conta
em ensaios sobre desenvolvimento de drogas esquistossomicidas.
99
CONSIDERAÇÕES
100
6 CONSIDERAÇÕES
A partir do presente estudo pode-se considerar que:
1. Os tratamentos acarretaram alterações nos estádios do S. mansoni avaliados
pelo schistograma,
2. Os grupos tratados com ART 300 mg/kg e 600 mg/kg apresentaram maior
redução no percentual de vermes adultos recuperados em tratamentos
realizados no 15º ou 23º dpi comparados as outras drogas testadas,
3. A OXA 200 mg/kg não foi eficaz na redução do percentual de vermes adultos
recuperados para grupos tratados aos 23 dpi, confirmando estudos
anteriores, entretanto a dose 400 mg/kg mostrou atividade de 75%
(percentual de redução de vermes),
4. O PZQ apenas alterou schistograma na dose 800 mg/kg, no 15º dpi
promovendo redução estatísticamente significativa no percentual de vermes
adultos recuperados (45%),
5. As alterações no desenvolvimento dos vermes tratados no período pré-
patente com OXA e ART são irreversíveis na maior parte da população
sobrevivente ao tratamento,
6. O ART 600 mg/kg leva a alterações morfológicas no intestino de
esquistossômulos com tal impacto que impede sua classificação no
schistograma,
7. As associações PZQ 400 mg/kg + ART 300 mg/kg e PZQ 800 mg/kg + ART
600 mg/kg não causam alterações no schistograma mais significativas do que
o ART 600 mg/kg administrado isoladamente. A média de esquistossômulos
recuperados não apresenta diferenças estatísticamente significativas entre
estes grupos,
8. Grupos tratados com os esquemas anteriores e em seguida expostos a sonda
Hoechst 33258 sugerem maior dano no tegumento dos grupos tratados com
OXA 400 mg/kg, ART 300 mg/kg e 600 mg/kg e PZQ 800 mg/kg.
101
Perspectivas
102
7 Perspectivas
Avaliar a susceptibilidade do parasito a associação OXA + ART durante a
fase pré-patente da infecção.
Avaliar o dano no tegumento do verme imaturo exposto as drogas por
marcação por sonda, usando-se de métodos quantitativos.
Testar a ação no parasito de outros derivados de artemisina, como por
exemplo, o Artemeter.
103
CONCLUSÕES
104
8 CONCLUSÕES
Foram demonstradas diferenças estatísticamente significativas na
susceptibilidade entre os estádios evolutivos do parasito, principalmente em relação
aos tratamentos com Oxamniquina e Artesunato. Por outro lado, confirmou-se a
pequena sensibilidade do parasito quando o tratamento é realizado com
Praziquantel no período pré-patente da esquistossomose. O estudo revela que a
exposição a Oxamniquina e ao Artesunato, na fase pré-postural, compromete o
desenvolvimento do verme que sofre alterações morfológicas, em sua maioria
irreversíveis. Entretanto, foi observado que o tratamento com Artesunato atua em
mais estádios evolutivos em relação a Oxamniquina e Praziquantel. Assim, pode-se
inferir que dentre os tratamentos testados para infecção entre o décimo-quarto e
vigésimo-terceiro dia, o Artesunato revelou ser a droga mais eficiente no tratamento
na fase pré-postural da esquistossomose.
Uma droga que atua eficientemente na fase pré-postural tem o potencial de
prevenir toda patologia resultante de uma infecção com vermes adultos, produzindo
ovos, os elementos fundamentais da patogenia da esquistossomose.
105
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106
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