Antunes Filho, Macunaíma e CPT

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ANTUNES FILHO, ANTUNES FILHO, MACUNAÍMA E CPT MACUNAÍMA E CPT Universidade Federal de Pelotas Material para fins didáticos Professora Taís Ferreira HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO

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Slides com imagens e textos sobre o diretor e seu Centro de Pesquisas Teatrais. Imagens e considerações sobre a emblemática encenação de Macunaíma.

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ANTUNES FILHO, ANTUNES FILHO, MACUNAÍMA E CPTMACUNAÍMA E CPT

Universidade Federal de PelotasMaterial para fins didáticos

Professora Taís Ferreira

HISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIROHISTÓRIA DO TEATRO BRASILEIRO

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1. Antunes Filho: de 1952 a 1977, anos de formação do diretor profissional no

“teatro comercial”

• Inicia sua trajetória como assistente de direção do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) em 1952, onde é discípulo dos grandes mestres estrangeiros.

• Desde sua estréia, dirigindo uma montagem da Cia Nicete Bruno, em 1953, até 1977, dirige os mais reconhecidos atores e atrizes do país, atua em importantes companhias teatrais, além de dirigir textos dos principais dramaturgos internacionais e nacionais. Constrói uma sólida e bem sucedida carreira no teatro profissional, que ele mesmo denomina de “teatro comercial”.

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• Neste período dirige atores como Maria Della Costa, Eva Wilma, Lilian Lemmertz, Sandro Polônio, Paulo Autran, Tônia Carreiro, Raul Cortez, Stenio Garcia, Jardel Filho, Laura Cardoso, Cleyde Yáconis, Juca de Oliveira entre outros.

• Tem sucesso de público e crítica, é várias vezes premiado.

• Dirige um filme para o cinema (1970) e mais de 150 tele-teatros para a televisão (1955-57).

• O próprio diretor levanta deste período de formação três espetáculos que dirigiu como já contendo o cerne do que seria a pesquisa que iria desenvolver a partir de “Macunaíma”: “Yerma” (1962), “Vereda da Salvação” (1964) e “Peer Gynt” (1971).

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Peer Gynt (1771)

Yerma (1962)

Vereda da Salvação (1964)

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2. Macunaíma e o Grupo Pau-Brasil: nos caminhos do “teatro de pesquisa”

• Em 1977, com financiamento da SMC de SP, monta uma oficina de teatro com um grupo de jovens atores inexperientes. Durante 14 meses, no Teatro São Pedro, trabalham incansavelmente, em jornadas de até 12 horas, através de exercícios e improvisações a partir do romance-rapsódia de Mário de Andrade sobre o herói brasileiro sem-caráter, até a montagem da primeira versão de “Macunaíma”.

• A partir de um processo muito semelhante ao que hoje denomina-se “processo colaborativo” de criação cênica, os atores, o diretor, o dramaturgo e todos artistas envolvidos constroem 6 horas de encenação daquele que viria a ser o espetáculo brasileiro mais apresentado no exterior e marco do “teatro de pesquisa” e da figura do “diretor como autor”, da idéia de uma “encenação autoral”.

• “Macunaíma” estréia em março de 1978 (portanto completa 30 anos neste 2008) e permanece sendo apresentado pelo grupo que inicialmente chamava-se Pau-Brasil e passa, com o estrondoso sucesso da peça, a levar o nome de Grupo Macunaíma, por mais de10 anos, em diversos países do mundo.

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3. “Macunaíma”, espetáculo marco do

teatro brasileiro

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3.1 Características da encenação de “Macunaíma”

• Segundo George (1990), o espetáculo Macunaíma, dirigido por Antunes Filho, é potencialmente ligado às teorias da carnavalização de Bakhtin, ou seja, representa, através de alegorias, do grotesco e do ridículo a inversão dos valores sociais vigentes, ainda que por um tempo-espaço determinado e finito.

• Prescindindo do uso de cenários, através de elementos cênicos “pobres” como jornais velhos, Antunes Filho compõe uma encenação rica em referências híbridas que vão desde a cultura popular brasileira até a alta cultura européia, numa epopéia dramatizada (a que narra as façanhas do herói brasileiro sem-caráter) composta por imagens belíssimas construídas através dos corpos e da gestualidade dos atores em cena.

• Assim como Mário de Andrade criou em seu livro a história da formação híbrida, mestiça e irreverente do povo brasileiro, Antunes Filho forjou uma estética híbrida entre elementos sonoros e visuais das culturas popular, de massa e erudita em sua encenação.

• O uso dos coros como recurso cênico tornar-se-á uma marca registrada nos trabalhos de Antunes e do Grupo Macunaíma, levando adiante o projeto de um teatro em que o ator e suas possibilidades técnicas, sensíveis e criativas estejam no centro de uma cena de forte expressividade auditiva e visual.

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O coro de estátuas

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O uso surpreendente de elementos simples como um pano compondo imagens no palco nú

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A plasticidade do grotesco

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A carnavalização do herói: a frente do coro, Cacá Carvalho como Macunaíma

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4. O Centro de Pesquisa Teatral: Antunes Filho como diretor-pedagogo

• Assim como Stanislavski, Copeau, Meyerhold e Barba, entre outros, Antunes Filho ao filiar-se às concepções de realização de um teatro de pesquisa, volta-se não somente para os entremeios da encenação, mas preocupa-se, primordialmente, com a formação dos atores. Para além e aquém das funções que os atores deverão desempenhar nos espetáculos, a figura de um “diretor-pedagogo” traz para si a incumbência da formação global do ator nos caminhos da arte, tanto em termos técnicos, quanto teóricos, estéticos e éticos.

• E é através do Centro de Pesquisa Teatral que comanda, junto ao SESC-SP desde 1982, que Antunes Filho vem desenvolvendo um trabalho único no campo teatral brasileiro.

• Oficinas de dramaturgia, cenografia, design de sons e figurinos formam há mais de 20 anos jovens interessados em desenvolver suas habilidades junto à arte teatral.

• Do mesmo modo, formaram-se, através de um método de treinamento e trabalho do ator que o próprio Antunes desenvolve ao longo dos anos, muitos dos atores e atrizes que atuam no meio profissional do teatro brasileiro.

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4.1 Sobre o método proposto por Antunes Filho para a formação do ator

• Segundo o crítico de teatro Sebastião Milaré, que acompanha e estuda a trajetória de Antunes Filho e do CPT desde seu início:

• “Mais do que um conjunto de recursos técnicos, o método desenvolvido por Antunes Filho, coordenador do Centro de Pesquisa Teatral do SESC, é um sistema ideológico que se fundamenta em princípios filosóficos não cartesianos, abrindo-se, todavia, para todos os movimentos humanos e seus sistemas de idéias, propondo sempre a reflexão sobre o homem e a sociedade. Um método baseado, portanto, na ética e no compromisso intelectual e social do artista.

• Para lá das questões espirituais, filosóficas e morais nele implícitas, o método se constitui por uma série de pressupostos teóricos e envolve rica gama de exercícios físicos e vocais, visando a habilitação do ator para uma atuação orgânica em cena. Enganosa a idéia de que o método corresponde a uma forma estética específica, pois na verdade ele visa a habilitar o ator a todo estilo interpretação, conforme a idéia do encenador ou a natureza do texto que interpreta.

• A proposta de Antunes Filho é no sentido de elevar o ator ao status de comediante, capacitando-o a desenvolver trabalhos em qualquer linguagem, estilo ou gênero dramático (MILARÈ, 2008).”

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4.2 Da formação do ator ao espetáculo: “Prêt-à-Porter”

• A partir de diversas referências conceituais e teóricas e do estudo de muitos propositores e diretores-pedagogos do teatro contemporâneo, Antunes sistematizou um método de formação do ator baseado em princípios de filosofias orientais, na pesquisa dos mitos e arquétipos, na psicologia junguiana, na física quântica, entre outros.

• A partir deste arsenal conceitual, desenvolve-se um rígido treinamento psicofísico, corpóreo-vocal, intelectual e ético dos jovens atores que trabalham com Antunes.

• Desde 1998 seus atores apresentam “Prêt-à-Porter”, exercícios de interpretação minimalista e naturalista construídos através da dramaturgia dos atores com formação pelo método. Já estão na nona edição do projeto, que pretende também a formação de platéias teatrais.

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Cena de “Prêt-à-Porter”

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5. De Nelson Rodrigues à tragédia grega, passando por Chapeuzinho Vermelho: os mitos e

arquétipos da sociedade brasileira em cena

• Dando continuidade ao trabalho de pesquisa iniciado com Macunaíma, paralela à formação de jovens artistas, Antunes Filho desenvolveu uma produtiva trajetória como diretor teatral junto ao Grupo Macunaíma.

• Desde 1977, encenou cerca de 25 espetáculos, que percorrem autores brasileiros como Nelson Rodrigues, Guimarães Rosa e Ariano Suassuna, flertando com clássicos como Shakespeare, Eurípides e Sófocles até um adaptação da epopéia suméria Gilgamesh, de histórias de vampiros e do conto Chapeuzinho Vermelho.

• Empreende, desta forma, uma aprofundada investigação estética baseada nas teorias dos mitos de Mircea Eliade e dos arquétipos sociais de Jung.

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“Nelson2Rodrigues” (1984)

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“A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA”

(1986)

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“NOVA VELHA ESTÓRIA” (1991)

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“Gilgamesh” (1995)

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“DRÁCULA E OUTROS VAMPIROS” (1996)

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“Medéia 2” (2002)

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“Antígona” (2005)

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“A Pedra do Reino” (2006)

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6. BibliografiaBibliografia básica recomendada:• GEORGE, David. Teatro e antropofagia. São Paulo: Editora Global, 1985.• ______. Grupo Macunaíma: carnavalização e mito. São Paulo: Perspectiva, 1990.• GUINSBURG, J.; FARIA, J.R.; LIMA, M. A. de (coord.). Dicionário do teatro brasileiro. São Paulo:

Perspectiva, 2006.• GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.• MILARÉ, Sebastião. Antunes Filho e a dimensão utópica. São Paulo: Perspectiva, 1994.

Sites recomendados (sobre temática da aula):• http://www.itaucultural.org.br/enciclopedia_teatro.htm• http://www.teatrobrasileiro.com/entrevistas/antunesfilho1.htm• http://www.sescsp.org.br/CPT/index.cfm• http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/148/antunes%20filho/entrevistados/antunes_filho_1999.htm

Bibliografia complementar:• CARLSON, Marvin. Teorias do teatro. São Paulo, Ed. da UNESP, 1997.• CRUCIANI, Fabrizio. Registi pedagoghi – comunità teatrale del novecento. Roma: E&A Ed, Associati,

1995.• PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.• NAUGRETTE, Catherine. Estética del teatro. Buenos Aires: Ediciones Artes der Sur, 2004.• ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores,

1998.• ______. Introdução às grandes teorias do teatro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2003.